Batata
Queima letal
Destrutiva, de alto impacto econômico e capaz de dizimar a produção em curto intervalo de tempo, a requeima ainda é a doença mais difícil de ser controlada na cultura da batata. Medidas preventivas e integradas são necessárias para manejar esse desafio
Gerald Holmes
A
batata (Solanum tuberosum L.) é uma cultura de grande importância para a segurança alimentar da humanidade. A sua produção é limitada por diversos fatores, destacando-se as doenças, dentre as quais a requeima, causada pelo Oomiceto Phytophthora infestans (Mont.) de Bary, é uma das mais destrutivas e de maior impacto econômico. A requeima ocorre em todo o mundo e continua sendo a doença mais difícil de controlar para a cultura da batata e encontra-se disseminada em todas as regiões produtoras. Quando medidas de controle não são adotadas corretamente, a rápida disseminação e o elevado potencial destrutivo dessa doença podem resultar em perda total da produção em poucos dias e sérios prejuízos econômicos ao produtor. Phytophthora infestans (Mont.) de 16
Cultivar HF • Junho / Julho 2020
Bary é um Oomiceto, conhecido como fungo não verdadeiro por ser semelhante morfologicamente aos fungos superiores. No entanto, esse patógeno está intimamente relacionado a organismos aquáticos, como as algas marrons e as diatomáceas. Esse micro-organismo apresenta micélio hialino, cenocítico e é diploide na maior parte do seu ciclo de vida. P. infestans produz esporângios hialinos, com formato de limão e dimensões que variam de 21 a 38 x 12 a 23 µm, sendo formados em períodos de umidade relativa superior a 90% e temperaturas entre 16ºC e 23°C. Também produz sacos semelhantes a esporangióforos que são desenvolvidos com ramificação simpodial, que ajudam na disseminação dos esporângios no ar. Em condições específicas de temperatura e baixa umidade formam esporos
móveis (zoósporos) com dois flagelos (biflagelados) que os tornam capazes de nadar. Após nadar na superfície da planta hospedeira, os zoósporos se fixam e infectam a planta. Possuem dois grupos (A1 e A2) sexualmente compatíveis, necessários para reprodução sexuada. O contato de duas cepas compatíveis pode levar à formação de oósporos, estruturas bastante resistentes que podem sobreviver no solo por vários anos. A reprodução mais frequente é assexual. No inverno, normalmente sobrevive na forma de micélio assexual em restos de tubérculos deixados no campo, em pilhas de descartes e em armazenamento. Na primavera, esse micélio sobrevivente produz esporângios, que são disseminados por vento, água da chuva e implementos contaminados, infectando novas plantas e iniciando