Cultivar Máquinas 210 - Enfardadora VBP 3165

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Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 210 • Ano XVIII - Outubro 2020 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

04 Rodando por aí 06 Mundo Máquinas 08 Artigo

Moldando o mármore do mercado - André Rorato

10 Tecnologia

Como avança o processo de modernização da agricultura

14 Capa

Conheça a Enfardadora combinada VBP 3165 da Kuhn

22 Pneus

O que usar: pneus diagonais duplos ou radiais simples?

26 Artigo

34 Pulverização

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37 Lubrificantes

Nossa capa

Quais os principais problemas encontrados nos pulverizadores

Como escolher e utilizar lubrificantes para motores

Charles Echer

Uso de tratores no cultivo de uvas viníferas na Vinícola Miolo

40 Distribuidores

Avaliação de tecnologias para aplicação de fertilizantes a lanço

44 Tecnologia

Pilotos automáticos se tornaram obrigatórios para quem quer rentabilidade

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Coordenador Comercial Charles Echer • Vendas Sedeli Feijó José Geraldo Caetano

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ

CEO Mercosul

Jak Torreta Júnior

75 anos de história

Em outubro, a Mahindra comemorou 75 anos de história. No Brasil, a marca chegou em 2012 e em outubro de 2016 o grupo Mahindra & Mahindra assumiu a operação no país. Nestes quatro anos a empresa tem como principais pilares estratégicos de crescimento o desenvolvimento da rede de concessionários, a expansão e a nacionalização do portfólio de produtos. “Somos a marca de tratores que mais cresceu no mercado brasileiro em 2019, aumentamos 67% em relação ao ano anterior. E este ano, mesmo com a pandemia, a projeção de crescimento é de 62%”, destacou o diretor da Mahindra, Jak Torreta Júnior. A empresa possui quatro milhões de unidades vendidas e hoje o Brasil é o 4º maior mercado para a Mahindra fora da Índia.

Depois de uma trajetória de conquistas no agronegócio, Ricardo Almeida assumiu o cargo de CEO Mercosul da Netafim, empresa israelense de irrigação. Ricardo assumiu a liderança da Netafim Brasil e Mercosul após ter atuado por mais de 20 anos na indústria de agroquímicos e sementes. “Cheguei aqui motivado pelo propósito de levar a Netafim e a Irrigação Inteligente a um passo além do atual. Este movimento será conduzido em harmonia com nossos clientes e parceiros de negócios”, garantiu Almeida. Ricardo é formado em Agronomia pela Universidade Federal de Pelotas e possui MBA em Marketing (ESPM) e Finanças (FGV).

Ricardo Almeida

Projeto StarPeS

Carolina Diz

Programa de fidelidade

Meu Mundo Massey, programa de fidelidade da Massey Ferguson, completa três anos de existência com 22 mil clientes cadastrados em todo o território nacional e 368 milhões de pontos ofertados a seus participantes. O programa de relacionamento oferece a oportunidade de trocar pontos acumulados por produtos e serviços em sua rede de parceiros. “O programa de relacionamento foi criado em 2017 com o objetivo de oferecer ainda mais benefícios aos nossos clientes Massey Ferguson, que são sempre o centro de nossas atividades e ações”, explicou a gerente sênior de Estratégia, Marketing, Inteligência de Mercado e Desenvolvimento de Negócios do Pós-Venda da AGCO América do Sul, Carolina Diz.

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Para constantemente qualificar o atendimento de sua rede de concessionárias e revendas, a Stara realiza o programa StarPeS. O projeto tem o objetivo de contribuir para que as concessionárias tenham processos de gestão mais qualificados, proporcionando um melhor atendimento para o cliente final. O StarPeS é realizado em parceria com a MSX International, empresa especializada no desenvolvimento de processos e padrões voltados ao processo de Pós-Venda no ramo agrícola. Vinte concessionárias da Stara já foram homologadas no StarPeS. As mais recentes aprovações são da Rio Sul, de Chapadão do Sul (MS); WS, de Campo Mourão (PR); Agrisser, de Vacaria (RS); e Precisa, de Canoinhas (SC).



MUNDO MÁQUINAS

New Holland lança novas colheitadeiras TC e TX A linha TC, tradicional série de colhedoras da New Holland, lançou novas máquinas com melhorias tecnológicas focadas no conforto do operador, melhor desempenho em campo e menor custo em manutenção. Além disso, a nova geração ganhou reforço da linha coirmã TX, que possui duplo rotor de separação. A linha TC, com sistema de colheita convencional, é voltada para os clientes tradicionais da marca, que não pretendem modi-

ficar a sua maneira de trabalhar e querem ter máquinas acessíveis de pouca manutenção. Já a TX tem mais tecnologia embarcada, como sistema de debulha por cilindro e separação por sistema de duplo rotor. As alterações e tecnologia embarcadas nas duas famílias trazem uma porção de ferramentas para as culturas de arroz, feijão, soja e milho. Serão quatro modelos disponíveis, dois com debulha por cilindro e separação por saca-palhas (TC 4.90,

Massey Ferguson tem novo piloto automático A Massey Ferguson passou a equipar seus produtos com o piloto automático Massey Ferguson Guide, by Trimble. Os tratores cabinados das linhas MF 7700 e MF 6700R serão os primeiros equipamentos a possuírem a solução embarcada de fábrica, disponíveis a partir do segundo semestre de 2020. O novo Massey Ferguson Guide, by Trimble vem equipado com monitor sensível ao toque e com ambiente Android, possui bluetooth e Wi-Fi integrados, permitindo diversas formas de conectividade. O sistema também conta com a praticidade da função terminal virtual, podendo trabalhar com implementos que possuem tecnologias padrão Isobus. A nova solução possui opcional de manobra automática da cabeceira, que ao chegar ao final de cada linha conduz a máquina para a próxima. Se o equipamento apresentar necessidade de ajuste ou o operador verificar alguma dificuldade para uso do sistema, basta acionar o aplicativo TeamViewer da tela, e um técnico da concessionária Massey Ferguson consegue orientá-lo remotamente, em tempo real.

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com plataforma de 20 pés, e TC 5.90, de 25 pés), e dois com debulha por cilindro e separação por duplo rotor (TX 4.90, 25 pés, e TX 5.90, 30 pés). As máquinas possuem sistema de Optifan, ventilador automático para todos os modelos, assim como os novos côncavos seccionados e o sistema de nivelamento Smartsieve, além do novo desenho da cabine. As máquinas ganharam ainda plataforma elétrica e maior capacidade de graneleiro.


Valtra lança nova série de tratores de baixa potência

A Valtra apresentou a sua mais nova linha de tratores de baixa potência, a série A2s. Desenvolvida especialmente para atender às necessidades da agricultura familiar, a nova série Valtra A2s chega ao mercado com dois modelos de faixas de potência distintas - o A52s (57cv) e o A62s (67cv). Os tratores são equipados com o motor AGCO Power de três cilindros com injeção mecânica, que trabalha com alto torque em baixas rotações. A transmissão, com oito velocidades à frente, duas de ré e com engrenagens mais largas e espessas, completa o conjunto mecânico. A série possui uma mecânica simples para facilitar os reparos e conser-

tos e reduzir o custo e o tempo de manutenção. A robustez dos componentes da caixa de transmissão dos novos tratores também proporciona mais torque e maior transferência de carga. A série Valtra A2s ainda conta com opções de tomada TDP 540rpm dependentes ou independentes, e com capacidade de levante de 2.500kgF. A capacidade do tanque de combustível, com 95 litros, proporciona maior autonomia para a máquina no campo. O agricultor também tem a opção de equipar a transmissão do seu novo A2s com o redutor creeper (12F+3R), que permite trabalhar com velocidades a partir de 0,6km/h.

Ampliação da rede de distribuição O atual cenário positivo do agronegócio brasileiro, somado à busca por tecnologias que reduzem custos e aumentam a produtividade, motivou a Trimble a ampliar sua rede de distribuição no Brasil. A estimativa é que este ano haja aumento de 15% a 20% na rede da empresa no País. De acordo com o diretor comercial da Divisão Agrícola para a América Latina, José Carlos Bueno, a Trimble quer elevar sua presença em todas as regiões produtivas do País, mas especialmente nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. “Estimamos um aumento da área de soja, na próxima safra, em 3%, o que contribui para a procura do agricultor por tecnologia. Ele sabe que só será mais eficiente se investir em inovação no campo”, explicou o diretor. A marca pretende apresentar, através da nova rede, o sistema WeedSeeker, solução que garante uma pulverização seletiva, ou seja, com maior precisão na aplicação do defensivo, inclusive nas menores plantas daninhas.

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ARTIGO

Moldand do

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uebrar paradigmas é como moldar o mármore para fazer uma escultura. Demanda tempo, paciência, projeto, planejamento e uma dose bem significativa de inspiração e criatividade. Claro, não se pode esquecer de “ouvidos para escutar o outro”. Entrar num mercado onde outros já dominam e repartem o bolo é quase que como entrar num coquetel, sem lugar marcado onde a maioria já formou seus grupos de conversas. Mas a resiliência e a inovação podem ser uma boa “arma” para ganhar olhares. A percepção de que a grande maioria dos produtores rurais brasileiros, principalmente aqueles que estão na faixa de média e pequena potência, ainda trabalhava com tratores cujo conceito construtivo fora concebido na década de 1980, foi a chave que acendeu a luz para a decisão de oferecer ao Brasil produtos que tinham “pequenos” diferenciais, mas que diante do que havia aqui, pareceriam grandes. E foram estas diferenças, como um eixo dianteiro blindado, vão livre maior, por exemplo, que transformaram um projeto de médio e longo prazo de conquista de pontos percentuais de mercado em uma realidade totalmente diferente, uma obra consistente, que hoje conta com mais de 60 pontos de vendas em todo o País e um quinto lugar no ranking de fabricantes de tratores. Estas pequenas diferenças passaram a ser percebidas pelos produtores e provocaram uma sutil mudança naquilo que o produtor começou a buscar em um trator. Provavelmente isto

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ndo o mármore mercado ginal o Grupo Eletroeletrônico LG. Muito atuante na busca de novas tecnologias, principalmente para acompanhar o mundo de hoje. Em nosso centro de pesquisa, na Coreia do Sul, vários projetos são desenvolvidos, testados e colocados no mercado. É de lá que veio este conceito de oferecer uma série de tecnologias embarcadas que visam a melhorar as condições operacionais do trator, a fim de ele oferecer muito mais soluções para o trabalho no campo. É dentro deste espírito que já colocamos em nossas máquinas o pacote LS Tech, onde oferecemos “pequenas e simples” tecnologias, mas que resolvem antigos problemas do produtor. Faz parte deste pacote a telemetria, desenvolvida por um parceiro nosso, a Colven, e que permite ao gestor saber todas as tarefas realizadas por suas máquinas, instantaneamente. Isto quer dizer que

Rorato avalia os primeiros sete anos da LS Mtron no Brasil

mesmo com pouco tempo no mercado brasileiro, já estamos entregando soluções muito atualizadas com as demandas dos empresários rurais. Isto quer dizer que estamos moldando o mármore, para entregar cada vez mais, obras de arte que agradem ao consumidor e que estejam dentro da realidade do nosso mercado, sem grandes tecnologias futurísticas, mas com so.M luções práticas para o dia a dia do campo. André Rorato, Vice-presidente da LS Mtron

Fotos LS

aconteceu porque trouxe ao consciente desejos que estavam contidos neste consumidor e que, felizmente, começou a ser atendido através dos produtos da LS Tractor. Quando se fala em oferecer novas tecnologias, a princípio e grosso modo, parece que estamos falando de coisas fantásticas, robotizadas, que falam e executam tarefas por sua própria conta. Mas nem sempre precisa ser assim. Vejam, um simples interruptor que liga e desliga a luz, é uma fantástica tecnologia. Mas se tornou tão comum, que já nem ligamos para isto. Mas disponibilizar uma tomada de força em três velocidades, já de fábrica, era um desejo do produtor e que, ao oferecermos, se tornou um diferencial competitivo, a ponto deste consumidor passar a perguntar na concorrência, se eles também tinham esta tecnologia embarcada nos tratores, sem que fosse item acessório. A experiência que estamos vivendo durante estes sete anos, desde a fabricação do trator n° 1, eu posso dizer que é muito rica. O desafio de inovar, não só no produto, mas na forma de oferecer, de entregar, de atender às necessidades dos diversos segmentos de produção agrícola, é algo que particularmente vejo com muito entusiasmo porque novas gerações estão dando seus passos dentro da porteira, muito exigentes, muito demandantes de ferramentas digitais embarcadas nos tratores. E isso já está forçando a nós, executivos com anos de trabalho no mercado, a uma rápida reciclagem. A LS Tractor tem no seu DNA ori-

Fotos Dauto Carpes

Unidade fabril de Guaruva, em Santa Catarina

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TECNOLOGIA

O futuro embar Divulgação

A tecnologia embarcada nas máquinas agrícolas continua evoluindo rápida e constantemente. E neste processo de modernização da mecanização agrícola, mão de obra qualificada e conexão são fundamentais

A

busca pela ampliação da oferta e na qualidade dos alimentos no mundo é recorrente ano após ano, motivada pelo adicional populacional previsto para as próximas décadas, com indícios de acréscimo de dois bilhões para os próximos 30 anos. No contexto da agricultura, o Brasil é hoje responsável por cultivar mais de 64 milhões de hectares, considerando cereais, leguminosas e oleaginosas, área essa 10% superior a 2015 e 26,6% maior que em 2010. Todavia, os limites observados para a produção de alimentos decorrem da restrição de ampliar o uso das terras, considerando o processo sustentável, economicamente viável e socialmente ético. Ainda, podemos citar o incremento dos custos de investimento e custeio da lavoura, que torna o setor mais competitivo, e também a exigência dos consumidores sobre a qualidade física e sanitária dos alimentos produzidos. Sendo assim, utilizar ferramentas tecnológicas eficazes poderá facilitar o manejo e o gerenciamento dos recursos, visando auxiliar na tomada de decisão, a fim de garantir maiores produtividades e lucratividade para o agricultor. Neste âmbito, acompanhamos atentos os grandes lançamentos e as tendências da mecanização e das novas tecnologias disponíveis, voltadas para

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estratégias de grandes perspectivas e no desenvolvimento tecnológico. Em alguns países e determinadas regiões do Brasil, esses processos vêm sendo implementados, tornando a mecanização uma importante aliada do agricultor que busca unir qualidade e elevada eficiência operacional. Essa direção é baseada na trajetória da agricultura, transcrita na perspectiva da evolução industrial, sumariamente apresentada na Figura 1. O desenvolvimento da produção agrícola mundial ocorreu graças ao uso de quatro tecnologias essenciais, sendo elas: genética em sementes, defensivos agrícolas, fertilizantes minerais e mecanização. Assim, todas as demais até então desenvolvidas, visam ao gerenciamento detalhado da atividade e/ou ao aumento da eficiência de cada etapa da produção que estas quatro principais estão envolvidas. No atual cenário da agricultura mundial, a mecanização tem sido norteada pelo paradigma de que o aumento da produtividade com redução de custos específicos será oriundo, na grande maioria das situações, devido ao incremento estrutural dos equipamentos. Contudo, o aumento de desempenho unicamente almejado no crescimento das máquinas apresenta limita-


rcado

Figura 1 - Evolução da agricultura

ções impostas pelos sistemas agrícolas e, também, pelas próprias tecnologias embarcadas. Dessa forma, o entendimento destas exigências no projeto e na utilização dos equipamentos surge como uma alternativa viável na busca desse objetivo.

MUDANÇAS

da operação e até mesmo resultados de todo o trabalho das máquinas. Estes dados são coletados remotamente, e necessitam ser transmitidos para uma central de armazenamento, na qual serão monitorados e avaliados por uma base de controle. A tecnologia utilizada para este processo pode ser chamada de telemetria, que é a transferência e utilização de dados provindos de uma ou mais máquinas remotas, permitindo uma comunicação instantânea, via rede de computadores. Os elementos que compõem um sistema de telemetria podem ser agregados por um conjunto de hardware conectado a sensores embarca-

Charles Echer

Novos projetos de máquinas agrícolas já estão sendo norteados, não mais pela magnitude, mas sim para multitude, ou seja, o compartilhamento e/ou segmentação na execução de uma função, antes destinada apenas a um, visando distribuir informações e/ou cargas de trabalho. Tal situação pode ser obtida, basicamente, a partir do compartilhamento remoto de dados e do uso de múltiplos equipamentos que desempenham uma função planejada em menor escala. Para isso, embarcamos redes de sensores em máquinas agrícolas, sendo possível conectar a um sistema de dados que irá permitir medir uma série de parâmetros, como determinar o comportamento destas em operação, observar detalhes de consumo de combustível, velocidade

Sistema de telemetria permite acesso total, em qualquer lugar, às informações geradas pela máquina no campo

dos nas máquinas, como sensores indutivos, capacitivos de temperatura, de umidade relativa, pressão de óleo e posição, sendo controlados por softwares específicos. Sendo possível, assim, monitorar, controlar e medir as atividades desenvolvidas por estas máquinas ou uma frota que estão conectadas. Ademais, as tendências na utilização de tecnologias da informação (TI) estão diversificando a maneira de se produzir no Brasil e no mundo, onde passamos a reconhecer a máquina não mais como uma ferramenta de auxílio necessário em operações agrícolas, mas como meio auxiliador de decisões, de modo autônomo. Neste processo de decisão o produtor rural que antes necessitava se basear em suas experiências e intuições para cada decisão, hoje passou a se apoiar em informações precisas em tempo real, pois quando pensamos em operações de semeadura e colheita, por exemplo, qualquer decisão com a menor taxa de erro no menor tempo de resposta poderá determinar o fator exponencial de sucesso. Justamente por esses motivos, nos últimos anos conseguimos atingir o ápice da mecanização em termos de sensores terrestres, e estamos a caminho do mesmo na utilização de sistemas de rastreamento via satélite, buscando maior conforto e qualidade de vida na redução de carga horária no trabalho. Já os operadores de máquinas passaram a promover a utilização de ferramentas digitais e ou-

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Como realizar limpeza/descontaminade posição e do gerenciamento destas, ção dos equipamentos de pulverização será necessário padronizar as diferentes Fendt

Resíduos de produtos fitossanitários acumulados nas terminações das sessões da barra do pulverizador, nos filtros de sessão e em pontas de pulverização

Tecnologias permitem acompanhar resultados e tomar decisões em tempo real

tros dispositivos que estão sendo inseridos neste novo ambiente rural, visando coletar dados referentes às mais distintas variáveis que influenciam a produtividade neste ambiente tão volátil e tornando possível prever ou corrigir algumas dificuldades já previstas, como as características de solo ideal, variação climática e incidência de pragas. Com o aumento da magnitude das máquinas, a inserção das tecnologias embarcadas visava tarefas de auxílio ao operador na visualização, regulagem ou monitoramento das atividades, através de grandes painéis informativos, luzes e avisos no interior da cabine, os quais necessitavam da intervenção do operador para decidir e realizar a tomada de decisão no ajuste ou regulagem. Logo, as exigências da multitude na agricultura atual evoluíram a concepção da tecnologia embarcada a novas proporções, através de uma experiência de aprendizado no termo máquina, onde ela mesma possa traduzir essas informações obtidas, no menor tempo possível e tomar uma decisão, podendo ter como meio redes neurais artificiais. Este aprendizado de máquina, difundido como machine learning, pode atuar na ordem de uma regulagem automática, ou até mesmo decidir quais os níveis toleráveis, verificar se estes estão sendo res-

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peitados e ajustar a máquina em tempo real, assim diminuindo as perdas de forma imediata. O grande benefício disso é retirar a responsabilidade da tomada de decisão baseada na opinião do operador, e promover o uso de todos os dados coletados para compor uma estrutura de decisão respaldada por critérios técnicos. Aliada às questões anteriormente evidenciadas, destaca-se também o desenvolvimento de técnicas, ferramentas e máquinas centradas nas culturas agrícolas. Para a primeira, ao se fazer necessário planejar as operações mecanizadas, principalmente nas que exigem um elevado tráfego na lavoura, se buscaram alternativas de minimizar estes impactos causados pela trafegabilidade por meio de técnicas de utilização de máquinas e equipamentos agrícolas. Foi então que surgiu a agricultura de tráfego controlado permanente (ATC), que delimita pequenas “estradas” de passagens (tramlines) que sustentam a carga das máquinas, desde a implantação da cultura até a sua colheita. Dessa maneira, o solo sofre uma redução de volume, ou seja, uma compactação, mas apenas nas faixas da largura dos rodados. Para uma completa aplicação em alguns casos, além da utilização de informações

máquinas que irão trafegar, pois será necessário adotar parte do sistema através do ajuste das bitolas e/ou emprego de extensores de eixos, com maior aptidão em tarefas de tráfego controlado, operando apenas sobre faixas da superfície do solo, deixando o resto da área para o desenvolvimento da cultura. Sendo assim, o controle adequado do número e o local das passadas das máquinas agrícolas, permitirá a consolidação de condições adequadas de solo para o desenvolvimento das culturas ao longo de sucessivas safras, permitindo, em sistemas bem estabelecidos, a redefinição da densidade de semeadura, buscando um aumento de produtividade, também possibilitado pelo melhor aproveitamento de defensivos agrícolas e na redução dos gastos com combustível. Este último pode ser alcançado em virtude do melhor desempenho em tração das máquinas, em função do melhor coeficiente de aderência dos rodados com o solo mais compactado e menor demanda de tração pelas ferramentas na relação solo/máquina, que atuam na área não compactada. Além disso, as tarefas poderão ser realizadas em menor tempo, pelo aumento da eficiência operacional devido ao planejamento, além da redução dos custos com a manutenção das máquinas, todavia requer um gerenciamento preciso, como monitoramento espacial, mapeamento e gestão, dentro de uma estrutura espacial precisa. As operações que envolvem semeadura, colheita, aplicação de produtos químicos e fertilizantes devem ser realizadas por métodos mais precisos, pois o tráfego não poderá ser alterado se erros forem cometidos em alguma das operações. Se estes objetivos são alcançados, poderão garantir o sucesso no monitoramento, onde se reduzirá consideravelmente a sobreposição na aplicação de insumos, diminuindo custos e aumentando o rendimento em produtividade. Para tanto, a conectividade será essencial na aplicação dessas técnicas, sendo a tecnologia central que irá permitir as grandes mudanças de paradigmas no se-


seca entre eles. Dessa forma, algumas podem ser reconhecidas como técnicas que permeiam os aspectos evolutivos, sendo os processos de utilização de ferramentas de inteligência e automatizados representantes dessas perspectivas. Sem dúvida, a tendência natural da possibilidade do “aprendizado” das máquinas permitirá o controle mais eficaz de sistemas e processos, que serão aperfeiçoados à medida que suas experiências e operações forem realizadas, por meio do retorno de informações e atualizações como uma forma de aprendizado automático, formando redes neurais artificiais. A capacidade das futuras máquinas de autoaprendizagem será possível por meio de algoritmos de controle que permitem o aprendizado de modo virtual, onde qualquer tipo de comportamento e informação seja aproveitado. Resultando em melhores decisões imediatas, assim garantindo o manejo adequado dos solos, execução de operações em momentos apropriados baseados em estratégias métricas, redução da carga de trabalho ao operador e uso eficiente de recursos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um futuro promissor nos aguarda, mas ainda há algumas lacunas que somente com a pesquisa, a padronização e a certificação de equipamentos, além do desenvolvimento de pessoas, conseguiremos alcançar. Inquestionavelmente, para que haja autonomia ao incluir inteligência estratégica completa na solução, sem que haja necessidade da intervenção direta de um profissional, se faz necessária, cada vez mais, mão de obra qualificada para a adequação correta e eficaz das soluções assertivas para qualquer processo agrícola mecanizado em cada A situação distinta encontrada nas propriedades rurais. Dessa forma, o papel humano permanecerá sendo o principal, que permeia a adoção de todas as soluções tecnológicas que buscam .M superar os paradigmas da mecanização atual. Vitor da Silva Pinheiro Santos Tiago Rodrigo Francetto Rafael Sobroza Becker Airton dos Santos Alonço UFSM/Laserg Massey Ferguson

tor da mecanização. Ao embarcar sistemas e frotas de máquinas conectadas podemos permitir que equipes de unidades menores com formatos padronizados possam trocar dados e experiências, garantindo assim uma rede confiável. Ademais, o emprego de soluções simplificadas tem ganhado expressiva atenção por parte dos fabricantes, visando a redução da complexidade do projeto, a facilitação na realização das regulagens no momento da utilização e a possibilidade de agilidade em processos de manutenção, preventivas ou corretivas. Um exemplo disso são os acionamentos elétricos de dosadores em semeadoras, anteriormente comandados por relações mecânicas igualmente eficientes (ou até superiores), mas de elevada complexidade em regulagens e demandas de manutenções. Assim, uma controlabilidade ainda mais precisa nas operações, durabilidade, integração com demais processos em que a máquina está envolvida, possibilitando a conexão e o controle de forma digital e rápida, além de ganhos ergonômicos aos operadores, como redução do ruído, têm feito os fabricantes optarem por princípios de menor complexidade. No entanto, para incluir plenamente todo este potencial, será necessário repensar as oportunidades que os processos agrícolas mecanizados disponibilizam e criar novas arquiteturas de equipamentos, além da substituição de algumas unidades hidráulicas e/ou mecânicas. A eletrificação completa é uma alternativa viável para a redução da complexidade dos projetos, mas só será uma realidade na solução em grande escala, como fonte única de energia a um sistema, quando ocorrer o desenvolvimento de baterias mais eficientes. Para que este cenário possa gerar mudanças de paradigmas, neste momento a eletrificação dos projetos deve buscar a simplificação e a facilitação do uso tecnológico, como a linha de condução, manutenção, controle e, até mesmo, da arquitetura das máquinas com base no objetivo inveterado dos fabricantes, ou seja, a redução de massa. Assim, percebe-se que o desenvolvimento tecnológico e a superação de alguns paradigmas, apesar de ser possível elencar algumas vertentes, serão alcançados através da relação intrín-

B

A) Motor rotativo (Wankel), e B) unidade HGS (Hydrogen Generating System)

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CAPA

Aponte a câmera do celular e assista ao vídeo sobre este equipamento

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VBP 3165 C A enfardadora combinada VBP 3165 da Kuhn realiza as operações de enfardar e empacotar fardos variáveis entre 80cm e 160cm, dispensando o uso de outras máquinas e operadores

om base na série VB 3100, a VBP 3165 é uma enfardadora combinada especialista em versatilidade, com seu exclusivo design de câmara enfardadora variável que produz fardos cilíndricos de diâmetros variáveis, de Jacto 80cm até 160cm. Esta enfardadora fornece os melhores resultados em uma vasta gama de culturas forrageiras ou até restos de culturas. Com 192 anos de história, a Kuhn é uma empresa multinacional com matriz em Saverne, na França, país em que possui cinco fábricas, além de unidades na Holanda, duas nos EUA e duas fábricas aqui no Brasil, sediadas em Passo Fundo/RS e São José dos Pinhais/PR, iniciando os trabalhos no ano de 2005 em terras brasileiras. A Kuhn atua em diversas linhas de produtos, como aração, preparo de solo, plantio, fertilização, distribuição orgânica, pulverização, manutenção de áreas, trituração, fenação e alimentação animal.

ROTOR INTEGRAL

A tecnologia de rotor integral está presente em toda a linha de enfardadoras combinadas da Kuhn. Este sistema simples de admissão tem baixa manutenção e garante uma grande capacidade produtiva. A curta distância entre o rotor e os garfos do pick-up fornece um excelente fluxo de forragem para o interior da enfardadora. Esse projeto de admissão alimentada à força possibilita maiores velocidades de avanço, aumentando a

O Rotor Integral possibilita maiores velocidades de avanço e aumento da produtividade Fotos Kuhn

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Fotos Kuhn

DENSIDADE PROGRESSIVA

O sistema de densidade progressiva mostra sua eficácia na enfardadora VBP 3165. Com dois cilindros hidráulicos e uma mola tensora, o sistema aumenta a tensão à medida que o fardo cresce, fornecendo um fardo firme, com alta densidade. O projeto de cinco correias e três rolos da câmara de enfardamento garante uma formação rápida e consistente do fardo. A exclusiva mescla do sistema de densidade progressiva e câmara de enfardamento inteligente assegura um perfeito formato do fardo em todas as situações.

Sistema Dropfloor possibilita rebater hidraulicamente o piso e as facas em caso de bloqueio do rotor

produtividade e reduzindo os danos à cultura. As unidades de corte do rotor são equipadas com dentes feitos de chapas de desgaste Hardox. O material Hardox combina dureza e resistência extremas com o mínimo de desgaste dos dentes do rotor, uma vida útil mais longa do rotor contribui para alcançar maior economia de tempo e dinheiro. Os sistemas de corte OC da Kuhn, com dentes do rotor em formato elíptico, são reconhecidos pelos usuários como um dos melhores sistemas de corte no mercado. A forragem é guiada e conduzida às facas em uma fase mais inicial, isso melhora o fluxo e o desempenho de corte, além de prevenir bloqueios indesejados. O sistema Opticut de 23 facas tem os benefícios do corte intensivo e da proteção mecânica. Este sistema de corte fornece um comprimento de corte teórico de 45mm e cada uma das facas é protegida por uma mola. A seleção do grupo de facas oferece uma escolha de zero, sete, 11, 12 ou 23 facas em operação. Para produzir forragem de alta qualidade, é necessário um corte perfeito da forragem. VBP 3165 vem de fábrica equipada com um sistema de limpeza

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de facas, isso garante que mesmo nas condições mais difíceis, ela irá processar o material colhido do modo esperado. O intervalo de limpeza pode ser convenientemente ajustado pelo monitor de controle.

COMO O SISTEMA FUNCIONA?

Na medida em que o fardo cresce no interior da câmara de enfardamento, o braço tensor da correia é submetido a um aumento constante da resistência, por meio de dois cilindros hidráulicos e um tensionador de mola.

DROPFLOOR

Em caso de bloqueio do rotor, é possível rebater o piso e as facas hidraulicamente no conforto da cabine do trator. Após a liberação do bloqueio, o equipamento é facilmente retornado à posição de trabalho. Na série VBP, o sistema de desbloqueio do rotor é totalmente automático, a embreagem de proteção de sobrecarga da enfardadora é ativada sempre que a admissão ficar obstruída em função da quantidade de forragem que estiver sendo recolhida. O piso rebatível Dropfloor automaticamente abaixa e as facas são retraídas, o operador é informado sobre o processo em curso por meio do monitor de controle. Após a tomada de força ser reativada, o rotor é reiniciado e a cultura é guiada desobstruindo o sistema de alimentação da máquina, em seguida o piso e as facas retornam automaticamente à sua posição original.

Sistema de amarração com rede possui estiramento ativo que garante um fardo mais firme


Desta forma, assim que o diâmetro aumenta, a densidade do fardo também aumentará, resultando num fardo muito firme. Com núcleo moderado e com a camada externa mais dura, os fardos de feno serão mais tolerantes a condições climáticas adversas, ao mesmo tempo, os fardos de pré-secado manterão o seu formato, melhorando a capacidade de empilhamento e facilitando o manuseio.

AMARRAÇÃO COM REDE

O sistema de amarração de rede com tecnologia de estiramento ativo, garante um firme formato do fardo com tensão de rede alta e constante durante todo o ciclo de amarração. A rede é alimentada na parte frontal da câmara de enfardamento para garantir um começo uniforme e imediato. A capacidade de estocar um segundo rolo de rede fornece autonomia suficiente para um longo dia de trabalho. O rolo de rede pode ser substituído com facilidade e segurança e o design inovador da Kuhn permite aplicar uma tensão constante à rede durante o processo de amarração. O sistema de rede funciona com 93% da velocidade de rotação do fardo, sendo capaz de esticar a rede sem rompê-la, fornecendo uma tensão de rede exata e consistente em todas as culturas e condições.

Enleiradores Kuhn O

design dos enleiradores Kuhn é adequado para enleirar e preservar o valor nutricional da forragem. Eles se adaptam muito bem ao solo e realizam a coleta completa da forragem, com ausência de impurezas, maior rendimento, leiras perfeitamente estruturadas e confiabilidade. Os enleiradores de rotor único apresentam uma caixa de transmissão confiável com dupla redução e braços dobrados (exceto GA 300 GM e GA 3201 GM) para obter uma qualidade superior de enleiramento, uma solução simples e eficaz. A linha Kuhn oferece modelos em versões montadas ou rebocadas, com larguras de trabalho entre 3,20m e 5m. Os eleiradores de dois rotores possuem configurações de entrega de leiras laterais, centrais ou duplas e podem adaptar-se a qualquer operação. Além disso, todos os modelos com rotor duplo apresentam braços dobrados para uma ação de elevação suave da forragem, garantindo desempenho confiável nas mais variadas condições de campo. Nesta linha, a Kuhn oferece versões montadas ou rebocadas, com larguras de trabalho entre 5,40m e 9,30m. Os enleiradores de quatro rotores, com produção de leira central, são máquinas de alto rendimento. O modelo GA 15131, por exemplo, ganhou o recorde mundial de enleiramento, com a incrível marca de 188,9 hectares em oito horas de trabalho. Estes modelos com quatro rotores possuem os acionamentos dos rotores totalmente hidráulicos com circuito fechado, proporcionando baixa manutenção. As larguras de trabalho variam entre 8,40m e 14,70m.

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Espalhadores Kuhn U

ma forragem de alta qualidade requer uma operação de colheita coordenada e otimizada, levando em conta cultura, relevo, clima, áreas da colheita e método de armazenagem, porque cada nutriente adicional fornecido aos animais através da forragem, ajuda a diminuir os concentrados adicionais necessários. O espalhamento é um elo fundamental da cadeia de produção, porque ele acelera a secagem, com o objetivo de preservar o valor energético da forragem e diminuir riscos meteorológicos. Os espalhadores são essenciais para quem deseja produzir forragens de alta qualidade. Eles permitem trabalhar com um amplo ângulo de inclinação, realizam inversão completa da forragem, gerando uma secagem rápida e uniforme. Além disso, se adaptam muito bem às irregularidades do solo, garantindo uniformidade na distribuição do produto. Os espalhadores Kuhn não foram apenas concebidos para lidar de forma apropriada com culturas, mas também para serem confiáveis. Exemplo disso é o engate de rotor Digidrive, que foi amplamente experimentado e testado. Estes espalhadores de forragens são projetados para garantir a melhor distribuição da forragem em todas as situações de campo, promovendo uma secagem rápida e uniforme das forragens. Os espalhadores estão disponíveis com larguras de trabalho de 4,20m até 17,80m em máquinas montadas e rebocadas.

O sistema de amarração fornece excelente distribuição da rede, até mesmo além das bordas do fardo, para evitar bolsões de ar e melhorar a qualidade da forragem. O estiramento da rede pode ser facilmente ajustado através da polia variável e o número de camadas de rede pode ser ajustado a partir do monitor de controle.

VERSATILIDADE

A série VBP da Kuhn é conhecida por suas habilidades em múltiplas culturas. Isto significa que não só o tamanho do fardo é variável, mas também o uso da máquina é variável, sendo possível utilizá-la em várias situações, como na produção de feno em fardos de pequeno diâmetro para fácil manuseio em cocheiras para equinos e fardos de pré-secado de grande diâmetro para usar o material de empacotamento plástico com o máximo de eficácia possível. Também é possível fazer fardos de pré-secado de manhã, trocar para feno à tarde e terminar com pré-secado novamente, podendo ser usada nas diferentes atividades durante o dia. O investimento em uma máquina combinada elimina a necessidade de máquinas separadas para a produção de feno e pré-secado.

O INTELLIWRAP

Melhorias na gestão e no controle do processo de

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Fotos Kuhn

VBP 3165 aberta, onde é possível visualizar o sistema de armazenamento dos filmes

empacotamento são alcançadas com o exclusivo sistema IntelliWrap, que conta com componentes eletrônicos e hidráulicos sofisticados para monitorar o processo de empacotamento e controlar continuamente a sobreposição do filme plástico. Ele oferece total flexibilidade em função das condições do local, da forragem e dos períodos de armazenamento. O número de camadas de filme pode ser ajustado com facilidade, de acordo com a necessidade de cada produtor. Outro recurso do IntelliWrap é o empacotamento 3D, uma maneira inteligente e inovadora de aplicar filme estirável em fardos cilíndricos. A essência do empacotamento 3D é sua capacidade de distribuir a quantidade total de filme plástico com mais uniformidade e eficiência por toda a superfície do fardo. Ao empacotar primeiro a superfície cilíndrica do fardo, mais ar é retirado e o formato do fardo é mantido, mesmo após longos períodos de armazenamento. As vulneráveis bordas do fardo são mais bem protegidas se comparadas com os fardos empacotados do modo convencional. O IntelliWrap proporciona fardos bem formados, hermeticamente selados e, portanto, uma forragem de melhor qualidade.

PRÉ-ESTICADORES

Os pré-esticadores padrão seguram rolos de filme plástico de 750mm e são feitos de alumínio para evitar a aderência do filme, as duas extremidades externas dos rolos de alumínio têm forma cônica para manter a largura ideal do filme e reduzir o risco de rasgos. O perfil especial com ranhuras dos rolos de alumínio evita o contato de ar e água com o filme. O pré-esticamento padrão de 70% é obtido graças a uma transmissão de engrenagens com baixa manutenção e baixo ruído. Para ter uma rápida substituição de filme plástico e um curto tempo de inatividade, os es-

A

Segadoras Kuhn

Kuhn é líder na tecnologia de corte com discos, com mais de 650 mil barras de corte produzidas desde a introdução das segadoras de discos há mais de 50 anos. Como resultado, contribui ininterruptamente para o desenvolvimento de soluções inovadoras, com segadoras que garantem qualidade da forragem, conforto do operador, produtividade e segurança. Para o mercado brasileiro estão disponíveis as segadoras de discos (gama GMD) e as segadoras condicionadoras de disco (gama FC), sendo máquinas montadas traseiras e frontais, rebocadas ou, ainda, combinações triplas de corte. As diferentes larguras das segadoras de discos montadas das séries GMD 10 e GMD 100, que vão de 1,60m até 3,10m, são adaptadas a operações agrícolas pequenas e médias. Elas combinam uma estrutura simples com diversos recursos, produzindo um corte limpo e uniforme. A Kuhn também foi pioneira nas segadoras condicionadoras de discos para gramíneas ou alfafa, e possui atualmente uma ampla gama de modelos. Desde a introdução do sistema de condicionamento FingerComb há 25 anos, são fornecidos sistemas de condicionamento versáteis e com ajustes simples para atender às condições de campo em constante mudança. Estão disponíveis as segadoras condicionadoras montadas e rebocadas, com larguras de corte que vão de 2,40m até 9,93m, e sistemas de condicionamento com dedos de ferro ou rolos de borracha.

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Fotos Kuhn

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toques de filme estão estrategicamente dispostos na máquina, colocados a poucos passos de distância do lugar em que o produtor precisa destes filmes. O espaço de armazenamento e os pré-esticadores estão situados de modo que o filme possa ser trocado da maneira mais ergonômica.

INTERFACES DE USUÁRIO INTUITIVAS

Empacotadora RW 1410 T

odas as etapas do processo de fenação devem ser coordenadas, levando em conta as condições da forragem, do campo e do clima, assim como o manejo e o armazenamento desta forragem, as empacotadoras Kuhn garantem o perfeito empacotamento dos fardos, com alto rendimento e durabilidade, oferecendo um grande retorno sobre seu investimento. A Kuhn oferece soluções econômicas, ecológicas e ergonômicas em empacotamento de fardos, muitos membros de sua equipe dedicada têm background agrícola e são mestres em suas áreas. Seus muitos anos de experiência os deram know-how e expertise valiosos na produção de equipamentos para empacotar fardos. Para o mercado nacional, a Kuhn disponibiliza o modelo RW 1410, na versão com bobina simples e na versão e-Twin, com bobina dupla. A tecnologia e-Twin permite o empacotamento com os sistemas exclusivos de pré-esticador combinado com a distribuição de filme, que economiza 50% no tempo de empacotamento e também diminui o consumo de filme. Os rolos cônicos do pré-esticador foram posicionados de forma que os dois filmes de 750mm com 2/3 de sobreposição fiquem colados, formando uma camada dupla de filme antes da saída da unidade de pré-esticamento. Outra vantagem gerada por este sistema é o empacotamento mais apertado dos fardos, que aumenta a impermeabilidade e preserva a qualidade da forragem, além e proporcionar resistência extrema contra rasgos em todas as situações.

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A chave para alcançar a produtividade esperada está nas interfaces de usuário. Os usuários das máquinas foram ouvidos e observações e desejos foram integrados nos monitores e interfaces com o objetivo de oferecer ao operador uma visão clara do que sua máquina está fazendo a qualquer momento e conseguir realizar todos os ajustes importantes ao alcance da ponta dos dedos. Isso garante que o operador tenha o controle total de sua máquina. Graças à interface de usuário de visualização dos processos na VBP, o operador fica sempre bem informado sobre a situação atual de seus processos de trabalho no interior da máquina. Esta interface lhe permite escolher qual processo é executado automaticamente ou manualmente e todos os processos podem ser interrompidos a qualquer momento.

VANTAGENS DA ENFARDADORA COMBINADA VBP 3165

Somente um operador: com a utilização desta máquina combinada, o produtor elimina a necessidade de um operador extra, que deveria estar operando uma empacotadora simultaneamente com a enfardadora. Ganho operacional: a VBP 3165 realiza os dois processos simultaneamente, ao mesmo tempo em que está se formando um fardo na câmara de enfardamento, o outro já está sendo empacotado. Quando a máqui-


Detalhes do sistema de densidade progressiva dos fardos

na para com o objetivo de realizar a amarração do fardo, é possível aproveitar para soltar o fardo já empacotado. Facilidade para transporte: com a eliminação de um trator, uma máquina e um operador, é possível realizar o transporte somente com um caminhão, o que é muito apreciado por prestadores de serviços. Qualidade da forragem: por se tratar de uma máquina combinada, o fardo é empacotado imediatamente após a sua formação, criando as condições ideais para a fermentação deste fardo, outro ponto positivo é que este fardo não toca o solo antes de ser empaco-

A VBP 3165 possibilita fardos entre 80cm e 160cm

tado, eliminando possíveis contaminações. Versatilidade: além de ser uma enfardadora combinada, onde é possível produzir pré-secado e também feno sem o uso do empacotador, ela é de câmara variável, produzindo fardos cilíndricos com diâmetro variando entre 80cm e 160cm. Esta máquina está habilitada a produzir tanto o feno quanto o pré-secado neste intervalo de medidas. Forma ideal: logo após o fardo chegar ao tamanho predeterminado pelo operador, o sistema de amarração de rede com tensionamento ativo é acionado e a rede se mantém

esticada, operando com 93% da velocidade de giro do fardo. Isso faz com que se preservem a compactação e o formato e, em seguida, o fardo é empacotado com a tecnologia 3D, que primeiro aplica o filme plástico nos ombros e parte cilíndrica do fardo, a fim de preservar a forma e melhorar a vedação do mesmo. Tudo à mão: com uma interface amigável, fica muito fácil a operação, pois todos os comandos e regulagens podem ser feitos através do monitor de controle, sendo possível realizar as mudanças de processos de forma automática ou manual, conforme a pre.M ferência do operador.

Linha de enfardadoras VB 3100 A

série VB 3100 oferece uma ampla gama de enfardadoras de câmara variável para fardos cilíndricos, desenvolvidas com as mais recentes inovações de produto, a fim de assegurar o máximo benefício para os agricultores e os prestadores de serviços em todo o mundo. Elas produzem fardos cilíndricos com diâmetros que variam entre 80cm e 160cm. No Brasil são ofertados três modelos com características distintas. A enfardadora VB 3155, a máquina de entrada, foi projetada para o uso em material seco como o feno e a palha, configurada com rotor de alimentação e amarração de barbante/sisal. A versátil enfardadora VB 3160 premium é uma máquina intermediária, projetada para enfardar uma ampla gama de materiais, desde secos como feno e palha, incluindo o pré-secado, que é um material mais úmido. Ela é configurada com rotor de 14 facas e amarração de rede e barbante. Para condições mais extremas, a Kuhn comercializa a VB 3165 premium XD, a enfardadora topo de gama, pro-

jetada para trabalhar nas condições mais árduas. Ela vem configurada com rotor de 23 facas, amarração de rede e conexão Isobus de série.

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PNEUS

Duplos ou simple Na hora de configurar os rodados do trator, o que vale a pena: pneu diagonal e rodado duplo ou pneu radial e rodado simples?

A

mecanização das operações agrícolas em uma propriedade rural representa uma parcela significativa dos custos totais de produção. A utilização eficiente das máquinas agrícolas possibilita redução destes custos, sendo que até mesmo uma simples alteração na configuração de uma máquina pode resultar em maior eficiência e, consequentemente, economia ao final da operação. Uma maneira de aumentar a eficiência operacional, por exemplo, é maximizar a capacidade de tração de um trator agrícola. Inúmeros são os fatores que interferem na capacidade de tração: tipo de solo e cobertura vegetal, relação peso/potência e a interação rodado-solo. O uso de um diferente tipo construtivo do pneu pode resultar em maior tração, além de gerar ganhos produtivos de maneira indireta. Atualmente, estão disponíveis no mercado duas formas de construção de pneu: a diagonal e a radial. A mais utilizada no Brasil, devido à oferta e ao baixo custo, é a diagonal, que consiste em uma estrutura distribuída em ângulos de 40º a 45º em relação à banda de rodagem. Já a estrutura em que as lonas estão dispostas perpendicularmente na banda de rodagem recebe o nome de radial. Outra forma de aumentar a tração de um trator é a utilização de diferentes configurações de rodados, as quais recebem o nome de duplagem, filipagem ou, ainda, flipagem, dependendo da região. Esta técnica consiste basicamente em aumentar o número de rodados por eixo, sendo esta adição principalmente realizada no eixo traseiro, visto que este eixo é capaz de realizar 50% da tração desenvolvida pelo trator.

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EXPERIMENTO EM CAMPO

Pesquisadores do Laboratório de Agrotecnologia, da Universidade Federal de Santa Maria, realizaram um experimento para obter mais respostas sobre a melhor configuração de pneus e rodados que permitam maior eficiência em tração. Para esta avaliação foi utilizado um trator Massey Ferguson, modelo MF 6713R Dyna-4, 4x2 com tração dianteira auxiliar e potência máxima no motor de 130,4cv (95,9kW), a 2.100rpm, segundo norma ISO TR 14396. Neste trator, chamado de trator teste, foram alteradas as configurações de pneus e rodados, sendo: pneu diagonal e rodado duplo versus pneu radial e rodado simples. Ainda, foram alteradas sua relação peso/potência: 45kg/ cv (6.020kg de peso total); 50kg/cv (6.610kg), e 55kg/cv (7.320kg), sempre buscando a distribuição aproximada de 40% e 60% do peso total sobre o eixo dianteiro e traseiro, respectivamente. O trator freio Massey Ferguson, modelo MF 7219, com peso total de 10.000kg, foi utilizado para impor cargas parciais na barra de tração do trator teste, na tentati-


les? va de simular a demanda de tração de três tipos de implementos agrícolas: leve (24kN), médio (27kN) e pesado (36kN). A velocidade teórica do comboio foi fixada em 5,60km/h, e a pressão interna dos pneus em 158,58kPa (23psi) para os radiais e 179,26kPa (26psi) para os diagonais, conforme recomendações dos fabricantes. O experimento foi formado por três fatores: a) configurações de pneus e rodados; b) relações peso/ potência; c) cargas parciais. Para cada situação, o trator teste tracionou o trator freio, por uma distância de 50m, por três vezes. Os dados analisados foram: força de tração, potência na barra de tração, patinamento das rodas motrizes e consumo específico de combustível. Os dados de força de tração, velocidade real e patinamento foram coletados por meio de uma instrumentação eletrônica, instalada no trator teste. Já os dados de potência na barra de tração e consumo específico de combustível fo-

Fotos Marcelo Farias

Procedimento para medição da área de contato, utilizando cal branca para delimitar as impressões do pneu sobre o solo

ram calculados.

PRINCIPAIS RESULTADOS

Verificou-se variação para todos os dados analisados. As maiores médias de força de tração foram obtidas para a configuração pneu diagonal e rodado duplo, ressaltando que estas são menores quando comparadas às cargas impostas pelo trator freio, devido à interação do rodado-solo. Para as relações peso/potência de 45kg/cv e 50kg/cv foram obtidas médias semelhantes. Porém, pode-se visualizar que, para a relação de 50kg/cv foram superiores em todas as cargas parciais impostas. Ainda, pode-se inferir que os dados de força de tração foram superiores para a configuração pneu diagonal e rodado duplo em relação ao pneu radial e rodado simples, mesmo que a área de contato desta última configuração (4.956cm²) seja

17,84% superior em relação à configuração pneu diagonal e rodado duplo (4.071,85cm²). Isso se deve ao aumento da pressão exercida pelo rodado sobre o solo, em função da menor área de contato, que, em boas condições de trafegabilidade, faz com que o pneu diagonal e rodado duplo tenham maior aderência. Com isso, tem-se a necessidade de adição de lastro em tratores de potência elevada e baixa relação peso/ potência, para realizar trabalhos pesados. Quando se analisa, separadamente, a relação entre a força de tração e o peso aderente, denominado coeficiente dinâmico de tração, observa-se que este foi maior para a menor relação peso/potência, sendo 34,30% para o pneu diagonal e rodado duplo, e 32,10% para a configuração pneu radial e rodado simples. O coeficiente dinâmico de tração decresce à medida que a relação peso/potência aumenta, alcançando médias de 25,28% e 25,27% para as configurações pneu diagonal e rodado duplo e pneu radial

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Gráfico 1 - Resultados referentes à força de tração, para as diferentes configurações de pneus e rodados, relações peso/potência e cargas parciais impostas

e rodado simples, respectivamente. Os dados de potência na barra de tração são 15,56% superiores para a configuração pneu diagonal e rodado duplo, para a carga parcial de 36kN e relação peso/potência de 50kg/cv, comparado à configuração pneu radial

Gráfico 2 - Resultados referentes à potência na barra de tração, para as diferentes configurações de pneus e rodados, relações peso/potência e cargas parciais impostas

e rodado simples (41,75cv), para os mesmos tratamentos. O maior dado de potência na barra de tração obtido para a configuração pneu radial e rodado simples foi de 44,16cv, ou seja, 0,5% inferior em relação à configuração pneu diago-

Avaliações de desempenho em tração de tratores agrícolas Os testes para determinação do desempenho em tração, podem ser feitos em campo, em uma condição mais próxima da realidade do agricultor, ou em pista pavimentada, podendo ser de concreto ou asfalto para tratores de rodas, ou em pista de terra compactada, para os tratores de esteira. Sendo que, nas condições de pista, pode ser obtido o máximo desempenho possível do trator. O trator que se deseja avaliar (trator teste) é equipado com uma série de sensores, que medem diversos parâmetros de interesse, como: força de tração, consumo de combustível, patinamento das rodas motrizes, velocidade real de deslocamento, rotação do motor e do ventilador e temperaturas da água, combustível e óleo lubrificante. Na maioria dos testes, ao nível de Brasil, utilizam-se dois tratores em comboio, isto é, o trator avaliado traciona outro de maior massa, chamado de trator freio. Além de tratores freio, podem ser utilizados cavalos mecânicos e, no caso em es-

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pecífico da Faculdade de Ciências Agrárias, da Universidade Estadual Paulista, de Botucatu, SP, um reboque, do tipo trailer, chamado de Unidade Móvel de Ensaio da Barra de Tração - UMEB, foi adaptado para servir como carro dinamométrico. Todos têm a finalidade de impor cargas ao trator teste, simulando a demanda de tração de máquinas ou implementos utilizados na agricultura. Já, os ensaios oficiais de desempenho em tração, só podem ser realizados em superfície pavimentada de concreto ou asfalto, com o uso de carro dinamométrico instrumentado e seguindo normas oficiais, que definem uma metodologia pré-estabelecida e padronizada. Este rigor permite levantar informações quantitativas, por meio das quais o desempenho de um trator pode ser julgado. Diferentemente dos ensaios, a experimentação científica é uma prática que não segue normas oficiais e que depende da criatividade e da metodologia adotada pelos pesquisadores, como foi o caso deste experimento.

nal e rodado duplo, para mesma carga parcial aplicada (36kN) e relação peso/ potência (45kg/cv). Estes dados representam uma eficiência na transformação da potência do motor em potência de tração na ordem de 35%. Referente às médias de patinamento das rodas motrizes, o melhor desempenho foi verificado para a configuração pneu radial e rodado simples, sendo que para a maioria dos tratamentos avaliados estava dentro dos dados considerados aceitáveis, entre 5% e 20%, exceto para a configuração pneu radial e rodado simples, na maior carga parcial aplicada com relação peso/potência de 45kg/cv, onde chegou a 25,61%. Como referência, consideraram-se faixas de patinamento entre 18% e 20% para os pneus diagonais e, aproximadamente, 15% para os pneus radiais, que, segundo outros pesquisadores, correspondem à máxima eficiência em tração. As menores médias de consumo específico de combustível correspondem a maiores potências e rendimentos na barra de tração. Na configuração pneu diagonal e rodado duplo para a relação peso/potência de 50kg/cv foi obtido o menor consumo específico de combustível de todo o experimento (127g/ cv/h). Já para a configuração pneu radial e rodado simples, a menor média de consumo específico (132,28g/ kW/h) foi obtida para a relação peso/


Gráfico 3 - Resultados referentes ao patinamento das rodas motrizes, para as diferentes configurações de pneus e rodados, relações peso/potência e cargas parciais impostas

Gráfico 4 - Consumo específico de combustível, para as diferentes configurações de pneus e rodados, relações peso/potência e cargas parciais impostas

Fotos Marcelo Farias

potência de 45kg/cv, diferindo das demais. Com exceção da relação peso/potência de 45kg/cv, para ambas as configurações de pneus e rodados, o consumo específico de combustível apresentou comportamento conforme o esperado, com diminuição do consumo à medida que aumentou a carga aplicada ao trator. Tal consumo é uma função não linear da potência na barra de tração. Segundo especialistas, quanto menor a medida do consumo específico, maior é a eficiência na conversão de energia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A configuração pneu diagonal e rodado duplo apresentou melhor desempenho em tração (força, potência e eficiência em tração), para as condições deste experimento. Já as menores médias de patinamento das rodas motrizes foram observadas para a configuração pneu radial e rodado simples. O consumo específico de combustível mais baixo foi observado na configuração pneu diagonal e rodado duplo, para a relação peso/potência de 50kg/cv. Já, para a configuração pneu radial e rodado simples, o menor consumo ocorreu na relação .M de 45kg/cv. Marcelo Silveira Farias José Fernando Schlosser Hêmilli Kauani Ubinski Bairros Leonardo Casali Laboratório de Agrotecnologia Universidade Federal de Santa Maria Alexandre Russini Universidade Federal do Pampa, Campus Itaqui

Detalhe dos dois tipos de pneus e rodados avaliados

Outros trabalhos realizados Além deste, outros trabalhos foram desenvolvidos pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Agrotecnologia, sustentando a linha de pesquisa interação solo-máquina-planta. No mais recente deles, foram avaliados os níveis de vibrações em um trator agrícola, utilizando pneus radiais e diagonais, com diferentes pressões internas (baixa, recomendada e alta). Em outro trabalho, foi avaliado o desempenho em tração de um trator utilizando pneus diagonais, nas configurações de rodado simples e duplo traseiro, com variação de pressões internas dos pneus (124, 138 e 152 kPa). Na época, pôde-se concluir que, para a configuração rodado duplo, com pressão interna de 138 kPa, obteve-se incremento de 4,35% na força de tração, 7,50% na potência disponível na barra de tração e 72,8% na eficiência em tração. Em outra ocasião, avaliou-se o uso de pneu diagonal e radial, na configuração rodado simples, com variação da velocidade de trabalho, nível de carga imposta ao trator e condição de solo (agregado e desagregado). Para as condições do experimento, pôde-se concluir que, o pneu radial teve menor resistência ao rolamento e patinamento, menor consumo de combustível, maior coeficiente dinâmico de tração e melhor desempenho, em relação ao pneu diagonal. Todos os trabalhos tiveram o apoio do Coordenador de Marketing Estratégico Tratores da AGCO do Brasil, Eder Dornelles Pinheiro e do Coordenador de Marketing de Produto da Itaimbé Máquinas, Maurício Machado da Rosa

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TRATORES

Produzindo sab

A produção de vinhos finos de alto padrão exige cuidados rigorosos desde a escolha da terra até o armazenamento final do produto. Neste contexto, avaliamos como a mecanização e os tratores estão inseridos neste cenário dentro da Vinícola Miolo, uma das mais conceituadas e premiadas do Brasil

C

omo temos feito no decorrer de 2019 e 2020, a Revista Cultivar Máquinas apresenta mais um teste de campo avaliando a inserção de uma máquina agrícola em um sistema de produção específico. E não é qualquer sistema, trata-se da viticultura de alto padrão, para produção de uvas para vinhos finos de uma das vinícolas mais conceituadas e premiadas do Brasil, a Vinícola Miolo. Para conhecer a aplicação dos tratores LS no sistema

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de produção de uva vinífera, a equipe deslocou-se para a região da Campanha gaúcha ou Pampa gaúcho, no Sudeste rio-grandense, especificamente para a cidade de Candiota, próxima a Bagé. A cidade é tradicionalmente conhecida por ser o berço da Batalha do Seival, em que estiveram envolvidos o exército farroupilha e o exército imperial, em 1836, decorrendo desta a proclamação da República Farroupilha. A região é referência regional na produção de ener-


Fotos Charles Echer

bor e qualidade gia à base do carvão e da produção de cimento. No entanto, as atividades agrícolas, entre elas a viticultura, passaram a ter importância, pela presença na região de diversas empresas e produção de uvas finas e de vinho. Especificamente a empresa visitada e na qual apreciamos o trabalho do trator LS R60 cabinado foi a Miolo Seival, tradicional produtora de vinhos finos, que encontram-se entre os melhores do país.

SISTEMA DE PRODUÇÃO

O sistema de produção de uvas na empresa e na região é o plantio em espaldeira. Neste sistema, diferente do sistema de latada, utilizado tradicionalmente na região da Serra gaúcha, o dossel de plantas se estabelece e se desenvolve verticalmente, sustentado e conduzido por meio de um alambrado formado por postes e fios de arame. As grandes vantagens do sistema são a qualidade da aeração, insolação e a possibilidade de mecanização de quase

todas as etapas do desenvolvimento. Na Vinícola Miolo Seival, o espaçamento tradicional utilizado é de 3m entre linhas e 1,2m entre plantas, com palanques de sustentação a cada seis metros. No entanto, nos últimos anos as novas áreas passaram a utilizar o espaçamento de 2,2m x 1,20m, possibilitando melhor aproveitamento da área, com o que se passou de 3.300 metros lineares de plantas para 4.700 metros lineares nas novas implantações. Os palanques têm 1,80m acima do solo e

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Fotos Charles Echer

Os mais de 200 hectares da região da Campanha são completamente mecanizados quatro arames com diferentes alturas para a condução das parreiras de acordo com a necessidade de cada variedade. Com a redução do espaço entre filas de plantas e a crescente mecanização, obriga-se o uso de tratores especiais, com reduzidas bitolas dos rodados. No momento em que estivemos realizando o teste, a empresa estava na época de mais intenso trabalho, o que se prolonga até a colheita. Os picos de trabalho se estabelecem em extremos, pois na dormência, quando há menos intensidade de trabalho, são consumidos apenas os trabalhos de quatro ou cinco tratores e não há necessidade de con-

tratar-se mão de obra suplementar. No entanto, na fase vegetativa, o ciclo consome o trabalho de 13 tratores, e além da mão de obra permanente necessita-se contratar pessoal da região, para auxiliar no intenso trabalho. As principais e mais frequentes operações mecanizadas para a produção são as roçadas, a aplicação de herbicidas e a de produtos de proteção às plantas. A roçada é feita na entre linha e depois complementada com a aplicação de herbicida na região da linha, com o que o solo fica coberto por material orgânico, mas bastante limpo. Como é de amplo conhecimento, na videira os fungicidas

Uma das principais atividades com o uso de tratores é a aplicação de defensivos que ocorre semanalmente

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são vitais para evitar a proliferação de fungos que reduzem a produção e depreciam os frutos. Os fungos são específicos para cada época e, no momento da nossa visita, a preocupação era a antracnose e na primavera/verão o problema é o míldio. Outra atividade importante é a poda, que é realizada no outono, iniciando em maio e o restante do inverno, com o objetivo de deixar de dois a três ramos por planta, consumindo até 15 pessoas só para esta etapa. A colheita se inicia na segunda semana de janeiro com as variedades mais precoces, principalmente destinadas aos vinhos espumantes. As variedades mais tardias são colhidas a partir de 15 de março, destinadas aos vinhos de guarda. A operação de colheita é feita de forma mecanizada desde 2014, quando foi adquiri-


da uma máquina importada da Europa. Atualmente, representa entre 60% e 85% de toda a produção, enquanto que a colheita manual representa entre 15% e 40%. Estas variações de porcentagem resultam da análise feita antes da safra e das exigências de vinificação, pois o resultado do tipo de colheita sobre o material é totalmente diferente. Na colheita manual, o produto vai da caixa para o reboque transportador, em grãos com os cachos, enquanto que na mecanizada, a máquina colhe diretamente os grãos. O reboque, também denominado gôndola, é um depósito de aço inoxidável sobre rodas que foi projetado pela própria empresa e leva o produto da área de produção até o pavilhão da fase industrial. A produção de uvas neste sistema exige equipamentos específicos, tradicionalmente comercializados por empresas especializadas, em geral do exterior. Mas também é comum ter a necessidade de se fazer adaptações sobre equipamentos comerciais nacionais. Um exemplo de equipamento adquirido do exterior é o pulverizador agrícola turbo-atomizador, marca Rocha, modelo Mittos RB Interfilar, fabricado em Portugal. É um pulverizador que faz aplicação direcionada, atingindo ao mesmo tempo quatro faces da espaldeira, com um depósito de produto de dois mil litros e uma turbina para transportar as gotas. Necessita de um trator de no mínimo 75cv de potência no motor para o transporte e acionamento. Uma das operações que mais demandam potência no sistema adotado é a despontadeira, que consiste em cortar o ápice dos galhos que sobressaem da espaldeira, a

O raio de giro é uma característica importante para agilizar as entradas e saídas das linhas

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A manutenção nos parreirais é feita constantemente, mesmo no período de dormência das videiras 2,10m. Esta operação é a que exige a maior potência de trator e também considerada a mais perigosa, necessitando proteção e cuidados especiais.

ATIVIDADES EM QUE O LS R60 ESTÁ ENVOLVIDO

O trator LS R60 foi adquirido pela Miolo no ano de 2016, após um período de três meses de demonstração. Tanto os técnicos da Miolo como da concessionária da LS na região consideram o sistema de aquisição da Vinícola bem complexo e criterioso. Não é muito fácil a aquisição, pois vários fatores são levados em conta.

A cabine pressurizada e climatizada é uma das características importantes nas aplicações

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Em geral, o sistema adotado pela vinícola é bastante exigente em potência, sendo a maioria das operações desenvolvida com equipamentos grandes, que exigem bastante potência de motor. Como há uma alternância entre operadores, nas diferentes máquinas e atividades, é importante que o trator tenha comandos simples e de fácil operação. Por isso, o LS R60 encontrou seu espaço entre as operações de baixa e média potência, para trabalhar com os implementos menores, como a aplicação com o pulverizador atomizador, que é um Arbus, da Jacto, adaptado, a adubação a lanço, o transporte de insumos, a roçada e a tração da gôndola. Vários implementos utilizados exigem potência acima dos 75cv a 80cv de motor, como o pulverizador agrícola turbo-atomizador, enquanto que outros demandam mais de 100cv, como os tanques grandes e a despontadeira. No teste que fizemos, o LS foi colocado no pulverizador atomizador de 400 litros e na roçadeira MEC-RUL RDMR 18E60. O pulverizador atomizador da Jacto, modelo Arbus, é muito eficiente e trabalha com facilidade, manobrando o equipamento entre as fileiras e aplicando os produtos eficazmente. Na roçadeira MEC-RUL, que tem 1,98m de largura total e 1,80m de largura útil, com aproximadamente 490kg de massa, o consumo de potência estava no limite, pois o fabricante estima um requerimento entre 60cv e 80cv de motor do trator. Mesmo assim, tanto os técnicos como o operador estão bastante satisfeitos com o trabalho do R60 nestas condições limites. Como a empresa faz controle operacional, o consumo de combustível é medido constantemente, tendo resultado em valores que vão de 3,5 litros por hora para aquelas operações leves, como as aplicações de produtos químicos com o pulverizador, até sete litros por hora para as operações pesadas, como a roçada. O ponto alto na avaliação da empresa é com respeito à ergonomia do trator, com elogios para a cabine e o conforto do posto do condutor e também para a estru-


Fotos Charles Echer

tura do trator e suas dimensões, que são adequadas para facilitar as manobras e a operação. Quanto ao nível de manutenção e conservação, a empresa avalia como positivo e ressalta que os operadores são orientados a tomar cuidados especiais, principalmente para evitar situações de utilização no limite da capacidade. O operador de máquinas Marcos Azambuja, que trabalha há 17 anos na empresa, já atuou com diversos tratores de diferentes marcas. Na sua

opinião, o trator é muito bom, ressaltando que, naquelas ocasiões em que é utilizado em condições mais exigentes, o motor não apanha. No mais, elogiou o conforto do trator e que tem o hábito de trabalhar com o rádio e o condicionador de ar ligados e que o ambiente da cabine é muito agradável. Os acessos de entrada e saída do trator, a seu ver, também são muito bem projetados. Elogiou o espaço interno da cabine e a distância entre eixos, pois sendo curto,

ele é muito bom para as manobras.

R60 PARA R65

O trator R60 cabinado que está trabalhando na Vinícola Miolo foi substituído na linha de produtos da LS em 2019, pelo modelo R65 cabinado. As diferenças entre o modelo R60 que chegou ao Brasil e iniciou a comercialização com este que está sendo oferecido pela marca atualmente são relacionadas substancialmente à motorização. O modelo anterior utilizava

Vinícola Miolo Seival A

Miolo Wine Group tem no total quase mil hectares de uva plantada para a produção de vinhos, sendo a unidade da Vinícola Almadén, em Santana do Livramento, a maior do Brasil, com aproximadamente 450 hectares. A unidade da Vinícola Miolo, no Vale dos Vinhedos, na Serra gaúcha, é principalmente uma unidade de enoturismo. A Vinícola Terranova, em Casanova, no Vale do São Francisco, na Bahia, possui aproximadamente 150 hectares e a unidade que visitamos a Miolo Seival, por volta de 200 hectares. Na região da Campanha do RS estão se desenvolvendo pelo menos cinco outras grandes vinícolas, reforçando uma nova aptidão, que pode ser decisiva economicamente para esta região do estado do Rio Grande do Sul. No dia do nosso teste, fomos recebidos pelo engenheiro agrônomo Alécio Demori, ex-aluno do curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria, que é o supervisor geral de Viticultura da unidade de Candiota e responsável por todo o processo de produção da uva processada na unidade e também a que segue para vinificação na unidade da Serra gaúcha. Também esteve conosco no roteiro que fizemos para acompanhar a atividade, o técnico Vitor Trindade, que é líder de campo e profissional importante na interface entre a equipe de gerência e o restante dos trabalhadores da empresa.

Verificamos a organização da atividade e todas as operações manuais e mecanizadas que compõem este processo tão criterioso e complexo que é a produção de uva para vinhos finos. Nos contaram que desde 2000 iniciaram-se as atividades no local e que a partir de 2007 a empresa começou a produzir vinho na unidade. O processo de mecanização é intenso, com equipamentos que atendem aos processos desde a fase vegetativa até a fase de colheita e transporte. Seguidamente a empresa analisa a possibilidade de aquisição de novas máquinas, as mais especializadas em geral do exterior. Eles consideram o processo de mecanização uma das bases para o controle das operações e muito importante para favorecer o processo de produção de vinhos de características especiais. Contaram-nos que a colheita mecanizada proporcionou que a operação seja feita à noite, com o que, pela fisiologia da variedade, se viabiliza a produção de um vinho especial. Atualmente com 45 funcionários, a maioria moradora da região de Seival e do município de Candiota, a Miolo produz as variedades de uva para vinho tinto: Alicante Bouschet, Aspirante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Pinot Noir, Pinotage, Tannat, Tempranillo Gourmet e Touriga Nacional. De uvas para vinhos brancos e espumantes são produzidas as variedades Alvarinho, Chardonnay, Pinot Gridio, Sauvignon Blanc e Viognier.

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Fotos Charles Echer

um motor LS, modelo S4QT de quatro cilindros e 2.505cm3, que proporcionava 57cv a 2.600rpm de potência e 170Nm de torque a 1.500rpm. O novo motor LS, modelo L4AL-T1 turbo, igualmente de quatro cilindros, 2.621cm 3 e 16 válvulas, proporciona potência de 65cv (Norma ISO) a 2.600rpm e 203Nm de torque a 1.600rpm, com tecnologia de controle de emissões que atende a norma Tier 3. A transmissão de potência continua a mesma, com até 32 marchas à frente usando creeper e o reversor Sinchro Shuttle, que possibilita a inversão do movimento para frente e para trás apenas com um movimento nesta alavanca e com o auxílio da embreagem. Para o controle da direção do trator, o fabricante equipou o trator com um sistema hidrostático, que proporciona bastante suavidade neste comando. O eixo dianteiro motriz tem acionamento mecânico e bloqueio do diferencial dianteiro automático do tipo autoblocante. A tomada de potência (TDP) é do tipo independente, oferecendo três velocidades angulares, 540, 750 e 1.000 rpm, que se pode trocar de forma eletro-hidráulica. O caráter inovador é que a velocidade de 750rpm, que não é comum aos modelos de outras marcas, pode servir como TDP econômica, naqueles casos em que é possível trabalhar com 540rpm e regime de rotação reduzida no motor do trator, economizando combustível quando se está trabalhando com pouca exigência de potência, como é o caso dos pulverizadores agrícolas, por exemplo. O sistema hidráulico foi melhorado e passou da categoria I para a II, com aumento da vazão de 31 para 62 litros por minuto e a pressão máxima continua em 167kPa. A capacidade de levantamento no sistema de três pontos pode chegar opcionalmente até 2.100kgf na rótula. O controle remoto é independente,

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com duas válvulas de controle remoto na versão standard e três como opcional, com vazão máxima de 31,2 litros/minuto. O conforto na operação é garantido pela cabine montada pelo próprio fabricante e que em uma avaliação visual mostra uma grande área envidraçada e um condicionador de ar bastante efetivo. Também são características positivas o projeto das entradas e saídas da cabine nos dois lados, as escadas de acesso bem dimensionadas e um arco de proteção contra o capotamento, inserido dentro da estrutura da cabine. Ainda que o fabricante ofereça outras opções de rodados, o modelo que testamos na Vinícola Miolo estava equipado com uma combinação das medidas de pneus 380/85R24 no eixo traseiro e 250/80-18 no eixo dianteiro. O R65, assim como outros modelos das séries R e U, tem sido muito bem aceito pelo mercado de pequenos produtores, de horticultura e fruticultura, por suas características de versatilidade. Em geral, estes produtores necessitam de tratores com boa especificação tecnológica, que sejam adequados a várias operações, mas devido à redução de espaço, ofereçam facilidade nas manobras e pelo uso diário intenso, ofereçam conforto e segurança. A distância entre eixos deste trator é de apenas 1.858mm. Ainda que o trator que testamos e verificamos o seu funcionamento e aplicação na viticultura não estivesse munido com os equipamentos de Tecnologia LS Tech, composto por um sistema de telemetria e outro de proteção do motor, é importante mencionar esses itens pelo seu crescente interesse e estão à disposição dos clienC tes da marca. José Fernando Schlosser Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas - UFSM

Para a realização da reportagem, tivemos apoio da concessionária LS Casa do Produtor e equipe da Vinícola Miolo

LS Tractor e Casa do Produtor A

LS Tractor é uma empresa de origem sul-coreana, originária do Grupo LG, que iniciou suas atividades em 1976. No ano 2005 ocorreu a fundação do Grupo LS e iniciou-se a produção dos tratores da série R, que testamos e relatamos nesta edição. A partir de 2008, ocorreu a fundação da LS Mtron, e em 2012 os tratores começam a chegar ao Brasil, primeiramente importados da Coreia do Sul e depois nacionalizados a partir da inauguração da fábrica no Brasil, em 2013, após apenas um ano de construção. Além da fábrica brasileira em Garuva, Santa Catarina, a LS Tractor possui mais duas unidades, a tradicional de Jeonju-si, na Coreia do Sul, e uma instalação na China. Em 2016, já como produto nacional, foi lançado o modelo R60 cabinado, adquirido pela Miolo Seival, e em 2019 o modelo R65 o substituiu nas versões cabinado e plataformado. Atualmente, a marca oferece um portfólio de tratores organizado em cinco séries de tratores, Série Plus, Série U, Série R, Série G, Série H e o trator MT1.25. A Casa do Produtor é o concessionário LS Tractor para a extensa região do RS, que vai desde Pinheiro Machado até Uruguaiana, com loja matriz em Dom Pedrito. Em atividade desde 1990, a loja é comandada pelo sócio Cleo Falcão, que nos explicava que o trator LS é muito bem aceito pelos produtores da região, mas as atividades relacionadas à lavoura arrozeira exigem tratores de alta potência, acima de 180cv. Esteve conosco durante o teste o Rodrigo Falcão, que é vendedor externo.

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Victor C. R. Araújo

PULVERIZAÇÃO

Velho desafio

Ao mesmo tempo em que a agricultura se torna mais moderna e tecnológica, cuidados essenciais e básicos relacionados a taxa de aplicação, limpeza, descontaminação e manutenção de pulverizadores são deixados de lado, causando ineficiência na operação, prejuízos ao produtor e danos ao meio ambiente

O

Matopiba é a região de maior crescimento agrícola do Brasil, com 73 milhões de hectares distribuídos nos estados do Maranhão (MA), Tocantins (TO), Piauí (PI) e Bahia (BA). A região é considerada a última fronteira agrícola brasileira por apresentar grandes áreas com potencial de exploração agropecuária e que atualmente são extensas pastagens degradadas. Até 2022, o Brasil terá 70 milhões de hectares de lavouras, das quais dez milhões serão nessa região, o que representará 16,4% da área plantada (Mapa, 2020). No entanto, a crescente expansão de áreas agrícolas no Brasil tradicionalmente não tem sido acompanhada pelo correto dimensionamento do maquinário agrícola, gerando condições operacionais inadequadas e por consequência prejuízos no processo produtivo. Um exemplo disso é a redução da taxa de aplicação, cujo principal objetivo é pulverizar maior quantidade de área em menor intervalo tempo para que se consiga cobrir toda a área a ser tratada. Essa redução torna a calda mais concentrada

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Figura 1 - Taxa de aplicação dos pulverizadores avaliados no Matopiba de 2016 a 2018

Figura 2 - Frequências de faixas das taxas de aplicação (L/ha) adotadas no Matopiba de 2016 a 2018. Fonte: Projeto IPP (FCA/Unesp - Botucatu/SP) - AgroEfetiva (Botucatu, SP)

e, por isso, mais propensa a gerar resíduos e complicações em todo o sistema de pulverização, como entupimento de pontas de pulverização ou resíduos nos filtros e válvulas antigotejo. De acordo com informações compiladas pela AgroEfetiva, com base no banco de dados próprio e também do projeto IPP (Inspeção Periódica de Pulverizadores), da FCA/Unesp, Botucatu (SP), foi possível avaliar a taxa de aplicação e o percentual de inconformidade de pontas de pulverização, filtros e válvulas antigoteo que compõem os pulverizadores utilizados no Matopiba. Neste contexto, entende-se inconformidade como a ausência de conformidade, ou seja, a ocorrência de problemas que levam ao componente ser considerado inadequado ou com problemas. Foram vistoriadas 35 máquinas durante o triênio de 2016 a 2018 nos estados daquela região. As pontas de pulverização foram consideradas inadequadas para uso quando estavam entupidas ou desgastadas. Já os filtros de linha e sucção foram aqueles com resíduos de defensivos encrustados na malha ou que apresentavam fissuras, e as válvulas antigotejo aquelas que estavam com vazamento. Com base nessas informações, foram feitas correlações de taxa de aplicação com a inconformidade dos componentes mencionados.

A taxa de aplicação média aplicada no Matopiba foi de 74L/ ha, com valores mínimos e máximos de 37L/ha e 123L/ha, respectivamente. A maior média foi verificada para o Tocantins (94,5L/ha), seguido por Bahia (76,3L/ha), Piauí (70,4L/ha) e Maranhão (63,7L/ha), conforme ilustrado na Figura 1. É importante destacar que as novas bulas dos defensivos agrícolas já trazem informações que levam em consideração as boas práticas agrícolas, como taxa de aplicação e espectro de gotas, para evitar principalmente o risco de deriva. O percentual de adoção de uma taxa de aplicação seguiu distribuição normal, sendo a faixa compreendida de 60 a 70 litros por hectare a mais usual, com frequência de 28,57% de todas as propriedades visitadas (Figura 2). E inconformidades nas pontas de pulverização, filtros e válvulas antigotejo estiveram presentes, respectivamente, em 69%, 40% e 37% do total de pulverizadores avaliados. Foi verificada correlação forte e negativa entre volume de calda e inconformidade com pontas de pulverização (r=-0,75), filtros (r=-0,73) e válvulas antigotejo (r=-0,71), conforme Tabela 1 e Figura 3. Esse resultado inédito reforça, sobretudo, o efeito negativo do uso de caldas mais concentradas (menores taxas de aplicação) no entupimento ou desgaste de pontas de

Figura 3 - Correlações lineares entre o volume de calda e os percentuais de inconformidade relativos aos componentes de pulverização (pontas de pulverização, filtros e válvulas antigotejo) avaliados nos pulverizadores do Matopiba de 2016 a 2018. Fonte: Projeto IPP (FCA/ Unesp - Botucatu/SP) - AgroEfetiva (Botucatu, SP)

A limpeza do sistema de pulverização é essencial para garantir uma aplicação eficiente

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Fotos Victor C. R. Araújo

Pesquisadores inspecionaram 35 máquinas

Os filtros foram o principal problema encontrado na inspeção

pulverização. Além disso, ilustra a retenção excessiva dos defensivos agrícolas nos filtros do sistema de pulverização (já que esse foi o principal problema observado). E os efeitos indiretos dessa prática podem estar relacionados ao mau funcionamento das válvulas antigotejo, por causar acúmulo de resíduos nos componentes internos. No entanto, outros fatores ligados à própria manutenção das máquinas podem ocasionar prejuízos a esses componentes de pulverização. A presença de resíduos nos componentes de pulverização da máquina pode trazer danos graves às culturas, sobretudo quando se trata de herbicidas em ambientes agrícolas de alta complexidade, como é o Matopiba. Esses problemas tenderão a ser cada vez

mais frequentes nos próximos anos, em que o uso de mimetizadores de auxinas será substancialmente aumentado devido aos novos eventos de transgenia que conferem resistência aos ingredientes ativos dicamba e 2,4-D em diferentes culturas, como soja e algodão. Dessa forma, estratégias eficientes de limpeza do sistema de pulverização são essenciais para a completa remoção dos resíduos. A AgroEfetiva tem desenvolvido diversas pesquisas sobre esse importante aspecto da tecnologia de aplicação, além de pesquisas sobre deriva, volatilidade, espectro de gotas e caldas de pulverização. Por exemplo, uma máquina nunca deve ser guardada sem a limpeza adequada do sistema pulverização. O livro Entendendo a Tecnologia de Aplicação: Caldas Fitossanitárias e Descontaminação de Pulverizadores (Editora: Fepaf), traz uma discussão mais aprofundada sobre esse tema. Portanto, a redução da taxa de apli-

cação, e consequentemente o aumento da concentração da calda de pulverização, torna a operação de aplicação dos defensivos agrícolas mais complexa, com maiores riscos de danos e geração de resíduos nos componentes de pulverização e ainda pode estar fora das recomendações de bulas e de boas práticas agrícolas. Portanto, é essencial realizar a inspeção periódica dos pulverizadores e efetuar a limpeza com estratégias eficientes de remoção de resíduos, a fim de garantir a segurança operacional, ambiental e a eficiência nas aplicações. O uso de taxas de aplicação adequadas irá desempenhar um papel importante nes.M se processo. Vitor C. R. Araújo, FCA/Unesp Fernando Kassis Carvalho Rodolfo G. Chechetto Alisson A. B. Mota, AgroEfetiva Ulisses R. Antuniassi, FCA/Unesp

Tabela 1 - Coeficientes de correlação do volume de calda com inconformidades encontradas nos componentes de pulverização (pontas de pulverização, filtros e válvulas antigotejo avaliados nos pulverizadores do Matopiba de 2016 a 2018. Valores negativos entre 0,7 e 0,9 indicam forte correlação inversa entre os fatores

Volume de calda Detalhes da calda espessa

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Coeficiente de correlação (r) Inconformidades Pontas de pulverização Filtros -0.75 -0.73

Fonte: Projeto IPP (FCA/UNESP - Botucatu/SP) - AgroEfetiva (Botucatu, SP).

Antigotejo -0.71


LUBRIFICANTES Divulgação

Cuidados básicos Responsáveis por proteger motores de aquecimentos e desgastes, os óleos lubrificantes merecem atenção na hora da escolha e da troca

O

s lubrificantes são indispensáveis para um bom funcionamento de um motor de combustão interna e merecem atenção diária dos operadores de máquinas agrícolas. Lubrificantes em forma de óleo são classificados de acordo com

sua viscosidade (SAE) e qualidade (API). Ao iniciar a jornada de trabalho, deve-se verificar o nível de óleo do motor e completar, caso esteja abaixo do nível indicado pelo fabricante e observado na vareta de óleo, Figura 1. Esta manutenção deve ser realizada com o trator

desligado, o motor frio e em local nivelado. Qualquer barulho estranho, fumaça excessiva no cano de descarga ou cheiro incomum, é necessária maior atenção.

QUANDO TROCAR

Mas quando é o momento ideal de realizar a troca total do óleo lubrificante? Alguns especialistas orientam a substituição do óleo lubrificante a cada três meses. Para tratores que operam diariamente, o recomendado é que a troca seja feita a cada 200 horas de serviço. Durante o processo, é fundamental observar as informações no manual da máquina e as especificações do óleo lubrificante utilizado. É recomendado que, ao trocar o lubrificante, o produtor substitua também o filtro de óleo e realize manutenção do filtro de ar do motor. Observe o manual de sua máquina para atender aos prazos estipulados e não atrase estas ma-

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Divulgação

nutenções. Um bom funcionamento do trator será fruto de uma boa manutenção. Os lubrificantes podem ser produzidos com base em substâncias de origem mineral ou sintéticos, geralmente os de origem mineral são de custo de produção reduzido, portanto mais comuns. Os óleos de origem sintética são produzidos em laboratórios. A principal função dos óleos lubrificantes é reduzir o contato entre as peças metálicas do motor, diminuindo o atrito, o que reduzirá significativamente o desgaste das peças. Os lubrificantes também servem para diminuir o ruído do motor, uma vez que as peças se movimentam de forma mais fácil, e controlar a temperatura do motor, uma vez as peças metálicas funcionando com atrito, geram calor. Além disso, o óleo tem a função de limpeza dos componentes, protegendo contra corrosão e formação de agentes ácidos no interior do motor. Ou seja, óleo lubrificante em bom estado de utilização promoverá maior eficiência do motor, menor consumo de combustível, menor gasto com manutenção, o que visa menor custo operacional para o produtor rural. A principal característica de um óleo lubrificante é a viscosidade, que é uma propriedade física que garante ao fluido a resistência ao escoamento. Esta viscosidade pode sofrer uma alteração de cerca de 10% quando comparado a um produto novo. Com o uso do óleo lubrificante, o que se observa é a diminuição da viscosidade, o popular “o óleo está afinando”. Esse fenômeno ocorre pelo encontro do óleo com o combustível que acaba vazando de dentro do pistão com o desgaste dos anéis de segmento. Um motor mais usado irá sofrer uma contaminação maior. Ao diminuir a viscosidade, um óleo lubrificante perde sua maior função e expõe o contato entre as peças metálicas do motor. Em alguns motores é possível observar uma maior viscosidade do óleo, se tornando mais grosso, esse fenômeno ocorre por acúmulo de sujeira no lubrificante, proveniente da queima do combustível, sujeira no ar que entra no motor, pequenas partículas de metal e umidade. Um óleo com alta viscosidade irá dificultar o funcionamento do motor, pois terá menor espalhamento entre as peças, elevando o consu-

É importante consultar o manual da máquina para saber a especificação correta do óleo a ser usado

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mo de combustível e a temperatura.

COMO ESCOLHER

Ao escolher um óleo lubrificante provavelmente você já observou as seguintes classificações: por exemplo SAE 5W30. Mas afinal, o que significa esta informação? A sigla SAE vem da organização americana Sociedade dos Engenheiros Automotivos (Society of Automotive Engineers), órgão que criou o parâmetro que padroniza e classifica a viscosidade dos lubrificantes. Os números 5W-30 são uma referência à viscosidade deste produto. Podemos identificar que é um óleo de multiviscosidade, pois no inverno apresenta o grau de viscosidade 5 e no verão, 30. A letra W vem da palavra winter, inverno em inglês. Quando o motor está em temperaturas mais amenas, o óleo apresenta uma viscosidade mais “grossa” e, à medida que a temperatura ambiente ou do motor aumenta, o óleo vai se ajustando à necessidade, passando a operar com viscosidade 30. Se os números apresentados na embalagem do produto forem maiores, significa que o óleo é mais viscoso, popularmente, mais grosso. Este avanço tecnológico foi excelente para aumentar a vida útil do motor de combustão interna, desta forma o lubrificante se ajusta à necessidade do motor, adequando-se a viscosidade pela temperatura do motor. A informação de qual óleo escolher para a sua máquina também deve seguir as recomendações dos fabricantes que estão descritas no manual do trator. Não utilize lubrificantes de viscosidades diferentes em seu equipamento, isto cer-


Agrale

na fabricação do produto. Estas substâncias químicas, chamadas de aditivos, podem ser adicionadas aos óleos com finalidades específicas, buscando aumentar características desejáveis e minimizar características indesejáveis. Existem diferentes tipos de aditivos no mercado, como é possível ver no quadro abaixo. Sempre observe a recomendação do manual do trator para escolher qual lubrificante atende à necessidade da sua máquina e não deixe de realizar as manutenções referidas neste artigo, são rápidas, fáceis e de certo modo baratas em vista do prejuízo que pode vir a ocorrer .M ao não trocar o lubrificante. Flávio Coutinho Longui, UFBA Daniel Mariano Leite, UNIVASF Marconi Ribeiro Furtado Júnior, UFV

tamente irá diminuir a vida útil e trará prejuízo. Outra classificação que observamos na embalagem dos óleos lubrificantes se refere ao local de utilização e à qualidade do produto, esta foi elaborada pelo Instituto Americano de Petróleo (API), sendo divididos em três categorias e representados por letras. Os motores a combustão interna que utilizam velas para a explosão do combustível (motores do ciclo OTTO) devem ser lubrificados pelos óleos API “S”. Já para motores a diesel (motores do ciclo Diesel), é utilizada a sigla os API “C”. Finalmente os óleos lubrificantes para engrenagens são os API GL, onde “GL” indica lubrificantes de engrenagens na língua inglesa. A letra que acompanha a classificação de local de utilização se refere à qualidade do produto, geralmente vinculada à quantidade de aditivos presentes no óleo lubrificante. Ou seja, um óleo CB é de melhor qualidade que um CA e ambos são utilizados em um motor de combustão do ciclo Diesel. Esta melhora se refere à quantidade e à qualidade das substâncias utilizadas

Principais aditivos para motores Detergentes dispersantes: substâncias que minimizam a formação de resíduos de carbono, produzidos na combustão. Antioxidantes: aditivos que evitam a oxidação. Anticorrosivos: protegem as partes metálicas da corrosão, podendo proteger o metal da umidade e/ou proteger o metal de outras substâncias corrosivas. Antiespumantes: impedem a formação de espuma, que limitam a capacidade de lubrificação. Extrema pressão: substâncias que impedem que a película formada entre partes em contato se desfaça. Melhoradores do índice de viscosidade: substâncias que atuam em função da variação de temperatura, com a finalidade de diminuir os efeitos da temperatura na viscosidade dos óleos. Abaixadores do ponto de fluidez: têm a finalidade de evitar a acumulação de cristais de parafina, que obstruem a circulação do óleo. Anticongelante: compostos que evitam o congelamento dos lubrificantes em baixas temperaturas.

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DISTRIBUIDORES Fotos Jacto

Nutrientes a lanço

O desafio das tecnologias de aplicação a lanço de fertilizantes e corretivos do solo é garantir alto rendimento operacional, atingindo faixas grandes e reduzindo o amassamento da cultura, e ao mesmo tempo obter qualidade e precisão na distribuição

O

processo de produção na agricultura se constitui de diversas fases, desde a construção e manutenção da área onde receberá a cultura, passando pela seleção das fontes de nutrientes, do desenvolvimento da estrutura do perfil de solo, até a seleção das va-

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riedades a serem plantadas, com o objetivo de se obter a máxima produtividade. Neste contexto, a utilização de fertilizantes é indispensável para proporcionar a quantidade suficiente de nutrientes para todo o ciclo da cultura, tanto em aplicações no processo de plantio, como

também ao longo do desenvolvimento da mesma, com aplicações de cobertura, exigindo tecnologias que permitam maior rendimento operacional e ótima uniformidade por toda a faixa de aplicação. O manejo correto dos fertilizantes leva ao aumento de eficiência e produtividade de uma área tratada, se empregados ao mesmo tempo os quatro Cs das boas práticas para o uso eficiente de fertilizantes: a fonte certa, na dose certa, na época certa e no local certo (Reetz, 2017). A fonte certa refere-se à combinação dos fertilizantes de acordo com a necessidade da cultura e a condição do solo em que será cultivada, segundo as recomendações agronômicas obtidas com o auxílio de análises e mapeamento desse solo. A dose certa corresponde à aplicação da quantidade necessária do fertilizante para a cultura se estabelecer e proporcionar a produtividade esperada. Doses menores que as necessárias prejudicarão o crescimento da mesma, e ao mesmo tempo, doses excessivas resultarão em desperdícios e danos econô-


micos e ambientais. Época certa corresponde à definição de quando realizar as aplicações, considerando que a demanda por macro e micronutrientes é diferente de acordo com cada estádio fenológico da cultura. E o local certo é disponibilizar os nutrientes de forma uniforme em toda a área aplicada, levando em consideração a mobilidade dos nutrientes no solo para as culturas absorvê-los de forma eficiente. De forma resumida, as boas práticas no manejo de fertilizantes devem ser adotadas para garantir que os nutrientes reajam com o solo e as plantas, de forma a permitir maior absorção radicular e reduzir as perdas. A utilização de fertilizantes inorgânicos sólidos é muito comum no campo, e a aplicação dos mesmos em superfície é realizada na maioria das áreas de produção. Os fertilizantes à base de nitrogênio, fósforo e potássio (N, P e K) são macronutrientes, e exigem maiores doses de aplicação, podendo ter a adição de algumas fontes de micronutrientes em diversas formulações. Devido a alguns fatores como a facilidade de operação e o maior rendimento operacional, que são alvos dos produtores rurais em geral, uma das formas mais comuns de se realizar a aplicação de fertilizantes e corretivos é a adubação a lanço. Um outro fator importante é a colaboração dessa técnica para atender aos objetivos do sistema de plantio direto, que é manter a camada de palha na superfície do solo e ajudar a preservar a água e os nutrientes. A tecnologia de aplicação dos fertilizantes adotada é um dos fatores que influenciam de forma direta a garantia da dose e do local adequados na deposição dessas fontes de nutrientes. Os equipamentos de distribuição centrífugos de fertilizantes e corretivos são muito utilizados pela sua capacidade operacional e possibilidades de regulagens de doses e faixas de aplicação (Baio et al., 2012; Laghari et al., 2014). Os sistemas de distribuição centrífugos utilizam discos rotativos horizontais constituídos por aletas ou pás, que através da força centrífuga lançam os fertilizantes ao solo a distâncias variadas, dependendo

Verificação da qualidade de distribuição normalizado segundo Asabe (2009)

da característica dos mesmos, como granulometria, formato dos grãos e densidade. As soluções adotadas nos equipamentos distribuidores têm impacto significativo na qualidade da distribuição desses insumos, como o cuidado na deposição dos fertilizantes sobre os discos, além da geometria de pás e discos. Outro fator fundamental para a qualidade da aplicação é a qualidade física do fertilizante, que pode ser verificado pelo padrão granulométrico e pela capacidade do mesmo em manter o formato do grão (ausência de pó). Na aplicação de formulados com diferentes grãos, por exemplo, os grãos mais leves com menor densidade e tamanho serão lançados a distâncias menores, e os grãos mais pesados serão lançados a distâncias maiores, determinando diferentes faixas de aplicação e causando a segregação dos

Calibração do distribuidor para aplicação de fertilizantes granulados

mesmos na área aplicada. Isso pode gerar problemas de produtividade da cultura, pois impacta no manejo dos fertilizantes no solo (Ortiz-Cañavate, 2003; Miserque et al., 2008). Para que o processo de aplicação seja realizado com qualidade e eficiência é necessário também realizar a calibração do

L 12m 15m 16m 18m 20m 21m 24m 27m 28m 30m 32m 36m 40m

1 1,50m 1,50m 1,50m 1,60m 1,70m 1,80m 2,00m 2,20m 2,50m 2,65m 2,80m 3,10m 3,50m

2 3,00m 3,70m 4,00m 4,50m 5,00m 5,20m 6,00m 6,70m 7,00m 7,50m 8,00m 9,00m 10,00m

3 4,50m 5,60m 6,00m 6,70m 7,50m 7,80m 9,00m 10,10m 10,50m 11,25m 12,00m 13,50m 15,00m

4 6,00m 7,50m 8,00m 9,00m 10,00m 10,50m 12,00m 13,50m 14,00m 15,00m 16,00m 18,00m 20,00m

42m 44m 48m 50m

3,70m 4,00m 4,50m 5,00m

10,50m 11,00m 12,00m 12,50m

15,70m 16,50m 18,00m 18,50m

21,00m 22,00m 24,00m 25,00m

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Grafico 1 - Valores de CV (%) - Aplicação de SFS com 250kg/ha e faixa desejada de 36m

Grafico 2 - Valores de CV (%) - Aplicação de KCI com 150kg/ha e faixa desejada de 36m

Figura 1 - Condição do café colhido

equipamento de acordo com o fertilizante utilizado, a dose necessária e a faixa de aplicação desejada. Essa operação de calibração da faixa de aplicação é considerada difícil e que demanda muito tempo do operador do equipamento, e isso contribui para a má calibração dos distribuidores, e muitas vezes não são realizadas em campo. Assim como em todas as operações agrícolas, há grande demanda por soluções mais ágeis e que tragam facilidade e segurança na calibração do distribuidor. Para efetuar a análise criteriosa da performance da distribuição de fertilizantes a lanço, se torna necessária uma avaliação normalizada que utiliza a coleta em bandejas alinhadas transversalmente ao caminhamento do equipamento, ao longo de toda a faixa de aplicação desejada. Os valores obtidos da coleta e pesagem do fertilizante depositado nas bandejas são utilizados para o cálculo do coeficiente de variação transversal (CV). Devido às diferentes soluções de sistemas de aplicação a lanço disponíveis no mercado, é possível encontrar equipamentos que não conseguem garantir a uniformidade de toda a faixa de aplicação, e também deixar falhas ou não atingir a faixa desejada. Problemas decorrentes da má aplicação de fertilizantes, com valores de CV acima de 20%, não garantindo no solo a faixa de aplicação configurada no equipamento, podem trazer sérios prejuízos econômicos. Alguns estudos mostram que um CV aproximado de 40% pode trazer reduções de até 20% de produtividade na colheita (Mersmann et al., 2013; e Yule & Grafton, 2013). Várias soluções de equipamentos e sistemas de distribuição são ofertadas no mercado agrícola e algumas delas propõem-se a garantir a qualidade da dosagem e da distribuição dos fertilizantes com facilidade e segurança na calibração das faixas de aplicação. Com o objetivo de avaliar a qualidade de distribuição com algumas formulações comumente aplicadas no campo entre fertilizantes e corretivos, a Fundação Mato Grosso realizou ensaios com diferentes faixas de aplicação e dosagens, dos sistemas de aplicação das adubadoras Uniport 5030 NPK e Tellus 10.000 NPK, da empresa Máquinas Agrícolas Jacto S.A.

AVALIAÇÕES DE CAMPO

As avaliações dos fertilizantes monofosfato de amônio (MAP), superfosfato simples (SFS) e cloreto de potássio (KCl), e do corretivo calcário, foram realizadas no município de Rondonópolis

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(MT). Para cada fertilizante/corretivo, foram testadas diferentes larguras de faixa de aplicação e doses do produto. Para o procedimento de regulagem da faixa desejada nesse equipamento, foram utilizadas as configurações de ponto de queda no disco obtidas pelo sistema SmartSet, da Jacto, para cada fertilizante e cada largura de faixa de aplicação. Após a obtenção destas informações, foi realizado o método de verificação rápida da qualidade de distribuição proposto pela Jacto para seus distribuidores. O método consiste em após regular o ponto de queda no disco, realizar uma aplicação com sobreposição (ida e volta) e coletar uma amostra do conteúdo aplicado com apenas quatro bandejas alocadas ao longo de metade da largura de faixa desejada. O conteúdo das bandejas é coletado em provetas para verificar a uniformidade entre elas. Caso haja diferença de volumes entre as provetas, é possível fazer um ajuste fino no ponto de queda no disco informando os valores indicados nas provetas no display do equipamento. Após isso, foi realizada a verificação normalizada da qualidade de distribuição da aplicação com três repetições para cada ajuste entre produto, largura e dose. Cada repetição consistiu em três passadas no mesmo sentido para acumular produto nas bandejas coletoras e aumentar as diferenças no momento da pesagem. Os pesquisadores procuraram realizar as aplicações com vento inferior a 8km/h. A velocidade de aplicação dos produtos foi de 18km/h. Antes de realizar as aplicações dos produtos, as calibrações de vazão foram realizadas para atingir as doses almejadas. Foram alocadas 147 bandejas de dimensões 0,5m x 0,5m x 0,07m, com uma estrutura interna de padrão regular de 0,05m x 0,05m para evitar ricocheteio dos produtos. Foram retiradas quatro bandejas nos rastros da máquina, duas de cada lado. Após cada aplicação, o conteúdo de todas as bandejas era coletado e tinha sua massa mensurada, para posterior análise dos dados. O cálculo dos coeficientes de variação (CVs) foi realizado através do software Adulanço, que mensura o CV de aplicação em função do modo de trabalho (alternado ou contínuo) para diversas larguras e fornece os valores em porcentagem. Os valores de CVs considerados foram aqueles calculados para a largura de trabalho desejada no protocolo do trabalho. Após o cálculo dos CVs, os dados foram submetidos à análise de variância ao teste F e no caso de efeito significativo, foi realizado o teste de Tukey para comparação de médias


a 10% de probabilidade.

RESULTADOS DAS APLICAÇÕES

Os resultados são apresentados para cada fertilizante/corretivo, considerando os valores de referência de CVs como: ideal <10%, aceitável 10-20%, ruim 20-30% e péssimo >30%. Para o fertilizante SFS, foram testadas larguras de faixas de 28m, 32m e 36m nas doses de 250kg/ha e 500kg/ha. Os valores de CV para SFS foram os melhores entre todos os produtos. Na média, o CV está na faixa do aceitável para as fontes de variações aplicadas. Somado a isto, foram encontrados valores surpreendentemente baixos na largura de 28m e dose de 250kg/ha, além de permitir aplicações em níveis aceitáveis acima de 36m. Estes resultados demonstram o potencial do sistema de distribuição em prover o máximo de uniformidade possível, em vista que os padrões brasileiros beiram CVs de 30% ou mais para esse fertilizante. Para o fertilizante MAP, foram testadas larguras de faixas de 28m, 32m e 36m para a dose de 250kg/ha, e 28m e 32m para a dose de 150kg/ha. Os valores de CVs para MAP foram influenciados pela dose de aplicação, contudo ainda dentro das faixas aceitáveis para boas distribuições, similar ao SFS. Estes resultados são expressivos em comparação aos padrões brasileiros, pois é possível encontrar valores de CV mais próximos a 20% para MAP, mesmo após vários ajustes de regulagens. Para o corretivo de calcário foram uti-

lizadas a largura de 12m e doses de 1.500kg/ha e 2.500kg/ha. A alteração na dose aplicada mudou a uniformidade de aplicação. Além da maior quantidade de produto a ser aplicado, o vento pode ter influenciado na qualidade da distribuição. O aumento da dose aumentou o CV, contudo os valores ficaram dentro da faixa aceitável, principalmente considerando que o calcário estava seco, e também a influência do vento. Para o fertilizante KCl foram testadas larguras de faixas de 28m, 32m, 36m e 42m e doses de 150kg/ha e 250kg/ha. Mesmo em condições adversas do produto utilizado nos testes, com presença de pó e grãos pequenos, foram atingidos valores de CV dentro dos aceitáveis para as larguras de 32m e 36m. Na aplicação de 28m, foram necessários alguns ajustes no ponto de queda no disco e/ou troca de conjunto de pás para melhorar a qualidade (o equipamento possui conjunto de pás ideal para faixas menores). A uniformidade na largura de aplicação de 42m foi prejudicada pela qualidade inferior do produto, e atingiu CVs fora da faixa aceitável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De maneira geral, para os fertilizantes, doses e faixas de aplicação testadas, a adubadora Uniport 5030 NPK apresentou ótimo desempenho em relação à facilidade de calibração e à qualidade de aplicação dos fertilizantes e corretivos a lanço, atingindo grandes faixas operacionais com qualidade superior em relação à mé-

dia dos padrões brasileiros. Para trabalhos com a máquina em melhores uniformidades de aplicação, deve-se buscar fertilizantes com boas qualidades físicas. Contudo, o sistema de distribuição se mostrou eficiente ao atingir grandes larguras de aplicação (compatível com as larguras de barras dos pulverizadores) com qualidade aceitável, mesmo com diferentes granulometrias dos fertilizantes testados. O sistema de ajuste de faixa de aplicação proposto pela tecnologia de distribuição da Jacto é sensível a alterações no ponto de queda, situação essa que está ligada à precisão do mesmo, permitindo CVs dentro de um nível ideal quando bem ajustado. Nos testes realizados, notaram-se aplicações com uniformidades aceitáveis, com destaque especial para a aplicação de SFS, com resultados de uniformidade excelentes. Na aplicação de calcário, apresentou influência pelo vento e as uniformidades de aplicação foram aceitáveis. Conforme demonstrado nos testes, os equipamentos necessitam de ajustes para demonstrarem sua melhor qualidade operacional. O tempo necessário para a realização de um “ajuste fino” da regulagem de faixa com três repetições foi inferior a 15 minutos e gastando menos de 500kg de insumos para alcançar o ajuste adequado, ou seja, redução de desperdícios de fertilizan.M tes e economia para o agricultor. Gustavo Barbosa Micheli Daniel Petreli da Silva, Máquinas Agrícolas Jacto S.A. Marcus Vinícius Corradi Leal, Fundação Mato Grosso

Granulometria do KCl testado. Qualidade ruim com presença de pó

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TECNOLOGIA

Opcional necessár

A

agricultura de precisão é um método de administração, com objetivo de otimizar custos, melhorar as práticas de manejo e aumentar a produtividade das lavouras, baseado nas diferentes condições do solo e das culturas. A elevação dos níveis de produtividade das culturas exige cada vez mais o aumento da precisão nas operações de semeadura, tratos culturais e na colheita, fator que vem sendo favorecido pelo uso de tecnologias de direcionamento, que auxiliam o operador a reduzir erros durante as operações. No Brasil, várias técnicas são empregadas para controlar o tráfego de máquinas nas lavouras. Sistemas visuais como barras instaladas na dianteira do trator com cordas simulam a largura do implemento ou sistemas de bandeiras auxiliam o agricultor na condução da máquina. Os primeiros sistemas que utilizam tecnologia embarcada surgiram como a barra de luz, um mecanismo simples, onde o operador marca uma trajetória e o sistema, através de indicadores visuais luminosos, informa ao operador a rota. Em comum nessas técnicas é que o controle do tráfego é manual, ou seja, a qualidade do trabalho depende diretamente da atenção, concentração e experiência do operador. Com a modernização e o aumento da frota agrícola, principal-

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mente propriedades com grandes extensões de área, técnicas manuais tornam-se obsoletas e pouco práticas, dando espaço para sistemas mais modernos como o piloto automático. O uso do direcionamento automático baseado em sistemas de posicionamento por satélite pode vir embarcado em máquinas agrícolas como tratores, colheitadeiras, distribuidores e pulverizadores autopropelidos e permite que a máquina seja guiada automaticamente com precisão e acurácia, com linhas de tráfego com perfeito paralelismo, ou seja, sem falhas ou sobreposição na lavoura. Existem dois tipos de sistemas de piloto automático que são utilizados atualmente na agricultura, que diferem basicamente na forma de atuação. São o piloto hidráulico e o piloto elétrico. O piloto elétrico consiste em motores elétricos que atuam sobre o volante, permitindo o direcionamento automático da máquina de acordo com a necessidade de alteração do deslocamento. O sistema é composto basicamente por uma antena receptora, monitor, módulo de navegação e motor elétrico. Já o piloto hidráulico atua diretamente no sistema hidráulico da máquina. Essa integração pode ser através de uma válvula hidráulica acoplada ao sistema de direção ou através de interface que se comunica diretamente à máquina. O piloto hidráulico é composto por um mo-


Fotos Gustavo dos Santos

rio

Com uma agricultura cada vez mais avançada, o piloto automático não pode ser mais considerado apenas uma tecnologia para facilitar o trabalho do operador, mas uma ferramenta indispensável para quem busca diminuir custos e aumentar a eficiência dos maquinários

nitor, módulo de navegação e sensores de ângulo e posicionamento, válvula hidráulica de acionamento do sistema de direção. Para que ocorra essa correção no posicionamento das máquinas, tem-se disponível diferentes níveis de precisão dos receptores e modos de correção do sinal.

SINAL SUBMÉTRICO

Sinal submétrico é um sinal aberto que é corrigido por algoritmos internos de correção que provém uma precisão superior a um metro entre passadas, podendo ser utilizado em operações agrícolas que têm sobreposição de passadas, como preparo de solo, pulverização e distribuição de insumos a lanço. Independentemente do fabricante, os algoritmos internos de correção têm comportamento semelhante em todos os receptores, ou seja, mantêm a precisão passada a passada, perdendo gradativa-

mente essa precisão à medida que transcorre o tempo. Os algoritmos internos não têm custo para o seu uso e são disponibilizados junto com a aquisição do sistema. Alguns fabricantes disponibilizam um sinal submétrico diferencial que utiliza correção via satélite e garante precisão inferior a um metro entre passadas em operações como preparo de solo, pulverização e distribuição de insumos a lanço. Esse sistema de correção em alguns casos tem um custo anual para sua liberação.

SINAL DECIMÉTRICO

O sinal decimétrico, conhecido comumente como sinal pago, garante uma precisão em torno de 10cm entre passadas, suprindo a demanda em precisão para operações agrícolas, tais como preparo de solo, pulverização e plantio. Para utilizar essa correção existe um custo anual

Piloto automático é uma peça fundamental na modernização da produção

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Fotos Gustavo dos Santos

Piloto instalado no sistema de direção hidráulica

Antena de sinal RTK

com a assinatura do sinal.

SINAL CENTIMÉTRICO

Também conhecido como sinal RTK ou correção em tempo real, é o tipo de correção com a maior precisão do mercado, em torno de 2,5cm entre passadas, e o único que realmente garante repetibilidade, ou seja, a capacidade de o veículo trafegar na mesma linha, mesmo após longo período. É indicado para todas as operações, principalmente plantio em linhas e criação de taipas na cultura do arroz. Ele é feito com o uso de uma estação ou base de referência localizada em um ponto georreferenciado transmitindo sinal de correção via rádio. Essa base pode ser fixa, normalmente montada sobre uma estrutura metálica fixa, e que tem um alcance maior (um raio de aproximadamente 20km), e a base móvel onde está é montada sobre um tripé e que possui um alcance menor (cerca de 3km a 4km de raio) pode ser movimentada dentro da propriedade. Existe ainda a possibilidade de aquisição de pacotes de tecnologia diferenciados como, por exemplo, ferramentas que garantem que a máquina continue trabalhando por um período de tempo, mesmo após a perda de sinal transmitido, devido a algum obstáculo ou condição climática desfavorável à recepção do sinal. Dentre as principais vantagens de utilização destes sistemas estão a redução do tempo de máquina parada e a maior obe-

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diência à janela de cultivo, possibilitando trabalhar com as máquinas em períodos em que não seria possível o operador direcionar a máquina devido à baixa visibilidade, como, por exemplo, à noite. Ocorre também a diminuição dos custos de produção, ao evitar sobreposição na aplicação de produtos; redução do gasto de combustível, bem como de insumos necessários como fertilizantes e defensivos. Além disso, ao evitar sobreposição nas passadas, aumentamos o aproveitamento da área total de cultivo e também evitamos a ocorrência da compactação do solo, fator que é desfavorável ao desenvolvimento radicular das culturas. O piloto automático se aplica em todas as etapas de produção de uma lavoura, desde o preparo do solo até a colheita. Somado ao conjunto de tecnologias da agricultura de precisão, o piloto automático contribui para que as atividades de correção física e química do solo sejam realizadas de forma precisa, garantindo que mapas de distribuição de insumos sejam executados respeitando a variabilidade do solo, elevando a eficiência de tempo e aproveitamento de insumos.

Na aplicação de produtos fitossanitários, o piloto contribui para que haja maior eficiência do produto aplicado. Ao evitar a sobreposição de passadas, reduz o desperdício de calda, bem como a ocorrência de fitotoxicidade por excesso de aplicação. Além disso, possibilita a aplicação em horários alternativos, em que se pode conseguir uma maior eficiência do produto aplicado devido às condições climáticas como temperatura, vento e umidade, estarem mais adequadas. Estima-se que haja uma redução de custos de aproximadamente 15% com os insumos agrícolas, devido à adoção da tecnologia ocasionar a redução de erros durante a operação. Na colheita também existe a possibilidade de aplicação do piloto, possibilitando a redução das perdas por amassamento de plantas e também a colheita com exatidão nas passadas da plataforma, que aumenta a eficiência com o uso total da plataforma. Com uma agricultura que avança cada vez mais em tecnologia, a utilização do piloto automático não pode ser mais considerada como apenas uma tecnologia para facilitar o trabalho do operador. Como mencionado anteriormente, ela reduz consideravelmente os erros de espaçamento e sobreposições em diversas aplicações, ainda assim possibilita o controle de tráfego dos maquinários agrícolas e o melhor aproveitamento da área, o que melhora consideravelmente o rendimento e o gerenciamen.M to das operações de campo. Gustavo dos Santos Dauto Carpes Juan Paulo Barbieri, Base Assessoria Agronômica

Gustavo dos Santos Dauto Carpes Juan Paulo Barbieri, Base Assessoria Agronômica




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