Cultivar 179

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Cultivar Grandes Culturas • Ano XV • Nº 179 • Abril 2014 • ISSN - 1516-358X Destaques

Nossa capa

Surto branco......................................18

Lucia Vivan

A explosão populacional de mosca-branca em lavouras do Centro-Oeste e a importância do uso de inseticidas seletivos para não agravar a incidência da praga

No café....................................08 Alerta marrom............................12 Tratamento preventivo................30 Os danos da Helicoverpa armigera em cafeeiro e a preocupação com o comportamento da praga nessa cultura

A presença da mancha bacteriana marrom em lavouras de soja, mais um desafio a ser enfrentado pelos sojicultores brasileiros

Índice

A importância de tratar sementes com fungicidas para manejar doenças como o tombamento em algodoeiro

Expediente

Diretas

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Fundadores: Milton Sousa Guerra e Newton Peter

REDAÇÃO

• Vendas

Sedeli Feijó José Luis Alves

• Editor

Presença de Helicoverpa armigera em café

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Mancha bacteriana marrom em lavouras de soja

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Fatores que interferem na fitotoxicidade

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• Design Gráfico e Diagramação

• Coordenação

Nossa capa - Explosão populacional de mosca-branca

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• Revisão

• Assinaturas

Empresas - Crescimento da UPL no Brasil

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MARKETING E PUBLICIDADE

• Expedição

Gilvan Dutra Quevedo

Rithieli Barcelos

• Redação

Karine Gobbi Rocheli Wachholz Cristiano Ceia

CIRCULAÇÃO Simone Lopes Natália Rodrigues Clarissa Cardoso

Aline Partzsch de Almeida

• Coordenação

Manejo de resistência de fungos a fungicidas

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Empresas - Revestimento para proteger ureia na adubação 26

GRÁFICA: Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

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Grupo Cultivar de Publicações Ltda. CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480 Rua Sete de Setembro, 160, sala 702 Pelotas – RS • 96015-300

Tratamento de sementes em algodão

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Diretor Newton Peter

Empresas - Syngenta lança fungicida Elatus

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Coluna ANPII

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Coluna Agronegócios

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Manejo de plantas voluntárias

Mercado Agrícola

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Edson Krause

Charles Ricardo Echer

www.grupocultivar.com cultivar@grupocultivar.com Assinatura anual (11 edições*): R$ 204,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 22,00 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Euros 130,00 Nossos Telefones: (53) • Geral 3028.2000 • Comercial: • Assinaturas: 3028.2065 3028.2070 3028.2066 • Redação: 3028.2067 3028.2060

Por falta de espaço não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@grupocultivar.com Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Diretas Fertilizantes

No estande da Yara, visitantes da Expodireto 2014 tiveram a oportunidade de conversar com agrônomos e conhecer as tecnologias disponíveis em fertilizantes para as principais culturas do Rio Grande do Sul. Para o milho, a Yara apresentou a linha de fertilizantes nitrogenados YaraBela. Segundo o gerente comercial, Sadi Guilherme Heinen, a linha traz imediata e prolongada oferta de nitrogênio, resultando em plantas mais nutridas. Para a cultura da soja, a empresa ofereceu a sua linha de fertilizantes foliares YaraVita, que contém micronutrientes de alta performance.

Contra lagartas

A Bayer CropScience aproveitou a participação na Expodireto 2014 para apresentar o projeto Bayer Contra Lagartas. “O projeto envolve o monitoramento das principais lagartas da cultura de milho, soja e algodão. Foram instaladas cerca de 5,2 mil armadilhas de feromônio em 1,3 mil pontos de monitoramento”, explicou o gerente de Desenvolvimento de Mercado para Região Sul, Anildo Betencourt. O objetivo da iniciativa é formar uma rede de informações, criada pela Bayer, sobre pragas.

Sadi Guilherme Heinen

Fungicida

Durante a Expodireto 2014, a Basf destacou o fungicida Oskestra SC, primeiro defensivo do grupo carboxamidas a ser aprovado para cultura da soja no Brasil. Outro destaque da marca foi o inseticida Pirate, que obteve no segundo semestre do ano passado registro para uso no controle da lagarta Helicoverpa armigera.

Arroz

A Basf lançou na Expodireto 2014 a variedade de arroz Guri Inta CL, que apresenta tolerância aos herbicidas Only e Kifix. “Os estudos para o registro e lançamento da cultivar começaram há quatro anos. A variedade proporciona altos rendimentos, com estabilidade de produção”, destacou o gerente de Desenvolvimento Técnico e de Airton Leites Mercado, Airton Leites.

Manejo

Durante a Expodireto 2014, a Bayer CropScience destacou os inseticidas CropStar, Belt, Certero, Larvin 800 WG e Connect, produtos escolhidos para integrar o projeto Bayer Contra Lagartas. “A nossa equipe orientou os visitantes quanto à forma adequada de realizar o manejo de pragas, adotando soluções Bayer, além de boas práticas agrícolas”, explicou o gerente de Marketing para a Cultura da Soja, Ronaldo Yugo.

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Everson Zin, Patricia Kato e Anildo Betencourt

Palestras

A Bayer promoveu aos visitantes da Expodireto 2014 palestras sobre o manejo de pragas e doenças nas lavouras com os pesquisadores Carlos Alberto Forcelini (UPF), Sergio Felipini (IAC), a fitopatologista Carolina Deutner (UPF) e o entomologista José Salvadori (UPF). Salvadori palestrou sobre o Manejo de Lagartas, assunto que complementa o projeto Bayer Contra Lagartas, destaque da marca na feira.

José Salvadori

Incrivel

A Ihara lançou na Expodireto 2014 dois inseticidas: Incrivel, para o manejo de percevejo da soja, e Gemstar, indicado para o combate da lagarta Helicoverpa ssp. Também foram destaques no estande da marca os fungicidas Certeza e Celeiro, o inseticida Piramide e o herbicida Flumyzin.

Destaque

A BioTrigo Genética destacou três cultivares de trigo durante a Expodireto 2014: TBio Mestre, TBio Alvorada e TBio Sinuelo. A TBio Mestre une rendimento à qualidade industrial, segundo Lorenzo Viecilli, gerente comercial da marca. Já a TBio Alvorada se destaca pela precocidade e resistência a giberela. A TBio Sinuelo possui ciclo mais longo e resistência ao acamamento.


Participação

Dow AgroSciences apresentou na Expodireto 2014 um espaço destinado ao compartilhamento de informações relacionadas ao manejo de defensivos. O presidente da Dow para América Latina e Ásia-Pacífico, Rajan Gajaria, veio ao Brasil para conhecer o evento acompanhado pelo diretor de Vendas da Dow AgroSciences Brasil Welles Pascoal e pelo diretor de Marketing Dow AgroSciences Brasil, Fernando Castaño.

Grupo chinês

Um grupo de produtores chineses visitou o Brasil a convite da Syngenta e participou da Expodireto 2014. De acordo com o gerente de Desenvolvimento Técnico de Mercado, Lucio Lemos, o objetivo da visita foi percorrer várias cidades do Rio Grande do Sul para testemunhar o desempenho do inseticida Cruiser para soja, milho e arroz. Os produtores também aproveitaram a oportunidade para conhecer o Tratamento de Sementes Industrial da marca.

Welles Pascoal, Rajan Gajaria e Fernando Castaño

Tecnologia

Educativo

A Morgan Sementes e Tecnologia apresentou na Expodireto 2014 o híbrido de milho MG300, que estará disponível para os agricultores no próximo verão. Os visitantes que passaram pelo estande puderam observar, ainda, parcelas com a tecnologia Powecore e experimentos com o Tratamento de Sementes Industrial.

Durante a Expodireto 2014, o Olimpio, boneco símbolo das campanhas do INPev, recebeu os visitantes no estande do instituto. Representantes das centrais do Rio Grande do Sul estiveram presentes na feira, esclarecendo dúvidas sobre a destinação das embalagens e informando os produtores sobre a forma correta de realizar a tríplice lavagem.

Portfólio

Semente de qualidade

A Dimicron aproveitou sua participação na Expodireto 2014 para orientar os produtores rurais que passaram pelo estande quanto à importância da qualidade de sementes. Os visitantes também tiveram a oportunidade de conhecer o LAS Dimicron, laboratório de análise de sementes da empresa.

A Syngenta destacou seu portfólio de sementes e soluções para as culturas de soja, milho e trigo durante a Expodireto 2014. O Desenvolvimento Técnico de Mercado, Laércio Hoffmann, explicou que o objetivo da empresa foi apresentar os principais pontos de atenção que o agricultor deve ter em cada fase da sua lavoura e as soluções integradas oferecidas pela Syngenta para todos os ciclos.

Presença

O gerente global de Fungicida da Syngenta Xavier Leprince e a gerente de Produtos de Fungicidas Global Alícia Kerbrat, sediados em Basileia, na Suíça, visitaram a Expodireto 2014. Ambos acompanharam o lançamento do fungicida Elatus, produto da marca registrado para o controle de um complexo de doenças em soja, com foco principalmente no combate à ferrugem asiática.

Laércio Hoffmann, Adilson Jauer e Lucas Navarini

Visita

Alícia Kerbrat e Xavier Leprince

O consultor técnico de Laguna Carapã (MS), Creovaldo Dosso, marcou presença no Show Rural 2014 acompanhado pelo agricultor de Santa Cruz, na Bolívia, Roberto Paulo Portela. Dosso destaca a importância de se manter informado quanto às novidades do setor agrícola. “Conferir os principais lançamentos, buscar economia no campo e investir em tecnologia e informação é uma tendência que pode agregar produtividade à lavoura”, informa Dosso. Creovaldo Dosso e Roberto Paulo Portela

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Aplicação

Soluções

Durante a Expodireto 2014, a Agrotain destacou o fertilizante SuperN. “O produto pode ser aplicado no momento exato em que a planta necessita do nitrogênio. Em qualquer condição climática seu aproveitamento será mais eficaz que o da Ureia convencional”, afirmou o diretor comercial da Agrotain Douglas Zonta.

A Monsanto apresentou na Expodireto 2014 seu estande Monsanto Tecnologias, que reuniu as novidades da marca para soja, milho, algodão e proteção de cultivos. Os destaques foram as tecnologias da soja Intacta RR2 PRO, de milho VT Promax RIB Completo e VT PRO3 RIB Completo, de algodão Bollgard II RRFlex, além do Sistema Roundup Ready Plus, que promove o acompanhamento técnico de agricultores para oferecer as melhores soluções de manejo de plantas daninhas.

Douglas Zonta

Variedades

A Agroeste apresentou na Expodireto 2014 novas variedades e híbridos. Para a soja, a marca conta com as variedades AS 3610 IPRO, AS 3575 IPRO, AS 3570 IPRO com a biotecnologia Intacta RR2 PRO, e para a cultura do milho, o híbrido AS 1666 PRO3 RIB (com refúgio completo na sacaria).

Linha

Milho

A Sementes Agroceres lançou dois híbridos de milho com ciclo precoce, tolerância ao herbicida glifosato e proteção contra a larva alfinete: AG 8690 PRO3 RIB e AG 8780 PRO3 RIB. Ambos contam com a tecnologia VT PRO 3 RIB Completo, com refúgio na sacaria.

Equipe

Durante a Expodireto 2014, a DuPont Pioneer apresentou a linha de produtos recomendados para o plantio na região Sul do País. Os destaques foram os híbridos de milho P1630H, P2530H e 30F53H, e na soja as cultivares 95R51, 95Y21 e 95Y72. Os visitantes da feira também receberam informações sobre a tecnologia Optimum Intrasect, e recomendações sobre o Manejo Integrado de Pragas.

A Brasmax participou da Expodireto 2014 com toda sua equipe de agrônomos para atender aos agricultores que visitaram o estande da empresa. O produtor pode tirar suas dúvidas sobre as cultivares da Brasmax e conhecer os lançamentos Brasmax Vanguarda IPRO, Brasmax Ponta IPRO e Brasmax Valente RR.

Pilares

Durante a Expodireto 2014 a Milenia apresentou aos visitantes soluções da marca para soja e milho. Em produtos a marca destacou o inseticida GalilSC para controle de percevejo, o herbicida Poquer contra ervas com resistência ao glifosato, o inseticida Shelter para a cultura da soja, o fungicida Horos para combate à ferrugem e o fungicida Azimut, de amplo espectro de ação para soja, milho e trigo.

A Dekalb apresentou na Expodireto 2014, três pilares para obter uma agricultura sustentável: boas práticas agronômicas, germoplasma e biotecnologias. Como lançamentos a marca trouxe os híbridos super precoce DKB230 e precoce DKB290.

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Soja e milho


Parceria

A Syngenta anunciou um acordo de parceria com o CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, e a continuação dos acordos com a Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) e com o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), que tornarão disponíveis os bancos genéticos dessas instituições para toda a base de clientes da Syngenta. As variedades serão utilizadas dentro da plataforma de tecnologia de plantio Plene para os produtos Plene Evolve (mudas desenvolvidas para viveiros préprimários) e Plene PB (mudas pré-germinadas). “Através da plataforma Plene haverá um incremento de produtividade em torno de 15 a 20%”, estimou o diretor de Marketing da Syngenta para a Cana-de-açúcar, Leandro Amaral Leandro Amaral.

Simpósio

O Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão (Gape) promove entre os dias 16 e 18 de julho o simpósio “Desafios da Fertilidade do Solo na Região do Cerrado”, em Goiânia, Goiás. O objetivo é difundir tecnologias relacionadas ao manejo da fertilidade do solo de forma eficiente de modo a gerar discussões e levantar necessidades de pesquisa sobre o assunto. O evento contará com 800 vagas e o público-alvo abrangerá produtores, gerentes, técnicos, pesquisadores e estudantes. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (19) 3417-2138, email simposiocerrado@gmail. com ou pelo site do evento: www. simposiocerrado.com.

Programa

A DuPont Brasil apresentou durante a Expodireto 2014 o Programa DuPont Soja, um novo conceito da marca para manejo preventivo de doenças e controle de pragas. Baseado na entrega de resultados ao produtor, o programa está ancorado no uso correto e seguro de tecnologias da companhia, sobretudo no uso do fungicida Aproach Prima e dos inseticidas Premio, Lannate e Avatar, além do herbicida Classic.

Fungicidas e inseticidas

Durante a Expodireto 2014, a Cheminova apresentou soluções de fungicidas e inseticidas para as principais culturas da região Sul. O destaque da marca ficou para o fungicida Authority, produto que combina dois ingredientes ativos em mistura pronta e que possui amplo espectro de controle.

Contribuição

A FMC marcou presença na Expodireto 2014, com seu portfólio completo para soja, milho e trigo e com palestras técnicas sobre manejo de doenças e pragas. Alguns dos destaques da marca foram os fungicidas Locker e Rovral, os inseticidas Rocks, Talisman, Fenix e Mustang e o inseticida biológico Dipel. “Levar informações técnicas e tecnologias que contribuam para a produtividade dos agricultores foi a nossa missão na Expodireto”, destacou o gerente de Marketing Culturas Sul da FMC, Eduardo Menezes.

Eduardo Menezes

Marca

A BioGene lançou na Expodireto 2014 os híbridos BG7318YH, e BG7046H. Os agricultores que visitaram o estande da BioGene também receberam informações técnicas sobre qualidade de plantio, tratamento de sementes industrial e manejo nas lavouras. Além disso, puderam conferir o portfólio completo da marca.

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Fotos José Braz Matiello

Café

No café

Detectada recentemente no Brasil, a temida Helicoverpa armigera tem causado graves prejuízos em cultivos comerciais como soja, algodão, milho e tomate. Há também relato de presença da praga em cafeeiro. Resta saber se o ataque é eventual ou se haverá adaptação à cultura

A

Helicoverpa armigera é um inseto/praga de enorme importância mundial em culturas agrícolas, sendo utilizadas vultosas quantias para seu controle. No Brasil, nos últimos dois anos, esta praga tem causado danos nas culturas de algodão, milho, soja, feijão, tomate e sorgo. Os danos são oriundos de sua alimentação, preferencialmente de estruturas reprodutivas das plantas (botões florais, frutos, maçãs, espigas e inflorescências), causando deformações, podridões e quedas. Na safra de 2012 ocorreu, na região do oeste da Bahia, um

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grande surto nas lavouras, com perdas de até 80% na cultura do algodoeiro. Na mesma safra, outras culturas, transgênicas ou não, como milho e soja, também sofreram acentuadas perdas. Na safra de 2013 novamente ocorreram surtos desta praga, que chegaram aos estados de Goiás e Mato Grosso, levando à liberação emergencial de uma série de produtos inseticidas para seu controle. Na cultura do café, não havia relatos de ocorrência de Helicoverpa armigera nas lavouras de nenhuma região produtora. A primeira constatação foi feita só re-

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centemente, em setembro/2013, durante o período de pré-florada, na região do oeste da Bahia. Na Fazenda Olinda, em Luiz Eduardo Magalhães, o inseto/praga foi encontrado atacando flores, frutos no estágio “chumbinho”, ponteiras e folhas novas (1º e 2º pares) na cultura do café. O técnico Marcos Alvarenga foi até o local e constatou a praga e registrou por meio de fotos a ação e o comportamento do inseto/praga. Nas fotos pode-se ver o tipo de dano ao cafeeiro. O ataque da lagarta causa perfurações, reduções de área foliar, danos nos ponteiros dos ramos, ataque em botões e frutos de café no estágio de chumbinhos. A ocorrência deve, agora, passar a ser observada, tendo em vista a verificação da evolução e a adaptação da Helicoverpa a esta nova cultura, do café, até então desconhecida. O mais provável é que as lagartas tenham migrado de outros cultivos da região. Em princípio, ainda não se pode avaliar se o ataque foi apenas eventual ou se a praga pode vir a se adaptar também ao cafeeiro. O objetivo da presente nota técnica é


O ataque da lagarta causa perfurações, reduções de área foliar, danos nos ponteiros dos ramos, ataque em botões e frutos de café no estágio de chumbinhos

relatar a ocorrência e os sintomas de ataque, a fim de que os técnicos, envolvidos na cafeicultura, passem a prestar atenção no seu possível ataque em outras lavouras da região e em outras zonas cafeeiras do C país.

Registrada a ocorrência na cultura resta saber agora se haverá adaptação da praga ao cafeeiro ou se o ataque foi apenas eventual

José Braz Matiello, Mapa/Fundação Procafé Marcos Alvarenga, Coproeste




Soja

Alerta marrom

Geraldo E. S. Carneiro

A mancha bacteriana marrom, causada por Curtobacterium flaccumfaciens, é mais um desafio fitossanitário a ser enfrentado pelos sojicultores brasileiros. Detectada pela primeira vez em feijoeiro, em 1995, 1995. em São Paulo, a bactéria teve a presença confirmada em soja na safra 2011/12, no Paraná. A prevenção e o aprofundamento de pesquisas sobre o patógeno são medidas necessárias para evitar prejuízos

A

cultura da soja [Glycine max (L.) Merr.] no Brasil tem sido afetada por diversos problemas fitossanitários, que podem causar sérios prejuízos e demandam ações de controle por parte do produtor. Algumas das piores doenças da cultura ocorrem no país, como a ferrugem asiática, o mofo branco e a podridão radicular de Phytophthora. No entanto, além das doenças bem conhecidas, existem descritas no mundo doenças com potencial de dano considerável, mas que ainda não são problema para a sojicultora brasileira, ou porque o patógeno não está presente no país, ou, porque, embora presente, não foi observado afetando a cultura de forma significativa. A melhor atitude em relação a essas doenças é a prevenção. Em primeiro lugar, deve-se evitar a entrada do patógeno no país através de fiscalização e de medidas quarentenárias. Em segundo lugar, deve-se realizar pesquisas para obter o maior número de informações sobre o patógeno, para que não se torne um problema ou possa ser controlado caso venha a se tornar um. A bactéria Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens (Hedges) Collins & Jones (CFF) foi descrita pela primeira vez em feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.), causando a murcha bacteriana, no estado da Dakota do Sul (EUA) em 1920 (Hedges, 1922), e a sua presença tem sido registrada em diversas regiões do mundo,

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como o Leste e o Sul da Europa (Eppo, 2011), a Austrália, a Ásia, a América do Norte e do Sul e a África (Bradbury, 1986). No Brasil, a CFF foi detectada pela primeira vez em feijoeiro em 1995, em São Paulo (Maringoni & Rosa, 1997), e em anos subsequentes foi observada em diversas áreas de produção de feijão, principalmente no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste (Rava & Costa, 2001). O relato da bactéria em feijoeiro no Brasil a excluiu da lista de pragas quarentenárias A1, mas medidas de contenção da dispersão da doença devem ser adotadas, bem como ser feitos levantamentos para verificar a dispersão da doença no país (Coelho et al, 2004). Além disso, a CFF é uma das pragas incluídas nos Requisitos Fitossanitários da Instrução Normativa n° 45 de 18/12/2006, para envio de sementes entre os países do Mercosul, e por isso sementes de soja que saem do Brasil para a Argentina, o Paraguai e o Uruguai devem possuir um Certificado Fitossanitário de Origem que ateste a ausência dessa doença, entre outras. A primeira observação de CFF em soja ocorreu nos Estados Unidos, em 1975, e a doença foi nominada de “bacterial tan spot” (Dunleavy, 1983). Experimentos mostraram perdas máximas de produtividade de 18,8% em cultivares suscetíveis, com média de 12,5% de perdas (Dunleavy, 1984). Em soja a doença

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não tem ocorrido de forma significativa nos Estados Unidos, mas é problema para a cultura do feijoeiro naquele país. No Brasil, foi confirmada a ocorrência da CFF em lavouras de soja na safra 2011/12, no estado do Paraná (Soares et al, Tropical Plant Pathology, v. 38 (5): 452-454, 2013). Aparentemente, não ocorreram perdas significativas de produtividade causadas pela ocorrência da doença. A identificação da doença foi feita através do isolamento a partir de folhas sintomáticas em meio de cultura semisseletivo CNS, inoculação artificial e reisolamento em soja e feijão, teste de coloração de Gram, teste de solubilidade em KOH e PCR. A partir do nome em inglês, foi proposto o nome em português “mancha bacteriana marrom” para a doença. Trata-se de uma bactéria gram positiva, que sobrevive no campo em restos culturais, em sementes e no solo, por, pelo menos, dois anos, e que pode infectar as plântulas durante a germinação, penetrando no sistema vascular (Eppo, 2011). Características como longo período de latência, crescimento relativamente lento em meio de cultura, natureza endofítica e ocorrência em baixa concentração, dificultam a diagnose e a identificação da doença, especialmente em programas de certificação de sementes ou inspeção quarentenária para importação/exportação (Guimarães et al,


Fotos R. M. Soares

Aspecto da colônia da bactéria em meio de cultura semisseletivo CNS

Corte de folha mostrando exsudação da bactéria

Sintoma da mancha bacteriana marrom em folha

2001). Existem poucos estudos sobre a transmissão de CFF de plantas para as sementes, sendo a maioria realizada em feijoeiro. Camara et al (2006) testaram essa transmissão em cultivares de feijão com diferentes níveis de resistência à doença, obtendo de 0% a 74,2% de transmissão, variando de acordo com a cultivar testada. Os sintomas em feijoeiro começam com murcha das folhas devido à infecção sistêmica, mas lesões cloróticas e necróticas podem ocorrer simultaneamente. Na soja, várias lesões cloróticas aparecem e, após secarem no centro, adquirem coloração bege (“tan spot”). A morte de plântulas ocorre no caso de infecção precoce. As plantas mais velhas costumam sobreviver ao ataque, mas o crescimento e a produtividade podem reduzir significativamente. Em alguns casos, sintomas de murcha também são observados em soja (Harveson & Vidaver, 2007). Os métodos de controle recomendados são o uso de cultivares resistentes, o controle da sanidade das sementes e o manejo adequado da irrigação. Essas práticas podem limitar a ocorrência da doença a pequenos surtos, em áreas geográficas definidas (Venette et al, 1995). Os métodos de inoculação da bactéria têm variado de acordo com o objetivo e o hospedeiro testado, sendo que para feijoeiro costuma-se utilizar a punção com agulha no caule (Soares & Maringoni, 2002) e para outros hospedeiros, incluindo a soja, risca na superfície dos folíolos com um palito dental molhado no inóculo e pulverização de suspensão da bactéria (Maringoni, 2002; Maringoni & Souza, 2003). Em relação à resistência genética das cultivares à mancha bacteriana marrom, já foram relatados diferentes graus de resistência ou tolerância. Segundo Dunleavy (1983), todos os isolados obtidos pelo autor causaram mancha foliar e murcha no feijoeiro, mas apenas os isolados obtidos de soja causaram mancha foliar na soja. De 20 cultivares da região norte dos EUA testadas pelo autor, três foram resistentes, sete foram moderadamente

suscetíveis, três foram suscetíveis e sete foram altamente suscetíveis. De 20 cultivares da região sul dos EUA, oito foram resistentes e 12 moderadamente suscetíveis. Vinte cultivares de soja da Embrapa foram testadas contra um isolado de CFF obtido de feijoeiro, usando dois métodos de inoculação, e foram observados baixos níveis de severidade da doença nas cultivares, independentemente do método de inoculação utilizado (Maringoni & Souza, 2003). Esses resultados mostram que as cultivares de soja avaliadas apresentaram mecanismos de resistência que dificultam ou impedem a colonização pela bactéria. Provavelmente, há certa especialização de isolados de CFF de feijoeiro a feijoeiro e baixa agressividade à soja, tendo em vista que foi observado alto valor de severidade no feijoeiro IAC Carioca. Pressupõe-se que os isolados obtidos em soja devam ser mais agressivos às cultivares de soja, diminuindo o número de materiais resistentes disponíveis. Na safra 2013/2014, as condições climáticas predominantes na região Sul, desde meados do mês de dezembro até início do mês de fevereiro, têm sido de altas temperaturas e precipitações abaixo da média. Como essas condições não são favoráveis para o

aparecimento da mancha bacteriana marrom, acredita-se que a doença possa não ocorrer ou ter ocorrência limitada nessa safra. A pouca informação sobre a doença na soja em ambiente brasileiro e com isolados locais denota a necessidade da realização de pesquisas sobre o assunto. Entre essas pesquisas, podem-se destacar alguns temas, como avaliação da transmissão da bactéria da semente para a planta e da planta para a semente, seleção de materiais com resistência genética à doença e acompanhamento da ocorrência e da disseminação da doença em lavouras de soja. Com isso, considerando o potencial de dano da doença, a escassez de informações sobre a doença no país, as implicações fitossanitárias com os países do Mercosul e a importância da cultura da soja, é indispensável que o setor produtivo esteja atento à ocorrência dessa doença e que trabalhos de pesquisa sejam desenvolvidos para conhecer melhor o patógeno, para evitar ou, pelo menos, estar preparado para eventuais problemas que C possam vir a acontecer.

Geraldo E. S. Carneiro

Rafael Moreira Soares Embrapa Soja

Detalhe de plantas em lavoura atacada pela mancha bacteriana marrom

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Soja Ricardo P. Marin

Contra a fitotoxicidade Problemas com fitotoxidez têm sido relatados por agricultores do Sul do Brasil, em lavouras de soja, com comprometimento da área foliar. Diversas circunstâncias agronômicas que cercam as plantas podem potencializar este tipo de efeito, como fatores fisiológicos, nutricionais e associados à tecnologia de aplicação

A

produção de soja no Brasil permanece na crescente busca por patamares mais produtivos, por aumento de área plantada ou mesmo na repetição do cultivo na mesma safra. Esta busca por produtividade tem colocado a técnica agronômica sob pressão no intuito de encontrar alternativas sustentáveis para tornar esta prática possível, o que nem sempre pode apresentar resultados satisfatórios. Quanto maior for a área a ser

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tratada com defensivos agrícolas, maior é o problema logístico dentro da fazenda, remetendo a aplicações com alto risco de comprometimento da eficácia do controle químico, além de reflexos negativos sobre a cultura a ser trabalhada. Nesta safra, tem sido observados relatos de diversos agricultores do Sul do país com problemas de fitotoxicidade pela aplicação de fungicidas do grupo dos triazóis, comprometendo a área foliar da soja.

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A fitotoxidez é a concentração excessiva do ingrediente ativo na superfície da folha, podendo estar em estresse (potencializa) ou não, causando queima ou destruição das células pela dificuldade da planta metabolizar tal quantidade de ingrediente ativo. É importante ressaltar que todo produto químico aplicado sobre as plantas é tóxico, seja herbicida, inseticida ou mesmo fungicida. Um exemplo prático é a deficiência de manganês gerada em plan-


Fotos Marcelo G. Madalosso

Sintomas de fitotoxicidade na folhagem da cultura da soja

tas transgênicas de soja pela aplicação do herbicida glifosato. Assim, a planta precisa ter mecanismos de “desintoxicação” da presença daquele produto externo no seu interior celular, também chamado de xenobióticos. Desta forma, quanto maior for o período para “desintoxicação” maior será o residual dentro da planta. Entretanto, o grande desafio dos produtos é manter este ingrediente ativo no interior celular sem comprometer o seu desempenho.

Como identificar na área

Fungicidas podem causar diversos níveis de fitotoxidez, porém, diversas circunstâncias agronômicas que cercam as plantas podem potencializar este efeito, tornando-o aparente e de severidade elevada. Locais na lavoura que apresentam os primeiros sintomas: • Folhas do topo: excesso de ativo na gota e formação de depósitos cristalinos. • Deformações foliares: encarquilhamento – aumento da curvatura da epiderme da folha e de aspecto coriáceo, similar à folha do repolho. Carijó - queima dos tecidos entre as nervuras da folha. Verificar a raiz para não confundir com problema radicular. • Bordas da lavoura: chegada ou saída do pulverizador após acionamento ou desligamento da barra. • Sobrepasse da barra de aplicação: reposição do ingrediente ativo na mesma planta. • Não se apresenta em plantas isoladas: por questões operacionais, o problema

será visível em áreas de grande trânsito do equipamento. Assim sendo, o problema ocasionado pela fitotoxidez nos tecidos da planta devido à aplicação do produto está relacionado a fatores fisiológicos e de tecnologia de aplicação.

Fator fisiológico

A fitotoxicidade de alguns triazóis está relacionada à combinação de temperaturas altas, estresse hídrico - ou não – e com a genética da cultivar utilizada. É notório que algumas cultivares possuem maior “sensibilidade” à aplicação deste grupo químico

que fica potencializado por estas condições. Isto pode estar relacionado a fatores como o espessamento de cutícula e a atividade fisiológica da planta para “desintoxicar” seus tecidos, variando a velocidade de absorção de produtos pela folha. A velocidade de absorção do fungicida no cultivo da soja depende das características inerentes aos ingredientes ativos aplicados, bem como da constituição da epiderme das folhas no momento da aplicação (Lenz, 2010). Toda superfície primária aérea que um produto químico irá encontrar em plantas vasculares será uma fina película superficial, a cutícula, que é composta de lipídios solúveis e poliméricos (Jeffree, 1996). A cutícula tem como principal função a de proteção dos tecidos vivos das plantas contra a perda de água (Schönherr, 1982), mas constitui-se também em uma barreira para a absorção de produtos químicos aplicados via foliar (Balardin, 2010). A atividade fisiológica normal de uma planta depende do aporte suficiente de água. A diminuição na oferta da água acarreta maior dispêndio de energia para manter a turgescência ou propiciar o crescimento de novas raízes para aumentar a capacidade de absorção de água. Kissmann (1998) relata que abaixo da cutícula localiza-se a parede celulósica, que é hidrófoba. Entre a cutícula e a parede celulósica, existe a pectina, que por sua vez é hidrófila; logo, ela absorve água como uma esponja. Em folhas de plantas sob déficit hídrico, a cutícula é mais espessa, dificultando a penetração de patógenos e de produtos. Dados de pesquisa têm indicado que plantas submetidas a estresse hídrico apresentam maior retenção dos ativos na

Sintomas de fitotoxicidade em folhas de soja em encarquilhamento (esquerda) e folha carijó (direita)

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Figura 1 – Representação da chegada da gota na folha com e sem condições de estresse

chamento do dossel da cultura que funciona como barreira física à penetração de gotas no baixeiro das plantas. Com isso, a grande maioria das gotas é depositada nas folhas da parte superior dos tecidos da planta, podendo chegar até quatro vezes à dose inicial recomendada (Figura 3), acrescentando um risco muito alto de a atividade foliar não conseguir suportar tal carga sem apresentar fitotoxicidade, principalmente em condições de estresse hídrico ou térmico.

Volume de calda

epiderme ou células da planta. O aumento de retenção dos ativos, aliado a uma maior concentração nas porções superiores do dossel da planta, tende a potencializar a ação fitotóxica do produto aplicado. A água adere às microfibrilas de celulose e a outros componentes hidrofílicos da parede celular. À medida que evapora das células, a remanescente é sugada para dentro dos interstícios da parede celular. Devido à alta tensão superficial, quanto mais água for removida da parede celular, maior o aumento na pressão negativa da água. Com o aumento na diferença de concentração entre a gotícula pulverizada na superfície e a quantidade de água no interior da folha, é observada uma maior difusão do fungicida para o interior da folha. Este aumento de concentração do fungicida na célula potencializa tanto sua eficácia de controle como o efeito fitotóxico que possa apresentar.

Fator tecnologia de aplicação

Como observado anteriormente, a predisposição genética da cultivar à fitotoxicidade é fundamental para que o dano ocorra. No entanto, as condições impostas pela aplicação irão potencializar estes danos na folhagem, podendo tornálos severos. Sendo assim, a causa pode ser variada com a associação ou não de fatores a seguir.

depósitos cristalinos do ingrediente ativo na superfície foliar (Figura 1), que em caso de estresse hídrico ou térmico (Figura 2), pode potencializar a queima dos tecidos. Em condições adequadas, a hidratação da cutícula facilitará a absorção do produto. Pederson (2007) afirma que a toxicidade de fungicidas é potencializada em condições ambientais adversas ou ainda em período de estresse hídrico das plantas.

Adjuvantes

O uso de adjuvantes pode aumentar o risco de fitotoxicidade dos fungicidas se aplicados em condições inadequadas em cultivares “sensíveis”. Vale ressaltar que o uso dos adjuvantes em condições adequadas pode reduzir o risco de extinção da gota pela permanência da fase oleosa dela sobre a folha, acelerando a absorção do ingrediente ativo. Além disso, o uso do adjuvante recomendado é fundamental para o desempenho dos fungicidas do grupo das estrobilurinas, cuja atividade junto à camada de cutícula da folha necessita da presença do adjuvante.

Depósito de gotas

Além das mudanças fisiológicas na planta no período reprodutivo, há o fe-

Figura 2 – Média das condições climáticas das regiões produtoras de soja do estado do Rio Grande do Sul, 2014

Clima

As observações de vento, temperatura e Umidade Relativa (UR) são primordiais para minimizar os riscos de fitotoxicidade na folha. Principalmente estas duas últimas precisam ser monitoradas durante e depois da aplicação do fungicida, evitando ao máximo ultrapassar os 30°C e 55% de UR. Altas temperaturas aceleram a desidratação da gota pulverizada antes de atingir o alvo, ou mesmo as que atingiram e não houve tempo suficiente para a absorção pela folha. Assim, neste último caso, a gota será rapidamente evaporada, formando

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Com o aumento das áreas de plantio de soja e/ou a necessidade de aumentar o rendimento logístico da fazenda, está ocorrendo um fenômeno de redução do volume de calda aplicado por hectare sem embasamento técnico-agronômico consistente. Portanto, há uma excessiva concentração do ingrediente ativo dentro da calda, podendo acarretar em problemas na mistura e, principalmente, esta concentração química permanecerá na gota que será depositada na superfície da folha. Além disso, esta redução de volume geralmente vem precedida da diminuição do tamanho das gotas que serão mais suscetíveis à extinção. Então, a gota quimicamente mais concentrada estará sujeita aos mesmos fatores de estresses climáticos, aumentando ainda mais os depósitos cristalinos sob a epiderme da folha. Outro ponto a observar é que a redução do volume deve ser precedida do conhecimento da dosagem do adjuvante por unidade, pois as variações são gigantescas quando se fala em dose por hectare ou dose por volume de calda aplicado. Neste último, a redução de volume de calda reduzirá proporcionalmente à dose do adjuvante aplicado por hectare, minimizando os problemas. Contudo, esta compreensão não é homogênea e, geralmente, com a

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redução do volume de calda, é mantida a dose do adjuvante por hectare, o que gera um aumento demasiado da quantidade de óleo na gota, potencializando os riscos de fitotoxicidade.

Figura 3 – Relação entre a quantidade de depósitos (gotas/cm2) e a dose do fungicida aplicado no perfil da planta de soja

Concentrações

A excessiva redução do volume de calda aumenta a concentração química da calda que predispõe as interações indesejadas entre os ingredientes ativos e inertes misturados. Estas incompatibilidades podem ser de ordem física, floculação, separação ou precipitação, ou ainda de ordem química, dissociação iônica (pH baixo), hidrólises alcalinas (pH alto) ou inativações por radicais nas moléculas dos produtos. Com o risco de interação elevado entre os produtos dentro da calda, pode ocorrer ainda o comprometimento do sistema de aplicação, pelo entupimento dos precipitados formados dentro do tanque.

Formulação

Nutrição foliar

O objetivo da nutrição foliar está ligado ao estímulo do aumento da divisão celular, absorção e uso dos nutrientes fornecidos e água (Atiyeh et al, 2002; Chen et al, 2004 ), além de atuar como regulador hormonal e no aumento à tolerância ao estresse (Piccolo et al, 1992). Ainda, diversos trabalhos científicos conferem a estes aminoácidos a ativação enzimática e a síntese de proteínas (Ulukan, 2008), o aumento de pigmentos fotossintéticos (Ali; Hassan, 2013), bem como a redução do estresse gerado pelo glifosato em plantas de soja (Lambais, 2008). Em busca da consistência destas respostas estamos trabalhando nessa nova linha e atingindo resultados promissores. Em trabalhos internos ainda não publicados foi observada a redução de até 29% de EROs em plantas que receberam aplicação do fungicida e fertilizante foliar, frente ao tratamento somente com fungicida. Ainda nestes trabalhos, foi observado aumento de 7% de produção da EROs nas plantas com fungicidas que em plantas testemunhas, sem nenhuma aplicação. Assim, a aplicação foliar de fertilizantes aminoácidos pode reduzir os efeitos prejudiciais de EROs e melhorar a resistência das plan-

tas sob condições de estresse (Bahari et al, 2013). Portanto, com o processo produtivo acelerado buscando elevados padrões produtivos, a pesquisa precisa constantemente procurar respostas para antever os problemas potenciais do campo. No entanto, é preciso respeitar as limitações fisiológicas da planta e de tecnologia de aplicação a fim de não nos depararmos com surpresas desagradáveis que irão, invariavelmente, refletir na capacidade produtiva das plantas, limitando atingir C tetos produtivos elevados. Marcelo G. Madalosso, Instituto Phytus/URI Santiago Ricardo Balardin, Diego Dalla Favera e Leandro Marques, Univ. Federal de Santa Maria Mônica P. Debortoli, Instituto Phytus

Fotos Marcelo G. Madalosso

Formulações como pós-molháveis e suspensões concentradas tendem a ser menos fitotóxicas que os concentrados emulsionáveis. Este fato não é necessariamente pelo ingrediente ativo presente na formulação e sim pelos solventes utilizados para permitir a interação estável na formulação. A queima do tecido foliar pela ação dos depósitos cristalinos, associada à produção de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs), é um processo irreversível dentro da planta, haja vista que o tecido necrosado não será restabelecido. Em condições normais da planta, a produção das EROs é baixa, aumentando com a aplicação do fungicida. Isto pode desencadear a peroxidação lipídica (destruição dos lipídios da membrana), prejudicando a estrutura e o funcionamento celular. No entanto, surgem alternativas para tentar minimizar este dano foliar, como a atenção aos fatores já discutidos neste artigo e ao uso de fertilizantes foliares, principalmente para reduzir a produção de EROs.

Falsa-medideira em fase de pupa

Teste de compatibilidade de misturas

Retenção de compostos químicos formados dentro do tanque do pulverizador no filtro do bico

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Nossa capa

Surto branco

Altas infestações da mosca-branca Bemisia tabaci, biótipo B, têm sido registradas nas lavouras brasileiras, principalmente na região Centro-Oeste. Diversos fatores estão associados a essa explosão populacional, entre eles o uso de inseticidas com baixa seletividade a inimigos naturais empregados contra outros insetos, como Helicoverpa em soja. Enfrentar a praga de modo sustentável exige manejo integrado, com monitoramento, respeito ao nível de controle e aplicação de produtos seletivos

O

aumento populacional da mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B na região CentroOeste tem preocupado técnicos e produtores rurais, pois infestações elevadas

no final do ciclo da cultura da soja estão demandando pulverizações adicionais de inseticidas para evitar a desfolha prematura e não comprometer a produtividade da cultura. Além disso, após a

colheita da soja, a praga migra para as culturas semeadas em sequência com o milho e o algodoeiro. Como consequência, ataques severos de B. tabaci em plantas recém-emergidas têm ocorrido constantemente, havendo a necessidade de fazer o tratamento das sementes com inseticidas e complementar com pulverizações foliares, devido à sua alta incidência, o que implica em aumento no custo de produção das culturas. B. tabaci é uma praga polífaga, com registro de mais de 600 espécies de plantas como hospedeiras, e a gama de plantas hospedeiras tem aumentado no decorrer do tempo, o que tem sido atribuído, entre outras razões, ao uso de práticas agrícolas de monocultivo irrigado. Esse grande número de hospedeiros tem permitido que a mosca-branca reproduza e migre de forma rápida tanto nos vários hospedeiros silvestres como em cultivados como o algodoeiro, a soja, Lucia M. Vivan

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o tomate, o feijoeiro, a batata etc. Recentemente, a mosca-branca foi também observada em gramíneas, completando seu ciclo (ovo a adulto) em plantas de milho. Apesar do milho não ser um bom hospedeiro para o inseto, algumas áreas cultivadas de milho segunda safra, em Mato Grosso, sofreram redução de estande devido ao ataque da mosca-branca logo na emergência das plantas. No cultivo do algodoeiro em segunda safra, as infestações iniciais são ainda mais prejudiciais à cultura, pois a planta é uma boa hospedeira para a praga, o que favorece a permanência do inseto durante todo o ciclo da cultura. Além disso, B. tabaci é vetora do mosaico comum do algodoeiro, causando então danos diretos pela sucção de seiva e indiretos pela transmissão da virose quando há presença de plantas daninhas como guanxuma (Sida rhombifolia) e vassourinha (Sida micrantha) infectadas com a doença. Portanto, um bom controle de plantas daninhas faz parte do manejo dessa praga. Como a mosca-branca está presente nas diversas culturas, deve ser tratada como um inseto-praga de sistemas agrí-

Rafael Major Pitta

Ninfas de moscabranca em milho

colas, pois o modelo produtivo adotado e o manejo do inseto em cada cultura implicam diretamente na infestação da praga na cultura subsequente. A exemplo do efeito do sistema produtivo influenciando na flutuação populacional da praga, pode-se citar o plantio do feijoeiro em áreas irrigadas

durante o período do vazio sanitário da soja, com o objetivo de otimizar o uso da terra. No entanto, o feijoeiro é um bom hospedeiro da praga, o que permite uma elevada população do inseto em uma época em que a população da praga normalmente diminuiria drasticamente por não haver o cultivo de plantas hospedeiras. Após a colheita do feijoeiro, ocorre imediatamente a semeadura da soja, que recebe então a infestação da mosca-branca da cultura anterior. Nessas áreas e em seus arredores, a infestação da praga no final do ciclo da soja é significativamente maior, assim como o uso de inseticidas para o seu controle. Outro sistema produtivo que tem aumentado em Mato Grosso e que favorece o aumento populacional da praga é o cultivo de soja safrinha sobre o cultivo de soja verão. Nessas áreas, a necessidade de controle da mosca-branca na safrinha aumenta. Apesar de sistemas em monocultivo e intensificados (duas ou três safras por ano) favorecerem surtos populacionais de pragas, a forma de condução da lavoura influencia significativamente na dinâmica das pragas. Portanto, o


Fotos Rafael Major Pitta

Planta de soja com presença de fumagina

emprego do Manejo Integrado de Pragas (MIP), com monitoramento, respeito ao nível de controle de cada praga e com uso de inseticidas seletivos torna-se imprescindível para uma agricultura mais sustentável e com menos prejuízos causados por pragas. Entre as estratégias utilizadas na condução da cultura para o controle de pragas e que pode estar relacionada com o surto populacional de mosca-branca, pode-se citar o uso de pulverizações preventivas principalmente para o controle de Helicoverpa spp. e Heliothis virescens na cultura da soja, pois vários desses inseticidas têm baixa seletividade a inimigos naturais. Insetos predadores como Geocoris sp, Orius sp., Nabis sp, Callida sp, crisopideos e joaninhas (diversas espécies), além de se alimentarem de lagartas, predam também ninfas de mosca-branca. Esses inseticidas não seletivos têm afetado também a população de parasitoides, principalmente a vespinha Encarsia sp. Dessa forma, favorecem o aumento populacional da praga devido à baixa presença desses inimigos naturais. Outro fator que pode ter contribuído para o aumento populacional da praga foi a baixa infestação de percevejos fitófagos em algumas áreas de soja. Desta forma, a aplicação de inseticidas para o controle desse grupo de insetos diminuiu, permitindo o aumento populacional de B. tabaci, pois os inseticidas utilizados para o controle dos percevejos também controlam a mosca-branca, o que reduz indiretamente a infestação da praga. No entanto, somente esse fato isolado não provocaria o surto populacional da praga, mas sim a somatória

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Ninfas de mosca-branca parasitadas por fungo entomopatogênico

desses eventos. Em relação ao nível de controle, a recomendação em soja é de dez ninfas por folíolo para a maioria dos produtos utilizados no controle de mosca-branca. Como as viroses ainda não impactam a produtividade da soja, a moscabranca provoca danos apenas quando surge a fumagina, causada pelo fungo Capnodium que geralmente ocorre em infestações superiores ao índice de dez ninfas por folíolo. Entretanto, existe variabilidade genética quanto à resistência das cultivares ao dano da mosca-branca e estudos com diversas cultivares tornam-se necessários. Para a cultura do algodoeiro, exceto quando ocorre na área plantas daninhas infectadas por virose, existem recomendações de níveis de controle que variam de 20% a 40% de plantas com a presença do inseto. Assim como para a soja, novos estudos são necessários para um índice mais preciso. Além de monitorar a incidência da praga, é importante avaliar a presença de inimigos naturais como fungos entomopatogênicos que, em condições de alta pluviosidade, promovem epizootias naturais que controlam a praga como Aschersonia spp e Isaria sp. A exemplo da viabilidade do MIP, nas cidades mato-grossenses de Sinop e Sorriso, onde implementou-se o MIP durante as últimas três safras, a redução no número de pulverizações de inseticidas sempre foi superior a 50% quando comparada ao manejo com pulverizações preventivas para pragas. Além disso, nas áreas onde o MIP foi empregado, não houve surtos populacionais de pragas, o que pode ser explicado pelo aumento

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da comunidade de inimigos naturais, pois ao tolerar uma baixa infestação de insetos-praga na lavoura, permite-se o estabelecimento do controle biológico natural, o que influencia diretamente na redução populacional das pragas. Além disso, quando há necessidade de controle químico, a eficiência dos inseticidas é satisfatória, pois a infestação da praga não é tão elevada. Cabe ressaltar que a produtividade entre os manejos foi semelhante, porém, com um menor custo de produção nas áreas com MIP. Em áreas onde o manejo preventivo é empregado a fim de eliminar a praga em baixas infestações, a comunidade de inimigos naturais tem dificuldade em se estabelecer. Assim, a população da praga cresce rapidamente, ocasionando surtos populacionais safra após safra. Outro fator negativo do emprego das aplicações preventivas de inseticidas (além de dificultar o estabelecimento do controle biológico natural) é a seleção de populações de pragas resistentes aos inseticidas, o que também contribui para os surtos populacionais de pragas. Para a mosca-branca existem inúmeras comprovações científicas de populações resistentes a inseticidas. Portanto, é importante o produtor estar ciente de que quanto mais se intensifica o sistema produtivo, maiores são os problemas com pragas. Desta forma, o emprego do MIP torna-se fundamental para a manutenção de produC tividades satisfatórias e rentáveis. Rafael Major Pitta, Embrapa Agrossilvipastoril Eliane Dias Quintela, Embrapa Arroz e Feijão


Fotos Cultivar

Empresas

Gigante indiana cresce no Brasil C

om planos para estar entre as cinco maiores empresas de agroquímicos do Brasil, a UPL Limitada tem investido forte, além de aquisições, em pesquisas e desenvolvimento no país. O grupo, que abrange as empresas globais UPL, Advanta e Decco, é uma das principais fabricantes mundiais de produtos para proteção de culturas, especialidades químicas e produtos químicos industriais. Entre estes produtos estão inseticidas, fungicidas, herbicidas, fumigantes e reguladores de crescimento. Atualmente, a empresa está em mais de 86 países, o que a torna globalmente importante no ramo de proteção de culturas em todo o mundo e possui fábricas na Índia, Argentina, China, Colômbia, Espanha, França, Holanda, Itália, Reino Unido, Vietnã e Brasil. Em recente visita ao Brasil, o CEO, Jai Shroff, que veio acompanhado do COO, Sagar Kaushik, disse que o país é estratégico para investir em agroquímicos, por ter produtores altamente especializados e que buscam constantemente inovações

para suas lavouras. “Vejo o Brasil como um líder mundial em agricultura atualmente, da mesma forma que a Índia é no setor de tecnologia da informação, países em franco desenvolvimento dentro de suas especialida-

des”, afirma. Esta visão fez com que a UPL entrasse no Brasil através da aquisição da alemã DVA em 2011. “Com esta aquisição, somos uma empresa que oferece a excelência alemã em processos, a expertise indiana em tecnologia e manufatura e o know-how brasileiro no agronegócio”, garante. Atualmente, a UPL fatura aproximadamente 2 bilhões de dólares no mundo, sendo aproximadamente 300 milhões de dólares no Brasil. A projeção de Shroff é de que a empresa esteja entre as cinco maiores do Brasil nos próximos cinco anos. A ideia é dobrar a quantidade de produtos oferecidos pela empresa já C nos próximos dois anos.

Sagar Kaushik, COO da UPL; Carlos Pellicer, presidente da UPL Brasil; Jai Shroff, CEO da UPL, e Gilson Oliveira, gerente de Produtos, em visita ao Show Rural 2014

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Fungicidas

Resistência manejada Cultivar

A redução da sensibilidade de fungos à aplicação de fungicidas tem gerado prejuízos e demandado esforços da pesquisa na tentativa de preveni-la e amenizá-la. Na busca por recuperar a eficiência de controle, a adição de fungicidas protetores multissítio, como ditiocarbamatos e cloronitrilas, pode ser uma ferramenta importante

A

pesquisa química tem se concentrado na síntese mais frequente de fungicidas penetrantes móveis, sítio específico e, como conseqüência, tem aumentado a ocorrência de fungos resistentes. Preservar a vida útil desses produtos é um grande desafio. O potencial de risco de desenvolvimento da resistência de fungos a fungicidas está relacionado com a extensão da área tratada, com o número de aplicações por safra, com a população de esporos do fungo alvo que constantemente é exposta ao agente químico, com a variabilidade genética do agente causal, com o mecanismo de ação bioquímico do fungicida se sítio específico ou multissítio, com sua especificidade, com a concentração do ingrediente ativo na calda fungicida e com a qualidade da cobertura da folhagem. Uma das reclamações diz respeito ao que

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o produtor costuma classificar como falha de controle, ao observar que, comparada a safras anteriores, a eficiência do fungicida foi alterada. Então diz que houve “falha de controle” e passa a buscar explicações para o fato.

Medida da sensibilidade de um fungo a um fungicida

Em laboratório, quando se aumenta a concentração de um fungicida (concentração inibitória – CI), atinge-se um valor em que o fungo é controlado 50%. Esse valor é denominado de CI50, que serve de referência para comparar a resposta de isolados/raças/ variantes/populações de um dado fungo às concentrações do fungicida. Quando ocorre a redução da sensibilidade de um fungo o valor da CI50 de um isolado suspeito é várias vezes maior que a concentração que normalmente inibiria o

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Figura 1 - Exemplo ilustrativo da população de indivíduos sensíveis (círculos verdes) de Phakopsora pachyrhizi, dominando a população, antes da aplicação de fungicidas para seu controle


Erlei Reis

Figura 2 - Ilustração da redução da população de linhagem sensível (círculos verdes) e aumento da população de linhagem com redução da sensibilidade (círculos vermelhos) em função da seleção direcional ao longo dos anos de uso de um fungicida

Nuvem de esporos de Phakopsora pachyrhizi, liberados do dossel de plantas de soja severamente atacadas pela ferrugem

crescimento do fungo. Para determinar o que é normal, é necessário se saber a CI50 de referência para as linhagens que são controladas pelo fungicida. O valor mais confiável da linha de base da sensibilidade é o determinado para linhagens que ocorriam antes de um fungicida em particular ser usado. Estes isolados são chamados de tipos sensíveis selvagens. Portanto, a CI50 de referência é o valor médio da CI50 determinada para várias amostras da população de isolados selvagens ou sensíveis. Este valor é específico para um dado fungicida e um dado fungo ou raça. Seu valor serve para comparar a potência entre fungicidas e, principalmente, para o monitoramento da sensibilidade, para saber se houve redução da sensibilidade ao longo dos anos em que o fungicida é usado em uma cultura. Sem a CI50 do isolado/população/ linhagem selvagem não se pode no futuro quantificar a redução na sensibilidade.

Fator de redução da sensibilidade (FRS) (Russel, 2004)

A sensibilidade de um fungo pode ser medida pelo FRS, que reflete o grau da

alteração. É a magnitude da diferença entre a CI50 de linhagens sensíveis (concentração de referência) e a CI50 da suspeita de ter a sensibilidade alterada. O FRS corresponde a: CI50 da linhagem suspeita/CI50 da linhagem sensível. Se o FRS for 1, a sensibilidade está sem alteração. Sendo > 1, indica que há redução na sensibilidade.

Por que os fungos se tornam resistentes aos fungicidas

Os fungos se tornam resistentes para se defenderem da ameaça do fungicida de eliminar sua espécie. É um mecanismo de autodefesa. O fenômeno observado é conhecido pela ciência e chamado de adaptação do fungo. Adaptação é definida como a capacidade dos seres vivos (fungos, bactérias, insetos e plantas daninhas) se ajustarem a modificações ambientais. As adaptações dos fungos não ocorrem por acaso e muito menos de uma hora para outra. Ao longo do processo evolutivo, o fungo sofre transformações que lhe possibilitam maior chance de sobrevivência no meio

ambiente, ajustando-se fisiologicamente à presença de algo tóxico que ameace sua existência. Essas transformações, selecionadas pelo meio e ocasionadas por mutações, são denominadas de adaptações, relacionadas ao mecanismo de defesa frente a condições desfavoráveis – presença do tóxico (fungicida) que ameaça a sua existência. A sensibilidade de Phakopsora pachyrhizi (agente causal da ferrugem da soja) aos fungicidas, antes de seu uso, é representada pelos círculos verdes na Figura 1. A redução da sensibilidade em uma população torna-se importante quando a frequência das linhagens resistentes aumenta até dominá-la (círculos vermelhos na Figura 2).

Potencial de mutação

Quanto à ferrugem da soja, foram necessárias quatro safras para que fosse expressa a redução da sensibilidade aos fungicidas inibidores da delimitação (IDMs). Essa diferença em tempo pode ser explicada pela área cultivada com soja e, principalmente, pelo potencial de reprodução do fungo. É inimaginável a pressão de seleção na direção


Cultivar

da resistência quando se considera que a área de soja tratada com fungicidas foi superior a 26 milhões de hectares e com média de três aplicações/ha. Para que se tenha uma ideia concreta do potencial de mutação de Pp, que é proporcional ao potencial de esporulação, apresenta-se o seguinte cálculo (Veja box). É fato comumente observado que em uma lavoura de soja severamente atacada pela ferrugem, quando se bate nas plantas com as mãos, levanta uma nuvem de esporos.

O que nos aguarda no futuro?

Que estratégias poderiam ser exploradas para preservar a vida útil dos fungicidas? Tem-se, no momento, fungicidas com dois mecanismos de ação sítio específico, os IDMs (inibidores da delimitação) e os Inibidores da Quinona externa (IQes), somados, recentemente, aos ISDHs, também de sítio específico. Por quantos anos os fungicidas de sítio específico, usados isoladamente ou em misturas entre eles, manterão sua eficiência? • Aumentar a dose dos IDMs - Praticamente não deve ser econômico e tende a agravar mais ainda a redução da sensibilidade, considerando que o fungo pode se adaptar ao novo patamar de concentração do fungicida. • Explorar a seleção estabilizadora. Seleção direcional. É a seleção em direção à resistência do fungo a um fungicida. Ocorre quando se usa fungicida de sítio específico em uma grande área, com várias aplicações no ciclo da cultura e por vários anos (exemplo: uso de IDMs em 26 milhões de ha/quatro anos/três aplicações/ha/safra). Seleção estabilizadora. É a seleção em direção à volta da população resistente à população original sensível. Ocorre quando se remove a pressão direcional, isto é, quando é suspenso o uso do fungicida que exerceu a

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pressão de seleção direcional. Essa estratégia consistiria em se retirar de uso, por exemplo, os IDMs responsáveis pela seleção direcional na primeira fase, por um determinado período, até que a população sensível retorne a dominar a cena. Todos os produtores fariam isso imediatamente? Alguns seriam resistentes e continuariam a usar os IDMs? A pressão de venda não falaria mais alto? Somente seriam utilizadas misturas de ISDHs com IQes. Mas isso não agravaria a pressão de seleção sobre os novos ISDHs, pois os IQes não resistiram? Os ISDHs resistiriam à seleção direcional por mais tempo do que os IDMs e IQes resistiram? São fatos imprevisíveis que só o futuro responderá. Usar fungicida com mecanismo de ação bioquímico multissítio. Não utilizar isolada-

mente ou em misturas dois fungicidas com mecanismo de ação sítio específico (exemplo: IDM + IQe ou ISDH + IQe), mas sim o multissítio contra os quais há menor ou nenhum risco de a adaptação do fungo resultar em mutante resistente (Frac, 2010; Frac Code List, 2012). Os fungicidas multissítio podem ser fortes aliados na defesa da soja contra a ferrugem. A vantagem dos fungicidas multissítio é o baixo ou a ausência de risco de resistência (Frac Code List, 2012), como tem demonstrado seu uso em hortifruticultura. Tais fungicidas poderiam ser adicionados a qualquer mistura, independentemente do percentual de melhora do seu desempenho em controlar a ferrugem. A adição de fungicidas protetores multissítio (exemplo: ditiocarbamatos e/ou cloronitrilas) na luta contra a resistência de fungos a fungicida não é uma estratégia nova. Esses produtos têm sido acrescentados às misturas para reforçar o manejo da resistência e ampliar o espectro de ação de fungicidas de sítio específico. Provavelmente, para estabilizar o controle da ferrugem da soja a mesma estratégia usada desde há muito tempo no controle da requeima da batateira e do tomateiro possa agora ser empregada no manejo químico da FAS. Serve de exemplo a mistura de mancozebe com parceiros como o benalaxil, cimoxanil, dimetomorfo, famoxadona, fenamidona, fosetilaluminio, iprovalicarbe, mandipropamida, metalaxil e zoxamida (Gullino et al, 2010). C Erlei Melo Reis, OR Melhoramento de Sementes

Cálculo do potencial de mutação • uma lesão foliar da ferrugem contém de 12,6 a 14 urédias; • a área de uma lesão é de 1,43mm2 a 2,01mm2; • o número de esporos produzidos/ lesão em 39 dias variou de 2.028 a 6.268, com média de 4.021; • uma lesão produz esporos por 39 dias (vida da lesão); • 1µg (ou 0,001mg) contém 400 esporos; • 1mg contém 400 mil (ou 4 x 106) esporos; • 40 lesões/cm2 do folíolo (na Universidade de Passo Fundo foi contado até 200); • área de um folíolo de 60cm2 (pode ter até 90cm2); • número de lesões/folíolo (40 x 60),

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2.400; • um folíolo de 60cm2 pode produzir (2.400 x 4.021) 9.650.400 esporos; • ou transformando, um folíolo pode produzir 0,24126g de esporos; • número de folíolos/planta de 150 (pode ter até 203); • uma planta (150 folíolos) pode produzir 3,6189g de esporos; • um ha tem 300 mil plantas; • um ha pode produzir 1.085,67kg de esporos em 39 dias; • multiplicando 39 x 2 (duração do ciclo vegetativo) x 26 milhões de ha, qual a necessidade de caminhões para o transporte dos esporos produzidos na soja brasileira numa safra? Fonte: Melching et al (1979) e Reis et al (2006)



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Revestimento protetor

Fotos Kimberlit Agrociências

Produto desenvolvido pela Kimberlit contém aditivos que protegem a ureia das principais perdas que ocorrem no processo de adubação, o que permite a oferta progressiva de nutrientes, ajustada à demanda das plantas durante o seu ciclo, com ganhos econômicos e ambientais

É

crescente a preocupação de produtores e agências de fomento sobre o futuro e uso dos recursos naturais não renováveis, em especial dos fertilizantes agrícolas, sendo este tema recorrente em seminários, palestras e cursos voltados a estes públicos. Analisando a participação de cada insumo e operação agrícola sobre o custo de produção das grandes culturas, observa-se que a adubação corresponde a valores próximos a 30% para o milho, soja e citros e 25% para o algodão e a cana-de-açúcar. E se considerada a elevada dependência do Brasil ao mercado externo de fertilizantes (que chega a 54% para o nitrogênio, 76% para o fósforo e 94% para o potássio), a preocupação se estende ainda mais com o uso racional destes produtos. Especialmente em relação ao N, existem diferentes fontes disponíveis ao agricultor, sendo a ureia a mais utilizada no Brasil, com a desvantagem de apresentar elevadas perdas de N por volatilização e lixiviação, podendo causar prejuízos ambientais através da lixiviação de nitrato e emissão de N2O (óxido nitroso), um dos maiores causadores do efeito estufa. Com a crescente demanda por fertilizantes nitrogenados, principalmente nos países em desenvolvimento, se faz necessário o trabalho constante para que haja suprimento adequado e que o passivo ambiental do uso

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destes fertilizantes seja racional. Se o desafio das próximas décadas é produzir alimentos de origem animal e vegetal sem impactos negativos sobre os ecossistemas e manter a qualidade de vida, alguns especialistas já apontam para algumas estratégias, como, por exemplo, o aumento da eficiência de uso dos fertilizantes, através de novas tecnologias. Com base nestes problemas, cresceu durante a década passada o estudo de polímeros que têm como finalidade a proteção dos fertilizantes buscando a minimização das perdas que ocorrem em cada elemento. Neste sentido, a Kimberlit Agrociências foi uma das empresas pioneiras, que depositou suas fichas no estudo e na elaboração de polímeros voltados para este fim, obtendo resultados animadores nas principais culturas de interesse agronômico. Destes estudos surgiu o Kimcoat N, tecnologia desenvolvida pela Kimberlit composta de camadas de aditivos minerais e polímeros. Os aditivos presentes no produto protegem a ureia das principais perdas que ocorrem no processo de adubação, permitindo uma oferta de nutrientes progressiva, ajustada à demanda das plantas durante o seu ciclo. O processo de perda por volatilização de amônia consiste na passagem da amônia presente no solo à atmosfera (Diest, 1988), conforme a seguinte relação: NH4+ + OH(aquoso) → H2O + NH3- (gás). O NH3-

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perdido por volatilização será proveniente da mineralização da matéria orgânica ou do fertilizante aplicado, sendo esse o fenômeno mais intenso mediante aumento no pH do solo (Melo, 1978). A volatilização de amônia é um processo rápido que ocorre na semana seguinte da aplicação de N (Diest, 1988). A ureia aplicada é rapidamente hidrolisada em dois ou três dias (Byrnes, 2000). Assim, quando a ureia é aplicada ao solo, o processo de perda N-NH3- por volatilização envolve inicialmente a hidrólise por meio da urease, que é uma enzima extracelular produzida por bactérias, actinomicetos e fungos do solo ou, ainda, originada de restos vegetais (palhada). As perdas podem chegar a 80% em situações mais extremas, como no caso da adubação de cobertura para culturas como arroz, cana-deaçúcar, citros e milho. A tecnologia Kimcoat N atua na diminuição da atividade da urease, enzima responsável pela quebra da ureia à amônia NH3- como pode ser observado na Figura 1, reduzindo as perdas de N. Já a perda por nitrificação, caracteriza pelo processo realizado por bactérias no solo responsáveis pela passagem do amônio (NH4+) a nitrito (NO2-) e a nitrato (NO3-), que é passível a perdas por lixiviação, visto que nos solos tropicais brasileiros há o predomínio de cargas negativas nos coloides do solo. Neste processo, a tecnologia do produto age sobre a redução da


Polímeros são utilizados para a proteção de fertilizantes com o objetivo de minimizar a ocorrência de perdas durante o processo de adubação

atividade das bactérias nitrificadoras, mantendo o nitrogênio na forma amoniacal (Figura 2), reduzindo a lixiviação e gerando economia metabólica para a planta, que gastará menos energia para a transformação do nitrogênio em grupamentos amina ou amino, que serão incorporados aos esqueletos de carbono, sintetizando aminoácidos, proteínas, enzimas e hormônios vegetais. E, por último, a desnitrificação consiste na transformação biológica do nitrato (NO3-) a óxidos nitrosos (N2O, NO), em ambientes anaeróbios, problema especial para a cultura do arroz irrigado por inundação ou solos compactados submetidos à ocorrência de fortes chuvas.

A soma destes benefícios dá ao produto a segurança necessária para que o produtor consiga trabalhar com um fertilizante de maior eficiência, resultando em ganhos de produtividade, além de outros benefícios relacionados à logística e à mão de obra. Exemplificando os inúmeros e constantes resultados positivos do uso da tecnologia Kimcoat, cita-se a seguir (Figura 3) a resposta da cultura do milho submetida a três doses de nitrogênio (0, 45 e 67,5kg/ha) e duas fontes deste elemento, a ureia e o Kimcoat N (ureia revestida com polímeros). Quando se comparam os resultados, observa-se que o milho apresentou produtividade superior com a tecnologia de revestimento, fazendo

jus aos benefícios proporcionados por esta técnica. Estes resultados vêm ao encontro da necessidade socioambiental global, caracterizada pelo aumento da eficiência do uso dos fertilizantes. Portanto, a utilização de fertilizantes nitrogenados revestidos caracteriza-se em uma tecnologia que objetiva melhorar a eficiência e o aproveitamento do nutriente aplicado, gerando benefícios de maior segurança no uso C do fertilizante nitrogenado. Juscelio Ramos de Souza, Kimberlit Agrociências Gustavo Spadotti Amaral Castro, Embrapa Amapá

Figura 1 - Efeito do revestimento da ureia sobre a volatilização de N. Uberlândia Figura 2 - Concentração de amônio (NH4+) em função do revestimento da ureia. (MG) safra 2010 Cabral & Polito, (2010)

Figura 3 - Efeito do revestimento da ureia sobre a produtividade de grãos de milho P30F53 HX, Uberlândia (MG), safra 2010

O uso de fertilizantes nitrogenados revestidos tem por objetivo melhorar a eficiência e o aproveitamento do nutriente aplicado

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Plantas daninhas

Voluntárias indesejadas

Fotos Pedro Christoffoleti

O controle de plantas tigueras de milho, soja e algodão, em grande parte oriundas de cultivos resistentes a glifosato, é um dos novos desafios presentes em lavouras produtoras de grãos e de fibras no Brasil. Herbicidas seletivos são importante ferramenta para a realização do manejo

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P

lantas cultivadas, que infestam culturas em sucessão, são consideradas daninhas, e chamadas na prática de voluntárias. Em condições favoráveis de sucessão de cultivos, qualquer cultura pode se tornar planta voluntária na cultura subsequente. As perdas causadas pelas plantas voluntárias nas culturas em sucessão não são apenas observadas na produtividade, mas também na qualidade industrial da matéria-prima, dificuldade nas operações de colheita e transporte. O problema das plantas voluntárias é agravado quando a sucessão de cultivos ocorre entre culturas tolerantes ao glifosato, exigindo diversificação de medidas de controle, especialmente de herbicidas. Sendo assim, este é um dos novos desafios que estão surgindo no cenário da agricultura brasileira, uma vez que plantas voluntárias estão se tornando novas inimigas das lavouras de produção de grãos e fibras. Apesar dos benefícios trazidos pelas tecnologias de culturas tolerantes ao glifosato, alguns problemas também estão sendo gerados e requerem atenção do produtor. Muitas vezes, por conta de ocasionais perdas de colheita ou excesso de maturação dos órgãos reprodutivos, perdas de grãos das culturas comerciais acabam ocorrendo e estas plantas são deixadas no campo. Assim, por não germinarem de maneira constante, podem dar origem a plantas denominadas tigueras ou voluntárias resistentes ao glifosato, vindo a interferir na cultura subsequente, causando perdas. Muitas vezes, o produtor não tem informações precisas da quantificação das perdas que as plantas voluntárias acarretam, mas os valores são bem preocupantes, principalmente porque plantas cultivadas têm vigor maior que muitas plantas daninhas. No caso de voluntárias de milho resistente ao glifosato tem sido observadas perdas significativas na produtividade de soja a partir da infestação de 6,5 plantas voluntárias/m2. Em pesquisa realizada nos EUA foi relatado que a ocorrência de 50 plantas voluntárias por hectare de soja cultivada pode reduzir até 12% da produção total da lavoura. Atualmente, um dos fatores que intensificaram a necessidade do controle de plantas voluntárias foi o aumento expressivo do cultivo em sucessão, a exemplo do plantio do algodão em segunda safra (safrinha), logo após a colheita da safra de


Tabela 1 - Principais herbicidas seletivos para controle do milho, soja e algodão voluntários, nas culturas de soja, milho e algodão, respectivamente. Plantas voluntárias Soja Milho Algodão Pré* Pós** Pré Pós Pré Pós Soja ----Sem opção Clethodin, haloxyfop, sethoxydin, tepraloxydin, fluazifop-butil e quizalofop-butil Sem opção Amônio glufosinato***, lactofen, flumioxazin e fomesafen Milho Atrazina Tembotrione, atrazina mestotrione e 2,4-D**** ----Atrazina Mesotrione, Amônio glufosinato***** e 2,4-D**** Algodão Diuron Trifloxysulfuron sódio, Pyrithiobac e amônio glufosinato*** Diuron Clethodin, haloxyfop, tepraloxydin, fluazifop-butil e quizalofop-butil ----Culturas

*Herbicidas aplicados em condições de pré-emergência; **Herbicidas aplicados em condições do pós-emergência; ***para o caso da cultura ser tolerante ao amônio glufosinato; ****Observar o estádio adequado da cultura de aplicação para evitar fitotoxicidade; ***para o caso da planta voluntaria não ser tolerante ao amônio glufosinato

soja. Essa estratégia utilizada por muitos produtores é vantajosa na redução do ciclo e no porte do algodoeiro, resultando na redução do uso de insumos e maior rentabilidade comparada às outras opções para a segunda safra. Entretanto, junto à emergência do algodão cultivado em segunda safra, é comum a ocorrência de plantas voluntárias de soja, levando a prejuízos para o desenvolvimento desta cultura, devido à interferência inicial. Como a taxa de crescimento inicial da soja é mais rápida que a do algodão, as plantas voluntárias provocam sombreamento, reduzindo a taxa fotossintética destas plantas e estimulando o seu estiolamento. E, ainda, devido às poucas opções de herbicidas indicados para folhas largas registradas para essa cultura, a soja pode se tornar uma planta daninha de difícil controle no algodão. Outro problema que intensificou a necessidade de controle de plantas voluntárias foi a dificuldade de realizar práticas culturais como “vazio sanitário”, que tem por objetivo reduzir a incidência de pragas e de inóculos, por meio de um período instituído na entressafra em que não deve haver a presença de plantas emergidas. A presença de soja voluntária na entressafra, por exemplo, serve de hospedeira para a sobrevivência do inóculo e multiplicação do fungo da ferrugem asiática, doença que tem causado danos significativos nas lavouras. As plantas voluntárias de algodão também apresentam problemas associados à ausência de vazio sanitário, uma vez que a presença de tiguera em meio ao seu cultivo favorece incidência de pragas, como o bicudo do algodoeiro. Para que as voluntárias sejam controladas logo no início do cultivo de novas safras, evitando qualquer tipo de perda por matocompetição, os herbicidas aplicados em condições de pré e pós-emergência das plantas daninhas, com mecanismos de ação distintos do glifosato, são as principais alternativas de manejo. Os pré-emergentes têm sido usados com vantagem, pois po-

dem ser aplicados sobre o sistema de plantio direto, dispensando sua incorporação. Além disso, pelo seu período residual, evita que ocorram muitas reaplicações, economizando tempo, combustível e maquinário, além de evitar a compactação do solo. Os principais cuidados que se deve ter com esse tipo de herbicida estão relacionados à sua seletividade, de modo a prevenir injúria na cultura comercial. O manejo com herbicidas de pósemergência deve ser feito quando as voluntárias ainda estão nos primeiros estádios de desenvolvimento, de três a cinco folhas (V3 a V5). Caso o controle seja realizado tardiamente será necessária a aplicação de um graminicida (no caso do milho voluntário). Quanto às plantas voluntárias em soja e algodão, cujo controle é mais complicado devido à menor seletividade de herbicidas para essas culturas, o controle deve ser nos

primeiros estádios de desenvolvimento. Notificados os problemas que as plantas voluntárias podem causar e a medida com que eles vêm se intensificando, o controle dessas plantas se tornou uma medida legislativa obrigatória em diversos estados da federação. Fato que evidencia a importância de se investigar e avaliar possíveis alternativas de controle para plantas tigueras, especialmente aquelas resistentes ao glifosato. Considerando as três culturas anuais mais importantes no Brasil, soja, milho e algodão, e levando em conta que a sucessão/rotação pode ocorrer em todas as combinações possíveis, destacam-se os principais herbicidas recomendados C (Tabela 1). Pedro Jacob Christoffoleti e Marcelo R. Alves de Figueiredo, Esalq

No plantio de soja em sucessão ao milho, plantas da cultura antecedente podem prejudicar o desenvolvimento da lavoura

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Algodão

Tratamento preventivo Charles Echer

O tombamento de plântulas, causado por Rhizoctonia solani, está amplamente disseminado no Brasil, principalmente nos cerrados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Bahia. Provoca danos severos na fase inicial de estabelecimento da lavoura, por reduzir a população de plantas e, em alguns casos, exigir a ressemeadura. Tratar as sementes com fungicidas é uma das saídas para realizar o manejo dessa doença

A

cultura do algodoeiro é atacada por grande número de doenças fúngicas. Com o incremento da área de plantio de algodão no Brasil, tem-se observado aumento significativo dos problemas fitossanitários, principalmente aqueles relacionados à ocorrência de doenças na fase inicial de desenvolvimento da cultura. As perdas em rendimento provocadas pela incidência de doenças nas plantas variam, entre outros fatores, conforme a cultura, o tipo de patógeno, a localidade, as condições ambientais, a suscetibilidade da cultivar e as medidas de controle empregadas. Considerando-se estes aspectos, é difícil dizer em que medida uma planta poderia tolerar uma doença, sem sofrer perdas significativas na produtividade. A intensidade da perda na produção é determi-

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nada, geralmente, pela época em que ocorre a infecção e pelo órgão afetado na planta. Se por um lado a cotonicultura vem garantindo lucro a seus produtores, por outro, muitos ainda precisam pesar os riscos desta atividade antes de se aventurarem no plantio. A incidência de doenças está entre os fatores que mais causam prejuízos aos produtores mais desavisados e, se não controladas eficientemente, pode resultar em perdas incalculáveis na lavoura. As doenças iniciais do algodoeiro, principalmente aquelas causadas por Rhizoctonia solani, como o tombamento de plântulas e a mela, estão amplamente disseminadas no Brasil, principalmente nas regiões dos cerrados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Bahia, causando

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danos significativos na fase inicial de estabelecimento da lavoura, pela redução da população de plantas e, às vezes, pela necessidade de ressemeadura – que sempre é muito cara, representando 6,44% do custo de produção. Os níveis de danos causados por estas doenças são dependentes de diversos fatores; porém, nas condições do Brasil, o que mais tem favorecido a sua ocorrência é a monocultura do algodoeiro associada ao preparo intensivo do solo (que facilita a dispersão do fungo), o que frequentemente favorece situações de alagamento e encharcamento, contribuindo para o aumento do potencial de inóculo do patógeno na área. A utilização de sementes com baixo vigor, associada ao plantio em épocas favoráveis à ocorrência desta enfermidade, é também fator que predispõe ao ataque de R.


Fotos Augusto Goulart

O fungo Rhizoctonia solani provoca lesões deprimidas e de coloração marrom-avermelhada no colo e nas raízes das plântulas de algodão

solani que deve ser considerado. De todas as doenças que atacam o algodoeiro, o “tombamento” é considerado uma das principais, podendo causar grandes prejuízos, relacionados principalmente a falhas no estande, o que pode levar à necessidade de ressemeadura. Esta doença é causada por um complexo de fungos do solo e da semente, cujas espécies podem variar grandemente de um lugar para outro. Entretanto, o principal agente causal do tombamento de plântulas no Brasil é Rhizoctonia solani Kuhn, grupo de anastomose (AG)-4 (teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk), pela frequência que ocorre (mais de 95% dos casos) e pelos danos que causa na fase inicial de estabelecimento da lavoura. Esta doença está amplamente disseminada no Brasil, principalmente nas regiões dos cerrados (onde se encontra 85% do algodão cultivado no Brasil) dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Bahia. Ocorre na fase de plântula (tombamento de pós-emergência) e ataca as sementes por ocasião da germinação (tombamento de pré-emergência). Para se ter ideia da importância que esta doença assume nesse contexto, alguns dados levantados sobre perdas devido a sua ocorrência surpreendem. Na Califórnia, segundo dados oficiais, foram perdidos anualmente, no período de 1991 a 1993, em torno de 12.733 toneladas de algodão, devido ao tombamento. Nos EUA, em 1995, estimou-se redução na produtividade do algodoeiro devido às doenças iniciais da ordem de 180 mil toneladas. Na Califórnia, neste mesmo ano, estas perdas foram estimadas em 17.850 toneladas, maiores que aquelas registradas em anos anteriores. Nos últimos dez anos, nos EUA, estimativas de perdas têm revelado valores médios de 2,8% por ano. Até o momento, não foram levantados dados desta natureza no Brasil.

O fungo Rhizoctonia solani

R. solani é um parasita necrotrófico, habitante natural do solo. É um fungo polífago, pois ataca diversas espécies vegetais. R. solani pode ser transmitido pelas sementes, porém,

raramente isto ocorre, motivo pelo qual a semente não é considerada a principal fonte de inóculo desse patógeno. Esse fungo, estando presente no solo e/ou nas sementes, além de ocasionar perdas significativas na fase de plântulas (falha no estande), pode servir ainda como inóculo para culturas subsequentes. Os sintomas caracterizam-se inicialmente pelo murchamento das folhas com posterior tombamento das plântulas. Este fungo provoca lesões deprimidas e de coloração marromavermelhada no colo e nas raízes das plântulas de algodão. De todas as práticas recomendadas para o controle das doenças iniciais do algodoeiro, o tratamento das sementes com fungicidas eficientes assume papel primordial, sendo considerado, até o momento, a principal medida a ser adotada e a opção mais segura e econômica (representa apenas 0,17% do custo total de produção) para minimizar os efeitos negativos destas doenças. Trata-se de prática indispensável quando se reduz a quantidade de sementes na semeadura, com vistas a eliminar a operação de desbaste, sendo reconhecida em todo o mundo como uma medida das mais eficazes e convenientes, tornando-se cada vez mais difundida e adotada em esquemas de controle integrado de doenças do algodoeiro.

Fungicidas e tratamento de sementes

A cada ano, diversos fungicidas são testa-

dos com o objetivo de verificar sua eficiência no controle destas doenças. A performance desses produtos depende da população desses fungos no solo, ou seja, é influenciada pela pressão de inóculo do patógeno no solo e também pelas interações com outros fungos, o que pode evidenciar um controle biológico. Igualmente, a suscetibilidade das cultivares também poderá influenciar nos benefícios do tratamento de sementes com fungicidas. Por outro lado, os benefícios do tratamento de sementes de algodão com fungicidas são menos evidentes em áreas onde a densidade de inóculo do patógeno é relativamente baixa ou quando as condições de umidade e temperatura do solo são ideais a uma rápida germinação e emergência. Entretanto, deve-se considerar que, até o momento, não se tem evidências de que o uso de fungicidas em tratamento de sementes com ação específica contra R. solani possa ser dispensado em áreas com histórico de ocorrência deste patógeno. Deve-se ressaltar que o efeito principal do tratamento de sementes com fungicidas é observado na fase inicial do desenvolvimento da cultura, ou seja, no máximo entre dez e 12 dias após a emergência. Nesse período, ocorre eficiente proteção do algodoeiro, obtendo-se populações adequadas de plantas em função da uniformidade na germinação e emergência. Entretanto, é necessário destacar também que, caso as condições climáticas sejam favoráveis após este período de proteção, alguns fungos

Tabela 1 - Emergência inicial e final e tombamento de pré e pós-emergência causado por Rhizoctonia solani em função dos diferentes tratamentos fungicidas aplicados às sementes de algodoeiro. Embrapa Agropecuária Oeste. Dourados (MS) Tratamentos Tolylfluanid+pencycuron+triadimenol Azoxystrobin+fludioxonil+mefenoxan Carboxin+thiram PCNB Pencycuron Carbendazim+thiram Testemunha não inoculada Testemunha inoculada Média C.V. (%)

Dose i.a./100kg de sementes 100+75+40 30+5+15 140+140 250 75 90+210 -

Emergência de plântulas (%) Final Inicial 88,5 b 90,0 a 88,0 b 90,0 a 83,0 c 89,0 a 82,5 c 89,0 a 82,0 c 88,0 a 66,5 d 75,0 b 92,0 a 92,0 a 29,5 e 47,0 c 76,50 82,50 9,08 10,31

Tombamento de plântulas (%) Pré-emergência Pós-emergência 1,7 d 2,2 e 2,2 d 2,2 e 6,7 c 3,4 d 7,3 c 3,4 d 6,8 c 4,3 c 11,3 b 18,9 b 0,0 e 0,0 f 37,2 a 49,2 a 9,15 10,42 16,40 15,82

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente entre si. (Duncan, 5%).

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Fotos Augusto Goulart

Os sintomas caracterizam-se inicialmente pelo murchamento das folhas com posterior tombamento das plântulas

poderão se instalar nas plântulas de algodoeiro – o que é normal – em decorrência da perda do poder residual dos fungicidas, não significando que o tratamento foi ineficiente. O tratamento de sementes com fungicidas tem por objetivos principais erradicar ou reduzir, aos mais baixos níveis possíveis, os fungos presentes nas sementes; proporcionar a proteção das sementes e plântulas contra fungos do solo; evitar o desenvolvimento de epidemias no campo; promover uniformidade na germinação e emergência; proporcionar maior sustentabilidade à cultura pela redução de riscos na fase de implantação da lavoura e promover o estabelecimento inicial da lavoura com uma população ideal de plantas. A ação combinada de fungicidas sistêmicos com protetores tem sido uma estratégia das mais eficazes no controle de patógenos das sementes e do solo, uma vez que o espectro de ação da mistura é ampliado pela ação de dois ou mais produtos. Desse modo, verificam-se melhores emergências de plântulas no campo e melhores índices de controle do tombamento com a utilização de misturas disponíveis, em comparação ao uso isolado de um determinado fungicida. Ressalta-se, ainda, que, com o uso das misturas, evita-se, em grande parte, o surgimento de populações resistentes entre os patógenos. Até recentemente, o uso de fungicidas tinha por objetivo exclusivamente o controle de fitopatógenos. Com o lançamento das estrobilurinas e com a evolução deste grupo de produtos químicos, o conceito de controle ganhou novas perspectivas, devido à comprovação de influências diretas advindas da utilização desses produtos em processos fisiológicos de plantas não infectadas. A essa atividade, denominou-se “efeito fisiológico”, conhecido nas fases vegetativa e reprodutiva, saindo do conceito puro e simples do tratamento de sementes para um conceito de robustez da planta. O tratamento químico de sementes com fungicidas, do ponto de vista de manejo integrado de doenças, é um dos métodos mais simples, de baixo custo e resulta em reflexos altamente positivos para o aumento da produtividade da cultura.

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Quando a questão ambiental é analisada, há, ainda, vantagem de não alterar a biologia do solo, pois a quantidade por hectare é mínima, sendo rapidamente diluída e degradada no solo. Além disso, dentre os demais defensivos, os fungicidas são os que apresentam o menor impacto negativo no ambiente. Quando comparado com as demais práticas de controle (pulverização foliar = distribuição do produto em 10.000m2/ha e granulados no sulco de plantio = aplicação em 500m2/ha), o tratamento das sementes com fungicidas apresenta a vantagem de a quantidade de produto utilizado corresponder à aplicação em apenas 55m2/ha (o que significa uma aplicação localizada de baixas doses/ha). Na Tabela 1 pode-se observar a eficiência de diferentes fungicidas no controle do tombamento de plântulas causado por R. solani. O ensaio foi conduzido na casa de vegetação da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, Mato Grosso do Sul. Sementes não tratadas e tratadas com os fungicidas foram semeadas em areia contida em bandejas plásticas, dispostas em orifícios individuais, equidistantes e a 3cm de profundidade. A inoculação com R. solani AG 4 foi feita utilizando-se 5g do inóculo do fungo/bandeja, distribuídos de forma homogênea na superfície do substrato. O fungo foi cultivado por 35 dias em sementes de aveia preta autoclavadas e trituradas em moinho (1mm). Foi observado efeito significativo do tratamento fungicida na emergência inicial e final de plântulas, bem como no controle do tombamento de pré e pós-emergência do algodoeiro, com os melhores resultados sendo obtidos pelos tratamentos tolylfluanid + pencycuron + triadimenol e azoxystrobin

Plântula atacada pelo tombamento na fase de pós-emergência

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+ fludioxonil + mefenoxan, seguidos de carboxin + thiram, PCNB e pencycuron. O fungicida menos eficiente foi o carbendazim + thiram. O fungo R. solani pode causar tombamento de pré e pós-emergência, o que foi observado nas condições do presente ensaio. A avaliação da porcentagem de emergência final de plântulas (26 DAS), reflete a eficiência dos fungicidas na proteção contra o ataque de R. solani, bem como a capacidade de manutenção do estande, no sentido de evitar o tombamento de pós-emergência causado por este patógeno. O efeito drástico do patógeno pode ser observado quando se comparam os resultados obtidos nas testemunhas com e sem inoculação. Os melhores resultados com relação às variáveis estudadas foram obtidos com a utilização de misturas de fungicidas (à exceção do tratamento carbendazim + thiram) em comparação ao uso isolado de um determinado produto, o que também pode ser observado na Tabela 1. Os resultados observados demonstraram a fitocompatibilidade com o algodoeiro de todos os fungicidas utilizados, não sendo observados quaisquer tipos de sintomas nas plântulas que revelassem a presença de efeitos fitotóxicos advindos da utilização desses produtos, tais como aparecimento de plântulas com folhas deformadas e retorcidas ou até mesmo atraso na emergência. Relacionado a esse último aspecto, deve-se considerar que a semeadura foi realizada em condições ideais de temperatura e umidade do solo e também em profundidade adequada C (3cm a 5cm). Augusto César Pereira Goulart, Embrapa Agropecuária Oeste

Falhas no estande provocadas pela doença podem levar à necessidade de ressemeadura



Empresas

Novo fungicida

Syngenta lança produto para o controle de complexo de doenças em soja, com foco especialmente em ferrugem asiática, durante a Expodireto Cotrijal, no Rio Grande do Sul Fotos Cultivar

das ações que integram a iniciativa global da empresa, batizada de The Good Growth Plan, cujas metas incluem esforços para o aumento da produção de alimentos. “Ajudar a aumentar em 20% a produtividade da soja no Brasil, até 2020, é um compromisso público que assumimos”, disse o diretor geral da Syngenta no Brasil, Laércio Giampani. O gerente de Produtos Fungicidas da Syngenta, Léo Zappe, explicou que o produto tem obtido excelentes resultados no combate à ferrugem asiática. “Elatus proporciona bloqueio perfeito de respiração do fungo. Com pequenas doses é possível altíssimo nível de controle”, garante. O produto também se soma às ferramentas para o manejo de resistência de fungos a fungicidas. “Além de possuir dois modos de ação, conta com dois ingredientes ativos, mas deve ser usado dentro de um programa integrado de controle de doenças, de uma combinação de ferramentas. Elatus chega para fortalecer esse manejo, junto com outros produtos como o Priori Xtra”, frisou o diretor de Soja da Syngenta, André Savino. A estimativa do fabricante é de que o produto esteja disponível aos agricultores C de todo o país na próxima safra.

A

Syngenta realizou em março, durante a Expodireto Cotrijal, no Rio Grande do Sul, o lançamento oficial do fungicida Elatus. Registrado para o controle do complexo de doenças em soja, o produto possui foco especialmente no combate à ferrugem asiática, um dos piores pesadelos enfrentados pelos sojicultores brasileiros. Desenvolvido especificamente para o Brasil, o defensivo combina a molécula Solatenol com o fungicida Amistar. Entre os diferenciais do fungicida, citados pelo fabricante, estão aumento de até quatro sacas por hectare em produtividade, maior proteção, efeito guardião por proteger a folha de soja por dentro e por fora, efeito residual de até sete dias a mais, duplo bloqueio da respiração do fungo e agilidade na paralisação do fungo em apenas 48 segundos. O lançamento do fungicida faz parte

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Zappe, Giampani e Savino participaram do lançamento do produto durante a Expodireto, no Rio Grande do Sul

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Coluna ANPII

Ganho ambiental Além do aumento de produtividade e dos consequentes reflexos econômicos, a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) tem papel importante na preservação do ambiente

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urante vários anos temos publicado artigos em Cultivar Grandes Culturas mostrando as vantagens agronômicas da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN), sua importância econômica, seja diretamente para o agricultor, aumentando a produtividade, seja para o país, reduzindo importação de fertilizantes nitrogenados. Mas um aspecto tão ou mais importante desta tecnologia é seu

grandes quantidades de combustível fóssil (petróleo, gás, carvão), com todo seu poder poluidor. Entretanto, além da poluição gerada pela produção de fertilizantes nitrogenados, há que se considerar o transporte de todo este material pelas já supersaturadas e muito mal cuidadas estradas brasileiras. Para transportar toda esta quantidade de fertilizantes, seriam necessárias cerca de 570 mil viagens de caminhão com

milho, trigo, algodão sem o uso de fertilizantes nitrogenados. Mas no caso das leguminosas, onde há uma fonte muito mais eficaz, sob todos os pontos de vista, o inteligente, o tecnologicamente correto, é o uso da fixação biológica do nitrogênio. Por toda esta importância a FBN foi inserida como um dos cinco eixos estratégicos do Programa ABC do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), programa

Hoje se busca uma agricultura não somente altamente produtiva, mas, também, que seja o menos agressiva possível ao ambiente, de forma sustentável ao longo do tempo benefício para o ambiente. Hoje se busca uma agricultura não somente altamente produtiva, mas, também, que seja o menos agressiva possível ao ambiente, de forma sustentável ao longo do tempo. Neste sentido a Fixação Biológica do Nitrogênio cumpre papel brilhante no cenário agrícola mundial e, em especial no agro brasileiro, onde é utilizada em maior volume. Para conferir isto, basta observar que são cultivados no país mais de 28 milhões de hectares de soja, com uma média de produtividade de 3.000kg de grãos por hectare. Partindo do dado científico que para produzir 3.000kg de grãos de soja são necessários 280kg de nitrogênio, chegase à conclusão de que se emprega a astronômica cifra de 7,84 x 106 toneladas (quase 800 mil toneladas) do nutriente para o total da área de soja no Brasil. Transformando isto em ureia, o fertilizante nitrogenado mais utilizado na agricultura, se chega a 1,74 x 107 toneladas (perto de dois milhões de toneladas). E o que isto implica para o ambiente? Uso de

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30 toneladas cada um. Assim, resumindo todas estas operações, sabe-se que para cada quilograma de fertilizante nitrogenado utilizado na agricultura são produzidos cerca de 4kg de gás carbônico. E como a produção de inoculante consome quantidades insignificantes de energia e seu deslocamento requer muito menos movimentação de matérias, pois cada hectare usa no máximo 500g de inoculante, se tem uma imensa economia de energia e drástica redução da emissão de gás carbônico na atmosfera. Portanto, com o uso das bactérias fixadoras de nitrogênio como fonte de nitrogênio para as leguminosas, há uma incomensurável economia de energia, fator vital em um mundo em que as fontes energéticas vão escasseando e tornando-se cada vez mais caras. É necessário, entretanto, deixar claro que a posição aqui definida não implica em condenação ao uso dos fertilizantes nitrogenados, fator de produção essencial para a grande maioria das culturas. Seria inadmissível pensar em cultivar

Abril 2014 • www.revistacultivar.com.br

destinado a mitigar a emissão de gases efeito estufa pela agricultura brasileira. Um amplo programa, de nível nacional, tem por objetivo tornar a agricultura uma atividade sustentável ao longo dos anos, através de práticas agrícolas modernas, compatíveis com o ambiente, mas ao mesmo tempo propiciando elevadas produtividade e rentabilidade para o agricultor. Reforçando ainda o papel fundamental do aporte biológico de nitrogênio na agricultura brasileira e na preservação do ambiente, há o enorme destaque que esta tecnologia merece dos órgãos de pesquisa. O Brasil é o país que mais investe em pesquisas de FBN em todo o mundo, sob o aspecto agrícola. Assim, estes órgãos de pesquisa, juntamente com as empresas de inoculantes e os agricultores brasileiros, contribuem não só para a produtividade das lavouras, mas também para melhorar cada vez mais o ambiente em que se vive. C Solon de Araujo Consultor da ANPII


Coluna Agronegócios

É

Investir em um futuro melhor

de amplo conhecimento que as mudanças climáticas globais constituem o fenômeno que apresenta o maior potencial de afetar a vida no planeta Terra, nas décadas vindouras. Exemplo pálido, porém atual, desse potencial são os extremos climáticos recentes. No Brasil, 2013 encerrou-se com intensa e prolongada precipitação pluviométrica no leste de Minas Gerais e no Espírito Santo, deixando um débito de vidas humanas e prejuízos financeiros. Seguiu-se um longo e severo período de alta temperatura e de déficit hídrico, que assolou o Sul, Sudeste e partes do Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, quebrando recordes históricos registrados há quase um século, ameaçando o fornecimento de eletricidade e de água. Ao Norte, o Rio Madeira atingiu a maior cota da História. No Hemisfério Norte, os Estados Unidos foram assolados por três ondas gélidas em um período de 40 dias, no início de 2014. Em uma delas, o vórtex polar provocou queda de temperatura tão intensa que, no

crescimento futuro e que se ajusta perfeitamente à estratégia de contraposição às causas principais das mudanças climáticas. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que congrega os maiores especialistas do ramo em âmbito mundial, tem demonstrado como causas principais das mudanças climáticas as emissões de gases de efeito estufa e o aumento da sua concentração na atmosfera. A maior contribuição para estas emissões provém do uso de matérias fósseis (petróleo, carvão e gás), cujo carbono foi estocado no subsolo pela natureza, há centenas de milhões de anos, e que, recentemente, tem sido liberado para a atmosfera. Portanto, reduzir o uso desses insumos para emprego energético ou para a indústria química é crucial para limitar a magnitude das mudanças climáticas. Uma economia de base biológica utiliza a biomassa em substituição aos fósseis como insumo energético ou para a indústria de química fina, para a produção de fármacos, de especiarias ou de commodities químicas.

crescimento e baixa demanda de insumos, aparentam ser a alternativa de maior potencial no médio prazo. Obtida a biomassa, o segundo desafio consiste no desenvolvimento de métodos para transformar a biomassa em bens úteis à sociedade. Uma vez mais, os processos de transformação devem estar integralmente lastreados no conceito de sustentabilidade. Inspirar-se na natureza, utilizando ferramentas biotecnológicas de última geração, como a biologia sintética, as ciências ômicas (genômica, proteômica, metabolômica) e a engenharia genética de precisão, juntamente com a nanotecnologia e a tecnologia da informação, entre outras, permitirá desenvolver processos industriais tecnicamente exequíveis e sustentáveis. Para promover a substituição gradual da base fóssil para a base biológica, é fundamental demonstrar à sociedade que seus anseios estão sendo atendidos, em especial no tocante à sustentabilidade. Para tanto, duas ações complementares devem compor o

Obtida a biomassa, o segundo desafio consiste no desenvolvimento de métodos para transformar a biomassa em bens úteis à sociedade norte do estado de Illinois, a sensação térmica aproximou-se de inacreditáveis -60ºC. Na mesma época, a Inglaterra foi assolada por inundações de intensidade sem registro nas séries históricas recentes e o Japão enfrentou nevascas recordes. A Humanidade espera da Ciência soluções que permitam, alternativamente, que os efeitos das Mudanças Climáticas possam ser evitados ou mitigados, ou, ainda, que fórmulas de convivência estejam disponíveis. Atento a este reclamo legítimo da sociedade brasileira – eco do pleito similar da sociedade global – o Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio de sua Agência de Inovação (Capes), organiza, conjuntamente com entidade congênere do governo da Suécia, um Workshop de 7 a 9 de abril, cujo objetivo é a cooperação científica entre os dois países, para enfrentamento das mudanças climáticas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) colabora ativamente para o sucesso dessa iniciativa meritória. No curso do Workshop, lhe compete coordenar o segmento que congrega ações ao abrigo do conceito de economia de base biológica (Biobased Economy). Trata-se de um conceito moderno que possui enorme potencial de

A biomassa inclui a produção dedicada (madeira de florestas cultivadas, pastagens, óleos vegetais etc), resíduos da agricultura ou do processamento de produtos agrícolas (palha, cascas, serragem, cavacos, bagaço, vinhaça, licor negro) ou resíduos orgânicos urbanos (óleos usados, fração orgânica de esgotos, aproveitamento de lixo orgânico). Produzir biomassa em grande quantidade, a custos compatíveis, é um dos desafios a serem enfrentados. À Embrapa compete apresentar soluções, aprimorando cultivos atualmente destinados a outros usos, maximizando a sua produção por unidade de área e de tempo, ou desenvolvendo novas alternativas. Porém, de acordo com a diretriz maior que norteia a geração de inovações na Embrapa, não basta maximizar a produção: ela deve ocorrer com lastro em sistemas de produção e tecnologias intrinsecamente sustentáveis. O futuro também reserva desafios como o aumento da demanda de biomassa, a redução da área disponível, o esgotamento das fontes de nutrientes e a restrição da oferta de água, o que nos obriga a prospectar opções que permitam aumentar a produção com menor uso de área e insumos. As microalgas, pelo seu enorme potencial produtivo, rápido

portfólio de ações das instituições de Ciência e Tecnologia do Brasil e da Suécia, para atingir os objetivos propostos. A primeira ação é a análise do mercado e o uso de inteligência estratégica, para identificar as oportunidades de investimento em inovação. A segunda ação é a análise técnica e econômica, ex-ante e ex-post, dos produtos de base biológica, cotejados com os similares de base fóssil que se pretende substituir. Para tanto, as ferramentas de análise de ciclo de vida são essenciais, demonstrando que a sustentabilidade proposta foi efetivamente atingida. Ao direcionar seus talentos e demais recursos institucionais para entregar à sociedade soluções objetivas para que as mudanças climáticas Globais não afetem a todos nós com a amplitude de impactos previstos nos modelos do IPCC, a Embrapa tem a convicção de que está cumprindo a missão que lhe foi imposta pelos cidadãos C brasileiros. Décio Luiz Gazzoni

O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja

Maurício Antônio Lopes

O autor é pesquisador da Embrapa e, atualmente, seu Diretor Presidente

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Coluna Mercado Agrícola

Vlamir Brandalizze brandalizze@uol.com.br

Safra de verão na reta final de colheita com bons lucros

Os produtores brasileiros estão colhendo as últimas lavouras da safra de verão. O clima foi desfavorável, ou, pelo menos, não pode ser considerado ideal, porque, de uma forma ou de outra, todos perderam parte do potencial produtivo. Mesmo assim o país se encaminha para fechar uma grande safra, com níveis próximos de 87 milhões de toneladas de soja, com cerca de 12 milhões de toneladas de arroz e indicativos de fechamento com menos de três milhões de toneladas de feijão. Há grandes dúvidas sobre o que virá da safra de milho. A primeira safra, que ainda está em colheita, deverá resultar em algo próximo de 28 milhões de toneladas, enquanto as projeções iniciais da safrinha apontavam para patamares de 40 milhões de toneladas. Número este distante de se confirmar porque o plantio se deu com grande atraso, com cerca de 50% das lavouras da safrinha plantadas fora ou além do período considerado ideal para se evitar riscos com a falta de chuvas ou com geadas precoces. Como houve grandes áreas plantadas em março, há indefinições sobre o que vem efetivamente pela frente. Além deste fator, houve redução do plantio do milho safrinha em favor de áreas de soja safrinha, trigo, sorgo, girassol e até mesmo feijão. Desta forma o Brasil entra em um ano em que ainda não se sabe se haverá milho para atender ao mercado interno ou se terá excedentes, como nos anos anteriores, para exportar grandes volumes. O fato é que as cotações dos grãos estão lucrativas para os produtores, que perceberam que apostar em boa tecnologia é “meio caminho andado” para obter lucros com o agronegócio. Os últimos dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontaram que há aperto no abastecimento mundial de alimentos e o quadro tende a piorar se a crise na Ucrânia se alongar. Tudo indica que o quadro mundial dos alimentos será mais apertado em 2015 do que está sendo mostrado em 2014, o que tende a trazer apelo positivo para as cotações. MILHO

Exportações diminuem de ritmo

O ano começou com as exportações de milho a todo vapor, chegando à casa de três milhões de toneladas em janeiro. Mas em fevereiro, devido à escassez do cereal no mercado interno e forte queda no plantio de verão, os números despencaram para a casa de um milhão de toneladas. Não por que as cotações estivessem baixas, visto que os indicativos nos portos variaram de R$ 28,00 a até R$ 32,00 por saca. A queda se deu em função da redução das ofertas. Segundo os compradores, nos portos, o milho sumiu. Os compradores das indústrias, por sua vez, corriam atrás do milho de lavoura e para conseguir recebê-lo via balcão passaram a pagar valores próximos dos indicativos dos lotes livres, não descontando Funrural. Houve, até mesmo, casos de empresas não descontando a umidade. Com esse cenário o apelo foi de alta e os indicativos seguiram mais fortes com o passar das semanas e se mantiveram em níveis altos, maiores que os registrados no ano passado. E seguem mostrando fôlego para se manter firmes. Os produtores estão capitalizados e deverão usar deste fato para manter as cotações em alta. Somente venderão quando os números lhes forem atrativos e lucrativos.

colheita e já contabilizam perdas na produtividade. Porém, o que se perdeu nos campos pelo clima tem sido compensado no mercado pelas cotações maiores. Os portos, que tinham tudo para trabalhar em níveis de R$ 65,00 a R$ 68,00, agora (com as perdas e novos níveis de mercado internacional) tendem a operar entre R$ 75,00 e R$ 80,00. O mercado de Chicago quebrou algumas resistências, porque as perdas desta safra foram grandes no Brasil e também no Paraguai, além de redução do potencial de colheita da Argentina. No conjunto se perdeu mais de seis milhões de toneladas do potencial produtivo. Este número pode superar o aumento da safra americana com crescimento de área e clima favorável. Assim, as cotações de Chicago furaram a casa de 14 dólares e mostravam fôlego para ir além deste nível e até ultrapassar a marca de 15 dólares. O mercado segue firme e o produtor com fôlego para segurar o grão. Boa parte dos agricultores pretende usar a soja como ativo financeiro e negociar escalonadamente, fato que também será positivo para manter as cotações em alta. feijão

Oferta escasseou e as cotações dispararam

O mercado do feijão, que registrou concentração de colheita em janeiro e cotações em forte queda na temporada, teve um período de baixa Os produtores avançam para o final da muito curto e agora já mostra fôlego positivo. soja

Safra próxima de 87 milhões de toneladas e cotações firmes

Não há grandes ofertas e o pouco produto que aparece está sendo negociado entre R$ 140,00 e R$ 180,00, com espaço para ir além destes números nas próximas semanas para o produto de melhor qualidade da linha do Carioca. Também seguirá mostrando indicativos firmes, entre R$ 130,00 e R$ 160,00, para o feijão Preto, que não terá concorrente até o final de maio, quando entram no mercado os primeiros volumes do feijão argentino. Há pouco espaço para queda e muito fôlego para novos ajustes positivos. arroz

Colheita confirmando boa safra no RS

Os produtores gaúchos estão colhendo as últimas lavouras em abril e a safra deste ano pode ser considerada satisfatória. Houve perdas localizadas, mas plantações em excelentes condições, o que deve resultar em colheita próxima de 8,5 milhões de toneladas. Os produtores estão capitalizados e também cultivaram soja em muitas regiões, o que lhes alavanca o lastro financeiro. Neste momento os indicativos giram nos menores níveis que devem alcançar no ano, com patamares entre os R$ 32,00 e os R$ 35,00. Com boa demanda de gôndola e espaço para trabalharem com tabelas cheias e valores corrigidos, as indústrias poderão bancar níveis maiores ao arroz em Casca. O ano será de ganhos importantes para os arrozeiros, que devem obter bons lucros.

CURTAS E BOAS TRIGO - O mercado do trigo brasileiro passou pela fase de baixa e, agora, com o quadro internacional esquentando, mostra espaço para alta. A crise na Ucrânia complica a vida dos produtores daquele país, que estão em fase de preparo de solo para o plantio, mas não sabem o que terão nos campos nestes próximos meses. Desta forma, o trigo internacional avançou e dará espaço para o produto nacional crescer de agora em diante. Com esse cenário há expectativa de crescimento do plantio brasileiro. algodãO - Os produtores percebem que as cotações futuras serão atrativas e reclamam do clima, que registrou chuvas em excesso no Mato Grosso, o que atrasou o plantio e já compromete parte do potencial produtivo das lavouras. Nas demais regiões as lavouras seguem em desenvolvimento, com crescimento de pelo menos 15% em plantio e com expectativa de safra pelo menos 20% maior. Mesmo assim, a produção poderá ficar abaixo do consumo interno, o que manterá as cotações firmes. china - Os negócios continuam fluindo bem e nestas últimas sema-

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nas os chineses habilitaram novos frigoríficos brasileiros de frangos para exportarem ao mercado chinês. Sinal de que estão buscando alternativas de fornecedores de alimentos e se aliando ainda mais ao Brasil, que tem lhes garantido abastecimento de soja e tende a ser grande parceiro em outros grãos e carnes. mercosul - Os produtores do Paraguai estimam que a safra de soja não ultrapasse oito milhões de toneladas, enquanto esperavam dez milhões de toneladas quando plantaram. No Uruguai, a safra da oleaginosa está fechando na faixa de três milhões de toneladas, em 1,2 milhão de hectares plantados. Na Argentina, o sonho dos produtores de retirada das retenções ou imposto de exportação (que na soja é de 35%, no milho de 25% e no trigo de 28%) está sendo apoiado pelo candidato da oposição à presidente Cristina Kirchner. Desta forma, os produtores apontam que vão segurar a safra para ver o que conseguirão. Se o novo governo trouxer esta desoneração no setor agrícola, a Argentina voltará a crescer forte em produção e exportação.




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