tivadas ou daninhas, podendo desta forma servir de refúgio para os indivíduos. Dessa forma, um outro fator que dificulta o manejo da praga é a ocorrência de determinadas plantas daninhas como trapoeraba (Commelina benghalensis), caruru (Amaranthus sp.), entre outras, pois fazem com que o inseto se abrigue, propiciando a reinfestação da cultura (Gráfico 1). Estas modificações na dinâmica do inseto e no sistema de produção fazem com que o manejo integrado de pragas (MIP) necessite ser tratado de forma mais estratégica em função das multiculturas hospedeiras. O conhecimento da praga, assim como da lavoura, pelo “produtor-técnico” é fundamental para o bom manejo. A prática da destruição de soqueiras é uma alternativa no manejo da praga, diminuindo as populações, para a safra seguinte, o que pode interferir principalmente na dinâmica das doenças (viroses). Essas plantas remanescentes são local de refúgio e desenvolvimento de colônias que migraram de locais próximos, e podem servir como fonte de inóculo e fornecer insetos infectivos para novos cultivos. Esta prática leva o cotonicultor a retirar totalmente a cultura do campo em um determinado período de tempo, proposto pelas associações de produtores e órgãos de defesa agropecuária, também chamado de vazio sanitário. Além de contribuir para o manejo do bicudo, também representa uma importante ferramenta de manejo epidemiológico de doenças, como as viroses transmitidas por pulgões, uma vez que reduz tanto a população de insetos quanto a fonte de inóculo na área. Pensando na implantação da lavoura, a primeira ferramenta utilizada pelo produtor é o tratamento de sementes, para propiciar bom desenvolvimento inicial das plantas. Diversos ingredientes ativos se encontram registrados para o controle da praga, com destaque para os neonicotinoides thiametoxan, clotianidim, imidacloprid e acetamiprid. Outra medida complementar e a mais adotada pelos produtores consiste em pulverizações, que em determinadas fases são muito importantes, principalmente nas janelas de adubações nitrogenadas, em função da maior presença da praga.
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Diversos inseticidas estão registrados para o manejo da praga, como carbosulfan, acetamiprid, thiametoxan, imidacloprid, tiacloprid, flonicamid, pimetrozina, diafentiuron, ciantraniliprole, acefato, além das novas moléculas sulfoxaflor e flupiradifurone com alta efetividade no controle. Altas populações, aliadas a condições favoráveis, têm demandado a necessidade de reaplicações. O intervalo é dependente do monitoramento, sendo que algumas alternativas têm proporcionado intervalos superiores a 14 dias, e outras intervalos de cinco a sete dias. Vários fatores técnicos podem e devem ser levados em conta na escolha dos produtos a serem utilizados. Além da efetividade de controle, a seletividade a inimigos naturais é importante para que esses organismos que ajudam a manter populações de diversos insetos-praga não sejam impactados negativamente já no início da cultura. Além disso, produtos que não afetem o equilíbrio entre ácaros predadores e fitófagos protegem o produtor de favorecer a ocorrência de outro problema na sua lavoura, o ataque de ácaros. Por fim, considerando que essa é uma praga que não possui reprodução sexuada, ou seja, as ninfas são clones da mãe, é importantíssimo respeitar a rotação de mecanismo de ação, considerando os produtos incluídos desde o tratamento de sementes. Essa é uma prática importante para evitar/retardar a seleção de populações resistentes em campo e preservar a efetividade dos produtos disponíveis para seu manejo. De modo geral, os pulgões são um desafio constante para o produtor em função dos diversos pontos já expostos: viroses, plantas daninhas, vazio sanitário, período da cultura no campo e manejo para altas rentabilidades- qualidade. Somente uma boa base e estratégias integradas podem fazer C a diferença na qualidade final desta importante cultura. Germison Tomquelski e Yasmin Milken, Fundação Chapadão
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Figura 1 - (A) Fêmea alada - início de colonização em nova planta; (B) colônia de indivíduos ápteros já estabelecida
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Janeiro 2021 • www.revistacultivar.com.br