Cultivar Máquinas 211

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Cultivar

Cultivar Máquinas • Edição Nº 211 • Ano XVIII - Novembro 2020 • ISSN - 1676-0158

Índice

Destaques

04 Rodando por aí 05 Mundo Máquinas 08 Pulverizadores

Avaliação mostra os principais problemas encontrados nos equipamentos

12 Pneus

Como a calibragem melhora a tração e diminui a compactação do solo

16 Publieditorial Conheça as soluções do Slingshot, da Raven

20 Capa

Confira o test drive com os tratores MF 6714 e MF 6714R Dyna-4

28 Semeadoras

Como calibrar e regular corretamente para culturas de verão e inverno

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32 Especial

Charles Echer

Nossa capa

Comparativo entre oito modelos de tratores entre 36cv e 47cv vendidos no Brasil

41 Mecanização

Realização de poda mecânica de videiras e benefícios de mecanizar a operação

44 Colhedoras

Principais características de colhedoras de café e benefícios da colheita mecanizada

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. Direção Newton Peter

• Editor Gilvan Quevedo • Redação Rocheli Wachholz Karine Gobbi Cassiane Fonseca • Revisão Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico Cristiano Ceia

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 269,90 www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br (*10 edições mensais + 1 conjunta Dez/Jan) Números atrasados: R$ 22,00 CNPJ : 02783227/0001-86 Assinatura Internacional: US$ 150,00 Insc. Est. 093/0309480 € 130,00

• Coordenador Comercial Charles Echer • Vendas Sedeli Feijó José Geraldo Caetano

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: contatos@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


RODANDO POR AÍ John Deere

A John Deere vem passando por uma reestruturação global do seu modelo de negócios, que visa melhorias na eficiência de gestão operacional da empresa. Neste sentido, no Brasil, dentre outras medidas, a companhia comunicou que está se desligando da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entidade pela qual vinha atuando ativamente nos últimos anos. “Seguiremos contribuindo para a geração de empregos, para a inovação e o avanço tecnológico dos setores agrícola e construção no Brasil, da cadeia produtiva e, principalmente, dos nossos clientes”, explicou o diretor de Assuntos Corporativos para América Latina, Alfredo Miguel Neto. “E, sem dúvida, reconhecemos e agradecemos o papel da Anfavea para a relevância da indústria brasileira”, finalizou.

Alfredo Miguel Neto

LS Tractor no ConCafé

O primeiro colocado do 5º Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia, ConCafé 2020, que ocorreu no último dia 6 de novembro, em Cacoal (RO), recebeu um trator Compacto modelo R65 com cabine original de fábrica da LS Tractor. O trator foi entregue para a cafeicultora Luciana Franklin, que foi a vencedora do grande prêmio na categoria Qualidade de Bebida. O evento é organizado pela Secretaria Estadual da Agricultura de Rondônia, Seagri, com o objetivo de promover a produção de café Robusta no Estado. O prêmio ao vencedor foi oferecido pela concessionária LS Tractor, a Maquiparts, de Vilhena (RO), em parceria com a LS Mtron Brasil e a operadora do Consórcio Nacional LS Tractor.

1º Momentum Experience

A SM Tratores, concessionária oficial Massey Ferguson no município de Unaí, Minas Gerais, realizou o 1º Momentum Experience 2020 na Fazenda Oásis, localizada na zona rural de Planaltina, no Distrito Federal. O proprietário da fazenda e cliente, Júnior Ebani, recebeu um "supercombo" com o trator MF 8737 e a Plantadeira Momentum 30F. De acordo com o diretor da SM Tratores, Sérgio Souza, além de ser a entrega de um conjunto para um cliente, o 1º Momentum Experience é um espaço para realizar demonstrações em campo das tecnologias existentes no trator e na plantadeira.

Sérgio Souza

MyKUHN

No período da pandemia, onde muitas empresas se viram forçadas a encontrar soluções para interagir com seus clientes para o atendimento pós-vendas, a Kuhn manteve e reforçou a comunicação com seus clientes através da plataforma MyKUHN, que permite realizar a solicitação de peças direto ao revendedor a qualquer hora e no conforto da casa ou escritório do produtor. A plataforma, que já estava disponível anteriormente, permite identificar as peças que necessitam de troca, através do catálogo on-line, e realizar a solicitação com poucos cliques.

Tecnologia para irrigação

Para ajudar os agricultores no manejo da irrigação, a Lindsay oferece o FieldNET, que agora possui mais uma função: o WaterTrend, que auxilia no manejo da irrigação, minimizando o risco de ter excesso ou falta de água nas lavouras. Com essa integração de tecnologias, o produtor tem na mão a previsão do tempo dos 15 dias subsequentes, além disso, a função informa se há chuva prevista e qual será a demanda hídrica da cultura nos próximos sete dias, de acordo com o seu estádio de crescimento. “Além das previsões, modelo de crescimento e evapotranspiração real da cultura, o irrigante poderá contar com a inteligência do FieldNET para auxiliá-lo na melhor tomada de decisão”, destacou o gestor ambiental, engenheiro agrônomo e analista de engenharia da Lindsay América do Sul, Gabriel Guarda.

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Gabriel Guarda


MUNDO MÁQUINAS

Primeiro ano de Brasil e 90 anos no mundo A Fendt celebrou em 2020 seu primeiro ano de atuação no Brasil. Apesar de bastante recente em solo brasileiro, a marca nascida em 1930 na Alemanha já apresentou aos agricultores nacionais as séries de tratores de alta potência Fendt 900 Vario e 1000 Vario, importadas da Alemanha, a colheitadeira de tecnologia de ponta Fendt Ideal, um projeto global que conta com a participação da fábrica de Santa Rosa (RS), a plantadeira dobrável com fertilizante em linha Fendt Momentum, desenvolvida e fabricada 100% no Brasil, na planta de Ibirubá (RS), e exportada para os EUA e países sul-americanos e europeus. Este primeiro aniversário foi comemorado em meio à pandemia de Covid-19. Porém,

como o agro foi essencial para manter o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em destaque em 2020, a Fendt vislumbra um futuro pujante com seu plano de expansão. Além de sua sede, em Sorriso (MT), novas concessionárias estão em fase de inauguração em Rio Verde (GO), Sidrolândia (MS), Balsas (MA), Campo Novo do Parecis (MT), Maracaju (MS), Luis Eduardo Magalhães (BA), Primavera do Leste (MT), Campos de Júlio (MT), Palmas (TO), Formosa (GO), Querência (MT), São Gabriel do Oeste (MS), Paragominas (PA), Ponta Porã (MS) e Rondonópolis (MT). Esse é um passo importante para que a marca possa avançar para outras regiões do Brasil e também para países da América do Sul.

Como erros no plantio afetam a produtividade Das operações agrícolas, o plantio destaca-se como o momento mais importante para qualquer cultura, por ser a última etapa para definição do potencial produtivo. Segundo o gerente de Marketing da Precision Planting no Brasil, Giancarlo Rocco, quatro indicadores devem ser considerados em termos de eficiência na plantabilidade: população, singulação (falhas e duplas), espaçamento e emergência. “As deficiências nos três primeiros itens levam a perdas do potencial produtivo, pois geram competição entre as plantas por luz, água e nutrientes, afetando o porte e a produtividade de cada uma”, explicou. Esses erros estão relacionados a problemas nas plantadeiras e podem ser mitigados com tecnologia de precisão. Para a safra 20/21, a Precision Planting oferece produtos que monitoram e controlam para que o plantio seja corrigido ainda durante a operação, como o 20|20, vDrive, vSet, WaveVision, DeltaForce, que auxiliam os produtores na redução de perdas de produtividade devido a erros de plantio.

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John Deere inicia produção de motoniveladoras no Brasil Contratação do crédito rural aumentou 21% As contratações de crédito rural dos produtores, cooperativas e agroindústrias aumentaram 21% nos quatro primeiros meses do Plano Safra 2020/2021 (julho a outubro), em relação ao mesmo período do ano passado. Conforme divulgação do balanço do desempenho do crédito rural, o valor total da contratação em 2020 foi de R$ 92,63 bilhões. Os médios produtores - Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp) - contrataram R$ 12,78 bilhões e os agricultores familiares - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – pegaram financiamento de R$ R$ 15,32 bilhões. Os financiamentos de custeio atingiram R$ 52,42 bilhões, aumento de 16%, sendo que as contratações do Pronamp ficaram em R$ 11,56 bilhões (+8%) e a do Pronaf alcançou R$ 8,27 bilhões (+17%). As contratações de investimentos totalizaram R$ 26,48 bilhões. Os médios produtores participaram com R$ 1,22 bilhão (+15%) e com R$ 6 bilhões (+18%) os agricultores familiares.

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A John Deere Brasil está iniciando a produção de motoniveladoras na fábrica de Indaiatuba (SP), que demandou investimentos de 40 milhões de dólares, com ampliação de 12 mil m² para acomodar a nova linha de montagem. Trata-se de mais um passo da divisão das máquinas amarelas no planejamento de longo prazo da companhia no País. Serão três modelos de motoniveladoras, 620G, 670G e 770G, produzidos na fábrica. "Esta nacionalização é essencial porque as motoniveladoras são versáteis e estão no centro das principais obras de infraestrutura, que é a base para muitos setores da economia, tais como logística, agricultura, construção civil, saneamento básico, dentre outros. Portanto, desenvolver a

infraestrutura significa contribuir diretamente para a retomada do crescimento econômico, o desenvolvimento social, na redução do custo Brasil e, consequentemente, para o aumento da competitividade", afirmou o diretor de Vendas da divisão Construção da John Deere na América Latina, Adilson Butzke. No primeiro semestre deste ano, houve um crescimento de mais de 30% nas vendas de máquinas da linha amarela, em comparação ao mesmo período em 2019, segundo a Sobratema, principal entidade do setor. "O mercado brasileiro de máquinas de construção vive um bom momento. Certamente o novo equipamento vai aportar muito mais valor aos negócios dos nossos clientes", disse Butzke.


Jacto apresenta a plantadeira autotransportável Lumina 400 A Jacto ingressou no segmento de plantio apresentando três máquinas: Uniport Planter 500, Lumina 400 e Meridia 200. A Lumina 400, que está em fase de testes, é uma plantadeira tratorizada e autotransportável. Possui soluções diferenciadas para prover maior plantabilidade, maior disponibilidade de plantio, fluxo de palha e maior otimização do plantio com o uso de ferramentas de agricultura de precisão. A Lumina 400 pode ser con-

figurada para 29, 33 ou 37 linhas de plantio. Utilizando sistema pneumático a vácuo e dosadores Precision Planting, a máquina é focada para atender culturas de verão como soja, milho e algodão, entre outras. Na questão de plantabilidade, além do já mencionado uso do dosador de sementes da Precision Planting, que permite um plantio com menos falhas e mais precisão, o Centro de Pesquisa & Desenvol-

vimento da Jacto desenvolveu o sistema down force da linha de sementes, que em conjunto com o chassi de três corpos articulados, permite que a plantadeira se adapte às ondulações do relevo, contribuindo com a uniformidade de plantio. A pressão nas linhas é ajustada através de um conjunto de molas a gás. A seleção e configuração da pressão desejada são executadas de forma simples e ágil, manualmente e sem o auxílio de ferramentas.

Previsão de recordes de exportação em 2020 A elevada produção brasileira e o câmbio alto vão continuar a favorecer as exportações dos produtos do agronegócio nos próximos meses. Dessa forma, tanto o volume quanto o faturamento em reais com as exportações do agro podem atingir recordes em 2020. Essa foi a conclusão de um novo levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Segundo o Cepea, de janeiro a setembro de 2020, o volume exportado pelo setor cresceu mais de 16% em relação ao mesmo período

de 2019, atingindo recorde da série histórica. Em dólar, o agro faturou, nos primeiros nove meses de 2020, 79 bilhões de dólares, um valor 8% acima do registrado entre janeiro e setembro de 2019. Em moeda nacional, o faturamento cresceu 26% na mesma comparação, e foi favorecido pela desvalorização do real frente ao dólar, de quase 16%, informou o centro de pesquisas. O incremento nos embarques de produtos do complexo soja, das carnes, do setor sucroalcooleiro, e ainda de algodão, frutas e madeira, impulsionou as vendas externas.

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PULVERIZADORES

Velhos problemas A conservação, a manutenção e a calibração dos pulverizadores garantem uma aplicação mais precisa sem desperdício de produtos e erros na aplicação. No entanto, inspeção realizada com pulverizadores de arrasto mostra que os implementos avaliados apresentaram muitos problemas, principalmente nos antigotejadores, na vazão das pontas e na conservação das mangueiras

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om o constante crescimento da população mundial, há também uma crescente necessidade de alimentos e isso leva à busca de elevadas produtividades em lavouras por parte dos agricultores. Diversos fatores ajudam a aumentar a produtividade, como a utilização de defensivos, que influenciam na proteção da cultura contra plantas daninhas, pragas e doenças de modo geral. Porém, a utilização de defensivos tem ocasionado uma crescente cobrança da sociedade em obter alimentos cada vez mais saudáveis, e menos impactantes ao ambiente. Apesar de orientações técnicas de como aplicar de forma técnica e criteriosa, no campo, muitas vezes o que

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se observa é a falta de conhecimento e informação a respeito da utilização da técnica da tecnologia de aplicação. Antuniassi e Gandolfo (2001) citam que os programas de inspeção periódica de pulverizadores começaram há muito tempo, mas, por volta da década de 1970 a ideia se concretizou. Em meados da década de 1990 já se podia observar os resultados dessas inspeções, como o trabalho de Ganzelmeier e Rietz (1998), que avaliaram pulverizadores por quase toda a Europa, onde atualmente muitos países exigem dos proprietários de pulverizadores as inspeções periódicas de seus equipamentos. O Laboratório de Mecanização Agrícola do Instituto Fe-


Fotos Fabrício C. Masiero

deral Catarinense - Campus Rio do Sul, realizou inspeções e calibrações de pulverizadores de barras do tipo tratorizado montado, comumente utilizado na agricultura familiar, muito presente na região do Alto Vale do Itajaí (SC). As avaliações seguiram as bases metodológicas desenvolvidas para o Projeto de Inspeção Periódica de Pulverizadores - IPP (Gandolfo, 2002; Antuniassi e Boller, 2011). Foram inspecionados 12 pulverizadores em diferentes municípios na região do Alto Vale do Itajaí. Os equipamentos inspecionados foram classificados como pulverizadores montados, pois são acoplados ao sistema hidráulico de três pontos dos tratores agrícolas. Para cada pulverizador avaliado foi preenchida uma ficha com informações sobre a utilização do equipamento: modelo, marca, ano de fabricação, volume de calda esperado, velocidade de trabalho da máquina, espaçamento entre bicos, pressão de trabalho, rotação do motor, forma de calibração da máquina, assim como observações sobre a inspeção e a calibração da máquina.

AVALIAÇÕES

Para aferir a calibração dos pulverizadores, em um primeiro momento foi definida a taxa de aplicação que o pulverizador deveria aplicar e, posteriormente, realizada calibração. Portanto, para a avaliação da taxa de aplicação foram determinados a velocidade utilizada na aplicação (km/h), os valores das

Metade dos pulverizadores inspecionados apresentou problemas nas mangueiras

vazões encontrados em cada ponta (L/min) e a distância entre bicos (m). Para o cálculo da taxa de aplicação, a velocidade foi determinada medindo-se o tempo necessário para percorrer 50 metros, transformados para km/h. Obteve-se a média da vazão das pontas com os dados das vazões individuais. As avaliações foram realizadas com pulverizadores utilizando somente água, os dados obtidos juntamente com as informações das máquinas foram computados em banco de dados, gerando relatórios específicos para cada equipamento avaliado. Os dados coletados a campo foram submetidos à análise exploratória, por meio de uma análise descritiva e qualitativa. Os dados dos itens avaliados durante as inspeções de pulverizadores foram computados e organizados, identificando o percentual de pulve-

rizadores que apresentavam os itens inadequados nas inspeções realizadas, conforme a Tabela 1. A seguir, descrevemos os principais problemas encontrados nos 12 equipamentos inspecionados.

MANGUEIRAS E ANTIGOTEJADORES

Dentre os equipamentos inspecionados, 50% apresentavam alguma inadequação, como mangueiras que compõem o sistema de pulverização torcidas, fissuradas ou partidas, que podem comprometer o fluxo de calda nas tubulações e afetar a dinâmica da pulverização. O jato estava projetado sobre alguma mangueira em 41,7% dos pulverizadores inspecionados, comprometendo a dinâmica da pulverização. Dos equipamentos inspecionados, 66,7% apresentavam problemas em pelo menos um antigotejador na barra de pulverização.

Figura 1 - Distribuição da idade de uso dos pulverizadores inspecionados

Mangueiras posicionadas obstruem parte do jato de pulverização

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Tabela 1 - Constatação e porcentagens de itens inadequados nas inspeções periódicas de pulverizadores realizadas

Filtros de linha e sucção com sujeira ou danificados

PROTEÇÃO DE PARTES MÓVEIS

A proteção de partes móveis estava presente em 58,3% dos pulverizadores inspecionados, este é um item de segurança e extremamente necessário para a proteção de cardãs, correias e polias que podem causar ferimentos nos operadores. No caso da não observação das mesmas, foi recomendada a instalação com maior brevidade possível.

VAZAMENTOS E MANÔMETRO

Na avaliação de vazamentos no sistema de pulverização foi constatado que havia a presença de vazamentos, seja em filtros, conexões de mangueiras, tanques e bombas em 41,7% dos pulverizadores inspecionados. O manômetro de 75% dos pulverizadores tinha a escala de observação adequada. Ou seja, as pressões de trabalho estavam entre 25% e 75% do valor máximo mostrado no manômetro.

TIPOS DE BICOS E ESPAÇAMENTO

O espaçamento entre as pontas de pulverização estava dentro da variação aceitável, variação de ±10% em relação ao valor nominal, em 75% dos equipamentos inspecionados. Já as pontas dentro de um mesmo conjun-

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Itens inspecionados Conservação das mangueiras Localização das mangueiras Antigotejadores Proteção das partes móveis Vazamentos Manômetro Espaçamento entre bicos Tipo de ponta Filtros de linha Filtro de sucção Vazão das pontas to avaliado eram, em 91,7% dos casos, do mesmo tipo, considerando, portanto, como adequado.

FILTROS DE LINHA E DE SUCÇÃO

Os filtros de linha de 75% dos equipamentos não apresentavam fissuras, rompimentos, amassamentos ou torções no elemento filtrante e não apresentavam danos no corpo, considerando, portanto, como adequados. Os filtros de sucção de 75% dos equipamentos não apresentavam fissuras, rompimentos, amassamentos ou torções no elemento filtrante e não apresentavam danos no corpo, considerando, portanto, como adequados.

PONTAS DE PULVERIZAÇÃO

Este item considerava a vazão individual de cada ponta, sendo aceitáveis as variações de ±10% em relação à média. Em relação a este limite de variação, apenas 33,3% dos equipamentos foram considerados adequados. Casos em que a variação de vazão entre as pontas foi maior que 10%, foi requerida a manutenção imediata. No que tange à idade dos equipamentos, foi observado que 41% dos pulverizadores avaliados encontravam-se com idade entre seis e dez anos e 33% destes tinham entre um e dois anos de uso, indican-

Inadequados (%) 50,0 41,7 66,7 41,7 41,7 25,0 25,0 8,3 25,0 25,0 66,7

do grande renovação de equipamentos na região. Conforme a Tabela 2, na avaliação da taxa de aplicação dos equipamentos inspecionados, descritos pelos municípios da região do Alto Vale do Itajaí, observamos que 58,3% das aplicações estavam abaixo do parâmetro desejado, sendo denominada de subaplicação, a qual consiste em volume 5% ou mais abaixo do valor recomendado. Do total de pulverizadores avaliados, 16,7% destes não eram utilizados seguindo uma recomendação técnica de volume de aplicação. O valor médio de superaplicação encontrado foi de 14,1%. Na maioria das inspeções, as vazões estavam irregulares, principalmente encontradas subaplicações, desta forma podendo comprometer o controle de pragas e doenças, havendo comprometimento na formação de gotas e interferindo na taxa de aplicação. Quando a vazão da barra de pulverização possui um coeficiente muito elevado, como por exemplo 49,8%, não ocorre uma uniformidade na aplicação dos defensivos, sendo valores que ficam fora da vazão de referência (Tabela 3). O alto índice de coeficiente de variação pode ser devido a vários fatores, como a vida útil dos bicos, o tipo de formulação do produto aplicado e o preparo da calda, mas principalmente quanto


Fotos Fabrício C. Masiero

à limpeza correta do equipamento. A variabilidade entre as pontas conforme recomendações de Gandolfo (2002) é de 10%, desta forma, observou-se que o coeficiente de variação de 58,3% dos pulverizadores avaliados estava dentro do valor aceitável segundo a metodologia. A calibração de 83,3% dos equipamentos avaliados estava inadequada, sendo que estes estavam sub ou superaplicando, devido principalmente a falhas na calibração dos pulverizadores, problemas por entupimento muitas vezes ocorrido por produtos com grânulos dispersíveis, pó molhável e também sólidos encontrados no momento do abastecimento do pulverizador. Outros problemas identificados na hora da calibração foram devidos a falta de pressão em que os pulverizadores trabalhavam, perdas por vazamentos ocorridos nas mangueiras, conexões e/ou nos filtros.

CONCLUSÕES

Dentre os pulverizadores inspecionados, todos apresentavam inadequação em pelo menos um item examinado, sendo os antigotejadores, a vazão das pontas e a conservação das mangueiras os três principais itens falhos, com 66,7%, 66,7% e 50%, respectivamente. A calibração de 83,3% dos equipamentos deve ser corrigida, sendo que estes estão sub ou superaplicando, devido, principalmente a problemas de vazão das pontas. Há a necessidade da realização de programas de inspeções periódicas nos pulverizadores da região do Alto Vale do Itajaí identificando e corrigindo os tópicos explanados e instruindo os produtores sobre a utilização e a manu.M tenção de suas máquinas. Leonardo Düsterhöft, José Carlos Kusma, Fabrício Campos Masiero, Djeimes Luiz Sadowski Celante e João Célio de Araújo, IFC – Rio do Sul

A maior parte dos manômetros inspecionados estava funcionando adequadamente Tabela 2 - Variação da taxa de aplicação recomendada (TAR) e aferida na avaliação (TAA)

Municípios TAR (L/ha) Agrolândia 150 Agronômica 260,9 Atalanta 320 Imbuia 300 Ituporanga 400 José Boiteux 250 Lontras Petrolândia 300 Pouso Redondo 150 Presidente Getúlio Rio do Sul 165 Trombudo Central 130

TAA (L/ha) Variação (%) 115,6 22,93 209,3 19,78 317,66 0,73 248 17,33 285 28,75 211,02 15,59 149,4 282,8 5,73 171,19 14,13 261,75 172,25 4,39 106 18,46

Condição Subaplicação Subaplicação Adequado Subaplicação Subaplicação Subaplicação Indeterminado Subaplicação Superaplicação Indeterminado Adequado Subaplicação

Tabela 3 - Vazão média, valores da vazão de referência e coeficiente de variação do erro médio de vazão dos bicos

Municípios Agrolândia Agronômica Atalanta Imbuia Ituporanga José Boiteux Lontras Petrolândia Pouso Redondo Presidente Getúlio Rio do Sul Trombudo Central

Vazão média (L/min.) 0,578 0,675 0,908 0,481 0,569 0,89 0,498 0,931 0,933 0,698 0,712 0,575

Vazão de referência (L/min.) 0,750 0,841 0,915 0,583 0,800 1,035 -0,988 0,818 -0,682 0,704

Coeficiente de variação (%) 4,3 38,3 1,3 15,4 20,0 9,7 12,1 9,6 2,3 22,4 7,1 49,8

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Pressão positiva

Charles Echer

PNEUS

A calibragem correta dos pneus de tratores garante mais tração, menos patinagens e menor consumo de combustível, além de preservar melhor a banda de rodagem independentemente do terreno onde se está trabalhando

A

operação de subsolagem ocorre quando há a necessidade de descompactar camadas subsuperficiais do solo, cuja elevada resistência à penetração é impeditiva ao pleno desenvolvimento radicular das culturas, circunstância frequente em áreas de plantio direto e intenso tráfego de máquinas agrícolas. O não revolvimento do solo e o crescente peso das máquinas por necessidade de maior potência e capacidade operacional são fatores comprovadamente contribuintes para a compactação do solo. Para que tratores atinjam melhor desempenho operacional é necessário que estejam corretamente adequados ao trabalho. Especialmente a subsolagem, por ser uma operação que requer maior disponibilidade de potência e força de tração dos tratores, tendo como consequência direta elevado consumo de combustível e custo operacional. Em um cenário em que custos de produção necessitam ser criteriosamente considerados e, se possível, reduzidos, a regulagem de calibração dos pneus dos tratores pode contribuir para a economia de combustível e maior capacidade operacional. A pressão de inflação dos pneus afeta diretamente a compactação do solo, a capacidade operacional e o equilíbrio dinâmico dos tratores, pelo fato de proporcionar maior ou menor área de pressão sobre o solo, aderência da banda de rodagem, pa-

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Fotos Arthur Gabriel C. Lopes

tinagem e avanço cinemático dos rodados. Reduzir ou elevar a pressão interna dos pneus pode melhor distribuir seu peso sobre o solo, otimizar a força de tração e o tempo de deslocamento (convertido em capacidade operacional). Uma equipe do Laboratório de Mecanização Agrícola da Universidade de Brasília – Lamagri realizou trabalho para avaliar em condições de campo o desempenho operacional de um conjunto trator/subsolador utilizando diferentes pressões de inflação dos pneus e encontrar uma calibragem adequada para a operação de subsolagem. O trabalho foi realizado na Fazenda Experimental Água Limpa, também pertencente à Universidade de Brasília. O solo da região é classificado como Latossolo Vermelho-amarelo e o histórico de uso da área experimental era de cultivo de milho para silagem em plantio direto há seis anos, estando a superfície do solo coberta por resíduos de colheita do milho e vegetação espontânea, contabilizando 2.677,6kg/h de massa seca de palhada. Em um trator modelo TM7020 4x2 TDA, de 149cv de potência no motor, foram utilizadas três pressões de inflação dos pneus: 10, 20 e 30 psi, sendo utilizado um subsolador modelo SPCR, equipado com cinco hastes espaçadas em 0,4m, ponteiras sem asa com 80mm de largura, discos de corte de palha de 18” e rolo destorroador, e trabalhou em profundidade de 0,35m. Os pneus utilizados no trator foram do tipo diagonal, sendo na dianteira R1, medidas 18.4-26, 12 lonas e garras com 43mm de altura; e na traseira R1, medidas 20.8-38, 14 lonas e garras com 52mm de altura. Os quatro pneus foram inflados com 50% de água e as respectivas pressões estudadas. As variáveis avaliadas foram consumo horário de combustível, patinagem e avanço dos rodados, em parcelas com 80 metros de comprimento por pressão de inflação estudada. O consumo de combustível foi obtido a partir da instalação de duas provetas de 2.000ml, uma instalada para alimentação do motor com óleo diesel e outra para cole-

A pressão dos pneus afeta diretamente a compactação do solo

ta do retorno do combustível não utilizado nos cilindros, sendo o consumo horário (L/h) dado pela diferença volumétrica de óleo diesel entre as duas provetas pelo tempo de deslocamento na parcela. A patinagem foi dada a partir do número de revoluções do pneu traseiro do trator necessárias para percorrer a parcela, com implemento abaixado e depois levantado, conforme metodologia descrita por Corrêa et al. (1999). O avanço cinemático dos rodados dianteiros foi dado a partir do número de revoluções do pneu dianteiro para percorrer a parcela, com a tração dianteira auxiliar (TDA) ligada e depois desligada, conforme metodologia descrita por Silveira (2018). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. Os resultados de patinagem, avanço e consumo de combustível são apresentados nas Figuras 1, 2 e 3. A patinagem dos rodados traseiros e o avanço dos ro-

Conjunto trator e subsolador utilizado no experimento na fazenda da Universidade Federal de Brasília

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Figura 1 - Patinagem do trator agrícola em diferentes pressões de inflação dos pneus

dados dianteiros apresentaram diferenças significativas para as três pressões de inflação dos pneus, sendo os maiores índices obtidos na pressão de 10psi. A patinagem a 10psi foi 16% maior que a 20psi e 34,1% maior que a 30psi. Entre 30psi e 20psi a patinagem foi 21,5% maior a 20psi. O resultado indica que as menores pressões, inclusive menores que a indicada pelo fabricante do pneu, resultaram em menor aderência entre a banda de rodagem e o solo, assim como maior deformação do pneu quando exigida força de tração do trator para operação. Conforme recomendação já consolidada e estabelecida pela literatura científica sobre o tema, o intervalo ideal de patinagem para tratores com pneus diagonais e em terrenos firmes é de 8% a 15%, dessa forma, para os resultados obtidos as pressões de 30psi e 20psi se enquadram como ideais para o quesito patinagem. O avanço cinemático a 10psi foi

Figura 2 - Avanço cinemático do trator agrícola em diferentes pressões de inflação dos pneus

38,7% maior que a 20psi e 68,8% maior que a 30psi. Entre 30psi e 20psi, o avanço foi 49,1% maior a 20psi. Os resultados foram compatíveis aos obtidos na variável patinagem. Para os pneus dianteiros, o seu fabricante indica pressão de inflação variando entre 24psi e 32psi, evidenciando que baixa pressão afeta a aderência dos pneus, a tração do eixo dianteiro e consequentemente a capacidade operacional do trator. Conforme a literatura científica, o intervalo ideal recomendado de avanço cinemático para tratores 4 x 2 TDA é entre 1,2% e 1,8%, desta forma os resultados obtidos indicam que a pressão de 30psi é a adequada para as condições estudadas. Vale ressaltar que essa pressão condiz com a recomendada pelo fabricante do pneu dianteiro. Em se tratando de consumo horário de combustível, o menor foi verificado com a pressão de 30psi nos pneus, sendo o consumo 10% menor que a 20psi e 12,4% menor

que a 10psi. Isso significa consumo de 2,88L/h e 3,66L/h a menos, e se considerando o custo do óleo diesel a R$ 3,80/L, a economia é de R$ 10,94/h e R$ 13,90/h, ou R$ 87,52 e R$ 111,20 por dia (jornada de trabalho de oito horas), e assim por diante. Entre 20psi e 10psi o consumo não diferiu entre si. Conclui-se que para as condições de realização do experimento, a maior pressão (30psi) proporciona melhores condições de desempenho operacional do trator, com índices de patinagem e avanço dentro do ideal e menor consumo horário de combustível, possibilitando uma operação de subsolagem com maior capacidade operacional do conjunto e .M economicidade. Arthur Gabriel C. Lopes, Gabriel Pastor de B. Lima, Wesley Matheus C. F. Taveira, Isabela Dias de Souza, Tiago Pereira da S. Correia e Francisco Faggion, UnB

Arthur Gabriel C. Lopes

Figura 3 - Consumo horário de combustível do trator agrícola em diferentes pressões de inflação dos pneus

Para aumentar o desempenho operacional é necessário adequar corretamente o conjunto trator e implemento

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Fotos Raven

PUBLIEDITORIAL simples que se adapta à realidade de cada agricultor. O Field HUB é um pequeno dispositivo que se encaixa perfeitamente na cabine da máquina. O produtor não precisa mais se preocupar com as principais variáveis que afetam o desempenho de sua lavoura, como tempo de trabalho, tempo ocioso e tempo de trânsito, pois o dispositivo conecta os operadores, gerentes e suporte do Slingshot® entre si, fornecendo uma experiência completa. A plataforma Slingshot® aumenta a eficiência em até 20% e sincroniza as operações do escritório para o campo. E isso dá ao produtor a capacidade de ver seu negócio de forma diferente e encontrar novas maneiras de administrá-lo ainda melhor do que antes. A operação é executada com mais facilidade usando a tecnologia para aumentar a eficácia e reduzir a variabilidade nas atividades do dia a dia.

CONECTE CAMPO & ESCRITÓRIO

Por meio de uma assinatura, o produ-

Mais eficiência, mais lucros As soluções de telemetria e gestão de frota mostram de forma clara as operações e trazem facilidade para monitorar dados em tempo real, ajudando o produtor a tomar decisões mais lucrativas

A

busca por produzir mais alimento e reduzir os custos na operação exige cada vez mais do produtor rural. Dos muitos desafios enfrentados no dia a dia do campo, não possuir dados confiáveis e precisos afeta a tomada de decisão dos agricultores e os resultados ao final de cada safra. O uso da tecnologia fornece informações seguras e melhora a comunicação entre o campo e o escritório. As soluções de telemetria e gestão de frota mostram de forma clara as operações e trazem facilidade para monitorar um gran-

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de volume de dados em tempo real, ajudando o produtor a tomar decisões mais lucrativas.

AGILIDADE NA OPERAÇÃO

A telemetria é responsável por receber e transmitir dados de forma remota, é uma tecnologia que melhora a eficiência, aumenta a precisão, minimiza a variabilidade e maximiza os resultados financeiros. O controle total das operações ocorre através de uma plataforma

Soluções oferecid


ESTEJA CONECTADO

O recurso Connectivity possibilita conectividade e rápida entrega de mapas, ordens de serviço e arquivos da aplicação.

TRANSFIRA ORDENS DE SERVIÇO RAPIDAMENTE

O recurso Logistics trans­fere ordens de serviço para a cabine rapi­damente e fornece as informações dos trabalhos concluídos em campo em tempo real. É pos­sível saber onde estão os equipamentos e ativos e o que está sendo feito. Dentro de Logistics estão disponíveis muitos recursos que ajudam o agricultor a maximizar a eficiência da operação. COMUNICAÇÃO ENTRE MÁQUINAS: mesma informação compartilhada entre várias máquinas no mes-

as pelo Slingshot

mo trabalho através do recurso chamado JOB SYNC. Permite que as informações sejam facilmente compartilhadas entre várias máquinas no mesmo trabalho, incluindo controle de seção para evitar saltos ou sobreposições. O Job Sync Live View permite que o produtor veja o progresso ao vivo do trabalho que está sendo feito na web, em tempo real, e pode se manter atualizado sobre o quão perto um trabalho está da conclusão. ESPAÇO DO CLIENTE

tor pode obter solução em conectividade, logística, análise de dados e um relatório com as informações geradas em campo.

“O

GERENCIE GRANDES FROTAS

o AgSync é um recurso que permite ao agricultor vencer a difícil tarefa de gerenciar grandes frotas, em diferentes locais, com um número limitado de pessoas.

CRIE ORDENS DE SERVIÇO

O recurso DISPATCH PRO™ possibilita a criação de ordens de serviço. Os usuários podem gerenciar com eficácia a logística da aplicação, enviando campos

Soluções para uma aplicação eficiente

Autoboom XRT além de ser um sistema suave na barra, ele a mantém uniforme. Se você determina por exemplo 50cm de altura da barra, tanto a ponta quanto o meio da barra estarão com 50cm. Para nós o sistema está excelente. Nós buscamos a tecnologia Hawkeye pela qualidade de aplicação. Nós estávamos aplicando a 100L/ha e vimos uma necessidade de baixar o volume, então entramos em um programa de baixo volume. E o equipamento convencional não atingiu o volume que queríamos aplicar, por exemplo, nossa meta era aplicar 35L/ha a 8km/h, a 10km/h e eventualmente em alguns pontos a 5km/h, e buscamos uma solução para conseguir aplicar esse volume de calda. E então conhecemos o sistema Hawkeye, colocamos o equipamento em teste e o resultado foi excelente. Porque é um sistema que mantém a litragem por hectare e a pressão contínua. Você tem uma litragem por hectare independente da velocidade, você tem um range de velocidade que ele determina, mas é um range bem grande. E qualquer velocidade que você ande dentro desse range você tem uma pressão contínua. Por exemplo se você colocar 2bar ou 3bar de pressão em bico para manter uma gota uniforme você consegue. Essa é a grande jogada desse sistema, porque ele mantém a pressão, e essa pressão mantém o tamanho e o volume de gota por cm2 dentro de uma velocidade determinada. O que a gente conseguiu ver ainda em cima da sobreposição na aplicação, no sistema

convencional nós tínhamos um volume de calda a mais na aplicação de 10%, o sistema praticamente eliminou esses 10%. Por exemplo se eu tenho uma área de 100 ha eu tinha que ter calda para 110 ha no sistema convencional ia 10% a mais de calda. E com esse sistema eu consigo fechar os 100 ha, conseguimos uma economia de 10%. O sistema se paga, nós procuramos uma vantagem em cima do produto e nós vimos outras vantagens. Nós estamos muito satisfeitos. O que a gente gostou do sistema e que muitas empresas não tem é o suporte remoto, porque o suporte remoto te da uma comunicação direta com a assistência técnica da revenda ou da Raven. Se você tem algum problema ou alguma coisa que você fez errada o fabricante ou revenda tem o acesso direto dentro do equipamento. Isso é muito importante porque geralmente temos uma dificuldade de troca de informação dentro do problema que está acontecendo e isso corta caminhos. Se for algum problema que o operador fez de errado ou algo assim o outro lado da informação consegue detectar na hora."

Aldivio Strasser, Strasser Agrícola

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ESPAÇO DO CLIENTE

Hawkeye: solução para uma lacuna na pulverização

“C

om a evolução da agricultura mundial foram inseridas diversas tecnologias que trazem ao agricultor maior rendimento operacional e melhor aproveitamento dos recursos empregados em cada atividade. Hoje eu gostaria de destacar a operação de pulverização, que apesar de dispor de alto grau tecnológico, infelizmente ainda é a responsável pelo maior desperdício de insumos quando não praticada aliando a melhor técnica com ferramentas de controle e gerenciamento precisas. A partir do entendimento que devemos gerenciar da melhor forma tal operação, fui para o mercado buscar uma ferramenta que me trouxesse maior controle sobre tal atividade tão importante para a obtenção de melhores resultados a nível de campo. Desta forma, através de uma vasta pesquisa de mercado encontrei na Raven uma solução para uma lacuna em minhas pulverizações. O principal problema a ser sanado eram as variações de pressão no sistema gerado pela oscilação de velocidade e terreno variado aliado à inexistência de compensação das curvas geradas pelas barras da máquina durante a operação. Foi aí que encontrei no sistema Hawkeye, uma ferramenta responsável por controlar bico a bico a pressão do sistema de pulverização através de eletro-

válvulas que, ao pulsar, mantêm a cobertura padrão de gotas independentemente da oscilação de velocidade e terreno, além de possuir um excelente sistema de compensação de curvas e desligamento bico a bico, que garantem uma melhor aplicação sem desperdício de produtos. Portanto, quando se busca maior rentabilidade na atividade agrícola devemos reunir além de tecnologias, empresas que possuam soluções consolidadas e experiência em trazer para o campo produtos que, além de inovadores, estejam alinhados com as demandas atuais e possam ser capazes de entregar resultados que tragam, além de economia, facilidade nas operações realizadas em nosso dia a dia.” Maurício De Bortoli

para os aplicadores apropriados, manter-se informados com notificações de status de ordem de trabalho em tempo real via texto ou e--mail e manter-se atualizados com a localização ao vivo.

MONITORE SUA FROTA

O recurso FLEET TRACKING permite monitorar a localização de toda a frota de máquinas, caminhões, veículos e ativos sem energia, como reboques, tanques e implementos.

TOME DECISÕES CONFIANTES E BASEADAS EM DADOS

O recurso Reporting informa o agricultor sobre os operadores e ativos desde o início de um trabalho até a conclusão.

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FÁCIL COLABORAÇÃO E COMPARTILHAMENTO DE DADOS

O SLINGSHOT® WEB & MOBILE APPS promove fácil colaboração e compartilhamento de dados para todos os níveis da operação e seus clientes. Além disso, permite o acompanhamento do trabalho da máquina, a ociosidade e o tempo de inatividade estejam acessíveis 24 horas por dia, sete dias por semana. APLICATIVO AGRISITE: esse aplicativo iOS permite que a equipe que está em campo registre observações de campo georreferenciadas, notas de campo e fotos. APLICATIVO OPERADOR PRO: o usuário deste aplicativo pode visualizar todas as suas ordens de serviço em campo, em uma interface fácil de usar.

MONITORAMENTO DA FROTA EM TEMPO REAL

O Analytics proporciona ao agricultor acesso a informações em tempo real para que possa tomar decisões confiáveis e baseadas em dados em todos os níveis da operação, a qualquer hora do dia. É possível ter acesso as métricas da máquina e estatísticas de desempenho do sistema, pois esse recurso mensura: área coberta, tempo de trabalho, tempo ocioso e tempo de trânsito. SAIBA O CUSTO OPERACIONAL DE CADA MÁQUINA: o Fleet Analytics permite saber o custo operacional de


Operação sincronizada no campo e no escritório cada máquina, ajuda o produtor a tomar decisões sobre substituição e manutenção. Analisa as ordens de trabalho atuais e passadas do Slingshot® e relata os dados como hectares cobertos ou uso da máquina.

OPERAÇÃO SINCRONIZADA

ESPAÇO DO CLIENTE

O agricultor poderá utilizar melhor toda a informação gerada em sua propriedade e obter informações valiosas sobre a melhor maneira de aproveitá-las ao máximo no futuro. Ao adicionar tecnologia nos veículos é possível conectar toda a operação, de forma que todas as informações este.M jam sincronizadas.

"Aposte em tecnologias que tragam retorno rápido"

S

ão muitas as tecnologias utilizadas que vão melhorar o dia a dia do agricultor, e os recursos oferecidos pelo uso da telemetria irão acrescentar ainda mais resultados ao final de cada safra. Conversamos com alguns clientes sobre os benefícios de se utilizar tecnologia na lavoura. Num bate-papo sobre tecnologia, Pedro Basso, da Sementes com Vigor, nos contou sua experiência com os produtos da Raven. 1. Por que utilizar tecnologia no dia a dia da lavoura? Viabiliza o aumento de rendimento do trabalho, reduz custos operacionais, reduz perdas que, consequentemente, irá aumentar a lucratividade da lavoura quando bem utilizadas as tecnologias disponíveis. 2. Quais os benefícios que as soluções da Raven trouxeram para a Sementes com Vigor? Aumentaram e muito a tecnologia de aplicação de insumos com o pulverizador autopropelido, com redução de vazão de água sem perder qualidade de deposição de gotas e quantidade de gotas por metro quadrado, uniformidade de gotas, menos fitotoxicidade nas lavouras, maior precisão nos hectares aplicados, reduzindo gastos de insumos em função do Hawkeye fazer compensação, o pulso melhorou muito a uniformidade de gotas em razão do bico trabalhar com uma pressão fixa. Conseguimos reduzir o uso de inseticidas e fungicidas, pois os tanques de injeção direta nos permitem fazer aplicações localizadas como beiras de lavouras onde entram pragas, reduziram problemas de incompatibilidade de calda, pois separamos mais produtos - por exemplo, separar o 2,4-D do Graminicida e do glifosato, melhorando efici-

ência dos mesmos. O Viper 4 possui uma acessibilidade incrível, fácil acesso em todas as opções, uso operacional, facilidade para o operador. 3. Qual o impacto dessas tecnologias no aumento da produtividade e na redução de custos? Conseguimos com essas tecnologias aumentar o rendimento operacional do pulverizador, fazendo mais hectares por dia, com qualidade maior de aplicação, reduzimos fitotoxicidade de produtos nas culturas pela dose mais correta, principalmente falando em herbicidas de feijão e cevada, aplicação localizada de produtos, assim não sendo necessário fazer aplicação em área total. 4. Qual sua dica para quem quer começar a utilizar tecnologia? Aposte em tecnologias quem tragam retorno rápido, estude bem sua necessidade e uso do seu autopropelido, a máquina que mais passa na lavoura. Acoplar tecnologias que melhoram sua qualidade de trabalho traz retorno rápido. Pedro e Raul Basso, Sementes com Vigor

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CAPA

MF 6714R Dyn

U

Os dois novos modelos da Massey Ferguson chegam ao mercado para com transmissão mecânica e hidrostática, do tipo Semi-Power

ma das coisas que mais nos dão prazer, nesta atividade de relatar as experiências, testando máquinas no campo para a Revista Cultivar Máquinas, é conhecer novos equipamentos que são novidade no mercado. Muitas vezes, temos acesso a uma máquina que ainda não foi apresentada ao mercado, cabendo a nós a divulgação. É uma oportunidade de informar aos leitores sobre a suas características e novidades tecnológicas, bem como seu posicionamento no mercado.

Fotos Ricardo Echer

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Esse é o caso deste Test Drive, realizado com os novos modelos de tratores MF 6714 e MF 6714R Dyna-4, da Massey Ferguson. Para conhecer e avaliar o seu desempenho no campo, além das novidades que esses dois modelos trazem, fomos até a ci-

dade de Restinga Seca, no interior do Rio Grande do Sul, em uma propriedade agrícola especializada na produção de arroz irrigado. Esses dois novos modelos, que ainda não estão sendo comercializados, foram desenvolvidos pela Massey Ferguson para suprir uma lacuna de potência que havia no portfólio da marca, além de ampliar esta série de produção em escala mundial. A linha de tratores Massey Ferguson no Bra-


na-4 e MF 6714 plementar a linha de tratores médios, com 145cv de potência e sistemas de Shift, que podem chegar a 32 velocidades à frente e 32 à ré sil está organizada em 11 séries, com 32 modelos, e agora cresce para 34 com a inclusão dessas máquinas. Nestas séries são oferecidos tratores que vão desde os pequenos, iniciando com 57cv (MF 4305), até os maiores, com 370cv (MF 8737S Dyna-VT) de potência máxima no motor. O lançamento desses dois modelos que testamos representa um compromisso entre demanda e oportunidade, para suprir um gap real e potencial de mercado que havia entre o modelo MF 6713, com 135cv, e o modelo seguinte, da série 7200, que é o MF 7214, com 148cv, nas versões mecânicas. E também uma lacuna que existia nas versões com

transmissão PowerShift entre o modelo MF 6713R com 135cv e o MF 7719 Dyna-6, com 195cv. Por isso, estes novos modelos se unem às séries 6700 e 6700 Dyna-4. Para atingir a potência desejada, foram acrescidos 10cv a um motor que já está consolidado no mercado, com comprovação

Jacto

de robustez e eficiência, características desta família de motores AGCO Power de quatro cilindros. O modelo MF 6714R, com transmissão Dyna-4, já foi apresentado virtualmente à rede de concessionários da marca. A partir de agora, o modelo MF 6714, com transmissão mecânica, também terá informações disponibilizadas. Neste período de pandemia e distanciamento social, os eventos de presença física, como feiras e convenções, foram substituídos por encontros virtuais e li-

Aponte a câmera do seu celular e assista ao vídeo do test drive

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O motor é o mesmo usado na série 6700, com aperfeiçoamentos para elevação da potência para 145cv

ves. Por isso, o marketing da Massey Ferguson apresentou essas novidades através da eventos virtuais como o Agrishow. Embora a perspectiva das entregas seja para 2021, a rede de concessionários já está recebendo a informação da disponibilidade, através de eventos virtuais e de possíveis feiras presenciais que venham acontecer no próximo ano.

MOTORES COM NOVAS POTÊNCIAS

O motor da série 44 CWC3 que equipa estes dois modelos é o AGCO Power de quatro cilindros, com 4.400cm3 de volume deslocado, equipado com turbocompressor e intercooler. O motor é o mesmo usado na série 6700, com aperfeiçoa-

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mentos para a elevação da potência. A informação do fabricante é que com a configuração de injeção eletrônica, a potência do motor a 2.000rpm, pela norma SAE J1995, é de 145cv. O torque máximo informado ocorre a 1.500rpm e é de 580Nm. Como é de se esperar, nesta faixa de potência o motor vem equipado com um sistema de redução das

emissões poluentes, tipo EGR interno (iEGR), tradicionalmente utilizado pela marca e por outros fabricantes. Essa medida de restrição de emissões é imposição legal do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), obrigatório no País desde 1989 para veículos pesados e especificamente nos tratores agrícolas a partir de 2011, pela Fase 1, previsto pela Resolução Conama 433/2011. Como um cuidado imprescindível para as condições


brasileiras, o fabricante dotou os tratores com um sistema de filtragem reforçado, baseado em dois filtros de combustível com sedimentador de água e um filtro para impurezas sólidas, objetivando solucionar os problemas de qualidade de combustível e trabalho em condições limites de calor e resfriamento noturno. Para complementar esse cuidado, há um filtro na entrada do depósito de combustível, à prova dos descuidos no abastecimento em condições de campo. Para chegar a esta potência, a engenharia da AGCO produziu algumas melhorias, que serão incorporadas a toda a família deste motor. A principal delas é a melhoria do sistema de arrefecimento do motor, que recebeu um upgrade de forma a possibilitar o trabalho nesta gama de potência, mantendo a temperatura dentro da faixa ótima para este motor e suas dimensões. Para suportar a maior pressão aplicada ao turbocompressor e o consequente aquecimento do sistema houve a necessidade de prever uma maior circulação do líquido de arrefecimento pelo cabeçote e aumentar também o tamanho do radiador, que passou a ter mais área de troca de calor.

Fotos Ricardo Echer

O sistema de controle remoto utiliza duas válvulas de controle remoto (VCRs) na versão standard e três corpos como opcional

TRANSMISSÃO, TDP E SISTEMA HIDRÁULICO

A grande diferença entre os dois modelos que testamos e que serão oferecidos ao mercado é a transmissão de potência. No modelo MF 6714R Dyna-4, a transmissão é hidrostática, do tipo Semi-PowerShift com 16 marchas à frente e 16 à ré (16 x 16), distribuídas em quatro grupos. Além disso, a relação de marchas pode ser aumentada para 32x32 com a adição de um super-redutor (Creeper) para trabalhos em velocidade reduzida. É uma caixa com troca sequencial, sem necessidade de uso de embreagem. Já o modelo MF 6714 conta com uma transmissão do tipo mecânica, com sincronizador, denominada Syncromesh, que proporciona 12 velocidades à frente e 12 à ré (12x12), distribuídas em dois grupos. Ainda, nesta transmissão, há a possibilidade de adição de um Creeper, e se transformar em 24x24. Estes novos modelos proporcionam velocidades máximas do veículo de até 40km/h, conforme padrão europeu. Durante os testes que fizemos foi notável a melhoria do conforto com o uso da transmissão Dyna-4 nos trabalhos de semeadura, com muitas manobras. No entanto, em termos de rendimento de potência o modelo com câmbio mecânico mostrou-se muito eficiente, e mesmo com menor número disponível de marchas, o trator atendeu às demandas da operação, ou seja, deu conta do recado. Nossos testes também se estenderam ao trabalho com uma plaina, na tarefa de nivelar a superfície para facilitar a irrigação, por inundação. A nossa equipe encontrou os novos tratores em campo, na propriedade de um cliente da concessionária Massey Ferguson da região, Itaimbé Máquinas, enquanto

Equipe do Laboratório de Agrotecnologia da UFSM participou dos testes de campo

a equipe da AGCO realizava testes de desempenho dos lançamentos. Os equipamentos utilizados neste Test Drive foram uma semeadora MF 326, com 26 linhas de semeadura, com largura aproximada de trabalho de 4,25m, e uma plaina niveladora multilâminas Robust 480, dotada de cinco lâminas, o que lhe confere uma largura de trabalho de 4,8m. Para estas atividades com grande número de manobras, o dispositivo inversor de sentido é um diferencial importante. Por isso, no modelo MF 6714 a Massey Ferguson o equipou com um reversor de acionamento eletro-hidráulico, tipo Power Shuttle, por meio de um interruptor, como opcional. No modelo com a transmissão Dyna-4 não há necessidade deste dispositivo, pois a própria transmissão oferece meios de fácil operação para a troca de sentido, através de um comando colocado na coluna de direção. Quando a alternativa da reversão eletro-hidráulica opcional for escolhida, a embreagem que corresponde é a embreagem a banho de óleo multidisco. É possível controlar a agressividade da atuação da

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Fotos Ricardo Echer

Detalhes das cabines dos modelos MF 6714R Dyna-4 (esquerda) e MF 6714 (direita)

embreagem quando se usa o sistema multidisco. Uma válvula PWM determina a reação da embreagem, fazendo com que se altere a rapidez do acionamento. O controle deste ajuste é colocado abaixo da alavanca do reversor na coluna de direção. Também é possível prescindir do pedal de embreagem e fazer a troca de marchas utilizando um interruptor que substitui a embreagem. Esse interruptor colocado na própria alavanca de troca de marchas pode ser utilizado em deslocamento, com baixa carga, como, por exemplo, no transporte. Já em trabalho, é recomendado o uso da embreagem para melhor resposta do trator e garantia de longevidade da transmissão. Nos dois modelos, o bloqueio do diferencial é acio-

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nado por um comando eletro-hidráulico com desbloqueio automático. Mesmo assim, é possível fazer o desbloqueio de forma manual no mesmo interruptor. Interessante sistema faz com que o eixo dianteiro motriz seja acionado sempre que o bloqueio for acionado. Tudo está interligado, pois não seria lógico necessitar do bloqueio do diferencial, sem estar com a tração dianteira auxiliar conectada. Como padrão, os dois modelos têm tomada de potência (TDP) independente, com velocidade angular de 540rpm. No entanto, como opcional, pode-se ter uma TDP com velocidades de 540/540E/1.000rpm. A TDP possui embreagem própria, multidiscos, com acionamento eletro-hidráulico. Como medida de proteção, foi possível ver


que o interruptor tem uma tecla de segurança, na cor amarela, que possibilita o engate somente quando for acionada. Esse é um recurso de segurança contra os acionamentos involuntários. Há disponibilidade de TDP econômica 540E para os trabalhos de menor demanda, desta forma a velocidade angular do motor é reduzida, proporcionando economia de combustível em relação ao que se conseguiria com a rotação padronizada de 540rpm. O sistema hidráulico destes novos modelos é de centro aberto, com bomba alta pressão que proporciona uma vazão de até 57 litros por minuto. O modelo Dyna-4 pode ser equipado com uma bomba de pistão com vazão de 105 litros. No entanto, para os trabalhos com exigência de maior vazão de fluido hidráulico, como por exemplo as pás carregadeiras, o fabricante disponibiliza como opcional uma terceira bomba, que, ao combinar seu fluxo com a bomba principal, pode alcançar até 98 litros por minuto. O sistema hidráulico de três pontos, categoria III, apresenta dois cilindros externos auxiliares para o levante de equipamentos, possuindo capacidade de até 4.950kgf. Os braços inferiores do sistema hidráulico estão conectados à estrutura do eixo traseiro por meio de pinos sensores de

Durante o teste foi tracionada uma semeadora MF 326, com 26 linhas de semeadura

O modelo MF 6714R Dyna-4, se equipado com Creeper, pode ter 32 velocidades à frente e 32 à ré

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Fotos Kuhn

tração, que se conectam a uma central eletrônica que controla o sistema de sensibilidade e adapta o esforço à profundidade de trabalho. O sistema de controle remoto para o acionamento de sistemas hidráulicos externos utiliza duas válvulas de controle remoto (VCRs) na versão standard e três corpos como opcional, que são acionadas pela bomba de alta vazão e pressão.

CABINE E POSTO DO OPERADOR

Local do teste O

teste foi realizado na Granja Baldissera, a qual se encontra na localidade de Rincão do Baldissera, interior do município de Restinga Seca (RS). Esta propriedade é gerenciada pelo arrendatário Jonatas Libraga Cechin, que conduz uma área de 480 hectares de lavoura de arroz irrigado, e já está em sua quarta safra neste local. Ele é cliente da concessionária Itaimbé Máquinas, e estava aguardando a entrega de um trator MF 6713R Dyna-4 adquirido para operar na sua lavoura.

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A cabine do operador é um dos pontos em que a introdução destes novos modelos alterou o padrão da série 6700. Para a melhoria da climatização do ambiente interno da cabine, o fabricante introduziu melhorias no sistema de condicionamento e climatização do ar. Embora estas alterações estejam sendo disponibilizadas para os novos modelos, elas serão colocadas nos demais tratores da série fabricados a partir destes lançamentos. Houve uma notável alteração no teto da cabine para aumentar a eficiência do sistema, e o filtro, que antes era colocado na parte traseira da cabine, agora passou para a lateral esquerda, facilitando também a manutenção do elemento filtrante. Nota-se que a cabine subiu um pouco, em decorrência da necessidade de utilizar pneus maiores e mais altos. A entrada e saída do posto de operação do MF 6714 é feita apenas pela porta do lado esquerdo, e a porta direita é bloqueada, de forma que a saída de emergência é a janela traseira da cabine. Já no MF 6714R Dyna-4 ambas as portas podem ser utilizadas para embarque e desembarque, tendo ainda a janela traseira como saída


Fotos Ricardo Echer

Especificações dimensionais e ponderais

MF 6714R Dyna-4

de emergência. Como opcional, além das alternativas do assento com suspensão pneumática, da TDP e do Creeper, é possível solicitar o piloto automático da nova família da Trimble. Para a manutenção, o capô dianteiro apresenta uma ampla abertura. Por norma regulamentadora de segurança no trabalho, para abri-lo há que dispor de uma chave tipo allen. Com o aumento da potência no motor, se fez necessário adicionar mais massa ao trator, para manter uma boa relação de peso/potência. A solução encontrada pela AGCO foi a instalação de uma massa de 300kg, intitulada belly weight, por baixo do suporte de pesos dianteiros. Essa solução, junto aos demais lastros, de rodas traseiras e frontal, garante ao trator uma relação de aproximadamen.M te 55kg/cv.

Altura (mm) Distância entre eixos (mm) Vão livre (mm) Peso (kg) Tanque (L) Vel. Máxima (km/h)

MF 6714 2885 2622 433 7975 220 40

Altura (mm) Distância entre eixos (mm) Vão livre (mm) Peso (kg) Tanque (L) Vel. Máxima (km/h)

2275 2500 520 7646 190 40

José Fernando Schlosser, Marcelo Silveira de Farias, Leonardo Casali, Mateus Cassol Cella e Junior Garlet Osmari, Laboratório de Agrotecnologia – UFSM

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SEMEADORAS

Início promissor Para garantir um estande de plantio perfeito e uma germinação esperada, é necessário calibrar e regular todos os componentes da semeadora-adubadora, da taxa de distribuição de sementes, passando pela profundidade de sementes e fertilizantes até a cobertura e compactação da linha de plantio

E

xistem atualmente no mercado diversas marcas e pelo menos 500 modelos diferentes de semeadoras. As diferenças entre elas dizem respeito a suas propriedades construtivas e operacionais e tais máquinas podem ser classificadas de acordo com estes parâmetros. De maneira geral, as semeadoras em linha dividem-se em fluxo contínuo, para culturas que são semeadas sem espaçamento predeterminado (sementes miúdas), e semeadoras de precisão, para culturas que são semeadas obedecendo um espaçamento teórico (sementes graúdas). Para ambos os tipos, erros na regulagem (ajustes do equipamento) e calibração (definição de taxas por unidade de área) podem representar perdas importantes e problemas na implantação da cultura. Desta forma, é necessário realizar a regulagem das semeadoras de maneira adequada para o sucesso do plantio. A seguir, serão apresentados procedimentos no que tange aos processos mencionados e por que eles são tão importantes.

CALIBRAÇÃO SEMENTE/FERTILIZANTE

Para realizar a calibração das semeadoras é necessário conhecer a semente utilizada e preestabelecer a densidade de semea-

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dura (sementes/ha). No entanto, na hora de calcular a população, deve-se levar em consideração a ocorrência de perdas inerentes ao processo que podem reduzir a população (plantas/ha), como poder germinativo, ataques de pragas, danos mecânicos, deslizamento de rodas motrizes etc. Assim, é importante aumentar o número de sementes por metro na semeadura, para garantir o estande final desejado. Uma maneira de se fazer isso é calculando o IAS (índice de aproveitamento de sementes), que leva em consideração todas as perdas mencionadas anteriormente. Quanto maior for o IAS, menos necessidade de aumento na densidade para uma mesma população desejada. A calibração das semeadoras pode ser realizada através de tabelas disponibilizadas pelos

fabricantes, onde relaciona a quantidade de semente a ser depositada alterando-se a relação de transmissão através da troca de engrenagens motoras e movidas. No entanto, para certificar-se da correta calibração, podem-se realizar procedimentos, e estes podem ser feitos com a máquina parada ou em movimento. O processo para a calibração das semeadoras com a máquina parada compreende suspender a roda acionadora dos dosadores de maneira que se consiga girar livremente. Em seguida, mede-se o perímetro da roda para verificar quantos metros a semeadora se deslocaria a cada volta da


Fotos Charles Echer

roda, sendo necessário girar o pneu uma vez sem coletar as sementes e então faz-se uma marca no pneu com giz. Logo após, colocam-se recipientes coletores sobre as linhas testadas, girando o pneu dez vezes em velocidade constante, tendo como referência a marca do giz, considerando que quanto maior o número de voltas, mais precisa será a aferição, posteriormente coletam-se as sementes. Para semeadoras de fluxo contínuo, as sementes coletadas devem ser pesadas, já em semeadoras de precisão é necessário contar as sementes recolhidas, tendo em vista que estas sementes estão em função das dez voltas do pneu. É necessário calcular a quantidade de sementes por metros lineares, levando em consideração de que se o peso ou o número das sementes for maior do que o esperado, deve-se alterar a engrenagem movida para uma que contenha maior número de dentes. Para a aferição da calibração das semeadoras com a máquina andando, é necessário marcar uma distância em que a semeadora irá percorrer, sendo que quanto maior a distância, melhor será a aferição. Após demarcar a área, os recipientes coletores são colocados nas linhas testadas e depois a semeadora deve se deslocar em velocidade constan-

A pressão sobre o disco de corte deve ser de acordo com o tipo de solo e palhada existente

te na distância estabelecida. Em seguida, as sementes são coletadas, realizando o mesmo processo da aferição com a máquina parada, sendo necessário repetir o método toda vez que as regulagens são alteradas até a obtenção da calibração adequada.

SEMEADORAS COM TAXA VARIÁVEL

Com o avanço das tecnologias que envolvem a agricultura de precisão, o produtor rural tem disponível no mercado máquinas que realizam a semeadura com taxa variável para aplicação de fertilizante e disposição das sementes. Deste modo, as semeadoras necessitam de alguns componentes específicos e, diferentemente das semeadoras convencionais, em que os rodados comandam o fluxo de distribuição, a abertura e fechamento dos

mecanismos dosadores é realizada pela ação de atuadores de acordo com a dosagem preestabelecida e a posição geográfica da máquina. Esse sistema é constituído por motores elétricos ou hidráulicos e por válvulas e sensores de rotação. Assim, se houver redução da velocidade de deslocamento ou necessidade de redução da taxa de aplicação, o sensor informa ao atuador do mecanismo dosador e este, por sua vez, diminuirá sua rotação. Por outro lado, com o aumento da velocidade ou necessidade de maior taxa de aplicação irá ocorrer a maior abertura ou aceleração do mecanismo, elevando a taxa da semeadura. Com este sistema, é possível realizar o controle de abertura e fechamento de seções ou de linhas individuais por meio de motores elétricos independentes ou eletro-hidráulicos, com o intuito de evitar sobressemeadura e consequentemente gasto desnecessário de sementes e de fertilizante.

PRESSÃO SOBRE O DISCO DE CORTE DE PALHA

O disco de corte tem como principal finalidade cortar a palhada presente no solo e facilitar a abertura do sulco para a deposição de sementes e fertilizantes, auxiliando no ambiente germinativo. Um aspecto importante é a escolha do disco adequado, para tanto, deve-se considerar as condições do solo e o tipo de palhada existente. Quanto menor a área de contato com o solo, menor a

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Charles Echer

Figura 1 - Escala de área de contato com o solo de acordo com o tipo de disco de corte de palha

tempo de não comprometer a regularidade de atuação do sulcador.

PROFUNDIDADE DE SEMEADURA

A taxa de fertilizantes deve sempre ser planejada

pressão necessária para realizar o corte e a abertura do sulco. Os tipos de disco, considerando sua área de contato com o solo, em ordem crescente são os seguintes: disco de corte de borda lisa, disco de corte de borda recortada, estriado, corrugado e ondulado. Além da escolha do disco, é necessário realizar o ajuste da pressão da mola, tendo em vista que quanto maior a pressão da mola, maior o contato entre o disco de corte e o solo. No entanto, a palhada deve estar seca ou verde para facilitar o corte, além disso, os discos de corte estriados e ondulados possuem baixa tendência ao patinamento que auxiliam na redução do embuchamento, porém em solos úmidos ocorre maior aderência de solo nestes discos, proporcionando o acúmulo de material, dificultando a deposição das sementes e fertilizantes. Recomenda-se que o disco corte a palha e uma fatia suficiente de solo para reduzir o esforço de tração e o revolvimento do solo.

DEPOSIÇÃO DE FERTILIZANTES

A “regra de ouro” é de que o fertilizante fique posicionado ao lado e abaixo da semente. De acordo com Silva et al. (2000), a salinidade do adubo distribuído superficialmente no sulco e junto às sementes pode afetar o estande de plantas, por causar redução na germinação e injúrias às plântulas. Sendo assim, a deposição de fertilizante em maior profundidade favorece maior altura das plantas, maior área de solo mobilizada, maior população de plantas e melhor estande da lavoura (Sgarbossa, 2016). O ajuste da profundidade de deposição do fertilizante se dá em função da posição do mecanismo sulcador, podendo ser controlado através de parafusos de fixação que ficam junto ao suporte, tendo em vista que o fertilizante deve ficar entre 3cm e 7cm abaixo e ao lado da semente. Um fator importante é estar atento à alterações na textura e umidade do talhão, para que possíveis ajustes possam ser realizados em

Valtra

Figura 2 - Efeito da profundidade de semeadura no número de dias para emergência, estande de plantas e índice de velocidade de emergência na cultura do milho. Adaptado de Souza et al., 2013

A correta regulagem é fundamental para conseguir um estande perfeito

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A profundidade de semeadura influencia diretamente na emergência das plântulas, assim, a regulagem deve ser feita considerando a cultivar a ser utilizada, a umidade do solo, o tipo e a fertilidade do solo. Caso a semente seja depositada a uma profundidade elevada, haverá dificuldades para a sua emergência, já que necessitará de maior energia para vencer a camada de solo. Do contrário, se a semente for depositada muito perto da superfície, ela terá menos umidade disponível. Alguns trabalhos mostram a influência da profundidade no estande final. Souza et al. (2013), avaliando o efeito de diferentes profundidades de semeadura na emergência do milho, verificaram que o aumento da profundidade de 5cm para 9cm influenciou negativamente, com redução de estande e diminuição de eficiência de semeadura em 34%, observando emergência mais lenta e mais rápida nas profundidades de 3cm e 7cm, respectivamente. Aisenberg et al. (2014), comparando quatro profundidades (1,5cm, 3cm, 4,5cm e 6cm) na semeadura da soja, perceberam uma redução em 12% na emergência de plântulas ao empregar a maior profundidade, bem como diminuição do índice de velocidade de emergência. O controle da profundidade nas semeadoras é feito por meio das rodas limitadoras de profundidade. Com elas é possível reali-

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zar o ajuste adequado dependendo das condições em que se está trabalhando. Levando em consideração solos arenosos em que a taxa de infiltração é maior e por isso a umidade se concentra mais abaixo da superfície, adotam-se profundidades entre 5cm e 7cm. Por outro lado, solos argilosos apresentam uma estrutura mais coesa, onde a infiltração da água é mais lenta, permitindo trabalhar com profundidades entre 3cm e 5cm. Para isto, deve-se prestar atenção ao modelo e à regulagem dos mecanismos de controle de profundidade. De maneira geral, as do tipo “tandem” são as mais adequadas, por proporcionar um melhor acompanhamento das ondulações do terreno. Existem recomendações quanto à profundidade ideal para cada cultura. Por exemplo, para a cultura da soja recomenda-se uma profundidade de 3cm a 5cm, para o milho varia de 5cm a 7cm e para o arroz deve ficar em torno de 3cm. No entanto, o que prevalece na escolha da profundidade é o teor de umidade presente no solo na ocasião da semeadura. A época de semeadura também é fonte de ajustes em relação à profundidade. Solos mais frios podem exigir que a semeadura seja realizada mais superficialmente, facilitando a germinação e a emergência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A semeadura é fundamental para o sucesso do cultivo. Imagine o quanto prejudicial pode ser se, apenas uma linha da semeadora deixar um rastro de sementes sem compactação, expostas ou sem fertilizante. Agora multiplique este efeito para todas as linhas. Desta forma, o produtor deve estar atento à correta regulagem de sua semeadora, atentando para as características de sua máquina, solo e semente, garantindo assim o desenvol.M vimento da cultura e a produtividade de sua lavoura. Sueli Elisa Kullman, Vanessa Bassin Cogo, Samuel Martens e Vilnei de Oliveira Dias, (Lamap/Unipampa Campus Alegrete)

Passos para calibrar a semeadora

COMPACTAÇÃO DA SEMENTE

O mecanismo compactador mais comumente encontrado nas semeadoras é composto por rodas em formato de “V” e tem como objetivo o fechamento e a compactação lateral do sulco da semeadura, devendo exercer uma pressão para garantir o máximo contato entre semente e solo e, assim, permitir uma germinação mais rápida e em maior porcentagem. Assim, o nível de pressão precisa ser tal que não compacte o solo ao ponto de atrapalhar a emergência da plântula, nem insuficiente que impeça a semente de absorver umidade. Portanto, a pressão deve ser ajustada em função das condições de umidade, uma vez que para menor aumenta-se a pressão e para maior umidade diminui-se a pressão (Rieger, 2019). Prado et al. (2001), ao avaliarem os efeitos dos níveis de compressão do solo na semeadura do milho, observaram incremento linear no índice de velocidade de emergência de plântulas com o aumento do nível de compressão do solo, sendo que a carga de 15kgf na roda compactadora refletiu maior vigor das plântulas, em comparação com a semeadura sem compressão que representou o menor vigor. Cortez et al. (2005), verificaram uma maior tendência de porcentagem de germinação do algodão com cargas de 10,2kgf e 15,3kgf. Segundo os autores, à medida que se aumenta a carga vertical aumenta-se o contato do solo com a semente, facilitando a absorção de água e, consequentemente, melhorando as condições de germinação. Além da pressão, deve-se ajustar o ângulo de abertura entre as rodas compactadoras. De maneira geral, aumentando o ângulo entre ambas em direção ao deslocamento se tem maior quantidade de solo jogada sobre as sementes e maior compactação lateral. A angulação entre as rodas compactadoras deve permitir que a pressão no solo seja aplicada ao lado das sementes e não sobre elas, pois do contrário haverá maior risco de selamento superficial, dificultando a germinação.

A

alteração da dosagem de fertilizante ou da densidade de semeadura é feita da seguinte forma: quando deseja-se reduzir a quantidade de produto que está caindo, aumenta-se a relação de transmissão entre movida e motora. Quando se deseja aumentar a taxa de aplicação, reduz-se a relação de transmissão. Sendo Z1 o número de dentes da engrenagem motora e Z2 o número de dentes da engrenagem movida, temos que: Relação de transmissão = Z / Z 2

.M

1

Logo, as alterações na densidade ou taxa de aplicação podem ser realizadas da seguinte forma: Aumentar densidade ou taxa de aplicação: Menor relação de transmissão Aumentar Z1 (motora) Diminuir Z2 (movida)

Diminuir densidade ou taxa de aplicação: Maior relação de transmissão Diminuir Z1 (motora) Aumentar Z2 (movida)

Digamos que o produtor tenha feito a aferição e constatou que estão caindo 100 kg/ha de fertilizante e a dosagem desejada seja de 130 kg/ha. Fazendo-se 100/130, temos 0,76. Este fator deve ser aplicado na relação de transmissão para obter a nova dosagem. Como deseja-se aumentar a dosagem, devemos reduzir a relação, colocando uma engrenagem motora com mais dentes ou uma movida com menos dentes.

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TRATORES

Pequenos tratores Com motorização entre 36cv e 47cv, os modelos Agrale 540 XT, Agritech 1155 Plus, Landini Série 2 050 GE, LS Tractor G 40, Mahindra 4530, Ursus 2.50M, Jinma BR 454 e Kubota L3800D são opções para trabalhos mais leves e em espaços reduzidos

M

uitos leitores esperam pelos comparativos entre diferentes máquinas. Quase impossível de serem executados a campo, pela complexidade e o custo, pode-se recorrer ao método que habitualmente utilizamos, que é consultar o rico material acumulado para a confecção do Anuário de Tratores, tradicionalmente editado pela Revista Cultivar Máquinas. Nesta edição, queremos comparar tratores pequenos, com potência bruta do motor entre 38cv e 47cv de oito marcas diferentes, com os modelos: Agrale 540 XT, Agritech 1155 Plus, Landini Série 2 050 GE, LS Tractor G 40, Mahindra 4530, Ursus 2.50M, Jinma BR 454 e Kubota L3800D. Quando aplicamos o critério para a escolha de quais modelos seriam colocados em comparação, utilizamos a potência máxima do motor declarada pelo fabricante, fazendo a correção do valor para o padrão da norma ISO TR 14396. Neste caso, os tratores que são apresentados com este padrão não necessitariam de correção e os que utilizassem outras normas de referência teriam a correção dos valores pelo critério estabelecido. No caso, dos oito modelos comparados, quatro fabricantes não informam qual norma de referência foi utilizada para informar a potência do motor, porém de um deles encontrou-se a informação com o fabricante do motor, três informaram que seu padrão é a norma ISO e um informou utilizar a norma NBR. Para estipular os limites de potência entre os modelos de maior e menor potência dentro da classe, foi utilizado um per-

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centual de até 20% entre o modelo com a menor e o modelo de maior potência, e usando uma referência de 14cv de demanda de tração por linha de semeadura, estimamos que todos os modelos comparados podem servir em condições iguais, para tracionar uma semeadora de três linhas. Quando mais de um modelo era oferecido pela mesma marca, optou-se por comparar apenas um, escolhendo o modelo de melhor especificação. Neste caso, apareceram no grupo determinado por estes critérios, tratores de três e quatro cilindros, sendo o Kubota L3800D, o LS Tractor G 40, o Mahindra 4530 e o Jinma BR 454 equipados com motor de três cilindros. Já os tratores Agrale 540 XT, Agritech 1155 Plus, Landini Série 2 050 GE e Ursus 2.50M com motor de quatro cilindros, porém, com


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exceção do trator Ursus, que conta com turbocompressor, todos os demais são de aspiração natural.

MOTOR

O motor é o componente fundamental para o melhor desempenho de todos os sistemas de um trator agrícola. Sendo assim, o Mahindra 4530 é equipado com um motor Mahindra, modelo NE 342 R (Mar 1); o LS Tractor G 40 possui o motor LS modelo L3AL - Tier 3; o Agrale 540 XT é equipado com um motor Agrale (modelo não informado); o Jinma BR 454 é equipado com motor Xinchai, modelo 490T EPA; o Kubota L3800D com motor Kubota D1803 M E3; o Agritech 1155 Plus possui motor Yanmar, modelo 4TNV88; o Landini Série 2 050 GE é equipado com motor Yanmar, modelo 4TNV88-KLAN; e o trator Ursus 2.50M possui o motor Mahindra, modelo MDI-2500RT. Quanto aos dados de torque, o trator da LS Tractor oferece 114Nm, o Landini oferece 141Nm, o Agrale possui 149Nm,

o Mahindra 162Nm e o Ursus 208Nm. Os demais fabricantes não disponibilizaram tais informações técnicas. O modelo da Agrale possui quatro cilindros com 2.417cm3 de volume deslocado, o motor Xinchai, que equipa o trator Jinma, possui três cilindros e 3.039cm3 de volume deslocado, o Kubota possui três cilindros com 1.826cm3, o motor Yanmar, que equipa o modelo da Agritech, possui quatro cilindros com 2.190cm3, o LS Tractor possui três cilindros e 2.003cm3 de volume deslocado, o motor Mahindra, que equipa o trator Mahindra 4530, tem três cilindros e 2.392cm3 de volume, o motor Yanmar, que equipa o modelo da Landini, possui quatro cilindros e 1.995cm3, enquanto o motor Mahindra, que equipa o modelo da Ursus, possui quatro cilindros e 2.543cm3 de volume deslocado. Para analisar a eficiência, relacionam-se parâmetros construtivos do motor com seu desempenho. Relacionando potência por cilindro, por exemplo, a me-

lhor relação é encontrada no trator Jinma BR 454, com 15cv/cilindro, seguida pelo Mahindra 4530 com 14cv/cilindro, o LS Tractor G 40 com 13,3cv/cilindro, o Kubota L3800D com 12,2cv/cilindro, o Landini Série 2 050 GE com 11,9cv/cilindro, o Ursus 2.50M com 11,8cv/cilindro, o Agritech 1155 Plus com 10,5cv/cilindro e o trator Agrale 540 XT, com 10cv/cilindro. Ao relacionar o volume interno deslocado pela potência corrigida, o trator Landini possui a melhor relação, com 42cm3/cv, seguido do Kubota, com 50cm3/cv, o LS Tractor com 50,1cm3/cv, o Agritech 1155 Plus com 52,1cm³/cv, o Ursus com 54,1cm3/cv, o Mahindra com 57cm3/cv, o Agrale com 60,4cm3/cv e o trator Jinma, com 67,5cm3/cv. Quanto ao sistema de injeção de combustível, os modelos da Agrale, Kubota e Landini possuem sistema de injeção eletrônica, enquanto os demais possuem sistema mecânico de injeção de combustível. Quanto ao sistema de alimentação de ar, apenas o modelo

LS Tractor G 40, Mahindra 4530, Landini Série 2 050 GE, Kubota L3800D e Jinma BR 454

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Alavanca de câmbio posicionada na lateral direita do operador, nos modelos Mahindra 4530 e LS Tractor G 40 2.50M, da Ursus, conta com turbocompressor, sendo os demais aspirados.

TRANSMISSÃO

O sistema de transmissão de todo o trator agrícola é formado por um conjunto de elementos capazes de receber, transformar e transmitir a potência e torque produzidos pelo motor para as rodas motrizes, sistemas hidráulicos e tomada de potência (TDP). Neste sistema, a caixa de câmbio é o elemento principal, pois em função do acoplamento de engrenagens adapta o motor para cada situação de utilização do trator. Muitos tratores comercializados no Brasil são equipados com transmissões mecânicas, que são simples, porém muito eficientes. A simplicidade se dá pelo fato de as engrenagens se deslocarem em eixos com ranhuras, para engrenarem-se umas às outras. A eficiência é devido às baixas perdas que se produzem na transmissão de torque, desde o motor até as rodas motrizes, por exemplo. Dito isso, ao analisar a transmissão utilizada pelos tratores em comparação, com exceção do modelo 1155 Plus, da Agritech, que possui a transmissão engrenagem deslizante, conhecida como caixa seca, e dos modelos L3800D da Kubota e BR Jinma 454, que não disponibilizam informações detalhadas, os demais modelos contam com transmissão sincronizada. Ambas as transmissões são mecânicas, porém na sincronizada, as marchas podem ser selecionadas com o trator em

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movimento, já que anéis sincronizadores acertam a velocidade de giro das engrenagens a serem acopladas. Já na transmissão engrenagem deslizante, a marcha é selecionada antes do início do trabalho, sendo necessária a parada do trator para que se efetue a troca de marchas. Embora a transmissão sincronizada permita a troca de marchas com o trator em movimento, em campo, com implementos demandando tração, ao pressionar a embreagem para efetuar a troca de marchas o trator para ou há grande redução na velocidade, mesmo para operadores habilidosos. Desta forma, nestas situações, qualquer um dos tipos de transmissão desempenhará o trabalho de forma satisfatória. A transmissão mecânica disponibilizada nestes tratores é perfeitamente entendível do ponto de vista econômico. Porém, não se entende o porquê da falta de informações técnicas dos tratores desta faixa de potência disponíveis aos usuários. Todas as características técnicas são importantes e, em conjunto com critérios econômicos e socioeconômicos, poderão auxiliar na aquisição do trator. Apenas duas marcas atribuem nomes comerciais às transmissões: Synchro Shuttle da LS Tractor e Constant Mesch da Ursus. O número de marchas varia entre os modelos, sendo dois deles (1155 Plus e 2.50M) disponibilizados com oito marchas à frente e duas à ré; o modelo L3800D, da Kubota, com caixa de câmbio 8 x 4; e o trator Jinma BR 454 com

16 marchas à frente e oito marchas à ré. Quatro modelos são equipados com caixas de câmbio com o mesmo número de marchas à frente e à ré: Agrale 540 XT, Landini Série 2 050 GE, LS G 40 e Mahindra 4530. Obviamente, estes são os únicos tratores que contam com reversor. É interessante observar que esta tecnologia, empregada em tratores de maior potência, também está sendo disponibilizada nos tratores pequenos, reafirmando o que parece ser uma tendência atual. O reversor, ou também chamado de inversor em carga, é um dispositivo, como o próprio nome sugere, que faz a inversão do sentido de deslocamento do trator. Esta “subcaixa” de câmbio, que agrupa as funções da embreagem e a marcha à ré, facilita as manobras. A forma de acionamento do reversor destes tratores é mecânica, ou seja, por meio de uma alavanca, comumente posicionada do lado esquerdo do painel do trator. Ao contrário do reversor, disponível em metade dos tratores analisados, apenas a Agritech equipa o modelo 1155 Plus com redutor, como opcional, que amplia o número de marchas para 16 à frente e quatro à ré, fazendo com que o trator se desloque em velocidades muito baixas. Surpreende-nos a não oferta deste dispositivo entre os fabricantes, pois na horticultura e fruticultura, pode ser de grande utilidade. O tipo de embreagem também varia entre os modelos comparados. Com exceção do trator da Jinma, que não dispo-


nibiliza esta informação, todos os demais contam com embreagem dupla. Esta embreagem também é conhecida como de duplo estágio a seco, e significa que um disco serve à embreagem e o outro para acionar a TDP. Quanto ao acionamento da embreagem, à exceção do Jinma e do Agritech, que não disponibilizam informação, todos possuem acionamento mecânico. Da mesma forma que ocorre com outros componentes do trator, também existem poucas informações técnicas sobre o diâmetro e o material do disco de embreagem. Os modelos Série 2 050 GE da Landini, G 40 da LS Tractor e 4530 da Mahindra possuem 228,6mm (9 polegadas), 275mm e 280mm de diâmetro, respectivamente. Os materiais variam em orgânico (G 40, da LS Tractor) e cerametálico (4530, da Mahindra).

SISTEMA HIDRÁULICO

Cada vez mais utilizado em tratores agrícolas, o sistema hidráulico proporciona maior facilidade, agilidade e precisão em muitas operações. Ao mesmo tempo em que essas máquinas necessitam ser compactas, para adequarem-se aos diferentes tipos de trabalho em que são requeridas, a presença de alguns componentes, como o sistema hidráulico, é fundamental para que possam ser mais versáteis e desempenhar o maior número de atividades possíveis. Os pequenos tratores, especificamente os da faixa de potência comparados neste artigo, trabalham em atividades que requerem constantemente o auxílio do sistema hidráulico. Seja para acoplar implementos no levante de três pontos, tais como pulverizadores, roçadoras, enxadas rotativas, equipamentos para

Sistema hidráulico dos modelos LS Tractor G 40 (esquerda), Mahindra 4530 (acima), Landini Série 2 050 GE (centro) e Agritech 1155 Plus (abaixo)

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Kubota

Kubota L3800D, com 36,5cv de potência transporte de produtos, dentre outros; ou para uso do fluido como meio para acionar atuadores hidráulicos, presentes em implementos acoplados ao trator (semeadoras, escarificadores e grades), que utilizam a válvula de controle remoto (VCR) para acioná-los. Neste sentido, uma busca nas empresas fabricantes dos modelos avaliados nos mostra, na sequência deste artigo, o que está presente e as características de cada máquina. Cabe destacar que, na grande maioria dos casos, existe carência de informações nos catálogos dos fabricantes, disponíveis aos consumidores, e em alguns, as unidades de medidas apresentam erros, o que pode dificultar a tomada de decisão no momento da aquisição dessas máquinas. O modelo construtivo do sistema hidráulico, por exemplo, que pode ser de centro aberto ou fechado, apenas para o modelo 4530, da Mahindra, está disponível em seu material técnico, que é de centro aberto. Os demais fabricantes não descrevem essa informação. A vazão do sistema hidráulico de três pontos varia de 28 litros por minuto no modelo da Landini até 46 litros por minuto no modelo da Agritech. Esta informação é importante, pois muitos implementos dependem da vazão para funcionar adequadamente. Assim como a informação da vazão, a pressão que o sistema oferece é essencial para dimensionar a máquina aos diversos implementos. Nos modelos avaliados, a pressão variou de 163,77Bar no modelo G 40 da LS Tractor até 186,33Bar no modelo da Mahindra. Os tratores Kubo-

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ta e Landini não apresentaram a informação da pressão nos seus catálogos, e no modelo BR 454 da Jinma, tanto a vazão quanto a pressão não são especificadas. A capacidade de levante do sistema hidráulico de três pontos apresenta grande amplitude entre os tratores, varia de 500kg para o trator Jinma, até 1.800kg no Mahindra. No entanto, como essa medida é obtida não é informado por todos os fabricantes, apenas os modelos da Kubota, da Mahindra e da LS Tractor especificam em seus catálogos que foi medido na rótula do sistema de levante hidráulico de três pontos. A maioria dos modelos de tratores tem o sistema hidráulico de três pontos classificado na categoria I, exceto os modelos da Agritech e Landini, que possuem categoria II. Os modelos Mahindra, Ursus e Jinma não especificaram a qual categoria pertence o sistema hidráulico de seus tratores.

Quase todos os modelos comparados contam com direção hidrostática, exceto o da Agritech e o da Jinma, que não apresentam essa informação. A vazão da direção nos modelos da Mahindra e da Landini é de 19 e 18 litros por minuto, respectivamente. O modelo da LS Tractor apresenta, além da vazão, que é de 13 litros por minuto, a informação da pressão, que corresponde a 120bar. Essas informações de vazão e pressão da direção não são disponibilizadas nos demais modelos de tratores. As VCRs permitem que os implementos agrícolas possam utilizar o fluido hidráulico sob pressão para acionar atuadores hidráulicos (cilindro ou motores). Em motores, por exemplo, possibilita o trabalho com os órgãos ativos do implemento em diferentes rotações, através da variação da vazão. Diferente do que ocorre com a TDP que está ligada ao motor através do sistema de transmissão e varia conforme a rotação do mesmo. Isso permite trabalhos mais precisos, uso de taxa variável, adequação da pressão e possibilidade de ajustes e regulagens a partir do posto de operação, ou eletronicamente, dependendo da tecnologia presente no trator e no implemento. Dentre os modelos comparados, os tratores da LS Tractor e da Mahindra apresentam uma válvula VCR standard e outra como opcional. Já o modelo da Landini disponibiliza duas válvulas VCR. Os modelos da Agrale e da Ursus oferecem apenas como opcional a válvula VCR duplo. Os modelos da Agritech, da Jinma e da Kubo-

Tabela 1 - Potências e normas dos tratores confrontados Marca/ Modelo Agrale 540 XT Agritech 1155 Plus Landini Série 2 050 GE LS Tractor G 40 Mahindra 4530 Ursus 2.50M Jinma BR 454 Kubota L3800D

Potência declarada 40 42 47,5 40 42 47 45 37,9

Norma utilizada pelo fabricante ND ISO TR 14396 ISO TR 14396 ISO TR 14396 ND NBR 5484 ND SAE J1995

*ND: Informação técnica não disponível.

Potência corrigida (ISO TR 14396) 40 42 47,5 40 42 47 45 36,5


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ta não disponibilizam essas informações. Além da presença da VCR e do número de válvulas disponíveis, as informações de pressão e vazão do óleo que passa por esse mecanismo hidráulico são importantes para dimensionar e harmonizar os conjuntos mecanizados e, também, verificar se essa capacidade de pressão e vazão atende à necessidade mínima do implemento a ser acoplado. Falhas no acionamento ou incapacidade de acionar o atuador hidráulico, seja um cilindro ou um motor hidráulico, podem ocorrer, e o conhecimento dessas informações pode evitar complicações, inclusive danos no sistema. Dos modelos comparados que apresentam VCRs, apenas o trator LS Tractor traz a informação do sistema ser independente com 163,77bar de pressão e 28 litros por minuto de vazão. O modelo da Mahindra apresenta valores do sistema hidráulico de 186,33bar de pressão e 41 litros por minuto de vazão. O modelo Série 2 050 GE, Landini, apresenta apenas a vazão de 28 litros por minuto.

POSTO DE OPERAÇÃO

O posto de operação de um trator agrícola é muito importante em termos de segurança, qualidade ergonômica, conforto e, ainda, porque contribui para melhorar a eficiência e produtividade do operador. As opções são bastante similares nos modelos de tratores comparados, mesmo assim detalharemos cada um para maior conhecimento. Quanto à plataforma, o modelo 4530 da Mahindra, o Série 2 050 GE da Landini e o modelo 1155 Plus da Agritech oferecem plataforma plana, chamados de plataformados, que proporcionam maior espaço e praticidade para condução, devido ao posicionamento lateral dos principais comandos e alavancas de marchas. Este tipo de plataforma facilita bastante o acesso e a saída da máquina. Ainda, para melhorar a visibilidade do operador, no caso dos tratores Agritech 1155 Plus, Mahindra 4530, Ursus 2.50M e Jinma BR 454, o tubo de escape foi colocado na posição lateral do capô. A família de tratores compactos da Landini posiciona o tubo de escape abaixo e na lateral do posto de operação. Os modelos L3800D da Kubota, 540 XT da Agrale, G 40 da LS Tractor, 2.50M da Ursus e BR 454 da Jinma são do tipo semiplataformado. Na maioria dos tratores com este tipo de posto de operação, as alavancas de marchas e de grupos estão posicionadas na frente, entre as pernas do operador. Por este motivo, estes postos de operação também são chamados de “acavalados”. No modelo G 40 da LS Tractor, que também oferece posto de operação do tipo semiplataformado, a alavanca principal de seleção de marchas está posicionada ao lado direito do operador e a alavanca de grupos ao lado esquerdo. Outra característica do posto de operação é a boa visibilidade, proporcionada pelos espelhos laterais, que permitem a visão para trás. De acordo com as especificações do fabricante, os tratores Agrale 540 XT e Agritech 1155 Plus contam com espelhos. Nestes modelos de tratores, assim como o da Landini, o tubo de escape também está posicionado abaixo e na lateral do posto de operação. O modelo L3800D da Kubota é o único que conta com uma caixa de ferramentas, de fácil acesso, posicionada logo atrás do assento

De cima para baixo: posto de comando dos tratores Landini Série 2 050 GE, Kubota L3800D, LS Tractor G 40 e Mahindra 4530

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Tabela 2 - Resumo das principais especificações técnicas dos sistemas de transmissão dos oito m Especificações técnicas Embreagem Acion. Tipo Caixa de câmbio Nome Tipo Marchas Reversor

Agrale 540 XT Agritech 1155 Plus Mecânico ND Dupla a seco Disco duplo ND ND Sincronizada Engrenagens deslizantes 8x8 8x2 Sincronizado ND

Landini Série 2 050 GE Mecânico Dupla a seco ND Sincronizada 16 x 16 Mecânico

Marca/Modelo LS Tractor G 40 Mecânico Syncro Shuttle Sincronizada 12 x 12 Mecânico

*ND: Informação técnica não disponível.

Tabela 3 - Resumo das principais especificações técnicas dos sistemas hidráulicos dos o Especificações técnicas Levante Vazão (L/min) de 3 Pressão (Bar) pontos Capacidade (kgf) Categoria Direção Tipo Vazão (L/min) VCR Número

Agrale 540 XT 36 176,52 1.100 I Hidro** ND Opcional

Agritech 1155 Plus 46 ND 1.500 II ND ND ND

Landini Série 2 050 GE 28 ND 1.200 II Hidro 18 2

Marca/Modelo LS Tractor G 40 41 163,77 820 I Hidro 13 1

*ND: Informação técnica não disponível.

do operador. Nos modelos da marca com retroescavadeira, a caixa de ferramentas está posicionada acima do para-lama esquerdo, ao lado do assento do operador. Para o controle do regime de rotação do motor, em todos os modelos deste comparativo, há um acelerador de mão, colocado na coluna de direção, e outro de pé. O freio de estacionamento sempre está colocado na parte inferior, e ao lado do assento do operador, acionado por meio de uma pequena alavanca. Em todos os modelos de tratores, na parte de trás do assento do operador, está posicionado o arco de segurança de dois pontos, que os fabricantes indicam cumprir com as normas de fabricação de um arco Rops (Roll Over Protection Structure). Os modelos 1155 Plus da Agritech, G 40 da LS Tractor, 4530 da Mahindra, 2.50M da Ursus e BR 454 da Jinma, também oferecem uma capota de proteção contra o sol e a chuva. A cabine é oferecida como opcional nos modelos da Agrale e da Ursus. Os assentos na maioria dos modelos são ajustáveis e proporcionam conforto ao operador durante longos períodos

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de operação, para maior produtividade. O trator da Kubota oferece assento com suspensão e design com contornos projetados ergonomicamente para reduzir a fadiga. No caso do modelo 4530 da Mahindra, o assento tem regulagens de aproximação e altura. No trator da Agrale, modelo 540 XT, além da cabine, são ofertados, como opcionais, protetor frontal, contrapesos traseiros adicionais, coluna de direção baixa, assento baixo e controle remoto duplo. Nos modelos BR 454 da Jinma e G 40 da LS Tractor são disponibilizadas proteções de vidro nas laterais do posto de operação, para dispersar o calor e o ruído do motor. Para todos os modelos de tratores comparados, as alavancas para o funcionamento do sistema hidráulico e TDP estão posicionadas ao lado do assento do operador, com o objetivo de melhorar a ergonomia. O painel de instrumentos é simples, do tipo analógico, com luzes de alerta, medidor de combustível, tacômetro com horímetro, indicadores de pressão do óleo do motor, temperatura da água de arrefeci-

mento, funcionamento da TDP e da conexão da tração dianteira auxiliar.

TECNOLOGIA

Os itens de tecnologia avançada não são comuns nos tratores desta faixa de potência. Em geral, para atender aos pequenos agricultores e às pequenas áreas são projetados e comercializados tratores mais simples e com recursos básicos que proporcionem preço acessível. O modelo L3800D, Kubota, apresenta como opcionais importantes a transmissão hidrostática e o sistema Cruise Control, para a manutenção constante da velocidade de trabalho, não muito comum nesta faixa de potência. O trator LS G 40 pode vir equipado com dois opcionais de tecnologia, que são o sistema de proteção do motor (vigia) - que interrompe o funcionamento toda vez que ocorre superaquecimento do motor e queda na pressão do óleo lubrificante - e o sistema de telemetria. Estes opcionais são ofertados para toda a linha de tratores da LS Tractor. Como diferencial tecnológico, a Landini oferece na Série 2 o sistema de levante hidráu-


modelos de tratores comparados Mahindra 4530 Mecânico Disco duplo ND Sincronizada 8x8 Mecânico

Ursus 2.50M Mecânico Disco duplo Constant Mesh Sincronizada 8x2 ND

Jinma BR 454 ND* ND ND ND 16 x 8 ND

Kubota L3800D Mecânico Disco duplo ND ND 8x4 ND

Ursus 2.50M 31 181,42 1.640 ND Hidro ND Opcional

Jinma BR 454 ND* ND 500 ND ND ND ND

Kubota L3800D 38,4 ND 651 I Hidro ND ND

oito modelos de tratores

lico dianteiro, ainda raro no Brasil e exclusivo nesta categoria, de categoria I, com capacidade para 400kg.

DIMENSÕES E CAPACIDADES

O trator agrícola modelo 540 XT da Agrale tem peso de embarque de 1.850kg e em ordem de marcha de 2.140kg. O comprimento total, com contrapesos dianteiros, é de 3.520mm e sem contrapesos, de 3.360mm. A largura mínima externa do trator é de 1.365mm e a distância entre eixos é de 1.820mm. A bitola dianteira mínima é de 1.095mm e a máxima de 1.210mm. Já a bitola traseira mínima é de 1.060mm e a máxima de 1.460mm. A distância do eixo traseiro até a barra de tração é de 980mm. As dimensões deste modelo são ideais para trabalhar com culturas adensadas. Quanto aos rodados, é equipado com pneus dianteiros Standard 250/80-18 R1 e traseiros de medidas 12.4-24 R1. Este trator pode, ainda, ser equipado com pneus opcionais dianteiros de medida 7.5L15 R1 e traseiros 9.50-24 R1.

O trator 1155 da Agritech é apresentado como modelos: Standard, cafeeiro, arrozeiro, cultivo, superestreito, supertração e fruteiro. O modelo 1155 Plus tem peso de 1.960kg. O comprimento total, com contrapesos dianteiros, é de Agrale

Mahindra 4530 42 186,33 1.800 ND Hidro 19 1

3.470mm e o comprimento sem os contrapesos, de 2.300mm. A largura externa é de 1.485mm e as bitolas mínimas dianteira e traseira são de 1.268mm e 1.208mm, respetivamente. O raio de giro com tração dianteira e freio acionados é de 2.650mm e com apenas a tração acionada é de 3.390mm. A altura ao volante é de 1.620mm e a altura ao assento do operador é de 1.300mm. A distância entre eixos deste modelo é de 1.750mm e tem vão livre do eixo dianteiro de 275mm. Quanto aos rodados, cada versão tem sua configuração específica, porém o modelo 1155 Plus Standard é equipado com pneus dianteiros de 7.00-18 R1 e traseiros de 14.9-24 R1. O modelo Série 2 050 GE da Landini tem peso sem contrapesos de 1.500kg. O comprimento total, com os contrapesos dianteiros, é de 3.285mm e a largura mínima é de 1.420mm. A distância entre eixos é de 1.745mm e a altura ao Rops é de 1.891mm. O vão livre é de 295mm. Quanto aos rodados, os pneus dianteiros têm medidas 260/70 R16 e os traseiros 360/70 R24. O modelo G 40 da LS Tractor tem peso em ordem de marcha com lastro de 2.508kg e peso de embarque de 1.220kg. O comprimento total é de 3.401mm,

Agrale 540 XT, com 40cv de potência

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com largura total sem pneus de 1.083mm e altura máxima de 2.286mm. A distância entre eixos é de 1.674mm, com bitola dianteira de 1.075mm e traseira de 1.083mm. O vão livre do trator é de 300mm. Em relação aos rodados, conta com as seguintes opções: dianteiros 8.00-16 R1 ou 6.00-14 R1; e os traseiros 12.424 R1 ou 9.52-24 R1. O modelo 4530 da Mahindra tem peso em ordem de marcha com lastro de 2.685kg e peso de embarque de 2.500kg. O comprimento total é de 3.400mm. A largura externa dianteira mínima é de 1.710mm e a máxima de 1.910mm. Já a largura externa traseira mínima é de 1.695mm e a máxima de 2.075mm. A altura máxima ao volante é de 2.082mm e a distância entre eixos é de 1.994mm. A bitola dianteira mínima é de 1.470mm e a máxima de 1.670mm, já a traseira mínima é de 1.350mm e a máxima de 1.730mm. Os raios de giro com e sem freio são de 3.303mm e 3.962mm, respetivamente. O vão livre é de 385mm. Quanto aos rodados, o modelo 4530 conta com pneus dianteiros de medida 9.50-20 R1 e traseiros 13.6-28 R1. O modelo 2.50M da Ursus tem peso de embarque de 1.900kg e peso de embarque com lastro de 2.300kg. O comprimento máximo é de 3.540mm. A altura ao volante é de 1.400mm e a altura ao arco de proteção contra o capotamento de 1.450mm. A bitola dianteira mínima é de 1.250mm e a máxima de 1.830mm. Já a bitola traseira mínima é de 1.385mm e a máxima de 1.785mm. O modelo L3800D da Kubota tem peso, com Rops, de 1.240kg. O comprimento total é de 2.915mm e a largura mínima de 1.400mm. A altura ao volante é de 1.490mm e a altura com Rops de 2.330mm. A distância entre eixos é de 1.610mm com raio de giro de 2.500mm, com freio e tração dianteira desativados. A bitola dianteira é de 1.149mm e a traseira pode ser ajustada, com quatro larguras distintas (1.016mm, 1.115mm, 1.195mm e 1.290mm). O vão livre máximo é de 340mm. Quanto aos rodados, é equipado com pneus traseiros 12.4-24 R1 e dianteiros 7.5-16 R1.

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José Fernando Schlosser, Marcelo Silveira de Farias, Gilvan Moisés Bertollo, Rubén Darío Collantes Veliz e Junior Garlet Osmari, Laboratório de Agrotecnologia - UFSM LS Tractor

Agritech

Agritech 1155 Plus, com motorização de 42cv

No que diz respeito às capacidades, são poucas as que são disponibilizadas nos catálogos dos fabricantes. A capacidade do tanque de combustível é uma das poucas informadas. O trator da LS Tractor possui capacidade de 28 litros de óleo Diesel. Os tratores da Agrale e Agritech possuem capacidade para armazenar 44 litros cada. O trator da Kubota conta com tanque para 38 litros e o da Landini para 40 litros. Os modelos 2.50M, da Ursus, e 4530, da Mahindra, são os que têm os maiores reservatórios, com capacidade para 55 e 56 litros, respectivamente. O trator da LS Tractor conta com radiador com capacidade para 5,5 litros de água, para arrefecimento do motor, 6,5 litros de óleo lubrificante, no cárter e filtro, e 32 litros de óleo lubrificante na transmissão e no sistema hidráulico. O trator Ursus traz informações das capacidades de óleo lubrificante da transmissão (29 litros) e do sistema hidráulico (11,5 litros). Já o trator Kubota conta com capacidades para 7,1; 6 e 27,5 litros de água no radiador, óleo lubrificante no cárter e na transmissão, respectivamente. O objetivo deste texto é ajudar o produtor trazendo características dos modelos numa faixa de potência, de forma que possa definir sua compra com base em informações que possibilitem comparar os modelos. De forma simplificada, para fazer uma fácil e rápida comparação, as Tabelas 2 e 3 apresentam o resumo das principais características técnicas dos sistemas de transmissão de potência e dos sistemas hidráulicos, respectivamente, que equipam cada um dos oito moC delos de tratores analisados.

LS G40 com motor de 40cv e transmissão Synchro Shuttle


MECANIZAÇÃO

Poda mecânica

Pressionada por fatores como competitividade e escassez de mão de obra, a vitivinicultura passa cada vez mais a demandar o uso da mecanização para o manejo da videira. E um dos aspectos que precisam ser considerados nesse processo é o efeito das operações sobre a qualidade da produção Divulgação

A

vitivinicultura é uma atividade importante para a sustentabilidade da pequena propriedade no Brasil e consome uma quantidade expressiva de mão de obra para a realização das operações de campo, força de trabalho que tem se tornado cada vez mais escassa ao longo dos últimos anos. Ao mesmo tempo que o cultivo se expande, novos polos de produção vitivinícola, tanto nacionais como internacionais, pressionaram a indústria do setor, que busca se ajustar à competição dos novos tempos. A videira apresenta uma forma livre em ambiente natural, onde o mecanismo da autorregulação do crescimento e desenvolvimento prevalece. Geralmente, plantas não podadas apresentam alternância de safras, ou seja, anos com alta produção, seguidos por anos de baixa produção. A poda como estratégia de manejo tem a finalidade de equilibrar o número de frutos e o desenvolvimento vegetativo, controlar a arquitetura do dossel e adequar o crescimento e desenvolvimento com a exploração econômica do cultivo. O manejo vegetativo é uma prática comum aplicada às videiras e tem por finalidade melhorar a distribuição dos ramos e folhas para favorecer a captação da radiação solar, diminuir o sombreamento no interior da copa e evitar a formação de microclima favorável ao desenvolvimento de doenças. O equilíbrio entre a área foliar e a produção beneficia o desenvolvimento das plantas e a composição da uva. De modo geral, o manejo vegetativo pode ser classificado em poda de formação, produção e de limpeza, podendo receber denominações diferentes de acordo com as épocas em que são realizadas (poda de inverno e verão), com o enfolhaNovembro 2020 • www.revistacultivar.com.br

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Fotos Maria Aparecida Lima

Vinhedo antes da poda de inverno

Execução da pré-poda para eliminação dos ramos com podador desenvolvido no CEA/IAC

Vinhedo limpo após a pré-poda mecanizada e repasse manual

mento das plantas (poda seca e poda verde) e sua intensidade (poda drástica, renovação, esqueletamento etc.). O manejo vegetativo é ligado a uma sequência de operações (desbrota, desponte, raleio de flores e frutos, entre outros) durante o desenvolvimento da planta. É importante ressaltar que a poda de produção pode ser dividida em pré-poda e a poda propriamente dita, quando se realiza uma limpeza inicial de ramos, para depois proceder a poda. Em vista de que os tratos culturais da videira exigem uma quantidade expressiva de mão de obra, para a realização das operações de campo, a mecanização das operações de mane-

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jo dos vinhedos tem sido utilizada, em todo o mundo, com o objetivo de facilitar os trabalhos de campo e contornar a escassez de mão de obra, além da redução dos custos de produção. Observa-se uma adoção em torno de 50% de mecanização nas operações de manejo da videira, já há algumas décadas, pelas regiões de produção vitícola em vários países. A Austrália é um dos países com maior índice de aplicação da mecanização, em todas as operações de manejo vitícola. No Brasil, a adoção da mecanização do manejo na cadeia vitícola ainda é incipiente, com algumas inciativas em pontos isolados no Sul e no Nordeste. Considerando-se a adoção da poda mecanizada, deve-se levar em consideração as condições topográficas, edafoclimáticas e padronização de sistemas de cultivo que permitam sua implementação. Alguns sistemas de cultivo vitícola são mais propícios à mecanização que outros. O sistema de cultivo da videira em espaldeira é mais propício à implementação da poda mecanizada, mas todos os sistemas de condução da videira podem ser adaptados à prática de manejo mecanizada, principalmente a uva cultivada para vinho e suco. A adoção de mecanização parcial ou total do manejo de qualquer cultivo sugere uma abordagem sobre as consequências de tais práticas sobre a qualidade da produção, na comparação com o manejo manual. Considerando somente a poda mecanizada da videira, a adoção desta prática influencia a ecofisiologia do dossel, a composição do rendimento e a qualidade de derivados da uva, sendo que resultados nessa área são mais abundantes para variedades de Vitis vinifera. No entanto, estudos feitos no Instituto Agronômico (IAC) têm se concentrado no impacto desta prática sobre cultivares híbridas. À primeira vista, a adoção da poda mecanizada tem um impacto direto nos custos de produção e na velocidade das operações. Trabalhos realizados na área da mecanização do manejo da videira demonstram que os custos de produção sofrem redução significativa. Há relatos de redução em 50% nos custos de produção em vinhedos, quando se utilizou a poda mecanizada seguida de repasse manual para retirada de ramos remanescentes. Geralmente, no início a adoção da poda mecanizada pode causar pequena redução de produção e da qualidade da uva em vinhedos já estabelecidos. Contudo, após dois a três anos, a produção e a qualidade retornam a níveis equivalentes ao manejo manual. Todavia, o abaixamento dos custos do cultivo compensa a eventual redução na produtividade da uva. A automação da poda tem funcionado melhor quando aplicada em vinhedos jovens, já estabelecidos para este fim, muito embora também tenha funcionado em vinhedos já estabelecidos; neste caso, necessitando de maior tempo para a adaptação. No Instituto Agronômico (IAC), foi realizada uma avaliação sobre os impactos da adoção da poda mecanizada da videira. Um protótipo podador, desenvolvido no próprio Instituto, tem sido utilizado com sucesso na operacionalização da poda da videira. As avaliações foram realizadas em um vinhedo de “Isabel


que a adoção da mecanização do processo de poda dos vinhedos (estabelecidos para poda mecanizada) não influenciou a qualidade da uva Isabel precoce, quando comparado ao manejo manual da poda, ao longo dos anos. Não houve influência sobre o número e o peso de cachos, assim como não ocorreram modificações significativas no conteúdo de sólidos solúveis, antocianinas, fenóis totais e taninos. No caso da cultivar Isabel, não observou-se influência sobre a qualidade do vinho. Ressalte-se, porém, que devido à gama de variedades de videira em uso no País, em variados microambientes, mais estudos são necessários, para verificação dos impactos diretos sobre o comportamento varietal e sobre a qualidade da produção, o que deve ser realizado, especificamente, para cada cultivar, por certo número de safras, antes de ser amplamente recomendada. Observando resultados de estudos semelhantes, verificou-se que alguns autores relatam diferenças na produtividade, mais favorável a videiras conduzidas sob poda mecanizada, com diferenças mínimas na qualidade do vinho produzido. Por outro lado, há casos em que uma diminuição significativa no vigor das vi-

deiras foi observada, quando se sujeitaram vinhedos à poda mecanizada. Há relatos de observações comparando a poda manual e a poda mecânica, durante alguns anos, onde foi verificado aumento da produtividade quando se adotou o manejo mecanizado, mas com a necessidade de uma renovação na formação da planta após cinco anos de poda mecânica, para promover a renovação das gemas. Em geral, para uma ampla gama de variedades, observações de longo prazo mostram que ao ser adotada a poda mecanizada, o número de cachos aumenta, mas diminui de peso, ocorrendo uma natural compensação, tendendo-se a uma igualdade na produtividade, entre o manejo manual e o mecanizado da poda. Com isto, se reforça o fato de que não existe uma regra geral quanto à resposta à poda mecânica. Cada variedade tem que ser estudada separadamente, pois o resultado depende de vários fatores, advindos da interação do sistema solo-planta-atmosfera, além da relação .M planta-máquina.

Maria Aparecida Lima e Antônio Odair Santos, Centro de Engenharia/CEA, Instituto Agronômico (IAC)

Divulgação

precoce”, em linhas cultivadas em espaldeira, no espaçamento de 3m na entre linha e 2m entre plantas, com linhas de 120m de extensão. O estabelecimento de 3m na entre linha foi utilizado para evitar a compactação do solo próximo à zona radicular da planta; já o espaçamento entre plantas, 2m, tem ligação com a facilitação da mecanização da limpeza de plantas daninhas na linha de plantio; a altura dos mourões foi estabelecida em 2,20m acima do solo, o que permite a passagem da máquina de poda com facilidade. As práticas de poda realizadas ao longo dos anos constituem a pré-limpeza inicial (pré-poda), que consiste num corte retilíneo ao longo do cordão de condução das plantas, deixando-se em torno de seis gemas por ramo podado. Posteriormente à passagem da máquina, um repasse manual é feito para o abaixamento de gemas. Ressaltando que a altura de corte de ramos está ligada à habilidade operacional do operador. Os tempos cronometrados para a passagem da máquina, em pré-poda, são, em média, de cinco minutos para um trajeto de 120 metros, para esta operação. Dependendo da variedade e do microclima, o repasse manual poderia ser dispensado, em função do índice de carga planejado para o vinhedo, que consiste na relação entre a parte vegetativa e a reprodutiva, o que deve ser estudado para cada variedade em seu ambiente de cultivo. Uma característica importante que ocorre em vinhedos submetidos à poda mecanizada é que um pequeno número de ramos não brotará no ano da poda, devido a pequenas oscilações na altura de corte. Com isto, ao longo dos anos, haverá acúmulo destes ramos mortos, havendo a necessidade de uma eventual limpeza, para sua eliminação. Nos estudos realizados no IAC, foram coletados dados para se avaliar a composição do rendimento e a composição físico-química da baga, e a complexidade do vinho obtido. Em geral, os resultados mostram

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COLHEDORAS

Retorno garantido Apesar de exigir um investimento inicial alto, a migração da colheita manual para a colheita mecanizada do café garante mais agilidade e rentabilidade na operação, assegurando o retorno do capital investido em poucas safras

Jacto

O

cultivo do café contribui significantemente para o crescimento econômico do Brasil, que responde por um terço da produção mundial. As espécies produzidas no Brasil são café Arábica e Conilon (Robusta) e suas características influenciam diretamente na escolha da colhedora a ser utilizada. O café Arábica apresenta menor porte, é cultivado em regiões de maiores altitudes, resultando em grãos de tamanhos maiores. Já o café Conilon exige altitudes menores quando comparado ao Arábica, sendo o ideal até 800m.

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A extensão territorial de área de café plantado no Brasil é de aproximadamente 1,88 milhão de hectares. A produção está distribuída no estado de Minas Gerais, que lidera a primeira posição com cerca de 53% do café produzido no País, seguido do Espírito Santo, com 22%; São Paulo, com 10%; Bahia, com 8%; e Paraná, com 4%. Os métodos de colheita do café são manual, semimecanizado e mecanizado, que implicam diretamente a qualidade do mesmo. Na colheita manual, são selecionados os frutos maduros, por meio de catação ou a dedos,

ou mesmo através da derriça. Na colheita semimecanizada são utilizados derriçadores portáteis, não havendo a presença de recolhedores. A colheita mecanizada exige o uso de máquinas automotrizes que permitem a colheita completa, podendo também ser tracionadas por tratores. A colheita mecanizada do café torna-se cada vez mais uma alternativa viável, uma vez que a eficiência nessa atividade aumenta a cada ano, permitindo um produto final de maior qualidade, com redução de custos e perdas, que levam a uma maior rentabilidade ao produtor.


COLHEDORAS

ESCOLHA DA COLHEDORA

As colhedoras automotrizes ou tracionadas trabalham sobre as linhas de café em declividades até 15%, com segurança. Algumas têm bitola mais estreita, para lavouras mais adensadas, podendo operar em declividades maiores. Vários modelos de colhedoras automotrizes trabalham com sistemas bastante semelhantes de derriça e recolhimento dos frutos e, em sua grande maioria, a descarga do café é feita através de bica lateral em carreta graneleira, ensaque lateral ou depósito próprio. O rendimento médio dessas colhedoras está em torno de três mil litros por hora, com velocidade de 600 a 1.200 metros por hora, e vibração entre 800 e mil ciclos por minuto. Essas máquinas, através de sistemas hidráulicos, com varetas vibratórias, fazem o trabalho de derriça, recolhimento, abanação e descarga do café na forma ensacada ou a granel. As automotrizes, como o nome sugere, têm propulsão própria e as tracionadas necessitam ser acopladas a um trator através da barra de tração e da tomada de força. O cálculo de rendimento operacional de uma colhedora leva em consideração a velocidade de deslocamento, o espaçamento entre plantas, a carga pendente (estimada), a eficiência de colheita (estimada) e a vibração média das varetas, e assim se tem o rendimento em litros/hora.

O cafeicultor deve estar atento no momento da escolha da colhedora que utilizará em sua lavoura, lembrando que pode ser do tipo automotriz, que possui propulsão própria, ou tracionada, que exige acoplamento com um trator, através da barra de tração. A planta é um componente primordial no momento dessa escolha, já que seu porte é um dos componentes observados durante esse processo, para evitar danos estruturais nas plantas e aumentar a eficiência da operação. Seguido dessa etapa da verificação do porte, da altura da cultivar presente na área, devem ser considerados o tamanho da propriedade, a idade das plantas, o espaçamento, a declividade (sendo a máxima de 20%), a produtividade e a uniformidade da lavoura. O ideal é que haja um acompanhamento técnico de especialistas no assunto, para garantir que a colhedora escolhida seja a melhor opção para a necessidade do cafeicultor.

REGULAGEM DA COLHEDORA

A regulagem ideal para a colhedora deve levar em consideração três variáveis: velocidade, vibração e freio dos osciladores. A velocidade deve ser regulada adequadamente pelo operador, porque quanto maior for, menor será a colheita dos grãos e vice-versa. A vibração se refere ao movimento das varetas derriçadoras nos ramos das plantas para que ocorra a retirada dos grãos de café. Quanto maior for a vibração, maiores serão os danos causados às plantas. Por isso a regulagem deve ser muito bem realizada, para evitar qualquer tipo de perda ou dano às plantas. Quanto aos freios dos osciladores, estes são responsáveis pelo ajuste mais fino da operação, controlando a agressão da colhedora à planta. A regulagem da colhedora é uma tarefa essencial e requer qualificação na execução desse serviço, já que a regulagem deve ser feita de acordo com a região e as condições da lavoura, atentando-se também a temperatura, umidade, pluviosidade, altitude, terreno, quantidade de café no talhão, uniformidade do estágio de maturação e grau de maturidade do café. Com a colhedora adequada e com as devidas regulagens, o custo de produ-

REDUÇÃO NOS CUSTOS EM ATÉ 40%

Case IH

Divulgação

A colheita manual corresponde a cerca de 40% do investimento de uma safra de café. Por isso, a adoção da colheita mecanizada tem se tornado uma realidade, apresentando alto rendimento operacional e custos mais baixos na operação, por conta da rapidez, do bom rendimento do maquinário e da redução de mão de obra, atingindo uma economia de 30% a 40% em relação à colheita manual, além de influenciar na boa qualidade do produto. Portanto, a colheita mecanizada consegue reduzir os custos de produção devido à rapidez com que as atividades são executadas, como também através do rendimento operacional do maquinário.

A colheita mecanizada pode reduzir os custos da operação em até 40%

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Parâmetros Comprimento Largura Altura máxima (?) Peso Velocidade Trabalho Rotação máxima Declividade máxima Potência Capacidade de colheita Comprimento Largura Altura máxima (?) Peso Velocidade Trabalho Rotação máxima Declividade máxima Potência Capacidade de colheita

Colhedoras Fendt Avery Case Coffe Express 200 Matão Tornado traction Box Jacto K3500 4.900mm 5730mm 5.200mm 6.250mm 2.800mm 3500mm 3.000mm 3.160mm 2.800mm 3500mm 3.000mm 3.160mm 2.580kg 6.700kg 6.300kg 2.580kg 6.700kg 6.300kg 0,4 a 1,6km/h 0,6 a 2,6km/h 0,5 a 1,5km/h 2,5km/h 1400rpm 2500rpm 1.800rpm 2200rpm 0,3 15-17% 0,15 0,2 65cv 55cv 67cv 132cv <=15km/h 9km/h 15km/h 2,5km/h Vn Automotriz VS-100 TDI máquinas (MWM D 229-4) F2 Bretanha Pinhalense P1000 Evolution *** 5.130mm 6.500mm 5,5 *** 3.000mm 3200 3,2 *** 3.000mm 3200 3,2 *** 7.870kg 7.000kg 6500kg *** 7.870kg 7.000kg 6500kg *** 0,5 a 1,5km/h 0,6 a 1,5km/h *** *** 1800rpm *** 2200rpm 0,35 0,3 0,2 0,3 *** 67cv 103cv 110cv *** 10km/h 6km/h 5,5km/h

ção do café pode ter uma redução de 5% a 10%.

Como realizar limpeza/descontaminação dos equipamentos de pulverização

Uma vez tirados da planta, são feitos o recolhimento e a abanação dos frutos. Na etapa seguinte, os grãos são armazenados ETAPAS DA COLETA DE GRÃOS em máquinas colhedoras ou despejados em carretas, para que A colheita do café totalmente mecanizada tem como etapa sejam então ensacados. É possível também realizar a coleta seinicial a derriça, através de hastes que promovem a vibração dos letiva, onde são colhidos somente os frutos maduros, promoramos, permitindo a soltura dos grãos presentes nas plantas. vendo uma melhor qualidade do produto final. O custo inicial da colheita mecanizada pode ser considerado elevado, porém, o rendimento operacional e a qualidade dos grãos colhidos garantem o retorno do capital investido. Para agricultores de pequeno ou médio porte, o aluguel de maquinários poderá ser mais vantajoso. ara obter um melhor desempenho nas colheitadeiras recomenda-se: COLHEDORAS NO BRASIL - definir o espaçamento entre as linhas de acordo com as Os principais modelos de colhedoras de café comerciamáquinas disponíveis no mercado; lizadas no Brasil são: Case IH, Jacto, Avery, Matão, Selecta, - fazer o plantio com as mudas alinhadas para reduzir a queVn Suprema, Caco Matao. Cada modelo de colhedora aprebra de ramos das plantas, das varetas e aletas da máquina na senta seu potencial para realizar essa atividade. Algumas colheita do café; características estão descritas na Tabela. De posse das ca- locar os carreadores para manobras com largura de 7 meracterísticas de cada colhedora, o produtor poderá identifitros para as tracionadas e de 5 metros para as automotrizes; car as necessidades de sua propriedade e encontrar o mo- quando houver alta umidade no solo, as colhedoras de.M delo mais adequado para sua lavoura. verão trabalhar com rodagem larga ou dupla para minimizar a Marcos Roberto da Silva, compactação e o enterrio de café caído no chão; Antonio Firmo Leal Neto, - em colhedoras providas de depósito de grãos, cuidar para Camila Silva de Santana, que o mesmo não tenha a sua carga completada antes do final Adinael Santos Silva e do talhão; Pedro César Gonçalves de Jesus Santos, Universidade federal do recôncavo da Bahia - treinamento dos operadores.

Como obter mais rendimento na colheita mecanizada

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Novembro 2020 • www.revistacultivar.com.br




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