Cultivar Máquinas • Edição Nº 142 • Ano XII - Julho 2014 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Test Drive - Case IH 130A
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
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Confira o desempenho do Farmall 130A da Case IH, o maior integrante da série Farmall que agora passa a ter modelos de 60 a 131cv
Destaques
Índice
Tecnologia de aplicação
Pneus
Saiba como regular adequadamente e quais as melhores formas de aplicar para controlar a lagarta-do-cartucho
Conheça as principais aplicações agrícolas para pneus R1 e R3
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• Editor
Gilvan Quevedo
• Redação
Charles Echer Karine Gobby Rocheli Wachholz
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
• Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia
NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• ASSINATURAS
• REDAÇÃO
• MARKETING
3028.2000 3028.2060
3028.2070 3028.2065
• Comercial
Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos
• Coordenação Circulação
Simone Lopes
• Assinaturas
Natália Rodrigues Clarissa Cardoso
• Expedição
Edson Krause
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
C
Rodando por aí
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Microtratores
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Ficha técnica - Challenger
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Tecnologia de aplicação
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Pneus R1 e R3
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Test Drive - Case IH 130A
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Colhedoras de rotor
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Ficha técnica - Agrale 500
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Capacidade de tração
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Fertilizantes a lanço
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Coluna Mundo Máquinas
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 189,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 150,00 € 130,00
Direção Newton Peter
Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Cultivar
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rodando por aí
Parceria
A Massey Ferguson, em parceria com a Nexsteppe, empresa dedicada ao melhoramento genético de sementes de sorgo, anuncia resultados dos primeiros testes de enfardamento de sorgo Palo Alto realizados no Brasil com a enfardadora retangular MF2170, que faz fardos com dimensões de 2,4m x 1,4m x 0,90m amarrados por seis fios. “O processo foi pioneiro, pois, até então, não havia nenhuma outra companhia trabalhando com a Nexsteppe e com esse tipo de cultura”, diz Douglas Vincensi, gerente de Marketing do Produto Colheitadeira/Fenação da Douglas Vincensi AGCO América do Sul.
Gerenciamento de frota
A Case Construcion Equipment lançou um novo sistema telemático de gerenciamento de frota, o SiteWatch. O aplicativo é responsável pela captura das informações de desempenho e posicionamento da máquina, disponibilizando as informações mais importantes de operação em tempo real. “Nos últimos anos, a área de pós-venda foi uma das que mais receberam investimentos em desenvolvimento de tecnologias e metodologias de trabalho”, revelou Carlos França, gerente de Marketing da Case. O aplicativo SiteWatch para iPad já está disponível na loja do iTunes da Apple.
Prêmio REI
O Precision Land Management (PLM) – sistema de agricultura de precisão da New Holland – foi o vencedor do Prêmio REI (Reconhecimento à Excelência e Inovação) realizado pela Automotive Business, na categoria “Tecnologia da informação e software”. Para Samir Fagundes, responsável por agricultura de precisão da New Holland, “o prêmio é um reconhecimento da dedicação da marca nas ferramentas em agricultura de precisão e também uma resposta que estamos seguindo na direção dos agricultores: buscando soluções integradas com equipamentos que atendam as suas necessidades para os diferentes tipos de máquinas”.
Para citricultura
A Valtra apresentará durante a Feira de Agronegócios Coopercitrus Sicoob Credicitrus, que ocorre em agosto, suas soluções em tecnologia para aprimorar o trabalho do campo. Os principais destaques da marca na feira são a Série A Geração II e os modelos do segmento estreito, que fazem parte da nova Série A Fruteiro. “A Valtra traz para a Feacoop, novidades para melhorar a rentabilidade dos cafeicultores e citricultores. Como o trator A950F, o mais potente do segmento estreito”, destacou Roberto Patrocínio, gerente nacional de Vendas da marca.
Roberto Patrocínio
Imperador 2650
A concessionária Evolução Máquinas, parceira da Stara no Paraná, realizou um treinamento sobre o pulverizador autopropelido Imperador 2650, em Maringá (PR). O treinamento contou com a participação de 20 pessoas entre proprietários e operadores. O treinamento foi realizado pelo técnico APS da Stara, Dirleu Viçozzi Jr, com a assessoria do gerente de Pós-Vendas da concessionária, Roni Allebrand.
Samir Fagundes
Treinamento itinerante no MT
A Case IH lançou o programa Evolução em Campo, voltado para o treinamento de mão de obra no campo. Direcionado para o mercado de grãos, o projeto é composto por uma unidade móvel que irá percorrer o Brasil, capacitando operadores e técnicos entre os principais polos produtores do país e tem como primeiro destino a região de Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. Auri Orlando, gerente de Serviços da marca para América Latina, destacou que a programação visa “fornecer cursos operacionais dos equipamentos da linha de colheitadeiras AxialFlow e dos tratores da linha Magnum”.
Verdes Vales Bagé
O grupo Verdes Vales, concessionária John Deere em parte do Rio Grande do Sul, inaugurou no final de maio nova filial no município de Bagé. “As novas instalações acompanham o ritmo do crescimento do agronegócio em escala mundial. Este empreendimento visa atingir os produtores das cidades de Aceguá, Candiota, Lavras do Sul e Hulha Negra, além de Bagé”, declarou Guilherme Kessler, diretor comercial da Verdes Vales.
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Nova fábrica Agrale
A Agrale assinou o protocolo de intenções com o Governo do Estado do Espírito Santo e a Prefeitura de São Mateus para instalação de uma fábrica no município de São Mateus. A nova unidade, que prevê investimentos de cerca de R$ 40 milhões até a execução total do projeto, será destinada à fabricação da linha completa de produtos Agrale e deverá estar operando ainda em 2015. “A localização da nova unidade oferecerá ganhos de logística, o que contribuirá para reduzir os custos de distribuição no Brasil e também das exportações”, explica o diretorpresidente da Agrale Hugo Zattera.
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Treinamento pós-vendas
No início de junho, concessionários de diversas regiões do país tiveram a oportunidade de participar do treinamento focado para Pecistas e em Processos de Garantia realizado no Centro de Treinamentos da Agritech. O curso foi direcionado ao profissional de concessionária/revenda que atende diretamente o cliente, fazendo o intermédio entre a fábrica e o proprietário do produto na solicitação de peças, garantia e revisões.
Viagem ao Improviso
A estreia nacional do projeto “Viagem ao Improviso” aconteceu em maio, no Mato Grosso, encerrando-se em julho, na Bahia, totalizando 23 ações. O projeto tem apoio da Massey Ferguson e o objetivo é promover a descentralização da arte, ampliando o acesso à cultura, em dez municípios de quatro estados. As apresentações aconteceram em praças públicas e de forma gratuita. O espetáculo teatral “Forasteiros” conta a história de um pequeno bando que chega de ônibus em uma cidade desconhecida e os artistas servem-se de elementos dados pelo público para compor o espetáculo.
Prêmio Exportação RS
A Semeato foi contemplada com o 42º Prêmio Exportação RS, entregue no mês de junho em Porto Alegre. O evento, promovido pela ADVB – RS (Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil), distinguiu 49 empresas que adotaram estratégias inovadoras na gestão de negócios de comércio exterior. “Ficamos muito felizes em receber mais uma vez o prêmio”, afirmou a diretora comercial do Grupo Semeato, Carolina Rossato. “Trabalhamos muito para isso, pois exportamos para a África, América do Sul e Leste Europeu”, encerrou.
MOTOCULTIVADORES
Multitarefas
Tramontine
Os microtratores ou motocultivadores ainda constituem uma fatia importante no mercado de tratores no Brasil. No entanto, a operacionalidade destas máquinas requer dos operadores mais esforço e atenção, se comparados a tratores de quatro rodas
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agricultura familiar é, sem dúvida, de vital importância econômica e social do espaço rural. Sua característica básica é a íntima relação entre trabalho e gestão, onde a direção do processo produtivo é conduzida pelos proprietários, com ênfase na diversificação produtiva, na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida. Assim como em demais setores, a agricultura familiar buscou meios de se tornar mais produtiva e, para isso, lançou mão da mecanização agrícola. Um dos aliados nessa busca foi o motocultivador. Esta máquina demonstrou ser eficiente e versátil, pois pode ser utilizada na maioria das operações agrícolas desenvolvidas
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em pequenas áreas, desde o preparo do solo até o controle de pragas e ervas daninhas.
TRATORES NA AGRICULTURA BRASILEIRA
Estima-se que o Brasil possua atualmente mais de 850 mil tratores agrícolas em operação (IBGE). A maior concentração está no Sul, onde o Rio Grande do Sul se destaca ocupando a primeira posição. O gráfico a seguir apresenta a frota de tratores dos estados mais expressivos. Dentro desse montante, a quantidade de tratores de potência inferior a 100cv representa quase 70%. Em estados com relevo e hidrografia desfavoráveis a grandes lavouras, a exemplo
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de Santa Catarina, os tratores de pequena potência e motocultivadores são largamente empregados, especialmente em propriedades de até 20 hectares. Os três estados da Região Sul destacam-se por apresentar elevada porcentagem de tratores de potência inferior a 100cv, sendo que em Santa Catarina esse valor supera os 86%. O Gráfico 2 apresenta a distribuição para a Região Sul. Em outra análise do senso (IBGE) constatou-se que Santa Catarina possuiu 35% de sua frota de tratores com potência abaixo de 20cv, possivelmente motocultivadores, caracterizados pela faixa de potência. Assim, em temos numéricos, possivelmente existam mais de 24
Gráfico 1 - Quantidades de tratores por estado brasileiro
Fonte: Adaptado de IBGE, 2007
OS MOTOCULTIVADORES
As políticas de incentivo do governo para a instalação de fábricas no Brasil impulsionaram as vendas de motocultivadores entre os anos 70 e 90. O fabricante Kubotta Tekko do Brasil foi o de maior expressão naquele momento e difundiu seu produto, o Tobatta, que hoje é o nome popular atribuído aos motocultivadores, especialmente na região Sul do Brasil. Segundo informações da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) a produção de motocultivadores atingiu seu pico em 1986, quando foram comercializadas mais de sete mil unidades em território nacional. Em sua última contagem, no ano de 2011, esse valor foi de 1.350 unidades. Atualmente há uma diversidade de marcas no cenário nacional, apresentadas no Box 1.
Fonte: Adaptado de IBGE, 2007
e 3.600 rotações por minuto. Essas máquinas são compostas por um eixo com duas rodas, se assemelhando com a tração animal, onde o operador caminha na parte posterior de determinado implemento comandando o motocultivador através de prolongamentos, denominados rabiças. Grande parcela dessas máquinas no Sul do Brasil é empregada no transporte de carga e pessoal, através da adaptação de implemento que possibilita a condução na posição sentada, acrescentando-se,
para isso, uma carreta articulada. Em sua concepção inicial, esta máquina limitava-se à operação de capina, utilizando, para isso, enxada rotativa acoplada à parte traseira do motocultivador, abaixo das rabiças e à frente do operador. Atualmente, outras configurações de trabalho, através de implementos e acessórios, garantem a aplicação do motocultivador em uma diversidade de operações agrícolas, principalmente no cenário da agricultura familiar.
Agritech
mil tratores de duas rodas no estado.
Gráfico 2 - Porcentagem de tratores com potência inferior à 100cv
CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS
Os motocultivadores comercializados no Brasil possuem peso variando entre os 200kg e 450kg, apresentam caixa de marchas de quatro velocidades à frente e uma à ré, com a opção de reduzida. A maioria utiliza motores a diesel, monocilíndricos e refrigerados a água. Normalmente são empregados motores com potência entre 6cv e 18cv e uma capacidade volumétrica entre 250 e 500 centímetros cúbicos com um regime de funcionamento máximo entre 2.000
Diferentes configurações de trabalho, através de implementos e acessórios, garantem a aplicação do motocultivador em uma diversidade de operações agrícolas
Box 1 - Principais marcas de motocultivadores encontradas no Brasil Marca Yanmar-Agritec
Tramontini
Kawashima
Koyote
Bufallo
Toyama
Modelo/Potência TC-14/14cv Arrefecimento: à água RPM: 2400 Combustível: Diesel NG 18/18cv Arrefecimento: à água RPM: 2200 Combustível: Diesel ZT 15/15cv Arrefecimento: à água RPM: Não Disponível Combustível: Diesel 2218/18cv Arrefecimento: à água RPM: 2200 Combustível: Diesel BFG 920/6,5cv Arrefecimento: à ar RPM: 3600 Combustível: Gasolina TE700/7cv Arrefecimento: à ar RPM: 3600 Combustível: Gasolina
CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS
inversão do comando ao passar-se de uma aclive para um declive. De modo geral, a operação de um motocultivador exige a manipulação, às vezes simultânea, de diversos comandos.
ASPECTOS ERGONÔMICOS
Pela concepção original da máquina, por volta de 1940, no Japão, os comandos foram projetados para operações em pé. Pela adaptação para a utilização de implementos na posição sentada, a nova postura impôs severas limitações ao operador. As distâncias dos comandos, incluindo alavanca de troca de marchas, embreagem e freio, excedem as ideais e máximas orientadas por bibliografia qualificada em ergonomia. A posição sentada também impõe um desvio no punho do operador (desvio ulnar) que, aliado a vibrações, pode provocar lesões neste membro. O distanciamento dos comandos e a necessidade de espaço necessário à rotação das rabiças exigem do operador esforço na coluna vertebral. O peso dos comandos também constitui fator de risco ergonômico. Em comparação realizada entre trator de volante (com direção hidráulica) e o motocultivador, em condição
Tramontine
A partida do motor dos microtratores, na maioria dos casos, é manual por manivela. O movimento circular da alavanca (uma a cinco voltas) é necessário até o início da ignição do combustível e continuidade da rotação do motor. Tanto na configuração para operação em pé como sentado, o sistema de direcionamento desta máquina é por embreagens existentes em cada uma das rodas de tração, ou seja, aciona-se a embreagem de uma roda e a outra traciona e direciona a máquina. O resultado do acionamento, ou seja, a direção que o motocultivador irá tomar depende do relevo. Assim, há uma
Mapa de ruído construído em área de 10x10m obtido de motocultivador em rotação de trabalho
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parado em marcha lenta, demonstrou-se que o esforço do operador do motocultivador ultrapassa em dez vezes o necessário para mover o volante do trator.
RUÍDO
Estudos realizados pelos autores evidenciam que, em rotação nominal de trabalho, os níveis de pressão sonora (ruído) superam os 90 decibéis (dBA). Tal intensidade sonora, segundo NR 15, exige a utilização de protetor auricular para uma carga de trabalho de oito horas diárias. Analisando-se mapas de distribuição de ruído, construídos no software Surfer, evidenciouse que, a partir do escapamento do motocultivador a propagação do som mantém intensidade potencialmente perigosa mesmo a metros de distância do seu ápice. Pode-se concluir que auxiliares que se encontram nas proximidades da máquina ou pessoas embarcadas na carreta do motocultivador estão também sujeitas a riscos ergonômicos gerados pelo ruído.
ACIDENTES COM MOTOCULTIVADORES
Em estudo realizado pelos autores, comparando-se a usabilidade de um trator modelo Valmet 785 com um motocultivador modelo Kubota Tobatta 16cv, apontou-se uma das prováveis causas de acidentes com os motocultivadores. Foi colocado em frente a cada máquina, em momentos alternados, um painel iluminativo composto de uma prancha de 2m x 0,3m com quatro lâmpadas, sendo uma em cada extremidade e duas no centro (uma sobre a outra). Com a máquina em rotação de trabalho, eram ligadas aleatoriamente as lâmpadas, simbolizando o surgimento de um obstáculo a ser desviado. As lâmpadas centrais indicavam o terreno, se aclive ou declive. A simulação mostrou que o erro de acionamento do motocultivador para desviar os obstáculos foi 49,1% enquanto que para o trator foi de 5,7%.
Tramontine
Agritech
A maioria dos motocultivadores produzidos no Brasil utiliza motores a diesel, monocilíndricos e refrigerados a água, com potência entre 6cv e 18cv
O erro percentual demonstrou que no motocultivador a reação a um obstáculo exige maior carga mental, pois leva em consideração não somente a posição (direita ou esquerda), mas também a condição de aclive ou declive do terreno, o que não é necessário no caso do trator. A experiência dos usuários na utilização de outros veículos, como automóveis, pode ter influência na melhor resposta ao estímulo para o trator.
Atualmente o motocultivador é empregado também no transporte de carga e pessoal, através da adaptação de implemento que possibilita a condução na posição sentada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância do motocultivador e sua contribuição para o desenvolvimento agrícola, especialmente na agricultura familiar, é indiscutível e serviu de marco em termos de produtividade de pequenas propriedades. Contudo, seus aspectos construtivos e operacionais impõem uma série de restrições ergonômicas ao operador, que deve tomar cuidados para a preservação de sua saúde e integridade física.
Novas propostas de implementos e dispositivos mais seguros e ergonômicos podem dar uma sobrevida a essa máquina cuja concepção inicial .M já passa de meio século. Ricardo Kozoroski Veiga, Fabrício Campos Masiero, Profa. Leila Amaral Gontijo e Wilian Odorizzi, IFC
ficha técnica
Challenger MT775E Com novo projeto, mais moderno e eficiente, o Challenger volta a ganhar força no Brasil disputando o mercado de grandes tratores que aliam tecnologia e força
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ma máquina já conhecida no Brasil e no mundo ganhou novo motor, além de novo design, novas esteiras de 30”, novos comandos operacionais e novo sistema hidráulico de alta vazão que continua garantindo alta performance na exigente classe de tratores de alta potência. O Challenger completa 12 anos no mercado brasileiro e agora ganhou novo motor AGCO Power 9.8 de sete cilindros, com potência nominal de 405cv a 2.100rpm e máxima de 437cv a 1.900rpm. O torque máximo chega a 1.921Nm a 1.500rpm e a reserva de torque de 40% possibilita mais potência e maior eficiência, o novo sistema Bi-Turbo é composto por dois turbos compressores que atuam nas baixas e altas rotações do motor, proporcionando excelente resposta em todas
as rotações de trabalho, gerando uma curva de torque longa e plana, que garante o aumento de torque também em baixas rotações, atingindo o ponto ideal para máxima eficiência. Este sistema é garantido por mais de cinco anos de testes rigorosos de campo em terrenos difíceis sem avarias no motor e o alto torque em rotações baixas significa maior produtividade e eficiência. A transmissão é Caterpillar Powershift 16F + 4R com velocidade de transporte de até 39,6km/h, com gerenciamento eletrônico e três módulos operacionais: Potência Máxima, Velocidade Constante do Motor e Velocidade Constante de Deslocamento. O modo Potência Máxima é utilizado para obter a maior produtividade do trator, mudando automaticamente e/ou variando a velocidade do motor para permitir que o trator realize a tarefa e mantenha o motor na faixa onde desenvolva máxima potência, garantindo o máximo desempenho da máquina.
O modo Velocidade Constante do Motor manterá a rotação do motor ajustada para conservar a operação do implemento na faixa de velocidade desejada, eliminando a necessidade de o operador elevar ou diminuir a rotação do motor e/ou mudar a transmissão para alcançar a RPM correta da TDP. Quando estiver selecionado o modo Velocidade Constante de Deslocamento o trator manterá uma velocidade de deslocamento definida, mudando a transmissão e variando a velocidade do motor. O trator manterá a velocidade desejada automaticamente, ajustando a marcha e a rotação para o melhor consumo de combustível.
O motor é AGCO Power 9.8 de sete cilindros, com potência nominal de 405cv a 2.100rpm e máxima de 437cv a 1.900rpm. O torque máximo chega a 1.921Nm a 1.500rpm e a reserva de torque de 40%
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Fotos Challenger
A transmissão também conta com o sistema de manobra de cabeceira One-Touch (um toque), onde é possível gerenciar e programar funções como: mudanças descendentes/ ascendentes, operação hidráulica, aceleração, TDP, engate de três pontos e operação do Auto-Guide. A cabine funcional e ampla oferece novos comandos e opções de interação do operador com a máquina junto com extração de dados no novo visor de LCD colorido de 7”, com formato 15:9, piloto GPS AG3000 com opção de correção submétrica, decimétrica ou centimétrica com base de correção. Ele possui os mesmos controles funcionais existentes na antiga Série B, além de slot de cartão de memória removível e melhor configuração do gerenciamento da cabeceira, sendo possível customizar os cenários.
ESTEIRA MOBIL TRACK
As esteiras são feitas com o exclusivo sistema Mobil Track, tem como princípio de funcionamento o sistema de direção diferencial desenvolvido unicamente para tratores de esteira, permitindo que a máquina realize manobras com raio de giro zero e garantindo agilidade nas manobras de cabeceira e manobras em áreas com espaço reduzido. Além disso, o sistema conta com a possibilidade de ajuste de bitola de 2.032mm a 3.048mm e várias opções de largura de esteiras, adequando-se a diversas operações e diversos espaçamentos de culturas.
A transmissão do Challenger MT775E é Caterpillar Powershift 16F + 4R com velocidade de transporte de até 39,6km/h com gerenciamento eletrônico e três módulos operacionais
O sistema proporciona uma característica única de equilíbrio entre tração e peso/ potência, gerando uma capacidade de tração 20% superior se comparado a uma máquina da mesma potência com pneus, e um índice de patinagem 10% menor. Seu peso de 17 mil quilos tracionado em uma área de contato de 3,71m² garante tração em todo tipo de terreno e, quando distribuído esse peso, sua compactação representa 458,2kg por cm², tornando a máquina de menor peso/potência e maior tração da categoria com 41,97kg/cv. O conforto
operacional que o trator oferece deve-se às molas MarshMellow que se comprimem e se expandem para permitir que as barras rígidas oscilem livremente. Outro componente importante do sistema de esteira são as rodas centrais oscilantes - item patenteado pela companhia – que garantem maior contato da esteira com o solo para melhor tração possível e menor compactação. O Sistema de fricção conta com as rodas traseiras de grande diâmetro que fornecem mais força sem a necessidade de potência adicional para um melhor desempenho e redução de patinagem. As novas esteiras são de 30”, projetadas
As novas esteiras são de 30”, projetadas para aplicação para operações de preparo de solo e plantio e proporcionam alta flutuação e baixa compactação
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Fotos Valtra
A cabine é ampla com visão de 360º. Os comandos estão ergonomicamente localizados e a tela do monitor é de 7”
para aplicação para operações severas, atendendo as exigências de alta capacidade de tração nas operações de preparo de solo e alta flutuação com baixa compactação nas operações de plantio. A Tabela 1 mostra a relação de eficiência de capacidade de tração na barra de um trator Challenger comparado a um trator de pneus da mesma potência em quatro condições de piso: concreto, solo firme, solo cultivado e solo macio. É possível notar que na condição de solo macio há uma diferença de tração de 42,45% superior a uma máquina de pneu da
mesma potência.
SISTEMA HIDRÁULICO
O sistema hidráulico do Challenger MT775E é equipado com um sistema de controle remoto de circuito fechado, utilizando bomba de vazão variável (bomba de pistão) e válvula load-sensing, com 4,5 ou seis válvulas de controle remoto e vazão hidráulica de 322L/min. com 200bar de pressão, permite o melhor aproveitamento e vida útil do sistema, uma vez que otimiza o fluxo de óleo que é levado para o controle
Considerando um trator de 450 HP Challenger MT775E 329 HP Tração na barra para solo firme Tração na barra para solo preparado 329 HP Tração na barra para solo arenoso 302 HP
Trator de Pneus Tração na barra para solo firme Tração na barra para solo preparado Tração na barra para solo arenoso
288 HP 248 HP 212 HP
% de aumento de Potência entre Challenger MT775E vs. Tratores de Pneus 14,24% 32,66% 42,45%
* 1 hp = 1,0139 HP
O Challenger MT775E possui piloto GPS AG3000 com opção de correção submétrica, decimétrica ou centimétrica com base de correção
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O assento é de couro com aquecimento e ventilação, que maximiza o conforto do operador
remoto, onde é possível utilizar somente o óleo necessário para operação, além de ser pré-regulado, o que garante uma economia no consumo de combustível. O MT775E conta com um sistema três pontos com capacidade de levante de 12.000kg (Categoria 3/4N) com controle de sensibilidade e reação do sistema corrigido pela carga e rotação do motor combinado à patinagem das esteiras. Sem a necessidade de pinos sensores no braço do três pontos, o sistema controla a profundidade e corrige a sensibilidade e a reação do sistema três pontos, utilizando informações da carga do motor e patinagem da esteira, tornando-se um sistema único, simples e funcional. A TDP é de 1.000rpm, com 20 estrias, 1.75” (45 mm) independente e controlada eletronicamente. .M
O sistema hidráulico é equipado com um sistema de controle remoto de circuito fechado, utilizando bomba de vazão variável e válvula load-sensing, com 4, 5 ou seis válvulas
PULVERIZADORES
Contra-ataque
Valtra
Uma das pragas mais difíceis de se controlar, por conta do local onde ela se esconde, é a lagarta-do-cartucho. Por isso, além de utilizar inseticida na dose correta, o uso de tecnologias de aplicação de forma adequada se torna fundamental para evitar o surgimento de indivíduos resistentes e prejuízos ainda maiores
O
s prejuízos causados por insetos na cultura do milho preocuparam os agricultores brasileiros na safra 2013. Apesar de investimentos, em mais de 70% do total semeado em milho transgênico na última safra (há cinco safras esse percentual não chegava a 15%) houve perdas provocadas por lagartas que comprometeram significativamente a produtividade da cultura, com destaque para a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). No Brasil, a lagarta-do-cartucho foi considerada praga na década de 60 devido ao surto nas culturas de milho, arroz e pastagens, sendo que os métodos de controle empregados pelos agricultores, naquela oportunidade, não foram eficientes. Desde então, a dificuldade no controle da praga se tornou uma rotina com
custo superior a 600 milhões de dólares na safra brasileira de 2009. Atualmente, estima-se que a lagarta-do-cartucho seja responsável por 25% dos prejuízos causados por insetos nos cultivos de milho. O surgimento de híbridos de milho transgênicos criou a expectativa de reduzir os problemas com a lagarta-do-cartucho. Entretanto, sem as prevenções adequadas os riscos de haver quebra de resistência na tecnologia Bt são altos. O plantio de áreas de refúgio com plantas isogênicas (não Bt) tem sido proposto como uma das principais medidas para reduzir a velocidade de crescimento de populações resistentes aos transgênicos. Esta estratégia tem o objetivo de favorecer a reprodução de insetos suscetíveis com possíveis insetos resistentes originados da
área Bt, gerando populações suscetíveis. Apesar das explicações técnicas sobre a razão da área de refúgio, a sua efetiva utilização ainda é muito baixa no Brasil. Esta situação pode ser justificada em decorrência de não haver clareza sobre como conduzir áreas de refúgio, principalmente no que diz respeito ao controle de pragas-alvo. Porém, permanece essencial realizar as boas práticas agronômicas e aplicar os preceitos do manejo integrado de pragas (MIP) em qualquer cultivo, o que inclui as áreas de refúgio. De toda forma, a manutenção da produtividade e da rentabilidade da cultura do milho, mesmo que transgênico, ainda requer o uso de produtos fitossanitários, mesmo que somente nas áreas de refúgio. Por outro lado, as aplicações de inseticidas
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e deposição em pulverizações em área total. Por outro lado, é recomendado o uso de gotas grossas em condições ambientais desfavoráveis, como temperaturas elevas, umidade relativa do ar baixa e ventos acima de 6km/h. No geral, a importância do tamanho das gotas produzidas pelas pontas de pulverização cresce em função da dificuldade de alcance do alvo e das condições ambientais no momento das aplicações, devendo ser considerados os riscos de perdas por evaporação e deriva. Outro aspecto importante é o volume de aplicação. Em aplicações via líquida, é
usual classificar o processo em função do volume de calda aplicado por hectare (litros/ hectare). Atualmente, há a demanda do setor produtivo para reduzir o volume de calda nas pulverizações. A partir de menores volumes há menos transporte de água ao campo e menor número de paradas para reabastecimento do pulverizador, por consequência, há aumento da capacidade operacional do equipamento de aplicação e diminuição dos custos de produção. No entanto, quando o assunto é volume de aplicação é comum que agricultores e técnicos
Fotos Henrique Campos
para o controle da lagarta-do-cartucho têm sido pouco eficientes, em que inseticidas antes empregados com sucesso agora não têm mostrado a mesma eficácia. Entretanto, isto por vezes se deve ao emprego de técnicas de aplicação inadequadas que, por não atingirem corretamente os alvos, favorecem a seleção de indivíduos resistentes a várias classes de inseticidas. Isto inclui desde dosagens inadequadas até a baixa qualidade da distribuição de gotas de pulverização sobre os cultivos. É fundamental a consciência de que a pulverização pode determinar a ação ou não de produtos comprovadamente eficientes. Portanto, o conhecimento da tecnologia de aplicação torna-se um aliado vital do agricultor quando o controle químico da lagarta-do-cartucho se faz necessário nos cultivos. Requisito básico para obter eficácia em aplicações de inseticidas é a escolha correta dos modelos de pontas de pulverização, também chamadas popularmente de bicos de pulverização. Estes itens são responsáveis por determinar o tamanho e a distribuição das gotas pulverizadas e, consequentemente, a cobertura do alvo requerido pela aplicação. De maior adoção pelos agricultores, as pontas de pulverização que produzem gotas finas, geralmente promovem boa cobertura superficial. Porém, essas gotas podem evaporar em condições de baixa umidade relativa do ar ou mudar sua trajetória com a ação do vento, resultando em deriva do produto aplicado. Vários pesquisadores consideram que gotas com menos de 100µm de diâmetro (unidade adotada para a classificação do tamanho de gotas) são mais facilmente carregadas pelo vento e sofrem intensamente a ação dos fenômenos climáticos. No caso de serem produzidas gotas muito grossas, não ocorre boa cobertura da superfície, tampouco boa uniformidade de distribuição
A lagarta-do-cartucho é tão difícil de ser controlada que pode ser encontrada mesmo em plantas de milho geneticamente modificadas e depois de receber aplicação de inseticidas
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Charles Echer
tenham dúvidas em como defini-lo. Em linhas gerais, o volume adequado pode ser definido como a quantidade de calda necessária para proporcionar a máxima cobertura de gotas com o mínimo de escorrimento, em função do equipamento ou da técnica de pulverização utilizada, proporcionando controle do alvo. No caso da lagarta-do-cartucho, a maior dificuldade encontra-se em adequar o volume de aplicação para atingi-la com o produto, devido às lagartas migrarem e permanecerem protegidas no cartucho das plantas de milho, em que grande parte da calda inseticida não atinge o alvo. Por isso, o manejo da lagarta-do-cartucho em cultivos de milho não tem se mostrado uma tarefa fácil. Diante da evolução da resistência deste inseto a cultivos de milho Bt e a inseticidas, a qual compromete qualquer programa de manejo integrado de pragas, fica evidenciada a importância do conhecimento em tecnologia de aplicação para o seu manejo, com sustentabilidade econômica, ambiental e social desta importante cultura. .M Henrique Borges Neves Campos, Marcelo da Costa Ferreira e Sérgio Tadeu Decaro Júnior, FCAV/Unesp
pneus Charles Echer
Baixo impacto
Uso de pneus radiais de garras baixas em implementos e máquinas agrícolas contribui para minimizar a compactação do solo e seus efeitos negativos sobre as culturas
A
elevação da potência das máquinas agrícolas muitas vezes acompanha o aumento peso das mesmas. Nos últimos anos, as cargas sobre o rodado de máquinas e implementos agrícolas foram aumentando e, desta forma, a indústria de máquinas agrícolas e pneus responde a este fato com desenvolvimento e otimização e novos conceitos de material como os modelos radiais de alta flutuação, contribuindo para minimizar os impactos de altas cargas sobre o solo e reduzindo o risco de compactação. A preocupação com questões de compactação do solo tem nos levado a procurar alternativas para minimizar seus efeitos negativos. A compactação superficial do solo depende da pressão interna do pneu enquanto que a compactação profunda depende da área de contato, da largura do pneu e da carga suportada pelo mesmo. Até pouco tempo atrás, o mercado nacional de implementos e máquinas agrícolas disponibilizava poucos modelos de pneus. No que se refere ao tipo construtivo e à altura de garra, as opções eram limitadas aos pneus diagonais, com o tipo de garra F2 e R1. Os pneus diagonais tipo F2 possuíam poucas medidas e no geral baixa capacidade de carga, já o pneu com o tipo de garra R1 foi desenvolvido para tração (eixo motor) e não para
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eixo movido. Esse tipo de pneu possui garras altas, ocasiona um aumento da resistência de rolamento quando utilizado em eixo sem tração, contribuindo para o aumento do consumo de combustível e compactação do solo. Os pneus tipo garra R1 são frequentemente usados em carretas graneleiras (bazuca) e implementos com alta concentração de carga. O pneu com garra tipo R3 radial tem por característica raia pouco profunda (garra baixa) e baixa tração, sendo mais utilizado em eixos sem tração. Uma equipe de pesquisadores da Unesp, Universidade Federal do Mato Grosso e da empresa de pneus Trelleborg realizou um trabalho de laboratório para avaliar dois tipos
construtivos de pneus, diagonal (garra R1) e radial (garra R3), simulando cargas que são transportadas em carretas graneleiras, mensurando variáveis, como área de contato pneu/ superfície rígida e deformação elástica do pneu. O estudo foi realizado no Núcleo de Ensaio de Máquinas e Pneus Agroflorestais (Nempa), do Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agronômicas - Unesp, Campus de Botucatu (SP). Os dois modelos de pneus ensaiados foram um de construção diagonal 24.5-32 (R1) e outro de construção radial 850/50R30.5 Trelleborg (R3). Os pneus foram fixados no eixo horizontal da prensa hidráulica, que simula o eixo da
Diferentes tipos de pneus (da esquerda para direita): pneu diagonal F2, pneu diagonal R1, pneu 24-32 diagonal e Pneu 850/50R30.5 radial
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Tabela 1 - Área de contato em relação as cargas aplicadas aos pneus Pneus
Radial Diagonal
Tabela 2 - Deformação elástica em relação as cargas aplicadas aos pneus Pneus
2000
Cargas (kgf) 3500
4000
0,159 0,142
Área de contato (m2) 0,254 0,203
0,323 0,246
Fotos Thiago Martins Machado
carreta graneleira segundo os procedimentos de carregamentos adotados, realizando-se a prensagem do rodado agrícola sobre uma superfície rígida, obtendo-se a estampa da banda de rodagem do pneu numa cartolina branca, sendo o pneu anteriormente pintado com tinta nanquim. Os pneus foram inflados com as pressões nominais recomendadas pelos fabricantes para cada tipo de pneu, tomando por base a pressão de inflação de (24psi) para o pneu diagonal e (20psi) para o pneu radial, com a carga máxima recomendada de 4.000kgf. As cargas foram aplicadas aos pneus de forma crescente, iniciando-se com 2.000kgf e, gradualmente, chegando-se a 3.500 e 4.000kgf. Após cada prensagem na cartolina, por meio de uma câmera fotográfica digital, foram tiradas fotos de cada área de contato, utilizando-se de uma plataforma fixa e elevada na estrutura da prensa hidráulica. Numa etapa final, as fotos digitais foram transferidas para um microcomputador e, finalmente, as leituras gráficas dessas áreas de
2000 Radial Diagonal
0,060 0,055
Cargas (kgf) 3500
Tabela 3 - Pressão aplicada na superfície rígida em relação as cargas aplicadas aos pneus Pneus
4000
Deformação elástica (m) 0,110 0,089 0,100 0,086
contato foram obtidas utilizando o programa computacional Autocad. Para a determinação das deformações elásticas, foi acoplada uma escala graduada na estrutura da prensa hidráulica e um cursor no eixo do pneu, podendo-se então medir o deslocamento relativo entre ambos. Foram lidos na escala graduada o valor quando do contato inicial do pneu com a superfície rígida (sem carga) e depois a medida, devido à carga máxima aplicada ao eixo do rodado pneumático, para cada pneu, sendo obtida a deformação elástica pela diferença entre as duas medidas (Tabela 2). A deformação elástica tem como finalidade demonstrar o quanto o pneu deforma a sua lateral na medida em que adiciona carga. Aumentando se a carga sobre o pneu, aumenta a deformação elástica e também a área de contato e, consequentemente, diminui a pressão sobre o solo. A deformação elástica influencia a área de contato dos rodados pneumáticos, sendo que menores deformações proporcionaram área de contato elíptica e deformações maiores resultaram em áreas de contato retangulares com bordas curvas. O pneu radial (R3) obteve uma área de contato em média 23% superior ao pneu diagonal (R1). Com o incremento da carga aplicada nos pneus houve um aumento na área de contato de ambos. Na carga de 4.000 kg o pneu radial obteve uma área de contato 31% maior do que a do pneu diagonal (Tabela 1). O termo “área de contato” refere-se à área do pneu que fica em contato com a superfície de apoio do solo, sendo um importante indicador
Radial Diagonal
Cargas (kgf) 4000 3500 2000 Pressão aplicada na superfície rígida (kgf/cm2) 1,359 1,378 1,258 1,785 1,724 1,408
da capacidade de distribuição de carga do pneu para a superfície de contato. Além disso, é nesta área que se transmitem os esforços desenvolvidos entre o pneu e o solo. O pneu radial, por ter obtido maior área de contato, consequentemente obteve uma menor pressão sobre a superfície rígida (Tabela 3), redução da pressão sobre a superfície de 10% para a menor carga e de 23% para a maior carga. O pneu de construção radial obteve maiores áreas de contato, deformação elástica e menor pressão aplicada sobre a superfície rígida. Apesar das opções do pneu agrícola de construção radial no mercado, a utilização ainda é reduzida, devido ao elevado custo de aquisição e à falta de conhecimento por parte do consumidor. A questão do custo inicial de aquisição, da tecnologia radial, ser elevado, pode se tornar baixo, a longo prazo, quando levamos em consideração os benefícios e a durabilidade, sendo utilizado de maneira correta. Mais antes de adquirir qualquer tipo construtivo de pneu ou marca, seja radial ou diagonal, é necessário sempre verificar na região, as questões de assistência técnica, .M garantia e disponibilidade de produto. Thiago Martins Machado, UFMT Kléber Pereira Lanças e Indiamara Marasca, Unesp Mauro Oliveira e José Artioli, Trelleborg
.M
Áreas de contato do pneu radial (abaixo) e diagonal (acima) com carga de 4.000kgf
Prensa hidráulica, que simula o eixo da carreta graneleira que realiza a prensagem do rodado agrícola sobre uma superfície rígida para obter a estampa da banda de rodagem do pneu em uma cartolina
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capa
Farmall 130A S
Testamos o Farmall 130A, integrante da recém-ampliada Série Farmall que passou a ter seis modelos operando na faixa de potência entre 60cv e 131cv
eguidamente comentamos com a equipe do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas que, nestes tantos anos de relação com a Revista Cultivar Máquinas alguns testes são difíceis, seja pela distância que temos que percorrer para encontrar as máquinas ou pela indisponibilidade de material. No entanto, este teste foi muito fácil, pois além do farto material informativo,
a máquina era novidade e muito interessante, com boas soluções. Pela equipe, teríamos ficado muito mais tempo no campo testando, pois a nossa impressão foi muito positiva. Enfim, um trator atraente para os que gostam da mecanização agrícola. O Farmall 130A da Case IH é um trator que pertence a uma série já existente, mas que se amplia com a apresentação do Farmall 110A, do Farmall 120A e do
Com a ampliação da série Farmall com os modelos Farmall 110A, Farmall 120A e Farmall 130A a linha Maxxum deixará de ser comercializada
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Farmall 130A. É um trator fabricado no Brasil, na fábrica de Curitiba, PR, que já possui o código Finame. Este modelo está situado na classe de média potência e configuração multiuso e substitui um dos modelos da série Maxxum, que era importada da Inglaterra. Esta série, que antes tinha apenas dois modelos com 110cv e 125cv, sai do mercado pelo custo de importação e por não ter possibilidade de financiamento pela linha de crédito do Finame. Neste lançamento, desaparece a linha Maxxum e a linha Farmall se amplia com três modelos de 111cv, 122cv e 131cv de potência. A Case IH passa a ter quatro séries, a Farmall com potência entre 60cv e 131cv, a Puma com motores entre 144cv e 182cv, a Magnum de 235cv a 340cv e dois modelos de tração integral da série Steiger. É um trator de configuração monobloco, com versões plataformada e cabinada, que apresentam um novo desenho de revesti-
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O motor é um Case IH FPT, de quatro cilindros de injeção direta, com 4,5cm³ de volume total O sistema de arrefecimento tem três radiadores: para o intercooler, condicionador de ar e para de ar deslocado e bomba injetora de combustível mecânica e rotativa da marca Delphi o óleo da transmissão, sendo que o do condicionador de ar desloca-se lateralmente
mento externo, principalmente os para-lamas traseiros e o capô dianteiro. Mas muito além deste aspecto visual, as novidades apresentadas são de ordem mecânica, hidráulica e principalmente ergonômica. O projeto do capô dianteiro basculante permitiu que o fabricante retirasse os painéis laterais do motor, que dificultam em muito a manutenção. Estes três novos lançamentos da Case IH foram apresentados ao público na última edição da Agrishow e estarão disponíveis nas
concessionárias para comercialização aos clientes a partir dos primeiros dias de agosto. Ficamos certos de que este trator vai competir fortemente pelo segmento dos tratores desta categoria que possuem tecnologia e qualidade. Durante o teste que fizemos verificamos vários pontos onde o fabricante não economizou acabamento e aplicação de soluções para diminuição de ruído, entrada de pó na cabine e no cofre do motor, por exemplo. Chamou-nos a atenção o acabamento entre o capô na posição fechada e a parte dianteira da cabine. Também a proteção de cabos elétricos
e condutos de fluidos demonstra o cuidado com a qualidade.
MOTOR
A unidade propulsora que equipa o novo trator Farmall série A, modelo 130A é da marca Case IH FPT, de quatro cilindros de injeção direta, com 4,5cm³ de volume total de ar deslocado. A bomba injetora de combustível é mecânica e rotativa, da marca Delphi, resultando, segundo informações fornecidas pelo fabricante, em 96,35kW (131cv) de potência nominal, a 2.200rpm e 98,56kW (134cv)
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O cuidado com detalhes, como a vedação do capô, que isola o calor e o ruído emitidos pelo motor
de potência máxima. O torque máximo de 583Nm é atingido na rotação de 1.400rpm, mantendo uma reserva de torque de 37%. O sistema de alimentação de ar é por turbocompressor Holset e intercooler, contando com um ejetor de partículas, que por meio da ventoinha do motor elimina as impurezas mais pesadas, deixando passar ao filtro apenas partículas menores, aumentando a vida útil do filtro de ar do tipo seco. Já o sistema de alimentação de combustível conta com um sedimentador com sensor de água e um filtro. O motor é aprovado para utilizar mistura de 5% de biodiesel ao óleo diesel (B5). Para os modelos 110A, 120A e 130A cabinados, o tanque é capaz de armaze-
nar 220 litros de óleo diesel, apenas o modelo 110A plataformado possui capacidade para 150 litros de combustível. O tanque é de material polietileno e possui chapa de proteção na parte inferior. Além de fácil reabastecimento, o bocal de abertura do tanque de combustível
O acesso ao motor, radiadores e locais de manutenções periódias pode ser feito por meio do capô que agora bascula em dois estágios, com 45º e 90º
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é amplo e elevado, reduzindo a possibilidade de derrame de combustível. O sistema de arrefecimento é composto por três radiadores principais, para o intercooler, condicionador de ar e para o óleo da transmissão, posicionados de forma inteligente, na parte frontal do motor, sem nenhuma obstrução à passagem de ar. Existe a possibilidade do deslocamento lateral, da tela e do radiador do condicionador de ar, para que sua limpeza seja facilitada. Outra característica positiva é o capô dianteiro basculante, que motiva o operador a realizar as manutenções diárias (checagem do nível de água do radiador, limpeza do filtro de ar e verificação do nível de óleo lubrificante), devido à excelente acessibilidade a esses componentes. Também nota-se a introdução de saídas de ar quente nas laterais deste capô. Percebe-se, ainda, certa preocupação do fabricante com relação à proteção de canos, mangueiras e de partes móveis do motor, isolando o operador de riscos de acidentes. Além disso, entre o capô e o posto do operador existe uma excelente proteção, que isola o calor e o ruído, provenientes do motor, do operador.
TRANSMISSÃO
O trator que testamos tinha uma transmissão de 16 marchas à frente e oito marchas
Fotos Charles Echer
O sistema hidráulico possui vazão de 100 litros por minuto para os cabinados e capacidade de levante de 3.950kgf
à ré, mas nos três novos modelos e as duas versões, com plataforma e cabine, poderão ser equipados com três tipos de transmissões. A primeira é uma caixa de 8x8 com reversor mecânico, onde o inversor sincronizado necessita ser acionado com o uso de embreagem. Na outra possibilidade o cliente pode adquirir qualquer dos modelos com caixa de 8x8 com reversor hidráulico, que dispensa o uso de embreagem para as trocas, bastando somente que a alavanca, colocada no lado esquerdo da
coluna da direção, seja acionada para cima ou para baixo. Na terceira versão de transmissão, a caixa possui 16 velocidades à frente e oito à ré, com o mesmo reversor hidráulico e ainda uma dupla de botões colocada na alavanca de troca de marchas, para um câmbio em carga (Hi-Low). O reversor hidráulico utilizado é totalmente hidráulico, pois aciona diretamente o mecanismo de troca na transmissão, não tendo a fase elétrica, como em outros tratores
Os modelos poderão vir equipados com três tipos de transmissão: 8x8 com reversor mecânico; 8x8, com reversor hidráulico, que dispensa o uso de embreagem, e 16 velocidades à frente e 8 à ré, com reversor hidráulico e comando Hi-Low
fabricados no país. O bloqueio do diferencial traseiro é diferente na versão plataformada, que tem acionamento mecânico e que na versão cabinada é de acionamento eletro-hidráulico. A parte de trás da transmissão onde está inserido o eixo traseiro com o diferencial tem lubrificação pressurizada, com o que se garante uma lubrificação de todo o sistema de forma homogênea. Como este trator é de uso para múltiplas aplicações, houve o cuidado do fabricante em dotá-lo de dois tipos de eixo, um passante, que principalmente pode ser utilizado com rodado duplo e outro com eixo flangeado, para os modelos que forem vendidos apenas com
O modelo que testamos tem transmissão 16x8, com sistema de troca de marchas tipo câmbio em carga Hi-Low
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Fotos Charles Echer
Um dos itens que mais chamam atenção nesta série é a cabine surveyor, que está mais “limpa” e com ampla área envidraçada, que amplia a visão do operador. O isolamento térmico e acústico foi reforçado e os baixos níveis de ruído no seu interior são um dos pontos fortes da nova versão
rodado simples.
SISTEMA HIDRÁULICO E TDP
O sistema hidráulico possui vazão de 80 litros por minuto, para os tratores plataformados, e 100 litros por minuto para os cabinados. A pressão máxima do sistema é de 180bar (183,5kgf/cm²), fornecida por uma bomba de engrenagens. O sistema de levante de três pontos é da categoria II e conta com dois cilindros auxiliares, para uma capacidade máxima de elevação de 3.950kgf no olhal, para todos os tratores da série. O controle de posição do sistema hidráulico é mecânico, realizado por meio de duas alavancas. Uma para controle de profundidade e outra para abaixar e levantar
Escada antiderrapante com três degraus. Detalhe cromado com pontos emborrachados prende o tapete de borracha
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o implemento. No que se refere ao sistema de controle remoto, que atualmente é cada vez mais utilizado, este modelo conta como standard um tipo independente, em que o produtor pode optar por duas ou três válvulas hidráulicas com controle de fluxo, dependendo do tipo de sistema de transmissão. Conta ainda com duas válvulas hidráulicas de retorno livre com dreno, muito utilizadas durante a operação de semeadura, em especial, com semeadoras pneumáticas. O que nos chamou a atenção no modelo testado foi a indicação da conexão de cada alavanca com cada válvula do controle remoto, por meio de uma solução bastante simples, onde tem-se alavancas e válvulas numeradas (1, 2 e 3). Isso proporciona maior agilidade ao operador no momento do acoplamento do trator ao implemento.
A tomada de potência (TDP) é de acionamento mecânico (eixo trocável), ativada de forma manual, por meio de uma alavanca posicionada ao lado direito do operador. Na versão Standard, este modelo oferece duas opções de velocidade de uso. A primeira velocidade, de 540rpm, com um eixo de seis estrias, é atingida com 1.902rpm do motor. A outra opção é a de 1.000rpm (eixo de 21 estrias), alcançada a 2.070rpm.
DIREÇÃO, EIXO DIANTEIRO E FREIOS
O eixo dianteiro, da tração dianteira auxiliar (TDA), é da marca CNH, classe II, com bloqueio automático do diferencial. O acionamento deste eixo motriz é feito de forma eletro-hidráulica diretamente do posto de operação, por meio de um interruptor situado no console lateral direito. Os freios
Principais comandos de transmissão e parte hidráulica estão localizados no console instalado à direita do posto do operador. As alavancas de comando e as válvulas de controle remoto são numeradas para facilitar a conexão e operação
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Fabricante e concessionário
O
Teto limpo e para-brisa dianteiro maior graças à instalação do condicionador de ar atrás do banco do operador
fabricante Case IH, de origem norte-americana, iniciou as atividades em 1842 no estado de Wisconsin e agora atua no Brasil fazendo parte do Grupo CNH, tendo fábricas em Piracicaba e Sorocaba (SP) e em Curitiba (PR). O concessionário que nos auxiliou no teste foi a Tratorcase Máquinas Agrícolas
S.A. de Ponta Grossa, onde fomos atendidos pelo diretor Walter van Halst, que nos ofereceu todo o apoio para a realização da etapa de campo. Além da loja de Ponta Grossa a concessão tem lojas em Arapoti, Guarapuava, Ivaiporã, Lapa e Mauá, abrangendo uma importante região produtora do centro do estado do Paraná.
de serviço são do tipo multidisco, banhados a óleo e com regulagem automática, ou seja, são autoajustáveis. Na parte dianteira há um pequeno chassi de ferro fundido, que serve de berço ao motor e onde se fixa o eixo dianteiro e também onde há previsão de conectar suportes para equipamentos dianteiros, como pás carregadoras. Unida a este pequeno chassi o fabricante dispôs um suporte para a lastragem dianteira.
DIMENSÕES, PESOS E PNEUS
Quanto às dimensões, o comprimento total do trator é 4.935mm, altura máxima de 2.937mm e largura total de 1.666mm e 2.489mm utilizando eixo flangeado e eixo tipo barra ou passante, respectivamente. Quando utilizando rodados Standard, o modelo testado possui bitola dianteira mínima de 1.407mm e máxima de 2.108mm e bitola traseira mínima de 1.714mm e máxima de 2.026mm quando possui eixo flangeado (tratores com pneus únicos) e bitola traseira mínima de 1.618mm e máxima de 2.743mm utilizando eixo tipo barra (tratores com pneus duais). Segundo o fabricante, o raio de giro mínimo do trator é de cinco metros, o que garante boa manobrabilidade. A máxima lastragem metálica admitida pelo fabricante é de 750kgf, distribuídos 450kgf na parte dianteira (dez contrapesos
de 45kgf cada) e 300kgf na traseira (seis discos de 50kgf cada, posicionados no lado externo dos rodados). Assim, o peso mínimo do trator é de 5.070kgf e o peso máximo admissível é de 6.120kgf, utilizando o eixo flangeado, e de 6.040kgf para o eixo tipo barra. Ao dividir o peso máximo do trator, equipado com eixo flangeado, pela potência máxima do motor, chega-se a relação massa/ potência de 45,67kgf/cv. Os tratores Farmall da série A estão disponíveis com rodados simples ou duplos, dependendo da configuração escolhida pelo cliente. Os pneus dianteiros que equipavam o trator que testamos eram da marca GoodYear, diagonais, oito lonas, 14.9-28 R1 e da marca Pirelli, diagonais, dez lonas, 18.4-34 R1 simples no eixo traseiro.
Novas saídas de ar quente do interior do capô foram projetadas para eliminar o máximo possível de calor, evitando que ele seja transferido para outras partes do trator
ERGONOMIA E POSTO DO CONDUTOR
Neste item de avaliação, o principal componente, a cabine surveyor foi amplamente aprovada, pois reúne qualidades compatíveis aos melhores tratores nacionais. Embora não seja uma cabine grande, pois as dimensões do trator desta classe não permitem, a área envidraçada é enorme, portanto, não se pode queixar de visibilidade tanto lateral, como frontal ou traseira. Na parte superior do para-brisa há um para-sol. A cabine está apoiada sobre suportes flexíveis, montados verticalmente e, para dar estabilidade, o fabricante a dotou de uma barra estabilizadora lateral. O painel dianteiro é simples, com tacômetro, termômetro, volume de combustível e luzes de alerta e nas laterais deste pequeno painel
Para a lastragem da parte dianteira está instalada base que comporta até dez contrapesos de 45kg cada, totalizando 450kg
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Local do teste e equipe de apoio
P
ara a realização do teste de campo, nos deslocamos até o município de Carambeí (PR), na localidade Pereira, mais precisamente na Fazenda Pereira, do produtor Roberto Ari de Castro Greidanus. Esta propriedade conta com uma área total de 760 hectares e se dedica ao cultivo de soja, milho e feijão no verão e trigo e aveia-preta no inverno.
frontal estão posicionadas as saídas de ar com os controles do condicionador de ar posicionados na coluna lateral direita da cabine. Quanto à segurança do operador, atendendo as normativas de obrigatório cumprimento, há uma estrutura de proteção (Rops) de seis pontos incorporada à cabine. Na parte traseira há uma janela que serve de saída de emergência. Este modelo não utiliza porta lateral direita, sendo que a entrada e a saída do operador devem ser sempre feitas pela porta esquerda.
Contamos com o apoio do Sr. Jorge Gilberto Koczyla, responsável geral da agricultura da fazenda, e de seu filho Jonatan Gilberto Koczyla, operador de máquinas. Juntamente conosco estavam presentes o especialista de Marketing do Produto para a Case IH América Ltda, Lauro Costa Rezende, e o representante do concessionário Tratorcase Máquinas Agrícolas S.A, Eleandro Kutner.
No lado direito do assento do condutor está montado um console lateral, onde está posicionada a maioria dos comandos por alavancas, entre eles a do acelerador, do regime de grupos, das marchas e dos comandos do controle remoto e sistema hidráulico. O assento bastante confortável é montado com tecido respirável e conta com dois ótimos descansa-braços do mesmo material. No lado esquerdo do assento principal há um banco de acompanhante rebatível, para facilitar a entrada e saída do operador. Nota-se um cuidado com a saúde do
O teste foi realizado sobre resteva de soja, com escarificador de sete hastes, com discos de corte de 18 polegadas, operando numa profundidade de 30cm em diversas combinações de marchas e velocidades
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operador, em vários aspectos. O primeiro é com relação ao ruído, diminuído por um excelente silencioso na descarga, um bom sistema de absorção de vibrações na cabine e pega-mãos, escada e apoios para a entrada e saída do operador. Finalmente, há que destacar a inserção de um sistema de abertura do capô que envolve o motor, que bascula em duas posições, a mais aberta com um ângulo de 90 graus, que expõe todos os componentes do motor para manutenção. Este é um item que melhora muito a servicibilidade do trator, incentivando ao operador realizar as manutenções que sejam
Fotos Charles Echer
necessárias.
TESTE
simples toque de um botão na alavanca de câmbio. Vimos que mesmo exercendo esforço, sem uso da embreagem este sistema respondia fácil e rapidamente. Como conclusão, a equipe do teste saiu bastante impressionada e satisfeita, acreditando que várias alterações de melhorias, trazidas neste modelo, servirão para simplificar o dia a dia do operador, nas mais diversas operações .M agrícolas. José Fernando Schlosser e Marcelo Silveira de Farias, Nema – UFSM
Charles Echer
O teste foi realizado em condições similares às que normalmente ocorrem no campo. Simulamos uma operação agrícola que exige alta demanda de potência do motor e de tração. Para atender este objetivo, utilizamos um escarificador marca Tatu Marchesan, modelo AST/Matic 450, de sete hastes, com discos de corte de 18” e rolo destorroador traseiro. A área do teste estava coberta de resteva de soja, a qual posteriormente receberia calcário, incorporado com grade niveladora, para im-
plantação de aveia-preta. Com este escarificador trabalhamos a uma profundidade de 30cm e velocidades compatíveis com a operação, na 1ª marcha do grupo II, acionando o sistema Hi-Low por botão, alternando entre Hi, e na 4ª marcha do grupo I, Hi. Ao promovermos uma variação da velocidade de deslocamento, aumentamos a demanda de potência e então comprovamos a disponibilidade de torque e potência do motor. A nossa avaliação sobre a transmissão de potência, também foi muito positiva, pois o sistema Hi-Low possibilita a troca de uma marcha, para cima ou para baixo, com um
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colhedoras
Trilha trocada
New Holland
Em condições severas as perdas durante a colheita da cultura de arroz podem chegar a 30% do total da produção. Uma das alternativas para reduzir as perdas é utilizar colhedoras de fluxo axial ou trocar o sistema de trilha convencional por um sistema rotativo que, além de diminuir as perdas, permite colher em velocidades maiores e em condições de umidade mais elevada
O
arroz é um dos cereais de maior produção e consumo no mundo. O Brasil cultiva uma área de aproximadamente 2,4 milhões de hectares. A produção na safra 2013/2014 no Rio Grande do Sul superou oito milhões de toneladas com o estado contribuindo com 66% da produção nacional (Mapa, 2014). Produzir economicamente tem sido um grande desafio para agricultores e técnicos da área, com isso surge a necessidade de se reduzir as perdas em algumas etapas de forma a se obter melhores produtividades. As colhedoras podem ocasionar perdas de grãos em alguns de seus mecanismos, além das perdas que ocorrem na pré-colheita devido a adversidades climáticas e época de colheita inadequada. (ver Box) De maneira geral, pode-se dizer que
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a maioria das perdas ocorre nos sistemas de trilha e separação. Enquanto técnicos recomendam valores aceitáveis de um por cento de perdas totais, literaturas indicam que estas podem chegar a 30% (Portella, 2000). Essas perdas são ainda mais significativas quando há ocorrência de orifícios na colhedora e falta de capacitação dos operadores. As máquinas presentes no mercado possuem diferentes sistemas de trilha e separação, que influenciam diretamente na quantidade de grãos perdidos ou danificados durante o processo da colheita. Devido a esses fatores, é fundamental o conhecimento desses sistemas e a correta escolha a fim de reduzir o percentual de perdas durante a colheita mecanizada. A seguir, serão apresentados sucintamente
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os sistemas de trilha e separação.
COLHEDORAS CONVENCIONAIS (TRILHA RADIAL)
As colhedoras convencionais atendem as mais diversas culturas, seu funcionamento consiste em realizar trilha, através de cilindro e côncavo, portanto, dependendo da cultura é recomendado substituir os órgãos ativos dos mesmos. Culturas que os grãos possuem facilidade de debulha utilizam-se cilindros e côncavos de barras, pois apenas a fricção já é capaz de realizar trilha. Porém, no caso de culturas onde a trilha é dificultada devido à umidade da cultura e resistência a debulha, utiliza-se cilindro e côncavo com dentes, onde a massa de panículas, caules e folhas recebe um maior atrito ao passar por estes meca-
Fotos Vilnei Dias
nismos (Portella, 2000). Parte dos grãos passa pelas aberturas do côncavo e é encaminhada para o sistema de limpeza, o restante encaminha-se para o sistema de separação (saca-palhas), este é constituído geralmente de quatro a seis seções independentes e é apoiado em duas árvores de manivelas exercendo movimentos rotativos alternados. Em sua parte interna, encontra-se uma calha, cuja função é encaminhar os grãos e a palha miúda para a parte inicial do sistema de limpeza. Em sua parte superior, são utilizados mecanismos para melhorar a separação, como as cortinas retardadoras de fluxo e “jacarés”, que possuem a função de aumentar a agitar a palhada.
COLHEDORAS AXIAIS
As colhedoras axiais exercem trilha e separação através de um ou dois rotores axiais ao invés de cilindro, côncavo e sacapalhas. Este sistema geralmente possui um cilindro alimentador na parte inicial, cuja função é conduzir material de forma homogênea para o sistema de trilha, separação e limpeza. O funcionamento do rotor axial dividese em três etapas: alimentação, trilha + separação e separação. A parte inicial do rotor é composta por uma ou duas voltas de helicoide, cuja função é conduzir o material para a seção trilhadora. Esta funciona com mecanismos de ação semelhantes aos utilizados nos sistemas convencionais “barras ou dentes”, porém, no rotor axial, estes mecanismos de ação são compostos por um conjunto de pequenos “kits” instalados no sentido helicoidal do cilindro rotativo, exercendo a função empregada (trilha + separação) e ao mesmo tempo conduzindo o material para a seção seguinte.
Detalhe dos saca-palhas rotativos encontrados em colhedoras híbridas, sistema responsável pela separação dos grãos
Em sua parte final, encontra-se a seção de separação, onde são utilizados agitadores constituídos basicamente por uma haste de comprimento variável, passando próximo das grelhas.
COLHEDORAS HÍBRIDAS (TRILHA RADIAL E SEPARAÇÃO AXIAL)
As colhedoras híbridas são semelhantes às convencionais, onde a trilha é realizada por cilindro e côncavo, porém, a separação dos grãos desta é realizada a partir de um conjunto composto por separadores rotativos (saca-palhas rotativo). O saca-palhas rotativo possui a mesma
função do saca-palha convencional, porém, o funcionamento consiste em realizar a separação por movimentos rotativos, no sentido longitudinal. Na metade final deste mecanismo, em sua parte inferior encontra-se um bandejão metálico que possui a função de conduzir os grãos expelidos nesta região para a parte inicial do sistema de limpeza (peneiras), evitando assim que grãos expelidos na parte final sejam expulsos da colhedora. Este sistema também pode ser utilizado em outras culturas, para isto basta substituir os órgãos ativos do cilindro, côncavo e separador rotativo. Por vezes,
Parte superior de um sistema saca-palhas de colhedora convencional, que é constituído de seções independentes apoiadas em duas árvores de manivelas, exercendo movimentos rotativos alternados, movimentando a palhada e realizando a separação de palha e grãos
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Fotos Vilnei Dias
Sistema híbrido, onde a trilha é realizada por cilindro e côncavo e a separação dos grãos é feita a partir de um conjunto composto por separadores rotativos
quando buscam a elevação da capacidade operacional da colhedora, alguns produtores utilizam alternativas para elevar a quantidade de sacas colhidas por dia. Este é um fator muito significante para quem trabalha com as mais diversas condições climáticas, onde estas podem determinar o quanto será colhido ou deixado para trás na forma de perda.
TROCA DO SACA-PALHAS CONVENCIONAL POR ROTATIVO
Uma alternativa bastante comum é a substituição do sistema convencional de separação de grãos (saca-palhas) pelo sistema saca-palhas rotativo, também chamado de rotor axial ou ainda separador rotativo. Esta adaptação consiste em remover parte Tabela 1 - Comparação de perdas em uma colhedora com sistemas convencional e rotativo Configuração COLHEDORA SLC 7200 Saca-palha convencional Saca-palha rotativo 750 Rotação do vento (rpm) 750 730 Rotação do cilindro (rpm) 850 7 Altura do Côncavo 8 5,6 Largura da Plataforma (m) 5,6 3,1 Velocidade (km/h) 1,8
Perdas (kg/ha) Naturais Plataforma Saca-palha Rotor Peneiras Total Trilha Total Colhedora Total Fonte: Agroplan, 2006.
28
Convencional 6,8 32,6 139,2 74,7 213,9 246,5 253,3
Rotativo 6,8 68,5 25,9 22,9 48,9 117,4 124,2
Diferença (%) 0 -109
da lataria da traseira da colhedora para retirar o saca-palhas, os virabrequins e as lonas retardadoras de fluxo e colocar em seu lugar um separador rotativo, realizando alguns ajustes, principalmente no que se refere à transmissão de potência para seu acionamento. O saca-palhas rotativo adaptado vem mostrando uma alta eficiência na colheita de arroz irrigado, permitindo aumentar a área colhida por dia, devido ao aumento da velocidade de deslocamento que pode ter um incremento em média 35%, e também as horas diárias trabalhadas, permitindo iniciar a colheita mais cedo e terminar mais tarde (Agroplan, 2006).
Principais perdas na colheita do arroz Perdas na plataforma: devido à velocidade do molinete incorreta, altura da barra de corte inadequada, queda de grãos devido à velocidade da colhedora; Perdas na trilha: devido à abertura inadequada entre o cilindro e o côncavo, rotação do cilindro e velocidade da colhedora; Perdas na separação e limpeza: devido ao excesso de material a ser processado, má regulagem e falta de manutenção.
Perdas na trilha separação e limpeza na colheita do arroz Parâmetros
69 77 52 50
Detalhe do motor de acionamento do sistema de saca-palha rotativo, encontrado em colhedoras híbridas
Sistemas CONVENCIONAL AXIAL HÍBRIDA 2,14 Velocidade da colhedora (km/h) 2,47 1,72 7920,00 9385,71 Produtividade (kg/ha) 8766,67 90,78 50,22 Perdas (kg/ha) 95,67 1,19 Porcentagem de perdas (%) 0,52 1,10 Fonte: Agrocenter, 2014.
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De acordo com a média dos resultados da avaliação de perdas em 25 colhedoras com saca-palhas convencional e 20 com saca-palhas rotativo adaptado, as perdas foram reduzidas em cerca de 50%. É evidente que se deve sempre procurar realizar a operação de colheita no melhor horário possível, porém, na prática nem sempre é possível seguir as regras por conta da influência do clima e ao avançado ponto de colheita da cultura que poderá resultar em plantas acamadas e/ou debulhadas. De acordo com dados levantados, este sistema permite reduzir a perda de grãos e aumentar a qualidade da colheita, reduzindo a quebra de grãos por permitir a redução da rotação do cilindro de debulha e aumento do espaçamento entre o côncavo e o cilindro, pelo motivo que o saca-palha rotativo exerce uma parcela de trilha que pode chegar a 30%. É possível realizar a adaptação em vários modelos de colhedoras, porém, deve-se ter o cuidado de verificar a potência do motor da colhedora para evitar que este mecanismo acabe exigindo-a em demasia, resultando em uma operação nos limites do motor, o que poderá vir a ocasionar perda de rotação, fumaça escura, elevação da temperatura e desgaste do motor.
AVALIAÇÃO DE PERDAS EM ARROZ POR DIFERENTES SISTEMAS
Existem comparações de perdas de uma colhedora com o sistema convencional e com a adaptação do saca-palha rotativo. Esta comparação foi realizada em condições semelhantes de colheita, ou seja, mesmo horário, mesma topografia (plana) e produtividade da cultura, à exceção da velocidade de colheita que foi maior para o saca-palhas rotativo, como se pode observar
Massey Ferguson
na Tabela 1. É possível observar na Tabela 1 que a colhedora equipada com o saca-palha rotativo apresentou velocidade 42% superior e ainda assim apresentou valores de perdas de grãos 52% menor que a colhedora equipada com o sistema convencional. Quando comparados os três sistemas de trilha, de acordo com a média geral dos dados, pode-se observar que para a cultura do arroz as colhedoras híbridas apresentaram os menores valores de perdas e maior velocidade de deslocamento. Os valores de perdas apresentados contêm apenas as perdas do sistema de trilha, separação e limpeza. Esta aparente vantagem das colhedoras híbridas pode estar relacionada ao fato de elas possuírem praticamente os dois sistemas, convencional e axial, em uma única colhedora. Desta forma a perda de grãos é reduzida, por conta da grande parte da massa de grãos passar para o sistema de limpeza ainda no momento da trilha, através das aberturas do côncavo. Isso resulta em menor quantidade de grãos encaminhados para o sistema de separação rotativo, aumentando sua eficiência. Vale ressaltar que o saca-palha rotativo duplo apresenta maior eficiência na separação e distribuição de grãos sobre o sistema de limpeza (peneiras) quando comparado com o sistema simples onde a massa de grãos concentra-se em um dos lados da peneira, devido à ação da força centrípeta exercida pelo cilindro rotativo, resultando em maiores perdas de grãos no sistema de limpeza. Existem diferenças entre os saca-palhas rotativos encontrados no mercado mas, de maneira geral, sua eficiência vem sendo
demonstrada ao passar das safras principalmente na redução de perdas na colheita de arroz irrigado, fator este que sempre foi causa de preocupação para produtores e técnicos. .M
Bruno Bisognin Bruna Batistella Tiago Lopes Vilnei Dias Lamap - Unipampa Alegrete
ficha técnica
Linha 500
Composta por tratores de médio porte, a linha 500 da Agrale possui modelos que se adaptam às diferentes tarefas em pequenas e médias propriedades
L
ançada em 2013, a linha 500 é composta de tratores de médio porte com motores MWM e transmissões sincronizadas, disponíveis nas versões standard e compacto (fruteiro). O modelo 575.4 standard é indicado para pequenas e médias propriedades, sendo um equipamento extremamente
versátil, capaz de realizar as mais diversas aplicações, como silagem, pulverização, fenação, entre outras. Os modelos 575.4 Compact e 565.4 Compact, com dimensões menores que os modelos convencionais, são ideais para o trabalho em áreas com espaçamentos reduzidos, como cafezais, parreirais e pomares, trafegando
Ao lado direito do operador estão localizadas as alavancas do acelerador, câmbio, redutor e inversor
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sem danificar as culturas.
MOTOR
Os tratores da série 500 são equipados com motores MWM série D229, aspirados, refrigerados a água, nas versões de três cilindros nos modelos de 65cv e motores de quatro cilindros nos modelos de 75cv. Esses motores são conhecidos por possuírem manutenção simples e barata, pois utilizam camisas de cilindro úmidas e removíveis, cabeçotes individuais e sedes de válvulas substituíveis, podendo, em alguns casos, ser reparados sem separar o motor do trator. Além disso, apresentam baixo consumo de combustível e de óleo lubrificante e maior vida útil. As bombas injetoras são rotativas da marca Delphi, que consomem menor potência do motor, contribuindo na economia de combustível. Possibilitam ao motor partidas mais rápidas e uma boa resposta de aceleração, além de contarem também com o conforto do desligamento pela chave. Os dutos de admissão de ar são cons-
Fotos Agrale
Detalhe do basculamento do capô dianteiro para proporcionar acesso ao motor
truídos em plástico rígido. Eles apresentam maior resistência à pressão de sucção do motor que as mangueiras normalmente utilizadas, sofrendo menor redução da seção transversal e, por consequência, menor resistência à passagem do ar.
TRANSMISSÃO
As transmissões são total-
O sistema hidráulico possui controles de operação que permitem operá-lo nos modos Posição, Esforço, Mista, Flutuação e Reação, conforme o implemento utilizado
mente sincronizadas com inversor de marchas de série e alavancas laterais. Podem ser configuradas na versão standard 10x10 ou super-redutor 15x15. Por serem sincronizadas, as transmissões possuem engates
precisos e leveza na operação, diminuindo em muito a fadiga do operador. O inversor, também sincronizado, propicia maior rendimento operacional através de manobras mais rápidas, principalmente em trabalhos de carga com concha frontal, compactação de silagem ou cultivo agrícola em talhões muito pequenos. A opção de transmissão 15x15 super-
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O painel de instrumentos é integrado em peça única, semelhante ao usado nos caminhões e ônibus Agrale
redutor possibilita que o trator opere em velocidades a partir de 0,24km/h. Em operações que necessitem de velocidades muito baixas, como colheita de frutos em plataformas móveis, colheita de forragens com muita massa e alimentação mecanizada com vagões forrageiros, a disponibilidade da marcha certa aumenta a produtividade e a segurança e minimiza os danos à embreagem e aos freios por evitar seu uso excessivo. O eixo traseiro possui bloqueio do diferencial acionado por pedal com retorno automático. As reduções finais são epicíclicas e ficam localizadas próximas ao diferencial com lubrificação única para todo o sistema. Todos os modelos estão equipados com tração dianteira auxiliar (TDA) de série, com eixos Carraro. Estes eixos possuem diferencial central autoblocante, cilindro atuador da direção incorporado ao eixo, juntas universais nas articulações e redutores planetários nos cubos de roda. São acionados por meio de alavanca localizada à esquerda do operador, devendo-se tomar
cuidado em não selecionar a opção 4x4 quando deslocando o trator acima de 12km/h, em solo firme ou estradas, o que pode danificar tanto a transmissão quanto o eixo dianteiro. Os tratores possuem embreagem dupla a seco com discos cerametálicos. Os acionamentos das embreagens são mecânicos e independentes, sendo feitos por meio do pedal para a embreagem do câmbio e por alavanca para a da TDP.
TDF E SISTEMA HIDRÁULICO
Os tratores são equipados com TDP de acionamento independente e velocidade de 540rpm, atingida com o motor
a 2.000rpm. É ativada acionando-se em sequência as alavancas da embreagem e do engate da TDP, localizadas à esquerda do operador. O levante hidráulico é da categoria II, com 2.000kg de capacidade. Os controles de operação permitem operá-lo nos modos Posição, Esforço, Mista, Flutuação e Reação, dependendo do implemento utilizado e da operação executada. Além disso, existem três posições para engate do terceiro ponto, que permitem variar a sensibilidade do sistema de controle de profundidade. O sistema hidráulico utiliza duas bombas de engrenagens acopladas diretamente ao motor que trabalham a uma pressão máxima de 180kgf/cm² com o motor a 2.400rpm. A primeira bomba possui vazão máxima de 26,5L/min para uso exclusivo da direção hidrostática. A segunda bomba possui vazão máxima de 53L/min destinados para os para as válvulas do levante hidráulico e controle remoto. O controle remoto é item de série, utilizando um comando simples de duas vias. Como opcional pode ser oferecido um comando duplo de quatro vias.
FREIOS
A série 500 tem opção de transmissão 15x15 Super Redutor que possibilita que o trator opere em velocidades a partir de 0,24km/h
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Os freios são do tipo multidisco em banho de óleo, com os discos localizados entre o diferencial e as reduções traseiras. Seu acionamento é hidráulico por pedais independentes ou interligados, com reservatório de fluido de freio localizado sob o capô, em local de fácil acesso para inspeção ou reposição. Por essa razão, são autoajustáveis, não necessitando de regulagens
Fotos Agrale
inversor estão localizadas à direita do operador, proporcionando mais conforto na troca de marchas e facilitando o embarque do operador. As alavancas da embreagem e acionamento da TDP, de engate do eixo dianteiro e do freio de estacionamento ficam à esquerda. O assento é anatômico e confortável, com ajustes de posição (altura, distância) e de rigidez conforme peso do operador. Conta com os itens de segurança obrigatórios, como cinto de segurança e estrutura de proteção contra capotamento (EPCC) homologada.
INOVAÇÃO E DESIGN
periódicas. O freio de estacionamento tem acionamento manual por alavanca, atuando em um pacote de discos que bloqueia completamente a transmissão.
SISTEMA ELÉTRICO
O sistema elétrico trabalha em 12V, contando com bateria de 100Ah e alternador de 90A, além de todos os equipamentos de sinalização padrões em tratores agrícolas. Os chicotes são de padrão automotivo, com conectores selados, que aumentam proteção contra a entrada de pó e água, reduzindo a incidência de corrosão e de problemas de mau contato entre componentes. O painel de instrumentos é do tipo integrado em peça única, semelhante ao usado nos caminhões e ônibus Agrale. Neste painel estão dispostos os instrumentos e as luzes de funcionamento e advertência do
trator de forma organizada, com melhor visualização e facilitando o controle das funções do trator. Além disso, possuem relógio e horímetro digitais para auxiliar no controle das horas trabalhadas, tanto do trator quanto do operador. As lanternas traseiras utilizam LED em lugar de lâmpadas, reduzindo os custos de manutenção, pois têm maior durabilidade e resistência. Devido à sua maior rapidez de acionamento, melhor visibilidade e por possuir muitos pontos luminosos para cada função, elas aumentam a segurança em operações noturnas.
PLATAFORMA DO OPERADOR
O posto do operador tem os comandos bem distribuídos e em posições ergonomicamente corretas, com equilíbrio de trabalho entre os lados direito e esquerdo. As alavancas do acelerador, câmbio, redutor e
O controle remoto é item de série, utilizando um comando simples de duas vias. Como opcional pode ser oferecido um comando duplo de quatro vias
Uma inovação marcante nos tratores é o tanque de combustível na parte superior do trator, incorporado ao painel. Nessa posição, o tanque fica mais protegido, facilitando o trabalho em locais com muitos tocos, pedras e valetas. A parte inferior do trator é menos obstruída, facilitando a instalação de implementos frontais, com pá carregadora ou plaina frontal. O tanque também serve como suporte para o painel de instrumentos e possui chave na tampa para evitar o furto de combustível. O capô é basculante, permitindo o acesso facilitado para as verificações, limpezas e manutenções diárias do trator. Itens com motor, filtro de ar, bateria, filtro de combustível, radiador, reservatório de fluido de freio, relés e fusíveis são acessados com mais facilidade, sem o uso de ferramentas.
RODADOS
A linha 500 pode ser configurada com diversas opções de rodados, adequadas para determinada operação ou solo. Os tratores standard vêm equipados com rodados 12,4 – 24 R1 na dianteira e 16,9 – 30 R1 na traseira, enquanto que os compactos utilizam os rodados 7.00 – 18 na dianteira e 14.9 – 24 R1 na traseira. .M
As lanternas traseiras utilizam LED em lugar de lâmpadas, reduzindo os custos de manutenção, pois têm maior durabilidade e resistência
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tratores
Rendimento máximo
Charles Echer
Pesquisa com 191 modelos de tratores agrícolas de pneus avaliou a sua capacidade de tração, requisito fundamental para o aumento da produtividade, menor demanda energética e impacto ambiental. A adição de lastro aumenta a força de tração máxima para todas as faixas de potência, mas outros fatores também são importantes
ficações técnicas dos fabricantes, relatórios de ensaios anteriores e medições in loco de alguns espécimes. Os tratores foram estratificados em tipo de tração (4x2 e 4x2 TDA) e em faixas de potência, segundo Anfavea (2014), denominados, respectivamente, como leves, médios, pesados e superpesados, conforme descrito na Tabela 1. Para analisar a capacidade de tração dos tratores agrícolas foram calculadas as seguintes variáveis: força de tração máxima na BT com e sem lastro (FTM); relação força de tração/ peso com e sem lastro; transferência de peso com e sem lastro; coeficiente de tração com e sem lastro e rendimento de tração em diferentes condições de solo. Na Tabela 2 é apresentada a média dos parâmetros que influenciam a capacidade de tração dos tratores agrícolas, com e sem lastro, em função da faixa de potência e do tipo de tração. Foi possível comprovar, de acordo com Tabela 2 - Parâmetros analisados dos tratores agrícolas POTÊNCIA (cv) < 49 50-99 100-199 > 200 TRAÇÃO 4x2 4x2 TDA
FORÇA DE TRAÇÃO (N) com lastro 23868,81 49483,74 104238,02 219805,15
sem lastro 20086,24 39366,67 83288,80 163043,64
46166,28 81488,03
35349,19 64654,61
RELAÇÃO FORÇA DE TRAÇÃO/PESO (%)
O
POTÊNCIA (cv) < 49 50-99 100-199 > 200 TRAÇÃO 4x2 4x2 TDA
trator agrícola é a principal fonte de potência na agricultura, estando presente em todas as fases de desenvolvimento da cultura, como, por exemplo, no preparo do solo, plantio, tratos culturais e colheita. Esta máquina autopropelida tem a capacidade de realizar funções básicas, como tracionar, transportar e acionar órgãos ativos dos implementos agrícolas que necessitem de rotação para a realização do trabalho. Para ser capaz de exercer suas funções, o trator utiliza o levante de três pontos, a barra de tração e a tomada de potência (TDP), que são denominados meios de aproveitamento de potência dos tratores. Deseja-se que os tratores apresentem bom desempenho, a fim de aumentar a produtividade das culturas, com a menor demanda energética e menor impacto ambiental. Com
34 14
relação ao desempenho, uma das maneiras de quantificar é avaliar a sua capacidade de tração. Objetivando avaliar a capacidade de tração dos tratores agrícolas fabricados e/ou comercializados no Brasil, foi realizada uma pesquisa de 191 modelos de tratores agrícolas de pneus. O levantamento foi através de consulta às especiTabela 1 - Faixa de potência dos tratores agrícolas de pneus comercializados no Brasil Faixa
Classificação
1 2 3 4
Leves Médios Pesados Superpesados
Faixa de Potência (cv) (kW) ≤49 ≤36 50≤P≤99 37≤P≤73 100≤P≤199 74≤P≤146 ≥200 ≥147
Fonte: Anfavea (2014).
DezembroJulho 2011 2014 / Janeiro • www.revistacultivar.com.br 2012 • www.revistacultivar.com.br
143, 43 145,69 149,57 176,81
143,12 142,74 146,15 174,91
140,41 151,77
137,91 149,02
TRANFERÊNCIA DE PESO (N) POTÊNCIA (cv) < 49 50-99 100-199 > 200 TRAÇÃO 4x2 4x2 TDA
4677,65 9691,91 19922,25 35457,99
3868,86 7709,02 16457,78 27078,78
9364,02 14465,69
7173,22 11742,54
COEFICIENTE DE TRAÇÃO (%) POTÊNCIA (cv) < 49 50-99 100-199 > 200 TRAÇÃO 4x2 4x2 TDA
153,35 159,54 164,29 199,86
153,76 158,84 165,06 198,29
154,41 167,65
152,25 166,34
Figura 1 - Rendimento de tração em função da faixa de potência e do tipo de tração em diferentes condições de solo SOLO FIRME
SOLO ARADO
SOLO SOLTO
SOLO FIRME
SOLO ARADO
SOLO SOLTO
resultados na Tabela 2, que uma das finalidades do lastro é aumentar a força de tração. Nota-se, com a adição de lastro, que os valores de FTM foram superiores para todas as faixas de potência em relação aos tratores sem lastro. A força de tração para tratores com a opção da tração dianteira auxiliar é maior quando comparada àqueles que não apresentam tração no eixo dianteiro, podendo atingir valores ainda mais elevados com a adição de lastros. Quando os tratores passaram de 4x2 para 4x2 TDA, obtiveram-se incrementos de 56,6% e 54,7% para a força de tração com e sem lastro, respectivamente. A avaliação da relação força de tração pelo peso, com e sem lastro, é considerada boa, pois todos os valores estão acima da referência, que é 85%, de acordo com Cenea (1982). Pode-se observar que todos os valores foram acima de 100%. Isso significa que os tratores nas quatro faixas de potência, com e sem lastro, conseguem tracionar um valor superior ao próprio peso. Isso se justifica pelo aumento da força de tração com o aumento da faixa de potência. A relação força de tração pelo peso é maior nos tratores com a opção da tração dianteira auxiliar. Isso provavelmente ocorre pelo fato de serem tratores com maior disponibilidade de potência e maior força de tração máxima. A transferência de peso aumentou com a elevação da faixa de potência. Isso aconteceu pelo fato de a transferência de peso estar relacionada com a força de tração. Isso foi comprovado por Schlosser et al (2004) quando relatam que o efeito da tração fez que se transfira maior parce-
la do peso do eixo dianteiro ao traseiro, fazendo que este tenha maior coeficiente dinâmico de tração, portanto, recebendo mais condições para melhorar os coeficientes de tração. Com a adição de lastro, os valores foram ainda maiores, pelo fato de a colocação do lastro justificar o aumento da quantidade de peso dianteiro que pode ser transferido para o eixo traseiro. Os tratores que possuem tração dianteira auxiliar podem transferir mais peso para o eixo traseiro. Isso se deve a uma distribuição de pesos mais equilibrada entre os eixos do trator. Com a adição de lastro, esse incremento é ainda mais acentuado. Nas menores faixas de potência, os tratores sem lastro proporcionam maior coeficiente de tração em comparação aos tratores com lastro. Já os tratores lastrados apresentaram melhores resultados nas maiores faixas de potência. Os tratores 4x2 TDA com lastro apresentam maiores coeficientes de tração, quando comparados aos tratores sem a opção da tração dianteira e sem lastro. Os tratores 4x2 TDA lastrados apresentam a capacidade de tracionar 8% acima do seu peso dinâmico traseiro, quando comparado aos tratores 4x2 lastrados. Acredita-se que quando os tratores estão com a tração dianteira acionada, ela pode ajudar na diminuição da patinagem dos pneus motrizes traseiros e com isso ter um maior coeficiente de tração. Além dos parâmetros mostrados na Tabela 2, o rendimento de tração é outro fator que deve ser avaliado na capacidade de tração, nas condições de solo firme, arado e solto, em função da faixa de potência e do tipo de tração
(Figura 1). Os valores de rendimento de tração apresentam, dependendo da condição do solo, nenhuma ou pouca diferença em relação ao incremento da faixa de potência. Porém, dentro da mesma faixa de potência, há um decréscimo no rendimento de tração à medida que o solo vai ficando com agregados menores ou soltos, por exemplo, solo gradeado. Isso provavelmente acontece pelo fato de quando o solo está mais solto, menor é a aderência do contato rodado com o solo e, consequentemente, maior a resistência ao rolamento. O rendimento de tração é maior nos tratores sem a opção da tração dianteira auxiliar, com exceção quando se trabalha em solo solto, pois os valores foram iguais a 64%. Dentre os parâmetros que afetam a capacidade de tração pôde-se observar que a faixa de potência acima de 200cv de potência apresenta maiores valores, principalmente quando estes se encontram lastrados. Além disso, quando a tração dianteira auxiliar (TDA) é acionada aumenta-se a capacidade de tração dos tratores agrícolas. Porém, a capacidade de tração é apenas um ponto a ser considerado frente à grande diversidade de parâmetros para avaliar .M o desempenho de tratores. Paula Cristina Natalino Rinaldi, IF Sudeste MG Cleyton Batista de Alvarenga, UFU Haroldo Carlos Fernandes, UFV
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Amazone
agricultura de precisão
Fertilização minuciosa
Sistemas que configuram o controlador automático de distribuição de fertilizantes a taxa variável ou fixa têm sido projetados para operar em conjunto com qualquer tipo de distribuidor de esteira e discos espalhadores, inclusive os não preparados para agricultura de precisão
A
grande evolução da agricultura brasileira nas últimas décadas praticamente dobrou a produtividade de algumas culturas, embora sem aumentar na mesma proporção o tamanho das áreas produtivas. A agricultura de precisão se insere neste contexto, oferecendo para o produtor ferramentas de gerenciamento e acompanhamento minucioso de suas culturas, levantando detalhes das lavouras durante cada etapa do ciclo produtivo, além de proporcionar
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o aumento da produtividade e a redução da quantidade de insumos aplicados. Um dos segmentos da agricultura de precisão é a distribuição de fertilizantes a taxa variável, que se baseia em mapas de recomendação para correção e adubação, gerados a partir de histórico de produtividade, processos de tratamento e análises laboratoriais do solo. O objetivo é que cada pequena parte do solo receba a quantidade de insumo que necessita, e não uma dose média como é feito na
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agricultura convencional, obtendo-se homogeneidade da lavoura, aumento da produtividade e principalmente da rentabilidade devido às reduções de custos. Um sistema de taxa variável é basicamente composto por um distribuidor de fertilizantes a lanço e um controlador eletrônico. Os distribuidores são construídos com tanque de armazenamento, discos espalhadores, comporta e podem ser montados com ou sem esteira transportadora. Os distribuidores mais utilizados em sistemas automatizados de taxa variável possuem esteira, embora também seja possível controlar a taxa de aplicação em distribuidores sem a mesma. O controlador eletrônico de taxa variável deve possuir um módulo de recepção de sinais de satélites americanos (GPS) e/ou russos (Glonass) para calcular a posição geográfica e a velocidade de deslocamento do distribuidor (a velocidade também pode ser medida através de sensores em uma das rodas do implemento). O controlador relaciona esta posição com a taxa-alvo identificada no mapa de recomendação inserido no equipamento e controla um motor hidráulico para obtenção da taxa desejada. A taxa-alvo é alcançada através do controle da velocidade de rotação da
Tabela 1 - Itens utilizados em aplicadores de fertilizantes para aplicação em taxa variável ITEM Computador de Bordo + Antena GPS Encoder 1000 pulsos por rotação Cabeamento Elétrico para instalação Motor Hidráulico Bloco Hidráulico com Eletroválvula Filtro de Linha Suportes para fixação dos itens Acoplamento Motor/Eixo esteira
Kit para Distribuidores preparados para Agricultura de Precisão X X X
esteira, que é medida através de um sensor de rotação (encoder) acoplado à mesma. A partir de uma calibração do sistema com o fertilizante desejado, o controlador relaciona a velocidade da esteira com a quantidade de produto distribuído. Esta relação varia de acordo com o fertilizante a ser distribuído e com a abertura da comporta durante o processo de calibração. A comporta pode ou não ser automatizada. No caso mais comum de abertura manual, a comporta é mantida em uma posição fixa escolhida pelo operador, limitando a faixa de aplicação. O controlador estará limitado a uma taxa mínima e uma máxima de distribuição determinadas pela abertura da comporta. A automação da comporta visa resolver esta limitação, pois o controlador pode movê-la automaticamente para alcançar diferentes faixas de aplicação sem a necessidade de nova calibração. O produto carregado pela esteira para fora do tanque cai sobre os discos espalhadores, que têm a função de distribuir o fertilizante de forma homogênea. Variando a posição das aletas e a rotação dos discos, varia-se a largura da faixa de aplicação. Os fabricantes dos distribuidores fornecem uma tabela que indica a configuração correta dos discos para cada tipo de produto e largura de faixa desejada. Os discos podem ser rotacionados através de um acoplamento ao eixo cardã do trator ou através de um motor hidráulico. No segundo caso, o controle pode ser feito por uma válvula eletro-hidráulica a partir do controlador eletrônico ou por uma válvula manual. O controle eletrônico facilita o ajuste de rotação e permite maior estabilidade no movimento dos discos e, consequentemente, maior homogeneidade na largura da aplicação. Os mapas de recomendação de aplicação são gerados em formato shapefile e inseridos no controlador eletrônico por meio de pen drive. O Esrishapefile, ou simplesmente shapefile, é um tipo popular de arquivo que contém polígonos
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georreferenciados com informações de doses-alvo de aplicação para diferentes produtos. Um exemplo deste tipo de aplicação é o sistema Agronave da empresa Agrees, que atua na configuração de controlador automático de distribuição de fertilizantes a taxa variável ou fixa. Projetado para operar em conjunto com máquinas que utilizam a tecnologia de esteira e discos espalhadores como forma de distribuição de fertilizantes, em pó ou granulado, o sistema pode ser instalado em qualquer tipo de distribuidor: acoplado, de arrasto ou automotriz. Os kits de instalação são fornecidos para distribuidores preparados ou não preparados para agricultura de precisão. (Ver Tabela 1) O principal componente do sistema Agronave é o computador de bordo. O computador possui tela colorida de 5,7 polegadas, apresenta o mapa de recomendação durante a navegação e registra todo o rastro da aplicação além de eventuais sobreposições. Controla a velocidade da esteira e, como opcional, pode controlar a velocidade dos discos, o que facilita o
ajuste da largura da distribuição, e pode controlar a abertura da comporta, o que permite maior variação entre as taxas de aplicação sem a necessidade de novas calibrações. Os mapas de recomendação para aplicação em taxa variável são inseridos no computador de bordo sem a necessidade de qualquer conversão prévia. O mapa em formato shapefile fica gravado na memória interna do equipamento. As informações da aplicação e configuração, assim como os mapas de navegação, podem ser descarregados por meio de pen drive diretamente do computador de bordo para posterior análise. A solução completa possui alto nível de robustez, sendo resistente a altas temperaturas, produtos químicos, intempéries do ambiente agrícola e sobrecargas (partida de motor, curto-circuito ou conexões indevidas). O sensor de rotação de esteira de alta resolução em baixas rotações proporciona grande precisão na taxa-alvo do fertilizante a ser distribuído e elimina problemas de montagem devido ao acoplamento elástico ou magnético. Para uma aplicação em taxa variável ainda mais precisa, o Agronave oferece como solução o piloto automático. Em ambas as versões – elétrico e hidráulico, o piloto automático combinado com o corte automático da distribuição de fertilizantes torna mínimas as sobreposições e falhas de aplicação, além de garantir que o distribuidor ande sempre sobre o mesmo rastro durante todo o preparo. .M Tiago Silva e Tiago Nunes, Agres
Infográfico de um sistema de aplicação de fertizantes em taxa variável
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mundo máquinas
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Diferentes segmentos, mesmas dificuldades
s grandes problemas enfrentados pela indústria continuam e são os mesmos, seja para os fornecedores de matérias-primas ou para as fabricantes de máquinas. Se falarmos de substituição da produção nacional por importação, principalmente de produtos chineses; de redução muito forte nas exportações; de queda de competitividade por aumento de custos ou de falta de planejamento, por exemplo; tudo se aplica tanto para indústria de máquinas agrícolas e de construção no Brasil quanto para a indústria do alumínio. Essas questões não mudam muito porque os desafios são muito parecidos e se centralizam na falta de competitividade do nosso país – reflexão que faço há dois anos. Por um lado, vemos que o Brasil conseguiu avançar em alguns pontos, melhorou a distribuição de renda e estabeleceu um patamar muito competitivo na agricultura, se firmando como um dos principais players mundiais na produção de proteínas animais e vegetais. Do outro, no entanto, ainda existem problemas crônicos que precisam ser encarados. Esses problemas afetam toda a economia. No agronegócio, na indústria de máquinas agrícolas e de construção, na mineração ou na indústria de transformação existem gargalos que devemos sempre discutir. Câmbio – O real valorizado está “matando” a indústria brasileira. Lembro-me de uma conversa com o ex-ministro Delfim Netto quando ele falou que um câmbio valorizado é a maior tentação dos governantes pela falsa sensação de riqueza, mas só empurra os problemas para frente. É como falava o Mario Henrique Simonsen: “A inflação aleija, mas o câmbio mata”. Enquanto isso, o patamar do yuan está abaixo do que poderia se esperar há mais de dez anos. Isso na prática significa subsídio à exportação, que é proibido pela Organização Mundial do Comércio (e tem quem critique as medidas protecionistas). Esse efeito da desvalorização do nosso câmbio é superior a qualquer reajuste de alíquotas de impostos de importação. Energia – Esse tema envolve todas as atividades e é vital para o resultado dos investimentos. O governo fez e está fazendo intervenções infelizes nesses mercados. No setor agropecuário, a questão do etanol precisa ser revista. O congelamento do preço da gasolina está tirando a possibilidade de investimentos e fragilizando a estrutura de capital da Petrobras e literalmente quebrando as usinas de açúcar, especialmente as mais antigas, que não se beneficiam adequadamente da cogeração de energia. Já para o alumínio, inviabiliza a produção de várias unidades,
fazendo com que o Brasil volte a ser um importador do metal. Infraestrutura – Não conseguimos mudar a nossa baixa taxa de investimento da economia porque o governo tem grandes gastos correntes e não sobra para investir. Assim, ficamos em uma discussão ideológica estéril nos últimos anos (que finalmente parece ter acabado) pelas incertezas regulatórias que dificultam a entrada da iniciativa privada. Isso afeta todos os segmentos. Afeta a agropecuária, fazendo com que o milho produzido no Centro-Oeste chegue com o dobro do custo da sua produção devido ao transporte até os rebanhos do Sudeste ou do Sul, por exemplo. Afeta a mineração, pelas dificuldades logísticas de estradas e portos. Afeta a indústria de transformação, fazendo com que o Brasil apresente uma produtividade baixíssima da mão de obra. Indústria de transformação – A participação da indústria na composição do PIB não para de cair. Reduziu sete pontos percentuais nos últimos dez anos. Isso não seria problema se fôssemos uma economia desenvolvida, mas não somos. Precisamos de uma indústria competitiva para gerar riquezas, renda, empregos qualificados e dólares de exportação. O Brasil tem que fazer escolhas. Não podemos nos fechar ao mundo, mas temos que ter uma estratégia de “passagem” a uma condição mais competitiva, caso contrário, jamais chegaremos lá. Mercado internacional – Precisamos ser mais agressivos comercialmente na construção de acordos comerciais, precisamos desenvolver acordos comerciais. O Brasil é uma das economias mais fechadas do planeta. Mas a grande questão hoje nos acordos comerciais não é apenas uma diminuição de tarifas, elas estão diminuindo como um todo e poderiam ser compensadas pela variação da taxa de câmbio, e também as barreiras regulatórias. Capacitação – A questão da educação e, consequentemente, da produtividade da mão de obra, também é muito importante. O agronegócio está empenhado nisso, assim como a indústria, através de parcerias com órgãos como Senai e Sesi. O governo faz alguns movimentos para aumentar a qualidade da educação, mas ainda há muito a ser feito. Não sou pessimista diante desses problemas, mas temos um curto e difícil prazo para solucioná-los. Entretanto, não resta dúvida que estamos em um país muito melhor do que há 20 anos. Falo isso, pois tive a oportunidade de acompanhar durante todo esse tempo o Prêmio de Jornalismo Econômico da CNH Industrial,
Milton Rego é engenheiro mecânico e economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de Comunicação Corporativa e de Relações Externas da CNH Industrial, vice-presidente da Anfavea e da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq. É responsável pelo Blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção: www. blogdomiltonrego.com.br
que promoverá sua 22º edição em novembro. Analisando reportagens sobre a nossa economia estou convicto de que andamos no caminho de uma sociedade mais civilizada. É certo que pegamos alguns atalhos errados, mas certamente andamos para frente. Enfim, fiz esse balanço para encerrar com uma notícia: irei mudar de segmento. A partir do próximo mês assumirei a presidência da Abal (Associação Brasileira do Alumínio), que congrega os produtores de alumínio e os transformadores que fazem os produtos que estão no nosso dia a dia. Continuarei acompanhando os setores de máquinas, mas agora como fornecedor de matéria-prima. Agradeço aos leitores e a Revista Cultivar Máquinas pela oportunidade de ter uma coluna mensal. Foi um prazer expressar minha opinião e dividir meus conhecimentos com vocês durante todo esse tempo. .M
No agronegócio, na indústria de máquinas agrícolas e de construção, na mineração ou na indústria de transformação existem gargalos que devemos sempre discutir
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