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HIPOCRIVARDIA

Albert Einstein sabia que a Terra tem mais que quatro bilhões de anos. Mas, anualmente, ia a uma sinagoga comemorar os cinco mil e tantos aniversários da criação do universo. Schrödinger estava consciente que seu gato não era seu.

Não tinha certeza se ele estaria ou não lá, e nem mesmo se o gato existia, mas deixava seu pastor lhe pregar impunemente sobre a parada do Sol para que os judeus ganhassem uma batalha, que ninguém mais notou.

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Teilhard de Chardin estava convencido que o cosmo, indiferentemente, renasce em ciclos trilenares.

Mas todas as manhãs pretendia a mágica transformação de vinho fraco em sangue de um deus inexistente.

Aparentemente, não há jeito...

Cr Nica

Luiz Carlos Amorim

Dias Das M Es

Primeiro domingo do mês de abril é o Dia da Mãe em Portugal e nós já comemoramos e no segundo domingo é o Dia das Mães no Brasil, e vamos comemorar de novo aqui em Lisboa. O Dias das Mães é sempre um dia muito importante e de muita comemoração, porque elas, as mães, são as criaturas mais importantes desse mundão de Deus. São elas que nos trazem ao mundo. São elas que dão filhos aos seus companheiros, que consequentemente dão netos aos avós e assim por diante.

É a nossa mãe que se dedica a nós, seus rebentos, pela vida afora. E quando a gen- te cresce e vamos viver a nossa vida para recomeçar o ciclo, ela fica esperando que os filhos voltem para uma visita, nem que seja rápida, trazendo os netos. Fico matutando, aqui, quando o Dia das Mães vai chegando, que ver a filharada debandar dói um bocado para nós, pais, imagine para as mães. O coração fica apertado, a saudade toma proporções astronômicas e a casa fica enorme, imensa, vazia, silenciosa e triste. Este ano estamos morando em Portugal, pois a filha Daniela mora aqui com o neto português. E a filhota Fernanda mora no sul da França, então também está perto e esteve recente por aqui, reunindo a família. De maneira que será um Dia das Mães mais em família.

Minha mãe, que faz 89 anos neste dez de abril, está no Brasil e estarei longe, do outro lado do oceano. Não estarei lá para o beijo e o abraço, mas em compensação uma mãe sabe como abraçar a alma, beijar a alma da sua filharada, independente da distância.

Pois uma mãe é mãe em tempo integral, a ligação com sua prole é condição sine qua non, então eles estarão sempre juntinho, não importa aonde estejam.

Que todas as mães sintam-se abraçadas e beijadas por seus filhos e que todos os filhos também sintam-se abraçados e beijados pelas suas mães. Sempre.

Parabéns, com um grande abraço e um grande beijo para ela, para a Dona Iracina, minha mãe, que além da passagem do seu dia, também faz aniversário. Tudo em dobro.

Poesia

Pierre Aderne

Santo De M E

Toda Mãe é igual a Deus Deus mulher, que chora e reza por ti Toda mãe é altar de Proteção que vira estrela e te faz luzir toda mãe é um santo, um orixá foi seu colo, o meu primeiro lar já fui reza no berço de meu Deus com seu abraço do tamanho de um mar

Toda mãe é escudo de ouro e fé deu-me em vida, diamante em aliança alguém dúvida que Deus é mãe mulher? lembro dela, logo volto a ser criança toda mãe é lua e sol vem à noite te cobrir com um manto no escuro, seu olhar é um farol alguém dúvida que toda mãe é um santo? se eu pudesse ouvir tua voz, oh mãe e lhe dizer de minha gratidão... perdão se um dia deixei de te ouvir DEUS É MÃE dentro desse coração!

LUIZ PRADO (JORNAL DA USP)

Reportagem Erotismo Em M Rio De Andrade

náculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A obra oferece ao leitor a oportunidade de conhecer o que e como Mário escreveu sobre sexo, sensualidade, homoerotismo e seus correlatos. Além disso, reposiciona o erotismo na trajetória intelectual do autor, realçando sua centralidade e constância ao longo de sua produção.

Nas 320 páginas que compõem o volume, Eliane apresenta trechos dos romances Macunaíma e Amar, Verbo Intransitivo, recortes

Volume reúne textos consagrados e raridades, chamando atenção para faceta pouco estudada do autor modernista

Apresença da sexualidade e do erotismo na obra de Mário de Andrade (1893-1945) acaba de ganhar um volume inédito, que reúne excertos de romances, contos, poe - mas, artigos e correspondências, inclusive materiais raros, produzidos ao longo de toda a carreira do autor modernista. Trata-se do livro Seleta Erótica de Mário de Andrade, organizado por Eliane Robert Moraes, professora de Literatura Brasileira do Departamento de Letras Clássicas e Ver- de correspondências que Mário trocou com nomes como Manuel Bandeira, Fernando Sabino e Sérgio Milliet, poemas de Pauliceia Desvairada, parágrafos de Contos Novos e mais uma série de escritos, alguns raros e inéditos. O resultado é um conjunto que desperta as atenções para uma faceta ainda pouco estudada do autor.

“Considero esse livro como um convite a pesquisadores que gostam do Mário de Andrade para aprofundar essa pesquisa”, declarou Eliane em entrevista. “É um começo de trabalho. Acho que a erótica do Mário ainda pode render muito.”

A obra traz não só o que o autor escreveu, mas também o que deixou de escrever, como é o caso de um trecho de Macunaíma censurado pelo próprio Mário, retirado do livro após sua primeira edição. Texto que abre a seleta, o excerto chama a atenção não só pela sua obscuridade, mas por tematizar uma troca de correspondências com Manuel Bandeira.

Já os escritos perpetuados por sucessivas edições ao longo dos séculos 20 e 21 ganham novas miradas a partir da apresentação que Eliane faz ao volume. Dentre eles estão Frederico Paciência, retirado de Contos Novos e reproduzido na íntegra, e o poema Girassol da Madrugada, também motivo de conversas do autor com Bandeira.

Seleta Erótica de Mário de Andrade é resultado de um projeto que Eliane desenvolveu no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, durante sua participação no Programa Ano Sabático, em 2021. Durante os trabalhos, a docente contou com a colaboração das pesquisadoras Aline Novaes de Almeida, que assina o posfácio do livro, e Marina Damasceno de Sá, ambas também empenhadas em produções acadêmicas sobre Mário de Andrade.

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