Mais Carne - Ed. 12

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expediente Diretora Jussara F. S. Rocha (11) 94110.4965 diretoria@grupomaisfood.com.br Editor Cauê Vizzaccaro caue@grupomaisfood.com.br Gerente de Contas Clecio Laurentino (11) 95557.4355 clecio@grupomaisfood.com.br

Administrativo / Financeiro financeiro@grupomaisfood.com.br Assinatura/Subscription Brasil: R$ 130,00 USA, Latin America, Europe and Africa: US$ 150,00 Tel.: (11) 2369-4116/4054 e 2386-1584 www.grupomaisfood.com.br Tiragem: 9.000 exemplares

SUMÁRIO

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04 | Expediente

20 | Especial: NR-12

04 | Sumário

28 | Especial: embalagens

06 | Editorial

32 | Capa: visualize o sucesso

08 | Produtos: Middleby

38 | Especial: Rayflex

10 | Produtos: Handtmann

39 | Brasil: eficiência energética

12 | Produtos: Poly-clip

42 | Pesquisa: genoma

14 | Produtos: Risco

45 | Sustentabilidade: produção

16 | Especial: aço inox

50 | Índice de anunciantes


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EDITORIAL Visualize o sucesso!

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stamos vivendo em uma conjuntura política e econômica muito complexa. Grandes mudanças estão ocorrendo em nosso país e precisamos estar atentos e aproveitar o momento para crescer. Desse modo, focamos em nossa matéria de capa em um exemplo de empresa fora do mercado que acendeu muito nestes últimos anos, ao contrário de seus concorrentes. Nossos amigos do setor, seja de frigoríficos ou abatedouros, poderão conhecer as principais qualidades desse modelo de negócios. Lembro ao leitor, que não existe um arquétipo perfeito, pois há alguns que são sucesso em determinada conjuntura e outros em distintas circunstâncias. No entanto, há certos padrões comuns entre as empresas que são bem sucedidas e outros para as que colhem prejuízos. É preciso ter uma receita de equilíbrio e sempre priorizando ganhos de eficiência operacional ao invés de cortes de pessoal, investindo em marketing e pesquisa, e gastando recursos na modernização de equipamentos e unidades fabris. Uma lição que destaco é da importância de manter o foco no plano determinado. Quem muda demais gasta energia, pois, precisa começar de novo a cada vez e acaba perdendo a oportunidade de criar uma curva de aprendizado. Nesta edição também temos uma reportagem especial sobre as inovações em embalagens de papelcartão que diferenciam os produtos cárneos no momento da compra. Afinal, a rapidez das informações e transformações estabelece que as empresas inovem e inventem novos produtos, pois, a alternativa é simples: inovar ou morrer. E inovar por meio das embalagens é muitas vezes mais simples e econômico e, aliás, o “diálogo” com o consumidor é imediato e direto. Além disso, publicamos um artigo sobre a indústria de aço e dos setores que utilizam a matéria-prima, como o de equipamentos, peças etc. Em outra matéria, no Caderno de sustentabilidade, é abordada uma questão: o aumento na produção de carne pode diminuir emissão de gases de efeito estufa? Para estudos de pesquisadores da Embrapa e da Escócia, a resposta é sim. Boa leitura!

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Produtos

Thurne fatiadora para o bacon com quatro lâminas se torna o centro do palco na IFFA

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ntre 7 e 12 de maio, a Divisão de Processamento de Alimentos da Middleby exibiu uma variedade de sistemas de processamento de carne inovadores em seu estande na IFFA, em Frankfurt, na Alemanha, com destaque para a THURNE® IBS 4600 Bacon Slicer. De acordo com o porta-voz da empresa,o IBS 4600 Bacon Slicer é a única fatiadora no mundo a usar quatro lâminas e com alimentações independentes, com sistemas de visão independentes, oferecendo controle preciso das fatias dos produtores de bacon pré-cozido para aplicações de serviços de varejo e alimentos em geral. O desempenho do IBS 4600 é resultado do desenvolvimento e de longa data de contínua experiência da Thurne em fatiamento de bacon e revolucionou

o mercado de bacon pré-cozido. As melhorias em comparação com processos alternativos são várias, como a espessura de corte e qualidade mais consistente, bem como melhoria dos rendimentos, entre outras. Especialistas estavam disponíveis com conselhos sobre como a IBS 4600 e outros sistemas de corte de alto desempenho da Thurne para aplicações como bacon, carne processada e queijos melhoram o desempenho da produção. Entre outras exibições no estande da Middleby, havia a preparação, processamento de alimentos, processamento térmico e equipamentos de embalagem, abrangendo os processos de preparação de matérias-primas e produção de embalagem do produto final.•

Legenda da foto: Com quatro lâminas, o IBS 4600 tem alto volume de produção de bacon pré-cozido.

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Produtos

VF 800: a inovação da Handtmann na IFFA 2016

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Handtmann inovou ao trazer ao mercado com um novo design a nova gama de embutideiras a vácuo VF 800. Novo design, melhor higiene e ergonomia. Os equipamentos são direcionados ao segmento premium e possuem qualidade superior e uma ampla gama de funções, materiais de alta qualidade e processamento de precisão, ou seja, precisão de porcionamento estável por longo prazo e baixo custo de manutenção para todo o ciclo de vida. Uma característica especial é a escalabilidade patenteada, que permite aos clientes comprar exatamente a capacidade de enchimento de que realmente precisam, e a capacidade dos modelos VF 800 “S” pode ser aumentada se necessário. Importância para a Handtmann Como produto do núcleo de embutideiras a vácuo altamente inovador, o lançamento salienta a liderança em tecnologia e abre o caminho para subsequente crescimento no mercado de alimentos: produtos vegetarianos, produtos assados, produtos lácteos, produtos de confeitaria e produtos de conveniência. O equipamento conta com inovação sistemática para cada subfunção e função auxiliar do processo de enchimento/ porcionamento devido à configuração simples, por exemplo, com o assistente de nivelamento, assistente de instalação e produção, limpeza intermediária automática, opções de diver sas conectividades (pneumática integrada e interface IFC), sistema de vácuo variável

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que garante perfeita alimentação, alimentação automática, redução do tempo de inatividade, ar degerminação, monitoramento de qualidade do produto, etc. Além disso, há a flexibilidade em termos de aplicação (campos adicionais de aplicação de produtos, por exemplo, produtos fluidos com inserções de pedaços, produtos quentes etc.). Embutideira e porcionadora a vácuo como módulo central de alto desempenho para soluções complexas e automáticas de processos chave na mão.


Produtos Desafios particulares do desenvolvimento A criação da série VF 800 utilizou como base a excelente tecnologia VF 600 e transformou em um produto ainda melhor. O processo de seleção material foi intensivo e longo, como também os ensaios para assegurar que todas as funções trabalhassem perfeitamente para facilitar a longa vida útil do equipamento. Outros pontos foram levar em consideração todos os requisitos do cliente, por exemplo, a gama de aplicações versus a produção de produto único, tornar a operação da máquina mais simples possível e oferecer qualidade superior a preços justos ao mercado. Tempo de desenvolvimento A empresa contou com o amplo knowhow de especialistas e, além da experiência, aproveitou o feedback dos clientes globais, que foram integrados e perfeitamente implementados até os mínimos detalhes. E isso levou tempo: aproximadamente 6 anos. Disponibilidade São 5 modelos com 9 níveis de desempenho que estão agora disponíveis para os produtos médios e industriais: VF 830, VF

838 S, VF 840, VF 842 e VF 848 S. Todos os modelos da Embutideira a vácuo VF 800 podem ser entregues em todo o mundo. Modelos adicionais para médios e pequenos produtores estarão disponíveis no próximo ano. Quanto tempo a série VF 600 continuará a ser construída? A decisão de continuar a construir a série VF 600 será tomada principalmente pelo posicionamento dos clientes da empresa. É estimado que os modelos industriais da série VF 600 continuarão a ser solicitados por alguns anos, afinal, a série VF 600 ainda está atualizada e possui tecnologia de ponta. IFFA 2016 Os visitantes da IFFA 2016 foram capazes de descobrir por si e em primeira mão as inúmeras vantagens da nova série de máquinas VF 800. Somando-se com as máquinas em demonstração com vários dispositivos auxiliares, a máquina VF 800 porcionou a sopa “goulash” para degustação dos visitantes na cozinha do estande da Handtmann.•

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Produto

LANÇAMENTOS IFFA 2016 POLY-CLIP SYSTEM

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Poly-clip System apresentou uma série de novos equipamentos durante a última feira IFFA – Frankfurt, Alemanha. Duas novas grampeadoras duplas automáticas foram lançadas, os modelos FCA 100 e FCA 140, para atender as produções dos mais variados calibres de embutidos. Equipamentos rápidos, precisos e que utilizam os novos grampos da série R-ID, os quais conferem uma maior automação nos processos facilitando a operação e manutenção dos equipamentos aliados a um fechamento mais seguro e de melhor apresentação do produto final.

FCA 140

FCA 100

A Poly-clip System tem investido muito na área de automação dos processos e apresentou uma nova geração de grampeadoras duplas (FCA) conjugadas com os sistemas de pendura automática (AHL) dos embutidos nas varas de cozimento, tudo em um único equipamento, reduzindo o espaço necessário para instalação e aumentando a produtividade do sistema.

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Dois destes modelos foram apresentados nesta IFFA : FCHS 80 – projeto mais econômico e flexível para calibres 38 até 65 mm, projeto ergonômico com redução de mão de obra vindo de encontro as atuais necessidades de diminuir os esforços dos operadores, resultando em uma produtividade maior entre 15% a 20% comparado aos sistemas tradicionais. FCHL 160 – desenvolvimento resultante da junção da grampeadora automática FCA 160 com o pendurador AHL, conferindo um aumento de produtividade em até 25% e ganhos com economia de mão de obra de até 37%. Para a faixa de embutidos de calibres de 38 a 100 mm.

FCHL 160

Além destes lançamentos acima, foram apresentados novos desenvolvimentos na grampeadora dupla automática ICA SL, com um revolucionário sistema de aplicação de laços de pendura


Produto

ICA SL

PDC A 600R

FCHS 80

especialmente projetado para embutidos grandes e pesados (até 200 mm calibre) em tripas celulósicas fibrosas. Também foi apresentado uma nova grampeadora, a PDC A 600 R dotada de um separador desenvolvido especificamente para o trabalho delicado com tripas naturais de calibres até 46 mm.

Outras soluções para a carga automática de embutidos em gaiolas ou carros de cozimento foram apresentados com variações do design do braço de carga robótico ASL para várias aplicações, inclusive a carga de produtos longos e pesados (logs) destinados a linhas de fatiamento.•

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Produtos

Grupo Risco na IFFA 2016

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timos resultados foram atingidos pelo grupo Risco durante a realização da IFFA 2016, com especial atenção dada aos novos sistemas de produção de carne moída porcionada em bandejas RS 918 e RS 920, aos novos frontais linkers da série RS 26X e à nova variedade de modelos de embutideira a vácuo da série RS 100. Entre essas novidades, o modelo RS 920 atraiu interesse particular. O sistema patenteado pela Risco é composto por uma embutideira a vácuo com moedor frontal integrado com a possibilidade de usar um ou mais discos e facas, sistema desnervador, uma correia dupla porcionadora e um dispositivo contínuo de corte para garantir porções bem modeladas e um controle perfeito do peso das porções de carne moída. Os visitantes também tiveram a oportunidade de conhecer e receber maiores

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detalhes sobre os três modelos de embutideira a vácuo da série RS 100. Esses modelos oferecem um delicado e preciso processo de embutimento com excelente controle de peso das porções e são ideais para pequenos e médios fabricantes de produtos de alta qualidade. A versatilidade desses três modelos permite fácil troca de diferentes tipos de produtos e programas durante o mesmo dia de trabalho. Os modelos RS 110, RS 112 e RS 114 são compatíveis com a larga variedade de acessórios Risco e sistema de formatação de modo que estão prontas para atender às demandas atuais e futuras que venham a virar tendência em nosso mercado. O grupo Risco novamente afirmou sua posição no topo dos fornecedores das indústrias processadoras de carne e a IFFA confirmou o compromisso que o Grupo Risco está constantemente exercendo para aprimorar seus produtos.•


Risco - PP_RS 650_PORT incomaf_210x275mm_Layout 1 22/07/14 09:34 Pagina 1

www.risco.it

RS-650 da Risco: A nova embutideira de pleno vácuo para presunto A embutideira de pleno vácuo da Risco modelo RS-650 foi especialmente desenvolvida para embutir presuntos com alta qualidade a partir de peças de músculos inteiros. O especial sistema concêntrico de embutimento da Risco “Long Life” garante um delicado e preciso embutimento mantendo a estrutura do produto, coloração e qualidade original. Dois eficientes sistemas separados de vácuo removem qualquer ar residual do produto, proporcionando qualidade superior e maior “shelf life”.

Principais características: • •

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Grande bomba de embutimento para garantir excelente integridade do músculo Pleno vácuo na tremonha com válvula de abastecimento com abertura regulável e sensor ótico para alimentação automática do produto por sucção Amplo espaço entre palhetas na bomba de embutimento para comportar até 2,5 kgs de produto em cada câmara Grande tubo de alimentação conectado ao silo modelo RS-804 para alimentação por sucção a vácuo Perfeitamente sincronizável com clipadoras, guilhotinas e máquinas termoformadoras

Incomaf Indústria e Comércio de Máquinas p/ Frigoríficos Ltda. Av. Industrial, 977 Bairro do Corredor 08586-150 Itaquaquecetuba SP

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Telefone +55 11 3797-8550 Fax +55 11 3797-8577 incomaf@incomaf.com.br

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Especial

Aços inoxidáveis: assepsia no manuseio de carnes Por Adayr Borro Junior, doutor em Engenharia de Materiais pela Universidade de São Paulo, sócio-proprietário da Caema Brasil Consultoria e consultor técnico da Metalfit Inoxidáveis

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etais e ligas metálicas são amplamente utilizados para entrar em contato com os alimentos durante as diversas etapas de processamento dos mesmos. Não há dúvidas que, em relação à sanitariedade, isto é, superfícies que apresentam simultaneamente a facilidade de higienização rápida e inércia química

com relação ao alimento, os aços inoxidáveis continuam liderando com folga a preferência de projetistas e usuários da indústria de alimentos. De fato, aços inoxidáveis em geral, ao contrário de todos os outros materiais, permanecem com consumo crescente no mundo. Dentre as prováveis razões,

Figura 1: Tubo em aço inoxidável eletropolido aplicado em indústria de laticínio.

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destacam-se a diminuição dos custos de elementos de liga presentes nos inoxidáveis, a maior produtividade das aciarias especiais, as campanhas mundiais de incentivo a estes materiais valorizando seu apelo estético, higiene, durabilidade e nobreza. Aços são definidos como ligas ferro–carbono (Fe-C). Os inoxidáveis representam uma das inúmeras famílias dos aços, os quais, além de Fe e C, contêm em sua composição química, no mínimo 11% de Cr, o que lhe confere elevada resistência à corrosão. O Cr presente no aço, nestas proporções, ao entrar em contato com o ar, reage instantaneamente com o oxigênio, formando uma fina, contínua e protetora camada de óxido de cromo em toda a superfície do aço, protegendo o mesmo contra ataques corrosivos do meio exposto. Tal película é denominada camada passível, apresentando uma espessura ínfima da ordem de 50 Å (50x10-10 m), sendo estável e invisível. Tal camada se adere ao aço, protegendo-o de ataques externos, onde, de uma maneira geral, tal proteção é proporcional à quantidade de cromo contido no aço e à oferta de oxigênio presente na superfície do mesmo.

Esquema da formação de filme passivo nos aços inoxidáveis.

A grande vantagem dos aços inoxidáveis reside no fato da camada passiva ser um revestimento natural de caráter autorregenerativo, isto é, quando a superfície de um inoxidável é danificada por um risco ou arranhão, na presença de oxigênio, a mesma se refaz em milésimos de segundo. Superfícies protegidas por processos de revestimento não naturais como fosfatização, galvanização, pintura e cromatização, além de não apresentarem caráter regenerativo, não possuem aderência estável como no caso dos inoxidáveis.

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Especial Pela própria presença da camada passiva nos aços inoxidáveis, parece lógico que a superfície destes materiais devem se apresentar sempre limpa, lisa e sem defeitos. Além do aspecto estético, uma superfície limpa favorece o fenômeno da passivação potencializando assim a resistência a ataques, bem como os aspectos de assepsia. Sabe-se que os aços inoxidáveis apresentam a inerente característica de passivação que permite uma alta

conexões e válvulas presentes nas indústrias de alimentos. A versatilidade de tais ligas, associada à excelente relação custo-benefício desta família, fazem com que as mesmas liderem o espectro de aplicação dos inoxidáveis nas indústrias de alimentos. Aços inoxidáveis ferríticos (por exemplo, a liga AISI 430), aparecem especificados normalmente para utensílios como conchas, anteparos, bandejas simples etc. Os inoxidáveis martensíticos estão ligados

Cozinha moderna, 100% em aço inoxidável, incluindo teto.

resistência a adesão de sujidades e biofilmes, além de permitir uma fácil de situação assepsia, gerando sanitariedade de padrão alimentício. Dentre as várias ligas inoxidáveis existentes, os aços inoxidáveis austeníticos AISI 304L e o AISI 316L, aparecem como líderes na aplicação em chapas, tubulações,

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à assepsia e cutelaria, ou seja, são aços aplicados em facas, ganchos etc. No caso específico do manuseio e processamento de carnes, a seleção a d e q u a d a d o s a ç o s i n ox i d á v e i s austeníticos, passa por entendimento do tipo de processamento, da natureza do mesmo e de aspectos de limpeza.


Manuseio de carnes em superfície inoxidável.

A carne para consumo humano, independente da procedência, tem o sangue animal como principal agente de contato com as superfícies inoxidáveis. Tal sangue pode conter traços importantes de cloretos, o que significa que a liga AISI 316L pode ser a mais adequada quando há um contato mais prolongado, como no caso de recipientes que marinam a referida carne, ou a processam acima de 40°C. Para contatos rápidos, locais de limpeza frequente e à temperatura ambiente, como na maioria dos casos, a liga AISI 304L se apresenta como a mais adequada para tal manuseio. No que se refere à limpeza e manutenção das superfícies inoxidáveis é importante ressaltar que soluções contendo cloro devem ser aplicadas com cuidado e durante um tempo mínimo possível. Água e vapor, bem como detergentes alcalinos aparecem como adequados para uma manutenção da assepsia. É muito importante ressaltar que superfícies inoxidáveis devem ser periodicamente repassivadas com soluções especiais denominadas “passivantes”. Por se tratar de material nobre e de longo ciclo de vida, consulte sempre um especialista para dirimir qualquer dúvida relacionada aos inoxidáveis.•

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Especial

A questão da NR-12

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om a publicação da Portaria do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nº 857, algumas alterações incidiram sobre a Norma Regulamentadora nº 12 (NR-12), que se refere à segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. A Norma Regulamentadora delibera sobre referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho na utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. Os ajustes realizados, em 2015, acabaram por não findar com os impactos negativos do texto aprovado em 2010, porém, essas modificações são uma sinalização de que é possível haver novas negociações para nova revisão que contrabalance as obrigações impostas às empresas e a proteção do trabalhador. Desse modo, para entendermos melhor o assunto, entrevistamos o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Carlos Eduardo de Azevedo Lima. A entrevista ocorreu antes publicação da Portaria MTPS nº 211. 1) Normas de segurança no trabalho são de exímia importância, ainda mais para um país com números alarmantes de acidentes, como é o caso do Brasil. Quais os pontos de maior reclamações das indústrias referente a NR-12? As empresas se referem a um suposto custo excessivo para cumprimento dos ditames da NR-12. Mas não podemos esquecer que estamos a tratar da imprescindível obser vância a normas de saúde e segurança do trabalho. Não há, pois, como se conceber que, ao contrário do que nos ensina o adágio popular que se refere ao trabalho como “um meio de vida”, venha o labor humano a se transformar num meio de adoecimento, de se acidentar nem muito menos de morte. Essa realidade, no entanto, lamentavelmente está presente na vida de um contingente muito grande de trabalhadores e de suas famílias, que são vítimas de graves doenças e acidentes relacionados ao trabalho, muitas vezes

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fatais, o que poderia ser evitado com a institucionalização de uma política de segurança e de adequação do meio ambiente laboral, no que estão incluídas, também, e por óbvio, as necessárias adequações – aí incluídas substituições, quando necessárias – e proteções de máquinas, entre outras providências. Há de se ter em conta, também, que isso não representa, em verdade, custo, mas sim investimento, e da mais alta relevância. 2) O representante do Ministério do Trabalho, Rômulo Machado, informou que a comissão tripartite está trabalhando com relação a NR-12, com prazo previsto de apresentação de uma nova proposta (questão anterior antes publicação da Portaria MTPS nº 211, de 09 de dezembro de 2015). Qual a expectativa da indústria para esse debate? Penso que esta pergunta se dirige mais precisamente aos representantes da


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Promoção e organização

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Especial indústria. Apenas destaco que uma das reclamações que ouvimos de representantes da classe empresarial, repetida até por alguns parlamentares, tem sido no sentido de que a norma trataria de maneira igual uma empresa multinacional e uma microempresa ou pequena empresa, o que não seria razoável e para o que se teria de atentar numa eventual proposta de alteração da norma. Com o devido respeito a quem defende esta tese, penso estar equivocada. Ora, pensar-se em incentivos, fiscais ou quaisquer outros, para microempresas e/ou empresas de pequeno porte, assim como medidas outras voltadas para o estímulo a este importante segmento econômico, é sempre, acredito, muito importante. No que tange, porém, ao meio ambiente do trabalho, não há como ter este tratamento diferenciado, já que a garantia de condições de trabalho saudáveis e seguras constitui obrigação de todo e qualquer trabalhador. Absolutamente inconcebível falar em um sistema em que a um trabalhador, empregado de grande empresa, será garantida segurança ao passo em que a outro, por ser empregado de empresa pequena, terá um meio ambiente laboral que propicia adoecimento e graves acidentes, como se ambos não tivessem direito a condições dignas e seguras para desempenhar seu trabalho. Pode-se pensar, claro, em alternativas, como linhas de crédito com condições diferenciadas para aquisição e adaptação do maquinário nas empresas menores, assim como isenção de tributos na aquisição de tais equipamentos, mas nunca falar em sacrifício à segurança e à saúde no trabalho. Isso não. Afinal, o nosso ordenamento jurídico tem como base justamente o respeito à pessoa humana e à sua dignidade, o que não se alcança com exposição da vida e da

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saúde de trabalhadores a riscos, ainda mais quando tais riscos podem ser evitados por meio de adoção de medidas preventivas, ainda que daí impliquem alguns custos (os quais, repito, devem ser encarados como inegável investimento). 3) Qual o papel da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) nessa discussão? A ANPT representa os membros do Ministério Público do Trabalho de todo o Brasil, ramo especializado do Ministério Público da União que tem como missão justamente tratar da defesa e da promoção dos direitos trabalhistas, notadamente no aspecto coletivo, sendo meta institucional de tais membros e da própria instituição e promoção de um meio ambiente do


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Ponto de Vista trabalho adequado, com condições laborais saudáveis e seguras. Neste sentido, a ANPT está umbilicalmente inserida nesta discussão e tem se mobilizado, seja no âmbito do Poder Executivo ou do Legislativo, com participação de reuniões e de todos os debates sobre a matéria no Ministério do Trabalho e Emprego e junto aos parlamentares no Congresso Nacional, respectivamente, seja também, quando necessário, provocando o Poder Judiciário para fazer valer o ordenamento jurídico e o primado da saúde e da segurança nas relações de trabalho. O trabalho da associação no Parlamento é permanente na defesa e na promoção dos direitos sociais, muitas vezes provocando o Supremo Tribunal Federal (STF) quando proposições legislativas deixam de observar os preceitos constitucionais que determinam que a livre iniciativa, de inquestionável relevância, há

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de ser interpretada à luz do valor social do trabalho, sem afrontar jamais para o respeito à dignidade dos trabalhadores. 4) A indústria reclama pelo fato de micro e pequenas empresas sofrerem mais para se regularizarem. Na teoria e na prática isso acontece? Existe dados para comprovar ou não essa afirmação? Acabei me estendendo um pouco na pergunta contida na alínea “b)” e já abordando este tema, o qual, vejo agora, constitui objeto de questionamento específico. De fato, uma das reclamações que observamos de representantes da classe empresarial, repetida até por alguns parlamentares, tem sido no sentido de que a norma trataria de maneira igual uma empresa multinacional e uma micro ou pequena empresa, o que não seria razoável e para o que se teria de atentar


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Ponto de Vista numa eventual proposta de alteração da norma. Com o devido respeito para quem defende esta tese, mas penso que ela está equivocada. Ao pensar em incentivos, fiscais ou quaisquer outros, para microempresas ou empresas de pequeno porte, assim como medidas outras voltadas para o estímulo a este importante segmento econômico, é sempre, acredito, muito importante. No que tange, porém, ao meio ambiente do trabalho, não há como ter este tratamento diferenciado, já que a garantia de condições de trabalho saudáveis e seguras constitui obrigação de todo e qualquer trabalhador. É absolutamente inconcebível acreditar que um sistema em que um trabalhador, empregado de grande empresa, terá garantia à segurança, ao passo em que a outro, por ser empregado de empresa pequena, terá um meio ambiente laboral que propicia adoecimento e graves acidentes, como se ambos não tivessem direito a condições dignas e seguras para desempenhar seu trabalho. Devem-se construir alternativas, como linhas de crédito com condições diferenciadas para aquisição e adaptação do maquinário nas empresas menores, assim como isenção de tributos na aquisição de tais equipamentos, mas nunca falar em sacrifício à segurança e à saúde no trabalho. Nunca. 5) Desde a atualização da norma, em 2010, até hoje, é possível encontrar um declínio nos dados referente aos acidentes? O Ministério do Trabalho e Emprego, seguramente, assim como instituições como o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), podem apresentar dados mais precisos, inclusive com evolução estatística acerca desta importante questão, mas, independentemente disso, é indiscutível

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que o cumprimento das normas de saúde e segurança do trabalho em geral e, no caso concreto, da NR-12, reduz de maneira significativa as ocorrências de acidentes. Isso se verifica de maneira muito clara em nossa atuação cotidiana. Não há como se conceber acidentes de trabalho como fatos da vida, “meros” infortúnios inevitáveis ou algo do tipo. Medidas existem a serem adotadas, a exemplo da proteção de máquinas, adequação e até substituição de maquinário e outras equivalentes, que, se não eliminam por completo – ideal, claro, a ser sempre por todos nós perseguido –, reduzem drasticamente as ocorrências. Há de se implementar cada vez mais esta cultura da prevenção. 6) Para setores da indústria, a NR-12 chega a ser mais exigente do que normas exercidas na Europa e nos EUA, o que prejudica, principalmente, a compra e venda de equipamentos. É possível chegar a um consenso entre a tripartite, para que a lei nivele com as executadas no exterior? Acredito que o diálogo se mostra sempre relevante, sem dúvida nenhuma, razão pela qual a tentativa de uma solução consensual, mormente no âmbito de uma comissão tripartite, apresenta-se como algo da maior importância. Alguns pontos, porém, acredito que sejam inegociáveis, como se dá com a vida do trabalhador, sua saúde e sua incolumidade física, de valor inestimável. Não há, pois, como se deixar de reconhecer a imprescindibilidade de adoção de todas as providências necessárias para que o trabalho seja desempenhado em condições seguras, sem expor o trabalhador a risco de acidentes, por meio dos quais muitas vezes, é mutilado, perde algum membro ou até mesmo a vida.•


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Especial

Inovações em embalagens de papelcartão que podem diferenciar produtos cárneos Por Assunta Napolitano Camilo

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velocidade das informações e das mudanças atuais impõe que as empresas inovem e criem novos produtos que podem até “matar ” seus produtos atuais. Melhor fazer você mesmo, antes de outrem. A escolha é simples: inovar ou morrer. Inovar por meio das embalagens é muitas vezes mais simples e econômico e, além disso, a comunicação com o consumidor é imediata e direta. Inovação em embalagens é o motor da competitividade e a chave para um futuro muito próspero. É bastante importante lembrar que toda vantagem competitiva tem tempo de validade e, dessa forma, inovação deve fazer parte da gestão do negócio, no seu dia a dia. Como afirmou Philip Kotler em 1954: “A sobrevivência das empresas reside na sua capacidade de inovação e diferenciação por meio das novas Marcas, Conceitos e Embalagens”. Neste artigo abordamos as inovações em embalagens de papelcartão, que têm criado novas oportunidades e ciclos de crescimento para as empresas usuárias dessas embalagens. Vamos conhecer algumas delas: • A utilização do recurso de “Realidade aumentada” tem sido frequente em todo tipo de embalagem e materiais promocionais. Alimentos com embalagens animadas e interativas são conhecidos por meio de Food 2.0, uma poderosa ação

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de marketing principalmente voltada aos Millennials (grupo de jovens que nasceram depois de 1980). A Lunchables UploadedTM tem realizado diversas campanhas usando este recurso para entreter os consumidores no momento da refeição. • A “realidade aumentada” transforma interações da marca, criando memoráveis experiências de entretenimento para os consumidores. Isso pode ser implementado em campanhas longas, curtas ou em andamento, as quais incluem cupons, jogos ou outros tipos de conteúdo oculto para impressionar os consumidores. • A impressão digital possibilita a produção de pequenos lotes de embalagens, até mesmo individualizados, como nos equipamentos da HP Indigo® e da AGFA®. A empresa Flextrus®, que pertence ao grupo mundial AR Packaging®, desenvolveu o PaperLite®, um tipo de base (fundo de bandeja) para embalagem termoformada. O papelcartão torna a aparência da embalagem mais atraente, graças a seu toque sedoso e agradável. A apresentação da embalagem com papelcartão (material natural e renovável) confere às marcas oportunidade real de diferenciar seus produtos e atrair os consumidores, que preferem a embalagem


Especial à base de celulose, por ser renovável. O Flextrus PaperLite® é baseado em Billerud FibreForm®. O material funciona nas mesmas máquinas das linhas de embalagem convencionais. Assim como todas as embalagens de alimentos Flextrus PaperLite® foi aprovado para contato com alimentos. Os filmes de selagem podem ser de poliéster ou outro material para garantir a barreira (graus de proteção de média e alta barreira) necessária à vida de prateleira sugerida para o produto. É possível usar vários tipos de filmes de vedação, inclusive os que oferecem opções de fácil abertura para a conveniência do consumidor. A maquinabilidade em equipamentos do tipo Form Fill & Seal é boa, e a formação das bandejas é excelente, com o corte facilitado por causa do material. A impressão dos filmes é feita em flexografia de alta qualidade, permitindo reproduções gráficas avançadas para recursos visuais bem impressionantes.

Com a redução de custo e de impacto ambiental, aliada à conveniência e à boa apresentação, encontramos cada vez mais essa opção de bandeja para frios, queijos, sobremesas e snacks nos mercados europeus. Inovações em embalagens devem e podem ocorrer em vários pontos da cadeia de fornecimento, seja na matériaprima, nos acabamentos, na forma, na abertura ou fechamento, entregando conveniência, estilo (design), segurança, saúde e produtos sustentáveis. As embalagens de papelcartão reúnem muitas vantagens e benefícios, podendo ser aplicadas num universo enorme de mercados. Os principais pontos são: -- Podem assumir muitas formas sem necessitar de moldes especiais; -- Há uma infinidade de materiais que se adaptam a diferentes necessidades, seja uma embalagem for te para carregar garrafas de bebidas, como as multipacks, ou as delicadas embalagens

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Especial de maquiagem; -- Através dos recursos de acabamentos gráficos é possível enobrecer e diferenciar as embalagens; -- As quantidades mínimas são baixas e, a rigor, pode-se até produzir uma única unidade, personalizando-a através de impressão digital; -- Tê m a f a v o r a q u e s t ã o d e sustentabilidade, pois, além de prover de fonte renovável, são facilmente recicláveis, e o mercado usa muito material reciclado; - - É um ótimo suporte para a linguagem Braille; -- Podem ser impressas internamente de maneira fácil; -- Possuem múltiplas faces, podendo criar painéis de exposição e comunicação nos pontos de vendas; -- Podem se transformar num brinquedo ou objeto para ou após o uso, ou ainda ter painéis interativos para entreter o consumidor, como joguinhos; -- Podem ser combinadas com outros materiais através de extrusão, laminação ou junção por tampas e janelas plásticas, por exemplo, criando conjuntos interessantes; -- Há a possibilidade de utilização em campanhas promocionais, seja unitariamente ou formando kits presenteáveis; -- Permitem a inserção de acessórios e enfeites de forma muito simples; -- Tentativas de falsificações ou violações podem ser facilmente verificadas, entre tantos outros aspectos favoráveis. A rede de supermercados francesa Auchan™ adotou a luva de papelcar tão

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para identificar e diferenciar sua linha de risotos. A ideia é que, como a embalagem primária é bastante simples (um pote standard de plástico), a luva, além de poder identificar, apresenta melhor o produto e suas informações nutricionais, desper tando o apetite através da bela reprodução fotográfica do risoto preparado. Ser o suporte para apresentar o produto é também a função da luva utilizada pela francesa Bordeau Chesnel™, que produz salames secos de alta qualidade. A luva não só protege, mas também conta a história da empresa e da delicatessen. A empresa Linnamäe™, da Estônia, lançou na última feira de alimentos ANUGA uma linha de hambúrgueres especiais de 300 g de puro porco, ao estilo “Kansas City”, e, para marcar a diferença, usou um cartucho luva-vertical com uma janela que permite a visualização do produto. Fez sucesso! A Maggi™, marca de sopas da Nestlé,


Especial lançou na Alemanha e na Rússia uma embalagem híbrida, na verdade, aplicaram uma luva de papelcartão sobre a tradicional embalagem multilaminada de sopa, de tal maneira que, ao ser pressionada, a luva se arma, formando um suporte. Com isso, o conjunto forma uma tigela em que se pode consumir a sopa em qualquer lugar. Conveniência a toda prova! Para atender à tendência de “Prepare você mesmo” com conveniência, algumas marcas preparam kits de produtos complementares para que o consumidor possa preparar em casa, no seu dia de “chef”, pratos mais elaborados, como o kit de noodles da tailandesa deSIAM™, que reúne no cartucho molho, macarrão e temperos para a preparação. Na mesma linha, encontramos a embalagem da espanhola Old el Paso™, que oferece aos seus consumidores kit para preparo de tacos contendo molho, temperos e os tacos! A embalagem em forma de caixa aberta pela lateral tem design que lembra uma antiga “hazienda” (fazenda espanhola típica).

Conjunto perfeito!• Apresentamos aqui apenas algumas ideias entre as infinitas possibilidades no mercado. Conheça mais algumas no website do Clube da Embalagem: www.clubedaembalagem.com.br. Embalagens inovadoras promovem um mundo melhor! Embalagem melhor promove um mundo melhor, sempre! * Texto adaptado do capítulo da autora em Embalagens Papelcartão – Paperboard Packaging do Instituto de Embalagens. Se quiser mais informações e fotos dos produtos, é possível obtê-las no site: www.clubedaembalagem.com.br. * Assunta Napolitano Camilo: Diretora da FuturePack – Consultoria de Embalagens e do Instituto de Embalagens – Ensino & Pesquisa. Articulista, professora e palestrante internacional de embalagens. Recebeu diversos prêmios, entre eles o de Profissional do Ano e o de Melhor Embalagem do Ano.

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Capa

Visualize rápido um futuro de sucesso Conheça as principais qualidades e o modelo de negócios da empresa que cresceu enormemente nos últimos anos

“P

ara não desperdiçar energia é preciso ter foco e decidir o que deixar de fazer. Nem sempre mais é melhor”. A frase é de José Galló, presidente das Lojas Renner, maior varejista de roupas do país, cujo faturamento cresceu 18% no ano passado – pior momento da crise – e seus valores de mercado aumentaram 74% em dois anos. A frase foi tirada da reportagem “As lições do rei da crise”, de Giuliana Napolitano, para a revista Exame. Essa frase é importante às empresas que estão em situação delicada, pois, o presidente da Renner pode ser considerado como o rei da crise e sua gestão pode servir de exemplo aos frigoríficos e abatedouros. Há hábitos comuns entre as empresas bem sucedidas e outros para as que se arruínam. Para as promissoras, um fato importante é se preparar para um período de vacas magras. O posicionamento dessas empresas sempre é conservador. Mas com isso, nos momentos de fortuna essas companhias são ultrapassadas pelas concorrentes, perdendo muitos ganhos e deixando de lucrar acima da média. Uma empresa como a Renner, no período de muitos recursos, não aproveita o crescimento da demanda consumista ao apresentar novidades e lançamentos em série, e não altera seu modelo de negócios. Tanto que a maior ousadia da Renner foi adquirir a rede Camicado, em 2011. Essa foi a primeira aquisição da companhia, além do lançamento da Youcom, direcionada ao

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público jovem. Nas reuniões de conselho da empresa, entre 2007 e 2012, sempre foi questionada se não seria o momento de seguir os passos dos concorrentes e alterar a estratégia para expandir, com ações como oferecer coleções assinadas com estilistas. As concorrentes buscaram inovar, abriram novas lojas e lançaram produtos para abocanhar outros públicos. No entanto, Galló nunca teve dúvida e sempre recusou mudar a rota. Como na espiral econômica existe um sobe e desce, um momento chega-se ao fundo. E é neste período que algumas empresas, achando que há crescimento permanente, se afundam e se endividam, e, em muitos casos, começam a dar calotes, retraem e comercializam fatias para não abrir falência. O problema na última década foi a falha de algumas empresas ao superestimar a conjuntura econômica do país e acreditar que a euforia nunca terminaria. Com a baixa da economia brasileira, essas empresas não estavam preparadas e tiveram que realizar amplos ajustes. O caso da construção civil é bastante significativo, com números expressivos. Entre 2005 e 2007, 20 incorporadoras abriram capital no país, construindo de apartamentos de luxo até imóveis populares, e anos depois, com a queda da economia, quase todas as companhias tiveram prejuízos. A falta de investimentos, que no período de alta pode ser ruim, para a Renner fez com que a empresa não se endividasse, pois,


Capa com a crise, os juros bancários sobem, e muito. Empresas com grande dívida sofrem em duas frentes: ampliação dos juros e diminuição do faturamento. Isso faz com que elas se reestruturem e sejam obrigadas a se retraírem. Pensando na Renner, por causa da pequena dívida, há um fôlego para crescer progressivamente. Com o reflexo da expansão dos ativos, no ano passado a companhia se tornou a maior varejista brasileira de moda, ultrapassando a C&A. Atualmente, a Renner possui aproximadamente 5% do mercado (dados da Euromonitor) e sozinha vale na bolsa de valores duas vezes mais que suas três principais concorrentes. “Quem muda demais precisa começar de novo a cada minuto e perde a chance de criar uma curva de aprendizado”. A afirmação de Betânia Tanure, diretora da BTA, para a reportagem “As lições do rei da crise”, demonstra outro ponto interessante aos donos de frigoríficos e abatedouros. Galló entrou na Renner no início dos anos 90, um momento de crise para a empresa, pois, a economia no Brasil estava muito ruim. A companhia tinha modelo ruim, pois, funcionava igual ao Mappin e Mesbla – vendia diversos produtos para diferentes públicos. As duas empresas faliram e a Renner soube identificar o erro e reproduziu o modelo da C&A, que é o seu atual, tendo muito sucesso. Ou seja, analise muito bem as opções, defina um modelo de negócio e trabalhe com todas as forças para atingir a meta de sucesso, ou como disse Galló, não desperdice energia

e tenha um foco e decida o que vai deixar de fazer, pois, nem sempre mais é melhor. O presidente da Renner possui um modo de gestão particular: controla a operação desde a concepção das coleções até o planejamento logístico e administrativo. Além disso, se veste com roupas da própria marca e gosta de aparentar simplicidade, seja organizando cabides ou dobrando roupas nas lojas se for necessário. Também em sua sala possui um televisor transmitindo imagens de todos os estabelecimentos e faz ligações questionando atendimento ruim nos estabelecimentos, tais como filas. Esse modelo de gestão tem uma justificativa: em 1998, a JCPenney comprou o controle da Renner e deu total comando à Galló, que nos seis anos seguintes triplicou o número de lojas e quadruplicou o faturamento. Já em 2005, a JCPenney vendeu as ações na bolsa de valores, fragmentando o controle. Isso fez com que o presidente se tornasse a figura central. Até os dias atuais, a Renner inaugurou mais de 30 lojas por ano e as ações valorizaram 1.800%, ultrapassando a antiga dona, JCPenney. No mesmo período, a própria JCPenney fez uma reformulação drástica de estratégia, ao indicar como presidente, Ron Johnson – executivo da Apple responsável pelas novas lojas da gigante da tecnologia. A estratégia de Johnson foi recriar o ambiente da JCPenney, o que não deu muito certo e a empresa teve prejuízos e perdeu 70% de valor de mercado. Para não ter perdas e continuar crescendo progressivamente, a Renner adotou

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Capa pequenos projetos que aumentaram as vendas, mas não foram percebidas pelo consumidor, tais como ganhos de eficiência ao investir em logística (R$ 200 milhões), melhorar a oferta de produtos, atualizar os softwares das lojas e buscar sempre simplificar os processos internos, seja no design dos produtos até a hierarquia corporativa. Um exemplo é a diminuição de relatórios solicitados aos funcionários. Isso trouxe agilidade à empresa. Segundo Galló, os gerentes informaram que perdiam 50% do tempo com relatórios e controle de estoque e,

após a implantação do projeto, somente 20%. Ou seja, ganho de 30% para se concentrar nas vendas. Desse modo, apesar de ter dado resultado neste momento de crise, onde certa dose de pragmatismo é importante para não dar um passo maior que a perna, é necessário dosar com certo arrojo para ter uma receita de equilíbrio e sucesso, priorizando ganhos de eficiência operacional ao invés de cortes de pessoal, investir em marketing e pesquisa, e gastar recursos na modernização de equipamentos e unidades fabris.•

5 AÇÕES DE SUCESSO As fundamentais qualidades que ajudaram a Renner a ter lucros 1- ESTAR PREPARADA PARA A CRISE A Renner foi moderada no otimismo consumista no Brasil. Entre 2007 e 2011, o faturamento aumentou 70%, enquanto que o da Marisa duplicou. No período, as vendas aumentaram 6% ao ano, enquanto que as da Hering cresceram 25%. BENEFÍCIO: não é necessário realizar amplos ajustes após a euforia. 2- SEM VARIAÇÕES DE ESTRATÉGIA O padrão de negócio é o mesmo há duas décadas. A clientela é de mulheres das classes B e C, que necessitam de vestimentas sem requinte, mas que são duráveis e com baixo valor. BENEFÍCIO: a companhia torna-se uma especialista e melhora os procedimentos com maior prontidão. 3- FUGIR DO ENDIVIDAMENTO Na Renner, a relação entre a geração de caixa e dívida é bem menor do que concorrentes e a competência para pagar é elevada. BENEFÍCIO: permite à companhia sustentar os investimentos fundamentais e planos de ampliação em períodos de crise. 4- MENOR CONTROLE A Renner descomplicou os métodos para abreviar a abundância de relatórios e reuniões. BENEFÍCIO: os colaboradores se concentram em vender. Hoje, um gerente de loja perde cerca de 20% de tempo com relatórios. Há dois anos, perdia metade. 5- DIRETORIA EXPERIENTE José Gallo é presidente desde 1991 e os diretores capitais estão na empresa há mais de uma década. BENEFÍCIO: os colaboradores já passaram por outros momentos de crise e possuem experiência para definir as ações na crise.

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Especial

Porta Rápida RP 311 Modelo da Rayflex proporciona ambientes mais limpos, mais produtivos e mais seguros

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ntre as principias funções de uma porta rápida para uso na indústria de processamento de alimentos estão o aumento da produtividade com a respectiva redução de custos, a garantia de vedação adequada dos ambientes contra poeira e insetos, a facilidade de higienização e a máxima segurança para as pessoas que transitam pelo local. Elevada vida útil, eficiência operacional, segurança e diminuição da contaminação do ar foram algumas das principais características que a Rayflex buscou nesses seus 30 anos de experiência para o desenvolvimento e fabricação de suas portas rápidas e flexíveis e para seu contínuo aperfeiçoamento. Na Fispal Tecnologia 2016, a Rayflex destaca um de seus mais importantes projetos: a Porta RP 311. “É uma porta rápida, de elevado índice de vedação, que impede a migração de resíduos de um ambiente para outro”, explica Oswaldo Mello, diretor comercial da Rayflex. Além disso, a RP 311 possui o inovador sistema de autoreparação, exclusivo da Rayflex, que faz a porta voltar aos trilhos após qualquer impacto involuntário de carrinhos, empilhadeiras e pessoas. As portas rápidas automáticas Rayflex utilizam mantas lisas, sem barras ou partes rígidas que permitem o acumulo

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de impurezas, permitindo que atendam normas de órgãos estaduais, federais e internacionais de controle de saúde e ambiental como ANVISA, FDA (USA), SIF, entre outros. Com poucas peças de desgaste natural e manta reforçada e resistente, a RP 311 pode operar durante milhares de ciclos de aberturas e fechamentos sem qualquer manutenção, garantindo maior vida útil. A Rayflex resume em alguns pontos o diferencial de sua tecnologia no desenvolvimento de portas: rapidez de abertura e fechamento, vedação sem igual, segurança operacional, maior produtividade diária, menor custo com manutenção e maior disponibilidade de atendimento em todo território nacional.•


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Brasil

Estado-da-Arte tecnológico em projetos de resfriamento de carcaça e eficiência energética

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ma das maiores companhias de alimentos no mercado mundial utiliza um amplo range de produtos da Güntner, que, de acordo com a empresa, asseguram uma operação segura, confiável e sustentável em suas instalações na unidade de Toledo (PR). O know-how da Güntner Brasil e Therm Tech foram imprescindíveis para desenvolver o projeto de ampliação do frigorífico no Estado-da-Arte tecnológico, onde atualmente são processados aproximadamente 7.000 suínos por dia (aproximadamente 714.000 kg/dia). Um novo conceito em resfriamento para a mínima quebra de carcaça Nesse projeto foram fabricados e instalados 145 resfriadores de ar com aletas em alumínio naval de alta resistência mecânica contra atmosferas agressivas e processos de limpeza à alta pressão (até 220 bar). Segundo a Güntner, para garantir um excelente controle dos processos e redução do consumo energético foram utilizados nesses equipamentos mais de 200 ventiladores EC (Eletronicamente Comutados) que resultarão na redução do consumo de energia em aproximadamente R$ 60.000,00 por ano. Todos os resfriadores de ar foram projetados para operar com um sistema secundário com propileno glicol 25% para as câmaras de resfriamento de carcaças suínas, com um conceito diferenciado para resultar em uma perda mínima de peso da carcaça. Para as câmaras de carcaça com dimensões limitadas, os resfriadores de ar foram projetados com direcionadores de ar de 45° a fim de atingir a mesma eficiência energética e o mesmo rendimento em

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Linha de negócios: Refrigeração Industrial Aplicação: Resfriamento de carcaças suínas Cidade: Toledo / PR Fluído: NH3 / Propileno glicol 25% Produto: Resfriadores de Ar Güntner com ventiladores EC, Condensadores Evaporativos ECOSS com ventiladores EC-GMM, Resfriadores Evaporativos (água) ECOSS com ventiladores EC-GMM, Trocadores de Calor a Placas thermowave, e Vasos de Pressão para amônia

relação à quebra de carcaça. Essa solução inovadora foi desenvolvida para uma quebra de carcaça de no máximo 1,7%, o que significa uma economia de aproximadamente R$ 25.000,00 por dia (R$ 9.000.000,00 por ano), em oposição às perdas de 2,3% do sistema anterior. Comparação do processo convencional x Solução Güntner Processos anteriores: 714,000 kg/dia de carne processada; perdas de carcaças: 2,3 % = 16,422 kg/dia Perda de carcaça minimizada com solução Güntner: 714.000 kg/dia de carne processada; perdas de carcaças: 1,7% = 12,138 kg/dia Diferença: Aproximadamente 4,284 kg/dia (aproximadamente 42 suínos, que a um preço médio de R$ 6,00/kg, representam R$ 25.000,00 por dia)

ECOSS: solução em resfriamento evaporativo para economia de recursos Com o mesmo foco na redução do consumo energético e controle do processo foram utilizados resfriadores evaporativos (condensadores evaporativos e resfriador de líquido) da linha ECOSS com ventiladores EC e controlador GMM que confirmam o conceito de eficiência e sustentabilidade com um produto ecologicamente correto. Segundo a empresa, os equipamentos da linha ECOSS, além de concebidos no conceito Eco-friendly devido ao baixo consumo de água, eficiência energética,


Brasil

processo de fabricação menos agressivo o meio ambiente e um produto com longa vida útil, apresentam muitos outros benefícios relacionados aos baixos custos operacionais, baixos custos de manutenção e alto desempenho térmico.

Alta eficiência em sistemas secundários com trocadores de calor a placas Para o circuito secundário do resfriamento de propileno glicol foi utilizado um sistema eficiente com trocadores de calor a placas (propileno glicol/NH3). Esse sistema cascata apresenta a utilização da NH3 como refrigerante natural e o propileno glicol como fluido secundário para proporcionar uma maior segurança operacional da instalação, devido principalmente a baixa carga de NH3 necessária, a operação da mesma somente na sala de máquina e a utilização do propileno glicol nos ambientes resfriados e climatizados (inócuo aos funcionários). No circuito de NH3, além das duas unidades de ECOSS instaladas como condensadores evaporativos, foram utilizados trocadores de calor a placas para realizarem o resfriamento da NH3

superaquecida (desuperheating) para recuperação de calor. Essa solução oferece ótimos benefícios operacionais devido à economia de energia alcançada nos compressores. Além disso, foi possível recuperar o calor para aquecer um total de aproximadamente 40.000 m3/ano de água utilizada para serviços gerais que resultam em uma economia de aproximadamente R$ 43.700,00. Pa r a c o m p l e m e n t a r o s i s t e m a energeticamente otimizado e com baixo consumo de água, uma unidade adicional de ECOSS opera como resfriador evaporativo de água (torre de resfriamento do circuito fechado) para resfriar o óleo dos compressores, resultando em uma operação segura, controlada, energeticamente otimizada e sustentável. Recursos

Economia anual ***

Redução do consumo energético (ventiladores EC dos resfriadores de ar)

R$ 60.000,00

Redução da quebra de carcaça

R$ 9.000.000,00

Economia no consumo energético (ventiladores EC dos ECOSS) *

R$ 78.270,08

Economia no consumo de água (ECOSS) **

R$ 125.127,00

Economia no consumo de água (ECOSS) **

60.238m3

Recuperação de calor (água aquecida desuperheating)

R$ 43.700,00

(*) Em comparação aos sistemas convencionais em aço galvanizado com inversor de frequência. (**) Em comparação aos condensadores galvanizados de mesma capacidade, e baseado em 5 (cinco) ciclos de concentração diária (COC). (***) Dados baseados em valores do kWh de R$ 0,41, água tratada de R$ 2,00 e kg da lenha de R$ 0,15.•

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Pesquisa

Pesquisa obtém o genoma funcional do carrapatoa Por Dalízia Aguiar da Embrapa Gado de Corte

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pós dois anos de estudo, a equipe liderada pelo pesquisador da Embrapa, Renato Andreotti, concluiu o genoma funcional do carrapato ou transcriptoma, ou seja, um banco de dados que expressa o funcionamento do metabolismo desse artrópode, abrindo caminho para a elaboração de novos antígenos para o desenvolvimento de vacinas. “O genoma total do carrapato é duas vezes o tamanho do genoma humano. É muita informação e a um custo elevado. O genoma funcional trabalha somente com a expressão do RNA mensageiro, aquilo que os genes atuam para mover o metabolismo do carrapato. É a parte expressa do genoma”, explica Andreotti. A expectativa é gerar uma análise de candidatos a antígenos e selecioná-los por critérios fisiológicos e bioensaios. Os promissores serão testados em raças bovinas susceptíveis, como cruzados e taurinos. Hoje, em Campo Grande (MS), a equipe de Andreotti na Embrapa Gado de Corte avalia um antígeno com 72% de eficácia. A proposta é agregar as informações do transcriptoma a essas já obtidas e gerar um material polivalente. Para isso, serão necessários, no mínimo, mais dois anos de experimentos e os

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dados serão disponibilizados aos projetos com linhas de pesquisa semelhantes. A n d re o t t i e Wa n e s s a C a r v a l h o , imunologista da Embrapa Gado de Leite (MG), revelam ainda que, atualmente, somente Austrália e Cuba desenvolveram vacinas contra o artrópode utilizando a mesma proteína (BM86) e esse material apresenta baixa eficiência e proteção de curto período aos animais. No mundo, há quase 900 espécies de carrapatos. Mais assustador do que exibir números são os prejuízos causados. A espécie Rhipicephalus (Boophilus) microplus, o carrapato-do-boi, no Brasil, é a responsável por muitos danos nos rebanhos de pecuária de corte e leiteira. Estimativas calculam que as perdas em bovinos chegam a U$ 3,24 bilhões ao ano, somente no país. A fisiologia do ectoparasita é à base dos estudos convencionais. Com o banco de dados, muda-se a velocidade das pesquisas e a geração de tecnologias de combate. “É a vacinologia reversa, na qual temos acesso aos genes mais expressos e menos expressos em um contexto de infestação de sucesso (alimentados em hospedeiro susceptível) ou não (resistentes). Isso dá subsídios para saber quais são os genes que codificam


Pesquisa proteínas de importância para a rejeição do carrapato, facilitando a descoberta de novos alvos”, detalha Carvalho. Dentro do mapeamento A extração do transcriptoma é uma tarefa meticulosa e em etapas. Primeiramente, cultiva-se uma colônia, iniciada com um grama de larvas, equivalente a 20 mil larvas, formando, assim, o banco biológico. Esse material é usado para infestar os bovinos. Os melhores, resistentes, permanecem na colônia. “Então selecionamos quais são as regiões dos tecidos e a fase dos carrapatos que nos interessa. As regiões selecionadas são alvo para os estudos relacionados aos antígenos”, explana Andreotti. “Esse caso, especificamente, nos informa quais genes e em que níveis são expressos em diferentes órgãos – glândula salivar, intestino e ovários – e estágios – larvas, ninfas e adulto – do parasita quando em contato com diferentes tipos de hospedeiros:

bovinos resistentes e susceptíveis. Essa informação possibilita identificar genes e mecanismos moleculares envolvidos na interação parasita-hospedeiro”, detalha a pesquisadora em genômica funcional Poliana Giachetto, responsável pela análise do transcriptoma, após a produção de bibliotecas de DNA complementar (cDNA) e devido sequenciamento. Na Embrapa Informática Agropecuária (SP) e de posse da sequência, Poliana e equipe utilizaram diversos programas de computador para classificar os genes do parasita de acordo com determinados ‘sinais' presentes neles, por meio de bioinformática. A especialista afirma que quanto maior e mais confiável for o repertório de moléculas, maiores as chances de se encontrar bons candidatos a vacinas. Uma base de dados rica é o caminho para a prospecção de antígenos por meio da vacinologia reversa. Um detalhe é a escolha do adulto fêmea para os experimentos. As fêmeas é que sugam o sangue dos animais e ficam

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Pesquisa até 21 dias no hospedeiro. Os machos, por natureza, nem sempre apresentam esse comportamento. Outra estratégia a ser adotada, segundo Andreotti, seria a esterilização dos machos. Porém, a linha de pesquisa adotada desde o início, há 15 anos, considerou o fato de o carrapatodo-boi ser um hematófago. Problemas e soluções A busca por saídas para esse e outros problemas de diversas cadeias produtivas foi o que motivou a formação da Rede Genômica Animal. Ela tem como foco o desenvolvimento e a adaptação de estratégias genômicas aplicadas ao melhoramento, conservação e produção animal, e é liderada pelo pesquisador Alexandre Caetano, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF). Renato e Poliana integram essa rede e consideram que os danos na produção de leite e carne, da ordem de 0,24 kg de peso vivo por carrapato por ano, são indícios suficientes para preocupações. Com uma propriedade rural em Mato Grosso do Sul e um rebanho formado por animais da raça Girolando e Gir Leiteiro, Ronan Salgueiro ratifica a apreensão quando se fala em infestação de carrapatos. Por ser a pecuária leiteira intensiva, os animais vivem aglomerados e a incidência é maior que na pecuária de corte. Além disso, as regiões tropicais e subtropicais colaboram com o problema. “Os três parasitas de maior prejuízo para pecuária leiteira são o carrapato, o berne e a mosca-dos-chifres, contudo o carrapato dá mais prejuízos. Perda de peso, baixa conversão alimentar, lesões de pele, anemia e transmissão de agentes patógenos que provocam graves enfermidades são problemas causados pela infestação. Todavia, esse

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último fator é o que ocasiona os mais altos prejuízos indiretos, destacandose a diminuição na produção de leite, a redução da natalidade e a morte do animal”, elenca o pecuarista. Ele ainda comenta que o principal método de controle é feito com o uso de produtos químicos, que têm se mostrado cada vez menos eficazes. Renato Andreotti e Wanessa Carvalho explicam que o controle realizado inadequadamente favorece o desenvolvimento da resistência das populações de carrapatos aos acaricidas. A contaminação ambiental, dos produtos (leite e carne) e a intoxicação da pessoa que aplica o produto também são outros agravantes. Os pesquisadores possuem trabalhos distintos, mas complementares − Andreotti em vacinologia e Carvalho em melhoramento genético e controle biológico. Para ela, o elo parasitahospedeiro é chave para identificação de novas ferramentas para controle do carrapato. Para Ronan Salgueiro, em uma atividade como a pecuária leiteira, com constante desequilíbrio entre oferta e demanda, além de outros pormenores, todo avanço em ciência é muito importante e bem-vindo.•


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Caderno de Sustentabilidade

Aumento na produção de carne pode diminuir emissão de gases de efeito estufa Por Nadir Rodrigues, Gisele Rosso e Marcos Alexandre Vicente da Embrapa

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o contrário do que se poderia esperar, a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) pela pecuária bovina no Cerrado do Brasil será provocada pelo aumento da produção e a redução da atividade poderá ter efeito oposto: o aumento das emissões. Essa é a revelação de artigo de pesquisadores do Brasil e da Escócia publicado na Nature Climate Change que apresenta metodologia inovadora para cálculo de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na pecuária. Os autores desenvolveram um modelo matemático para avaliar os impactos ambientais da variação do

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consumo de carne no sistema pecuário do Cerrado Brasileiro. O aumento da demanda e as políticas efetivas de controle do desmatamento servem como estímulo à intensificação das áreas de pastagens. Se a intensificação se der por recuperação de pastagens degradadas, ocorre aumento significativo dos estoques de carbono no solo, o que, segundo o estudo, seria suficiente para contrabalancear o aumento das emissões dos animais. O principal diferencial é que foi usado um método inovador, chamado de avaliação do ciclo de vida consequencial, conta


Caderno de Sustentabilidade o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Luís Gustavo Barioni. O estudo considera as emissões em todas as etapas de produção, que inclui emissões associadas aos insumos e ao transporte, de forma similar às avaliações de ciclo de vida tradicionais ou atributivas. “Incluímos na contabilidade as emissões de GEE de todos os processos produtivos relativos à produção pecuária, permitindo assim o cálculo da pegada de carbono da carne bovina em cada cenário trabalhado pelo modelo”, complementa a pesquisadora Marília Folegatti Matsuura, da Embrapa Meio Ambiente. Os pesquisadores também avaliaram as consequências indiretas da variação do consumo de carne sobre os estoques de carbono no solo. Para isso, eles modelaram a produção de carne no Cerrado, com variações da demanda, e ainda consideraram dados de desmatamento divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Segundo o matemático Rafael de Oliveira Silva, pesquisador da Universidade de Edimburgo e da Faculdade Rural da Escócia, que desenvolveu o modelo em conjunto com Barioni, foram analisados cenários com diferentes níveis de impacto do consumo de carne sobre o desmatamento. Nesses cenários, sofreram variação desde o desacoplamento total, isto é, sem impacto sobre o desmatamento, até um alto nível de acoplamento, com impacto. No cenário desacoplado, aumentos da demanda associados a técnicas de recuperação de pastagens mostraram uma diminuição das emissões. Uma demanda 30% mais alta em 2030 com relação a uma projeção de referência causaria uma diminuição de 10% nas emissões totais.

Por outro lado, uma diminuição de 30% na demanda por carne em relação ao valor projetado para 2030 causaria um aumento de 9% nas emissões. “Se a demanda por carne aumenta, mas a taxa de desmatamento é mantida constante, os produtores vão precisar intensificar, ou seja, serão incentivados a recuperar pastagens degradadas e isso faz com que se tenha mais sequestro de carbono no solo”, explica Silva. “De fato evidências empíricas, como dados do Censo Agropecuário, Inpe e FAO, mostram que houve uma redução significativa no desmatamento em todos os biomas desde 2005, ao passo que a produção de carne continua crescente”, destaca o matemático. Esse modelo de ciclo de vida consequencial é capaz de capturar os chamados efeitos de rebote, ou seja, uma simples redução no consumo de carne não necessariamente reduziria as emissões, uma vez que a demanda é um importante incentivo para se atingir menores intensidades de emissão por meio da adoção de técnicas de recuperação de pastagens. “Além disso, nosso estudo corrobora outras

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Caderno de Sustentabilidade pesquisas recentes que demonstram que a expansão da produção pecuária não leva necessariamente a um aumento nos índices de desmatamento, desde que sejam usadas técnicas adequadas de mitigação. Segundo esses estudos, o Brasil já possui pastagens suficientes para suprir a crescente demanda por carne sem precisar derrubar uma única árvore, e isto pelo menos até 2040”, acrescenta Silva. Se a demanda for maior, o ganho em sequestro de carbono acaba compensando e as emissões diminuem. Em contrapartida, quando se reduz a demanda, os produtores tendem a investir menos em recuperação e podem até degradar as pastagens, o que causa perda do estoque de carbono no solo. Mas, se o desmatamento aumentar na mesma proporção da demanda, a emissão crescerá com o consumo, ressalta o matemático. Portanto, o controle do desmatamento é essencial para que haja redução das emissões pela pecuária. Pecuária intensiva reduz emissões Estudos apontam que a melhor estratégia para garantir o desenvolvimento sustentável da pecuária é sua intensificação. O setor

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agropecuário brasileiro tem à disposição tecnologias para aumentar a eficiência e, ainda, reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE). As principais estratégias englobam a recuperação de pastagens degradadas, boas práticas de manejo da planta forrageira e do animal, uso adequado de insumos, melhoramento genético, adoção de sistemas integrados (ILPF, ILP, IPF) e manejo nutricional. A agropecuária é responsável por 37% das emissões nacionais, segundo estimativas anuais de emissões de GEE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Desse total, a pecuária responde por 14,5%. A emissão média anual de metano (CH4) por bovino é de 57 kg/animal/ano. Ações para aumentar a eficiência dos sistemas de produção e melhorar o desempenho dos animais podem reduzir até 35% esse valor. De acordo com o pesquisador Alexandre Berndt, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), é possível reduzi-la para 37,7 kg/animal/ano. O alto desempenho animal favorece a redução das emissões pelos bovinos. Segundo Berndt, a produção de metano depende da quantidade e qualidade do alimento digerido, tipo de animal, grau


Caderno de Sustentabilidade de digestibilidade e condições de criação. Ações como a melhoria dos índices zootécnicos de produção e reprodução (redução da idade de abate, do intervalo entre partos, da idade da primeira cria), bem-estar animal e manejo dos bovinos e da pastagem contribuem para redução do metano. Pode-se incluir também o manejo nutricional, com uso de grãos e alimentos concentrados na dieta e processamento adequado das forragens conservadas para aumentar a digestibilidade. Pesquisas demonstram que o solo perde matéria orgânica e libera maior quantidade de gás carbônico (CO2) para a atmosfera em pastagem degradada. Somente em perdas de carbono do solo, áreas de pasto degradado podem apresentar emissões médias de quatro toneladas de gás carbônico equivalente por hectare ao ano. Já pastos manejados corretamente, segundo a pesquisadora Patrícia Anchão, sequestram grandes quantidades de carbono e contribuem para o aumento de matéria orgânica no solo, melhorando a fertilidade e a qualidade da forrageira. “A recuperação de áreas degradadas e a adoção de sistemas integrados, como lavoura-pecuária, silvipastoris e agrossilvipastoris, permitem aumentar a capacidade de suporte animal e evitam a necessidade de se ocupar novas áreas para exploração com pastagens”, ressalta Patrícia. AnimalChange O artigo “Increasing beef production could lower greenhouse gas emissions in Brazil if decoupled from deforestation” é de autoria de Rafael de Oliveira Silva, Luís Gustavo Barioni e Julian A. J. Hall da Universidade de Edimburgo; Marília Folegatti Matsuura e Tiago Zanetti Albertini da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP);

Fernando Antonio Fernandes da Embrapa Pantanal; e Dominic Moran da Scotland's Rural College (SRUC). Os resultados são parte do projeto de pesquisa internacional “An Integration of Mitigation and Adaptation Options for Sustainable Livestock Production under Climate Change”. Coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica da França, o Inra, o projeto conhecido como AnimalChange busca avaliar o futuro da pecuária até 2050 e traçar metas que garantam maior sustentabilidade. O objetivo do AnimalChange é desenvolver técnicas para integrar ações de mitigação e de adaptação para a produção pecuária sustentável mundial. As pesquisas são realizadas por uma equipe de cientistas de 25 instituições pertencentes a 18 países da Europa e da África, além do Brasil. No país, compõem a equipe pesquisadores de vários centros de pesquisa da Embrapa e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pecus Para quantificar a emissão de gases de efeito estufa na pecuária brasileira e propor soluções para sua redução, a Embrapa, em conjunto com diversas instituições nacionais e internacionais, lidera uma rede de pesquisa: a Pecus. Os resultados desse trabalho serão disponibilizados em 2016 e vão contribuir para a formação de proposições efetivas para diminuição da emissão de gases de efeito estufa, reduzindo o aquecimento global. “As pesquisas realizadas no escopo da rede Pecus podem adotar tanto a metodologia quanto o modelo usados no Cerrado para avaliar sistemas de produção pecuária dos outros biomas brasileiros”, destaca o pesquisador da Embrapa Pantanal, Fernando Antonio Fernandes.•

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ÍNDICE DE ANUNCIANTES Anutec Brazil

21

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19

Nilko

11

BeefExpo

23

Nutri.com

13

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09

Nyroplast

3ª capa

Desinmec

17

Poly-clip

4ª capa

Fispal Tecnologia

37

Poly-clip/Fessmann

05

Food Ingredients

25

Sampafi

29

Handtmann

07

Stelka

Incomaf

15

2ª capa/03

REVISTA MAIS CARNE – CIRCULAÇÃO NAS FEIRAS: 8 a 10 de junho – Tecnofrigorífico 23 a 25 de agosto – Food Ingredients SA 14 a 16 de junho – BeefExpo

13 a 16 de setembro – Mercoagro

14 a 17 de junho – Fispal 18 a 21 de outubro – Embala Tecnologia Nordeste 2 a 4 de agosto – Anutec Brazil 8 a 11 de novembro – Fispal Nordeste

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