Full Energy 24ª Edição

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Editorial

Um tributo à excelência

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contagem já é regressiva para o “Oscar da Saúde 2017”. Em 18 de maio, no Salão Nobre do Esporte Clube Sírio, em São Paulo, o Grupo Mídia realizará os 100 Mais Influentes da Saúde, premiação que homenageará os profissionais que mais se destacaram no setor em 2016. A expectativa dos premiados é grande, uma vez que o evento é uma das principais oportunidades que se tem no Brasil para reverenciar as personalidades que atingiram a excelência em Saúde. Lançado há cinco anos, o “100 Mais” já é referência neste setor. O mesmo pode-se dizer de outros eventos organizados pelo Grupo Mídia, como o Fórum Healthcare Business, os prêmios Excelência da Saúde e Líderes da Saúde Norte e Nordeste, o Fórum+Prêmio HealthARQ e o Fórum+Prêmio Health-IT. Além destes eventos, que já fazem parte da agenda dos profissionais e das empresas de Saúde do país, o GM lança o 100 Mais Influentes do Mundo em 2017, evento que premiará os principais profissionais do setor de Saúde do planeta durante a Feira Medica, que acontecerá em novembro na cidade de Düsseldorf, na Alemanha. Mas o Grupo Mídia se destaca para além da área de Saúde. Em 2016, também lançamos eventos voltados ao setor de Energia, homenageando os maiores profissionais do segmento energético, bem como as empresas que mais se destacaram na cadeia produtiva. Em 2017, a premiação dos 100 Mais Influentes da Energia ocorrerá no mês de novembro. Outro evento programado é o Fórum Full Energy, que reunirá especialistas de diferentes áreas para analisar a matriz energética brasileira. Está aberta a temporada 2017 de difusão de conhecimento e de homenagens do Grupo Mídia.

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Edmilson Jr. Caparelli

CEO | Publisher


Aperam


NESTA EDIÇÃO

FEVEREIRO - MARÇO 2017

Código de Cores A Full Energy organiza suas editorias pelo código de cores abaixo: Líderes e Práticas Sustentabilidade Tecnologia e Inovação Mercado Gente e Gestão Ideias e Tendências Estratégia Bioenergia

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Energia bem protegida Empreendimentos energéticos contam com apólices adequadas às necessidades do negócio

Combustível sustentável Dentro do programa do Selo Social, fornecedores de matérias-primas para biodiesel têm acesso a assistência técnica, capacitação e assessoria no planejamento do negócio e na comercialização da produção

Uma gigante às margens do Rio Madeira UHE Jirau será responsável por 3,7% de toda energia elétrica produzida no Brasil, sendo a terceira maior geradora do país e uma das 20 maiores hidrelétricas do mundo

Articulistas:

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Cristopher Vlavianos

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As Damas da Energia Com participação de cerca de 160 mulheres, grupo reúne-se periodicamente para discutir variados temas e estreitar relacionamento

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Bota potência nisso Com 55 turbinas, Usina Hidrelétrica Santo Antônio tem potência instalada de 3.568 Megawatts; através de operação a “fio d’água”, unidade gera energia para 45 milhões de brasileiros

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Energia solar avança No Brasil, o potencial da energia que vem do sol conquista a sociedade e vira aposta de várias empresas de tecnologia

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Aliança pelo México Siemens e governo mexicano fecham acordo para impulsionar a produção de óleo e gás


DOSSIÊ

Agroenergia & Mecanização 44

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ENERSOLAR + Brasil 2017: evento apresenta alternativas renováveis e limpas Com entrada gratuita para profissionais do setor, a 6ª Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar será realizada de 23 a 25 de maio de 2017, em São Paulo 10 anos do Grupo Mídia: uma história de muita energia Com mais de dez marcas em seu portfólio, Grupo Mídia completa dez anos ampliando sua atuação em publicações e eventos empresariais

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Perguntas para...

Rogério Zampronha, presidente da Vestas no Brasil

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Potencial e tendências tecnológicas para o aproveitamento de palha no setor sucroenergético

52 Um desfile de máquinas e tecnologias

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Dada a largada: aberta a safra de cana-de-açúcar

Motores que agradam ao meio mabiente

Feira do otimismo

Perfil

Uma fusão entre teoria, prática e dedicação

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Ponto Final

Etanol de milho no Brasil

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O poder da biomassa Em 2016, a bioeletricidade passou a ser a segunda fonte de geração mais importante na Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) no Brasil, superando o gás natural, algo que não ocorria desde 2011. A informação é do Boletim Mensal de Energia (dezembro/2016) divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Em 2016, a biomassa gerou 54,1 TWh, incluindo a autoprodução, representando 8,8% de toda a OIEE, enquanto o gás natural representou 8,1% no mesmo período. Em comparação a 2015, a bioeletricidade aumentou sua produção em quase 10%. Esta geração inclui diferentes combustíveis, principalmente os derivados da biomassa da cana, de resíduos florestais e do licor negro (presente na indústria de papel e celulose).

Plástico Brasil marca a retomada do setor Entre os dias 20 e 24 de março, ocorreu em São Paulo a primeira edição da Plástico Brasil (Feira Internacional do Plástico e da Borracha). Iniciativa da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química), com organização e promoção da Informa Exhibitions, a feira foi considerada um sucesso pelos organizadores e expositores. Primeiro evento do setor no ano, a Plástico Brasil foi palco da mais alta tecnologia, apresentada em primeira mão para o mercado por 400 grandes marcas de toda a cadeia produtiva do plástico: máquinas, equipamentos e acessórios, matérias-primas e resinas, moldes e porta moldes, automação industrial e robótica, entre outros produtos, serviços e soluções. O volume de negócios realizados marcou o início da retomada de crescimento da atividade industrial, depois de dois anos de estagnação. Apenas nas Rodadas Internacionais, foram gerados US$ 30 milhões em negócios por meio de 180 reuniões realizadas entre fabricantes brasileiros e 10 compradores de oito países (Argentina, Colômbia, Costa Rica, Egito, Estados Unidos, Índia, México e Rússia). A próxima feira acontece de 25 a 29 de março de 2019, em São Paulo.

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Foto: Divulgação

ALTA TENSÃO


Centrais Geradoras Hidrelétricas No final de março, ocorreu em Curitiba, PR, o 1º Workshop Nacional de CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas). O evento foi promovido pela Associação Brasileira de PCHs e CGHs (ABRAPCH). Economista e empreendedor do setor elétrico, Paulo Arbex comemora o grande interesse de profissionais do setor em participar do evento. “A estimativa inicial era de ser um workshop para 150 pessoas, mas a procura nos surpreendeu. Foram 330 inscritos e uma fila de espera”, relata Arbex, que é presidente da ABRAPCH. Por conta da grande procura, a Associação já analisa a realização de um segundo evento sobre o tema. O Workshop Nacional de CGHs foi criado com o objetivo de capacitar os empreendedores para os desafios que virão neste setor, depois de conquistas que foram obtidas no ano passado: o Congresso Nacional aprovou o aumento do potencial de geração de CGHs, de 3 MW para 5 MW (MP 735, Lei nº13/360); e o governo federal permitiu a participação das CGHs nos leilões públicos de energia. “Com estas duas medidas, o produtor passa a ter condições de vender sua energia no longo prazo”, frisa Arbex.

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Fotos: Divulgação

Estímulo à energia renovável em sistemas isolados O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou condições especiais de financiamento para empreendimentos de geração renovável de energia elétrica nos sistemas isolados da Amazonas Energia, a serem licitados na Segunda Etapa do Leilão 002/2016 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), agendado para o dia 11 de maio de 2017. Para o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, a iniciativa demonstra a sintonia do governo federal em tornar a matriz energética do País mais limpa. “O nosso objetivo é atender a demanda da região Norte e levar energia, mas incentivando métodos menos poluentes e gerando menor impacto”, disse o ministro.

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Palavra do Editor

Sol é fonte de energia e vida

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principal fonte de energia do planeta é o Sol. Seu calor inf luencia os padrões climáticos e o movimento da atmosfera. Tem atuação importante na formação de diferentes fontes de energia, como eólica, fósseis e biomassa. E sua atuação é responsável, direta e indiretamente, por todas as formas de vida.

Clivonei Roberto, Editor da Revista Full Energy

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Atualmente, o Sol ganha relevância cada vez maior no mundo na geração de energia elétrica, especialmente nos países que buscam fontes limpas e renováveis. No Brasil, este tipo de geração avança a passos largos. Confira nesta edição da Revista Full Energy empresas que investem em tecnologias nesta área, a trajetória de Rodrigo Sauaia, o jovem presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, e o potencial de expansão desta energia no país. A Full Energy traz ainda matéria especial sobre uma rede de mulheres que ocupam posição de liderança. Elas defendem a implementação de iniciativas sustentáveis, como um projeto de expansão da energia solar que prioriza a capacitação de mulheres na instalação e manutenção de equipamentos para este segmento. A revista também apresenta depoimentos de executivas bem-sucedidas no setor energético sobre as conquistas e os desafios do sexo feminino na sociedade e no mercado de energia. O Sol também é componente fundamental para a agricultura, e mais decisivo ainda para o desenvolvimento das culturas agrícolas que são utilizadas como fonte para a produção de energia, como cana-de-açúcar, eucalipto, sorgo, soja e milho. Veja matérias especiais sobre o tema na editoria Dossiê desta edição, em que trazemos uma série especial sobre Agroenergia & Mecanização. Boa leitura!



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Perguntas para...

Gestão turbinada rumo aos bons ventos

Rogério Zampronha, presidente da Vestas no Brasil

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“A causa da sustentabilidade já é apaixonante por si só. E poder liderar a transição para uma economia de baixo carbono é uma experiência única”

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á pouco mais de um ano, em busca de novos ares e mercados, a dinamarquesa Vestas, fabricante de turbinas eólicas, inaugurou sua primeira fábrica no Brasil, em Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza (CE), com investimento de R$ 100 milhões. Para liderar a atuação da subsidiária no país, a empresa escolheu um nome de peso no setor energético: o experiente Rogério Zampronha. Antes de chegar à presidência da Vestas no Brasil, Zampronha teve uma carreira como empreendedor até 2010, tendo vendido sua última empresa a um grande grupo francês, o Schneider Electric. “Neste processo, comprometi-me a completar a integração da aquisição por um período de três anos. Mas as coisas foram tão bem que, após dois anos e meio, assumi a presidência da operação brasileira da Schneider, o que foi uma experiência excepcional”, relata. À frente da Vestas há um ano e meio, Zampronha chegou na empresa para consolidar a posição da multinacional no mercado nacional, missão em que se considera exitoso. Presente no país desde 2008, a companhia tem hoje no Brasil, segundo o executivo, seu 8º maior mercado em contratos firmes. “A empresa fechou 2016 com 371 MW contratados em energia eólica no país. Além disso, está presente em 13 parques eólicos no Brasil, com capacidade instalada de 797 MW”, salienta. Na visão do executivo, esse sucesso está atrelado a crenças muito básicas. “A estratégia da companhia tem que ser simples a ponto de ser rapidamente entendida; o conhecimento deve ser compartilhado sempre; e montar equipes cooperativas e vencedoras é a receita para se ter sucesso em qualquer tipo de negócio”, afirma. O presidente da Vestas no Brasil acredita que os investimentos em energia eólica são o caminho para fortalecer a matriz energética brasileira, sanar os gargalos de fornecimento atuais e futuros, e assegurar os 23% de energia renovável na matriz energética até 2030, honrando o compromisso assumido na COP 21.

Olhando para o futuro da energia eólica no país, Rogério Zampronha aborda, em entrevista à Full Energy, oportunidades e expectativas para o setor. Neste contexto, aponta problemas que demandam soluções imediatas e discute os impactos do cancelamento do 2º Leilão de Reserva para contratação de energia eólica e solar, em dezembro de 2016.

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Qual é o potencial de geração de energia eólica no Brasil? O Brasil tem uma vocação natural para a energia eólica, por conta de seus ventos, que são favoráveis para a geração de energia por essa matriz. A energia eólica já atingiu a marca de 10 GW no Brasil. No entanto, há estudos que apontam que o país poderia gerar até 500 GW.

Como avalia o desenvolvimento desta energia no país? Acreditamos no potencial eólico do Brasil e em como a atividade atualiza a matriz energética do país, com uma fonte de energia renovável e limpa, com capacidade de tornar o fornecimento mais seguro, eliminando gargalos atuais e futuros, que atingem tanto o consumidor final como o setor industrial. A fonte eólica deve concentrar a maior parte dos investimentos em energia nova, pois é a mais competitiva de todas as fontes renováveis. Qual é o peso da crise que o país enfrenta sobre o mercado brasileiro de energia eólica? O mercado ainda está em expansão e tem grande potencial, considerando os novos contratos celebrados pela Vestas no país e os investimentos feitos nos negócios. O momento de crise econômica é inegável. Toda a cadeia de suprimentos de eólica pode vir a sofrer bastante. Mas também pode ser uma edição 24 | FULL ENERGY

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Perguntas para...

Multinacional dinamarquesa investiu R$ 100 milhões em nova unidade no Brasil

boa oportunidade para os negócios, uma vez que a energia eólica é mais competitiva que os outros modelos, além de ser sustentável. Quando se faz um investimento nesse setor, assegura-se uma energia com melhor preço a curto prazo e a garantia de disponibilidade energética no longo prazo. O case da Honda mostra isso. A empresa, cliente da Vestas, investiu em um parque eólico no Sul do Brasil e, hoje, sua planta é autossuficiente em energia.

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O cancelamento do 2º Leilão de Reserva para contratação de energia eólica e solar, em dezembro de 2016, prejudica a evolução do mercado eólico brasileiro? O setor energético brasileiro precisa de um planejamento de longo prazo para que possa se desenvolver de forma saudável. Em nossa opinião, o cancelamento do Leilão de dezembro foi uma reação às notícias de cur-

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to prazo sobre a baixa demanda de energia. Obviamente, foi um “susto” para nosso setor. Os problemas da matriz energética brasileira precisam ser olhados hoje, para que sejam resolvidos não apenas os problemas atuais, mas também os futuros, uma vez que o consumo deve aumentar nos próximos anos e, no ritmo atual, ela não atenderia a nova população consumidora. Além disso, os problemas de infraestrutura do setor precisam ser vistos a longo termo, e os leilões possibilitam isso. Segundo relatório do Global Wind Energy Council (GWEC), a energia eólica poderá responder por cerca de 20% de toda a eletricidade gerada no mundo até 2030. Investir nesse tipo de geração no país é uma forma de consolidar a posição do Brasil no mapa eólico mundial, possibilitando o fortalecimento da indústria localmente.


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O que levou a multinacional a investir no Brasil e como desempenha sua atuação global? Líder mundial no setor de energia eólica, com mais de 82 GW de capacidade instalada, foi a Vestas que converteu o primeiro moinho de vento em gerador de energia e deu escala industrial para o setor, a partir de 1979. A empresa é a única fabricante do mundo com atuação global dedicada exclusivamente à energia eólica. A companhia está presente no Brasil desde 2008 e passou a ampliar seus investimentos no país a partir de 2015, com a construção de sua primeira fábrica, inaugurada em 2016. Este projeto faz parte do plano estratégico global da empresa, no qual o Brasil tem destaque.

Quais são as características da planta que a Vestas construiu em território brasileiro? Localizada no município de Aquiraz, no Ceará, a fábrica foi inaugurada em janeiro de 2016, gerando 600 empregos. O local foi escolhido em função da proximidade dos principais centros consumidores, que hoje são Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará. A infraestrutura logística também foi um ponto importante levado em conta, uma vez que os produtos têm grandes dimensões e requerem uma operação logística muitas vezes complexa. E a planta está próxima aos portos de Pecém e Mucuripe, o que é um facilitador. Da unidade, temos possibilidade de atender outros mercados, mas, no momento, nossa fábrica tem toda sua capacidade voltada ao mercado local.

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Quais são os produtos produzidos pela Vestas no Brasil? Produzimos a turbina V110, eleita em 2015 como a melhor do mundo pela revista técnica inglesa “Wind Power”, sendo considerada a mais competitiva em sua categoria. Além disso, vale ressaltar que as turbinas fabricadas em Aquiraz atendem às exigências do BNDES Finame de conteúdo local.

Já existe no Brasil um polo industrial – de equipamentos e serviços – para o atendimento do mercado eólico nacional? Sem dúvida! O Brasil vem consolidando sua vocação eólica nos últimos anos, com a expansão dos parques eólicos e a entrada dessa energia no sistema. A energia eólica já atende mais de 30% do Nordeste, o que mostra a viabilidade de incluir esse tipo de energia no sistema. A energia gerada por ventos tem ainda o menor custo entre as três principais fontes renováveis – vento, sol e biomassa. A ampliação dos investimentos em infraestrutura é essencial para que o Brasil possa honrar o compromisso assumido na COP 21 – de assegurar 23% de energia renovável na matriz energética até 2030. E a atual cadeia de suprimentos do setor tem todas as condições de preencher este espaço.

Qual é a estratégia para a empresa se destacar neste mercado, que tende a ser cada vez mais competitivo? Investimos muito em desenvolvimento tecnológico e, com isso, podemos oferecer os equipamentos mais robustos e eficientes do mercado. Criar condições para que os investidores tenham retornos adequados e com baixo risco são, em síntese, alguns dos elementos com os quais nossos clientes podem contar.

Quais são os “sabores” e desafios na gestão de uma companhia voltada à produção de energia renovável? Não há nada melhor do que saber que quanto mais vendemos, melhor ficará o planeta! A causa da sustentabilidade já é apaixonante por si só. E poder liderar a transição para uma economia de baixo carbono é uma experiência única.

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Mercado

Energia bem protegida Empreendimentos energéticos contam com apólices adequadas às necessidades do negócio

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isco de mercado, da Operação, Regulatório, Ambiental, Tributário, Econômico, de tecnologia da informação, de indisponibilidade de energia etc. Estes são alguns dos diversos riscos que empresas do setor elétrico estão propensas. Alguns desses riscos são seguráveis e, através de um adequado Programa de Seguros, é possível garantir a recuperação de danos e perdas decorrentes de ocorrências imprevistas. Para tanto, são vários os tipos de seguros que empreendimentos energéticos po-

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dem recorrer. A maioria das cláusulas dos contratos das seguradoras segue um padrão aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). No entanto, esses clausulados possuem algumas diferenças que podem significar a existência ou não da cobertura para um determinado bem ou evento. “De uma maneira geral, essas distinções entre os seus clausulados estão refletidas nas cláusulas especiais e particulares, que podem aumentar ou restringir a abrangência da cobertura, fazendo com que uma apólice esteja mais ade-

quada às necessidades do setor elétrico”, explica Ana Beatriz Prado, responsável pela área de Power & Utilities da Willis Towers Watson Brasil, empresa que realiza estudos e implantação de Programas de Seguros e Gerenciamento de Riscos para organizações do setor elétrico. Segundo Ana Beatriz, a diferenciação na contratação dos seguros para o setor energético não está no ramo do seguro, mas sim na identificação dos riscos inerentes a essa indústria e na adequação do clausulado, de modo que as exposições identificadas e se-


guráveis possam estar refletidas e corretamente amparadas nas apólices de seguro. O alerta é atentar-se para as cláusulas específicas, como cobertura para barragens e linhas de transmissão, e compra de energia no mercado spot. Todas as fases do empreendimento são passíveis de cobertura no seguro: desde a implantação (seguros de Riscos de Engenharia, Builder Risks, RCG Obras, Transportes de materiais aos canteiros) à operação (seguros para danos físicos, responsabilidade civil, despesas extras do operador). De acordo com Sidney

Cezarino de Oliveira Souza, Diretor de Property, Riscos de Engenharia e Energy da seguradora japonesa Tokio Marine, tratam-se de seguros que demandam equipes técnicas altamente especializadas. Tanto que, via de regra, os subscritores deste segmento são engenheiros. Souza adverte também que empresas da área de energia devem levar em consideração a situação financeira da seguradora e a capacidade técnica da equipe (subscrição, atendimento a sinistros), bem como a experiência no segmento antes de contratar seus serviços.

Coberturas A maioria dos ramos de seguros compreende uma cobertura básica, que é a garantia principal a ser contratada. Já as coberturas adicionais são utilizadas para cobrir os eventos ou bens que não estão amparados pela cobertura básica ou que representam riscos excluídos pelas condições gerais do seguro. Vale ressaltar que todos os seguros possuem exclusões, algumas já definidas nas condições gerais estabelecidas pelo produto do seguro na SUSEP, e outras que seguem edição 24 | FULL ENERGY

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mercado

os critérios de subscrição da seguradora. Por isso, Ana Beatriz aconselha o papel de um consultor/corretor de seguros na orientação durante a contratação. “Algumas empresas somente notarão as exclusões em suas apólices após a ocorrência de um sinistro. Por isso é fundamental o papel de um profissional. Cyber risk, terrorismo e ‘qualquer tipo de responsabilidade do fornecedor ou fabricante perante o segurado, por força de lei ou contrato’ são algumas exclusões do Seguro de Riscos Operacionais para as empresas de energia elétrica.” Há também o seguro de Riscos Nomeados, em que a empresa escolhe as coberturas que pretende contratar, ou seja, somente os riscos descritos na apólice estão cobertos. Já no seguro de Riscos Operacionais, estão cobertos todos os riscos a que o segurado está sujeito, exceto aqueles que foram excluídos nas condições do seguro. Devido aos desafios e à customização de produtos do setor elétrico, seguradoras formatam produtos direcionados para este ramo de acordo com as especificidades do negócio. A Cobertura de Responsabilidade Civil Concessionárias e os Seguros Paramétricos de Índices Climáticos são exemplos de produtos desenvolvidos pensando nas necessidades específicas dessas indústrias. 22

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Sidney Cezarino de Oliveira Souza, diretor de Property, Riscos de Engenharia e Energy da Tokio Marine

Já para as empresas que produzem combustível a partir de uma cultura agrícola, como é o caso do etanol, do biodiesel, entre outros, também há seguros específicos. O seguro agrícola é, atualmente, oferecido por algumas companhias seguradoras no Brasil e pode contar, inclusive, com subvenção do governo, que contribui com parte do prêmio a ser pago pelo produtor. Souza ressalta que, para este ramo, há o seguro de custeio e o de produtividade. O primeiro garante o retorno do inves-

timento realizado no plantio e na manutenção da lavoura, por meio do ressarcimento das despesas de financiamento do produtor, cobrindo os danos causados por variações climáticas, como granizo, geada, chuva excessiva, ventos fortes e seca, entre outras. Na segunda modalidade, o seguro cobre os recursos do produtor, de acordo com o nível de cobertura contratado, quando houver diferença entre a produtividade segurada e a colhida, causada também por variações climáticas.


Tipos de seguros No setor de energia, alguns seguros são mais recorrentes. Entre eles, destacam-se: - Seguro Garantia Pode ser requerido/apresentado em diversas fases do projeto, iniciando-se na fase de Licitação, em que uma Garantia de Concorrência (BID) assegura a participação e a manutenção das propostas das empresas interessadas nos leilões de energia. Além disso, a execução dos projetos, tais como usinas e pequenas centrais hidrelétricas, usinas eólicas e de biomassa, linhas de transmissão etc, podem ser garantidas por meio desse seguro (Executante). Os investidores e agentes financiadores poderão contar com a necessária mitigação de riscos quanto à inexecução contratual por parte das empresas contratadas/financiadas, desde que seja acordada a apresentação de tais garantias (Completion Bond). - Seguro de Riscos de Engenharia e Responsabilidade Civil - Obras Cobre danos físicos ao projeto durante a construção, instalação/montagem e testes, abrangendo os sinistros decorrentes de acidentes da execução da obra que causarem danos a terceiros, com exigência de reparação. Há ainda uma cobertura adicional chamada Ad-

Ana Beatriz Prado, responsável pela área de Power & Utilities da Willis Towers Watson Brasil

Fonte: Abeeólica

vanced Loss of Profit (Alop), que cobre a perda de lucro esperado, ou seja, garante a receita da venda de energia, caso ocorra algum dano ou acidente que atrase as obras e comprometa o início da geração de energia elétrica. - Seguro de Transporte Pode ser contratado tanto pelo fornecedor/fabricante dos equipamentos, quanto pelo proprietário do empreendimento. Este seguro se divide em transportes nacionais (mercado interno) e transportes

internacionais (exportação e importação), e cobre prejuízos causados a bens e mercadorias em viagens sobre a água, vias terrestres (rodoviárias e ferroviárias) e aéreas. - Cyber Risk O seguro para a proteção de riscos cibernéticos é um seguro de Responsabilidade Civil, direcionado para a proteção e gestão de dados pessoais das empresas, resguardando o segurado das consequências de evasão e perdas de dados dos clientes. edição 24 | FULL ENERGY

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artigo

O que se pode esperar para a energia nuclear em 2017 no Brasil?

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m 2016, as usinas Angra 1 e Angra 2 bateram recordes de produção de energia. Essas usinas têm operado com elevado fator de produtividade, figurando com frequência entre as melhores do mundo em sua classe. Apesar de corresponderem somente a 1,4% da capacidade nacional de geração elétrica instalada, produzem em torno de 2,5% da geração total de eletricidade. Angra 3, após a decisão de retomada de construção em 2007, teve sua implantação executada até a etapa de conclusão das obras civis necessárias para se iniciar a montagem eletromecânica. Paralisada em final de 2015, aguarda atualmente a retomada do empreendimento, sendo que a maior parte dos equipamentos necessários já se encontra pronta para que a montagem seja iniciada. Na área da saúde, destaca-se a execução de mais de 2 milhões de procedimentos de medicina nuclear ao ano. Esses procedimentos, realizados em cerca de 370 clínicas, utilizam radioisótopos produzidos em reatores nucleares. Atualmente, parte desses radioisótopos é produzi-

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da no país, mas a quase totalidade é importada pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares/ Comissão Nacional de Energia Nuclear (IPEN/CNEN) e distribuída para os centros de medicina nuclear. Em 2009, os principais fornecedores, Canadá e Holanda, paralisaram por mais de um ano o abastecimento mundial. Essa crise corre o risco de se repetir nos próximos anos, com a possibilidade de saída do Canadá do mercado. Para que o Brasil possa superar essa ameaça, está sendo executado o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que irá suprir as necessidades nacionais de radioisótopos para a medicina, indústria e pesquisa, além de ser importante equipamento de testes de materiais. Na área estratégica, está em andamento o projeto da Marinha de construção do submarino nuclear. O protótipo do reator, em Iperó, está bastante próximo da fase final de construção, sendo um marco no desenvolvimento da tecnologia. O projeto do submarino permitiu que, na década de 1980, o Brasil conseguisse o

Ivan Salati, vicepresidente da ABEN (Associação Brasileira de Energia Nuclear)

domínio completo da fabricação do combustível nuclear, incluindo a tecnologia do enriquecimento do urânio, etapa mais sensível e estratégica do ciclo do combustível nuclear, desenvolvida por pesquisadores da Marinha e do IPEN/CNEN, e que continua em desenvolvimento. O Brasil possui reservas de urânio conhecidas que podem suprir não só a necessidade das suas instalações atuais e outras que venham a ser construídas no futuro, mas provavelmente poderá estar entre os principais produtores mundiais, caso seja complementada a prospecção nacional, realizada de forma parcial na década de 1970. Hoje, já se explora as reservas existentes em Caetité, na Bahia. Com o esgotamento da exploração a céu aberto da Mina da Cachoeira, estão avançados os preparativos para a exploração da Mina do Engenho, próxima ao local, assim como continuam os estudos para o início da exploração subterrânea da Mina da Cachoeira, prevista para 2020. O programa nuclear brasileiro caracterizou-se ao


Obras de Angra 3

longo dos anos pela falta de uma política de continuidade, ocasionando enormes custos adicionais na construção das usinas e outras instalações, e dificuldades de retenção de conhecimento adquirido ao longo dos anos. Apesar disso, foi capaz de operar de forma eficaz os reatores de potência existentes, além de desenvolver importantes programas de pesquisa que resultaram em sucesso tecnológico de alta relevância. Para 2017, espera-se que o Brasil dê andamento aos projetos em desenvolvimento na área, todos viáveis e que são importantes para o futuro do país: a) concluir Angra 3, com ou sem ajuda de capital externo,

que, junto com Angra 1 e Angra 2, completa a demanda necessária para propiciar a viabilidade econômica à produção nacional de combustível nuclear; b) dar continuidade para o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro, que irá dar autonomia à produção de radioisótopos de grande importância para a medicina, a indústria e a pesquisa, evitando que o país fique sujeito às crises internacionais previstas; c) dar andamento ao projeto de construção do submarino nuclear, incluindo o país no desenvolvimento de uma tecnologia de ponta, que produz inúmeras aplicações nos mais variados setores de atividade;

d) apoiar a exploração de urânio das reservas existentes em Caetité e fazer uma revisão detalhada da ocorrência de urânio no país, em função da possibilidade da confirmação de outras reservas importantes, que futuramente possam ser exploradas. Não falta ao Brasil capacidade humana e tecnológica, mas é, no entanto, necessário olhar para o futuro para aproveitar as oportunidades que a natureza e nossos pesquisadores nos ofereceram. Apesar da crise, 2017 é um ano importante para dar sequência ao avanço do programa nuclear no Brasil, que tem se mostrado capaz de contribuir para as diversas áreas do desenvolvimento econômico e social do país.

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Bioenergia

Combustível sustentável

Dentro do programa do Selo Social, fornecedores de matérias-primas para biodiesel têm acesso a assistência técnica, capacitação e assessoria no planejamento do negócio e na comercialização da produção

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om 51 plantas produtoras de biodiesel autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a operar no país, o Brasil produziu cerca de 3,8 bilhões de litros de biodiesel em 2016, valor que deve aumentar neste ano. A partir de março, o percentual obrigatório de biodiesel adicionado ao óleo diesel comercializado em todo o país passa dos atuais 7% (B7) para 8% (B8), medida adotada pelo governo federal com o objetivo de reduzir as emissões de CO2, incentivar a cadeia do biodiesel e alavancar a agricultura familiar. De acordo com Júlio Cesar Minelli, diretor-superintendente da Aprobio (Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil), um levantamento preliminar aponta que, em 2016, cerca de 72 mil famílias forneceram 3,35 milhões de toneladas de matéria-prima para a produção do biocombustível no país, com faturamento aproximado de R$ 3,8 bilhões. Os números têm relação direta com o Selo Combustível Social, identificação concedida aos produtores de biodiesel pelo governo federal, possibilitando que tenham acesso às alíquotas de PIS/Pasep e Cofins com coeficientes de redução diferenciados. Como contrapartida, os produtores se comprometem a adquirir um percentual mínimo anual de matéria-prima dos agricultores familiares e a garantir-lhes capacitação e assistência técnica.

Reduzir custos e agregar valor Produtora de 300 mil m³ de biodiesel por ano, a Caramuru tem como fornecedores cerca de 1 mil agricultores com perfil familiar, atendendo às normas e regras necessárias para a detenção do Selo. “A Caramuru possui, hoje, um quadro de 13 agrônomos, que fornecem assistência técnica integral, levando informação e conhecimento aos agricultores familiares, promovendo não apenas a geração de renda e inclusão produtiva, mas também o crescimento sustentável. Este acompanhamento é realizado durante todo o ano, desde o planejamento da lavoura até a comercialização final de sua matéria-prima”, detalha César Borges de Sousa, vice-presidente da empresa. Todos os anos, a Caramuru realiza, segundo ele, diversos treinamentos com temas escolhidos pelos próprios agricultores, levando conhecimentos e informações direcionados às suas necessidades. Além disso, a companhia incentiva a adesão dos agricultores familiares às cooperativas. “Entendemos que é a melhor forma de reduzir custos e agregar valor à sua produção, além de integrá-los à comunidade”, enfatiza. Já a JBS Biodiesel, produtora verticalizada de biodiesel à base de sebo bovino do Brasil, aderiu ao Selo Combustível Social em 2007 e, desde então, beneficiou mais de 4,6 mil famílias.

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Bioenergia

César Borges de Sousa, vicepresidente da Caramuru

Segundo Alexandre Pereira, no ano passado a unidade se estruturou para estender a capacitação oferecida aos agricultores familiares aos pequenos pecuaristas. “Com a ampliação dos benefícios do programa aos pequenos produtores e famílias criadoras de gado, também oferecemos apoio por meio de uma equipe técnica que vai a campo para incentivar e instruí-los sobre as vantagens de aderir ao programa, além de assistência técnica gratuita, orientações sobre planejamento financeiro, opções de vendas preestabelecidas, bonificação extra por qualidade do gado comercializado e venda de 100% do rebanho garantida em contrato”, especifica Pereira. O diretor-superintendente da Aprobio salienta que os empre28

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endimentos de biodiesel têm impactos econômicos e sociais que se estendem a cidades inteiras. “Em muitas delas é possível verificar um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) industrial e de serviços após a instalação da usina de biodiesel, uma evidência do impacto na geração de emprego e de renda direta e indireta do setor.” Em consonância, César Borges de Sousa conta que nas cidades em que a Caramuru tem plantas instaladas – São Simão e Ipameri (GO) – a empresa contribui para a geração de mais de 1 mil empregos diretos, além de 750 postos de trabalho em suas indústrias de processamento de soja, e beneficia os municípios por meio do aumento da arrecadação de impostos, por exemplo.

Aproveitamento de matérias-primas Ao mesmo tempo em que a produção de biodiesel tem dado fôlego à agricultura familiar no Brasil, tem possibilitado o surgimento de novos negócios no país nos últimos anos e o aproveitamento de matérias-primas como óleo de soja e sebo bovino, subprodutos de suas cadeias. “O óleo de soja é gerado na produção do farelo proteico, componente principal das rações preparadas para o gado de leite e principalmente para as criações de aves e suínos, e o sebo bovino vem do abate de animais para consumo/exportação. Anteriormente, descartado pelos frigoríficos, o sebo agora é considerado como produto”, afirma o diretor-superintendente da Aprobio. Empresa que atua no processamento de carne bovina, a JBS, por exemplo, criou a JBS Biodiesel em 2007, produtora de biodiesel à base de sebo bovino, vinculada à sua Divisão de Novos Negócios. Segundo Minelli, o sebo bovino responde, atualmente, por 18% da composição do biodiesel no país, atrás apenas do óleo de soja, que chega a 78%. “Além disso, merece destaque o óleo de algodão, com cerca de 2%, e também outros materiais, como óleo de fritura usado e outras gorduras animais, como a de frango e porco”, frisa. A JBS Biodiesel, além do sebo bovino, usa óleo de fri-


tura recuperado como matéria-prima desde o ano passado. “20 milhões de litros de óleo de fritura recuperados foram utilizados na produção de biodiesel e, a cada litro de óleo recuperado, deixamos de contaminar de 20 a 25 mil litros de água”, pontua Alexandre Pereira, diretor da unidade de negócios. Projeções para 2030 Tendo em vista a sustentabilidade futura da cadeia produtiva de biodiesel no Brasil, o setor se mobilizou para a inclusão das contribuições do relatório “Biodiesel: oportunidades e desafios no longo prazo” no programa RenovaBio 2030, que deve ser oficializado ainda no primeiro semestre deste ano. O relatório – entregue ao secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, em outubro – detalha o potencial do biodiesel na matriz energética brasileira perante os compromissos ambientais firmados pelo país em âmbito internacional. “Nesse sentido, demonstra que o esforço e a dedicação são pela construção de um cenário para 2030, com projeções sobre o mercado brasileiro de biodiesel baseadas em premissas fundamentadas”, afirma o diretor-superintendente da Aprobio. O aumento gradual da adição obrigatória de biodiesel ao diesel, pleiteado pelo setor nos últimos anos, faz parte dessa ini-

Agricultora beneficiada pelo Selo Social

Júlio Cesar Minelli, diretorsuperintendente da Aprobio (Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil)

ciativa. Segundo Minelli, pelo cronograma mínimo que estipula os percentuais da mistura, até março de 2018 a quantidade de biodiesel por litro de diesel passará para 9% (B9), e chegará a 10% (B10) até março de 2019, podendo ir a 15% (B15) por definição do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). No relatório preparado pelo setor, prevê-se que a mistura seja de no mínimo de 20%

(B20) até 2030 e que, até lá, a participação do biodiesel na matriz energética brasileira alcance pelo menos 3,31%. “O biodiesel busca, acima de tudo, corresponder à expectativa de todos os integrantes de sua cadeia, do agricultor que cultiva matérias-primas ao consumidor final, em nome do crescimento estruturado da economia brasileira como um todo”, finaliza Minelli. edição 24 | FULL ENERGY

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Estratégia

Uma gigante às margens do Rio Madeira UHE Jirau será responsável por 3,7% de toda energia elétrica produzida no Brasil, sendo a terceira maior geradora do país e uma das 20 maiores hidrelétricas do mundo

A

pós sete anos de obras, foi inaugurada em meados de dezembro, em Porto Velho (RO), a Usina Hidrelétrica Jirau, com capacidade para gerar energia suficiente para atender mais de 40 milhões de pessoas e 10 milhões de domicílios. A Usina foi construída com uma quantidade inédita de turbinas movimentadas a fio

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d’água, ou seja, com a força do curso da água do Rio Madeira. Jirau será responsável por 3,7% de toda energia elétrica produzida no Brasil, sendo a terceira maior geradora do país e uma das 20 maiores hidrelétricas do mundo. Cravada na região Amazônica, a implantação de Jirau impôs desafios logísticos e de responsabilidade socioambien-

tal. Localizado às margens do Rio Madeira, o empreendimento teve início em julho de 2009, composto por 50 turbinas distribuídas em duas Casas de Força, com capacidade instalada de 3.750 MW e energia assegurada de 2.184,6 MW médios. A Usina Hidrelétrica Jirau foi considerada uma das mais importantes obras do Programa de Aceleração do Crescimento


Vista aérea da UHE Jirau

(PAC), devendo reduzir a geração de energia termelétrica produzida a partir de combustíveis fósseis. Desta forma, o país diminui a emissão de cerca de 6 milhões de toneladas de CO2 ao ano. Segundo a diretoria de comunicação da UHE, Jirau é uma demonstração de que é possível implementar grandes hidrelétricas na região amazônica de forma sustentável.

Leilão O empreendimento saiu do papel após o Leilão 005/2008, promovido pelo governo federal em maio de 2008, que concedeu a outorga do uso de bem público para a implantação da Usina Hidrelétrica Jirau (UHE Jirau) no Rio Madeira e a respectiva exploração do seu

potencial energético pelo prazo de 35 anos. O grupo de empresas que venceu o Leilão formou uma Sociedade de Propósito Específico, a Energia Sustentável do Brasil S. A. (ESBR). O capital social é integralmente detido pela ESBR Participações S.A., cujos acionistas são as edição 24 | FULL ENERGY

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Estratégia

empresas ENGIE (40%), nova denominação da GDF SUEZ; Eletrobras Eletrosul (20%); Eletrobras Chesf (20%) e Mizha Participações S.A. (20%), subsidiária da Mitsui & CO. A ESBR é a empresa responsável pela construção, operação e venda da energia produzida na UHE Jirau. Segundo a companhia, a outorga permite a redução global dos custos da obra em R$ 1 bilhão, que será repassada para o consumidor na forma de energia mais barata. Barateamento da tarifa Participaram da solenidade de inauguração o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho; o presidente do Conselho do Grupo ENGIE, Gerárd Mestrallet; o presidente da ENGIE Brasil, Maurício Bähr; o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior; o presidente da Eletrosul, Marcio Zimmermann; o presidente da Eletrobras Chesf, José Carlos de Miranda Farias; o Cravada CEO da Mitsui, Tatsuo Yasunana região ga; e o presidente da Energia SusAmazônica, a tentável do Brasil (ESBR), Victor implantação Paranhos, entre outros. de Jirau impôs Em seu discurso, o ministro Fernando Coelho Filho lembrou desafios logísticos por conta do a importância da nova Usina transporte para a ampliação da oferta de de grandes energia elétrica e sua contribuie pesados ção para o barateamento da tariequipamentos, fa para o consumidor brasileiro. além de O presidente da ESBR ressaldemandas em tou que a construção da Hidrelétrica Jirau contou com a partici- responsabilidade socioambiental pação de 25 mil trabalhadores, 32

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movimentou 22 milhões m3 de terra, 3 milhões de m3 de concreto, além de toneladas de aço, ferro e máquinas. Victor Paranhos destacou que a obra de Jirau foi cercada de desafios. “O primeiro, e talvez o mais importante dos desafios, foi a mudança no eixo de barramento da Usina, a 9 quilômetros Rio Madeira abaixo”, afirmou. Segundo ele, essa decisão permitiu a otimização do projeto, com menor impacto ambiental, e uma economia repassada para a tarifa do consumidor. “Uma proposta que marca o setor elétrico brasileiro pela ousadia”, disse. Mudança de eixo A Usina foi projetada para ser construída na Cachoeira de Jirau, mas o consórcio Energia Sustentável do Brasil propôs mudar o local da construção para a Ilha do Padre, que fica a cerca de 9 Km de distância da Cachoeira de Jirau. A Energia Sustentável do Brasil adotou soluções modernas de engenharia, o que reduziu o volume de escavação em 43 milhões de m³, resultando numa economia de R$ 1 bilhão, que será repassada ao consumidor final. Além disso, o sistema de turbinas utilizado no empreendimento, a “fio d’água”, reduziu o tamanho do reservatório da Usina, o que causa menor impacto ambiental na região. Depois de vários estudos, os engenheiros também identificaram que a construção da Usina no novo local seria mais rápida e teria menor impacto sobre o meio ambiente. Se a Usina fosse

construída na Cachoeira de Jirau, um grande volume de água parada no reservatório iria provocar mais dois grandes problemas: o crescimento de algas e a multiplicação de mosquitos. No novo local, esses dois problemas praticamente desapareceram. Tecnologias e meio ambiente De acordo com o departamento de comunicação, a UHE Jirau é a maior usina de energia renovável já registrada no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) das Nações Unidas, confirmando a sustentabilidade e a viabilidade social e ambiental de empreendimentos hidrelétricos na Amazônia. Desde o princípio, a Energia Sustentável do Brasil apostou em um novo conceito de engenharia para a região amazônica. Jirau tem como principal objetivo oferecer energia limpa e barata, buscando um menor impacto ambiental. A Hidrelétrica possui as maiores turbinas tipo bulbo do mundo, com capacidade de geração unitária de 75 MW. Desde a entrada em operação comercial da primeira Unidade Geradora (UG), em setembro de 2013, as UGs têm apresentado uma excelente performance. Além disso, as turbinas da UHE apresentaram um rendimento acima do previsto no edital de concessão da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que é de 93%. Isso significa maior capacidade para transformar a força do Rio Madeira em energia.

Foi observado, também, que a continuidade da operação durante o período de cheia 2013/2014, a maior já registrada desde 1967, comprovou que as turbinas suportam todas as variações hídricas do Rio Madeira. Isso permite que a UHE Jirau opere tanto em períodos de secas severas quanto em períodos de cheias extraordinárias, sem restrições operacionais. Inovações Jirau sempre teve como aliados a tecnologia e a inovação. Durante o processo de construção, a ESBR adotou várias técnicas avançadas de tecnologia em construção civil para reduzir gastos e impactos ao meio ambiente. Na instalação da barragem, por exemplo, os engenheiros optaram por um tipo de construção que na época havia sido realizado apenas na Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, em Santa Catarina: a execução do núcleo principal em asfalto e não em argila. Com isso, foi possível reduzir as paralisações dos trabalhos durante os períodos chuvosos e dar à estrutura da Usina maior segurança. Outra inovação importante aplicada no canteiro de obras foi a instalação de unidades de resfriamento de concreto. Em função das altas temperaturas da região, o concreto poderia apresentar problemas para se solidificar. A solução encontrada foi resfriar os blocos a partir de câmaras frigoríficas. edição 24 | FULL ENERGY

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Estratégia

são distribuídas ao longo do reservatório e retêm os resíduos. A madeira fica presa no sistema, evitando a perda da capacidade de geração elétrica e danos aos geradores.

Preocupação socioambiental O projeto de Jirau envolveu a execução de 34 programas socioambientais e a construção de Nova Mutum-Paraná para reassentar os moradores das áreas afetadas pelas águas represadas do Madeira e trabalhadores da obra. De acordo com Paranhos, a nova cidade possui infraestrutura completa – ruas asfaltadas, escolas de ensino fundamental e médio, creche, posto de saúde, internet, áreas de lazer, paisagismo, clube, hotel e centro comercial. - Peixes: Já no início da construção da Usina, vários ambientalistas mostraram preocupação com o comportamento da Ictiofauna do Rio com a instalação do empreendimento, principalmente com a reprodução dos peixes bagres. Um minucioso estudo estratégico foi realizado 34

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para garantir que os peixes do Madeira, responsáveis pelo equilíbrio aquático e fonte de renda para muitas famílias da região, mantivessem seu ciclo de vida natural. O reservatório conta com um Sistema de Transposição de Peixes (STP) - escada de peixes -, que permite a passagem em toda a região da barragem, garantindo sua reprodução. - Toras de madeira: Outro desafio vencido por meio da tecnologia empregada na instalação de Jirau foi a enorme quantidade de toras de madeira trazidas pelas águas. Esta característica, que inclusive dá nome ao Rio, poderia danificar as turbinas geradoras. A ESBR implantou no reservatório de Jirau o sistema Log Boom, no qual estruturas metálicas acopladas a boias

Durante o processo de construção, foram adotadas técnicas avançadas de tecnologia em construção civil para reduzir gastos e impactos ao meio ambiente

- Combate à malária: Desde a instalação da hidrelétrica, a incidência da doença tem reduzido em média 11% ao ano em Porto Velho e nos distritos vizinhos. Essa queda se dá pelos altos investimentos feitos pela ESBR para controle e prevenção da doença. Já foram destinados mais R$ 6 milhões em recursos para a construção de pontos de apoio de diagnóstico e abastecimento, assim como para a contratação de profissionais de saúde colocados à disposição para reforçar o quadro técnico do Programa Municipal de Controle da Malária. Outra ação importante desenvolvida foi a instalação gratuita de 8.083 Mosquiteiros Impregnados de Longa Duração (MILDs) para 5 mil famílias moradoras da área de inf luência direta da Usina Jirau. Os MILDs são mosquiteiros especiais que possuem inseticida impregnado na malha de poliéster e fornecem dupla proteção: a primeira é a sua barreira física, que impede o contato do homem com o mosquito transmissor da malária; a segunda é a sua barreira química, que contém um inseticida impregnado na própria fibra do mosquiteiro.


Ministro Fernando Coelho, acompanhado de Wilson Ferreira Jr (Eletrobras) e Victor Paranhos (ESBR) durante a cerimônia de inauguração da UHE Jirau

- Investimentos: segundo Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil, a construção de Jirau promoveu investimentos em pesquisa na fauna, flora, arqueologia, história, e preservação da memória, em parceria com as Universidades Federais de Rondônia, do Paraná e de São Paulo, além de várias outras entidades científicas brasileiras. “No total foram investidos mais de R$ 400 milhões na área social, beneficiando milhares de moradores da área de influência da Usina Jirau. Nunca a região teve tantos projetos e investimentos na área do conhecimento ambiental e social como agora, com a Jirau”, destacou Paranhos no discurso de inauguração da Hidrelétrica.

Hidrelétrica binacional Brasil-Bolívia Segundo Victor Paranhos, os governos do Brasil e da Bolívia, em novembro de 2016, concordaram em iniciar de imediato estudos para a construção de uma hidrelétrica binacional em Guajará-Mirim com capacidade prevista de 3 mil MW. Nos entendimentos entre os dois países, negocia-se a elevação do reservatório de Jirau para 90 metros durante todo o ano, a chamada “cota constante”. O aumento da cota permitirá adicionar cerca de 420 MW médios à Usina, ganho expressivo de geração de energia sem obra adicional. “E praticamente não trará impacto ambiental e social. Já existe recuo das águas durante os meses de estiagem naturalmente, não há propriedades pelo simples fato de que o Rio volta a avançar no período de chuvas.” Na inauguração de Jirau, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, também reforçou a importância de Jirau para a consolidação do projeto da hidrelétrica binacional Brasil-Bolívia, que está em negociação com os governos dos dois países. Segundo ele, o conhecimento acumulado a partir da construção de Jirau, a principal Usina com turbinas acionadas pelo curso da água do Rio “fio d’água”, será utilizado na binacional, cujas obras estão previstas para serem iniciadas em 2018. Os estudos para o novo projeto estão sendo elaborados pela Eletrobras e pela ENDE, a estatal boliviana de energia. Esta será a terceira usina hidrelétrica do Rio Madeira.

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Sustentabilidade

As Damas da Energia

Com participação de cerca de 160 mulheres, grupo se reúne periodicamente para discutir variados temas e estreitar relacionamento

E Reunião do Grupo “As Damas da Energia”

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m São Paulo, nasceu em 2010 o grupo “Damas da Energia”, que surgiu da necessidade de tornar a empresa Light conhecida no mercado livre de energia da cidade. O objetivo era reunir as poucas mulheres que atuavam neste mercado - dominantemente masculino - e estreitar o relacionamento entre elas. No primeiro encontro, eram apenas oito mulheres. Já no segundo, eram pouco mais de vinte. E assim o grupo cresceu, até chegar hoje a aproximadamente 160 mulheres, que são das áreas comercial

(front office, middle e back), financeira, administrativa, jurídica e regulatória. “Conforme nos reuníamos, as executivas tomavam conhecimento do grupo e divulgavam para as mulheres do setor. Nos nossos encontros, tratamos dos assuntos mais diversos, desde grandes negócios... até cosméticos”, relata Bruna Tiziani, da área de Comercialização de Energia da Infinity Energias. O grupo realiza reuniões, almoços, happy hours e encontros informais com frequência média de dois meses, sempre com participação aberta.


Flexíveis e conciliadoras Segundo Bruna, de modo amplo, a mulher vem se destacando no mercado de trabalho. “Costumo dizer que os homens mais novos que viram suas mães já buscando espaço respeitam e valorizam o trabalho da mulher. Já nos enxergam como agregadoras e competentes. E viva a diversidade de sexo, cor e ideias. Quem é líder sabe o valor da diferença.” E no setor de energia elas têm muito a agregar. “A mulher é multitarefa e o executivo de energia tem este perfil, pois é preciso entender de regulamentação, finanças, vendas, riscos etc. Acho que trazemos sensibilidade, delicadeza e resiliência. As mulheres, de modo geral, são mais inclusivas e conciliadoras. E somos mais flexíveis também”, diz.

Ela reconhece que o setor energético é bem masculino. Também é diferenciado quanto ao nível dos profissionais. “Tem executivos muito estudados, pois é um mercado que pede conhecimento em economia, finanças, leis etc. Um segmento em que já somos muitas e inclusive ocupando cargos de liderança.” Exemplo é a própria Bruna, que foi da gerência de comercialização da Lightcom e hoje é sócia e head da Infinity Energias. “Acho que a própria mulher ainda é machista. Conversamos muito sobre isso nos encontros. Temos que nos fortalecer mais, pois a mulher tem que ser o dobro competente para ser valorizada. Os homens tomam um chope, jogam um futebol e são mais unidos.”

Dificuldades Apesar dos passos que a mulher já deu neste setor, ainda há muitos desafios. A maioria dos cargos executivos da área de Energia das empresas é ocupada por engenheiros. “Sabemos que os cargos de destaque são preenchidos, muitas vezes, por indicação. A faixa etária de ocupação dessa posição está entre 35 e 55 anos e, muitas vezes, a mulher está na época de casar, ter filhos etc. Como o mercado de energia é muito dinâmico, com clientes espalhados pelo Brasil e com constantes viagens, nem sempre a mulher consegue ter essa rotina”, relata Bruna. “Além disso, às vezes para o mesmo cargo temos remuneração 30% inferior à dos homens”, dispara. edição 24 | FULL ENERGY

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Sustentabilidade

Mãos femininas “Na indústria de energia eólica acredito estar vendo uma geração de mulheres fortes, determinadas e apaixonadas pela profissão. São diretoras, conselheiras, gerentes, executivas, assistentes e operárias. Há alguns anos, por exemplo, fui visitar uma fábrica de pás eólicas e me surpreendi com a grande quantidade de mulheres trabalhando na linha de montagem. Explicaram-me algo lindo: a importância dos detalhes e a necessidade de um trabalho quase artesanal para a curvatura das pás eram realizados de maneira primorosa muito mais por mulheres do que por homens. As pás que cortam os ares e geram nossa energia eólica são talhadas em grande parte por mãos femininas. Por essa história e por tantas outras é que enxergo um futuro positivo para as mulheres que quiserem construir sua carreira no setor de Energia, especificamente nas eólicas. Espero o momento em que a questão dos desafios femininos no mercado de trabalho não faça mais sentido, mas sei que há grandes desafios para as mulheres no mundo corporativo. Mas é possível abrir caminhos novos, mudar paradigmas e construir um futuro equilibrado. O fato é que as mulheres que vão abrindo caminho na frente inspiram as que lhes seguem. As que são inspiradas compartilham essa energia de mudança com as demais. Um círculo de conhecimento e troca de experiências que não pode ser quebrado. Há muita energia que circula entre mulheres fortes, determinadas e trabalhadoras. E acho que o setor elétrico é um bom lugar para colocar toda essa energia.” Elbia Gannoum, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)

Escolaridade é um diferencial “A mulher tem muito a conquistar, mas tem avançado significativamente. Inclusive elas não têm valorizado o caminho já percorrido, que foi grande e importante, e que tem que ser facilitador do caminho adiante. Ainda há muito a ser conquistado, mas não é uma barreira intransponível. E a tecnologia ajuda muito. Quando se imaginaria no passado uma mulher pilotando uma colhedora de cana? Mas hoje, com toda eletrônica embarcada, ela mostra que é capaz. E as barreiras são de natureza mais cultural. As mulheres têm galgado posições. Recentemente, vi no curso de agronomia da Esalq (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) que 50% eram mulheres. Aliás, o nível de escolaridade tem sido o diferencial da mulher.” Elizabeth Farina, presidente da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar)

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Trazem retorno à empresa “Um número significativo de pesquisas mostra que as empresas com maior diversidade - e especificamente mais mulheres - apresentam melhor desempenho. Para as grandes empresas, aquelas com mais executivos do sexo feminino têm avaliações mais altas, maior retorno sobre o patrimônio e maior retorno total aos acionistas. Para as empresas em estágio inicial, as bem-sucedidas têm mais do que o dobro do número de mulheres em funções superiores do que suas contrapartes sem êxito ou menor sucesso. A energia e a agricultura são dois setores no Brasil, e no mundo mais amplamente, onde as mulheres estão maciçamente sub-representadas. Como resultado, existe um enorme potencial para esses segmentos melhorarem seu desempenho, buscando mais ativamente a diversidade e, particularmente, o recrutamento das mulheres. Muitos avanços têm sido obtidos no recrutamento de mulheres jovens para os campos de ciência e tecnologia que podem apoiar carreiras na agricultura e na energia. Infelizmente, isso ainda não está se traduzindo em um número crescente de mulheres que procuram graus universitários e carreiras nestes domínios. Uma grande dificuldade é a falta de modelos e mentores femininos.” Anna Rath, fundadora & CEO da NexSteppe

Não há barreiras intransponíveis “A participação das mulheres, especificamente, na cadeia de energia era algo pouco comum. Os cargos eram ocupados, em sua maioria, por engenheiras. Porém, atualmente, as mulheres têm ingressado em diferentes áreas da cadeia produtiva, como desenvolvimento de estudos e projetos, implantação de empreendimentos, comercialização e indústria. Com isso, vêm agregando conhecimentos técnicos, sensibilidade, boa gestão de conflitos, diferentes insights que somam muito valor ao setor. Não enxergo barreiras intransponíveis para a atuação das mulheres. Com dedicação, todas podem alcançar seus objetivos.” Alessandra Torres de Carvalho, consultora da MH Consultoria e vice-presidente da Associação Brasileira de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas e Microgeração (ABRAPCH)

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Sustentabilidade

Contribuições da mulher “Ainda não podemos comemorar a existência de equidade de gêneros e o cenário não é diferente no setor elétrico. Apesar de observarmos uma diferença menor entre os gêneros no nível técnico e administrativo, as mulheres não têm a mesma oportunidade para ocupar um cargo na liderança, uma vez que, embora tenhamos um crescente número de líderes mulheres, ainda é menos que o desejável. Se considerarmos os comitês e conselhos das empresas do setor, a situação é muito pior e, infelizmente, não difere muito dos outros setores. São raras as cadeiras de conselho ocupadas por uma mulher no setor. Existem diversos estudos que comprovam que a mulher contribui muito por ter maior inteligência emocional, criatividade, potencial empreendedor, constante busca pela excelência na realização de suas tarefas, comprovando que empresas com mulheres na liderança lucram mais. Considero que a maior contribuição para o setor de energia será o de fomentar o equilíbrio às equipes, aumentando o potencial de inovação das empresas. O setor passa por uma onda de transformação, as distribuidoras estão buscando formas de reinventar os seus modelos e precisam atrair os melhores talentos do mercado, dos mais empreendedores e inovadores - independentemente do gênero -, pois o setor terá que competir com outros mais atraentes e mais modernos.” Franceli Jodas, sócia-líder de P&U na KPMG

Elas fazem a diferença “Não tenho dúvidas de que as mulheres podem fazer a diferença na agenda de sustentabilidade. As mulheres, em sua maioria, ainda não estão nas altas gerências e conselhos das grandes empresas. A sustentabilidade tampouco recebe o tratamento estratégico que deveria. É preciso mudar este jogo e a Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade está empenhada nisto.” Iêda Novais, presidente-executiva da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade e sócia aposentada da KPMG

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1. Datagro

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Estratégia

Grupos geradores 2 e 3

Bota potência nisso

Com 55 turbinas, Usina Hidrelétrica Santo Antônio tem potência instalada de 3.568 MW; através de operação a “fio d’água”, unidade gera energia para 45 milhões de brasileiros 42

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E

m dezembro de 2016, nove meses antes de atingir o prazo do cronograma original, a Usina Hidrelétrica Santo Antônio concluiu as suas obras de instalação – iniciadas em março de 2012. Hoje, atingindo a sua capacidade plena de produção de energia, a unidade apresenta potência instalada de 3.568 MW e garantia física de 2.424 MW médios, o que assegura o abastecimento energético de 45 milhões de pessoas no Brasil. Atualmente, a Usina se posiciona como a quarta maior ge-

radora hídrica do país, estando também entre as 20 maiores do mundo. Segundo Paulo Damião, da Área de Comunicação Corporativa da Santo Antônio Energia, com a ativação completa da Hidrelétrica, o sistema nacional de energia ganhou um acréscimo de 4% no valor total de produção. Tudo isso só é possível por que a Santo Antônio é composta por quatro casas de força independentes, que somam, juntas, um total de 50 turbinas tipo bulbo instaladas. De acordo com Damião, 44 des-


sas unidades geradoras estão ligadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que destina a energia para o Sudeste e as demais regiões do país. Já as seis turbinas adicionais estão dedicadas, exclusivamente, ao Sistema Regional Rondônia-Acre, aumentando a confiabilidade elétrica desses dois estados. O diretor explica que a unidade opera a “fio d’água”, ou seja, toda a água que chega até a barragem segue o seu fluxo natural sem ser represada. “Esta tem sido a melhor solução para regiões planas, como a Amazônica, pois dispensa a formação de grandes reservatórios.” O regime hídrico do Rio Madeira é oposto ao dos rios que abastecem as hidrelétricas no Sudeste e Sul do país. Quando nestas duas regiões a época é de baixa vazão, a bacia do Rio Amazonas – à qual pertence o Madeira está em fase de cheia, garantindo que o fornecimento de energia elétrica do país não sofra descontinuidade devido a este desequilíbrio natural.

Sustentabilidade A implantação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio foi um grande desafio e representa, na visão de Damião, um legado de grande valor para a orientação de futuros empreendimentos hidrelétricos na Amazônia. O investimento em sustentabilidade atingiu R$ 2 bilhões – cerca de 10% do valor total de instalação da hidrelétrica – distribuídos em 28 programas socioambientais, que previram compensação social

e ambiental, programas socioambientais e remanejamento de pessoas. O diretor conta que foram realizados mais de seis anos de estudos para compreender o ecossistema natural e diminuir ao máximo os eventuais impactos na região durante a implantação. “Todos os estudos e as ações propostas e realizadas, bem como os monitoramentos permanentes, foram e estão sendo analisados pelos órgãos fiscalizadores e reguladores do setor elétrico.”

Transmissão Mesmo estando localizada no Rio Madeira, que banha os estados de Rondônia e do Amazonas, a Santo Antônio não enfrenta problemas tradicionais de transmissão, como as usinas instaladas no Norte, conseguindo levar energia para as grandes regiões consumidoras do país. Damião explica que o sistema de transmissão da usina é composto por 2.375 km de extensão, sendo a maior linha em corrente contínua do mundo, ligando Porto Velho a Araraquara (SP). “O primeiro bipolo já está em funcionamento, levando a energia produzida pelas usinas do Madeira até o Sudeste e demais regiões do país. O segundo bipolo encontra-se em etapa de testes”.

Economia estimulada É fato que as fases de construção e funcionamento de uma hidrelétrica contribuem para o desenvolvimento econômico regional. Para Damião, a fase de obras gera milhares de empregos diretos e indiretos, “pois contrata serviços de diversas empresas, inclusive locais. Aumenta a arrecadação do município e do estado onde está sendo implantada, melhora a renda das pessoas e deixa um legado importante, que é a capacitação da mão de obra local”. Já durante a fase de geração de energia, a hidrelétrica paga tributos que contribuem para a arrecadação federal, além de gerar novos recursos para o município e estado. “Essa etapa emprega permanentemente um número significativo de pessoas; continua gerando empregos indiretos; e contribui de maneira mais contínua para o desenvolvimento econômico da região”, complementa. edição 24 | FULL ENERGY

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Dada a largada: aberta a safra de cana-de-açúcar

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Potencial e tendências tecnológicas para o aproveitamento de palha no setor sucroenergético

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Um desfile de máquinas e tecnologias

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Motores que agradam ao meio ambiente

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Feira do otimismo

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DADA A LARGADA:

aberta a safra de cana-de-açúcar

N

A previsão é de que a moagem de canade-açúcar na região Centro-Sul do Brasil atinja 612 milhões de toneladas, segundo a Datagro Consultoria

o dia 1º de abril começou, oficialmente, a safra 2017/18 de cana-de-açúcar no Brasil. A moagem de cana-de-açúcar na região Centro-Sul deverá atingir 612 milhões de toneladas na temporada, segundo estimativa divulgada pela Datagro Consultoria. A nova previsão indica alta de 1,1% sobre o resultado da safra anterior. O presidente da consultoria, Plínio Nastari, esteve presente no evento Abertura de Safra Cana 2017-18, em Ribeirão Preto (SP), promovido pela consultoria no dia 21 de março. Na ocasião, ele destacou o panorama da nova safra que se inicia. “Os cana-

viais estão se desenvolvendo de forma satisfatória na região Centro-Sul. No Nordeste, há preocupação em relação aos canaviais, por falta de precipitação”. Segundo a Datagro, o processamento de cana no Nordeste deve ser de 45 milhões de toneladas. Ainda de acordo com a consultoria, as indústrias devem destinar mais matéria-prima para a produção de açúcar – o mix de produção deverá ser de 47,4% para a commodity e de 46,3% para etanol. Como resultado, a produção de açúcar deverá subir 3,3%, chegando a 36,8 milhões de toneladas. No sentido contrário, haverá recuo de 1% na produção de etanol, totalizando 25,3 bilhões de litros.

Plínio Nastari: “Os canaviais estão se desenvolvendo de forma satisfatória na região CentroSul”

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Esperança

Cobertura do evento, que aconteceu no final de março, em Ribeirão Preto (SP)

GAF Talks: Encontro internacional reuniu dezenas de especialistas na cidade de São Paulo para discutir o agronegócio mundial

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Ao analisar a atual conjuntura da safra de cana em âmbito mundial, Plínio Nastari destaca a importância do setor produtivo para a economia brasileira. “O agronegócio é a solução para este momento ruim do Brasil. Esse setor gera emprego, renda e crescimento. Por isso, precisa ser valorizado pelo que é capaz de fazer.” Sobre a avaliação de mercado da temporada 2017/18, Carlos Franco, Diretor Comercial da Louis Dreyfus Company Brasil, destacou que o clima pode ser um fator determinante para as cotações do açúcar. “O clima terá um papel fundamental na definição dos preços ao longo dos próximos meses, principalmente se este desafiar o crescimento de produção esperado no Hemisfério Norte”, avaliou. Para Nastari, esta é uma safra de esperança. “Neste ciclo, esperamos ter uma série de definições importantes acontecendo, principalmente através das discussões que ocorrem em Brasília na formulação de uma nova regulação do setor.”


1. Erzeg

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POTENCIAL e tendências

tecnológicas para o aproveitamento de palha no setor

SUCROENERGÉTICO

E

A utilização da palha para geração de energia elétrica adicional é viável do ponto de vista técnico com o desenvolvimento de uma cadeia logística eficiente

m cada tonelada de cana produzida, temos aproximadamente 140 kg de folhas em base seca, matéria que contém a mesma energia do bagaço, hoje queimado em caldeiras. Porém, esta biomassa adicional da palha requer um conjunto de operações agrícolas e industriais que viabilizem sua utilização como combustível nas caldeiras. Estas operações foram introduzidas no Brasil recentemente e ainda não existe nenhuma operação em grande escala, como já ocorre em outros países utilizando-se palha de culturas agrícolas. As duas opções de rota para este recolhimento da palha são: - transporte da palha junto com a cana picada colhida mecanicamente e separação posterior na usina em Estações de Limpeza a Seco;

- ou enfardamento da palha seca no campo, em fardos retangulares, realizado em operação posterior à colheita mecanizada da cana. Na rota de recolhimento baseada em Limpeza Parcial, diminui-se a rotação dos ventiladores e, consequentemente, a sua capacidade de limpeza, fazendo com que uma maior quantidade de impurezas vegetais seja adicionada à carga de cana, valores entre 10% e 15%. Esta maior quantidade de palha atrapalha o processo industrial e deve ser separada em unidade industrial chamada Estação de Limpeza a Seco, onde a palha será separada dos colmos logo na entrada do processo industrial através de ventilação. Esta forma de recolhimento tem como principal vantagem a facilidade operacional, pois

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tem pequeno impacto na rotina da operação de colheita da usina. Entretanto, demanda uma maior quantidade de equipamentos de transporte, pois a densidade de carga é impactada de forma negativa pelo aumento do teor de impureza vegetal, elevando os custos de transporte de cana. Diversos estudos conduzidos mostraram que a densidade da carga (mistura de cana picada e palha) cai para cerca de 70% e 75% da densidade original quando o nível de impurezas vegetais encontra-se entre 10% e 15%. O recolhimento da palha através do enfardamento inicia-se 4 a 7 dias após a colheita da cana, de forma a garantir a redução da umidade da palha de 40% para 15% (umidade ideal para o enfardamento). Assim que a umidade da palha atinge este valor, inicia-se a sequência de operações agrícolas de recolhimento da palha: • Aleiramento; • Enfardamento; • Recolhimento dos fardos no campo; • Carregamento dos fardos no caminhão; • Transporte dos fardos até a usina. Para facilitar o enfardamento e aumentar o rendimento da enfardadora, a palha de cana é agrupada em leiras triangulares através da operação de aleiramento. A enfardadora então recolhe a palha contida na leira, compactando-a em fardos retangulares amarrados com barbantes longitudinais, que são depositados automaticamente no solo para então serem recolhidos por carretas recolhedoras de fardos, que os transportam até os carreadores, onde os mesmos são carregados em composições rodoviárias que os transportarão até a usina para seu processamento. Ao chegarem na usina, são necessárias algumas operações de forma a possibilitar a queima desta palha nas caldeiras. O processamento mais adequado consiste em descarregar os fardos, remover as impurezas minerais e triturar o material até atingir a granulometria adequada, o que dependerá do tipo de caldeira na qual a palha será queimada. 50

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Marcelo Pierossi e Leonardo Barbieri, consultores da Lidera Consultoria e Projetos

A palha requer um conjunto de operações agrícolas e industriais que viabilizem sua utilização como combustível nas caldeiras

Um aspecto muito importante no recolhimento da palha do canavial é garantir que a palha removida não impacte negativamente na produção de cana, diminuindo assim a sustentabilidade do processo. Isto é possível através da análise do solo e do clima da unidade de onde a palha será recolhida. De forma geral, a utilização da palha para geração de energia elétrica adicional é viável do ponto de vista técnico com o desenvolvimento de uma cadeia logística eficiente. Entretanto a ampla utilização deste potencial energético depende, ainda, de políticas governamentais que incentivem a geração termoelétrica em usinas de açúcar e álcool por meio de uma política de remuneração mais atrativa aos produtores, mantendo assim uma matriz energética limpa e sustentável.


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Um

DESFILE de máquinas e TECNOLOGIAS

Seminário de Mecanização e Produção de Canade-açúcar já é um evento tradicional na agenda dos profissionais do setor sucroenergético

L

ançamento de novas tecnologias, debates sobre colheita e plantio mecanizados, informações sobre leis e regulamentações e segredos sobre técnicas avançadas de cultivo. Enfim, o 19° Seminário de Mecanização e produção de cana-de-açúcar foi um prato cheio para os profissionais da cadeia produtiva de cana-de-açúcar do Brasil. O evento, realizado nos dias 29 e 30 de março, no Centro de Eventos Taiwan, em Ribeirão Preto (SP), reuniu cerca de 600 pessoas, entre produtores e representantes de usinas, vindas de todas as regiões canavieiras do Brasil, além de países da América Latina, como Argentina, Paraguai, Bolívia e Peru. No palco, pesquisadores, consultores, gestores de grandes grupos, fornecedores e

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Baixe o aplicativo Zappar e assista ao vídeo da cobertura do 19º Seminário de Mecanização e Produção de Canade-açúcar (saiba mais na página 15)

fabricantes de máquinas e implementos agrícolas dividiram espaço para apresentar suas experiências, técnicas e soluções que prometem alavancar a produtividade da cultura e a eficiência das operações mecanizáveis. Para o diretor do Grupo IDEA e idealizador do evento, Dib Nunes, o resumo do seminário é o seguinte: “Não apenas reciclamos, mas também trazemos novas soluções para o setor, através de parcerias com institutos de pesquisa, como o IAC e CTC, e com fabricantes, que, juntos, apoiam nossa iniciativa e contribuem com grandes e importantes ferramentas que irão fazer o setor decolar. Além disso, procuramos disseminar informações sobre o que está acontecendo atualmente com o segmento, como a palestra que abordou a lei da balança e do enlonamento.” Paralelamente ao Seminário, foi realizada a 7ª Mostra de Máquinas e Equipamentos Agrícolas, na qual os participantes puderam conferir de perto os últimos lançamentos em máquinas e implementos de grandes fabricantes nacionais e internacionais, como DMB, Case IH, New Holland, DAF Caminhões, Herbicat, Liebherr, Valtra, Teston, Duraface, Civemasa e Sollus. Na área interna, o visitante pôde conhecer variadas soluções nos estandes da Xp³, TOTVS, Titan Pneus, Tama, GeoAgri, GranBio, Unimil e Firestone.

As Usinas Campeãs de Produtividade Agrícola da safra 2016/17 Prêmio Usinas Campeãs de Produtividade Agrícola Todos os anos, o Grupo IDEA, juntamente com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), premia as usinas que se destacaram em produtividade agrícola ao longo do ano anterior. No dia 30 de março, durante o Seminário de Mecanização, a um dia de findar, oficialmente, a safra 2016/17, 11 usinas foram premiadas e receberam o título de “Usinas Campeãs de Produtividade Agrícola - Safra 2016/17”. Ao todo, cerca de 190 unidades produtoras participaram do levantamento que respaldou a premiação, conduzida pelo diretor do Grupo IDEA, Dib Nunes, e pelo gerente comercial do CTC, Luiz Antônio Paes. Paes frisou que a produtividade alcançada pelas usinas participantes foi excelente. “A média de produtividade foi de 96 TCH, sendo que a média do Centro-Sul gira em torno de 75 TCH. Já o ATR médio dos participantes foi de 12,7 toneladas, enquanto que o do CS foi de 10,3. Esses números resultam em quase R$ 2.500 a mais por hectare.”

• Estado de São Paulo -Região de Araçatuba: Raízen – Usina Gasa -Região de São José do Rio Preto: Usina Nardini -Região de Ribeirão Preto: Usina Guaíra e Usina Santo Antônio -Região de Jaú: Usina Santa Fé -Região de Piracicaba: Usina Santa Maria -Região de Assis/Presidente Prudente: Nova América Agrícola • Estado de Goiás: Cerradinho Bioenergia • Estado do Paraná: Usina Dacalda • Estado do Mato Grosso do Sul: Usina Angélica (Grupo Adecoagro) • Estado de Minas Gerais: Usina Coruripe – Iturama • Estado de Mato Grosso: Esta região não registrou vencedor devido ao fato de que nenhuma unidade atingiu a pontuação mínima necessária de 210 pontos

19º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-açúcar

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MOTORES que agradam ao MEIO AMBIENTE

Desde janeiro de 2017, os motores das máquinas agrícolas fabricadas no Brasil, com potência igual ou superior a 75 kW, devem atender novos limites de emissão de gases poluentes 54

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O

mundo está se preocupando cada vez mais em diminuir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera. O Acordo de Paris, negociado durante a COP-21, é um exemplo dessa tendência mundial. No Brasil, o cenário não é diferente. A fim de obter novas estratégias para baixar as temperaturas terrestres, o país anunciou, em 2015, a meta de diminuir em 43% a emissão de GEE até 2030. No entanto, a busca brasileira por mecanismos e legislações que contribuam com a redução dos gases poluentes é antiga. Em 1989, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) criou o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE), que objetiva a redução e o controle da contaminação atmosférica por fontes móveis. Após 22 anos, o CONAMA publicou a Resolução 433/2011, que inclui veículos rodoviários e máquinas agrícolas ao programa. A primeira etapa desta nova fase do PROCONVE tem o nome de MAR-1 (abreviação de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias Fase 1) e, por meio de diretrizes e prazos, determina os padrões legais de emissão para esses transportes. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), essa é uma legislação similar à norte-americana Tier 3 ou à europeia Stage IIIA. Além disso, a nova lei define limites de emissões dos poluentes monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP). De acordo com a Associação, se comparada com motores não certificados ou não regulamentados, a redução da poluição de material particulado da fase MAR-1 pode chegar a 85%, e a de NOx até 75%.

CO (monóxido de carbono), 4,0 g/kWh de HC + NOx (hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio) e 0,3 g/ kWh de MP. Para tanto, é necessário que as empresas adequem os motores para a utilização de diesel com teor de enxofre reduzido. Ricardo Huhtala, diretor da AGCO Power América do Sul, acredita que o cronograma estabelecido pela legislação ambiental permitiu que os fabricantes tivessem tempo hábil para reparar os novos motores para o mercado brasileiro. De acordo com Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), o número de fabricantes e marcas que tiveram que se adequar a esta legislação ainda não é exato. “A Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas é

composta por 380 fabricantes, nem todos produzem máquinas motorizadas, mas os que produzem obrigatoriamente se prepararam”.

Mudança nos motores Para se adequar à MAR-1 e atender aos novos limites de emissões, os motores passaram por alguns ajustes técnicos. Segundo Bastos, as mudanças variam de acordo com a fabricante do motor, mas entre as mais comuns estão o controle eletrônico de injeção e a Exhcaust Gas Recirculation (EGT). A primeira diz respeito à maior pressão de injeção e à melhor precisão no fluxo de combustível. Já a segunda se refere à redução da temperatura da combustão e à formação de nitrogênio. Roberto Biasotto, gerente de Marketing de Produto da Case

Pedro Estevão Bastos, presidente da CSMIA/ ABIMAQ

Máquinas agrícolas Desde janeiro deste ano, as máquinas agrícolas fabricadas no Brasil – com potência igual ou superior a 75 kW (101 cv) até 560 kW (761 cv) – devem atender à legislação e aos novos limites de emissão da MAR-1. Os equipamentos não podem emitir mais do que 5,0 g/kWh de

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IH, destaca outra mudança que os motores receberam: o processo de redução catalítica seletiva, no qual um reagente líquido (Arla-32) é pulverizado no gás de escapamento, produzindo uma reação química no catalizador que praticamente neutraliza a geração de NOx. “Para essas adequações, na maioria dos casos, os fabricantes optam por motores eletrônicos no lugar dos motores mecânicos, que geralmente são mais eficientes, pois permitem trabalhar com rotações menores e com respostas mais rápidas na demanda de potência”, explica Biasotto. Já em relação à performance dos novos motores, espera-se um desempenho melhor, principalmente em função dos avanços incorporados pelas engenharias dos fabricantes, resultando em melhorias para o usuário. Segundo a Anfavea, os novos produtos contam com transmissões, motores, eixos motrizes e sistemas de refrigeração mais eficientes, além de mapas dos sistemas de regulagem eletrônica dos motores adequadamente calibrados para a nova tecnologia. “Em linhas gerais, o motor tende a ficar mais eficiente. Durante os processos de adequação, todos os cuidados são tomados para evitar perdas de potência”, acrescenta Biasotto.

Entenda o que mudou De acordo com a cartilha Guia Mar-1 - Tudo o que você deve saber, publicada pela Anfavea, para atender aos limites da legislação, novas tecnologias serão empregadas para as máquinas agrícolas e de construção (rodoviárias), como: • Controle Eletrônico de Injeção – é uma tecnologia comum a muitos fabricantes, que garante maior pressão de injeção e melhor precisão no fluxo de combustível; • Recirculação do Gás de Escapamento ou Exhaust Gas Recirculation (EGR), em inglês – tecnologia pela qual o gás de escapamento retorna à câmara de combustão do motor, reduzindo a temperatura da combustão e a formação de óxidos de nitrogênio (NOx). Adicionalmente, é necessário um sistema de turboalimentação mais complexo; • Redução Catalítica Seletiva ou Selective Catalityc Reduction (SCR), em inglês – nesta alternativa, um reagente líquido (o Arla-32) é pulverizado no gás de escapamento, ocorrendo uma reação química no catalisador que praticamente neutraliza a geração de NOx. Nos casos da utilização do SCR, pode haver um mecanismo de avaliação conhecido como On-Board Diagnose (OBD), que identifica a presença do Arla-32 e também registra as falhas causadas pelo não-uso do reagente. Além disso, o OBD também poderá reduzir a potência do motor no caso de falta de Arla-32, além de alertar o operador por meio de luzes indicadoras no painel. Quanto ao material particulado (MP), esse poluente é reduzido no próprio motor durante a combustão.

Custo Em função da incorporação de novas tecnologias e dispositivos, a tendência é que o custo de produção das máquinas suba. Porém, para Huhtala, a procura por redução de custos na produção de outras peças de máquinas agrícolas irá permitir que o preço seja controlado, sem impactos expressivos para o comprador. “Ao adotar melhor tecnologia relacionada ao controle de emissões, o produtor terá ganhos com a economia de combustível e a maior potência do motor”. O fato é que a questão do preço para o consumidor irá depender da política de mercado de cada fabricante. Segundo o presidente da CSMIA, não se deve esperar nenhum grande impacto nas vendas e nos preços desses equipamentos.

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Ricardo Huhtala, diretor da AGCO Power América do Sul


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Feira do

OTIMISMO Principais empresas do agronegócio levam suas mais recentes tecnologias e novidades à Agrishow 2017; neste cenário, em que a agroenergia tem espaço cativo, a expectativa é de aquecimento dos negócios edição 24 | FULL ENERGY

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O

protagonismo do agronegócio nacional frente à expectativa de retomada de crescimento econômico continuará em evidência em 2017. Segundo um levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2016/17 de grãos está estimada em 222,9 milhões de toneladas, o que representa um incremento de 19,5% em comparação com as 186,6 milhões de toneladas obtidas na safra anterior. Esse expressivo aumento na produção agrícola contribuirá para a garantia da oferta de alimentos no país e no mundo, auxiliando a economia, que poderá ter efetivas condições de manter um menor nível de inflação e de sustentar o ritmo na queda de juros, beneficiando, com isso, a sociedade e o país. Neste cenário positivo para o agronegócio nacional, será promovida a Agrishow 2017 – 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, entre os dias 1º e 5 de maio, em Ribeirão Preto (SP), uma iniciativa das principais entidades do segmento no país. “Notamos uma enorme evolução na agricultura brasileira, por meio de uma maior integração entre toda a cadeia produtiva. Em função disso, acreditamos no protagonismo do agronegócio para a recuperação da economia nacional. A Agrishow contribuiu e continua contribuindo ao apresentar o constante aprimoramento tecnológico do setor”, afirma Fábio Meirelles, presidente da Agrishow e da Faesp (Federação da Agricultura e da Pecuária do Estado de São Paulo). Em 440 mil m² de área, a feira deste ano deverá receber mais de 150 mil visitantes, do Brasil e do exterior. Ao todo, cerca de 800 marcas irão expor no evento.

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Expectativas Segundo Roberto Biasotto, gerente de Marketing de Produto da Case IH, a companhia está confiante com os resultados da Agrishow deste ano. “Estamos otimistas com a feira, para a qual levaremos nosso portfólio completo de produtos para o setor sucroenergético, que está ligado à agroenergia”, destaca. A empresa oferece um sistema completo em mecanização para este segmento, cuja principal estrela é a cana-de-açúcar. “Em agroenergia, enxergamos um potencial grande no Brasil, mas ainda pouco explorado”, afirma Biasotto. No atendimento desta área, a Case IH tem um portfólio completo de produtos, em parceria com a TMA-Dria, “para fazer todo o processo de recolhimento de palha para geração de energia. Neste segmento, não se utiliza

apenas o bagaço, mas a palha também”. Bandeira do Grupo AGCO, a Valtra também tem expectativa muito positiva para a Agrishow 2017. “A previsão de safra recorde, aliada à retomada dos investimentos, apresenta um cenário promissor para os negócios. Além disso, posso adiantar que a Valtra apresentará novidades em toda linha de produtos e lançamentos importantes ao produtor rural nesta feira agrícola”, diz Marco Antonio Gobesso, gerente de Marketing de Produtos Cana-de-Açúcar da Valtra. Ele não tem dúvidas do potencial da agroenergia no Brasil. “Trabalhamos na busca das melhores soluções para apoiar o produtor rural envolvido no setor sucroenergético. Para isso, a marca investe em inovação e pesquisa para melhorar os processos já existentes”, salienta. Roberto Biasotto, gerente de Marketing de Produto da Case IH


Enfardadoras Em agroenergia, a Valtra atua com soluções em todas as áreas. “Temos um portfólio completo de produtos para a cana-de-açúcar, mas atuamos com a mesma proposta, de atender com solução completa as outras iniciativas.” Segundo ele, a marca disponibiliza ao produtor rural uma ampla linha para fenação e biomassa, com máquinas que produzem fardos prismáticos (Challenger 2270 e Challenger 2270XD), retangulares (Challenger SB34) e redondos, de tamanho variável (Challenger RB452). “As enfardadoras são capazes de recolher qualquer tipo

de capim e palha, formando fardos com aplicações variadas, da alimentação animal e recolhimento para produção de biomassa.” Outra marca da AGCO é a Massey Ferguson, que também disponibiliza ao mercado equipamentos para agroenergia. De acordo com Marcelo Pupin, coordenador de Marketing do Produto da AGCO América do Sul, a companhia investe constantemente em melhoria de produtos e serviços para atender às demandas dos produtores rurais em toda a cadeia produtiva, e na área de agroenergia isso não seria diferente. A enfardadora MF 1745 é

uma das máquinas da empresa que atende à necessidade do produtor desta área, pois produz fardos cilíndricos, que são utilizados para biomassa. Este equipamento tem um sistema de molas e cilindros, e forma fardos compactos e homogêneos de alta densidade, podendo trabalhar com diferentes tamanhos devido ao sistema de câmara variável. A MF 1745 é dotada do motor eletrônico AGCO Power (sistema iEGR) e possui alto desempenho para equipamentos de sua categoria, com baixo consumo de combustível, perdas reduzidas, alta capacidade de processamento e baixo custo de manutenção.

Marcelo Pupin, coordenador de Marketing do Produto da AGCO América do Sul, e Marco Antonio Gobesso, gerente de Marketing de Produtos Cana-deAçúcar da Valtra

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Tecnologia e Inovação Ideias e Tendências

Energia solar avança

No Brasil, o potencial da energia que vem do sol conquista a sociedade e vira aposta de várias empresas de tecnologia 62

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É

cada vez mais evidente para a sociedade brasileira a importância e a viabilidade das fontes energéticas limpas e renováveis. Não por acaso a energia solar fotovoltaica ganhou grande evidência em novembro de 2016, quando um grupo de mulheres se organizou para visitar em Brasília o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. O objetivo era apresentar um projeto sobre a disseminação de energia solar no Brasil. A iniciativa foi

da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade e prevê a instalação de 1 milhão de painéis fotovoltaicos em escolas, edifícios públicos e empresas até 2030. No encontro, a presidente-executiva da Rede, Iêda Novais, que é membro do conselho consultivo do Grupo Omini e é sócia-diretora aposentada da KPMG Brasil, destacou que o projeto tem como prioridade o treinamento e a capacitação de mulheres para fazer a instala-


ção e a manutenção dos equipamentos voltados à produção de energia solar, incluindo mais mulheres no mercado de trabalho. “O projeto faz parte da nossa agenda positiva para o Brasil, focada em sustentabilidade e gênero”, disse. O ministro Sarney Filho acolheu o projeto de disseminação de energia solar. “É um programa social antes de ser ambiental”, disse na ocasião, citando como exemplo o projeto piloto implantado em Juazeiro (BA) em dois conjuntos residenciais do Programa Minha Casa Minha Vida, em 2012. “O semiárido tem um potencial de energia solar imenso. Existem modelos de geração de energia que geram renda para a população”, ressaltou.

Energia solar em destaque O apoio da Rede das Mulheres à energia solar está em sinergia com o potencial desta fonte energética no Brasil. Afinal, o país tem uma capacidade de geração fotovoltaica que pode “revolucionar” sua matriz energética. O Brasil está entre os melhores países no quesito de condições para geração de energia fotovoltaica. “Nosso pior índice de radiação é 28% superior ao melhor índice da Alemanha, país modelo no segmento de geração de energia solar fotovoltaica”, diz Marcos Tes-

toni, analista de Vendas e de Comércio Exterior da Erzeg. Segundo ele, o país é privilegiado por possuir, além de uma ótima condição climática, uma das maiores jazidas de silício do mundo (minério utilizado como matéria-prima para produção das células fotovoltaicas). “Nos últimos dois anos, a geração de energia solar cresceu 70% e estima-se que até 2030 cerca de 10% de nossa matriz energética será de geração fotovoltaica.” “Estamos em um país tropical, com grande incidência solar

o ano inteiro. Mas questões de tecnologia, tributação e crédito ainda são barreiras que devem ser superadas”, sublinha Iêda. Testoni reforça alguns entraves para o avanço da energia solar fotovoltaica no país. O primeiro é a necessidade de mudança na carga tributária, que ainda dificulta a viabilidade econômica referente ao retorno de investimento. Além disso, são prementes a implementação de políticas públicas de incentivo ao setor, com crédito a juros baixos. “Enfim, o setor precisa

Reunião da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade

Rede de Mulheres A Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade é uma iniciativa que atrai e mobiliza mulheres em posições de liderança interessadas nas questões de sustentabilidade e que atuam em instituições públicas, empresas privadas, organizações governamentais, não governamentais e multilaterais. Composta por 400 mulheres que trabalham de forma colaborativa e voluntária, a Rede opera com o apoio do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e conta com inúmeras parcerias. A Rede de Mulheres é uma articulação que teve início no Ministério do Meio Ambiente, a partir da perspectiva de realização, no Brasil, da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em 2012. Já o projeto “Um Milhão de Painéis Solares até 2030” foi lançado pela Rede em 2015, na Conferência do Clima em Paris (COP 21).

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Tecnologia e Inovação Ideias e Tendências

de vontade política para fazer acontecer. Outro agravante é a falta de profissionais para a instalação dos sistemas e, por isso, vemos muitos ‘profissionais’ inabilitados executando esta tarefa”, afirma. O Brasil tem uma insolação maravilhosa, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste, que são os maiores pontos de consumo do país, de acordo com João Paulo Gualberto da Silva, diretor de Novas Energias (solar, eólica e smart grid) da WEG. Segundo ele, uma usina solar fotovoltaica (com capacidade de 30 a 100 MW) chega a competir com a fonte eólica no país. O Brasil contratou 3 GW de energia solar produzida por usinas desde 2014. “Tivemos um grande sucesso, principalmente pelos preços dos últimos leilões, mas a energia solar ainda precisa de preços mais altos que outras fontes.” Know-how em energia solar Em 30 anos no segmento de geração hídrica, a Erzeg está presente em mais de 20% das hidrelétricas no Brasil. Já no mercado de geração fotovoltaica, projeta estar presente em mais 25% dos parques solares, fornecendo inversores, módulos fotovoltaicos, projetos, softwares de monitoramento, dentre outros produtos. Para consolidar sua atuação nesse mercado, a empresa in64

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Kit fotovoltaico da Erzeg

gressou no segmento de usinas solares fabricando inversores de 1 MW a 3,9 MW de potência, passando a desenvolver projetos completos (turn-key) de sistemas de 1 MW e fechando o ciclo com sistemas de geração para indústrias, comércios e pacotes residenciais. “A Erzeg já provou para o mercado que detém experiência para atuar no segmento de energia solar. Prova disto são as usinas fotovoltaicas de 1 MW localizadas em Itajaí, SC, e outra em Schroeder, SC, de 50 kW, além de projetos residenciais de 3 kW”, relata Testoni. E a empresa já tem engatilhadas algumas novidades. Segundo ele, além dos inversores de potências altas (1 MW a 3,9 MW), está desenvolvendo modelos que atendem aos sistemas residenciais, comerciais e industriais, que são homologados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Também está desenvolvendo softwares para monitorar a geração atra-

vés de smartphones e tablets. “Assim o cliente poderá acompanhar sua geração de energia em qualquer lugar através do armazenamento em nuvem. Outra novidade é nossa linha de módulos fotovoltaicos, que são os mais eficientes e econômicos do mercado”, diz. Atenta à alta demanda do mercado de energia fotovoltaica, a Erzeg adotou uma estratégia de posicionamento de mercado bem clara. “Primeiramente decidimos começar a atuar em nossa região [Estado de Santa Catarina] para, posteriormente, podermos expandir a outros estados.” Como se trata de uma nova tecnologia e uma novidade em geração, existe muita especulação na área. Segundo Testoni, isso causa um certo atraso no retorno das informações por conta da complexidade de cada sistema, pois existem muitas variáveis a se levar em consideração ao se oferecer uma proposta completa a um cliente.


Negócio que mais cresce Em 2016, a WEG fechou um negócio de 90 MW para executar uma usina de energia solar no Nordeste dentro do modelo chave-na-mão (turn-key). “Esta é uma nova área de atuação da empresa dentro do mercado de energia solar: o EPC chave-na-mão. A WEG é a maior companhia brasileira a entregar um negócio de energia solar nesse sistema”, relata Silva. Além do projeto chave-na-mão, a WEG tem outro grande produto para o segmento solar: os Eletrocentros – um container que tem inversores e uma série de controladores, que transformam a energia de contínua para alternada. Outra área de atuação da WEG neste mercado é a de geração distribuída. “Este é um segmento em que a empresa está tendo bastante sucesso, com a distribuição de componentes para integradores, espalhados por várias cidades do país.” Segundo Silva, integradores são os profissionais capacitados para fazer visita técnica à residência dos interessados em adquirir os equipamentos de energia solar, além de efetuarem a venda. A WEG já treinou mais de 200 integradores. “Nas mais diferentes localidades do país, o profissional faz o curso para comercializar equipamentos solares e ser um instalador autorizado da empresa”, diz Silva,

Empresas brasileiras desenvolvem produtos específicos para o mercado de energia solar

destacando que este é o negócio que mais cresce para a WEG. Segundo ele, esse mercado tende a avançar ainda mais. “Com a queda brutal do preço do módulo solar fotovoltaico, especialmente a geração distribuída vai se beneficiar no país.” Crescimento que tenderá a ser maior ainda caso surjam ferramentas que facilitem o financiamento

dos equipamentos nesta área. Atualmente, a companhia está instalando, depois de vencer uma licitação, sistemas de energia solar em 80 agências da Caixa Econômica Federal situadas em São Paulo e no Ceará. “Para isso, estamos utilizando os próprios integradores, treinados pela empresa, para fazerem a instalação.”

João Paulo Gualberto da Silva, diretor de Novas Energias na WEG

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Estratégia

Aliança pelo México

Siemens e governo mexicano fecham acordo para impulsionar a produção de óleo e gás

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quase mil quilômetros da capital mexicana está a Ciudad del Carmen, no Estado de Campeche. É lá o ponto de partida da viagem da Full Energy ao país que, hoje, sente os reflexos da crise mundial do petróleo. A cidade, que antes era um emblema do poderio energético do país no Golfo do México, hoje vive sérios problemas de desemprego. Símbolo do nacionalismo estatal mexicano, a Petróleos Mexicanos (Pemex) chegou a suspender trabalhos de exploração e perfuração de novos poços, impactando diretamente na vida da cidade de pouco mais de 150 mil habitantes. Foi lá que a Full Energy visitou a AKAL-G, uma das inúmeras plataformas da Pemex em meio ao Golfo do México. Em cada ponto do horizonte era possível avistar outras tantas unidades de produção petrolífera. Os trabalhadores vivem metade

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do mês nas plataformas, e a outra metade em terra. Mesmo enfrentando tempos difíceis, a visita mostrou que a Pemex está buscando soluções para driblar a crise. Este fôlego muito se deve à reforma do setor de energia do México que, agora, permite o investimento privado. Na esteira desta fase de mudanças, a Siemens e o governo mexicano assinaram um acordo que prevê diversos projetos para os próximos dez anos em diferentes segmentos, incluindo o de óleo e gás. O anúncio foi feito na capital do país - Ciudad del México -,

na sede da companhia alemã, com a presença do CEO da Siemens, Joe Kaeser; do secretário de Economia do México, Idelfonso Villarreal; entre outras autoridades. A empresa vai investir, no curto prazo, US$ 200 milhões com o intuito de impulsionar projetos de novas tecnologias, digitalização da indústria e modernização da gestão do setor energético, com destaque para a área de óleo e gás. Com isso, a Siemens, que está há 120 anos no país, passa a ser uma das maiores fornecedoras de equipamentos e serviços para o setor de petróleo


do México. A reforma energética implementada pelo governo de Enrique Peña Nieto visa aumentar o volume de óleo produzido a partir da exploração do óleo em águas profundas. O México produz atualmente 2,2 milhões de b/dia de petróleo a partir de 256 plataformas fixas instaladas em águas rasas. São, ao todo, 405 campos, com mais de 800 poços. Em entrevista exclusiva para a Full Energy, Joe Kaeser enfatizou que o novo acordo inclui também a abertura de novas plantas, a geração de cerca de mil empregos e o aumento de 20% de conteúdo local dos produtos fabricados. Atualmente, a Siemens tem cerca de 2 mil fornecedores em todo o país que respondem a 50% do conteúdo nacional, patamar que a empresa almeja elevar para 70% nos próximos anos. Além disso, a companhia contribui com 23% da geração de energia no México.

A Era Trump Como não poderia deixar de ser, o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também pautou as perguntas dos jornalistas aos executivos da empresa. “Já tivemos uma experiência com muros e isso não foi nada bom, para ambos os lados. Temos que investir em diálogo, e não em segregação”, disse Joe Kaeser aos jornalistas presentes durante o evento. “O México pode contar com a Siemens”, ressaltou o CEO. O país vive em estado de pressão desde o começo do

governo Trump. Isso porque o presidente norte-americano culpa o México de atrair empresas yankees, tirando, assim, postos de trabalho e investimentos dos Estados Unidos. Foi o que aconteceu com a Ford no começo deste ano. A montadora cedeu às pressões de Trump e anunciou o cancelamento de investimentos da ordem de US$ 1,6 bilhão na construção de uma nova fábrica no México. Em comunicado, a empresa automobilística explicou as razões para tal medida: “as condições atuais do mercado de automóveis e a eleição de Trump”.

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Baixe o aplicativo Zappar e assista as entrevistas realizadas na Ciudad del Mexico (saiba mais na página 15)

Estratégia

Na contramão, o CEO da Siemens afirmou: “A Siemens trabalha com o México e para o México”. Na entrevista para a Full Energy, Kaeser também falou sobre o mercado na América Latina: “Não apenas o México, mas também o Brasil e a Argentina. Temos milhares de pessoas que precisam de infraestrutura, energia e industrialização de sua economia. Essas regiões são muito interessantes para nós desenvolvermos conjuntamente a economia”. Louise Goeser, chefe da Siemens para o México, res68

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saltou também o grande potencial do país. “Estamos falando de um dos mercados mais interessantes, competitivos e com enorme potencial de crescimento.” José M. Aparicio, VP Power & Gas Latin America da Siemens, enfatizou no evento a importância do diálogo para o crescimento do país. “É preciso buscar o diálogo e, assim, trazer soluções sobre como colaborar com o desenvolvimento do país em questões como geração de energia, em mobilidade, além de investir em fábricas que produzem localmente.”

“Este é um importante passo e exemplo para que isso possa se repetir em outros países”, disse Alexandro Debler Berentsen, diretor de Oil & Gas da Siemens. Por fim, Alejandro Preinfalk, VP Energy Management da Siemens, disse que a Aliança pelo México é uma grande oportunidade, mostrando assim o “comprometimento que temos com o México e fazendo desta aliança o desenvolvimento futuro. Nosso comprometimento é continuar no país”. *A Revista Full Energy viajou a convite da Siemens

A Siemens e o governo mexicano assinaram um acordo que prevê diversos projetos para os próximos dez anos em diferentes segmentos, incluindo o de óleo e gás


Tecnologia e Inovação

ENERSOLAR + Brasil 2017: evento apresenta alternativas renováveis e limpas Com entrada gratuita para profissionais do setor, a 6ª Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar será realizada de 23 a 25 de maio de 2017, em São Paulo

Informe Publicitário

A

6ª edição promete ser mais um sucesso de público e negócios. Com entrada gratuita para profissionais do setor, a organização do evento estima a participação de cerca de 80 expositores dos segmentos de aquecedores solares, placas termosolares, painéis fotovoltaicos, aerogeradores, inversores, máquinas para transporte e manuseio de biomassa, caldeiras e queimadores, entre outros, e espera receber cerca de 12 mil visitantes. O evento, organizado pela Cipa Fiera Milano, se destaca pela diversidade de produtos, lançamentos e oportunidade de negócios oferecidos ao mercado, além do 7º Congresso de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia | Ecoenergy, que trará programação com conteúdo de alto nível e palestras promovendo importantes debates entre empresários, pesquisadores, representantes do governo, entidades e associações do setor. Entre as atrações que acontecem simultaneamente à 6ª EnerSolar + Brasil estão a 20ª Exposec, principal evento de segurança eletrônica, privada, pessoal, patrimonial e empresarial da América Latina e a 4ª TecnoMultimedia InfoComm Brasil, direcionada a indústria de áudio, vídeo, iluminação e sistemas integrados. As feiras fazem parte do portfólio da Cipa Fie-

ra Milano, filial brasileira da Fiera Milano, líder de mercado de feiras e congressos, tanto em número de visitantes e expositores, quanto na excelência das exposições. Com escritórios ao redor do mundo, possui um portfólio que se destaca das demais promotoras de feiras em termos de gama de setores econômicos representados e qualidade dos eventos.

No Brasil, a Cipa Fiera Milano realiza 13 feiras, englobando 11 setores da economia, além de ser responsável pela publicação de revistas segmentadas na América Latina. Fundada em 1977, a Cipa foi adquirida pela Fiera Milano em 2011, tornando-se a filial brasileira de uma das empresas líderes mundiais de feiras e congressos do mundo.

Serviço 6ª EnerSolar + Brasil | Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar Data: 23 a 25 de maio de 2017, das 13h às 20h Local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center Endereço: Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 – São Paulo – SP – Brasil Transporte gratuito: Rua Nelson Fernandes, 450 – Acesso pelo Terminal Rodoviário Jabaquara * Evento gratuito para profissionais do setor Mais informações: www.enersolarbrasil.com.br

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artigo Cristopher Vlavianos,

graduado em Economia pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e presidente da Comerc Energia

Janela de oportunidade

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este início de 2017, ainda ecoa o quebrar da mais recente onda de migração de consumidores para o mercado livre de energia. Em 2016, o segmento viveu um verdadeiro boom, fechando o ano com mais de 2.300 adesões no período, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. O volume de migrações foi 25 vezes maior do que o observado em 2015. O movimento foi estimulado por uma conjunção de fatores favoráveis. As tarifas cativas estavam altas, refletindo o realismo tarifário adotado desde o início de 2015. Antes disso, elas vinham sendo represadas desde a Medida Provisória 579, que determinou uma redução de 20% em 2012, a des-

peito da situação dos reservatórios, que começava a se agravar. Foi um sinal inverso para o consumidor cativo. O realismo já vigora nos últimos dois anos para reverter o rombo nas contas do Tesouro Nacional, que vinha subsidiando a redução nas tarifas. Ao mesmo tempo, o mercado livre ofereceu preços atrativos, abrindo uma janela de oportunidade para os consumidores elegíveis à migração. As tendências do último ano devem continuar, em certa medida, em 2017. Nestes primeiros meses, ainda devemos ter um ambiente propício para a entrada de novos consumidores no mercado livre. Essa oportunidade é especialmente interessante nas regiões onde as distribuidoras têm as tarifas mais altas.

Neste momento, as empresas atendidas pela Celpa (Pará), Ampla (Rio de Janeiro), Cemat (Mato Grosso), Energisa Tocatins e pela CPFL Paulista conseguem ter os benefícios econômicos mais expressivos com a migração. Mas uma previsão mais precisa de tendência de preços ao longo do ano está atrelada ao comportamento do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Esse indicador varia em função do ritmo de consumo de energia e do volume de chuvas nas cabeceiras das principais bacias hidrográficas que desaguam nos reservatórios. Em um contexto de crise econômica, a tendência é de baixa no consumo de energia. Já para conhecer o volume de vazões que chegará aos reservatórios, é necessário

UMA PREVISÃO MAIS PRECISA DE TENDÊNCIA DE PREÇOS AO LONGO DO ANO ESTÁ ATRELADA AO COMPORTAMENTO DO NÍVEL DOS RESERVATÓRIOS DAS USINAS HIDRELÉTRICAS. ESSE INDICADOR VARIA EM FUNÇÃO DO RITMO DE CONSUMO DE ENERGIA E DO VOLUME DE CHUVAS”.

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aguardar o fim do período chuvoso, que costuma ocorrer entre março e abril, dependendo da região do país. O nível dos reservatórios é uma das principais variáveis consideradas no cálculo do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que serve de referência para os preços de curto, médio e longo prazo no mercado livre. É bom lembrar que, quem já foi para o mercado livre, está blindado contra a volatilidade dos preços no mercado cativo. O preço fechado em contratos de médio e longo prazo só é atualizado uma vez por ano, de acordo com o índice de reajuste previamente definido. O consumidor livre não está, portanto, sujeito às variações de bandeiras amarelas e vermelhas acionadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) ao longo do ano, independentemente do cenário hidrológico. No mercado livre, também não há as incertezas do reajuste das tarifas cativas das distribuidoras, que têm em seu portfólio entre 15% e 30% de energia de usinas térmicas – com custo alto e despacho incerto – e em

torno de 20% de energia de Itaipu em dólar, o que deixa as tarifas vinculadas às oscilações cambiais. No âmbito regulatório, algumas novidades têm origem na Lei 13.360/2016, aprovada no dia 18 de novembro de 2016, cujos efeitos devem começar a ser sentidos de fato em 2017. Uma alteração de grande impacto trazida pela lei é a permissão para que as distribuidoras comercializem com consumidores livres eventuais excessos de energia contratada. Com a desaceleração econômica, o consumo despencou, causando sobras contratuais de energia no portfólio das distribuidoras. A comercialização desses montantes, que ainda depende de regulamentação da ANEEL, deve colaborar com o aumento da liquidez no mercado, além de aumentar a oferta no mercado livre. É relevante notar, ainda, que os consumidores buscam no mercado livre outros benefícios além da economia, todos relevantes para o ano que se inicia. Um deles é a previsibilidade no orçamento, já que o

preço da energia será sempre o mesmo durante toda a vigência do contrato. Em 2017, ano em que as empresas ainda sentem os efeitos de uma das maiores recessões da história, essa oportunidade de planejar com cuidado os gastos com energia é especialmente importante. Outro benefício cada vez mais procurado é a liberdade de escolher a fonte de energia a ser contratada. O consumidor livre pode optar por fontes convencionais ou pelas renováveis incentivadas pelo governo, como eólica, biomassa e solar, entre outras. A contratação dessas fontes evita a emissão de gases poluentes na atmosfera, colaborando para a preservação do meio ambiente. Essa característica atende as empresas na busca por sustentabilidade em seus processos produtivos, uma diretriz comum principalmente nas multinacionais. Com todas essas possibilidades, o ano de 2017 pode se configurar como mais uma janela de oportunidade para novos consumidores no mercado livre.

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Líderes e Práticas

10 anos do Grupo Mídia: uma história de muita energia

Edmilson Jr. Caparelli, CEO do Grupo Mídia

Com mais de 10 marcas em seu portfólio, Grupo Mídia completa dez anos ampliando sua atuação em publicações e eventos empresariais

F

undado há exatamente 10 anos, em Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo, o Grupo Mídia (GM) conquista cada vez mais destaque no mercado editorial brasileiro, com publicação especializadas para os segmentos de Saúde, Energia, Bem-estar. Uma das primeiras investidas do GM foi a Fornecedores Municipais, publicação direcionada para governos municipais. A revista permaneceu no mercado por cinco anos e foi com essa expertise que o GM começou a ganhar novos mercados. Entre tais nichos está a comunidade da Saúde com a revista Guia Hospitalar. A publicação cresceu e com ela

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a importância de reformular a revista que passaria a ser mais que um catálogo. Guia Hospitalar passou a ser Healthcare Brazil, publicação com conteúdo sobre negócios e gestão hospitalar. Mas as mudanças não pararam por aí. Com a proposta de conversar com todos do segmento, a Healthcare Brazil, a partir de 2010, passa a ser Healthcare Management, publicação que envolve conteúdos não somente para

gestores hospitalares, como também para operadoras e planos de saúde, indústria, empresas e demais influenciadores do mercado. Posteriormente, para atender segmentos específicos dentro da Saúde, foram criadas as revistas HealthARQ, sobre arquitetura e engenharia na Saúde; e Health-IT, que traz notícias sobre tecnologia neste setor; ambas são as únicas do Brasil com este conteúdo especializado.


Baixe o aplicativo Zappar e assista aos vídeos do Grupo Mídia (saiba mais na página 15)

100 Mais Influentes da Saúde Por que não homenagear as pessoas que, de fato, fazem a Saúde acontecer no país? Foi assim que nasceu o “100 Mais Influentes da Saúde”, uma homenagem a gestores, executivos, pesquisadores e empresários do setor. A primeira edição aconteceu em 2013, no próprio stand do Grupo Mídia, na Feira Hospitalar. Nos anos seguintes, a premiação passou a ser realizada no auditório principal da Feira Hospitalar no último dia da feira. O “Oscar da Saúde”, como ficou conhecido o prêmio, mudou de formato a partir de 2017. Pelo tamanho e pela importância que o evento atingiu, a premiação passa a acontecer em um jantar de gala oferecido para os ganhadores na capital paulista. A premiação foi o pontapé para a atuação do GM em eventos. Tanto que em 2014 o Grupo realizou três eventos para a Saúde: Fórum + Prêmio HealthARQ e Fórum Healthcare Business e Excelência da Saúde, que além de palestras e debates específicos, também homenagearam cases de sucesso e personalidades do setor. Em 2015, outro evento passou a fazer parte da agenda do GM: Fórum+Prêmio Health-IT. Estes são apenas alguns dos grandes eventos promovidos pela empresa.

Energia Já consolidado na área da Saúde, o GM começou a investir em outros setores a fim de expandir sua atuação. Exemplo disso é a nova unidade de negócios: Energia. O carro-chefe é a revista Full Energy, especializada em gestão no setor. A unidade de Energia também investiu em eventos, realizando, em 2016, o I Fórum Full Energy e o prêmio “100 Mais Influentes da Energia”. O evento, em São Paulo, reuniu nomes importantes como Mark Lira, presidente da Cosan Biomassa; Marcos Meireles, CEO da Rio Energy; Rodrigo Lopes Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR; Alexandre Reis, diretor da SEW Eurodrive Brasil; entre outros. Atualmente, outros projetos voltados à área de Energia estão sendo desenvolvidos. “O GM foi arrojado ao incluir no seu plano estratégico o setor de energia. A empresa criou a revista Full Energy, uma publica-

ção que inova ao não levar apenas informações e análises sobre este segmento, que é estratégico para o país, mas também oferecer ao leitor um conteúdo voltado a gestão e negócios em energia”, salienta o jornalista Clivonei Roberto, editor da Full Energy. Já na unidade de Lifestyles, o principal veículo do GM em Ribeirão Preto – sede da empresa - é a revista Realiza Premium, que passou por mudanças desde a sua aquisição, em 2016. No final do ano passado, a Realiza passou a se chamar Realiza Premium. A nova proposta é tornar a publicação temática, com um assunto específico para cada edição, sempre voltado para um público exigente e premium.

Novidades para 2017 Para este ano, o GM está com novos projetos à vista. Entre eles está a volta da revista Fornecedores Municipais. Contudo, a antiga revista passará a ser um encarte dentro da nova revista Municípios do Brasil, publicação voltada para a gestão pública do país, entre outras publicações, desenvolvidas dentro do departamento de projetos customizados do GM. Há muito o que se celebrar pelos 10 anos de conquistas do GM. Mas como o tempo não pode parar, a equipe do Grupo Mídia já está a todo vapor escrevendo os próximos capítulos dessa linda história, de uma empresa ascendente no mercado editorial brasileiro.

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Uma fusão entre teoria, prática e dedicação

Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, fala sobre sua trajetória profissional, seu trabalho à frente da Associação e as oportunidades e desafios para consolidar a fonte solar fotovoltaica no Brasil

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Foto: Willian Dias/ALMG

Perfil


A

energia é um dos recursos mais f u nda menta is para o desenvolvimento da humanidade. Com o passar dos séculos, as sociedades vêm aprimorando a exploração das diferentes fontes energéticas. Por isso, fica cada vez mais evidente que o uso da energia precisa ser condizente não apenas com as necessidades econômicas dos indivíduos, mas também com a sustentabilidade do planeta. “Este é um debate fascinante”, admite Rodrigo Sauaia, que se apaixonou por esta área do conhecimento desde os tempos de graduação, quando cursou Bacharelado e Licenciatura em Química, na Universidade de São Paulo (USP). Nos cursos, começou a estudar a relação entre as sociedades, seus indivíduos e as diferentes formas de aproveitamento da energia. “Desse ambiente, veio meu primeiro brilho de interesse pela tecnologia de conversão da energia do sol em energia elétrica. Ao concluir a graduação com dois diplomas, Sauaia foi condecorado com a Medalha Lavoisier de Melhor Aluno, concedida pelo Instituto de Química da USP e Conselho Regional de Química - IV Região. Sauaia buscou o conhecimento e a experiência internacional europeias em energias renováveis. Fez Mestrado Científico pelo programa intereuropeu “European Master in Renewable Energy”, com passagens na Loughborough Uni-

versity e Northumbria University, ambas no Reino Unido, e pesquisas no Swiss Federal Institute of Technology (ETH Zürich), na Suíça, quando ampliou seus estudos às principais fontes renováveis. “Naquele contexto, identifiquei na energia solar fotovoltaica uma tecnologia elegante e versátil, que estava em fase de forte expansão na Europa.” Depois de concluir o Mestrado com distinção acadêmica, foi convidado a continuar na Europa. Recebeu quatro propostas, inclusive uma para permanecer na Suíça como pesquisador e fazer Doutorado. Também foi chamado para lecionar em energias renováveis na Espanha, para aprofundar os estudos na Alemanha e para participar de um programa de treinamento de lideranças em Portugal. “Decidi recusar as propostas e voltar ao Brasil em 2009. Queria estar perto do desenvolvimento do mercado brasileiro de energia solar fotovoltaica.” De volta à terra natal, obteve o reconhecimento do diploma

europeu de Mestre em Engenharia pela Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e deu sequência à sua especialização em energia solar fotovoltaica por meio de um Doutorado. Encontrou na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) um ambiente para se aprofundar na principal tecnologia da fonte: migrou para o silício cristalino, presente em mais de 90% dos sistemas solares fotovoltaicos do planeta, pesquisando a fabricação de células fotovoltaicas de alta performance com uso de processamento a laser. Sauaia buscou o apoio de seus orientadores brasileiros e se candidatou a um programa de pesquisa na Alemanha, onde fez parte do doutorado. “Fui contemplado com uma bolsa de cooperação internacional Capes/DAAD/CNPq, junto ao Fraunhofer-Institut für Solare Energiesysteme (Fraunhofer ISE), um instituto de pesquisa que é uma das “Mecas” internacionais em energia solar fotovoltaica.”

Rodrigo Sauiaia fala sobre energia solar em um evento em Goiás

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Perfil

Liderança institucional Sauaia atua no setor desde uma época em que ainda não existia uma associação específica para representar empresas e profissionais da fonte solar fotovoltaica. Também inexistia massa crítica relevante no país em empresas e negócios deste segmento. “Era um momento de grandes oportunidades, muita motivação e empenho, mas de poucas perspectivas no curto prazo.” Sempre acompanhou de perto a fonte solar fotovoltaica no Brasil e no mundo. Propôs inúmeras sugestões e recomendações baseadas em melhores práticas internacionais adaptadas à realidade brasileira, além de trocar experiências com outras entidades e especialistas da área. Esta atuação em prol da fonte foi mantida mesmo quando esteve pesquisando na Alemanha. “O trabalho era intenso, e foi gratificante ver a Resolução Normativa nº 482/2012 sair das consultas e audiências na ANEEL para se tornar realidade. Foi um marco histórico para o país.” De volta ao Brasil, enquanto redigia sua tese de doutorado, concluída com honras pela PUC-RS, Sauaia atuou como consultor especialista convidado e coordenou a Força-Tarefa de Tributação do Grupo Setorial Fotovoltaico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), entidade que reunia o setor até então. Muitos empresários entendiam que era necessária a estruturação de uma entidade específica para representar o setor solar fotovoltaico brasileiro, o que motivou a fundação da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). A associação foi fundada oficialmente em 2013. “Tenho muito orgulho de ter sido um dos nove fundadores da entidade. Tenho estado à frente da ABSOLAR desde então, primeiro como diretor-executivo e agora como presidente-executivo.” No âmbito internacional e à frente da ABSOLAR, Sauaia também participou da fundação de outra entidade referência para o setor solar fotovoltaico: o Global Solar Council (GSC), uma entidade multilateral internacional que representa atualmente entidades de 40 países.

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À frente da ABSOLAR, o ritmo de trabalho de Sauaia é intenso. A rotina inclui viagens no Brasil e no mundo para participação em audiências públicas, debates, eventos e reuniões estratégicos ao setor etc. Somente em 2016, representou a ABSOLAR em 15 Estados brasileiros e oito países estrangeiros. “Na Associação, é a dedicação e o trabalho do nosso time e dos associados que nos fazem atingir os objetivos. São inúmeras empresas e profissionais apaixonados pelo setor.”

Um idealista Aos 33 anos de idade, Sauaia é hoje uma referência no setor solar fotovoltaico brasileiro, com atuação que resultou em reconhecimentos como a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, o Recharge News Thought Leader Awards, entre outros, tendo sido eleito uma das 100 personalidades mais influentes do setor de Energia, em 2016, pelo Grupo Mídia e Revista Full Energy. Um executivo de perfil jovem e dinâmico, com facilidade de comunicar suas ideias e dialogar com autoridades e que trabalha com uma abordagem construtiva e propositiva. Para ele, o fato de ser um executivo com

perfil jovem não representa um obstáculo para a sua atuação no setor elétrico brasileiro. “Busco trazer uma oxigenação de ideias e conceitos em minha atuação, com propostas alinhadas às medidas que têm trazido resultados práticos e objetivos para a fonte, no país e no mundo.” Para Sauaia, não existe fórmula mágica para o sucesso. Uma trajetória bem-sucedida passa por muito estudo e trabalho, com afinco e dedicação, acompanhados de uma pitada de sorte. “Ninguém se desenvolve sozinho, fechado em suas próprias ideias. O aperfeiçoamento pessoal e profissional passa pelo aprendizado.” O que alimenta a sua motivação são os propósitos que estabelece ao longo da vida: “Diria que tenho um pouco de idealismo no coração. Busco contribuir para a construção de um país melhor nas esferas social, econômica e ambiental, tendo o desenvolvimento sustentável como pilar e a energia solar fotovoltaica como ferramenta estratégica.” Este sentimento de contribuir com um Brasil melhor o levou a não optar por construir uma carreira fora do país. “Espero que, com o trabalho que desenvolvemos – junto à equipe da ABSOLAR e ao lado de nossos associados –, possamos contribuir com o desenvolvimento do país e a melhoria da sociedade.”


Para ele, o Brasil ainda está em fase emergente na aplicação da energia solar fotovoltaica. Apesar disso, acredita que nos últimos anos o país deu passos importantes, embora afirme que “ainda estamos em trajetória de desenvolvimento e longe de nosso real potencial”. Ritmo acelerado Nos últimos três anos e meio, Sauaia empenhou boa parte da sua energia e tempo aos trabalhos da ABSOLAR. Apesar disso, não considera que isso tenha representado um fardo, uma vez que se dedicou àquilo que é sua paixão. “Trabalhar pela consolidação da fonte solar fotovoltaica no Brasil é desafiador, pois estamos construindo este setor praticamente do zero.” No entanto, relata que não é fácil balancear a correria da profissão com a vida pessoal. “Faço um esforço consciente para buscar o equilíbrio.” Embora seja bastante reservado no aspecto pessoal, Sauaia gosta muito de viajar e conhecer outras culturas. Fala fluentemente quatro idiomas: português, inglês, espanhol e alemão, e busca tempo na agenda atribulada para aprender um quinto, o francês. Com ascendência libanesa e portuguesa, Sauaia é filho de um engenheiro eletrônico e professor universitário livre docente e de uma psicóloga.

Ele gosta da pujança e da diversidade de sua cidade natal, São Paulo, principalmente por conta da gastronomia e cultura. “Adoro a variedade de sabores, aromas, imagens e sons que a cidade proporciona”. Mas, sempre que pode, foge do concreto e do cinza da capital paulista em busca do contato com a natureza. Para ele, duas dicas nacionais imperdíveis são Fernando de Noronha e Monte Verde. Sauaia também aprecia diferentes estilos musicais, como música clássica, jazz, blues, MPB e samba de raiz. “Passei a valorizar mais os ritmos brasileiros em especial depois de morar por anos fora do país.” Dentre seus hobbies, desta-

cam-se os jogos de tabuleiro e cartas com os amigos, a leitura e o arqueirismo (tiro com arco). “Aprendi o tiro com arco no Reino Unido. É um esporte que exige concentração, precisão, preparo físico, controle da respiração e consciência emocional.” Também fez parte do time de xadrez do Instituto de Química, da USP, competindo em jogos esportivos da Universidade. Sauaia já gostava de desafiar os colegas para uma rodada ao tabuleiro desde os tempos de colégio. “Algumas coisas em especial me atraem no jogo, que não depende da sorte. É um jogo de habilidade intelectual, estratégia, controle emocional e conhecimento técnico.”

Bate-papo com Rodrigo Sauaia Cargo: Presidente-Executivo da ABSOLAR Cidade Natal: São Paulo (SP) Idade: 33 anos Hobbies: música, jogos de tabuleiro e cartas com os amigos, leitura e arqueirismo (tiro com arco) Dicas de viagem: Fernando de Noronha, PE (para quem gosta de praia) e Monte Verde, MG (para quem gosta de montanha) Projeto de vida: “Diria que tenho um pouco de idealismo no coração: busco contribuir para a construção de um país melhor nas esferas social, econômica e ambiental, tendo o desenvolvimento sustentável como pilar e a energia solar fotovoltaica como ferramenta estratégica.”

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Ponto Final

Etanol de milho no Brasil “Esperamos que daqui a uns cinco anos a produção de etanol de milho no Brasil esteja na faixa entre 700 a 800 milhões de litros” 78

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O

s Estados Unidos são, atualmente, os maiores produtores de etanol do mundo. Mas a matéria-prima que os norte-americanos utilizam para a produção do combustível não é a cana-de-açúcar, como acontece no Brasil, e sim o milho. Os yankees ultrapassaram os brasileiros nesse ranking depois de adotarem políticas públicas bem definidas e de investimentos em tecnologia.

A produção dos EUA, em 2016, ultrapassou os 50 bilhões de litros de etanol, embora essa agroindústria esteja atualmente em atrito com o novo presidente do país, Donald Trump. No Brasil, a previsão é que a produção de etanol de milho cresça progressivamente durante as próximas safras. Segundo Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, na safra 2015/16 foram produzidos 144 milhões de


litros, e na 2016/17, 205 milhões de litros. “Já para o ciclo 2017/18 estamos prevendo 270 milhões de litros.” Nastari salienta que a produção está em crescimento contínuo, basicamente nas regiões do país em que o milho é mais barato, como no Estado do Mato Grosso. “Nestas regiões, o etanol de milho fica mais competitivo, em especial quando esse combustível é produzido e convertido em etanol

usando bagaço de cana em unidades produtoras anexas a usinas de cana-de-açúcar.” Ele explica que a produção de etanol de milho no Brasil tende a crescer dentro de determinados limites regionais. “Esperamos que daqui a uns cinco anos a produção de etanol de milho no Brasil esteja na faixa entre 700 a 800 milhões de litros.” Atualmente, o Brasil tem cinco unidades produtoras de eta-

nol a partir do cereal, sendo três usinas flex (que produzem etanol de cana e etanol de milho). Produtores de cana e usinas sucroenergéticas de outras regiões do país podem aderir à produção de etanol de milho nos próximos anos, inclusive além da fronteira do Estado do Mato Grosso, especialmente em Estados em que o milho tende a ser competitivo, como Goiás, Mato Grosso do Sul e Triângulo Mineiro.

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Eventos 2017 Abril 13º Sugar & Ethanol Brazil - FO Litch Local: Tiveli Mofarrej, São Paulo, SP Data: 24 a 26 de abril Informações: informagroup.com.br/sugar/pt

Maio Offshore Technology Conference Local: Houston, Estados Unidos Data: 1 a 4 de maio Informações: 2017.otcnet.org

24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação – Agrishow Local: Ribeirão Preto, SP Data: 1º a 5 de maio Informações: agrishow.com.br

XI ISO Datagro Nova York – Sugar & Ethanol Local: Nova York, Estados Unidos Data: 10 de maio Informações: isodatagroconferences.com/

Expo Solar – II Feira Internacional de Energia Solar Local: São Paulo Data: 17 a 19 de maio Informações: exposolarbrasil.com.br/ EnerSolar Brasil + Brasil Local: São Paulo, SP Data: 23 a 25 de maio Informações: enersolarbrasil.com.br/16/ 7º Ecoenergy – Feira e Congresso de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia Local: São Paulo Data: 23 a 25 de maio Informações: enersolarbrasil.com.br/16/ocongresso-ecoenergy/

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