Full Energy 25ª Edição

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Editorial

A Energia precisa de grandes líderes

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riorizar o setor energético é fundamental para a soberania de um país, o que exige a adoção de políticas adequadas em Energia a fim de se criar condições para o desenvolvimento nacional, tanto no aspecto produtivo como social. Mas isto acontece quando há visão estratégica, olhar de longo prazo e vontade política. O surgimento de Furnas foi um exemplo do quanto um empreendimento energético pode ancorar o avanço econômico de um país. Primeira hidrelétrica brasileira de grande porte, ela foi criada nos anos de 1950 por Juscelino Kubitschek com o propósito de viabilizar os planos de crescimento do país. Como apresenta a matéria de capa desta edição da Full Energy, sem Furnas a maioria dos projetos de desenvolvimento não teria saído do papel. Sobrariam metas e faltaria energia. Na história, outras grandes personalidades foram importantes para sedimentar o avanço brasileiro na área energética. Visionários que foram decisivos para a concretização de empreendimentos que ajudaram a impulsionar o país, como Petrobras, Proalcool, Itaipu e Belo Monte. A liderança e o arrojo fazem muita diferença em Energia. Mais ainda no Brasil, onde muito tem que ser feito nesta área para sustentar as pretensões de crescimento. Mas o que fazer neste momento do país, em que a política continua atolada na crise e o processo de recuperação econômica ainda é tímido? Agora, mais do que nunca, o Brasil precisa de homens e mulheres capazes de liderar a nação rumo a decisões acertadas, permeadas pela ética, inovação e eficiência. Os líderes e visionários são bem-vindos em todas as áreas, notadamente em Energia, um segmento estratégico para assegurar a autonomia e o desenvolvimento. Com o objetivo de valorizar os profissionais que têm posição de comando neste setor, o Grupo Mídia criou, no ano passado, o prêmio 100 Mais

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Influentes da Energia”. Uma oportunidade de homenagear e valorizar as lideranças das diferentes cadeias energéticas. Em dezembro de 2017, acontece a segunda edição da premiação na cidade de São Paulo e a votação para a escolha dos laureados deste ano já está aberta no site da Full Energy. Para um país que quer avançar, é decisivo apoiar e valorizar aqueles que fazem a diferença. Somente os líderes podem quebrar paradigmas e mudar a história.

Edmilson Jr. Caparelli

CEO | Publisher



NESTA EDIÇÃO

ABRIL - MAIO 2017

Código de Cores

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Tecnologias que fascinam Negócios na Agrishow 2017 registram crescimento de 13%, além de aumento da visitação

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O grande potencial das pequenas geradoras Com um cenário favorável e uma atenção maior do governo, PCHs e CGHs encontram espaço para crescimento e geração de energia, mas desafios ainda precisam ser superados

A Full Energy organiza suas editorias pelo código de cores abaixo: Líderes e Práticas Sustentabilidade Tecnologia e Inovação Mercado Gente e Gestão Ideias e Tendências Estratégia Bioenergia

Melhores estratégias para a retenção de pessoas Consultora apresenta alguns fatores de retenção que as empresas precisam incorporar à sua política de gestão de pessoas

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Hora de consolidar a retomada Ao completar 25 anos de história, Fenasucro & Agrocana 2017 será histórica

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Por um futuro mais sustentável A 6ª edição da Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar reuniu as cadeias de energia solar, eólica, biomassa, GTDC e afins, em um grande encontro do setor

Articulista:

32 Energia em Foco, por Sérgio Costa 8

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100 Mais Influentes da Energia 2017 Grupo Mídia homenageará as personalidades que mais se destacaram no setor da Energia no último ano

DOSSIÊ Furnas

36 FURNAS: a primeira gigante

42 Uma senhora sempre atual

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Carvão: abolir ou modernizar? Com baixo custo de geração, a energia elétrica a partir do carvão atualmente é importante para a segurança energética no Brasil, mas é muito criticada por acarretar graves consequências ambientais e à saúde humana

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Perguntas para...

Ruberval Baldini, presidente da Abeama

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A menina dos olhos do grupo Eletrobras

50 Compromisso com o progresso do país

Perfil

Com Ildo Bet, sócio-fundador da PHB e diretor do Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos da Abinee

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Ponto Final Brasil eólico

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ALTA TENSÃO

A micro e a minigeração distribuída Em maio deste ano, o número de conexões de micro e minigeração de energia superou 10 mil instalações no Brasil. No número atual, existem 10.385 micro e mini usinas no país, que possuem potência instalada de 113.195,48 quilowatts (kW). A fonte mais utilizada pelos consumidores-geradores é a solar, com 10.280 adesões, seguida da eólica, com 50 instalações. Já o estado com o maior número de micro e minigeradores é Minas Gerais (2.225 conexões), seguido de São Paulo (2.094) e Rio Grande do Sul (1.096).

O mundo é um moinho de vento O Conselho Mundial de Energia Eólica (GWEC, em inglês) prevê que cerca de 60 gigawatts (GW) de energia eólica sejam instalados no mundo em 2017 e que a instalação anual suba para 75 GW em 2021. Até lá, se espera que o total de megawatts eólicos no mundo atinja a marca de 800 GW, que seria quase o dobro da energia atual, de acordo com o “Global Wind Report: Annual Market Update”, Relatório Global do Mercado Eólico lançado em abril pela entidade. Segundo o documento, em 2016 foram instalados cerca de 54 GW eólicos em mais de 90 países, sendo nove deles com mais de 10 GW instalados e ainda 29 ultrapassaram os 1.000 MW. A capacidade cumulativa mundial cresceu 12,6% no ano passado, atingindo 486 GW instalados.

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Royalties de petróleo e gás em SP O Estado de São Paulo arrecadou, em 2016, R$ 1,4 bilhão em royalties e participações especiais, um aumento de 793% nos últimos dez anos. Segundo levantamento realizado pela Secretaria de Energia e Mineração, o Governo do Estado ficou, no ano passado, com aproximadamente R$ 710 milhões, já as prefeituras arrecadaram cerca de R$ 760 milhões. No entanto, a arrecadação de royalties no Estado caiu 19% em relação a 2015. “Os royalties são calculados com base no preço do barril do petróleo e do dólar. Como os dois variaram para baixo no ano passado, o valor da arrecadação também caiu. Para 2017, a estimativa é que São Paulo tenha a maior arrecadação de sua história devido ao atual preço do barril”, explica o subsecretário de Petróleo e Gás do Estado de São Paulo, Dirceu Abrahão.

Fotos: Divulgação

Incentivos para a energia solar Em abril de 2017, o The Boston Consulting Group (BCG) lançou o estudo “Geração de Energia Solar Descentralizada – Cenários e Implicações para o Setor no Brasil”, que aborda o potencial disruptivo da energia solar distribuída, apresentando motivos para a adoção do modelo e projeções para o seu crescimento. A pesquisa conclui que incentivos fiscais são cruciais para o futuro da energia solar distribuída no país. De acordo com as análises do BCG, esses estímulos são equivalentes a um desconto de 20% no custo nivelado de eletricidade a partir da fonte solar. Com isso é esperado um crescimento anual médio de 40% a 50% da geração solar distribuída, resultando em uma penetração significativa em uma década e na consolidação de um “ecossistema solar”.

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Palavra do Editor

O protagonismo das energias renováveis modernas

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or mais que o Brasil disponha de um potencial inegável em energias fósseis, também tem uma vocação ímpar na geração de energias limpas e renováveis. Não é por acaso que o país tem explorado o seu potencial hidrelétrico há décadas para suprir a maior parte da demanda elétrica nacional. Estratégia que ganhou corpo na década de 1950, quando surgiu Furnas, a primeira hidrelétrica de grande porte do país. Como a matéria de capa desta edição apresenta, o surgimento deste empreendimento viabilizou o salto da economia brasileira. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a fonte hidrelétrica hoje ocupa 61,4% da matriz elétrica nacional (93,8 GW). Mas outro modelo de geração hidrelétrica tende a crescer a passos largos no país, principalmente com a dificuldade de implan-

Clivonei Roberto, Editor da Revista Full Energy

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tação de novos grandes projetos hidrelétricos: são as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e as Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). Estas pequenas hidrelétricas, que ainda têm um grande potencial a ser descoberto no país, representam 5% da matriz. Mas já ouviu falar das energias renováveis modernas ou das novas energias renováveis (NER)? É o caso das energias eólica, solar e da biomassa, dentre outras. Estas três fontes citadas têm um potencial imensurável de avanço no Brasil. E mais do que potencial, elas já são realidade e caminham a todo vapor. A biomassa ocupa o segundo lugar da matriz elétrica brasileira, com 9,1%, e a energia eólica vem em terceiro, com 7,3%. Além disso, tudo indica que a energia solar vai ganhar uma importância crescente na geração elétrica do país, devendo em breve figurar entre as principais fontes do país Exemplos do protagonismo destas fontes podem ser percebidos em eventos que ocorrem pelo país afora. Em maio, a feira Enersolar, em São Paulo, teve ruas abarrotadas por profissionais interessados em conhecer mais a tecnologia, adquirir equipamentos e buscar oportunidades. E outras feiras do segmento solar vão movimentar a cadeia nos próximos meses. Já um Encontro de Negócios da cadeia da energia eólica reuniu inúmeros especialistas e empresários do setor em 1º de junho, apresentando o quanto cresceu este setor nos últimos anos. Também analisaram a necessidade de políticas adequadas na área, de modo a garantir a “saúde” do setor, que já emprega milhares de pessoas em todo o país - uma cadeia composta por mais de mil empresas. Já os preparativos para mais uma edição da Fenasucro & Agrocana, maior feira voltada ao setor sucroenergético mundial, estão na reta final. A expectativa do segmento da biomassa, mais especificamente da biomassa oriunda da cana, é que a feira deste ano comprove que a crise ficou para trás. E que chegou a hora de investir, sonhando com voos mais altos.



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Perguntas para...

Energia solar no Brasil: “estamos 20 anos atrasados em relação ao mundo” Ruberval Baldini, presidente da Abeama

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Ruberval Baldini, presidente da Abeama, fala sobre os avanços e entraves da energia solar fotovoltaica no Brasil

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Associação Brasileira de Energias Alternativas e Meio Ambiente (Abeama) nasceu na Conferência Rio 92, congregando empresas e profissionais liberais com o objetivo de colocar a energia renovável dentro da matriz energética brasileira. Entre os associados estão empresas nacionais e internacionais e associações parceiras em países como Alemanha, Portugal e Espanha. Presidente da BR Solar, uma das empresas associadas, Ruberval Baldini também é o presidente da associação. O executivo atua no setor desde 1977, quando a energia solar dava seus primeiros passos no país. “Posso dizer que alguns sistemas que instalei há 40 anos deixaram de funcionar recentemente e isso aconteceu no Amazonas, região com condições extremamente agressivas”, lembra. Em entrevista para a Full Energy, Baldini fala sobre o potencial da energia solar no país e a importância de se desenhar novas formas de financiamento para que o usuário final possa equilibrar a conta de luz que paga com o financiamento de seu equipamento.

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O sr. aposta na energia solar fotovoltaica há muito tempo. O que o motivou, ao longo dessas décadas, a defender e incentivar este tipo de energia? É uma questão de bom senso. O Brasil é o segundo país com a maior insolação do mundo, atrás apenas do deserto do Saara. No país, um dos lugares com maior insolação está no Ceará, em uma região com um nível de insolação tão alto que um sistema instalado lá tem um rendimento mínimo 20% superior do que em qualquer outra parte do país. Tenho quatro décadas de energia solar. Posso dizer que alguns sistemas que instalei há 40 anos deixaram de funcionar recentemente e foi no Amazonas, em uma condição extremamente agressiva. Por-

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), realizada em junho de 1992, no Rio de Janeiro, que marcou a forma como a humanidade encara sua relação com o planeta. Foi naquele momento que a comunidade política internacional admitiu claramente que era preciso conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a utilização dos recursos da natureza. tanto, não usar energia solar é jogar dinheiro fora. Claro que o equipamento custa caro, por isso precisamos de financiamento. Temos que desenhar uma forma que esse financiamento seja adequado para que o usuário final possa equilibrar a conta de luz que paga com o financiamento de seu equipamento. Quando atingirmos esse equilíbrio, teremos pessoas migrando para a energia solar. E isso vai acontecer.

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Qual a sua análise sobre a legislação brasileira e seus avanços no fomento à energia fotovoltaica? Instalamos o primeiro sistema conectado à rede no CEPEL (Cento de Pesquisas Elétricas da Eletrobras), no Rio de Janeiro. Esse sistema, em 2002, serviu como base para os estudos da resolução 482, sendo o primeiro caso conectado à rede dentro de uma estrutura de pesquisa da Eletrobras. A partir desta resolução, o cidadão passou a ter a sua própria fonte de energia, a

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Perguntas para...

chamada geração distribuída com microgeração, usando a fonte solar ou outras fontes. O custo inicial do equipamento é pago ao longo do tempo. Com isso, você tem, na legislação brasileira, a vantagem de fazer com a sua concessionária uma conta de troca de quilowatt do que você exporta na rede. Diferente do que se estabeleceu em outros países, em que se paga uma tarifa premium toda vez que você exporta para a concessionária.

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Por que demorou tanto para que a energia solar no Brasil atingisse as perspectivas que tem hoje? A energia solar começou no país em 1977. Entretanto, a legislação não estava preparada para esse desenvolvimento. Os primeiros clientes de sistema fotovoltaico foram as empresas de telecomunicação da Embratel e Telebrás, e outras teles que existiam. Enquanto isso, em outros países do mundo, o desenvolvimento, inclusive da legislação, já permitia que o usuário instalasse seu próprio equipamento. O custo das células solares vem caindo ao longo desse tempo e isso permitiu chegar ao ponto de equilíbrio entre o custo de um gerador a diesel e de um gerador solar para as empresas. Para os usuários finais, o valor inicial do equipamento é caro, por isso precisamos ter uma linha de financiamento que ajude a fazer isso, e com juros compatíveis.

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Por que ainda é tão caro o acesso à tecnologia fotovoltaica? Quando consideramos o que é caro, consideramos algo imediato. Mas quando falamos de energia solar isso é algo ao longo do tempo. Qual é o prazer que instalar esse tipo de energia vai proporcionar? É a economia que se vai ter no futuro. Diferentemente de quando compramos um carro, quando o consumidor sai da loja com seu automóvel. Porém, já ao sair da loja, o valor está, no mínimo, 20% menor, só que ninguém pensa assim.

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Hoje, o consumidor adora o Netflix porque oferece o poder de escolha. Com a energia fotovoltaica, o consumidor também tem a possibilidade de ter esse poder de escolha quanto à energia que vai consumir... Esse é mais um fator de externalidade, que vai além do retorno do investimento. Isso porque não é fácil mensurar o prazer que se tem por não precisar mais pagar a conta de luz. O consumidor, como dono do sistema, terá o prazer de fazer isso. Quando esta percepção for normal, as pessoas farão isso. Isso aconteceu com a energia térmica quando as construtoras passaram a ter uma margem de ganho na venda dos equipamentos. Isso aconteceu em Belo Horizonte, há 20 anos. Naquele momento, a prefeitura estimulava o uso de energia térmica em troca da diminuição da taxa de IPTU. A Cemig estimulava o uso, reduzindo o custo da energia elétrica para quem utilizava o sistema solar. Existia um programa nacional, o Procel, que visava economizar energia elétrica. São fatores externos que ajudam o consumidor a ter uma percepção maior do produto que está sendo consumido. Hoje, consumir energia solar fotovoltaica é uma grande incógnita. Nos últimos meses, tivemos uma maior percepção sobre esta energia porque ela foi muito divulgada na mídia. Quanto mais as empresas e instituições entrarem no mercado - as concessionárias, o governo, as prefeituras, entre outros agentes - e utilizarem o sistema e divulgarem que estão utilizando, o consumidor terá maior percepção de confiabilidade.

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A partir de 1992, surgiu a Abeama e com ela um conjunto de ações no sentido de incluir as fontes renováveis na matriz energética brasileira. Qual seu balanço da trajetória da Associação? Foi um processo de aprendizado. Participamos de várias comissões e organismos de governo de todos os níveis para ajudar na formatação da legislação brasileira, o que permitiu que, hoje, o arcabouço legal estivesse mais preparado. Esse é um trabalho que a Associação vem fazendo ao longo desse tempo.


Também, desde 92, promovemos cursos para engenheiros e formadores de opinião, esclarecendo o que é a energia renovável e o quanto é importante para o desenvolvimento e a infraestrutura do país.

“NÃO USAR ENERGIA SOLAR É JOGAR DINHEIRO FORA. CLARO QUE O EQUIPAMENTO CUSTA CARO, POR ISSO PRECISAMOS DE FINANCIAMENTO”.

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Apesar de significativos avanços que o setor passou nesses últimos anos, quais os obstáculos que persistem para a energia solar? Apesar de um expressivo crescimento, ainda estamos 20 anos atrasados em relação ao mundo. Poderíamos estar muito mais avançados se tivéssemos tido no passado uma legislação que permitisse isso. Um dos desafios é a necessidade de praticidade das leis e dos regulamentos. Por exemplo, uma concessionária tem que ser mais ágil no momento de dar o acesso ao microgerador. Ainda é demorada a autorização de acesso e isso tem que mudar. Vale ressaltar também que a produção de equipamentos tem um custo cada vez menor, mas o custo ainda é alto se comparado à conta de luz, e é fazendo esta comparação que se calcula o retorno do capital investido. Então, é preciso ter financiamento a juros baixos.

As concessionárias estão freando o setor? Não acredito que seja uma postura voluntária. Algumas concessionárias viam o setor como um rival, um concorrente. A legislação forçou as concessionárias a mudarem de visão e a passarem a fazer parte deste processo. E aí temos um desafio a ser superado. Se desejamos democratizar a energia solar como um todo, temos que permitir que mais empresas atuem no mercado, que mais oferta aconteça, e não fazer monopólios. As concessionárias não só têm que rever sua postura, como têm que entender a demanda de mercado. Algumas são mais evoluídas no sentido de caminhar para esta tendência, outras ainda são mais conservadoras. Mas a legislação é essa e, seguindo a lei, todas têm que dar o acesso e permitir, dentro dos prazos legais, que cada consumidor final possa ser gerador de sua própria energia.

Temos várias fontes renováveis buscando seu espaço no mercado. Há competição entre elas? Não vejo uma competição direta. Vejo uma busca de cada uma delas por alcançar seu mercado. No caso da eólica, não podemos falar de geração distribuída eólica porque é mais difícil ter o recurso eólico com a mesma propriedade do solar em baixas potências. Na pior situação do Brasil, que é em Santa Catarina, ainda é melhor a produção de energia solar que na Alemanha. É muito mais fácil calcular sistemas solares em termos de recurso do que a energia eólica. Para a geração distribuída ou microgeração, a solução solar fotovoltaica ainda é a primeira opção. Já considerando a geração centralizada, existe a complementaridade da solar com um parque eólico, por exemplo. As indústrias solar e eólica já estão conversando no sentido de grandes plantas trabalharem em sintonia.

Qual é o peso das fontes fósseis sobre a evolução das energias renováveis? A energia renovável no país tem uma linha de conduta dentro da matriz energética já definida pelo plano energético do Ministério de Minas e Energia. A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) considera números que nós poderíamos afirmar que são muito pequenos em relação à potencialidade que temos, tanto da eólica, como da fotovoltaica. Cada segmento traçará seu caminho de acordo com a demanda. A verdade é que o consumidor final estará mais apto a pagar para ter uma maior qualidade de vida. E isso, sem dúvida, passa pela fonte renovável. edição 25 | FULL ENERGY

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Gente e Gestão

Melhores estratégias para a retenção de pessoas 18

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Consultora apresenta alguns fatores de retenção que as empresas precisam incorporar à política de gestão de pessoas

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ocê quer reter pessoas? Comece tratando-as bem, com respeito e admiração pelo que fazem de melhor. Dê atenção, apoie, envolva, considere-as, dê respostas, não as deixe sem informação. Dê oportunidades: reconheça e valorize. Trate-as como adultas, como seres pensantes que geralmente têm mais a contribuir do que simplesmente estabelece a burocracia do cargo. Aproxime-as do negócio, da sua missão e do seu DNA; do líder, do RH. Faça mais do que estão fazendo, e não somente nos pontos que requerem investimento, mas principalmente nas ações que só dependem de boa vontade, tempo, energia e disciplina. E dê crédito à importância e à efetividade de tais movimentos. Há alguns anos, desde que as competências passaram a ter peso maior na gestão do negócio, empresas e mercado de trabalho trataram de buscar práticas que propiciassem a retenção e a fidelização das pessoas nos seus propósitos empresariais. Resultados vêm de pessoas bem selecionadas,

integradas e aculturadas à empresa; capacitadas e desenvolvidas; direcionadas e bem lideradas; estimuladas e reconhecidas. A retenção é consequência desse ciclo bem realizado, monitorado, alimentado e aprimorado. Precisamos de pessoas boas e que alavanquem os nossos resultados. Pessoas-profissionais precisam dos nossos espaços para realizar suas metas de carreira. Nessa mão-dupla de necessidades, que por si só já estabelece uma oportunidade de uma parceria forte e cheia de bons propósitos, o alcance dos resultados deveria ser algo natural. Mas nem sempre o é. É aí que precisamos avaliar em que as empresas e os profissionais estão deixando de exercer as suas responsabilidades ou utilizando apenas doses mínimas dos seus melhores recursos, por não estarem engajados às organizações em que trabalham e aos líderes que os conduzem, ou desmotivados por outros fatores, muitas vezes alheios à empresa. Temos tratado a retenção pensando muito pelo lado da remuneração, dos bons bene-

fícios, das oportunidades de carreira, dos desafios agregadores e dos espaços para criatividade e inovação. Tudo isso retém, com certeza, mas não sozinho. Vemos profissionais que têm tudo isso dentro das empresas e acabam fazendo planos de sair, porque não encontram aspectos que tragam motivos que os fidelizem ao negócio. É claro que nenhum de nós nunca vai encontrar a condição ideal e perfeita num lugar só. Mas cada um tem uma cesta de prioridades que define qual será a busca: para alguns, remuneração, benefícios e segurança são o mais importante, sendo que o resto é menos relevante; para outros, espaços de contribuição e valorização explícita é o que faz brilhar os olhos. Uns também buscam um lugar agradável, onde possam trabalhar com felicidade, ter boas relações e sentir-se em casa, como uma grande família. Outros buscam respeito e bons tratos. Os projetos são particulares, mas os fatores de retenção que as empresas precisam trabalhar para fidelizar esses diversos públicos e edição 25 | FULL ENERGY

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Gente e Gestão

suas várias expectativas são: • remuneração atualizada, condizente e justa com a entrega; • benefícios que complementem a remuneração fixa e que tragam possibilidade de uma melhor qualidade de vida ao colaborador e sua família; • oportunidades de evolução e crescimento - carreira e sucessão; OS PROFISSIONAIS QUEREM ESTA• reconhecimentos de várias formas, incluindo, BILIDADE, SEGURANÇA E UM LUGAR além do já citado, elogios, homenagens, comemoração das conquistas, entre outros; QUE JÁ CONHEÇAM E QUE SE SINTAM • espaços e maior liberdade para contribuição, SEGUROS COM O AMBIENTE E AS PESSOparticipação, opinião e criação; • ambiente acolhedor, amistoso, colaborativo e AS, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA.” construtivo; Beatriz Resende • oportunidade de aprendizagem contínua; • relações e parcerias internas e externas sadias e sinérgicas; • comunicação fluida, transparente e adulta; • cultura transformadora; • seus papéis de mentoria, coaching e modelo de gestão; • imagem positiva da empresa e da marca; • prosperidade em vários níveis, refletindo em ganhos para todos; • políticas e práticas de gestão de pessoas que contribuam para a conquista e a manutenção dos pontos acima; Embora alguns paradigmas de carreira tenham sofrido mudanças nos últimos anos, ainda os profissionais querem estabilidade, segurança e um lugar que já conheçam e que se sintam seguros com o ambiente e as pessoas, por incrível que pareça. Mesmo as gerações mais novas buscam isso, só que elas têm uma tolerância menor sobre apostar e esperar. Isso que as difere das gerações anteriores, que muitas vezes acabam ficando por falta de opção, medo, insegurança ou acomodação. Beatriz Resende, Temos que nos lembrar sempre de que turnover baiConsultora, xo não quer dizer retenção, na forma que devemos palestrante e entendê-la. Esta implica em ter pessoas felizes, realiConselheira de zadas e engajadas. O ficar por falta de opção e demais Carreira da motivos afins não deve entrar nessa conta. Dra. Empresa Reter pessoas é uma missão simples, mais do que Consultoria se imagina: mas não estamos fazendo nem o míniEmpresarial mo para isso.

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Foto: Rafael Cautella

Bioenergia

| edição 25 presentes na FENASUCRO & AGROCANA deste ano Mais 22 de FULL mil ENERGY marcas estarão


Hora de consolidar a retomada Ao completar 25 anos de história, Fenasucro & Agrocana 2017 será histórica

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e 22 a 25 de agosto de 2017, as atenções da cadeia da cana-de-açúcar estarão voltadas para Sertãozinho (SP). A cidade receberá mais uma edição da FENASUCRO & AGROCANA (Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética), que neste ano comemora 25 anos de realização. Será uma edição histórica, que consolidará o evento como o maior do mundo exclusivamente voltado ao setor sucroenergético. A feira acontece num cenário de otimismo para a retomada do setor. Com 95% dos espaços já comercializados, a feira espera receber 35 mil visitantes/compradores brasileiros vindos de mais de 40 países, que devem gerar R$ 3,1 bilhões em negócios. Mais de mil marcas estarão presentes na edição deste ano.

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Bioenergia

A edição deste ano da feira trará uma intensa programação de congressos e workshops

Destaques Além de fomentar negócios, a FENASUCRO & AGROCANA reforça o seu papel propagador de novos conhecimentos e tendências. O Espaço de Conferências ampliou a carga horária da programação de 200 para mais de 300 horas. Com isso, o número de auditórios passou de quatro para seis para receber especialistas e profissionais de todas as áreas do setor sucroenergético. Entre os eventos realizados no Espaço, o Fórum de Produtores de AgroEnergia é um dos principais destaques desta edição, promovendo uma discussão globalizada com especialistas dos principais países produtores de cana e beterraba açucareira do mundo. Cerca de 500 participantes são esperados para este evento. Os produtores de cana terão a oportunidade de conhecer produtos para a geração de 24

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A FENASUCRO & AGROCANA 2017 espera receber 35 mil visitantes/ compradores brasileiros vindos de mais de 40 países, que devem gerar R$ 3,1 bilhões em negócios

bioenergia vindos das culturas de milho e beterraba. A grade de programação também foi inovada, recebendo eventos sediados pela primeira vez na FENASUCRO & AGROCANA como: Lançamento Nacional do projeto “Muda Cana”, Indústria 4.0 - a quarta revolução industrial no setor sucroenergético; Usinas de alta performance; e Café Sucroenergético – governo, mercado e investimentos. Outra novidade é a participação inédita do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O Stand CTBE, montado em parceria com a multinacional Infors HT, levará à feira equipamentos de última geração já implemen-


tados nos mais avançados laboratórios do mundo. As ferramentas que serão expostas atendem às altas expectativas de pesquisadores dos mais diversos setores, dentre eles o sucroenergético. Ainda entre os destaques está a Ilha do Conhecimento, um modelo europeu de exposição em que dois miniauditórios estarão disponíveis para expositores realizarem palestras para pequenos grupos sobre seus produtos comerciais. O gerente-geral da FENASUCRO & AGROCANA, Paulo Montabone, afirma que as novidades não param por aí. “Nosso objetivo é fazer uma edição que marcará a história da feira pelos seus 25 anos de realização. Nesse tempo todo, o setor sucroenergético enfrentou grandes desafios e sai mais fortalecido. Temos muito que comemorar e, por isso, estamos concentrando forças em ações inéditas, reforçando este evento como gerador de negócios e difusor de conhecimento para toda cadeia produtiva da cana-de-açúcar”, destaca. O presidente do CEISE Br, Aparecido Luiz, destaca os próximos desafios da cadeia sucroenergética. “Preocupado em cumprir os compromissos assumidos no Acordo do Clima de Paris, que tem o intuito de reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, o governo brasileiro está perto de implantar o programa RenovaBio, visando ao aumento de 18% de participação dos biocombustíveis na matriz energética até 2030. Dessa forma, será preciso quase que dobrar a oferta de etanol, dos atuais 28 bilhões para 50 bilhões de litros, o que vai demandar novas unidades produtoras e, consequentemente, reaquecer a indústria de base e serviços. Com essa expectativa, e estamos confiantes que o RenovaBio vai acontecer, a FENASUCRO & AGROCANA 2017 poderá ser palco de grandes negócios e de ideias estratégicas para um novo e promissor momento do setor” diz.

“Estamos concentrando forças em ações inéditas, reforçando este evento como gerador de negócios e difusor de conhecimento para toda cadeia produtiva da cana-de-açúcar”

Do total de espaços da feira, 95% já foram comercializados

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Ideias e Tendências

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Baixe o aplicativo Zappar e assista aos vídeos EnerSolar + Brasil 2017 (saiba mais na página 13)

Por um futuro mais sustentável A 6ª edição da Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar reuniu as cadeias de energia solar, eólica, biomassa, GTDC e afins, em um grande encontro do setor

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odos os caminhos levam às fontes limpas e renováveis de energia. Logo na entrada um Congresso, que reuniu em São Paulo vários especialistas para discutir o uso de fontes sustentáveis na matriz energética, uma trilha conduzia o visitante até as salas das palestras. Já na feira, que aconteceu paralelamente, as empresas expositoras apresentaram tecnologias de ponta para a geração energética limpa e renovável. E para um público numeroso e sedento por novidades nesta área. Pela sexta vez, a capital paulista recebeu, entre 23 e 25 de maio, a EnerSolar+Brasil | Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar, propiciando divulgação de soluções, ne-

tworking e geração de inúmeros negócios. E não apenas em energia solar, mas também em outras cadeias, como eólica, biomassa, GTDC e afins. Segundo os organizadores da EnerSolar, a feira se consolida como plataforma única de conteúdo qualificado por meio da realização simultânea do 7º Ecoenergy | Congresso de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia. “A EnerSolar + Brasil 2017 trouxe resultados expressivos acompanhando a tendência do setor de energias renováveis. Foram mais de 80 expositores, nacionais e internacionais, com tecnologia de ponta e produtos diferenciados”, afirmou Rimantas Sipas, diretor Comercial da Cipa Fiera Milano, organizadora da feira e do Congresso.

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Ideias e Tendências

Difusão de conhecimento O Ecoenergy também ganhou destaque ao trazer ampla programação com mais de 40 palestras, unindo, ao longo de três dias, lideranças empresariais, presidentes de associações do setor de energias renováveis e profissionais da área. “O Ecoenergy fomentou debates com foco em negócios, tecnologia e aspectos jurídicos e, de acordo com feedback espontâneo dos empreendedores, superou as expectativas e contribuirá para a construção de parcerias no desenvolvimento de projetos em energias renováveis”, explicou Tatiana Dalben, coordenadora do Ecoenergy. Novas tecnologias e capacitação O 7º Ecoenergy | Congresso de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia apresentou temas variados e importantes quando o assunto é energia renovável. O objetivo do Congresso é gerar discussões de onde possam surgir novas oportunidades e projetos que atendam à demanda de energia através de métodos menos poluentes e gerando menor impacto ambiental. As palestras e debates com especialistas envolveram mais de 20 temas atuais relacionados diretamente à energia renovável: financiamento de projetos, questões regulató28

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Carlos Evangelista, presidente da ABGD

A próxima edição do evento já tem data marcada: 22 a 24 de maio de 2018, no São Paulo Expo, em São Paulo.

rias, avanço tecnológico, complementaridade com outras fontes de energias renováveis, superação de gargalos e capacitação de equipe. As transformações ocorridas no setor energético brasileiro têm incentivado o crescimento das fontes renováveis. A participação destas fontes totaliza 41,2% na matriz energética nacional, indicador quase três vezes superior ao indicador mundial (13,8%). Os dados constam do boletim “Energia no Mundo”, divulgado anualmente pela Secretária de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME).

Na programação foi apresentado e discutido o grande potencial de mercado que o Brasil apresenta, em especial, no campo de energia eólica e solar fotovoltaica. Sandro Yamamoto, diretor técnico da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), apontou que “o Brasil possui um dos melhores ventos do mundo, com ótima intensidade, livre de rajadas, constante e predominância de direção”. No ano passado, a energia eólica abasteceu, em média, 17 milhões de residências mensalmente, ou seja, uma população de cerca de 52 milhões de pessoas. Em 2016, a geração de energia eólica foi de 33,15 TWh, valor este 55% maior que o de 2015. Neste período, a indústria eólica foi responsável pelo investimento de US$ 5,4 bilhões.


Baixe o aplicativo Zappar e assista aos vídeos EnerSolar + Brasil 2017 (saiba mais na página 13)

Energia Solar Já no campo da energia solar fotovoltaica, as oportunidades apresentadas também foram inúmeras. Recentemente, a micro e a minigeração distribuída atingiram a marca de 111 megawatts (MW) instalados, dos quais 77,6 MW são provenientes da fonte solar fotovoltaica. Durante as discussões, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), com base nos dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mostrou um mapeamento que indica que o Brasil já conta com o número recorde de mais de 10 mil instalações de geração distribuída em todo o país. Dados do EPE (Empresa de Pesquisa Energética) mostraram que o potencial técnico da geração distribuída solar fotovoltaica representa mais de 164 gigawatts (GW), considerando-se apenas os telhados de residências. Um enorme potencial através de uma tecnologia renovável e de baixo impacto ambiental. Outro dado exibido por Nelson Colaferro Jr., presidente da ABSOLAR, é a estimativa de que em 2025 o Brasil produzirá 7 GW de energia solar fotovoltaica, o que corresponderá a 3,3% da matriz energética. Em 2030, serão 17 GW, ou 6,8% da matriz. Outros tópicos importantes colocados em debate foram a questão dos financiamentos, com o painel “Oferta de financiamento para empreendedores de energia solar e eólica”; e a capacitação de mão de obra, com a discussão sobre “Como o país está se preparando e oportunidades de trabalho no mercado de energias renováveis”. Biomassa O Congresso ainda contou com o inédito Biomass Day. Integrado à programação do segundo dia do Ecoenergy, trouxe palestras e debates dedicados exclusivamente ao mercado de energia de biomassa. O Biomass Day abordou importantes temas com especialistas do setor, como a produção de energia elétrica a partir da biomassa, eficiência energética, manutenção de motores e turbinas, parcerias estratégicas e estudos de caso. Atualmente, a biomassa é a segunda fonte de geração mais importante do Brasil na Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) – com o registro de 8,8% em 2016, superando os 8,1% de participação do gás natural. As informações são do Boletim Mensal de Energia (referência – dezembro/2016) elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Thomaz Steward, gerente da EnerSolar+Brasil

Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da Absolar da ABSOLAR

César Borges de Sousa, diretor da ABAG e vicepresidente da Caramuru

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Energia

artigo

em foco

Sinuca de Bico

Para reestruturar e redirecionar o setor elétrico brasileiro, o diálogo e a negociação entre todos os agentes é fundamental

E

m pesquisa realizada com os participantes do maior fórum de discussões dos agentes do setor elétrico brasileiro, o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (ENASE), em sua 14ª versão em maio de 2017, apontou que as questões mais urgentes a serem resolvidas no setor elétrico são o “Fim da Judicialização no Setor” e o “Reequilíbrio Econômico-Financeiro” das empresas atuantes no segmento. Na Medida Provisória 579, de 11 de setembro de 2012, convertida posteriormente na lei nº 12.378, o Governo Federal tinha por objetivo a diminuição da tarifa da energia paga pelo consumidor final (inicialmente estimada pelo governo em até 18% para o consumidor residencial e 32% para o industrial) por meio do mecanismo da não renovação das concessões de geração de energia hidrelétrica, uma possibilidade prevista nos contratos de concessão de cada usina. Possibilidade esta que até então não havia sido profundamente debatida ou discutida com o mercado de energia elétrica, mas apenas entre os integrantes do Comitê Nacional de Política Energética (CNPE), formado somente por representantes do governo. Assim, a MP 579 provocou um distúrbio regulatório em que os efeitos foram amplificados até o presente, se tornando um marco no setor que até então se caracterizava pela estabilidade e segurança jurídica. A insegurança para novos investimentos se tornou uma realidade, e diversos agentes do setor, investidores, operadores, consumidores e governo entraram em uma espiral de discussões contratuais e jurídicas em que as principais divergências foram: - o direito às renovações de algumas concessões de geração e transmissão; - nova sistemática imposta para o rateio de encargos ditos relacionados à segurança do sistema elétrico; e - a falta de isonomia entre os consumidores livres ou especiais, que contratam energia no Ambiente

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A judicialização do Generation Scaling Factor (GSF) até o final de 2017, cujo fator previsto é atingir 80,8% da Garantia Física do Sistema, deverá gerar um impacto financeiro total de R$ 39,7 bilhões, sendo R$ 26,7 bilhões no Mercado Regulado e R$ 13 bilhões no Mercado Livre.

de Contratação Livre (ACL), o Mercado Livre, e consumidores cativos que contratam energia das distribuidoras, o Ambiente de Contratação Regulada (ACR). Outro fator de judicialização do setor está entre os agentes de geração de Usinas Hidrelétricas (UHEs com potência instalada superior a 30 MW) e de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs, com potência entre 5 e 30 MW) participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), em que a participação é compulsória pelas UHEs e optativa pelas PCHs. Este é um mecanismo financeiro que visa o compartilhamento dos riscos hidrológicos, que afetam os agentes de geração hidrelétrica. Ele tem por objetivo otimizar os recursos energéticos do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, portanto, minimizar os custos operacionais para manter o menor custo marginal de operação possível, por meio da otimização do despacho da geração termelétrica no sistema hidro-termo-eólico que integra o SIN. A criação do MRE está fundamentada pela característica geográfica de grandes dimen-


Sérgio Costa,

diretor-executivo da VILCO Engenharia e da EMD Brasil

A MP 579 provocou um distúrbio regulatório no setor elétrico

sões do país, em que os ciclos de chuva (hidrológicos) variam grandemente entre as regiões macros que compõem o Sistema - os subsistemas Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte -, com períodos de seca e de chuvas historicamente não coincidentes entre estas regiões. O MRE realoca contabilmente a energia gerada por fonte hídrica, transferindo o excedente das usinas que geraram além da Garantia Física contratada para aquelas que geraram abaixo do contratado. A Garantia Física ou Energia Assegurada da usina hidrelétrica estabelece o limite de comercialização de energia da usina. Esta garantia é definida e revisada

pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e pelo MME (Ministério de Minas e Energia), considerando critérios de operação da planta e do sistema, a segurança energética, e a disponibilidade hídrica. O critério da EPE para a atribuição de Garantia Física admite um risco máximo de déficit de 5%. Para a Garantia Física de cada usina hidrelétrica é alocada uma fração da Garantia Física total do Sistema. Outro conceito importante é o Generation Scaling Factor (GSF), que é a relação entre o volume de energia efetivamente gerado pelo MRE e a Garantia Física total do mecanismo, ou seja, do Sistema. O GSF é medido em base mensal

e caso seja maior que 100%, caracteriza-se um “excedente” de energia contratada das usinas hidrelétricas, a chamada “energia secundária”. Nesta situação, todos os agentes de geração que fazem parte do MRE possuem energia suficiente para atender e honrar aos seus valores contratuais e também repartir os seus benefícios, a energia secundária. Porém, o problema ocorre se há período seco, ou seja, escassez de chuvas em todos os subsistemas, característico de determinados ciclos climáticos plurianuais. O maior destes períodos históricos de seca conhecidos até então foi de junho de 1949 a novembro de 1956, o

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artigo

chamada “período crítico” hidrológico do setor elétrico. Naquela época, existiam poucas usinas hidrelétricas comparadas com hoje e não havia o MRE, mas as usinas existentes atendiam plenamente ao consumo. Desde 2014, a situação é de escassez de chuvas em todas as macrorregiões do país, e os reservatórios das usinas hidrelétricas não conseguem recuperar um nível de água seguro para armazenamento, fator que tem resultado em um GSF abaixo de 100%. Com isto, o Operador Nacional do Sistema (ONS) tem que despachar as termelétricas, mais do que o planejado, para a garantia de abastecimento e a segurança energética. O GSF abaixo do valor esperado tem resultado em débitos a serem pagos por quase todos os geradores hidrelétricos, os quais devem realizar a aquisição da energia faltante para honrar seus compromissos no Mercado de Curto Prazo. Esta energia é mais cara que a originalmente contratada junto às usinas hidrelétricas pelas distribuidoras ou pelos agentes comercializadores. Assim, estes agentes de geração acumularam prejuízos bilionários. Conforme dados recentes apresentados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), os valores “em aberto” na liquidação do Mercado de Curto Prazo em razão de liminares judiciais, decorrentes do GSF, passaram de R$ 1 bilhão em feverei34

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Todo este cenário de instabilidade e de falta de credibilidade no marco regulatório, causado pela judicialização, e o desequilíbrio econômicofinanceiro das empresas, colocam todo o setor em risco de colapso.

ro de 2016, com 130 liminares na justiça, para R$ 1,6 bilhão em março de 2017, com 151 liminares. E o pior ainda está por vir: a projeção de judicialização do GSF até o final de 2017, cujo fator previsto é atingir 80,8% da Garantia Física do Sistema, de um impacto financeiro total de R$ 39,7 bilhões, sendo R$ 26,7 bilhões no Mercado Regulado e R$ 13 bilhões no Mercado Livre. O princípio de estabilidade econômico-financeira - um princípio constitucional garantido aos contratos de concessão das usinas hidrelétricas - permitiu aos agentes de geração provocar uma avalanche de liminares e medidas judiciais com o objetivo de cessar e rever os prejuízos. Todo este cenário de instabilidade e de falta de credibilidade no marco regulatório, causado pela judicialização do setor, bem como o desequilíbrio econômico-financeiro das empresas, colocam todo o setor em risco de colapso. Entendo que somente por meio do diálogo e da negociação entre todos os agentes, e com medidas e mudanças regulatórias focadas na razoabilidade, racionalidade e eficiência, é que o Setor Elétrico Brasileiro poderá se reestruturar e redirecionar seus esforços para que possamos sair desta “Sinuca de Bico”.


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DOSSIÊ Furnas

FURNAS:

a primeira gigante

FULL ENERGY | edição Usina de 36 Furnas: Fundação em 25 1957 e inauguração oficial em 1965


Destinada a impulsionar o desenvolvimento do Brasil, nascia 60 anos atrás a primeira usina hidrelétrica de grande porte do país

P

ara entender a história de Furnas, é preciso voltar no tempo, quando, em 1956, Juscelino Kubitschek de Oliveira tomou posse como presidente do Brasil. Nesta época, o país era predominantemente rural. Estima-se que mais de 60% da população estava no campo, o que resultava em, aproximadamente, 30 milhões de brasileiros dependentes da economia agrária. Para se ter uma ideia, no início dos anos 50, produtos como café, algodão e cacau representavam cerca de 80% da pauta de exportações do país. Durante o governo de JK, o Brasil atravessou os chamados “Anos Dourados”, que proporcionaram ao país um período de confiança e forte desenvolvimento econômico, social e cultural. Em sua gestão, o ex-presidente carregava o slogan “50 anos em 5”, que incorporava um Plano de Metas com 31 objetivos a serem alcançados, priorizando as áreas de ener-

Anos Dourados

Após as duas grandes Guerras Mundiais, vieram os anos 50 e a bipolarização do mundo, com a União Soviética e os Estados Unidos em lados opostos. Nesse contexto de Guerra Fria, o Brasil teve que se posicionar a favor de um dos lados, passando a escolher a direção capitalista dos norte-americanos. Como consequência destes fatos, esse período ficou marcado por grandes avanços científicos, tecnológicos e mudanças culturais e comportamentais.

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DOSSIÊ Furnas

Juscelino Kubitschek (ao centro da foto) criou Furnas para suprir a crescente demanda energética do Brasil

Montagem do rotor da hidrelétrica

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gia, transportes, alimentação, indústria, educação e construção. Com esse plano político, JK conseguiu estimular o setor industrial do país, que começou a apontar índices de desenvolvimento satisfatórios. Apesar disso, o Brasil apresentava uma oferta de energia muito reduzida, o que poderia ser um obstáculo para a expansão econômica do país. A fim de suprir a possível demanda energética, JK buscou suporte no poder público para evitar déficit de energia, já que o crescimento da capacidade instalada de geração evoluía a taxas inferiores às da economia. O diretor-presidente de Furnas, Ricardo Medeiros, explica que o crescente aumento da demanda energética era uma preocupação constante. Por isso que recebeu atenção especial no Plano de Metas. “O segmento de energia elétrica consumiria mais da metade dos recursos destinados ao setor energético”, afirma. Segundo Medeiros, com o impulso ao desenvolvimento industrial, previa-se que o consumo de energia elétrica passaria de 13 mil GWh em 1955 para cerca de 36 mil GWh em 1965. Já a capacidade instalada total do país, que era de 3.491 MW em 1956, deveria atingir a marca de 8.255 MW em 1965 – uma taxa de crescimento de cerca de 10% ao ano. Já na região Sudeste, o diretor-presidente explica que o colapso no fornecimento só seria evitado com o aumento de, aproximadamente, 500 MW por ano, entre 1956 e 1965. “Embora houvesse diversos empreendimentos em construção no início do governo JK, a soma da geração de todos os projetos ficaria ainda abaixo das estimativas do plano de metas. Era hora de investir em grandes projetos.”


Montagem da turbina

Nascia um grande projeto De acordo com Medeiros, em maio de 1956 o então secretário-geral do Conselho de Desenvolvimento – órgão responsável pelo Plano de Metas – e presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lucas Lopes, encaminhou ao presidente JK vários motivos defendendo a liberação de recursos para estudos sobre o aproveitamento da corredeira de Furnas, no Rio Grande. “O potencial estimado do empreendimento (1.000 MW), aliado à localização privilegiada – um ponto equidistante de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo –, conferiram uma perspectiva promissora ao projeto. Além disso, a barragem de Furnas permitiria a regularização

Rio Grande

A barragem da Usina Hidrelétrica de Furnas está localizada no curso médio do Rio Grande, no trecho denominado “Corredeiras das Furnas”, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais.

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da vazão do Rio Grande, facilitando a implantação de outros empreendimentos rio abaixo”, acrescenta. Neste cenário, enquanto o mundo se abalava com as notícias da corrida armamentista entre EUA e URSS, o Brasil se desenvolvia a partir de diversos investimentos em infraestrutura e indústria, como a inauguração da Rodovia Rio-Belo Horizonte e o início das produções da Volkwagem em São José dos Campos (SP). Surgia então, em 1957, a Central Elétrica de Furnas S.A. Para o diretor-presidente, naquele período, a Usina de Furnas era o empreendimento chave para o desenvolvimento do Sudeste brasileiro. “Se Furnas não entrasse naquela época, com aquele potencial de energia, estaria inviabilizado o boom industrial que surgiu naquele período. Furnas foi a usina que veio na hora em que o Brasil precisou de um milhão de quilowatts para dar um salto enorme na sua expansão”, analisa. “Estava claro que um projeto de tamanha envergadura ultrapassava a capacidade de investimento de uma única empresa estadual”, sublinha Medeiros. Em 25 de fevereiro de 1957, a Central Elétrica de Furnas realizou uma nova exposição de motivos do Conselho de Desenvolvimento, o que transformou a construção da Usina de Furnas em obra prioritária do Plano de Metas, além de solicitar que o BNDES fosse autorizado a subscrever o capital correspondente à participação da União na nova empresa. Naquele mesmo ano, no Palácio do Catete, foi realizada por Juscelino Kubitschek a solenidade de instalação da nova concessionária. No mesmo dia, pelo Decreto 41.066, Furnas foi autorizada a funcionar como empresa de energia elétrica. “A solenidade de instalação da nova concessionária foi compatível com o tamanho da expectativa gerada pela Usina”, pontua o diretor-presidente.

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Na década de 50, a região CentroSul do Brasil concentrava 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, quase um terço da população e o incipiente parque industrial do país.

O engenheiro John Cotrin foi o primeiro presidente de Furnas


Mãos à obra A Usina Hidrelétrica de Furnas foi a primeira construída pela empresa, da qual herdou o nome. Sua construção começou em julho de 1958, tendo a primeira unidade entrado em operação em setembro de 1963 e a sexta, em julho de 1965. “A construção de Furnas levou oito anos, um período compatível com as limitações técnicas da época e o tamanho do empreendimento”, comenta o atual diretor-presidente de Furnas. Construir a maior usina hidrelétrica do país daquele tempo, com capacidade de gerar 1.216 MW de potência, exigiu a contratação de profissionais estrangeiros, principalmente ingleses, e a importação de equipamentos da Itália, Suécia, Estados Unidos, Suíça, Canadá e Japão, além de contar com a criatividade de operários brasileiros que ajudaram na resolução de muitos problemas técnicos. No início da década de 1970, houve a ampliação da usina, com a instalação da sétima e da oitava unidades, totalizando 1.216 MW, o que colocou a obra entre uma das maiores da América Latina. A localização privilegiada da usina (500 km do Rio de Janeiro, 400 km de São Paulo e 300 km de Belo Horizonte) permitiu que se evitasse, em meados da década de 1960, um grande colapso energético no país, evitando o racionamento e o corte no fornecimento de energia elétrica ao parque industrial brasileiro. A Usina de Furnas, além de ser um marco da instalação de grandes hidrelétricas no Brasil, possibilitou a regularização do Rio Grande e a construção de mais oito usinas, aproveitando, integralmente, um potencial de mais de 6.000 MW instalados. Nos dias de hoje, Furnas mantém um sistema por onde passam 40% da energia que move o Brasil, atuando no abastecimento a regiões onde estão situados 63% dos domicílios e 81% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. “Furnas, hoje, atua na geração, transmissão e comercialização de energia elétrica, com instalações em regiões abrangidas pelo Distrito Federal e por mais 15 estados”, finaliza Medeiros.

Construção de Furnas

A formação da represa de Furnas ocorreu em 1961

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UMA SENHORA sempre atual

42 FULL ENERGY | edição 25 Além da geração e comercialização, Furnas também atua na transmissão de energia elétrica


Furnas é responsável por quase 10% de toda a energia produzida no Brasil

M

esmo com 60 anos de trajetória, Furnas se posiciona hoje como uma das maiores produtoras de energia do Brasil, sendo responsável pela gestão da Usina Hidrelétrica de Furnas, primeira de grande porte instalada no país. Mesmo com seis décadas de história, a empresa – de economia mista, subsidiária

da Eletrobras e vinculada ao Ministério de Minas e Energia – aposta pesado para se manter sempre jovial. Ao longo de 2016, investiu um total de R$ 1.804 milhões, dos quais R$ 500 milhões foram destinados para empreendimentos próprios e R$ 1.304 milhões em sociedades de propósito específico (SPEs), nas quais a empresa possui participação.

Segundo Ricardo Medeiros, diretor-presidente da instituição, no último ano “entraram em operação as três últimas unidades geradoras (UGs) da Usina Hidrelétrica de Teles Pires e as nove novas unidades geradoras da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, agregando, conjuntamente, 1.744 MW de potência instalada à capacidade de geração do país”.

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Furnas: hoje e amanhã Além de responsável pela Operação e Manutenção (O&M) de diversos empreendimentos no setor, Furnas atua também na comercialização de energia elétrica, tendo efetuado, no último ano, a compra de 3.426 GWh e a venda de 38.111 GWh, em total comercializado de 41.537 GWh. A estatal possui empreendimentos próprios ou em parceria com outras organizações que, juntos, totalizam quase 10% da energia produzida no Brasil. Medeiros relata que, em seu parque gerador, a empresa integra, hoje, 25 usinas hidrelétricas – fonte de 95% de sua geração –, 3 eólicas, com potência instalada total de 187 MW, e 2 termelétricas, com 530 MW de potência instalada total. “Este parque gerador supre 17.303 MW de potência instalada ao mercado de energia elétrica brasileiro.” Além da entrada em operação das últimas unidades geradoras da UHE Santo Antônio, espera-se que, durante os próximos anos, Furnas construa 43 novos parques eólicos, expandindo ainda mais a sua atuação nesta área. Medeiros afirma que essas novas implantações irão ampliar a capacidade brasileira de geração de energia. “Serão 2.152 MW de potência instalada adicional, fruto de investimentos próprios e de parcerias com a iniciativa privada. Adicionalmente, a empresa participa da construção de 3.580 km de novas linhas de transmissão e realiza importantes obras de am44

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Em seu parque gerador, a empresa integra, hoje, 25 usinas hidrelétricas

pliação em inúmeras instalações existentes”, explica. Sobre a atual performance da empresa, Medeiros pontua que, em parceria com companhias estatais e privadas, Furnas participa de “empreendimentos de geração e transmissão de fundamental importância para a garantia do aumento da oferta de energia elétrica no país”. “A excelência de seu quadro técnico credenciou a empresa a se engajar, nos últimos anos, em grandes projetos, com destaque para sua participação na implantação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio; da linha de transmissão em corrente contínua de 600 kV, que liga a Usina ao Sudeste; e da linha de transmissão em corrente contínua de 800 kV que escoará, igualmente, para o Sudeste”, ressalta o diretor-presidente.


Transmissão em foco

O parque transmissor de Furnas concentra, hoje, 25.563 km de linhas

O parque transmissor de Furnas concentra, hoje, 25.563 km de linhas, das quais 5.438 km sob a forma de participação em sociedades de propósito específico (SPEs), possuindo ainda 70 subestações, com capacidade de transformação total de 120.773 MVA, já incluídos 15.975 MVA referentes a 20 subestações de suas investidas. De acordo com o Documento de Demonstrações Financeiras e o Relatório da Administração 2016, publicados pela Eletrobras Furnas, entre os empreendimentos de transmissão construídos e operados pela estatal no último ano, destaca-se o Sistema de Transmissão de Itaipu, integrado por cinco linhas de transmissão que cruzam 900 km entre os Estados do Paraná e São Paulo. Esse sistema é composto por três linhas em corrente alternada, de 750 kV, e duas linhas em corrente contínua, de aproximadamente 600 kV, necessárias para contornar o problema de diferentes frequências utilizadas por Brasil e Paraguai. Ainda segundo o relatório, Furnas planeja a construção de novas linhas e subestações para os próximos anos. Em empreendimentos próprios, serão 149 km de linhas de transmissão. Já em regime de participação em SPEs, serão 3.431 km de linhas de transmissão e 4.680 MVA de capacidade de transformação, além de 7.850 MW de potência em estações conversoras.

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A MENINA DOS

olhos do Grupo Eletrobras

Em 2016, Furnas conquistou lucro recorde de R$ 9,4 bilhões, destacandose entre as subsidiárias do Grupo; no mesmo ano, a receita operacional bruta da estatal atingiu a marca de R$ 20,4 bilhões

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Foto: José Lins

Usina Hidrelétrica de Funil

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ecorde de lucro. É assim que se define o ano de 2016 para Furnas, que fechou o ciclo com rendimento positivo de R$ 9,4 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 70 milhões de 2015. Esta conquista colocou a empresa como destaque no último ano entre as subsidiárias do Grupo Eletrobras. A receita operacional bruta da estatal atingiu, em 2016, o valor de R$ 20,4 bilhões no exercício. Já EBITDA atingiu a marca de R$ 15 bilhões, 750% maior que no exercício anterior, influenciado pela redução das despesas operacionais – cerca de R$ 725 milhões em relação a 2015. Para Ricardo Medeiros, diretor-presidente de Furnas, o resultado positivo em 2016 foi impactado pelo reconhecimento da indenização pelos ativos de transmissão da empresa na ordem de R$ 14 bilhões. “Mesmo sem considerar tal indenização, a empresa conquistou um lucro de cerca de R$ 210 milhões, o que mostra que estamos no caminho certo para manter a trajetória de redução de custos, recuperação de caixa e lucratividade”, explica. O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, em cerimônia de comemoração aos 60 anos de Furnas, que aconteceu em abril deste ano, enalteceu a grandiosidade de empresa para o Brasil. Frisou que, desde a criação da primeira usina de grande porte do país até os dias de hoje, Furnas 48

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Furnas participa da construção de 3.580 km de novas linhas de transmissão


marca presença expressiva na área de transmissão, já que 40% das linhas do grupo Eletrobras pertencem à estatal. Ferreira ressaltou ainda o pioneirismo da empresa no pilar da excelência operacional. Durante a cerimônia de comemoração dos 60 anos, Medeiros destacou ainda que o DNA da empresa sempre foi marcado pela qualidade e inovação ao longo das seis décadas. Criado em 2011, o Plano Geral de Empreendimento de Transmissão é um exemplo dos investimentos da companhia na melhoria dos ativos por todo o país.

Ricardo Medeiros, diretorpresidente de Furnas

De olho no futuro Furnas já está se preparando para os desafios dos futuros ciclos, que demandarão melhoria da disciplina financeira, redução de custos, bem como a implantação de práticas inovadoras para manter a competitividade da empresa no mercado. Atualmente, Furnas está com 362 obras em andamento. De acordo com Medeiros, a estatal prevê investir cerca de R$ 1 bilhão em seu sistema até 2020. “Desde 2011 foram investidos R$ 1 bilhão na energização de 3.135 equipamentos, como transformadores, disjuntores, bancos capacitores, reatores, proteção de linha e de barra, entre outros. Até 2020, está prevista a energização de outros 4.172 equipamentos.” Com o objetivo de tornar a empresa mais eficiente, Furnas lançou, em 2017, o Programa de Geração de Valor (PGV) para cortar R$ 145 milhões nas despesas anuais da companhia. “Identificamos a demanda de implementação de mudanças que visam a eficiência operacional de Furnas. A criação do PGV fará o dimensionamento mais preciso das necessidades de custeio, não somente se aplicando a inflação sobre o orçamento do ano anterior, como acontece hoje na maioria das empresas estatais”, explica o diretor-presidente. Ao falar sobre o futuro da companhia, Wilson

[EM 2016] A EMPRESA CONQUISTOU UM LUCRO DE CERCA DE R$ 210 MILHÕES, O QUE MOSTRA QUE ESTAMOS NO CAMINHO CERTO PARA MANTER A TRAJETÓRIA DE REDUÇÃO DE CUSTOS, RECUPERAÇÃO DE CAIXA E LUCRATIVIDADE”,

Ricardo Medeiros, diretor-presidente de Furnas

Ferreira Junior comentou que as instalações da estatal já estão abrigando, fisicamente, o futuro Centro de Serviços Compartilhados do Grupo Eletrobras. “Até 2018, todas as empresas estarão trabalhando com seus serviços transacionais plena-

mente integrados neste Centro de Serviços. E Furnas, mais uma vez, cumpre um papel importante nesse processo, trazendo a experiência da empresa na prévia instalação do seu próprio Centro de Serviços Compartilhados”, conclui.

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COMPROMISSO

com o progresso do país

Projeto Furnas Educa

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Integrante do Comitê Brasileiro do Pacto Global (CBPG), Furnas realiza diversos programas que estimulam o desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico da sociedade

E

m pleno século XXI, é quase impossível imaginar uma instituição que não esteja atenta aos conceitos de desenvolvimento sustentável. Furnas é um exemplo de empresa que aderiu à premissa de minimizar impactos negativos inevitáveis e maximizar os positivos, contribuindo decisivamente para o progresso do país. Através de todo o trabalho realizado ao longo de 60

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COM TODAS AS SUAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL, FURNAS ACREDITA QUE CONTRIBUIRÁ DECISIVAMENTE PARA A CONSTRUÇÃO DE UM FUTURO SUSTENTÁVEL PARA A ATUAL E AS PRÓXIMAS GERAÇÕES.”

Ricardo Medeiros, diretor-presidente de Furnas

anos, Furnas desenvolve atividades que estimulam o desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico das comunidades vizinhas aos seus empreendimentos. Nesse sentido, a empresa trabalha com inovações que asseguram o crescimento sustentável do país por meio da utilização de energia limpa, renovável e de qualidade. Segundo Ricardo Medeiros, diretor-presidente de Furnas, tanto na construção como na operação de grandes empreendimentos, a empresa adota rigorosos padrões socioambientais que “reforçam o seu compromisso com a efetiva geração de valor para todas as suas partes interessadas”. Para fortalecer a sua atuação sustentável, a estatal realiza estudos ambientais e socioeconômicos que visam propor soluções de menor impacto, além de identificar ações de mitigação a serem desenvolvidas durante todas as etapas da obra. “Furnas se alia às comunidades do entorno para participar de iniciativas de valorização da cidadania, de geração de renda e de efetiva melhoria da qualidade de vida”, revela. 52

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Teste de qualidade das águas da represa

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), Furnas foi parceira fundamental do Projeto Brasil ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) 2015, que carrega os oito objetivos do projeto: acabar com a fome e a miséria; educação básica de qualidade para todos; igualdade entre gêneros e valorização da mulher; redução da mortalidade infantil; melhoria da saúde das gestantes; combate à aids, à malária e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao meio ambiente; e todo mundo trabalhando para o desenvolvimento.


Planejamento sustentável

Em prol da sociedade O compromisso de Furnas com a sociedade se manifesta por meio da aplicação de diversas ações e programas. Para se ter uma ideia, desde 2003 a estatal participa do Pacto Global das Nações Unidas e integra o Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos e Trabalho, bem como o Comitê Brasileiro do Pacto Global (CBPG). Medeiros destaca que, em 2016, dois projetos de Furnas foram destaques no 6º Prêmio da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). A empresa alcançou o primeiro lugar na categoria Inovação na Gestão Pública, com o projeto de desenvolvimento e teste de ônibus urbanos com tração elétrica, realizado em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e o segundo lugar na categoria Gestão de Resíduos, com o projeto de utilização de baterias estacionárias de lítio-íon em seus sistemas de informação e comunicação. Iniciativa que representou uma redução no descarte de chumbo das baterias convencionais. O diretor-presidente revela que, recentemente, a empresa realizou um acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Em Furnas, a sustentabilidade está inserida por meio dos processos de planejamento estratégico, definindo os indicadores de desempenho no Contrato de Metas de Desempenho Empresarial (CMDE) das empresas Eletrobras – que orienta o relacionamento da empresa com a holding. Medeiros conta que, desde 2008, Furnas participa do Programa Coleta Seletiva Solidária, iniciativa do Governo Federal que visa melhorar o aproveitamento de resíduos em processos de reutilização e reciclagem.

Em 2012, Furnas aderiu à A3P, programa promovido pelo Ministério de Meio Ambiente que busca disseminar a sustentabilidade nos órgãos da administração pública.

(PNUD), visando a disseminação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Pacto Global para todo o país. “O objetivo é planejar ações para a realização dos ODS no Brasil, com foco no cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.” Furnas também mantém as suas ações de investimento social focadas em educação, como o Programa Furnas Educa, que leva às escolas temas como cidadania, direitos humanos, conservação de energia e prevenção de queimadas, para alunos dos Ensinos Fundamental e Médio. “Em 2016, 23.350 crianças de diversos municípios participaram desse programa.” Outros exemplos são o Pro-

grama de Desenvolvimento Territorial para áreas de extrema pobreza; o programa Luz para Todos, que leva energia elétrica a áreas ainda não atendidas; e o PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios), o qual viabiliza o suprimento de energia a comunidades carentes não servidas pela rede elétrica com a utilização de fontes alternativas, como a fotovoltaica. “Com todas as suas ações de responsabilidade social e de conservação ambiental, Furnas acredita que contribuirá decisivamente para a construção de um futuro sustentável para a atual e as próximas gerações”, evidencia.

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Tecnologia e Inovação

Aproximadamente 159 mil pessoas visitaram a 24ª Agrishow

Tecnologias que fascinam 54

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Tecnologias voltadas à agroenergia foram expostas na feira

Negócios na Agrishow 2017 registram crescimento de 13%, além de aumento da visitação

Solução movida a energia solar contribui com os trabalhos no campo

U

ma das três principais feiras de tecnologia agrícola do mundo e a maior e a mais importante da América Latina, a Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola) se consolidou como uma vitrine das mais avançadas tendências e inovações tecnológicas para o agronegócio. Realizada em Ribeirão Preto (SP), a feira chegou à sua 24ª edição neste ano e com resultados para se comemorar. A Agrishow 2017 reali-

zou negócios da ordem de R$ 2,204 bilhões, o que significa uma recuperação de 13% em relação à edição anterior. Por segmento, o crescimento na intenção de compra de máquinas e equipamentos é: armazenagem (11%), grãos (12%), pecuária (11%), irrigação (20%) e outros (19%). No entanto, contando os fechamentos dos bancos, bem como os negócios iniciados em Ribeirão Preto, mas finalizados nos próximos meses, a expectativa é que o valor seja maior. edição 25 | FULL ENERGY

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Tecnologia e Inovação

Tecnologias de encher os olhos do produtor

Números aquecidos

Agricultura de precisão

A 18ª Rodada Internacional de Negócios reuniu fabricantes brasileiras de máquinas, de implementos agrícolas, de pecuária e de equipamentos de irrigação, com compradores (importadores, distribuidores e representantes) procedentes da Argélia, Chile, Colômbia, Egito, Etiópia, EUA, Nicarágua, Nigéria e Peru. Foram 12 compradores estrangeiros, que durante três dias reuniram-se com 38 empresas brasileiras, em uma ação de promoção comercial que resultou em cerca de 300 reuniões e mais de US$ 17 milhões, entre negócios fechados e futuros para os próximos 12 meses. Em relação ao número de visitantes, a Agrishow 2017 também apresentou um crescimento, chegando a 159 mil pessoas ante 152 mil do ano anterior. Além da elevação de 4,6% na quantidade de público, as mais de 800 marcas expositoras nacionais e internacionais ressaltaram a qualificação desses visitantes, que foram, sobretudo, compradores e produtores rurais de pequeno, médio e grande portes do Brasil e do exterior. A próxima edição da Agrishow será promovida de 30 de abril a 04 de maio de 2018.

Uma das áreas da Agrishow que sempre apresentam grandes inovações e chamam atenção do público é a de Agricultura de Precisão (AP). E com a melhoria da remuneração do setor agrícola brasileiro, a tendência é de aumentar os investimentos nestas soluções. As tecnologias de AP qualificam o planejamento e a execução do plantio, aumentam a produtividade dos cultivos, ajudam a preservar o meio ambiente e melhoram os rendimentos dos produtores. Cada vez mais, a chamada Agricultura de Precisão transforma o gerenciamento dos sistemas de produção agrícola de diferentes culturas no Brasil, como a cana-de-açúcar.

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Tecnologias de Agricultura de Precisão, como o piloto automático e os drones, asseguram o aumento da longevidade e da produtividade das plantações de cana-deaçúcar


Conforme exemplifica Luana Rabelo, gerente de Marketing da Santiago & Cintra – empresa detentora da Geo Agri, que foi criada em 2009 para atuar neste tipo de tecnologia - por se tratar de uma cultura semiperene, cujo cultivo requer intenso tráfego de máquinas pesadas, a cana-de-açúcar tem sua produção favorecida pelo uso de maquinário com GPS de alta precisão, que garante o tráfego controlado em todas as operações, reduzindo a compactação da linha de plantio e minimizando riscos de erosões, o que possibilita o aumento da longevidade e da produtividade dos canaviais. Segundo Luana, entre as tecnologias de AP mais adotadas pelas empresas do setor sucroenergético está justamente o piloto automático, empregado em colhedoras e tratores. Permite o manejo das lavouras orientado apenas por GPS, sem a interferência do operador. Além disso, busca-se, cada vez mais, o controle automático da pulverização. “Algumas novas tecnologias estão sendo introduzidas rapidamente no setor, como o sistema WeedSeeker, para aplicação automática em ervas daninhas, e os VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados), que auxiliam na sistematização do terreno e no monitoramento da cultura plantada”, aponta. Para Luana, o uso do sensoriamento remoto no setor sucroenergético mudará, definitivamente, a forma como o produtor controla suas plantações. “Essas ferramentas são fundamentais para corrigir falhas através da análise da saúde do canavial e do constante monitoramento de vários indicativos, como os mapas de biomassa e o relatório de falhas de brotação e/ou de plantio”. Investimento e acesso Na aplicação das soluções da Agricultura de Precisão, como pontua Luana, via de regra vale a máxima de que “quanto maior o investimento, maior o retorno financeiro”, mas os ganhos também estão diretamente vinculados à capacidade de planejamento de cada empresa para o total aproveitamento das tecnologias. “Ganhos da ordem de 7% de aumento em metros lineares de cana por hectare e da ordem de 10 toneladas por hectare – devido ao tráfego

O WeedSeeker apresenta sensores ópticos eletrônicos que permitem a catação química automatizada. Eles identificam as plantas verdes, o que possibilita a aplicação localizada de herbicidas – apenas nas ervas daninhas e não no solo descoberto –, garantindo um controle mais eficiente do ponto de vista econômico e ambiental.

Os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), também chamados de drones, facilitam o monitoramento de recursos naturais e imageamento de práticas agrícolas e utilização do solo.

controlado – são números facilmente encontrados em evidências nas usinas e em trabalhos de pesquisa na área de compactação”, afirma. O acesso facilitado possibilita, inclusive, que as soluções sejam empregadas por companhias de diferentes portes. “Hoje, a Agricultura de Precisão está acessível para qualquer tamanho de empresa, desde fornecedores até usinas, as quais estão um pouco mais avançadas no uso das tecnologias devido à escala de suas operações, que permite ter pessoal dedicado à implementação do projeto e um setor de topografia para maior aproveitamento do potencial total das tecnologias”, comenta. Para as empresas que ainda não conhecem os benefícios da Agricultura de Precisão e não sabem por onde começar a implantação de um projeto na área, Luana adianta que é possível obter a ajuda do próprio fornecedor das soluções. “Nosso maior interesse é introduzir tecnologias que realmente agreguem valor para o setor, em uma relação onde os ganhos são mútuos”, salienta Luana, referindo-se ao suporte oferecido pela Geo Agri. “A introdução das tecnologias faz com que o empresário fique fascinado ao perceber onde pode chegar. Se temos sensores nas máquinas atuando em algum tipo de controle, também podemos extrair informações nunca antes vistas”, conclui.

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Mercado

O grande potencial das pequenas geradoras PCH Cambará, situada em Jaciara, MT 58

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Com um cenário favorável e uma atenção maior do governo, PCHs e CGHs encontram espaço para crescimento e geração de energia, mas desafios ainda precisam ser superados

A

s fontes renováveis de energia vêm conquistando, cada vez mais, espaço na matriz energética brasileira com a ampliação de seu potencial de geração. No rol de alternativas limpas e renováveis estão as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs). Atualmente, a capacidade instalada de PCHs no país atinge a marca de 4.958 MW, distribuída por 436 usinas. Além disso, há outras 595 CGHs, que somam mais 501 MW de potência ao sistema, segundo o Banco de Informações de Geração 2017 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Esta capacidade, que representa cerca de 3% do total da matriz elétrica brasileira, está distribuída principalmente entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul, cada uma com cerca de 30% de participação. Neste cenário, destaca-se que, em 2016, o 1º Leilão de Reserva foi o primeiro a permitir a participação das CGHs e a possibilitá-las de comercializarem energia no mercado regulado. Com a dificuldade de licenciamento ambiental para projetos de grande porte de usinas hidrelétricas (UHEs), o panorama da microgeração no Brasil é auspicioso e vem apresentando

crescimento. De acordo com a Superintendência do Meio Ambiente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), as usinas de grande porte continuam sendo prioridade para a oferta de energia elétrica no país, apesar da tendência de diminuição de sua participação relativa na matriz em função da inserção de novas fontes renováveis. “Nesse contexto, espera-se que as PCHs e as CGHs tenham um acréscimo de participação relativa na matriz elétrica nacional. Em termos absolutos, a expectativa atual é de que o acréscimo de capacidade instalada de PCHs e CGHs nos próximos 10 anos seja de aproximadamente 2.400 MW, segundo o Plano Decenal de Energia (PDE 2024)”, afirma a superintendência da EPE.

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Mercado

Expansão das PCHs e CGHs no mercado regulado nos últimos quatro anos Número de usinas e Tipo

Potência Instalada (MW)

2013

24 PCH

481

2014

3 PCH

43

2015

15 PCH

230

39 PCH

427 15

Ano

2016

11 CGH

Fonte: EPE e CCEE

Potencial Para Paulo Arbex, presidente-executivo da ABRAPCH (Associação Brasileira de PCHs e CGHs), a Associação já tem mapeados quase 28 mil MW de potencial de geração nestas duas modalidades de geração de energia hidrelétrica no Brasil. Segundo ele, cerca de 7 mil MW foram aprovados pela Aneel e já estão prontos para ir a leilão, sendo que apenas alguns ainda não obtiveram licença ambiental. “Deveremos colocar este patamar de 7 mil MW entre este ano e ano que vem”, diz Arbex. “Se houver leilão até o final de 2017, acreditamos que vamos conseguir colocar até o final do ano por volta de 2 mil MW em CGHs e estamos lutando para que ocorra de fato este leilão.” A ABRAPCH está pleiteando, junto ao governo, uma contratação média anual, de 60

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Paulo Arbex, presidenteexecutivo da ABRAPCH

Preço Médio do lance no leilão (R$/MWh)

~136,00 ~162,00 ~204,00 ~206,00 ~220,00


Desafios

A GRANDE MAIORIA DOS NOSSOS RIOS NÃO FOI ESTUDADA. TEM MUITA USINA HIDRELÉTRICA SEM TER SIDO DESCOBERTA E UMA QUANTIDADE AINDA MAIOR DE PCHS É DESCONHECIDA.” Paulo Arbex

1 MW médios. “Estamos pedindo para a EPE colocar no planejamento anual um total de 600 MW médios, mas queremos começar com 500 MW médios e elevar este volume anualmente.” Arbex afirma que as PCHs e as CGHs não podem competir em preços com as UHEs, mas reconhece que novos projetos hidrelétricos de grande porte vão demorar. Para o presidente-executivo da ABRAPCH, as PCHs são “a bola da vez”. “Estamos sempre sujeitos a decisões políticas, mas é muito claro que esta fonte é adequada para este momento, principalmente se a decisão tomada for técnica. E, atualmente, temos no governo profissionais técnicos, que são do ramo.” O potencial das PCHs e CGHs no Brasil não é devidamente conhecido. “A grande maioria dos nossos rios não foi estudada. Tem muita usina hidrelétrica sem ter sido descoberta e uma quantidade ainda maior de PCHs é desconhecida. Mais da metade deste potencial nem sabemos que existe”, pontua Arbex.

As Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs) também são geradoras de energia que utilizam o potencial hidrelétrico para sua produção. A diferença é que as CGHs são ainda menores, tanto em termos de tamanho quanto de potência. De acordo com a classificação da Agência Nacional de Energia Elétrica, esses empreendimentos podem gerar até 5 MW de energia.

Para o diretor da WEG Energia, Eduardo de Nobrega, as dificuldades ambientais para se explorar grandes projetos hidráulicos sempre foram um dos impulsionadores para a viabilização do potencial de PCHs e CGHs. “Vemos com otimismo as perspectivas para este setor, pois o cenário de tarifas nos últimos leilões foi positivo e trouxe de volta o interesse dos investidores. Este interesse deve se intensificar com a melhora do cenário econômico do Brasil no médio prazo.” O executivo destaca ainda a necessidade de aumentar a agilidade no processo de obtenção das licenças necessárias para se implementar um projeto de PCH ou CGH. “O recente aumento da potência de CGHs para 5 MW já mostra uma sinalização positiva e deve contribuir na viabilização de alguns projetos até então engavetados. A cadeia produtiva brasileira está madura e pronta para atender este mercado. Na WEG, por exemplo, podemos produzir e fornecer todo o pacote eletromecânico para estas usinas, de forma eficiente e competitiva”, avalia Nobrega. Outro fator referente ao licenciamento ambiental, levantado pela EPE e pela WEG, é o trâmite ao qual as pequenas geradoras são submetidas, que em muitos estados seguem os mesmos ritos que as grandes usinas. Essa complexidade burocrática acaba

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Mercado

Tecnologia de ponta aplicada na PCH de Salto Góes

gerando custos adicionais aos projetos e, principalmente, demora no prazo para a obtenção de uma licença. Além das questões ambientais, a EPE destaca outros dois gargalos dentro do segmento que impedem o crescimento das pequenas geradoras de energia hidrelétrica. A competitividade e o financiamento. Embora existam diversos mecanismos legais para atrair investimentos ao setor, as associações e os agentes reivindicam o aumento do teto no valor definido em leilões de contratação, o que melhoraria, segundo a empresa, a atratividade para o investimento na fonte. Porém, a entidade ressalta que, em todos os leilões realizados, houve competição, atendendo a demanda prevista e proporcionando deságio no 62

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As PCHs são hidrelétricas de tamanho e potência reduzidos. Têm entre 5 e 30 MW com menos de 13 km² de reservatório. Começaram no Brasil em 1997, com a extinção do monopólio do Estado no setor elétrico

valor de compra. Apesar da venda de energia para o mercado regulado não ser a única opção para as PCHs e CGHs, a comercialização tem se tornado necessária para reduzir os riscos ao investidor e garantir a financiabilidade dos projetos. Os contratos de venda de energia de longo prazo são uma das principais garantias exigidas para a concessão de financiamentos. A recente inserção das CGHs em leilões de venda de energia no mercado regulado proporcionou maior facilidade para o financiamento, principalmente devido à previsibilidade de receita. No entan-

to, o mercado naturalmente encontra-se em fase de amadurecimento e requer melhorias para atender todas as necessidades que o ambiente regulado impõe. Outro ponto levantado é a complexidade regulatória que era apontada pelo setor como um dos principais entraves para o desenvolvimento da fonte e que, nos últimos anos, vem sendo combatida. No final de 2015, com a publicação da Resolução normativa n° 673/2015, da Aneel, os requisitos e os processos para aprovação dos estudos foram simplificados, resultando em um novo rito de outorga para pequenas centrais hidrelétricas, buscando acelerar o processo e assim tornar mais atrativa a implantação desses empreendimentos.


Baixe o aplicativo Zappar e assista ao vídeo da WEG Energia (saiba mais na página 13)

CONTINUAMOS ACREDITANDO NESTE MERCADO E INVESTINDO NA CRIAÇÃO DE NOVOS PRODUTOS, COM O OBJETIVO DE OFERECER SOLUÇÕES QUE VIABILIZEM MESMO OS MAIS DIFÍCEIS PROJETOS” Eduardo de Nobrega, da WEG Energia

Foto: Rodrigo Arsego

Futuro Para empreendimentos de PCHs e CGHs serem instalados no Brasil, uma vantagem do país é o fato de ter empresas e profissionais com know-how nesta área. “Temos a possibilidade de fazer uma usina sem precisar importar um parafuso sequer”, afirma Arbex. De acordo com Nobrega, atualmente, entre CGHs e PCHs o Brasil tem em torno de 5,5 GW de potência instalada. “O potencial para grandes usinas hidráulicas já está bem reduzido e, num futuro muito próximo, já não existirá mais de forma viável. Portanto, as PCHs e as CGHs serão a única alternativa para manter a participação de geração hídrica na matriz brasileira.” O executivo acredita muito no potencial desta fonte de geração e destaca que é necessário solucionar os entraves burocráticos que fizeram com que as microgeradoras perdessem competitividade para outras fontes de geração renovável. “Continuamos acreditando neste mercado e investindo na criação de novos produtos, com o objetivo de oferecer soluções que viabilizem mesmo os mais difíceis projetos”, completa.

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Líderes e Práticas

A primeira edição dos 100 Mais Influentes da Energia ocorreu em novembro de 2016, em São Paulo

100 Mais Influentes da Energia 2017 Grupo Mídia homenageará as personalidades que mais se destacaram no setor da Energia no último ano

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P

ela segunda vez consecutiva, o Grupo Mídia, por meio da revista Full Energy, organizará o 100 Mais Influentes da Energia. O objetivo é homenagear as personalidades que mais se destacaram no último ano em todas as áreas da matriz energética brasileira. No ano passado, a primeira edição do prêmio reuniu importantes nomes como Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica; Mark Lyra,

CEO da Cosan Biomassa; Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar; entre outros. A avaliação da primeira edição do evento foi muito positiva. Para Rafael Paniagua, CEO da ABB Brasil, receber a premiação “aumenta ainda mais a responsabilidade”. O prêmio “é fruto de muito trabalho e é muito gratificante receber esta homenagem da Full Energy”, afirmou Maurício Garcia, diretor da unidade de Energia da Sotreq. “Estou lisonjeado com esta indicação. É com muita humildade que recebo este prêmio e espero, no ano que vem, ter


Votação está aberta No total, são 20 categorias com cinco eleitos em cada uma, não havendo ranking entre os homenageados. Entre as categorias estão Empresários, P&D, Gestão de Pessoas, Indústria, Personalidade Pública, Qualidade e Segurança etc. Para chegar ao nome dos ganhadores, a Full Energy recorre a dois pilares de pesquisa. Votação pelo portal aberta para o público e pesquisa de mercado, indicando os nomes mais relevantes do setor. Com tais dados em mãos, o Conselho Editorial do Grupo Mídia, formado por editores, jornalistas e diretores, escolhe o 100 Mais Influentes da Energia 2017. Neste ano, o evento acontece em São Paulo no mês de dezembro. Em breve, serão divulgadas mais informações. Dê o seu voto e ajude a Full Energy a escolher os 100 Mais Influentes da Energia 2017! Para votar, acesse: eventos.grupomidia. com/energia.

mais pessoas representando o setor de energia renovável, que é tão importante para o país”, disse Mark Lyra. “No ano passado, a nossa primeira edição dos 100 Mais Influentes da Energia foi o primeiro evento do Grupo Mídia dedicado exclusivamente para o setor de Energia, como também nosso primeiro prêmio para esses grandes nomes. Em 2017, vamos realizar este evento em um espaço bem maior, pois vimos que a nossa proposta foi bem aceita pela comunidade da Energia”, salienta Edmilson Jr. Caparelli, CEO do Grupo Mídia.

Segunda edição dos 100 Mais Influentes da Energia ocorrerá em dezembro de 2017, na cidade de São Paulo

Edmilson Jr. Caparelli, CEO do Grupo Mídia

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Sustentabilidade

Carvão: abolir ou modernizar?

Com baixo custo de geração, a energia elétrica a partir do carvão atualmente é importante para a segurança energética no Brasil, mas é muito criticada por acarretar graves consequências ambientais e à saúde humana 66

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Q

uando se trata de carvão, ou qualquer outro combustível fóssil, existem diversas análises e pontos de vista que acabam se chocando. Quando se analisa a geopolítica mundial, as energias renováveis ganham força, principalmente depois do Acordo de Paris. Mas, nos Estados Unidos, maior consumidor mundial de energia, chegou ao poder Donald Trump, um presidente que prioriza o desenvolvimento industrial e a geração de empregos em detrimento às discussões sobre a redução das emissões de gases poluentes. O novo mandatário norte-americano não terá problemas em aumentar os incentivos para os combustíveis fósseis. Não por acaso ele compôs seu governo com políticos defensores das fontes não-renováveis e, recentemente, tirou os EUA do Acordo de Paris. Trump não vê problemas em criar incentivos para o carvão, por exemplo, principalmente com foco na geração de empregos. No Brasil, segundo o balanço energético nacional, a fonte carvão representa 42% da energia disponível em tonelada equivalente de petróleo (TEP), ou seja, o país ainda tem um potencial nesta fonte que pode ser desenvolvido. “Usinas que utilizam o carvão nacional são importantes para manter a segurança energética do Brasil e para baixar o custo da geração térmica no sistema interligado, pois têm

o menor custo de despacho”, declara Fenando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral. “Produzimos cerca de 13 milhões de toneladas de carvão bruto por ano, sendo que 83% são direcionadas para a geração de energia elétrica.” Entretanto, todo esse potencial acaba preocupando quem tem posição contrária, que são, em sua maioria, ambientalistas que visam o desenvolvimento do país por meio de energias limpas. Reserva Vs produção O Brasil não possui uma grande reserva de carvão mineral comparativamente com outros países. Toda ela se encontra, exclusivamente, nos três estados da Região Sul, sendo 89% no Rio Grande do Sul, na região da Candiota, além de 8,9% em Santa Catarina e 1,1% no Paraná. Atualmente, o consumo anual brasileiro é de 0,27% das reservas de carvão mineral, enquanto o Canadá consome 1,06% e a Alemanha, 0,46%.

As maiores reservas e consumos de carvão mineral do mundo se concentram, por ordem, em quatro países: China, Estados Unidos, Índia e Austrália. “Em relação a estes e outros países, como Japão, Rússia e África do Sul, nossa posição é de insignificância”, declara Nilo Sergio Schneider, engenheiro de minas com pós-graduação em Gerenciamento Ambiental na Indústria. Apesar do movimento global contra as fontes fósseis de energia, o carvão se mantém em posição de destaque na matriz energética mundial. Vem se mantendo, ao longo de décadas, como a segunda maior fonte de energia primária. No século XXI, o carvão foi o combustível que mais cresceu no planeta, principalmente por conta da revolução industrial chinesa. “Podemos dizer que o século XXI foi o século do carvão. Ele é a base da industrialização, pois é usado no cimento, na fabricação do aço e na geração de energia elétrica. É barato e competitivo”, confirma Zancan.

Nilo Sergio Schneider, engenheiro de minas com pósgraduação em Gerenciamento Ambiental na Indústria

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Sustentabilidade

O Brasil produz cerca de 13 milhões de toneladas de carvão bruto por ano, sendo que 83% são direcionadas para a geração de energia elétrica

Inimigos do clima? No entanto, se essa produção continuar crescendo, pode ser um fator preocupante à saúde do planeta. Caso o carbono contido nos reservatórios de projetos fósseis já em exploração seja queimado, o planeta ultrapassará os 2°C de temperatura global. Na COP-22, a Conferência do Clima, realizada no Marrocos, em novembro do ano passado, mais de 400 organizações e entidades entregaram aos líderes mundiais um documento alertando para os impactos catastróficos das mudanças climáticas 68

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decorrentes do agravamento do aquecimento global. No documento, solicitam o impedimento de novos projetos a partir de fontes fósseis e pleiteiam uma transição justa rumo às energias renováveis. Num planeta à mercê das mudanças climáticas, considerar a exploração do carvão e de outras fontes fósseis é vista como uma via desnecessária e até perigosa para alguns especialistas. “No Brasil, vemos a matriz energética ancorada nas termelétricas a carvão, grandes consumidoras de água, emissoras da CO e ²

promotoras do agravamento das desigualdades sociais”, comenta o engenheiro e ambientalista Juliano Bueno de Araújo. Ele é o coordenador das campanhas climáticas da ONG 350.org e Coordenador Nacional da COESUS (Coalizão Não Fracking Brasil). “Não somos contra o desenvolvimento, sabemos das demandas de energia para a população e a indústria, mas temos que investir em energias renováveis, limpas, seguras e livres.” De acordo com Araújo, países como China e Índia,


muitas nações europeias, e até os Estados Unidos, já tiveram a saúde de milhões de pessoas atingida e seu meio ambiente gravemente prejudicado pela queima de combustíveis fósseis. “Para além do aspecto econômico, os impactos ambientais e sociais dessa exploração minerária demostram que, ao insistirmos na exploração e na queima do carvão, estamos na contramão da história. As energias renováveis já são mais baratas em 60 países, inclusive nos mais desenvolvidos. Temos que acordar para a realidade. O carvão é um fóssil do século passado e está com os dias contados”, afirma o ambientalista. A modernização irá nos salvar? Já se sabe que toda atividade industrial, como também de geração de energia, é impactante ao meio ambiente, quer no seu processo produtivo ou daqueles que lhe fornecem insumos. Os riscos ao meio ambiente são menores quando mais tecnologias e princípios de gestão modernos são aplicados no desenvolvimento das atividades. “Ao longo dos anos, a tecnologia vem sendo usada para reduzir o impacto ambiental. Já passamos pela chuva ácida, na década de 1980, e estamos cada vez mais reduzindo as emissões, que estão controladas nas

Juliano Bueno de Araújo, coordenador das campanhas climáticas da ONG 350.org e coordenador nacional da COESUS

usinas térmicas”, confirma Zancan. A modernização, com o aumento da eficiência das usinas, também traz novas tecnologias de redução de emissões e a possibilidade de produção de subprodutos úteis à agricultura, como sulfatos de amônia e de cálcio. “O aumento da eficiência faz com que a queima de uma determinada quantidade de carvão gere mais energia, fazendo reduzir as emissões por kWh gerado”, comenta Nilo. O trabalho nas minas, em especial nas de subsolo, passou a ser completamente mecanizado, reduzindo o uso de explosivos, com consequências benéficas à saúde e à segu-

rança dos trabalhadores. Todas as empresas implantaram estações de tratamento de efluentes, eliminando o problema da contaminação das drenagens com as águas ácidas oriundas da oxidação natural da pirita contida no carvão. A maioria já abandonou o uso de barragens de rejeitos, com o emprego de espessadores e a recolocação dos rejeitos em áreas de antiga lavra. Há várias empresas estudando processos para tornar a pirita contida nos rejeitos um insumo para compostos de enxofre. O Brasil importa mais do que 90% do enxofre (e seus compostos) que utiliza, tanto na agricultura, como na indústria.

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Sustentabilidade

Em Figueira, no Paraná, onde está instalada a Carbonífera do Cambuí, são gerados diretamente 300 empregos

Benefícios sociais e econômicos Estudos de vários institutos mostram que, para cada emprego gerado na atividade de extração mineral, são criados cerca de oito empregos indiretos. No caso da cidade de Figueira, Paraná, onde está instalada a Carbonífera do Cambuí, são gerados diretamente 300 empregos, num município com 9.500 habitantes. Se forem levados em conta os empregos indiretos, não há dúvida sobre a vital 70

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importância da atividade para a localidade. Para o Brasil, o carvão mineral nacional evita o consumo de combustíveis alternativos importados, reduzindo o gasto em dólares, além de garantir o suprimento em períodos de crises mundiais. “Outro aspecto importante é que a geração de energia elétrica é segura e despachável, ou seja, pode ser produzida por demanda, não depende de condições climáticas e pode ser gerada a custos de moeda nacional”, completa Zancan.

Problemas de Exploração Na região de Candiota (RS), por ser muito próxima da fronteira com o Uruguai, as emissões de particulados nas usinas termelétricas criaram problemas, em especial para a criação de gado. Esta atividade sofria as consequências dos particulados depositados sobre os pastos utilizados na alimentação animal. A unidade mais nova implantada na região, com tecnologia chinesa, já não causa mais este problema. Na Europa, como na Alemanha e na Holanda, algumas termelétricas a carvão mineral são implantadas dentro do perímetro urbano das cidades, em perfeita “convivência harmônica”.


Michel Temer e o carvão No segundo semestre de 2016, o presidente Michel Temer vetou projeto de incentivo à energia advinda do carvão no país, o que pode ter sido resultado da pressão de entidades nacionais e internacionais que pregam a utilização de energias renováveis e que têm como foco primordial o não uso do carvão mineral. Araújo trabalhou intensamente contra o projeto. “Nós, da 350.org e da COESUS, estivemos na linha de frente junto a centenas de organizações ambientalistas, climáticas, membros da academia científica e de movimentos sociais, exigindo o veto a projetos que incentivam o uso do carvão. Nunca é demais ressaltar que o aquecimento global ocasiona mudanças climáticas extremas que afetam milhares de pessoas em todo o mundo, como o der-

Campanha nos EUA contra o uso de combustíveis fósseis

NO SEGUNDO SEMESTRE DE 2016, O PRESIDENTE MICHEL TEMER VETOU PROJETO DE INCENTIVO À ENERGIA ADVINDA DO CARVÃO NO PAÍS, O QUE PODE TER SIDO RESULTADO DA PRESSÃO DE ENTIDADES NACIONAIS E INTERNACIONAIS.

retimento das calotas polares, o consequente aumento dos níveis do mar e o desregulamento do regime de chuvas, o que causa desde alagamentos e deslizamentos de terra a secas cada vez mais intensas”, declara. Estas últimas, por sua vez, colocam em risco o abastecimento dos reservatórios das usinas hidrelétricas que, no caso do Brasil, são a principal fonte da matriz energética. De acordo com Araújo, isso leva o país a recorrer a fontes fósseis, o que contribui para o efeito em cadeia, agravando ainda mais a crise climática global. Zancan, por outro lado, acre-

dita que não havia razão técnica para o veto. “Não era um programa de incentivo para ampliar o uso do carvão, era um programa de modernização do atual parque termelétrico instalado. Teríamos a substituição de usinas antigas por usinas novas, mais eficientes, com menor custo e com menor impacto ambiental. O problema ainda existe e terá que ser enfrentado com a definição de um novo programa, pois se isso não acontecer poderemos inviabilizar a produção do carvão até 2030, visto o fim da vida útil do parque antigo”, diz Zancan.

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Sustentabilidade

O consumo e o futuro O carvão mineral participa com, 3,3% da geração total de energia elétrica no Brasil. No período de 2011 a 2015, conforme dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a geração base hídrica diminuiu em 16%, apesar da entrada em operação de novas hidrelétricas, reflexo das mudanças climáticas. Isto fez com que a geração térmica no país tivesse que ser aumentada em 134% para garantir o suprimento e evitar os apagões. Nos países mais desenvolvidos, ao invés de abandonar o uso do carvão mineral, o objetivo é procurar adequar suas matrizes energéticas ao conceito de “energia mais limpa” e mais barata. A Alemanha, por exemplo, gera com carvão mineral mais de dez vezes o que o Brasil, apesar de toda a vanguarda alemã em produção de energias renováveis. No final de 2015, o país inaugurou uma nova termelétrica de 1.600 MW, próxima a Hamburgo. O Reino Unido gera cinco vezes mais e o Canadá, duas vezes mais energia a partir do carvão em comparação com o Brasil. Na Itália, a empresa ENEL está implantando a maior termelétrica italiana a carvão mineral, de 2.640 MW, ao sul de Brindisi. Nos Estados Unidos, a diminuição do uso do carvão mineral foi resultado dos investimentos na exploração do gás de xisto. Esta opção pro72

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Unidade de Beneficiamento em Usina de carvão

vocou grandes inconvenientes ambientais, o que tenderá a dar um novo ânimo aos investimentos em carvão. Na opinião de Nilo Schneider, a produção de energias sustentáveis, como eólica e hidrelétrica, é extremamente variável. Isto acarreta a neces-

Fenando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral

sidade de alto investimento em soluções seguras. “A sociedade quer ‘energia firme’, mais limpa e barata possível. No entanto, a utilização de um sistema basicamente renovável exige a implantação de termelétricas para suprir a falta ocasional de vento ou déficit pluviométrico.”


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Perfil

Um inovador nato 74

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Mais do que empresário, Ildo Bet é um visionário que não tem medo de se reinventar. Uma aposta recente, e que já virou paixão, é a energia solar fotovoltaica

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Para Ildo Bet, um bom gestor é aquele que enxerga longe

isionário, inovador e estratégico. Esses são os três adjetivos que melhor descrevem Ildo Bet, sócio-fundador da PHB e diretor do Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Natural do Rio Grande do Sul, o empresário nasceu em Lajeado, cidade do interior gaúcho, mas viveu a sua trajetória acadêmica em outras cidades. Graduou-se em Engenharia Eletrônica pela Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre (PUCRS), em 1978, e no ano seguinte iniciou o Mestrado em Eletrônica e Potência na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em 1984, com apenas 29 anos, mudou-se para São

Paulo e fundou a PHB com mais dois sócios, empresa que atua nos segmentos de soluções em energia para telecomunicações e energia fotovoltaica. Em sua carreira, Bet pontua ter vivido fases de intenso desenvolvimento e dedicação a diferentes segmentos, como a energia fotovoltaica, que é o desafio atual do empresário. “Entre os anos de 1984 e 1990, fabricamos praticamente todas as fontes de computadores do país. Com a abertura da economia feita pelo ex-presidente Fernando Collor, o mercado de importados tomou conta do país. Naquele momento, nos reinventamos, indo de microcomputadores para o setor de telecomunicações na área de Saúde. Fabricamos também todas as fontes das urnas eletrônicas do país,

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Perfil

somando mais de 1 milhão de aparelhos. E recentemente, em 2011, entramos na área de inversores fotovoltaicos”, lembra. Atualmente com 62 anos, o engenheiro se considera um conciliador nato. Para ele, um bom gestor é aquele que enxerga longe. “Um empresário precisa pensar cinco anos antes dos acontecimentos. Caso contrário, a empresa dele poderá sofrer dificuldades. Se eu tivesse ficado apenas com telecomunicação, nesses últimos dois anos eu já teria reduzido o porte da empresa. Há seis anos, nos reinventamos e começamos a trabalhar na área dos inversores fotovoltaicos e hoje, em pleno tempo de crise, a PHB está crescendo e contratando”, comemora. Ildo Bet também é tido como uma inspiração para o setor. O profissional concilia a sua vida corrida de gestor com a de palestrante para motivar os sonhos dos futuros profissionais da área de sistemas fotovoltaicos. Atualmente, além de falar sobre aspectos técnicos do setor, o gaúcho tem percorrido o país palestrando para estudantes sobre o futuro que a profissão tem a oferecer. “Tenho sido convidado para falar sobre a minha própria história de vida.”

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Bet desenvolveu uma bicicleta de academia que carrega uma bateria de energia enquanto o atleta pedala e injeta energia elétrica na rede

Revolução Apaixonado pelo setor de energia solar, o diretor da PHB ressalta que, até 2024, o Brasil atingirá a marca de 1,2 milhão de instalações descentralizadas de energia fotovoltaica. “Começamos este ano com 7.104 conexões de geradores fotovoltaicos à rede e devemos terminar o ano com aproximadamente 21 mil, multiplicando o mercado por três”. Bet ainda pontua que a previsão é fechar o ano de 2018 com 50 mil instalações. Sobre o boom da energia solar fotovoltaica, o engenheiro acredita que esse atual quadro é reflexo do desejo dos brasileiros por gerar a sua própria energia. Para Bet, inovar faz parte do cotidiano profissional. Não

por acaso, a PHB, em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), está investindo pesado em mais uma novidade: uma bateria de Lítio-Íon para armazenamento de energia. O gaúcho explica que, com essa bateria, é possível armazenar a energia produzida durante o dia e utilizá-la no período noturno. No entanto, essa inovação ainda está em fase de estudo. Bet conta que os primeiros protótipos estão em fase de testes, mas a tecnologia poderá ser lançada comercialmente já em 2018. “A bateria de Lítio-Íon existe graças à eletrônica, que controla as tensões máximas e míni-


mas para que ela não exploda, diferente da bateria de chumbo-ácida. Estamos trabalhando com essa eletrônica por meio de muito software e hardware, visando controlá-la e deixá-la dentro de condições seguras para operação”, comenta Bet, ao explicar a nova tecnologia. Sob sua gestão, outra inovação que a PHB traz para o mercado é a bike on-grid. Bet explica que esse equipamento funciona “como se fosse um alternador de carro carregando a sua própria bateria”. Por meio de inversores fotovoltaicos, a energia produzida através do movimento mecânico do exercício é injetada na rede, gerando créditos energéticos para o usuário. Supondo que uma academia disponha desse serviço, ela poderá permitir aos seus clientes descontos na mensalidade de acordo com a energia produzida por cada indivíduo em específico. “Se uma pessoa consegue pedalar com maior velocidade, consequentemente produzirá maior energia. Produzindo mais energia, o usuário poderá ter um abatimento da sua conta.” Além de ser favorável para os frequentadores da academia, também é uma opção estratégica para o estabelecimento. “Uma pessoa aguenta pedalar, em média, uma hora seguida. Durante esse tempo, é possível que esse indivíduo produza 0,25 kWh. Em uma aula de spinning, com 10 pessoas pedalando juntas por uma hora, é possível gerar 2,5 kWh/dia. Multiplicando esse valor por 30 dias, teríamos 750 kWh/mês, o que representa um ganho de aproximadamente R$ 700 por mês para a academia”, explica Bet.

Ildo Bet ao lado do filho, Pedro: seguindo o legado do pai

O BOOM DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA É REFLEXO DO DESEJO DOS BRASILEIROS POR GERAR A PRÓPRIA ENERGIA.

Bate-papo com Ildo Bet Cargo: Diretor da PHB e do Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos da Abinee Cidade Natal: Lajeado (RS) Idade: 62 anos Hobby: Golfe Visão sobre o atual cenário político: “Esse momento é passageiro. Quem está olhando agora o fogo na floresta não consegue enxergar a floresta. Um empresário precisa ter visão de longo prazo. Não devemos falar mal e não fazer nada. Quem não faz nada está contribuindo negativamente. Temos que pensar para frente e superar essas dificuldades. Qual país não tem dificuldades?” Filosofia de vida: “Precisamos ser felizes naquilo que fazemos. E ser feliz não é apenas ganhar bastante dinheiro, porque quando se ama o que faz, você faz até de graça. Eu faria de graça o que estou fazendo hoje.”

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Ponto Final

Brasil eólico Há investidores ávidos por aportar recursos no setor eólico brasileiro. Mas precisam de segurança e previsibilidade

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ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica) realizou no dia 1º de junho, em São Paulo, o Encontro de Negócios da entidade. Já na sexta edição, o evento se tornou referência no setor eólico brasileiro, uma vez que reúne grandes especialistas e os maiores players da cadeia no país. Mais do que isso: os painéis e as palestras colocaram em discussão os temas mais relevantes do setor. Afinal, é momento de discutir e entender a fundo a quantas anda a energia que vem dos ventos. Neste ano, foram discutidas questões como a expansão do mercado livre, certificação em energia renovável, financiamento para projetos, diálogo com o governo, leilões, perspectivas econômicas, cenário para investimentos no setor e subsídios. O evento, que teve número recorde de participantes – cerca de 280 profissionais -, contou com a participação de palestrantes gabaritados e de um público formado por inúmeros executivos da cadeia eólica. Uma questão permeou a maioria dos painéis: a conjuntura política e econômica do país. “Precisamos de previsibilidade e segurança”, pediu um empresário da área de prestação de serviços. No Encontro, houve indicativo por parte do governo de que haverá no segundo semestre o Leilão de Reserva. Uma notícia que traz alívio à cadeia. Mas, no atual cenário político brasilei78

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ro, incertezas são uma constante. De qualquer forma, há sim investidores ávidos por aportar no setor eólico brasileiro, de acordo com a presidente da ABEEólica, Élbia Gannoum. Outra notícia animadora. Técnicos e empresários que conversaram com a equipe da Full Energy também apontaram que a atual gestão do governo na área energética tem sido pautada por decisões técnicas. Além disso, a Apex Brasil está articulando um grupo de trabalho que visa abrir portas do mercado externo para a cadeia brasileira de equipamentos e serviços eólicos. O grupo já

identificou que a América Latina, a priori, seria o mercado mais interessante para os produtos eólicos produzidos no país. Mas para conquistar outras regiões do mundo – o que significaria menor dependência do mercado interno brasileiro -, o projeto capitaneado pela Apla Apex também verificou que há vários gargalos a serem vencidos no sentido de aumentar a competitividade fora do país dos produtos eólicos fabricados no Brasil.


6º Encontro de Negócios da ABBEólica

Um exemplo constatado foi de empresas multinacionais que têm fábricas em território brasileiro e estão prospectando projetos em outros países da América do Sul. Estas companhias poderiam exportar equipamentos comercializados nestes projetos diretamente do Brasil, porém é mais viável atenderem os novos clientes a partir de suas plantas situadas na Europa. E assim, grandes oportunidades vão pelo ralo.

Apesar de tudo o que existe para ser feito no setor, não há como negar: o Brasil é abençoado pelo seu potencial em energias renováveis. Nesse aspecto, a energia eólica é e continuará sendo uma das principais protagonistas. Esta fonte ocupa 7,3% da matriz elétrica brasileira, o que corresponde a 11,12 GW. O país ocupa o nono lugar no ranking mundial de capacidade instalada e o quinto lugar no ranking de nova capacidade instalada. Considerando os contra-

tos já assinados, serão mais 200 novos parques eólicos até 2020, num total de mais 7 GW que estão em construção ou contratados. Em 2016, a energia eólica abasteceu em média 17,27 milhões de residências por mês. E a cadeia produtiva da indústria eólica brasileira já possui mais de mil empresas. Com tantos benefícios que este setor propicia, , tudo indica que os ventos soprarão a favor do futuro do Brasil.

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Eventos 2017 Junho CIBIO 2017 – Congresso Internacional de Biomassa Local: Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Curitiba (PR) Data: 20 a 22 de junho Informações: congressobiomassa.com

2ª ExpoBiomassa – Feira Internacional de Biomassa e Energia Local: Federação das indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Curitiba (PR) Data: 20 a 22 de junho Informações: expobiomassa.com

Brasil Offshore Local: Macaé (RJ) Data: 20 a 23 de junho Informações: brasiloffshore.com

Ethanol Summit – 6ª Edição Local: WTC Events Center, São Paulo (SP) Data: 26 e 27 de junho Informações: ethanolsummit.com.br

Julho Brasil Solar Power – Conferência e Exposição Local: Centro de Convenções SulAmérica, Rio de Janeiro (RJ) Data: 5 e 6 de julho Informações: brasilsolarpower.com.br

Agosto Intersolar South America Local: Expo Center Norte, São Paulo (SP) Data: 22 a 24 de agosto Informações: intersolar.net.br

Fenasucro & Agrocana – 25ª Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética Local: Centro de Eventos Zanini, Sertãozinho (SP) Data: 22 a 25 de agosto Informações: fenasucro.com.br

EXPEDIENTE CEO/Publisher: Edmilson Jr. Caparelli Diretora Administrativa: Lúcia Rodrigues Diretora Financeira: Rafaela Mofato Diretora de Arte: Erica Almeida Alves Diretor de Marketing: Jailson Rainer Diretor Executivo: Marcelo Caparelli Diretora Comercial: Giovana Teixeira Diretor de Projetos Especiais e Customizados: Márcio Ribeiro Diretora Editorial: Carla de Paula Pinto Editor da Revista Full Energy: Clivonei Roberto Jornalismo: Guilherme Batimarchi Estagiários: Juliana Ijanc’ e Kahel Ferreira Produtora de Arte: Valéria Vilas Bôas Coordenação de Pesquisa: Janaína Novais Assistente Comercial: Stefânia Mazoni Gerente de Clientes: Maurício Fagundes, Rogério Almeida e Ricardo Ribas Assinaturas e Circulação: assinatura@grupomidia.com Atendimento ao Leitor: atendimento@grupomidia.com Projetos Editoriais: projetoseditoriais@grupomidia.com Contatos: Matriz: (16) 3629-3010 | Sucursal: (11) 3014-2499 contato@grupomidia.com | redacao@grupomidia.com | comercial@grupomidia.com Matriz: Rua Aureliano Garcia de Oliveira, 256 - Ribeirão Preto - SP Filial: Av. Paulista, 2.202 - 6º, 10º e 11º Andar - São Paulo - SP

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