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Editorial
Difundir conhecimento
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s profissionais do setor energético brasileiro já podem se programar. No início de junho, na cidade de São Paulo, o Grupo Mídia e a Revista Full Energy promoverão a segunda edição do Fórum Full Energy. O evento vai reunir autoridades e especialistas do segmento para discutirem com profundidade o futuro da Energia no país. O que o setor avançou nos últimos anos e quais passos ainda deve trilhar, a conjuntura econômica e política, as eleições de 2018, as tecnologias disruptivas, gestão de competências. Temáticas de grande relevância para o futuro energético do país serão colocadas em pauta no fórum. Essa preocupação em fomentar a discussão e o conhecimento é uma prática que o Grupo Mídia já realiza há vários anos em um outro setor em que atua: a Saúde, uma vez que se propõe a ser muito mais do que uma empresa de difusão de informação nas áreas em que está presente. Por conta de seu compromisso com o desenvolvimento do país, realiza eventos em diferentes formatos voltados à promoção da educação de todos os elos da cadeia. Assim como faz há anos em Saúde, agora também assume esse papel em Energia. E o Fórum Full Energy 2018 vai inovar, ao promover um debate que reunirá os principais candidatos a presidente da república, que terão oportunidade de trazer a público as suas propostas para o setor. Além disso, o evento também será espaço propício para apresentar as demandas da cadeia energética aos presidenciáveis. Iniciativas como esta são fundamentais para o complexo e diversificado setor da Energia, fortalecendo uma área estratégica e crucial para o
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desenvolvimento do país uma vez que colocam, frente a frente, os principais atores do segmento para debaterem, compartilharem conhecimento e buscarem o diálogo. Desta conexão, ampla e saudável, todos saem ganhando.
Edmilson Jr. Caparelli
CEO | Publisher
NESTA EDIÇÃO
DEZEMBRO 2017 | JANEIRO 2018 Código de Cores A Full Energy organiza suas editorias pelo código de cores abaixo: Líderes e Práticas Sustentabilidade Tecnologia e Inovação Mercado Gente e Gestão Ideias e Tendências Estratégia Bioenergia
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Um plano sob medida para o setor sucroenergético Rumo a uma nova abordagem na área da Saúde, projeto Agrofácil permite a usinas e empresas agrícolas contarem com planos customizados, capazes de atender suas demandas com precisão
Articulista:
42 Olga Simbalista | 58 Augusto Salomon
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Grupo Mídia premiou as maiores personalidades do ano no “Oscar da Energia” As personalidades que mais se destacaram em 2017 em diferentes elos da cadeia energética brasileira foram homenageadas no 100 Mais Influentes da Energia
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Ventos certificados Ganha força no Brasil o mercado de certificação de energia renovável
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“Empresa com valores e princípios fortes obtém destaque no mercado” A fórmula para gerir bem a equipe não está em ser uma empresa paternalista ou “boazinha”. CENEGED se destaca em gestão de pessoas por ouvir o colaborador e priorizar respeito, dignidade, empatia e meritocracia
Dossiê Welcome Energia 2018
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Perguntas para...
Newton Duarte, presidente executivo da Cogen
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O biogás avança “O Brasil tem total condição de, até 2030, chegar à produção de 30 milhões de m³/dia de biometano, ou seja, um adicional de 40% ao consumo atual de GN no país”
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Os próximos passos do RenovaBio Promovido na FGV, no Rio de Janeiro, encontro discutiu os próximos passos do RenovaBio
Perfil
Márcio Fernandes, palestrante e autor de “Felicidade Dá Lucro”
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Ponto Final Na contramão
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ALTA TENSÃO
Adesão do Brasil à IRENA O governo brasileiro aprovou, em janeiro, o início do processo de adesão do Brasil à Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). “O Brasil é um dos melhores exemplos da representatividade das energias renováveis na matriz, tanto elétrica quanto energética, e tenho convicção de que poderemos contribuir muito com a Agência. Poderemos participar mais ativamente do debate sobre temas relevantes da agenda energética internacional, bem como nos beneficiar das iniciativas da agência”, afirma o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. IRENA é uma organização intergovernamental que apoia o desenvolvimento de energias renováveis nos países membros, bem como a redução de emissões de gases de efeito estufa. Criada em 2009, a Agência Internacional teve como foco o fomento às tecnologias eólica e solar produzidas nos países desenvolvidos. A partir de 2011, passou a considerar os biocombustíveis e a energia hidráulica no escopo dos seus trabalhos.
China inaugura estrada solar No início de janeiro, a China inaugurou uma estrada capaz de absorver a luz do sol para gerar energia elétrica, utilizada para transporte público. A “estrada solar” se estende por 2 km e é composta por três camadas: concreto transparente na parte superior, painéis fotovoltaicos no meio e isolamento na parte inferior. O trecho também conta com duas pistas e uma linha de emergência. Segundo informações divulgadas pela imprensa chinesa, a via expressa poderia, em um ano, gerar 1 milhão de kWh de eletricidade, que serão usados para alimentar as luzes da rua e um sistema de derretimento da neve na estrada. Outra aplicação é fornecer energia às estações de carregamento para veículos elétricos. Além da China, a França e os Países Baixos também já possuem estradas e ciclovias com painéis solares embutidos.
ENERGIA EM NÚMEROS
12 TWh/ano
...é o potencial solar do estado de São Paulo
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80,4%
...foi a geração elétrica brasileira em 2016 a partir de fontes renováveis, ante 25,3% na média dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) no mesmo período
Energia a partir de resíduos A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou em 2017 uma resolução que estabelece regras voltadas para o controle de qualidade e a especificação de biometano oriundo de aterros sanitários e de estações de tratamento de esgoto (ETEs) destinado ao uso veicular e às instalações residenciais, industriais e comerciais a ser comercializado em todo o território nacional. A regulamentação marca uma nova fase para o setor no Brasil e permite a comercialização e a utilização como equivalente ao gás natural. O Brasil tem total condição de, até 2030, chegar à produção de 30 milhões de m3/ dia de biometano, ou seja, um adicional de 40% ao consumo atual de GN no Brasil. Para chegar a está decisão, a ANP desenvolveu pesquisas que comprovaram a possibilidade de substituição do gás natural, a proteção ao meio ambiente, a integridade dos equipamentos e a proteção à saúde humana.
Petrobras bate recordes No ano de 2017, a Petrobras atingiu um novo recorde de produção de óleo e gás no Brasil, totalizando 2,65 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), volume 0,9% superior a 2016. Levando em consideração apenas o petróleo produzido, foram 2,15 milhões de barris por dia (bpd), 0,4% acima do resultado do ano anterior. O que puxou esse resultado foi o desempenho da companhia na camada do pré-sal. É o quarto ano seguido em que a petrolífera brasileira bate recorde de produção de petróleo. Outra marca importante no ano foi o índice de aproveitamento de gás da companhia no Brasil: atingiu também recorde em 2017, ao chegar no patamar de 96,5%, como resultado dos avanços obtidos pelo Programa de Otimização do Aproveitamento de Gás. Quanto ao pré-sal, a Petrobras e suas parceiras conseguiram dois recordes: o mensal, de 1,36 milhão de barris de petróleo diários (bpd) ao todo; e o diário, de 1,48 milhão de bpd, no dia 4 de dezembro. A média anual da produção operada (que abrange a parcela da Petrobrás e seus parceiros) no pré-sal também foi a maior da história da companhia: 1,29 milhão de bpd. Esse valor supera em 26% a quantidade registrada em 2016.
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...grandes companhias globais são signatárias de uma “Declaração de Negócios Internacionais”, que pede aos governos dos membros do G20 para eliminarem subsídios aos fósseis até 2025
20 mil
...instalações é o número de conexões de micro e minigeração de energia no Brasil, com atendimento a 30 mil unidades consumidoras
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Palavra do Editor
Visão humanizada do colaborador é base para o engajamento
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idar com pessoas não é fácil, mas este é um desafio que tem que ser enfrentado pelos gestores – missão que pode se tornar saborosa e gratificante. Toda empresa que planeja alavancar seu desempenho deve incluir o engajamento na sua lista de prioridades. Essa palavra vai muito além do número de seguidores de uma rede social ou likes de uma postagem. No setor empresarial, está relacionada com envolvimento, interação, grau de comprometimento. Para alguns autores, engajamento no mundo corporativo é o compromisso emocional que o funcio-
Clivonei Roberto, Editor da Revista Full Energy
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nário tem com a organização e seus objetivos. São empregados envolvidos pra valer, preocupados com seu trabalho e com sua empresa. E esta edição da Revista Full Energy traz exemplos representativos de que a busca pelo engajamento pode surtir mais resultados do que se imagina para o negócio e a organização. Na editoria Mercado, a Unimed Nordeste Paulista mostra o segredo para obter bom desempenho e sempre inovar: disposição para ouvir, tanto clientes e cooperados, como também a própria equipe de funcionários. Já na matéria de capa desta edição, a CENEGED relata como valoriza a qualidade de vida dos colaboradores, desenvolvendo diversas práticas que geram engajamento e excelentes resultados em produtividade, qualidade e segurança. E a Full Energy traz o Perfil de Márcio Fernandes. Autor do livro “Felicidade Dá Lucro”, ele afirma que não há segredo para o engajamento. “É preciso ter consciência de que a empresa só consegue o engajamento de seus colaboradores à medida que os trata de forma humanizada, ou seja, com interesse genuíno.” Segundo ele, para que as ações sejam efetivas, é necessário que os colaboradores participem e contribuam tanto no processo de elaboração, quanto no processo de realização dessas ações. Se as ações e objetivos não fizerem sentido para a equipe, o efeito será nulo. Não pode existir o processo top down, mas sim o bottom up. “É fundamental também que a liderança participe, seja desenvolvida e esteja engajada em tratar os colaboradores de forma mais humanizada. E como líder, o meu conselho é estabelecer relações baseadas em proximidade, credibilidade e confiança. Assim, o líder deve ser um tutor – alguém que instiga e acompanha o colaborador durante todo o processo – para ajudá- lo a encontrar o seu propósito.” Assim, estarão prontos a vencerem os desafios juntos.
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Perguntas para...
“As hidrelétricas não são mais a única solução para o país” Newton Duarte, presidenteexecutivo da Cogen (Associação da Indústria de Cogeração de Energia)
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balanço de 2017 foi positivo para a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen). Com o apoio de seus 95 associados, a entidade prosseguiu com sua atuação para promover o fortalecimento da geração distribuída (GD) no Brasil como um dos pilares da expansão do setor elétrico. Estratégia importante para o atendimento das necessidades de geração do país. Na opinião de Newton Duarte, presidente-executivo da Cogen, um dos principais momentos do setor em 2017 foi a Consulta Pública nº 33/2017, iniciativa do Ministério de Minas e Energia (MME) que visa o aprimoramento do marco legal do setor elétrico, para a qual a Cogen apresentou suas contribuições. “Além de nossas gestões junto aos órgãos de governo, especialmente em âmbito federal para promover a GD e a cogeração, temos promovido, muitas vezes com parceiros, sucessivos debates e palestras para ampliar o conhecimento e as discussões sobre o setor”, diz Duarte. Engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - com 35 anos de experiência no setor elétrico dedicados às empresas Siemens e GE -, Duarte é um profissional muito respeitado no segmento, ocupando cargos de destaque em várias entidades representativas. Nessa edição da Revista Full Energy, na editoria 10 Perguntas, o presidente da Cogen fala sobre o panorama da cogeração de energia no Brasil, os desafios do setor e as novidades tecnológicas que estão em compasso de desenvolvimento.
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FULL ENERGY: Qual é o panorama atual da cogeração de energia no Brasil? Newton Duarte: A cogeração vem gradualmente crescendo e pode crescer ainda mais. Desde os anos 2000, passou do patamar de 4.000 MW para 17.000 MW. É fundamental ampliar a “renovabilidade” brasileira da matriz elétrica. Precisamos poupar água nos reservatórios para a geração de energia e as fontes renováveis têm sido fundamentais para isso. Um outro exemplo: só a biomassa de cana-de-açúcar poderia injetar mais 400 MW médios no ano de 2018 se o governo flexibilizasse o cálculo da garantia física para que as usinas pudessem vender no mercado livre. Para isso, é importante que o governo permita que as usinas que possuam uma garantia física restrita a um dado valor, e que tenham capacidade de exportar energia num volume mais elevado, possam receber a autorização da elevação desse montante. Hoje, a opção delas é liquidar o excedente ao Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), atualmente com elevado nível de inadimplência e de judicialização e essa situação representa um desestímulo para gerar mais do que a garantia física determinada, mesmo quando as usinas tenham capacidade para uma produção adicional.
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Quais os entraves para o desenvolvimento do setor? Há muita coisa que pode evoluir para estimular e desenvolver o setor. Um de nossos pleitos ao novo marco legal do setor é a valoração adequada dos atributos por cada fonte geradora para incentivar as fontes renováveis de geração. Para estimular a contratação de empreendimentos de GD com o menor impacto ambiental, o novo marco deve considerar os atributos específicos de cada fonte renovável como critério. Acreditamos que a inserção das fontes de biomassa e biogás no Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), através da definição de um Valor Anual de Referência Específico (VRES) para essas fontes, a exemplo do instituído para a cogeração com gás natural e geração solar, é de vital importância para a operacionalização da contratação da GD por meio do mecanismo do VRES, o que possibilitaria uma maior expansão da GD no País. É importante que a contratação centralizada para as necessidades de energia das distribuidoras contemple as especificidades regionais, atendendo, assim, as necessidades de geração locais de cada distribuidora, evitando-se investimentos em subtransmissão e distribuição das mesmas. Outra medida que poderia estimular o setor é que a abertura do mercado se desse não em 2022, mas até 2028, para consumidores do grupo entre 75 e 500 kw, mantendo-se o conceito de consumidor especial.
Qual tende a ser o impulso do RenovaBio para a cogeração de energia no país? Vemos com otimismo a futura implantação do RenovaBio. Além de atender os compromissos assumidos na COP 21, em Paris, o governo deve trazer nova dinâmica para os biocombustíveis, e em especial para o etanol, promovendo, consequentemente, o potencial de expansão da cogeração nas usinas de açúcar e etanol.
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Qual é a relevância da cogeração de energia em anos com nível hidrológico preocupante, como 2017? Passamos novamente por um cenário de crise hídrica, depois de um inverno muito seco. As usinas hidrelétricas não são mais a única solução para o país. O fator, na visão da Cogen, que fará a diferença para superarmos essa fase de baixa nos reservatórios é a cogeração de energia, principalmente a biomassa. No final de novembro, o Sudeste e o Centro-Oeste operavam com aproximadamente 18% da capacidade, sendo que 15% foram garantidos pela cogeração da biomassa. Se não houvesse a geração a partir dessa fonte, os reservatórios estariam com apenas 3% de sua capacidade. A geração de energia elétrica a partir das biomassas fomentaria o desenvolvimento do mercado de geração distribuída, que já se mostra muito vantajoso. Fatores como menor tempo de construção, aproveitamento de resíduos de produção (autoprodução), potencial redução de custos e maior confiabilidade estão entre alguns dos atributos favoráveis ao sistema elétrico nacional.
De toda energia cogerada no país, qual é a participação das diferentes fontes? Os dados são de julho deste ano. A cogeração a partir da biomassa de cana representa 64% de toda a cogeração existente no País, com 11,19 mil MW, apresentando maior concentração nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. A cogeração com gás natural corresponde a 2,7 mil MW de capacidade instalada no Brasil, o que representa 15,7% do total de julho desse ano. Já o licor negro representa 14,3% do total do mês.
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Quais são as potencialidades e dificuldades das diferentes fontes de cogeração no país? Os projetos de GD e de cogeração são cada vez mais uma das soluções energéticas para um País como o Brasil, em que projetos estruturantes hidrelétricos estão cada vez mais distantes dos centros de carga, demandando, assim, complexos e custosos sistemas de transmissão, e construídos, na sua maioria, a fio d´água, ou seja, com potencial menor de reserva de geração. As tecnologias renováveis de geração distribuída apresentam imenso potencial para o atendimento de parte das necessidades do Brasil, mas não dá para obter a segurança energética necessária apenas com os reservatórios de água. As novas energias renováveis eólica e solar - têm excelente perspectiva em um país com muito sol e vento. O mais importante em um país como o Brasil, com tantas fontes, é saber aproveitar o potencial de todas elas, inclusive o gás natural e o biogás, proporcionando a necessária segurança energética. Vemos, com excelentes perspectivas, o contínuo desenvolvimento da geração com placas fotovoltaicas e a cogeração do bagaço da cana-de-açúcar. Há também perspectivas de uma evolução do modelo regulatório do gás natural, de forma a criar condições mais simplificadas e de custos de mercado internacional para o acesso do consumidor, desejoso de promover a instalação de uma cogeração com a concomitante produção de água gelada, vapor e nas aplicações industriais, até gases, como na indústria de bebidas.
Heraldo Carnieri
“O mais importante em um país como o Brasil, com tantas fontes, é saber aproveitar o potencial de todas elas, inclusive o gás natural e o biogás, proporcionando a necessária segurança energética”
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Quais são as novas tecnologias e oportunidades de negócios em cogeração? Os sistemas de microcogeração são uma das principais oportunidades, especialmente para negócios de pequeno e médio porte, que precisam aliar eficiência energética, maior autonomia e redução nos custos operacionais. Um exemplo é uma rede de academias em São Paulo que, em uma de suas unidades, adotou um sistema de microcogeração, com economias de até 24%, o que é importante em um perfil de negócio que usa muita energia elétrica e água quente para chuveiros e piscinas.
“A cogeração vem gradualmente crescendo e pode crescer ainda mais. Desde os anos 2000, passou do patamar de 4.000 MW para 17.000 MW. É fundamental ampliar a ‘renovabilidade’ brasileira da matriz elétrica.” edição 29 | FULL ENERGY
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A Cogen tem realizado estudos sobre o potencial do gás natural, como em climatização. Quais estudos já existem? O ar condicionado é responsável por quase 2/3 do consumo dos prédios comerciais. A energia elétrica não é barata e muitos negócios já contam com geradores a diesel para gerar energia no chamado horário de ponta para se livrar de uma tarifa mais elevada, das 17h às 20h. Hoje, projetos de cogeração podem ser uma excelente opção para economizar com os sistemas de climatização – uma das principais fontes de carga em shoppings, hospitais e edifícios comerciais, por exemplo. Com um sistema de cogeração a gás natural, é possível gerar energia elétrica e (por meio de um chiller) gelar água e climatizar ambientes. É um excelente investimento. E as redes de gás natural estão presentes nas capitais, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, cidades em que está a maior parte da demanda desses empreendimentos.
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Qual é o potencial da usina híbrida a biomassa e gás natural? Há excelentes perspectivas para o biogás. Países como Holanda e Japão vêm desenvolvendo há algum tempo usinas híbridas operando com gás natural e lixo. Aqui no Brasil, a GasBrasiliano, distribuidora de gás natural no interior do estado de São Paulo ao lado de parceiros, desenvolveu uma solução de usina híbrida com o objetivo de maximizar o retorno financeiro das usinas de açúcar e etanol por meio da inserção dos efluentes da geração do gás natural no ciclo da produção de vapor. Nesse projeto, a planta continua com sua característica de combustível renovável e o gás natural apresenta-se como um bônus, valorizando e maximizando a geração de energia da biomassa. A usina híbrida representa oferta de energia firme na base, permitindo a operação durante o ano todo, e reduzindo a necessidade de novas usinas térmicas.
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Qual é a projeção da Cogen para 2018? Em 2018 pretendemos prosseguir nesse trabalho de ressaltar a importância da geração distribuída e da cogeração. Esperamos que o modelo setorial possa evoluir e o país possa contar com os benefícios de ter uma matriz energética em que a GD tenha uma participação maior, garantindo a imprescindível segurança energética para os consumidores.
Newton Duarte, presidenteexecutivo da Cogen
Heraldo Carnieri
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