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Editorial
Energia solar ilumina como nunca
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erca de 149 milhões de km separam o Planeta Terra do Sol. Apesar da distância, a luz solar nunca foi tão bem vinda. Atualmente é uma das fonte energéticas que mais crescem ao redor do globo. O investimento em energia solar bateu recorde no ano passado no mundo: 18% a mais do que no ano anterior, atraindo mais de US$ 160,8 bilhões de recursos. O Brasil, que é um dos países com maior potencial (com incidência solar de 5,4 kWh/m2), está atrasado em termos de exploração desta fonte, muito aquém de nações como Alemanha, China, Itália, Japão e Estados Unidos. Mas o cenário está mudando. A utilização da fonte solar fotovoltaica no Brasil avança a passos largos, principalmente com o barateamento dos painéis e da adoção de políticas públicas de estímulo, inclusive pela adoção de programas de incentivo à Geração Distribuída (GD).
Nesta edição da Revista Full Energy, confira na Editoria 10 Perguntas entrevista com Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD). Na matéria ele fala sobre o avanço acelerado do setor, mas cita desafios que precisam ser encarados no país. Além disso, nas últimas semanas, o setor de energia solar fotovoltaica participou de dois importantes eventos, em que se comemorou o anúncio de boas notícias para o desenvolvimento da cadeia solar no país. Uma delas foi o lançamento, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do programa “Fundo Clima”, que disponibiliza linhas de financiamento para pessoas físicas. Já a matéria de capa desta edição traz reportagem especial sobre a joint venture firmada entre a gigante Raízen e a WX Energy, para atuação no mercado de comercialização de energia no país. Mais um grande player que chega com força para atuar num segmento com grande potencial, especialmente no mercado livre. Boa leitura!
Edmilson Jr. Caparelli CEO | Publisher
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NESTA EDIÇÃO
ABRIL | MAIO 2018 Código de Cores A Full Energy organiza suas editorias pelo código de cores abaixo: Líderes e Práticas Sustentabilidade Tecnologia e Inovação Mercado Gente e Gestão Ideias e Tendências Estratégia Bioenergia
Votação para o 100 Mais Influentes da Energia 2018 já está aberta Conhecida como o “Oscar da Energia”, a premiação é uma homenagem às personalidades e autoridades que mais se destacaram no setor energético brasileiro no último ano
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Boas notícias para a energia solar A previsão para o final de 2018 é de 2.400 MW operacionais na matriz elétrica brasileira gerados a partir da fonte solar fotovoltaica
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Projetos responsáveis A sintonia entre as áreas de engenharia e de meio ambiente é peça-chave para que um projeto de energia eólica seja sustentável
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Nada como os bons ventos da criatividade e da inovação Centro de Operação possibilita monitoramento e controle em tempo real dos parque eólicos
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O mercado livre avança Uma das notícias que agitaram o setor energético no primeiro semestre foi o anúncio da joint venture entre Raízen e WX Energy; mercado livre deve dobrar de tamanho nos próximos anos
Presidenciáveis apresentam posições sobre o setor sucroenergético e o RenovaBio Evento foi organizado em São Paulo pela União da Indústria da Cana-de-açúcar Lean Thinking no setor energético Cultura de excelência foca na estratégia do negócio e na redução de desperdícios Bases sólidas para as energias renováveis O crescimento da instalação no Brasil de parques eólicos e solares impulsiona e abre novas oportunidades para empresas especializadas, como a Dois A Engenharia
Articulista:
26 Marcos Assi, consultor da Massi Consultoria e Treinamento
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Ser mais com menos Eficiência energética reduz consumo com iluminação em 70%; gastos com sistemas de ar-condicionado podem cair pela metade
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Ventos que empregam A energia eólica deve gerar mais de 200 mil empregos no Brasil até 2026, segundo estudo da ABDI
DOSSIÊ Desafios do setor energético para o próximo presidente do Brasil demandas e 50 Conquistas, desafios do setor de biogás e Biometano no país
podemos aprender com 54 Oosque bons ventos
em que o Brasil parou, 58 Omasanopode avançar com biodiesel
realizações 60 Grandes e enormes desafios do setor nuclear 62 Desafios brasileiro
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Perguntas para...
Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída
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Perfil
Juan Diego Ferrés, Presidente do Conselho Superior da Ubrabio e sócio da Granol
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Ponto Final
Oportunidades de exploração Onshore no Brasil
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ALTA TENSÃO
4ª Rodada do Pré-Sal O Leilão da 4ª Rodada do Pré-Sal, realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), arrecadou R$ 3,15 bilhões em bônus de assinatura, além de investimentos mínimos na fase de exploração equivalentes a R$ 738 milhões. Dezesseis grupos foram qualificados, dos quais 14 são de origem estrangeira e duas empresas nacionais. Dos quatro blocos ofertados, três foram arrematados. O bloco de Uirapuru registrou ágio de 240%, enquanto o bloco Três Marias foi arrematado com ágio de 500% no excedente em óleo para a União (óleo lucro). A área de Dois Irmãos foi arrematada pela oferta mínima, de 16,43% do óleo lucro para a União.
Energia sustentável O Programa Raízes – desenvolvido pela CPFL renováveis anunciou um balanço de cinco anos de atuação da iniciativa, com um total R$ 15,3 milhões investidos em diversas comunidades do País nesse período. O objetivo do Raízes é contribuir para o impacto positivo nas esferas: social, ambiental e econômica, nas comunidades do entorno onde estão localizados os empreendimentos da companhia. O Programa tem como foco três linhas temáticas: Segurança Hídrica, Compromisso com as Gerações Futuras, e Fortalecimento de Cadeias Produtivas. Nestes cinco anos de atuação, foram colocados em prática 59 projetos, beneficiando ao todo diretamente 23.223 mil pessoas, e indiretamente 1,6 milhão de moradores de 90 municípios em seis Estados, sobretudo no Ceará, Minas Gerais e Rio Grande do Norte.
ENERGIA EM NÚMEROS
22 milhões
Este é o número de residências abastecidas por energia eólica no Brasil, setor que já gera 13 GW de capacidade instalada no País, em mais de 520 parques eólicos.
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10%
O Ministério de Minas e Energia anunciou a decisão de reduzir a intensidade de carbono da matriz de combustíveis do País em 10% até o fim de 2028, no âmbito da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).
Planador usa energia do vento Engenheiros do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, criaram um planador autônomo inspirado no albatroz, ave marinha que pode voar até 800 quilômetros por dia, utilizando a técnica do ‘voo dinâmico’, que consiste em planar e mergulhar entre camadas de ar com velocidades distintas. Assim como o albatroz, o planador usa a mesma estratégia para percorrer longas distâncias, sem o uso de motores. O equipamento pesa menos de três quilos, e usa apenas um terço do vento necessário para manter um albatroz no ar. Além disso, o planador pode voar entre três e 10 vezes mais rápido do que um veleiro comum.
Energias renováveis irão compor 85% da matriz energética global até 2050 O estudo Transformação Energética Global, divulgado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), traça um roteiro com prognóstico até o ano de 2050, abordando os rumos do desenvolvimento do mercado energético global para os próximos 32 anos. O estudo desenha um cenário em que as energias renováveis são responsáveis por dois terços do consumo final total de energia, apontando para um crescimento da participação deste tipo de energia na matriz energética global de 25%, em 2017, para 85%, até 2050, principalmente através do maior desenvolvimento da geração de energia solar fotovoltaica e eólica.
3,4 milhões
Dados da Agência Internacional de Energia Renovável, indicam que energia solar é a maior empregadora de energia renovável, gerando cerca de 3,4 milhões de empregos no mundo.
9º
Segundo ranking da Agência Internacional de Energia, o Brasil subiu uma posição e agora é o nono maior produtor de petróleo do mundo, com uma produção média de 3,2 milhões de barris por dia, representando 3% da produção mundial.
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Palavra do Editor
Energia no debate eleitoral
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altam poucos meses para as eleições de 2018. Mas o processo eleitoral já está a todo vapor. Os presidenciáveis tentam conquistar a preferência popular, subir nas pesquisas e viabilizar suas candidaturas. Revelam como enxergam o país que um dia querem governar e aproveitam para apresentar suas propostas, em áreas como Saúde, Educação, Segurança Pública, Saneamento, Meio Ambiente. Alguns pré-candidatos sempre aproveitam oportunidades para destacar suas opiniões sobre política econômica, outros preferem se aprofundar em questões mais de cunho moral, sempre em sintonia com o perfil do eleitorado que pretendem conquistar. No meio da artilharia pesada do marketing político, onde fica o eleitor? Com qual filtro os brasileiros e brasileiras devem avaliar os candidatos que se apresentam na disputa? Não há como negar que todo cidadão tem suas prioridades. Afinal, como indaga uma emissora de TV, “Qual é o Brasil que eu Quero?” Responder a esta pergunta depende do ponto de vista de cada eleitor, mas há temas que, invariavelmente, devem ser analisados na plataforma e no discurso dos presidenciáveis e, posteriormente, dos candidatos. Pela importância estratégi-
Clivonei Roberto
ca para o país e para a vida das pessoas, Energia é um deles. É importante saber qual é a proposta para a política energética de cada postulante ao Palácio do Planalto. Entender o que pensam e também o que propõem para as energias renováveis, a exploração do Pré-sal, a construção de grandes hidrelétricas, a entrada de recursos privados e internacionais no setor, o combate à corrupção, a necessidade de um planejamento que supra a demanda crescente do país. Podemos aqui enumerar muitos outros pontos, tamanha a complexidade, a importância e a amplitude do tema. Inclusive os pré-candidatos à presidência têm participado de eventos realizados por entidades representativas do setor energético, como os que foram promovidos em junho pela ABiogás (Associação Brasileira de Biogás e Biometano) e pela Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar). Momentos valiosos para apresentarem projetos e se posicionarem. Quando se pensa no futuro de um país, não há como deixar de lado assuntos relacionados ao setor energético, especialmente quando se fala em escolher o nosso próximo presidente. É um tema que o eleitor não pode negligenciar ou deixar para segundo plano. O preço do descaso pode sair muito caro.
Editor da Revista Full Energy
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Perguntas para...
Futuro brilhante para a Geração Distribuída Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída
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m 2012, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) regulamentou a resolução 482, permitindo que cada consumidor produza a própria energia, injetando o excedente na rede de distribuição. Surgia o marco da Geração Distribuída no Brasil. Na esteira do desenvolvimento deste segmento no país, nasceu, em 2015, a ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), congregando as empresas que têm como atividade principal ou atividade estratégica a geração distribuída a partir de fontes renováveis de energia - solar fotovoltaica, biogás, eólica, biomassa, PCH. Segundo Carlos Evangelista, presidente da ABGD (Associação Brasileira de Geração Distribuída), o potencial do setor no país é muito grande e tende a crescer exponencialmente nos próximos anos. Engenheiro eletrônico e pós-graduado em Marketing e Política Estratégica, Evangelista comanda uma Associação que começou tímida, com 15 empresas, mas que cresce na mesma toada do segmento. Hoje, já conta com 480 empresas no quadro de associados. Nesta edição da Revista Full Energy, ele fala sobre o crescimento, os desafios e as novas tendências da geração distribuída no país.
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Qual a sua avaliação sobre a progressão e o avanço da Geração Distribuída no país? A GD foi regulamentada em 2012. No início, houve um desconhecimento dos players do mercado e até mesmo das distribuidoras, por ser uma regulamentação muito nova. Por isso, começou de maneira muito tímida, com poucas ligações. Mas depois aumentou bastante, as pessoas passaram a conhecer sobre energia solar fotovoltaica e geração distribuída. Isso ajudou muito a aumentar o número de ligações no país. Mas, apesar de tudo isso, dessas 29 mil ligações, ainda é um patamar pequeno se comparado ao setor em outros países. Por exemplo, a Alemanha tem 1,5 milhão de ligações, a Califórnia tem 900 mil ligações. O universo brasileiro tem 83 milhões de potenciais consumidores de baixa tensão que poderiam ir para a geração distribuída. edição 30 | FULL ENERGY
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Perguntas para...
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O que é entrave para o desenvolvimento desse setor? Passamos por um momento econômico no país que não atrapalhou somente a geração distribuída. Atrapalhou vários outros negócios. É claro que há carência de boas linhas de financiamento. A falta de financiamento com juros razoáveis atrapalhou bastante. Às vezes existem algumas linhas de financiamento no país que têm juros bastante atrativos, mas tem a exigência do conteúdo nacional e como as placas ainda são o elemento mais importante no sistema fotovoltaico, a gente tem poucas opções de fabricações nacionais de módulos fotovoltaicos. Eles custam mais caro e isso realmente atrapalhou um pouco a geração distribuída a deslanchar no Brasil. A nossa cadeia produtiva ainda não está completa no país. Um segundo entrave é o desconhecimento da população nessa área. Não se sabe que é possível produzir e consumir a própria energia e de forma mais barata do que a própria distribuidora de energia pode fornecer. Um terceiro entrave é a dificuldade que as distribuidoras têm de fazer uma conexão de maneira simples e rápida, não por má-fé, mas por desconhecimento mesmo. Às vezes as documentações e as exigências são totalmente descabidas e desalinhadas com a regulamentação. Isto ocorre na maioria das vezes por desconhecimento.
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Já temos arcabouço político e regulamentar suficiente para estimular esse setor? A resolução 482 pode ser melhorada, mas é uma das mais bem feitas do mundo. Porém, poderia ter isenção de ICMS, porque existe uma linha jurídica forte que diz que nem deveria ser cobrado ICMS. Não há troca de titularidade e se não há troca de titularidade, não existe o fato gerador de ICMS. Nem se deveria falar em cobrar ICMS de energia injetada na rede, uma vez que você empresta para a distribuidora e depois pega de volta. Mas, no entanto, temos o convênio que dá isenção e está resolvendo parcialmente esse problema. Temos a atualização do convênio, que isentou a energia do ICMS de tudo o que se consome. Só se paga o ICMS sobre as diferenças de energia que você produziu e consumiu.
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A energia solar desponta como a grande fonte em geração distribuída no país. E o potencial das outras fontes? Sou oriundo da área solar fotovoltaica. Das mais de 29 mil ligações de GD que temos no país hoje, cerca de 96% correspondem à fonte solar fotovoltaica em números de conexões. Mas se você pegar em termos de potência, isso cai para 69% de origem solar fotovoltaica. E mais do que isso: se você considerar energia injetada, porque realmente injeto na rede em termos de energia, a solar fotovoltaica cai para 53%. Temos 480 empresas associadas na ABGD, e as do setor solar fotovoltaico são maioria, seguido pelos setores de PCH (Pequenas Centrais Hidrelétricas), biogás, biomassa e eólica.
Por que a solar fotovoltaica se destaca tanto? O motivo que ela se deu tão bem com a GD e vice-versa é porque tem esse combustível em todo lugar. Tenho sol em todos os pontos. A biomassa tem que estar próxima da casca de arroz ou do bagaço de cana; para gerar PCH precisa ter um rio, tem que estar próximo de uma queda d’agua, e por aí vai. Já o sol eu tenho em todo lugar e o custo tem caído a cada ano. Além disso, é modular e consigo começar pequeno e crescer. São características que não encontro nas outras fontes. De qualquer forma, todas são importantes, cada uma com suas particularidades. Para a GD, principalmente em cima dos telhados, sem dúvida a solar fotovoltaica é a mais adequada. E a geração eólica, para ser eficiente, precisa de ventos fortes e constantes, senão fica inviável economicamente.
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Qual é o perfil do público de GD hoje no país? Os primeiros interessados foram os formadores de opinião na área de residência, porque são sistemas menores. Mas atualmente está crescendo muito a área comercial e industrial. São sistemas de maior porte em empresas que têm interesse em baixar a fatura de energia. Então, eles gastam R$ 100, R$ 120 mil e querem que caia para R$ 20 mil. Portanto, colocam um sistema solar
fotovoltaico para produção da maior parte da energia que usam. E está aumentando muito o interesse dos setores comercial e o industrial, que antes eram minoria. E o interesse é sempre pela geração de créditos, a regulamentação não permite a venda de energia. Então, do que se produz, consome-se o principal. O excedente que não se consumiu é ofertado na rede para usar em até 5 anos. A ANEEL, na resolução 687 de 2015, criou novos modelos de negócio, nos quais se consegue compartilhar essa energia excedente com outras empresas, contanto que se forme um consórcio entre essas empresas ou com outros consumidores de pessoa física.
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No Brasil também ganha força a figura do prosumidor. Essa é uma tendência mundial. Esse termo foi inventado para designar a pessoa que produz e consome o mesmo produto, no caso a energia. No fundo, todo mundo quer se livrar da empresa de comunicação, então a gente usa o whatsapp e o skype. Além do táxi, temos a opção de usar uber ou 99. E também gostaríamos de nos livrar das empresas de energia e produzir a nossa própria energia. Uma vez que consigo produzir durante o dia, posso gerar com a energia solar fotovoltaica. E a noite pego de volta da rede. Quando chegarem as baterias, que tanto se tem falado – se prevê que chegarão forte no mercado daqui uns dois anos vou conseguir durante o dia usar essa energia e recarregar minhas baterias. Já à noite uso as próprias baterias para sustentar a casa, o estabelecimento ou a indústria.
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Como as empresas de distribuição e transmissão de energia encaram o crescimento da GD? No começo houve uma resistência, até pelo desconhecimento das empresas, que se sentiram ameaçadas com medo de perder receita, mas agora estão compreendendo que isso faz parte do negócio.
“EM TODO LUGAR COM INCIDÊNCIA SOLAR POTENCIALMENTE PODE-SE TRANSFORMAR O SOL EM ENERGIA ELÉTRICA. E ESSA É A GRANDE VANTAGEM DO BRASIL. TEM SOL EM TODOS OS LUGARES. PARA SE TER IDEIA DO POTENCIAL QUE TEMOS, NA ALEMANHA, QUE TEM MENOS SOL QUE O BRASIL, EXISTEM 1,5 MILHÃO DE LIGAÇÕES.”
Muitas delas inclusive já estão abrindo outras empresas para atuar nesse segmento. As empresas perceberam que o mercado vai mudar, então têm que se preparar. Claro que ainda existe um pouco de competição, o que é natural, até porque elas que dizem quem pode se conectar ou não. E tem o custo disso. Mas não tem sentido atuarem na mesma região que tem concessão – tema em que a ABGD tem trabalhado forte, para deixar esse mercado mais isonômico, em que todos sejam remunerados. Temos trabalhado na tarifa binômia, que remunera a infraestrutura das distribuidoras, mas de maneira igualitária, de modo que não se destrua os negócios do prosumidor, nem se avilte os preços da rede de distribuição que se está usando para usar geração distribuída. Algo equilibrado. As distribuidoras do mundo todo estão percebendo que o negócio delas vai mudar, assim como mudou o negócio da IBM alguns anos atrás. Começou com máquina de escrever, depois surgiram os computadores centralizados, depois vieram os computadores pessoais. Nascia a computação distribuída.
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A consolidação da GD no país fomenta o desenvolvimento de players de tecnologias, equipamentos e serviços. Qual é o potencial dessa cadeia? A energia solar fotovoltaica começou no Brasil em 1979, quando surgiu a primeira indústria do setor no país. A ABGD tem trabalhado forte em capacitação e treinamento. Em convênio com Senai, criamos novos cursos, como de pós-graduação em energia solar fotovoltaica. E criamos com o Senai a primeira certificação de instalador fotovoltaico. Quem vai instalar tem que ser certificado, de forma a garantir qualidade e segurança ao sistemas solares fotovoltaicos. A IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável), que é mundialmente respeitada, afirma que a área de renováveis é a que mais cria emprego no mundo. Superou até petróleo e gás. E dentro das renováveis, a solar fotovoltaica é a que mais cria empregos, sendo que a área de instalação gera 58% dos empregos.
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As novas tecnologias impactarão muito o futuro da Geração Distribuída? A GD é algo inexorável. Não tem mais como voltar atrás no Brasil. Vai evoluir ao ponto de cada vez mais nós, consumidores, produzirmos nossa própria energia. Segundo um estudo da Bloomberg, em 2040 a matriz elétrica terá 34% de energia proveniente da fonte solar fotovoltaica e 32% da hidráulica. Hoje, menos de 1% da nossa matriz é solar fotovoltaica. Com as novas usinas grandes que entraram em operação, esse patamar foi para 1,5%. É possível ver o crescimento gigantesco que teremos. E desses 34%, que serão de origem solar fotovoltaica, 75% serão de geração distribuída. E a tendência é que os preços continuem caindo, como aconteceu com celulares, computadores. Tem acontecido a mesma coisa com a energia solar fotovoltaica. E o desenvolvimento das tecnologias vai impactar nesse processo. Exemplo disso serão os elementos de construção, como vidro, telha, janela, que também podem gerar energia solar fotovoltaica. O armazenamento é outro desafio tecnológico importante. Hoje já temos baterias, mas pena que não são tão eficientes como gostaríamos, nem tão baratas como necessitaríamos. Mas daria para colocar bateria de lítio em casa sem depender da distribuidora. O que se prevê é que daqui a cerca de dois ou três anos isso seja tão barato e eficiente que o consumidor ficará pensando se vai continuar pagando a conta de luz ou se vai produzir a própria energia.
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