CARTA AO LEITOR
EXPEDIENTE Publisher: Edmilson Jr. Caparelli Diretora-administrativa: Lúcia Rodrigues Diretora Financeira: Rafaela Mofato Diretor-executivo: Marcelo Caparelli Diretor de Marketing: Jailson Rainer Diretora de Artes: Erica Almeida Alves Diretora Comercial: Giovana Teixeira Diretora Executiva Regional: Gislaine Almeida Editora Editorial do Grupo Mídia: Carla de Paula Pinto Editor da Health-IT: Guilherme Batimarchi Redação: Clivonei Roberto Estagiários: Juliana Ijanc’ e Kahel Ferreira Produtora de Arte: Valéria Vilas Bôas Coordenação de Pesquisa: Janaína Novais Assitente Comercial: Laura Martini e Stefânia Mazoni Gerente de Clientes: Anderson Siqueira, Carlos Apparício e Maurício Fagundes Assinaturas e Circulação: assinatura@grupomidia.com Atendimento ao Leitor: atendimento@grupomidia.com Projetos Customizados: projetoseditoriais@grupomidia.com Contatos: Matriz: (16) 3629-3010 | Filial: (11) 3014-2499 contato@grupomidia.com | redacao@grupomidia.com | comercial@grupomidia.com Matriz: Rua Aureliano Garcia de Oliveira, 256 - Ribeirão Preto-SP Filial: Av. Paulista, 1471 - 11º Andar - São Paulo - SP A revista Health-IT é uma publicação trimestral do Grupo Mídia. Sua distribuição é controlada e ocorre em todo o território nacional. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores, e não refletem, necessariamente, a opinião do Grupo Mídia. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pelo Grupo Mídia, com crédito da fonte. Atenção: pessoas não mencionadas em nosso expediente não têm autorização para fazer reportagens, vender anúncios ou, sequer, pronunciar-se em nome do Grupo Mídia.
A Health-IT é uma publicação do:
QUER FALAR COM O MERCADO DA SAÚDE? FALE COM A GENTE! Conheça outros produtos para o mercado de Saúde:
TECNOLOGIA COMO PRIORIDADE N
a última semana de novembro, o ministro da saúde, Ricardo Barros, anunciou, em Goiânia, que o Ministério da Saúde terá como prioridade a integração de informações e a implementação de um Prontuário Eletrônico do Paciente único em todo o Brasil. Essa iniciativa, classificada como vital pelo ministro da pasta, irá integrar as informações de mais de 3 mil hospitais, entre públicos e filantrópicos, e gerenciar as informações de aproximadamente 200 milhões de pacientes no SUS. A integração de informações por meio de sistemas de informação irá apenas permitir que profissionais de saúde possam acessar o histórico clínico do paciente e também trazer mais transparência e eficiência ao setor. Segundo dados da OMS e da Rede Europeia para a Fraude e Corrupção na Saúde, anualmente, cerca de US$300 bilhões são perdidos devido à ineficiência e corrupção nos sistemas de saúde em todo o mundo. Em alguns países, como o Brasil, por exemplo, esse número pode representar até 40% de toda a verba destinada à saúde. A implementação de sistemas de gestão reduziria significativamente essa ineficiência e aumentaria a transparência, inibindo desvios de conduta causados por agentes públicos, indústria e profissionais de saúde. Em um momento que o Brasil passa por sua maior crise política e econômica, em que o governo aprova medidas de austeridade convenientes à atual gestão, gerenciar os escassos recursos destinados à saúde torna-se vital. GUILHERME BATIMARCHI Editor da Revista Health-IT guilherme@grupomidia.com
INSIGHT
EDMILSON JR. CAPARELLI
CEO / Publisher do Grupo Mídia diretoria@grupomidia.com
2017 COM MAIS CONECTIVIDADE A
lém de toda a evolução nos métodos de imagem, de apoio ao diagnóstico e à terapêutica médica, a saúde brasileira também vem experimentando as inovações oferecidas pelos sistemas de informação. Exemplo disso são os PACs que, na área de radiologia, por exemplo, fazem com que haja uma maior interação a equipe assistencial e o paciente. O perfil do paciente também mudou graças à tecnologia. O acesso a dispositivos para aferir a pressão arterial, a glicose, entre outros indicadores permitem certa “autonomia” do paciente que, até pouco tempo, não era possível. Junto com os avanços também vieram os desafios que ainda pedem por uma resolução. A deficiência na conectividade entre os sistemas de saúde e o usuário ainda não foi resolvida, por exemplo. A incorporação tecnológica também deve ser revista, evitando assim que seja feita de modo desordenado e gerando grandes despesas ao sistema. A regra de avaliar a relação custo x benefício nunca fez tanto sentido nos tempos atuais.
São justamente essas questões que a Health-IT trouxe ao longo deste ano. Mostramos em nossas reportagens quais são as tendências tecnológicas da Saúde sem se esquecer da gestão do negócio como um todo. Afinal, tecnologia já deixou de ser custo há muito tempo. Também levamos estes assuntos para além das páginas. Em setembro, reunimos CIOs de diversas instituições de saúde no I Fórum + Prêmio Health-IT. Lá, temas como rumo ao hospital digital, a importância da aderência do corpo clínico às tecnologias, e a transformação da medicina através da computação cognitiva foram debatidos com o público. Ainda que temos a sensação de dever cumprido de 2016, levando ao leitor conteúdo de qualidade e promovendo encontros para a comunidade da saúde, sabemos que em 2017 a responsabilidade será maior. Acredito, e esta é a filosofia do Grupo Mídia, que devemos fazer o melhor sempre. E assim será 2017: com conteúdo diferenciado seja nas páginas ou nos fóruns por este Brasil. Até lá!
Edição 7 | 2016
14
Health-IT Online Destaques do portal www.health-it.com.br
16
Evento Homenagem à Arquitetura e Engenharia da Saúde
18
Evento Líderes da Saúde 2016 encerra a agenda do setor
22
Cloud Computing Saúde em nuvem
12
26 EFICIÊNCIA
Integração e governança Por uma saúde melhor
30
Big Data
Automação que amplia resultados
32
Ricardo Santoro Um investimento, Vários acertos
36
Segurança Todos querem segurança
13
PORTAL
ONLINE
WWW.HEALTH-IT.COM.BR
FALTA DE SEGURANÇA COMPROMETE IoT
E
specialistas em segurança de todo o mundo têm alertado sobre os riscos e vulnerabilidades dos dispositivos conectados, um dos setores que mais cresce nos últimos anos. O perigo, segundo eles, é grande, e alertam sobre a possibilidade de que a invasão a dispositivos inteligentes cause danos irreversíveis. “A internet agora afeta o mundo de uma forma física direta. A Internet das Coisas (IoT) vem trazendo informatização e conectividade para milhões de dispositivos em todo o mundo. Estamos conectando carros, aviões, dispositivos médicos e até termostatos domésticos. O que antes era benigno agora pode ser perigoso”, alerta Bruce Schneier, pesquisador e professor da Universidade de Harvard. De acordo com Schneier, o mercado prioriza detalhes que chamam a atenção do usuário e acaba investindo menos na segurança da informação, deixando os dispositivos vulneráveis. “As equipes de desenvolvimento desses disposi-
tivos não têm a expertise de segurança que esperamos dos principais fabricantes de computadores e smartphones, simplesmente porque o mercado não está disposto a gastar o que isso exigiria. Ao contrário de seu computador e smartphone, esses dispositivos não recebem atualizações de segurança, e muitos nem sequer têm uma maneira de serem corrigidos”, explica. Para ele, o cenário é mais complexo porque esses dispositivos demoram mais tempo para serem substituídos. Em alguns casos, o consumidor espera não substituir o equipamento nunca mais. Preocupados, Schneier e alguns especialistas em segurança enviaram um documento ao Congresso dos Estados Unidos alertando sobre os riscos, principalmente em hospitais e ambientes onde a vida de pessoas é colocada em perigo com as invasões. O objetivo é que seja criado um órgão para fiscalizar o trabalho das empresas e garantir que os usuários estejam seguros. Fonte: DailyMail
14
MIT CRIA MÚSCULOS ARTIFICIAIS DE NYLON
ACESSO À INTERNET POR DISPOSITIVOS MÓVEIS SUPERA O DE COMPUTADORES
P
ela primeira vez, o acesso à internet por meio de dispositivos móveis superou o de computadores, de acordo com um levantamento realizado pela StatCounter. De acordo com a empresa, o tráfego combinado de smartphones e tablets atingiu 51,2% dos acessos, enquanto o de desktops caiu para 48,7%. “Isso deve servir de alerta especialmente para as pequenas empresas, empresários e profissionais, para que se certifiquem que seus sites são mobile-friendly. Muitos sites antigos não são”, explica Aodhan Cullen, CEO da StatCounter.
O estudo também mostra que, em mercados emergentes, o acesso à internet é realizado principalmente por dispositivos móveis. Na Índia, por exemplo, o índice é de 75%, enquanto que em países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Reino Unido, o valor é quase igual. A mudança não é uma surpresa para o mercado. Em maio do ano passado, o Google anunciou que as buscas feitas em dispositivos móveis haviam superado as de PCs. O Facebook também já declarou que o uso da rede social em smartphones ultrapassa o de computadores. Fonte: TechCrunch
Pesquisadores do MIT conseguiram usar nylon para criar músculos artificiais que podem servir para dar mais capacidades de mobilidade a robôs. Esses “músculos de nylon” são mais baratos e fáceis de se produzir do que as tecnologias existentes e que possuem a mesma finalidade. De acordo com o TechCrunch, o material foi escolhido por ter algumas propriedades características. Mais especificamente, quando o nylon é aquecido, ele diminui de comprimento, mas seu diâmetro aumenta. Aquecendo diferentes partes de um filamento de nylon em sincronia, é possível fazer com que o material realize movimentos semelhantes aos de músculos humanos. Os pesquisadores já conseguiram criar padrões de aquecimento que permitiam que o filamento realizasse movimentos complexos, como um círculo ou um “8”. A fonte de calor, por sua vez, pode ser qualquer uma, incluindo resistências elétricas, reações químicas e a exposição do material a raios concentrados de laser. Naturalmente, cada uma dessas formas de aquecimento pode ser útil para um movimento específico do material.
ROBÔS MAIS MAROMBADOS Além de serem mais baratos e simples de se produzir, os músculos artificiais de nylon também têm maior durabilidade e velocidade. De acordo com a equipe do MIT, as fibras aguentaram mais de 100 mil ciclos de contração e descontração sem perder sua durabilidade, e elas são capazes de se contrair/descontrair até 17 vezes por segundo. Dentre as aplicações possíveis da tecnologia estão, obviamente, robôs com musculatura mais robusta e durável, além de mais capacidades de movimento. No entanto, Ian Hunter, um dos envolvidos na pesquisa, acredita que essa tecnologia também pode ser usada em catéteres biomédicos ou outros equipamentos da área da saúde. Mais do que isso, Hunter também vê uma aplicação possível para esses “músculos” em roupas: com fibras de nylon móveis que se ajustam por temperatura, seria possível criar roupas e calçados que se ajustam com perfeição aos corpos de seus diferentes usuários. Ao tocar na pele, a fibra esquentaria e relaxaria. A 15 distância do corpo, por sua vez, faria com que o material encolhesse, ajustando-se melhor.
MERC A D O
E V ENTO
HOMENAGEM À
ARQUITETURA E ENGENHARIA DA SAÚDE
II Fórum + Prêmio HealthARQ reúne arquitetos e engenheiros do setor de Saúde
A
segunda edição do Fórum + Prêmio HealthARQ, evento organizado pelo Grupo Mídia, em São Paulo (SP), reuniu mais de 200 arquitetos e engenheiros do setor de Saúde em uma tarde de debates e palestras. Entre os palestrantes e debatedores presentes no evento estavam Marcos Casado, Diretor Técnico e Comercial da Sustentech; Renata Gomes, do escritório Levisky Arquitetos; Luiz Augusto Contier, da Contier Arquitetura; Vital Ribeiro, presidente do Projeto Hospitais Saudáveis; Salim Lamha, da MHA Engenharia; Enio Moro Junior, da Belas Artes, na mesa redonda sobre “O desperdício nas construções: é possível fazer mais com menos nas obras hospitalares?”. Já o debate sobre “Como aplicar a cultura da inovação nas edificações de saúde” teve a participação de Maurilio Chiaretti, presidente do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo; Márcio Oliveira, presidente da ABDEH - Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar; Giovani Guastelli, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Rafael Lazarrini, gestor da unidade de sustentabilidade do CTE – Centro de Tecnologia de Edificações.
16
II PRÊMIO HEALTHARQ Após o Fórum, o Grupo Mídia realizou a segunda edição do Prêmio HealthArq que homenageou cases de sucesso, instituições, marcas mais lembradas e personalidades que mais se destacaram no setor no último ano. “Além de debatermos pontos de extrema importância e interesse para a comunidade da arquitetura na Saúde, ficamos honrados em poder, através do Prêmio HealthARQ, prestar uma homenagem a todos os envolvidos que lutam pelo desenvolvimento e crescimento do setor no país. Com esta cerimônia, parabenizamos todos aqueles que fizeram diferença no setor”, afirma Edmilson Junior Caparelli, CEO do Grupo Mídia. O homenageado especial da cerimônia foi o arquiteto e urbanista Siegbert Zanettini, que durante seus mais de 50 anos de carreira já coordenou mais de 1,2 mil projetos, grande parte na área de Saúde. Sua esposa, Mônica Zanettini, recebeu o arquiteto no palco com flores e troféu de homenagem. Todos os ganhadores do prêmio estão na 21ª edição da HealthARQ.
17
MERC A D O
E V ENTO
LÍDERES DA SAÚDE 2016
ENCERRA A AGENDA DO SETOR
Grupo Mídia homenageia as principais empresas e instituições que se destacaram no último ano
O
Grupo Mídia promoveu em São Paulo a premiação Líderes da Saúde 2016, homenagem aos players que mais se destacaram no último ano. Mais de 400 executivos marcaram presença no evento. A abertura da cerimônia ficou por conta da ABIMED, que realizou seu II Prêmio Abimed de Inovação Transformacional. Os projetos agraciados foram “Fisioterapia digital”, submetido por Marcelo José Alves Moraes, da Treinei, na categoria Ampliação do acesso da população à saúde. Já em Melhoria do padrão de cuidados médicos, o vencedor foi o projeto “PulmoVista 500: Tornando a ventilação pulmonar visível!”, submetido por Izabela Torres, da Dräger. Os Líderes da Saúde começaram logo em seguida e premiou 69 organizações, entre entidades setoriais,
18
empresas, indústrias, etc. Foram 23 categorias com 3 homenageados em cada escolhidos pelo conselho editorial do Grupo Mídia. “Parabenizo a todos os eleitos e que estes sejam exemplos de vitória, coragem e dedicação para todo o setor. O que vocês fizeram neste ano chega a ser quase milagroso, e fizeram com liderança”, ressaltou Edmilson Jr. Caparelli, CEO do GM. O homenageado especial da noite foi a ANAHP – Associação Nacional dos Hospitais Privados. Quem recebeu a placa de homenagem à associação foi Evelyn Tiburzio, Diretora de Comunicação e Marketing da ANAHP. Ao final da cerimônia, todos os presentes participaram do coquetel de encerramento, também promovido pelo GM.
LÍDERES DA SAÚDE EM TECNOLOGIA Entre as categorias contempladas no Líderes da Saúde 2016 está Tecnologia. Confira os ganhadores desta edição:
AVAYA
Marcio Rodrigues
Promover a transformação digital de empresas e instituições do segmento da Saúde. Com este propósito, a Avaya Brasil realizou vários projetos de destaque em 2016, sendo que um deles foi reconhecido como um dos Casos Globais de Sucesso no segmento de Healthcare da multinacional. “Nossa expectativa é continuar expandindo os negócios neste segmento e implementar as novidades do nosso portfólio no mercado brasileiro. O objetivo é, por meio de nossas soluções, enriquecer a jornada e a experiência do cliente”, salienta Marcio Rodrigues, presidente da Avaya Brasil, destacando o recente lançamento das soluções Breeze, Oceana & Equinox, que simplificam a interação entre empresas e usuários.
IBM
Antonio Carlos Dias
Consolidando o uso da inteligência artificial na área da Saúde no Brasil, a IBM anunciou dois casos emblemáticos de uso do sistema Watson no país em 2016. “O Fleury Medicina e Saúde está validando a solução Watson for Genomics como uma ferramenta para auxiliar a tomada de decisão médica na assistência personalizada. E na área farmacêutica, a TheraSkin está utilizando a solução Watson for Drugs Discovery na pesquisa e desenvolvimento de produtos e medicamentos dermatológicos”, conta Antonio Carlos Dias, executivo de Soluções para a Indústria da IBM Brasil. Ele também adianta que, em 2017, a companhia deve continuar investindo em projetos com computação cognitiva.
MV
Paulo Magnus
O crescimento da atuação no mercado externo foi um dos marcos da MV em 2016, que inseriu em seu portfólio novos clientes do Peru e do Panamá. Outro destaque é a conquista do prêmio concedido pelo instituto norte-americano de pesquisa e insights KLAS, em Las Vegas, nos Estados Unidos. “Continuaremos focando os investimentos na expansão internacional para a América Latina, na especialização da empresa também em serviços de Consultoria e na ampliação da atuação na área de saúde pública, medicina diagnóstica, operadora de planos de saúde e gestão estratégica”, afirma Paulo Magnus, presidente da MV.
19
A RT I G O
PARA ONDE CAMINHA A ANÁLISE DE IMAGENS MÉDICAS? H á pouco mais de 50 anos uma das primeiras aplicações na área de análise computadorizada de imagens era publicada. É fácil imaginar que essa aplicação estivesse relacionada à detecção de objetos ou ao reconhecimento de faces, dada a relevância destes tópicos nas últimas décadas. Entretanto, o que o pesquisador JM Prewitt e seus colegas propuseram nesta publicação, de 1965, foi a utilização do computador para análise automática das características morfológicas de células e cromossomos. Nos anos seguintes, o uso de computadores para a análise de imagens se espalhou com muito sucesso por diversas áreas do conhecimento, de agricultura à segurança, passando por segmentos tão diferentes quanto robótica ou museologia. Em medicina, especialmente, o processamento de imagens impactou fortemente a maneira como doenças são diagnosticadas e como tratamentos são planejados. A disponibilidade cada vez maior de diferentes tipos de exames de imagem de alta resolução representou um grande avanço no combate aos mais diversos problemas de saúde, mas trouxe consigo o desafio de como transformar este grande e heterogêneo volume de dados em informação útil para o diagnóstico. Neste cenário, o desenvolvimento de metodologias eficientes para auxílio a diagnóstico tem sido uma tônica na comunidade de imageamento médico e análise computadorizada de imagens. Vejamos o exemplo de Digital Pathology, área recente que tem se tornado cada vez mais recorrente nos meios clínicos e científicos. Nela imagens de altíssima resolução são obtidas por meio do processo de digitalização das lâminas provenientes de exames de biópsia. Tal processo tornou-se possível apenas recentemente com o advento dos scanners de lâminas, capazes de gerar imagens digitalizadas de alta resolução a partir das tradicionais lâminas de vidro. Estas imagens são então utilizadas para visualização, anotação e análise computadorizada, em que um especialista tem o objetivo de estabelecer um diagnóstico para um paciente específico. O interessante é que, em geral, o volume de dados gerados
20
por esses processos de digitalização supera em muito a capacidade dos especialistas de analisá-los. Tanto que muitas vezes os especialistas analisam apenas pequenas porções da imagem. Além disso, pode-se levar anos até que um especialista adquira conhecimento necessário para analisar as imagens de maneira confiável. Neste sentido, as técnicas de inteligência artificial, combinadas com modelos semânticos têm sido cada vez mais utilizadas e traduzem o conhecimento tácito da comunidade médica em conhecimento programático, e com isso obtido resultados cada vez mais promissores. Hospitais, grandes grupos de laboratórios, fabricantes de aparelhos de imageamento médico e os grandes players de computação têm realizado esforços no sentido de prover soluções inteligentes e integradas. Atualmente, procura-se não apenas a mera disponibilização de imagens de alta qualidade, mas um panorama mais completo, com informação agregada da área imageada considerando diferentes modalidades, histórico do paciente, e dados de prognósticos e diagnósticos acumulados em disputados bancos de dados médicos. A tendência atual do uso combinado de inteligência artificial e conhecimento especializado é especialmente aderente ao conceito de computação cognitiva. Ainda que a decisão final continue sendo pessoal e humana, o desafio é como prover o especialista com informação útil, concisa e precisa para ajudá-lo a trabalhar de maneira mais eficiente. A utilização de dados históricos e a extração de conhecimento estruturado desses dados têm papel fundamental neste tópico. A modelagem de conhecimento especialista permite que modelos complexos sejam criados e utilizados em diferentes cenários. Assim, hospitais de menor porte podem se beneficiar de conhecimento gerado nos grandes centros de medicina do mundo.
Matheus Palhares Viana e Dário Augusto Borges Oliveira são pesquisadores do Laboratório de Pesquisa da IBM Brasil
21
TEND ÊN C I A
CLO U D CO MPU T I N G
SAÚDE EM NUVEM
Considerada promissora, cloud computing ainda encontra barreiras como custo, infraestrutura e adaptação de sistemas para se consolidar no setor de saúde
A
computação em nuvem tornou-se uma ferramenta cotidiana na vida de usuários e empresas, seja para fazer o back-up dos dados de um celular ou rodar aplicações e guardar grandes volumes de dados. No setor de saúde, antes conhecido por demorar para incorporar determinados tipos de tecnologia, também adotou a cloud computing com certa rapidez, no entanto, não em todos os seus segmentos. Operadoras de saúde foram algumas das primeiras áreas a incluir a nuvem em suas atividades e na comunicação com clínicas, por exemplo, para distribuição de resultados de exames. Seja na área administrativa ou clínica, a utilização dessa tecnologia pode gerar uma série de benefícios para seus usuários, como a possibilidade de expandir a capacidade de processamento rapidamente sem a necessidade de aquisição de ativos de TI (modularidade), a possibilidade de várias filiais poderem operar a partir de um único Datacenter, a terceirização de atividades não relacionadas ao core business das instituições de saúde e a mobilidade que, para aplicações web-based, aumenta a possibilidade de utilizar sistemas em qualquer lugar, com qualquer dispositivo. Segundo estudo divulgado pela Transparency Market Research, até 2018 cerca de 80% dos dados gerados por instituições voltadas para saúde passarão pela nuvem, podendo deixar o processos mais dinâmico e com custos menores. A computação em nuvem é, atualmente, um mercado promissor dentro da saúde. De acordo com dados divulgados pelo instituto de pesquisas Marketsandmarkets, até 2017 o Cloud Computing na saúde deverá movimentar globalmente US$ 5,4 bilhões. Se para operadoras e clínicas a utilização da nuvem já é uma realidade, para os hospitais esta aplicação ainda é relativa. De acordo com o diretor de TI da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo, Klaiton Simão, um dos grandes obstáculos a serem enfrentados pelos hospitais, atualmente, refere-se às limitações das próprias ferramentas de gestão informatizada. “Os sistemas de gestão em saúde não estão totalmente preparados para uma operação na nuvem: há restrições quanto à arquitetura das aplicações, segurança de dados, performance, etc. As próprias aplicações não estão construídas em uma arquitetura web-based”.
22
A utilização da nuvem torna-se ainda mais inviável para hospitais se levadas em consideração as características atuais das soluções disponíveis para o mercado, levando a instituição a alocar uma quantidade considerável de investimentos em segurança da informação para proteger os dados tornando as instalações internas mais seguras e baratas. “O problema está nos custos de uma migração segura para a nuvem. Em se tratando de dados clínicos, essa situação é ainda mais delicada”, completa o executivo.
Além da questão de confidencialidade, há a preocupação com a operação propriamente dita, por conta de questões relacionadas às telecomunicações e à administração do ambiente de maneira remota, que também elevam muito os custos desse tipo de operação. Como se não bastassem os entraves enfrentados dentro do hospital para a incorporação da computação em nuvem, a infraestrutura de telecomunicações oferecida pelo mercado é outro grande vilão.
23
TEND ÊN C I A
CLO U D CO MPU T I N G
Problemas como a instabilidade nos links, custo e desempenho da rede de dados podem colocar em risco a comunicação entre as instituições e os servidores. “Paradoxalmente, ainda é mais caro migrar para a nuvem do que manter uma estrutura interna, se considerados todos os custos diretos e indiretos dos dois modelos”, completa Simão.
Ainda é comum que profissionais dentro e fora do segmento de saúde confundam Cloud Computing com virtualização, hosting ou co-location. Entenda cada uma das tecnologias: Virtualização consiste em se criar vários servidores dentro de uma mesma máquina física, não importando onde esta máquina está instalada, se dentro ou fora da empresa; Cloud Computing consiste em um modelo de operação em que aplicações especificamente desenvolvidas para esta arquitetura estão instaladas em locais diferentes e não necessariamente do conhecimento do seu usuário, com vistas à otimização dos recursos do fornecedor do ambiente; Hosting é o modelo em que um fornecedor disponibiliza uma determinada quantidade de recursos computacionais ao cliente, sob demanda deste, e compartilha estes recursos computacionais com outros clientes, porém em um único local físico;
Klaiton Simão Diretor de TI da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo
24
Co-location é o modelo em que uma instalação física migra para um terceiro, que administra este ambiente em conjunto com o cliente, que é o proprietário dos ativos de TI.
25
ESTRATÉGIA EF I C I ÊN C I A
26
INTEGRAÇÃO E GOVERNANÇA POR UMA SAÚDE MELHOR Integração de plataformas e implementação de prontuário eletrônico permitirão uma gestão mais eficiente e a redução de perdas em toda a cadeia de saúde
N
a última semana de novembro, durante a abertura da XV edição do Congresso Brasileiro de Informática em Saúde (CBIS), em Goiânia, o ministro da saúde, Ricardo Barros, enfatizou os esforços do governo em integrar os diferentes sistemas de informação que permeiam o SUS (Sistema Único de Saúde), com o objetivo de reduzir custos, melhorar a governança de informações do paciente e melhorar o acesso e a eficiência do serviço. A XV edição do CBIS reuniu mais de 600 participantes entre indústria, academia e CIOs da área de saúde e abordou temas relacionados à edução, inovação, tendências e gestão da informação. De acordo com o ministro, a TI em Saúde e a integração de informações, a partir de agora, serão as prioridades do ministério. “Estamos adquirindo o registro eletrônico de saúde e completando a infraestrutura do cartão SUS para que possamos receber informações de todos os sistemas de atenção básica, ambulatorial e hospitalar de tudo que é feito, inclusive da assistência farmacêutica. Tudo estará lançado no cartão SUS de cada cidadão, que poderá avaliar o atendimento e, com isso, poderemos planejar melhor a saúde a partir das informações e como aplicar melhor os investimentos no SUS.” Ainda segundo Barros, o ministério sabe que está no caminho certo. “Agora em dezembro de 2016, convocamos todas as prefeituras para colocar, até o dia dez, todas as informações no e-SUS AB e transmití-las ao ministério.” O anúncio foi muito bem recebido pela comunidade de CIOs e pela indústria, que dividem a mesma opinião do ministro segundo a qual, somente com investimentos significativos em tecnologia da informação será possível aumentar a eficiência do serviço público de saúde, reduzindo custos, aumentando a transparência nas relações de agentes públicos e coibindo possíveis desvios de conduta dentro do setor, além de conflitos de interesse. “Esse anúncio dado pelo ministro soa como a coroação de anos de esforços no sentido de colocar o tema TI como prioridade na agenda dos gestores de saúde pública e privada no
27
ESTRATÉGIA EF I C I ÊN C I A
Brasil. O que esperamos agora é que o cenário político continue privilegiando isso e passe do discurso à prática o mais rápido possível”, acrescenta o CIO da Rede de Hospitais São Camilo, Klaiton Simão. Para o CIO, essa iniciativa possibilitará avançar muito com a integração das informações, principalmente em questões epidemiológicas que são um grande ganho do processo de informatização. “Não há nada hoje que precise ser inventado para que a informação trafegue e resulte em economia de escala para a saúde. O que precisamos fazer, antes de mais nada, é ter o dado. Essa iniciativa anunciada pele ministro vai exatamente nessa direção. Precisamos implantar o PEP para que tenhamos a informa-
PERSPECTIVA GLOBAL SOBRE A SAÚDE E OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO O perfil epidemiológico da população vem mudando consideravelmente com o passar dos anos. A velocidade das epidemias, o envelhecimento populacional e o aumento do número de pacientes crônicos forçaram sistemas de saúde a repensar seus modelos de assistência e a se preparar para um futuro em que investimentos na integração de informarções será vital para o desenvolvimento de políticas públicas de prevenção e combate a doenças infecciosas e até mesmo crônicas, além de realizar uma melhor governança desses sistemas. De acordo com o presidente da consultoria MH Nusbaum, Michael Nusbaum, para isso é necessário compreender o contexto em que o setor encontra-se atualmente e entender que o uso de Big Data pode ser uma das grandes soluções para sanar essa demanda. Porém, para que isto seja possível, será necessário que mais informação seja gerada, de maneira segura e íntegra para que decisões precisas e baseadas em evidência possam ser tomadas. “O que é tão importante em saúde digital? É ajudar as pessoas a terem um melhor sistema de saúde e, para isso, é necessário descobrir como a tecnologia da informação poderá auxiliar essas pessoas, independente de onde elas estejam ou qual idioma elas falem”, afirma Nusbaum, em sua apresentação durante o XV Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, ocorrido entre os dias 27 e 30 de novembro, em Goiânia. Ainda segundo o executivo, há muito tempo o hospital era considerado o centro do sistema de saúde. Agora, é necessário olhar para a TI com a mesma ótica, sob a perspectiva de auxiliar o sistema, aumentando a eficiência e o acesso.
“Estamos adquirindo o registro eletrônico de saúde e completando a infraestrutura do cartão SUS para que possamos receber informações de todos os sistemas de atenção básica, ambulatorial e hospitalar de tudo que é feito”, Ricardo Barros ção e, a partir desses dados, gerar informação relevante para ganhar eficiência na gestão em saúde.” Essa movimentação do Ministério da Saúde também força a indústria de TI a se movimentar em prol da interoperabilidade, conceito quase que impossível hoje no setor de saúde diante do atual perfil das empresas. “Hoje temos a parte acadêmica trabalhando no sentido de criar padrões de interoperabilidade. Isso está muito maduro e vemos esse tema sendo discutido em congressos e universidades. No entanto, no mercado, as empresas fornecedoras de sistemas não foram incentivadas ou incitadas, pelo próprio mercado comprador, a investir em interoperabilidade. No momento em que você tem uma realidade de Ministério da Saúde fomentando esse tema, tenho certeza que em um curto espaço de tempo essa realidade também permeará o segmento privado”, completa Simão.
28
Ainda dentro desse contexto, hoje são criados serviços multidisciplinares, racionalizados e com uma governança centralizada. Quanto melhor a governança, mais eficiente e racionalizado será o serviço. “É responsabilidade da TI ajudar a fazer uma distribuição mais racional dos serviços de saúde, aumentando o acesso. O paciente passou a ser o centro desse sistema, com atendimentos multidisciplinares, geralmente aplicados em centros de saúde. Essa é uma mudança no perfil do setor, em que o médico ou o hospital deixaram de ser o centro de tudo”, acrescenta Nusbaum. O executivo também destacou a necessidade de pensar em como serão adaptadas as tecnologias para que elas possam ser acessadas pelos dispositivos móveis. “Temos que achar uma forma sustentável e econômica. Trata-se de um grande desafio e, para isso, a infraestrutura de telecomunicações, sendo o tráfego de dados vitais para apoiar esta evolução.” Em muitas regiões do mundo, as pessoas têm celular, como na África ou no Polo Norte, porém, não possuem banda larga.
tor foi o Infoway, sistema de informação adotado pelo governo canadense, que criou a estrutura básica para a TI na saúde e auxiliou diversos países com esse modelo. “Essa arquitetura da informação vem sendo atualizada e sendo referência, encabeçada e fomentada pelo governo. Por gerenciar todos esses dados, a Infoway é nosso principal ativo. No entanto, essa mágica de organizar os dados ainda é a grande questão que irá melhorar a eficiência de tudo”, completa.
A INFORMAÇÃO COMO NOSSO PRINCIPAL ATIVO No Canadá, ao contrário do Brasil, há 14 diferentes indicadores para identificar um paciente no sistema de saúde, o que torna difícil o rastreamento deste paciente e até mesmo acaba influenciando no financiamento deste atendimento. Isso torna difícil o rastreamento desse paciente e até mesmo influencia no financiamento desse paciente. O Canadá está em uma jornada para padronizar essas informações e tem investido em TI para suporte a essa transformação. A União Europeia também vem investindo bilhões em TI em Saúde para evoluir esses padrões e melhorar a tecnologia na área. Essa é a grande janela de oportunidade no momento. Um exemplo dessa movimentação pelo consul-
Ricardo Barros ministro da saúde
29
ESTRATÉGIA
30
B I G DATA
AUTOMAÇÃO QUE AMPLIA RESULTADOS
Há cinco anos, a Unimed Londrina vem investindo em automação de processos para facilitar a gestão e ampliar resultados
D
esde 2011, a Unimed Londrina, cooperativa médica com atuação na cidade que leva seu nome e mais 28 municípios do Paraná, vem investindo na automação de processos. A necessidade de investir nesse campo surgiu para alcançar o aumento da eficiência nas operações internas da entidade. Para começar o processo de mudança, ainda em 2011 foi iniciada a implementação de um sistema de automação de processos de negócios (BPMS), desde então outros sistemas também foram adotados para alcançar essas melhorias. De acordo com o gestor de planejamento e desenvolvimento da Unimed Londrina, André Galletti, a equipe responsável pelo projeto avaliou positivamente o potencial das soluções de BPM implementadas para melhorar a eficiência operacional na instituição. “O processo de solicitação de pagamentos, por exemplo, passava por 11 etapas e com a implementação da ferramenta reduzimos para cinco. Também foi possível eliminar as múltiplas aprovações, realizar aprovação via e-mail ou mobile, extrair indicadores a partir do acompanhamento e rastreamento das solicitações, eliminar a utilização de papel e integrar com ERP existente para consulta e gravação de informações. Os resultados foram muito positivos e atingiram a nossa expectativa.” Ainda segundo Galetti, um dos diferenciais da automação foi a integração com os sistemas legados existentes na Unimed Londrina, tornando mais fácil
e intuitiva a gestão das informações que podem ser acessadas a partir de uma mesma interface. A automação implementada na cooperativa, que possui 41 anos de atuação no Paraná e mais de 170 mil clientes, além de 450 colaboradores e mil médicos cooperados distribuídos em 32 hospitais, também permitiu a ampliação de uma visão sistêmica da cooperativa, favorecendo a integração com clientes, médicos e outros stakeholders. Outro benefício foi a centralização dos fluxos de informação associados aos processos, evitando a perda de informações entre os sistemas existentes, a impressão de legalidade às aprovações e a redução das despesas administrativas. “A tecnologia está presente em todas as áreas com a função de simplificar, organizar e automatizar. Podemos ter alguns processos não automatizados ainda, mas a tecnologia vem trazer agilidade e ser uma facilitadora em todos os momentos”, completa o gestor de TI da organização, José Roberto Souza. O executivo de planejamento e desenvolvimento também explica que a busca da tecnologia para automação é importante, mas o investimento se justifica quando é possível medir os ganhos. Por este motivo, a Unimed Londrina também considerou importante a aplicação do ROI (Return on Investiment), que permitiu à entidade mensurar os resultados alcançados. Em poucos meses, após a implantação do BPM, foi possível constatar uma curva favorável para o retorno de investimento.
31
PER F I L
32
RICARDO SANTORO
UM INVESTIMENTO,
VÁRIOS ACERTOS
Dedicando cada vez mais recursos para aquisição de novas tecnologias, hospitais vêm melhorando seu desempenho clínico e assistencial
A
Tecnologia da Informação permeia cada vez mais o cotidiano das instituições de saúde em todo o Brasil. O emprego de novos sistemas e dispositivos não traz apenas benefícios para a operação dos hospitais ou aumenta sua produtividade e, consequentemente, o lucro, mas também melhora a segurança do paciente e reduz o risco de incidência de eventos adversos. Todos esses benefícios não estão limitados apenas ao universo das unidades de saúde. Outra beneficiária dessa crescente dependência da TI na saúde é a própria indústria de software e dispositivos, que vem aumentando sua receita com o crescente investimento. Um estudo divulgado pelo GVcia – Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (EAESP/FGV) – em março desse ano, apontou que, em média, os investimentos em TI em Saúde por parte dos hospitais giram em torno de 7,6% do faturamento. Em 2011, essa porcentagem era de 7%.
33
PER F I L
RICARDO SANTORO
Segundo dados de 2010 da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ocupa a 8 a posição no ranking global da saúde em relação ao PIB. No ano da divulgação do estudo pela OMS, os hospitais privados, em geral, aplicaram 4,9% de sua receita em TI e os públicos 4,1% de um PIB total de US$ 4,4 trilhões. Em entrevista para o Grupo Mídia,Ricardo Santoro, diretor de tecnologia e informação do Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre os investimentos em TI e os avanços de tecnologia. A demanda por excelência tem impulsionado as organizações de saúde a investirem cada vez mais em soluções de TI. Como você
proporcionalmente mais caro do que no exterior, ao passo que a mão de obra é mais barata. De qualquer maneira, eu acredito que será inevitável intensificar o uso de TI no segmento de saúde. De que forma o HIAE vem trabalhando no sentido de melhorar os processos e a decisão clínica através da tecnologia? Ainda nesse sentido, como é trabalhada a questão da segurança? Ricardo Santoro: O Einstein tem investido muito na modernização de sua infraestrutura e arquitetura de TI, particularmente em soluções que irão melhorar a segurança de nossos pacientes e ajudar no suporte à decisão dos profissionais de saúde. O novo sistema de prontuário eletrônico consegue cruzar várias informações dos pacientes e enviar alertas e sugestões para os profissionais de saúde. A decisão será sempre do profissional, mas o sistema consegue avisar sobre as doses erradas de medicamentos, pedidos de exames duplicados, alergias, interações indevidas entre medicamentos, resultados de exames fora dos intervalos de segurança. Não só indicar, como sugerir a adoção de protocolos de tratamento e acompanhar a execução das atividades nos horários e prazos necessários.
Não tenho dúvida de que existem grandes processos nas organizações de saúde que permitem provar diretamente que a tecnologia pode aportar redução de custos, fluxo de paciente, logística de medicamentos, portais de auto-serviço, automação de processos diversos, etc. avalia o atual cenário e o uso de TI no setor de saúde brasileiro? Ricardo Santoro: Eu acredito que o uso de TI na área de saúde no Brasil vem aumentando rapidamente, porém ainda encontramos muita diferença em termos de investimento e adoção de tecnologia entre as organizações. Também é possível identificar uma indústria de TI madura focada no segmento de saúde no Brasil, já temos mais profissionais especializados neste segmento do que no passado, porém os gestores de saúde ainda não conseguem justificar os ganhos reais que podem ser obtidos através do uso mais intenso de tecnologia, isto acontece, em parte, porque o custo da tecnologia no Brasil é
34
Como é a adesão do corpo clínico frente a tais tecnologias? Ricardo Santoro: A adesão pela tecnologia na área de saúde é sempre algo complicado. Por um lado, os profissionais deste segmento possuem um interesse natural pelo novo, pela inovação tecnológica. Por outro lado, o uso de tecnologia sempre será mais demorado e complexo do que o papel. Este é o ponto da discussão: quanto tempo adicional o profissional vai precisar dedicar para usar a tecnologia e o que ele e seu paciente ganham e
perdem com isso. Nós estamos investindo muito para explicar para nossos profissionais de saúde os benefícios do uso destas novas tecnologias de maneira que eles possam entender que vale a pena ter um pouco mais de trabalho para inserir as informações no sistema. Foto Ramede Felix
Como você vê o papel da tecnologia na redução de custos? É possível compartilhar exemplos de como isso acontece no hospital? Ricardo Santoro: Voltamos à questão de provar o retorno de investimento da tecnologia. Não tenho dúvida de que existem grandes processos nas organizações de saúde que permitem provar diretamente que a tecnologia pode aportar redução de custos, fluxo de paciente, logística de medicamentos, portais de auto-serviço, automação de processos diversos, etc. Em outros casos, a justificativa é pela segurança do processo e, consequentemente, do paciente. Neste último caso, se as organizações conseguirem mapear claramente o custo de eventos adversos, também vão conseguir provar que o uso de tecnologia para melhorar a segurança do paciente pode ter um retorno grande ao ajudar a evitar esses eventos adversos. Como você avalia o potencial do mercado brasileiro/latino-americano para tecnologia de informação em HealthCare? Ricardo Santoro: Acho o potencial do mercado muito grande, mas a médio e longo prazo. Também acho que os fornecedores irão trabalhar para rever o custo total da tecnologia para este setor. O setor de saúde não consegue suportar os mesmos níveis de preço dos setores de telecomunicações e financeiros, por exemplo. Pensando em tecnologias emergentes e nas “megatendências” em eHealth, o que você citaria como a mais promissora em médio/longo prazos para as instituições de saúde do País? Ricardo Santoro: Eu acho que as grandes tendências estão em soluções de suporte à decisão, IoT e Big Data focado em gestão de saúde da população.
Ricardo Santoro, diretor de tecnologia e informação do Hospital Israelita Albert Einstein
35
PERSPECTIVA
36
INDÚSTRIA SEGURANÇA
TODOS QUEREM SEGURANÇA
Na rota da digitalização, Americas Medical City investe em ferramenta MCG de medicina por evidência sem perder de vista o sigilo dos dados de pacientes
A
prefeitura de São Paulo se viu envolvida, em julho deste ano, em uma polêmica decorrente da exposição, na internet, de dados pessoais de pacientes atendidos pelo SUS e servidores da Secretaria Municipal de Saúde. Planilhas para controle interno da Secretaria estavam disponíveis na rede, sem qualquer proteção, podendo ser acessadas por meio de buscas no Google, revelando nome completo, CPF, endereço e número de telefone de pacientes.
37
PERSPECTIVA
SEGURANÇA INDÚSTRIA
Com dados de 2001 a 2007, as planilhas – já retiradas da internet – traziam informações de milhares de pessoas, a maioria mulheres gestantes. Era possível acessar, inclusive, detalhes sobre a gravidez (se era de risco e se ocorreu algum aborto) e sobre o parto (se foi prematuro) dessas mulheres. As implicações deste tipo de vazamento são múltiplas, pois as informações divulgadas não só expõem os pacientes, como podem servir de base de dados para que as seguradoras de saúde abordem as pessoas a partir de seu histórico médico. O exemplo é um alerta para o cuidado que se deve ter com o sigilo das informações dos pacientes, sobretudo diante da crescente necessidade de implantação de sistemas de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nos hospitais. Na percepção de Marcus Vinicius dos Santos, diretor executivo do Americas Medical City, maior complexo médico-hospitalar do estado do Rio de Janeiro, essa questão do sigilo da informação faz com que a inserção das TIC nas instituições de saúde brasileiras aconteça em um ritmo mais lento. “O mercado de saúde brasileiro ainda está aprendendo
38
a trabalhar melhor com esse tipo de inovação e a adequá-la mais rápido ao dia a dia”, salienta. Conforme ressalta Santos, o fator segurança tem ganhado a atenção das instituições de saúde, com foco tanto no sigilo das informações do paciente quanto na qualidade da assistência prestada. “Hoje, no Americas Medical, usamos uma ferramenta chamada MCG, que concentra os diagnósticos principais, protocolos internacionais, colocando o que é standard para o cuidado conforme o perfil de paciente, tempo de admissão, risco esperado de cada doente. Fazemos um report diário e avaliamos as condutas”, detalha. O diretor executivo ainda ressalta que a ferramenta de medicina por evidência serve como um guia. “Ela diz se a gente está indo no caminho correto ou não, se tem um paciente que entra numa linha de cuidado diferente da linha de cuidado que temos que direcionar. Então, essa ferramenta tem sido bastante interessante de modo gerencial e no direcionamento do cuidado médico, garantindo toda uma linha com diferentes camadas de decisão que levam maior segurança para o doente”.
DESAFIOS E PERSPECTIVAS
TECNOLOGIAS NACIONAIS
Considerando as dimensões do Americas Medical City – que incorpora o Hospital Samaritano e o Hospital Vitória, totalizando 494 leitos –, as tecnologias voltadas à segurança são fundamentais e foram implantadas já nos primeiros meses de operação do complexo. “Vai fazer dois anos da abertura do Americas Medical e introduzimos a ferramenta MCG no quarto mês de funcionamento”, conta Santos. A adesão do corpo clínico às ferramentas e tecnologias é sempre um desafio. No caso do Americas, que tem um corpo clínico mais jovem, o processo de disseminação da MCG seguiu duas linhas. “Procuramos, na instituição, pessoas que tinham mais facilidade ou gostavam de mexer com esse tipo de material e eles foram os replicadores da ideia. Outra linha era a de usuários do hospital. Utilizamos o mesmo replicador para ensiná-los a ter autonomia para uso da ferramenta. Já no caso dos médicos parceiros ou que tinham um doente eventual, colocamos alguém da nossa equipe para dar suporte a ele, garantindo a correta utilização da ferramenta”, afirma o diretor executivo. Dificuldades, no entanto, ainda existem. “A principal barreira é que não temos uma ferramenta única que seja capaz de fazer tudo e que atinja 100% do nosso corpo clínico. Então, são várias ferramentas. A maioria delas se comunica, mas algumas ainda não. Se tudo estivesse integrado, seria muito mais fácil trabalhar. A principal barreira é a falta de integração, a existência de múltiplas ferramentas para as diferentes áreas de gerenciamento”, diz Santos. Atualmente, o Americas Medical City trabalha quase integralmente de forma digital, apenas 20% de operações não diretas de atendimento ao paciente não são digitais. “Temos buscado novas ferramentas que possam ser incoporadas ao nosso dia a dia para chegar aos 100%. Nossa meta é que o trabalho seja feito em três anos. Temos um planejamento de desenvolvimento para acompanhar os gaps que existem no processo”, comenta Santos.
Para o diretor executivo, os investimentos em tecnologia são estratégias de negócio. “A tecnologia sempre nos provoca a buscar o novo, trazendo a oportunidade de abrir uma nova área de negócio”. Neste sentido, o diretor executivo ainda destaca que, no Brasil, há muitas startups desenvolvendo boas soluções e que é preciso valorizar e trazer isso mais rápido para dentro dos hospitais. “Acho que todos os gestores de hospitais, me incluindo, têm que abrir um pouco a cabeça e procurar mais esses pequenos grupos de desenvolvimento, para fazer melhorias rapidamente e implantar ferramentas dentro dos hospitais, pois quem ganha é o doente”.
Marcus Vinicius dos Santos diretor executivo do Americas Medical City
39
A RT I G O
PAPEL E CD PROIBIDOS NOS RESULTADOS DE EXAMES POR IMAGEM O
descumprimento das práticas específicas para os diagnósticos por imagem em parte dos prestadores de serviços de saúde (hospitais, clínicas e laboratórios) é um problema antigo. A nota técnica conjunta da Anvisa 2/2014 esclarecendo a Lei 6360/1076 é recente, daí a necessidade de alertar o segmento de prestadores: o descumprimento da nota técnica expõe as empresas às sanções previstas na Lei 6437/1977. As sanções incluem desde advertências até o cancelamento da autorização de funcionamento da empresa, além de multas. Também o Conselho Federal de Medicina ao regulamentar a telerradiologia (Resolução 2.107/2014) reforça a ação da Anvisa quanto à obrigatoriedade do cumprimento das normas pertinentes à guarda, manuseio e transmissão de dados. Há muitos anos, exaustiva pesquisa científica e técnica (internacionalmente reconhecida) e recomendações do CFM e da SBIS sustentam a importância da observância de requisitos mínimos no uso de filmes, armazenamento e distribuição de imagens, isto é, o uso do filme e de sistemas de armazenamento e distribuição de imagens (conhecidos como PACS). No entanto, há prestadores que imprimem em papel ou gravam em CD os resultados dos exames, prejudicando a qualidade do laudo e a conservação do histórico, obrigando pacientes e fontes pagadoras a repetir exames. Ao esclarecer a Lei 6.360/1976, a nota técnica conjunta 2/2104 GGTES/GGTPS/Anvisa estabelece que a utilização de produtos para saúde relativos a impressão, visualização, armazenamento e distribuição de imagens só pode ocorrer se os produtos previrem tal utilização para fins diag-
40
nósticos e seus fabricantes estiverem autorizados pela Anvisa. O CFM, por sua vez, ao fazer publicar no D.O.U. (17/12/2014) resolução relativa ao ato médico da telerradiologia, também estabelece a obrigatoriedade de infraestrutura tecnológica apropriada para a transmissão de imagens de acordo com normas técnicas e éticas do Conselho, pertinentes à guarda, manuseio e transmissão de dados. A responsabilidade pela infração é do médico envolvido. O Conselho justifica sua ação considerando resoluções anteriores e a Declaração de Tel Aviv da 51ª Assembleia Geral da Associação Médica Mundial (outubro de 1999). Há um crescente movimento das principais instituições representativas dos hospitais privados, notadamente os de excelência, objetivando maior governança, transparência, responsabilidade social e compliance, refletindo disposição de alinhamento às ordenações regulatórias, um bom exemplo a seguir. Esse contexto regulatório recente beneficia o cidadão, evita retrabalho e não deixa alternativa aos prestadores de serviços, que devem ajustar-se às regras — ou preferirão permanecer na ilegalidade? Profª Dra. Maria Cristina S. Amorim – economista, professora titular e coordenadora do grupo de pesquisa sobre saúde da PUC/SP. Prof. Dr. Eduardo Perillo – médico, vice-coordenador do grupo de pesquisa sobre saúde da PUC-SP; coordenador adjunto do BioBrasil – Comitê da Cadeia Produtiva da Bioindústria da Fiesp.
COMO VOCÊ TEM SE ATUALIZADO ULTIMAMENTE? www.grupomidia.com
Opção 1
10% de desconto
Opção 2
25% de desconto
Assine por 1 ano a Revista Health-IT
por R$ 108,00 Assine por 2 anos a Revista Health-IT
por R$ 180,00
Assine a revista Health-iT e receba também o Anuário HealthCare, Anuário e Informativo da Saúde! Boleto Bancário (você recebe no seu endereço e quita em qualquer agência bancária) Pagamento à vista - mais 5% de desconto.
Opção 1
Pagamento em 2 vezes sem juros.
Opção 2
Empresa: Nome: Endereço: Bairro:
Cidade:
Cep:
CNPJ ou CPF:
Fone: (
)
Fax: (
Ramo de Atividade:
UF:
País:
) e-mail:
Assinatura
Data
/
/
Solicite pelo FAX (16) 3617-0331 ou e-mail assinatura@grupomidia.com formulário para assinatura internacional Ask by FAX +55-16- 3617-0331 or e-mail assinatura@grupomidia.com for your international subscription form
41
Para outras opções de assinatura, entre em contato conosco pelo telefone (16) 3629-3010 ou e-mail assinatura@grupomidia.com
CARTA-RESPOSTA
NÃO É NECESSÁRIO SELAR O selo será pago por Grupo Mídia Comunicação e Participações Ltda AC - Rua Aureliano Garcia de Oliveira, 256 14096-750 Ribeirão Preto/ SP
Conheça alguns produtos do Grupo Mídia para o mercado da saúde:
INFORMAÇÃO CERTA PARA O PÚBLICO CERTO
Cole aqui Dobre aqui