HealthARQ 22ª Edição

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CARTA AO LEITOR

Ciclo memorável

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ma década é tempo suficiente para construir bases sólidas, aprofundar conhecimentos e projetar o impensável. Por isso, 2017 é especial para o Grupo Mídia, que completa 10 anos produzindo conteúdos relevantes e de qualidade para o setor da Saúde. Ao longo dessa história, desafios foram superados e pudemos perceber o quanto a Arquitetura e a Engenharia na Saúde avançaram rumo à assistência de qualidade a milhões de brasileiros. Se fizermos uma retrospectiva da última década, veremos quebras de paradigmas e verdadeiras revoluções nos edifícios hospitalares. Se antes o objetivo primordial das instituições era curar, em uma perspectiva terapêutica, a intenção de grande parte dos hospitais hoje é, também, cuidar. Neste sentido, a criação de ambientes verdadeiramente humanizados tem sido considerada tão importante quanto a própria atenção médica. Nestes 10 anos, vimos multiplicarem-se no país clínicas e hospitais com arquitetura e design de interiores dignos de hotéis de luxo, no padrão cinco estrelas. Agora, diferentes intervenções artísticas, acabamentos, mobiliários e técnicas de iluminação compõem ambientes aconchegantes que em nada lembram a frieza e hostilidade dos hospitais do passado. Exemplo disso, trazemos nesta edição a matéria especial “Arte que faz a vida florescer”, na qual os designers e arquitetos do Coletivo Muda e o artista plástico Yutaka Toyota falam sobre as inspirações para as obras criadas para o Copa Star, hospital da Rede D’Or inaugurado no Rio de Janeiro (RJ) no fim do ano. O decênio também marcou o acentuado crescimento do número de centros de ensino e pesquisa integrados às instituições de saúde. Na matéria de capa, apresentamos as modernas instalações do centro de treinamento que será inaugurado no Americas Medical City, no Rio de Janeiro (RJ), e trazemos uma entrevista exclusiva com o diretor de Projetos e Construções do UnitedHealth Group Brasil, Robson Szigethy. Ao mesmo tempo em que observamos progressiva preocupação com a humanização e com a criação de espaços de capacitação e aprimoramento, não podemos deixar de lembrar que os últimos 10 anos exigiram dos profissionais do setor a habilidade de inovar e propor soluções com qualidade e custos reduzidos, aliando eficiência e sustentabilidade.

Nesta edição, também abordamos o projeto executivo de arquitetura e design de interiores da unidade SESI Indústria Saudável, em Belém (PA), que se destaca como a primeira do Pará a produzir a própria energia e disponibilizar o excedente para o sistema de transmissão nacional, além de ser uma das poucas construções verticais do SESI no país. Vivemos, portanto, grandes conquistas nestes 10 anos e sabemos que podemos ir mais longe. Queremos continuar construindo pontes para o futuro através da informação e do conhecimento e, assim, contribuir para o reconhecimento do potencial transformador da Arquitetura e Engenharia na saúde brasileira. Desejo a você uma excelente leitura!

Edmilson Jr. Caparelli CEO e Publisher



56 CAPA DA EDIÇÃO Em entrevista exclusiva à HealthARQ, o diretor nacional de Projetos e Construções do UnitedHealth Group Brasil, Robson Szigethy, aborda os planos de expansão e premissas norteadoras das modernizações, ampliações e construções que viabilizam o aumento do número de leitos e a diversificação dos serviços oferecidos pelo UnitedHealth Brasil.

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HUMANIZAÇÃO No Copa Star, inaugurado pela Rede D’Or no fim do ano, o paciente encontra amparo em um ambiente repleto de obras de arte. Mais de 230 peças de Yutaka Toyota compõem a decoração de interiores da instituição. Em um prisma central interno, cores e formas se misturam em um painel de 25 metros de altura, criado pelo Coletivo Muda. Os artistas falam sobre a inspiração para as obras exclusivas. 10

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RENOVAÇÃO Muitas cores em um ambiente que combina o melhor dos designs indiano e brasileiro. Esse é o conceito predominante no projeto arquitetônico e de interiores do escritório da multinacional farmacêutica Torrent, que ocupa um andar inteiro de um edifício na Zona Sul da capital São Paulo (SP).


NESTA EDIÇÃO

N.22 - DEZEMBRO 2016 | JANEIRO | FEVEREIRO | 2017

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SUSTENTABILIDADE Uma das poucas construções verticais do SESI no Brasil, a unidade SESI Indústria Saudável se destaca como a primeira do Pará a adotar o sistema fotovoltaico para cogeração de energia elétrica e disponibilização do excedente para a rede pública de transmissão.

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ACABAMENTOS Instituições de saúde recorrem a revestimentos vinílicos com íons de prata e dióxido de titânio em sua composição, que atuam diretamente na eliminação de odores residuais e bactérias patogênicas em contato com o UV.

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DESTAQUE O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Haroldo Pinheiro, discute os potenciais impactos da PEC 55 nas obras hospitalares, fala sobre as metas do Conselho para 2017 e sobre as ações com foco no fortalecimento de uma cultura de ética e transparência no exercício da Arquitetura e Urbanismo no país.

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Plano Diretor de Projetos e Obras do Hospital Santa Izabel, na Bahia, viabiliza reestruturação do Ambulatório Silva Lima, que realiza diariamente mais de 250 atendimentos pelo SUS. Nos próximos três anos, a instituição pretende investir mais de R$ 40 milhões em obras. Estão previstas demolições para a construção de um bloco específico para áreas de apoio, além de um edifício-garagem. Health 11 ARQ


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CAPACIDADE AMPLIADA Hospital São Lucas inaugura maior emergência da zonal sul do Rio de Janeiro Com investimento de mais de R$ 10 milhões, o Hospital São Lucas, em Copacabana (RJ), inaugurou seu mais novo Serviço de Emergência. Em continuidade à estratégia de revitalização da instituição, a área recém-inaugurada conta com mais de 1 mil m², infraestrutura moderna e um fluxo de atendimento pensado para dar mais agilidade à assistência médica. A ala possui 2 salas de triagem para classificação de risco, 8 consultórios médicos, 14 boxes de repouso com estrutura individualizada para pacientes com quadros infectocontagiosos e um dos centros cirúrgicos mais inovadores da região.

ATENDIMENTO NEONATAL Obras na UTI Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco (RN) são concluídas As obras de reforma e ampliação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), em Natal (RN), foram inauguradas pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, em janeiro. A maternidade é vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). As novas instalações somam cerca de R$ 2,5 milhões em investimentos, que incluem reformas, ampliações e aquisição de equipamentos. O novo espaço conta com 23 incubadoras, 16 respiradores, 14 aparelhos de fototerapia, 1 raio-X portátil, 23 monitores multiparâmetro, 1 desfibrilador monitor mindray, 2 ressuscitadores infantis, dentre outros aparelhos para UTI.

Fotos: Divulgação

MODERNIZAÇÃO Hospital São Rafael (BA) inicia reforma e ampliação da Emergência A Unidade de Emergência Adulto do Hospital São Rafael (HSR), em Salvador (BA), entrou em reforma. A intervenção faz parte da modernização da unidade de saúde, que em 2016 já havia inaugurado os novos leitos de observação da Emergência, além de um Centro Integrado de Oncologia e uma UTI Neurológica. A nova Emergência terá seu espaço ampliado e receberá melhorias na infraestrutura, além de equipamentos de ponta e novos serviços como a tomografia. No decorrer da obra, os atendimentos aos pacientes da Emergência Adulto serão realizados em uma ala ao lado da Emergência Pediátrica, no 3º subsolo.

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Acesse: healtharq.com.br e confira mais notícias do setor.

http://goo.gl/T3ONTW

RECURSOS PÚBLICOS Novas regras para execução de obras com recursos do Ministério da Saúde A execução de obras de construção, ampliação e reforma na área da Saúde, com recursos do governo federal, agora tem novas regras. As alterações foram publicadas em portaria (nº 381) do Ministério da Saúde no início de fevereiro e dizem respeito à transferência de recursos a municípios, Estados e Distrito Federal. A partir de agora, a esfera interessada em pleitear recursos do Ministério deverá cadastrar a proposta de projeto no Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo (SISMOB), disponível no portal eletrônico do Fundo Nacional de Saúde.

SAÚDE DA MULHER Hospital Mater Dei expande atendimento no Pronto-socorro Ginecológico e Obstétrico A ampliação do Pronto-socorro Ginecológico e Obstétrico do Mater Dei Santo Agostinho, em Belo Horizonte (MG), contempla uma nova área para o atendimento 24 horas para plantão e acompanhamento. São 4 consultórios, 4 cadeiras de medicação rápida e 2 leitos de observação. O espaço, que fica na mesma área do Pronto-socorro Mater Dei Santo Agostinho, é dedicado à assistência para todas as demandas ginecológicas de urgência. Para maior conforto e acolhimento, a Rede Mater Dei também investiu em salas de admissão e acompanhamento de pacientes em trabalho de parto no Bloco Obstétrico do Hospital. São sete salas estruturadas para a futura mãe e familiares, com equipamentos de monitorização avançada do feto (Cardiotocografia), com camas mais modernas, banheiro privativo com ducha, ar-condicionado e recursos para cromoterapia.

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Fotos: Divulgação

CORREÇÃO No número 21 da HealthARQ, publicamos a nota “Hospital Daher inaugura Serviço de Hemodinâmica” acompanhada da foto ao lado. Contudo, a imagem é referente à sala híbrida do Hospital Mater Dei Contorno, de Belo Horizonte (MG).

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Palavra da Editora

Mais rigor, por favor

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bras superfaturadas, licitações fraudulentas, desvios de recursos. Mais do que nunca, a população brasileira está com o alerta ligado quando o assunto são as obras públicas. A demanda por maior fiscalização e transparência resultou em ações recentes do Ministério da Saúde, como a publicação da portaria nº. 381. Entre as principais novidades trazidas pela portaria está a obrigatoriedade de que Distrito Federal, estados e municípios interessados em pleitear recursos do Ministério cadastrem e mantenham atualizada sua proposta de projeto no Sistema de Monitoramento de Obras Fundo a Fundo (SISMOB), disponível online. A intenção, segundo o Ministério, é que os pedidos de verbas para unidades de saúde estejam condicionados ao envio de projeto completo, com cronograma, capacidade técnica e financeira e estrutura necessária para manter o serviço. Além disso, espera-se que o sistema possibilite o controle e acompanhamento das obras de forma mais eficaz. A novidade se junta a outras tantas mudanças que o país tem enfrentado, algumas delas reconhecidamente controversas, como a PEC 55, que limita o teto dos gastos públicos pelos próximos 20 anos. Em um cenário de discordâncias, um ponto é consenso: é necessário discutir ética e transparência na Arquitetura e Urbanismo no Brasil, especialmente na área da Saúde. Pensando nisso, trazemos, nesta edição, uma entrevista exclusiva com Haroldo Pinheiro, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), na qual ele aborda os impactos da PEC 55 nas obras hospitalares e comenta a polêmica renúncia do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, após tentar interferir em decisões do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Na entrevista, Pinheiro também fala sobre as ações do CAU para o fortalecimento de uma cultura ética e transparente no exercício da Arquitetura e Urbanismo no Brasil, sobre a redução de custos sem perder qualidade e segurança nas obras hospitalares e sobre as metas do Conselho para 2017. Nas próximas páginas, você também encontrará projetos

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que se destacam pelo design sofisticado, pelas modernas instalações e pela ousadia e primor nas soluções de Arquitetura e Engenharia. Que nossas matérias o inspirem a criar projetos de excelência, sempre amparados na atuação profissional ética e comprometida. Boa leitura!

Carla de Paula Pinto, Editora da Revista HealthARQ


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Construção Hospital da Mulher Heloneida Studart 16

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Solução ideal Obra da fachada do Hospital da Mulher Heloneida Studart adota sistema de construção a seco de alto desempenho que alia as vantagens de ser leve, limpo e rápido de executar

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a mesma data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março), foi inaugurado na Baixada Fluminense, em São João do Meriti (RJ), o Hospital da Mulher Heloneida Studart (HMHS), em 2010. Trata-se da primeira instituição da rede estadual de saúde totalmente especializada no atendimento de médio e alto risco a gestantes e bebês e da principal unidade de referência para este tipo de atendimento na região.

Com 13 mil m² de área construída, sendo dois pavimentos assistenciais, o Hospital da Mulher realiza mensalmente cerca de 3,2 mil consultas ambulatoriais, 2,5 mil consultas no pronto-atendimento, 500 partos e 40 mil exames laboratoriais e de imagem. A política de atendimento da instituição é calcada no cuidado, tanto que o parto humanizado é uma das práticas realizadas, como ressalta Helton Setta, diretor-geral da unidade. Health ARQ

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Construção Hospital da Mulher Heloneida Studart

“O Hospital adota a cultura do parto humanizado, ou seja, conjunto de ações que visam atender as necessidades das gestantes, que vai desde um acompanhante de sua confiança durante o parto, o acompanhamento por doula e parto assistido por equipe multidisciplinar, incluindo a presença de enfermeira obstétrica”, afirma Setta. A proposta diferenciada do Hospital da Mulher não está apenas no atendimento às pacientes e aos recém-nascidos. O prédio adota sistemas cons18

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trutivos de alto desempenho. Na fachada do Hospital – fase 2 –, por exemplo, foi utilizado um sistema em perfis metálicos e chapa cimentícia de alto desempenho DUROCK, o sistema USG-DEFS, da multinacional norte-americana United States Gypsum (USG), referência em produtos para construção a seco. “Essas chapas cimentícias têm propriedades bastante diferenciadas quanto à estabilidade dimensional, integridade de sua composição perante às intempéries e

Helton Setta, diretor-geral do Hospital da Mulher


longa vida útil. Além de leve, limpo e rápido de executar, o sistema melhora o isolamento térmico e acústico da edificação, proporcionando economia de energia e conforto”, salienta a gerente técnica da USG Brasil, Maria Thereza Castro. O sistema utilizado na fachada, concluída entre o final de 2015 e o início de 2016,

tem mais de 40 anos de aplicação em países como EUA, Canadá e Chile. No Brasil, a solução é empregada em diferentes obras há mais de 15 anos, com excelentes resultados, como a elevada durabilidade. “Seus componentes são projetados para atender vida útil de mais de 30 anos”, pontua Fabio Din, gerente comercial da USG Brasil.

Apropriado para hospitais Quando se fala em edificação hospitalar, é importante lembrar que a escolha dos sistemas construtivos deve considerar aspectos como durabilidade e facilidade de limpeza e manutenção, para evitar obras desnecessárias, que podem comprometer a delicada rotina de pacientes. Neste sentido, os sistemas de construção a seco trazem muitas vantagens. “Eles proporcionam paredes – tanto externas quanto internas – com cavidades, o que facilita muito a instalação das inúmeras utilidades necessárias à operação de um hospital, bem como o fácil, rápido e limpo acesso a essas instalações para manutenções, gerando quase nenhum transtorno, risco ou interrupções de funcionamento”, afirma Fabio Din, gerente comercial da USG Brasil. Adicionalmente, Din lembra que os sistemas de construção a seco possibilitam agregar características de desempenho quanto a isolamento térmico e acústico, além de apresentarem resistência a impacto, fogo ou umidade. “Onde são aplicados, proporcionam soluções sem desperdícios e sem improvisos”, enfatiza. Na execução de uma obra como a do Hospital da Mulher, segundo Maria Thereza, é necessário respeitar as especificações do projeto e de contratação de fornecedores e instaladores comprovadamente certificados. “Quando se trabalha com sistemas, sejam quais forem, a correta especificação do projeto de instalação é fundamental.” A tendência em construção a seco hoje, especialmente na área da Saúde, segundo a gerente técnica, é a aplicação de sistemas de revestimento que permitam ganho

Maria Thereza Castro, gerente técnica da USG Brasil

Fabio Din, gerente comercial da USG Brasil

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Construção Hospital da Mulher Heloneida Studart

Raio-X do Hospital da Mulher

energético na climatização dos ambientes internos. Ou seja, baixa transmissão de calor ou frio por meio das paredes externas, gerando menor custo de condicionamento de ar, além de baixo peso, montagem rápida da estrutura e baixa manutenção. “Também é importante 20

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destacar que sistemas que mostrem rapidamente possíveis vazamentos são desejáveis, a fim de se evitar a demora na correção destes problemas. Sistemas leves revelam vazamentos rapidamente e proporcionam sua correção antes de causarem grandes estragos”, finaliza Maria Thereza.

- 58 leitos de alojamento conjunto; - 6 leitos de ginecologia; - 4 leitos de pronto-atendimento; - 7 leitos de day clinic; - 5 leitos de pré-parto, parto e pós-parto; - 5 leitos de recuperação pós-anestésica; - 10 leitos de UTI materna; - 20 leitos de UTI neonatal; - 29 leitos de Unidade Intermediária (UI) neonatal; - 12 consultórios; - Bloco cirúrgico com: 3 salas de cirurgia, 2 salas de parto e 2 salas de curetagem.


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ARQ Coluna

Fábio Bitencourt Arquiteto D Sc e Professor

A Arquitetura Efêmera em ambientes de saúde: a longevidade que o tempo permite

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arquitetura dos edifícios para assistência à saúde sempre se conecta com o vínculo da temporalidade infinita, ou tanto mais longeva quanto seja possível conceber, projetar e construir. Essa longevidade imaginada no inconsciente de cada planejador hospitalar se perde a partir dos materiais utilizados estruturalmente na edificação, assim como nas características dos revestimentos que exigem cuidados de assepsia específicos vinculados ao mais rigoroso conceito hipocrático de “não causar danos”. O interesse no conhecimento sobre conceitos e referências projetuais da arquitetura que tenham sido 22

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concebidos para atender a um objetivo permanente, mas não tenham conseguido sobreviver a um mínimo tempo de vida, nos conduz indiretamente à busca do melhor entendimento do que possa ser essa Arquitetura Efêmera. Se a palavra efêmera surge de forma provocadora, quando aliada à arquitetura, a sua etimologia é velha conhecida quando aplicada adjetivamente a outros referenciais. A origem da palavra efêmera vem do grego ephémeros, que significa 1. Que dura um só dia. 2 Passageiro, transitório (Dicionário Michaellis eletrônico, 2015). Um adjetivo, enfim! Quase podemos dizer que toda arquitetura é efêmera,

pois a luta contra o tempo é, frequentemente, uma luta perdida contra o desgaste dos materiais, a defasagem tecnológica dos processos e dos fluxos de circulação, além da erosão que os elementos químicos estão continuamente a realizar. Mas, invariavelmente, há situações nas edificações hospitalares onde a efemeridade parece mais evidente. Cada desenho, cada solução de projeto interpreta, ao mesmo tempo, um momento da história da arquitetura e de demandas físico-funcionais específicas. A legislação edilícia, de um modo geral, contribui decisivamente para esta relação de temporalidade. Da mesma maneira que a legisla-

ção estabelecida para as edificações dos edifícios de saúde tende a sistematizar modelos e formatos, tipologias e gabaritos, dimensões internas e ambientes similares. Desde 2002, a legislação de arquitetura e engenharia para edificações que atendem às necessidades de assistência à saúde no Brasil mirou-se frontalmente nas recomendações da RDC 50/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E, sem outro caminho, produziu uma arquitetura com identidade clara neste tempo do século XXI, com os resquícios das informações técnicas do século passado. Naturalmente, uma arquitetura defasada. As exigências de cuidados


Pátio interno do Hôpital Dieu, Paris, França. Desenho de Robson Granado a partir de foto de Fábio Bitencourt, 2017

sustentáveis nas edificações para saúde praticamente ficaram à margem das discussões contemporâneas. Quase um direito adquirido de não se comprometer com os cuidados e práticas projetuais obrigatórias para nosso tempo. No livro Quem tem medo da Arquitetura Hospitalar? (Editora Quarteto, 2006), organizado pelo professor, engenheiro e arquiteto Antônio Pedro Alves de Carvalho, há um alerta na página 14: “O conceito de sustentabilidade raramente é aplicado no caso das edificações para a saúde, quando estas

são das maiores poluidoras e consumidoras de energia. Trata-se de um contra-senso: edifícios idealizados para abrigar atividades de cura provocando doenças e desequilíbrios ambientais”. Situação semelhante ocorreu com as questões relativas à acessibilidade que à época utilizavam os referenciais da Norma Brasileira Nº 9050 de 1985, posteriormente utilizaram a edição de 1994, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), quando já temos uma versão desta mesma Norma 30 anos mais atual, publicada em outubro de 2015.

Propostas novas, práticas antigas! Em muitos casos, os edifícios permanecem, mas seu significado não, “deixando para trás cascas vazias e não têm mais a mesma importância ou relevância que um dia tiveram” conforme avaliação do arquiteto inglês Robert Kronemburg (Portable Architecture. 3ª ed. Reino Unido: Architectural Press, 2003). Recorrentemente, nos referimos a importantes edificações hospitalares icônicas e o Hôpital Dieu está entre elas, como um marco da contribuição do pensamento iluminista da França do século XVII para a assistência

à saúde. Da mesma forma, muitos outros edifícios hospitalares que não deixaram o tempo ser o mais nocivo dos adversários para se tornarem efêmeros. Algumas edificações hospitalares no Brasil têm assumido esta condição de efemeridade circunstancial. Circunstância estabelecida pela construção inacabada, pela ausência de mobiliários e equipamentos, ou pela inexistência da arquitetura humana, elemento fundamental para que a função de assistência à saúde seja plena através do serviço realizado. Health ARQ

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Sustentabilidade

Eficiência que se vê Equilibrando sustentabilidade e humanização, Hospital Sírio-Libanês inova ao instalar vidros polarizados em áreas de UTI 24

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ma das edificações de saúde mais sustentáveis do Brasil é a nova Unidade de Terapia Intensiva Cardiológica do Hospital Sírio-Libanês, situada no bairro Bela Vista, em São Paulo. O espaço, que está aberto a pacientes cardiopatas de alta complexidade desde junho de 2016, tem 12 leitos individualizados, banheiro privativo e luminosidade natural. A inauguração da UTI Cardiológica faz parte do maior ciclo de expansão da história do Sírio-Libanês, segundo o diretor de infraestrutura da instituição, Antônio Carlos Cascão. Para ele, planejamento e gestão eficiente foram palavras de ordem na execução do projeto, no qual trabalhou com um plano de sustentabilidade focado no uso racional de recursos naturais. Cascão explica que qualquer projeto que ocorra no Hospital segue, por exemplo, uma premissa clara e parametrizada sobre consumo de energia com iluminação ou com ar condicionado. No Sírio-Libanês, é padrão que a sustentabilidade seja trabalhada em conjunto com a humanização, conforme ressalta Maria Fabiana Janaina Fonseca Prado, coordenadora de projetos de engenharia da instituição. Para atender esses quesitos, a equipe de infraestrutura do Sírio-Libanês busca ter um conhecimento claro das tecnologias que podem ser aplicadas no Hospital, levando em conta o melhor rendimento. “Realizamos pesquisas de mercado sobre como as tecnologias estão avançando, quais produtos são mais eficientes e quais são mais adequados para aplicação em um hospital.” Pensando nisso, a instituição investiu no uso de vidros sofisticados em diversas áreas como UTI, atrium e recepção da Unidade Bela Vista, em São Paulo (SP), fornecidos e instalados pela Penha Vidros. Segundo Raul Abduch, do Departamento Comercial da empresa, na UTI do Bloco C, por exemplo, foram empregados vidros polarizados. Estes, originalmente permanecem opacos quando os cristais líquidos de sua composição estão desorganizados, mas ficam transparentes quando estes mesmos cristais se organizam ao serem acionados eletronicamente. “O Hospital Sírio-Libanês foi pioneiro no uso desses vidros em áreas de UTI, pois eram utilizados somente em visores da maternidade. Esta nova aplicação aboliu as persianas, cortinas e outros acessórios usados quando a privacidade em procedimentos nos pacientes era neces-

Vidros trazem sofisticação para os interiores do Hospital Sírio-Libanês sária”, relata Abduch, acrescentando: “com este material, é possível visualizar toda a área de UTI simultaneamente e controlar pontualmente a privacidade dos leitos”. Abduch ainda salienta que, no atrium da entrada principal e na recepção de internação do Bloco D do Sírio-Libanês, a empresa executou o fechamento das fachadas – com o sistema Spider Glass –, a marquise da entrada, o guarda-corpos e o revestimento em aço inox de colunas metálicas, pórticos e divisórias. No atrium e na recepção foram especificados vidros temperados laminados para compor o sistema Spider Glass. Foram usados painéis de vidro com dimensões amplas para atender o projeto arquitetônico de uma área nobre da edificação. “Para tanto, realizamos cálculos estruturais e de pressão do vento para determinar a espessura dos vidros”, comenta. Health ARQ

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Sustentabilidade UTI do Sírio-Libanês

Potencialidades Em um projeto arquitetônico hospitalar, conforme salienta Abduch, uma área que requer muita atenção é a de vidros e caixilhos. Para que não seja conduzido equivocadamente, o projeto nesse quesito precisa ser submetido a uma consultoria técnica criteriosa. Em uma instituição de saúde, segundo ele, deve-se escolher vidros Semi-Refletivos ou LOW-E para a fachada, que farão o controle solar e minimizarão o calor interno, produzindo economia de energia e de água, além de proporcionar conforto térmico. Já nas áreas internas a tendência é de que se use, cada vez mais, vidros de revestimento nas paredes, principalmente em áreas de grande circulação, como hall de elevadores e lobby, por conta da facilidade de manutenção e controle bacteriano. O vidro é um elemento construtivo que difere de outros, pois praticamente não requer manutenção, tem durabilidade ilimitada e sua substituição só ocorre em caso de quebra. “Muito diferente de itens como alvenaria, pintura, pisos e mobiliários, que requerem manutenção contínua.” Abduch ainda lembra que os vidros são elementos construtivos de fácil limpeza, podendo-se aplicar sobre sua superfície soluções limpadoras e outros produtos químicos para o controle bacteriano. 26

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“O HSL foi pioneiro no uso de vidros polarizados em áreas de UTI. Esta nova aplicação aboliu as persianas, cortinas e outros acessórios usados quando a privacidade em procedimentos nos pacientes era necessária” Raul Abduch, da Penha Vidros


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Humanização 28

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Conforto e acolhimento A importância da escolha certa do mobiliário para o bem-estar do paciente e demais usuários da instituição hospitalar

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humanização em um ambiente hospitalar depende da conjunção de vários fatores relacionados tanto à atenção dada aos pacientes, como também ao conforto e bem-estar que a arquitetura proporciona. Nesse sentido, o mobiliário utilizado pela instituição desempenha importante papel no ambiente, tanto no que se refere ao seu conforto como na beleza do local. Pensando na conjunção entre qualidade e segurança, a Mobiliare Marcenaria Hospitalar, que atua há 27 anos no mercado para a criação e execução de projetos sob medida na área de marcenaria hospitalar, usa em todo o seu mobiliário corrediças e dobradiças de metal, MDF de 10, 18 e 25 mm certificado com selo verde e com revestimento total, e tratamento com microban (solução de controles de odores e antimicrobianos). “Também temos certificações exigidas como a ISO 18001 (sistema de gestão e segurança da saúde), ISO Health ARQ

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Humanização

14001 (sistema de gestão ambiental), ISO 9001 (sistema de gestão de qualidade do material) e, por fim, qualidade certificada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, explica Hermes Lúcio Pereira, diretor da Mobiliare Marcenaria Hospitalar. “Hoje, podemos dar garantia de nossos produtos de até cinco anos para defeitos de fabricação e assistência técnica permanente”, explica Hermes. As peças fabricadas pela Mobiliare Marcenaria Hospitalar são planejadas a partir de reuniões com arquitetos e engenheiros a fim de obter uma melhor linha para facilitar o manuseio, acesso e conforto no uso diário. “Nossas marcas são qualidade, pontualidade e tecnologia de ponta. O segredo é sempre buscar aprendizado para trazer soluções inteligentes a nossos clientes.” Pensando na praticidade e economia, os produtos da Mobiliare Marcenaria Hospitalar. são de fácil manutenção. “Apenas com água e sabão neutro ou álcool já é o suficiente para fazer assepsia do móvel.” Segundo Antônio Carlos Cascão, Diretor de infraestrutura do Hospital Sírio-Libanês, a escolha de materiais, equipamentos e acabamentos prioriza aqueles que facilitam e conferem um menor 30

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uso de produtos de limpeza. “Buscamos a humanização através de acabamentos de paredes e piso, acabamentos de mobiliários e portas, buscando tons amadeirados para aquecer o ambiente. Sempre que possível trabalhamos com a ideia de paciente cada vez menos se sentir dentro de um hospital e cada vez mais dentro de um hotel. Para isso, as marcenarias são pensadas para esconder as tomadas e pontos de gases que ficam acima do leito, aparecendo apenas quando há a necessidade do uso, entre outras medidas”, afirma Janaina Prado, coordenadora de Projetos de Engenharia do hospital. No Sírio-Libanês, foram executados vários projetos pela Mobiliare Marcenaria Hospitalar, como na Loja das Voluntárias, sala de atendimento a pacientes internacionais, Livraria das Voluntárias, TMO (tratamento de medula óssea), setor otorrino, sala Varian (radioterapia), sala de comandos Varian e Siemens, sala de marcapassos, sala PET CT, sala de faturamentos, Hospital dia, centro cirúrgico, dentre outros. “O Sírio-Libanês é uma grande escola para aprender muito sobre trabalhos, humanização e desenvolvimento. Tenho orgulho de prestar serviços a esta instituição”, explica Hermes.

Inovação Para 2017, a grande novidade será os caminhões SOS Marcenaria Hospitalar. O objetivo é prestar pronto-atendimento aos clientes da empresa. O caminhão é equipado com máquina central de corte, gerador central e todos os materiais específicos que o hospital utiliza, obedecendo a identidade da instituição. “Um dia este caminhão irá ao Hospital Sírio-Libanês, por

exemplo, e ficará lá para atender qualquer problema, dano ou necessidade do cliente. Será possível fazer o conserto do produto ali na hora e tudo isso com o material que aquele hospital utiliza, a cor que ele usa em sua identidade, entre outros. Este caminhão irá a todos os clientes e levará na porta da instituição todos os materiais que são usados por ele.”


Abrangência A Mobiliare Marcenaria Hospitalar está presente em mais de 50 hospitais por todo o Brasil. Abaixo, algumas das instituições presentes no portfólio da empresa: - Hospital Vitória de São Paulo e Santos; - Hospital Alvorada de Moema e de Brasília; - Hospital 9 de Julho; - Hospital Metropolitano Lapa; - Hospital Ipiranga de Mogi das Cruzes; - Hospital da Luz Vila Mariana; - Hospital Alvorada Santo Amaro; - Hospital Carlos Chagas; - Hospital Cubatão ; - INRAD HC; - Hospital Paulistano; - AACD; - Santa Casa de Misericórdia de Louveira; - Hospital Samaritano; - HCor; - Grupo AMIL; - Hospital Saint Vivant em Sumaré.

“Hoje, a Mobiliare Marcenaria Hospitalar se destaca pela qualidade, pontualidade e capital próprio, o que é muito exigido pelos clientes. Nosso crescimento é fruto de investimentos, tanto no pessoal como em tecnologia de ponta” Hermes Lúcio Pereira, da Mobiliare

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Construção

Clínica Eye Center

Clínica Odontológica

Hospital São Lucas

Inteligência na concepção Projeto arquitetônico e de interiores de hospital de Sorocaba (SP) otimiza espaços sem perder de vista o alto padrão das instalações com foco no bem-estar dos pacientes

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Clínica de Ressonância Magnética

Endoclinic

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onceitos como conforto e humanização se fazem cada dia mais presentes nos edifícios hospitalares. Devido à grande complexidade presente na assistência à saúde, a tendência entre as instituições é a busca por soluções arquitetônicas que favoreçam não apenas a cura, mas o verdadeiro cuidado com os pacientes. Responsável pelos projetos da Clínica Instituto do Joelho, Endoclinic, Clínica Eye Center, Clínica de Ressonância Magnética, Trade Tower Medical Center, e outros projetos da área médica/hospitalar, a Ricardo Bandeira Arquitetos Associados destaca-se por transmitir em seus projetos a preocupação com os usuários das edificações, tanto pacientes quanto acompanhantes, médicos e demais

profissionais da Saúde. O escritório enfrenta, agora, um novo desafio: a execução do projeto arquitetônico e de design de interiores criado para um hospital de pequeno porte em instalação na cidade de Sorocaba (SP). O grande diferencial da unidade é seguir o conceito de um hotel cinco estrelas. “O conforto e bom atendimento são premissas da instituição. Esses conceitos foram fundamentais desde a concepção do projeto até seus detalhes finais”, ressalta a arquiteta Márcia Leitão. A unidade, que terá diversas especialidades e serviços de saúde em modernas estruturas, localiza-se em uma área restrita, em um bairro central, como relata o arquiteto Ricardo Bandeira: “Há diversas diretrizes impostas pela própria situação da área, composta por cinco imóveis

Equipe Ricardo Bandeira

antigos, com formatos e cotas de diferentes níveis”. Para solucionar essa questão, Bandeira explica que a principal estratégia tem sido o aproveitamento e a otimização de todos os espaços. Ele também lembra que o projeto foi criado para a execução em etapas – conforme o planejamento econômico da instituição de

saúde – e prevê ampliações verticais futuras. A edificação possui quatro pavimentos, que incluem Day Clinic, farmácia, área de diagnóstico, ressonância magnética, centro cirúrgico, área de UTI e enfermaria com suítes duplas, entre outros espaços. A previsão de inauguração do hospital ainda não foi divulgada. Health ARQ

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Sustentabilidade 34

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Uma das poucas construções verticais do SESI no Brasil


Consultório de Odontologia

Projetada para ser referência Unidade SESI Indústria Saudável se destaca como a primeira do Pará a adotar o sistema fotovoltaico conectado à rede pública de energia

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Unidade representa um espaço que reúne os já tradicionais serviços de saúde, educação, esporte, lazer e cultura ofertados pelo Serviço Social da Indústria (SESI) aos trabalhadores do setor e seus familiares, em uma estrutura totalmente diferente do padrão. Assim pode ser descrita a unidade SESI Indústria Saudável, de Belém (PA), que inova no projeto, no design e no conceito. Conforme ressalta o supe-

rintendente do SESI-Pará, José Olimpio Bastos, além de ser uma das poucas construções verticais do SESI no Brasil, a unidade foi projetada segundo padrões de sustentabilidade que se tornaram referência. A instalação do sistema fotovoltaico para captação de energia solar, por exemplo, permite a geração da própria energia. “Em períodos de sol mais forte, de maio a outubro, produzimos 13% da

energia elétrica consumida na unidade”, afirma Bastos. Em períodos ociosos, quando a energia gerada não é utilizada ou o consumo está abaixo da média, a unidade disponibiliza o excedente para o sistema de transmissão nacional. “Assinamos o primeiro contrato do gênero no Estado do Pará, tanto que é o de número um. Consideramos isso um marco, pois fomos os pioneiros a realizar isso, ainda em 2013”, conta. Health ARQ

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Sustentabilidade

Arquitetos: José Freire, Paulo Lima e Jorge Derenji

Por dentro do SESI Indústria Saudável Térreo: áreas de recepção principal e triagem, atendimento, almoxarifados, vestiários, pilates, RPG, avaliação física, atendimento nutricional e sala de aula. 1º andar: Recepção, Medicina do Trabalho, Enfermagem do Trabalho, Engenharia de Segurança, equipe técnica de Segurança e Enfermagem, Fonoaudiologia, sala de Audiometria, Assistência Social, atendimento psicológico, sala de vacinação, DSEV e Administrativo SST.

Sala de aula na unidade

Segundo o arquiteto José Freire (coordenador dos projetos), da DPJ Arquitetura e Engenharia - empresa que elaborou os projetos executivos de Arquitetura e Design de Interiores - a unidade, além do aproveitamento da energia solar, também dispõe de sistema de reaproveitamento de águas pluviais, que capta e reserva a água da chuva para alimentar os vasos sanitários do prédio após passar por um processo de filtragem, 36

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contando ainda com o uso de materiais de fácil acesso, manutenção e reposição. “Houve também uma preocupação com a locação do edifício. Buscamos a melhor situação em termos de proteção das fachadas com relação à radiação solar e aproveitamento da ventilação natural, visando uma melhor iluminação para as clínicas e consultórios e do sistema de condicionamento de ar”, detalha Freire.

2º andar: Área da odontologia com recepção, nove consultórios odontológicos, sala de raio-x, escovação, administração da clínica e áreas de apoio. 3º andar: Setor de ensino constituído por cinco salas de aula (com média de 25 alunos em cada), sala de leitura com espaços para o acervo e leitura, diretoria escolar, secretaria e área de apoio. 4º andar: Recepção, laboratório de informática com 30 postos, sala de aula 3D e videoconferência, sala de aula para 25 alunos, gerência da unidade, secretaria, arquivo, sala de reunião e áreas de apoio. 5º andar: Recepção, academia de ginástica, vestiários e área de apoio.


Divisor de águas Com investimentos de R$ 18,1 milhões, o SESI Indústria Saudável foi inaugurado em 2013, após dois anos de obras. Localizado na Avenida João Paulo II, na capital Belém, o edifício tem seis pavimentos e mais de 3,5 mil m² de área construída. De acordo com Bastos, o projeto da unidade é considerado um divisor de águas no SESI-Pará, sobretrudo porque serviu de exemplo para futuras instalações da entidade, como uma escola recentemente construída na Região

Metropolitana de Belém. “A sustentabilidade ambiental permeou toda a execução do projeto dessa escola, desde a remoção resíduos da obra para locais apropriados até a utilização de bicicletários para reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera, geração de 53% da energia elétrica consumida a partir placas fotovoltaicas, iluminação inteligente, captação de água e estação de tratamento de esgoto”, enfatiza o superintendente do SESI-Pará.

José Olimpio Bastos, superintendente do SESI-Pará

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Instalações

Crescimento com racionalidade Nova torre do Hospital 9 de Julho alia sustentabilidade e economia a partir de modernas instalações elétricas, eletrônicas, hidráulicas e de climatização 38

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Espaço e conforto Entre os novos leitos, oito são suítes de 50 m², totalizando 11 quartos com área distinta para paciente e acompanhante. O Espaço Unic, como é chamado, oferece o que há de melhor e mais moderno em hotelaria hospitalar. Os quartos são equipados com TVs de última geração integradas ao canal exclusivo da instituição, o que permite acesso aos projetos como o Cine9, programa de humanização que traz o cinema para dentro do hospital, informações sobre serviços disponíveis na região, previsão do tempo etc.

om o objetivo de aumentar sua capacidade de internação e de cirurgias simultâneas para atender à crescente demanda da cidade de São Paulo, o Hospital 9 de Julho inaugurou uma torre com 18 andares e 19 mil m² construídos. Com investimento de R$ 350 milhões, o prédio conta com 120 novos leitos, elevando a capacidade do Hospital para 410 leitos. A nova torre, inaugurada em julho do ano passado, também possibilitou o aumento do número de salas cirúrgicas, de 14 para 22, sendo duas delas híbridas, com equipamento de Hemodinâmica e Ressonância Magnética, além da sala exclusiva para cirurgia robótica. Dos 18 andares, oito são subsolos para estacionamento, que somam 220 vagas, o que oferece mais comodidade aos pacientes e acompanhantes em uma região com escassez de locais para estacionar. O prédio conta, ainda, com um novo auditório com salas modulares e capacidade total para mais de 100 pessoas. “A torre foi projetada para abrigar o que há de melhor no acolhimento ao paciente, com o uso de luz natural, espaços aconchegantes e cores agradáveis”,

salienta o diretor geral do hospital, Alfonso Migliore Neto. Em consonância, Carlos Vera, gerente de Projetos Elétricos da MHA Engenharia – empresa responsável pelas instalações elétricas, eletrônicas, hidráulicas e de climatização da nova torre – lembra que a construção seguiu um projeto totalmente voltado para a sustentabilidade, alcançando a certificação LEED. Nesse sentido, Vera ressalta que foram incluídas na nova torre luminárias de alta eficiência, a fim de reduzir o consumo de energia elétrica e melhorar a distribuição da iluminação. Além disso, foram propostos medidores de energia por grupo de carga, possibilitando a medição e verificação dos sistemas e o acompanhamento do desempenho do empreendimento. Segundo o gerente de Projetos Elétricos, os principais desafios enfrentados envolveram a integração dos sistemas elétricos com os sistemas existentes, de forma a atender as necessidades da nova torre e o plano diretor do hospital, e a necessidade de resolver a demanda de energia elétrica, limitada a uma entrada de energia que já havia atingido o seu limite e não podia mais ser ampliada. Health ARQ

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Instalação

“A solução foi implantar uma nova entrada de energia com dois ramais redundantes da concessionária AES Eletropaulo (operacional e reserva), em média tensão (34.500V). A partir dessa nova entrada, foi disponibilizado um ramal para atender o Hospital existente e outro para a nova torre, além de uma reserva para futuras ampliações. Conjuntamente, foi projetada uma Usina de Geração de Energia, com transferência na média tensão e capacidade para atender toda a demanda do Hospital”, detalha Vera. O novo sistema elétrico, combinado a medidas como o uso de energia solar e o aproveitamento da luz natu-

ral, resultou, segundo o 9 de Julho, em uma economia de 20% em energia. Tendo em vista a segurança da população do prédio, de acordo com Vera, foram previstas no projeto: a especificação do sistema de aclaramento e rota de fuga com luminárias autônomas para garantir a iluminação mínima em caso de falta de energia; uma alimentação elétrica redundante através de grupos geradores para os sistemas de combate a incêndio, pressurização de escadas e exaustão de fumaça; além da especificação quanto ao uso de condutores elétricos livre de gases halogêneos.

Climatização A sustentabilidade também foi uma premissa na climatização da nova torre do Hospital 9 de Julho. De acordo com Raymond Khoe, gerente de Projeto de Climatização da MHA, foram utilizados no prédio chillers de 160 TR com condensação a ar com compressores centrífugos dotados com mancais eletromagnéticos que estão entre os mais eficientes do mercado. “Os chillers operam com refrigerante sem CFC, com baixo ODP – responsável pela deterioração da Camada de Ozônio – e baixo GWP – que contribui para o aquecimento global”, pontua Khoe sobre as vantagens dos equipamentos adotados. 40

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Segundo o gerente de Projeto de Climatização, o maior desafio foi conciliar sistemas/ equipamentos tecnologicamente adequados com a disponibilidade de mercado, custo, manutenção, apoio de engenharia, vida útil e reposição de peças. O resultado foram instalações eficientes e que trazem segurança aos pacientes. Os quartos de isolamento, por exemplo, são climatizados com condicionador de ar tipo fancoil com 100% de ar externo. “Ventiladores de exaustão exaurem o ar contaminado, permitindo que os ambientes permaneçam com pressão estática negativa”, frisa Khoe.

Fachada da nova torre


Instalações hidráulicas O sistema de instalações de água fria, por sua vez, foi baseado em um sistema indireto, ou seja, a partir de alimentação da rede pública para um reservatório inferior, subdividido em câmaras que reservam água potável e não potável, pois foi previsto o aproveitamento de água de chuva. “A partir desse aproveitamento, após passagem em sistema de filtragem e desinfecção, a água é bombeada para um reservatório superior, também subdividido em câmaras que reservam água potável e não potável, sendo então distribuída para os pontos de consumo”, esclarece Maria Elisa Germano, gerente de Projeto de Hidráulica da MHA. Complementarmente, Maria Elisa explica que a água não potável é destinada às bacias e mictórios e a potável a todos os demais usos.

“Todo o sistema é composto por válvulas de fechamento em pontos estratégicos como prumadas e derivações e parcialmente para cada unidade sanitária, objetivando a melhor condição para seccionamentos e manutenção”, afirma. Segundo o Hospital 9 de Julho, a instalação de redutores de vazão em torneiras, vasos sanitários e chuveiros reduz em até 30% o consumo de água. Já o sistema de esgoto faz a separação entre o esgoto primário e o secundário, a fim de viabilizar, no futuro, o tratamento e reuso de águas cinzas. “O projeto hidráulico segue, tanto em conceito como no seu dimensional, regras normativas que garantem eficiência e identificação dos sistemas, otimizando a manutenção e operação, para garantir um controle de forma preditiva e corretiva”, comenta Maria Elisa.

Raio-X do Hospital 9 de Julho • • • • • • •

57 mil m² de área construída; 5 UTIs com 78 leitos; UCE com 33 leitos; 12 mil atendimentos no Pronto-Socorro por mês; 1,6 mil procedimentos cirúrgicos por mês; 2.390 colaboradores; 4 mil médicos cadastrados no Corpo Clínico.

Acesso ao Hospital

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Humanização 42

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Arte que faz a vida florescer Expressões artísticas de Yutaka Toyota e do Coletivo Muda fazem do Copa Star uma verdadeira galeria de arte, onde o paciente encontra conforto e inspiração para a cura

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m um dos bairros mais conhecidos do país, Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi erguido um hospital que impressiona logo na entrada. No Copa Star, inaugurado no final de 2016 pela Rede D’Or, a frieza de uma instituição convencional abre espaço para arte, aconchego e sensibilidade. Assim que entra no local, o paciente, em sua fragilidade, encontra amparo e se fortalece em um ambiente repleto de obras de arte exclusivas. A decoração de interiores da instituição, composta por mais de 230 peças do escultor e pintor Yutaka Toyota, remete a infinitas possibilidades de superação, pela integração entre a tecnologia e a força humana. Em um prisma central interno, cores e formas se misturam em um painel de 25 metros de altura, que vai do primeiro subsolo ao quarto e último andar do prédio. A obra é uma criação do Coletivo Muda, formado pelos designers Bruna Vieira e João Tolentino, e pelos arquitetos Diego Uribbe, Duke Capellão e Rodrigo Kalache. Health ARQ

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Humanização

Encontro entre arte e tecnologia

O artista Yutaka Toyota acompanha a instalação de suas obras no Copa Star

Conforme conta Yutaka Toyota, todas as suas obras têm no título a palavra “Espaço”. A partir deste conceito, ele criou uma série de trabalhos que buscam na Física do Ocidente e no Zen Budismo do Oriente uma intersecção para expor suas ideias. O sentido de Espaço é sempre a busca do universal. Sua obra quer mostrar o invisível, o que não está ao alcance dos olhos. O artista tem obras monumentais na Itália, Colômbia, Estados Unidos, Japão e Brasil. “Mas também tenho trabalhos espalhados por outros países onde fui convidado e expus. São praticamente 60 anos de carreira artística”, afirma Toyota.

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Todos que passam por perto do Hospital se encantam. Já na fachada do prédio, nas ruas Figueiredo Magalhães e Joseph Bloch, a obra Espaço Infinito 2016 inspira momentos de reflexão a quem reserva alguns segundos para apreciá-la. A ideia é simbolizar o crescimento infinito, com suas ondas vibrando tudo de bom pelo universo. Ao adentrar no prédio, logo no hall principal, pacientes, visitantes e colaboradores deparam-se com Espaço Eternidade 2016, que remete à busca pela vida eterna. Leva as pessoas a terem sempre em mente “a infinita possibilidade de superação, especialmente com toda a magia da tecnologia e da força humana”, diz o diretor-técnico do Hospital, Paulo Tinoco. Essas duas obras foram produzidas exclusivamente por Yutaka Toyota para ocuparem o hall e a fachada do Copa Star. Outros trabalhos – cerca de uma centena, entre esculturas, painéis e serigrafias –foram criados pelo artista plástico para o Hospital, mas sem serem concebidos para um local definido. Deixar a marca artística de Toyota no Copa Star veio do desejo de Jorge Moll Filho, fundador da Rede D’Or São Luiz, que encontrou nas obras do artista sintonia perfeita com o padrão que planejava para a Unidade. Suas obras são futurísticas e remetem à tecnologia e à busca do impossível e do inimaginável, assim como é o Copa Star. Um hospital singular, feito para o bem-estar dos pacientes. “A intenção é buscar a cura através do belo, do agradável e das variadas possibilidades tecnológicas”, frisa Toyota. Ele utiliza, basicamente, o aço inoxidável em suas obras, mas também se apropria de diversas técnicas e materiais para criar. A elaboração dos trabalhos do Copa Star levou aproximadamente oito meses. Um processo repleto de desafios, que foram surgindo a todo momento. “A questão do peso, se a parede sustenta, como deixar uma obra mais leve”, cita Toyota. Tudo tem que ser muito bem pensado. Um dos desafios do projeto foi a logística. “Fizemos tudo em São Paulo e montamos o que era possível no atelier. Depois levamos para o Rio de Janeiro. É como se mais um filho estivesse ali. São meses de trabalho e tudo é muito intenso.”


Para além da estética

Foto: LMartins Fotografia

Preparação para instalação de obra de arte cinética de Yutaka Toyota

Obra instalada no Lobby do Copa Star

A criação de obras para o Copa Star foi a segunda experiência de Yutaka Toyota em um ambiente hospitalar. “Fiz dois projetos para um hospital no Japão, mas foram apenas obras pensadas para fachada e área externa”, diz o artista. Havia relação estética, mas o que foi pensado foi escultórico. Já no Copa Star, a concepção foi voltada para o ambiente hospitalar. A proposta não era apenas ser um adorno estético, mas estabelecer relação com o paciente e todas as áreas de circulação. Para Toyota, as intervenções artísticas alteram o ambiente hospitalar. “Provocam transformação, criando outra relação entre o paciente e o hospital, que deixa de ser um ambiente estéril, sem vida, e cria o desejo do bem-estar, de sentir-se vivo.” A beleza do encontro entre a arte e a tecnologia em diferentes espaços humanos, como o ambiente hospitalar, apenas acontece por iniciativa de visionários como Jorge Moll, na opinião de Toyota. “Pessoas como ele mostram novos rumos para a civilização. A arte e a cultura necessitam de pessoas que criem ambientes para que o belo e o impossível possam florescer.” Toyota deverá produzir mais trabalhos para a Rede D’Or São Luiz. “Dr. Jorge nos incumbiu de criar mais três obras para o novo Hospital São Luiz em São Caetano do Sul. Estamos ansiosos por mais este trabalho.”

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Foto: LMartins Fotografia

Humanização

De cada janela, uma sensação

Painel artístico do Coletivo Muda, no pátio interno do hospital

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Diferentes expressões artísticas se encontram no Copa Star. Logo do hall de entrada, já se vê o painel criado pelo Coletivo Muda, que impressiona pela beleza e pelas dimensões - 25m x 9,30 m, em uma área total de 232 m². Criado em azulejo cerâmico, o trabalho impôs grande desafio dadas as suas dimensões. Trata-se do maior painel já realizado pelo grupo. Olhando dos andares superiores do prédio, é possível apreciar os quadros formados pelos cortes das janelas. “Como o trabalho ocupa grande dimensão, a proposta é possibilitar várias visões diferentes do painel. De cada janela, avista-se uma parte da obra”, ressalta Rodrigo Kalache, arquiteto integrante do Coletivo Muda. Formado em 2010, o grupo de artistas enxerga


a cidade como um laboratório. O Coletivo cria uma arte abstrata, diante da qual cada apreciador enxerga algo diferente. “Cada relação é única”, frisa Kalache. O projeto no Copa Star foi o primeiro trabalho artístico do Coletivo Muda em uma instituição de saúde. “A arte fazendo parte do tratamento, para o nosso Coletivo, é novidade.” Na execução do projeto, o objetivo foi construir uma obra imponente para o espaço e que marcasse presença no Hospital. “Aplicamos cores vivas, com

destaque na arquitetura, e em formas dinâmicas, propiciando uma percepção que muda conforme caminham pelo prédio .” Para os membros do Coletivo, foi um trabalho marcante. Inclusive, o grupo está em negociação para a execução de painéis em outros dois hospitais do Brasil. “Acreditamos que a relação com a arte é benéfica para qualquer ser humano. Como o paciente está vulnerável, em busca de cura, estar na presença da arte o maior tempo possível faz diferença. Traz estímulo visual e criativo, desperta sensações”, diz Kalache.

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Renovação

Unidade do Fleury no Shopping Anália Franco

Pilar que sustenta o futuro Seguindo a estratégia de ampliar sua rede de atendimento, Fleury Medicina e Saúde faz retrofit e inaugura segundo endereço na Avenida Brasil, em São Paulo (SP)

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om unidades de atendimento distribuídas por sete municípios do estado de São Paulo, o Fleury Medicina e Saúde, além de investir em novas construções para amparar o crescimento e a modernização do grupo, aposta na reforma de edificações mais antigas, como a da Avenida Brasil, em São Paulo (SP),

que abrigou uma unidade da marca há 40 anos. “Temos cumprido nosso papel de qualificação permanente dos serviços e atendimento à demanda por medicina diagnóstica de excelência”, salienta Carlos Marinelli, presidente do Grupo Fleury. Seguindo a estratégia de ampliar sua rede de atendi-

mento, o Grupo inaugurou o segundo endereço na Avenida Brasil em janeiro de 2017. Para tanto, investiu no retrofit da unidade localizada no número 216, o que exigiu detalhada análise de engenharia, além de uma dificuldade logística imposta pela região onde a edificação se encontra. “As soluções adotadas para

vencer esses desafios passaram pela modelagem em 3D para compatibilização do antigo e do novo e pelo planejamento detalhado da sequência de recebimento do material em campo”, conta Ricardo Panhan, superintendente de Negócios da Matec Engenharia, empresa responsável pela reforma. Health ARQ

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Renovação

Unidade Rochaverá-Morumbi

Ricardo Panhan, superintendente de Negócios da Matec Engenharia

A complexa exigência técnica imposta pelos equipamentos de ressonância magnética, que requerem o fornecimento constante e harmônico de energia elétrica e de climatização após a sua instalação, também representou um desafio. “Foi necessário adotar uma solução de redundância nesses fornecimentos sem a ocorrência de picos de energia ou breves delays para a entrada 50

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do sistema de backup, que poderiam danificar os equipamentos”, explica Panhan. Antes do retrofit da unidade da Avenida Brasil, a construtora já estava desenvolvendo vários trabalhos para o Grupo de Medicina Diagnóstica, sendo o primeiro deles a construção da Central de Atendimento em Alphaville, Barueri (SP). Atualmente, a companhia cuida da execução de três unidades. “Somos responsáveis por

toda a concepção e desenvolvimento da engenharia dos empreendimentos, além da construção. Soluções de fundações, estruturas, instalações, HVAC (Heating, Ventilation and Air Conditioning), ficam sob a nossa batuta técnica. Quando necessário, incorporamos ao nosso time de especialistas em áreas específicas do negócio”, informa Panhan. As obras são realizadas

sempre em duas fases, sendo a primeira delas destinada à parte de infraestrutura, incluindo a terraplanagem e a construção de superestruturas e fachadas, por exemplo. Já a segunda etapa envolve desde a ambientação – instalação de mobiliários e acabamentos sobre equipamentos de análise por imagem – até a limpeza fina e o comissionamento para a entrega do empreendimento finalizado.


Racionalidade e eficiência

Unidade Brasil

Central de Atendimento em Barueri

A escolha dos materiais e as definições de sistemas a serem aplicados, segundo Panhan, são determinadas com base em uma solução global de projeto, cuja concepção prioriza aspectos e produtos com apelo sustentável. “A Central de Atendimento em Barueri, por exemplo, é referência em sustentabilidade, pois, no local, foram empregadas as melhores técnicas de construção e soluções nesse quesito, possibilitando o reaproveitamento da água das chuvas, economia de água nas torneiras com sistemas de aeração, tratamento dos efluentes, uso de materiais reciclados, economia de energia com iluminação em LED”, detalha Panhan, lembrando que a unidade conquistou a certificação LEED Gold. As premissas dos projetos executados fundamentam-se, também, na análise do local, na necessidade do cliente e na legislação aplicável. “Na definição das fachadas, por exemplo, são considerados itens como a temperatura da região, o melhor posicionamento geográfico e a durabilidade em relação à agressividade do ambiente. Ainda no que diz respeito à arquitetura externa, o conforto e a segurança dos usuários são priorizados com ações como o distanciamento das regiões de ressonâncias magnéticas”, finaliza.

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Renovação 52

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Sala de espera da nova unidade do Fleury na Avenida Brasil


Crescimento com identidade Com planos de expansão acentuada nos próximos anos, Fleury Medicina e Saúde investe em projeto de padronização do design de suas unidades

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Renovação

A

Carlos Marinelli, presidente do Grupo Fleury

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Avenida Brasil, em São Paulo (SP), recebeu a mais recente unidade do Fleury Medicina e Saúde. A inauguração faz parte do projeto de expansão da marca, que agora tem 25 unidades no estado de São Paulo e planeja abrir outras 22 na capital nos próximos cinco anos. “A qualidade da gestão que temos aplicado de forma consistente ao nosso negócio vem sendo percebida em todas as suas dimensões, com resultados recordes combinados com a satisfação dos nossos clientes e a confiança da comunidade médica”, enfatiza o presidente do Grupo Fleury, Carlos Marinelli. O crescimento do Grupo acontece sem perder de vista a importância da padronização do design das unidades da marca, tanto que a empresa adotou um “book” que compila conhecimentos, aprendizados, dados técnicos e padrões de acabamentos e soluções para cada ambiente. “Depois de projetar as unidades Ponte Estaiada, Braz Leme e Ibirapuera com o novo conceito e branding, passamos a trabalhar no book. Foram mais de cem ambientes com a representação do layout, forro, elevações, perspectivas e instalações necessárias”, conta

Antonio Carlos Rodrigues, sócio-diretor da acr arquitetura, responsável pelo projeto. Segundo Rodrigues, em 2016, a empresa projetou o retrofit de quatro unidades antigas, adequando-as ao novo branding do Fleury. Neste ano, a previsão é atualizar outras quatro unidades e participar da expansão do grupo. “Nosso maior desafio em cada projeto é conciliar a maior parte de condicionantes possível, como: o conceito de atendimento Fleury, sustentabilidade, humanização, tecnologia, programa e área produtiva, e legalização, pois respeitamos estritamente todas as rígidas normas na saúde – da Vigilância Sanitária, da Prefeitura Municipal, de acessibilidade, de segurança contra incêndios e demais normas regulatórias”, detalha. Na visão do profissional, o ambiente é onde a marca se traduz de maneira mais efetiva e, por isso, a principal preocupação no desenvolvimento dos projetos foi reforçar e potencializar as premissas às quais o Fleury é associado. “O atual desenho e estilo das instalações da marca é resultado de um trabalho multidisciplinar, que despendeu muita pesquisa e, por isso, nos orgulhamos do resultado.”


Da estética à sustentabilidade O design contemporâneo e atemporal das unidades de atendimento do grupo alia, de acordo com Rodrigues, conforto, estética, funcionalidade e o aconchego de pacientes e colaboradores, em ambientes seguros e que transmitem segurança. Além disso, os projetos têm a sustentabilidade como premissa. “Empregamos conceitos para a economia de recursos naturais, como água e energia elétrica, investindo em redutores de pressão, na captação de águas pluviais, iluminação em LED e motores de alta eficiência. Além disso, utilizamos materiais de rápida renovação e recicláveis, projetamos instalações saudáveis e de longa duração, sem desperdício”, pontua o arquiteto, destacando que quatro unidades são certificadas pelo LEED, nas categorias Gold e Platinum. Os bons resultados são fruto de uma parceria de longa data. “Participamos ativamente da trajetória e expansão do grupo desde 1995, projetando a grande maioria das unidades de atendimento, além de outros projetos como o da Central Técnica-Administrativa e de outras marcas, como a+ e Diagnoson. É sempre um novo desafio, que demanda um trabalho multidisciplinar, árduo e contínuo na arquitetura em saúde”, finaliza Rodrigues.

Atendimento da Unidade Brasil

Fachada da Unidade Brasil

“É sempre um novo desafio, que demanda um trabalho multidisciplinar, árduo e contínuo na arquitetura em saúde” Antonio Carlos Rodrigues, da acr arquitetura

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Construção IRCAD – Rio de Janeiro (RJ) Centro de Treinamento Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (RJ) Construtora: Fator 56

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Expansão com solidez

Líder de Projetos e Construções do UnitedHealth Group Brasil, Robson Szigethy apresenta as bases do crescimento estrutural da companhia no país

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ois modernos robôs destinados ao a p e r f e i ço a m e n to profissional em cirurgias minimamente invasivas, salas cirúrgicas com equipamento de angiografia e tomografia computadorizada de última geração, além de laboratórios experimentais com sistemas multimídia que permitem a interação com especialistas do mundo todo em tempo real. Essa será a estrutura disponível no Centro de Treinamento e Pesquisa do maior complexo hospitalar da América Latina, o Americas Medical City, no Rio de Janeiro (RJ). Com inauguração previs-

ta para o terceiro trimestre deste ano, o Centro de Treinamento terá um prédio exclusivo totalmente integrado às unidades de saúde existentes no complexo. Ou seja, será interligado a um Centro Médico que reúne 255 consultórios de diferentes especialidades, ao Hospital Samaritano, Hospital Vitória e ao Centro de Oncologia Integrada, os quais somam, juntos, mais de 400 leitos. O complexo hospitalar é gerido pelo Americas Serviços Médicos, que faz parte de uma das maiores operadoras de planos de saúde do mundo – o UnitedHealth Group –, detém outras 33 unidades no

Brasil e segue em acentuada expansão no país. Os investimentos no crescimento da rede têm se refletindo diretamente na atuação do setor de engenharia do grupo. Em entrevista exclusiva à HealthARQ, o diretor nacional de Projetos e Construções do UnitedHealth Group Brasil, Robson Szigethy, fala sobre os planos de expansão e premissas norteadoras das modernizações, ampliações e construções que viabilizam o aumento do número de leitos e a diversificação dos serviços oferecidos pelo UnitedHealth do Brasil.

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Construção

HealthARQ: Quais os maiores desafios à frente do setor de engenharia e construção do UnitedHealth Group Brasil? Robson Szigethy: A partir de uma nova reestruturação na empresa, a Diretoria de Projetos e Construções responde diretamente ao UnitedHealth Group Brasil, e o nosso maior desafio é atender as diversas demandas de duas das empresas que agora formam esse grupo: a Americas Serviços Médicos, com a sua rede de hospitais, e a Amil, que possui a operadora de planos de saúde e seus hospitais verticalizados. O grupo é formado por hospitais no Brasil e em Portugal, além de dezenas de centros médicos e prédios corporativos em diversas capitais. É muito gratificante estar à frente de uma diretoria que responde por um dos maiores percentuais de investimentos feitos no país pelo UnitedHealth Group, que é uma das maiores empresas de saúde do mundo e está investindo na qualificação dos leitos e na ampliação e modernização da sua rede de hospitais, com foco na melhoria de processos, controles internos e resultados da empresa.

Robson Szigethy, diretor Nacional de Projetos e Construções do UnitedHealth Group Brasil 58

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HealthARQ: Quais são as expectativas do setor de planos de saúde em geral e da empresa em particular para 2017? R. S.: O mercado passa por uma grave crise econômica e esta recessão reduz as atividades e o crescimento do país. Neste momento, o impacto mais direto é a desaceleração dos investimentos e a perda natural da carteira de clientes. Temos, porém, uma grande expectativa de melhoria da economia a partir do segundo semestre deste ano e de um aumento na comercialização de planos de saúde. Desta forma, esperamos que seja possível incrementar as aquisições de novos hospitais, os projetos de ampliações estruturais e a modernização das unidades.


“A expectativa é o crescimento na região Nordeste, com a aquisição de hospitais nas cidades de Natal (RN), Recife (PE) e Fortaleza (CE)” Robson Szigethy, do UnitedHealth Group Brasil

HealthARQ: Pode adiantar as próximas expansões que o UnitedHealth Group Brasil pretende realizar? R. S.: A expectativa é o crescimento na região Nordeste, com a aquisição de hospitais nas cidades de Natal (RN), Recife (PE) e Fortaleza (CE), pois temos a expectativa de um mercado promissor para a empresa, com grandes possibilidades de expansão da carteira de clientes e com chances de crescimento para outras capitais desta região do país. Outro mercado no qual estamos em fase de crescimento é o das classes C e D, com a criação de um plano exclusivo para essa população, com hospitais e unidades avançadas de saúde. HealthARQ: Quais inovações a Diretoria de Projetos e Construções tem buscado para assegurar a excelência nos empreendimentos da empresa? R. S.: A implementação do sistema BIM é uma das ferramentas mais importantes para proporcionar um aprimoramento no desenvolvimento

dos projetos de arquitetura e instalações, assim como possibilitar um melhor entendimento do projeto dentro do campo e agilizar a orçamentação das construções. Utilizamos um programa de gestão de projetos e obras para controle dos fluxos de pagamentos que também possibilita a criação de um banco de dados, que servirá como parâmetro para a avaliação dos investimentos e análise de viabilidade para os futuros empreendimentos de saúde. Temos uma equipe de trabalho própria, com diversos projetos e construções premiadas, formada por experientes arquitetos e engenheiros com know-how em ambientes médico-hospitalares e que buscam constantemente o aprimoramento profissional e o crescimento dentro de suas áreas de atuação. Isso faz toda a diferença no momento do planejamento e construção de um hospital do grupo. Também temos um sistema de controle de nossos projetos em andamento, o qual está incorporado a todos os

Hospital Carlos Chagas – Guarulhos (SP) Nova UTI Adulto e UTI Pediátrica Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (SP) Construtora: Teixeira Duarte

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Construção

Hospital Monte Klinikum – Fortaleza (CE) Novo Pronto-Socorro Adulto Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (RJ) Construtora: Fator

planos de negócios que desenvolvemos para avaliar a viabilidade técnica e econômica de um novo grande empreendimento. Esse sistema foi elaborado pelo nosso grupo americano e atualiza todas as fases do projeto com relação aos investimentos, tempo, escopo, benefícios e qualidade. Desta forma, conseguimos acompanhar cada etapa do processo e corrigir qualquer desvio no projeto, buscando um plano de ação para a 60

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obtenção dos melhores resultados para o crescimento da empresa. HealthARQ: Pode destacar as principais ações do plano de sustentabilidade das edificações do Grupo? R. S.: Temos um plano estratégico para atender a todos os requisitos de sustentabilidade em nossos projetos arquitetônicos, com o objetivo de nos alinharmos às demandas e padrões internacionais de boas práticas e

desta forma equilibrar objetivos sociais e ambientais com performance econômica. Adotamos processos para a redução dos impactos ao meio ambiente e com atenção na utilização racional de água e energia, utilizando os mais modernos e elevados padrões e sistemas construtivos, com equipamentos especificados e adquiridos de alto desempenho, para que tenham uma maior vida útil e a possibilidade de redução da manutenção.

Utilizamos, nos principais projetos hospitalares, um sistema de coleta e armazenamento de água de chuva e, através desta captação, é possível aproveitar a água para irrigação, lavagem de piso e de fachadas, além da possível utilização em bacias sanitárias. Outra proposta para a redução de energia é a utilização de fontes renováveis em nossos hospitais. Iniciamos um projeto piloto em uma de nossas unidades, onde


implementamos um sistema de energia solar fotovoltaica, instalando placas solares no topo das edificações. Desta forma, poderemos identificar as possibilidades de redução nas contas de energia elétrica. HealthARQ: Para onde caminham os projetos e construções no quesito bem-estar dos pacientes? R. S.: O futuro dos espaços de saúde passa diretamente pela humanização destes ambientes e pela integração com o meio ambiente e com os demais sistemas que envolvem a operação do hospital. Participei, recentemente, de um congresso em Haia, na Holanda, organizado pela Federação Internacional de Engenharia Hospitalar, no qual tivemos o Americas Medical City premiado com uma menção honrosa pelo seu projeto arquitetônico. A principal discussão foi com relação aos critérios que nortearão projetos futuros, abordando todos os aspectos do bem-estar físico, mental e social dos pacientes e acompanhantes e melhorando condições de trabalho das equipes médicas, privilegiando o conforto através de ambientes que proporcionem conveniência para os pacientes e que sejam verdadeiramente funcionais. Pesquisas apontam uma redução em torno de 15% no tempo de internação e na diminuição do estresse quando estamos em ambientes humanizados e agradáveis, além de uma modificação no comportamento psicológico das pessoas quando expostas a essas condições satisfatórias. HealthARQ: Qual a importância atribuída à tecnologia pelo setor de engenharia da UnitedHealth Group Brasil? R. S.: Buscamos constantemente a atualização sobre as tecnologias que estão sendo lançadas no mercado internacional e as tendências exigidas para a utilização em nossas unidades hospitalares, seja na aquisição de

Hospital Next Santo Amaro – São Paulo (SP) Nova UTI Neonatal/Pediátrica – Internação Obra: Next Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (SP) Construtora: Engenharia

Hospital Pasteur – Rio de Janeiro (RJ) Ampliação de nova torre no Hospital Obra: Next Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (RJ) Construtora: Teixeira Duarte

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Construção

Hospital Pró-Cardíaco – Rio de Janeiro (RJ) Ampliação de nova torre do hospital Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (RJ) Construtora: Projob Engenharia

Hospital Samaritano – Rio de Janeiro (RJ) Novos leitos de internação e modernização da Radiologia Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (RJ) Construtora: Projob Engenharia

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novos equipamentos de diagnóstico e imagem, nos sistemas de controle e monitorização dos processos ou na comunicação, segurança e conforto dos pacientes. Não se pode pensar em futuro sem pensar nos caminhos que as tecnologias estão seguindo. A conectividade e a integração são fundamentais para que todos possam estar antenados com as mais modernas ferramentas de gestão e controle, utilizando recursos da telemedicina para cirurgias a distância e o uso crescente da robótica nas salas cirúrgicas, para buscar o tratamento e a cura das mais diversas patologias. O Brasil incorpora as mais modernas tecnologias existentes no mundo. Em recente visita a hospitais na Holanda, verifiquei in loco que estamos acompanhando as tendências e as inovações existentes nesta indústria e que os equipamentos e soluções técnicas apresentados em eventos internacionais de saúde chegam cada vez mais rápido às nossas instituições. HealthARQ: Quais as principais inovações tecnológicas adotadas e como elas contribuem para a assistência de qualidade em edifícios inteligentes? R. S.: No desenvolvimento de alguns projetos especiais para hospitais, incluímos um sistema de automação através de um tablet, de modo que o paciente ou acompanhante pode definir a temperatura do quarto, escolher a melhor iluminação para o ambiente, assistir ao filme de sua preferência ou se comunicar com o posto de enfermagem.


Hospital Vitória – Rio de Janeiro (RJ) Novo Pronto-Socorro Infantil Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (RJ) Construtora: Fator

Conseguimos, desta forma, individualizar a internação do paciente para que ele possa se sentir em sua própria residência ou em um hotel, sem perder as características necessárias para o atendimento humanizado de um hospital de ponta. Utilizamos, em algumas de nossas suítes, um sistema de controle para que a equipe de enfermagem possa monitorar o estado de saúde do paciente, caso seja necessário informar a toda a equipe

Prédio Administrativo do UnitedHealth Group – São Paulo (SP) Obra: UHG Projetos de Arquitetura: Equipe UHG Construtora: EZ TEC / Athie Wohnrath

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Construção

Hospital TotalCor – São Paulo (SP) Novo Hospital Obra: Americas Serviços Médicos Projetos de Arquitetura: Equipe UHG (SP) Construtora: Método Engenharia

Ensino em estrutura moderna

médica que existe um risco de alergia, alguma precaução de contato ou que o ambiente está sendo utilizado para algum procedimento. O painel fica na porta de acesso ao quarto e controla, de forma independente, cada paciente. Nos projetos de ambientes mais complexos, temos um sistema de refrigeração autorregulável, que possibilita o ajuste da temperatura conforme a ocupação do ambiente e o clima e é controlado em conjunto com o sistema de iluminação, por meio do sistema de automação. No centro cirúrgico do Americas Medical City, as paredes das salas de cirur64

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gias e áreas de apoio são fabricadas em chapas de aço, que podem ser removidas para a instalação de novas tecnologias ou para a manutenção dos diversos sistemas existentes, o que proporciona uma maior flexibilidade e uma grande facilidade na expansibilidade desses ambientes. A unidade também possui salas de cirurgia inteligentes, nas quais a equipe médica pode controlar todas as informações técnicas e consultar os exames do paciente através de monitores ou fazer videoconferências com instituições médicas de todo o mundo.

O Centro de Treinamento e Pesquisa do Americas Medical Service, no Rio de Janeiro (RJ), será destinado à capacitação de equipes médicas de diferentes países na realização de cirurgias minimamente invasivas. Para tanto, a instituição contará com o apoio do IRCAD France, referência mundial em educação e desenvolvimento em várias especialidades médicas, na oferta de cursos que equilibram teoria e prática, com discussões e demostrações ao vivo. Além das salas de cirurgia e laboratórios experimentais, o edifício ainda abrigará, no segundo andar, um anfiteatro com capacidade para receber 158 pessoas. O espaço terá um sistema de vídeo para apresentações de 4K 3D, sistema de tradução simultânea em duas línguas, além de microfones individuais e monitores touch. A comunicação em áudio e vídeo será conectada com todos os laboratórios, possibilitando a integração entre alunos e professores. Haverá, também, um sistema de gravação individual por sala de treinamento, com capacidade de 70 TB, e geração de streaming para transmissão via internet e sistema de videoconferência Full HD. Vale ressaltar, ainda, que a edificação do Centro de Treinamento apresenta fachada com vidros especiais de alto desempenho acústico e térmico, que contribuem para o aumento da luminosidade e do conforto para os usuários, reduzindo o consumo de energia elétrica gerado pelos equipamentos de ar condicionado.


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Construção

Estrutura revitalizada

Inauguração da nova ala de internação finaliza o ciclo de reformas do Hospital Pró-Cardíaco, que incluiu total remodelação do complexo predial

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undado na década de 1960, o Hospital Pró-Cardíaco mudou-se em 1967 para uma pequena casa em Botafogo, no Rio de Janeiro, na Rua Dona Mariana. Endereço que ocupa até hoje. Na década de 1980, a instituição teve um crescimento expressivo, implantando um moderno centro cirúrgico e uma nova unidade de Hemodinâmica. O objetivo era suprir a carência existente na área cardíaca na cidade do Rio de Janeiro. Naquela época, o hospital mais próximo que oferecia esta especialidade ficava em São Paulo (SP). Depois, o Pró-Cardíaco cresceu a passos largos e, agora, está inaugurando mais 66

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um capítulo de sua história: uma nova ala de internação. “Entregamos a mais recente etapa de um criterioso Plano Diretor idealizado há cinco anos e que culmina com a entrega deste novo prédio de internação, composto por 51 quartos e diversas áreas de apoio que complementam a já tão complexa estrutura predial existente”, relata o arquiteto José Carlos Pereira, diretor da Projob Engenharia. Segundo Pereira, a finalização desta nova etapa conclui o ciclo de reformas do Hospital – principalmente em sua hotelaria – e inclui a total remodelação do complexo predial, que ganhou outras fachadas e uma infraestrutura de instalações totalmente revitalizada.

Desafios Na obra da nova ala de internação do Pró-Cardíaco, a iluminação ganhou lâmpadas em LED, melhorando a eficiência do consumo energético. Mas a preocupação com a sustentabilidade foi além: a instituição passou a consumir energia elétrica solar, produzida a partir de placas fotovoltaicas. Mais um projeto de vanguarda adotado pelo Hospital. Na recém-inaugurada ala de internação foram introduzidos sistemas essenciais para prédios hospitalares, que permitirão um backup nas principais instalações já existentes. “Implantamos uma nova Central de Água Gelada (CAG) para aumentar a ca-

pacidade de refrigeração do prédio, uma nova Central de Aquecimento de Água Potável, e diversas outras estruturas que foram duplicadas para maior segurança do funcionamento do Hospital”, comenta Pereira. Ele relata, ainda, que a realização desta etapa do projeto não foi simples, pois se tratava de uma intervenção na área mais antiga do Hospital, que abrigava inúmeras instalações primordiais ao funcionamento do prédio. Por isso, foi necessário remover a Central de Gases Medicinais desta área, mesmo com a unidade em pleno funcionamento. Além disso, foi preciso lidar, durante toda a execução da obra, com re-


des essenciais que estavam no meio das novas estruturas. “Praticamente construímos uma nova edificação em cima de toda a rede de dados (fibra ótica e telefonia) e das entradas das redes principais de abastecimento, como esgoto, águas pluviais e gás natural de todo o complexo hospitalar”, conta. Cumprida mais uma etapa do Plano Diretor do Pró-Cardíaco, Pereira tem certeza de que não apenas entregou um produto renovado esteticamente, mas sobretudo uma edificação com novas e modernas instalações, que atendem todas as premissas de segurança vigentes.

Parceria de longa data A parceria entre a Projob e o Pró-Cardíaco tem mais de 35 anos. “É com muita satisfação e orgulho que, mais uma vez, conseguimos entregar uma etapa de crescimento de um dos melhores hospitais do Rio de Janeiro”, afirma Pereira. Ele também relata que a instituição foi totalmente renovada e, até certo ponto, ampliada com a chegada do UnitedHealth Group (UHG) Brasil ao comando do Hospital. “Junto com a UHG, continuamos a introduzir as mais modernas técnicas de projeto e construção predial a fim de entregar um produto com

“Praticamente construímos uma nova edificação em cima de toda a rede de dados (fibra ótica e telefonia) e das entradas das redes principais de abastecimento” José Carlos Pereira, da Projob Engenharia

alto índice de sustentabilidade e tecnologia”, afirma. Segundo Pereira, a empresa de arquitetura e engenharia destaca-se pela habilidade de atuar em contato com as mais diversas dificuldades de operação, em ambientes extremamente delicados e que requerem todo cuidado e atenção. “O mercado reconhece nos-

so know-how, o que fica claro quando somos chamados para expansões com elevados níveis de complexidade, como a do Pró-Cardíaco, ou mesmo quando somos escolhidos para obras com alta complexidade, como recentemente executamos em clínica localizada em um grande shopping do Rio de Janeiro”.

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Renovação 68

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Torrent


Design unificador Elementos da cultura indiana e brasileira se misturam com perfeição em projeto arquitetônico e de interiores criado para escritório da multinacional Torrent no Brasil Health ARQ

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A

Renovação

umentar ainda mais a velocidade do crescimento nos próximos anos, acima do desempenho do mercado farmacêutico brasileiro. Esse é o objetivo da Torrent, multinacional indiana que chegou ao país há 15 anos e hoje ocupa o 16º lugar do ranking das maiores farmacêuticas em prescrição. Para atingir sua meta, a empresa dispõe de uma estrutura composta por uma unidade de armazenagem e controle de qualidade dos medicamentos comercializados no Brasil, situada em Barueri (SP), força de vendas, além de um escritório central em São Paulo (SP), o qual ganhou nova identidade, alinhada às expectativas da empresa e de seus colaboradores. Muitas cores em um ambiente que combina o melhor dos designs indiano e brasileiro. Esse é o conceito predominante no projeto arquitetônico e de interiores do escritório, que tem 1.400 m², ocupa um andar inteiro do edifício Morumbi Tower, na Zona Sul da capital, e abriga as equipes administrativas, da área médica, de marketing, vendas e recursos humanos da companhia. “O mix cultural explica-se, em parte, pela importância que a subsidiária brasileira vem assumindo nos resultados do grupo. No ranking dos 80 países em que a Torrent Farmacêutica está presente, o Brasil ocupa o quarto lugar, atrás dos EUA, Índia e Alemanha”, salienta Carlos Eduardo Simões, presidente da Torrent do Brasil. Ressaltar a cultura indiana e, ao mesmo tempo, mostrar a importância da empresa no Brasil, sempre foi uma premissa do projeto criado para o escritório. Por isso, o desafio foi chegar a um denominador comum, de modo que linguagens diferentes conversassem. “Para resolver essa premissa, buscamos mobiliários dos designers brasileiros Sergio Fahrer e Fernando Jaeger, que se compõem com outros elementos 70

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Open space no escritório da Torrent

originários da cultura indiana”, salienta a arquiteta Moema Wertheimer, que liderou o projeto assinado pela Moema Wertheimer Arquitetura. O projeto traz a presença forte da madeira e de diversos tons de cinza, que se contrapõem aos elementos de cores quentes e vibrantes típicos da cultura indiana. A área da recepção, por exemplo, apresenta um tapete de seda vermelho produzido na Índia e trazido especialmente para esse escritório e conta com uma green wall que também é destaque. Os ambientes são compostos por elementos repletos de significado. “O muxarabi do forro da recepção, por exemplo, foi desenvolvido com base em uma estampa de tecido indiano. As comunicações visuais das divisórias de vidro também remetem às pipas, muito tradicionais na Índia, assim como as luminárias da cafeteria, que simulam um céu divertido e cheio de pipas vibrantes voando”, detalha Moema. Segundo o presidente da subsidiária, tudo no escritório remete às duas culturas. “O carpete da recepção é indiano, mas a cadeira é de inspiração brasileira. Procuramos unir o melhor dos dois países: a disciplina e o foco dos indianos com o jogo de cintura e entusiasmo dos brasileiros”, afirma.

Detalhe da comunicação visual da porta e da divisória de vidro Health ARQ

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Contato facilitado

Renovação

Possibilitar a interação dos colaboradores a partir do layout do escritório também foi um aspecto primordial no projeto. “No antigo prédio, os funcionários se dividiam em cinco andares, o que dificultava a comunicação e a integração. Por isso, em 2014, quando foi escolhido o prédio, pesou muito a localização e a estrutura”, relata Simões. De acordo com o presidente da Torrent do Brasil, o projeto visou atender às expectativas quanto ao ambiente de trabalho e foi discutido com colaboradores da companhia, representantes de algumas áreas. Desta forma, foi possível criar um projeto alinhado com os desejos e expectativas da maioria, no modelo open space. “Há 11 salas de reuniões, mas ninguém tem sala única: até o presidente e os diretores dividem a mesma sala. A intenção é mostrar o quanto a gestão da Torrent é compartilhada, um sistema que tem funcionado no dia a dia. Há também salas com mesas altas para estimular reuniões rápidas”, frisa Simões. Tendo em vista as necessidades das colaboradoras da Torrent, foi criado um ambiente chamado ladies room. “Trata-se de um espaço para as mulheres escovarem os dentes e se maquiarem, situado próximo à área de staff e cafeteria. 72

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Cores dão identidade ao ambiente

Mobiliário sofisticado traz personalidade para o escritório da Torrent


Ele foi criado porque a companhia considerou a quantidade de banheiros do core reduzida frente ao grande número de mulheres no quadro de colaboradores, bem maior que o de homens”, conta Moema. De acordo com a arquiteta, eles também queriam um local que contasse a história da empresa e mostrasse aos clientes o quanto a companhia é grande. Atendendo a essa demanda, foi criado um showroom para a demonstração dos produtos da multinacional. “Utilizamos muitas plantas para dar mais vida e ainda mais cor ao lugar, ajudando a temperatura a ficar mais agradável. E temos tratamento acústico, que suaviza os ruídos de fora”, pontua Simões. O resultado final do projeto agradou a todos. “O espaço faz tanto sucesso que virou referência para outros escritórios da Torrent no mundo. Agora mesmo, há obras acontecendo na Alemanha e novos escritórios foram inaugurados nos Estados Unidos e México. Este último inspirado no escritório brasileiro. Para nós da Torrent do Brasil, isso é motivo de muito orgulho”, finaliza o presidente da empresa.

Moema Wertheimer, sócia-diretora do escritório MW Arquitetura

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Informe Publicitรกrio


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Instalações

Beleza estrutural Hospital Israelita Albert Einstein aposta na praticidade e sofisticação da cobertura metálica em obra na área do café 76

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eferência no país na realização de cirurgias robóticas, o Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), tem a mesma precisão quando se fala em investimentos no aperfeiçoamento contínuo de sua infraestrutura. A instituição, que hoje realiza reformas na área destinada à direção e à presidência, passou por obras na área do café, com a instalação de uma moderna cobertura metálica. De acordo com Erisberto Mendes, diretor da BEmetais, empresa responsável pela estrutura, ela é composta por um perfil tubular redondo, com diâmetro de 12 polegadas na espessura de ¼ em aço carbono A-36. “O material utilizado teve todo um tratamento para atender às exigências do Hospital, passando pelo processo de jateamento e pela aplicação de um fundo epóxi logo e, em seguida, pela pintura branca. Todo o material tem certificado de qualidade”, salienta Mendes.

Em consonância, Enoque Nascimento, também diretor da BEmetais, enfatiza que a opção pela cobertura metálica traz uma série de benefícios para as instituições de saúde. “Além de conferir um aspecto sofisticado e inovador à edificação, o material é 100% reciclável e a estrutura pode ser desmontada e transferida para outros locais sem maiores problemas”, lembra. Nascimento também ressalta como vantagens da instalação o menor tempo para execução, a confiabilidade e a limpeza do ambiente onde é montada a estrutura, fatores essenciais quando se fala de uma instituição de saúde em pleno funcionamento. Com perspectivas de seguir intensificando sua atuação em obras hospitalares, além do trabalho no Albert Einstein, a companhia já forneceu soluções para a Novo Nordisk, empresa global de saúde com unidades no Brasil. Health ARQ

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Humanização

Perfeita criação Hospital São José adota mobiliário ergonômico desenvolvido exclusivamente para a nova torre da instituição

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m dos grandes desafios do ambiente hospitalar é garantir o bem-estar do público, entre pacientes, acompanhantes e funcionários. Por isso, uma área do conhecimento cada vez mais valorizada nos espaços hospitalares é a ergonomia, que proporciona, de forma integrada, proteção, conforto e eficácia nas atividades desenvolvidas nas 78

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mais diversas áreas de uma instituição de saúde. Especificamente em um hospital, a ergonomia visa melhorar a adaptação dos insumos, ferramentas, equipamentos e estações de trabalho às necessidades dos colaboradores e do público que utiliza as diferentes áreas da instituição. É preciso ficar claro, porém, que quando a preocupação

é a ergonomia, não adianta elaborar um produto com um belo design se ele não contempla as necessidades de quem irá utilizá-lo. Conceito que norteou a execução da obra da nova torre do Hospital São José, unidade do Grupo Beneficência Portuguesa de São Paulo. Inaugurada em julho de 2016, a expansão aumentou em 65% a capacidade de


A longarina pitta, projetada para as recepções do São José, é um produto que ajuda muito na organização do espaço, pois, como os assentos são conectados uns aos outros, as pessoas não conseguem movimentá-los durante o dia

atendimento da unidade hospitalar, ocupando 8,8 mil m² de área, 15 pavimentos, confortáveis e espaçosos apartamentos e ala de Transplante de Medula Óssea (TMO), com 7 leitos, 30 apartamentos para quimioterapia, 6 boxes para aplicações rápidas, 17 consultórios e 1 pronto atendimento com serviço superior e muita privacidade. Em entrevista exclusiva à

revista Healthcare Management, Ricardo Hutter, superintendente-executivo do Hospital São José, destacou que a proposta do novo prédio foi buscar a sintonia perfeita entre o que há de mais moderno e tecnológico no atendimento médico-hospitalar e o bem-estar proporcionado pelo ambiente. “A proposta foi oferecer a vanguarda da Medicina com

o máximo de conforto e segurança, com instalações físicas diferenciadas em relação ao que o mercado oferece, desde o sistema de ar-condicionado até o projeto de arquitetura como um todo.” Um dos destaques do novo prédio é o conceito de alta resolutividade, um modelo construído com o paciente no centro das necessidades, o que permite maior agilidade no Health ARQ

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Humanização

atendimento e maior conforto para o paciente e os acompanhantes, sempre focando em uma estrutura acolhedora e aconchegante. Inclusive, o conceito de humanização foi decisivo na hora de definir os fornecedores de móveis para a nova torre do São José. A preocupação com a ergonomia, por exemplo, esteve na concepção da longarina pitta e da poltrona mig para o Hospital. “No desenvolvimento dos dois produtos, estudamos a

fundo a altura do braço em relação ao assento para que os pacientes tivessem facilidade para sentar e se levantar”, relata Sérgio Fix, designer e sócio da Teto, responsável pela criação do mobiliário. Para conceber a identidade do mobiliário de um hospital, segundo Sérgio Fix, a Teto segue as orientações dos arquitetos de cada projeto. “No caso do São José, os conceitos foram criados pela C+A Arquitetura. O que fizemos foi transformar o briefing deles em produtos.”

Muito além da estética Cada vez mais, os projetos de mobiliário na área de Saúde estão voltados a compor ambientes mais “quentes” e humanos, desenhados para favorecer o bem-estar de pacientes e acompanhantes. A busca é por espaços que valorizam o conforto visual e primam por móveis ergonômicos, possibilitando que o paciente se levante e se sente com facilidade. E atender este mercado requer expertise. É preciso, de acordo com Sérgio Fix, equilibrar várias necessidades na concepção do móvel: ergonomia, estética, custo, durabilidade e assepsia. Isso porque, enquanto um móvel residencial ou de escritório é usado por algumas horas do dia, os móveis hospitalares são utilizados 24 horas por dia, todos os dias da semana. “Quanto à aparência, temos uma grande variedade de cores, mas um de nossos diferenciais é a possibilidade de desenvolver qualquer cor de tecido para nossos clientes.” No projeto da nova torre do Hospital São José, uma das prioridades para a concepção dos móveis foi passar um sentimento de conforto. “Para isso, usamos madeira natural nos pés das poltronas”, conta Fix. 80

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Instalações

Menos fumaça e gordura Saiba como os sistemas de exaustão devem ser projetados para trazer eficiência e segurança às cozinhas de instituições em geral, e de saúde em particular 82

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igiene e limpeza são requisitos básicos em qualquer área de uma instituição de saúde, do centro cirúrgico à recepção. E nas cozinhas dos hospitais, por exemplo, não poderia ser diferente. Afinal, quando se prepara refeições para pacientes, os quais já se encontram com a saúde fragilizada, evitar contaminações e intoxicações alimentares é primordial. Neste sentido, a instalação de um sistema de exaustão de fumaça e gordura não só favorece a higienização das cozinhas como traz segurança para profissionais que trabalham nestes ambientes. A gordura é, sem dúvida, o fator crítico de um sistema de exaustão de cozinha em geral, particularmente de uma cozinha profissional. Ela é um combustível e um ponto de atração de vetores indesejáveis. Por isso, se o projeto de extração dos fumos da cocção não for adequado e profissionalmente projetado e executado, haverá um iminente risco de incêndio, alerta o engenheiro Duilio Terzi, da Fundament-AR, empresa que atua na área de Engenharia Térmica no segmento de Projetos e Engenharia Consultiva. Terzi lembra que projetos de cozinha industrial são obrigatórios por lei no estado de São Paulo, estando referendados na legislação do corpo de bombeiros, através da Instrução Técnica 38. Além dis-

so, estão previstos na Norma Brasileira 14.518, de maio de 2000, elaborada no âmbito da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e que trata dos sistemas de ventilação para cozinhas profissionais. Para que um projeto atenda corretamente o previsto na legislação brasileira, é necessário considerar uma série de requisitos, como aponta o engenheiro. “É importante avaliar todas as condições externas, observando o que tem na vizinhança para, então, definir para onde será lançada a descarga dos exaustores da cocção, o nível necessário de despoluição do ar lançado e o nível de ruído permitido na região onde se encontra a cozinha a ser beneficiada pela exaustão”. Paralelamente, também devem ser observadas as condições internas do ambiente. Os equipamentos previstos no layout devem estar bem identificados e a cozinha deve ter altura suficiente para a passagem dos dutos e instalações das coifas, os quais devem ser providos de acesso para limpeza. “Além disso, é preciso estudar se existe um local específico para a instalação dos ventiladores exaustores, lavadores de ar ou despoluidores e ventiladores de reposição do ar exaurido, devidamente providos de filtragem”. Deve ser, também, analisado se o local previsto para esses equipamentos é de fácil aces-

so para manutenção posterior, sinaliza Duilio Terzi, para obter melhor desempenho. Na elaboração do projeto, segundo o engenheiro, também é importante escolher coifas que atendam a característica de cada tipo de gerador de poluente, do mais leve, como um banho-maria, até o mais pesado, como um char broiler ou uma churrasqueira. “Ao consultar a Norma Brasileira 14.518, o projetista vai encontrar a coifa adequada a ser utilizada em cada caso, assim como o respectivo cálculo de vazão necessária àquela coifa”, destaca Terzi. Para evitar a propagação de odores, por exemplo, a solução é fazer um cálculo de exaustão preciso. Para atender também a este objetivo, é necessário balancear as vazões de ar de extração e a reposição dos volumes de ar extraídos, de modo que a área de alimentação encontre-se sempre com pressão positiva em relação à cozinha. “Imagine que a área de cocção disponha de um sistema de extração de 100 volumes, se a reposição de ar filtrado for de 80 volumes e o ar externo que vem para a cozinha, a partir de uma sala de refeição com ar externo com filtragem, for de 20 volumes, o sistema estará corretamente balanceado”, esclarece o engenheiro. Terzi ainda explica que a NBR 14.518 permite, também, que o ar externo entre Health ARQ

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Instalações

Duilio Terzi, engenheiro da Fundament-AR

pela periferia da cozinha, através de tela devidamente dimensionada, para evitar a entrada de vetores. Em consonância com o físico e projetista de cozinhas Armando Pucci, o engenheiro também lembra que, para o perfeito funcionamento do sistema de exaustão de fumaça e gordura, é importante ater-se ao arranjo dos equipamentos na cozinha. “É comum que esses equipamentos sejam instalados em ilhas, ainda que sejam operados de um único lado. Ao colocar os equipamentos junto às paredes, reduz-se a vazão de ar das coifas, o que representa uma economia no investimento inicial e no custo de operação do sistema”, ressalta. No que diz respeito ao funcionamento da coifa, Terzi explica que o equipamento faz a coleta dos fumos da cocção e, posteriormente, o sistema despolui este volume de ar, 84

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das gorduras em suspensão. No entanto, ele ressalta que, invariavelmente, uma parcela das gorduras extraídas pelas coifas irá se acumular nos dutos por efeito de condensação e impactação. “Não existe um sistema com eficiência de 100% de despoluição das gorduras captadas nas coifas. E como se trata de um material altamente combustível, pode ocasionar um incêndio por descuido com uma fagulha ou chama. Por isso os dutos devem ser também providos de acesso para limpeza periódica, em princípio a cada dois ou três meses”, detalha Terzi, acrescentando que as coifas também devem contar com dispositivos de extinção de incêndio. Ainda sobre a prevenção deste tipo de incidente, o engenheiro faz um alerta quanto ao uso de despoluidores do tipo filtro eletrostático. “A Norma Brasileira vigente

chama a atenção para o fato de que os filtros eletrostáticos podem gerar fagulhas, pelo efeito de pontas. Desta forma, a sua utilização está circunscrita ao uso de filtros eletrostáticos com lavador de placa automático”, comenta. Ele também alerta que existem no mercado modelos de coifas denominadas lavadoras, as quais possuem circulação de água permanente, que além de gerar ruído, têm baixíssima eficiência. “O sistema original norte-americano utilizava um spray de água quente misturado com detergente somente para lavagem das superfícies internas das coifas, nos períodos em que a cozinha está desativada, para evitar acidentes, mesmo porque a lavagem não retém nenhuma gordura em suspenção, somente atuando sobre a gordura condensada ou aderida na superfície interior dos dutos”, relata.


Salubridade Aspectos que também precisam ser considerados no projeto de uma cozinha industrial são a salubridade e as condições de bem-estar dos profissionais que trabalham neste tipo de ambiente. O Ministério do Trabalho prevê limites de tolerância ao ruído contínuo ou intermitente e de tolerância à exposição ao calor. “Em um futuro próximo, com o aumento da fiscalização pelos órgãos competentes, toda a cadeia produtiva ligada à Engenharia – como proprietário, projetista, instalador e mantenedor das instituições –, será chamada a esclarecer os crité-

rios usados na instalação dos sistemas, caso eles estejam fora dos parâmetros previstos pela legislação”, diz Terzi. Para evitar os problemas referentes aos ruídos, por exemplo, o cuidado começa com a escolha dos ventiladores. “Sempre dê preferência aos que possuem baixa rotação e relação de eixo motriz/ motor próximo de um, pois, geralmente, as cozinhas são compostas de superfícies altamente reverberantes, como ladrilhos, piso hidráulico, aço e mármore. Portanto, deve-se atenuar ao máximo a geração de ruído a

partir dos sistemas mecânicos necessários para o bom funcionamento da cozinha”, recomenda o engenheiro. Quanto a reduzir a exposição dos colaboradores ao calor intenso nas cozinhas, a sugestão de Terzi é instalar o ar filtrado e insuflado no ambiente, que deve percorrer preferencialmente toda a cozinha. O volume de ar filtrado introduzido na cozinha deve ser lançado o mais distante possível da região de cocção, de forma a “varrer” o ambiente de trabalho e mitigar a carga de calor radiante, a qual não há como ser alterada.

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Instalações 86

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Excelência energética Rede D’Or investe em Sistema IT Médico para a segurança dos pacientes e equipe médica no Hospital e Maternidade São Luiz, que será inaugurado em São Caetano do Sul (SP)

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esmo em um cenário de crise econômica, a Rede D’Or São Luiz tem apresentado índices expressivos de crescimento, construindo novos hospitais e ampliando os já existentes. Exemplo disso, em 2015, a companhia anunciou investimento de mais de R$ 500 milhões nos seus projetos de expansão para 2016. Hoje, a Rede D’Or detém 31 hospitais e cuida da gestão de outros dois – Hospital da Criança (RJ) e Israelita, que totalizam 4,9 mil leitos. Após entrar no mercado paulista com a aquisição dos Hospitais e Maternidades São Luiz, localizados na capital, deu início à construção de uma nova

unidade São Luiz em 2015, em São Caetano do Sul (SP). Tendo em vista a segurança dos pacientes e do corpo clínico na unidade e a qualidade da assistência oferecida, a Rede D’Or investiu no Sistema IT Médico, regulamentado e exigido pela Norma Brasileira (NBR) 13.534 e pela resolução RDC 50, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A primeira entrega desse sistema está sendo para a obra de São Caetano do Sul. No total, foram fornecidos 88 Sistemas IT Médico para a unidade”, destaca João Paulo Ferreira, gerente técnico comercial da Beta Eletronic, empresa que atua junto à Rede D’Or desde 2012, fornecendo

nobreaks e estabilizadores. De acordo com Ferreira, o Sistema IT Médico, além de ser obrigatório em salas do Grupo 2 – no qual se enquadram as salas cirúrgicas, UTIs, UTIs Neonatais e salas de Hemodinâmica – é o único capaz de prever falhas elétricas antes que ocorram e danifiquem equipamentos eletromédicos ou causem acidentes a pacientes e equipe médica; evitando, por exemplo, o risco de descargas elétricas e acidentes como choques elétricos e queimaduras. A tecnologia também auxilia na manutenção dos equipamentos médico-hospitalares, uma vez que sinaliza qualquer risco ou falha em

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Instalações

fuga de energia. “Além do Sistema monitorar e mostrar em seu visor o valor real de carga sendo utilizada no ambiente, pode ser utilizado para evitar sobrecargas ou risco de curto”, detalha Ferreira. Em casos de queda de energia, como se sabe, os nobreaks são fundamentais para evitar a interrupção do fornecimento, impedindo que os aparelhos sejam danificados e os procedimentos médicos interrompidos. Segundo Ferreira, o trabalho na unidade de São Caetano

ainda está em desenvolvimento, na fase de startup dos sistemas. A entrega está prevista para o fim de fevereiro e a inauguração da unidade deve acontecer ainda neste ano. “Fazemos questão de entregar a solução completa, mas só iremos considerar o nosso trabalho concluído quando for ministrado o treinamento sobre Sistema IT Médico, no qual é exposta a importância da supervisão de isolamento e o funcionamento dos dispositivos no sistema instalado”, pontua.

Diferenciais Na unidade do Hospital São Luiz em São Caetano, também foram instalados concentradores de Dispositivos Supervisores de Isolamento (DSI) nos postos de enfermagem. “Devido a essa aplicação, os anunciadores de alarme – modelos apenas sonoros e visuais – foram substituídos por tecnologia Interface Homem-Máquina (IHM) com touch screen, permitindo que cada andar seja monitorado e visualizado em uma tela exclusiva para DSIs do pavimento”, explica Ferreira. Os quadros de energia de modelo padrão (metálicos), também foram substituídos pelos de termoplásticos com portas em acrílico transparente. “Esses equipamentos se adequam à arquitetura do ambiente e são mais seguros e práticos para os profissionais do Hospital, uma vez que neles não há necessidade de abertura da porta para visualizar os componentes do sistema”, salienta.

Escolha acertada Existe uma grande variedade de equipamentos eletrônicos e sistemas de atendimento disponível no mercado. No entanto, o grande erro é achar que qualquer equipamento é adequado para a área da Saúde. Por tratar de cuidados com a vida, a área médica e hospitalar exige equipamentos – como nobreaks e estabilizadores – com maior qualidade de precisão. “O risco de um equipamento falhar em seu funcionamento pode custar vidas, por isso, muito além de vender equipamentos, prezamos por entregar soluções. Assim, conseguimos realizar uma parceria de excelência e garantir aos pacientes e corpo 88

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Tudo em dia A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), especificamente a NBR 13.535, prevê a manutenção e testes dos transformadores de separação a cada três anos. João Paulo Ferreira explica que todos os parâmetros desses equipamentos devem ser submetidos a testes de isolação e impedância. Quanto aos quadros de Sistema IT médico, é indicado o monitoramento contínuo dos componentes, disjuntores e avaliações através dos botões de teste do equipamento. É importante, ainda, uma preventiva anual para evitar danos ao sistema. “A manutenção preventiva anual também é importante para os nobreaks e estabilizadores, acompanhando o funcionamento dos equipamentos e a vida útil das baterias”, frisa Ferreira.

“Além do Sistema monitorar e mostrar em seu visor o valor real de carga sendo utilizada no ambiente, pode ser utilizado para evitar sobrecargas ou risco de curto” João Paulo Ferreira, da Beta Eletronic


clínico o que há de melhor, inovador e seguro. Para isso, controlamos todo o processo de fabricação em nossa empresa e não terceirizamos processos”, afirma Ferreira. Além do trabalho realizado na unidade de São Caetano do Sul, a Beta Eletronic também implantou o Sistema IT Médico na reforma e expansão da UTI do Hospital Villa Lobos, que já está instalado e funcionando. A empresa fornece nobreaks, estabilizadores e solução Sistema IT Médico para instituições de saúde de todo o país, como o Prevent Senior; Instituto Central do Hospital das Clínicas de São Paulo; Hospital Municipal M’Boi Mirim; Hospital do Câncer de Barretos, Real Hospital Português de Beneficência, em Pernambuco; Hospital Moinhos de Vento, no Rio Grande do Sul; Hospital de Clínicas e Maternidade de Santos e Fundação Cristiano Varella, em Minas Gerais.

João Paulo Ferreira e Roberto Uemura, da Beta Eletronic

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Renovação 90

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Perfeita integração Fluxos bem definidos e criação de unidade estética caracterizam projeto de incorporação de hospital da mulher ao Complexo Hospitalar Márcia e Maria Braido (SP) Health ARQ

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Renovação

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isão holística e trabalho multidisciplinar definem o projeto de ampliação e reforma do Complexo Hospitalar Márcia e Maria Braido, elaborado com o objetivo de incorporar o Hospital Municipal Euryclides de Jesus Zerbini – dedicado ao atendimento à mulher –, ao conjunto já existente, composto por um hospital geral e um pediátrico, operando em dois prédios de seis pavimentos. Erguido na esquina da Rua São Paulo com a Avenida Vital Brasil Filho, em São Caetano do Sul (SP), o hospital de atendimento à mulher tem 4,6 mil m² de área construída, em edifício de cinco andares com mais de 80 leitos, alas de internação, salas cirúrgicas, UTI neonatal, berçário, serviço 24 horas de ginecologia e pré-parto, ambulatório e áreas de diagnóstico por imagem. Criar espaços para esses novos serviços e unidades de atendimento e inserí-los no Complexo Hospitalar – com fluxos internos e externos eficientes e em sinergia com os serviços de apoio já existentes – foi um dos principais desafios que se apresentaram à GP Arquitetura, que assina o projeto. “A nova edificação foi projetada de forma a resolver problemas de funcionalidade do Complexo Hospitalar e apresentar um novo serviço para a população, de atendimento exclusivo à mulher. Respondemos a essas necessidades funcionais e a muitas outras criando um espaço integrado internamente 92

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e externamente”, frisa o arquiteto Gustavo Pinto, sócio-gerente do escritório de Arquitetura. Para essa integração, foi criado um grande átrio central, que estabelece o acesso principal do hospital geral e a conexão com o Euryclides de Jesus Zerbini. “A partir desse átrio, tem-se a ligação entre a ala antiga e a nova, o que permite a organização e o direcionamento de pacientes ambulatoriais, de internação e cirúrgicos, além de visitantes e funcionários”, esclarece o arquiteto. Neste sentido, o profissional ainda explica que a ligação entre os edifícios existentes foi solucionada por meio de um conector de circulação vertical. Ele possibilita a entrada e setorização de pacientes e visitantes pelos eixos de circulação vertical e horizontal, que interligam os níveis do edifício antigo e do novo. “O projeto arquitetônico foi pensado pelo olhar do corpo clínico, do usuário e do paciente. Criar um espaço hospitalar e responder a todos estes usuários com a mesma qualidade é sempre um desafio”, frisa o arquiteto. A ideia também foi projetar um espaço participativo, onde diferentes pessoas interagem e várias atividades acontecem. “Espaços de múltiplo uso nos agradam, pois permitem a utilização como um todo, nas mais diversas situações. As pessoas completam a criação do espaço, usando-o sempre”.


Estética e sustentabilidade No Complexo Hospitalar Márcia e Maria Braido, a integração entre novo e antigo também se dá pela unidade visual, conforme salienta Gustavo Pinto. “Buscamos um sistema construtivo que conferisse identidade e unidade plástica entre os edifícios, com tecnologia para trabalharmos os conceitos de sustentabilidade, construindo uma edificação saudável”. Neste sentido, a escolha foi o sistema de fachada ventilada, com cerâmica extrudada, revestimento que não exigiu a remoção do antigo. “A cerâmica extrudada proporciona melhor desempenho em termos de conforto térmico e acústico, resultando em economia de energia. Além disso, possui baixo coeficiente de ab-

sorção de água e possibilita a remoção natural de boa parte da fuligem pela ação da própria chuva, facilitando a manutenção e a conservação da estrutura”, pontua o arquiteto. Ainda no que se refere à sustentabilidade da edificação, foi utilizado o glazing no átrio central, que em conjunto com a integração visual dos pavimentos, permitiu a exploração da luz natural, como destaca Gustavo Pinto. “As fachadas revestidas com cerâmica estrudadas e o brise no mesmo material controlam a incidência de luz natural e a ventilacão necessária para os ambientes internos. A textura desse revestimento permite a referência ao tijolo, à pedra, à rusticidade. Isso traz a personificação da edificação, a sensação de lugar”.

Gustavo Pinto, arquiteto e sócio-gerente da GP Arquitetura

Contrastes que trazem vida Cores e texturas compõe os ambientes personalizados do hospital da mulher, os quais em nada lembram áreas monocromáticas e acabamentos padronizados dos hospitais tradicionais. “Especificamos, sempre que possível, cores ‘quentes e frias’ para uma mesma unidade. Os contrastes, se bem distribuídos, trazem dinâmica e equilíbrio. O uso de materiais conhecidos do cotidiano das pessoas nos acabamentos de hospitais pode humanizar os ambientes e estimular a recuperação mais rápida dos pacientes”, diz o arquiteto. O piso vinílico desenhado em cores, por exemplo, cria a sen-

sação de exclusividade e gera empatia por parte dos usuários. Para Gustavo Pinto, o bom projeto arquitetônico alia materiais industrializados e elementos naturais em benefício do bem-estar nos ambientes projetados. “Participar da construção de uma obra pública na área da Saúde é sempre desafio e uma enorme satisfação quando o resultado final é de sucesso. Acompanhar todas as etapas, desde a busca dos recursos até a inauguração, presenciar o atendimento à população e verificar os objetivos alcançados fortifica, cada vez mais, o nosso trabalho”, finaliza. Health ARQ

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Construção

Rumo ao alto desempenho Com entrega de obra prevista para 2018, Hospital Regional de Sorocaba terá 250 leitos e oferecerá serviço completo de diagnóstico por imagem

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onstruído a partir de uma parceria público-privada com um investimento total de R$ 269,5 milhões – incluindo obra civil, equipamentos médicos e mobiliários, tecnologia de informação, instrumentação cirúrgica e transporte –, o Hospital Regional de Sorocaba tem pre94

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visão de conclusão até meados de 2018. A obra, que teve sua construção anunciada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em setembro de 2015, resultará em um Hospital de alta complexidade com cinco pavimentos e capacidade de 250 leitos, sendo 96 leitos de UTI (Unidade de Terapia

Intensiva) e 10 salas cirúrgicas. Com mais de 37 mil m², a nova instituição contará com um serviço de diagnóstico por imagem completo e também um centro de ensino e pesquisa. A expectativa é receber a certificação de Qualidade Nacional e Internacional. “Será um Hospital de alta


complexidade, com 40% de Unidades de Terapia Intensiva e localizado estrategicamente na Rodovia Raposo Tavares, para permitir acesso mais fácil. Aqui também terá heliponto, para que o Grupamento Águia, da Polícia Militar, traga os pacientes com mais rapidez”, declarou o governador à imprensa. Com prazo estimado de 30 meses entre o início da construção e a entrega, o Hospital tinha 25% das obras concluídas no final de 2016, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.

Instalações O Hospital Regional de Sorocaba será uma unidade voltada ao atendimento de urgências e emergências. Para lidar com a complexidade da obra, a Sistavac foi responsável pelas instalações elétricas, hidráulicas, de infraestrutura para sistemas especiais e incêndio. De acordo com Rogério Chapani, gerente comercial da empresa, o processo de instalação foi elaborado em uma etapa de 12 meses. Para o profissional, a principal dificuldade desse projeto foi desen-

volver uma engenharia para o alto desempenho, com qualidade e otimização de custos. Sobre a escolha dos materiais utilizados na obra, Chapani revela que os critérios levados em consideração foram qualidade, durabilidade, custo e responsabilidade ambiental. “Neste sentido, nosso compromisso se traduziu na coleta seletiva e no emprego de produtos e equipamentos que não prejudicam o meio ambiente”, afirma o gerente comercial, lembrando que todas as soluções empregadas estão em conformidade com a legislação vigente.

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Destaque

Homenagem à Arquitetura e Engenharia na Saúde II Fórum + Prêmio HealthARQ reúne mais de 200 profissionais do setor

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segunda edição do Fórum + Prêmio HealthARQ, evento organizado pelo Grupo Mídia, em São Paulo (SP), reuniu mais de 200 arquitetos e engenheiros do setor de Saúde em uma tarde de debates e palestras. A primeira palestrante do evento foi Maíra Macedo, da Green Building, que abordou sobre a Sustentabilida96

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de certificada nas edificações de Saúde. Logo em seguida, o debate sobre “O desperdício nas construções: é possível fazer mais com menos nas obras hospitalares?” contou com a participação de Marcos Casado, diretor técnico e comercial da Sustentech; Renata Gomes, do escritório Levisky Arquitetos; Luiz Augusto Contier, da Contier Arquite-

tura; Vital Ribeiro, presidente do Projeto Hospitais Saudáveis; Salim Lamha, da MHA Engenharia; e Enio Moro Junior, da Belas Artes. A mesa-redonda sobre “Como aplicar a cultura da inovação nas edificações de saúde” teve a participação de Maurilio Chiaretti, presidente do Sindicato dos Arquitetos de São Paulo; Márcio Oliveira, presidente da Associação

Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH); Giovani Guastelli, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Rafael Lazarrini, gestor da unidade de sustentabilidade do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE). O Fórum foi encerrado com a palestra de Robson Szigethy, diretor de Projetos da Amil, sobre o futuro dos espaços da saúde.


II Prêmio HealthARQ Após o Fórum, o Grupo Mídia realizou a segunda edição do Prêmio HealthARQ, que homenageou cases de sucesso, instituições, marcas mais lembradas e personalidades que mais se destacaram no setor no último ano. “Além de debatermos pontos de extrema importância e interesse para a comunidade da arquitetura na Saúde, ficamos honrados em poder, por meio do Prêmio HealthARQ, prestar uma homenagem a todos os envolvidos que lutam pelo desenvolvimento e pelo crescimento do setor no país. Com esta cerimônia, parabenizamos todos aqueles que fizeram diferença no setor”, afirma Marcelo Caparelli, diretor-executivo do Grupo Mídia. O homenageado especial da cerimônia foi o arquiteto e urbanista Siegbert Zanettini, que recebeu no palco flores e troféu entregues por sua esposa, Mônica Zanettini.

Marcelo Caparelli, diretor-executivo do Grupo Mídia

Apaixonado pela profissão A história de Siegbert Zanettini comprova que o tributo foi mais do que merecido. Formado pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) em 1957, e professor pela mesma escola desde 1960, Zanettini diz que vem de uma geração que amadureceu no diálogo e na reflexão sobre a arquitetura moderna. Em mais de cinco décadas de trajetória profissional, tem uma obra que inclui 1,2 mil projetos realizados em mais de 5 milhões de m², além de quatro décadas de vida dedicadas ao conhecimento acadêmico. Trajetória que lhe permitiu receber inúmeras premiações e reconhecimentos públicos, além da homenagem no II Prêmio HealthARQ. “A paixão pela arquitetura, a doação sem limites pelo ofício para a realização de meus sonhos, fizeram da minha vida uma busca permanente com a razão sempre cúmplice da sensibilidade”, relata Zanettini.

Debatedores no II Fórum HealthARQ

Arquiteto Siegbert Zanettini e Mônica Zanettini Health ARQ

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Foto: Nelson Kon

Acabamentos Box da UTI do Serviço de Onco-Hematologia do HC FMUSP / Projeto: Arq. João de Deus Cardoso

Cuidado assertivo Tendo em vista a segurança de pacientes e colaboradores, instituições de saúde recorrem a revestimentos vinílicos antibacterianos com elevada durabilidade

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uando se fala em edificações hospitalares, todos os detalhes fazem a diferença para a segurança de pacientes e profissionais da Saúde. Na escolha de revestimentos, por 98

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exemplo, aspectos como durabilidade e facilidade de limpeza são determinantes, pois além de trazerem ganhos em eficiência para a instituição, contribuem para evitar obras desnecessárias e favorecem a

assepsia dos ambientes. Conforme salienta Thiago Zatz, diretor comercial da Revitech, os revestimentos vinílicos hospitalares ajudam na diminuição de infecções. “Por meio de rodapés abaulados e do sistema


de soldagem nas juntas, eles eliminam pontos de acúmulo de sujeira e proliferação de bactérias patogênicas, criando um sistema monolítico”, ressalta. Tendo em vista as necessidades e exigências das intituições de saúde, a empresa lançou duas novidades: o Unique Sk e o Lumem Cyclos, expostos a toda a comunidade de arquitetos, engenheiros e gestores da Saúde no VII Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (CBDEH), realizado em setembro. “O Unique SK possui íons de prata e dióxido de titânio em sua composição, que atuam diretamente na eliminação de

odores residuais e bactérias patogênicas – deixa de ser bacteriostático e passa a ser bactericida –, em contato com o UV”, explica Zatz. Já o Lumem Cyclos, resultado de um projeto patenteado – realizado pelo arquiteto João de Deus Cardoso em parceria com a Revitech – faz, basicamente, com que o ciclo circadiano do paciente seja respeitado, auxiliando na recuperação. Ele atua diretamente no piso, com a mesma ação do UV. Em razão das características distintas de cada ambiente hospitalar, também são necessários alguns revestimentos específicos como os condutivos para am-

bientes cirúrgicos, resistentes ao escorregamento em áreas de escadas e rampas e acústicos em leitos, o que auxilia diretamente no repouso do paciente. “A Revitech trabalha com uma linha específica de revestimentos que, com as diferentes características técnicas, mantém a mesma estética, facilitando a vida projetual do arquiteto”, pontua. Zatz também lembra que os revestimentos devem passar por manutenções corretivas periodicamente e preventivas diariamente, sempre com o menor uso de água possível, de modo sustentável. “Outra vantagem de nossos revesti-

mentos é que, em geral, não necessitam de cera, uma economia de tempo e dinheiro significativa para os hospitais”. Oferecendo produtos e tecnologias para o mercado hospitalar desde 2005, a Revitech já disponibilizou soluções para diversas instituições de saúde, como os hospitais Samaritano, Santa Paula, Pérola Byington, Tiradentes e a Rede São Luiz. “Atualmente, estamos envolvidos em diversos projetos, principalmente na região Nordeste do Brasil. Nossa atuação neste segmento gira em torno de 20% da nossa carteira de clientes, com perspectivas de expansão”, afirma Zatz.

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Construção Fachada do Hospital Santa Izabel

Evolução contínua Plano Diretor de Projetos e Obras do Hospital Santa Izabel, na Bahia, viabiliza reestruturação de Ambulatório destinado a pacientes do SUS e favorece a descompressão de unidades assistenciais 100

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bairro de Nazaré, em Salvador (BA), abriga o Hospital Santa Izabel (HSI) desde que o mesmo foi fundado, em 1893, pela Santa Casa da Bahia. Com crescimento contínuo ao longo dos séculos, outras edificações foram sendo incorporadas no entorno do prédio original do Santa Izabel, formando um conjunto predominantemente horizontal, que totaliza, hoje, 52 mil m² de área construída. A unidade tem, inclusive, construções de grande valor histórico, tombadas pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Diante da necessidade de ordenar o crescimento do Hospital, a administração da instituição, juntamente com setor de Engenharia, desenvolve o Plano Diretor de Projetos e Obras do HSI desde 2013. Conforme ressalta o gerente de Engenharia da Santa Casa da Bahia, Eduardo Araújo Neto, o Plano é um instrumento para a gestão dos recursos físicos e tecnológicos do Santa Izabel, perfeitamente integrado às políticas administrativas e de assistência à saúde que determinam seu funcionamento e às necessidades de modernização e de expansão da área física da instituição. Neste sentido, apresenta diretrizes para a manutenção e preservação histórica de seu patrimônio arquitetônico, artístico e cultural. Para elaborar seu Plano Diretor propriamente dito, pri-

meiramente, a instituição fez um diagnóstico que permitiu a observância de um desequilíbrio entre a capacidade assistencial do Hospital e a capacidade de suas unidades de apoio frente à demanda. “Ao mesmo tempo, identificamos a compressão das unidades assistenciais. E, depois de uma análise de condicionantes construtivos, chegamos à conclusão de que o terreno não comportava o crescimento necessário para equilibrar as duas áreas e, ao mesmo tempo, preservar o patrimônio tombado”, conta Araújo Neto. Segundo o provedor da Santa Casa da Bahia, Roberto Sá Menezes, essa constatação motivou a compra de alguns terrenos ao redor do Hospital Santa Izabel e a retomada de uma área inutilizada, anteriormente cedida à Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. “A recuperação da área que havíamos cedido à Escola Bahiana de Medicina abriu uma série de soluções imediatas para começarmos a resolver os problemas apontados no diagnóstico”, lembra Araújo Neto. Concluídas as etapas de diagnóstico e elaboração do plano estratégico, a instituição agora trabalha em seu Plano Diretor. “As reestruturações promovidas pelo Plano têm o objetivo de resultar em ambientes mais confortáveis, modernos e eficientes para pacientes e colaboradores”, salienta o provedor da Santa Casa da Bahia.

Unidade de transição de pacientes Health 101 ARQ


Construção

Ambulatório Silva Lima

Ambulatório Silva Lima 102

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Com a retomada da área cedida à Escola Bahiana de Medicina, o Hospital conseguiu transferir seu Ambulatório destinado a pacientes do SUS – o Silva Lima – para um local com infraestrutura mais ampla, moderna e completa. Para tanto, segundo Araújo Neto, foram investidos R$ 1,9 milhão na obra. Desta forma, o Ambulatório agora dispõe de 24 consultórios, sendo três destinados a atendimento pediátrico e outros três com banheiro para atendimentos em urologia, proctologia e ginecologia. O Silva Lima passou a contar, também, com duas recepções, salas para pequenos procedimentos, espirometria, audiometria e eletrocardiograma digital, três ambientes de espera, duas salas de curativos com

subdivisão em box, farmácia satélite e brinquedoteca. “Para se ter uma ideia da importância dessa obra para a assistência aos pacientes do SUS, são realizados mais de 250 atendimentos por dia no Ambulatório Silva Lima, em 21 especialidades médicas. Foi de extrema relevância dar melhores condições para a oferta destes serviços”, afirma o provedor da Santa Casa da Bahia. A retomada do terreno cedido à Escola de Medicina teve, também, outros desdobramentos para o Hospital Santa Izabel, “pois possibilitou a liberação de áreas do conjunto arquitetônico original do Hospital, que estão favorecendo o manejo e a descompressão das unidades assistenciais”, relata Araújo Neto.


Expansão com planejamento Como ressalta o provedor da Santa Casa da Bahia, as obras não se restringiram ao Ambulatório. “Também reformulamos e transferimos o setor de Faturamento, com investimento de R$ 800 mil, o laboratório de Anatomia Patológica, por R$ 95 mil, e lançamos, em caráter inédito, na Bahia, a Unidade de Transição de Pacientes (UTP), com investimento de R$ 1,35 milhão”. Para que tudo saia conforme o planejado, a equipe de Engenharia do Hospital não só conta com a expertise da PRÓ-SAÚDE Profissionais Associados – com coordenação da arquiteta Mariluz Esteves e colaboração dos arquitetos Eduardo Nishitani e Francine Soares –, como mantém um controle rigoroso de todos os processos. “Acompanhamos o movimento geral das ações de projeto e obras por meio de um diagrama de precedências, que organiza fases do plano de acordo com o período”, comenta Araújo Neto.

Eduardo Araújo Neto, gerente de Engenharia da Santa Casa da Bahia

Unidade de Transição de Pacientes (UTP) Um dos projetos do Plano Diretor de Projetos e Obras, a Unidade de Transição de Pacientes do Hospital Santa Izabel foi inaugurada em maio de 2015. Inédita na Bahia, a UTP tem 525 m² e 24 leitos totais, sendo 16 destinados aos pacientes oriundos do Pronto-Atendimento Adulto e oito para pacientes com indicação cirúrgica. Trata-se de uma unidade planejada para aumentar a eficiência do hospital, aprimorando a experiência do paciente, ao desafogar a unidade de Pronto-Atendimento e melhorar o fluxo cirúrgico. Assistindo pacientes em caráter transitório, pelo tempo máximo de 72h, a UTP soluciona dois problemas que impactavam negativamente a rotina hospitalar: o tempo de permanência no Pronto-Atendimento e o atraso das cirurgias, frutos da dinâmica de desocupação de leitos. Com bons resultados financeiros e alta taxa de ocupação, a UTP conta com taxa de satisfação de pacientes de 96%. A Santa Casa da Bahia tem planos de implantar unidade semelhante para pacientes pediátricos no futuro.

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Construção

Sustentabilidade

Perspectivas

Em conjunto com seu Plano Diretor de Projetos e Obras, o Hospital Santa Izabel adotou ações de eficiência energética e redução no consumo de água. “Essas ações de eficiência energética envolvem a instalação de iluminação em LED, gerenciamento da central de ar-condicionado, minigeração fotovoltaica, aquecimento solar de água e gerenciamento energético”, detalha Araújo Neto. De acordo com o gerente de Engenharia, os planos de redução de consumo de água envolvem gerenciamento e monitoramento através de medições setorizadas, detecção de vazamentos, utilização de produtos e tecnologias mais eficientes, além de plano de manutenção.

Os planos de reestruturação e crescimento do Hospital não param. “Futuramente, vamos realizar demolições de edificações existentes, precárias e com arquitetura inadequada ao ambiente hospitalar. Também vamos estabelecer limites de capacidade assistencial no contexto do endereço do Hospital Santa Izabel”, planeja Menezes. Em consonância, Araújo Neto afirma que as demolições previstas permitirão a construção de um bloco específico para as áreas de

“Futuramente, vamos realizar demolições de edificações existentes, precárias e com arquitetura inadequada ao ambiente hospitalar. Também vamos estabelecer limites de capacidade assistencial no contexto do endereço do Hospital Santa Izabel” Roberto Sá Menezes, da Santa Casa da Bahia

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apoio e também de um edifício-garagem que dará ao Santa Izabel pelo menos mais 300 vagas de estacionamento. “O Plano Diretor de Projetos e Obras é contínuo porque as necessidades de evolução de um hospital são constantes. Agora, estamos atendendo a essas necessidades com planejamento e buscando o equilíbrio e a eficiência da infraestrutura hospitalar”, conclui Menezes, lembrando que a expectativa é investir mais de R$ 40 milhões em obras nos próximos três anos.


Health 105 ARQ


Destaque Unidade da Rede SARAH em Fortaleza (CE)

A nação que se projeta Haroldo Pinheiro, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), discute ética e impactos da conjuntura político-econômica do país nas construções hospitalares

“E

u mesmo escolhi o terreno na parte alta da cidade, ventilado e com bons acessos rodoviários, depois de ouvir os colegas cearenses e ajustar o interesse do edifício aos planos para o desenvolvimento urbano daquela capital”, relembra o arquiteto e urbanista Haroldo Pinheiro sobre um dos trabalhos dos quais mais se orgulha: o Hospital de Reabilitação da Rede SARAH, erguido em sua cidade natal, Fortaleza (CE). 106

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Antes de chegar à presidência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), Pinheiro compartilhou projetos como esse com grandes nomes, dentre os quais Lelé (João da Gama Filgueiras Lima), e construiu sólida história na arquitetura de edifícios hospitalares. Desenvolvido na década de 1990, o SARAH foi o primeiro – entre os projetos de hospitais dos quais Pinheiro participou – criado totalmente em

meio eletrônico e construído em um processo 100% industrializado, todo em aço e pré-fabricados de argamassa armada, sem um único tijolo e quase nada em formas para concreto in loco. De lá para cá, os desafios só cresceram. Eleito presidente do CAU/BR em 2011, Pinheiro está à frente do Conselho há dois mandatos (2012-2014 e 2015-2017). Quando assumiu, o primeiro passo foi liderar a estruturação do CAU no país,


Em entrevista exclusiva à HealthARQ, o presidente do CAU/BR fala sobre as metas do Conselho para 2017 e traz seu posicionamento frente ao cenário de mudanças que o Brasil vivencia. Neste sentido, aborda os potenciais impactos da PEC 55 nas obras hospitalares, comenta a polêmica renúncia do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, após tentar interferir em decisões do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e ainda destaca as ações do CAU para o fortalecimento de uma cultura de ética e transparência no exercício da Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Confira! HealthARQ: Quais as principais metas do CAU para 2017? Haroldo Pinheiro: Temos uma agenda lotada, com muito trabalho pela frente. Em 2017, realizaremos as Eleições do CAU, quando mais de 140 mil arquitetos e urbanistas do país escolherão os conselheiros federais e estaduais que estarão à frente do CAU/BR e dos CAU/UF no mandato de 2018 a 2020. Outro desafio será implementar o programa de apoio à Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social, que destina 2% do orçamento do CAU/BR e dos CAU/ UF para que arquitetos e

Foto: Fernando Alvim

com a criação dos Conselhos nacional, estaduais e do Distrito Federal, após transição delicada do CONFEA/CREA, sistema ao qual pertenciam a Arquitetura e Urbanismo brasileiros até então. Nestes cinco anos, alcançou feitos como a simplificação das regras para emissão de Registro de Responsabilidade Técnica (RRT) e obtenção de certidões, além da consolidação de normas fundamentais para o exercício profissional, como o Código de Ética e Disciplina para Arquitetos e Urbanistas. Contribuiu, também, para a intensificação do diálogo do Conselho com deputados e senadores do Congresso Nacional. Exemplo disso, o CAU promove anualmente o Seminário Legislativo de Arquitetura e Urbanismo, na Câmara dos Deputados, com o objetivo de se posicionar quanto a propostas em tramitação no Congresso. A 5ª edição do Seminário acontece em março. Desde que a 4ª edição do evento foi realizada, há cerca de um ano, o Brasil acompanhou escândalos envolvendo empreiteiras e obras públicas, passou pelo aprofundamento das crises política e econômica, pela transição na Presidência da República e pela controversa aprovação da PEC 55, que limita o teto dos gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Haroldo Pinheiro, presidente do CAU/BR

urbanistas também possam atuar junto aos setores mais necessitados, para construir ou reformar com mais economia e qualidade técnica. Além disso, estamos empenhados na construção da sede do CAU/BR para trabalharmos melhor e reduzir nossos custos de manutenção. Realizamos, em 2016, um concurso público nacional de Arquitetura para a escolha da equipe técnica que vai desenvolver o projeto, com mais de 210 propostas apresentadas.

A jovem equipe vencedora está trabalhando e assim que tivermos o Projeto Completo de Arquitetura e Complementares lançaremos a licitação da obra, já com materiais, custos e prazos bem definidos, como deve ser. Em março, realizaremos o V Seminário Legislativo de Arquitetura e Urbanismo, e gostaria ainda de ressaltar a campanha publicitária em curso sobre a Nova Agenda Urbana, na qual convidamos Health 107 ARQ


Destaque

prefeitos de todo o Brasil a se engajar em ações de valorização do Projeto e do Planejamento, com a indispensável participação dos arquitetos e urbanistas, de acordo com os princípios consagrados pela ONU durante a Conferência Habitat III, realizada em Quito no ano passado. HealthARQ: Com a aprovação da PEC 55, os investimentos públicos em obras na área da saúde poderão ser comprometidos nos próximos anos? Por quê? H. P.: A chamada PEC dos tetos dos gastos públicos poderá restabelecer a responsabilidade fiscal dos entes federados ou apenas comprimir os desembolsos da Administração Pública em áreas sociais – a depender da visão político-partidária do comentarista e da responsabilidade do gestor público. De um modo ou de outro, os percentuais constitucionais mínimos para aplicação de recursos nas áreas da Saúde e Educação permanecem. Devemos lutar para que sejam investidos com correção, a partir de um planejamento técnico coerente, desenvolvido pelos profissionais qualificados das prefeituras municipais e dos governos estaduais e Federal. Quanto às edificações hospitalares, continuo defendendo que seus projetos 108

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sejam licitados por melhor técnica e jamais por menor preço. Não é admissível que projetos complexos como os hospitalares sejam contratados por outro critério que não seja o de qualidade. Os concursos de Arquitetura proporcionam menor prazo para contratação dos projetos, maior transparência, além de qualificar o espaço público. E insistimos que as obras públicas só sejam licitadas

aceitável em qualquer área do conhecimento humano. Mas esses são casos cada dia mais raros e menos aceitos pelos próprios profissionais. Outros tipos de contratação, tais como a contratação integrada, têm se demonstrado evidentemente desastrosos para as cidades. Já chegam os imensos prejuízos que sofremos com as inúmeras obras que deveriam compor os chamados “legados” da Copa da FIFA ou

“Já chegam os imensos prejuízos que sofremos com as inúmeras obras que deveriam compor os chamados ‘legados’ da Copa da FIFA ou das Olimpíadas – quase todas concluídas fora de prazo, com custos inflados e qualidade precária, ou simplesmente inacabadas até hoje”

com Projetos Completos, contendo especificações, orçamentos e cronogramas bem definidos, viabilizado a boa e necessária fiscalização pelos órgãos de controle. No caso dos projetos, a legislação também prevê a contratação por notório conhecimento ou inexigibilidade de licitação, referindo-se a profissionais com qualidades amplamente reconhecidas ou a situações muito especiais – como pode ser

das Olimpíadas – quase todas concluídas fora de prazo, com custos inflados e qualidade precária, ou simplesmente inacabadas até hoje. HealthARQ: Em novembro, o então ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, pediu demissão do cargo após denúncia do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de que estaria fazendo pressão para a libera-

ção da construção de um arranha-céu em Salvador, onde Geddel comprou um apartamento. A obra foi embargada pelo IPHAN por ficar próxima a construções tombadas. Como avalia o caso? H. P.: Temos lutado no Congresso Nacional para mostrar à sociedade a importância dos aspectos técnicos e culturais da Arquitetura e do Urbanismo para a construção das cidades. No caso em tela, ficou evidente o embate entre o interesse público, representado pela análise técnica do IPHAN Nacional, e o interesse privado de um grupo econômico defendido por um indivíduo influente. Há décadas o Brasil vem colocando em segundo plano o conhecimento técnico e a inteligência de milhares de arquitetos e urbanistas em favor de decisões políticas tomadas sem ao menos um prévio debate com a sociedade. O resultado são obras sem relação com seus entornos imediatos, que desrespeitam o patrimônio arquitetônico e urbanístico que deve ser preservado para usufruto dos brasileiros e da humanidade, como nesse caso em Salvador. Entendo que as responsabilidades técnicas também devem ser apuradas. Em nossa área profissional, o CAU deve estar atento para investigar os motivos que


Foto: Iran Souza e Luis José

Comissão de Ética no 10º Seminário Regional de Ética e Disciplina, realizado em Aracaju em fevereiro

justificaram a realização de pareceres técnicos opostos entre instâncias de uma mesma instituição pública. É necessário esclarecer à sociedade se houve a venda do conhecimento em benefício de uma empresa em prejuízo do patrimônio público. E se houve um desvio ético ou apenas um lamentável equívoco, por exemplo, na mudança da poligonal que definia a área de preservação. O que não podemos permitir é a desmoralização de nossa profissão, o desrespeito a arquitetos e outros profissionais servidores públicos que conhecem legisla-

ção e boa técnica, dedicados à manutenção da memória e da cultura nacionais. HealthARQ: Qual a sua opinião sobre a chamada reserva técnica, comissão financeira paga aos arquitetos por fornecedores de produtos e lojistas pela indicação junto a clientes da área da construção? H. P.: No caso da Arquitetura e Urbanismo, tal prática é condenada pela Lei 12.378/2010 que regulamentou nossa profissão, assim como pelo Código de Ética e Disciplina dos arquitetos e urbanistas. Também a Lei de Defesa

do Consumidor trata disso e prevê sanções aos que recebem comissões por especificações ou indicação de serviços. Em alguns casos, envolve “caixa 2” e até lavagem de dinheiro. Ou seja: é grave e inaceitável conviver com isso. É simplista demais, para não dizer desonesto, dizer que as implicações da reserva técnica devem ser resolvidas na relação particular entre cada arquiteto e urbanista e seu cliente. É preciso ampliar a visão do problema. Essa prática traz prejuízo também para os colegas que trabalham exclusivamente coHealth 109 ARQ


Foto: DivulgaçãoCAUBR

Destaque

“Há décadas o Brasil vem colocando em segundo plano o conhecimento técnico e a inteligência de milhares de arquitetos e urbanistas em favor de decisões políticas tomadas sem ao menos um prévio debate com a sociedade”

Foto: Luiz Marques, SEFOT-SECOM, Câmara dos Deputados

Evento anual do CAU discute propostas em tramitação no Congresso Nacional

Os arquitetos Lelé e Haroldo Pinheiro 110

Health ARQ

brando honorários pelos seus serviços e, principalmente, desvaloriza a imagem da profissão. Para os colegas, porque a “comissão” pela especificação de produtos avilta o preço dos serviços técnicos de projeto e execução. Para a imagem da Arquitetura e Urbanismo, porque coloca a sociedade em dúvida quanto à confiança em nosso conhecimento técnico e ao papel de fiscal da qualidade da construção. HealthARQ: Como o CAU trabalha para o fortalecimento de uma cultura ética e transparente no exercício da arquitetura no Brasil, especialmente na área da saúde? H. P.: Lançamos em 2015 a campanha “Arquitetos e Urbanistas pela Ética”, com o objetivo de dialogar com os colegas e trazer esclarecimentos, sobretudo aos mais jovens. Queremos a valorização da profissão e do produto de nosso trabalho. Também temos dialogado com o Ministério Público e em alguns estados os procuradores têm agido para coibir a reserva técnica. É um trabalho de longo prazo. Afinal, essa prática foi se insinuando na profissão nas últimas décadas por falta de orientação e fiscalização, mas é perceptível que temos conseguido conscientizar cada vez mais a categoria e os lojistas da área. HealthARQ: Com a crise,

mais do que nunca é necessário reduzir custos nas obras hospitalares. Como fazer isso sem perder qualidade e segurança? H. P.: A formação continuada, o aprofundamento em novas alternativas técnicas, a permanente atenção às novas tecnologias e à evolução do conhecimento são rotinas fundamentais para os arquitetos e urbanistas, particularmente aqueles que se dedicam aos temas complexos, tais como projeto e execução de hospitais, aeroportos, conjuntos esportivos. Fazer mais com menos, reduzir o desperdício nas obras, especificar corretamente e de acordo com a longevidade e a economicidade exigíveis, enfim: atentar para todas as decisões tomadas a cada traço do projeto arquitetônico e na perfeita integração aos projetos complementares. Detalhar corretamente e com profundidade – pois é fundamental entender que tudo deve ser resolvido antes da obra, que é onde estarão as despesas mais elevadas. Por outro lado, também é importante evitar normas que disciplinem exageradamente o projeto hospitalar, para que não tolham a criatividade do arquiteto e o desenvolvimento científico nessa área, cujas técnicas e equipamentos evoluem a cada dia.


Ao se pretender ensinar um arquiteto a projetar um hospital por intermédio de normas restritivas à responsabilidade técnica do profissional, especialmente dos mais dedicados à pesquisa, reduzimos a possibilidade de nos colocarmos na vanguarda do conhecimento e em condição de participar do debate internacional. HealthARQ: Qual o caminho para que as plantas de edifícios de saúde comecem a ser pensadas em conexão com o seu entorno, com as necessidades da população

e tendo em vista uma distribuição geográfica mais democrática pelas cidades? H. P.: O caminho é o respeito ao planejamento urbano consistente, desenvolvido por servidores públicos com efetivo conhecimento da matéria; controle e participação social; projeto contratados por critério de qualidade e não por menor preço; obras contratadas com projetos completos. Essas são práticas exitosas em muitos países. Por isso, nos impressiona muito a demora em serem acatadas e aplicadas aqui.

“Ao se pretender ensinar um arquiteto a projetar um hospital por intermédio de normas restritivas à responsabilidade técnica do profissional, especialmente dos mais dedicados à pesquisa, reduzimos a possibilidade de nos colocarmos na vanguarda do conhecimento e em condição de participar do debate internacional”

Health 111 ARQ


Construção Hospital das Clínicas de Especialidades em Alta Complexidade de Jundiaí 112

Health ARQ


Integração com o contexto urbano Hospital das Clínicas de Especialidades em Alta Complexidade de Jundiaí (SP) é exemplo de unidade de saúde projetada em total conexão com seu entorno

P

rojetado para suprir uma lacuna no sistema de saúde pública da cidade de Jundiaí (SP), o Hospital das Clínicas de Especialidades em Alta Complexidade conta com 180 leitos de internação, 20 salas de cirurgia e 62 leitos de UTI. Na elaboração do projeto, assinado pela Borelli & Merigo e concluído em 2012, grandes desafios foram superados. “O primeiro foi inserir o Hospital, e seus quase 70 mil m², dentro de um contexto urbano complexo. Para isso, foi criada uma passarela para acesso ao Terminal de Ônibus Hortolândia, um dos principais equipamentos do Sistema Integrado de Transporte Urbano (SITU)”, relata Tiago Borelli, coordenador de Projetos da Borelli & Merigo. A fim de possibilitar conexões com o entorno do Hospital, a unidade também foi projetada para ocupar metade do terreno disponível, sendo que a outra metade foi destinada à criação de uma praça que leva ao edifício do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP). Health 113 ARQ


“A praça integra o Hospital à cidade através de dois acessos: um que liga diretamente ao hall de entrada e outro de serviços. Além deles, há a passarela que leva ao terminal de ônibus”, detalha Borelli. O projeto do Hospital também tem como uma de suas premissas a flexibilidade. “O conceito estrutural de laje plana é fundamental para isso, pois melhoramos a possibilidade de variações de layout, facilitando as modificações de infraestrutura nos entreforros”, comenta sobre a alternativa escolhida para a construção do Hospital das Clínicas de Jundiaí. “Projetamos uma grande base do edifício com dois andares. No embasamento, está o estacionamento e, no pavimento térreo, há uma série de serviços: ambulatório, diagnóstico, auditório, salas de aula e serviços gerais. Essa base define os principais acessos ao Hospital”, destaca Borelli. De acordo com o coordenador de Projetos, para acesso à torre, há um núcleo de circulação vertical que ocupa o centro da laje. “Nele, temos dois conjuntos de circulação independentes, que atendem a cada uma das duas áreas de compartimentação exigidas pela legislação. Em cada conjunto, existe uma escada, dois elevadores e um elevador de segurança”, conta. A configuração permitiu ocupar os perímetros das lajes cruciformes com os programas necessários. “Anéis de circulação envolvem todo o núcleo central e garantem uma leitura clara e fácil por parte dos usuários”, garante Borelli.

Imagem aérea do Hospital

Perspectiva da rua para o Hospital

Bem-estar Tendo em vista o papel dos ambientes humanizados na recuperação dos pacientes, foram adotadas estratégias como a exploração da iluminação natural, que traz também economia de energia elétrica para a instituição. “As circulações são amplas, abertas para a paisagem envoltória, o que lhes garante abundante iluminação natural. Todos os corredores possuem janelas que possibilitam a visualização da paisagem”, diz Borelli. Ele ainda lembra que o uso correto das cores na ambientação é muito importante, “cores que acalmam e cores que alegram, dependendo do uso a que se destina cada ambiente”. 114

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Foyer da instituição


Health 115 ARQ


Humanização Fachada da nova unidade Portomed 116

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Bem-estar garantido Novo Centro Médico Portomed tem ambientes e mobiliário projetados para transmitir sensação latente de acolhimento e atenção

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o coração da cidade de São Paulo (SP), mais precisamente no encontro da Praça Oswaldo Cruz com a Avenida Paulista, foi inaugurado o mais novo Centro Médico Portomed, pertencente à Porto Seguro Saúde. O desafio de projetar ambientes que promovem a sensação de acolhimento e, ao mesmo tempo, criar a identidade do novo Centro alinhada ao conjunto de unidades Portomed existentes, foi atribuído à Pua Arquitetura. “Antes de tudo, deveríamos contemplar uma conceituação para a marca, expressando o ponto forte da empresa no segmento: a personalização e humanização nos atendimentos de seus conveniados. Esta premissa teve de ser expressa com muita clareza e transparência no ambiente projetado e, principal-

mente, em sua ambientação e ocupação”, relata o sócio-diretor da Pua, Umoatã M. Almeida. A concepção dos mobiliários em marcenaria, por exemplo, auxiliou bastante na busca pelo atendimento humanizado. “Optamos por priorizar peças adequadas à altura dos usuários, de modo que o paciente possa ser atendido de forma direta, sem a sensação de ‘barreira’ ou ‘distanciamento’ entre as partes”. Segundo Umoatã, além do mobiliário, foram usadas cores “quentes” e acabamentos que transmitem uma sensação latente de acolhimento e atenção. “Além disso, projetamos ambientes com o uso máximo de iluminação natural, o que também propicia uma maior integração do paciente com o meio externo”. Dadas as características

construtivas e o reduzido espaço físico da edificação, a equipe de arquitetos optou por um mobiliário com desenho adequado ao melhor aproveitamento possível das áreas disponíveis, atendendo às necessidades de armazenagem e de trabalho da equipe de colaboradores do Centro Médico. As restrições de espaço também exigiram racionalidade redobrada na definição dos fluxos internos. “Reduzimos os deslocamentos dos pacientes e da equipe assistencial na totalidade do atendimento, formando um fluxo com uma demarcação unidirecional bem forte. Isso também se refletiu na concepção das instalações, seus caminhamentos e adaptações às condicionantes físicas locais”, salienta Umoatã. Health 117 ARQ


Humanização

Paciente no centro

Consultório médico

Sala de Raio-X

O projeto arquitetônico e de design de interiores, de acordo com Umoatã, foi elaborado em alinhamento com diversas premissas do Programa Planetree (Patient Centered Care), que tem o objetivo básico de melhorar o atendimento de saúde a partir da perspectiva do paciente. Neste sentido, foi dada especial atenção à área de atendimento adulto – térreo e 1º pavimento – e à de Oncologia – 2º pavimento –, onde os boxes de terapia foram implantados de forma individualizada, propiciando maior privacidade para os pacientes e seus acompanhantes. “Além de disporem de espaço com mobiliário confortável e funcional para acolhê-los, considerando principalmente o tempo de duração longo das terapias aplicadas, todos os boxes contam com um conjunto de janelas voltadas para o meio externo”, relata. Umoatã ainda acrescenta que foi implantado um terraço na área externa do pavimento de Oncologia, com jardim e mobiliário para uso de pacientes e acompanhantes. “A intenção é que eles se apropriem do espaço como uma área de convivência, voltada para a integração e troca de experiências. Além disso, trata-se de um ótimo local para relaxamento e contemplação da vista da Praça situada na frente do imóvel, e de todo o seu entorno”. Para acolher com maior conforto, a climatização e a iluminação das áreas de atendimento adulto e de Oncologia também foram individualizadas, com emprego da dimerização, em alguns ambientes, para possibilitar o controle do ambiente conforme o desejo dos pacientes. “A preocupação com todos os envolvidos no uso da unidade – pacientes, acompanhantes e equipe assistencial – com certeza pode ser considerada uma característica de inovação e um diferencial deste projeto”, pontua Umoatã.

Etapas O projeto do novo Centro Médico foi realizado em etapas, tendo início com uma pesquisa sobre as unidades Portomed existentes e o conceito aplicado nas mesmas. “Com isso, conseguimos compreender bem o padrão das instalações e a dinâmica, necessidades, projeções e volumes específicos de atendimento ao cliente”. Após conhecer o imóvel, e com o programa a ser contemplado na unidade em mãos, a equipe de arquitetos desenvolveu um estudo de viabilidade para determinação das reais necessidades de adequação do imóvel ao programa. O estudo de viabilidade evoluiu para o fluxo de projeto conven118

Health ARQ

Setor de medicação-inalação adulto


cional, seguindo as etapas de anteprojeto, projeto básico, compatibilizações e executivo para obras, todas realizadas pela Pua. Os projetos foram entregues no início de 2016 e as obras foram concluídas no final do ano. A empresa contou com a parceria da Politécnica Engenharia nos projetos de instalações e complementares e da Clima Clean nos projetos de climatização, um time de projetistas de extrema competência e com grande expertise na área, que atuou em afinada parceria com as diversas demandas solicitadas pelo projeto. “Tiveram de ser executadas instalações totalmente novas para, praticamente, todos os sistemas: Elétricos, de Dados, Hidráulicos, de Gases Medicinais e de Climatização, uma vez que as instalações existentes foram configuradas para uso comercial, muito diverso da complexidade que requerem os sistemas para uma unidade de saúde”. Para Umoatã, projetar a nova unidade Portomed foi uma grande oportunidade “de aplicar conhecimentos acumulados em outros projetos e agregar novas experiências e conhecimentos que sempre contribuem para a formação da identidade dos projetos do escritório, a organização de processos e estreitamento de parcerias profissionais”.

Recepção do atendimento adulto

Equipe Pua Arquitetura: Cintia Tengan, Paulo Burckas, Kelly Sousa, Umoatã M. Almeida e Ricardo Ferraz Braga

Health 119 ARQ


Eventos 2017 Março Evento: Ciclo de palestras Mike Reynolds Local: Stream Palace Hotel – Ribeirão Preto (SP) Data: 23 e 24 de março Mais informações: www.palestramikereynolds.com.br

Abril Evento: 3º Seminário BIM / AsBEA Local: Sede da Fecomércio - São Paulo (SP) Data: 3 de abril Mais informações: www.asbea.org.br

Maio Evento: Feira + Fórum Hospitalar Local: Expo Center Norte - São Paulo (SP) Data: 16 a 19 de maio Mais informações: www.hospitalar.com

EXPEDIENTE CEO e Publisher: Edmilson Jr. Caparelli Diretora-administrativa: Lúcia Rodrigues Diretora-financeira: Rafaela Mofato Diretora de Arte: Erica Almeida Alves Diretor de Marketing: Jailson Rainer Diretor Executivo: Marcelo Caparelli Diretora Comercial: Giovana Teixeira Diretor de Projetos Especiais e Customizados: Márcio Ribeiro Editora do Grupo Mídia: Carla de Paula Pinto Redação: Clivonei Roberto e Guilherme Batimarchi Colaboração: Maísa Oliveira Estagiários: Juliana Ijanc’ e Kahel Ferreira Produtora de Arte: Valéria Vilas Bôas Coordenação de Pesquisa: Janaína Novais Executiva de Contas: Rafaela Rizzuto

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