1ª Edição da Health-IT

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Editorial

Edmilson Jr. Caparelli, Publisher

É

Missão cumprida

com grande prazer e satisfação que concretizamos a primeira edição da Health-IT. Depois de alguns anos estudando essa possibilidade, sentimos que este é o momento de colocar em suas mãos uma revista focada em TI em saúde, com espaço para artigos e matérias de inovação, visão de mercado e cases de sucesso. Sempre voltada para engrandecer as ideias dos CIOs e gestores da área. É com esse foco que abrimos a discussão sobre o que tratar dentro da nossa revista. E claro que a mobilidade não poderia ficar de fora. Hoje, as tecnologias móveis proporcionam aos médicos o benefício de receber informações em tempo real sobre as condições dos pacientes. Por meio desses recursos, é possível promover um tratamento muito mais ágil. É o que tem acontecido dentro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que tem 100% de cobertura de rede sem fio. Porém, a conectividade precisa ser minuciosamente planejada e instalada face às centenas de cabos organizados que podem influenciar na segurança de um paciente. Essa é a visão do CIO Klaiton Simão, do Hospital São Camilo, que participou ao lado da Maria Luiza Malvezzi, do HCPA, da matéria de mobilidade. Em paralelo à tecnologia móvel está a prescrição feita eletronicamente pelo profissional de saúde. Um sistema de gestão consegue

ter e cruzar em seu banco de dados milhares de informações que não caberiam na memória de um ser humano. Com mais de 1 milhão de atendimento por ano, a Santa Casa de São Paulo conta na seção “TI pra que te quero” o caminho escolhido rumo ao PEP. Outro tema bastante falado em TI em saúde é cloud computing. Conversamos com Jacson Barros, CIO do HC de São Paulo, para entender o projeto de nuvem da instituição, que já está em prática há quase dois anos e é considerado um sucesso entre os usuários. Nomes como Lilian Hoffmann (Beneficência Portuguesa), Paulo Gusmão (Centro de Combate ao Câncer), Marco Antonio Cardoso (Theraskin Farmacêutica), Fábio Pereira (Plena Saúde), Mário Vrandecic (Biocor), David Oliveira (Sepaco), Ricardo Santoro (Albert Einstein), entre outros agregam valores nesta primeira edição. Para a matéria de capa, ouvimos o Jeremy Bonfini, Vice-presidente da HIMSS, e o André Luiz de Almeida, da ABCIS. Em uma conversa descontraída, os executivos contaram as suas expectativas para a primeira edição do evento no Brasil. Batalhamos muito para que a Health-IT saísse do forno recheada de muito conteúdo e informação, com a sensação de missão cumprida. Essa é só a primeira de muitas edições.

Boa leitura!



Sumário

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TICs na saúde: um caminho sem volta

Artigo Paulo Magnus

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Reestruturação de peso

Muito além de confiança

34 Cinco erros evitáveis

Conhecimento compartilhado


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No balanço da mobilidade

Aterrisagem em solo brasileiro

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O fim dos ERPs customizados?

GestĂŁo do paciente

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Caminhando na nuvem

Desafios da SaĂşde

Artigo Marcelo Silva


Está na rede

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Saúde na nuvem A Samsung Electronics revelou o protótipo de uma pulseira que irá monitorar a saúde da pessoa através do serviço na nuvem. O aparelho, chamado Simband, pode medir indicadores de saúde, como ritmo cardíaco e pressão sanguínea. A plataforma de hardware da pulseira será aberta para que outros desenvolvedores possam criar seus próprios produtos. A Samsung informou também que pretende criar um fundo de US$ 50 milhões para financiar os desenvolvimentos para o aparelho realizados por terceiros. Em relação ao software, o Samsung Architecture for Multimodal Interactions, serviço de dados na nuvem, será um repositório para as informações que os consumidores escolherem compartilhar com os desenvolvedores de aplicativos móveis, que poderiam oferecer um software que recomende regimes de exercícios ou dietas, entre outras atividades.

DATASUS investe em mobilidade O departamento pertencente à estrutura organizacional do Ministério da Saúde e subordinado à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa acaba de implementar a plataforma MicroStrategy Mobile em um de seus principais projetos, o Hórus, ou Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica. Usuário da solução de BI da MicroStrategy desde 2010, o objetivo do DATASUS é atingir um número ainda maior de usuários, provendo acesso às informações do Hórus também via dispositivos móveis. Graças à solução de BI utilizada, o DAF consegue monitorar a utilização do Hórus e seu alcance dentro da rede de assistência farmacêutica, trazendo inclusive subsídios para qualificar as estratégias que permitem e norteiam a sua implantação, ampliação e utilização, além de conferir maior precisão na avaliação da efetividade das políticas públicas elaboradas para a área. Atualmente, são 1,5 mil usuários e a expectativa é que, em aproximadamente três anos, esse número alcance 15 mil, dependendo ou não da adesão dos municípios. O Hórus é disponibilizado por adesão, sendo hoje utilizado por 1.022 cidades.

TOTVS apresenta novo software para saúde A TOTVS preparou o seu ERP especialista no segmento Saúde para apoiar as empresas a se adequarem às novas regulamentações estabelecidas pela TISS 3.02. A preocupação da empresa em adaptar o seu ERP para total atendimento às novas regras vai além da oferta tecnológica. A companhia atentou-se às diversas alterações que as empresas precisam realizar internamente para se adequarem à TISS 3.02 e analisou as dificuldades envolvidas neste processo. “Estamos nos preparando continuamente para oferecer um serviço completo que apoie as empresas deste nicho de forma especialista e consultiva”, diz o diretor do Segmento de Saúde da TOTVS, Nelson Pires.

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Cerner compra a divisão de TI da Siemens por R$ 1,3 bilhão

Fotos: Divulgação

A americana Cerner investiu R$ 1,3 bilhão na compra da divisão de serviços de tecnologia da informação da alemã Siemens, cujas vendas chegaram a US$ 1,2 bilhão anualmente. A compradora aposta que o negócio vai trazer uma carteira de clientes e um reforço no portfólio, além de aumentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Por outro lado, as duas empresas concordaram em criar uma joint venture especializada em projetos que unam sistemas de TI com outras tecnologias médicas – cada uma fará um aporte inicial de US$ 50 milhões.

F4SI chega ao Brasil MV vai às compras Sem falar em valores, a MV Sistemas anunciou a aquisição da Racers Tecnologia, especialista em desenvolvimento de softwares para operadoras de planos de saúde. O objetivo é ampliar a atuação no segmento das operadoras Unimeds, segundo o presidente da empresa, Paulo Magnus. A escolha foi norteada pela relevância da Racers em operadoras, modelo de gestão semelhante ao praticado pela MV e bons resultados em relação ao Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS), calculado a partir de indicadores definidos pela ANS.

O Brasil foi escolhido pela Foundation For Social Innovation (F4SI) para mais um escritório. A missão é realizar projetos nas áreas de Saúde e Educação para governos da América Latina. A entidade possui unidades também no Panamá, Peru, Colômbia e nos Estados Unidos. Paulo Purchio assume o cargo de Country Director da fundação em terras brasileiras. A F4SI entende que apesar da crise o Brasil tem “cases” importantes (como o SUS) e estatísticas de utilização que poucos países podem alcançar.


De olho na TI Javier Gonzalez integra o time da Agfa Healthcare A Agfa HealthCare anunciou a contratação de Javier María Gonzalez Tejera para coordenar a divisão Imaging da América Latina. O executivo é o novo responsável pelos negócios em todos os países da região. Gonzalez tem formação em Economia pela Universidad Complutense de Madrid, com MBA no IESE da mesma cidade. Em sua bagagem profissional consta a experiência como gerente geral de suprimentos na Adveo, diretor geral da Carestream Health e da Kodak.

Com foco na determinação da Anvisa, na qual laboratórios, drogarias, hospitais e clínicas terão que se adaptar ao novo Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, a Regency IT Consulting e a norte-americana Q Data firmaram parceria a fim de avaliar, planejar e implementar localmente a tecnologia SAP GBT (Global Batch Traceability). A solução promove o rastreamento de produtos de ponta a ponta da cadeia de suprimentos, entregando ao sistema de gestão dados sobre as ações e incidentes relativos a fabricação, armazenamento, transporte, distribuição e venda dos produtos.

Hospitais de SP terão atendimento à distância O governo de São Paulo investiu R$ 3,1 milhões no projeto de atendimento médico à distância, que terá auxílio de profissionais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e do Hospital São Paulo. Após a avaliação dos quadros será definida a necessidade da transferência do paciente para hospitais de referência. O sistema será operado pela Central de Regulação da Oferta de Serviços de Saúde e vai utilizar videoconferências para discutir os quadros clínicos dos pacientes.

Fotos: Divulgação

De olho na determinação da Anvisa


Papo de CIO

Desafios da saúde Acompanhe na íntegra o que os CIOs Marco Cardoso e Paulo Gusmão pensam sobre a TI em saúde frente à área de tecnologia da informação de outros segmentos De um lado, médicos sem noção exata dos limites e recursos dos sistemas de TI; de outro, desenvolvedores com pouco ou nenhum conhecimento das necessidades práticas de um processo hospitalar. Afinal, o que difere um CIO de saúde de um CIO de outras áreas?

Marco Antonio Cardoso, CIO da Theraskin Farmacêutica:

Antes de tudo, precisamos esclarecer que quase a totalidade das estruturas de TI das empresas de qualquer setor deve estruturar-se para seguir um determinado modelo de gestão profissional com alto nível de maturidade, e esse deve conter entre seus principais assuntos o Planejamento Estratégico de TI, Gestão de Sistemas, Gestão de Demandas, Gestão de Processos, Gestão da Arquitetura de TI, Gestão de Fornecedores, Gestão de Pessoas, Gestão Financeira e a Gestão de Riscos e Segurança da Informação e, além disso, o CIO deve ter ampla visão sistêmica do negócio aonde esta inserido. Como todos os ramos de negócios o setor de saúde possui particularidades a serem tratadas pelos CIOs e aqui nos ateremos as diferenças no setor Farmacêutico. Hoje, é notória a grande demanda para o CIO para com os requisitos de compliance. Muitos ramos de negócios possuem várias regulamentações, principalmente as financeiras, tais como SOX e Basiléia. Mas no ramo da saúde também temos que atender as diretrizes da ANVISA e do FDA (Food and Drug Administration). No caso da indústria farmacêutica devemos atender entre outras a RDC 17, que dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Medicamento; CRF Parte 11, para garantir que as empresas de ciências da vida possam utilizar registros e assina-

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turas eletrônicas; e o Guia de Validação de Sistemas Computadorizados e Qualificação de Infraestrutura – que dispõe de regulamento que possa garantir a exatidão e a integridade dos registros de dados para o ciclo de vida do produto. Talvez o maior desafio na saúde seja quebrar o conservadorismo que o setor possui, aceitando que sistemas, processos e inovação, advindos de outros mercados, possam agregar valor aos negócios. Para isso, o CIO precisa participar de eventos para ouvir as novidades e experiências, e entender como elas


Mapeamento de Comportamentos, Big Data, BYOD, Cloud Computing e etc. Outro desafio: devemos ser agentes de integração e facilitadores de comunicação entre todos os stakeholders - colaboradores, clientes, médicos, fornecedores.

se encaixam nos negócios da empresa, seja para reduzir custos, organizar processos ou para alavancar receitas. Temos que nos manter próximos a todas as novas tecnologias disponíveis para verificar se elas podem e/ou devem ser aplicadas aos negócios do setor, tais como Redes Sociais,

Paulo Buarque de Gusmão, CIO do Centro de Combate ao Câncer: dos como texto puro, o que dificulta tremendamente a análise das bases de dados. Como em qualquer indústria, para a área de TI conseguir criar soluções inteligentes deve existir uma parceria muito forte entre analistas, desenvolvedores e profissionais assistenciais. Nos raros casos em que já ocorre esta integração, as soluções criadas sempre são bem recebidas e bem sucedidas em seus objetivos.

Talvez a Saúde seja o último grande segmento corporativo a ser impactado pelo uso de tecnologia de informação. O momento que estamos vivendo, de consolidação de mercado e pressão por controle e redução de custos, faz com que o setor de TI entre no foco. Claro que equipamentos de saúde são utilizados há décadas, com avanços significativos, em especial, na área de exames por imagem. Porém, o uso de tecnologias de informação baseadas em software ainda é muito reduzido. E acredito ser justamente através do uso inteligente de softwares que a TI poderá impactar significativamente a área de saúde. Hospitais e clínicas devem investir em softwares customizados e em análise de dados para conseguir identificar desde melhores práticas assistenciais até como e onde reduzir custos e otimizar receitas. Mas a área de Saúde sofre com o baixo uso dessas ferramentas para as suas necessidades. A começar por sistemas de EMR (Electronic Medical Record). Os sistemas atualmente em uso são extremamente genéricos, não levando em consideração necessidades específicas de práticas assistenciais tão distintas e tão complexas. Por exemplo, um prontuário eletrônico de um ortopedista deve ser diferente de um prontuário eletrônico de um oncologista. Essa necessidade básica demanda interfaces distintas para diferentes tipos de usuários. Sem interfaces diferentes os dados armazenados tendem a ser incompletos ou a ser armazena-

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Panorama Panorama

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TI pra que te quero

Caminhando na nuvem O modelo cloud computing parece ter sido certeiro na escolha do HC de São Paulo. Ao enviar todo o serviço de mensagens para a nuvem, a TI garante que a melhoria dos processos de colaboração passou a fazer parte do propósito de mudança

Q

uem não arrisca não petisca. É exatamente o que tem feito o engenheiro elétrico Jacson Barros nos últimos 20 anos. Primeiro por optar deixar de lado os setores de construção civil e metalúrgica para adentrar na área da saúde; segundo por colocar em prática um projeto de adoção da computação em nuvem em um dos mais importantes polos brasileiros de disseminação de informações técnico-científicas, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), onde é diretor coordenador de TI. E sua ambição não é pouca: a projeção para o plano posto em prática em meados de 2012 é de zerar o número de dados no hospital em dois anos. “O uso da cloud privada aumentou significativamente. Estamos diminuindo muito o uso de servidores e, quanto a nuvem pública, este fato também pode ser constatado, cada vez mais os usuários estão adeptos ao aplicativo de colaboração que está na nuvem. Além de não termos mais a barreira de apresentar soluções baseadas em SaaS”, revela. Pode parecer ousado para uma instituição com cerca de 2 mil leitos e 15 mil pro-

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fissionais nas mais diversas profissões, mas Barros também acredita em uma diminuição significativa de impressões de papel, cerca de 70% no complexo como um todo. “A questão, na verdade, não é ter ou não o papel, mas sim informatizar e automatizar os processos, evitando que as decisões sejam interpretativas. Isto é, que cada ator do processo saiba exatamente o que tenha que fazer e não perca tempo na interpretação de uma informação ou fluxo.” O projeto de nuvem foi criado para suprir a falta de uma ferramenta capaz de acompanhar a evolução do serviço

prestado ao público. É o caso do sistema de e-mail do hospital - antes considerado limitado em recursos, com uma caixa de entrada mínima e atraso no recebimento de mensagens, sem contar a falta de disponibilidade necessária para garantir a agilidade na comunicação entre os departamentos a partir dos núcleos administrativo, assistencial, ensino e pesquisas. Ao assumir a diretoria de TI da instituição, há dois anos, o executivo se deparou com esse sistema de e-mail precário e alto índice de descontentamento pelos usuários. “Embora houvesse um projeto


interno para a implantação de um novo sistema de e-mail, questionei a equipe se este realmente era o nosso papel. Depois de uma avaliação sobre a nossa maturidade em relação à gestão deste tipo de serviço, resolvemos buscar uma solução na nuvem”, diz. Ainda que a iniciativa tenha sido capitaneada pela TI, Barros explica que foi necessário apresentar ao órgão máximo do HC os benefícios e riscos de uma solução como esta, afinal, tratavase de uma quebra de paradigma na instituição. “Não foi trivial convencer outras diretorias. No entanto, os argumentos técnicos que nos levaram à decisão foram muito bem esclarecidos.” Com tanta dedicação, o resultado final não poderia ser diferente. Quase dois anos depois de iniciar o processo de migração, o executivo garante que tudo percorreu conforme o planejado, embora seja perceptível aos olhos de Barros que ainda há alguns ‘gaps’ de entendimento e conhecimento de todo o ambiente. “Treinar a equipe é uma de nossas dificuldades. Infelizmente, quando iniciamos este projeto nem todos do grupo estavam alinhados quanto à tecnologia. O monitoramento não é fácil”, revela o CIO do HC ao comentar que, por outro lado, a aceitação foi excepcional, pois resolveu um grande gargalo que existia na disponibilidade de ambiente. “Ainda há muito á fazer, mas cada passo que damos mostra que escolhemos o caminho certo. Posso lhe dizer, que não há mais volta”, conclui.

Escolha certeira Nos últimos anos, o HC/FMUSP investiu muito em sua infraestrutura física da rede computacional, além de ampliar a comunicação entre os diversos serviços de TI. No entanto, segundo Barros, a informatização de sistemas e processos pouco evoluiu. Hoje, o hospital ainda conta com uma série de sistemas funcionando em silos dificultando a interoperabilidade. Para reverter este cenário, o modelo cloud computing parece ter sido certeiro, uma vez que a mudança para um sistema de e-mail a ser instalado localmente demandaria outros investimentos em infraestrutura de TI, além de entregar um ambiente de ad-

ministração in house desnecessário. “Isso poderia muito bem ficar por conta do fornecedor do ambiente em nuvem. Além de não oferecer as funcionalidades para mensageria e colaboração que se buscava”, afirma. Sem revelar o valor investido no projeto, Barros, que é mestre em Interoperabilidade entre fonte de dados hospitalares pela Universidade de São Paulo, decidiu pela Dedalus para implementar o Google Apps em toda a instituição. Com aproximadamente 8 mil usuários, a ferramenta foi abraçada tanto pelos recursos disponíveis da plataforma, como pelos casos de sucessos em grande contingente de colaboradores. “Além disso, a melhoria dos 17


TI pra que te quero

Cloud computing e o HC Quanto aos benefícios, não há comparação com as barreiras enfrentadas, segundo Barros. “Não tínhamos um sistema de e-mail confiável. Não era possível manter um SLA aceitável. Só para ter uma ideia, passamos de um ambiente de 25 Mb/usuário para 30Gb/ usuário. Ainda neste contexto, hoje, nosso índice de reclamação com este serviço é zero.” Juntamente com a implantação do Google Apps, o HC iniciou o projeto do Single Sig-

n-on. O executivo confirma que, hoje, conta com uma rede complexa de sistemas, apoiado na identificação única do usuário. “Este projeto já está maduro e já é uma realidade no hospital. Todos os sistemas estão conectados ao HUB de elegibilidade. Ele está conectado à nuvem da Google e ao nosso sistema de gestão de recursos humanos. Esta decisão trouxe muitos benefícios e nos ajudou na implantação de Políticas de Segurança da Informação”, conclui.

processos de colaboração passou a fazer parte do propósito de mudança”, conta. Hoje, o hospital conta com uma complexa rede de máquinas, interligando aproximadamente 4.500 equipamentos e dezenas de servidores, através de conexões de fibra ótica de alta velocidade. “Temos, aproximadamente, 10 mil computadores conectados através de uma rede de aproximadamente 20 Km. Pretendemos investir na modernização desta rede [core] nos próximos seis meses.”

Não foi trivial convencer outras diretorias. No entanto, os argumentos técnicos que nos levaram à decisão foram muito bem esclarecidos. Jacson Barros, CIO do HC de SP

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HiTech

Gestão do paciente Framework inteligente de gestão remota é baseado em diálogos e voltado a cuidados extra hospitalares

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m busca de otimizar o atendimento e o trabalho dos profissionais de saúde, um novo sistema tecnológico foi desenvolvido: o Clever Care. A plataforma é baseada em inteligência artificial, inovações na área de computação avançada e reconhecimento de padrões, aprendizagem de máquina, além de processamento de linguagem natural, entre outras técnicas que auxiliam na solução de problemas reais. O Clever Care é um framework inteligente de gestão remota baseado em diálogos e voltado a cuidados extra-hospitalares. “Através dele é possível conversar com os pacientes por meio de SMS, por exemplo, para saber como está sua recuperação e orientá-lo após a alta. O sistema permite também que o paciente tire suas dúvidas em tempo real”, revela Mário Sérgio Adolfi Júnior, desenvolvedor do sistema. Esta plataforma online funciona através dos dados cadastrados pelo profissional de saúde responsável sobre um determinado paciente. “Eu cadastro, primeiramente, as dúvidas do paciente e os medicamentos que ele deve tomar. Com isso,

Quem é? Adolfi Jr. é formado em informática biomédica, com doutorado em clínica médica pela FMRP. Também é presidente da Kidopi, empresa desenvolvedora do sistema ligada ao Supera Parque Tecnológico. Ele é um dos dez ganhadores do prêmio MIT Technology Review Inovadores, para jovens de até 35 anos que trabalham para encontrar soluções que resolvam problemas reais da sociedade por meio da tecnologia. A indicação para o prêmio partiu da Supera Incubadora de Empresas, vinculada a Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde de Ribeirão Preto (Fipase), e contou com apoio da Agência USP de Inovação. Os jovens inovadores brasileiros foram escolhidos por uma comissão de jurados nacionais e internacionais, entre eles empresários, tecnólogos e pesquisadores.

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HiTech

Gestão e Acompanhamento de Doentes Crônicos Isto se dá por meio de medidas como: • Promover um acompanhamento individual, personalizado e ativo para controle dos fatores de risco e evolução dos pacientes através do envio de SMSs; • Sanar eventuais dúvidas referentes a sua doença de forma rápida e clara e ajudar o paciente a conhecer sua doença e cuidar de sua saúde via SMS; • Promover medidas de estímulo de autocuidado através de mecanismos de gameficação; • Prover informações estatísticas em tempo real; • Permitir a rápida intervenção caso alguma intercorrência seja observada;

o sistema envia uma mensagem ao doente perguntando se ele já tomou seu remédio naquele determinado horário. O sistema passa por um processamento de linguagem natural que consegue extrair esta informação e entender o que o paciente falou. Partindo deste ponto, ele consegue evoluir o diálogo.” Segundo o desenvolvedor do sistema, seu principal objetivo é tornar a atenção à saúde pública mais eficiente, otimizando tempo, resultados e recursos. O Clever Care foi baseado nos módulos do já existente HealthBI, buscando converter a informação em ferramentas de controle e prevenção. “A nova ferramenta consiste em aprimorar o algoritmo do programa, incluindo os alertas por mensagens de texto e a prevenção de doenças crônicas. Ele enviará avisos aos pacientes, garantindo que seus tratamentos sejam continuados e controlando os fatores de comportamentos de risco”, explica Adolfi.

Gestão e Acompanhamento Ativo Personalizado de Gestantes e Primeira Infância Isto se dá através de medidas como: • Envio de lembretes SMS de incentivo ativo à realização de exames importantes de acordo com a fase gestacional, como pré-natal; • Acompanhamento dos resultados dos exames e identificação de potenciais intercorrências; • Lembrete ativo por SMSs de vacinações necessárias; • Estabelecimento de um canal de comunicação via SMS permitindo que as mães, em especial as de primeira viagem, consigam sanar eventuais dúvidas; • Avaliação e acompanhamento ativo da primeira infância; • Promover medidas de estímulo de autocuidado através de mecanismos de gameficação; • Prover informações estatísticas em tempo real; • Permitir a rápida intervenção caso alguma intercorrência seja observada;

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O programa está em fase de teste no Morro da Providência no Rio de Janeiro, e pode acionar os profissionais de saúde conforme a resposta do paciente. “Caso ele reporte uma tontura, o médico responsável irá receber um alerta sobre o problema. A grande inovação é justamente esta automatização, poupando a mão de obra humana”, comenta o desenvolvedor. O Clever Care levou cerca de um ano para ser desenvolvido por uma equipe de nove pessoas. E levou o desenvolvedor que esteve à frente do projeto, Mário Sérgio Adolfi a ser premiado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), entre os dez jovens mais inovadores do Brasil neste ano.

Confirmação de consultas agendadas Isto se dá através de medidas como: • •

• •

Envio de SMSs de lembrete de horário para administração da medicação; Envio de SMSs de confirmação de consultas agendadas, realizando eventual confirmação ou cancelamento como necessário; Sanar dúvidas relacionadas à consulta agendada; Prover estatística em tempo real e otimização dos horários disponíveis;

Gestão e Acompanhamento de Pacientes com Tuberculose visando à Aderência ao Tratamento Isto se dá por meio de medidas como: • • • •

Envio de SMSs de lembrete de horário para administração da medicação; Sanar dúvidas do paciente em relação a sintomas e à sua enfermidade; Prover aderência ao tratamento com diálogos ativos, convencendo o paciente sobre a importância da continuidade no tratamento mesmo com o encerramento dos sintomas; Prover estatística em tempo real e otimização dos horários disponíveis;

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Visão de Mercado

Muito além de confiança Agilidade e assertividade fazem da TI um pilar para a sobrevivência do negócio na saúde

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ecnologia, ambiente, processos e pessoas. Elementos tão suscetíveis a erros e falhas e, ao mesmo tempo, peças fundamentais para garantir a segurança da tecnologia da informação em uma instituição. Se por um lado os ataques se tornam cada vez mais constantes, as técnicas de defesa também estão sendo muito disseminadas. “Avaliar os riscos e implementar controles apropriados para preservar a integridade, confidencialidade e disponibilidade dos ativos de informação é essencial para garantir proteção dos dados contra ameaças e vulnerabilidades”, considera Mario Vrandecic, fundador do Biocor Instituto, localizado em Nova Lima (MG). Mesmo que os riscos sejam uma realidade, Ricardo Santoro, CIO do Hospital Israelita Albert Einstein, aposta que os benefícios da tecnologia da informação são maiores do que os riscos de violação da privacidade. Para o executivo, do mesmo modo que ou-

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tros setores como varejo, financeiro e telecomunicações estão suscetíveis a ataques, o mesmo acontece na Saúde. Por isso a necessidade de estratégias e ferramentas mais sofisticadas para proteger melhor os dados de pacientes. “Há também a questão da conscientização do uso destas informações feito pelos funcionários. Não adianta nada prover uma arquitetura de segurança sofisticada se um usuário interno fotografar dados de um paciente

com o smartphone e divulgar em meios indevidos e/ou não autorizados”, afirma Santoro. Sob o ponto de vista de David Oliveira, gerente de TI do Hospital Sepaco, na capital paulista, para cada segmento há um modelo de segurança que melhor se encaixa. “No caso da indústria da saúde, a privacidade do paciente está diretamente relacionada à quebra de paradigmas e entendimento do que representa sua privacidade, pois cada instituição entende de uma forma.”


Um dos problemas apontados por Oliveira é a circulação de prontuários de paciente entre setores por motivos diversos e burocráticos. “A TI não consegue controlar a privacidade física. Quando se reconhece essa falha, avançamos para outro patamar de maturidade a ponto de centralizar a circulação desses prontuários por meio eletrônico e controlar seu acesso pelos sistemas.” Tais questões estão diretamente ligadas ao comportamento dos colaboradores. “Embora sejam fundamentais, uma solução segura e uma política de segurança da informação bem clara e acessível, os profissio-

nais devem estar cientes e saber sobre a gravidade de atos ou negligências quanto ao sigilo dos dados”, afirma Antônio Augusto Gonçalves, chefe da Divisão de Tecnologia da Informação do Inca.

Ainda vivemos um momento de transição, em que as empresas de TI estão descobrindo oportunidades no segmento de saúde, mas não temos muitos profissionais capacitados para atuar neste segmento.

Ricardo Santoro, CIO do Hospital Israelita Albert Einstein

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Visão Visão de de Mercado Mercado

Sobrevivência Mais do que integrar as atividades, a TI é hoje sinônimo de sobrevivência da instituição no mercado, conferindo assertividade e rapidez nos procedimentos. “A qualidade e a rapidez na disponibilização da informação para a tomada de decisão pelos executivos passa a ser um diferencial importante na sobrevivência de qualquer unidade de negócio. As correções de rumo precisam ser ágeis e certeiras”, afirma Valter Carillo, gerente de TI do Grupo São Cristóvão. O executivo do Inca vai além e acredita que aliar Tecnologia da Informação com a Governança Corporativa é o primeiro passo para impulsionar o Negócio. “A afirmação também é verdadeira para o hospital. A TI irá contribuir, por exemplo, em diagnósticos mais rápidos e precisos e redução nos custos.”

Tudo gira em torno da TI. Desde a abertura do cadastro do paciente até a alta. É a melhor forma para uma boa análise de dados, na tomada de decisões e estratégias.

Erik Oki, Gerente de TI do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro

Há uma evolução tecnológica crescente nos produtos e serviços ofertados ao mercado. Entretanto, ainda há uma lacuna muito grande entre o que os fornecedores destes produtos e serviços estão oferecendo e o que o mercado está esperando.

Valter Carillo, Gerente de TI do Grupo São Cristóvão 24 24


Investimentos de Sino Brasileiro. Para Isabel Argenta Cervelin, coordenadora operacional do Hospital Unimed Caxias do Sul (RS), por mais que haja diversos fornecedores no mercado, ainda há a necessidade de uma maior agilidade nas melhorias e customizações de cada produto. “É muito comum, no dia a dia das

instituições, iniciativas de melhorias em processo de trabalho que, por sua vez, impactam em ajustes tecnológicos. Hospitais são imediatistas, portanto entendo que os tempos de atendimento ainda podem ser ajustados para a implantação mais eficaz do sistema de informática em prol da rotina hospitalar.”

A segurança da informação é um processo contínuo, cíclico e em constante aprimoramento. As empresas de TI que desejam manter a sua sustentabilidade precisam focar na melhoria contínua, procurando níveis mais elevados de eficácia e eficiência.

Mesmo sendo imprescindível para a instituição, investir em TI, segundo os líderes da área, tem um custo muito elevado no Brasil, principalmente se comparado com países mais avançados. “Infelizmente, a tecnologia ainda é muito cara no nosso país e, por isso, deixa o desenvolvimento de empresas ainda muito lento. No nosso hospital, por exemplo, estamos investindo em pulseira eletrônica de identificação para bebês e mamães da maternidade, além de prontuário eletrônico e assinatura digital. Esse avanço contabilizou mais de R$ 30 milhões em TI”, afirma Erik Oki, gerente de TI do Hospital e Maternida-

Mario Vrandecic, Fundador e CEO do Biocor Instituto 25 25


Entrevista

Aterrisagem em solo brasileiro

Pela primeira vez na América Latina, a HIMSS promete chamar a atenção de todo o mundo com as novidades para as mentes brilhantes das áreas de Saúde e Tecnologia, segundo Jeremy Bonfini, VP da Healthcare Information and Management Systems Society. O evento conta com a parceria da ABCIS para melhores práticas e networking ilimitado

O tamanho do Brasil nos chamou a atenção e, consequentemente, nos fez acreditar em uma boa oportunidade de atingir um maior público.

Jeremy Bonfini, VP da HIMSS

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E

m 2014 o Brasil foi palco do maior evento futebolístico do mundo e está na ponta da língua dos seus nativos por causa da eleição presidencial que ainda está para acontecer. Mas no setor da saúde, o grande mote é a aterrisagem em solo brasileiro da mais importante conferência e exposição sobre tecnologia da informação em saúde: a HIMSS. Além de ser sede do primeiro evento na América Latina, o Brasil recebe um novo programa transformador para a dinâmica LATAM. Mentes brilhantes das áreas de Saúde e Tecnologia prestigiam as novidades da HIMSS em parceria com a Associação Brasileira de CIO Saúde (ABCIS), que oferece as melhores práticas aos profissionais do setor e possibilita networking ilimitado com líderes de TI. “Nossos propósitos chave são a divulgação de modelos de melhoria e profissionais que passaram pela etapa de tentar elevar o nível de maturidade do uso de Tecnologia da Informação em suas corporações, além de exibir grandes corporações do mundo e como elas funcionam verificando se esse modelo pode ser adaptado na América Latina”, relata André Almeida, presidente da ABCIS. Para o executivo, a conferência HIMSS LATAM é uma confluência de fatores que reunidos levam a discussões de alto nível em como é possível fazer uso da TIC no setor saúde, olhando para o objetivo final que é prestar uma assistência melhor e mais eficaz. Outro ponto forte do evento é a conexão entre CIOs e os demais profissionais da saúde. Está cada vez mais claro que não só o médico, mas toda a equipe assistencial multidisciplinar tem que ser uma forte aliada da TI. “Nunca podemos encará-los como concorrentes, temos que lembrar que eles são nossos clientes e nossa função é ofertar apoio para que possam trabalhar de forma

adequada e segura. Como agentes de mudança, os profissionais de TIC sempre encontram resistência no caminho de suas implantações”, enfatiza Almeida. Ter a TI como uma área parceira e estratégica é o caminho para a melhor qualidade assistencial. A integração das informações de saúde, nos diversos níveis de financiamento e de atenção hoje é considerada imprescindível aos olhos do executivo, que acredita que essa será a próxima grande onda de trabalho, pelo menos aqui no Brasil. “Para todos os gestores está claro que essa desintegração das informações de saúde dificulta o planejamento epidemiológico e administrativo. A HIMSS nesse sentido já lançou um ferramental que está sendo estudado por diversos gestores para apoio que é o modelo de maturidade para continuidade da atenção em saúde. Esse modelo vem pensando em uma lógica de compartilhamento de informações entre unidades assistenciais.” Essa estratégia, entre outras, é um dos destaques da entrevista exclusiva que Jeremy Bonfini, vice-presidente da HIMSS International, concedeu à Health -IT. Acompanhe:

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Entrevista Health-IT: Qual é a importância deste primeiro HIMSS Latam? Jeremy Bonfini: Há um novo horizonte de investimento em tecnologia da informação em saúde na América Latina. E, pela primeira vez, a HIMSS desenvolveu uma pesquisa para acompanhar de perto este novo potencial investimento. Chamado de HIMSS Analytics, o nosso estudo fez com que enxergássemos um movimento positivo na adoção de TI na Saúde. E está claro que ambos os fornecedores locais e internacionais de Registros Médicos Eletrônicos [EMR, na sigla em inglês] têm um número considerável de clientes em nosso pipeline para ser avaliado internamente, com a ajuda do HIMSS Analytics. Posso afirmar que é emocionante para nós ver esse desenvolvimento e o rápido crescimento das economias no que tange TI em saúde na América Latina.

Health-IT: O que fez a HIMSS escolher o Brasil para sediar este importante evento? Bonfini: Em primeiro lugar, o tamanho do Brasil nos chamou a atenção e, consequentemente, nos fez acreditar em uma boa oportunidade de atingir um maior público. Outro motivo está baseado nos resultados do Stage 6, do nosso estudo HIMSS Analytics, que inclui resultado de foco, boa gestão e um compromisso de liderança. Aqui foram estudadas instituições que estabeleceram metas claras para melhorar a segurança, minimizando os erros e priorizando as implementações de TI. Nós avaliamos histórias de excelência de toda a América Latina antes de tomarmos a decisão. Por exemplo, outro país que se enquadra nos quesitos do Stage 6 é o Chile. Vejo algo em comum na região LATAM: muitos dos mesmos desafios são compartilhados entre os hospitais como, por exemplo, a busca por aumentar o acesso da população à saúde de qualidade.

Nossos propósitos chave são a divulgação de modelos de melhoria e profissionais que passaram pela etapa de tentar elevar o nível de maturidade do uso de Tecnologia da Informação em suas corporações.

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André Almeida, Presidente da ABCIS


Health-IT: Após a escolha do Brasil, como aconteceu a parceria entre a HIMSS e a ABCIS? Bonfini: A ABCIS nos ofereceu uma oportunidade que não poderia recusar de forma alguma, que é a possibilidade de combinar os líderes de TI em Saúde do Brasil com a nossa melhor prática internacional. A HIMSS foi desenhada para servir os líderes que buscam trazer para dentro de suas respectivas instituições um verdadeiro ROI. E nada melhor do que poder combinar a convocação desses gestores por parte da ABCIS com a nossa oferta de novas ferramentas de trabalho, tais como relatórios de benchmarking de TI, melhores práticas internacionais e o modelo de adoção de EMR. Tudo focado em capacitar o importante público de Líderes de TI em Saúde do Brasil, tanto os que trabalham em hospital quanto aqueles que estão à frente do governo. Health-IT: Com os projetos detalhados restam as expectativas. Quais são as suas perspectivas sobre este primeiro HIMSS Latam? Bonfini: Estamos muito animados. Há muitas novidades preparadas para este evento, e Sob os olhos de André Almeida As instituições de saúde não apresentam um nível uniforme de utilização das tecnologias da informação. Por vezes, e não raro, se vê dentro da mesma instituição usos altamente sofisticados de TIC, como no PACS e funções administrativas que já poderiam ter sido automatizadas ainda no papel. Essa disparidade tem que diminuir. Entendo que isso tudo é um grande processo de amadurecimento, que tem que ser consciente e dirigido. Nesse sentido o EMRAM (modelo de adoção de uso do prontuário eletrônico, da HIMSS) é uma ferramenta primordial, ela apoia o CIO na tomada de decisão apontando o caminho natural a ser passado no processo de amadurecimento.

uma delas é a entrega do primeiro prêmio Stage 6 Award Winners. Temos um dos principais executivos de saúde dos Estados Unidos palestrando pela primeira vez na América Latina. Também estamos introduzindo a troca de informações de saúde através do Integrating the Healthcare Enterprise (IHE), que utiliza perfis estabelecidos internacionalmente para atender às necessidades locais de troca de informações em saúde. É uma conferência que contem muitas novidades, e acreditamos que será notável em todo o mundo. Health-IT: A HIMSS tem trabalhado para conectar CIOs e os demais profissionais de saúde. Como você analisa essa conexão fornecida para o setor? Bonfini: O CIO ainda é um conceito emergente em muitos países. Muitas vezes, o papel do CIO ainda está focado em infraestrutura e manutenção, sem um papel em nível executivo. A adoção de TI em alto nível é uma transformação organizacional que é muito diferente daquele modelo de CIO conhecido como “se quebrou, arrume”. A transformação do papel do CIO deve acontecer por completa em toda a organização. Isto significa que os CIOs devem comunicar aos clínicos e médicos que eles podem, sim, acreditar que a TI agrega valores à eles de uma forma muito prática. Esta gestão da mudança é um foco importante para nós, sem dúvidas. Health-IT: Qual é o primeiro passo para melhorar a qualidade de cuidados de saúde através da Tecnologia da Informação? Bonfini: Nós documentamos o potencial para melhorar a qualidade em muitas etapas de um dos nossos processos, chamado EMRAM. Ele é composto por oito passos que permitem analisar o nível de adoção do modelo de Registro Médico Eletrônico da organização, traçar as suas realizações, e acompanhar o seu progresso em relação a outras organizações de saúde em todo o país. Na etapa 7 do EMRAM nós exigimos que as organizações de saúde demonstrem métricas reais de melhoria da qualidade. No entanto, o primeiro passo fundamental é que os hospitais registrem eletronicamente as informações clinicamente re29


Entrevista levantes. Tal informação clínica relevante é gerada a cada visita do paciente. Vemos muitas organizações de saúde não implementarem o registro eletrônico da enfermagem, e isso é uma falha. Enfermeiros realizam uma incrível quantidade de cuidados, e se esses cuidados não estão documentados cria-se a oportunidade de se ter informações perdidas, entre outros eventos adversos no hospital. Vemos também uma série de organizações que não implementam sistemas de informação da farmácia, isso aumenta eventos adversos a medicamentos que são muitas vezes evitáveis. Nosso fundamental direcionamento é que se for clinicamente relevante, deve ser documentado eletronicamente. Uma vez que é documentado podemos realmente começar a se concentrar na qualidade de atendimento e serviço. Health-IT: No ano passado, a HIMSS veio ao Brasil e participou do Fórum ABCIS II. Naquele momento, o que foi possível notar sobre a TI em saúde brasileira? O que os hospitais locais devem aprender com as instituições que estão nos níveis mais altos da etapa 7 do EMRAM? Bonfini: Acredito que o Brasil está em um bom caminho. Tivemos um grupo inicial de early adopters participando da pesquisa HIMSS Analytics, é preciso aumentar esse número para que possamos ter uma discussão mais orientada à dados com administradores hospitalares e líderes de TI. As aprendizagens que esperamos compartilhar com os hospitais brasileiros é como fazer com que o potencial

ROI da TI, os CEOs e seu Conselho de Administração conversem entre si. Health-IT: Como a HIMSS pode ajudar o CIO a alcançar os mais altos níveis? Bonfini: Nós oferecemos consideráveis conjuntos online de ferramentas, oportunidades de benchmarking e melhores práticas que podem ser implementadas em qualquer lugar. Nós podemos atender o CIO em seu nível de prontidão atual e capacitá-los para falar com CEOs e clínicos de uma forma que redefine o papel do CIO de uma forma inovadora. Tudo isso através de treinamentos práticos, gerenciamento de projetos, planejamento de recursos ou com nossas avançadas certificações profissionais, como a CPHIMS. Health-IT: Sob o seu ponto de vista, quais são os principais desafios para a evolução da TI em saúde no Brasil? Bonfini: Além de estabelecer o retorno financeiro do investimento, eu acho que a chave é saber conduzir a mudança em como funciona a saúde. Enquanto há suporte legal para assinatura eletrônica e autenticação eletrônica no Brasil, grande parte da prática corrente ainda está focada na tradição do papel. Apoiar a prescrição eletrônica por médicos e farmacêuticos será fundamental para criar a prática de que a prescrição eletrônica tem a mesma validade que o papel. Eu também acredito que desenvolver líderes de TI em saúde no Brasil é fundamental. Nós vamos continuar a fornecer as ferramentas necessárias para permitir que os profissionais de saúde desenvolvam suas habilidades e profissão.

Um pouco mais da ABCIS “Nosso foco é sempre Pessoas. Manter esse profissional atualizado com os desafios que estão acontecendo mundo afora é uma das nossas tarefas, dessa forma vamos sempre estar buscando as novidades do mercado que podem fazer diferença para o trabalho direto deste profissional. Outra frente que sempre está no nosso radar é fazer com que esse profissional seja visto pelo mercado como um profissional que efetivamente é capaz de apoiar nos processos de decisão das corporações. Temos que diminuir esse enfoque ‘tecniques’ que é intrínseco à área e começar a entender e aprender os caminhos para se tornar um parceiro de negócios da corporação, com capacidade de gerar soluções que façam diferencial mercadológico”, explica André Almeida.

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ARTIGO

A importância da tecnologia Paulo Magnus, Presidente da MV Sistemas

O

da informação na execução

século XXI começou acelerado atingindo de forma mais acentuada o setor da saúde com novas barreiras de expansão e forçando seus gestores a um rápido amadurecimento na tomada de decisão. Fatores como novas regulamentações, novos formatos de remuneração de serviços complementares, o aumento crescente de fusões e aquisições, acesso a novos financiamentos, o surgimento da telemedicina, nanotecnologia e da neurociência têm acarretado mudança de comportamento empresarial, impondo a todos um grande dilema. Como continuar crescendo, investindo em boas práticas de gestão e ao mesmo tempo conter os custos de nova tecnologia na medicina? A resposta não é simples, mas não haverá final feliz sem o contínuo investimento de tecnologia da informação na execução. Pesquisas revelam que menos de 10% dos executivos de grandes empresas consideram que a execução é mais importante do que o planejamento. O índice de fracasso na execução das estratégias de médio e longo prazo oscila entre 70% a 90%, incluindo estratégias boas e ruins. Execução não é uma tarefa fácil, requer disciplina e determinação. É necessário saber ouvir com atenção as pessoas envolvidas e por em prática um plano de ação, aconteça o que acontecer. Uma organização orientada à execução precisa entender e definir claramente seus processos, mapeando e identificando todos os caminhos críticos relacionados a cada atividade do negócio. Como afirma Lary Bossidy e Ram Charan em seu excelente best-seller EXECUÇÃO, “Quando falamos de execução não estamos falando apenas de um modelo tático. É mais do que isso. Execução é uma disciplina que objetiva assegurar na organização a utilização eficiente dos recursos e

proporcionar um ciclo de feedback necessário para que o negócio se ajuste às mudanças. Estabelecer uma cultura de execução é um trabalho difícil, mas perdê-la é fácil.” Será preciso garantir que a estratégia esteja constituída pelas pessoas certas, ocupando posições alinhadas aos seus talentos e competências, que as operações sejam capazes de adaptar-se às mudanças, realocando com rapidez os recursos de um lugar para outro e que a tecnologia utilizada possa garantir a integração de tudo isso numa relação de causa e efeito, alinhando e integrando todos os processos de negócios aos objetivos estratégicos estabelecidos. Além de fornecer, de forma on time, todas as métricas necessárias à tomada de decisão. Todos nós sabemos que só gerenciamos aquilo que medimos e uma boa medição exige softwares que integre o planejamento estratégico - BSC à gestão de indicadores KPI e projetos, permitindo a geração e rastreabilidade automáticas de todas as tarefas, iniciativas e ações corretivas. É imprescindível também que a tecnologia de apoio à execução contemple o acompanhamento dos indicadores operacionais e estratégicos, possibilitando a prática de análise crítica e o monitoramento de suas tendências, disponha de mecanismos de calibragem das metas e de Benchmarking, atenda aos requisitos dos modelos de certificação, principalmente ONA (níveis 1, 2 e 3), ofereça recursos de conectividade e mobilidade e possibilite a obtenção dos resultados, com a utilização de Business Intelligence. A qualidade ainda é considerada o ‘componente esquecido’ no Brasil. Na área da saúde não é diferente. Dos cerca de 7.200 hospitais, apenas 3,8% são atualmente certificados. A boa notícia é que o número de hospitais em processo de certificação teve um significativo crescimento, a partir da fundação da Organização Nacional de Acreditação. 31


TI TI pra pra que que te te quero quero

Reestruturação de peso Lilian Hoffmann chega ao seu primeiro ano de Beneficência Portuguesa com a certeza de ter posto a casa em ordem. Durante os últimos 12 meses, sua equipe diagnosticou a situação existente para buscar melhores resultados

Não dava para continuar atendendo as demandas à medida que elas aconteciam. Era preciso criar diretrizes, e foi justamente isto que eu fiz. Lilian Hoffmann, CIO do Hospital Beneficência Portuguesa

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á mais de 25 anos na área de tecnologia da informação no segmento da saúde e um ano à frente do departamento de TI do Hospital Beneficência Portuguesa, Lilian Hoffmann chacoalhou o tapete e trouxe para a instituição novas culturas. Uma delas é a criação de um plano diretor de TI, com o objetivo de dar visibilidade para o hospital e para todos os seus colaboradores de qual o melhor caminho a percorrer. O problemático emblema de apagador de incêndio logo foi posto de lado, dando lugar a uma área com metas e objetivos. “Não dava para continuar atendendo as demandas à medida que elas aconteciam. Era preciso criar diretrizes, e foi justamente isto que eu fiz”, relata Lilian. Com o plano diretor traçado e um modelo de governança de TI baseado em uma metodologia de controle de projetos, específica da Beneficência Portuguesa e adaptada para as suas realidades, a executiva lançou três grandes projetos avaliados em R$ 13 milhões, cerca de R$ 8 milhões investidos em sistemas e R$ 5 milhões em infraestrutura. O primeiro deles visa prover uma infraestrutura adequada para os sistemas a partir da reestruturação da comunicação e ativos de rede; o segundo engloba a substituição de todos os sistemas usados na instituição para atender ao alto nível de gestão hospitalar, além da implantação do prontuário eletrônico nos seus três hospitais; o terceiro, mas não menos importante, foi desenhado para reestruturar o service desk de forma a criar um portfolio do que a TI oferece para o usuário. “O projeto de infraestrutura teve início em janeiro deste ano com previsão de conclusão até o final de 2014. Para o plano de sistemas foi feito um processo grande de concorrência e estamos na fase final de escolha, tanto que a implantação deve ser iniciada já em setembro. E o service desk já tem as políticas definidas, devemos iniciar o projeto nos próximos três meses”, explica.

A TI do Hospital Beneficência Portuguesa é subordinada diretamente ao CEO da instituição e composta por 53 funcionários, divididos em duas estruturas de gerência: - Responsável pela assistência; - Responsável pela infraestrutura, que são os servidores e o service desk.

Casa em ordem Lilian, que tem MBA em Tecnologia da Informação Aplicada à Gestão Estratégica pela FGV, chega ao seu primeiro ano de Beneficência Portuguesa com a certeza de ter posto a casa em ordem. Ao longo dos últimos 12 meses sua equipe fez bastante diagnóstico da situação que existia em busca de melhores resultados. De acordo com a CIO, a TI do hospital tem projetos grandes e pequenos, mas todos focados em fazer com que o departamento suporte os processos e o crescimento de qualidade que a Beneficência Portuguesa está buscando em todas as áreas. “Nossos planos também devem nos dar previsibilidade para que possamos nos próximos quatro anos ter uma estrutura adaptada às novas tecnologias que hoje eu não tenho”, diz.

Estratégia A estratégia de TI do hospital é trabalhada muito ligada a estratégia da instituição. O plano diretor da área de tecnologia é trianual, com revisão a cada ano. Segundo Lilian, próximo a data de orçamento todos os objetivos estratégicos são revisados, sendo que no plano atual são 18 objetivos para serem atingidos dentro de um cronograma, com final marcado para 2016. Alguns alvos estratégicos são menores, com previsão para serem postos em prática daqui a

dois anos. Por exemplo: avaliar a implantação de softwares de CRM para gerir os clientes médicos, pacientes ou operadoras. “Avaliamos também a possibilidade de implantação de big data, processos de mobilidade que podemos adaptar para a realidade hospitalar, entre outros.” A princípio, o momento é de estruturar e colocar o sistema novo em funcionamento para depois ver investimentos de grandes tecnologias, segundo Lilian Hoffmann. 33 33


Top 5

Cinco erros evitáveis Confira a lista elaborada pelo CIO do Grupo Plena Saúde, Fábio Pereira, para evitar gastos e perdas consideráveis dentro da instituição

É

longo o caminho da TI para se colocar as instituições de saúde em um patamar tecnológico considerável. O percurso fica ainda mais complicado quando são contabilizadas perdas ocasionadas por falhas em TI. E a cifra destas falhas é assustadora: US$ 160 trilhões em todo o Brasil. O dado revelado faz parte do resultado de uma pesquisa da International Association of Software Architects, nos Estados Unidos, que revelou ainda que as perdas originadas por erros em Tecnologia da Informação, em todo o mundo, chegam a US$ 6,2 trilhões. No Brasil, do montante citado, o maior volume de gastos em projetos de tecnologia é com serviços de consultoria. Baseado nestes dados, Fábio Martins Pereira, CIO do Grupo Plena Saúde, lista cinco dicas de erros evitáveis. Confira:

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Backup’s: Dizem que se não existe backup de uma informação é porque ela não é importante. Isso é a mais pura verdade, principalmente na área da saúde, onde informações não somente de operações da empresa e dados financeiros são importantes, mas informações do paciente, diagnósticos, prontuários, imagens de exames. Evite dores da cabeça, a empresa não precisa saber qual o valor de uma informação perdida!

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Fábio Martins Pereira é CIO do Grupo Plena Saúde com graduação em Gestão da Tecnologia da Informação e pós-graduação em Gerenciamento de Projetos, tendo também cursado Administração de Empresas. O executivo tem mais de 20 anos de experiência em gerência das áreas de desenvolvimento de sistemas, infraestrutura e suporte técnico, elaboração de projetos de dimensionamento, e atualizações na área de TI. Pereira é habituado a ambientes críticos e de alta disponibilidade como hospitais e assistência médica.


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Redundância: Não confie em uma única operadora de telecomunicações para transmitir suas informações, pense sempre em alta disponibilidade, principalmente se a empresa tem várias unidades de atendimento, não é nada agradável, por exemplo, termos um médico sem qualquer informação sobre o paciente que está sendo atendido. Use sempre duas operadoras distintas, se a primeira falhar terá a segunda, ainda que esta segunda não tenha a mesma capacidade ou velocidade. Lembre-se: links de comunicação caem, independente de você ter um bom contrato com a operadora.

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Incidentes e problemas: Nestes casos sua equipe é tudo, manter a equipe alinhada e preparada funciona como nos times de futebol modernos, num time compacto cada jogador sabe o posicionamento de seu parceiro e o momento exato de passar a bola para ele. Não existe gestão se não há uma boa equipe. Não sofra! Prepare sua equipe para os momentos de instabilidade.

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Integração de sistemas: Certamente logo a alta direção da empresa vai solicitar informações estratégias para a tomada de decisões, se isso já não ocorreu. Pense nisso logo de início, seja ao contratar um serviço terceirizado de sistemas ou desenvolver internamente, faça sempre a opção por sistemas que permitam integração com os demais, com bancos de dados modernos e que permitam a compilação de diversas informações e a extração fácil e rápida para aquela informação pontual que a alta direção vai pedir. Ter diversas informações, mas fragmentadas pela empresa não irá lhe servir muito nesta hora.

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Mudar processos da empresa ou mudar o sistema?: Este sempre é um dilema, principalmente na área da saúde onde as empresas tendem a ter muitas particularidades, ainda que atuem exatamente no mesmo ramo. Para não errar, não inicie criticando os processos da empresa, afirmando que estão errados e o sistema não irá funcionar. Faça o inverso, aproxime seu sistema ao máximo do processo atual, assim terá base e argumentos para mostrar definitivamente processos falhos ou até que funcionam, mas podem ser aprimorados. Afinal, uma boa gestão é alinhar a tecnologia ao negócio.

O Grupo Plena Saúde é formado por plano de saúde, ambulatórios e hospitais, entre eles a operadora Plena Saúde e as instituições Previna e CEAM. A TI do grupo tem como missão constituir e gerenciar sistemas, infraestrutura, comunicações e service desk. Elaborar o plano diretor de TI e trabalhar a formação de equipes multidisciplinares de tecnologia que atendam as particularidades de cada empresa do grupo é outro foco em andamento.

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TI pra que te quero

No balanço da mobilidade A área assistencial do Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi invadida pela febre da mobilidade. Com 100% de cobertura de rede sem fio, a instituição não vê empecilhos para inovar. Do outro lado, a rede São Camilo dá os primeiros passos rumo à tecnologia móvel

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o contrário do que muitos pensam nos hospitais públicos as coisas acontecem, sim. E acontecem muito mais do que em algumas instituições privadas. Neste caso, refiro-me não aos problemas, mas às soluções que são estudadas e colocadas em prática sem deixar que empecilhos atrapalhem o andamento do projeto. No Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), por exemplo, a TI é vista como um modelo. Já instalada na unidade há cerca de 30 anos, a área de tecnologia sentiu em 2006 a necessidade de colocar nas mãos de seus enfermeiros dispositivos que pudessem rodar a distância. Na época, para atender a demanda destes profissionais, o hospital investiu na aquisição de aparelhos PDAs (da sigla em inglês, Personal Digital Assistant) que, embora tivessem suas limitações, ajudaram o HCPA a dar os seus primeiros passos rumo a mobilidade. “A tecnologia móvel, na verdade, é uma febre não só na área de TI, mas também na assistencial, que tem uma grande demanda interna há quase uma década”, revela a ex-CIO da instituição e atual assessora de planejamento e avaliação, Maria Luiza Malvezzi. Durante os seus sete anos à frente da TI do hospital, a executiva acompanhou de perto a implantação de projetos considerados de importância para todo o corpo clínico. Um de-

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les inclui o uso de rede sem fio em todas as áreas do hospital na qual são conectados desde smartphones e tablets de médicos e enfermeiros, para consultas a prontuários e situações de cada doente. A rede também oferece novas possibilidades de terapias recreativas a pacientes de internação. Com início em meados de 2012, o projeto custeado em R$ 20 mil contou com uma empresa parceira para colaborar no desenvolvimento de aplicativos móveis, que tiveram mais de 1 mil downloads feitos no primeiro mês após o lançamento. O baixo custo do projeto se deve a adoção do conceito Bring Your Own Device (BYOD).

Rede sem fio nos hospitais: a interferência existe? Atualmente o HCPA tem 100% de cobertura de rede sem fio e, até o momento, não teve queixas nem relatos sobre a interferência nos aparelhos médicos. Seja na cafeteria, no ambulatório ou no Pronto Socorro a unidade oferece o serviço de wireless com orgulho. “Eu não conheço nenhum outro hospital que tenha essa tecnologia implantada na organização como um todo. E aqui é um projeto de sucesso, sem reclamações”, diz Maria Luiza. Do outro lado, está uma diferente realidade vivida por outros


profissionais de TI, como é o caso de Klaiton Simão, CIO do Hospital São Camilo, que acredita que todos os equipamentos eletrônicos são passíveis de sofrer interferências eletromagnéticas de outros equipamentos ou do ambiente onde estão em operação. Sob o seu ponto de vista, os efeitos dessas interferências são particularmente preocupantes quando ocorrem em equipamentos eletromédicos, sobretudo quando estão monitorando ou dando suporte à vida de um paciente. “A rede sem fio tem que ter determinada característica de operação que nos garanta

Eu não conheço nenhum outro hospital que tenha a rede sem fio implantada na organização como um todo. E aqui é um projeto de sucesso, sem reclamações nem interferências.

Maria Luiza Malvezzi, Assessora de Planejamento do HCPA

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desiguais resultados de uma determinada frequência operando em uma rede sem fio. “Precisa testar muito e validar com o fabricante. Tudo tem que ser explicado para as pessoas para que elas saibam o porquê ainda não estão fazendo

uso dessa tecnologia.” O plano diretor de TI do São Camilo contempla a adoção de dispositivos móveis para uso na beira do leito. O primeiro passo é implantar no posto de enfermagem e, depois, estender para o objetivo final.

apoio ao doente. Os bancos não têm esse problema nem os shoppings e, tampouco, a indústria de autopeças. Mas na área de saúde, especificamente na hospitalar, não posso por qualquer rede sem fio. Isso é uma areia movediça no mercado, pois existem correntes que não oferecem riscos e outras sim. Tem que checar, por exemplo, que frequência é o equipamento”, pondera Simão. A lógica não é tão simples para o executivo, já que diferentes estudos apontam

A rede sem fio tem que ter determinada característica de operação que nos garanta apoio ao doente.

Klaiton Simão, CIO do Hospital São Camilo 38


A mobilidade como um facilitador Entre os benefícios da mobilidade está o seu uso em prol da prescrição eletrônica. Hoje o hospital sem papel é discutido com mais maturidade e, quase sempre, faz parte do plano diretor de TI das instituições. Veja o que acontece na rede São Camilo: - O PEP teve início em janeiro de 2014 e deve ser concluído em dezembro deste mesmo ano; - O principal desafio para o CIO é sincronizar os tempos e diminuir a ansiedade do usuário; - Grande adesão por parte dos utentes; - Uma das unidades já está operando em alguns departamentos; - Após concluir o projeto de prescrição eletrônica, a rede pretende evoluir para a mobilidade e, depois, para a certificação digital; - Contratação de treze profissionais de enfermagem pela TI

Veja o que acontece no HCPA: - O ato de prescrever eletronicamente pelo médico, a nível assistencial, acontece internamente desde 1993, com solicitações e resultados de exames no sistema; - O portal de cirurgia - onde o médico faz a descrição cirúrgica - foi implantado em 2003. A parte burocrática acontece desde 1983, quando a instituição fazia uso do mainframe Duo; - O ERP foi desenvolvido por uma equipe própria interna; - O PEP móvel está instalado no hospital todo; - Quadro de cem profissionais de TI no hospital.

Alinhamento estratégico A TI da rede São Camilo destrancou a porta do departamento e foi ver como funciona a área assistencial. E o resultado deu tão certo que o CIO Klaiton Simão anda pelos corredores com medo de receber demandas, quando no passado o maior receio era ser visto como um bicho de sete cabeças. “Aprendemos como que deve ser e aí acabou a resistência. Hoje não tenho mais medo de ser visto como o cara chato. Viramos a chave”, revela. O caminho percorrido para tal resultado foi a contratação de 13 profissionais de enfermagem para a área da TI. Até um ano atrás eram profissionais da assistência que se sobressaíram na utilização do sistema de informatização, e foram convidados a mudar de área. Atuais profissionais de tecnologia, mas que carregam consigo a vivência assistencial foi o ponto chave. “Colocar esse profissional para conversar com o corpo clínico ao invés do analista técni-

co foi fundamental para essa mudança de cultura”, diz Simão ao explicar o objetivo de diminuir o abismo entre o seu departamento e a alta gestão. “A realidade mudou. Hoje é o usuário demandando e a TI tentando dar conta”, conclui. A TI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre também aposta no alinhamento estratégico entre as diferentes áreas da instituição. Criado há três décadas, o departamento de tecnologia recebe de 2% a 3% do faturamen-

to do complexo. Com um quadro de cem funcionários, a TI do HCPA ganhará em meados de 2015 um novo prédio, chamado de Centro Integrado da Informação. Serão seis andares de 1 mil metros quadrados cada, sendo o último deles destinado apenas para a instalação de um data center. “Esse é um investimento do MEC, já que somos um hospital universitário”, garante Maria Luiza. O prédio teve licitação ganha pela Aceco de R$ 40 milhões. 39


ARTIGO

Segurança no uso do Prontuário Eletrônico do Paciente

Marcelo Silva, Diretor Executivo da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS)

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Evidentemente não há uma resposta única e que seja válida a qualquer situação, mas algumas recomendações de boas práticas podem ajudar nesta questão, especialmente visando a segurança da informação e a adoção de conteúdos e funcionalidades essenciais para o registro correto da assistência à saúde. Visando estabelecer garantias mínimas tanto aos profissionais e instituições usuários de um PEP quanto aos indivíduos e pacientes assistidos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) firmou um convênio com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) com o objetivo de formular normas técnicas atinentes à segurança, conteúdo e funcionalidades para sistemas na área da saúde. Deste convênio resultou o Manual de Certifica-

A eliminação do papel de forma inadequada pode trazer danos irreparáveis a todos os envolvidos.

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disseminação do uso da tecnologia traz, sem dúvida alguma, grandes avanços nos diversos pontos do ciclo assistencial da saúde, desde o planejamento das ações até o efetivo atendimento do paciente e seus desdobramentos, como o suporte às áreas administrativa, financeira e legal. Junto com os avanços, contudo, a tecnologia traz consigo a necessidade de atenção a certos cuidados e da readequação de antigos processos, de forma a tornar sua adoção um benefício real e seguro a todos os envolvidos. Um dos assuntos mais comentados e discutidos atualmente na área da saúde é o uso do Prontuário Eletrônico do Paciente, o PEP. Após décadas utilizando a informática apenas em suas áreas administrativas e financeiras, os hospitais brasileiros finalmente iniciaram, nos últimos anos, a informatização de suas áreas assistenciais, especialmente com a implantação do PEP. Surge, então, uma pergunta recorrente: o que deve e o que não deve ser feito para uma adoção segura do prontuário eletrônico?

ção para Sistemas de Registro Eletrônico em Saúde SBISCFM, o qual estabelece um amplo conjunto de normas e requisitos que devem ser idealmente atendidos pelos softwares de PEP. Este processo, que ficou conhecido como “Certificação SBIS-CFM”, tem como principais objetivos a melhoria da qualidade dos softwares na área da saúde, a diminuição do risco enfrentado por médicos e instituições na escolha e uso dos sistemas, a possibilidade de eliminação dos prontuários em papel, a confidencialidade e privacidade das informações de saúde e a integração e interoperabilidade entre sistemas. No aspecto legal, a Certificação SBIS-CFM está fortemente amparada pela Resolução CFM 1821/2007, a qual “aprova as normas técnicas concernentes à digitalização e uso dos sistemas informatizados para a guarda e manuseio dos documentos dos prontuários dos pacientes, autorizando a eliminação do papel e a troca de informação identificada em saúde”. Esta resolução, dentre outros pontos, autoriza a digitalização dos prontuários dos pacientes e o uso de sistemas


Um dos grandes problemas na adoção do PEP em processos nato digitais, onde os dados são registrados diretamente em um sistema eletrônico sem a adoção do papel, é quanto ao valor legal da informação armazenada.

informatizados para a guarda e manuseio de prontuários, com eliminação do papel desde que atendidos diversos critérios, como: a) o prontuário ser analisado pela Comissão de Revisão de Prontuários; b) serem obedecidas as normas da Comissão Permanente de Avaliação de Documentos da unidade médico-hospitalar; c) os métodos de digitalização reproduzirem todas as informações dos documentos originais; d) serem obedecidos os requisitos do Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2) do Manual de Certificação para S-RES SBIS-CFM; entre outros. Outra forte fundamentação legal da Certificação SBISCFM encontra-se na MP 22002/2001, que “institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil”, a qual determina em seu Artigo 10 § 1º que “as declarações constantes dos documentos em forma eletrônica produzidos com a utilização de processo de certificação disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em relação aos signatários”. Um dos grandes problemas na adoção do PEP em processos nato digitais, onde os dados são registrados diretamente em um sistema eletrônico sem a adoção do papel, é quanto ao valor legal da informação armazenada, muitas vezes comprometido pela não adoção da certificação digital conforme preconiza especialmente a legislação citada acima. Para um processo ade-

quado e seguro, devem ser adotados sistemas certificados ou em conformidade com o Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2) da Certificação SBISCFM, além de outros procedimentos pertinentes apontados em tal legislação. Já quando nos referimos à digitalização, ou seja, a conversão do documento em papel para o meio eletrônico, o maior problema reside na inobservância de critérios adequados para esta substituição, o que coloca em risco a qualidade, a permanência e a acessibilidade de tais documentos. Neste tipo de processo, muitos hospitais estão simplesmente efetuando a digitalização de seus papéis sem a adoção de um plano que garanta que todo o conteúdo original seja fielmente reproduzido na imagem digital, e que esta tenha valor legal e seja armazenada de forma

segura e permanente. O ideal, neste caso, é a adoção de normas técnicas e procedimentos que garantam a qualidade e o valor legal da cópia digital, o que inclui o uso da certificação digital na conversão dos documentos, a auditoria da fidelidade e completude das imagens geradas, e a validação final pela Comissão de Revisão de Prontuários e pelo responsável da instituição. É fundamental que todas as normas e procedimentos acerca do assunto sejam estudados e rigorosamente adotados pelas instituições de saúde interessadas no armazenamento de dados e documentos em suporte digital. A inobservância destas normas pode provocar uma grande vulnerabilidade aos responsáveis pelo registro e guarda de tais documentos, podendo acarretar sérios prejuízos em vários aspectos tanto às instituições e profissionais quanto aos indivíduos assistidos. Apesar dos indubitáveis benefícios que a evolução para o meio eletrônico traz aos processos da área da saúde, recomenda-se que, na impossibilidade de se contemplar adequadamente as referidas normas, sejam mantidos registros em papel, ainda que de forma paralela ao eletrônico e por prazo definido, a fim de garantir a integridade e permanência das informações registradas e seu devido valor legal. A eliminação do papel de forma inadequada pode trazer danos irreparáveis a todos os envolvidos. 41


Acontece lá fora

Conhecimento compartilhado A Covidien investe cerca de U$ 500 milhões em P&D por ano, e como resultado os seus centros de inovação proporcionam troca de informação entre os profissionais da saúde ao redor do mundo

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ue a Covidien fabrica, distribui e atende uma gama de produtos médico-hospitalares, que são vendidos em mais de 150 países, já é sabido. Mas que a sua receita global soma mais de U$ 10 bilhões e que U$ 500 milhões são gastos anualmente somente em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é novidade, mas não de se estranhar face às inaugurações dos Centros Convidien de Inovação (CCI) ao redor do mundo. Com um jeito atencioso Michael Tarnoff, CMO global da empresa, afirma que esses números só tendem a aumentar, uma vez que o objetivo da Covidien é reunir a voz dos seus clientes e de seus respectivos pacientes, proporcionando um caminho de alta tecnologia para prover

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melhorias no tratamento das mais variadas doenças. “Colocamos no mercado um centro tecnológico onde podemos falar diretamente com os nossos consumidores enquanto eles fazem uma cirurgia ou outros procedimentos para, por meio de uma conversa mais direta, proporcionar conhecimento e, consequentemente, auxiliar a salvar vidas”, explica.

Com um investimento total de U$ 21 milhões ao longo de um período de três anos, a Covidien lançou em 2013 o CCI Coreia, considerado um centro de treinamento médico altamente tecnológico com foco na sensibilização do tratamento e cura de várias doenças. A ideia é oferecer oportunidades para o avanço da capacidade dos profissionais de saúde.


O executivo acredita ser uma das responsabilidades da empresa ajudar os médicos a anteceder o tratamento de uma possível doença, além de dar oportunidades para soluções adaptadas localmente. “É uma questão de querer aumentar o acesso ao melhor atendimento para o paciente.” Considerada um mercado-chave para a estratégia global da companhia, a Coreia não é a única a abrir as portas para os profissionais e estagiários da saúde terem acesso a treinamento e educação integral. Os CCIs atravessaram os oceanos.

Turquia Promover alta tecnologia para anteceder ao tratamento de doenças e capacitar os médicos para as atividades de colaboração entre a área de P&D, instituições acadêmicas e profissionais de saúde com foco em criar acesso aos melhores padrões de atendimento é, como já falado, o objetivo de todos os Centros Covidien de Inovação. Na Turquia, o destaque do CCI é o auditório de alta definição 3D, totalmente digitalizado.

Com capacidade para 120 lugares, o espaço é totalmente HD e equipado com uma tela de 4x2m de largura. Aqui, o projetor 3D conta com uma fonte de imagem vinculada à tecnologia 3D Stortz OR1. Localizado dentro de uma das salas de cirurgia, o projeto permite fazer a transmissão da imagem dos procedimentos para o auditório em tempo real. De acordo com Tarnoff, o ambiente tem duas câmeras Panasonic e dois sistemas de videoconferências que permitem conectar o CCI Turquia aos demais centros de formação espalhados mundo afo-

ra como, por exemplo, o da Coreia. “É possível, ainda, gerenciar a transmissão de HD ao vivo a partir de qualquer sala de UTI e de outros laboratórios em todo o mundo diretamente do auditório”, revela. Além disso, existe a opção adicional VPN para ligação via satélite entre auditório e sala de cirurgia, que é capaz de mostrar os itens usados durante a operação. “Isto oferece uma visão mais explicativa e agradável do procedimento. Somase a isso o aumento da qualidade e a atratividade do ensino gerenciado dentro CCI”, pontua o executivo. 43


Acontece lá fora

Investimento da Covidien em P&D: • Com um aumento significativo em

Índia

mais de US$ 500 milhões em 2013, o in-

O CCI Índia é o terceiro centro de treinamento da Covidien em um mercado emergente. Os destaques desta unidade são: • Um laboratório cirúrgico com sete estações de operação totalmente equipadas; • Um laboratório de simulação para treinamento clínico com um simulador de paciente humano; • Biblioteca repleta com as mais recentes publicações médicas e quatro estações de trabalho; • Um auditório com capacidade para 60 pessoas e um sistema multimídia otimizado para proporcionar um ambiente de treinamento imersivo e experiencial. “O centro tem capacidade para treinar mais de 5 mil profissionais de saúde por ano, tanto os de dentro da Índia quanto aqueles que estão situados na região”, diz Michael Tarnoff.

Não se trata apenas do que vamos aprender aqui, mas sim o que aprendemos com todo o mundo.

Robert White, Presidente de Mercados Emergentes da Covidien 44

vestimento em P&D representa 5% das vendas da companhia; • Globalmente, a Covidien tem mais de 2 mil funcionários dedicados ao desenvolvimento de produtos que ajudam os profissionais de saúde a melhorar os resultados dos pacientes; • Mais de 100 produtos foram lançados nos últimos cinco anos, e as vendas de novos produtos são consideradas um motor essencial do crescimento


Brasil Não poderia ser diferente. A Covidien abriu oficialmente as portas de seu Centro Covidien de Inovação Brasil recentemente ampliando sua capacidade de treinamento e pesquisa. Cerca de US$ 25 milhões foram investidos no projeto, que visa oferecer aos médicos brasileiros e latino-americanos treinamentos gratuitos com a última palavra em tecnologia. Com a expectativa de que 2 mil profissionais sejam treinados por ano, o país faz parte da tática da empresa. “O Brasil é um importante mercado em nossa estratégia global, e esse investimento é um reflexo de nosso comprometimento em realizar parcerias com os profissionais de saúde local”, afirma Robert J. White, presidente de Mercados Emergentes da Covidien. Este é o primeiro centro de seu gênero na América Latina. Com aproximadamente 3 mil metros quadrados e a capacidade de oferecer 120 cursos, o CCI possui: • Laboratório cirúrgico totalmente equipado para cirurgias minimamente invasivas

pessoas com um sistema multimídia para transmissão de áudio e vídeo em tempo real de procedimentos e sessões de treinamento entre o CCI e instituições parceiras. “O mais importante é que o CCI foi feito para os profissionais poderem treinar, além de permitir uma conexão com médicos espalhados por todo o mundo e poder trazer todo esse conhecimento para dentro do Brasil. Não se trata apenas do que vamos aprender aqui, mas sim o que aprendemos com todo o mundo”, finaliza Robert White.

usando simuladores eletrônicos e computadorizados, além de modelos de silicone; • Laboratório de simulação de cenários clínicos equipado com um simulador de paciente humano; • Laboratório para educação em procedimentos médicos e hospitalares com modelos de silicone e equipamento para testes e simulações; • Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento que permite a colaboração direta de profissionais de saúde com a equipe de P&D; • Auditório para 160

É uma questão de querer aumentar o acesso ao melhor atendimento para o paciente.

Michael Tarnoff, CMO Global da Covidien 45


TI pra que te quero

Desafios de um CIO

Luiz Carlos Suart Junior, Diretor de Tecnologia da Informação da Santa Casa de São Paulo, é desafiado a acabar com o papel dentro de um complexo que atende cerca de 1 milhão de pacientes por ano. O primeiro passo foi investir algo em torno de R$ 46 milhões para unificar e integrar o sistema de gestão de suas 39 unidades

R

ecém-formado em Ciência da Computação, o então jovem aventureiro Luiz Carlos Suart Junior aceitou o desafio de colocar um sistema para controlar as bolsas de sangue de um hospital no litoral paulista em funcionamento em apenas 30 dias. Sem experiências, mas com força de vontade e determinação Suart venceu o primeiro obstáculo e, de quebra, foi conquistado pelo setor da saúde. Há 19 anos atuando entre hospitais e operadoras, hoje aquele jovem carrega consigo as responsabilidades de um diretor de tecnologia. No posto de CIO da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Suart continua com a mesma sensação de anos atrás: de ser desafiado. E desafios não faltam, já que o executivo impõe metas pessoais em sua jornada anual. Sem falar da demanda de um dos maiores hospitais filantrópicos da América Latina, entre elas a de ser um hospital sem papel. E o primeiro passo foi dado rumo ao Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP). “Sentimos essa necessidade em 2012, e neste mesmo ano foi definido o momento de se comprar um software de gestão para integração de toda a Irmandade [composta por 39 unidades]. Após processo de ERP contratamos uma empresa pra desenhar os pré-requisitos de uma ferramenta assertiva e, após um ano, homologamos a aquisição do

O departamento de TI da Santa Casa tem um quadro de 130 funcionários. A Irmandade conta uma média de 15 mil empregados e aproximadamente 2 mil leitos. 46


sistema Soul MV”, explica o CIO. Com aproximadamente R$ 46 milhões investidos ao longo dos próximos cinco anos, a Santa Casa pretende unificar e integrar os processos administrativos, financeiros, clínicos e assistenciais de todo o complexo utilizando o sistema de gestão da MV Sistemas. “É certo que o primeiro passo até chegar ao PEP é garantir de forma sistêmica que os processos sejam únicos. E isso já está sendo feito nos hospitais Santa Isabel, Jaguaribe, Veridiana, e no Pronto Socorro infantil ”, relata Suart ao projetar que o sistema seja implantado nos departamentos de ortopedia e ginecologia até o fim de 2014.

Bons resultados Com um tempo recorde de implementação – seis meses em cada unidade, o novo sistema de gestão hoje permite que o tempo de espera e permanência do paciente seja efetivamente medido no Pronto Socorro infantil. A ferramenta permite também que o volume de doentes seja calculado, indicando os horários de pico. “Isso foi um ganho imensurável. Da mesma forma, estamos satisfeitos com os resultados apresentados no Hospital Santa Isabel, onde o sistema permite uma ligação direta entre o faturamento e as solicitações das UTIs. Também estamos aptos a rastrear os medicamentos e, ainda, identificar quais pacientes foram medicados com uma determinada droga”, diz Suart. Dessa forma, a instituição busca não só padronizar os processos em todas as 39 unidades, mas também garantir o uso pleno dos inúmeros recursos e funcionalidades da ferramenta, desde o agendamento de uma simples consulta até a utilização do prontuário eletrônico pela equipe clínica-assistencial e as soluções de Business Inteligence e Balanced Scorecard pela superintendência e diretorias corporativas.

Em busca de um objetivo Por ser um hospital escola o grande anseio da Santa Casa é ter a história clínica dos pacientes na palma da mão. E, para o executivo, com o sistema integrado é possível melhorar processos e torná-los eficiente. “Com isso conseguiremos

Nos últimos anos, a Santa Casa, que tem mais de quatro séculos de existência, ampliou muito sua atuação e, consequentemente, começou a enfrentar dificuldades com a demanda crescente de gestão de informações. E o software próprio e outros utilizados em algumas unidades não atendiam à necessidade do hospital, que assume trabalhar com Mainframe e deixar a desejar no quesito recurso tecnológico. mensurar aonde acertamos e erramos, e o que pode ser modificado. Queremos entender o nosso paciente.” Com cerca de 1 milhão de atendimentos por ano, o movimento do papel se torna cada vez mais desafiador dentro da Santa Casa e se adequar para aderir ao PEP é um caminho sem volta. “A circulação do papel físico é muito grande e a dificuldade de movimentar essa documentação é enorme. Nada pode rasgar nem extraviar. É um trabalho árduo, e a nossa expectativa é ter 100% da Irmandade com prontuário eletrônico em cinco anos.” Segundo Suart, quando se fala em PEP tem

um objeto que precisa desaparecer: a caneta. Para a tinta não existir tem que ter máquinas o suficiente para que as pessoas possam trabalhar sem que o paciente seja prejudicado pelo tempo. No Hospital Santa Isabel para cada dois leitos tem um computador no corredor, além de ilhas de prescrições médicas. “Isso deu muito certo na UTI desta unidade, não temos reclamação referente à falta de equipamento. É questão de conforto.” Porém, o modelo adotado no Santa Isabel não é fixo. O mesmo será testado em outras unidades do complexo Santa Casa e adaptado conforme necessidade local.

Além de hospitais próprios, com perfil privado e filantrópico, a Santa Casa passou a gerenciar unidades estaduais e municipais, através de contratos como Organização Social de Saúde. A instituição reúne unidades distintas como hospitais, políclínicas, pronto atendimentos, pronto socorros, ambulatórios e UBSs, localizadas em regiões distantes em São Paulo e Guarulhos.

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Considerações da Editora

No caminho certo

É

com a sensação de frio na barriga que aceito o desafio de colaborar com uma revista voltada especialmente para o público de TI em saúde. E é com essa mesma sensação que quero fechar as próximas edições da Health-IT. É desafiador o caminho que temos pela frente, mas sei que estamos trilhando pelo solo certo face ao grande crescimento da TI em hospitais, operadoras, laboratórios e indústrias. Hoje, se eu tivesse que descrever esse segmento, eu diria que essa área possui uma potencialidade alta para trazer boas mudanças em relação ao atendimento ao paciente. Isso só reforça ainda mais a importância de investimentos e de mais atenção a esse setor. Ela é muito transformativa e proporciona dados analíticos e inovações de processos que já estão revolucionando a maneira como as pessoas recebem e gerenciam seus cuidados em comunidades por todo o país. Certa de nossos compromissos com os profissionais de TI em saúde eu só tenho

a agradecer a todos os CIOs que participaram desta edição por acreditarem em nosso potencial de comunicação, assim como os articulistas Marcelo Silva e Paulo Magnus.

Juntos, temos muito a agregar para o setor, que tem mostrado caminhar na mesma velocidade que a evolução dos novos tratamentos de saúde em todo o mundo.

Que venha a próxima edição!

Thaia Duó, Editora da Health-IT


TI no Futuro

O fim dos ERPs customizados?

Pesquisa do Gartner aponta que os sistemas integrados de gestão empresarial serão substituídos pelo impacto da nuvem e a emergência de ambientes híbridos em até dois anos

O

baixo custo e a maior flexibilidade de novas soluções que surgem no mercado devem ser o principal fator pela desconstrução do ERP (Enterprise Resource Planning, na sigla em inglês) altamente customizado, fato que implicará na formação de ambientes mais federados, cujas funcionalidades serão providas por serviços na nuvem terceirizados. A projeção faz parte de uma pesquisa do Gartner, que alerta os CIOs a enfrentar essa realidade, chamada pelos seus analistas de “ERP legado”. Diferentemente das empresas que investiram pesado na customização de ERPs, as companhias que atualmente buscam melhorar a administração se beneficiam dos custos mais baixos e da flexibilidade oferecida por uma mescla entre aplicações em nuvem e aplicações on-premise. Enquanto antes a prioridade dos executivos era um sistema confiável e aderente, hoje se prioriza a redução de custos de TI e, principalmente, a busca por maior flexibilidade. E, segundo Gartner, é justamente um sistema flexível que conduz o negócio para frente. Ainda de acordo com os analistas, essas “aplicações legadas” podem ser definidas por qualquer sistema que não seja suficientemente flexível para atender às necessidades do negócio. Os ERPs altamente customizados, então, estão à frente da próxima onda de sistemas legados

considerando essa definição. E, como essas implementações ainda vão continuar existindo, elas terão que se adaptar. O impacto de soluções em nuvem, combinadas com um crescimento forte em terceirização de processos de negócio (BPO, na sigla em inglês) irão prover amplas alternativas para usuários frustrados por módulos caros de ERPs. Assim, com o tempo, implementações com alto nível de personalização serão rearquitetadas para focar em funcionalidades de “sistemas de registros” – os quais devem requerer poucas alterações. Os processos que realmente demandam diferenciação terão modelos alternativos de entrega, integrados com os ERPs tradicionais.

O futuro do ERP Entre outras projeções do Gartner estão: - Em 2018, pelo menos 30% das empresas de serviços vão passar a maior parte de suas aplicações de ERP para a nuvem; - A suíte ERP que serve a todas necessidades corporativas será substituída por uma abordagem híbrida em cinco anos; - Até 2017, cerca de 7% das organizações que adotarem ERP híbrido não obterão os resultados de custo-benefício previstos a menos que suas aplicações em nuvem ofereçam funcionalidade de diferenciação. 49


Eventos 2014 Setembro Evento: World Medical Tourism Congress Local: Gaylord National Resort & Convention Center - Estados Unidos

Data: 20 a 24 de Setembro

Outubro Evento: European Telemedicine Conference 2014 Local:

Parco dei Principi Grand Hotel & SPA - Rome, Italy

Data: 7 e 8 de outubro

Evento: I Congreso Iberoamericano de Telesalud y Telemedicina

Local: Centro de Convenciones Daniel Alcides Carrión - Peru

Data: 16 a 18 de outubro

Novembro Evento: RSNA Local: McCormick Place 2301 S Dr Martin Luther King Jr Dr, Chicago, IL 60616, Estados Unidos

Data: 30 de novembro a 5 de dezembro EXPEDIENTE

Publisher: Edmilson Jr. Caparelli Diretor-executivo: Marcelo Caparelli Diretora-administrativa: Lúcia Rodrigues Diretor de Marketing: Jailson Rainer Diretora de Eventos: Erica Almeida Alves Editora da Health-IT: Thaia Duó Editora da HealthCare: Carla de Paula Pinto Editora da HealthARQ: Patricia Bonelli Editor do Saúde Online: Thiago Cruz Redação: Carolina Visotcky Produtora de Arte: Valéria Vilas Bôas Diagramação: Erica Alves Diretora-comercial: Giovana Teixeira Gerente Comercial: Gislaine Almeida Projetos Editoriais: Ana Carolina Cesca e Ana Lúcia Camilo Dep. Pesquisa: Janaiana Marques, Fernanda Thiezerini e Janaína Novais Executivos de Conta: Renata Oliveira e Eliana Rodrigues

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