EXPEDIENTE
A Health-IT é uma publicação do:
CEO | Publisher: Edmilson Jr. Caparelli Diretora-administrativa: Lúcia Rodrigues Financeiro: Rafaela Mofato Contabilidade: Viviane Ponce Diretor-executivo: Marcelo Caparelli Diretor de Marketing: Jailson Rainer Diretora de Artes: Erica Almeida Alves Diretora de Eventos: Rafaella Rizzuto Diretor de Projetos Especiais e Customizados: Márcio Ribeiro Diretor Comercial: Adriano Souza Gerente de Clientes: Giovana Teixeira Editor da Health-IT: Guilherme Batimarchi Gestora de Conteúdo: Kelly de Souza Redação: Carla de Paula Pinto, Clivonei Roberto e Juliana Ijanc’ Tecnologia: Rener Eduardo da Silva Produtora de Arte: Valéria Vilas Bôas Produtor de Audiovisual: Kahel Ferreira Colaboradores: Thais Caparelli Assistente comercial SP: Aline Galhardo e Miriam Oliveira
Assinaturas e Circulação: assinatura@grupomidia.com Projetos Customizados: projetoseditoriais@grupomidia.com redacao@grupomidia.com comercial@grupomidia.com Matriz: Rua Aureliano Garcia de Oliveira, 256 - Ribeirão Preto-SP Tel. (16) 3629-3010 Filial: Av. Paulista, 2073 Conjunto Nacional - Edifício Horsa 1 cj. 304 Tel. (11) 3148-1300
Assistente Comercial: Janaína Novais e Júlia Novais Executivos de contas: Mauricio Fagundes, Marlei Euripa e Diego Quintiliano Gerente de Relacionamento com o Mercado Internacional: Bruno Paggiossi
Publicação oficial
Secretária da Presidência: Fernanda Thiezerini
A revista Health-IT é uma publicação trimestral do Grupo Mídia. Sua distribuição é controlada e ocorre em todo o território nacional. O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos autores, e não refletem, necessariamente, a opinião do Grupo Mídia. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pelo Grupo Mídia, com crédito da fonte. Atenção: pessoas não mencionadas em nosso expediente não têm autorização para fazer reportagens, vender anúncios ou, sequer, pronunciar-se em nome do Grupo Mídia. QUER FALAR COM O MERCADO DA SAÚDE? FALE COM A GENTE! Conheça alguns de nossos produtos para a Saúde:
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SUMÁRIO
2018 - EDIÇÃO Nº 11 - ANO 5 - REVISTA HEALTH -IT
SEÇÕES INSIGHT EDITORIAL SAÚDE 10
REPORTAGENS
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PARCERIA DE LONGA DATA
Ao longo de cinco anos Leforte e Go Ahead construíram uma parceria estratégica que auxiliou o hospital a alcançar altos níveis de maturidade em tecnologia e posicionar a TI como uma área de suporte ao negócio.
OPINIÃO TI NA PRÁTICA
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HORA DE COMEMORAR
Prêmio Health-IT contempla 36 organizações e executivo em 12 diferentes categorias. Capa: Sandro Manzano, diretor geral e Tiago Colleto, diretor comercial da Go Ahead conversam com a Health-IT sobre mercado, futuro e parcerias 8|
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PROTEGENDO VIDAS
Com a segurança da informação em alta, instituições de saúde correm para proteger dados, mas ainda não perceberam que o tema vai muito além de dados roubados.
45 QUICK ACTIONS Realizando entregas a investimento zero 58 ABCIS ANUNCIA NOVA DIRETORIA Associação Brasileira CIO Saúde quer ampliar suas atividades no segmento de TI em Saúde, por meio de ações de integração entre empresas e entidades.
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INSIGTH
Sobre reconhecimento e oportunidades
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os últimos anos, o mercado de saúde, bem como todos os outros segmentos, sofreu e até sangrou por causa da grave crise econômica enfrentada no Brasil. O fato é que mesmo passada a tempestade e com sinais de um reaquecimento em vista, muitas empresas ainda relutam em investir ou ampliar sua atuação. A visão de que a crise é um dos melhores momentos para o crescimento está reservada aos poucos executivos capazes de enxergar oportunidades em meio a essa tempestade. Essa visão não vem baseada em intuição ou algum tipo de dom, mas sim em experiência, análises e, acima de tudo, trabalho em equipe. Executivos de sucesso como Bill Gates, Steve Jobs ou Abílio Diniz, por mais brilhantes que sejam, não teriam empreendido tanto sem o apoio de um time qualificado e engajado em suas causas. E o ponto comum entre estas três mentes brilhantes do mundo dos negócios é que elas sabiam que sem um bom time, qualificado e motivado, seus projetos não sairiam do papel. Uma de minhas frases favoritas do empresário Abílio Diniz é: “Cada vez que capacitamos alguém, fazemos um bem ao mundo”. Com base nela e em outras premissas que a SAHE, feira premium adquirida pelo Grupo Mídia em 2017, promoverá oito congressos simultâneos destinados à gestão, infraestrutura, tecnologia, clínicas e outros segmentos. Acreditamos que, com um setor cada vez mais capacitado e consciente da adoção de novas tecnologias, processos se tornarão mais eficientes, relações serão mais transparentes e éticas e recursos serão empregados corretamente evitando desperdício. Tudo isso com um único objetivo, 10 |
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tornar o setor de saúde sustentável e proporcionar a geração de novos negócios. É com grande responsabilidade que reapresentamos a SAHE ao mercado, com essa nova proposta de fomentar o desenvolvimento e compartilhar conhecimento para melhorar a saúde no Brasil. Durante esses três dias de evento, nossos visitantes e congressistas terão a oportunidade de expandir conhecimento e ter acesso aos melhores fornecedores do mercado. Além disso, conhecerão os executivos e empresas contemplados por sua atuação na saúde com as premiações “100 Mais Influentes da Saúde”, Healht-IT e HealthArq. Sejam bem-vindos ao novo!
EDMILSON JR. CAPARELLI CEO | Publisher do Grupo Mídia diretoria@grupomidia.com
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EDITORIAL
Preparados para mudança GUILHERME BATIMARCHI Editor Health-it guilherme@grupomidia.com
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eforçando seu compromisso em desenvolver o setor de saúde por meio do compartilhamento de ideias e conhecimento, gerando relacionamento e fomentando negócios, a Health-IT chega à sua 11ª edição de cara nova. Ao longo dessas dez últimas edições, pudemos testemunhar um grande avanço na aplicação de tecnologia no setor de saúde. Vimos uma brusca mudança de cultura nas instituições que passaram a compreender o papel estratégico do CIO e seu departamento no negócio do hospital. A longa jornada trilhada pela publicação até aqui não marca o fim, mas sim um novo começo para a Health-IT que, a partir de agora, apresentará conteúdo que envolverá CIOs, CEOs, engenheiros clínicos e equipes assistenciais na aplicação, desenvolvimento e utilização de TI em todas as esferas das organizações, sejam elas públicas ou privadas, hospitais, clínicas ou laboratórios, operadoras de saúde ou sistema público. A partir de agora, todos os elos envolvidos na cadeia assistencial passam a estar em uma mesma página, para discutir problemas e necessidades, compartilhar ideias e soluções e engajar pessoas e empresas ao mostrar que, a tecnologia aplicada na saúde pode redesenhar nosso modelo assistencial e até mesmo mudar a forma como fontes pagadoras e prestadores de serviço se relacionam. As próximas páginas desta publicação apresentarão matérias sobre segurança da informação, ponto crítico hoje nas instituições de saúde, interoperabilidade e a aplicação de soluções de TI na rotina dos hospitais e seus resultados. Além disso, trazemos também o especial sobre o Prêmio Health-IT, que ocorre durante o segundo dia de SAHE – South America Health Exhibition, e fecha com chave de outro a segunda edição do Congresso Hospital Conectado, também organizado por este periódico com o apoio de um comitê científico formado por 16 CIOs, médicos e profissionais de tecnologia. A nova Health-IT também passa a ser a publicação oficial da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS), e contará com a colaboração de seus membros, dando voz ao setor e apresentando cada vez mais conteúdo que auxiliará no desenvolvimento e amadurecimento da TI em Saúde em todo o Brasil. Muita novidade ainda está por vir. Boa leitura!
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Vamos falar sobre TI em saúde 14 |
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ientista biomédico em neurociências, graduado em doutorado pela Faculdade de Medicina da USP (FMRPUSP), em Ribeirão Preto, em 1968 e 1977. O prof. Dr. Renato Marcos Endrizzi Sabbatini trabalha como pesquisador e professor universitário desde 1969, iniciando sua carreira na FMRPUSP e, a partir de 1983, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde fundou, em 2018, o Núcleo de Informática Biomédica, um centro pioneiro na América Latina na área. Sabbatini também é membro fundador da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, do Instituto Edumed para Educação em Medicina e Saúde, do Instituto HL7 (Health Level Seven), que surgiu em 2007, e da Associação IHE Brasil (Integrating the Healthcare Enterprise - 2014). Além de fomentar as primeiras iniciativas no campo da informática em saúde no Brasil, o professor é Fellow Elect da International Academy of Health Sciences Informatics, da IMIA - International Medical Informatics Association. Atualmente, é professor de pós-graduação em diversas instituições, consultor em TI em saúde e CEO da Sabbatini Consulting, autor de mais de 2 mil publicações científicas. Com base em um currículo impecável e um dos especialistas mais conceituados para falar sobre TI em Saúde, a Health-IT conversou com Sabbatini sobre a evolução do setor, gargalos, maturidade e futuro. Confira nas próximas páginas o bate-papo que tivemos.
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Quais os avanços na área de TI em Saúde que o senhor considera mais significativos nos últimos cinco anos? No mundo todo, os avanços mais significativos e com potencial mais revolucionário têm sido os sistemas de apoio à decisão, principalmente os baseados em aprendizado de máquina e inteligência artificial (IA), mas que ainda estão em processo de adoção na rotina médica, um processo normalmente bastante
lento e difícil, como tem demonstrado a história deste tipo de aplicação. Outra área que fornece insumos para isso é a análise intensiva de dados (Big Data), que realmente traz enormes benefícios para o setor saúde, e é menos polêmica, embora também tenha as suas dificuldades. O grupo de tecnologias-chaves hoje para todas essas aplicações são os serviços em nuvem (hospedagem e computação), que têm entrado de maneira avassaladora no setor, apesar dos riscos de segurança maiores que proporcionam. Outro grupo seria o relacionado à computação cognitiva.
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De que maneira as iniciativas tomadas pelo atual ministro da saúde, Ricardo Barros, em relação à informatização do SUS contribuem para o desenvolvimento e acesso da saúde no Brasil? De maneira geral, o atual ministro da Saúde tem dado um grande apoio às iniciativas relacionadas ao projeto estratégico de e-saúde, inclusive a sua promulgação (que estava parada desde gestões anteriores), como a resoluta adoção gradativa de padrões de informação e interoperabilidade, o desenvolvimento mais acelerado de projetos como o CMD (Conteúdo Mínimo de Dados de Saúde), o RES (Registro Eletrônico de Saúde) Nacional, os serviços de interoperabilidade do DATASUS, e o grande projeto DigiSUS, que prevê uma informatização clínica (prontuário eletrônico) universal e apoiada por recursos adequados, além do PIUBS - Programa de Informatização das UBS. Também podemos mencionar os projetos de terminologias (aquisição definitiva do SNOMED CT pelo Brasil) entre outros. Como 75% do setor de saúde é público, evidentemente todas essas ações têm tido um grande impacto no desenvolvimento da TI em saúde, e na própria gestão da saúde. Estamos progredindo bastante.
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SAÚDE 10 PONTUANDO A TI
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Os hospitais no Brasil iniciaram, nos últimos dois anos, uma verdadeira corrida pela certificação EMRAM/HIMSS. Esse processo de certificação colabora para melhorar a maturidade de TI dos hospitais? Corre-se o risco dessa certificação ser almejada somente como símbolo de status para a entidade? Essa corrida tem acontecido basicamente entre os hospitais de ponta, e mesmo assim, em geral, só os das grandes capitais, que têm os recursos gerenciais, técnicos e financeiros para enfrentar os custos de obtenção da certificação. Portanto, são poucos ainda. Não nos esqueçamos que o Brasil tem quase 7.000 hospitais, sendo que a grande maioria nem sabe o que vem a ser o EMRAM e seus benefícios, e nem tem maturidade tecnológica para chegar a um nível mais elevado. Podemos evitar que o EMRAM passe a ser só um símbolo de status através da fiscalização e recertificação periódica pela HIMSS, como é previsto, pois os requisitos evoluem, mudam e se tornam mais rigorosos. A certificação do software também é importantíssima, ninguém consegue um EMRAM de nível 4 para cima sem um software integrado complexo e adequado, e não é mera coincidência que todos os hospitais brasileiros nível 6 ou 7 adotam apenas dois dos centenas de SIHs nacionais. Nesse ponto, o sistema de certificação da SBIS/CFM tem sido fundamental. Mas é claro que se o EMRAM se difundir mais, ou existir uma certificação nacional equivalente e mais barata, vai ocorrer um efeito sobre a maturação da TI nos hospitais.
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Um desafio comum, enfrentado por todos os CIOs do setor é a interoperabilidade. Quais são os pontos mais sensíveis em relação a essa questão e porque ainda não conseguimos interoperar? Para começar, minha opinião é que tanto os provedores de tecnologia quanto os usuários finais da tecnologia não têm demonstrado muito interesse em facilitar ou implementar interoperabilidade de dados de saúde. Tradicionalmente, no Brasil, esse é um mandado governamental (é só ver o que aconteceu
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com o TISS/TUSS: as iniciativas particulares anteriores, como a da ABRAMGE, nunca se disseminaram amplamente). Quando a instituição foca apenas no paciente que atende, e deixa o trabalho duro para o profissional de saúde repetir “ad nausem” a aquisição dos dados sobre o paciente, os dados existentes em outros locais onde ele foi atendido não são valorizados, e até existe uma certa resistência em compartilhar os dados dos seus pacientes com outras instituições, a não ser que sejam obrigados por alguma lei ou norma. Dito isso, o maior obstáculo ainda é técnico, ou seja, não conseguimos interoperar porque não adotamos consensualmente os padrões funcionais e semânticos que são necessários para isso e que existem há muito tempo no mundo, como os do HL7 (Health Level Seven). Ficam todos os desenvolvedores esperando os outros adotarem, antes de fazer o investimento, e assim a coisa não anda.
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Nestes últimos meses pudemos testemunhar as iniciativas do governo federal com o e-SUS e o digiSUS. O senhor considera essas iniciativas promissoras e de longo prazo? Sim, são muito promissoras, e essenciais para a adoção de uma TI eficiente e com grande penetração, definitivamente. O projeto de e-Saúde integrado é o futuro. A grande pergunta que fazemos, no entanto, é se esse esforço terá real continuidade, uma vez que
“NÃO EXISTE RESISTÊNCIA À TECNOLOGIA, COMO PREGAM, O QUE EXISTEM SÃO TECNOLOGIAS INÚTEIS OU MAL IMPLANTADAS.”
depende da vontade política do ministro e do aporte adequado de recursos humanos, financeiros e materiais aos órgãos executores dentro do sistema. Infelizmente, as iniciativas nomeadas dependem ainda de poucas pessoas-chave, inclusive o próprio ministro, e alguns cargos de confiança, sem falar no dinheiro do PROADI e orçamentários garantidos a longo prazo
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Muito se discute sobre a aplicação de Big Data ou Data Analytics, no entanto, toda essa informação disponível para as instituições e governos coloca em xeque a segurança de dados dentro do setor. Os sistemas público e privado de saúde estão prontos para lidar com questões de segurança da informação? Big Data & Analytics não é algo novo (eu mesmo trabalho nessa área de P&D desde 1972), mas assumiu uma importância maior mais recentemente, devido ao grande volume de dados que tem sido gerado digitalmente pelas redes públicas. Acontece que os dados administrativos, financeiros e clínicos são sigilosos, e a confidencialidade dos dados pessoais são protegidos por lei. Isso gera um conflito com a necessidade de implementar tanto a interoperabilidade como os repositórios de dados identificados que serão necessários para o Big Data. A falta de cuidados, como aconteceu recentemente com a base de dados pessoais do CNS (Cartão Nacional de Saúde) tem gerado incidentes de segurança terríveis, e com consequências altamente danosas, tanto para os indivíduos quanto para as instituições. O governo e as instituições privadas não têm dado a atenção a esse problema, e é necessário que se implementem certificações no setor também como os padrões ISO da série 27000, que são traduzidos e publicados pela ABNT. Eu acho que o controle desses conflitos só poderá ser efetuado efetivamente se o governo obrigar as instituições detentoras desses dados a se certificarem com relação às boas práticas de segurança da informação!
“DESCULPEM OS JOVENS DE TODAS ESSAS “START-UPS” QUE PROCLAMAM AOS QUATRO VENTOS QUE SEUS APLICATIVOZINHOS VÃO REVOLUCIONAR A SAÚDE, OU COMO ELES MESMO DIZEM, CAUSAR UMA “DISRUPÇÃO”. É MUITO DIFÍCIL QUE ISSO VENHA A ACONTECER.”
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Ainda dentro dessa questão de segurança, onde estão os pontos mais críticos, ou vulneráveis, das instituições de saúde? A aplicação de IoT só piora este cenário? Os ataques de ransomware sucessivos e altamente danosos para a segurança das instituições e dos próprios pacientes têm demonstrado a gravidade da situação, que não está sendo devidamente enfrentada pelos CIOs, mesmo porque são necessários investimentos vultuosos para sua implementação. As instituições estão preferindo apostar na sorte, usar um pensamento mágico que não vai acontecer com elas. Ao meu ver, o ponto fraco é o “humanware”, ou seja, os usuários, que não têm treinamento e conscientização minimamente necessários para conseguir um controle razoável contra as penetrações de softwares maliciosos e hackers. Você até pode fazer um investimento milionário para proteger seus servidores, redes, perímetro físico, etc., mas um único usuário que clique em um phishing pode por tudo a perder! Os pontos críticos futuros serão as implementações em nuvem (altamente inseguras, apesar de tudo que os provedores de nuvem prometem....) e a Internet das Coisas, com centenas de milhares de dispositivos ligados à rede, que tem o potencial de transformar a Internet em uma selva inabitável em muito pouco tempo.
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SAÚDE 10 PONTUANDO A TI
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A aplicação de Inteligência artificial já é estudada há cerca de duas décadas. No entanto, somente nos últimos anos esse assunto veio à tona e agora é considerada a “tecnologia que vai revolucionar a saúde”. Você acha que há uma visão míope sobre a aplicação desse conceito no setor (onde as pessoas especulam que robôs atenderão pacientes e substituirão médicos)? Desculpem os jovens de todas essas “start-ups” que proclamam aos quatro ventos que seus aplicativozinhos vão revolucionar a saúde, ou como eles mesmo dizem, causar uma “disrupção”. É muito difícil que isso venha a acontecer. Substituição dos médicos, destruição criativa do setor saúde, tudo isso só vai acontecer se houver um sólido modelo de adoção, que realmente traga benefícios para os profissionais e para seus pacientes. Os tomógrafos, as máquinas automatizadas de análise clínica, o PACS, os robôs cirúrgicos, são bons exemplos de rápida adoção na medicina. Portanto, não existe resistência à tecnologia, como pregam, o que existe são tecnologias inúteis ou mal implantadas. Especialmente a Inteligência Artificial em Medicina (outra área em que eu trabalho em P&D desde os anos 80) não decolou, simplesmente porque não se encaixou na forma como a atenção de saúde ocorre, ou seja, o seu fluxo e temporalidade. Além disso, assim como o Big Data, o seu bom uso e efetividade depende do profissional de saúde entrar todos os dados de forma correta, estruturada, codificada, completa, atualizada, de alta qualidade, e no momento certo. Isso ainda não está ocorrendo, no que pese ao açoite em implantar-se o Prontuário Eletrônico, fonte de toda informação.
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O que podemos esperar para os próximos anos no segmento de TI em Saúde? Temos que olhar o que ocorre internacionalmente, pois esse sempre foi o caminho do Brasil, vir seguindo atrás, com uma década ou mais de atraso. Atualmente, algumas áreas se revelam promissoras, como eu já expus na primeira questão. A nanotecnologia, especialmente aliada à engenharia genética, como
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a técnica CRISPR, tem um grande potencial. Além disso, a integração do PEP às bases de conhecimento externas, e aos aplicativos de apoio à decisão, através de padrões de interoperabilidade, como o HL7 Infobutton e o CDS Hooks, são temas ainda em desenvolvimento, sobre os quais muito têm se debatido nos congressos internacionais. Sistemas cognitivos, como o Watson Health, certamente deixarão sua marca, à medida que ficam cada vez mais poderosos e similares à inteligência humana, mas eu não apostaria que eles causarão seu impacto tão rápido quanto se deseja ou imagina.
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Na sua opinião, qual o papel da Indústria de TI e do CIO na transformação do setor e no aumento da maturidade na adoção de novas tecnologias? Depende. Nos EUA, praticamente toda a inovação na implementação parte da indústria, através de novos produtos, pesquisados internamente ou como spin-offs da pesquisa acadêmica. Outros grandes polos de inovação surgirão, especialmente na Europa e na China, devido aos grandes investimentos que estão sendo feitos. No Brasil, infelizmente, não ocorre nem uma coisa, nem outra. A nossa pesquisa acadêmica em informática em saúde se limita a alguns poucos centros, com baixo nível de inovação que possa resultar em produtos competitivos em cenários mais avançados do futuro. Na indústria praticamente inexistem centros de inovação. E em matéria de hardware, consumimos praticamente 100% do que é produzido no exterior, tirando alguns produtos de baixa complexidade. Em software, a situação é um pouco melhor, mas ainda vejo pouca inovação, são sempre aqueles softwares todos fazendo a mesma coisa. Quanto ao CIO, ele/ela é peça fundamental na adoção real dessas novas tecnologias, evidentemente. Como é um setor interdisciplinar, é importante também ter um CMIO, um(a) CNIO, etc., trabalhando em cooperação, principalmente na questão de criar uma cultura de adoção. Ambos precisam estar permanentemente a par das novidades, e atuar no sentido de otimizar, avançar e amadurecer as novas tecnologias.
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