EDIÇÃO 17
BRASIL EM
BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação
Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • jul/ago/set 2015 • www.gs1br.org
EDIÇÃO 17
CÓDIGO
AUTOMAÇÃO COMO ALIADA DOS NEGÓCIOS
dos empresários veem o código de barras como solução importante para as vendas, revela pesquisa da GS1 Brasil
PANORAMA
CONFERÊNCIA DISCUTE EFICIÊNCIA DE PROCESSOS EM TEMPOS DE CRISE
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ao leitor
Solução democrática Com os índices econômicos instáveis e algumas notícias que abalam a confiança de investidores e consumidores, é difícil conseguir enxergar, a curto prazo, boas oportunidades no mercado brasileiro. O esforço diário para desenvolver um produto de qualidade, prestar o melhor atendimento aos clientes e aumentar o faturamento parece complicado nesse momento. Entretanto, é vital pensar em possibilidades de crescimento. E o trabalho da GS1 Brasil é, justamente, divulgar as soluções de automação que ajudam as organizações a terem eficiência, controles mais apurados e redução de custos. Além disso, ajudá-las a escolher as melhores soluções para cada tipo de operação. Nesse sentido, o 5º Brasil em Código – Conferência Internacional da GS1 Brasil sobre Automação e Logística, realizado recentemente em São Paulo (SP), que reuniu executivos de diferentes segmentos da economia, mostrou um horizonte mais positivo para driblar a crise: apostar em tecnologia e inovação, como podemos conferir na reportagem sobre o evento. Aliás, tecnologia e inovação não é assunto apenas para grandes empresas nem requer investimentos vultosos. Além de dar todo o suporte às organizações brasileiras há mais de três décadas, a GS1 Brasil comprovou, recentemente, os benefícios do código de barras em pesquisa exclusiva, que foi escolhida como tema da matéria de capa desta edição. O código de barras é uma das soluções mais democráticas que existem, pois pode ser utilizado por empresas de todos os portes e áreas de atuação. Além disso, ele dá a base para processos de automação mais sofisticados. O estudo foi desenvolvido diante da importância e da necessidade crescente de incorporação de padrões no País. Empresas e consumidores foram consultados a respeito do uso do código de barras. Um dos dados mais interessantes diz respeito à sua utilização no futuro: 88% dos consumidores entendem que a validade dos produtos deve estar nos códigos de barras. Os resultados da pesquisa também surpreendem por demonstrarem o alto grau de maturidade do empresariado com relação a essa solução: 80,65% dos produtos vendidos no Brasil são identificados com o código de barras. E 92% das companhias que oferecem produtos para o consumidor final consideram o uso de código de barras importante para as vendas, algo crucial em época de desaceleração econômica. Assim, podemos concluir que todos os processos de identificação de produtos, logísticos e de varejo que foram automatizados ao longo de mais de 30 anos no País influenciaram o bom desempenho da economia nacional. Nesse momento em que surgem algumas incertezas, ele e outras soluções oferecidas pela GS1 Brasil podem, sem dúvida, colaborar para garantir negócios mais promissores.
Foto: Paulo Pepe
Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente
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Código de barras na visão de consumidores e empresas
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A revista Brasil em Código é uma publicação trimestral da GS1 Brasil dirigida e distribuída gratuitamente aos seus associados, aos parceiros e à comunidade de negócios. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da entidade e da editora.
João Carlos de Oliveira P re s i d e n te
Antônio Carlos Leão José Humberto Pires de Araújo Maria Eugenia Proença Saldanha Paulo Hermínio Pennacchi Pedro Zidoi Sdoia Wanderlei Saraiva Costa V i ce - p re s i d e n te s
Virginia Villaescusa Vaamonde CEO
M a rk e ti n g R e la çõe s I n s ti tu ci on a i s
e d i re tora d e
e
D i re tor D i re tor D i re tor
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F i n a n ça s
Charles Sampaio
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S e rv i ços C orpora ti vos
Roberto Matsubayashi e
A li a n ça s E s tra té g i ca s
Silveraldo Mendes
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A te n d i m
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A s s oci a d o
Gerente de comunicação e eventos Frederico Bellini coordenação da revista Andréa Palmer GS1 BRASIL Rua Henrique Monteiro, 79 Pinheiros – 05423-020 – São Paulo Telefone: (11) 3068-6229 www.gs1br.org Redes sociais facebook.com/gs1brasil www.linkedin.com/company/gs1-brasil www.youtube.com/gs1brasil www.flickr.com/gs1brasil FALE COM A REDAÇÃO revista@gs1br.org PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA G&T Comunicação Ltda. Telefone: (11) 2503-4618 comunicação redacao@gtcomunica.com.br Editora Denise Turco – MTB 43.537 Editora-assistente Kathlen Ramos Revisão Helder Profeta Fotografia Paulo Pepe CAPA Marcelo Gorzoni Arte Adriano Cristian Fernandes Colaboração Adriana Bruno, Ana Paula Garrido, Camila Guesa, Epaminondas Neto, Juliana Jadon, Patricia Lucena, Ticiana Werneck (texto); e Edson Perin (artigo) Impressão Referência Gráfica Tiragem 3 mil exemplares
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SUMÁRiO
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48 6 CURTAS 13 EDUCAÇÃO 27 INSTITUCIONAL 34 EMPREENDEDORISMO 36 PERFIL 41 OPINIÃO 42 MERCADO 46 VAREJO 54 DESIGN 58 RADAR 60 DESCONEXÃO 66 TECNOLOGIA & NEGÓCIOS
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CAPA Pesquisa inédita da GS1 Brasil mediu a relevância do código de barras no cotidiano dos brasileiros e sua importância para o desempenho das empresas que movem a economia do País
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ENTREVISTA O professor da ESPM Victor trujillo aponta as tendências do segmento foodservice
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PLANEJAMENTO
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NEGÓCIOS Empresas com produtos
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SUSTENTABILIDADE
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AUTOMAÇÃO O 5º Brasil em Código promoveu debate sobre economia, inovação e tecnologia
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DISTRIBUIÇÃO
Especialistas mostram os prós e os contras de adotar o tradicional Plano de negócios
e serviços inusitados apostam no modelo de franquias para crescer
GS1 Brasil apoia o maior medalhista do esporte paralímpico nacional, o nadador daniel dias
Conheça estudo que mapeou o nível de automação de atacadistas e distribuidores de materiais de construção
CURTAS
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Internet via smartphone
68,4 milhões
Troca de experiências
A Associação Brasileira das Indústrias do Setor de Sorvetes (ABIS) e a GS1 Brasil estabeleceram, em julho, uma parceria que visa a troca de conhecimento, o compartilhamento e a ampliação do uso dos padrões GS1 no setor de sorvetes. A GS1 Brasil participará de eventos promovidos pela ABIS, com palestras sobre padrões para identificação, captura e compartilhamento de informação. Já a entidade representativa do segmento de sorvetes terá a oportunidade de usufruir dos espaços da GS1 Brasil para realização de reuniões do setor, além de trazer seus associados para visitar o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT).
Padronização no varejo
Recentemente, a Fast Shop, varejista de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, associou-se à GS1 Brasil para implementar melhorias em sua operação a partir do uso de soluções padronizadas. A empresa elaborou um projeto para reestruturar seus sistemas internos a fim de incluir o GTIN/EAN como chave de identificação dos itens. Assim, todos os produtos comprados e movimentados pela varejista deverão apresentar o padrão GS1. Desse modo, os fornecedores também deverão adotar a padronização. Além disso, a Fast Shop passará a utilizar outras soluções da GS1 Brasil, como o Cadastro Nacional de Produtos (CNP) e o Serviço de Verificação Global de Autenticidade de Prefixos (GEPIR). A iniciativa da empresa foi motivada pelo Decreto 57.608/2011, que criou um regime especial para Substituição Tributária do ICMS e exige a utilização do padrão GTIN-13 / EAN-13.
6 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Fotos/Imagens: Thinkstock
é a quantidade de pessoas que utilizam a internet por meio de um smartphone no Brasil, segundo a pesquisa Mobile Report, da Nielsen IBOPE, realizada no primeiro trimestre de 2015.
Foto: Arquivo
Marketing digital
Workshop produtivo
A GS1 Brasil levou para Curitiba (PR) o curso Código de Barras: Entenda, Crie e Gerencie a Identificação do seu Produto. Foram 78 participantes de empresas associadas locais, inclusive organizações que são filiadas há mais de 20 anos. O evento foi realizado em parceria com o SEBRAE Paraná, em maio. Os profissionais puderam aprender como identificar produtos com código de barras do Sistema GS1 de maneira eficiente, facilitando o acesso a novos mercados e a integração com parceiros. O sócio-diretor da Formaden, Luis Rei de Melo, participou do workshop e revelou que a experiência foi bastante satisfatória. “Quero parabenizar à equipe que ministrou esse evento e à GS1 Brasil pela iniciativa de nos informar a respeito das novas técnicas e novidades no que diz respeito ao código de barras. A palestra foi muito esclarecedora”, avaliou o executivo.
Entre 27 de julho e 1º de agosto, o anfiteatro da GS1 Brasil, na capital paulista, foi palco do Curso de Imersão Executiva em Marketing Digital, ministrado pela autora do best-seller Marketing na Era Digital e referência na área no Brasil e exterior, Martha Gabriel (foto). O encontro também teve uma série de painéis com especialistas que mostraram tendências de mercado. O diretor da área de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi, por exemplo, falou sobre internet das coisas e padrões, apresentando o case da Brascol, atacadista de moda bebê e infantojuvenil sediada na capital paulista, que se destaca na utilização da RFID. O evento foi patrocinado pela GS1 Brasil e reuniu executivos e gestores de grandes empresas do País. “A parceria com a GS1 é bastante adequada para essa imersão, não apenas pela qualidade das instalações e alto profissionalismo da equipe mas, principalmente, por propiciar uma experiência ímpar de visita ao CIT e conhecer o estado da arte em integração de padrões”, afirmou Martha Gabriel.
Reinauguração em grande estilo
Depois de um ano de sua abertura, o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) será reinaugurado em setembro. O projeto, que nasceu com o conceito de estar sempre em sintonia com as novidades do mercado, já recebeu 2 mil visitantes. Agora, o CIT terá mais tecnologia de ponta nos ambientes que representam as diferentes áreas da cadeia de suprimentos. No espaço dedicado ao varejo, por exemplo, a experiência do consumidor estará representada por um espelho mágico, no qual a peça de roupa é identificada por uma etiqueta de RFID e, a partir dela, o sistema sugere diferentes cores e combinações de roupas que possam interessar ao consumidor. “A entidade ainda prepara mais uma surpresa com o que há de mais inovador na área de tecnologia”, afirma o diretor da área de inovação e alianças estratégicas da GS1 Brasil, Roberto Matsubayashi. Outra novidade diz respeito à visitação virtual. No portal da entidade será possível continuar a experiência por meio do link CIT Tour Virtual, para conhecer em detalhes os padrões, os equipamentos e as soluções existentes no espaço. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 7
CURTAS
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Cultura da padronização A área de educação da GS1 Brasil, responsável por expandir o relacionamento com o meio acadêmico, acaba de estabelecer mais uma parceria com a Fundação Universidade São Paulo (FUSP). A parceria envolve um dos projetos da Escola Politécnica, chamado Canal Azul, cujo propósito é reduzir o tempo na liberação de cargas de carne bovina e obter maior precisão nos sistemas logísticos da cadeia de produção e abastecimento. O projeto conta com a participação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). “Nos baseamos na tecnologia de identificação de cargas por chip de radiofrequência (RFID), somada a uma solução de software que integra exportadores, despachantes aduaneiros, o MAPA e outros players”, explica o professor titular da USP e um dos coordenadores do projeto, Eduardo Mario Dias.
Capacitação
A GS1 Brasil vai adotar trilhas de conhecimento para analisar e definir as ferramentas que vão contribuir para melhorar a capacitação de seus associados. O foco será no conhecimento técnico dos padrões e em novas tecnologias, soft skills, temáticas detectadas em um workshop realizado com os associados na sede da organização.
8 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Foto: Paulo Pepe
Foto: Rogério Alonso
Arte em código
Expressar em forma de arte o desenvolvimento do código de barras e a sua contribuição para os negócios. O conceito da evolução humana e uso crescente do código de barras foram o ponto de partida para a GS1 Brasil encomendar uma obra de arte para a escultora brasileira Francisca Junqueira (foto). O resultado foi um imponente painel instalado na sede da entidade, em São Paulo (SP), com 3,5 m de largura e 1 m de altura. A obra é constituída de pranchas de alumínio sobrepostas e, em cada uma delas, há uma imagem em relevo representativa da evolução do homem, que, em certo momento, alcança o surgimento do código de barras. “A comunicação evoluiu através da inteligência humana. Os códigos anteriores, como os desenhos das cavernas, os hieróglifos e o surgimento da impressão gráfica, deram espaço para a criação de novos métodos de leitura que podem representar uma infinidade de informações por meio do código de barras”, comenta Francisca. A artista explica que a cor escolhida, o azul, define a profundidade e a imensidão da Terra, que recebe a intercomunicação das ondas de comunicação, permitindo que o código de barras seja universal. As chapas de alumínio (recicláveis e recicladas) foram cortadas a laser e pintadas manualmente. Os relevos foram feitos de resina e depois receberam coloração. Francisca é escultora e especialista em obras de grande porte para espaços abertos. Formada em artes plásticas pela FAAP, atua há mais de 40 anos nesse trabalho e também dá aulas em seu ateliê em Barueri (SP).
Preferências tecnológicas
As mulheres carregam o estereótipo de que são menos conhecedoras do mundo da tecnologia. Mas uma pesquisa do Ipsos, em nome da Intel e realizada no início do ano no Brasil, mostra uma realidade diferente da que se imagina. O apetite feminino por tecnologia de ponta destaca-se entre dispositivos que ofereçam funcionalidade e design. As entrevistadas ressaltam a importância de manterem-se atualizadas com as mais recentes tecnologias na hora de comprar o equipamento considerado a evolução do desktop tradicional, aliando todas as funções no monitor, chamado All in One (45%, contra 39% entre os homens). As prioridades dos homens são diferentes: eles demonstram estar mais antenados nas últimas tendências da tecnologia e interesse por produtos como smart watches e ultrabooks.
[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 9
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Farmácia hospitalar em debate
Fotos: Divulgação
De 12 a 14 de novembro acontece o X Congresso Brasileiro de Farmácia Hospitalar, no Expo Unimed, em Curitiba (PR). Promovido pela Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (SBRAFH), o evento terá programação voltada para os protocolos integrados de assistência farmacêutica e a segurança do paciente. “Os resultados obtidos por meio da prática diária serão o foco do congresso em 2015. Vamos
Francisco Chagas, presidente da ABRADILAN
Nova gestão
possibilitar a troca de experiência entre profissionais brasileiros e estrangeiros, a fim de aprimorar os serviços”, diz o presidente da SBRAFH, Marcelo Polacow Bisson. Os participantes também poderão visitar uma feira com as novidades no mercado da farmácia hospitalar oferecida pelas indústrias e empresas do setor farmacêutico. Confira os detalhes no site www.sbrafh.org.br/congresso2015.
Da esquerda para direita: Rodrigo Klein, da T2 Software; Patricia Amaral e Ana Paula Maniero, da GS1 Brasil; Jair Calixto, do Sindusfarma; e Luciano Lobo, da PróGenéricos
A Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (ABRADILAN) anunciou sua nova diretoria para o período de 2015 a 2017. O presidente, Francisco Chagas, e o vice, Juliano Cunha Vinhal, estarão à frente da entidade. O evento de posse ocorreu em junho, em São Paulo (SP), e a GS1 Brasil foi representada, na ocasião, pela gerente de negócios Ana Paula Maniero e pela assessora de negócios Patricia Amaral Okumura.
10 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Controle apurado Espaço do Conhecimento
A GS1 Brasil está desenvolvendo um projeto para a implantação de seu Espaço do Conhecimento, que deverá oferecer uma mostra complementar ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT). O local trará informações sobre a evolução histórica do código de barras e da automação no Brasil e no mundo e mostrará, especialmente, o papel da entidade na disseminação de soluções nos mais de 30 anos que atua no País. O projeto, que terá modernas tecnologias expositivas, é assinado pela Venosa Design, uma das mais experientes empresas na área de museus empresariais e que já criou exposições em grandes organizações, como a Embraer. Quem responderá pela curadoria dos conteúdos é a empresa Memória & Identidade.
O consumidor brasileiro deve ter, no futuro, mais garantias e segurança na hora de comprar um produto. É que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) está desenvolvendo um trabalho para aprimorar seus processos, controles e fiscalização de mercadorias que circulam no mercado nacional, a exemplo de brinquedos. A GS1 Brasil está assessorando a instituição no sentido de mostrar os benefícios do padrão de identificação do Sistema GS1 no processo de registro de produtos controlados pelo INMETRO. Executivos das duas organizações se reuniram recentemente para discutir a questão da padronização.
CURTAS
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Estratégias de marketing A Millward Brown, empresa que atua na construção de grandes marcas, apresentou um estudo com os aprendizados de campanhas multimeios feitas no Brasil e o impacto dos investimentos sobre a imagem das marcas. Uma das conclusões é que, apesar da grande competitividade entre TV e vídeos on-line, o segundo consegue atingir pessoas que a TV tradicional acaba não alcançando. Outro dado interessante da pesquisa é que o on-line display, como banners em portais, continua forte no Brasil e é um grande aliado em termos de persuasão.
Colaboração em prol do comércio
A GS1 Brasil é a mais nova entidade colaboradora da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O convite é resultado de sua participação em reuniões e discussões das Câmaras do Comércio da CNC. O presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, reforçou a importância dessa colaboração, destacando que as atividades comerciais têm potencial para manter a economia ativa em épocas de crise. Segundo a gerente de relações institucionais, Liliam Santos, a GS1 Brasil pode agregar conhecimento técnico e experiência acumulados mundialmente em relação aos temas tratados na CNC, bem como promover as soluções para os projetos estratégicos que visem o desenvolvimento do setor.
Conexão Portal GS1 Brasil Começando a usar o código de barras
Tornar o código de barras acessível e aumentar a compreensão dos usuários sobre essa solução é um dos principais objetivos da GS1 Brasil. No novo portal da entidade, o link Começando a Usar o Código de Barras tem, justamente, a finalidade de esclarecer as dúvidas de quem nunca usou a ferramenta. Afinal, ela é uma das primeiras necessidades de automação para as empresas que se propõem a comercializar um produto. “Os profissionais têm dúvidas em relação à tecnologia ideal e às oportunidades que essa solução pode proporcionar ao negócio. No site, a página de códigos e padrões possui respostas para essas perguntas”, esclarece o supervisor do departamento de atendimento e cobrança da GS1 Brasil, Victor Fernandes. Assim, nesse canal, os interessados podem encontrar informações sobre os padrões existentes para codificação de produtos, imagens dos códigos, aplicação, benefícios, cases, materiais técnicos e vídeos.
Fique conectado no
www.gs1br.org
12 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
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EDUCAÇÃO
[SUPERAÇÃO
Conhecimento para superar dificuldades Imagem: ThinkStock
Após passar por problemas financeiros, empreendedor faz os cursos gratuitos da GS1 Brasil e dá uma guinada na carreira Por Ticiana Werneck
Antônio Alberto Lima nunca pensou em trabalhar com sistemas de automação comercial. Ele estava indo bem à frente de sua distribuidora de perfumaria até que foi roubado internamente. “Não sabíamos, mas alguns funcionários faziam parte de uma quadrilha de estelionatários e nos deram um golpe tão grande que falimos”, conta. Preocupado com o futuro, ele passou a procurar um novo ramo para voltar a empreender e fechar as feridas do tombo que lhe secou todas as reservas. Começou a vender tudo, inclusive os computadores equipados com o sistema de automação que usava em sua distribuidora. Percebeu que ali havia um mercado a ser explorado. “O sistema fazia controle financeiro, de estoque e de vendas. Assim que ofereci, notei que um varejista se interessou e pediu mais informações sobre as funcionalidades e serviços relacionados.” Foi uma grata surpresa, mas como seu conhecimento nessa área era limitado – inclusive para precificar a venda ao cliente –, começou a buscar informações e capacitação. Um dia se deparou com uma reportagem sobre os cursos gratuitos de automação comercial ministrados pela GS1 Brasil. Até então nunca tinha ouvido falar em várias soluções e padrões, como a tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID). “Liguei para a GS1 e me inscrevi em todos os cursos disponíveis”, conta Lima, relembrando as dificuldades.“Eu não tinha dinheiro nem para almoçar, então tomava o café da manhã
reforçado que era oferecido no curso e aguardava o lanche da tarde”, diz. Mas, felizmente, com determinação e todo o suporte dos cursos, ele ampliou seus conhecimentos sobre automação, entendendo, assim, as deficiências e as oportunidades do mercado. Hoje ele é dono da Genco Automação Informática e Equipamentos, instalada em Guarulhos (SP). Há oito anos no mercado e com mais de 200 clientes na carteira, a empresa vende equipamentos fiscais e de automação, como coletores de dados, impressoras de código de barras, balanças, entre outros. “A GS1 teve participação total na minha história de superação. Depois de fazer os cursos, saí com outra mente e modo de agir diante dos clientes”, afirma. Além de entender os detalhes técnicos sobre a estrutura e os sistemas, ele também aprendeu sobre técnicas de venda e relacionamento com clientes para estar mais seguro durante as negociações. “Indico a GS1 Brasil para todos que precisam saber mais sobre automação. E agradeço à entidade, pois tudo que tenho hoje devo a ela, que não me cobrou R$ 1 dos cursos, num momento em que eu não tinha nada e precisava de tudo”, finaliza o empresário.
Antônio Alberto Lima, da Genco “A GS1 teve participação total na minha história de superação. Depois de fazer os cursos, saí com outra mente e modo de agir diante dos clientes”
Foto: Divulgação
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eNTreVisTa
[viCTOR TRUJiLLO
Tecnologia é receita para
crescimento
Diante das novas ferramentas – como os aplicativos para pedidos on-line – e de um consumidor mais atento, o segmento de alimentação fora do lar deve passar por uma revolução Por Denise Turco Que a alimentação fora do lar conquistou consumidores de todo o País não é segredo. A ascensão da classe média nos últimos anos, os novos hábitos criados em razão da falta de tempo para preparar alimentos, a presença da mão de obra feminina no mercado de trabalho e até a urbanização de cidades menores mostram que essa é uma realidade presente no cotidiano dos consumidores. Assim, o brasileiro destina quase um terço do orçamento de alimentos para comer fora de casa. Mais de 70% desse consumo ocorre nos dias de semana, sendo o almoço a principal refeição, segundo o Instituto Foodservice Brasil (IFB). Os dados são significativos, porém ainda distantes dos padrões americano ou europeu. Apesar disso, o segmento que reúne restaurantes, pizzarias, fast-food, lanchonetes, padarias, bares, hotéis, etc., registra índices de expansão acima da economia do País. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (ABIA), o setor faturou R$ 132,5 bilhões em 2014, um incremento de quase R$ 16 bilhões com relação ao ano anterior. De 2003 a 2013, a expansão ficou na casa de dois dígitos. Apesar da elevação dos custos dos alimentos e da desaceleração da economia neste ano, o segmento deve continuar em expansão.
14 jul/ago/set 2015 [ BRasiL EM CÓDiGO ]
Nesse mercado em que estabelecimentos familiares e de pequeno porte se somam às grandes redes de alimentação para disputar a fome e o bolso do consumidor, a tecnologia será responsável por propiciar boas oportunidades de negócios. Essa é a visão do coordenador dos cursos de férias da ESPM e professor de pesquisa de marketing da mesma instituição, Victor Trujillo. “Os aplicativos para pedidos on-line estão inaugurando uma nova fase, mas as novidades devem prosseguir para dentro dos estabelecimentos, que se verão obrigados a informatizar o negócio para se manterem competitivos. O impacto disso será enorme”, prevê o especialista que há 16 anos acompanha esse mercado. Trujillo é psicólogo, formado em propaganda e marketing e MBA em marketing e gestão empresarial pela ESPM. Também é pós-graduado em política e estratégia pela Universidade de São Paulo (USP), além de outros títulos em instituições norte-americanas. Há duas décadas dirige o IPESO Instituto de Pesquisa, empresa de pesquisa de mercado, opinião pública e eleitoral. Autor do livro Pesquisa de Mercado Qualitativa e Quantitativa (Editora Scortecci, 2001), ele fala, a seguir, sobre as perspectivas e as tendências de uma das áreas mais promissoras da economia.
“Os aplicativos de pedido on-line são a bola da vez e devem puxar a informatização do setor foodservice”
Fotos: Paulo Pepe
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ENTREvista
Brasil em Código Com a economia do País em crise, quais são as perspectivas para o foodservice em 2015 e nos próximos anos? VITOR TRUJILLO O setor não terá o crescimento anual de dois dígitos, como aconteceu de 2003 a 2013, porém ainda crescerá mais do que o varejo alimentar, como supermercados. No ano passado, a expansão foi de aproximadamente 9%. Em 2015, o setor pode ter o menor crescimento dos últimos 15 anos, mas ainda sim será de, pelo menos, 5%, muito acima da economia brasileira. É um mercado com 1 milhão de estabelecimentos, que servem cerca de 60 milhões de refeições por dia, segundo dados da ABIA e do IFB.
“Estamos diante de uma revolução no setor de foodservice que começa agora e deverá prosseguir nos próximos anos” BC Quais são os motivos que impulsionam essa expansão? VT São vários: o aumento da renda, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a mudança de hábito dos brasileiros, o aumento no turismo interno devido à elevação do dólar e o crescimento da urbanização em cidades próximas às capitais. BC Quais formatos de estabelecimentos mais crescem? VT Os restaurantes e as lanchonetes são os segmentos que mais crescem, principalmente nas cidades de pequeno e médio porte, onde a alimentação fora de casa ainda avança menos do que nos grandes centros urbanos.
BC Quais são os desafios do mercado de alimentação fora do lar? VT A mão de obra ainda é um grande desafio para o setor. Falta pessoal qualificado. BC Como o setor vem enfrentando isso? Existe alguma iniciativa que se destaca nesse sentido? VT Sim, treinamento e o programa Menor Aprendiz, no qual o adolescente trabalha e, ao mesmo tempo, recebe formação profissional por meio de um curso teórico. Grande parte dos jovens tem seu primeiro trabalho no segmento de alimentação fora do lar. BC Hoje, quais são as principais dificuldades enfrentadas? VT Os custos dos estabelecimentos estão crescendo vertiginosamente e o poder de compra dos consumidores diminuindo. Os restaurantes não conseguem repassar os custos e veem suas margens caírem, sem falar na burocracia e carga tributária pesadíssima. BC Hoje, com o aumento de opções de alimentação fora do lar, que vão de opções saudáveis ao fast-food, além da conveniência, o que o brasileiro espera encontrar em restaurantes, bares, hotéis, etc.? VT Os consumidores querem bom atendimento e preço compatível com a qualidade e a proposta do estabelecimento. Já sabem diferenciar um restaurante de uma rede de fast-food e têm expectativas bem diferentes em relação a cada tipo de estabelecimento.
BC Como está a satisfação do consumidor em relação aos produtos e serviços oferecidos por esse setor? VT Como as pessoas já estão adaptadas aos diferentes formatos e opções disponíveis, em geral, não se frustram com suas escolhas. Existe muito espaço para o segmento surpreender. Acredito que um dos efeitos positivos da crise será a inovação. O empreendedor brasileiro é muito criativo e a crise tirará todos da zona de conforto. BC O segmento de alimentação é um dos que mais se destaca na área de franquias. Elas tendem a ganhar mais espaço? VT As franquias são uma opção interessante para quem deseja empreender e não tem experiência na área. Mas é preciso que o franqueado goste muito do setor de alimentação e inicie seu negócio consciente dos desafios que terá pela frente. BC Quais são as principais tendências do mercado de alimentação fora do lar no Brasil? VT Os aplicativos de pedido on-line são a bola da vez e devem puxar a informatização do setor. Segundo o IFB, no Brasil, 75% dos restaurantes são independentes, portanto, na maioria deles os processos ainda são manuais. O investimento em tecnologia permitirá melhorar a eficiência logística, reduzir custos e diminuir erros tanto do atendente quanto do consumidor. BC O brasileiro já está acostumado a usar serviços de delivery para fazer suas refeições. Recentemente, têm surgido outros modelos apoiados na tecnologia, como o delivery on-line. De que maneira a tecnologia deve mudar a relação entre os consumidores e os estabelecimentos de alimentação?
VT O delivery é uma tendência no Brasil e é impulsionado pelo trânsito e pela violência nos grandes centros. Os aplicativos para pedidos on-line estão inaugurando uma nova fase, mas as novidades devem prosseguir para dentro dos estabelecimentos. Nos Estados Unidos, a reserva de mesas on-line já é um processo muito comum. Os estabelecimentos se verão obrigados a informatizar o negócio para se manterem competitivos. O impacto disso será enorme. Estamos diante de uma revolução no setor de foodservice, que começa agora e deverá prosseguir nos próximos anos. Acompanho esse mercado há 16 anos realizando pesquisas com estabelecimentos, e a informatização que vinha lenta se acelerou desde o ano passado. A exemplo de outros setores, a tecnologia deverá revolucionar o foodservice. O consumidor é que sairá ganhando.
“Os restaurantes e as lanchonetes são os segmentos que mais crescem, principalmente nas cidades de pequeno e médio porte” BC Em relação aos food trucks, o senhor considera um modismo ou um modelo que deve se estabelecer no País?
VT Os food trucks sempre existiram, em versões menos glamourosas, como trailers de lanches, veículos adaptados, etc. Acredito que essa categoria de estabelecimento tem seu espaço no mercado e vai continuar existindo. BC Em sua opinião, como os estabelecimentos lidam com a onda da gourmetização? VT O impacto da gourmetização é pequeno, pois atinge mais a alimentação como opção de lazer. No dia a dia, o consumidor ainda está preocupado com o custo-benefício e a saudabilidade do cardápio. Mas é inegável que os estabelecimentos, aos poucos, vão renovando o cardápio conforme as tendências do mercado. BC Os reality shows de culinária estão se proliferando na TV e vem ganhando bastante atenção do público. De alguma maneira, eles contribuem para o mercado foodservice? VT Fala-se em mais de 70 programas de culinária na TV aberta e fechada. A oferta acompanha a audiência. As pessoas estão interessadas nesse tipo de programação, e isso pode ser inspirador para cozinhar em casa com os amigos e também para se interessar por novos cardápios nos restaurantes e até por novas propostas de estabelecimentos. Esse novo consumidor em formação, mais atento ao cardápio e aos ingredientes, poderá estar disposto a pagar um pouco mais por uma qualidade melhor, o que pode provocar grandes mudanças nas cozinhas dos estabelecimentos brasileiros. 7 898357 410015
[ BRasiL EM CÓDiGO ] jul/ago/set 2015 17
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CAPA
[PESQUISA
Código de barras: presente e futuro Pesquisa inédita da GS1 Brasil revela que essa solução é indispensável para a rentabilidade das empresas e para a satisfação do consumidor na experiência de compras
Fotos/Imagens:Thinkstock
Por Kathlen Ramos
18 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Após 32 anos de aplicação no Brasil e 42 anos em âmbito global, o código de barras tornou-se vital para realizar as rotinas do dia a dia. Essa simples solução alterou a maneira como as informações sobre produtos trafegam na cadeia produtiva, influenciando os processos de automação e gerando também um forte impacto nos hábitos de consumo. Hoje, por meio do código de barras, as pessoas têm a confiabilidade de obter informações sobre os produtos, como, por exemplo, preço, origem, data de validade, além da rapidez no atendimento nos caixas do varejo. Para se ter uma ideia, diariamente, são realizadas 6 bilhões de leituras do código de barras padrão global GS1 ao redor do mundo. Com o objetivo de proporcionar uma linguagem comum entre as empresas, o código de barras apresenta muitos benefícios, uma vez que identifica um produto de maneira única, desde o seu desenvolvimento na indústria até chegar ao consumidor final. Esse sistema de identificação global da GS1 é aplicado em mais de 20 segmentos do mercado, como itens de consumo, logística, transporte, saúde e defesa. Muitas companhias utilizam a solução para estabelecer programas de rastreabilidade, essenciais para garantir a segurança alimentar ou a promoção da saúde. O padrão GS1 também serve de base para soluções sofisticadas, a exemplo da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID). Diante dessa importância e da necessidade crescente da incorporação de padrões no País, a GS1 Brasil desenvolveu, no primeiro semestre deste ano, a pesquisa “O Uso do Código de Barras no Brasil: Empresas e Consumidores”. Realizado em parceria com a consultoria H2R Pesquisas, o levantamento verificou a visão da população em relação a essa solução e também mediu a relevância do código de barras para o desempenho das empresas que movem a economia do País (confira metodologia ao final da reportagem). O estudo será feito com recorrência pela organização para analisar o nível de automação no Brasil. Um dos dados mais interessantes diz respeito à percepção dos consumidores sobre o código de barras: 62% acreditam que ele é essencial no cotidiano. Aliás, ele foi apontado como um dos seis itens indispensáveis na vida do consumidor, ficando atrás da tríade internet, celular e computador. Alguns hábitos envolvendo essa solução já estão consolidados entre a população. Por exemplo: 89% dos entrevistados têm a percepção de uso do código de barras em suas compras no supermercado. Os resultados do estudo também surpreendem por demonstrarem o grau de maturidade do empresariado: 80,65% dos produtos vendidos no Brasil são identificados com código de barras. Esse uso massificado ocorre porque ele
Foto: Paulo Pepe
João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil Processos automatizados de identificação de produtos têm impacto no bom desempenho da economia
funciona como o RG de uma mercadoria, fazendo com que seja possível identificar um item em qualquer lugar do mundo, auxiliar no controle do inventário e, ainda, facilitar transações entre indústria, varejo e consumidores. “A identificação de mercadorias por meio do padrão GS1 é uma vantagem competitiva para as empresas que estão se preparando para fornecer a melhor experiência de compra para seus clientes”, afirma a gerente de inteligência de mercado da GS1 Brasil, Marina Pereira. “De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir que todos os processos de identificação de produtos, logísticos e de varejo que foram automatizados ao longo de mais de 30 anos no Brasil influenciaram, fortemente, o bom desempenho da economia do País”, avalia o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. GESTÃO EFICAZ Por meio do estudo ficou comprovado que as empresas obtêm mais agilidade nas movimentações de mercadorias em suas instalações junto aos parceiros comerciais e até mesmo no mercado internacional. Um ponto importante é que 81,29% do faturamento das companhias consultadas estão atrelados aos produtos identificados com o código de barras. “Ele amplia a possibilidade de vendas, pois é a chave para o empreendedor ter acesso ao varejo com eficiência e eficácia”, acrescenta Marina. Cerca de 92% das empresas que oferecem produtos para o consumidor final consideram o código de barras fundamental para as vendas. Além da relevância comercial, 88,4% dos empresários alegaram que a gestão é diretamente impactada por essa solução. FUTURO CODIFICADO Com o uso cada vez mais frequente de novas tecnologias, os consumidores demandam informações e esperam ter o código de barras como um aliado. O estudo demonstrou que as pessoas esperam por uma maior quantidade de dados inseridos nos códigos de barras, como validade dos produtos (88%) e informações dos rótulos (86%), o que traz novas perspectivas para o comércio virtual e para o relacionamento entre marcas e consumidores. “Cada vez mais o código de barras pode ajudar as empresas a entenderem melhor seus clientes”, ressalta a diretora da H2R, Alessandra Frisso.
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92%
UM CÓDIGO UNINDO CONSUMIDORES E EMPRESAS
das empresas que oferecem produtos para o consumidor final consideram o uso de código de barras importante para as vendas
80,65%
Omnichannel
é o percentual de produtos vendidos no Brasil identificados por código de barras
86%
dos consumidores compram em lojas físicas e on-line
apenas 10% compram em lojas físicas
4%
Gestão
81,29%
só utilizam o e-commerce
do faturamento das empresas estão atrelados aos produtos com códigos de barras
Expectativas Expectativas Presente
88,4%
dos empresários alegam que a gestão é diretamente impactada pelo código de barras
Prioridades do consumidor na hora da compra
1º
2º
89%
dos entrevistados têm percepção de uso do código de barras no supermercado
92%
o utilizam para a consulta de preços
3º
Preço
Qualidade
Referência
Linguagem padrão para consulta
Rastreabilidade de produtos
Informações disponibilizadas pelo uso do padrão na leitura dos rótulos
Futuro
86%
acreditam que terão informações do produto por meio do código de barras
88%
entendem que a validade dos produtos deverá estar no código de barras
ITENS INDISPENSÁVEIS PARA O CONSUMIDOR
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O levantamento identificou que as pessoas com idade entre 25 e 44 anos, das classes A e B, são ávidas por tecnologia e interessadas em experimentar novidades nessa área. Assim, a internet e os aplicativos móveis, cuja linguagem pode estar conectada ao código de barras, podem ser considerados como um suporte e estímulo às compras, além de acesso às informações sobre produtos. A propósito, no quesito consumo, a pesquisa revelou que 86% dos entrevistados fazem compras on-line e também em lojas físicas, o que evidencia a tendência do omnichannel, no qual é possível utilizar múltiplos canais. Isso mostra que os hábitos têm mudado no ritmo da tecnologia e que as empresas precisam acompanhar as novas demandas para crescer. A integração entre os canais on-line e off-line depende, especialmente, da
Foto: Divulgação
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adoção de padrões universais em toda a cadeia de suprimentos. Nesse caso, a padronização com o código de barras é bastante relevante, porque possibilita essa união, garantindo uma única operação, facilitando, assim, a vida das empresas e dos consumidores. No mundo físico, o número do código de barras corresponde ao número global do item comercial, o GTIN, que é atribuído pela indústria e passa para todos os parceiros comerciais. Assim, basta levar esse código de identificação também para as páginas da internet. Outra tendência apontada no estudo que já começa a se tornar realidade está relacionada à internet das coisas – a revolução tecnológica na qual os aparelhos de uso comum no dia a dia (eletrodomésticos, computadores, smartphones, etc.) dialogam, entre si, por meio da internet. Os brasileiros estão em sintonia com esse movimento, tanto que a maioria tem o celular conectado ao computador (74%), a TV (46%), tablets (44%), aparelhos de som e home theathers (29%), sistema de segurança (23%), eletrodomésticos (14%), entre outros, revela a pesquisa. “Na internet das coisas, os aparelhos eletrodomésticos têm um diálogo com o consumidor. Nesse Marina Pereira, da GS1 Brasil Código de barras é a chave para o empreendedor ter acesso ao mercado com eficiência
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contexto, ter um padrão de identificação ligado ao produto é de extrema importância para as empresas aprofundarem-se no hábito de compra de seus clientes”, diz Marina Pereira. Nesse cenário, as empresas já se mobilizam para atender a esses novos anseios do consumidor. De acordo com o levantamento, 66% das companhias estão predispostas a investir em inovação e tecnologia. “A pesquisa foi realizada no pico da crise do País. E, mesmo com poucos recursos, as empresas enxergam a automação como um ganho de produtividade”, reforça Oliveira. DESAFIOS Apesar da alta adesão ao código de barras, ainda há espaço para ampliar seu uso, principalmente entre os negócios de pequeno e médio porte. A pesquisa mostra que cerca de 20% das empresas brasileiras com produtos para o consumidor final ainda não adotam essa solução. “Existe uma parcela que não usa o código de barras, pois faz vendas a pequenos estabelecimentos, que por sua vez não têm uma infraestrutura que usufrua dos benefícios da automação”, explica Marina. Há, ainda, segmentos, como aqueles que trabalham com frutas, legumes e verduras, que ainda não o utilizam de modo bem estruturado.
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Foto: Marcelo Vigneron
O código de barras e outros padrões tecnológicos tornam mais eficiente a cadeia de abastecimento, pois favorecem o acesso ao mercado consumidor de grande escala, reduzem o risco de perdas e melhoram os controles operacionais. Tudo isso tem um impacto positivo no relacionamento com o cliente. Segundo Marina, a GS1 Brasil tem o desafio de sempre estar atenta a esses novos comportamentos e oferecer às empresas as
melhores soluções que alavanquem os mais diversos negócios e setores. Assim, a organização dedica esforços para levar conhecimento às companhias e ajudá-las a selecionar a melhor solução considerando área de atuação e características específicas. “Temos padrões globais que permitem o registro de mais informações em menos espaço, viabilizando, ao consumidor, o acesso a informações num simples toque no celular”, exemplifica Marina Pereira. Setenta e cinco por cento das empresas consultadas que pretendem investir em tecnologia entendem que a GS1 Brasil pode contribuir para a inovação nos seus negócios. Isso ocorreria, principalmente, por meio de informações inseridas nos códigos lineares (61%), também pelas ferramentas para atualização automática dos dados (GDSN, citado por 48%) ou pelas soCharles Sampaio Silva, da GS1 Brasil Dados da pesquisa serão revertidos em benefícios aos associados e consumidores
luções de RFID, mencionadas por 41% dos entrevistados. De acordo com o diretor de finanças e serviços corporativos da GS1 Brasil, Charles Sampaio Silva, o estudo é importante pelo seu pioneirismo e pelo fato de ser específico sobre um sistema de identificação, no caso, o código de barras. “Para a GS1 Brasil significa uma aproximação essencial com as necessidades e as expectativas dos seus associados”, considera. “Os dados da pesquisa serão revertidos em benefícios aos associados e aos consumidores, na medida em que as indicações e tendências nela retratadas sejam utilizadas para a formulação de estratégias de negócio que venham ao encontro dessas necessidades”, acrescenta Silva. Vale reforçar que esse estudo será, agora, periodicamente aplicado, a fim de que seja um instrumento para um processo de melhoria, seja no mercado, seja nas soluções oferecidas pela entidade. “O futuro da experiência de compra está nas mãos do consumidor, e quem vai preparar as empresas para atender essa demanda é a GS1 Brasil”, finaliza João Carlos de Oliveira. 7 898357 410015
ENTENDA O CÓDIGO DE BARRAS O código de barras padrão GS1 é formado por uma numeração chamada GTIN (Número Global de Item Comercial) e uma representação gráfica (as barras). Ele funciona como um RG do produto, pois, uma vez criado, jamais GTIN-13 pode ser alterado. A solução (exclusivo para cada atribuída às mercadorias é imitem comercial, pressa nas embalagens e pode deve ser atribuído conter diversas informações. pelo detentor da marca do produto)
Código de barras EAN-13 (o código de barras mais utilizado para identificação de produtos no varejo)
Dígito verificador
41 0 0 1 5 7 5 3 8 9 78 Prefixo GS1 de empresa licenciada pela GS1 Brasil; (pode conter de 7 a 11 dígitos) 22 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Numeração de cada item comercial (varia sua capacidade de combinações conforme o prefixo que a antecede)
METODOLOGIA A pesquisa “O Uso do Código de Barras no Brasil: Empresas e Consumidores” teve como objetivo verificar o uso da tecnologia no dia a dia do consumidor, bem como o alcance e influência do código de barras na vida de pessoas e nas operações das empresas. Para compor esse estudo quantitativo, foram entrevistadas 535 pessoas com mais de 18 anos e com acesso a smartphones, de todas as classes sociais, nas principais regiões metropolitanas brasileiras. No meio corporativo, 154 companhias dos setores do varejo, indústria e agronegócio – associadas ou não à GS1 Brasil – foram consultadas. São empresas de todos os portes que fabricam produtos para o consumidor final. A base da amostragem reuniu companhias que faturam acima de R$ 60 mil anualmente, sendo que a maior parte delas (32%) movimenta entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões ao ano. Com relação ao número de funcionários, as que empregam até cem pessoas somaram 61% do universo pesquisado.
Amostra da pesquisa - consumidores
Faixa etária 18 a 24 anos 25 a 34 anos
CLASSE - B
45%
55%
35 a 44 anos 45 a 54 anos 55 ou mais
CLASSE - C/D
28%
55%
17%
CLASSE - A
MULHER
HOMEM
Faturamento das empresas consultadas De R$ 60 mil até R$ 360 mil De R$ 360 mil até R$ 3,6 MM De R$ 3,6 MM até R$ 6 MM De R$ 6 MM até R$ 20 MM De R$ 20 MM até R$ 50 MM Acima de R$ 50 MM
22% 32% 12% 10% 10% 14%
Amostra da pesquisa - empresas
Companhias com produtos para o consumidor final Agronegócio
39%
53% 18% 14% 15%
Sudeste Sul
Indústria
31%
Comércio
30%
Nordeste Centro-Oeste/Norte
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GESTÃO
[PLANEJAMENTO
Plano de Negócios está vivo
Em um cenário de inovações em ritmo acelerado, essa ferramenta continua tendo papel fundamental na construção de alguns tipos de empresas e segmentos de mercado Por Epaminondas Neto
Para muitos empresários, preparar um Plano de Negócios (PN) soa como perda de tempo: na prática, a teoria é sempre outra. Os clientes não aparecem na quantidade prevista, o preço estimado não atrai compradores, a frequência de calotes supera as projeções, fornecedores atrasam. O mundo dos negócios é turbulento e imprevisível. Para que perder tempo com uma peça de ficção? E o século 21 parece ter exacerbado esse cenário. Num mundo em que inovações disruptivas (a exemplo do aplicativo Uber, do serviço de televisão via internet Netflix, da comunidade de anúncios on-line Craiglist, etc.) surgem a cada ano, PNs carregam um prazo de validade curto demais. É justamente tudo isso que seus concorrentes querem que você pense. No entanto, os PNs continuam imprescindíveis, porque empresas continuam a ter necessidade de planejamento. Mas o início dos anos 2000 trouxe novas preocupações, e as ferramentas para o empresário pensar o seu negócio mudaram. Soluções para modelagem de negócios, a exemplo do
Canvas (confira detalhes sobre essa metodologia na edição 16 da Brasil em Código, em uma reportagem que mostra o conceito e exemplos de empresas que o adotaram) entraram para o jargão de consultores e empreendedores. Não é uma questão somente de planejamento: hoje, inovação também é fundamental. Alguns especialistas criticam o tradicional PN como um instrumento rígido demais para tempos acelerados. Mas em uma visão mais ampla, ele ainda tem o seu lugar, dependendo do tipo de empresa, do mercado e de quanta história já possui. “Para companhias que enfrentam um cenário menos dinâmico, onde as mudanças não ocorrem de maneira tão rápida, é fundamental elaborar e manter atualizado o plano de negócio”, diz o professor de marketing estratégico do IBMEC/MG, Paulo Pacheco. “Assim você se mantém atento ao mercado que está inserido, prepara-se para cenários e planeja estrategicamente as reações, ou até mesmo inovações, que sua empresa deve realizar.”
PLANO DE NEGÓCIOS: O CURRÍCULO DA EMPRESA
Imagens: Thinkstock
Empresas com anos de história ou que vão entrar em um mercado já consolidado devem preparar um PN: parece haver pouca dúvida entre os especialistas a respeito dessa afirmação. “O Plano de Negócios é um exercício mental fundamental para a gestão estratégica de um negócio. Não se deve deixar de considerar as oportunidades, ameaças,
forças e fraquezas da sua organização, assim como suas estratégias, seu público-alvo e seu posicionamento no mercado”, afirma o professor de marketing estratégico do IBMEC/MG, Paulo Pacheco. Um plano detalhado e profissional não é somente uma ferramenta de planejamento para o empreendedor mas também pode abrir as portas para conseguir novos sócios e investidores, ou obter um financiamento no banco. É aonde o empreendedor vai descrever o produto ou serviço oferecido, apontar o mercado potencial, elaborar o plano de marketing, definir os canais de venda e fazer projeções financeiras, entre vários outros aspectos para colocar um empreendimento de pé. O PN indica se um negócio será viável ou não? Há controvérsias entre especialistas. Para uma parcela, essa é justamente a razão de ser da ferramenta; outros apontam que um PN está sujeito sempre a pressupostos ou informações equivocadas em sua elaboração. O resultado final, portanto, não seria o melhor elemento para um empreendedor decidir se deve abrir ou não uma empresa.
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GESTÃO
Empresas que estão desbravando mercados, ou com pouquíssimo tempo de vida, deveriam prestar atenção em ferramentas mais flexíveis. “Qualquer produto inovador de impacto geralmente não tem referências nem nada para ser copiado. Nesse caso, o Plano de Negócio é um mero exercício de futurologia, que é escrito sobre suposições incorretas, infundadas ou que vão mudar a qualquer momento. Por isso, não vale a pena gastar tempo escrevendo um documento que não vai servir para nada”, afirma o consultor Marcos Hashimoto. Especialistas têm sugerido que empreendedores usem o conceito de Modelo de Negócios no lugar do tra-
dicional PN. É a aplicação de métodos científicos à administração: o empreendedor estabelece uma hipótese, que deve ser testada. No livro Vale do Silício, o escritor e empreendedor Reinaldo Normand explica, em detalhes, essa nova atitude. No capítulo “Aja como uma Startup”, ele dá o exemplo de uma organização que precisa implantar uma rede social corporativa. No processo tradicional, os executivos contratam uma equipe cara de desenvolvedores e lançam o projeto pronto vários meses depois do sinal verde da diretoria. No estilo startup, os executivos começam com um projeto mais simples (o “protótipo”), feito rapidamente, e testam
com um público reduzido. Os meses de testes permitem refinar o produto em sucessivas versões. “Você deve escrever o modelo de negócio para conseguir ver sua viabilidade. A partir daí, começa a construir maneiras de colocar o negócio em funcionamento, mesmo que de forma parcial ou precária, para validar o modelo”, resume o professor de inovação da ESPM, Marcelo Pimenta. “O que eu recomendo é o seguinte: use a modelagem de negócios, faça o Canvas, mas depois dedique algumas horas para fazer o seu Plano de Negócios, porque são ferramentas complementares”, sintetiza o professor associado da Fundação Dom Cabral, Ari Ricardo Arantes. 7 898357 410015
Foto: Divulgação
PLANO DE NEGÓCIOS OU MODELO DE NEGÓCIOS? SAIBA COMO ESCOLHER
O especialista Felipe Spilari, da consultoria Ativar, discorre sobre as diferenças entre as duas estratégias e como escolher a mais apropriada: “Alguns instrumentos são mais propícios para simularmos e avaliarmos diferentes possibilidades, enquanto outros nos trazem mais dificuldade. O PN “tradicional” – aquele documento de 30 páginas – enquadra-se nesse segundo grupo, mas há formatos mais enxutos que ainda podem ser bem úteis dependendo do grau de evolução da empresa. Para a escolha do melhor instrumento de planejamento, é importante entender qual o estágio em que a companhia se encontra (ideia, validação, protótipo, produto com clientes, empresa já estabelecida, etc.) e qual o objetivo de utilização do instrumento (validar um modelo de negócio, planejar a expansão de um negócio, apresentar para investidores). Muitos projetos de negócio demandam investimentos que levarão alguns anos para gerar o retorno ao investidor. Para esses casos, é fundamental ter um PN – muito mais do ponto de vista das simulações financeiras do que propriamente do texto descrevendo o negócio a fim de que se consiga enxergar os indicadores de rentabilidade esperados para o projeto e entender qual o montante de investimento necessário. O mesmo vale para empresas que detenham modelos de negócios já consolidados e que pretendam planejar seu processo de expansão com o mesmo conceito. Começar o planejamento de uma startup redigindo um PN certamente não é o melhor caminho. Se estamos tratando de uma empresa com um modelo de negócios potencialmente inovador, o ideal é que ele seja validado junto ao mercado e que o negócio evolua conforme os feedbacks de clientes reais vão sendo recebidos, a partir de um processo de aprendizado constante da organização ao descobrir o seu mercado. O PN por si só não engessa o desenvolvimento da organização, assim como a adoção do modelo de negócios não transformará qualquer ideia em uma empresa inovadora.”
26 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
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INSTITUCIONAL
[COMUNICAÇÃO Novo plano de comunicação da GS1 Brasil tem o intuito de fortalecer a atuação da entidade entre associados e colaboradores Por Kathlen Ramos
Atualmente a nova campanha já circula em diversos veículos de comunicação, como rádio, internet e redes sociais. “Para os próximos meses, a proposta é intensificar nossa presença nestas e outras mídias, trabalhar mercados mais específicos com marketing direto e enriquecer a campanha para setores estratégicos. O objetivo é garantir a visibilidade que a marca GS1 Brasil merece ter”, explica Piccirillo. “Queremos despertar em todos os impactados pela campanha o sentimento de que fazem parte da nossa história”, finaliza. 7 898357 410015
Foto/Imagens: Thinkstock/Divulgação GS1
Nos últimos anos, a GS1 Brasil vem desenvolvendo diversas iniciativas a fim de reafirmar seu papel como organização e enfatizar o uso dos padrões entre empresas e consumidores. Uma dessas ações é a campanha Eu Sou GS1, que nasceu com o intuito de criar uma identificação com os diversos públicos da entidade. “Queremos despertar nos associados um sentimento de orgulho por fazerem parte de uma associação que traz resultados para os negócios”, mostra o assessor de comunicação da organização, Gustavo Fogliati Piccirillo. A ideia é chamar a atenção das empresas associadas para que descubram como a GS1 Brasil pode ajudá-las a reduzir custos, otimizar resultados e melhorar a experiência de compra de seus clientes. Para que essa comunicação ganhasse força, o pré-lançamento da ação foi realizado, primeiramente, entre a equipe interna da associação. Alguns colaboradores foram convidados a participar da criação dos materiais de divulgação. Eles foram fotografados segurando placas com a frase Eu Sou GS1, e as imagens foram espalhadas pela sede da entidade, em adesivos na porta dos elevadores, televisores, telas dos monitores e até mesmo nos e-mails. No dia do lançamento da campanha, todos os colaboradores puderam tirar as fotos semelhantes às dos colegas fotografados. Aquelas que conseguiram o maior número de likes nas redes sociais com a hashtag #eusougs1 ganharam prêmios. Ao final, todos receberam um porta-retratos com a melhor de suas fotos e o slogan da campanha impresso nele. “Este espírito de colaboração contribuiu muito para o sucesso do lançamento”, avalia o Piccirillo. Assim, depois da aderência do público interno, a campanha se expandiu e, agora, tem o intuito de atingir todo o mercado, passando não só pelos associados mas também atingindo fornecedores, parceiros e até mesmo o consumidor final.
Espírito colaborativo Nova campanha da GS1 Brasil mostra que empresas podem fazer parte da história da entidade [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 27
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Negócios
[Investimento
Franquia-se
Foto/Imagens: ThinkStock
Novos segmentos apostam no modelo de franchising para ganhar capilaridade e crescer Por Ticiana Werneck
O que têm em comum: uma produtora de hortifrutigranjeiros hidropônicos; uma empresa de aluguel de banheiros químicos de luxo; uma fabricante de asfalto; e uma casa de jogos temáticos? Resposta: todas elas franquearam suas marcas recentemente. No entanto, por mais que elas sejam novas nesse meio, os motivos que as levaram a franquear são os mesmos que qualquer outra empresa: adquirir maior capilaridade, crescimento e contar com um modelo já formatado e testado, com controles mais apurados. A gaúcha H2Orta, por exemplo, é a primeira produtora de hortifrutigranjeiros no sistema de hidroponia a adotar o
30 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
modelo de franquia neste segmento. O fundador Ricardo Antonio Rotta percebeu que, com pequenos ajustes, poderia vender o know-how acumulado em mais de 15 anos de experiência. Assim, contratou uma consultoria para a formatação do novo negócio. Dois anos depois, em 2012, já tinha duas unidades franqueadas; hoje são quatro. Neste ano, a H2Orta se filiou à Associação Brasileira de Franchising (ABF), com o foco em ampliar a rede. “Não vamos aderir à crise que se anuncia! Os negócios são muito promissores e crescemos 20% ao ano. Nosso plano de expansão prevê a instalação de mais seis unidades até o final de 2016, priorizando os Estados de Santa Catarina,
Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal”, diz Rotta. São 14 itens no portfólio (alface, rúcula, agrião, radicchio, etc.), porém em cada praça é feita uma minuciosa pesquisa para ajustar o mix ao paladar do consumidor local. O modelo adotado pela empresa gaúcha foi inspirado no da rede O Boticário, no qual o franqueado já estabelecido tem prioridade para instalar novas unidades em cada Estado. O valor do investimento numa franquia da H2Orta varia de R$ 200 mil a 500 mil. Neste momento, Rotta está envolvido com o desenvolvimento de manuais de operação para os franqueados. Usando animações produzidas na plataforma Moodle – a mesma utilizada pela Universidade de Harvard –, os manuais poderão ser acessados pelos franqueados através de canal exclusivo no site.
e a expectativa de faturamento bruto mensal é de R$ 70 mil a R$ 220 mil. Propostas inéditas Há exemplos, entretanto, que chamam a atenção pela peculiaridade. Vender asfalto instantâneo pelo modelo de franquias é, por si só, uma iniciativa inovadora. É o que faz a +Fácil Asfaltos. Depois de lançar uma franquia que permite fabricação e distribuição de asfalto frio em 2014, a empresa passou agora a oferecer microfranquia (valor corresponde a 20% do modelo tradicional), formato baseado apenas na comercialização do pavimento. “Vamos popularizar o uso do asfalto no Brasil”, diz o empreendedor catarinense Jorge Coelho, fundador da empresa e idealizador da expansão através do sistema de franchising. Segundo ele, substituir o uso do cimento em ruas, praças e calçadas pelo asfalto é uma prática que tem ganhado força na Austrália, nos Estados Unidos e em diversos países da Europa. “Nesses locais, este tipo de produto é vendido em sacos nas lojas de materiais de construção, de forma que qualquer cidadão comum pode utilizá-lo sem a necessidade de empregar equipamentos pesados. Vamos fazer igual aqui”, acrescenta Coelho.
Fotos: Divulgação
Entretenimento A ABF Franchising Expo, considerada uma das maiores feiras de franquias do mundo, é um retrato da força desse setor. Apesar do cenário macroeconômico desafiador, o evento reuniu, em junho, em São Paulo (SP), mais de 64 mil visitantes e 480 marcas expositoras. Entre elas, estava a estreante Escape60,
uma proposta inédita de jogo temático, presencial e interativo. A atração, que abriu em junho na capital paulistana, é composta por seis salas e estimula o instinto de investigação e a capacidade de resolução de problemas, como, por exemplo, recuperar uma joia rara, fugir de uma prisão ou resgatar reféns. Os participantes são desafiados a descobrir o enigma do jogo para, então, retornar à liberdade, com uma única condição: tudo deve ocorrer em 60 minutos. “O entretenimento inteligente é um mercado ainda pouco explorado no Brasil. Nosso maior desafio será disseminar a cultura da interatividade em uma era na qual as pessoas se mantêm conectadas o tempo todo, porém vivenciam poucos momentos de distração junto com familiares, amigos e colegas de trabalho”, afirma o fundador da Escape60, Márcio Abraham. É nesse público que ele e seus outros três sócios querem focar para inaugurar cem franquias nos próximos três anos. A empresa oferece aos franqueados auxílio na busca do ponto comercial, suporte na implementação, projeto visual e arquitetônico, treinamento de equipe, acompanhamento da inauguração, consultoria de campo, marketing cooperado, entre outros. O investimento mínimo é de R$ 300 mil
Jogo lucrativo Escape60 oferece entretenimento presencial que estimula a resolução de problemas, como fugir de uma prisão [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 31
neGÓCIos
Jorge Coelho,da +Fácil Asfaltos Empreendedor pretende facilitar o uso desse tipo de pavimento
Com poucos concorrentes, a empresa pretende faturar R$ 70 milhões em 2015. O microfranqueado recebe treinamento para ser um agente de campo, representando a marca junto a prefeituras, empresas de saneamento, concessionárias de rodovias, construtoras, empreiteiros, varejistas de materiais de construção, etc. Já o franqueado fabril recebe suporte em todo o processo industrial do produto. A pergunta que fica é: como franquear uma prática exclusiva, cuja fórmula é mantida em segredo pelo fabricante, sem colocar em risco o ineditismo do negócio? Coelho se inspirou em uma companhia que há mais de um século se deparou com a mesma questão. “O franqueado atua de forma similar ao dos inúmeros parceiros da Coca-Cola. Fornecemos um composto químico que permite a usinagem do asfalto na própria uni-
dade franqueada, antes de ser vendido. A mistura atende às mesmas especificações do asfalto tradicional, com a vantagem de poder ser estocada, transportada e aplicada a frio. Com isso, ganhamos agilidade no atendimento de pequenos e médios pedidos e conseguimos uma redução de custos que chega a 50%”, garante. É diferenciado também o negócio da WChic, que aluga banheiros móveis de luxo para eventos como casamentos, festas ao ar livre, shows, eventos culturais, camarins, etc. Os banheiros possuem ar-condicionado, exaustor, espelho, torneiras com sensor automático, porta-bolsas/casacos e gerador próprio de energia. Agora essa ideia também é vendida como franquia.
Fotos: Divulgação
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NOVOS FORMATOS O atual cenário econômico tem levado algumas redes a desenvolverem modelos mais enxutos ou com menor valor de investimento inicial, a exemplo das microfranquias.
ONDE ESTÃO AS OPORTUNIDADES? SERVIÇOS
Franquias de prestação de serviço continuam em alta em segmentos como saúde, beleza, automotivo, marketing e negócios. Em geral, o valor inicial de investimento é baixo e a forma de atuação é home-based, ou seja, dispensa ponto comercial.
Mesmo em um ambiente macroeconômico complexo, o segmento de franchising teve um crescimento nominal de 9,2% no primeiro trimestre de 2015. Com um mercado de trabalho menos aquecido, marcas famosas e um modelo de negócio que privilegia a troca de experiências e o compartilhamento de custos, o sistema de franquias vem atraindo muitos empreendedores. Segundo a presidente da ABF, Cristina Franco, a procura por franquias segue aquecida. “O setor cresceu 7,7% em 2014. Ele é o último a entrar em dificuldade e o primeiro a sair. Nossa expectativa para 2015 é de uma expansão de 8%, recompondo perdas inflacionárias e abrindo espaço para um crescimento mais vigoroso nos próximos anos”, afirma. Confira as principais tendências dessa área:
32 jul/ago/set 2015 [ BRAsIL em CÓDIGo ]
INTERIORIZAÇÃO O mercado de franquias tem chegado a municípios com menos de 100 mil habitantes. Muitas redes também buscam franqueados nas regiões Norte e Nordeste.
instalados em trailers com seis cabines individuais climatizadas, os banheiros são uma alternativa de alto padrão aos banheiros químicos convencionais e podem ser levados a qualquer lugar; basta fazer o engate do trailer em um veículo de médio porte. “Estamos otimistas com o lançamento nacional da franquia, pois o mercado de eventos não para de crescer”, diz a franqueadora da marca, Paula Usier. O investimento para abrir uma unidade é de R$ 316 mil, já considerados a taxa de franquia, o capital de giro e custo do veículo rebocador, além de outras despesas. A lucratividade média é de 22% e o retorno do investimento estimado é de 21 meses. Quem topa?
Alto padrão WChic criou versão luxuosa dos banheiros químicos
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PARCERIA PARA CRESCER Um dos motivos de sucesso da H2Orta, que fornece hortaliças produzidas em hidroponia para grandes redes do varejo, é creditado à padronização visual dos produtos e embalagens, estudadas para satisfazer a necessidade de proteger o seu conteúdo, sem esconder a beleza das folhas. Um dos fatores mais delicados e complexos é a fabricação das embalagens. “Precisamos atender à legislação federal e estadual e ainda oferecer uma embalagem atrativa”, diz o fundador Ricardo Antonio Rotta. Além disso, é necessário inserir de forma adequada os códigos de barras, que facilitam o acesso ao varejo e agilizam as movimentações dos produtos. Antes, a empresa precisava interromper o trabalho das impressoras rotativas na gráfica para substituir a matriz dos códigos de barras, pois cada unidade tinha o seu próprio código. Hoje ele é unificado em toda a rede, resultando também em mais economia. Nesse sentido, a H2Orta conta com a parceria da GS1 Brasil. “A entidade nos acompanha desde 2000
e, agora, mais do que nunca, com a padronização do código EAN-13 para toda a rede de franqueados”, explica Rotta. Recentemente, o assessor de negócios da GS1 Brasil, Marcelo Sá, visitou a fazenda da H2Orta em ivoti (RS) e forneceu as orientações necessárias sobre a melhor aplicação do código de barras para o produto e também como essa solução pode prover informações de rastreabilidade ao consumidor. Agora, a expectativa da empresa é ir além por meio do lançamento de um projeto que viabilizará a identificação do produto e a rastreabilidade em apenas um código, segundo Rotta, que também é presidente da Associação Brasileira de Hidroponia (ABHidroponia), com sede no Rio Grande do Sul. “O papel da entidade é organizar o setor para ter representatividade política no cenário agrícola nacional. Não podemos negar que a aptidão agrícola é que sustenta a economia. isso fica evidente quando falamos em commodities, mas em relação a hortifrutigranjeiros, que são culturas menores, não há o mesmo interesse da classe política.” De acordo com o executivo, a hidroponia cresce 30% ao ano no Brasil.
Negócio promissor H2Orta investe em microfranquias no setor de alimentos cultivados no sistema de hidroponia
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EMPREENDEDORISMO
[OPORTUNIDADES
Foto: Thinkstock
Geradores de riqueza
Por Adriana Bruno
Cerca de 150 mil microempreendedores individuais já se transformaram em pequenas empresas e planejam alçar voos maiores para continuar crescendo Os micro e pequenos negócios (MPEs) são os principais responsáveis pela geração de riqueza do País, uma vez que respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB). Para se ter uma dimensão de sua importância, entre 2011 e 2014, eles criaram 3,5 milhões de empregos, montante bem acima da contratação feita pelas grandes companhias. Muitas dessas empresas começaram como microempreendedores individuais (MEIs), a porta de entrada para criar condições de crescer. Afinal, o MEI sonha com a chance de tornar-se microempresa, que, por sua vez, quer ser pequena. E esta deseja se transformar em uma grande companhia. “Cerca de 150 mil MEIs já se transformaram em microempresas e podem alçar voos maiores para continuar crescendo. Além disso, cerca de 500 mil pessoas cadastradas no Bolsa Família fizeram do MEI a alternativa para buscar o seu sustento, buscando cursos de qualificação para melhorar suas conquistas e dar mais eficiência a seus negócios”, afirma o ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos. Segundo ele, o microempreendedor individual se consolidou como ponto de partida para quem tem o sonho de trabalhar por conta própria. 34 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
O projeto MEI teve início há seis anos com o objetivo de regularizar a situação de mais de 10 milhões de trabalhadores informais. “Desde então, 5 milhões foram formalizados. Vamos formalizar o restante nos próximos cinco anos”, comemora Domingos. Essa quantidade de empresas corresponde à população total da Dinamarca, Eslováquia, Finlândia, Noruega, Cingapura ou Irlanda. “Isso mostra a força do MEI e o poder transformador da inclusão e da qualificação”, reforça o ministro. Quem atua nesse modelo segue o regime do Simples Nacional, que unifica o pagamento de tributos. AUTOMATIZAR PARA CRESCER Em junho, a GS1 Brasil participou de uma cerimônia realizada pelo governo federal no Palácio do Planalto, em comemoração à marca de 5 milhões de MEIs. E o motivo é simples: o quadro associativo da entidade é formado por 78% de micro e pequenas empresas, totalizando 45 mil empreendimentos que adotam as soluções de automação baseadas em padrões globais. O mais utilizado e conhecido é o código de barras, que, ao ser aplicado nos produtos, aumenta o alcance de comercialização. “O objetivo da GS1 é incentivar os empresários a automatizar seus negócios e, assim, obter uma gestão eficiente, além de aumentar a vantagem competitiva no mercado e garantir a comunicação in-
Grasiela Panceri, da Aroma Alimentos Código de barras transmite credibilidade ao produto
A FORÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS
lidade. Ele é indispensável para quem pretende estar no mercado, além de possibilitar a rastreabilidade, proporcionar a segurança do alimento e evitar fraudes”, comenta. De acordo com a empresária, essa tecnologia dá agilidade tanto nos processos produtivos quanto administrativos, o que possibilita manter qualidade e competitividade no mercado. “O padrão nos torna tão evoluídos tecnologicamente quanto as grandes empresas”, completa. SUPORTE NO ATENDIMENTO Outro exemplo é a Pravas & Pravas, que distribui DVDs e panelas para grandes plataformas de comércio eletrônico, como B2W, Cnova e Walmart, ou seja, companhias que precisam de um atendimento diferente das lojas tradicionais no que se refere a prazos de entregas e sortimento de itens. “Como trabalham com estoque mínimo, elas precisam de um atendimento muito
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Guilherme Afif Domingos, da Secretaria da Micro e Pequena Empresa Pequenos negócios têm o poder transformador da inclusão e da qualificação
O Brasil possui 10 milhões de micro e pequenas empresas, que representam 99% das companhias do País
Fotos: Divulgação
tegrada entre os parceiros comerciais”, afirma o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Um exemplo de como a adoção dos padrões traz benefícios para as empresas é o da Aroma Alimentos. Há menos de 12 meses no mercado, a empresa começou com um projeto que durou dois anos de pesquisa e uma imensa vontade de empreender. Localizada na cidade de Pinheiro Neto (SC), a Aroma trabalha com 55 itens entre temperos e condimentos, como pasta de alho, temperos desidratados e sais especiais, e atende atacado, varejo, indústria e cozinha gourmet. “Temos capacidade para processamento de 60 toneladas por mês de produtos e, hoje, estamos trabalhando perto de 10% da capacidade instalada”, diz a empresária Grasiela Panceri. Atualmente, a Aroma conta com mão de obra familiar e contrata funcionários temporários nos picos de safra. A empresa utiliza o GTIN (Número Global de Item Comercial) em todos os produtos, o que, segundo Grasiela, contribui para agilidade nas vendas, evita transtornos com amostras e cadastros e auxilia no controle de estoque. “Com o código de barras somos identificados em qualquer parte do mundo, além de transmitir credibi-
especial”, explica o sócio-gerente da empresa, Alejandro Miguel Palechiz. Segundo ele, a Pravas & Pravas utiliza o EAN-13 desde 2010. “Foi uma exigência de nossos clientes, já que alguns dos produtos que distribuímos não vinham com a etiqueta do código de barras. Hoje, eles são fundamentais na nossa operação, pois permitem fazer um controle integrado, desde o processo de compra até a entrega, além de verificar o estoque disponível e facilitar a emissão dos pedidos e das notas fiscais”, enumera Palechiz. Depois da adoção do padrão GS1, a empresa, que está instalada em São Paulo (SP), ganhou agilidade e precisão nas operações. Os benefícios se estenderam aos clientes, que também recebem e conferem as mercadorias de forma automatizada, além de terem a informação integrada dos números de pedidos e dos itens entregues. Diante desse cenário positivo em que se enquadram as pequenas empresas, a GS1 Brasil reafirma o seu papel em apoiar empresários que iniciam seus negócios na busca do sucesso de suas empresas.
Juntas, elas são responsáveis por 84% do saldo de geração líquida de empregos, contra 16% gerados pelas médias e grandes empresas
Entre 2011 e 2014, esse segmento gerou 3,5 milhões de empregos
Fonte: Secretaria da Micro e Pequena Empresa
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Fotos/Imagens: Divulgação/Thinkstock
PERFIL
Uma boutique centenária Em 1870, o centro da cidade do Rio de Janeiro estava prestes a ganhar uma farmácia que atrairia a atenção dos cariocas. Fundada pelo português José Antônio Coxito Granado, ela ficava na Rua Direita, uma das mais movimentadas na época. Na charmosa lojinha, que ganhou o sobrenome do dono – Granado –, eram manipulados medicamentos com extratos vegetais de plantas, ervas e flores brasileiras, todas cultivadas no sítio do fundador em Teresópolis (RJ). Além desses itens, Coxito importava produtos da Europa e adaptava as fórmulas para os padrões e as necessidades dos consumidores nacionais. Mais de um século depois, em 2005, o mesmo endereço recebia a primeira loja-conceito da Granado Pharmácias. “Ao pensar na modernização da marca, ficou claro que o acervo, muito bem conservado pela família, era o que tinha de mais valioso. Dessa maneira, vitrines originais, almofarizes, balanças, propagandas de época, quadros e algumas
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[EXPANSÃO
Com 145 anos de história, a Granado inova ao criar lojas que relembram a época de sua fundação Por Juliana Jadon
embalagens centenárias ganharam destaque na decoração”, afirma a diretora de marketing e vendas da Granado, Sissi Freeman. Além dessa unidade, a empresa conta com 40 lojas próprias distribuídas pelo País, sendo que todas buscam levar adiante o conceito de preservar a tradição. Em 2015, a meta é inaugurar seis novas lojas.. Dessas, três já estão com as portas abertas: Ipanema (RJ), Shopping Cidade São Paulo (na capital paulista) e Parque Dom Pedro Shopping (Campinas, SP). Ao longo dos anos, o foco na qualidade de produtos de origem vegetal foi crucial para os resultados alcançados pela companhia, que mantém crescimento anual de 20% em valor, desde 2007. No ano passado, a Granado faturou R$ 339 milhões. A marca também se firmou no mercado brasileiro de cosméticos como exemplo de solidez. Os produtos Granado e Phebo ( incorporada à empresa
Carro-chefe Presente há mais de cem anos no mercado, o Polvilho Antisséptico Granado é reconhecido por suas propriedades medicinais em 2004) estão presentes nos principais supermercados e farmácias do País. LONGA TRAJETÓRIA A qualidade e a eficácia dos produtos criados pelo fundador e seus familiares tornaram a farmácia uma das fornecedoras oficiais da Corte. Em 1903, João Bernardo Granado, irmão de Coxito, elaborou o Polvilho Antisséptico, produto mais antigo e carro-chefe até os dias de hoje. Sua fórmula, que teve registro aprovado pelo famoso médico e cientista Oswaldo Cruz, permanece inalterada. No período republicano, a empresa manteve seu status e conquistou, entre outros nomes, o jurista Rui Barbosa, o prefeito da capital fluminense entre 1902 e 1906, Francisco Pereira Passos, e o abolicionista José do Patrocínio. Em 1912, a farmácia expandiu para um prédio na Rua do Senado, onde hoje ainda funciona uma das suas fábricas. Daí para frente, a companhia teve uma trajetória de expansão. A primeira filial foi inaugurada em 1917, no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. A partir de 2007, a
farmácia ganhou endereços no mesmo local e na capital paulista. No ano seguinte, surgiu a loja virtual. Em 1994, depois de três gerações com a família Granado à frente dos negócios, a farmácia e fabricante de cosméticos passou a ser presidida pelo inglês Christopher Freeman. Em 2004, já sob o seu comando, a Phebo foi incorporada à empresa, bem como os produtos que fabricava. Três anos depois, novos artigos embasados em pesquisas de mercado e nos desejos do consumidor começaram a ser desenvolvidos, como colônias e velas perfumadas. TRADIÇÃO Quem entra em uma loja da Granado, atualmente, tem a impressão de que está num cenário de filme antigo, carregado de histórias. A tradição está presente da parede de tijolos de demolição à iluminação quente e indireta, que cria um ambiente semelhante ao das farmácias do século 19. Uma releitura de uma mesa de manipulação na entrada da loja expõe as novidades como cremes, loções e sabonetes.
Os consumidores encontram, além dos produtos mais vendidos e conhecidos, linhas como a Vintage, que fizeram fama no século 19, como o sabonete Carioca e o talco Salomé, em embalagens ilustradas com imagens daquela época. Até os animais de estimação compõem a clientela da Granado Pharmácias, com produtos voltados para banho e cuidados com a pelagem. No ponto de venda, uma farmacêutica indica tratamentos e tira dúvidas sobre os produtos e suas formulações, ricas em ingredientes naturais. Atualmente, todas as lojas seguem esse conceito. Após diversas gerações de gesto-res e consumidores, os desafios per-manecem os mesmos desde o início de sua história. “Queremos continuar a desenvolver produtos com qualidade. Procuramos lançar cosméticos que, assim como o Polvilho Antisséptico e o Sabonete de Glicerina, permaneçam nas casas dos brasileiros por mais cem anos”, conclui Sissi. 7 898357 410015
Crescimento Em 2004, a marca Phebo foi comprada pela Granado Releitura Empresa relançou produtos que fizeram fama no século 19, como os sabonetes Alfazol e Salomé
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SUSTENTABILIDADE
[ESPORTE
O único limite
é a vitória
GS1 Brasil apoia maior recordista do esporte paralímpico, o nadador Daniel Dias Por Denise Turco Hoje o Brasil pode ser considerado uma potência mundial no esporte de pessoas com algum tipo de deficiência física ou intelectual. Em 2012, nos Jogos Paralímpicos de Londres, por exemplo, o País ficou em sétimo lugar no quadro de medalhas. Esse foi o melhor desempenho desde que começou a participar dessas competições em 1972, na Alemanha – na época com 20 atletas e nenhuma conquista. Segundo o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), a meta é chegar ao quinto lugar na Rio 2016. E essa expectativa se torna cada vez mais real considerando a dedicação e a superação dos esportistas. Diariamente, eles vencem seus limites em vários aspectos – além das restrições do próprio corpo, há poucos locais para treinamento, falta apoio financeiro, entre outras dificuldades.
38 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
“Trabalhamos muito para que as modalidades paralímpicas fossem vistas pelo que realmente são, como esporte de alto rendimento, praticado por atletas que vivem do e para o esporte. Isso começou desde antes da fundação do CPB, que completou 20 anos em 2015, e que, com muito esforço, planejamento e talento dos atletas, virou realidade”, afirma o presidente da instituição, Andrew Parsons. O CPB tem o papel de organizar a participação brasileira em competições mundiais e também promover as diversas modalidades paralímpicas no País em conjunto com organizações locais. Com o desenvolvimento notório que o esporte paralímpico vem ganhando, a GS1 Brasil, que já tem um histórico de apoio a projetos sociais, percebeu uma sintonia entre a trajetória dos atletas com algum tipo de deficiência e seus princípios
institucionais, tais como colaboração, atitude inovadora, busca pela excelência e integridade. “A escolha por apoiar o esporte, especialmente o paralímpico, também está ligada a valores como superação e motivação”, completa o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Assim, a entidade anuncia o seu apoio ao nadador Daniel Dias. Os objetivos da entidade em apoiar o esporte brasileiro ganharam ainda mais força recentemente, quando lançou o programa Sustentabilidade em Código, iniciativa que conectará as várias atividades já existentes dessa área com o intuito de apoiar a gestão da organização. Além disso, o projeto visa disseminar aos parceiros da GS1 Brasil a importância do desenvolvimento sustentável como o caminho ideal para um futuro melhor para as próximas gerações. RECORDISTA MUNDIAL Natural de Campinas (SP), Daniel Dias nasceu com má formação congênita nos membros superiores e inferiores. Hoje, aos 27 anos, treina em Bragança Paulista (SP) e representa a Associação Desportiva para Deficientes (ADD). Ele compete nas modalidades 50, 100 e 200 m livre, 50 m costas, 50 e 100 m peito, 50 m borboleta, 200 m medley e revezamentos baixo e alto. Sua lista de premiações é extensa. Nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008, conquistou quatro medalhas de ouro, quatro de prata e uma de bronze. Em Londres 2012, foram seis medalhas de ouro, o que levou o Brasil para o topo dessa modalidade. No Mundial Paralímpico de Natação, realizado em julho deste ano em Glasgow, na Escócia, ganhou seis medalhas de ouro individuais, mais um ouro e uma prata nos
revezamentos. Com isso, ele se tornou o maior vencedor entre os nadadores do País, com 24 conquistas no currículo. Além de colecionar medalhas, ele também é o detentor de uma série de recordes mundiais: 10 em piscina curta (25 m) e nove em piscina longa (50 m). Outra importante conquista de Daniel foi receber, em 2009 e 2013, o troféu Laureus, considerado o “Oscar do Esporte”, com o prêmio de Melhor Atleta com Deficiência. Além dele, apenas três brasileiros ganharam o Laureus: Pelé, Ronaldo Fenômeno e Bob Burnquist. Daniel ingressou na natação quando já estava com 16 anos, tendo como grande influência as medalhas do nadador brasileiro Clodoaldo Silva, que participou dos Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004. Nas Olimpíadas seguintes era Daniel quem subiria ao pódio. “Cada vez mais as marcas querem associar sua imagem a atletas vencedores, como é o caso da parceria da GS1 Brasil com o Daniel Dias, o maior medalhista do esporte paralímpico. Esse tipo de apoio vem crescendo e é fundamental para dar segurança para planejarmos um calendário anual de eventos e propiciar as condições ideais para os atletas”, comenta o presidente da CPB. E ainda há espaço para que organizações e empresas possam ampliar iniciativas como essa. “Os Jogos Paralímpicos do Rio serão os primeiros a acontecer no Brasil e na América do Sul. Esperamos que seja o catalisador de uma grande mudança de percepção em relação às pessoas com deficiência e aos atletas paralímpicos, e que mais empresas, principalmente da iniciativa privada, queiram se associar ao movimento paralímpico”, conclui Parsons.
Perfil Daniel Dias • Idade: 27 anos • Esporte: natação nas modalidades livre, costas, peito, borboleta, medley e revezamento
Fotos: Daniel Zappe/MPIX/CPB
Principais conquistas • Mundial de Natação Paralímpica 2015 (Glasgow) – 7 ouro e 1 prata • Mundial de Natação de Montreal (CAN) 2013 – 6 ouro e 2 prata • Jogos Paralímpicos de Londres 2012 – 6 ouro • Prêmio Laureus – melhor atleta paralímpico 2009 e 2012 • Jogos Paralímpicos de Pequim 2008 – 4 ouro, 4 prata e 1 bronze • Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara 2011 – 11 ouro • Mundial de Eindhoven (HOL) 2010 – 8 ouro • Jogos Parapan-Americanos do Rio de Janeiro 2007 – 8 ouro • Mundial de Durban (AFS) 2006 – 3 ouro e 2 prata [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 39
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SUSTENTABILIDADE
Foto: Fernando Maia/CPB
“Sempre foquei nas soluções, e não nos problemas” O recordista mundial da natação paralímpica, Daniel Dias, falou à Brasil em Código sobre sua trajetória esportiva e vida pessoal. Quando e por que começou a praticar natação? Comecei aos 16 anos. Sempre gostei de esportes, mas não sabia que existiam modalidades para deficientes físicos. Em 2004, assisti as Paralimpíadas de Atenas e vi o nadador Clodoaldo Silva ganhando medalhas para o Brasil. No mesmo período, meu pai assistiu a uma palestra da Associação Desportiva para Deficientes (ADD) e, no final, falou sobre mim para o palestrante, que pediu para procurarmos a sua instituição. Foi como tudo começou.
Como você se mantém motivado? Gosto do que faço e isso me motiva. Sempre quis mostrar para as pessoas que, apesar de minhas limitações físicas, também sou capaz de realizar meus sonhos. Deus é a minha motivação maior.
Como é superar diariamente as limitações do corpo? Não é fácil. O esporte de alto rendimento exige levar o corpo ao limite extremo. Tenho uma equipe Quais foram os principais obstáculos encon- multidisciplinar que me acompanha: nutricionista, trados? fisioterapeuta, professor de pilates, médico e o meu Tive dificuldades, é claro, mas sempre foquei técnico. Eles me ajudam a superar as dificuldades. nas soluções, e não nos problemas. Foi assim que aprendi com meus pais. Cresci junto com pessoas Fale um pouco da sua família. “sem deficiência nenhuma”, como meus primos e Meus pais, Paulo e Rosana, são meus exemcolegas de escola. Então, procurava fazer tudo que plos, meu espelho. Sempre estão ao meu lado me eles faziam, mas do meu jeito. A grande maioria apoiando. Nunca colocaram limites de realização e das piscinas, quando comecei, não era adaptada capacitação em mim. Sou casado com a Raquel e para receber pessoas com deficiência, o que difi- tenho um filho, Asaph. Estamos esperando outro cultou, mas não me impossibilitou de treinar. No bebê para novembro, que vai se chamar Daniel. início não tinha patrocínio, apenas “paitrocínio”, e, Minha esposa me incentiva muito também. por isso, deixei de participar de algumas competições. Mas meus pais nunca deixaram de me apoiar. O que o levou a ser tornar um atleta olímpico? Comecei a nadar em meados de 2004 e, em 2005, já estava competindo em campeonatos organizados pelo CPB. Em 2006, fui convocado para ir ao Mundial de Natação na África do Sul. O que me impulsionou foi o fato de sempre ter gostado de esportes. Descobri na natação o meu dom.
40 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CPB
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OPINIÃO
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GESTÃO
Gerenciamento por Categoria – por onde começar? Consultora de varejo e shopper marketing, palestrante e autora do livro Meu Cliente não Voltou, e Agora?
Em um mercado globalizado e dinâmico, esta ferramenta volta com força para apoiar os objetivos da indústria e do varejo
Parece que o Gerenciamento por Categoria (GC) está retornando à pauta das discussões de indústrias e varejistas de todos os portes e regiões do País. Até pouco tempo, era relativamente simples e fácil atrair, conquistar e reter o cliente, já que ele vivia em um mundo de poucas escolhas, limitava-se a comprar em determinadas lojas e apresentava gostos e hábitos bem delineados e limitados. Desde então, diante de um ambiente globalizado, com mais acesso e produtos à disposição, novos formatos de lojas, mais dinamismo,
Varejistas e fornecedores precisam alinhar-se em um objetivo estratégico comum: a real e profunda orientação ao cliente informação e conectividade, o que era simples ficou muito complexo. O novo cenário passou a exigir de varejistas e fornecedores alinhar-se em um objetivo estratégico comum: a real e profunda orientação ao cliente, o que pode ajudar a explicar essa forte e importante retomada do GC. Mas como transformar a teoria em prática? Por onde começar?
Do lado do varejo, o primeiro passo é a adequação do sistema, revisando toda a sua base de produtos: ajustes e revisão das nomenclaturas, correção de erros de nomes e códigos, criação de uma estrutura mercadológica adequada, alocação correta dos itens. Essa atividade é crucial para o sucesso do GC. Diria mais, para a gestão do negócio como um todo. Estamos em pleno século 21 e ainda encontramos no banco de dados cadastro de produtos e alocação dos itens, um grande entrave ao desenvolvimento do negócio. Outro ponto: após o cadastro concluído e a estrutura mercadológica adequada, é fundamental fazer uma revisão geral do sortimento para realmente manter, incluir e/ou excluir itens de maneira orientada e adequada, com metodologia e processo consistentes para tal. Feito isso, o terceiro passo é informar e engajar toda a equipe. Do lado da indústria, o grande desafio é “educar” e “engajar” o varejo sobre como trabalhar e desenvolver melhor a categoria com resultados positivos para todos. Assim, antes de decidir realizar um projeto de GC, que tende a ser restrito a poucos e focado em clientes estratégicos, recomendamos desenvolver um trabalho mais massificado para o varejo em geral. Seja através de manuais com boas práticas sobre como o varejista deve trabalhar para melhorar a performance da categoria, seja através de manuais de merchandising para ajudá-lo a expor melhor (como e onde), comunicar a categoria, workshops com clientes, entre outros.
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As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora. Foto: Paulo Pepe/Arquivo
‘ Fátima Merlin
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MERCADO
[ALIMENTOS
Os alimentos orgânicos e naturais caíram no gosto do consumidor, movimentando um segmento que já fatura R$ 2 bilhões ao ano no Brasil Por Adriana Bruno Se por um lado a vida moderna conduz as pessoas ao caminho da refeição rápida, mais prática e, de preferência, pronta, por outro, existe uma tendência pela busca de produtos que tragam benefícios adicionais à qualidade de vida, com menos conservantes químicos e sintéticos. E é esse público que impulsiona globalmente o mercado de alimentos orgânicos e naturais. Segundo dados da Euromonitor, o segmento de produtos naturais – considerando alimentos e bebidas orgânicos, funcionais, naturalmente saudáveis, livres de gordura, açúcar, sal, carboidratos, glúten e lactose – praticamente dobrou nos últimos cinco anos, em todo o mundo, representando um faturamento de US$ 35 bilhões. Por aqui, o nicho movimenta R$ 2 bilhões e a estimativa é de crescimento anual entre 35% e 40%, diz o coordenador executivo do Projeto Organics 42 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Brasil – programa de promoção internacional dos produtores orgânicos sustentáveis –, Ming Liu. “Esse porcentual de crescimento deve se manter nos próximos anos”, afirma. A regulamentação ocorrida recentemente nessa área é uma das apostas para desenvolver o mercado nacional. Em 2011, o governo determinou as normas para produção, processamento, armazenamento, transporte, rotulagem, comercialização e mecanismos de controle (certificação) de produtos orgânicos, de origem vegetal e animal. “Nos Estados Unidos e na Europa, a entrada das grandes companhias e multinacionais nesse segmento ocorreu em um período de até dez anos após o processo regulatório. Aqui deve ocorrer o mesmo”, comenta Liu. O amplo acesso à informação é outro fator que tem contribuído para que os produtos orgânicos e naturais che-
Foto/Imagens: Thinkstock
Mais perto do natural
guem à mesa do consumidor. Com as facilidades da internet e das mídias sociais, as pessoas podem pesquisar produtos antes de consumi-los, conhecer sua origem e dados de rastreabilidade – pontos importantes para avaliar a qualidade e decidir a compra. Com boas condições de produção e público suficiente para comprar, o Brasil é promissor no que diz respeito ao desenvolvimento desse mercado. No entanto, ainda há muitos desafios tanto por parte do governo quanto dos produtores. “Segundo relatório do Ministério da Agricultura, o Brasil é um dos países com o maior consumo de agrotóxicos do mundo. É preciso tecnologia, investimento, informação e incentivo para toda a cadeia produtiva se fortalecer”, avalia o diretor de marketing do Organomix, Leandro Dupin. A empresa funciona como um supermercado on-line que oferece produtos orgânicos como carro-chefe. Várias companhias consultadas pela reportagem também acreditam que é preciso receber mais incentivos públicos para financiar a produção e a compra de grãos orgânicos, o que teria impacto significativo na escala
produtiva. Apesar do crescimento do setor, a oferta ainda é baixa, o que torna os preços dos itens saudáveis e orgânicos mais elevados. “Os valores devem baixar com o aumento de oferta. Sabemos que boa parte da população ainda não pode comprar, mas, a médio prazo, isso será possível se tiver investimento e apoio governamental”, ressalta o diretor da Blessing Orgânicos, José Estefno Bassit. A empresa está nesse mercado desde 2007 e, atualmente, produz chás, geleias, molhos e extrato de tomate, além de mirtilo desidratado. LEQUE DE PRODUTOS Nos últimos cinco anos, o segmento de orgânicos e naturais vem ganhando novos itens. De alimentos frescos, como frutas, legumes e verduras, passando por barras de cereais, sucos, geleias e itens de panificação, os itens preparados com ingredientes funcionais e saudáveis estão ganhando destaque nas gôndolas. Segundo Ming Liu, castanhas, frutas e cereais são os itens de forte consumo. O País ainda tem baixa oferta de produtos de linha animal, como as
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Ming Liu, do Programa Organics Brasil Grandes companhias e multinacionais devem entrar no mercado de orgânicos nos próximos anos, fortalecendo esse segmento
carnes e os lácteos. No entanto, as companhias investem em tecnologia e capacitação para a construção de polos produtivos com condições de aumentar a escala de produção. Um exemplo pioneiro é o da Korin, uma das principais produtoras de carnes naturais do País. A empresa, com produção em Ibiúna (SP) e sede administrativa na capital paulista, adota o método de Agricultura Natural idealizado por Mokiti Okada (Japão, 18821955), criado como alternativa para os problemas decorrentes da prática agrícola convencional, na década de 1930. O sistema dispensa o uso de agrotóxicos e adubos químicos que alteram o ciclo natural do solo e causam desequilíbrio biológico em função da eliminação de microrganismos fundamentais ao desenvolvimento das plantas.
Fonte: Ming Liu/Organics Brasil
ORGÂNICO OU NATURAL? A legislação brasileira ainda não tem uma clara definição para produto natural. No caso dos orgânicos, há uma regulamentação que determina a maneira como o produto é fabricado, processado, transportado, comercializado e certificado. Na prática, a produção dos orgânicos proíbe a aplicação de substâncias químicas ou sintéticas, como agrotóxicos, pesticidas e inseticidas. Dessa forma, minimiza-se o potencial de contaminação do alimento, protegendo os solos, os lençóis freáticos e o meio ambiente, evitando qualquer dano à biodiversidade. Não é considerado orgânico qualquer ser animal ou vegetal desenvolvido em laboratórios ou que tenha a sua estrutura genética modificada, mesmo que seja um aprimoramento que vise beneficiar sua produtividade ou aumentar sua resistência no meio ambiente. No aspecto social, a produção orgânica deve promover a inclusão e formalização dos agentes de toda a cadeia produtiva e promover mercados de preços justos. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 43
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MERCADO
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Reginaldo Morikawa, da Korin Empresa segue o conceito da agricultura natural, na qual é preciso tornar o solo puro
Pioneirismo Rede Pão de Açúcar trabalha há 20 anos com orgânicos, categoria que tem espaço e comunicação específicos nas lojas
“Mokiti Okada indicou a aplicação da agrícola sustentável, pois ela preserva o meio ambiente, promove a saúde e privilegia a força do solo, cuja qualidade é fator primordial para a obtenção de boas colheitas”, conta o diretor superintendente da Korin, Reginaldo
Morikawa. Segundo esses princípios, a fertilização do solo consiste no fortalecimento de sua energia natural. Para isso, é preciso torná-lo puro e limpo. “Quanto mais puro, maior é a sua força para o desenvolvimento das plantas. Além disso, conta muito o sentimento com que o produtor cultiva seus alimentos para que ele seja ainda mais rico em energia vital”, explica o executivo. A Korin trabalha com um mix variado de produtos. Na linha sustentável, destacam-se os frangos livres de antibióticos (congelados, resfriados e frango assado pronto, sem glutamato monossódico), os embutidos (hambúrguer bovino e de frango, linguiça de frango, almôndega de frango), café e a carne bovina sustentável do Pantanal. No segmento orgânico, a linha de mercearia contempla mel, arroz, feijão, ovos, café, sopas instantâneas sem corantes artificiais, etc., além dos itens cultivados segundo os métodos da agricul-
tura natural (tomate, milho, ora-pro-nóbis e shiitake). A empresa cresceu cerca de 400% nos últimos oito anos e projeta mais 14% em 2015, com a estimativa de que o faturamento ultrapasse os R$ 100 milhões. A Korin destaca-se na exportação de carnes naturais, especialmente para países do Oriente Médio e da Ásia. DIFERENTES FORMATOS Outro exemplo é o Sítio do Moinho, instalado em Itaipava, região serrana do Rio de Janeiro, que produz legumes, verduras e ervas orgânicas. A empresa
UMA VIDA SUSTENTÁVEL
Fonte: Biofach 2015
Cada vez mais o mercado amplia a oferta de produtos naturais e orgânicos para todos os momentos do dia a dia Além dos alimentos, vários segmentos, como têxtil, cosméticos, artesanatos, madeira e até biojoias, podem alçar voos promissores com itens orgânicos e naturais. A indústria de higiene pessoal e beleza, por exemplo, cada vez mais usa extratos de frutas, sementes e plantas para produzir desodorantes naturais, maquiagens, creme hidratante, sabonetes, perfume para bebês e até creme dental. Na área têxtil, já há calças, camisas, vestidos, bolsas e moda íntima fabricados com algodão orgânico. O conceito sustentável também pode ser explorado na hora da diversão. Um fabricante oferece brinquedos artesanais para montar feitos à base de milho, água e corantes alimentícios.
44 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
No segmento de limpeza doméstica, cresce a oferta de produtos biodegradáveis e feitos com óleos essenciais, que não são testados em animais nem contêm derivados de petróleo.
Foto: Divulgação
Ângela Thompson, do Sítio do Moinho Empresa faz entregas domiciliares e abriu duas lojas dedicadas à venda de produtos e serviços, como restaurante que serve pratos orgânicos começou de maneira experimental em 1989 e, dois anos depois, fez a primeira entrega domiciliar para amigos da própria cidade. A clientela cresceu rapidamente. “Em 1997, recebemos o convite para fornecer para uma grande rede de varejo, que foi um divisor de águas, pois a produção teve de crescer e se profissionalizar com criação de logotipo, inserção de código de barras, veículos refrigerados, treinamento de equipe, etc.”, conta a diretora do Sítio do Moinho, Ângela Thompson. Em 2005, a empresa deixou de atender os supermercados e, desde então,
passou a focar nas entregas domiciliares e no fornecimento para lojas de produtos orgânicos e naturais e restaurantes. Atualmente, também possui duas lojas na capital fluminense – dedicadas à venda de produtos e até a serviços como cafeteria e restaurante que serve pratos orgânicos. “Esse mercado evoluiu nos últimos 20 anos e hoje existe uma clientela que precisa ser atendida em qualidade e variedade”, diz. No varejo, quem trabalha fortemente o segmento de orgânicos, há mais de 20 anos, é a rede de supermercados Pão de Açúcar. Segundo a empresa, a
maior parte dos consumidores desse tipo de alimento é formada por pessoas preocupadas com a alimentação – homens e mulheres que procuram por qualidade de vida e estão constantemente informados. Os itens mais procurados nas lojas são: legumes, verduras, temperos, ovos e sucos. A rede trata a categoria de orgânicos como diferenciadora para a marca, com espaço dedicado na loja e comunicação. Os preços dos itens desse segmento ainda são maiores do que os convencionais. Isso ocorre porque os orgânicos ainda não possuem escala de produção, informa a empresa. Mas essa diferença vem diminuindo nos últimos anos, em decorrência de um maior número de produtores que apostam na produção orgânica e também de varejistas, como o próprio Pão de Açúcar, que auxiliam tecnicamente e com consultoria para os fornecedores. 7 898357 410015
MERCADO MUNDIAL DE ORGÂNICOS
Fonte: Organics Brasil
Os Estados Unidos são o maior mercado de produtos orgânicos, com faturamento de US$ 41 bilhões, seguidos de Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Japão. No ano passado, o Brasil registrou faturamento de R$ 2 bilhões nesse segmento e a estimativa é de que, em 2015, atinja R$ 2,5 bilhões.
Leandro Dupin, do Organomix Para crescer na área de orgânicos, Brasil precisa de tecnologia e incentivo para cadeia produtiva
[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 45
Foto/Imagem: ThinkStock
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vArejo
[COMERCIAL
Faça diferente
Neste momento de fragilidade econômica, que exige cautela nos investimentos, confira oito maneiras de agradar o cliente e melhorar a operação a um custo baixo Por Ticiana Werneck É sempre tempo de implementar melhorias na sua empresa. Assim, controle de estoque para diminuir perdas, novas metas de produtividade para gerar economia com a mão de obra, além de acertos no relacionamento com o cliente são algumas revisões que podem ser feitas para aumentar o tíquete médio e a margem de lucros. E o melhor: sem exigir investimentos pesados. “É função do empresário se esmerar sempre nes-
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ses quesitos, não somente em tempos de crise”, diz Marinho Ponci, que foi, por muitos anos, diretor de expansão da rede Chilli Beans e hoje é proprietário da consultoria Dom48. Para o sócio-diretor da Universo Varejo Consultoria, Daniel Zanco, também entram na lista questões como serviços agregados à venda, boa comunicação, presença digital, entre outras. A seguir, acompanhe algumas dicas que podem fazer a diferença no seu negócio a um custo zero.
Dê atenção ao cliente Não é de hoje que os consumidores estão mais exigentes. Oferecer produto de qualidade, bom atendimento e uma experiência de compra superior são maneiras de as empresas se diferenciarem. Conheça as preferências do cliente para adaptar o sortimento oferecido na loja e adequar promoções e campanhas. Ouça com atenção as reclamações e seja proativo em relação a elas. “Com criatividade e inovação, há caminhos para fugir da vala comum do preço e fisgar o consumidor”, garante Zanco.
Capriche na loja Saber gerenciar os sinais que o ponto de venda dá aos consumidores exige experiência, conhecimento, observação e disciplina. O layout da loja, a vitrine, os displays e o visual merchandising interferem na percepção que eles têm do estabelecimento e da marca. Por isso, é fundamental entender qual mensagem sua empresa pretende transmitir ao cliente.
Elabore ações interessantes O varejo pode tirar proveito de um calendário promocional eficiente, que estabelece, ao longo do ano, quais ações serão desenvolvidas. “O calendário é importante, porque, com a concorrência crescente e o consumidor ávido por novidades, sempre é bom ter um ‘história nova para contar’”, observa Zanco. Vale ressaltar que trabalhar datas comemorativas não significa apenas oferecer descontos. A empresa pode criar um evento ou uma decoração diferente na loja. Tudo com o envolvimento da equipe e apoio de fornecedores.
Motive a equipe de vendas Contato pessoal, sincero e bom atendimento são as bases de qualquer negócio, de acordo com Marinho Ponci, da Dom48. Por isso, é essencial contar com uma equipe de vendedores que sejam verdadeiros fãs da empresa. “Eles irão contaminar os consumidores e estes irão espalhar sua marca por aí. Dessa forma não tem crise que atinja seu negócio”, ressalta.
Estipule metas corretamente Para aumentar as vendas, aposte num programa de gestão por indicadores de desempenho dos vendedores. Mas Zanco adverte: as metas são um ponto-chave para o sucesso desse tipo de ação. “Não podem ser fáceis ou altas demais, a ponto de se tornarem desmotivadoras. A meta ideal é a média entre a meta do funcionário e o sonho do dono.”
Máxima eficiência Qualquer recurso para elevar a eficiência da operação – reduzindo as perdas no estoque ou aumentando a produtividade dos funcionários – é bem-vindo. Assim, planeje, preveja eventuais contingências e melhore os processos.
Atenção aos colaboradores Na gestão de uma empresa, as pressões são diversas, a exemplo do custo de ocupação ou de mão de obra (que, segundo muitos empresários, é cada vez menos fiel e produtiva); e do aumento da concorrência (com o surgimento de novas marcas, novos centros comerciais e chegada de players internacionais). No entanto, algumas atitudes podem contribuir para a melhoria desse cenário. Cuidar da gestão de pessoas é uma dica valiosa. Uma boa liderança pode fazer a diferença em termos de rotatividade e performance de colaboradores. Segundo Zanco, práticas como seleção por competência, feedback sistematizado, avaliação de performance, cronograma de capacitação, remuneração variável, incentivos que não sejam monetários, como viagens, folgas, etc., podem diminuir o peso financeiro do alto turnover e contribuir para a qualidade da mão de obra. Logo, traz melhorias no atendimento ao cliente e contribui para o lucro.
Tenha disciplina na execução Agora que você já sabe o que fazer, é hora de colocar em prática. Muitos especialistas citam a disciplina de execução como um fator-chave para o sucesso das operações. “Fazer o que precisa ser feito pode parecer simples, mas num ambiente em que a mão de obra nem sempre é selecionada e preparada como deveria, onde gestores delegam e não acompanham, o fácil torna-se complicado”, observa o diretor da Universo Varejo. Portanto, é responsabilidade do gestor melhorar a execução da equipe. “Ele deve acompanhar, avaliar, cobrar e não tolerar desvios nos processos. Delegar não significa abandonar”, comenta Zanco. Outro conselho para os líderes é mostrar a razão e a importância da tarefa a ser executada corretamente. Também é fundamental se comunicar com clareza ao estabelecer processos, tomando o cuidado de garantir que a mensagem foi compreendida pela equipe. Ele lembra, ainda, que nenhum processo é tão bom que não possa ser melhorado. “Estabeleça reuniões periódicas e ouça quem executa.” [ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 47
[
EVENTO
[AUTOMAÇÃO
Conferência Brasil em Código destacou o papel fundamental da tecnologia para o crescimento do País em tempos de crise Por Denise Turco e Kathlen Ramos O 5º Brasil em Código – Conferência Internacional da GS1 Brasil sobre Automação e Logística, realizado em junho, em São Paulo (SP), reuniu mais de 350 pessoas e apresentou um amplo debate sobre os rumos da economia e da automação no mercado nacional. Neste ano, o encontro foi organizado em debates segmentados, trazendo, assim, um conteúdo interessante sobre a realidade de diferentes setores. O presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, fez a abertura da conferência. “O evento anual Brasil em Código já se tornou uma referência para apontar tendências e tecnologias
em automação, destacando a importância de trazer processos padronizados para a eficiência de empresas de todos os portes”, disse. Executivos, tomadores de decisão e representantes de órgãos governamentais estiveram presentes, a exemplo do secretário de comércio e serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Marcelo Maia. “A automação é um dos principais pilares do nosso trabalho. Criamos o Fórum da Competitividade para elaborar políticas para o setor de comércio e serviços, e uma das principais questões levantadas pela
iniciativa privada foi a automação e o uso das etiquetas inteligentes”, comentou. O jornalista Nivaldo Prieto conduziu as atividades do evento, que também prestigiou a interação do público. A plateia pôde enviar suas perguntas aos palestrantes por meio do aplicativo BR em Código, criado especialmente para a ocasião. Além disso, o aplicativo funcionou como uma espécie de rede social, registrando a presença de cada um no encontro e facilitando, assim, o networking durante os intervalos e o coquetel de encerramento. Confira, a seguir, os principais destaques da conferência.
Fotos: Diego Rodarte
Mercado em perspectiva
PAINEL ASSOCIAÇÕES No primeiro painel do encontro, o presidente da GS1 Brasil fez o papel de mediador, estimulando um debate sobre as expectativas das associações representativas de três segmentos em relação ao uso da automação para ajudar a alcançar resultados positivos no segundo semestre deste ano. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRA S), Fernando Yamada, a meta principal do setor é aumentar a produtividade, algo que está totalmente vinculado à automação. “Com os custos crescentes, a falta de infraestrutura logística e de mão de obra, cada vez mais o setor aposta, como sempre fez, em automação, com destaque para o uso do código de barras e também a processos que gerem ganho de produtividade”, disse Yamada. A automação também é um diferencial no segmento de atacadistas distribuidores, que faturou R$ 211 bilhões em 2014. Muitas empresas do setor utilizam smartphone na venda ao pequeno varejo, além de equipamentos e softwares para ter uma operação logística eficiente nos centros de
distribuição. “Os códigos de barras que já vêm da indústria permitem fazer o endereçamento dos produtos nos armazéns, reduzindo custos e desperdícios, tornando as empresas mais competitivas”, comentou o vice-presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), Emerson Destro. Com uma atuação tão pulverizada, essas empresas dependem da automação para ter eficiência no atendimento aos pequenos clientes, que, na maioria dos casos, não têm acesso ao conhecimento ou não conseguem perceber os benefícios da tecnologia. O mesmo cenário é observado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), que reúne 450 mil empresas, em sua maioria micro e pequenos varejistas. “Esse universo de empresários tem pouca formação e não conhece os benefícios da automação e da inovação. Há uma barreira muito forte no comércio, que começa com uma intuição e foge da pesquisa acadêmica. É difícil ter desenvolvimento sem educação”, reforçou o presidente da entidade, Francisco Honório Alves.
João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil “A informação pode ajudar na qualificação das empresas e alavancar a automação”
Fernando Yamada, presidente da ABRAS “A principal meta do setor de supermercados é aumentar a produtividade, algo que está totalmente vinculado à automação”
Emerson Destro, vice-presidente da ABAD “O desafio é facilitar o acesso das pequenas empresas à tecnologia. Isso as ajudaria a melhorar a gestão e o atendimento ao consumidor”
Francisco Alves, presidente da CNDL “O varejo está presente em todo o Brasil, mas poucos empresários têm conhecimentos sobre inovação”
Conectividade Público interagiu com palestrantes por meio do aplicativo BR em Código
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PAINEL VAREJO O painel mediado pelo director industry engagement, EPC, Apparel & Defense da GS1 Global Office, Enzo Blonk, contou com a participação do CFO da marca de roupas femininas Shoulder, Alexandre Cardoso; do diretor de supply chain do Grupo Pão de Açúcar, Paulo Leônidas; e do presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra. O debate começou com uma reflexão de Blonk, citando que a automação comercial no Brasil vem crescendo desde a década de 1990, mas ainda há lojistas que questionam se, de fato, devem investir em soluções tecnológicas. Diante dessa questão, o presidente da SBVC apontou que toda vez que o tema produtividade é discutido, é importante pensar em dois pilares: pessoas e tecnologia. E, nesse caso, o País ainda tem problemas estruturais. “Um estudo recente mostrou que precisamos de cinco brasileiros para fazer o que um americano faz em uma hora de trabalho, e isso remete aos problemas de educação e formação profissional”, revelou Terra. No segundo eixo, o da tecnologia, não há dúvidas de que ela é sinônimo de produtividade, e também há muito a ser feito.
O omnichannel foi outra questão discutida, já que hoje o consumidor vê uma marca, e não um canal, fazendo com que a integração seja fundamental para garantir a mesma experiência de compras em qualquer local de venda. Dessa forma, a identificação e padronização de produtos são indispensáveis para garantir a fusão dos ambientes on-line e off-line. A tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) foi citada como responsável pela garantia de eficiência. “Com ela conseguimos ter uma decisão estratégica mais rápida e ver quais produtos estão convertendo em vendas para uma tomada de decisões mais assertiva. Acredito que, em 2015, começamos a implementar a RFID nos nossos negócios”, revelou o CFO da Shoulder. Para finalizar, os palestrantes pontuaram a importância da sincronização do cadastro, que precisa ter colaboração de toda a cadeia de abastecimento para gerar mais eficiência ao varejo. “O cadastro é, sim, o começo de tudo e sua sincronização é uma barreira importante para se chegar à eficiência”, afirmou Paulo Leônidas.
Enzo Blonk, director industry engagement, EPC, Apparel & Defense da GS1 Global “A automação comercial está se transformando em razão da tecnologia e do comportamento do consumidor. Cabe ao lojista se preparar para adotá-la o quanto antes”
Paulo Leônidas, diretor de supply chain do Grupo Pão de Açúcar “Esse é um ano no qual deveríamos evitar cortes em avanços tecnológicos. Quando mais se precisa de eficiência, vemos uma lentidão de toda a cadeia em fazer investimentos em automação”
Alexandre Cardoso, CFO da Shoulder “É difícil integrar os canais físico e on-line. Estamos tentando vencer essas barreiras, pois queremos que o cliente tenha a mesma experiência de compras sem tantas divergências”
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC)
Mestre de cerimônia O jornalista Nivaldo Prieto conduziu as atividades do evento 50 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
“Me sinto honrado em participar de uma discussão sobre produtividade e eficiência. Parece que acordamos para essas questões num ano de crise”
PAINEL INDÚSTRIA, AGRONEGÓCIO E LOGÍSTICA O objetivo desse painel foi discutir como a indústria pode criar oportunidades num ambiente tão desafiador como o atual, apoiada na automação dos processos e da logística. Defendendo a tese de que toda crise tem uma solução, a presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (ABIPLA) e vice-presidente da GS1 Brasil, Maria Eugenia Saldanha, propôs aos palestrantes uma discussão em torno da necessidade de sobreviver com foco em inovação e automação. O economista e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEAUSP), Celso Grisi, lamentou, por um lado, o fato de a indústria nacional ter alcançado um alto nível de deterioração. Mas, por outro, lembrou-se das transformações positivas que o segmento agrícola tem conquistado graças à tecnologia, o que resultou em um ganho de produtividade muito grande para o País. Nesse sentido, a trajetória da Itaueira, produtora do melão Rei, ilustra esse cenário. Há alguns anos a empresa apostou fortemente na tecnologia para se consolidar no mercado. O diretor comercial, José Roberto Prado, contou que a companhia tem controle
Opiniões similares Especialistas concluem que empresas precisam inovar para sobreviver
de todo o processo produtivo, desde a preparação do solo até entregar a fruta ao atacadista. Isso é possível por meio do uso de sensores nas máquinas agrícolas conectados a GPS, que controlam o sistema de irrigação, de adubação e combate a pragas. Outra solução utilizada é o código de barras, essencial para fazer a rastreabilidade. Cada fruta possui uma identificação, facilitando encontrar falhas e promover melhorias quando um consumidor faz alguma reclamação. O código de barras ajuda ainda a controlar a movimentação de caixas e paletes. A president industry engagement da GS1 Global Office, Marianne Timmons, levantou a questão de que, durante muitos anos, as empresas
não tinham o foco, necessariamente, no consumidor. Mas isso mudou com a tecnologia, especialmente com o smartphone, pois as pessoas podem acessar informações sobre produtos, origem, práticas sustentáveis envolvidas e, ainda, comparar ofertas rapidamente. Assim,indústrias e varejistas precisam ficar atentas a essas novas demandas. Respondendo às perguntas da plateia sobre as vantagens de uma indústria bem automatizada, Prado foi categórico ao afirmar que “para manter a confiabilidade e ampliar a produção, é preciso partir para a automação. Ela se paga, porque conseguimos capacitar melhor as pessoas e, assim, melhorar a produtividade”.
Celso Grisi, economista e professor da Universidade de São Paulo
Marianne Timmons, president Industry Engagement da GS1
Maria Eugenia Saldanha, José Roberto Prado, presidente da ABIPLA e diretor comercial da vice-presidente Itaueira da GS1 Brasil
“Governo e iniciativa privada precisam atuar juntos no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico”
“Os momentos de crise são propícios para estender os limites da automação. A GS1 pode ajudar padronizando os processos de negócios”
“Toda a crise tem uma solução, apesar das dificuldades que a economia impõe ao desenvolvimento da indústria”
“A rastreabilidade feita por meio do código de barras visa deixar o consumidor satisfeito”
[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 51
PAINEL SAÚDE Nessa parte da conferência estiveram presentes o diretor de sistemas e logística da Bristol-Myers Squibb, Roger Shoji Miyake; o presidente-executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA), Sergio Menna Barreto; o superintendente de suprimentos e logística do Hospital Sírio-Libanês, Rodrigo Macedo; e Ana Paula Maniero, participante do grupo de Healthcare da GS1 Global, que foi responsável pela moderação do debate. Os questionamentos aos palestrantes foram sobre a relevância da automação em todos os elos dessa cadeia produtiva, a fim de integrá-los e gerar mais eficiência aos processos, com foco na segurança do paciente. A conclusão dos palestrantes é a de que a automação e a padronização são fatores que beneficiam toda a cadeia. Na indústria farmacêutica,
por exemplo, ela foi citada como um passo importante na inovação e responsável pela maior produtividade e eficácia na implementação da rastreabilidade. Nos hospitais, os processos automatizados são fundamentais desde a gestão de um protocolo clínico até a rastreabilidade de medicamentos. Nas farmácias, especialmente nas grandes redes, a automação também se destaca, tendo em vista o grande fluxo de clientes que visitam esses estabelecimentos diariamente. Apesar disso, os palestrantes concordam que se perde tempo em não se adotar cadastros únicos em toda a cadeia da saúde, o que pode ser um obstáculo para um avanço mais significativo. A regulamentação é um passo determinante nesse processo. Assim, o papel da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi destacado pelos participantes. “Os conflitos de
interesse podem surgir e, se não tiver órgão regulador, dificilmente consegue-se avançar. A ANVISA deve ser uma instituição de excelência para regulamentar o setor, alinhando todos os interesses”, reforçou Rodrigo Macedo. Barreto, da ABRAFARMA, explicitou seu posicionamento em relação ao papel da Agência no que diz respeito às novas normas para rastreabilidade de medicamentos estipuladas recentemente. “A ANVISA apresentou uma regulação que impactou direta e significativamente em diferentes empresas. Sabemos que a rastreabilidade é a solução dos problemas, mas ela deve fazer com que as partes se conversem de forma eficiente”, disse. Segundo ele, a rastreabilidade possibilitaria melhorias, como evitar o vencimento de medicamentos, informar o paciente sobre interações medicamentosas e evitar falsificação e roubo de cargas.
Sergio Menna Barreto, presidente-executivo da ABRAFARMA
Roger Shoji Miyake, diretor de sistemas e logística da Bristol-Myers Squibb
Rodrigo Macedo, superintendente de suprimentos e logística do Hospital Sírio-Libanês
Ana Paula Maniero, membro do grupo Healthcare da GS1 Global
“As farmácias estão no limite, com receitas no processo manual, impossíveis de serem lidas, e carimbo atrás das prescrições. É preciso evoluir para outro patamar”
“A inovação na indústria farmacêutica não ocorre apenas com remédios, mas também com a automação de processos”
“O desafio está em criar padrões que permeiem os diversos serviços do setor de saúde, começando pelo prontuário eletrônico”
“Quanto mais houver integração dos sistemas entre as empresas no setor da saúde, mais eficiente ele será, trazendo ganhos ao paciente. Nesse cenário a GS1 pode ajudar”
52 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
ECONOMIA PARA ENTENDER O BRASIL Apontando perspectivas de um novo caminho para o País em tempos de crise, o economista e chefe de pesquisa do Bradesco Asset Management, Fernando Honorato Barbosa, encerrou a conferência mostrando que é possível ver algo de positivo nesse momento de desaceleração econômica. Ele fez um breve histórico da situação do Brasil nos últimos anos, enfatizando o período de alta das commodities no mercado internacional, dinheiro que foi gasto com consumo, salários e transferências. “Com isso, ocorreu um fenômeno no qual os salários cresceram muito acima da produtividade, o que fez cair o lucro das empresas, e, logo, os investimentos. Os salários e a produtividade de-
Fernando Honorato Barbosa, economista do Bradesco Asset Management
“A inovação é um ponto central para o País entrar numa rota de prosperidade mais acelerada”
veriam estar alinhados, porque essa diferença gerou inflação e outras dificuldades”. Paralelo a isso, ocorreu um aumento bastante significativo das despesas públicas. “Esse é o Brasil de hoje, que está numa situação bastante peculiar”, analisou. Barbosa concluiu que a atual política econômica não é a responsável pela crise. “O processo que nos trouxe até aqui começou em 2009. Foi a resposta que o Brasil deu à crise global de 2008, que foi estimular a economia sem cuidar da produtividade.” Assim, as consequências vistas atualmente são aumento dos custos, queda da confiança e da massa salarial, baixa utilização da capacidade industrial, estoques elevados, ambiente político difícil, etc. “O remédio é amargo agora, mas garantirá uma boa saúde para a o futuro”, disse o economista a respeito das medidas de ajuste fiscal do governo, que ele considera corretas e direcionadas para se alcançar um cenário mais estável, ou seja, colocar os preços no lugar, dar tranquilidade para os negócios e ser capaz de gerar retorno para os investimentos. Para garantir o crescimento nos próximos, também é preciso ficar atento a outro ponto: o envelhecimento da população. Segundo ele, a partir de 2025, o Brasil começará a perder contribuição das pessoas em idade ativa para fazer a economia crescer. “Um País cresce por meio de três fontes: maior quantidade de pessoas trabalhando, mais investimentos e produtividade. A única solução para evitar esse tipo de problema é apostar na inovação. O Brasil ainda não esgotou a sua capacidade de inovar. Esse é um ponto central para o País entrar numa rota de prosperidade mais acelerada.”
Troca de experiências Evento possibilitou networking dos participantes
[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 53
Questão de estilo
Imagem: Thinkstock
[
DESIGN
[ARQUITETURA
Os interesses e os objetivos da empresa podem ser refletidos na decoração do ambiente de trabalho a fim de criar uma identidade empresarial e motivar os colaboradores Por Camila Guesa Colaboração Kathlen Ramos São muitas as variáveis a serem consideradas quando se trata de decorar um ambiente, como cores, texturas, mobiliário, iluminação – conceitos responsáveis por dar vida e estilo ao espaço. Essa empreitada pode ser mais complexa quando envolve o ambiente de trabalho, já que ele precisa refletir os anseios do empresário e criar um ambiente acolhedor e inspirador para os funcionários. Se a ideia é desenvolver um novo ambiente ou reformular o atual (não importa o tamanho ou a área de atuação da companhia), felizmente, os conceitos arquitetônicos e de decoração estão bastante abertos à criatividade. De acordo
54 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
com a arquiteta da nKF Arquitetura da Paisagem, Francine Sakata, hoje o mobiliário de escritório é muito menos padronizado do que já foi no passado. “Sutilmente, os móveis que tradicionalmente eram feitos com materiais como fórmica e melanina passaram a dividir espaço com outros que não são exclusivamente corporativos. A ideia é criar uma ambientação exclusiva, com mais identidade e conforto”, diz. Para começar, o ideal é ter em mente que o conjunto do projeto – desde as cores das paredes passando pela escolha dos móveis e a disposição deles no local – reflita a imagem da empresa. Pode ser um conceito que revele a busca de
Para se inspirar Na HiPartners, fundo de investimento para empresas de tecnologia, com escritório em São Paulo (SP), a ambientação do espaço foi desenvolvida com base na meta da empresa, que é a de se internacionalizar. “Como temos planos de expandir para mercados estrangeiros, usamos fotos de grandes metrópoles onde gostaríamos de estar nos próximos anos, sempre relacionando a imagem com o departamento”, conta a diretora de marketing da empresa, Flávia Pini. Assim, na área comer-
cial e de marketing, por exemplo, a decoração traz imagens da Times Square, um dos mais badalados pontos turísticos de Nova York, já que se trata de um local agitado e cheio de publicidade. Na área de tecnologia, a foto é de Cingapura – um polo de inovação e que tem evoluído a cada dia como referência mundial. As salas de teleconferência, por sua vez, remetem às cabines telefônicas de Londres, reconhecida tanto por sua história quanto pela influência econômica no mundo. Para a sala de reunião, a imagem escolhida foi da Ópera de Sidney, com a ideia de remeter ao crescimento financeiro da companhia. E, por fim, na entrada do escritório, os visitantes podem visualizar a imagem do Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), na Avenida Paulista, por se tratar de um marco na cidade e também local de origem da HiPartners. “Os colaboradores acharam a decoração e o ambiente bem mais moderno e atrativo para se trabalhar. Além disso, sentimos que, de forma geral, as equipes estão mais integradas e motivadas com suas tarefas. Um ambiente inspirador sempre ajuda no desenvolvimento profissional”, conclui Flávia. Já no escritório da empresa de arquitetura HUS, reformado há pouco mais de um ano, tudo é integrado. A ideia é transmitir uma
Visão global HiPartners usa fotos das metrópoles onde pretende estar nos próximos anos
[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 55
Fotos: Divulgação
aperfeiçoamento constante da organização, o uso de tecnologia de ponta, a sustentabilidade, entre outras características. “O empresário e/ou o responsável pela decoração precisa avaliar qual impressão deseja transmitir, seguindo um padrão de identidade visual a ser respeitado”, afirma o diretor da HUS Arquitetos, Gustavo Garrido. Ele lembra que a identidade corporativa pode e deve fornecer subsídios para a criatividade. Em paralelo, o conforto do funcionário, a sustentabilidade e os elementos que agreguem valor ao ambiente e beneficiem seus usuários devem ser considerados. A seguir, veja como empresas que atuam em diferentes segmentos pensaram o design de seus escritórios.
mensagem contemporânea, como, por exemplo, uma parede de concreto aparente e uma viga à mostra valorizada com fitas de LED. Por lá, a opção foi pelo piso fulget preto, que tem aspecto rústico, é antiderrapante e bastante resistente. E o tom adotado foi o preto, para valorizar o contraste da decoração e móveis. “Em vez do piso ser a vedete do espaço, valorizamos as cores do mobiliário. As cadeiras e as mesas, por exemplo, são amarelas”, pontua Garrido. Da mesma forma, o paisagismo – com o fundo escuro do piso, as cores das folhas ficam mais evidentes. Cliente da HUS, o escritório jurídico Bueno de Aguiar e Wendel, também na capital paulista, ganhou, recentemente, ares de arte contemporânea. no projeto, o anteparo da sala de reunião traz a madeira, mas já com um toque diferenciado proporcionado pelo vidro e pela iluminação focada. na recepção, foram usados sofás e estante de madeira com livros jurídicos, a fim de estabelecer um contato dos clientes com o trabalho ali
Tradição Escritório jurídico Bueno de Aguiar e Wendel combina madeira, vidro e iluminação focada
Fotos: Divulgação
DESIGN
Contemporâneo Escritório da HUS valoriza o contraste das cores dos móveis, do piso e das plantas
desenvolvido. A madeira remete à tradição de escritórios de advocacia e os livros ilustram o conhecimento, que, juntamente com os quadros, lembram a erudição.
FENG SHUI NA DECORAÇÃO Um dos recursos que tem ganhado adeptos na decoração é o Feng Shui – técnica milenar chinesa elaborada a partir da observação da natureza e que estuda a forma como os locais em que se vive e trabalha refletem no modo como as pessoas se sentem. Sua aplicação no design de interiores deve ser feita a partir da reorganização do espaço e adequada utilização de elementos decorativos (formas e cores) e diferentes materiais (vidro, madeira, metal, plantas, pedras, etc.). A ideia é proporcionar uma sensação de harmonia, bem-estar e justa proporção. “Um ambiente projetado a partir das técnicas do Feng Shui deve ter o direcionamento correto do fluxo de energia, através da relação entre áreas livres ocupadas e de circulações. O correto posicionamento e orientação do mobiliário a partir das direções pessoais mais favoráveis trazem melhor entrosamento da equipe, maior produtividade, harmonia e bem-estar – sua eficácia independe da crença de quem utiliza”, explica a arquiteta ingrid Strabello, cuja empresa homônima é especialista nessa técnica.
56 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
Fotos: Paulo Pepe
Ambiente produtivo Minicampo de golfe, bangalô e redário são alguns dos espaços descontraídos da 99Taxis
PROJETO IDEAL Pontos a serem considerados na decoração de escritórios:
Limpeza DESCOnTrAÇÃO QUE AGrEGA na 99Taxis, empresa detentora do aplicativo de mesmo nome para solicitar táxis via celular, a inovação e o acolhimento fazem parte do ambiente corporativo. De acordo com a gerente de marketing, Maria Carolina Lopez, a empresa tem uma cultura mais descontraída, pois já na sua primeira sede haviam muitos pufes e as paredes eram pintadas de verde. “Um dos sócios da empresa, o Ariel Lambrecht, foi funcionário da Google e trouxe de lá o mote de que o ambiente da empresa pode e deve ajudar na produtividade dos clientes internos”, conta. Segundo ela, se o funcionário está mais descontraído, relaxado e com bom humor, a produtividade naturalmente aumenta. Assim, foram adotados vários elementos que pudessem alcançar esses objetivos: minicampo de golfe, bangalô, sala de videogame, redário, paredes nas quais os funcionários podem escrever com giz, entre outros. “A decoração é muito viva e orgânica, sugerida e absorvida pelos funcionários, que têm, em média, 30 anos. É uma arquitetura pensada para quem vive e por quem vive, não uma decoração pensada por um terceiro, para a qual as pessoas têm que se adaptar”, afirma a gerente de marketing da 99Taxis.
Iluminação variada
Conforto e disposição dos mobiliários
Identidade da empresa
Privacidade dos funcionários
Sustentabilidade, desde o uso da luz natural até o incentivo para evitar desperdícios Possibilidade de alimentação no local
7 898357 410015
[ BRASIL EM CÓDIGO ] jul/ago/set 2015 57
[
RADAR
[TURISMO
De tirar o fôlego Atrações naturais da Chapada Diamantina encantam turistas de diferentes perfis
Foto: ThinkStock
Por Ana Paula Garrido
Imagine uma sequência de paredões, grutas, cachoeiras, morros, rios e cânions, cercados por mata atlântica, cerrado, caatinga e campos rupestres, que abrigam vários tipos de plantas – só de orquídeas, são 50 tipos diferentes que se somam a raras espécies animais, como o porco-espinho e o tamanduá-bandeira. Cansou? Então prepare-se, porque a Chapada Diamantina é mesmo de tirar o fôlego. Localizado no coração da Bahia, o Parque Nacional da Chapada conta com uma rica biodiversidade, que atrai cada vez mais adeptos de ecoturismo, em especial pessoas de 25 a 40 anos. Criado na década de 1980, o local está entre os dez destinos mais procurados na Bahia. Formado por 40 municípios, o Parque conta com três pontos principais de acesso: as cidades de Lençóis, Palmeiras e Mucugê. Assim, há opções para visitantes dispostos a percorrer trilhas de diferentes níveis
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de dificuldade e duração. Os passeios mais radicais, chamados de trekkings, podem durar mais de três dias de intensa caminhada. Mas mesmo quem não tem tanto preparo físico consegue desfrutar das atrações naturais, conforme explica o docente do curso turismo cultural do SENAC Aclimação, David Carolla. “A Cachoeira da Fumaça, por exemplo, pode ser visitada por baixo, numa trilha mais intensa com cerca de 20 km, ou por cima, um caminho mais fácil.” Em cinco dias é possível conhecer e se encantar com as paisagens do parque. Porta de entrada da Chapada, o município de Lençóis conta com boa infraestrutura hoteleira para diferentes bolsos e estilos. De lá é possível visitar o
ARQUITETURA GARIMPADA Algumas cidades da Chapada são tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e mantêm preservadas as características coloniais do final do século 19, época em que a região se desenvolveu por causa do garimpo. Por isso, é possível observar algumas especificidades, como as casas que foram construídas quase que coladas umas nas outras para garantir a segurança das famílias dos garimpeiros. Para voltar um pouco mais no tempo, reserve metade de um dia para conhecer a vila de Igatu, considerada uma cidade pré-cambriana, cuja arquitetura se destaca com as construções com blocos de rocha, daí o nome de Cidade de Pedras. Vale reparar no contraste de edificações simples e dos casarões erguidos no tempo dos diamantes. HAJA PERNAS Para quem está com o condicionamento físico em dia, há roteiros que permitem um contato mais próximo da natureza, mas em contrapartida exigem fôlego. Com duração de três dias, o trekking que percorre o Vale do Pati é considerado um dos mais bonitos do Brasil. No percurso se avista o Morro do Castelo, a Cachoeira Roncador e a região de Marimbus, que é uma espécie de Pantanal no meio do sertão. Já para alcançar o topo da Cachoeira da Fumaça, localizada a 1.490 metros acima do nível do mar, leva-se duas horas. Para aguentar firme, pense na recompensa: encontrar uma queda livre de 380 metros de altura. Impossível não se impressionar com a cachoeira considerada a mais alta do Brasil. Para quem busca uma experiência ainda mais radical, a dica é o Morro do Camelo, recomendado para os praticantes de rapel mais experientes, que encontram uma descida de 240 metros.
Foto: ThinkStock
aproveitar e fazer flutuação para ver esqueletos de preguiças gigantes, com mais de 10 milhões de anos.
Morro do Camelo
Cachoeira da Fumaça
Poço Azul
Fotos: Tatiana Azeviche
Morro do Pai Inácio, após uma trilha de dificuldade moderada, com 400 metros de extensão. O recomendado é fazer o passeio à tarde para contemplar o pôr do sol no fim do dia. Outro passeio a partir de Lençóis é pelo Rio Mucugezinho, que forma cachoeiras como a do Diabo, onde provavelmente você irá se contagiar – basta só um pouquinho de coragem para praticar tirolesa. Ao norte do parque, no município de Iraquara, distante 70 km de Lençóis, tire o dia para conhecer as grutas de águas cristalinas. A da Lapa Doce encanta por suas gigantes estalactites (formas minerais pontiagudas que se formam no teto desses locais) e estalagmites (que se formam no chão). Já a Gruta da Pratinha surpreende pelo azul das águas, que de tão transparentes chegam a refletir o brilho prateado das conchinhas de calcário e magnésio no fundo do lago. Considerada uma das mais rasas, com profundidade de até 2,5 metros, a gruta é propícia para flutuação, mas requer acompanhamento de um guia. Um pouco mais funda, a Gruta Azul tem aproximadamente 15 metros de águas azul-turquesa, vistas graças à incidência constante de sol por meio das fendas. No extremo sul da Chapada, em Ibicoara, a atração fica por conta da Cachoeira do Buracão, com 100 metros de queda livre. Formado por águas azuis, que parecem de neon, o Poço Encantado faz jus ao nome. Tanto que a caverna, localizada em Itaete, é considerada uma das mais belas atrações da Chapada. No entanto, para manter sua preservação, a visita é somente para contemplação, já que são permitidos apenas mergulhos técnicos com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). A boa notícia é que, para matar a vontade de se banhar em águas transparentes, basta caminhar mais um pouco até o Poço Azul. Lá, a dica é
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Fotos: Divulgação
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Aos 66 anos, executivo do Grupo Pão de Açúcar trabalha 12 horas por dia, já participou de mais de 40 maratonas e atravessou 11 vezes os Estados Unidos Por Patricia Lucena
“Não pratico esporte porque não tenho tempo.” Todos nós já ouvimos ou falamos essa frase um dia. Com o diretor de relações governamentais do Grupo Pão de Açúcar, Márcio Milan, não foi diferente. Trabalhando 15 horas por dia, o executivo não encontrava um momento para o esporte, o lazer e, muitas vezes, nem para sua família. Mas aos 45 anos sua vida mudou. “O Grupo Pão de Açúcar desenvolveu uma cultura muito forte relacionada ao esporte, porque a família Diniz sempre praticou bastante”, conta Milan. Tanto é que, certa vez, o professor de corrida deles convidou o executivo para correr no campus da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista, local bastante frequentando por esportistas. “Fui e tomei gosto pela coisa. Percebi
que só precisava de um tênis, um short e uma camiseta. Era simples”, lembra Milan, que também é vice-presidente de relações institucionais da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Sedentário até essa primeira experiência, sua única ligação com o esporte era uma vaga lembrança das aulas de educação física no colégio. Ou de um tempo em que caçava com o pai e sua função era treinar os cães. “Resgatei essa época em que corria com os cachorros e comecei a gostar do esporte. Naquele momento, eu trabalhava na área comercial da empresa e uma das minhas responsabilidades era a captação de verbas para patrocínios”, recorda. Assim, alinhando sua carreira com a nova paixão, surgiu a 1ª Maratona do Grupo Pão de Açúcar.
FORÇA E SUPERAÇÃO Desde a sua primeira corrida na USP até agora, a paixão do executivo pelo esporte só aumentou. Hoje, ele acumula no currículo esportivo mais de 40 maratonas, 11 provas completas da Race Across America (RAAM), a prova de ciclismo mais difícil do mundo, na qual os atletas cruzam os Estados Unidos de costa a costa. Além disso, entrou para a história de atletismo nacional ao ser o primeiro brasileiro a completar os 90 quilômetros da Comrades Marathon – ultramaratona da África do Sul – e a figurar no Hall da Fama da RAAM, conquista que o motivou a fazer uma tatuagem no braço. No Brasil, ele também concluiu três vezes o Ironman, uma das principais provas mundiais de triátlon (natação, ciclismo e corrida) envolvendo longas distâncias. Aliás, ele completou sua primeira competição Ironman aos 48 anos. “Não sabia nadar nem pedalar. Aprendi em cinco meses, com aulas de natação todos os dias”, conta Milan.
Foto: Patricia Lucena
ROTINA CRONOMETRADA Com 43 anos de vivência no setor do varejo, Milan tem uma rotina bastante intensa. Às 4h toca o despertador. Ele levanta, faz sua meditação e lê uma mensagem, geralmente algum trecho da Bíblia. Às 5h já está a caminho da ciclovia do Rio Pinheiros, na capital paulista, para iniciar seu treino diário. Em seguida, às 8h15 está a postos no trabalho. Volta para casa por volta das 20h e, no dia seguinte, começa tudo de novo. Aos finais de semana, os treinos permanecem e, como levanta cedo, tem mais tempo para curtir a esposa e os filhos. “Hoje, mesmo com todos os meus treinos, tenho tempo para realizar meu trabalho com mais eficiência e produtividade e ainda fico mais com a minha família. Na verdade, o tempo sempre existiu, mas estava sendo mal aproveitado”, comenta Milan. Outra técnica adotada pelo executivo para conseguir aproveitar melhor o tempo foi baseada nos 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, de Franklin Covey. “Através dos métodos do autor, aprendi a administrar meu tempo, dividindo por prioridades. Percebi que, como eu ficava muito tempo no trabalho, tinha muito desperdício. Agora não. Tudo está organizado, porque tenho horários e uma rotina.”
Márcio Milan, do Grupo Pão de Açúcar Superação de limites em prova de ciclismo motivou tatuagem
No entanto, seu grande feito foi descobrir a força interior que possui. “Quando estava fazendo a Comrades, queria desistir, não aguentava mais. Foi quando me falaram que eu era o único brasileiro que ainda continuava na prova e que nunca nenhum brasileiro tinha conseguido terminá-la. Faltavam 8 km. Eu terminei e percebi que nós só descobrimos a força que temos quando precisamos dela.” Depois de participar de tantas provas de resistência, o executivo passou a se conhecer melhor e a perceber que o esporte não traz benefícios apenas para a saúde mas também para mente, trabalho e família. “O esporte me proporcionou um olhar diferente para a vida e, principalmente, me ajudou a administrar o tempo e conseguir aproveitar todos os momentos.” Se, por um lado, o esporte o ajudou a descobrir seus limites, ter mais disciplina no trabalho e lidar com o desconhecido, por outro, a experiência profissional no varejo o ajudou a planejar os treinos e as competições. Se depender da força e determinação de Márcio Milan, faltarão provas para o atleta se superar ainda mais. Aos 66 anos, o executivo quer vencer cada vez mais desafios. 7 898357 410015
A participação de Márcio Milan na prova de ciclismo RAAM, na qual os atletas cruzam os Estados Unidos, partindo da Califórnia até Maryland, percorrendo quase 5 mil km em cerca de sete dias, virou tema da obra: RAAM, Mr. Milan – No Limite do Corpo, da Alma e da Razão. Lançado em junho pela Editora Poligrafia, é um livro-reportagem que narra a décima participação de Milan e sua equipe (um quarteto de ciclistas e mais 18 integrantes de apoio) nessa competição, em 2014.
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Construindo resultados positivos Estudo mapeou os desafios para aumentar o nível de automação entre atacadistas e distribuidores de materiais de construção Por Denise Turco
Reduzir custos e aumentar a produtividade é questão que atacadistas e distribuidores de materiais de construção se deparam todos os dias. As soluções para viabilizar isso passam por investimentos em automação de processos e maior colaboração com parceiros e fornecedores. Essas são as principais conclusões de uma pesquisa realizada pela consultoria Agenttia, especializada em redes de distribuição, e pela GS1 Brasil, no mês de julho. O objetivo do estudo foi identificar os problemas encontrados por essas empresas na implantação de automação e informatização. Os resultados dão pistas para entender como otimizar as operações e definir prioridades nesse sentido. 62 jul/ago/set 2015 [ BRASIL EM CÓDIGO ]
O levantamento obteve dados de 38 empresas de diferentes portes, regiões do País e modelos de negócios, a fim de mapear o nível de automação em cada etapa de operação: logística, comunicação com fornecedores, gestão e vendas. Na área de logística, a pesquisa aponta que 58% das empresas possuem Centro de Distribuição (CD) automatizado. O suporte utilizado é o código de barras, além de coletores de dados. Os processos mais automatizados são o recebimento e a conferência, seguidos da armazenagem, separação e expedição. A principal justificativa para 42% dos atacadistas e distribuidores não investirem na automação dos arma-
Fotos/Imagens: Thinkstock
[
Distribuição
[Automação
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Edson Matos, da GS1 Brasil Processos automatizados reduzem custos e aumentam a produtividade
zéns é o custo-benefício inadequado. Também foram mencionadas dificuldades na integração de sistemas, falta de recursos e aumento das despesas operacionais. “As empresas que ainda não adotaram processos automatizados estão perdendo mercado, porque poderiam reduzir custos e aumentar a produtividade, entre outros benefícios. Quem tem operação automatizada sai na frente”, comenta o assessor de negócios da GS1 Brasil, Edson Matos. Na comunicação com os fornecedores, 53% das organizações utilizam a Troca Eletrônica de Dados (EDI). Os documentos mais compartilhados são os relatórios de vendas e de estoque. Em seguida, aparecem pedidos de compras, fatura, aviso de despacho e catálogo de produtos/lista de preços. Entre aquelas que não usam o EDI (47% da amostra), o principal motivo é porque não receberam esse tipo de requisição dos fornecedores. “A
13% utilizam TMS para entregas e coletas”, diz Matos. Diante desse panorama, o estudo também verificou os benefícios da automação, de maneira geral, na visão de atacadistas e distribuidores. A vantagem principal, citada por 85% das empresas consultadas, é ter visibilidade das informações para tomar decisões mais assertivas. Outros destaques foram aumento da produtividade (67%), expansão das vendas (48%), velocidade no ciclo operacional (43%) e crescimento da rentabilidade (38%). “Esses são aspectos muito importantes, porque mostram a forte necessidade de automatizar e integrar a cadeia de suprimentos. O fluxo de informação tem de ser mais rápido”, pontua Tiezzi.
razão para trocar informações é otimizar processos, reduzir custos e melhorar nível de serviços. Esse dado da pesquisa pode ser um alerta para as indústrias, que podem melhorar significativamente a produtividade se adotarem o EDI junto aos agentes de distribuição”, comenta o sócio da Agenttia, Guilherme Tiezzi. Em relação às vendas, 95% das empresas têm operação comercial automatizada. Os equipamentos mais adotados são tablet (71%), smartphone (58%) e notebook (13%). A plataforma Android é a preferida de 87% das companhias consultadas. No quesito gestão, a pesquisa identificou os sistemas mais utilizados por atacadistas e distribuidores em diversas áreas das empresas. Quase todas possuem software para compras e Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). Sistemas de processamento de pedidos e faturamento para as áreas financeira, contábil e SPED também têm elevado índice de aplicação, acima de 80%. “Já na área de transporte, ainda é possível fazer melhorias, pois somente 37% possuem roteirizador e apenas
OPORTUNIDADES O estudo indica que o índice de automação, principalmente em termos de logística, pode ser considerado baixo entre atacadistas e distribuidores de materiais de construção, porém aponta para novas perspectivas de melhoria dos negócios.
Tecnologia estratégica Nível de automação em cada etapa da operação de atacadistas e distribuidores de materiais de construção
95% 58% 53% 21%
da força de vendas automatizada têm centro de distribuição automatizado
têm relacionamento com fornecedor automatizado através de EDI
têm a área de transporte automatizada [ BRASIL Em CÓDIGo ] jul/ago/set 2015 63
[
[
DIStRIBuIção
Processos automatizados
32% 42%
Abastecimento 42% Armazenagem Separação Expedição Conferência Recebimento
64 jul/ago/set 2015 [ BRASIL Em CÓDIGo ]
42% 50% 53%
71%
58%
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13%
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VANTAGENS PARA TODOS Os resultados da pesquisa indicam que empresas de diferentes perfis colhem benefícios com a automação. Um exemplo é a Tecctintas, distribuidora de tintas imobiliárias, pincéis e ferramentas. “Gostamos de inovação e de automação. O uso do código de barras propicia economia de tempo e de papel, além de evitar desperdícios e retrabalho”, afirma o diretor-executivo Luis Penteado. Fundada em 2008, a empresa tem sede em Marília (SP), além de CD e filial em São José do Rio Preto, também no interior paulista. Atende clientes em municípios das regiões Oeste e Noroeste do Estado. No ano passado, substituiu os PDAs por tablets para equipar a equipe de vendas, formada por 14 profissionais, e já sentiu melhorias no
Equipamentos utilizados pela equipe de vendas
Sm
aliados para ampliar os ganhos. “Este é um momento de conscientização tanto da indústria quanto dos agentes de distribuição, a fim de buscarem maior produtividade por meio de projetos colaborativos”, conclui Tiezzi.
Ta
“Os agentes de distribuição têm oportunidade de ganhar mercado, mas para isso é preciso eficiência, ou seja, ter uma operação que custe menos e tenha maior produtividade”, reforça Tiezzi. Isso faz sentido ao analisar os números do varejo. Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (ANAMACO), há quase 140 mil pontos de venda no País, sendo que 90% são pequenos estabelecimentos, abastecidos majoritariamente por atacadistas e distribuidores. Outro fator que as empresas não devem perder de vista é que, apesar da desaceleração da economia, nos próximos anos, as obras para suprir o déficit habitacional no País e também as reformas devem continuar, movimentando o segmento de materiais de construção. Nesse contexto, a indústria tem papel relevante, uma vez que pode mobilizar a distribuição como um todo pelo fato de estar no início da cadeia de suprimentos. Mas ela não deve agir sozinha – atacadistas e distribuidores são
atendimento aos clientes. Atualmente, utiliza código de barras no processo logístico, mas pretende aprimorar as operações, implementando controles de estoque mais eficientes. Quem investe pesado em automação é a Tambasa, de Contagem (MG), uma das maiores atacadistas do País. Possui filiais em quatro Estados, 22 CDs em várias partes do Brasil, frota de 720 caminhões e 2.600 vendedores. A empresa comercializa cerca de 18 mil itens, sendo a linha de material de construção a mais representativa, para abastecer cerca de 120 mil clientes. Há mais de uma década, a equipe de vendas utilizada equipamentos para transmitir os pedidos on-line. No depósito, a conferência é feita por meio de leitura de códigos de barras, na qual todos os dados são lançados no sistema, facilitando a distribuição e a organização das mercadorias. Em 2012, a empresa fez um importante investimento: a compra de um transelevador, equipamento importado da Alemanha que vem sendo instalado desde então no CD principal. Constituído de diversos equipamentos, o transelevador funciona como uma espécie de robô; dentro dele trabalham cerca de 80 funcionários. Com essa aquisição, que ainda está em fase
de adaptação e implantação, todo o processo da busca até a organização dos estoques será robotizado, agilizando a separação de produtos. “Depois deste investimento, fizemos outros em 2013 e 2014, a exemplo da esteira que leva as mercadorias entre os boxes
de expedição. Numa época de crise, temos de continuar acelerando, mas sempre com cuidado”, afirma o diretor comercial da Tambasa, Gerson Bartolomeu Filho. Com crescimento na casa de 8%, a empresa projeta expansão de 12% em 2015.
Sistemas utilizados por atacadistas e distribuidores de materiais de construção
13% 32%
TMS – Manutenção de frota Planejamento estratégico
34%
CRM
21%
37% 42%
Roteirizador
45%
WMS
68% 68% 74% 84% 84% 87% 89%
TMS – Coletas e Entregas
BI – Business Intelligence
Ponto eletrônico Folha de pagamento Força de vendas Pedidos/faturamento
UNIVERSO DA PESQUISA O estudo que mediu o nível de automação dos agentes de distribuição nasceu a partir das necessidades dessas empresas discutidas nos encontros da Rede MATCON, uma iniciativa da Agenttia. A Rede une representantes de indústrias, atacadistas, distribuidores, varejistas e entidades do segmento para dialogar e buscar soluções de maneira colaborativa. A MATCON tem o apoio do SEBRAE, da ANAMACO, da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (ABAD), da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (ABRAMAT) e da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). As indústrias 3M, Bellota, Docol Metais Sanitários, Fabrimar Metais Sanitários, InterCement, Norton Abrasivos, Pincéis Atlas e a Roca Sanitário indicaram os agentes de distribuição para participar do estudo. Com o apoio dessas organizações, a Agenttia mobilizou cem atacadistas e distribuidores, obtendo respostas de 38 empresas. Desse total, 68% têm atuação local (dentro de um município) ou estadual (atendem a três Estados, no máximo); e 45% realizam entregas num raio de até 500 km. Além disso, 45% são atacadistas ou distribuidores especializados, ou seja, têm mais de 50% das vendas concentradas em até duas categorias de materiais de construção (ferramentas, abrasivos, pintura, etc.); os 55% restantes são generalistas. 7 898357 410015
Contábil SPED Financeiro
95%
Compras
97%
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[tecnologia & negócios
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A RFID é a base da indústria 4.0
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O novo conceito, apontado como uma das tendências da automatização, foi criado para definir o que se espera da quarta revolução industrial
Ao longo dos últimos 25 anos, venho acompanhando a fundo a evolução das tecnologias e as transformações provocadas na vida humana e na maneira como realizamos as nossas tarefas. Já me deparei com muitos nomes e conceitos que foram surgindo pelo caminho. Alguns simplesmente desapareceram sem deixar rastros significativos, outros duraram pouco. Mas há um terceiro grupo: o dos que permaneceram e serviram de base para novas criações. O conceito de Indústria 4.0, por exemplo, creio que deve ser um desses últimos, que vieram para ficar. O mais curioso de tudo é que essa nova tendência também está sendo chamada de a Quarta Revolução Industrial, mas que – pela primeira vez na história – não acontecerá apenas por força do improviso ou da espontaneidade. A Quarta Revolução Industrial está sendo planejada, projetada e desenvolvida. Segundo o paper da GS1 sobre a Indústria 4.0, devagar está nascendo uma nova forma de produção, que transforma o produto, normalmente, um objeto passivo, em um agente ativo da manufatura que, sozinho, pode decidir como deve ser fabricado. Ou seja, nas fábricas do futuro, tanto os produtos quanto as máquinas serão capazes de realizar comunicação e monitoramento entre si. No momento, o esforço principal está em criar a base de Tecnologia da Informação (TI) necessária para dar suporte à Indústria 4.0, também conhecida como Fábrica Inteligente. Para isso, os especialistas estão testando chips de identificação por radiofrequência (RFID) que poderão dar a inteligência necessária aos produtos na linha de montagem. O termo Indústria 4.0 foi criado em um projeto estratégico de alta tecnologia do governo alemão, com o intuito de promover a informatização da manufatura de transformação. Ainda é um conceito com poucos exemplos práticos – um deles já sendo testado no Brasil, em sigilo –, mas aponta para a evolução dos sistemas produtivos, com redução de custos, economia de energia, aumento da segurança, conservação ambiental, aumento da qualidade de vida e personalização em uma escala sem precedentes. A Indústria 4.0 funciona como segmento da chamada Internet das Coisas (ou IoT, do inglês, Internet of Things) e da comunicação Machine to Machine (M2M ou Máquina para Máquina), ou seja, de todos os conceitos atrelados ao uso de RFID.
Nas fábricas do futuro, tanto os produtos quanto as máquinas serão capazes de realizar comunicação e monitoramento entre si
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Foto: Paulo Pepe
Edson Perin
Editor do RFID Journal Brasil e escritor do livro TI para Negócios
As opiniões deste artigo não expressam o pensamento da GS1 Brasil ou da editora.
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