Guilherme zarvos - Distopia

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DISTOPIA Guilherme Zarvos

megamini


Para Cecilia Palmeiro & Italo Diblasi


Brasil Braswill 500 anos

Podia não estar na direção Borel de cima contra Barão de baixo O cara que passava em câmera lenta Resolver apontar o gatilho não atirou Poderia ser um dos bandidos Centenas O filme Cidade de Deus e o glamour Morrer bandido ou banqueiro Parece longa a vida Qual o trajeto da bala Quem é herói o desmedido o justo Após a Morte Valeram os últimos 40 anos Menos se fosse bandido Mais se o neném recebesse seu nome Rico doutor pobre assassino A última piscadela os identifica Vc acha que alguém vê lá de cima Espere até escutar o Sem Tempo Pq aquele cara atirou sem bala Tava numa boca falando bobagem Estava mais perto que na zona de confronto Tremi mas mantive o Sujeito Homem Saindo apressado como de casa roubada


O cara que faz tatuagem morreu aos 17 A criança de Aleppo salvou-se atordoada Pura fuligem no mundo global Torturaram o humano arrancaram suas bolas Na França um policial enfiou o cassetete no cú Beber água suja e passar fome American Pie na Wall Street Já parece faz tempo a garotinha na estrada Seus olhos desesperados e o corpo nu em chamas Ao Vietnam seguiram-se guerras bósnias A primavera trágica do Oriente Médio Afeganistão caminho de todos os povos do mundo Estradas caminhões taxis Riscam-se no que é rico Brasil Sem país família ou patrão Trocando favores ou delatando Milicos juízes e rancorosos Os troncos que sustentam ditadores Não por medo Por orgasmo Por estar melhor que o Vizinho


Boa Morte Morrer com 1 tiro A Boa Morte Antes da doença terminal O idoso quase esquece O Futuro Pensa em viver bem Dia após dia Espera A morte higiênica Cristã Com os desígnios Cristãos A CNN A Globo A BBC A Al Jazeera Todos jogam duplo E infelizmente não temem o futuro A dor do oprimido Para além da chapa quente Justo ódio Implantado Cada selvagem e seus nacos Todos foram inocentes 1 dia


ALEMÃO

Quando a vida não vale mais Levar um crápula para o inferno Qual bomba é mais misericordial O planeta vazio não carrega culpados


Para lá dos 80 Ganhei e salvaria o mundo Das injustiças Tá ele igualzinho Eu é que mudei Mais 1 brinquedo Como um avião Porém sendo carne Vou envelhecendo rápido A borracha apaga Apaga aviãozinho Apenas deixar uma frase Tentei com todway forever Ser um sonhador do Mundo justo


Poderia ligar Ahmedabad Qual mata atlântica 13200 anos Darwin e a cognição das cores Não cheguei ao charco musgo De corpos da Guerra Global Esquecer lembrar para colorir Dupla face escrever e o q Sobrará para ter umbigo Acelerador de partículas Pulsão da nave Qual flores do mal Brilho manhãs E general do país em paz Escravocrata analfabeto Tem alegria de sol nos braços E costas chicoteadas mandatários reais Visconde tamanha honraria ao Botânico q conheceu Darwin General seu filho será Positivista E será escravo de um Annoki Vai para a puta q te pariu Tão Gloriosa como Pasquala

A traída


Fantasia Para Walt Disney

1. O homem bomba tem 75 anos E sente-se Santo Com Enorme compaixão Beatificou-se pela Leitura E por ela Tudo viveu A começar por amores frágeis Honrarias e outras Euforias Move-lhe a certeza da purificação Comprar uma bombinha explosiva japonesa Microinstalada sobre o Esôfago Abraçará na Eutanásia 1 canalha Com sorriso vem para o abraço do Urso Misturando moléculas tão díspares Humanizará a Natureza 2. O Homem-Bomba atual O Pai da Bomba O q ñ c explode Manda matar Cria lobos solitários Com dentes de miasma E outros similares Escolhe a vítima show


Entre mesquitas Espetáculos de adolescentes Paradas da cidade Pontos de lazer Raiva do emprego Bullying na escola Fake shows já perderam Os olhos da inocência Camus já discutia a barbárie Diferente do Papai Noel de 75 anos De barba ou cabelos brancos como dos Poderosos Ao abraçar Feliz Natal e sossega os corpos Cansado Glorioso contra um tirano 1 facínora e só 1 Envolvidos no abraço Mais tenro do que o choro da saudade comedida


Spleen Quero lhe ouvir talvez tocar Como um filhote um mamífero Alguém admirado já fora do Meu alcance talvez um tempo de dança Quero te ler contar suas espreitas À menina do bar da universidade Quero dar conselhos sem me preocupar Cuidando de um mamífero vou logo zarpar Vc punjante jovem bato palmas e não penso Sua música é tocante no piano do lar ao lado Quero ouvir suas mentiras contidas O rapaz da seleta vizinha Por cada lado há sinais vacilantes E primo por observar crescer Jovens mulher e homem Mais do que desejo é premente amar Um albatroz louco sem braços e pernas Os quero agora já quando dei o q tinha para dar


É preciso dizer que as amo Chegará o dia que a força do Papai Noel que escreve Se rasgará e a verdade permanente Doses pouco dinheiro e perigo Beijos para todos os admiradores Partirei louco para o fim do ser tanto Morrer para não virar Homem Bomba Desprezo a mentira da família Nos universos de compra e súplicas Que me querem e que se fodam Anoto suas poesias são minhas Vendo-as baratas e baratas Queijo para minha companhia


Baco

Não quero beber e ficar em colo Na mesa e conversar das pequenas alegrias Almejo que tudo rode e veja o reflexo da Luz do bar nos azuis, cores multiplicadas E mais tarde gerar no infame Cuspir ao acaso Não me lembrar quanta asneira Mas tem um som e uma batida De Vento coração e Vácuo De lá urra o Eterno Erê O indizível que se contente No doce nas brigas é madrugada Em tempo de proibição de Transbordamento Escolho o dia e companheiro curto Engulo 1 tonel e a gira agita Não desprezem sou bom moço das segundas Segurar esta onda Jumento Vadio Me lembro ou esqueço Esta gira a Ausência são parentes dos deuses


Cazuza Pode-se escrever 7 Zaum A pedra foi escrita Flores de todos os tamanhos Pode-se escrever para criança Sorrisos sinceros interessam Moleque Cazuza Escrever para quem vai Aprender bem retribuir Munição para som De tanto gira letras Olhos do Cazuza Tornar-se abacaxi liquidificado Descasque suco inventa sucção


Para não ficar louco

Assentado no mato Idoso não esqueço a certeza Q + idade para frente Não querer nostalgia Lembrar da vida do prazer bestial Natural da juventude Os amigos queridos queridos me gostam Sóbrio como um farsante psicanalista Não entende que no despropósito da bebida É que encontro o q me entende Sair do mato e voltar aos becos Socos risadas e doença Ser velho bonzinho me cansa Principalmente no mundo cada Vez mais obtuso beligerante


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