Resgate do rio Pinheiros (lazer e esportes aquáticos)

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RESGATE DO RIO PINHEIROS lazer e esportes aquáticos



GUSTAVO ALVES RODRIGUES

RESGATE DO RIO PINHEIROS lazer e esportes aquáticos

TFG - ARQUITETURA E URBANISMO Orientação: Prof. Dra. Carolina Gonçalves Nunes

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Bragança 2021

Paulista,

julho.

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Há coisas que são boas por alguns instante, outras por algum tempo. Só algumas são para sempre. Olavo de Carvalho

agradecimentos Deus que me guiou minha família que me sustentou meus amigos que me acompanharam e aos professores que me orientaram.

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introdução

A maior metrópole brasileira, a cidade de São Paulo, que como uma grande cidade sofre com o crescimento exponencial da população e a urbanização desordenada em centros e periferias, situações que geram impactos negativos no bem estar físico, social e emocional, de seus cidadãos e degradação da cidade e meio ambiente, trataremos de um dos rios que compõem a bacia hidrográfica da capital paulista, o rio Pinheiros, que assim como outros rios e córregos perderam suas características para dar espaço a grande cidade de concreto. Hoje é quase impossível imaginar que as aguas do rio Pinheiros ofereceram até meados do século XX, a pratica do convívio social, o lazer e a pratica de esportes. Esse trabalho busca a partir da arquitetura e urbanismo resgatar praticas e conexões fundamentais para a qualidade de vida e valorização das águas em grandes centros urbanos.

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objetivos Objetivos Gerais

O objetivo deste trabalho é promover o resgate da inserção do rio Pinheiros na vida paulistana, as memórias históricas do rio seu entorno, sua contribuição para a cidade de São Paulo e a história da capital paulista. Afim de informar e conscientizar o leitor do quão importantes são os rios na sociedade humana em toda sua historia, promovendo a prática de esportes e o lazer dentro do contexto urbano, que geram impactos na qualidade de vida e economia, e saúde da cidade como um todo.

Objetivos Específicos

• Promover a reaproximação do rio Pinheiros à sociedade paulista. •

Incentivar o esporte como ferramenta social.

• Estimular a melhora de qualidade de vida.

• Promover um nova área de Lazer e convivo social.

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justificativa

Em um cenário onde questões como a qualidade do ar, a poluição da águas, fenômenos naturais, proliferação de doenças, poluição sonora e visual são problemas a serem enfrentados, daremos destaque à poluição dos sistemas hidrográficos urbanos absorve espaços para lazer, convívio social e o desempenho de atividades de esportes, práticas que contribuem o aumento da qualidade de vida principal fator para viver em sociedade em grandes cidades, propondo o resgate de praticas e conexões que foram perdidas durante os anos.

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sumário

agradecimentos introdução objetivos justificativa

01. O RIO

03. EPORTES

02. OS CLUBES

rio Pinheiros perspectivas usina de Traição

10 14 18

04. REFERENCIAS parque aquático Maria Lenk vale do rio Jundiaí island Brygge

03 04 05 06

42 43 45

clubes Paulistas sport club Germânia

22 26

remo natação

32 38

05.O PROJETO projeto integrado 48 intervenção 53 conceito e partido 54 o terreno 55 programa e fluxos 56 analise solar 57 estudo o projeto 58 docas 62 centro de treinamento 68 Imagens finais bibliografia

82 95 07


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O RIO

Figura 01: Imagem do Rio Pinheiros no ano de 1957 Fonte: (visitado em 05/2021) https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-09/riopinheiros-e-pulverizado-com-larvicida-para-conter-mosquitos

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O rio Pinheiros Jeribatiba ou Jurubatuba, era assim que o rio Pinheiros costumava a se chamar em Tupi-guarani, ``lugar onde há muitas palmeiras jerivás´´. Passou a se chamar Pinheiros com o início da organização do aldeamento indígena que habitava seu entorno feita pelos jesuítas, quatro anos antes da fundação da Vila de Piratininga no ano de 1560, o agrupamento de indígenas ocupava uma região repleta de árvores araucárias, conhecidas também como pinheiros-do-Paraná. Rio de planície, possuía curvas que serpenteavam a várzea, mas ainda assim com navegabilidade que era usada para transportar cargas, ao longo dos anos surgem em sua margem fazendas, sítios e pontes e então a área começa a perder sua característica no início do século XX, principalmente com os processos de retificação qual o Pinheiros foi submetido. Nascendo do encontro dos rios Guarapiranga e rio Grande, encontro que acontece próximo a estação de Santa Amaro na cidade de São Paulo, deságua no Tietê, percorrendo 25 quilômetros e recebendo águas de uma bacia do alto do Tietê de 271 quilômetros quadrados, sendo um dos principais afluentes a banhar a cidade de São Paulo, suas margens que antes percorriam um cenário rural dessa vez começam a ganhar um visual urbano com o avançar dos anos. A chegada de imigrantes e a construção de pontes auxiliaram a ocupação de toda a região de Pinheiros que começou a crescer rapidamente, segundo o IBGE, a cidade tinha cerca de 230 mil habitantes em 1900, cem anos mais tarde a mesma cidade abrigaria mais de 10 milhões de pessoas, enquanto isso os rios e córregos de São Paulo começam a sofrer canalizações e processos de retificação que atribuíam aos rios a função de afastar dejetos dos grandes pontos que a cidade começava a receber naquele período. O rio Pinheiros era um local de convivência, prática de esportes e até garantia de alimentação promovida pela pesca, além disso por muitos anos suas margens deram espaço para a fixação de clubes esportivos, sendo o rio Pinheiros um dos principais cenários para competições aquáticas na capital paulista, essas ações foram esquecidas com a degradação constante das águas, o rio se tornou totalmente desfavorável a sociedade paulistana.

Figura 02: Serpenteado do rio Pinheiros antes de ser retificado Fonte: (visitado em 05/2021) https://www.pescamadora.com.br/2014/03/asaga-dos-rios-verde-belini-e-corujas-em-sao-paulo/

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Mapa hidrográfico Bacia alto do Tietê

Figura 03: Hidrografia alto do Tietê Fonte: Mapa criado por Gustavo Alves Rodrigues (baseado em dados do geosampa 2021)

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PERSPECTIVAS

Figura 04: Marginal Pinheiros e jóquei Club Fonte: (visitado em 05/2021)

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Perspectivas Fundada em 1554 a cidade de São Paulo nascia às margens do rio Tamanduateí, há 456 anos, cidade que cresceu entre os rios importantes e entre eles o Tietê e o Pinheiros, a futura metrópole se desenvolvendo em uma área que envolve aproximadamente três mil córregos, riachos e rios, São Paulo se tornou um importante centro econômico principalmente com a expansão da cafeicultura no final do século XIX, e com a chegada de imigrantes, a cidade enfrentou repentinas transformações nos contextos urbanos, sociais, econômicos e culturais, mudanças que refletiram diretamente no contexto urbano daquela cidade que passou a necessitar de mais infraestrutura para comportar suas novas demandas o que mudou drasticamente a relação do paulistano e a sua cidade, e com os rios essa situação não havia de ser diferente, até a Década de 1970 os rios importantes para a capital como o Tietê e Pinheiros recebiam entre suas margens diversas atividades como a pesca, natação, a prática do remo, entre outras demandas cotidianas que um rio saudável pode oferecer aos habitantes do seu entorno, nesse cenário seu uso era um símbolo da importância da relação humana com as águas dos rios. A sua degradação após as constantes transformações e com o aumento da industrialização, o anterior cenário rural assume um visual urbano, dando lugar a uma das maiores cidades do mundo e a maior do Brasil, São Paulo. Com essas transformações aceleradas o rio Pinheiros na área do entorno oeste da cidade, onde parte importante da expansão da capital, o sistema hídrico natural foi completamente descaracterizado a partir de retificações, encanamentos e processos quais os rios foram submetidos, na intenção de atribuir erroneamente a função de afastar o esgoto urbano e seus detritos para longe do entorno central, afinal o grandioso rio e suas margens que serpenteavam pelas grandes várzeas e que significou um dia tanto para São Paulo agora tornouse um obstáculo para o crescimento da metrópole.

Figura 05: Viaduto do chá, durante reforma. Fonte: (visitado em 05/2021) https://exame.com/brasil/como-era-sao-paulono-comeco-do-seculo-passado

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A expansão urbana passou a ocupar grande parte da área hidrográfica do rio Pinheiros dando seu lugar ao asfalto e construções de infraestrutura urbana, como a marginal Pinheiros, hoje poucos trechos de córregos que deságuam nos grandes rios podem ser vistos a céu aberto, mas eles não deixaram de existir. Todos os bueiros da cidade são um acesso que encaminham a água e todo tipo de detritos aos afluentes canalizados levando toda essa carga para os rios que recebem todo o tipo de dejetos que se possa imaginar. Essa situação compromete as águas, causando uma crise sanitária invisível pois estavam acontecendo abaixo dos pés dos paulistanos. Além dos bueiros há diversos drenos que levam suas águas poluídas aos córregos e esses drenos geralmente estão conectados a ligações irregulares de esgoto, edificações que despejam diariamente o seu esgoto no córregos e rios pois não estão conectados a uma rede de saneamento, contribuindo com a carga de poluição que chegará então ao rio Pinheiros. Para exemplificar o percurso de um objeto descartado que pode chegar aos margens do rio Pinheiros, pode se imaginar um objeto que entra na rede de esgoto na Av. Paulista pode seguir a uma canaleta sem algum tipo de sistema de coleta adequada e acaba então caindo em um córrego que percorrendo seu caminho chegará nesse caso ao rio Pinheiros, a junção desses volumes de dejetos dão origem às ilhas de assoreamento. São aglomerados de lixo sólidos que formam um volume similar a pequenas ilhas formadas de lixo, esse tipo de acúmulo pode agravar problemas sanitários urbanos e até causar problemas como inundações, uma vez que esses aglomerados de dejetos impossibilitam o correr natural das águas, deixando-as sem ter para onde fluir, as água então acabam ultrapassando os limites de sua margem e invade áreas do contexto urbano, onde o espaço é rigorosamente disputado.

Embora atribuir a culpa das enchentes apenas ao descarte de lixo seja impreciso, afinal se observarmos o passado do rio Pinheiros suas grandes várzeas tinham naturalmente a capacidade de armazenar grandes excessos de águas decorrentes de fortes chuvas, por exemplo. Atualmente essas várzeas não existem mais, no seu lugar há uma densa massa urbana, logo podemos concluir que enchentes sempre ocorreram no rio Pinheiros, mas em contextos diferentes. No passado não causaram grandes problemas como hoje, onde cenários caóticos ocorrem com certa frequência na cidade de São Paulo, as perspectivas abrangem não só o esquecimento de um rio mas também das memórias e da história de toda uma cidade.

`` Estamos hoje numa cidade que não seria nunca reconhecida por alguém que tivesse vivido na virada do século extinto em 1900. ´´ TIETÊ: o rio do esporte. Brasil: Phorte Editora, 2001.

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USINA DE TRAIÇÃO

Figura 06: Usina de traição Fonte: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/2019/1 2/governo-paulista-publica-chamamento-publico-da-nova-usinasao-paulo/ (visitado em 05/2021)

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Usina de Traição Inaugurada em 1940, a usina elevatória de traição recebe esse nome por se localizar na região de Traição. A usina é capaz de alterar o curso do rio Pinheiros que em seu fluxo natural corre em direção ao interior ao se encontrar com o Tietê, sendo agora capaz de enviar as águas no sentido contrário passando pela usina de traição e seguindo para a elevatória de pedreira, represa Billings e e usina de Henry Borden. São Paulo de 1920 e 1930 não era a mesma de hoje, a inédita e inovadora construção foi um marco para a cidade, naquele período a usina ficava distante do contexto urbano hoje a cidade se estendeu até a usina de Traição, hoje uma área extremamente valorizada pelo mercado imobiliário.

A usina de Traição tem seu edifício operacional logo acima das águas, sendo possível ser operada do próprio local, essa grande obra de infraestrutura e engenharia recebeu notoriamente um tratamento arquitetônico, onde características do projeto como frisos horizontais simulando um edifício de pavimentos, o seu equilíbrio de composição e sua grande torre de circulação onde há um posto de observação com mastros com bandeiras, sendo assim o projeto que atendia suas funções práticas, se tornou um marco da capital. Hoje só tem a função de ser acionado para evitar enchentes que são decorrentes na área, afinal as águas não possuem condições adequadas para serem enviadas as represas.

Conhecido na época como projeto serra mar, trouxe a alteração do fluxo do Pinheiros o que afetou toda a hidrografia do local, passando a se relacionar diretamente com as represas Billings e reservatório do guarapiranga, Crescendo exponencialmente sem controle a cidade de São Paulo recebeu muitas indústrias, aumentando a demanda por energia elétrica. A The São Paulo Tramway Light & Amp Power, conhecida como Light, empresa canadense que operava bondes do centro, também foi responsável por produzir energia para parte da capital. Nesse projeto em especial da usina de Traição e Henry Borden, tinham como objetivo implantar um sistema que unisse o potencial hídrico dos rios em planalto e o desnível para a baixada santista, construindo assim uma hidroelétrica. A usina elevatória de traição foi a primeira parte do complexo a ser entregue, que além de inverter fluxos tinha também a função de bombear até 280 metros cúbicos d’água por segundo, com suas quatro unidades reversíveis funcionando tanto como bombas, quanto geradores de energia, a elevação do nível das águas poderiam chegar a 5 metros, sendo capaz de manter o nível das águas nos reservatórios do guarapiranga, rio das Pedras e Billings, garantindo o perfeito funcionamento da represa Henry Borden.

Figura 07: Obras da usina de Traição Fonte: (visitado em 05/2021) https://spcity.com.br/uma-usina-elevatoria-

no-meio-de-sao-paulo-tem-historia-da-cidade-aqui/

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No fim das décadas de 1970 e 1980 o rio Pinheiros já estava tão poluído devido à urbanização, industrialização e aumento de população, que causavam a produção de dejetos lançados diretamente nos córregos e rios. Ainda no ano de 2014 40% do esgoto da região continuou a ser descartado direta ou indiretamente no rio Pinheiros. No fim da década de 70 e 80 o rio já estava tão poluído que o envio das águas para represa Billings foi comprometido, devida às condições de poluição das águas, até que em 1989 a Constituição Paulista em função da alta taxa de poluição das águas do Tietê e Pinheiros, proibiu completamente o bombeamento das águas. Hoje, só se reverte o curso do rio quando há situações de risco de enchente sendo então autorizado o envio das águas do Rio Pinheiros para a Billings. O rio pinheiros funciona tecnicamente como um canal que a cada momento pode se definir para onde ele vai fluir, além de controlar a quantidade de água e até mesmo a sua velocidade de bombeamento. Nessa situação o pior cenário ocorre devido o fato de que o Pinheiros não recebe as águas das nascentes, o que poderiam auxiliar a limpeza desse rio através da oxigenação das águas processo que é capaz de causar a autodepuração, que nada mais é do que o processo natural de recuperação de um rio.

Casa de bombas da usina de Traição e sua estação de recalque eram originalmente os nomes dados o usina elevatória de traição, essa barragem tem seu edifício operacional logo acima das águas, sendo possível ser operada do próprio local, essa grande obra de infraestrutura, distante da cidade recebeu notoriamente um tratamento arquitetônico, onde características como frisos horizontais simulando um edifício de pavimentos, o seu equilíbrio de composição e sua grande torre de circulação que possuía um posto de observação com mastros onde ficavam bandeiras, sendo assim o projeto que atendia suas funções práticas, se tornou um marco da capital, que hoje só tem a função de ser acionado para evitar enchentes que são decorrentes na área.

São Paulo Rio Tietê Rio Tietê

Usina de traição

Rio Pinheiros Figura 09: Usina elevatória croqui Usina de Pedreira

Usina Henry Borden

Fonte: (visitado em 05/2021) https://spcity.com.br/uma-usina-elevatoria-nomeio-de-sao-paulo-tem-historia-da-cidade-aqui/

Figura 08: Esquema do rio Pinheiros Reservatório do Guarapiranga

Fonte: Mapa criado por Gustavo Alves Rodrigues (baseado em dados do geosampa 2021)

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CLUBES PAULISTAS

Figura 10: competição no clube Germânia Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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1904

1899

Chácara Floresta

S.C Germânia

1899

1902

Esperia

A.A das Palmeiras

1907 Regatas Tietê

1907

1910

Regatas de São Paulo

S.C Corinthians

Clubes Paulistas

O Tietê e Pinheiros receberam em suas águas as primeiras manifestações esportivas da capital, assim como acolheu em suas margens agremiações pioneiras da cidade de São Paulo. O remo, uma das modalidades em alta no início do século XX, tinha nos rios condições favoráveis para se desenvolver com suas águas correntes criando um cenário ideal para a prática do esporte e também da natação. A maioria dos clubes paulistas da época de 1900 eram ribeirinhos embora, houvesse também clubes fundados longe das margens dos rios, os clubes ribeirinhos tinham uma relação forte com o Tietê, o Pinheiros. No contexto social as cidades Brasileiras como São Paulo passavam por um forte período de processo migratório, principalmente em áreas onde haviam demandas por mão de obras. Os clubes acabaram sendo originados da diversificação da cultura local com as de diferentes nacionalidades que chegavam a São Paulo, assim como toda população brasileira foi formada. Os clubes eram formados por brasileiros e associados de diversas nacionalidades como os alemães, ingleses, italianos, sírios entre outros, dando início aos clubes esportivos. Figura 11: os clubes Fonte: Mapa criado por Gustavo Alves Rodrigues (baseado em dados do geosampa 2021)

Figura 12: Publicada no site do Clube de Regatas Tietê, mostra a região da Ponte das Bandeiras, onde situava-se o antigo estádio da Floresta, em 1942 Fonte: (visitado em 05/2021) https://spcity.com.br/uma-usina-elevatoria-nomeio-de-sao-paulo-tem-historia-da-cidade-aqui/

Esperia Rio Tietê

Regatas de São Paulo

A.A. das Palmeiras Chácara Floresta

Regatas Tietê

Rio Pinheiros

S.C Corinthians

S.C Germânia

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Surgiam diversos clubes como o S.C. Germânia de predominância alemã, o S.C. Internacional um clube multinacional, o São Paulo Athletic Club, exclusivo para ingleses, Clube Atlético Paulistano fundado por brasileiros, a Associação de Cultura Física e Clube Ginástico Paulista, alguns das clubes que foram fortes precursores do esporte em São Paulo. O principal local onde a história do esporte começou a ser escrita foi a Chácara Floresta na Ponte Grande, bairro próximo ao centro de São Paulo. O Tietê foi o cenário do nascimento das atividades esportivas ribeirinhas da cidade, além de um ponto de lazer e socialização, era arborizado, movimentado e agradável, se tornou um local cobiçado para a instalação dos clubes esportivos. O Clube Esperia foi a primeira agremiação a se instalar no local. A Chácara Floresta recebeu além do Esperia, o Clube de Regatas São Paulo, o S.C. Corinthians Paulista, a Associação Atlética Palmeiras, o Clube de Regatas Tietê, a Associação Atlética São Bento e o São Paulo Futebol Clube. A área da Chácara Floresta, foi vendida algumas vezes e hoje pertence a prefeitura do município de São Paulo, mas o seu verdadeiro valor está nas histórias especialmente em relação a prática de esportes paulista que se desenvolveram nessa área, onde conquistas, lutas, vitórias e derrotas aconteceram, nesse cenário grandes esportistas foram criados.

Figura 13: Barracão do Remo do S.P.F.C Fonte: (visitado em 05/2021) http://www.saopaulofc.net/noticias/noticias/historia/2019/10/2/da-chacara-dafloresta-ao-cicero-pompeu-de-toledo-como-o-tricolor-chegou-ao-morumbi

Atualmente a Chácara Floresta e a Ponte Grande perderam seu espaço para um cenário urbano denso, os clubes perderam suas áreas arborizadas para avenidas, prédios e uma marginal, as barreiras distanciam as pessoas do rio, o remo a natação e a pesca tornam-se inviáveis, mas não há dúvidas de que restaram grandes histórias para serem contadas.

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SPORT CLUB GERMÂNIA

Figura 14: Banhistas do S.C.Germânia por volta de 1925 Fonte: https://www.flickr.com/photos/clubepi nheiros/5096394445/in/album72157625073120039/

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Hino Pinheiros, em todo lugar Refletes da terra o valor De filhos valentes, que hão de lutar, Com brio, fé e ardor! Das glórias do nosso passado Sentimos orgulho e prazer Nos dias presentes, nos que hão de vir, Havemos de sempre vencer Estribilho Pinheiros! Pinheiros!

Figura 17: Remadores no Pinheiros em 1937 Fonte: acervo clube pinheiros

Campeão, sempre hás de ser Tuas cores gloriosas Queremos todos defender! Pinheiros! Pinheiros! Tuas vitórias mil Serão guardadas com carinho Para glória do Brasil Letra e música de Francisco R. Pignatari

Figura 18: Remadoras no Pinheiros em 1937 Fonte: acervo clube pinheiros

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Sport Club Germânia

fundado em 7 de setembro de 1899 pelo jovem alemão Hans Nobiling essa catedral do esporte, classificado como clube ribeirinho, teve importância significativa no esporte brasileiro, nas não só nas práticas aquáticas mas também terrestres, O Sport Clube Germânia, tradicionalmente carregava as influências da cultura alemã, e usou das águas do rio Tietê, até ser transferido para as margens do rio Pinheiros em 1920, quando encontrou sua sede definitiva na Chácara Itaim, às margens do rio Pinheiros. Embora a fundação do clube aconteceu bem longe da área dos rios Tietê e Pinheiros, três anos depois da chegada da primeira bola de futebol ao Brasil por Charles Miller, um novo precursor do esporte se fixava na cidade de São Paulo, trazendo consigo bolas e um livro de regras, ele havia aprendido a jogar futebol no S.C. Germânia, de Hamburgo, Alemanha e trouxe essa prática para São Paulo, dando início ao esporte mais popular do Brasil atualmente. Hans Nobiling (um dos fundadores do S.C. Germânia), assim que chegou ao Brasil começou a difundir a ideia do novo esporte, o futebol, e fundou o Sport Clube Germânia, que iniciou como um clube de futebol, modalidade que ainda não era popular na primeira metade do século XX, a primeira mostra de reconhecimento do S.C Germânia aconteceu em 1902 com sua participação na liga Paulista de futebol.

Figura 15: Portaria principal do E.P em 1960. Fonte: (visitado em 05/2021)

https://www.flickr.com/photos/clubepinheiros/5096941660/in/album72157625073120039/

Hermann Friese (um esportista eclético que além do futebol contribuiu para a diversificação de modalidades no Brasil), destaque da natação, já havia vencido os 1.500 metros rasos se tornando campeão europeu, se destacando como um grande esportista eclético e teve importante participação para o S.C. Germânia, outro nome importante para o Clube é Arthur Friedenreich, maior ídolo da primeira metade do século XX, que defendeu também os clubes Paulistano e São Paulo F.C. no futebol.

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O Germânia embora tendo o futebol como esporte reconhecido, forjado fortemente da cultura alemã, apontava para a diversificação esportiva. A partir desse ponto o S.C Germânia formou gerações de atletas nos anos 20 e 30, em modalidades como a ginástica, atletismo, natação e até o tênis que mesmo sem local adequado para sua prática o que não era um empecilho para os sócios do clube que alugaram uma quadra existente na AV. Angélica com a AV. Higienópolis em 1915, para praticar o esporte. Como infraestrutura para o remo o Germânia possuía, um barracão, onde as embarcações eram guardadas. O barracão estava localizado em um dos braços do rio Tietê onde hoje correspondem a região do terminal rodoviário de São Paulo. Quando mudou sua sede para as margens do Rio Pinheiros, o S.C. Germânia apareceu então como destaque em competições náuticas da Federação Paulista das Sociedades de Remo Em 1916. Com o crescente prestígio do Germânia o clube promoveu uma expansão territorial arrendando uma área de lazer. O cartãopostal de São Paulo o Parque Antártica, possuindo uma enorme infraestrutura sendo capaz de receber grandes campeonatos como o Paulista por exemplo. O estádio entrou para a história do esporte no Brasil, em 1913 recebeu todas as partidas pela Liga Paulista de Futebol. No início do século XX essa relação próspera foi quebrada, pois o Brasil se posicionou contra a Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, o que causou consequências como a retaliação da população de origem germânica residente no solo paulista, causando o cancelamento do arrendamento do Parque Antártica em 1919. A hostilidade contra a colônia alemã não ocorreu apenas nas áreas esportivas,

mas também nas relações sociais, embora esse momento possa ter afetado o S.C. Germânia negativamente, também deu um impulso ao seu futuro, que o transformou em uma grande potência do esporte, o S.C. Pinheiros. Em 1920 o Germânia compra a Chácara Itaim, uma área à beira do rio Pinheiros, com 100.000 metros quadrados, ampliados com aquisições posteriores. A retomada dos esportes náuticos se deu por conta de sua localização. Após os anos 20, o Germânia foi expandindo suas instalações e hoje o conhecemos como um clube extremamente completo, a transformação da sede social e a garagem de barcos, bem perto de uma figueira que simboliza o clube deu início a essa expansão. O berço do aprendizado de esportistas aquáticos foi o primeiro cocho para a natação, inaugurado em 1923. Os cochos funcionaram por mais de uma década, quando em 1933, foi inaugurada a piscina do clube , sendo o maior volume de água represada para prática de esportes no Brasil, com “oito balizas” e área de aprendizagem.

``Podemos dizer que os esportes aquáticos constituem ainda hoje o coração do clube.´´ TIETÊ: o rio do esporte. Brasil: Phorte Editora, 2001.

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Nesse momento, fica claro que perder o Parque Antártica não era mais um problema, com a aquisição visionária da Chácara Itaim. Hoje o clube possui 168,184 metros numa das regiões mais valorizadas de São Paulo. O clube progrediu, com as mudanças provocadas e complementadas durante os anos 30, principalmente com a implantação da piscina e a pista de atletismo. Gradativamente a infraestrutura do clube foi se aperfeiçoando, recebendo anexos de vestiários, restaurantes entre outros, destacando-se os jardins que até hoje são marca do clube. O progresso, mais uma vez foi interrompido com a guerra, e a Alemanha em campo oposto ao Brasil como declarado em agosto de 1942. Desse momento surge a mudança do nome para Esporte Clube Pinheiros, com alteração dos estatutos e a nacionalização do nome. Foi nesse momento que o velho Germânia passou a perder suas características germânicas simbólicas, e veio a se tornar aos poucos um clube mais brasileiro, distantes das raízes do clube que Hans Nobiling o fundou. Essa passagem de S.C Germânia a S.C Pinheiros, evidenciou um dos maiores centros esportivos do Brasil, com dezenas de modalidades, que se transformou em referência mundial do esporte. Figura 16: Time do S.C. Germânia Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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REMO

Figura 19: A despedida do Tietê Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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Remo O remo no tietê começou muito antes da colonização de São Paulo. Os índios usavam as Pirogas, embarcações formadas por um único tronco que foi antecessora as embarcações que evoluíram com a chegada dos colonizadores na fundação de São Paulo. Os barcos passaram a ser usados para transporte de pessoas e mercadorias pelo Tamanduateí, Jurubatiba e diversos rios e afluentes da capital paulista. Essa navegação interligava as povoações que se formavam as margens dos rios, futuramente as embarcações e os seus remos deram espaço para recreação e prática esportiva. Os primeiros barcos começaram a surgir na região da Ponte Grande, do Recreio Veneza em São Paulo na mesma época que o esporte náutico e os clubes esportivos começaram a surgir. Claro que é necessário levar em conta que quando os primeiros barcos de competição começaram a aparecer no rio Tietê, o esporte náutico já possuía em países europeus quase um século de história, com uma grande bagagem de técnica e prática desses esportes. A história do remo de competição começou em Santos, num período em que os clubes ribeirinhos de São Paulo ainda não haviam sido fundados. Já na cidade de Santos as regatas eram comuns e constantemente realizadas antes mesmo do início do século XX. Os clubes santistas nascem anteriormente aos paulistanos em quase uma década, Santos também era atingida pela concentração populacional e a produção de café, já que era a saída do produto para o mundo. Assim a cidade se desenvolveu aceleradamente, surge então uma classe média muito ligada ao comércio do café produto de exportação, essa característica social permitia a prática esportiva qual tinha grande valor cultural. O Clube de Regatas Santista foi fundado em 30 de abril de 1893, assim como outros clubes que antecederam os da capital paulista, como o Esperia, o primeiro da Ponte Grande que veio a ser fundado em 1899.

A primeira regata do estado de São Paulo ocorreu em julho de 1897 na cidade de Santos e foi promovida pelo Clube de Regatas Santista. Nesse mesmo ano ainda não havia clubes de remo, principalmente em rios, as regatas eram constantemente praticadas no mar. As disputas de remo na virada do século XX, eram extremamente populares, e atraiam enorme público como no futebol de hoje. A grande audiência criava havia ídolos, tornando o esporte uma atração popular. Os clubes de São Paulo se esforçaram para participar das regatas, os barcos eram despachados pela estrada de ferro para Santos, muitas vezes causando danos às embarcações. Mas de qualquer maneira a paixão esportiva fazia com que o esforço valesse a pena, também é importante lembrar que ir a Santos naquela época era um privilégio. Enquanto na capital com o início dessa prática começaram a surgir competições entre os clubes paulistanos. Claro que em uma escala menor, as competições começaram em rios como o Tietê e Guarapiranga, antes de ser retificado o rio Tietê podia dar largada a mais de seis embarcações simultaneamente, no ponto de saída das regatas o rio tinha 67 metros. Esperia foi o clube pioneiro na realização das regatas, em 1903, já se ouvia falar das competições.

``Pela primeira vez em São Paulo foram disputados importantíssimos `matches´ de regatas, regularmente organizados´´. O correio Paulistano: campeonato de remo. Brasil:

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Essa notícia certifica o nascimento das competições de remo na capital paulista, participaram dessa regata competidores de Santos. Afinal não havia outros competidores além do Esperia até o momento, o Clube Regatas de São Paulos e outros clubes foram posteriormente fundados. A federação Estadual para gerir a modalidade náutica foi fundada em Santos, que já tinha mais tradição no esporte do que a capital. A assembleia foi realizada em 1907, com a participação de cinco agremiações, Clube de Regatas Santista, Internacional de regatas, C.R. Saldanha da gama, C.R Tumiaru e o Clube Esperia, sendo o único clube da capital, que como sempre foi um clube de destaque na história do remo e o único fundado a representar as agremiações ribeirinhas do Tietê. A cidade de Santos sediou o remo até os anos 30, quando a Federação transferiu para a capital. Os clubes da capital e do interior despontaram a prática do remo e começaram a questionar a prática dos clubes de Santos, resultando numa ruptura da Federação. Em 1916, junto ao Esperia fundou a Liga Paulista de remo, o que criou a rivalidade entre os clubes Santistas e Paulistas.

O rio Tietê, berço do remo na cidade de São Paulo, embora de grande importância não garantia a melhor das condições para a prática do remo. Ainda mais se considerarmos que o rio mudou depois dos anos quarenta com sua retificação anteriormente o rio era sinuoso e estreito em alguns lugares. Na época de seca, não havia água suficiente para as regatas, cenário completamente diferente das cheia. Haviam discussões que colocavam em risco o esporte naquele rio, com a retificação se solucionou essa questão, mas outras vieram de encontro, poluição, detritos e o aumento de produção do esgoto, resultados do aumento populacional e a urbanização de São Paulo.

Figura 20: Década de 40 - Remadores de regata disputada pelo Clube de Regatas Tietê no rio Tietê. Fonte: (visitado em 05/2021) https://br.pinterest.com/pin/36591815699107549/

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Uma das últimas manifestações do remo no Tietê foi o campeonato popular de remo de A Gazeta Esportiva, nos anos 50. As condições adversas do rio, fizeram que o remo migrasse para o rio Jurubatuba, embora houvesse insistência dos clubes em manter as competições no Tietê até o momento que se percebeu que não haviam mais condições para a prática naquelas águas. Agora entre a água e os barracões havia uma marginal, foi no ano de 1972 que foi realizada a regata de despedida, a última regata do rio Tietê. Eis que aos arredores do rio Pinheiros é criada a raia olímpica, que surge da descoberta de uma mina de areia para a construção da cidade universitária. A extração criou uma calha de mais de dois mil metros, dando origem a raia, atraindo os barracões, garagens de barcos e demais instalações para a área. Embora não existem comparações entre o contexto histórico e da prática do remo no rio, essa foi uma maneira de seguir em frente com esse esporte que um dia atraiu grandes públicos, mas que hoje se tornou pouco conhecido.

Figura 21: Equipe de Remo do Esperia, Vital Costa em destaque com a camiseta do Clube Fonte: (visitado em 05/2021) https://clubeesperia.com.br/clube-esperia/dia-dorio-tiete/

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NATAÇÃO

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Natação Foi no rio Tietê onde se iniciou a natação paulista. Ainda sem piscinas, a prática do esporte encontrava espaço nos rios, era possível nadar as beiras das margens, ou atravessar o rio para os nadadores mais experientes. Quando não praticado diretamente no rio a natação contava com os chamados flutuadores, se tratam de pranchas de madeira trabalhadas em formato de piscina e sustentadas por tambores. Essa estrutura flutuava nas águas dos rios e eram conhecidos como cochos, esses cochos eram usados pelos clubes ribeirinhos como uma forma de gerar segurança para os nadadores, especialmente os iniciantes. Considerando que nos anos de 1930 os esportes aquáticos davam os primeiros passos em seu desenvolvimento, os cochos faziam parte da estrutura que podia se obter naquele contexto.

No período pré piscina, com a percepção de que os métodos utilizados durantes as competições, que seguiam o remo, deixaram de fazer sentido e à medida que no mundo estavam sendo realizadas competições com critérios e sistemas completamente diferentes dos paulistas. Antes da primeira piscina ser inaugurada, a solução encontrada foi o uso dos flutuadores nas competições, esses flutuadores evoluíram dos cochos, esse sistema trouxe a possibilidade de se realizar eventos com características mais técnicas,

A natação, como outros esportes aquáticos, foram administrados pela Federação Paulista das Sociedades do Remo, desde 1907 quando foi fundado e manteve-se nesse formato até 1930. Os esportes náuticos eram tradicionais na época e muito prestigiados, sendo assim as provas de natação eram disputadas durante os intervalos das regatas. A dependência da administração da federação de remo faziam com que as competições na época fossem completamente diferentes do que as atuais. A natação tendia a seguir as metodologias dos esportes náuticos, o que posteriormente deixou de fazer sentido. Os nadadores da época deveriam competir com a camisa do seu clube, um calção escuro e um gorro, que ajudavam a identificar a qual clube o competidor pertencia. Para saber o resultado era necessário esperar as bandeiras serem içadas em seus mastros. Em 1920 o código de Natação apresentava toda sua regulamentação para a modalidades de esportes aquáticos, incluindo os saltos ornamentais e do polo aquático, que se desenvolviam como esportes.

Figura 23: Cochos Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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os flutuadores formavam duas cabeceiras como uma piscina, paralelamente colocadas a 25 metros de distância fortemente amarrados às margens dos rios. Em 1929 com a construção da piscina da Associação Athletica São Paulo gerou um marco no desenvolvimento da natação paulista, dando um enorme salto quanto às competições e performance dos nadadores, quando as competições começaram a deixar os rios, quando os problemas de poluição já começavam a dar indícios na virada da década.

A travessia de São Paulo a Nado

Esse foi o maior evento esportivo que já ocorreu no Tiete, a travessia de São Paulo a nado, competição de natação que percorria, rio abaixo, os cursos sinuosos do curso do Tietê entre a ponte da vila maria e a ponte grande, numa distância de 5.500 metros, a competição era tão popular que foi considerada a são silvestre da água, as margens do rio estavam sempre repletas por espectadores que aplaudiram a passagem dos atletas, o vencedor se tornava um herói e um ídolo. Em 1944 o rio dá adeus a natação, com o final da disputa da Travessia de São Paulo a nado no Tietê, encerra um ciclo do esporte aquático paulista, a edição daquele ano foi a última vez que as pessoas preencheram as margens para assistir a competição no rio, a A.A São Paulo, o Clube Esperia, o Sport Club Germânia e o Clube de Regatas Tietê começaram a construir suas próprias piscinas enquanto iam deixando as margens do Tietê, a natação continuou por algum tempo existindo no rio, clubes como O Clube estrela, Clube esportivo da Penha e o S.C. O Corinthians continuou a usar o rio para suas competições internas, mas com o tempo os cochos foram aposentados e cada dia mais ficará para trás de vez a prática de esporte nos rios. A natação em si como conhecemos hoje evoluiu muito desde então, em São Paulo esse esporte carrega em sua história às margens dos rios, que esquecidos encontram-se destruídos pela urbanização da cidade de São Paulo.

Figura 24: Multidão prestigia a travessia de são Paulo Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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REFERÊNCIAS

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Parque Aquático Maria Lenk

O Parque Aquático Maria Lenk nomeado em homenagem à nadadora brasileira, é integrante do complexo Esportivo cidade dos Esportes localizado na barra da Tijuca Rio de Janeiro, recebeu as competições de natação, nado sincronizado e saltos ornamentais nos Jogos Pan americanos de 2007. Esse parque aquático foi projetado conforme os parâmetros e especificações exigidos pela Federação Internacional de Natação (fina), além das especificações exigidas para a realização dos jogos Parapan-americanos de 2007, contando com ambientes e equipamentos específicos para receber portadores de necessidades especiais, o parque conta também com uma piscina olímpica, uma piscina de aquecimento e um tanque para saltos ornamentais, com arquibancadas laterais. Com quarenta e dois mil metros quadrados o complexo tem capacidade para oito mil pessoas, o programa administrado a partir de 2008 pelo Comitê olímpico brasileiro, recebe projetos de treinamentos para atletas olímpicos e paraolímpicos, além de cursos, congressos.

O Comitê olímpico brasileiro oferece treinamentos de natação, polo aquático, saltos ornamentais e nada sincronizado, além de áreas para esportes terrestres como judô, ‘taekwondo’, musculação, dispondo de equipamentos de treinamentos de alto nível. O parque também reserva espaço para a administração desse legado dos Jogos de 2007 deixado a cidade do Rio de Janeiro. Enquanto ao programa do complexo conta além da piscina de natação uma piscina de saltos ornamentais, sala de esportes de combate, sala de força e condicionamento, sala de descanso, avaliação física, laboratório olímpico, centro de treinamento de ginástica artística e os sistemas sanitários e de infraestrutura do parque.

O parque Maria Lenk traz em seu programa de necessidades uma grande infraestrutura, essa referência de programa serve para pontuar que o projeto a ser desenvolvido tem como intenção propor assim essa diversidade de modalidades, de modo a garantir um local não só para uma prática pontual mas também a preparação e os cuidados necessários para o bem-estar do usuário

Figura 20: piscina Maria Lenk Fonte: https://www.guiadoesporte.com/item/centro-aquatico-maria-lenk/

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Vale do rio Jundiaí O concurso de ideias para o Vale do rio Jundiaí promovido pela prefeitura da cidade em parceria com o IAB-sp (Instituto de arquitetos do Brasil – departamento de São Paulo), considerou o contexto regional, dentro do aglomerado urbano e sua relação com a vida do entorno imediato.

O Vale do rio Jundiaí é ocupado por vias de trânsito expresso, com calçadas estreitas, escassez de vegetação e travessias adequadas, dentro de uma área pouco atrativa, há falta de espaços livre para uso público e áreas de vegetação, o contato com o as águas do rio Jundiaí e seus córregos é inexistente, embora a área receba o jardim botânico e algumas praças que foram construídas recentemente em suas bordas, sendo os únicos pontos convidativos da região. O centro histórico da cidade permanece segregado da região leste da cidade, onde se encontra o vale de Jundiaí. A ferrovia, a marginal e o rio se transformam em barreiras físicas que dificultam o uso público da área, cenário que se assemelha com as condições atuais do rio Pinheiros em São Paulo. A proposta buscou justamente alterar a dinâmica com um sistema que consegue unir a criação de vias, espaços públicos, áreas verdes, futuras transposições do rio e da ferrovia, requalificando estruturas existentes, integrando o patrimônio ferroviário e propondo uma ocupação urbana organizada.

Imagens 22 e 23: render do Vale do rio Jundiai

Fonte: (visitado em 05/2021) https://www.archdaily.com.br/br/924824/primeiro-lugar-no-concursopara-a-requalificacao-do-vale-do-rio-jundiai 43


Para reconfigurar e integrar o sistema viário de mobilidade, foi usada a previsão de que o trecho da CPTM entre Jundiaí e Campinas passaria a transportar passageiros, além de uma nova estação para o trem, caracterizando as vias como locais, mais estreitas e em alguns trechos nivelados com a calçada com velocidade reduzida, as novas travessias contribuem para desacelerar o fluxo de automóveis, priorizando os pedestres e ciclistas, enquanto a via ao longo do rio é alterada no projeto se torna possível a implantação de um parque linear, formando um sistema de espaços livres públicos com vegetação, integrando áreas públicas existentes e terrenos vazios para uma nova urbanização e adensamento, essas novas relações de espaço otimizam a relação da cidade com o rio Jundiaí, requalificando suas margens, regularizando o sistema de águas aproximando as pessoas ao rio. ``O projeto do Parque Metropolitano do Vale do Rio Jundiaí se desenvolve como resposta à necessidade de repensar a relação do meio urbano com seu rio e corpos d’água. Através da análise da ocupação urbana notamos deficiências que corroboram para um tecido pouco coeso, onde o rio não é protagonista da paisagem, mas deixado em segundo plano pela marginal, articuladora desse eixo norte-sul. Não obstante, esse caráter rodoviarista divide seu papel estruturador da malha urbana com a ferrovia, próxima e linear ao rio. É, portanto, elemento igualmente importante para a compreensão das problemáticas e potencialidades da área. ´´

Da equipe: liderada por Marie Caroline Lartigue e composta por Giovanna Helena Benedetti de Albuquerque, Luiz Felipe do Nascimento e Luiz Filipe Rampazio.

O projeto do Vale do rio Jundiaí, encontrou e solucionou questões urbanas complexas, como o trânsito local, cenário que se assemelha com as condições atuais da região de Pinheiros, a requalificação proposta traz pontos a serem considerados em sua relação urbana com o rio e seu entorno se tornando uma referência projetual coerente para esse trabalho.

Imagens 24 : mapa síntese do Vale do rio Jundiaí Fonte: (visitado em 05/2021) https://www.archdaily.com.br/br/924824/primeiro-lugarno-concurso-para-a-requalificacao-do-vale-do-rio-jundiai

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Island Brygge

O Harbour Bath island Brygge na capital da Dinamarca se tornou um marco na paisagem de Copenhague o projeto recebe as pessoas não somente para a prática de esportes, as pessoas frequentam o local de modo a socializar, brincar e aproveitar o verão, conseguindo promover atividades aquáticas e em solo. O Harbour Bath é um local público, mas que tem controle por questões de segurança onde os protocolos dos salva-vidas são seguidos de modo a evitar acidentes. A proposta da Prefeitura de Copenhagen foi despoluir as águas do canal e promover a revitalização do seu entorno, anteriormente conhecido como uma área industrial, que hoje apesar de se manter suas características visuais, todo o entorno do canal passou por diversas mudanças positivas que colaboraram para a melhoria da qualidade da água do canal Havnebadet. A implantação do projeto promoveu em partes a remoção de fábricas que ocupavam as margens do canal, e investiu na melhoria dos sistemas de drenagem e saneamento de Copenhagen, resultando em uma nova área pronta para promover o lazer e o convívio social, tudo isso no coração da cidade. O Harbour Bath hoje oferece uma paisagem portuária urbana com projetos contemporâneos que colocam o canal como protagonista da área central da cidade, colocando as águas de volta a vida dos dinamarqueses.

Esse projeto se tornou uma referência por sua semelhança que embora em um contexto diverso, trás relações interessantes entre a cidade e rio, abandonando uma imagem de uma região ligada a poluição e trazendo uma nova perspectiva para seu entorno.

Imagens 24 e 25: bath island. Bryegge Fonte: (visitado em 05/2021) https://www.visitcopenhagen.com/copenhagen/planning/islandsbrygge-harbour-bath-gdk482346

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PROJETO INTEGRADO

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projeto integrado O recorte de projeto integrado localizado na zona oeste de São Paulo ocupa parte dos bairros de Alto de Pinheiros, Pinheiros, Itaim bibi, Morumbi e Butantã, sendo uma área significativa para a capital por ser uma região de importância histórica e de importantes conexões de mobilidade, como a avenida faria lima e a própria marginal pinheiros além de receber uma malha de transportes públicos com as linhas de ônibus, metrô e CPTM. As mudanças urbanas, o próprio rio Pinheiros e todo seu entorno nesses mais de cem anos transformaram a região, em uma área densa e complexa deixando o uso social em segundo plano.

Área territorial do recorte 672 hectares

População do recorte 202.989 (2014)

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Ciclovias

Linhas de metrô e CPTM

O recorte definido margeia uma área considerável do corpo do Pinheiros, ligado a grandes áreas verdes como o parque do povo, Jockey club, praça Victor Civita, Praça Silveira Santos, parque Villa Lobos, praças e parques, privados e públicos o objetivo do recorde é criar uma conexão entre essas áreas protagonizando o rio Pinheiros a partir da implantação de um parque vertical em suas margens que se conectam a partir de ciclovias e um modal aquático em pontos estratégicos da área.

Linhas de Ônibus

Hidrografia

Mapa de gabarito

Área verdes

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O projeto integrado propôs o parque conecta Pinheiros, que se trata de um projeto que busca ligar além das duas margens todas as áreas verdes do entorno a partir de ciclovias e praças além das pontes e o uso do modal aquático proposto que facilitaria e diversificar a travessia para pedestres e ciclistas, a marginal pinheiros e os trilhos do CPTM foram enviados para o subsolo em determinados pontos do projeto nesses pontos a conexão do rio com a cidade deixa as barreiras de lado e cria áreas verdes, a área da proposta se encaixa em uma dessas áreas e está em destaque nesse mapa. A área de grande circulação conta com áreas importantes da cidade e que promovem grandes movimentação como a Universidade de São Paulo o Jockey Club, esporte clube pinheiros, parque do povo e Villa Lobos

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Rio Pinheiros Parque Villa-Lobos Esporte Clube Pinheiros

Cidade Universitária

Jockey Clube São Paulo

Parque do povo 51


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INTERVENÇÃO

Figura 10: Mergulho no rio Tietê Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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conceito e partido O conceito desse é projeto resgatar e proporcionar a prática de esportes aquáticos utilizando as margens do rio Pinheiros, fazendo uma ligação com a história e memória afetiva da cidade de São Paulo em uma leitura contemporânea do partido da criação de espaços e conexões as margens do Pinheiros.

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o terreno

O terreno escolhido não se limita em uma área específica, sendo locado entre as margens do rio Pinheiros, de um lado a estação CPTM cidade jardim do outro o Jóquei clube de São Paulo, escolhido para receber os instalações do complexo esportivo contando com uma praça de acesso entre a marginal pinheiros conta também com um pequeno porto para pequenas embarcações e equipamentos aquáticos, as docas e área de piscina natural envolta por deck de madeira que desenha a implantação do projeto, enquanto a margem da estação cidade jardim e a ciclovia recebe uma arquibancada para que se possa contemplar o rio e as instalações ao outro lado da margem, sendo possível atravessar entre ambas por uma ponte para pedestres. O terreno se encontra numa área de zoneamento: ZOE, que diferentes de outras áreas preveem índices específicos para cada projeto.

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programa e fluxos O programa do complexo será dividido em núcleos, sendo o primeiro o prédio principal onde é possível acessar equipamentos nas academias, sala de aulas, área de alimentação, vestiários e um teatro para pequenas palestras. O núcleo externo conta com duas docas para equipamentos de remo incluindo a área de manutenção e armazenagem, as piscinas naturais são ligadas ao rio e podem ser acessadas pelo sistema de rampa ou escadas, ainda na parte de que margeia o rio há uma área para observação e contemplação do rio em formato de arquibancada que é transpassado por uma ponte que liga as margens e extremos da marginal pinheiros criando uma nova possibilidade de travessia para pedestres.

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análise solar

Impactos do projeto

A fachada ângulo de 300º graus a insolação aconteceu com maior incidência nos períodos de inverno, onde se percebe a faixa solar iniciando às 10h30 se estendendo até o fim da tarde às 17h20.

A fachada ângulo de 210º graus tem baixa incidência de insolação durante o período de inverno com apenas uma hora e dez minutos de incidência solar, enquanto no verão a insolação ocorre durante toda a tarde. A fachada ângulo de 120º recebe insolação apenas nos períodos matutinos durantes ambas estações. A fachada ângulo de 30º recebe no verão insolação até o meio dia enquanto no inverno esse período se estende até as 16h20.

Latitude: -23.61 Fachada: 300° Período Verão Inverno Latitude: -23.61 Fachada: 210° Período Verão Inverno

Cidade: São Paulo Insolação Início Término 12:20 18:30 10:30 17:20 Cidade: São Paulo Insolação Início Término 12:00 18:40 16:10 17:20

Latitude: -23.61 Fachada: 120° Período Verão Inverno

Cidade: São Paulo Insolação Início Término 05:30 12:00 06:40 10:00

Latitude: -23.61 Fachada: 30° Período Verão Inverno

Cidade: São Paulo Insolação Início Término 05:30 12:00 06:30 16:20

O programa Novo Rio Pinheiros tem o objetivo de revitalizar este importante símbolo da cidade de São Paulo através da ação de diversos órgãos públicos em parceria com a sociedade. A meta até o fim de 2022 é reduzir o esgoto lançado em seus afluentes, melhorar a qualidade das águas e integrá-lo completamente à cidade. Por ser um rio urbano, a água não será potável, no entanto, com o projeto de despoluição concluído, haverá a melhora do odor existente, abrigo de vida aquática e, principalmente, a volta da população às suas margens por meio também da recuperação ambiental e paisagística do seu entorno.

O projeto novo rio Pinheiros abre possibilidades para que um projeto entre as margens e dentro do rio venham a se tornar realidade no futuro, sendo uma obra capaz de gerar valores sociais, econômicos para a cidade de São Paulo e podendo servir de modelo para que outros rios recebam tratamento adequado e voltem a fazer parte da vida das pessoas.

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O PROJETO

Figura 10: Mergulho no rio Tietê Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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implantação

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docas

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centro de treinamento

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IMAGENS FINAIS

Figura 10: Mergulho no rio Tietê Fonte: Livro Tietê o rio do esporte

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assista a apresentação Resgate do rio Pinheiros (lazer e esportes aquáticos) https://www.youtube.com/watch?v=I3jbDQlu UxY&ab_channel=GustavoRodrigues


bibliografia O trabalho final de graduação Resgate do rio Pinheiros foi baseado no livro Tietê: o rio de Esporte, escrito por Henrique Nicolini, descrito como: uma análise pela história e desenvolvimento do esporte em São Paulo, o início e os desdobramentos da prática esportiva na cidade utilizando como personagem o Rio Tietê, determinante no desenvolvimento do esporte no estado.

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