BIGEO
ESCOLA SECUNDÁRIA DR. MANUEL CANDEIAS GONÇALVES - ODEMIRA - ALENTEJO
SUPLEMENTO DE CIÊNCIAS
Director Dr. Jorge Mendes Editor Dr. José Coutinho Ano de Fundação: 1995
S
alvinia molesta é uma espécie aquática invasora nativa do Brasil com um longo historial de danos económicos e ambientais um pouco por todo o mundo. Boas fatias do erário público são gastas anualmente para controlar esta infestante, por exemplo na Austrália, EUA ou Índia. Este feto forma um denso cobertor na superfície de barragens, canais de rega e cursos de água de caudal lento. Causa prejuízos a vários níveis: ecológico, ambiental, económico, segurança e saúde públicas. Tem um poder de multiplicação tão grande que em poucos dias pode cobrir uma barragem inteira. Impede a troca de gases entre a água e a atmosfera e a entrada de luz na massa de água. Causa assim a morte de animais e plantas com perdas significativas na biodiversidade. A qualidade da água piora consideravelmente com os seres mortos em decomposição. Torna-se impossível utilizar a água para qualquer fim: agricultura, recreio, navegação, consumo público ou outros. Um elemento do nosso grupo detectou a primeira ocorrência de Salvinia molesta em meio natural em Portugal, numa barragem do nosso Concelho. Este problema foi discutido numa aula de Área de Projecto e decidimos que os objectivos da nossa investigação, neste ano, seriam impedir que esta ocorrência se transformasse numa catástrofe ecológica e prevenir novos casos no futuro.
Coordenadora: Dra. Paula Canha
Salvinia molesta, uma praga nativa do Brasil, “instalou-se” em Odemira
De facto, a prevenção é a melhor opção quando se trata de infestantes, porque normalmente uma planta dessas, uma vez naturalizada, é um problema instalado para sempre. Claro que várias entidades científicas e não científicas foram contactadas por nós para nos ajudarem a cumprir estes objectivos. Os contributos mais importantes vieram do Dr. Francisco Carrapiço, da Faculdade de Ciências de Lisboa, que nos deu todo o suporte científico, da Câmara Municipal de Odemira, que assumiu inteiramente os trabalhos de remoção e da Associação de Beneficiários do Mira que está a colaborar
nas operações de vigilância. Estamos a monitorizar a situação para prevenir novas ocorrências e a fazer uma ampla campanha de sensibilização por todo o Concelho de Odemira. Para esta campanha contamos com o suporte da Fundação Calouste Gulbenkian – Programa Agir Ambiente. A campanha desenvolve-se em todas as escolas do Concelho, mas também em todas as lojas de plantas e animais. De facto, esta planta está à venda para decorar lagos de jardins e aquários, apesar da sua perigosidade. Estamos a ter uma boa receptividade por parte das escolas e das lojas, que reco-
Anfíbios e répteis precisam da nossa ajuda
Francisco e Liza, 11º A, B
O
projecto mais recente do clube Bigeo da nossa escola engloba os animais que mais postos à parte são pela sociedade: os anfíbios e os répteis. Resolveu criar-se este projecto para se desmistificar muitos mitos e crenças acerca deles, mostrar que não são assim tão maus como parecem, e que, ao contrário do que muita gente pensa, ajudam o Homem ao comerem os insectos nas hortas, ou os ratos nos armazéns. Outro grande objectivo do projecto é conhecermos melhor as nossas espécies, com o objectivo de as podermos
proteger da extinção, dado que, pelo menos os anfíbios, são os animais que correm o maior perigo de extinção do planeta. O projecto começou da melhor maneira: numa saída de campo, descobrimos um canal de rega, que neste momento não se encontra em funcionamento, junto ao rio Mira no qual encontrámos inúmeros sapos-comuns em pleno amplexo, assim como cordões de ovos deste mesmo sapo (estes sapos dispõem os seus ovos nuns compridos “cordões” gelationosos), duas salamandras e muitas rãs-verdes. Já no
fim do canal encontrou-se uma cobra-lisa-meridional . Como o canal se encontra a secar, os anfíbios que lá habitam vão acabar por morrer, pois necessitam de água para sobreviver e não conseguem abandonar o canal devido à sua profundidade e paredes lisas. Os répteis que lá vão parar não conseguem sair pelas mesmas razões. A nossa primeira missão é então óbvia: salvar os anfíbios e répteis que ficam presos em mais uma das inúmeras armadilhas humanas! Dois dias depois da primeira ida ao canal, encontrámos para além dos sapos
nhecem o perigo da planta e se comprometem a fazer tudo para impedir novos casos da sua ocorrência na natureza. Também contribuímos com casoas informações sobre este para a revisão da legislação sobre espécies invasoras que está a decorrer com a coordenação do ICNB. Por fim, devemos salvaguardar que a Salvínia também tem aspectos muito positivos: pode ser usada com sucesso no tratamento de águas residuais, por exemplo. Ela não é um monstro; apenas se pode tornar perigosa se surgir onde não deve. Vanessa, Susana e Ângela, 12ºA
Ano XV Número 36
SUPLEMENTO DE CIÊNCIAS
Abril de 2009 Jornal Escolar Gratuito
OUTRA VEZ NOS EUA A nossa escola recebeu um convite para representar Portugal na Feira Juvenil de Energia, Engenharia e Ambiente I-SWEEEP 2009 que se realiza de 15 a 20 de Abril, em Houston, nos Estados Unidos da América. Esta é a mesma feira que no ano passado deu a Portugal uma medalha de prata com o Projecto “Micropropagação de Plantago almogravensis”. O objectivo desta feira é suscitar nos jovens cientistas o interesse pelos problemas do desenvolvimento sustentável. São aceites trabalhos que apresentem soluções práticas para um mundo mais respeitador do ambiente, ou que contribuam para assegurar, para as gerações futuras, os recursos a que nós hoje temos acesso. Foram seleccionados os seguintes alunos e projectos: Susana Caetano e Vanessa Viegas (Salvinia molesta: uma ameaça global) e Ruben Campos e Cláudia Viana (Borboleta Monarca em Portugal). Estes alunos terão de preparar uma apresentação do trabalho em inglês e um stand para a feira de ciência. Terão ainda de defender o seu projecto perante um júri constituído por professores universitários e investigadores. Apesar deste trabalho todo, sabemos que esta vai ser uma experiência inesquecível para todos eles, tal como tem acontecido com os seus colegas em anos anteriores. Quanto a prémios: à imagem dos jogadores e treinadores de futebol, não se promete nada a não ser dar o nosso melhor! Paula Canha, professora
e das rãs, outra salamandra encontrámos ainda um la- que há muitos anos que não e uma cobra-de-ferradura e garto-de-água cuja presença há um único registo desta espassados mais alguns dias nesta zona era duvidosa por- pécie na nossa região.