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In the Flesh/Flash
by L. Hansen
Arthur Henrique dos Santos, arthenrique@gmail.com www.lattes.cnpq.br/5392175088534327
RESUMO In the Flesh/Flash é um videopoema derivado de um experimento, ou melhor, de uma experiência “malsucedida”, mas não só. Frustrada sim em sua expectativa, mas não em experiência. Do escuro das velas apagadas das quais não restou nada (ou muito pouco) – pelo menos a olhos vistos – fez-se a luz, a iluminação, o flash, a inspiração. O encontro entre o sensível e o visível é apenas uma das interseções possíveis do (e no) conjunto dos sentidos. Dessa espécie de cruzamento é que surge esse trabalho: daquilo que se vê, ou se revela num clarão (flash), com aquilo que se sente na pele, na carne (in the flesh, no inglês).
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PALAVRAS-CHAVE Experiências; Possibilidades; Cruzamentos.
ABSTRACT In the Flesh/Flash is a video-visual poetry derived from an experiment, or rather, from an “unsuccessful” experiment, but not only. Frustrated yes in its expectation, but not in experience. From the dark of the extinguished candles of which nothing (or very little) remained – at least to the naked eye – was made the light, the illumination, the flash, the inspiration. The encounter between the sensitive and the visible is only one of the possible intersections of (and in) the set of senses. It is from this kind of intersection that this work arises: from what is seen, or revealed in a flash, with what is felt on the skin, in the flesh.
KEY WORDS Experiences; Possibilities; Intersections.
Texto intervenção artística
O Dalai Lama nos diz que a construção da roda do tempo é um ritual de iluminação – e visualização – cujo objetivo é enxergar nossa mandala interior. Devemos buscar alcançar a luz ou então que a luz nos alcance. E que assim seja. “Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo”. E não enxergo mal algum nisso. Acendo 17
uma vela para o meu orixá que não conheço e por quem tenho o maior apreço. Tudo isso pode ser o começo de um caminho de possibilidades (inventadas). E aí podemos tropeçar. Pule duas casas ou volte ao início. O jogo vai recomeçar. Quarenta minutos antes do nada começamos a jogar areia ao vento. Aí a areia do tempo pode acabar. Porém a vela estará acesa. Haverá de estar. Quando o sono chega traz com ele a possibilidade de sonhar. A matéria dos sonhos é do tipo que se desmancha no ar. É duro estudar a matéria. Melhor fechar os olhos e tentar escutar aquilo que nos sopram nos ouvidos. E sentir o vento de se aventurar trilhando esse caminho que não sabemos aonde vai dar. Mas que queremos experimentar. Apaguei a vela e vou me deitar. Até já. Até lá. O texto que introduz o que se quer apresentar, intitulado “Um novo caminho (ou Ilumin-ações)”, é a descrição de um experimento, ou melhor, de uma experiência “malsucedida”, mas não só. Frustrada sim em sua expectativa, mas não em experiência. Da experiência não há o que esperar. Aqui cabe outra distinção, entre o espectador e o expectador. Pode-se somar a esses mais um: o especulador. Nesse caso, os dois (ou três) são a mesma pessoa: a que observa e (ou é) a que espera que algo aconteça. Esse algo pode ser nada (a olhos vistos). É essa a impressão quando se põe a visão na frente dos outros sentidos, elegendo-a como sentido prioritário. O encontro entre o sensível e o visível é apenas uma das interseções possíveis do (e no) conjunto dos sentidos. Dessa espécie de cruzamento é que surge o trabalho aqui apresentado: daquilo que se vê, ou se revela num clarão (flash), com aquilo que se sente na pele, na carne (in the flesh, no inglês). Do escuro das velas apagadas das quais não restou nada (ou muito pouco) fez-se a luz, a iluminação, o flash, a inspiração. Um embate entre o esperado e o inesperado. O disco In the Flesh: live, lançado no ano 2000 pelo vocalista e baixista Roger Waters, um dos fundadores da banda inglesa Pink Floyd, inspira (breathe) uma série de poemas. Esses poemas aqui (e agora) são transformados em um vídeo-poema. O impulso inicial vem não diretamente do cruzamento entre as “homônimas” flesh/flash, mas da recordação da última música do show/disco de Waters: Each Small Candle. “Each small candle lights a corner of the dark”, diz o refrão: cada pequena vela ilumina um canto do escuro. It’s a Miracle (É um Milagre) é outra canção que inspira um poema e nos transporta para a citação de Guimarães Rosa sobre “um milagre que não estamos vendo”. Aqui vale uma repetição (ou reiteração): são apenas inspirações, não são traduções. Um Eclipse é o ato final; cai o pano (ao menos de forma parcial).