Revista
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Keyboard ANO 2 :: 2014 :: nº 14 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
Brasil
Takao Shirahata Presidente e CEO da Roland Brasil
THE PIANO GUYS: A sensação do YouTube mostra seu talento musical e sua criatividade!
Tudo culpa da DOPAMINA! Pesquisas mostram como funciona o sistema do prazer através da música.
Homenagem ao centenário O compositor Lupicínio Rodrigues e suas canções dor de cotovelo!
Tecnologia: Produzindo música em smartphones
Allen Toussaint: O pianista e hitmaker pela primeira vez no Brasil!
Índice
SUAS COMPRAS: Cds, DVDs e Livros
NEUROCIÊNCIA: Por que a música nos faz sentir?
FALANDO SOBRE NOSSA MÚSICA: Parte 13
TECNOLOGIA: Produzindo música em smartphones
ANÁLISE: Piano Popular volumes 1, 2, 3 e 4
TOQUE E APRENDA: Por Marcelo Fagundes Parte 10
SOBRE OS SONS: O pianista Allen Toussaint
HOMENAGEM: Centenário de Lupicínio Rodrigues
MATÉRIA DE CAPA: Takao Shirahata
PONTO DE ENCONTRO: Por Luiz Bersou
Espaço do Leitor CONTINUEM NOS ENVIANDO E-MAILS COM SUGESTÕES, CRÍTICAS E P E R G U N TA S PARA NOSSO E S PA Ç O D O L E I T O R
contato@keyboard.art.br A EQUIPE DA R E V I S T A KEYBOARD BRASIL A G R A D E C E !
Sr. Bersou, gostei muito do seu texto sobre música e família. Estou inclusive divulgando-o aos amigos, pois acredito no poder da MÚSICA em nos aproximar! Manoel Antonio de Alcântara - Lisboa - Portugal. Muito boa a matéria sobre acordeom no Rock! Vocês estão de parabéns! Cristian Bueno - São Paulo - SP, por e-mail. Adorei a matéria sobre Tom Jobim! Meus pais ouviam sempre seus LPs. São lembranças memoráveis da minha infância! Elisete Fumachi - Búzios - Rio de Janeiro, por e-mail. Vocês ganharam muitos fãs depois da homenagem a Tom Tobim! Links muito bem escolhidos, trilhas geniais, sem falar que ele era o cara! Márcio Andrade Leite, por e-mail. Boa indicação do site clefbits.com na matéria sobre música nos games. Aliás, matéria que valeu 10! Carlos Henrique Gullo, por e-mail. Alemão louco o pianista Stefan Aaron! Indiquei o vídeo dele no aeroporto prá galera! Bianca Silva, por e-mail.
04 / Revista Keyboard Brasil
Editorial Começo nosso editorial anunciando os nomes dos ganhadores do CD autografado do músico Adriano Grineberg! Os sortudos são:
Bruno Lobato Torres, de Colombo - PR
OPINIÃO: Música sim, músico não!
O Bruno é um estudante de música dos métodos à distância da Keyboard Editora!
DICA TÉCNICA: Por Mateus Schanoski Parte 5
Fabricio Martins e seu filho recémnascido, de Londrina - PR PELO MUNDO: The Piano Guys
Expediente
Setembro/2014
Revista
Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor e Editor executivo: maestro Marcelo D. Fagundes Chefe de Redação e Design: Heloísa C. G. Fagundes Caricaturas: André Luíz Silva Santos Fotos: N. Jardim Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: E-mail: contato@keyboard.art.br Acesse Gratuitamente: www.keyboard.art.br As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical. www.keyboard.art.br
Editora Musical
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Fabricio é pianista, tecladista, arranjador e produtor musical, formado em música e Arranjo pela Universidade Estadual de Londrina. Tecladista e idealizador do projeto musical Ol'Deep (saiba mais acessando https://www.facebook.com/oldeepmusic ), além de proprietário da empresa FM Music (que presta serviços de aulas, workshops, arranjos e produção musical) atua como pianista do Coral IPCL, Coral Ébano e Paulo Wesley Quartet (música instrumental). Lembrando que sortearemos nesse mês o songbook do Stevie Wonder! Basta entrar no site e participar! Quero convidar a todos para visitar nosso estande na tradicional ExpoMusic - maior Feira de Música da América Latina - que acontecerá esse mês, dias 17 a 21 no Expo Center Norte. Aproveito para informar que atingimos o número de mais de 250 mil leitores nas últimas edições, o que garantiu poder aumentar o número de páginas oferecendo aos nossos leitores mais conteúdo. Continuem acessando os vídeos, comentando e curtindo as matérias! Isso é muito importante para nós! E, como sempre, finalizo esse espaço agradecendo a todos os nossos leitores, colaboradores, anunciantes e funcionários: obrigada pela confiança, excelente leitura e fiquem com Deus!
Heloísa C. G. Fagundes - Publisher
Revista Keyboard Brasil / 05
Suas Compras Sonata Brasileira é um projeto brasileiro, pioneiro e independente, com excelente nível de qualidade e considerado o primeiro álbum aplicativo de música erudita nacional no mundo. Criado pelo conceituado pianista brasileiro Antonio Vaz Lemes, seu conteúdo possui peças dos brasileiros Camargo Guarnieri, Villani-Côrtes, André Mehmari e Marcelo Amazonas, além de resenhas, partituras, depoimentos, entrevistas, vídeo clipes e ensaios fotográficos. Compatível com os dois sistemas mais comuns, Android e iOS já está disponível no iTunes para download, o conteúdo integral custa apenas 7,99 dólares.
Festejando o centenário de nascimento de Lupicínio Rodrigues (19 de setembro de 1914 - 27 de agosto de 1974), o criador de músicas imortais como Nervos de aço (1947), Vingança (1951) e Volta (1957), a Universal Music lança uma coletânea com artistas renomados, entre eles, Caetano Veloso, Elis Regina, Paulinho da Viola, Gal Costa, Gilberto Gil e Elza Soares.
06 / Revista Keyboard Brasil
Um dos mais atuantes cantores e compositores de Soul, R&B e Pop da era dourada da gravadora norte-americana Motown, Smokey Robinson - projetado como fundador e líder do grupo The Miracles, no qual atuou de 1955 a 1972 - lança, via Verve Records, o CD de duetos Smokey & friends. No CD, o artista norte-americano recicla seus maiores sucessos ao lado de colegas como CeeLo Green, Elton John, James Taylor, Jessie J., John Legend, Mary J. Blige, Sheryl Crow, Gary Barlow, Steven Tyler, entre outros. Vale a pena conferir.
Os 80 anos do compositor e pianista João Donato foram comemorados com o lançamento de dois CDs que se completam, gravados durante show no já fechado Studio RJ. Os álbuns Live Jazz in Rio - O couro tá comendo! (volume 1) e Live Jazz in Rio O bicho tá pegando! (volume 2) saem pelo selo carioca Discobertas em parceria com a Acre Musical. Os discos são comercializados de maneira inédita: enquanto o primeiro está à venda em lojas e sites, o volume dois só pode ser adquirido nos shows do artista. O show tem Donato (ao piano e cantando alguns números) apresentando-se acompanhado por Robertinho Silva (bateria), Luiz Alves (contrabaixo) e Ricardo Pontes (sax e flauta).
A 11ª edição do festival aporta em quatro cidades históricas para inundar suas ruas com o melhor da música plural mundial. Fique atento a nossas redes e saiba tudo sobre a programação! Revista Keyboard Brasil / 07
Neurociência
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Quando se ouvem as melodias que ´ nos agradam, o cerebro liberta dopamina (neurotransmissor que ~ regula a sensacao de prazer), re~ lacionada tanto com a motivacao, ^ como com a dependencia.
08 / Revista Keyboard Brasil
´ Por que a Musica nos faz
SENTIR? QUEM NUNCA GRITOU DE ALEGRIA QUANDO COMEÇOU A TOCAR SUA CANÇÃO PREFERIDA? OU, ENTÃO, SE SENTIU MAIS ANIMADO DEPOIS QUE OUVIU AQUELA MÚSICA ALEGRE? OU, AINDA, COLOCOU UMA 'MUSIQUINHA' CALMA SÓ PARA RELAXAR? POIS É, DÁ PARA SENTIR QUE A MÚSICA FAZ BEM PARA A ALMA. MAS, VOCÊ SABIA QUE A MÚSICA CONSEGUE NOS TOCAR PROFUNDAMENTE AO AGRADAR NOSSO SISTEMA NERVOSO? É O QUE VAMOS ABORDAR HOJE. Carol Dantas Comprovado cientificamente em vários estudos, como os divulgados pela American Music Therapy Association – AMTA, dos Estados Unidos, e pela World Federation of Music Therapy – WFMT, localizada em Gênova, na Itália, a música desperta-nos em nossas raízes biológicas. E, o que isso significa? Ao ouvir as nossas músicas
favoritas, nosso corpo nos trai mostrando todos os sintomas da excitação emocional: as pupilas em nossos olhos se dilatam; dependendo do ritmo, a respiração se torna mais calma ou mais ofegante, a pressão sanguínea aumenta ou diminui, os batimentos cardíacos se tornam mais fortes ou mais leves; a condutância elétrica da nossa pele é reduzida; o cerebelo (região do cérebro associada com o movimento corporal) torna-se estranhamente ativo; o sangue é re-direcionado para os músculos de nossos pés (alguns especulam que seja por isso que começamos a batê-los marcando o ritmo). Através desses estudos, agora podemos começar a entender de onde vem esses sentimentos, provocando tais estados de excitação intensa. Outra descoberta recente feita por uma equipe de pesquisadores de Montreal - Canadá, liderada pela Dra. PhD Valorie Niloufar Salimpoor (presidente da Organization for Human Brain Mapping Student Section e da Cognitive Neuroscience Revista Keyboard Brasil / 09
Led Zeppelin: uma das maiores bandas de Rock de todos os tempos.
Society Student Association e neurocientista da Universidade McGill, em Montreal Canadá) e divulgada pela revista Nature Neuroscience, marca um passo importante na revelação das bases precisas do “potente estímulo ao prazer”, que é a música. De acordo com essa nova pesquisa, gosta-se de música pela mesma razão que se é atraído para o sexo, drogas, jogo, comida entre outros. O estudo publicado revela que, quando se ouvem as
melodias que nos agradam, o cérebro liberta dopamina (neurotransmissor que regula a sensação de prazer), relacionada tanto com a motivação, como com a dependência. Este estudo, que foi o primeiro a relacionar a libertação de dopamina com o prazer da música, revela que, mesmo a antecipação dos sons de uma melodia como As quatro Estações de Vivaldi ou You Enjoy Myself de Phish, pode provocar a libertação do produto químico e, consequentemente, originar prazer. 10 / Revista Keyboard Brasil
Os resultados oferecem uma explicação biológica para a razão da música ter tido um papel de tanto relevo nos acontecimentos emocionais das várias culturas, espalhadas pelo mundo.
Através da música, o estudo mostra como funciona o sistema do prazer. Embora o estudo envolva muita tecnologia de ponta, incluindo fMRI (ressonância magnética) e tomografia por scaneamento na emissão baseada na ligação de positrons (PET), a experiência em si foi bastante simples.
A pesquisa Num primeiro estudo realizado com 217 indivíduos que responderam a anúncios solicitando pessoas para que “experimentassem arrepios com a música instrumental”, Salimpoor e seus colegas, relacionaram o prazer induzido pela música com um aumento de sensações de emoção intensa, incluindo mudanças na frequência cardíaca, pulso, frequência respiratória e outras medidas. Além
destas mudanças físicas, as pessoas também relataram frequentemente sensações de arrepios ou calafrios. Durante uma experiência de escuta, o grupo de Salimpoor encontrou evidências de que o sangue fluía para as regiões do cérebro envolvidas na libertação de dopamina. Desses 217 indivíduos, os cientistas escolheram apenas os 10 que, verdadeira[.. ] O reforco ou recompensa mente, mais sentiram arrepios. Aos acontece quase que totalmente escolhidos, foram solicitados que trouxessem por causa da dopamina. uma lista de suas músicas favoritas – de gêneros diferentes (a maioria era música clássica, – Dra. e PhD Valorie Niloufar Salimpoor com algum Jazz, Rock e música popular misturada, (neurocientista da Universidade McGill incluindo Led Zeppelin e Dave Matthews Band. A em Montreal - Canadá). seleção mais popular era o Adagio para Cordas, de Barber). E, enquanto a atividade cerebral de cada um bombou dopamina tanto durante a fase de antecipaera monitorada, os cientistas tocaram essas músicas. Após 15 minutos de escuta, os cientistas ção musical, como no moinjetaram nos participantes uma substância radioativa mento em que se dá o arreque se liga a receptores de dopamina. Com um aparelho pio. Os dois surtos ocorrechamado scanner PET, os cientistas foram capazes de ram em áreas diferentes do ver se essa substância se limitava a circular pelo sangue cérebro. “É surpreendente que dos ouvintes, o que indicaria que eles já tinham produzido uma grande quantidade de dopamina, e que possamos libertar dopamina em a dopamina estava ocupando todos os receptores antecipação a algo abstrato, complexo e concreto”, disse disponíveis. A técnica mostrou, definitivamente, pela Salimpoor. "Este é o primeiro primeira vez, que os cérebros dessas pessoas libertaram estudo mostrando que a dopagrandes quantidades de dopamina quando ouviram a mina pode ser libertada em resmúsica que lhes dava calafrios. Quando as mesmas posta a um estímulo estético”. Esses resultados supessoas ouviram música menos emotiva, no dia seguinte, seus receptores de dopamina permaneceram gerem que, assim como o abertos. Com a certeza que a dopamina está por trás do prazer da música, os pesquisadores colocaram os participantes numa máquina de ressonância magnética e tocaram a música que mais os excitava, mais uma vez. Nese momento, os scanners mostraram que o cérebro
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sexo e as drogas, a música pode ser ligeiramente viciante, concluiu David Huron, pesquisador da cognição musical na Ohio State University, Columbus. Revista Keyboard Brasil / 11
12 / Revista Keyboard Brasil
A felicidade comeca aqui O achado mais interessante surgiu do estudo atento do tempo desta resposta, quando os cientistas viram o que estava acontecendo nos últimos segundos antes da pessoa ter arrepios. Em essência, os cientistas descobriram que nossos momentos favoritos na música foram precedidos por um aumento prolongado da atividade no núcleo caudado. Eles a chamam de “fase de antecipação” e argumentam que o objetivo desta atividade é para nos ajudar a prever a chegada da nossa parte favorita. Imediatamente antes do clímax das respostas emocionais houve a evidência do relativo aumento da atividade da dopamina no núcleo caudado. Esta subregião do estriado está interligada com o motor e o sensorial e com regiões associativas do cérebro e tem sido tipicamente implicadas na aprendizagem de associações de estímulo-resposta e na mediação das qualidades do reforço de estímulos gratificantes, como na alimentação. Em outras palavras, as frequências abstratas se transformam em um condicionamento primitivo, o equivalente cultural a um sino que, ao tocar, nos indica a hora do almoço, fazendo-nos “babar”.
Resumindo A fase de antecipação, compensada por pistas temporais sinalizando que uma sequência potencialmente prazerosa auditiva está chegando, pode provocar
expectativas dos estados emocionais de euforia e criar um sentimento de querer e da previsão de recompensa. Esta recompensa é totalmente abstrata e pode envolver fatores como a diminuição da ansiedade e uma sensação de realização. Na verdade, compositores e
intérpretes frequentemente se aproveitam de tais fenômenos, e manipulam a excitação emocional mudando as expectativas de determinadas maneiras ou atrasando o resultado previsto (por exemplo, através da inserção de notas inesperadas ou diminuindo o ritmo), antes da resolução, para aumentar a motivação para a conclusão. “Começamos a seguir as melodias e a antecipar o que virá em seguida, se isso se vai confirmar ou surpreender, e, são todas estas nuances pouco cognitivas que nos vão dar tanto prazer”, disse Salimpoor, que continua: “O reforço ou recompensa acontece quase que totalmente por causa da dopamina”. O pico da resposta emocional evocada por ouvir a sequência desejada, representaria a fase de consumação ou gosto, o que representa expectativas atendidas e previsão de recompensa garantida. ‘‘Propomos que cada uma destas fases pode envolver a liberação de dopamina, mas em diferentes subcircuitos do estriado, que têm diferentes conectividades e papéis funcionais’’, completa. A questão, é claro, é o que todos esses neurônios dopaminérgicos estão fazendo. A que aspectos da música
eles estão respondendo? E, por que são tão ativos quinze segundos Revista Keyboard Brasil / 13
traram que os neurônios de dopamina se adaptaram rapidamente às recompensas previsíveis. Se soubermos o que vai acontecer, então, não ficamos animados). É por
isso que os compositores introduzem a tônica no início da música e, em seguida, a evitam cuidadosamente até o fim. Quanto mais se nega o padrão que esperamos, maior a liberação emocional quando esse padrão retorna, sãos e salvos. É quando nos arrepiamos.
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^ ´ [.. ] A musica desperta tendencias ~ e, portanto, preenche as condicoes ~ do ´ necessarias para a excitacao afeto. (pág. 31 do livro Emotion and Meaning in Music).
– Leonard B. Meyer (1918 - 2007) foi um compositor, autor e filósofo que contribuiu com grandes obras nas áreas de teoria estética na música, e análise da composição.
antes do clímax musical? Afinal, nós normalmente associamos picos de dopamina com o prazer, com o processamento de recompensas reais. E, no entanto, este grupo de células no núcleo caudado é mais ativo quando os arrepios (calafrios) ainda vão chegar, quando o padrão melódico ainda está por vir.
Uma maneira de responder a estas perguntas é olhar para a música e não para o neurônio. Verificamos que a parte mais importante de cada música ou sinfonia é quando há padrões de rompimento. Ou melhor, quando o som se torna imprevisível. Se a música é muito óbvia, tornase chata (numerosos estudos demons14 / Revista Keyboard Brasil
Para demonstrar este princípio psicológico, o musicólogo Leonard Meyer, em seu clássico livro Emotion and Meaning in Music (1956), analisou o movimento da 5ª de Beethoven, Quarteto de Cordas em C-sustenido menor, op. 131. Meyer quis mostrar como a música é definida por seu “flerte com’’ – e não ‘‘submissão à” – com as nossas expectativas da ordem dos padrões musicais. Para provar seu ponto, Meyer dissecou cinquenta compassos das obrasprimas de Beethoven, mostrando como o compositor começa com a afirmação clara de um padrão rítmico e harmônico e, em seguida, numa dança intrincada tonal, evita cuidadosamente repeti-la. O que Beethoven faz é sugerir variações do padrão, deixando apenas uma sombra evasiva. (1952)
Quarteto de Cordas nº14 / C sustenido menor, Op.131, de Beethoven.
Fotos: Divulgação
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mento – é o que desencadeia a onda de dopamina no caudado, enquanto nos esforçamos para descobrir o que vai acontecer a seguir. E, assim,
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Se Mi Maior é a tônica, Beethoven vai tocar versões incompletas do acorde de Mi maior, sempre com o cuidado de evitar a sua expressão direta, a fim de preservar um elemento de incerteza em sua música, fazendo nosso cérebro implorar pelo acorde que ele se recusa em nos dar. Beethoven reserva esse acorde para o final. Segundo Meyer, é a tensão do suspense da música (decorrentes das nossas expectativas não cumpridas), a fonte do sentimento da música. Enquanto as teorias anteriores da música focada na maneira como um ruído pode se referir ao mundo real de imagens e experiências (seu significado “conotativo”), Meyer argumenta que as emoções que encontramos na música vem do desenrolar dos acontecimentos da música em si. Este “significado novo” surge a partir dos padrões da sinfonia invocados e, em seguida, ignorados, a partir da ambiguidade que ele cria dentro da sua própria forma. “Para a mente humana”, escreveu Meyer, “tais estados de dúvida e confusão são abomináveis. Quando confrontado com eles, a mente tenta resolvê-los com clareza e certeza. E, assim esperamos ansiosamente, para a resolução do Mi Maior padrão, de Beethoven, ser concluída”. Esta nervosa antecipação, conclui Meyer, “é toda a razão para o seu objetivo principal que é precisamente atrasar a cadência na tônica”. A incerteza faz o senti-
Assim como o sexo e as drogas, ´ a musica pode ser ligeiramente viciante!
– David Huron, professor e pesquisador da cognição musical na Universidade Estadual de Ohio, Columbus.
nossos neurônios vasculham a sequência musical, tentando dar sentido a essa enxurrada de frequências. Podemos prever algumas das notas, mas não podemos prever todas elas, e é isso que nos mantém ouvindo, aguardando ansiosamente a nossa recompensa para o padrão mutante até sua conclusão. “Concluímos que a música vai ser uma ferramenta útil na tentativa de explicar todos os tipos de aspectos do prazer, vícios e comportamentos desajustados. Esse foi um trabalho realmente espantoso”, finaliza Huron. SAIBA MAIS: pt.shvoong.com/medicine-and-health http://research.baycrest.org/vsalimpoor notivaga2010.wordpress.com https://music.osu.edu/people/huron Revista Keyboard Brasil / 15
CURSO COMPLETO DE PIANO POPULAR VOLUMES 1, 2, 3 e 4
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‘ ‘ Na coleção Piano Popular volumes 1, 2, 3 e 4 estão colocados todos os conceitos básicos da escrita musical formal utilizada internacionalmente. Nela, o estudante aprenderá pela forma correta a interpretação de partituras, ou seja, pela qual os músicos de todo o mundo escrevem e lêem música. São dezenas de partituras que vão desde temas de filmes, MPB, clássicos, sertanejo, internacionais, etc. Um repertório eclético (escrito para colocar o leitor em contato com os mais variados gêneros musicais) todo feito com arranjos para o piano, isto é, clave de sol e de fá. 16 / Revista Keyboard Brasil
Para a Keyboard, investir em cultura e´ in~ proporcionando as crianvestir em educacao, cas e jovens caminhos longe da viole^ncia e ´ adotado óo´cio. Pensamentos estes, tambem ´ dos por conceituados pesquisadores da area musical como: Villa-Lobos, Sinichi Suzuki, Carl ´ y, Edwin Gordon, entre Orff, Zoó´ ltan Kodal outros. Acredito estarmos no caminho certo, ao acrescentar conhecimento cultural aos professores, pesquisadores, orientadores, estudantes e curiosos. Foi o que aconteceu comigo!
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Cada livro com um CD
Da Redação
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Análise
– Maestro Marcelo Fagundes.
Fartamente ilustrado, com esquemas explicativos e escrito numa linguagem extremamente dinâmica e de fácil compreensão: um
atalho para o seu desenvolvimento musical. Tudo o que é necessário saber para interpretar partituras cifradas e com duas claves, está explanado da forma mais simples possível, além de muitos outros aspectos importantes, como por exemplo: escalas, intervalos, harmonia, formação de acordes e suas inversões, interpretação de cifras, improvisações, arranjos, etc. Com o apoio do CD de áudio em cada livro, o estudante poderá verificar a execução das lições práticas para, progressivamente, desenvolver a habilidade musical.
Sobre os Sons Yes We Can Can, Joss Stone (2012) Barack Obama lançou ‘‘Yes, we can’’ como slogan de sua campanha em alusão à música do pianista. .
Allen Toussaint no 12º Bourbon Street Fest 2014 Allen Toussaint continua refinado: com sua voz firme e seus dedos ágeis pelo piano. Pouca coisa foi mais inspiradora, para gerações de funkeiros ou rappers, que a cadência de suas músicas. 18 / Revista Keyboard Brasil
Pain in My Heart, Rolling Stones (1965) O pianista assinou a canção com pseudônimo por exigência da gravadora e recheou sua conta bancária.
UM DOS MAIORES FESTIVAIS DE MÚSICA NEGRA AMERICANA NO BRASIL, O 12º BOURBON STREET FEST ACONTECEU EM AGOSTO E TROUXE A LENDA DO PIANO DE NEW ORLEANS ALLEN TOUSSAINT! Júnior Rodrigues
O festival, promovido por uma das Jazz a skatistas de passagem pelos cormelhores casas de Jazz do mundo – o redores. Bourbon Street Music Club, de São Paulo – O piano de Toussaint viveu o auge reuniu atrações representando a diversido Funk, do Soul, do Rock'n'Roll e do dade musical da Louisiana e particularR&B. Desse modo, seu repertório incluiu mente de New Orleans, dentre elas, um tudo isso e até mesmo o Reggae. O baixo dos mais célebres músicos de New do Funk de New Orleans tem uma pulsaOrleans, Allen Toussaint, reverenciação distinta, daí porque é uma escola à do pela nata musical dos Estados Unidos e parte no Funk norte-americano. da Europa. Um hitmaker consisO show era de alta combustão tente, tendo escrito algumas sonora. De terno art-nouveau das pérolas que se tornavermelhão e sandálias fran[.. ] Gente, e´ ram clássicos do R&B e ciscanas, Toussaint cantao Brasil ! do Rock mundial, e que va e impulsionava os solos – Allen Toussaint, 76, apontando foram eternizadas por de sua banda, mostrando entusiasmado para a plateia no Parque do Ibirapuera. inúmeros artistas, como: sua importância não só como Pa u l M c C a r t n e y , R o l l i n g pianista, homem de frente mas, Stones, The Who, Eric Clapton, Elvis também, como um dos originadores dos Costello, Robert Plant, Paul Simon, principais ritmos que hoje conhecemos D E V O , E a James, John Mayal, Joss dentro do invólucro geral de ‘‘black Stone e Pa i LaBelle. music’’. Um show para não ser Em sua primeira apresentação no esquecido tão cedo. Brasil, Allen Toussaint mostrou enorme E, para quem ainda não sabe quem entusiasmo ao tocar em um show ao ar é Allen Toussaint, basta clicar e, assim, ter livre no Parque do Ibirapuera, em São a certeza de que ele é uma instituição Paulo, para um público que ia de fãs do musical!
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Revista Keyboard Brasil / 19
Matéria de Capa
TAKAO SHIRAHATA Construindo a história da ROLAND no BRASIL
20 / Revista Keyboard Brasil
PRESIDENTE E CEO DA ROLAND BRASIL HÁ 10 ANOS, TAKAO SHIRAHATA, 53, É REFERÊNCIA NO MERCADO BRASILEIRO. ATRAVÉS DE SUA FORMAÇÃO MUSICAL, FEZ DA ROLAND BRASIL UMA DAS POUCAS EMPRESAS DO RAMO A APROXIMAR A INDÚSTRIA DA MÚSICA À EDUCAÇÃO MUSICAL, AJUDANDO SIGNIFICATIVAMENTE A EXPANDIR OS NEGÓCIOS.
Fotos: Divulgação
Heloísa C. G. Fagundes
Revista Keyboard Brasil / 21
Takao Shirahata: desenvolvendo e apoiando projetos educacionais.
Trajetoó´ria Nascido em São Paulo, João Takao Shirahata aprendeu piano aos 5 anos de idade com sua mãe. Estudou Engenharia Mecânica na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e formou-se em Música (licenciatura) pela Universidade de São Paulo (USP). Sem a pretensão de ser solista ou instrumentista especializado, além de pianista aprendeu a compor e a tocar outros instrumentos. E a lista é grande: trompete, saxofone, gaita cromática, flauta-doce, ocarina, acordeom e bateria. Um caso raro em que a
profissão virou hobby. Buscando difundir e promover o prazer da criação musical nos brasileiros, a família Shirahata fundou, em 1991, a Roland Brasil. Anos depois, em dezembro de 2004, Takao assumiu a posição de Presidente e CEO* da empresa.
Segmento educacional Direta ou indiretamente, a formação musical de Takao Shirahata tem ajudado significativamente a expandir os negócios da Roland, principalmente no segmento educacional, desenvolvendo e apoiando diversos projetos, tais como: Sala de Pianos Roland na USP, Laboratório de Piano Roland na EMESP, Projeto Guri, Festival de Inverno de Campos do Jordão, Festival de Inverno de Prados (MG), Projeto Banda EXR-4 nas Escolas, Laboratório de Piano da UNASP (Centro Universitário Adventista SP) e Laboratório de Piano da Universidade de Santa Catarina. Visionário, Takao também é o idealizador do programa Roland nas Escolas, hoje com mais de 100 escolas de música conveniadas, além de ser membro conselheiro da Abemúsica (Associação Brasileira de Música) e conselheiro do iMúsica (Instituto Abemúsica pela Educação Musical).
* CEO: é a sigla inglesa de Chief Executive Officer, Diretor Executivo, ou seja, a pessoa com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização, responsável pelas estratégias e pela visão da empresa. 22 / Revista Keyboard Brasil
Sr. Kakehashi: empreendedor e um grande visionário.
´ Historia da Roland Brasil
Roland Brasil: início modesto, porém promissor.
A história da Roland no Brasil começou em 1978 quando Lucas Shirahata, então com 19 anos, em viagem a Nova York comprou seu primeiro sintetizador: um Roland SH-01. Anos depois, Lucas participou de um concurso de música eletrônica promovido pela Roland no Japão enviando uma fita K-7 com músicas produzidas por ele em seu sintetizador. Essa fita causou espanto e valeu a visita do fundador da Roland Sr. Ikutaro Kakehashi ao Brasil – especificamente na casa da família Shirahata, localizado num sobrado no bairro Vila Sônia, em São Paulo. Nessa época, havia poucos importadores e instrumentos musicais eletrônicos eram difíceis de obter – principalmente no Brasil. Percebendo que o negócio com instrumentos musicais eletrônicos era promissor, Lucas passou a fazer viagens ao Japão trazendo as novidades da Roland. Tempos depois, Lucas buscou a autorização no Japão e tornou-se o representante da Roland no Brasil. Em 1988, com os negócios crescendo, Lucas convidou seu pai, Sr. Tokuichi Shirahata e seu irmão, Takao Shirahata a formarem
uma sociedade, fundando a empresa Foresight Importação e Exportação Ltda. O início foi modesto, com pouco capital e restrições às importações com limite de cotas anuais. A vaga da garagem era o suficiente para acomodar o estoque. Lucas cuidava das demonstrações, vendas e cobrança. Takao cuidava do material de marketing, despachos e dos assuntos de RH. Sr. Tokuichi era o responsável por finanças, contabilidade e dos processos de importação. Em 1991, foi fundada a Roland Brasil, com um capital inicial de 300 mil dólares e participação de 50% Foresight e 50% Roland Corporation Japan. Na inauguração, o então presidente da Roland Corporation, Sr. Ikutaro Kakehashi veio pela 2ª vez ao Brasil, agora para oficializar a aliança entre as duas empresas. Em 2 de Dezembro de 2004, na reunião internacional anual da Roland no Japão, Lucas foi homenageado, sendo merecidamente reconhecido por sua dedicação, contribuição e pelo trabalho realizado no Brasil em nome da Roland, transferindo seu cargo ao atual presidente, seu irmão Takao Shirahata. Revista Keyboard Brasil / 23
Entrevista
RKB: Além do piano, o senhor toca outros instrumentos. Como consegue Revista Keyboard Brasil: Desde peque- tempo para cultivar hobbies com uma no a música já fazia parte de sua vida. agenda tão atribulada? Não pensou em seguir carreira de STS: Nos dias de hoje, com a vida músico? atribulada, o hobby deveria ser algo Senhor Takao Shirahata: Pensei sim. obrigatório para as pessoas e não um Tanto é que tenho aquela famosa simples “passa tempo”. A música tem “carteirinha azul’’ da Ordem dos Músicos. elementos terapêuticos, por isso eu Quando era mais novo (faz sempre procuro distempo, hein?....) toquei na por de tempo para noite, numa banda chamatocar. Penso que temda Blues Band, onde faziam po é sempre uma parte o saudoso baixista questão de prioriN e n ê ( O s I n c r í ve i s ) , dade. Se você coloca a Faíska (dispensa comentámúsica entre as prioririos), Jacaré (sax), Chuchu dades, você sempre (bateria) e Maurício (piavai arrumar um temno). Lá, eu tocava trompete po para praticar. A e gaita de boca. Com essa diferença entre o banda toquei por cerca de 1 hobby e o profissional ano na, então famosa, casa é que no hobby, o de Jazz Opus 2004, em São compromisso é com Takao Shirahata é músico inscrito na Paulo. Foi mais como um Ordem dos Músicos do Brasil desde 1983. você. Já no âmbito estágio do que trabalho profissional pro- profissional, o compromisso é com o seu priamente dito... Mas foi bem legal! Com público, seu cliente. essa banda fizemos até um cruzeiro no navio Funchal até Montevidéu. O RKB: Imaginava chegar ao cargo de combinado foi ganharmos a viagem em presidente e CEO de uma multinacional troca de tocar no navio. O primeiro dia foi como a Roland? terrível, porque o Funchal não era como os STS: Sinceramente não. Muita coisa na navios de cruzeiros de hoje e balançava! nossa vida é resultado do que a gente faz e Mas eu sou mais diurno, e depois dessa não necessariamente o que a gente busca. fase, decidi que iria trabalhar com música Na verdade, o meu objetivo é maior do durante o dia e queria ter os fins de que a própria Roland. O meu objetivo é a semana livres. Na época, eu tocava em Música e a Roland tem sido o espaço e o grupo de igreja e precisava do tempo para caminho para esta realização maior. E, tão os cultos nos fins de semana. difícil quanto chegar é se manter. E nisso
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nisso posso dizer que, se “estou’’ presidente e CEO, é porque houve um conjunto de fatores que favoreceram, sejam pessoais como externos. RKB: Ter um instrumento Roland é o sonho da maioria dos músicos, mas muitas são as dificuldades que os músicos brasileiros encontram para tornar este sonho uma realidade. A Roland Brasil nunca pensou em fazer vendas diretas para os músicos brasileiros? STS: A questão do preço no Brasil é um problema estrutural sério. Temos os maiores impostos do planeta. No entanto, os piores em termos de retorno para a população que paga esses impostos. A venda direta resolve, em parte, esse problema do preço. Mas, em um país de dimensões continentais como o Brasil, não é simples retirar o revendedor do circuito, já que ele é um prestador de serviços e tem um papel importante na distribuição, exposição do produto, suporte pré e pós venda e, em muitos casos, acaba sendo o financiador do consumidor final. RKB: Temos visto que a Roland está cada vez mais se aproximando dos músicos profissionais. Isto nos faz acreditar ser a principal estratégia para a divulgação dos produtos. Existem ações de marketing que atinjam professores de música, estudantes e músicos amadores? STS: Na verdade, uma coisa não exclui a outra e realmente é importante darmos a devida atenção nas diferentes frentes de trabalho. Na área da educação, temos atuado participando em eventos de entidades como o CAEM – Central de Apoio às Escolas de Música, que através de sua revista No Tom e os congressos anuais nos aproximam com os diretores e professores das escolas de música. Mantemos uma parceria ativa com a organização
Takao Shirahata e o sonho de consumo dos brasileiros.
Santa Marcelina Cultura, que administra dois programas de Educação Musical do Governo de São Paulo – o Projeto Guri e o EMESP Tom Jobim. A Roland é também um dos patrocinadores principais do Festival de Prados a (MG), hoje em sua 37 Edição cujo projeto foi idealizado pelo maestro Olivier Toni e que mescla atividades como workshops e concertos. O Programa Roland nas Escolas é a nossa principal plataforma dedicada ao incentivo da música nas escolas. Este ano, ampliamos o acesso às escolas regulares. Já para os músicos amadores, nossas ações passam por apoio e patrocínio de festivais e concursos de bandas. Revista Keyboard Brasil / 25
RKB: Os impostos estabelecidos no Brasil dificultam as vendas de excelentes instrumentos musicais, daí a grande porcentagem de venda de instrumentos chineses – muitos de péssima qualidade, porém mais baratos. Qual estratégia utilizada pela Roland para driblar esse grande problema? STS: Fundamentalmente, o consumidor precisa de informação e oportunidade para experimentar e testar. Hoje em dia, a informação pode ser obtida facilmente pela internet. Quanto ao experimentar e testar, pode-se ir a uma loja ou mesmo experimentar e testar o instrumento de um amigo. Porém, hoje em dia, muitos consumidores acabam adquirindo um produto baseado em relatos de outros consumidores. Isso é amplamente difundido na internet e tem uma
Roland na internet: oferecendo estratégias para driblar a concorrência.
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credibilidade alta, pois não é a palavra do fabricante e nem do vendedor, mas de quem efetivamente comprou e usa. Por essa razão, investimos em vídeo demonstração, vídeos tutoriais, vídeos de parceiros independentes, além de treinamento nos pontos de venda. RKB: Além dessa estratégia existe algum diferencial competitivo da empresa já que seus instrumentos musicais estão entre os melhores? STS: Cuidar do pós-venda é essencial, pois o consumidor satisfeito é a nossa melhor propaganda e referência. Parece óbvio mas as empresas, em geral, falham no pós-venda achando que ao vender a missão está cumprida. Pelo contrário, é aí que a missão começa! RKB: Como o mercado brasileiro está se comportando nesse ano de Copa do Mundo e eleições? Dá para fazer uma análise do que será 2015? STS: Sem dúvida que o varejo como um todo foi muito prejudicado pela Copa. Seja no período dos jogos, como nos meses que antecederam, com inúmeras manifestações nas ruas. Os dias úteis trabalhados foram bem menos do que em épocas normais, o que por si só já representa uma queda de faturamento. Porém, a julgar pelo resultado obtido na Roland Brasil nos meses de junho e julho, batendo a meta de vendas, pode-se dizer que o mercado de instrumentos musicais não ficou parado, mas não foi fácil... Quanto a 2015, qualquer prognóstico agora seria um belo chute no escuro... Mas vou confiar no meu espírito sempre otimista. Por mais ruim que
fique o mercado, nunca vamos ficar sem o consumidor. Além disso, vejo o Brasil como um mercado potencial fantástico. Falta sim estimular adequadamente para que mais pessoas queiram tocar um instrumento musical. RKB: O pianista Arnaldo Cohen diz que “Um dos grandes problemas do Brasil é o afastamento da cultura em relação à educação, quando as duas deveriam caminhar juntas”. A Roland é uma das poucas empresas que passou a aproximar a indústria da música à educação musical. Sendo o senhor conselheiro do i-Música e da Abemúsica, o que estas entidades estão fazendo para melhorar a educação musical em nosso país? STS: Por meio da ABEMÚSICA, que é uma entidade de classe sem fins lucrativos e que tem, por objetivo principal, defender os interesses dos diversos setores da música, criou o Instituto Abemúsica pela Educação Musical, o imúsica em 2012. Já em 2013, foi colocado em prática o projeto Planeta Musical. Através de três entidades – Projeto Arrastão, Casa do Zezinho e Fundação Julita, promove-se a interação e a comunicação de crianças e adolescentes com a música, estimulando a percepção, expressão e aquisição dos significados dos códigos musicais e sociais. Ao todo, são 360 crianças beneficiadas diariamente, 20 professores capacitados envolvidos em 19 oficinas. O i-música publicou, também, a 3a edição de um caderno de coletânea de textos sobre a importância da
música para as crianças, sob licença da NAMM – International Music Products Association (Estados Unidos). RKB: Ainda falando sobre a educação musical no Brasil, como o senhor vê, atualmente, o gosto musical do brasileiro? STS: Conforme disse o pianista Arnaldo Cohen, o afastamento entre Cultura e Educação acabam gerando a realidade que vivemos hoje no Brasil. Porém, acho um pouco difícil e até delicado (ou seria indelicado?!) falar de gosto musical. Em que contexto? Qual parâmetro? Qual finalidade? Como executivo da Roland, passei a ser bem eclético e não filtrar a realidade pela perspectiva do meu gosto musical, que invariavelmente tem a influência da minha educação e cultura. Mas, para não ficar em cima do muro, diria que o gosto musical do brasileiro é bem diversificado e muito rico. De Norte a Sul há uma variedade incrível de estilos. Creio que não se pode confundir essa riqueza que de fato existe, com o que se toca nas rádios e na televisão... Aqui já é outro “departamento’’, do show business, do marketing... e que, na minha opinião, não representam, necessariamente, o “gosto musical do brasileiro’’. RKB: A Revista Keyboard Brasil é pioneira no mercado digital brasileiro, onde o foco principal é o mundo das teclas. Oferecemos gratuitamente aos leitores, um trabalho sério e bastante dedicado, por isso tornou-se um sucesso de leitura alcançando mais de 200 mil leitores por
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Assista a análise do presidente da Roland Brasil, Takao Shirakata, (na Expomusic 2013) sobre a situação da música no mundo, os problemas do aprender música e da aquisição de instrumentos musicais em nosso país.
mês. Sabemos que o senhor é um assíduo leitor de nossa publicação. Sendo assim, gostaríamos de saber qual a sua opinião sobre nosso trabalho. STS: Ao oferecer uma edição on-line gratuita, a Revista Keyboard Brasil abriu um novo caminho para o mercado editorial do segmento musical. Mas, para garantir o sucesso não bastaria que fosse grátis e on-line se não houvesse conteúdo de qualidade. E é nesse ponto que gostaria de ressaltar e enaltecer a revista e seu editor. As matérias são variadas e muito bem equilibradas, que cobrem tanto temas específicos dos amantes das teclas mas, também, assuntos do mundo da música no geral. RKB: Obrigada pela entrevista e sucesso sempre! STS: Obrigado.
Acesse e saiba mais sobre a Roland Brasil:
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Opinião
MÚSICA SIM,
nao!
~ MÚSICO
TODO MUNDO GOSTA DE MÚSICA. JÁ DOS MÚSICOS... NOS TEMPOS EM QUE E U T O C AVA E M C A S A M E N T O , FORMATURA E CONGÊNERES, POR DIVERSAS VEZES TIVE DE EXPLICAR QUE EU NÃO ERA DA LEGIÃO DA BOAVONTADE, QUE EU NÃO TOCAVA POR CARIDADE. E O POVO DIZIA: - “COMO ASSIM ELE COBRA ‘PRÁ’ TOCAR EM CASAMENTO?” O VESTIDO, O BUFET, AS ALIANÇAS, AS FLORES, OS CONVITES, TUDO ISSO É COISA QUE SE PAGA. MAS PAGAR MÚSICOS? * Joêzer Mendonça Isso não é de hoje. Na Florença dos tempos medievais, o compositor francês Josquin des Prez (1450-1521), aclamado “príncipe dos compositores”, perdeu o emprego por saber quanto valia seu enorme talento. Em 1502, o duque de Ferrara contratou Heinrich Isaac (1450-1517) ao invés de Josquin, graças a um relatório econômico bem conveniente: “Para mim (Isaac) parece mais adequado servir a Vossa Senhoria, mais do que Josquin, porque é mais afável e amigável, e comporei obras novas com mais frequência.” 30 / Revista Keyboard Brasil
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Para mim (Isaac) parece mais adequado servir à Vossa Senhoria, mais do que Josquin, porque é mais afável e amigável, e comporei obras novas com mais frequência. – Heinrich Isaac (compositor flamengo do período da Renascença).
É verdade que as composições de Josquin eram melhores, mas só compunha quando queria, não quando pediam. E estava pedindo um salário de 200 ducados, enquanto Isaac se contentava com 120! A carta de Cláudio Monteverdi (15671643) recusando uma proposta de emprego diz muito sobre as pretensões e desejos de um músico. Despedido pelo duque de Mântua, em 1612, logo foi contratado como diretor musical da Basílica de São Marcos, em Veneza. Em 1619, a corte de Mântua tentou recontratá-lo, e é onde entra a carta de Monteverdi recusando o convite e explicando suas razões: Primeira: dinheiro. Em Veneza, ele recebia 400 ducados, fora a autonomia que tinha para fazer outros trabalhos. Monteverdi expunha na carta a experiência de ter que implorar para receber o salário em Mântua [...]“Nunca em minha vida sofri maior humilhação do espírito!” Segunda: estabilidade. Monteverdi não perderia seu cargo em Veneza se um mandatário do governo fosse substituído.
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Eu ainda não conhecia essa passagem infeliz da vida de Bach aos meus 16 anos. Se soubesse, talvez eu nem tivesse me queixado de ter sido esquecido na igreja após tocar na cerimônia de casamento e caminhar mais de cinco quilômetros por uma rodovia até o local da festa. Ah, sim, os noivos eram meus tios. O que me diz que essa história de 'geniozinho musical da família' era pura embromação. NOTA: Citações dos livros ‘‘O triunfo da música’’ e ‘‘História social da música’’. Mande uma história interessante que aconteceu com você, leitor. Quem sabe não a publicamos nas próximas edições? contato@keyboard.art.br
* Joêzer Mendonça é mestre e doutor em Musicologia pela UNESP. É professor do curso de Música da PUC-PR e pesquisador nas áreas de música popular e sacra. É autor do livro ‘‘Música e Religião na Era do Pop’’.
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Foto: Arquivo pessoal
Terceira: controle. Como diretor musical (maestro di capella), Monteverdi decidia contratações e demissões e controlava as atividades de músicos e cantores. Quarta: respeito. Diz a carta: [...]“Não existe nenhum cavalheiro que não me estime e respeite, e quando vou tocar, seja música de igreja ou música de câmara, juro a Vossa Excelência que a cidade inteira vem correndo me ouvir.” A Corte de Mântua engoliu calada. Já Johann Sebastian Bach (1685-1750) não teve o mesmo respaldo. Quando tentou deixar o emprego na Corte de Weimar por outra oferta mais interessante, Bach simplesmente foi preso, “confinado no local de detenção do juiz municipal por insistir obstinadamente na questão de sua demissão, sendo afinal libertado da prisão em 2 de dezembro de 1717 com seu pedido indeferido”.
Dica Técnica Aula 5
Exercícios para Solos de Rock, Pop, Metal e Progressivo * Mateus Schanoski
Cromatismo Nesta edição, vamos abordar o uso da Escala Cromática em cima de acordes menores. A escala cromática é formada por semitons, ou seja, tocar todas as teclas. Essa escala, ao contrário das já apresentadas nas outras edições, possui um dedilhado bem diferente. Note que usaremos o dedo 3 para tocar todas as teclas pretas, o dedo 2 para tocar apenas entre os semitons naturais, aonde não existe tecla preta, notas DÓ e FÁ. As outras teclas brancas, RÉ, MI, SOL, LÁ e SI, serão tocadas pelo dedo 1. No exercício 1, estude em todos os padrões rítmicos diferentes como colcheias, tercinas e semicolcheias. Para a aplicação do cromatismo nas escalas menores apresentadas, vamos estudar da seguinte maneira: Suba a escala cromática e desça uma das escalas menores, como no exercício 2. Outra aplicação fácil, é usar cromatismo entre a VII e VIII notas da Escala Menor. Exercício 3.
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Use também o cromatismo entre a I e II notas da Escala. Exercício 4. Depois misture os cromatismos dos Exercícios 3 e 4 apresentados no Exercício 5. Você pode usar um cromatismo nos arpejos, apresentados na edição anterior, sempre tocando antes da tônica do arpejo, colocando o dedo 1, como no exercício 6. Todos esses cromatismos, possuem a função da Escala BeBop e darão um efeito muito interessante aos seus solos.
ASSISTA AO VÍDEO:
Aula 5 Cromatismo
* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Fotos: Acervo pessoal
Treine bastante e divirta-se. Não se esqueça de ver as aulas das edições anteriores. Até a próxima edição. ABRASOM!
Mateus Schanoski
CONTATOS:
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Falando sobre nossa Música
´ Musica Brasileira Dos primordios ate os dias atuais ´
Logo a televisão chegou ao país. E, enquanto ia tomando o lugar do rádio nas casas das classes sociais mais altas nascia, no Rio de Janeiro, um novo movimento.
Bossa Nova A Bossa Nova foi um movimento basicamente urbano, originado no fim dos anos 50, em saraus de universitários e músicos da classe média. De início, era apenas uma forma ‘‘bossa’’ diferente de cantar e tocar o samba, mas logo incorporou elementos do Jazz e do Impressionismo musical de Debussy e Ravel, e desenvolveu um contorno 36 / Revista Keyboard Brasil
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- Parte 13
intimista, leve e coloquial baseado, principalmente, na voz solo e no piano ou violão para acompanhamento, ainda que com refinamentos de harmonia e ritmo.
A Bossa Nova seria, então, completamente diferente de tudo: mais refinada, com poesias mais simples, novos ritmos e diferentes harmonias. Entre os artistas que se destacaram nesse estilo, estão: Vinícius de Morais, Tom Jobim, Nara Leão, Carlos Lyra, João Gilberto, Toquinho, Baden Powell, Paulo Sérgio Valle, Edu Lobo, Marcos Vasconcelos, Nelson Mo a e Francis Hime.
Heloísa C. G. Fagundes
A Bossa Nova se tornou uma referência da música nacional. Em 1962, um show intitulado New Brazilian Jazz Music aconteceu em Nova York, colocando os grandes nomes do gênero em evidência em outros países. Tom Jobim foi um dos artistas que foi profundamente beneficiado com esse show: vendeu muitas de suas músicas para fazer versões em inglês e acabou vivendo nos Estados Unidos por bastante tempo. Um dos maiores expoentes da Bossa Nova comporia um dos marcos do fim do movimento. Em 1965, Vinícius de Moraes compôs, com Edu Lobo, Arrastão. A canção seria
(1) Toquinho, Tom Jobim e Vinícius de Moraes. (2) João Gilberto, Miúcha e Chico Buarque. (3) Jair Rodrigues, Aracy de Almeida e Elis Regina. (4) Passagem memorável da história da música brasileira: Sérgio Ricardo quebra violão e o atira na plateia durante o III Festival de MPB da TV Record, em 1967.
defendida por Elis Regina no I Festival de Música Popular Brasileira (da extinta TV Excelsior). Era o fim da Bossa Nova e o início do que se rotularia MPB, gênero difuso que abarcaria diversas tendências da música brasileira até o início da década de 1980 época em que surgiu um Pop Rock nacional renovado.
cais até então divergentes, a Bossa Nova e o engajamento folclórico dos Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, o primeiro defendendo a sofisticação musical e, o segundo, a fidelidade à música de raiz brasileira. Seus propósitos se misturaram e, com o golpe de 1964, os dois movimentos se tornaram uma frente ampla cul-
MPB
tural contra o regime militar, adotando a sigla
A MPB ou Música Popular Brasileira, surgiu a partir de 1966, com a segunda geração da Bossa Nova. Na prática, a sigla MPB anunciou uma fusão de dois movimentos musi-
MPB na sua bandeira de luta. Assim como a Bossa Nova, a M P B foi uma tentativa de produzir uma música brasileira ‘‘nacional’’ a partir de estilos tradicionais. A MPB teve
um impacto considerável na década de 1960, em grande parte, graças a vários festivais de música na televisão, apresentando ao público artistas novatos, como Geraldo Vandré, Edu Lobo, Elis Regina, Jair Rodrigues e Chico Buarque de Holanda. Vencedoras do I I Festival de Música Popular Brasileira em 1966, Disparada, de Geraldo e A Banda, de Chico, podem ser consideradas marcos da ruptura da Bossa em MPB. A transição para a década de 1970 foi marcada pela sua consolidação como um tipo de música mais sofisticada dentro da música brasileira. (Continua na próxima Revista Keyboard Brasil...) Revista Keyboard Brasil / 37
Tecnologia
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CONHEÇA ALGUNS APLICATIVOS DE iPhone E iPad PARA ESTUDANTES DE MÚSICA OU MÚSICOS QUE SIMULAM PIANO E TRAZEM CENTENAS DE EFEITOS SONOROS PARA COMPOSIÇÃO DE CANÇÕES. José Cunha Músicos usuários de iPhone e iPad, além de possuir dezenas de músicas em seus aparelhos para ouvir de vez em quando, podem usar os aparelhos também para produzir música. É o que
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GARAGEBAND
Criado pela própria Apple, o Garageband é provavelmente o programa mais conhecido entre os aplicativos de música para iOS. O programa permite usar iPhones e iPads para simular sons de piano e outros instrumentos.
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mostraremos a seguir. Para baixar os programas, basta procurar pelos nomes no iTunes ou na App Store, a partir dos próprios aparelhos.
PIANIST PRO
O Pianist Pro transforma o iPad em um piano e permite que o usuário use as teclas virtuais para criar sons de outros 16 instrumentos (guitarras e órgãos, entre outros). As músicas tocadas pelo usuário podem ser gravadas e exportadas em formato WAV.
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PROCHORDS
Esse aplicativo é muito útil para compositores, pois facilita a composição de músicas e sugere progressões de acordes de acordo com a melodia da música composta pelo usuário. Para fazer as sugestões, o ProChords pesquisa em um arquivo com mais de 12 mil músicas de sucesso.
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PROKEYS
O ProKeys simula as teclas de piano em seu iPod, iPhone ou iPad. Um dos atrativos do programa são os efeitos sonoros de teclados clássicos do Rock, como Rhodes e Moog. Também é possível usar as teclas virtuais do piano para simular 14 outros instrumentos.
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KARAJAN PRO
O Karajan Pro é uma ajuda e tanto para quem está aprendendo teoria musical. O aplicativo (somente para iPad) traz informações sobre escalas e intervalos e mostra como são construídos os acordes em violão e piano.
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FORSCORE
Voltado para estudantes de música, o ForScore substitui as velhas partituras de papel e traz muitas vantagens. O aplicativo permite criar e editar partituras e também baixá-las em arquivo PDF da internet. Ele também pode ser configurado para virar as páginas da partitura automaticamente, acompanhando o ritmo da música.
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Toque e Aprenda
- Continuação
Jazz-Blues APRENDA OU MELHORE SEU DESEMPENHO NAS TÉCNICAS DO
OlÁ. ATÉ AGORA APRESENTEI AOS LEITORES DA REVISTA KEYBOARD BRASIL OS ESTILOS QUE COMPREENDEM O JAZZ-BLUES, SUAS CARACTERÍSTICAS, SEUS PRINCIPAIS COMPOSITORES E ALGUNS DE SEUS EXEMPLOS MUSICAIS. A PARTIR DE AGORA, VAMOS ENTRAR NO CURSO DE JAZZBLUES COM TODAS AS DICAS PARA TORNÁ-LO UM PIANISTA OU TECLADISTA DESTE INCRÍVEL E RIQUÍSSIMO ESTILO MUSICAL AMERICANO, INICIANDO COM UMA PEQUENA REVISÃO. * Maestro Marcelo Fagundes 42 / Revista Keyboard Brasil
Fotos: Divulgação
Principais Escalas e Modos A Escala Maior é a base fundamental da harmonia na maioria dos estilos musicais contemporâneos. Eu recomendo que você tenha total conhecimento dos intervalos e de todas as escalas maiores, lembrando que são formadas por uma sequência determinada de tons e semitons. Observe a escala de DÓ Maior:
Cada nota é representada por um algarismo romano que chamamos de Graus da Escala. Cada Grau recebe também um nome: Grau I= TÔNICA Grau II= SUPERTÔNICA Grau III= MEDIANTE Grau IV= SUBDOMINANTE Grau V= DOMINANTE Grau VI= SUPERDOMINANTE
Grau VII= SENSÍVEL Grau VIII=I = TÔNICA Mantendo-se esta disposição de T O N S e S E M I T O N S poderemos construir as Escalas Maiores iniciando em qualquer uma das notas musicais e, para cada uma, teremos os acidentes Bemol e Sustenido. Veja a seguir:
Revista Keyboard Brasil / 43
Aqui, para sua referência, estão as escalas Maiores mais comuns. Observe que após a primeira escala (DÓ MAIOR), as próximas sete escalas vão conter Bemóis ou Sustenidos. Ou seja, FÁ Maior tem um Si Bemol, SOL Maior tem um sustenido, Fá é sustenido e, assim por diante. Vamos trabalhar com exemplos de música em diferentes tons maiores e menores. Por exemplo, dizemos que uma música está em DÓ Maior quando ouvirmos a nota Dó como tônica, não apresentando nenhum sinal de alteração. Da mesma forma, uma música estará em LÁ Maior, se a nota LÁ for ouvida como a tônica e a música apresentar 3 sinais de alteração, as notas DÓ, Fá e Sol serão 44 / Revista Keyboard Brasil
SUSTENIDAS. As armadura de clave são um grupo de ACIDENTES, que colocamos no início da música e nos orienta em que tonalidade a música está. Cada armadura representa uma tonalidade MAIOR e uma TONALIDADE Menor, sua relativa. Exemplo: A primeira armadura apresentada não tem nenhum sinal de Bemol ou Sustenido. Logo, ela representa a tonalidade de DÓ Maior e de sua relativa LÁ Menor. Observe o quadro completo. Estes acidentes foram retirados de cada uma das escalas que montamos, é uma maneira simples de indicar ao músico quais notas tem ou não acidentes.
É muito importante que você músico saiba estas armaduras de Clave. Reserve algumas horas, memorize as
quantidades de acidentes e quais são as notas acidentadas de cada Armadura. Bons estudos e até a próxima.
*Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (Associação Brasileira de Música).
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Homenagem
Lupicinio ´
O CENTENÁRIO DE
RESPONSÁVEL POR ETERNIZAR A DOR DE COTOVELO COMO UM DOS GRANDES TEMAS DA MPB, LUPI – COMO ERA CHAMADO LUPICÍNIO RODRIGUES COMPLETARIA CEM ANOS EM 2014. ACOMETIDO POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NO ANO DE 1974, O COMPOSITOR DEIXOU CERCA DE UMA CENTENA E MEIA DE CANÇÕES EDITADAS QUE SERIAM CAPAZES DE CURAR QUALQUER TRISTEZA. Júnior Rodrigues
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Filho Rodrigues io rvo Lupicín Fotos: Ace
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Considerado um precursor das canções sobre ‘‘dor-de-cotovelo’’, o gaúcho de Porto Alegre Lupicínio Rodrigues, o Lupi, nasceu em 16 de setembro de 1914 e é um dos nomes do estilo samba-canção, também conhecido como ‘‘samba triste’’ ou ‘‘samba de meio do ano’’ (porque fazia sucesso fora da época do Carnaval), estilo que também imortalizou outros compositores importantes da época como Dolores Duran e Herivelto Martins. A boemia, a bebida com os amigos e as mulheres eram temas principais de suas músicas e entraram na vida de Lupi ainda na adolescência. A projeção musical do compositor foi materializada nas vozes de grandes intérpretes como Noel Rosa, Francisco Alves, Orlando Silva, Nora Ney, Linda Batista, Jamelão, Elza Soares, Isaurinha Garcia, Caetano Veloso, Gal Costa, Elis Regina, Lenny Andrade, Paulinho da Viola, Joanna, Cazuza, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Maria Bethânia, Zizi Possi, entre outros.
3 (1) Lourdes Rodrigues, Johnson (Orlando “Jonhson” Silva (1910 – 1995) ainda hoje lembrado como amigo inseparável e intérprete predileto de Lupicínio Rodrigues) e Lupi. (2) Lupicínio e Elis Regina. (3) Lugar predileto de Lupicínio: música em uma roda de amigos.
Suas composições são consideradas fluentes, precisas e fortes, apesar do artista nunca ter tido uma aprendizagem musical formal. As músicas nasciam, muitas vezes, por meio de assovios. Para o poeta e ensaísta Augusto de Campos: “A obra de Lupi se caracteriza por amores fracassados, traições, sofrimento, ressentimento, tudo misturado”. O estudioso da MPB Ricardo Cravo Albin também já declarou: “Se o bom Lupi não for nosso maior poeta, com certeza, será o que melhor destilou os amores desfeitos e as dores-de-cotovelo na história do samba-canção e da boemia neste país”. Exageros à parte, sua obra é um legado para os que sentem que, apesar dos riscos, vale a pena amar demais, venham as dores-de-cotovelo que vierem. Acesse a página de Lupi no facebook: Revista Keyboard Brasil / 47
Ponto de Encontro... da Música, Arte, Beleza, Educação, Cultura, Rigor, Prazer e Negócios
O
momento político atual e o papel
na formação da sociedade Musico ´
do
EM TEMPOS DE ELEIÇÃO, SAIBA PORQUE TODO GOVERNO DEVERIA FUNCIONAR COMO UMA ORQUESTRA! * Luiz Bersou
Para que servem os políticos no Brasil? Acho difícil descrever o seu trabalho. Trabalho de verdade. Descre-
ver trabalho requer que ele exista. Se não há trabalho, não há o que descrever. Enquanto isso, o Brasil continua na sua marcha a ré, sempre piorando nos indicativos mais importantes que nos posicionam entre as nações. 48 / Revista Keyboard Brasil
O que sustenta a maior parte desses políticos que foram eleitos, é o seu trabalho pequeno de despachantes, intermediando o atendimento de necessidades e favores diante do emaranhado de regras e não lógica, que caracterizam a relação entre o Estado e a população. Soluções fáceis. É para isso que precisamos deles? Ou precisamos deles para criar
nossa condição de análise e crítica do que estamos recebendo? Vem, então à mente, a visão de uma orquestra. A orquestra tem uma proposta. Entregar ao público peças do seu repertório. Resultado do seu trabalho diuturno. A entrega precisa ser perfeita. Notável. Surpreender os críticos e os que pagam pelos ingressos. A grande característica da orquestra é o papel de cada um. Muito bem definido, sincronia muito bem trabalhada entre os pares, cada um sabendo perfeitamente a sua hora de entrada e o que fazer. Quando essa sincronia acontece, a “entrega” ao público é de boa qualidade. Quando não, saímos decepcionados.
Orquestras e governos têm muita coisa em comum. Todo governo, em tese, deveria funcionar como uma orquestra. Ter sua proposta. Seus objetivos, metas a cumprir.
um novo papel de Estado, de Governo, de ética, responsabilidade e capacidade de ação? Candidatos, produtos dessa formação de políticos anacrônica estão, no momento atual, nos atordoando com milhares de promessas. É o que sabem fazer. Promessas
sempre sem nenhum compromisso com a lógica das coisas, prioridades reais, as condições de financiamento e o cumprimento do que foi prometido. Como devemos nos posicionar diante dessa avalanche? Qual a
Vem, então à mente, uma outra visão. Quando trabalhava em Milão, me dei conta que à noite, em ambientes públicos como igrejas e quadras esportivas, por exemplo, havia reuniões em que a comunidade local discutia programas de partidos políticos. O que era interessante é que o foco da discussão era o programa do partido, não quem deveria ser eleito. Esse padrão acontece em muitos países, não só na Itália. O interessante é que esse tipo de Revista Keyboard Brasil / 49
Em que medida os que amam a música, lutam dia a dia pelo seu aperfeiçoamento, sabem o que é trabalho, rigor e organização, podem dar uma bela lição a especuladores e oportunistas que se posicionam como candidatos e alardeiam soluções fáceis?
Algum dos nossos leitores já ouviu um político dizer que para melhorar o Brasil precisamos, cada um de nós, trabalhar mais? Nesse momento crucial da história do Brasil, sempre promessa do futuro, nunca realidade no presente, precisamos fazer o pensamento da orquestra. Como grupos musicais podem convocar partidos para discutir programas de governo?
Foto: Arquivo Pessoal
trabalho não acontece somente nos períodos eleitorais. É trabalho de análise e discussão, em que a disciplina e a organização do pensamento são valorizadas nas sociedades locais como forma lógica de produzir, com inteligência, resultados que são necessários. Aqui fazemos diferente. Discutimos quem vai ser eleito, sem saber qual o programa do partido. Na maior parte dos casos, nem o candidato conhece o programa do partido pelo qual está inscrito. Depois das eleições, nem lembramos mais quem elegemos.
Em vez de tentar criar formas paralelas de governo, como está acontecendo agora, fazer os partidos existentes trabalharem de verdade! Como forma natural de trabalho, não somente nas eleições! Qual é a pro-posta? Qual é a “entrega”? Como cada músico, cada político, vai se posicionar perante o todo da mesma? Vamos tocar a mesma música? Acima de tudo, vão tocar a música que queremos? De que forma
será a entrega perfeita? * Atualmente dirigindo a BCA Consultoria, Luiz Bersou possui formação em engenharia naval, marketing e finanças. É escritor, palestrante, autor de teses, além de ser pianista e esportista. Participa ativamente em inúmeros projetos de engenharia, finanças, recuperação de empresas, lançamento de produtos no mercado, implantação de tecnologias e marcas no Brasil e no exterior.
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Pelo Mundo
the piano guys
O GRUPO AMERICANO THE PIANO GUYS FICOU FAMOSO ATRAVÉS DO YOUTUBE, POSTANDO VÍDEOS DE ARRANJOS E MISTURAS DE MÚSICAS POPULARES E CLÁSSICAS. A PARTIR DAÍ, VIRARAM UMA SENSAÇÃO MUNDIAL, PRODUZINDO CLIPES E LANÇANDO CDS. Carol Dantas
A SENSAÇÃO DO YOUTUBE!
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Tema do filme ‘‘Frozen’’ - Let It Go (Disney) e ‘‘Inverno’’, de Vivaldi.
Tema do filme “A Missão” Thou Art – How G (Homen reat agem ao Brasil)
´ O inicio O grupo teve início anos atrás, quando o pianista Jon Schmidt entrou na loja de Paul Anderson, em St. George, Utah, para perguntar se ele poderia tocar um pouco em um dos pianos existentes. A partir daí, tornaram-se amigos e começaram a produzir alguns vídeos simples juntos. Em seguida, Jon trouxe para o grupo o violoncelista Steven Sharp Nelson, com quem já havia tocado antes e começaram a produzir um vídeo por semana para o YouTube. Alguns dos seus vídeos alcançaram a marca de mais de um milhão de visualizações. O time também é composto por Tel Stewart e Al Van Der Beek, que trabalham na produção das músicas e dos vídeos. The Piano Guys: repertório instrumental passou dos 350 milhões de cliques no Youtube.
Steven Sharp Nelson
Paul Anderson
Jon Schmidt
Tel Stewart
Fotos: Divulgação
Al Van der Beek
O pianista Jon Schmidt se apresentou ao lado dos colegas nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo em fevereiro passado. O músico nascido no estado americano de Utah, ao lado do violoncelista Steven Sharp Nelson e dos multiinstrumentistas Paul Anderson, Tel Stewart e Al van der Beek, viu sua elaborada mistura tornar-se um grande sucesso desde que seus criativos vídeos chegaram ao YouTube em 2011. O repertório mistura música clássica, trilhas de filmes e Assim canções pop, em versões instrumentais. Leia, a disse seguir, uma entrevista com Jon Schmidt.
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Vocês misturam músicas de vários tipos. Fale sobre essa mistura: Jon Schmidt: A música clássica é ancestral do Pop, ela tem elementos que atraem os fãs de Pop. Tentamos encontrar esses momentos e combiná-
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tr e v i s at
como Bobby McFerrin ´ uma vez, tambem acreditamos que ouvindo ´ apenas um tipo de musica e´ como insistir em viver toda a sua vida em apenas um quarto de sua casa! – Jon Schmidt, pianista do grupo The Piano Guys. Revista Keyboard Brasil / 53
los. As pessoas adoram quando elementos de dois mundos diferentes se unem. Tinham ideia de que virariam uma sensação na internet? Jon Schmidt: Não tínhamos ideia de que, em dois anos, teríamos mais de 350 milhões de visualizações. Ainda não acreditamos! Só queremos fazer algo que faça com que as pessoas sintam-se bem. Isso é o mais legal para nós. Então, não ligo se houver quem se interesse mais pelos vídeos do que pelas músicas em si. Ficamos felizes por perceber que nosso trabalho leva fãs de artistas como One Direction, Adele e David Guetta, ou de trilhas como as de Guerra nas estrelas e Missão impossível, a ouvirem outros tipos de música. Vemos comentários nos clipes de pessoas dizendo que foram procurar aquela peça que misturamos com uma canção mais Pop. E também vemos, em vídeos de música clássica, gente escrevendo que chegou ali por nossa causa, que está ouvindo aquilo porque nós os fizemos pesquisar e descobrir.
Jon Schmidt: ‘‘Acreditamos que a boa música pode ser uma fonte de alegria, inspiração e realização’’.
De onde vem a inspiração do grupo para tanta criatividade? Jon Schmidt: As ideias surgem porque os integrantes da banda gostam de coisas legais e costumam fazer “notas mentais” sempre que ouvem algo que possa interessar. Quando se encontram, juntam tudo e decidem o que dá para misturar. Então, acreditamos que a boa música pode ser uma fonte de alegria, inspiração e realização. Através dos vídeos podemos ver a sintonia do grupo. Qual é a coisa mais gratificante para vocês? Jon Schmidt: O mais gratificante é o fato de trabalhar com parceiros criativos e divertidos e que são meus irmãos no evangelho. Ou seja, temos os mesmos ideais, portanto nosso trabalho é muito gratificante. Qual o seu vídeo favorito e por quê? Jon Schmidt: É o nosso mais recente What Makes You Beautiful, porque ele é o mais popular e envolve todos nós. Que conselho você daria para os aspirantes a músicos? Jon Schmidt: Certifiquem-se de colocar o seu plano de vida completamente nas mãos do Senhor. SAIBA MAIS, ACESSE:
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