Revista
Keyboard ANO 3 :: 2016 :: nº 41 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
Brasil
Luís Rabello O embaixador da música brasileira
VS - GRAVADOR DIGITAL:
MÚSICA E ILUMINAÇÃO:
Herói ou vilão?
Os caminhos se cruzam!
NOVA BÍBLIA DO SOM: O mais completo livro de engenharia do som
Editorial Salve músicos e apreciadores! Bem vindos a edição de número 41! No mês de dezembro é comum avaliarmos a caminhada do ano, seja no âmbito familiar ou profissional. Expressamos nossa gratidão, pedimos perdão, firmamos propósitos e sonhamos com um novo ano cheio de esperança. E, com o sentimento de dever cumprido, através de muito, mas muito trabalho que apresento resumidamente o que você, leitor, verá nas próximas páginas. A começar por nossa capa, o pianista Luís Rabello, artista Virtuosi, conhecido como embaixador da música brasileira e um estudioso da música de Radamés Gnatalli que tão gentilmente, nos concedeu uma entrevista. Falando sobre a abrangente área das ciências do som e da acústica, apresentamos o livro escrito pelo renomado engenheiro Luiz Fernando Cysne, 'A Nova Bíblia do Som' NBS - tema importantíssimo. Comemorando os 225 anos de Mozart, maestro Colarusso nos apresenta uma matéria interessante sobre as verdades e mentiras que rondam a morte do compositor. Sergio Ferraz traz a parte final de sua coluna, agora abordando o Romançal - o pós Armorial. Luiz Carlos Rigo Uhlik fala sobre música e iluminação, tema muito oportuno para o mundo em que vivemos. No papo de tecladista Hamilton de Oliveira comenta sobre o VS, gravador digital muito utilizado atualmente. Também se encontra nesta edição um especial sobre Greg Lake, grande músico progressivo que nos deixou este mês. Matéria especial escrita por Amyr Cantusio Jr. Além de muito outros nomes, nacionais ou não, como as bandas StormSons, Maestrick, Vigans, Reggabelde, Sandwaves, Som Nosso de Cada Dia, Paulinho Pexe, Zeca Quintanilha e Jerimum de Olinda. Novamente não teremos a coluna de Murilo Muraah, que volta com força total em janeiro, depois de merecidas férias. E, por fim, cabe-me expressar um sincero agradecimento a todos que caminham conosco nesses 4 anos de estrada musical - leitores,
Dezembro / 2016
- Publisher
colaboradores, equipe e apreciadores lendo, enviando textos, manifestando opiniões, avaliando com críticas e nos encorajando para a continuidade. Que neste novo ano possamos planejar e assumir propósitos investindo no que pode ser melhor, e mudar o que pode ser mudado, começando conosco. Como diz a escritora francesa Anais Nin: “Sempre dizem que o tempo muda as coisas, mas quem tem que mudá-las é você”. Mudar sim, para melhor. A todos: muito obrigada! Nossas edições são dedicadas a todos vocês. Por isso cliquem, curtam, compartilhem e comentem! E fiquem com Deus!
Revista
Keyboard Brasil
ro Capa: Cha
Aymerich
Expediente
Heloísa Godoy Fagundes
Editora Musical
Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical.
Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes / Publisher: Heloísa C. G. Fagundes Capa: Charo Aymerich / Caricaturas: André Luiz / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br
As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.
04 / Revista Keyboard Brasil
Obrigado Editora Keyboard, muito feliz com a oportunidade! Deus Abençoe todos!!! (Referente à matéria sobre o músico, escrita por Rafael Sanit). Marcel Costa – via facebook Somos destaque em uma das mais conceituadas Revistas de Música do país!!! Que honra fazer parte disso tudo! (Referente à matéria sobre a Les Ensembles, escrita por Hamilton de Oliveira). Wilson Mendes de Oliveira, maestro – via facebook Começo o dia feliz ao ver nosso concerto de encerramento divulgado na Revista Keyboard. Obrigado Heloísa e Editora Keyboard pelas 5 páginas que contam um pouco sobre a nossa temporada. Entrem no link e vejam a matéria completa, que lindeza. (Referente à matéria sobre O Coro Osvaldo Lacerda). Bruno Costa, maestro – via facebook Para quem está na ativa, leitura obrigatória! Iny Palheta – via facebook Matéria na Revista Keyboard Brasil! Já leu? Não deixe de conhecer a Improviso Brasil! Diogo Monzo – via facebook Tecladistas, não deixe de acessar a revista virtual KEYBOARD, parceira do Portal Tecladistas! http://www.keyboard.art Portal tecladistas.com – via facebook Meus amigos. Segue a matéria que saiu em revista sobre o compositor Eduardo Cézar Martins Ribeiro e o lancamento do seu mais novo CD 'Bacutia' com o "Edu Martins Trio". Clique no link para ler a revista Keyboard Brasil na íntegra e em língua portuguesa! Dani Regiani – via facebook
Espaço do Leitor Olá Heloisa. A Keyboard Brasil é muito conhecida e apreciada pela isenção e qualidade. Parabéns! Luiz Fernando Cysne – via email Fiquei muito curioso para ler o seu livro, Getúlio! Sou locutor e programador musical, apaixonado por música brasileira! (Referente à matéria sobre o livro "TROPICÁLIA – UM CALDEIRÃO CULTURAL.", escrito por Getúlio Marc Cord). Sergio Silva – via Blog Parabéns pelas dicas, sou tecladista na mein teil rammstein cover em curitiba, e estou penando para acertar os presets e tirar algumas músicas. Estou utilizando um host e plugins vst, a grande maioria simuladores da Roland, Oberheim e Yamaha. Não tenho equipamento profissionais, mas com dicas como as suas tenho certeza que vou chegar muito próximo da realidade do Flake. Obrigado ! (Referente à matéria sobre "Maximus Festival e a banda Rammstein - overdose onírica", escrita por Amyr Cantusio Jr). Luiz Carlos Silva – via Blog
A Revista Keyboard Brasil agradece a todos os comentários e lança uma pergunta: o que desejam que a Revista publique? Queremos saber o que nossos leitores pensam! Deixem sua opinião em nossa página do facebook, no site da editora Keyboard, no blog da Revista, no instagram ou mande um e-mail para contato@keyboard.art.br
Revista Keyboard Brasil / 05
Índice
28
14
08
ANÁLISE: A Nova Bíblia do Som
MATÉRIA DE CAPA: Luis Rabello - por Heloísa Godoy Fagundes
38 POR DENTRO: Storm Sons - por Heloísa Godoy
54 ENFOQUE: 225 anos de Mozart - por Osvaldo Colarusso
74 PERFIL: Paulinho Pexe - por Rafael Sanit
06 / Revista Keyboard Brasil
34
REVOLUÇÃO MUSICAL: Psycothronic Especial - por Amyr Cantusio Jr.
MUSICANDO: Reggaebelde project 2
40
50
44
SOBRE OS SONS: A música do movimento armorial - por Sergio Ferraz
PERFIL: Zeca Quintanilha - por Rafael Sanit
72
68
62 MUNDO PROGRESSIVO:
OUTROS SONS: Jerimum de Olinda
A banda Vigans - por Heloísa Godoy
78 PELO MUNDO: Sandwaves - por Thiago Pospichil
CRÍTICA MUSICAL: Maestrick - por Amyr Cantusio Jr.
A VISTA DO MEU PONTO:
Música e Iluminação - por Luiz Carlos Uhlik
82 PAPO DE TECLADISTA VS - Herói ou vilão? por Hamilton de Oliveira
86 ESPECIAL: Greg Lake por Amyr Cantusio Jr.
Vitrine
A NOVA BÍBLIA DO SOM - NBS CONHEÇA O MAIS COMPLETO LIVRO SOM
DE DO
LANÇADO
ENGENHARIA MUNDO, EM
DE
AGORA
PORTUGUÊS
EM FORMATO E-BOOK, ESCRITO PELO RENOMADO ENGENHEIRO LUIZ FERNANDO OTERO CYSNE.
Redação
08 / Revista Keyboard Brasil
Na foto, Cysne em um dos cursos que organizou junto com o jornalista especializado em tecnologia, Orlando Barrozo, no início desse ano.
A
Nova Bíblia do Som – NBS é um livro de engenharia do som escrito em português, formato e-
book pelo engenheiro Luiz Fernando Otero Cysne. Se impressa em papel A4, o trabalho teria mais de 3000 páginas e pesaria 10 quilos.
A NBS foi elaborada para preencher inexplicável lacuna no mercado. De fato, fora a NBS e seus precursores, ainda não há outro livro do gênero escrito em português. Tampouco há cursos superiores de áudio no Brasil, contra quatro deles na Colômbia, para citar um só exemplo. Isso explica porque a Bíblia do Som, trabalho que deu origem à NBS, foi considerada por quase duas décadas a “chave do cofre” para todos os profissionais do áudio no Brasil e muitos no exterior. Agora, a NBS é uma fonte única e imprescindível para todos os profissionais do áudio que exigem informações sérias, atualizadas e conteúdo holista.
A NBS foi elaborada para ser
precisa e extensa o bastante para abranger todas as áreas relevantes das ciências do som e da acústica. Eis porque, no gênero, este livro é atualmente o mais completo e consistente disponível no mundo.
As vantagens do formato ebook para os leitores são inúmeras. Começando por eliminar o inconveniente transporte físico de um item tão pesado, volumoso e desconfortável. Do mesmo modo, o manuseio difícil torna-se simples, racional, lógico e muito rápido. Outra vantagem deste e-book é oferecer textos e ilustrações a cores. O que permite que as explanações sejam argutas, práticas e claras. O resultado é a leitura didática recreativa e cativante que produz satisfação ao leitor. Que passa a contar com recursos eficazes que proporcionam a compreensão lógica, natural e, acima de tudo, ágil. Um dos avanços do formato e-book é a possibilidade de utilização farta de hiperlinques ao longo do texto. Que, no Revista Keyboard Brasil / 09
Livro: A Nova Bíblia do Som Autor: Luiz Fernando Otero Cysne Páginas: 1280 A NBS está disponível na Amazon, na GooglePlay, na Apple Store, na Barnes & Noble, na Kobo, na Livraria Cultura, na Livraria Bem-te-vi e na Saraiva por R$ 320,00. Para adquirir basta entrar num desses sites especializados em vendas de e-books e digitar "Nova Bíblia do Som" ou com o nome do autor. Há sites de venda que vendem com pagamento parcelado.
caso da NBS, se soma às referências literárias convencionais. Quando o leitor está conectado à Internet, um mero clique num hiperlinque o liga instantaneamente à referência desejada. Uma vez satisfeito o leitor volta ao texto original com novo clique. Sem necessidade de consultas posteriores. Usualmente trabalhosas e, por vezes, impossíveis. Outra vantagem é que textos líquidos se ajustam perfeitamente a telas de celulares, de pads, de tablets, de notebooks, de desktops, etc. Com fascinantes recursos de leitura. Melhor ainda, sem necessidade de se investir um único centavo em programas leitores de livros eletrônicos. A NBS está disponível na Amazon, na GooglePlay, na Apple Store, na Barnes & Noble, na Kobo, na Livraria Cultura, na Livraria Bem-te-vi e na Saraiva por R$ 10 / Revista Keyboard Brasil
R$ 320,00. Para adquirir basta entrar num desses sites especializados em vendas de e-books e digitar "Nova Bíblia do Som" ou com o nome do autor. Há sites de venda que vendem com pagamento parcelado. O mercado brasileiro do áudio já era carente em literatura técnica na década de 80. O que levou o engenheiro Luiz Fernando Otero Cysne a escrever e lançar no verão de 1989 o primeiro livro de áudio escrito em português. O título era “Áudio Engenharia e Sistemas - AES”. O que foi feito com a honrosa chancela da H. Sheldon. Trabalho pioneiro e um quebra gelo que facilitou a vida de imenso contingente de engenheiros e técnicos no Brasil.
No ano 2000, o AES foi substituído pela Bíblia do Som. Então, uma obra considerada um divisor de águas histórico e de peso específico ponderável. Eram 1250 páginas A4, com 3,5 quilos. De lá para cá transcorreram quase duas décadas. Durante as quais a tecnologia deu saltos ciclópicos. Novos materiais e novos conceitos foram introduzidos. Muitas pesquisas e grandes mudanças. O texto e grande parte das ilustrações da NBS têm como sustentação a bagagem do engenheiro Luiz Fernando Otero Cysne, que está no mercado profissional do áudio desde 1964. Esse lastro teve como pano de fundo a larga experiência de Cysne como consultor internacional nas áreas de engenharia de áudio e de acústica. E também como projetista de sistemas de grande porte e de eventos especiais.
Fotos: Divulgação
Sobre o autor... O engenheiro Luiz Fernando Otero Cysne tem graduação em engenharia de telecomunicações, engenharia de áudio, administração de empresas, mestrado em acústica e doutorado em física. No mercado do Áudio profissional e da acústica desde 1964, Cysne atuou e atua como consultor internacional de áudio, como projetista de sistemas de som em geral e de várias outras disciplinas correlatas. Assinou projetos especiais como o do Sistema de Reforço de Som para o Carnaval carioca, tendo como clientes a Rede Globo de TV e a LIESA, ou como o conjunto de projetos de som, de vídeo e de acústica para os Jogos Panamericanos Rio, atividade essa que envolveu mais de 1000 projetos específicos abrangendo várias disciplinas. Cysne tem projetado e instalado sistemas complexos para espaços como o Teatro Municipal de São Paulo, o Teatro Municipal do Rio, a Cidade da Música, também no Rio, o Gran Teatro Municipal em Lima, no Peru, O Teatro Municipal de Barueri, O Teatro da FIESP na Avenida Paulista, São Paulo, o Estádio Monumental em Lima, Peru, para 100 mil expectadores, além de ter projetado e instalado incontáveis sistemas para clientes como a diretoria executiva e conselho diretor do Bradesco, a Vale, a Presidência da República, o Banco Safra, a Petrobrás, a Battery (Los Angeles) e tantos outros. Cysne profere palestras no Brasil e no exterior com frequência, e ministra vários cursos de engenharia de áudio, de acústica e Revista Keyboard Brasil / 11
outros, o que faz desde 1964. Tendo treinado equipes da Philips, da JBL, da Rede Globo de TV e de muitas outras organizações, sendo que a quantidade de profissionais capacitados até agora já ultrapassa os 8000 indivíduos. Muitos dos quais ocupam posições chave em estúdios, escritórios de engenharia e indústria. Cysne desenhou uma linha completa de aparelhos valvulados, incluindo dois pré- amplificadores hi-fi, três amplificadores de potência hi-fi, um crossover de duas vias, um amplificador para fones de ouvido, um pré pré para cápsulas fonográficas tipo MC (moving coil) e caixas acústicas com falantes Altec Lansing vintage originais, para composição de sistemas higher end residenciais valvulados completos. Cysne também projetou um sistema PA totalmente valvulado para reforço dos shows de Arnaldo Batista. Cysne projetou algumas caixas acústicas tipo line array de uso profissional, que estão presentes em várias igrejas, ginásios e espetáculos em todo o Brasil. Cysne desenhou uma linha completa de painéis acústicos, incluindo unidades absorsoras sintonizadas, unidades refletentes e unidades difusoras. Tanto as especulares quanto as não especulares. Todo esse material é produzido de forma customizada, em função das especificações de cada projeto. Para igrejas, Cysne projeta uma combinação de sistemas técnicos integra-
12 / Revista Keyboard Brasil
dos, abrangendo os sistemas de reforço de som, os de projeção de vídeo, os de captação de imagens e de áudio, os de streaming via Internet, incluindo estúdios, os sistemas de iluminação cênica e elementos cenográficos, sistemas de ajuda ao deficiente auditivo, CFTV, intercom técnico e de segurança, bem como a automação e algumas outras disciplinas, mais específicas, como tele e videoconferência. Esses projetos envolvem a infraestrutura especializada e toda a energia técnica exigida por tais sistemas. Cysne escreveu mais de 500 artigos para revistas nacionais e estrangeiras, a exemplo de SomTrês, Áudio Música e Tecnologia, BackStage, Áudio News, Vídeo News, Audio Magazine, jornais e periódicos. Além da Nova Bíblia do Som, o autor já tem praticamente prontos mais de dez livros, os quais serão lançados no mercado em 2017 em formato ebook. Entre eles estão: Sistemas de 70 volts, Instalações de Sistemas Profissionais, Audiofilia – Afine Sua Percepção, Técnicas de Captação Microfônica, Bricando com as Válvulas, Áudio Engenharia e Sistemas, Operação do Sistema de Som em Igrejas, Controle de Ruídos em Sistemas de Áudio, Acústica para o Home Studio e outros. Atualmente Cysne se dedica a novos livros, aos projetos de grande porte e às respectivas instalações, bem como à coordenação da produção customizada dos valvulados, das caixas acústicas residenciais e dos painéis acústicos.
Matéria de Capa
Luís Rabello
O embaixador da música brasileira 14 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Charo Aymerich
RADICADO NA EUROPA, O PREMIADO PIANISTA CARIOCA LEVA REPERTÓRIO BRASILEIRÍSSIMO PARA O EXTERIOR. * Heloísa Godoy Fagundes
N
atural do Rio de Janeiro e com uma carreira de sucesso no Brasil e no exterior, Luís Rabello –
pertencente a uma família composta por músicos de renome – é considerado um dos grandes nomes do piano brasileiro. Formado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelos Conservatórios Tchaikovsky, de Moscow e de Rotterdan, o pianista brasileiro teve professores como Sônia Goulart, Mordehai Simoni e Myrian Dauelsberg – ex-alunos de mestres como Arturo Benedetti- Michelangeli e Stefan Askenase Vlado Perlemuter. No Conservatório Tchaikovsky em Moscou estudou com Andrei Pisarev e, em seu mestrado, no Conservatório de Rotterdan teve como professor Aquiles Delle Vigne, ex-aluno de Claudio Arrau e Gyorgy Cziffra. Em ambos os cursos, o pianista conquistou o máximo reconhecimento acadêmico. Vencedor de vários prêmios no Brasil, Rabello foi considerado recen-
temente pela imprensa espanhola como o “Embaixador da Música Brasileira”. Esse apelido não é à toa, pois além da sua contribuição como
intérprete, Luís Rabello é pesquisador e um dos grandes divulgadores da obra do compositor Radamés Gnatalli. Segundo o pianista, o interesse pela obra de Gnattali teve influência familiar. Seus tios Luciana e Raphael Rabello foram amigos e parceiros musicais de Radamés e desde que conheceu o sobrinho dele, Roberto Gnatalli, teve acesso a um rico acervo, com manuscritos e gravações do próprio Radamés ao piano. “Em pouco tempo percebi que estava diante de um tesouro que havia sido pouquíssimo explorado.” Toda essa admiração e amizade pela família Gnatalli o fez lançar, em 2014, o CD Radamés Gnattali – Piano Recital. Na obra, Rabello toca algumas peças do compositor nunca antes gravadas, como a Sonata para Piano n.1. O álbum foi lançado pela gravadora Acari Records e apresentado no De Doelen, em Rotterdan para um público de holandeses e turistas brasileiros. Além disso e, paralelamente, o pianista desenvolve um duo com a violonista holandesa Floor Braam, com a qual apresenta obras para violino e piano de Radamés. Revista Keyboard Brasil / 15 02
Recentemente, Rabello retornou ao Brasil para nova turnê apresentando-se por todos os Estados do Sudeste. Em Belo Horizonte e Vitória, o pianista se apresentou na Série Concertos Virtuosi, produzida pela Virtuosi Produções Artísticas, agência da qual faz parte do time de talentos. Destaque também para as apresentações do artista no Rio de Janeiro, onde se apresentou na Sala Cecília Meireles em recital que integrou a programação do Ciclo Prokofiev, homenagem ao compositor russo. Para finalizar a turnê em grande estilo, Rabello foi à Piracicaba para concerto junto à Camerata de Cordas da Orquestra Filarmônica Jovem de Piracicaba, sob regência do maestro Anderson de Oliveira. Na ocasião, os músicos fizeram um concerto homenageando os grandes compositores da música brasileira: Villa-Lobos, Ernst Mahle e Radamés Gnattali. O repertório trouxe peças importantes de cada um dos compositores e fez reverência a estes que foram alguns dos responsáveis por imprimir brasilidade na música erudita. Leia, a seguir, a entrevista exclusiva para a Revista Keyboard Brasil.
Artistas da Virtuosi em ação: O pianista Luís Rabello e a violonista holandesa Floor Braam estão gravando peças para violino e piano de Radamés Gnatalli. 16 / Revista Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil / 17
Revista Keyboard Brasil – Primeiramente gostaria de agradecer esse tempo que você disponibilizou para nos conceder essa entrevista, pois sabemos que está realizando uma série de concertos na Europa! Luis Rabello: Me sinto muito feliz e honrado com a gentileza da Revista Keyboard Brasil em me convidar para esta entrevista. Revista Keyboard Brasil – Você nasceu em uma família de músicos. Fale um pouco sobre isso. Luis Rabello: Cresci num ambiente muito rico culturalmente, minha família é composta de muitos músicos importantes. Mas além da música, a literatura, o teatro e a dança também eram outras formas de arte muito presentes no meu ambiente familiar. A leitura sempre foi uma coisa incentivada dentro de casa. Isso sem dúvida me influenciou, mais até do que eu podia perceber quando era criança. Revista Keyboard Brasil – Quais suas lembranças musicais mais antigas? O que se ouvia? Luis Rabello: Minha lembrança mais remota sobre meus primeiros passos na música remontam dos meus quatro ou cinco anos de idade. Lembro-me de estar no escritório do meu pai e colocar na vitrola um LP da quinta sinfonia de Beethoven e reger uma orquestra 18 / Revista Keyboard Brasil
Foto:Arquivo pessoal
Entrevista
Luis Rabello e sua irmã, a atriz Júlia Rabello. Desde os 7 anos de idade já sabia que era músico.
imaginária ao som da gravação. Nesta altura ainda não havia começado a estudar piano, mas já tinha muito interesse sobre o assunto música. Lembro também dos encontros musicais na casa da minha avó Amélia onde escutei gente como Paco de Lucia, Tom Jobim e meu tio Raphael tocarem em pessoa. Revista Keyboard Brasil – Podemos afirmar que o ambiente familiar foi fundamental para a escolha da sua profissão. Mas pensou em seguir outra carreira? Luis Rabello: Desde os sete anos de idade, quando comecei com o piano, as pessoas me perguntavam “o que você quer ser quando crescer?”. Eu tinha sempre a resposta pronta na ponta da língua “quando eu crescer não, eu já sou músico!” Minha identidade como músico sempre esteve muito clara na minha cabeça, desde aquela época.
Foto: Charo Aymerich Revista Keyboard Brasil / 19
Moonlight Sonata, op. 27 n.2, de Beethoven, pelas mãos de Luís Rabello em 2015 (Concertgebouw - Amsterdan).
Revista Keyboard Brasil – Por que escolheu o piano como instrumento? Luis Rabello: Na verdade, uma vez observando o interesse que eu tinha pela música, minha família optou pelo piano como porta de entrada para a música. E foi paixão imediata. Revista Keyboard Brasil – Por que decidiu trilhar o caminho clássico e não o popular como todo o restante da sua família? Luis Rabello: É uma pergunta que me é feita com bastante frequência e a melhor resposta que posso dar é que desde muito cedo minha identidade como pianista clássico foi muito clara. Meu interesse por escutar Beethoven, Chopin, Mozart, de comprar e ler as suas obras (que muitas vezes ainda não estava preparado para tocar, mas lia mesmo assim) sempre foi muito forte. Sempre tive tremendo respeito e admiração pelos músicos da minha família, que fazem música popular da mais alta qualidade. Da mesma forma a família nunca interferiu ou tentou influenciar para que eu apontasse para uma direção musical diferente. Pelo contrário, sempre tiveram muito orgulho 20 / Revista Keyboard Brasil
do meu caminho, e sou muito grato a eles por isso. Revista Keyboard Brasil – Conte-nos sobre sua formação e como surgiu o convite para estudar no Conservatório Tchaikovsky em Moscou. Luis Rabello: Comecei a estudar piano aos sete anos de idade em Niterói, com a professora Lilian Teixeira. Passados alguns meses a Lilian casou foi morar em Juiz de Fora. Comecei a ter aulas com a professora Rosângela Azevedo. A partir de um determinado momento, foi-se percebendo um potencial grande e minha família tentou um passo mais importante, tentar que eu tivesse aulas com um professor importante. Buscamos então contato com a Sônia Goulart, que era e ainda é uma grande pianista. Nessa altura eu tinha uns dez anos de idade. A Sônia era professora da UFRJ na graduação e no mestrado. Tinha uma classe fortíssima e uma super reputação como pianista. A estória que vou contar agora é bem interessante. Fizemos contato com ela ao longo de um ano e ela sempre nos dizia que estava sem horário e que não poderia ainda me escutar. Ao cabo de vários
meses, ela finalmente nos sugeriu visitar uma reunião de alunos dela na Escola Nacional de Música da UFRJ, na reunião ela poderia me escutar mas que ainda assim a sua agenda seguia cheia para aulas. Finalmente na reunião pude tocar pela primeira vez para Sônia que ficou muito impressionada comigo. Virou-se para a minha mãe e disse “o seu filho realmente tem muitíssimo talento, me interessaria muito mesmo dar aulas para ele mas infelizmente meus horários estão todos tomados”. Havia mais uns cinco alunos presentes na reunião, um deles era uma moça que estava grávida de uns seis meses, não me lembro do nome dela, que vergonha! O fato é que ela virou-se para Sônia e disse que ela, Sônia, tinha de qualquer maneira dar aula para aquele menino, que um talento como aquele não podia ir para mão de qualquer um, tinha que ser ela. Então a moça grávida disse que havia conversado com os outros colegas e que eles decidiram abrir mão, cada um, de dez minutos de suas próprias aulas para que eu pudesse ser encaixado no grupo. A partir disso, e de uma maneira improvisada que não se saberia por quanto tempo poderia ser sustentada, eu comecei a ter aulas com a Sônia
Goulart, graças àquela moça grávida. Tragicamente alguns meses depois essa moça faleceu em seu trabalho de parto, acabei ficando com a sua vaga. Devo muito da minha formação de base à Sônia Goulart e ao Mordehai Simoni. A ida para Moscou, estudar no Conservatório Tchaikovsky, surgiu em 1996, quando toquei um recital no Teatro Nacional, em Brasília. Estava presente na plateia o adido cultural da embaixada russa em Brasília, que ficou muito impressionado com a apresentação e me procurou após o recital. Disse, então, que meu recital o havia tocado muito e se eu não teria interesse de estudar no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, que se eu estivesse de acordo que ele se empenharia para que isso acontecesse. Um ano depois eu chegaria em Moscou. Alí fiquei por dois anos, tive aulas com um grandíssimo pianista, Andrei Pisarev, e pude respirar e vivenciar o ambiente onde se toca melhor o piano no mundo. Após a Rússia voltei ao Brasil e concluí minha graduação na UFRJ. Na sequência da UFRJ, veio um capítulo também importantíssimo da minha trajetória que foi o período que estudei com a Myrian Dauelsberg. A Myrian foi uma grande incentivadora que Revista Keyboard Brasil / 21
me abriu os horizontes profissionais e com quem também aprendi tremendamente sobre música. Sou imensamente grato à Myrian por tudo que ela fez e ainda faz por mim. Revista Keyboard Brasil – Você fez seu mestrado no Conservatório de Rotterdam, na Holanda. Alguma passagem interessante que você gostaria de nos contar? Luis Rabello: Em 2006 estava passando uma temporada de alguns meses na Europa, tocando alguns concertos na Itália e na França. Conheci o Aquiles Delle Vigne, que foi meu professor aqui em Rotterdam e, em Trani, na Itália. Ambos estávamos nos apresentando num Festival nesta cidade. Delle Vigne gostou muito do meu recital e tivemos um bom primeiro contato. Passados alguns dias eu fui a Florença visitar um amigo e por coincidência Delle Vigne estava dando um masterclass lá. Fiz o masterclass com ele e daí surgiu o convite para fazer o mestrado em Rotterdam na sua classe. Me formei com nota máxima, 10 summa cum laude e, como minha tese de mestrado tinha a ver com música brasileira (escrevi umas variações sobre um tema de Paganini em estilo de Choro), o departamento de Latin music do Conservatório me convidou para dar aulas de técnica pianística e repertório clássico para os pianistas alunos desse departamento. Revista Keyboard Brasil – Quais foram os pianistas que mais te influenciaram em sua maneira de tocar piano? Luis Rabello: Muitos pianistas me influenciaram e muitos continuam influenciando. Para citar alguns de cujas gravações me acompanham desde a mais tenra infância: Vladimir Horowitz, Arthur Rubinstein, Claudio Arrau, 22 / Revista Keyboard Brasil
Capa: Charo Aymerich
Arturo Benedetti-Michelangeli e Gyorgy Cziffra. Dos brasileiros: Sônia Goulart, Guiomar Novaes, Nelson Freire, Arthur Moreira Lima, José Carlos Coccareli e Arnaldo Cohen. Dos atuais Arcadi Volodos, Grigory Sokolov, Martha Argerich e Jorge Luis Prats. Revista Keyboard Brasil – Você é reconhecido no Brasil e no exterior por seu talento musical e foi apelidado pela imprensa espanhola de “embaixador da música brasileira”. Então queremos saber: o que significa a música para você? Luis Rabello: Música é a organização das emoções no tempo e espaço através do som. Revista Keyboard Brasil – O Brasil é uma terra de excelentes pianistas. Como você avalia nossa formação universitária? Luis Rabello: O Brasil realmente é um celeiro de grandes pianistas, talentos extraordinários brotam da nossa terra. Infelizmente a maioria desses talentos ainda tem que sair do Brasil para conquistar o mercado da música clássica na Europa ou nos EUA. O Brasil tem grandes professores, gente de primeiríssimo time, mas o mercado de música ainda é Revista Keyboard Brasil / 23
muito restrito. Um pianista para ter credibilidade no mercado brasileiro tem que primeiro conquistar respeitabilidade no exterior. RKB – Você decidiu pesquisar sobre a obra de Radamés Gnattali e até lançou um brilhante trabalho pela aproximação das famílias Gnattali e Rabello. Fale sobre isso. LR: A família Rabello teve sempre uma relação muito próxima com o Radamés. Meu tio Raphael e Radamés gravaram alguns discos juntos. Gnattali escreveu algumas obras dedicadas a ele. Outra pessoa da família que teve uma amizade muito grande com o Radamés foi minha tia Luciana Rabello. Em 2005, conheci o Roberto Gnattali, compositor e arranjador, sobrinho do Radamés. Através do Roberto, tive acesso a gravações e também algumas partituras do Radamés, alguns manuscritos de obras nunca publicadas e portanto nunca gravadas. Pouco a pouco pude perceber que estava diante de um tesouro musical e que tinha que deixar o registro disso para a posteridade. O lançamento do CD Radamés Gnattali – Piano Recital é o resultado dessa impressão. No CD, o público pode escutar a primeira gravação da Sonata para piano n.1 do Radamés. Me orgulho muito de ter feito a estreia mundial de algumas obras do Radamés Gnattali, a Sonata para piano é uma delas. Em maio deste ano fiz a estreia do Concertino n.1 para piano e orquestra de cordas com flauta. Daqui a mais alguns dias farei a estreia do seu Poema para violino e piano num recital aqui em Rotterdam, com a violinista Floor Braam.
24 / Revista Keyboard Brasil
Luis Rabello lançou, em 2014, o CD Radamés Gnattali – Piano Recital.
RKB – Sintetizando a simplicidade da sua personalidade e a sua relação com a vida e a música, certa vez Radamés Gnatalli disse: - Para mim, só existe música de duas espécies: a boa e a ruim. O que você pode nos dizer sobre essa afirmação? LR: Rotular a música de clássica ou popular é um hábito que ao longo de muito tempo associava a música clássica como uma música sofisticada, apreciada apenas por um público mais instruído e a música popular com uma música mais simplória. Nada mais longe da verdade. Se encontra e se faz boa e má música em todos os gêneros musicais conhecidos. RKB – Como é sua rotina de estudos? Pratica todos os dias? LR: Eu estudo de 0 a 12 horas por dia. O ritmo de estudo hoje em dia depende muito da agenda. Já tive ocasiões de ter
Radamés Gnatalli
Com ta len entre m to, Radamés G natalli d úsica er udita e músicos popular, errubou fronte como T ira além de om Jobim Gismon influenc ti e Cés , Wagne ia ar Cam r r T iso, Egb argo Ma erto riano.
R
adamés Gnattali
(1906-1988) foi regente, pianista e arranjador e é volta a Porto Alegre , concorreu ao Prêm reconhecido por sua io atuação, tanto Araújo Viana e ganh ou a medalha de ou no erudito, quanto ro. no popular. Sua ob Mudou-se definitiva ra é mente para o Rio extensa, mas gran de de parte dela ainda Janeiro no início do é s anos 1930. A parti desconhecida do pú r de blico. Radamés era fil 1931, dedicou-se co ho m afinco à composiç de Adélia Fossati, ão . pianista gaúcha, e Foi regente da orqu do estra da Rádio Nacio italiano Alessandro na l, Gnattali, que toca do Rio de Janeiro, e au va tor de seis mil arranj piano, bandolim e os , contrabaixo. O casa sendo considerado l o melhor arranjador Gnattali mostrou su de a paixão pela ópera música popular no ao Brasil. Para o progra batizar os filhos com ma nomes de personagen "Um Milhão de Melo s dias", que ficou 13 an de Verdi: Radamés, os Ernani e Aída. Rada no ar, chegava a criar més, nove arranjos por di aos seis anos, iniciou a. os estudos de piano Em 1941, passou oito e meses em Buenos Ai violino com sua mãe re s, . Com apenas nove an contratado pela "Hor os, a do Brasil", da Rádi foi premiado pelo cô o nsul da Itália em um Municipal, da capita a l Argentina. De 1963 festa, depois de rege a r uma orquestra infa 1967, o compositor tra ntil, balhou na TV Excelsi com arranjos feitos or . por ele. Aos 14 an A partir de então e at os, é 1986, foi arranjador ingressou no Cons e ervatório para estu regente da TV Globo. dar Entre suas composiç piano, aprender vi õe s olão e cavaquinho figuram as dez "Brazil e ianas", quartetos e tri ap er fe iç oa r- se no os vi ol in o. Te ve co m e 26 concertos - entre o eles um concerto pa professor e fiel in ra centivador Guilher piano e orquestra, m e concertos para harp Fontainha. Estudou a e para ser concertista clarineta e um Conc e erto para Harmônica tocou no Cine Co de lombo, acompanhan Boca, dedicado a Ed do uardo Nadruz (Edu filmes mudos. Além da disso, tocou em baile G ai ta ). Em 19 86 , se Ra da m és so fre u deu aulas particular um es de piano para ganh derrame que o deixou ar com o lado direito do al gu m di nh ei ro . Em 19 24 , Ra da m corpo paralisado. Do és is anos depois, sofre apresentou-se como u pianista no Institu outro derrame, falec to endo no dia 13 de Nacional de Música do Rio de Janeiro. fevereiro. Tom Jobim De dedicou-lhe o poem a: "Alô Radamés, já com prei amendoim".
Revista Keyboard Brasil / 25
um recital num sábado e meu último dia de estudo ser na segunda-feira anterior. Desenvolvi também a capacidade de estudar sem instrumento, só na cabeça, ajuda muitíssimo e procuro ensinar meus alunos a fazer o mesmo. RKB – Você faz parte do time de talentos da Virtuosi Produções Artísticas. Fale sobre essa parceria. LR: É uma parceria que está se mostrando super promissora. A Virtuosi vem crescendo muito, grandes artistas estão entrando para o time e para mim é uma grande alegria trabalhar com eles. RKB – Continue a frase: a música tem o poder de.... LR: Transformar e melhorar a nós mesmos. RKB – Podemos dizer que Luis Rabello é um pianista realizado profissionalmente? LR: Temos que estar felizes o suficiente para ter o entusiasmo de seguir trabalhando e, de uma certa forma também, um pouco de insatisfação é também um ingrediente importante na receita, faz com que a gente siga batalhando para galgar espaços ainda mais altos na carreira. A realização profissional vem de um equilíbrio entre a entusiasmo e insatisfação.
RKB – Tem em vista projetos futuros? LR: Concertos aqui na Europa neste primeiro semestre de 2017. Em agosto devo entrar em estúdio para gravar a obra completa para violino e piano do Radamés Gnattali junto com uma grande violinista holandesa, Floor Braam. Começamos um duo esse ano, a química musical é super boa e é um grande prazer tocar com ela. A poucos dias recebemos a notícia de que o projeto para gravar esta obra para piano e violino do Radamés foi aprovado pelo Edital de Fomento da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, tendo recebido a nota mais alta na categoria música concorrendo com milhares de outros projetos. RKB – Gostaria de deixar uma mensagem aos leitores da Revista Keyboard Brasil? LR: Quero dizer aos leitores da Revista Keyboard Brasil que esta é uma publicação de alta qualidade e que sigam prestigiando o trabalho da revista. Outra coisa, escutem música boa, não importa se clássica ou popular. A boa música faz bem para alma, apura o nosso senso estético e, muitas vezes, também nos cura. RKB – Desejamos sucesso sempre e feliz Natal! LR: Um feliz Natal e um próspero ano novo a todos! Um feliz 2017 para todos nós!
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 26 / Revista Keyboard Brasil
Revolução Musical
Psycothronic Especial GRANDES TECLADOS E TECLADISTAS D O RO C K !
28 / Revista Keyboard Brasil
INCLUSO CD LINK SENHA: M URO
O grupo brasileiro de rock progressivo Som Nosso de Cada Dia era formado por Manito (teclados, saxofone e flauta), Pedro Baldanza, o "Pedrão" (guitarra e baixo) e Pedrinho Batera (bateria e vocais). A banda também gravou temas influenciados pela black music e o funk de James Brown.
TERRITÓRIO VASTÍSSIMO A SE EXPLORAR... ESSE MÊS FALAREI DA INSERÇÃO DOS TECLADOS NO ROCK DESTACANDO, EM ESPECIAL, A BANDA SOM NOSSO DE CADA DIA. * Por Amyr Cantusio Jr.
D
e certo não vai dar para mapear minuciosamente este artigo. Então partiremos da premissa em
que a inserção dos teclados no rock
mudou em muito sua estrutura. Começando com os pianos de Little Richard e Jerry Lee Lewis que, com uma técnica primitiva, porém arrasadora, um misto de jazz, blues e country, conseguiram mudar e desbancar – em parte – a guitarra do centro das atenções. Mas a coisa foi ficando mais quente quando o mellotron [instrumento de teclados orquestral] foi colocado pela primeira vez em cena, no som do grupo
inglês The Moody Blues. Isto por volta de 1966. A partir de então, os Beatles utilizariam cravos, pianos elétricos, o recém-criado Mini Moog – entre outros sintetizadores – em sua música. No grande desfecho de 1967-1978 surgiriam 'às pencas' bandas que se utilizariam destes instrumentos em larga escala. Principalmente as de rock progressivo, acid rock, kraut rock, eletrônicas e hard rock. Keith Emerson e Jon Lord [respectivamente The Nice e Deep Purple] inauguraram a era dos virtuoses eruditos no piano e hammond organ, seguidos de Revista Keyboard Brasil / 29
Vincent Crane [Atomic Rooster] e Ken Hensley [Uriah Heep], bem como Rick Wakeman [Yes], Rick Van Der Linden [Trace], Richard Wright [Pink Floyd], Hugh Banton [Van Der Graaf Generator], Kerry Minnear [Gentle Giant], Klaus Schulze [Ash Ra Temple, Tangerine Dream e uma estupenda carreira-solo], além de Edgar Froese, Christopher Franke, Peter Baumann, Johannes Schoemelling e Michael Hoenig atuando no lendário Tangerine Dream, uma das poucas bandas a se utilizar em massa quase que somente os sons de sintetizadores. 30 / Revista Keyboard Brasil
Ainda temos Ed Jobson [Zappa, U.K., Jethro Tull] Michael Quatro [irmão da Suzi Quatro], Jurgen Fritz [ Tr i u m v i r a t ] , D a v i d G r e e n s l a d e [Greenslade], entre outros monstros. Os teclados principais utilizados neste período são as variações do Mini Moog (criado em 1968 na forma de teclado, detonado por Keith Emerson, Walter Carlos e George Harrisonpioneiros), Hammond C3 e B3 [órgãos], Mellotron, Arp Strings Odissey, Elka Arp Strings, Farfisa Organ, VC3 Choral Voice Oscilator, Fender Rhodes Electric Piano e Acoustic Grand Piano.
Fotos: Divulgação
The Moody Blues – 1970
Algumas bandas regidas pelo magnífico teclado [para citar algumas das mais importantes]: Genesis, Gentle Giant, Yes, Pink Floyd, Van Der Graaf Generator, Procol Harum, Uriah Heep, Deep Purple, Tangerine Dream, Popol Vuh, Atomic Rooster, Triumvirat, Kraftwerk, Jean Michel Jarre, Vangelis, Kitaro, Deuter, Cluster & Eno, Greenslade,Synergy ( Larry Fast) e Klaus Schulze. No rock progressivo da Itália, França, Alemanha e Argentina – principalmente nesta
época – somam-se mais de 2 mil grupos calcados nos teclados. Basta ter paciência e pesquisar. E, agradecer ao pai do piano, o italiano Bartolomeu Cristofori [por volta de 1709], a criação de tão maravilhoso instrumento, que foi o elo do antigo cravo com os atuais sintetizadores: o piano. Para citar o Brasil, temos o grupo Som Nosso de Cada Dia com o maravilhoso álbum SNEGS de 1974, o qual o LINK CD deste mês presenteia os leitores na íntegra! Som Nosso era liderado pelo MANITO (ex-Incríveis, falecido em 2011) tecladista, violinista e saxofonista virtuose que neste disco destrói magnificamente Moogs, Hammons,Violinos e Sax!!! Em bandas nacionais temos Casa das Máquinas, Terreno Baldio, Spectro, Tellah, Som Imaginário, Modulo 1000, Quantum, III Milenio, Moto Perpétuo (do exuberante Guilherme Arantes), Alpha III, e tantos outros... Território vastíssimo a se explorar. Aqui nesta matéria
fica só o pontapé inicial para os interessados! Feliz Natal e grande 2017 para todos!!
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 31
Musicando
Reggaebelde Project 2 REGGAE BASEADO EM POESIA A MISTURA DE REGGAE, SKA E ROCKSTEADY COM O TEMPERO DA MÚSICA BRASILEIRA PELAS MÃOS DE ANTONIO CARLOS. Redação
34 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Divulgação
2
L
a nçado ano passado, o segundo álbum da trilogia Reggae baseado em poesia é composto por 12 músicas. Suas letras
trazem reflexões sobre o cotidiano, a sociedade, a justiça e a consciência social. O teclado está em evidência na base. A guitarra com o pedal WahWah nos arranjos, solos e frases deixam um clima hipnótico, característica fundamental do reggae. A bateria e o contrabaixo são marcantes no segundo álbum enfatizando o DNA do reggae. “Escolhi o reggae pela magia do som e proximidade com o xote, sem vínculo religioso (rastafári) nem com a cultura e os costumes jamaicanos”, comenta Antonio Carlos. Em Reggae Baseado em Poesia, Antonio Carlos tem como parceiros, os músicos Cardo Peixoto com três músicas (Desejo de Pensar; Rastro da Imaginação; Tempo de Sonhar e Realizar); Karin Martins (Pés Ligeiros); Elisete Retter (Asas); Luiz Rojas (Cisne da Índia); Eugênio Black (Sem Amor); Sonekka (Em Algum Lugar); Rogério Granja (Obrigado por Existir); Cadu Marques (Meninas da Nicarágua); Carlos Mahlungo (A Canção Comuna); Emmy (Sou Mestiço). Antonio Carlos cantou e tocou o Teclado nas 12 músicas. Tiago Stocco fez a direção musical, os arranjos e tocou a guitarra. Edu Camargo gravou as linhas de contrabaixo e Ricardo “Pitchú” Scarto gravou a bateria. Essa formação deixa a sonoridade do álbum com maior peso na base: baixo, bateria e teclado. E os arranjos e solos valorizando mais a musicalidade que o virtuosismo do guitarrista. O reggae é uma música que traz a mensagem de paz, amor, alegria, união, positividade e conscientização. Por isso a temática social dos poemas e letras se aproximando do rocksteady (vertente que tem foco na consciência social e política). Revista Keyboard Brasil / 35
O projeto - a banda de um
Reggaebelde Proj ect é uma proposta musical dentro do gênero reggae idealizad a pelo jornalista , poeta e músico paraibano Anton io Carlos com o obje tivo de lançar um a Trilogia: Reggae ba seado em Poesia, através dos poem as de seu livro Poemas D' Versos Poemas, lançado em 1998 e das letr as que ganharam melodias. O prim eiro foi lançado em 2008. O segundo, em 2015. O terceiro e último começará a ser gravado em 2017. Idealizador do pr ojeto, Antonio Carlos é autor de todas as letras . Tocou contrabaixo no primeiro álbum e no segundo, tecl ado onde também assumiu o vocal. O nome Reggae belde faz a união das palavras Reggae e Rebeldia formando uma sí ntese da crítica, da consciência e da ju stiça social que se propõem o projeto. O maior objetivo é através da mensa gem dos poemas e das letras desper tar a consciência e crítica social do ou vinte. Reggaebeld e faz reggae para da nçar, se divertir e pensar.
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homem só....
Co aregg ntato: (11 ) 99 aeb regga elde@ho 853 - 5545 tm ebeld e@gm ail.com ail.co m
band
Antonio Carlos: “O homem modifica a natureza e a arte transforma o homem em um ser melhor.”.
Foto: Bolivia & Cátia Rock
Por Dentro
A banda STORMSONS é formada por: CADU PELEGRINI – Voz e guitarra BRUNO LUIZ – Guitarra HENRIQUE BABOOM – Baixo MATEUS SCHANOSKI – Teclados RODRIGO ABELHA – Bateria.
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Storm ons
e o EP 555
O SOM PESADO E AO MESMO TEMPO HARMONIOSO DO ATUAL TRABALHO DA BANDA, RECENTEMENTE DISPONIBILIZADO PARA AUDIÇÃO COMPLETA, TRAZ O OCULTISMO EM FORMA DE MÚSICA ANUNCIANDO SEU FUTURO PROMISSOR. * Heloísa Godoy Fagundes
38 / Revista Keyboard Brasil
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tormSons é uma banda de primeiro Rock na Porta da Woodstock Discos.
Stoner Metal / Southern Rock de São Paulo – Brasil formada em 2015 por Cadu Pelegrini (Kiara Rocks e Corazones Muertos) nos vocais, Bruno Luiz (Command 6 e Supla) na guitarra, Henrique Baboom (Supla) no baixo, Mateus Schanoski (Tomada e Golpe de Estado) nos teclados e Rodrigo Abelha (Nacionarquia e Anjo dos Becos) na bateria. A banda possui como principais influências, Black Sabbath, Pantera, Metallica, HIM e Depeche Mode. O clipe do primeiro single, Hollow Man já conta com mais de 50 mil views em poucos meses. Em junho de 2016 a StormSons foi convidada para abrir o show da lendária banda escocesa Nazareth em São Paulo, fazendo um show memorável para uma multidão. Em seguida, também fez o
Lançado em 2015, o EP de estreia entitulado "555" lançado digitalmente em todas as plataformas no mesmo ano e, em formato físico, no ano seguinte, foi gravado nos estúdios Midas e Toque Final Mastering. Mixado e masterizado por Henrique Baboom e produzido por StormSons e Henrique Baboom. As letras compostas por Cadu Pelegrini, giram em torno do misticismo e ocultismo tendo como principais influências, Aleister Crowley e Edgar Allan Poe. ‘‘555’’ conta a estória de uma pessoa que recorre a magia e rituais para conseguir entender o significado da sua obsessão pelo numero 555 e o porque desses 3 números mudarem a sua vida para sempre. O EP está em todas as plataformas de Streemings.
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 39
Sobre os sons
Sérgio Ferraz e Antonio Madureira
A música do
Movimento
Armorial
Romançal – o pós armorial Parte final 40 / Revista Keyboard Brasil
Grupo Romançal.
UMA MISTURA BEM DOSADA DE RITMOS, NOTAS E INSTRUMENTOS, MESCLANDO REFERÊNCIAS DA MÚSICA CLÁSSICA A UM ESTILO POPULAR. ESTA É A PRIMEIRA IMPRESSÃO DE QUEM ESCUTA AS COMPOSIÇÕES DO QUARTETO ROMANÇAL E É SURPREENDIDO COM UMA DIVERSIDADE DE SONS ESSENCIALMENTE BRASILEIROS. * Por Sergio Ferraz
C
om o fim do Quinteto Armorial em 1980, Ariano Suassuna declara encerrado o Movimeto Armorial.
Contudo, os virtuosos músicos do Quinteto seguiram carreira solo, a exemplo de Antonio Carlos Nóbrega que passa a residir em São Paulo, onde inicia seu trabalho como multi-artista, reunindo dança, música e teatro em seus espetáculos. Para São Paulo também foi, no início dos anos de 1980, Antonio
“Zoca” Madureira. Em Sampa Zoca participou de diversos projetos como instrumentista e compositor, reafirmando seu nome como um dos grandes do Brasil. Em 1995 Antonio Zoca Madureira forma o Grupo Romançal. Com o Romançal, ele lança dois CDs e realiza centenas de concertos em todo o Brasil e também Europa. Em 2007, Madureira me faz o honroso convite para fazer parte do Grupo Romançal e também para Revista Keyboard Brasil / 41
O escritor Ariano Suassuna em suas aulas-espetáculo.
integrar a equipe de artistas que viajam com o escritor Ariano Suassuna em suas aulas-espetáculo. Começa, a partir de então, minha participação e colaboração na fase pós armorial. Fruto da minha contribuição à música armorial e da parceria com Zoca Madureira foi o álbum Segundo Romaçário, um duo instrumental de violão e violino. Deste álbum com 12 faixas, lançado em 2010, eu destaco Romançário, Campanário e Vaga Música de autoria de Madureira, e Festa na Aldeia, Armoriando (para violino solo) e Sonata Romanesca de minha autoria. Percebendo que não havia entre as diversas composições armoriais, um concerto para violino e orquestra, e sendo esse instrumento tão representativo da música armorial, decidi então compor o Concerto Armorial para violino e orquestra dedicado ao escritor Ariano Suassuna. Desse concerto, resultou o álbum Concerto Armorial (2014). Dividi o álbum em três partes, cada uma representando uma das matrizes da música armorial, como via Suassuna. Então nele temos a Suite Ibérica, a Suite Mouresca para rabeca e percussão, e finalizando o trabalho, o Concerto Armorial para violino e orquestra.
A música do Movimento Armorial inspirou outros tantos grupos e movimentos artísticos cada qual com suas particularidades. E, acredito que o maior legado do Movimento Armorial foi justamente o de deixar aceso a chama da vontade, da busca de uma arte genuína onde o artista esteja consciente dos elementos regionais, universais, do tradicional e da vanguarda, criando assim uma música genuína e original.
* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. 42 / Revista Keyboard Brasil
Perfil
Zeca Quintanilha
O tecladista multifacetado e pregador da palavra de deus
44 / Revista Keyboard Brasil
CONHEÇA O MÚSICO CARIOCA, ATUANTE NO CENÁRIO GOSPEL E PREGADOR DA PALAVRA DE DEUS. * Por Rafael Sanit
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ecladista, produtor, diretor musical, professor e escritor atuante no cenário gospel há 15 anos, Zeca Quintanilha é
Mestre em Música pela UFRJ, Licenciado na área de Educação Musical pela mesma universidade, onde trabalhou como Professor no Departamento de Educação Musical e Musicologia (UFRJ) e leciona aulas de música na FAETEC (RJ). Desenvolve em todo o Brasil, projetos de workshops e seminários para músicos voltados para área do acompanhamento e papel ministerial. Fez parte da Orquestra Municipal de São Gonçalo (RJ). Possui em sua formação cursos como o de Harmonia funcional do CIGAM (Centro Ianguest de Aperfeiçoamento Musical) e o Curso Técnico de Regência Vocal pela Escola de Música Villa Lobos. Quintanilha também é autor de três livros voltados para o crescimento e amadurecimento ministerial de grupos de louvores, a coleção Cultivando um Relacionamento com Deus, tem servido como inspiração, para muitos músicos que atuam no cenário gospel, bem como pessoas que estão desejando a aprender a tocar um instrumento musical e se dedicar a música dentro da igreja a serviço do Reino de Deus. Diversos nomes do cenário gospel escreveram depoimentos sobre esta coleção de livros, como: Laura Souguellis, Gabriela Rocha, Marcelo Aguiar (Renascer Praise), Israel Salazar, os produtores musicais Rogério Vieira e Stéfano de Revista Keyboard Brasil / 45
46 / Revista Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil / 02
Foto: Caio - V Revista Keyboard Brasil / 47
autor tanilha é in u Q , o para o músic lt a d o s Além de o v s o r li v e c im e n to d e tr ê s amadur e to n e louvores c r e s c im rupos de g e d l a ministeri
Moraes. Os livros que compõem a coleção são: Sementes da Adoração, Raízes da Adoração e Flores da Adoração, previsto para ser lançado em dezembro de 2016. A coleção fica pronta em 2017 com o livro Frutos da Adoração, sendo este o último livro da coleção. O músico desenvolve em seu canal do YouTube uma série de vídeos chamados “Adoração sem Palavras”, com um alcance muito significativo, e com performance muito simples, dedicadas inteiramente a Deus que, por sua vez, tem gerado em nossos dias frutos muito especiais. A ideia dessa série é apenas trazer às pessoas a Presença de Deus sem palavras. Um gesto de adoração, sendo o retorno de cada pessoa um presente, e a certeza de que Deus faz muito mais do
que imaginamos. Já acompanhou nomes como Betânia Lima (Mk Music), Marcelo Dias e Fabiana (Mk Music), Pr. Joe Vasconcelos (Graça Music), NatinhoBattera (músico instrumental), Thalita Pertuzatti, Michelly do Valle, entre outros. Há seis anos acompanha, como tecladista e diretor musical, a banda da cantora Gabriela Rocha (Sony Music), dessa maneira, participou de importantes projetos da artista, como o Sony Music Live, os três últimos clipes das canções: Atos 2, Meu Salvador e Me aproximou. Sendo esta última, uma canção que também é de sua autoria em parceria com a própria cantora, juntamente com Hananiel Eduardo e André Aquino, além do DVD Até transbordar, lançado em dezembro de 2016, pela Sony Music.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. 48 / Revista Keyboard Brasil
Crítica Musical
Maestrick U n p u z z l e CONHEÇA A OBRA MODERNA BASEADA NO REALISMO FANTÁSTICO! * Por Amyr Cantusio Jr.
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50 / Revista Keyboard Brasil
Trazendo ao conceito de sua arte influências de grupos como Queen, Metallica, Dream Theater e movimentos artísticos como o surrealismo e obras do artista e diretor cinematográfico, Tim Burton, a banda Maestrick de estilo Rock/Metal progressivo, apresenta as mais diversas facetas artísticas como música, pintura, cinema, literatura, teatro e dança.
SOBRE A BANDA
Fotos: Divulgação
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m 2011 a banda de rock/metal progressivo brasileira Maestrick , presenteou o mercado da música com uma obra de valor
inestimável. O álbum “Unpuzzle!” reuniu 11 faixas de uma musicalidade genial, com referências a movimentos artísticos como o surrealismo e diálogos com vários segmentos como o cinema, pintura, literatura, dança e artes cênicas. Os próprios músicos do Maestrick intitularam seu trabalho na época como uma aquarela musical. “Unpuzzle! ” é um trabalho que irá agradar alguns, e outros talvez se surpreendam. Tem variações e entradas no campo progressivo, mas não é um álbum de rock progressivo estritamente falando. “Obra de Mestre“, “Fascinante” e “Único” foram alguns adjetivos que o grupo recebeu na imprensa internacional com “Unpuzzle“. Outra obra fantástica contém clássicos do Yes, Beatles, Pink Floyd, Queen Rainbow e Jethro Tull que ganharam novas versões em “The Trick Side Of Some Songs. Nesse trabalho, o Maestrick prestou uma justa homenagem àquelas bandas que mais lhe influenciou. A capa é magnífica! Vale a pena conhecer !
A banda brasileira de Rock Progressivo / Heavy Metal, Maestrick, aborda a música de forma ampla. Trazendo ao conceito de sua arte influências de grupos como Queen, Metallica, Dream Theater e movimentos artísticos como o surrealismo e obras do artista e diretor cinematográfico, Tim Burton, propondo uma “Aquarela Sonora” entre as mais diversas facetas artísticas como música, pintura, cinema, literatura, teatro e dança. Formada na cidade de São José do Rio Preto/SP, no ano de 2006, a banda conta hoje com Fabio Caldeira (vocal e piano); Renato “Montanha” Somera (baixo e vocal); Heitor Matos (Bateria e percussão) e Paulo Pacheco (Guitarra).
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 51
Enfoque
225 anos da morte de Mozart:
Segredos e Mentiras MOZART - UM DOS MAIORES MÚSICOS DE TODOS OS TEMPOS - NUNCA TEVE UMA SAÚDE EXCELENTE E SEU FALECIMENTO É CERCADO DE MENTIRAS. FICOU CURIOSO? LEIA! ** Por Maestro Osvaldo Colarusso
André Luiz 54 / Revista Keyboard Brasil
C
reio que a morte de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), acontecida há 225 anos, em 5 de
dezembro de 1791, é o falecimento de
um compositor mais cercado de fantasias e inverdades de toda a história. A quantidade de lendas e mentiras é tão grande que fica difícil até mesmo questioná-las, não só porque a grande maioria das pessoas torce para que elas sejam verdadeiras, mas pelo fato de estarem já impregnadas no imaginário coletivo. As lendas vão de um suposto envenenamento (cujo causador teria sido o compositor Antonio Salieri, músico injustiçado pela história) até uma detalhada teoria de um plano conspiratório elaborado no século XX por uma “sensitiva” alemã, chamada Mathilde Ludendorff. Não há dúvida de que Mozart morreu cedo demais, completaria 36 anos no mês seguinte de sua morte, mas a tragédia tem aspectos muito mais de uma consequência de sua vida pregressa do que de uma fatalidade causada por uma incompreensão coletiva. Mozart nunca teve uma saúde excelente, e durante sua vida “colecionou” uma série de doenças: Varíola, tonsilite, bronquite, pneumonia, febre tifoide, reumatismo e problemas graves das gengivas. Ter contraído uma infecção séria que o levou à morte prematura não é, portanto, algo inesperado para alguém que conviveu com tantos problemas de saúde.
– AS ÚLTIMAS OBRAS DE MOZART: MAIS ALEGRIA DO QUE TRISTEZA Ao conhecermos as obras que Mozart escreveu em 1791, último ano de sua vida, vemos que há uma contradição enorme frente ao lento e progressivo calvário que muitos acreditam que o compositor teria vivido. Em janeiro deste ano, Mozart escreveu a mais alegre de suas canções, “Sehnsucht nach dem Frühling IK 596” (Ansiando pela primavera) e, em abril deste mesmo ano, escreveu sua última obra prima de música de câmara, seu “Quinteto para cordas em Mi Bemol Maior IK 614”, obra das mais alegres e bem-humoradas de toda a sua produção camerística. Sua ópera “A flauta mágica”, de setembro deste ano, contém algumas das páginas mais alegres de toda a história da música, e o “Concerto para clarinete e orquestra IK 622”, composto no final de outubro de 1791, é uma obra recheada de paz e alegria. A única obra que pode ser vista como trágica e mórbida é seu inacabado “Requiem IK 626”, e sobre esta obra vale a pena tentarmos também desmistificar sua concepção.
– O REQUIEM DE MOZART: UMA OBRA CERCADA DE LENDAS Não há dúvida que uma Missa de Requiem ser esboçada junto à morte de seu autor é um combustível bem eficaz para lendas fantasiosas. Revista Keyboard Brasil / 55
Gravura de 1882 absurdamente fantasiosa.
56 / Revista Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil / 57
Acima: Gravura da imagem de Mozart realizada em 1789
Ao lado: Manuscrito inacabado do Requiem de Mozart
A realidade dos fatos é, no entanto, muito menos glamurosa. Mozart foi procurado em maio de 1791 por um nobre, o Conde Franz von Walsegg, que financiava obras que ele fazia passar como sendo de sua autoria. Ele encomendou para Mozart uma Missa de Requiem para sua falecida esposa (que morreu aos 20 anos de idade), e lhe pagou um adiantamento bastante substancioso.
A ansiedade de Mozart em completar o Requiem era muito mais uma questão financeira do que uma razão de cunho místico, e a própria pressa da viúva de Mozart em fazer com que a partitura fosse terminada após a morte do compositor tem a ver com a expectativa de receber a última parte do pagamento de Walsegg. 58 / Revista Keyboard Brasil
Não há dúvida de que o Requiem de Mozart poderia se tornar sua maior obra sacra, mas da forma apenas esboçada deixada pelo compositor não há uma coerência típica de uma obra prima. Apenas o primeiro movimento do Requiem foi composto integralmente por Mozart. Todo o resto foi escrito por um discípulo e amigo do compositor, Franz Xaver Süssmayr (1766-1803), que além de completar os esboços, compôs movimentos inteiros. O Santus, o Benedictus e o Agnus Dei não contém uma nota sequer de Mozart, e mesmo o famoso “Lacrimosa” tem apenas 8 compassos do compositor. É um pouco melancólico pensar que, na prática, o “Requiem em Ré menor IK 626” é menos da metade do próprio Mozart.
Muito tem se falado que Mozart foi enterrado anonimamente numa vala comum como indigente. Robbins Landon em seu livro “1791- o último ano de Mozart” desmente completamente esta lenda. O funeral foi custeado pelo Barão Gottfried van Swieten e acompanhado por músicos da estatura de Salieri e Süssmayr. A lenda de um cachorrinho ter sido o único a acompanhar o féretro de indigente é de um tal de Joseph Deiner, num fantasioso texto de 1856 publicado num jornal de Viena no dia do centenário do nascimento do compositor que, infelizmente, acabou sendo incluído em diversas biografias de Mozart. Um desserviço. Mozart foi real-
mente um dos maiores músicos de todos os tempos. Sua morte prematura é uma perda irreparável, mas não há necessidade alguma em torná-la mais patética às custas de mentiras. Por si só já é uma tragédia.
* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. Revista Keyboard Brasil / 59
Mundo Progressivo
A MISTURA DO GOSPEL COM O METAL PROGRESSIVO DA BANDA
Vigans
UM METAL PESADO, TÉCNICO E COM MUITA MELODIA, COMPLEMENTADO PELO TRATAMENTO ESPECIAL DADO AS LETRAS DE CADA CANÇÃO, TODAS EM PORTUGUÊS. CONHEÇA A BANDA VIGANS! * Por Heloísa Godoy Fagundes
62 / Revista Keyboard Brasil
Os integrantes da banda Vigans: Damiller Figueiredo - Vocal, Léo Toscaro - Guitarras Gustavo Golfetti - Guitarra, Marquinhos Uliam - Baixo, Edu Freitas - Bateria, Junior - Teclado.
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undada em meados de 2000 na cidade de Campinas, interior de
São Paulo, pelo baixista Marquinhos Uliam e pelo exvocalista Rafael Secco, a banda de Metal/Rock Progressivo VIGANS, diferentemente do habitual, ingressou no meio musical com composições próprias conquistando uma legião de fãs. Suas mensagens possuem um objetivo principal: levar a palavra de Deus, com mensagens de conforto e paz aos corações humanos, confrontando a religiosidade e o preconceito dentro e fora da igreja. Seu reconhecimento se deve à seriedade e competência revelando um trabalho sério, maduro. A banda já participou de grandes eventos e tocou com vários artistas do meio Gospel, tais como: Brother Simion, Oficina G3,
Militantes, PG, Elekta, entre outros. “No princípio tudo era feito como diversão, mas depois de algum tempo, percebemos que nosso som começava a atingir as pessoas de uma forma positiva. Anos depois consegui montar um time de músicos experientes e com um comprometimento profissional mantendo a mesma ideologia”, analisa Marquinhos Uliam Em 2010, a banda ganhou uma nova formação mantendo intacta a essência de suas mensagens. “Sabemos que não podemos salvar o mundo, mas acreditamos que a mudança começa em nós, para isso temos que lutar e pedir forças para continuar, irmos ao encontro do nosso alvo e recomeçar”, conclui seus integrantes.
Além do Caos Após anos de estrada, a banda VIGANS lança seu álbum de estreia, de forma independente, visando uma maior liberdade para trabalhar, compor e divulgar o material. “Além do Caos” foi lançado nos formatos digital e físico. O disco contou com pré-produção musical de Ricky Furlani. Gravado e produzido no Mr. Som Estúdios em São Paulo, pela premiada dupla Heros Trench e Marcello Pompeu. Temas como luta, superação, recomeço, fé e liberdade, podem ser encontrados em todo o disco, o que mostra a preocupação da banda em passar mensagens positivas e inspiradoras aos seus ouvintes. “O álbum 'Além do Caos' foi gerado e fundamentado dento do que vivemos no nosso dia-dia. Pretendemos passar uma mensagem de paz ao coração humano, pois infelizmente na atualidade vivemos em meio a um grande caos, onde pessoas vivem sem respeito a si mesmas e ao seu próximo. Nosso público alvo são as pessoas que estão vivendo em meio a esse caos”, comenta o Revista Keyboard Brasil / 63
baixista e fundador Marquinhos Uliam. “Além das nossas letras, tentamos passar essa ideologia na nossa capa, a criança representando a pureza do coração e a caixinha de música uma esperança em meio a esse grande caos chamado mundo”, complementa o músico. A arte gráfica de “Além do Caos”, foi desenvolvida pelo renomado designer Gustavo Sazes, conhecido por seus inúmeros trabalhos com grandes nomes na cena da música pesada.
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O álbum 'Além do Caos' foi gerado e fundamentado dento do que vivemos no nosso dia-dia. Pretendemos passar uma mensagem de paz ao coração humano, pois infelizmente na atualidade vivemos em meio a um grande caos, onde pessoas vivem sem respeito a si mesmas e ao seu próximo.
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Marquinhos Uliam - baixista e fundador.
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Junior Keyboard
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einaldo Gonzaga Junior ou, simplesmente, Junior Keyboard é músico autodidata. Iniciou a carreira musical aos 8 anos de idade, tocando bateria. Ao longo do tempo foi se interessando por violão e guitarra onde, para aprender, recorreu a livros e apostilas. Aos 11 anos, deu início sua paixão pelas teclas e, hoje - teclado e piano - são seus instrumentos principais. Sob influências das bandas de Metal, aprofundou-se no estudo do rock com teclado, passando a se dedicar às suas vertentes: Metal, Heavy Metal, Metal Progressivo, Melodic Death Metal, entre outros, por isso as influências de bandas como: Dream Theater, An Endless Sporadic, Children of Bodon, Épica, Nightwish, Evanescence, Skillet, Static X e Demon Hunter. Ingressou em sua primeira banda de escola chamada ACJ3, tocando rock, na década de 2000. Ao longo do tempo, começou a tocar na igreja, sozinho, aperfeiçoando sua audição e agilidade. Com o tempo, dedicou-se ao estudo da música clássica. Aos 16 anos, formou sua segunda banda chamada CR16, tocando músicas autorais e covers de rock gospel. Aos 23 anos, foi convidado a fazer um teste para se tornar um integrante da banda VIGANS, iniciando sua parceira com Gustavo Golfetti, Du Freitas, Mark Uliam, Leo Toscaro e Dan Figueiredo (conhecido a bastante tempo por frequentarem a mesma igreja). Junior já tocou em diversos eventos, tais como Marchas para Jesus, Festival Promessas de Curitiba, Demolicar e Music Hall, dentro da maior feira de música da América Latina, a ExpoMusic, nos anos de 2015 e 2016 com a Vigans. Atualmente, está trabalhando em seu projeto no YouTube que será lançado em breve e faz viagens com a banda e eventos à parte com outros cantores. Já dividiu o palco com grandes nomes da música gospel, dentre eles, Fernandinho, Livres Pra Adorar e André Valadão. Dedica-se ao estudo da Black Music, Soul Music, Disco Music e Música Eletrônica tendo, como referência, Steve Wonder, Banda Templo Soul e Kirk Franklin. Seu set up é composto por um Korg PS-60 Custom e um MicroKorg XL, porém já trabalhou com synths como Roland RS-5, Roland linha XP, Korg 0-5 RW e Yamaha S 70. * Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 65
https://soundcloud.com/vigans https://www.youtube.com/user/VigansOficial
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Outros sons
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Jerimum de Olinda CONHEÇA A SONORIDADE QUE VEM DO NORDESTE PELAS MÃOS DO TALENTOSO COMPOSITOR E PERCUSSIONISTA. *Redação
A
rtista pernambucano com 23 anos de carreira, Jerimum de Olinda desde criança escutava
música com o pai e era costume ser colocado para dormir ouvindo Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Mais velho, recebeu influência dos irmãos que ouviam em casa os clássicos LPs “Cantoria”, do quarteto formado por Geraldo Azevedo, Elomar, Vital Farias e Xangai. Como demonstrava sua aptidão para música batendo em latas e baldes da casa, chamou a atenção do irmão mais velho, o Mestre Lua, músico que tocava na Banda Phoenix. A princípio, Mestre Lua propôs que o irmão mais novo começasse trabalhando como roadie, auxiliando os músicos nas passagens de som, montagem e desmontagem dos instrumentos. E, foi assim que Jerimum foi pegando gosto pelo ofício. Certa vez, ouviu falar em um
grande percussionista pernambucano que fazia muito sucesso no exterior e resolveu comprar seu disco, era um disco de Naná Vasconcelos! Virou fã na primeira audição!! Desse dia em diante teve a certeza que seria percussionista, tanto que pouco tempo depois foi escalado para trabalhar na banda “Escala Vermelha”, entrando depois para o grupo “Os Moleques”, começando, em seguida a gravar em estúdio nas produções de Felipe Maia. A grande oportunidade da carreira foi quando Jerimum começou a tocar com o músico Cláudio Almeida. Trabalhando com Cláudio, violonista respeitado, seu trabalho ganhou visibilidade e maturidade. Por possuir uma técnica apurada Revista Keyboard Brasil / 69
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Fotos: Alrinha Felix
nas gravações de discos em estúdio, passou a gravar nos discos dos principais artistas de Pernambuco e de grandes nomes da música regional e nacional, tais como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Xangai, Amelinha, Geraldo Maia, Zoca Madureira, Maciel Melo, Banda Ave Sangria, Josildo Sá e Paulo Moura, Marina Elali, Domiguinhos, Sergio Ferraz, CD do Bale Popular do Recife,Flavio Jose, e também do seu ídolo, Naná Vasconcelos, dentre muitos outros. Foi percussionista das aulas espetáculo de Ariano Suassuna, Toca na Orquestra do Baile do Menino Deus, gravou a percussão da trilha sonora do filme Aos Ventos que Virão. Participou do filme de Paulo Moura, Gravou com Maciel Melo uma trilha para a Turma da Mônica. Tocou na Opera Lua Alegria de Paulo Matrico. Participou do Som Brasil especial de Djavan. Após mais de duas décadas de experiência, Jerimum gravou seu primeiro disco autoral Instrumental! O segundo de sua carreira. A música 6, que dá título ao disco, é uma mostra do potencial sonoro do músico. “ENTRE AMIGOS”, de Charles Brown, baixista e produtor do disco junto com Jerimum, é ciranda, maracatu, samba e jazz numa só faixa. A música também traduz a atmosfera da gravação do disco, um trabalho feito por amigos que vêm se encontrando em trabalhos diversos e que tem um respeito e admiração mútuos. O disco abre com a faixa BIAM DHIFÃ, de Jerimum de Olinda. A música foi composta inspirada nos movimentos do bailarino chamado Biam Dhifã. Jerimum foi imaginando a performance de Dhifã e compondo a música. Essa música tem grande importância afetiva para o percussionista, pois quando a finalizou, soube que Biam estava hospitalizado realizando tratamento de
Contatos: Fone: (81) 99955-8957 TIM e Zap (81) 98787-5314 OI E-mail: jerimumdeolinda@hotmail.com
leucemia. Jerimum e Biam ouviram a música no hospital, num momento muito emocionante para ambos. Alguns meses depois Biam entrou em contato com Jerimum para dizer que havia se curado da leucemia e que a trilha do percussionista foi a trilha da sua cura! “EM SETE”, música de Jerimum “ENTRE AMIGOS” também traz ritmos afro brasileiros, uma ciranda intitulada “LIA”, em homenagem a sua irmã, cantada por Geraldo Azevedo; traz o samba “LUCIANA”, de Jerimum em homenagem a sua esposa; "RABECA TABLA JAM' de Jerimum de Olinda e Sergio Ferraz “BAIÃOZINHO PRA SIVUCA”, música de Claudio Almeida, com participação de Beto Hortis na sanfona; “COCO MODERNO”, como o nome já diz, é um coco que junta flauta à batida da pedaleira em loop; e como não podia faltar, o amigo irmão Cesar Michiles compôs e toca junto com Jerimum o frevo “ESSE É O TOM”, um duelo de flauta e pandeiros!! Um trabalho grandioso e expressivo.
A vista do meu ponto
MÚSICA E ILUMINAÇÃO TENHO LIDO MUITO SOBRE ESTE ASSUNTO: ILUMINAÇÃO. NÃO VOU FALAR DA MÚSICA PORQUE TODOS SABEM O QUANTO ELA É IMPORTANTE E FUNDAMENTAL NA VIDA DAS PESSOAS. ESTE MÊS VOU FALAR DE ILUMINAÇÃO.
* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
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atinge esta unidade, não somente você se torna um iluminado, mas acaba desligando-se, completamente, do sofrimento. Que maravilha, não? Se for assim, tô dentro...
A grande maioria dos mestres espirituais nos diz que a Iluminação é o estágio que devemos alcançar para nos conectar profundamente com o Ser. Significa que temos que nos iluminar para realmente entendermos o sentido de vida e morte, certo e errado, tempo e espaço, essas dualidades que complicam o nosso dia a dia. E quem é o grande empecilho para atingirmos este estágio? A mente. A nossa mente nos confunde sempre. Dentro de nossa cabeça há sempre uma voz que “parece” estar no comando. Ela nos diz o que fazer; julga, interpreta, dá veredito, cria imagens e rótulos, toma decisões, nos escraviza, enfim. Meditação é a solução, sugerem os mestres espirituais. Através da meditação você desliga-se desta voz interior e passa a viver o caminho da purificação, exatamente no espaço vazio que indica a unidade, a universalidade. Só através da Meditação? Não! Também, e de maneira muito mais fácil, através da Música. O simples ato de
O mundo está carente de pessoas que brilham e iluminam, pelo seu ser e estar no mundo. Poderia dizer que o mundo está gritando de fome e sede de anjos, não no céu, mas aqui na terra.
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O
que é Iluminação? É o estado natural de sentir-se em unidade com o Ser. Quando você
– Dom Anuar Battisti Arcebispo de Maringá (PR)
ouvir uma música, atentamente, nos faz entrar no estado de iluminação. É o profundo Agora acontecendo de forma contundente. Quando você, atentamente, escuta uma música, toda a noção de tempo desaparece. O que importa, então, neste momento? A Energia, a Vida, o Amor que emana da música. Veja que interessante. Imagine, então, se você realmente conhecer tudo o que está ouvindo; ou pelo menos entender verdadeiramente o que realmente está acontecendo com a melodia, com a harmonia e com o ritmo da música que o está iluminando... Pare um pouco para pensar. Veja
que fantástico! Através da música, da plenitude da música, você trilha os caminhos da iluminação. O que você acha? Vamos conversar sobre isso? Avante!
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 73
Perfil
Paulinho Pexe
A MÚSICA SERTANEJA CORRE EM SUAS VEIAS 74 / Revista Keyboard Brasil
CONHEÇA A TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DO TECLADISTA E PRODUTOR MUSICAL NASCIDO EM LONDRINA. * Por Rafael Sanit
M
úsico autodidata, nascido em Londrina (Paraná), Paulo Henrique – conhecido por Paulinho
“PEXE” (apelido dado por amigos músicos) – desde muito jovem trabalha profissionalmente. Seu pai José Gomes, tecladista e acordeonista, sempre trabalhou com música sertaneja. Consequentemente, Pexe possui grande influência musical no estilo. Aos 13 anos começou seus primeiros acordes. “Meu pai chegava de madrugada dos shows e dormia a manhã toda. Eu acordava bem cedo, ligava o teclado dele e, sozinho, fui aprendendo minhas primeiras músicas. Lembro que meu pai ficava bravo porque eu desprogramava o teclado todo!” (risos). Aos 14 anos de idade passou a ouvir Bossa Nova através de um tio (irmão de seu pai). “Meu tio foi afinador de pianos do maestro Antônio Carlos Jobim, o Tom, por um longo período. Após a morte do maestro, meu tio se mudou do Rio de Janeiro para Londrina, cidade onde nasci e vivo até hoje. Nas visitas à casa dele, o ouvia tocar piano e cantar clássicos da Bossa Nova. Eu achava incrível as harmonias, as letras e me tornei um boêmio” (risos). Quando completou 15 anos,
ganhou do pai um teclado e fui posto para trabalhar. “Lembro que ele me levou em um bar onde já havia tocado algumas vezes e, me deixo lá. Antes de ir embora disse: - Se vira aí! Tal hora venho te buscar. A partir daí comecei a trabalhar muito!” Com 17 anos de idade o trabalho se tornou mais profissional. “Fui contratado para tocar com uma dupla sertaneja que já era bem conhecida no sul do Brasil, onde fiz meu primeiro trabalho com banda. Aprendi muito com os outros músicos, todos muito experientes e eu apenas começando. Eles foram muito pacientes em me passar toda a experiência que carregavam. Depois disso comecei até a fazer algumas produções musicais no sertanejo e até no gospel. Ao longo dos anos foram vários trabalhos com várias duplas regionais. Cheguei até a formar uma dupla em 2002, chamada Michel & Jeff (eu era o Jeff) gravamos um CD muito bem produzido com músicas inéditas compostas pelo compositor Darci Rossi (dono de clássicos gravados por Chitãozinho e Xororó como Fio de Cabelo, 60 Dias Apaixonado, entre outras. Por alguns motivos a dupla acabou, e imediatamente comecei a tocar teclado com outros artistas. Nesse período senti a necessidade de aprender a ler partitura e fiz algumas aulas com um amigo tecladista de Londrina, formado em música. Até que, em Revista Keyboard Brasil / 75
Foto: Eduardo Alexandre 76 / Revista Keyboard Brasil
2009, tocando em uma balada londrina, apareceu um garoto chamado Luan Santana e fez uma participação com a dupla que eu tocava. Sinceramente, eu ainda não tinha ouvido falar de Luan Santana. Tocamos algumas músicas com ele e a sua participação foi surpreendente, tanto para mim, quanto para todos que estavam na casa aquela noite. Passado uma semana, Luan Santana resolveu contratar a banda toda. Não vou mentir, mas fiquei meio na dúvida em aceitar, pois ele ainda não era tão conhecido... Porém, depois de uma reunião com todos da banda, não tivemos mais dúvidas, entramos firmes no projeto! Em pouco tempo, Luan Santana se tornou um fenômeno e eis que eu estava onde eu sempre sonhava estar: viajando pelo país todo, conhecendo pessoas, conhecendo músicos famosos, adquirindo muita experiência, enfim. Chegamos a fazer 30 shows em um mês, nas principais festas do país, em todos os Estados brasileiros. Gravei os três primeiros DVDs do Luan Santana 'Ao vivo em Campo Grande', 'Ao vivo no Rio de Janeiro' e 'O nosso tempo é hoje'”. Atualmente na estrada com Luan Santana e nesses quase vinte anos de trabalho, Pexe adquiriu muita experiência sendo aproveitada em todas as suas produções musicais.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 77
Pelo mundo
UMA EXPE MUSICAL ELE
A MUSICALIDADE INIGUALÁ UNIÃO DO ROCK E DA MÚS CONHEÇA O PROJETO
* Por Thiago M
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ERIÊNCIA ETRÔNICA
ÁVEL ATRAVÉS DA SICA ELETRÔNICA. O SANDWAVES.
Marques
Revista Keyboard Brasil / 79
SANDWAVES possui base e influência do piano clássico, sintetizadores, bateria eletrônica e acústica e a produção musical tipicamente eletrônica.
O QUE É SANDWAVES?
QUEM É SANDWAVES?
O
s músicos visionários Mika e OnenO (juntos conhecidos como SANDWAVES) criaram
uma experiência inigualável de rock e música eletrônica ao vivo, cativando o público internacionalmente. O duo é um híbrido de EDM (Electronic Dance Music) e Rock. SANDWAVES define o significado do destaque como um projeto "LIVE", uma performance musical no século XXI. Individualmente, OnenO e Mika estiveram em turnê como músicos de apoio para vários artistas como: RIHANNA, FILTER, TOM MORELLO, KARMIN, EMINEM, ADAM LAMBERT, ELLIOTT YAMIN, SNOOP DOGG, MIGUEL e muito mais... Iniciando um novo caminho além do âmbito deste renomado meio artístico, estes dois formadores de opinião musicais dão o nome de SANDWAVES a esta nova abordagem da música eletrônica ao vivo, alavancando por meio deste projeto seus talentos e experiências pessoais.
80 / Revista Keyboard Brasil
E m s e u n ú c l e o , SANDWAVES é um "LIVE", um número artístico de música com base e influência do piano clássico, sintetizadores, bateria eletrônica e acústica e a produção musical tipicamente eletrônica. Em cada show o público fica espantando com a intensidade dos tambores ao vivo de Mika, junto dos sintetizadores simplesmente arrasadores e com o estilo único de OnenO.
Com foco na performance, eles proporcionam uma experiência inesperada para todos os públicos que encontram. Durante cada show, SANDWAVES cria uma "trindade" de som no palco, mixando músicas dos mais conhecidos artistas e produtores de Dance Music como Diplo, Skrillex, Nine InchNails, Disclosure, Nero, The GlitchMob, KnifeParty, etc. Juntamente com os dois músicos executando seus instrumentos e incorporando sua música original, orquestrações e momentos de transição durante todo o setlist. Esta abordagem de três partes oferece uma sensação inigualável desta vibração e o espírito da festa eletrônica e a musicalidade ao vivo.
OnenO
A
nt er io rm en te co nh ec id o co m o diferente em cada as Kevin Hastings, pecto do seu ser. N OnenO é um o outono de 2012, ele artista com uma encontrou a yoga e carreira incomo caminho para a au parável. Crescido no torrealização comenoroeste pacífico do s çou realmente. Estados Unidos, O neno aprofundou su as raízes na música e na Em 2014, Kevin se m meditação. atriculou em um treinamento Seus estudos music pa ra formação de ais começaram professores de Yoga na infância, incluind através do centro de o desde o clássico até In-Yoga em Los Ang jazz, gospel e rock . Depois de mudar eles, California. Ele -s e completou o curso para Los Angeles em de 2005 para frequenta 200 horas, mas a r verdadeira transfo a faculdade de rmação tinha apen música, sua carr as eira começado. No an decolou rapidamen o seguinte, seu fo te. co começou a mudar Na época o teclad a à partir daí OnenO ista foi convitêm trabalhado em dado para acompa idéias para combina nhar a então desc r su oas du as pa nhecida cantora Ri ixões; música e med hanna, que em po ita çã o. uco te m po la nç ou se Atualmente, OnenO u pr im ei ro su ce integra e ss o produz o SANDW in te rn ac io na l ch am ad o "U m be re AV ES, um projeto lla ", LIVE de música elet iniciando uma tour rônica com teclados por todo o mundo. , bateria e samples Oneno tem grande juntamente com o paixão pela baterista Mika Fine síntese sonora, o qu o. e lhe proporcionou um som único em seus trabalhos assim com oo torn ou pr at icam OnenO – um artis en te um mestr e ta com uma em carreira incompará programação de tecl vel. ados. Sua carreira mus ical conta com trabalhos juntamen te de artistas com o: R IH A N N A , TO M M O R EL LO , LI Z PHAIR, A$AP RO CKY ,CHRIS BRO WN, EMINEM, JAY-Z, ADAM LAMBERT , MIGUEL, LAD Y GAGA, RIC K Y MARTIN, NEY O , TA I O C R UZ, CHEYENNE K I M B A L L , VA N ITY MACHINE, SNOO P DOGG. E então, tudo mudou
...
A transformação co meçou em 2011 e não houve retorn o após isso. Sua vi da começou a mud ar e Kevin sent ia-se
* O músico Thiago Marques é professor, endorsee Santo Angelo, LYCO e Urbann Boards e tecladista na empresa GranDense. Revista Keyboard Brasil / 81
Papo de tecladista
VS
Herói ou vilão dos músicos? ESSE MÊS VAMOS FALAR SOBRE O “VS” O U , S I M P L E S M E N T E , G R AVA D O R DIGITAL – UM DOS TERMOS UTILIZADOS POR PROFISSIONAIS DA MÚSICA PARA SE REFERIREM AO ÁUDIO DOS INSTRUMENTOS PREVIAMENTE GRAVADOS.
* Por Hamilton de Oliveira
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Hamilton de Oliveira: “O ‘VS’ hoje é utilizado por praticamente todos os grandes artistas. Tornou-se um elemento indispensável à execução de um bom show”.
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oje em dia é comum nos depararmos com o uso do VS em bandas de vários segmentos
da música. Basicamente um estúdio móvel, esse recurso tem sido explorado de uma tal maneira que, às vezes, pode se tornar um vilão quando não se atenta para algumas regras básicas de uso. Antes vamos explicar o que é o VS.
O VS é um sistema de trilhas pré-gravadas em estúdio, que podem ser gravadas obedecendo a versão original da música ou em versões próprias. Essas trilhas têm, como função, auxiliar na execução do “show” de modo que o artista possa apresentar sempre um show com extrema qualidade, unindo o som da banda com o som do VS gravado. O nome “VS”, aliás, eu não encontrei o significado exato da sigla, mas
segundo alguns especialistas no assunto, se convencionou chamar de “VS” por conta do modelo mais comum do aparelho, da marca Roland, cuja linha de gravadores digitais sempre teve o nome começando com as letras V e S. Aí vem a pergunta que pode transformar o VS em vilão ou herói: - O músico em cima do palco realmente toca ou dubla quando se usa o VS? Bom, em alguns casos, e isso deveria ser uma regra, o músico toca o seu instrumento e o VS complementa a música com outros timbres deixando-a mais completa. No entanto, percebe-se que a cada dia surgem alguns “espertinhos” que se aproveitam da trilha do VS e, simplesmente, dublam o que já foi gravado previamente, fazendo com que as pessoas que estão assistindo ao show ou ao baile nem percebam que o músico Revista Keyboard Brasil / 83
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O “VS” hoje é utilizado por praticamente todos os grandes artistas. Tornou-se um elemento indispensável à execução de um bom show. Com o “VS” é possível
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está lá fazendo figuração, muitas vezes a pedido do próprio dono da banda ou, ainda, por incompetência musical por não saber tocar a música. Quem usa o VS corretamente sabe que esse recurso facilita e, muito, na organização do show e traz segurança à banda e aos cantores. Para isso é importante ter um sistema adequado, como o uso de fones de boa qualidade para ouvir os clics e contagem do tempo do início ou em alguns pontos específicos da música. Também é importante uma placa de som com baixa latência, de preferência com, no mínimo, 4 canais para tocar as trilhas separadas, facilitando sua mixagem ao vivo. Os VS's geralmente são compostos por harmonia (instrumentos de cordas e teclados), baixo,percussão,vocais, fala do regente, metrônomo. Para a utilização dos VS's você precisará trabalhar com um notebook que tenha um bom processador, memória, placa de áudio e um programa para tocar as trilhas abertas tipo Pro tools, Sonar, Live Ableton, Reaper, Studio One, etc.
O Ministério da música adverte: O uso inadequado do VS pode causar danos irreversíveis à sua música. – Hamilton de Oliveira
que além dos instrumentos, costuma-se separar uma das pistas para o metrônomo, que dita o tempo exato de execução de uma canção e é executado apenas nos retornos de ouvido dos músicos (na maioria das vezes, apenas no do baterista). É por causa dele que uma música começa e termina exatamente na mesma velocidade. Até breve.
manter uma certa disciplina no palco. É
* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 84 / Revista Keyboard Brasil
Especial
Greg Lake UM DOS GRANDES NOMES DA MÚSICA PROGRESSIVA
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ESTE MÊS, A REVISTA KEYBOARD BRASIL PRESTA UMA HOMENAGEM AO VOCALISTA, MÚSICO E PRODUTOR GREG LAKE – UM DOS PIONEIROS DO ROCK PROGRESSIVO, CANTOR, MULTIINSTRUMENTISTA E MEMBRO FUNDADOR DAS BANDAS BRITÂNICAS EMERSON, LAKE & PALMER E KING CRIMSON. * Por Amyr Cantusio Jr.
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Fotos: Divulgação
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m dos pioneiros do rock progressivo, cantor, multiinstrumentista e membro fundador das bandas britânicas dos anos 1970 Emerson, Lake & Palmer e King Crimson, o inglês Greg Lake fez história. Algumas das mais conhecidas canções do ELP são de sua autoria como “Cest La Vie” e “Lucky Man” (as duas mais famosas com o grupo EL&P), “The Sage”, From the Beginning” e “Still... You Turn Me On”. Em 1968, Greg Lake era membro de uma banda inglesa chamada The Gods (juntamente ao famoso tecladista do Uriah Heep, Ken Hensley). Importante não confundir com a banda norte-americana THE GODZ. Lake deixou a banda em 1968 antes deles lançarem seu primeiro álbum, o homônimo “The Godz”. Lake tinha um velho amigo de escola, Robert Fripp (guitarrista/compositor/ tecladista) que tinha recentemente se mudado para Londres. Fripp convidou Lake para participar de uma nova banda, que veio a ser a famosa King Crimson, baseada na sua banda anterior (Giles, Giles and Fripp) que estava procurando novos rumos após o fracasso de seu álbum de estreia. No início, tanto Fripp como Lake tocavam guitarra, mas para dar continuidade ao King Crimson, Lake trocou de instrumento, passando a tocar baixo. Para o álbum de estreia do King Crimson, “In the Court of the Crimson King”, Greg Lake ajudou como compositor e cantor. King Crimson entrou então em tour na América do Norte junto com o The Nice (cujo tecladista era Keith Emerson). Após essa tour, em abril de 1970, Greg Lake deixou o King
O primeiro disco do King Crimson deu notoriamente fama a Greg Lake pelo seu poderoso vocal e contra-baixo, além de guitarras acústicas executadas no álbum, que hoje é considerado uma das obras máximas do rock progressivo. Revista Keyboard Brasil / 02
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Crimson para formar o Emerson, Lake & Palmer, junto com Keith Emerson nos teclados e Carl Palmer (ex- Atomic Rooster e Crazy World of Arthur Brown) para a bateria. Apesar de sua saída do King Crimson, Lake ajudou na composição do segundo álbum da banda “In the Wake of Poseidon”, que contém uma faixa (que não está devidamente creditada) de G. Holst (Marte o Deus da Guerra) a qual mais de 10 anos à frente, seria regravada pela formação Emerson, Lake & Powell (este, falecido baterista do Black Sabbath). O primeiro disco do King Crimson deu notoriamente fama a Greg Lake pelo seu poderoso vocal e contra-baixo, além de guitarras acústicas executadas no álbum, que hoje é considerado uma das obras máximas do rock progressivo. Só para se ter uma ideia da sua grandiosidade, a banda King Crimson foi pioneira no rock progressivo e abriu o caminho para bandas famosas que se seguiram, incluindo Yes, Genesis e até bandas como The Red Hot Chilli Peppers. Finalmente, Greg Lake se consagraria em definitivo junto aos amigos Keith Emerson e Carl Palmer (tocando baixo, guitarras acústica e elétrica e nos vocais) formando a maior banda-trio de Classic Rock Sinfônico da história do século XX sem sombras de dúvidas! O trio EL&P passou de 1970 até 1978 no auge, decaindo no marasmo e ostracismo após este período, em que os músicos debandaram para carreiras fracas individuais, nunca mais se sobressaindo como no áureo período vintage. *Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 90 / Revista Keyboard Brasil
Emerson, Lake & Palmer: Greg Lake se consagraria em definitivo junto aos amigos Keith Emerson e Carl Palmer (tocando baixo, guitarras acústica e elétrica e nos vocais) formando a maior banda-trio de Classic Rock Sinfônico da história do século XX sem sombras de dúvidas!
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