Revista Keyboard Brasil 2017 número 42

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INSTITUIÇÕES MUSICAIS À beira de um ataque de nervos

YAMAHA O lendário DX7

RITA LEE Homenagem à rainha do Rock nacional

JOINED O mais novo DVD de Cesar Camargo Mariano e convidados

BEATLES PARA CRIANÇAS Unindo gerações em um espetáculo para toda a família!

MÚSICA Venha para este mundo você também!

JOÃO LEOPOLDO um mergulho na nova MPB

Revista

Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 42 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil




Editorial 2017:

muitas novidades estão por vir!

Salve músicos! Façamos da chegada de 2017 um marco no processo renovador de nossas vidas. Nesta edição, apresentamos como matéria principal, um músico que está impressionando muita gente, demonstrando uma síntese de influências musicais e intelectuais de estilo recitativo. Seu nome? João Leopoldo. Este mês, muitos lançamentos. Entre eles, Sonar, décimo CD da dupla Adriano Grineberg e Edu Gomes; o primeiro CD de Luiz Castelões e parceiros, o DVD Joined, de Cesar Camargo Mariano e convidados do erudito internacional e Bismillah um tributo virtual a Freddie Mercury. Na área da leitura, um método muito elogiado, “Concepção Estrutural – Método para Violão e Guitarra”, escrito por Thiago Lima. Em parceria com a turma do Beatles Para Crianças, quem apresentar o folheto de propaganda da página 11, ganha 10% no ingresso do espetáculo do dia 29 no Citibank Hall em São Paulo! Por isso, aproveitem! Também começamos o ano com a volta da seção 'dica técnica', este mês, com um tema de Bach. Matérias incríveis também com Luiz Carlos Rigo Uhlik, Sergio Ferraz, Hamilton de Oliveira e nosso maestro Osvaldo Colarusso. E, lembrando: músicos, mostrem seus trabalhos! É gratuito! Faça como o israelense Avi Rosenfeld e os brasileiros Mito

Janeiro / 2017

- Publisher

Pascoal, Guegha San e o duo formado pelo tenor Alberto Pacheco e o pianista Silas Barbosa. A todos: muito obrigada! Nossas edições são dedicadas a vocês. Por isso cliquem, curtam, compartilhem, comentem e fiquem com Deus!

Revista

Keyboard Brasil

er Capa: Guilh

me Urban

Expediente

Heloísa Godoy Fagundes

Editora Musical

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical.

Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes / Publisher: Heloísa C. G. Fagundes Capa: Guilherme Urban / Caricaturas: André Luiz / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.

04 / Revista Keyboard Brasil


Parabéns Editora Keyboard e Heloísa Godoy. Muito top... Mais uma vez parabenizo a iniciativa de divulgar o trabalho dos músicos brasileiros... O mundo precisa de mais gente como vocês... Vocês são top! Deus abençoe!! Para quem ainda não conhece ou quer conhecer um pouco mais sobre a banda VIGANS, tá aí uma matéria feita pela Editora Keyboard sobre a banda e uma matéria falando sobre mim... Quem quiser conhecer um pouco mais do meu trabalho, ta aí a oportunidade. (Referente à Seção Mundo Progressivo, edição número 41). Junior Keyboards — via Facebook Parabéns Revista Keyboard Brasil! Um verdadeiro Patrimônio Cultural! Luciel Rodrigues — via Facebook Parabéns Editora Revista Keyboard Brasil e Heloísa!!! Muito obrigado pela ótima matéria do meu trabalho!! Estou muito feliz em pode ver meu trabalho cada vez mais sendo reconhecido pelo Brasil e agora depois dessa ótima matéria na Revista Keyboard Brasil o mundo todo vai pode conhecer. (Referente à Seção Outros Sons, edição número 41) Jerimum de Olinda — via Facebook Parabéns Editora Helô e colaboradores pelo bom trabalho! Zé Osório — via Facebook Parabéns Helô, sempre com matérias importantíssimas. Alan Flexa — via Facebook Mais um super lançamento da Helô Produções Editora Keyboard! Avante! Luiz Carlos Rigo Uhlik — via Facebook Top Helô!!! Sensacional !! Hamilton de Oliveira — via Facebook Excelente! :D Fabio Ribeiro — via Facebook Matéria publicada sobre o trampo dos brothers do Vigans! Animal Revista Keyboard Brasil!! Avenom Avenom — via Facebook

Espaço do Leitor excelente qualidade realizado pela Heloísa Godoy Fagundes. Vale a pena conferir! VIGANS — via Facebook 2016 cada vez mais perto do fim, mas nem por isso o trabalho acaba!!! Nesta 41º edição da Revista Keyboard, além de várias matérias super interessantes, tem a divulgação das minhas aulas de teclado/piano, que no mês/ano que vem terão algumas novidades!!! Queria agradecer mais uma vez a Editora Keyboard por tudo, a iniciativa de vocês é realmente de aplaudir de pé!!! Muito obrigado!!! Flavio Sallin — via Facebook Queridos amigos, já está no ar a Revista Keyboard de dezembro com a segunda parte da matéria sobre a música do Movimento Armorial ! Leiam e baixem a Revista aqui neste link ! Sergio Ferraz — via Facebook Recomendo!!! Edição de dezembro da Revista Keyboard Brasil, confere aí! Thiago Pospichil Marques — via Facebook

Reportagem sobre meu filho, Luís Rabello, chamado de "embaixador da música brasileira", por divulgar a produção erudita nacional em terras europeias. Ruy Fabiano — via Facebook Ótima matéria!!! Acho simplesmente notável a vida e a obra de Eric Alfred Leslie Satie. Parabéns! (Referente à matéria " ERIK SATIE: 150 ANOS DE UM PRECURSOR ERIK SATIE, escrito por maestro Osvaldo Colarusso). Leonardo Pereira — via blog A Revista Keyboard Brasil agradece a todos os comentários e lança uma pergunta: o que desejam que a Revista publique? Deixem sua opinião em nossa página do facebook, no site da editora Keyboard, no blog da Revista, no instagram ou mande um e-mail para contato@keyboard.art.br

Olha que legal a matéria da Editora Keyboard feita sobre a banda com ênfase em nosso Revista Keyboard Brasil / 05


Índice

MATÉRIA DE CAPA: João Leopoldo - por Heloísa Godoy Fagundes

CONTAGEM REGRESSIVA: Luiz Castelões

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REVOLUÇÃO MUSICAL: O lendário DX7 - por Hamilton de Oliveira

LANÇAMENTO: DVD Joined, de Cesar Camargo Mariano

60 DIVAS DA VOZ: Rita Lee por Heloísa Godoy Fagundes

72 PSYCOTHRONIC: Avi Rosenfeld por Amyr Cantusio Jr.

88 PERFIL: Gegha San - por Rafael Sanit

92 OPINIÃO: 2016: Instituições musicais brasileiras à beira de um ataque de nervos por Osvaldo Colarusso

06 / Revista Keyboard Brasil

26

12

08

30

DICA TÉCNICA: Invenção Piano 1 BW772 - por Amyr Cantusio Jr.

PERFIL: Mito Pascoal - por Rafael Sanit

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46 AGENDA MUSICAL: Beatles para Crianças por Heloísa Godoy Fagundes

74 A VISTA DO MEU PONTO:

Música: venha para esse mundo você também - por Luiz Carlos Uhlik

96 OUTROS SONS: Jean-Luc Ponty por Sergio Ferraz

PELO MUNDO: Piano e voz brasileiros em turnê pela Europa - por Virtuosi Produções

76

84

VITRINE: MÚSICA E ESPÍRITO: CD Sonar - por Heloísa Método Teórico-P r á t i c o p a r a Violão e Guitarra Godoy Fagundes de Thiago Lima

102 BATE PAPO: Mais fortes do que nunca! por Heloísa Godoy Fagundes

112 HOMENAGEM: Bismillah - tributo a Freddie Mercury - por Rogerio Utrilla



Fotos: Rizza

Contagem regressiva

Primeiro

CD

de

Luiz CastelĂľes conta com intĂŠrpretes internacionais e pianista de Juiz de Fora 08 / Revista Keyboard Brasil


Um CD que ev idencia as parc testemunhando erias – o quanto as co laborações com intérprete são vi positortais para uma co ntinuidade visc eral e afirmativa da m úsica atual.

PROFESSOR E COMPOSITOR PREMIADO PELA FUNARTE, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO E BOSTON UNIVERSITY, LANÇA TRABALHO COM UM TIME DE INTÉRPRETES INTERNACIONAIS. CONFIRA!

* Redação

P

rimeiro CD do compositor e professor do Departamento de Música da UFJF (Universidade

Federal de Juiz de Fora) Luiz Castelões tem pré-lançamento online neste início de 2017 e traz uma seleção de interpretações gravadas ao

longo de 10 anos e um time de intérpretes internacionais. Executam obras suas o Quartetto Maurice de Turim, um dos quartetos italianos mais atuantes e premiados da música atual, a pianista romena radicada nos EUA Bianca Oglice e a jovem pianista juiz-forana Grazi Elis.

As Obras... Destacam-se neste CD quatro grandes interpretações: ambos os quartetos de cordas de Castelões, compostos entre 2014 e

2016 a partir de expansões e distorções sobre canções de Noel Rosa, nas excelentes gravações do prestigiado Quartetto Maurice, de Turim; a Revista Keyboard Brasil / 09


premiada interpretação da “Pop Suite” (de 2007) pela pianista romena Bianca Oglice (obra que já foi tocada também por pianistas da Alemanha, Austrália e Brasil, em 4 continentes) e a delicadíssima interpretação da pianista juiz-forana Grazi Elis para a partitura sobre-humana de “3 Transcrições” (de 2011), cuja preparação exigiu tanto a leitura cirúrgica da partitura quanto a audição dos áudios que geraram a obra. Além disso, o CD

também inclui uma vinheta eletrônica resultante de colaboração interdisciplinar envolvendo dança, design, arquitetura, semiótica e novas tecnologias, com os colegas João Queiroz (do IAD/UFJF) e Daniella Aguiar (da UFU). De um modo geral, o CD passeia entre um popular vigoroso (com danças, muito swing e polifonia) e um contemporâneo em embalagem Pop, ou quase.

As colaborações... Trata-se sobretudo de um CD que evidencia as parcerias – testemunhando o quanto as colaborações compositor-intérprete são vitais

para uma continuidade visceral e afirmativa da música atual. Invenção e performance, interagindo de modo a gerar música viva, vibrante, pulsante.

Todas as interpretações do CD refletem colaborações de longo prazo (7 anos com Bianca Oglice e 4 anos com o Quartetto Maurice, por exemplo) e acabam por revelar um trabalho musical cuidadoso, muito distante do efêmero e do improvisado.

O Autor... Luiz Castelões é compositor e professor de Composição Musical no IAD/UFJF desde 2009. Pós-doc (Birmingham Conservatoire, 2015-16), DMA (Boston University, 2009), Mestre e Bacharel em Composição Musical (UNIRIO, 2004, 2001). Prêmios, residências, estágios e bolsas do Ibermúsicas, CMMAS/México, IRCAM, Boston University, XIV Bienal de música contemporânea brasileira, Iº Concurso Nacional de Composição da Escola de Música da UFRJ e Festival Primeiro Plano. Desta-

10 / Revista Keyboard Brasil

ques de performances/gravações recentes incluem: Quartetto Maurice, Mivos Quartet, Ensemble Arsenale, Orquestra da Unicamp, Duo Amrein-Henneberger e Freisinger Chamber Orchestra. Artigos/ capítulos seus foram publicados no IRASM, Sonic Ideas, OM Composer's Book Vol. 3, entre outros. Sua música mescla composição algorítmica, conversão imagem-música, música popular e outras contemporaneidades. Contato – lecasteloes@gmail.com



Matéria de Capa

JOÃO

LEOPOLDO um mergulho na nova MPB

Foto: Max Velon

BRINCANDO COM AS PALAVRAS, O MÚSICO DEMONSTRA UMA SÍNTESE DE INFLUÊNCIAS MUSICAIS E INTELECTUAIS DE ESTILO RECITATIVO. UM CONCEITO DIFERENTE QUE IMPRESSIONA!

* Por Heloísa Godoy Fagundes 12 / Revista Keyboard Brasil


O

músico paulistano João Leopoldo Bueno de Aguiar, ou simplesmente, João Leopoldo , é pianista,

arranjador e compositor. Tem formação pelo Conservatório Dramático e Musical de Tatuí “Dr. Carlos de Campos”, estudou com a renomada pianista Ana Cristina Del Mastre e, há algum tempo, vem angariando boas críticas pelo conceito diferente e original de suas composições – todas tocadas e cantadas ao piano solo – impressionando o público por onde tem se apresentado.

João Leopoldo desenvolveu uma síntese de influências musicais e intelectuais, colocando lado a lado o Jazz, o Blues, o Rock e a Música Clássica. Suas principais influências vão de Arrigo Barnabé, Cida Moreira, Walter Franco, Grupo Rumo, Itamar Assumpção, Eduardo Dussek, Luis Tatit, à música dodecafônica e desenhos animados. Já abriu shows e tocou ao lado de grandes nomes nacionais como Sílvio Brito, Eduardo Dussek, Cida Moreira, Jane Duboc, além dos internacionais Jeff Scot Soto (ex-vocalista de Yngwie Malmsteen ), Eric Martin e Rini Luyks. João Leopoldo já fez parte da banda paulistana de Hard Rock Temppestt, ao lado dos músicos Leo Mancini, Edu Cominato, Bj e Paulo Soza. Também tocou na banda de rock progressivo Banda do Sol. Além de músico e ganhador de alguns dos principais festivais de música do Brasil, João trabalhou por muito tempo com dramaturgia, escrevendo peças, atuando e dirigindo. Ainda hoje, faz trilhas para espetáculos teatrais. Dessa maneira, seu principal alicerce criativo é o estilo recitativo ou a música teatral, também chamada de “cabaré”.

Revista Keyboard Brasil / 13


Em sua trajetória musical, João Leopoldo ganhou, ao lado do compositor Tom Soares, o importante prêmio de melhor composição no Mapa Cultural Paulista de 1998. Em 2000, no mesmo festival, ganhou o prêmio de melhor performance ao lado da cantora Marcia Mah. Em 2005, lançou o CD Atrás da mente. Em 2006, o Ideia Nova Ideia Velha. Em 2008 foi contemplado com a primeira colocação no Festival Nacional de Música de Sorocaba, recebendo a premiação das mãos de Zé Rodrix. Também foi premiado no 43º FEMUP – Festival de Paranavaí – PR; além de lançar o terceiro CD Acostumando os ouvidos. No ano de 2010, João Leopoldo foi novamente premiado no Festival Livre de Música de Sorocaba e recebeu menção honrosa no Festival de Jundiaí. Por dois anos consecutivos (20092010) foi selecionado para participar do FEMUCIC – um dos maiores festivais de canção do país, promovido pelo SESC de Maringá-PR. Em 2010 lançou o álbum Cabeça Madura e realizou turnê pelo Paraná acompanhando a mostra de cinema surrealista de Alejandro Jodorowsky pelas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá e Pato Branco. Como integrante da banda de rock progressivo “Banda do Sol”, participou da gravação de quatro composições

14 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Guilherme Urban

Conquistas

João Leopoldo já participou e ganhou alguns dos principais festivais de música do Brasil, tais como: Mapa Cultural Paulista, FEMUP, FEMUCIC, FEM, Festival Livre de Música, Canta Encanto e apresenta-se em importantes espaços e eventos de Blues e Jazz Brasil afora.


Revista Keyboard Brasil / 15


Em 2014, com seu espetáculo musical “Dolores in Blues – o Universo de Dolores Duran”, trouxe uma releitura mais “abluserada” da obra de Dolores Duran, sendo contemplado pela Caixa Cultural apresentando-se em três capitais: Salvador, Brasília e Recife. Em 2015, lançou com distribuição pela TRATORE, o seu disco Novo, gravado ao vivo no Teatro Municipal de Sorocaba. O disco reúne 11 (onze) faixas autorais e tem como convidada a cantora, atriz e pianista Cida Moreira, arregimentado pelo maestro Bruno Cavalcante em parceria do Quarteto Sorocaba. Atualmente, o músico prepara o lançamento de seu mais novo álbum intitulado Oi, tudo bem?, com direção musical de Edu Capello.

gravadas no disco Tempo (2010), produzido por Billy Sherwood (ex integrante da banda Yes) e masterizado pelo lendário engenheiro de som norteamericano Joe Gastwirt (que já assinou discos de Paul McCartney, Jimi Hendrix, Pearl Jam, Santana, Grateful Dead, Miles Davis, Michael Jackson, etc). Em 2011, apresentou-se pelas ruas e espaços culturais na Europa; Portugal (Xapitô, Espaço SOU, Fábula Urbis, OndaJazz) , Ítalia (Le Tits) e Inglaterra (Favela Chic). Em 2012, estreou em parceria com a cantora e pianista Cida Moreira o espetáculo “Canções Fatais”, relendo a obra passional do tenor trágico Vicente Celestino com direção de Humberto Vieira.

Discografia Atrás da Mente Lançado em 2005

Ideia Nova, Ideia Velha Lançado em 2006

1. 2.

Acostumando os Ouvidos Lançado em 2008 Cabeça Madura Lançado em 2010 Teatro Ao Vivo Lançado em 2015

3. 4.

EP - Dois Pesos uma Medida Lançado: 2015 Novo Lançado em 2015

5.

6. 7.

16 / Revista Keyboard Brasil


Foto: Guilherme Urban

Entrevista

João tem seis discos lançados de maneira independente e uma turnê realizada em 2011 pela Europa, onde apresentou-se nas ruas, bares e centros culturais de Portugal, Itália e Inglaterra.

Revista Keyboard Brasil: Quando e por que a música entrou em sua vida? João Leopoldo: Primeiramente muito obrigado pelo convite Revista Keyboard Brasil. A música aconteceu de maneira espontânea como deve ser! Aos 10 anos tive meu primeiro contato com as teclas do piano e, imediatamente, fiquei fascinado pelo mecanismo e as possibilidades sonoras que ele oferece. Minha mãe decidiu estudar piano no mesmo período em que eu estava estudando órgão. Além da minha mãe, havia pelo menos mais 4 pianistas no meu bairro, e, todos os dias, ao voltar da escola, eu ouvia o som dos pianos vindo das casas e fui sendo alimentado por aquela atmosfera musical entre peças e estudos. Então, influenciado por tudo aquilo, desisti do curso de órgão e passei a estudar com a mesma professora da minha mãe. No bairro que eu morava, música era um assunto recorrente entre os amigos que tocavam e acabávamos “competindo” de maneira saudável. Isso, de certa maneira, me incentivou e, aos 15 anos, ingressei no Conservatório de Tatuí. Revista Keyboard Brasil / 17


Revista Keyboard Brasil: Quais são suas referências musicais? João Leopoldo: Toda escola erudita. A música erudita sempre me emocionou. Todos os períodos e seus representantes foram muito importantes para minha formação. Depois veio a escola do Blues & Jazz que trouxe a liberdade da improvisação e acabei procurando referências de músicos que faziam a fusão do erudito com outros gêneros.

eles foi muito importante musicalmente e tecnicamente. A Banda do Sol me trouxe a possibilidade de participar mais com ideias no processo composicional. Moacir Jr (Moa) é um compositor genial e de uma generosidade ímpar. Éramos uma grande família musical. O rock progressivo é um universo livre e muito inspirador... Não havia fronteiras. Eles fizeram parte da minha vida e fizemos um grande trabalho juntos. Só tenho que agradecer.

Revista Keyboard Brasil: Complementando a pergunta anterior, quais foram os pianistas que mais influenciaram a sua maneira de tocar piano? João Leopoldo: Posso citar alguns músicos de períodos e ambientes distintos: Glenn Gould, George Cziffra, Claude Bolling, Jacque Loussier, Art Tatun, Oscar Peterson, Kerry Minnear, Keith Emerson, Rick Wakeman, Jon Lord, Arnaldo Baptista, Egberto Gismonti, Keith Jarrett, Arrigo Barnabé, Cida Moreira, Eduardo Dussek... São muitos!!

Revista Keyboard Brasil: Você trabalhou durante muito tempo com dramaturgia escrevendo peças, trilhas e encenando. Sabemos que começou no erudito e tocou em bandas de rock. Como foi essa transição para a dramaturgia musical? Como surgiu essa forte ligação com o teatro? João Leopoldo: Quando entrei na escola de Teatro eu já tocava. Estava com 15 anos e foi uma maneira de trabalhar a minha timidez. O teatro me proporcionou o contato com a dramaturgia, literatura e autoconhecimento. Passei a ter mais confiança para expressar os meus universos particulares. Sempre gostei de criar histórias. Não demorou muito para começar a escrever peças para o grupo do qual fazia parte. Alguns anos depois, acabei sendo convidado para participar de uma companhia teatral musical. O espetáculo era uma mistura de rádio novela com teatro de rua, e o texto explorava o conceito surrealista bem provocador. O diretor passou a me direcionar vários discos de intérpretes

Revista Keyboard Brasil: Você já fez parte de bandas como a Banda do Sol, de rock progressivo e a Temppestt, de hard rock. Fale sobre isso. João Leopoldo: Foi um período maravilhoso. Aprendi demais com todos os músicos dessas bandas. A Temppestt é uma banda incrível. A convite do BJ, (um dos melhores vocalistas do mundo nesse gênero) pude fazer parte desse time e me tornar mais profissional. São músicos exigentes e comprometidos. Tocar com 18 / Revista Keyboard Brasil


que faziam essa fusão e, a partir dali, nascia dessa síntese, a minha maneira de compor. Revista Keyboard Brasil: Você compõe há muito tempo. Suas músicas contam uma história que prende o ouvinte. Ela é diferente, tem uma maneira muito própria, sensacional. Como surge a inspiração para você? Como é esse processo? João Leopoldo: As minhas músicas nascem de maneira livre. Sempre fui fascinado pela literatura fantástica. Escritores como Pirandello, Edgar Allan Poe, Gérard de Nerval, Ítalo Calvino e outros me influenciaram demais. As histórias criadas por eles focavam a condição humana diante das suas paranoias e reflexões. Criavam um mundo paralelo entre realidade e ficção. Sempre me fascinou também o surrealismo de Dali e Magritte. As minhas letras procuram estar em contato com o meu lado inconsciente, e disso acabo tirando proveito para desenvolver uma temática musical como num filme. A música deve reforçar o “drama” das personagens que eu crio. Revista Keyboard Brasil: Fale sobre sua parceria com a cantora Cida Moreira. João Leopoldo: Cida Moreira é, sem dúvida, a maior representante da música teatral no Brasil. Sua maneira de interpretar e a forma de tocar piano foram definitivas na influência do meu trabalho. Em 2012, nos conhecemos e estreamos um espetáculo chamado “Canções Fatais”

com direção de Humberto Vieira. Era um repertório dramático de uma poesia agreste, doída, sensível, de um Brasil distante dessa nova geração, com músicas de Vicente Celestino e outros compositores. Tudo delicadamente baseado e constituído de uma dor elegante. Exigia demais emocionalmente. Pudemos compartilhar grandes momentos juntos, dividindo vozes e pianos. Cida me acolheu e me ensinou muito. Sou profundamente agradecido. Revista Keyboard Brasil: Com a canção 'A tragédia do som', você ganhou o prêmio de Melhor Letra na 11ª edição do Prêmio Lollo Terra, em 2015, na cidade de São Miguel Arcanjo. A letra fala sobre um tempo de ostracismo criativo, quando o mundo era governado por desafinados e, por isso, sons, músicas e instrumentos fazem uma greve geral e escravizam o ser humano através do silêncio. A canção brinca com a trágica decadência da música: sem conteúdo, mensagens ou poesia. Para você, por que a música de pouco conteúdo faz tanto sucesso no Brasil? João Leopoldo: Acho que somos a representação daquilo que o tempo nos vende ou nos molda. A velocidade das coisas fizeram com que a nossa cognição mudasse e passássemos a conviver mais com um outro ranking de exigência intelecto-musical. Estamos produzindo muitas coisas maravilhosas à margem da grande mídia, e talvez por estar no meio de um processo significativo, não conseguimos perceber essa transformaRevista Keyboard Brasil / 19


20 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Mirna Módolo - Divulgação


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João é um artista excepcional, ousado, corajoso e brilhante. Tenho uma admiração imensa por ele e é uma honra fazer parte desse trabalho ao lado dele. – Cida Moreira

Revista Keyboard Brasil / 21


Foto: Guilherme Urban 22 / Revista Keyboard Brasil


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Quero criar d i fe re n t e s emoções aos ouvintes e a si mesmo, com músicas que brincam com as palavras, com a metalinguagem, o surrealismo e o concretismo.

– João Leopoldo Revista Keyboard Brasil / 23


ção. Mas vejo, numa crescente, o consumo de materiais alternativos. Novas cabeças estão surgindo. O mercado é democrático e o público vai saber utiliza-lo melhor futuramente. Talvez agora seja o olho do furacão. RKB: Ser músico independente, traz vantagens e desvantagens. Você possui 6 trabalho realizados de maneira independente. Seu novo álbum, que será lançado em breve, foi um dos quatro projetos contemplados que será viabilizado com apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Estado da 24 / Revista Keyboard Brasil

Oi, tudo bem?

Foto: Guilherme Urban

O

novo álbum, intitul ado “O i, tu do be m ?” é defendido pelo ar tista como uma espécie de saudação universal, sendo viabilizado com apoio do Pr ograma de Ação Cultural (P roAC), da Secretaria de Esta do da Cultura, por meio do edital de gravação de álbum inédito de canção. Produzido pela Openpenna Produções A rtísticas, o projeto foi um do s quatro contemplados no m ódulo 2 do edital, com o valor de R$ 80 mil. A previsão é que o CD seja lançado em format o físico em julho deste ano, com uma turnê que passará por Sorocaba, Taubaté, Caraguatat uba e São Paulo.

Cultura, produzido pela Openpenna Produções Artísticas. Fale sobre isso e por que do nome 'Oi, tudo bem?'. JL: Completei 10 anos do meu primeiro trabalho lançado, mas sinto que estou finalmente diante do meu primeiro trabalho. Estou encarando dessa maneira, renovado, com energia e sem vícios nos mecanismos de composição. Esse disco vem pra me libertar de mim mesmo, das minhas repetições e dos fantasmas que fui criando ao longo dessa jornada. É a primeira vez que gravo com uma direção musical, uma produção. Todos envolvidos são pessoas que realmente tenho


muita admiração. O Edu Capello é um grande músico, também pianista e com um universo musical muito próximo ao meu. Vai ser um grande barato vestir essa personagem e trazer ao público uma nova possibilidade sonora de perguntar cenicamente de maneira provocativa e divertida aos ouvintes: “Oi, tudo bem?”. RKB: Tem projetos futuros além do seu novo álbum? JL: Uma coisa de cada vez. Até o final do ano além do disco muita coisa vai nascer e vamos poder nos divertir gradativamente. RKB: Muito obrigada pela entrevista e sucesso João! JL: Agradeço demais. Poder através de vocês me comunicar e contar um pouco das minhas experiências me deixa profundamente feliz. Vocês compartilham possibilidades de trazer ao público os motivos que nos inspiraram a estar trabalhando e acreditando que toda arte produzida pode ser a porta de entrada pra um mundo realmente melhor. Obrigado.

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 25


Dica Técnica

I n v e n ç ã o

Piano 1

BW772

COMEÇAMOS O ANO COM A VOLTA DA SEÇÃO DICA TÉCNICA. ESTE MÊS, UTILIZANDO UM TEMA DE BACH. * Por Amyr Cantusio Jr. Amyr Cantusio Jr. é músico premiado no exterior e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

pa música erudita do século XX ara se exercitar Bach ao PIANO ou TECLADO tem que se observar:

1 – Disciplina interativa independente entre as duas mãos; 2 – A música de Bach é RETA, não tem uma expressão. É matemática pura. É como se um computador executasse a música. 3 – Para se atingir domínio absoluto técnico, a mentalização, audição e disciplina devem ser constantes. Costumo dizer que a última etapa antes de um músico ser realmente um “pianista”. No caso, J.S.Bach é a última barreira. Depois, pior que Bach é estudar o serialismo atonal de Arnold Schoemberg.

26 / Revista Keyboard Brasil

DICA: A mão direita de 90% dos pianistas é ERRADA e atrofiada... Nunca se pode deixar a mão em forma de “concha” em solos rápidos. Tem que ser RETA esticada, com os antebraços paralelos na altura do piano. O banco tem que estar ALTO. Nunca abaixo do nível. Nos ataques de ACORDES, as mãos podem se contrair em concha, mas dependerá da execução e dinâmica da composição. As mãos podem atacar até 10 centímetros. ACIMA do piano. Com precisão absoluta. Mas não se aplica à BACH, já que BACH fez música para CRAVOS. Então, a técnica aqui é reta, linear, mãos esticadas e, em CONTRAPONTO.


I n v e n รง รฃ o

Piano 1

BW772

Revista Keyboard Brasil / 27


Essa foi nossa primeira dica técnica. Hare!

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

28 / Revista Keyboard Brasil



Perfil

30 / Revista Keyboard Brasil


MITO

PASCOAL MÚSICO CARIOCA SINÔNIMO DE VERSATILIDADE.

* Por Rafael Sanit

A

rranjador, compositor e tecladista da Banda Novo Som, Mito Pascoal já tocou com vários artistas como José Augusto, Joanna (esses dois

com muitas viagens internacionais), Neguinho da Beija Flor, Élson Forrogode, Wando, Marquinhos Moura, Lecy Brandão, Claudete Ferraz, Weber Werneck, Orquestra Cuba Libre. Além de tecladista e pianista, também é arranjador e produtor musical. Fez arranjos para Danilo Caymmi, Nana Caymmi, Michael Sullivan, Xuxa (Só para os baixinhos e abertura do programa), Rodrigo Faro, Adriana, Leonardo Sullivan, Márcio Greick. Mito também fez o arranjo do hino do Bonsucesso Futebol Clube. “Novo Som é a banda mais antiga na ativa, sem nunca ter parado. Estamos na estrada esse tempo todo, e vamos continuar até quando Deus permitir. São vários discos de ouro e as vendas já ultrapassaram a casa do milhão. Várias músicas Revista Keyboard Brasil / 31


românticas. 4 DVDs (Imperador 1997, Jovens, Ministério Shabach, J. Neto, Manaus 2007, MQA com Álvaro Tito, Marilu Catedral 2011, 25 anos (2016) e Moreno, Marco Antóvários CDs”, ressalta Mito. nio, Ludmila Ferber, Por ser cristão e filho de Cristina Mel, Thalita, pastor (seu pai é o Bispo Gabriela Monteiro, Nélson Monteiro da Mota, Banda & Luz, Grupo autor do hino "Segura Na Mão Ellas, Pamela, DamaDe Deus, mundialmente res, Banda Catedral e conhecido) Mito tem uma muito mais. forte atuação na música Mito também CD gravado ao vivo com a cantora gospel. Já gravou, arranjou e é compositor de Ana Rosa e o pianista Mito Pascoal. tocou com Fernanda Brum, O CD contém, ao som de piano e voz, trilhas, tendo estudaAline Barros, Kleber Lucas, lindíssimas releituras de clássicos do dos os módulos de cancioneiro evangélico também Emerson Pinheiro, Cassiane, músicas inéditas. Trabalho pioneiro orquestração (profesRose Nascimento, Gisele e altamente musical. sor Felipe Radicetti) e Nascimento, Wilian Nascicomposição (maestro mento, Tuca Nascimento, Michelle Tim Rescala) no Conservatório Brasileiro. Nascimento, Marcelo Nascimento, Mito Pascoal tem trilhas executadas na Mattos Nascimento, Mário Nascimento, novela Cúmplices de um Resgate (SBT), Rômulo Nascimento, Noêmia NasciFantástico e Ana Maria Braga (Globo) mento, Marquinhos Nascimento, Rute entre outros, tendo trabalho com o Nascimento, Shirley Carvalhaes, Bruna produtor musical Sérgio Saraceni nas Karla, Eyshila, Altos Louvores, Banda & novelas Estrela-Guia, A Padroeira e Voz, Jossana Glessa, Marina de Oliveira, Celebridade (todas da Rede Globo). Lauriette, Gerson Rufino, Rayssa & Ravel, Os projetos mais recentes de Mito Kades Singers, Raquel Mello, Cristiane Pascoal são o DVD 25 Anos (Novo Som) Carvalho, Anderson Freire, Irmão Lázaro, pela Mess, o DVD Amigos, com a cantora André Valadão, Datando a Terra Ferida, Ana Rosa, um super projeto no formato Sai da Tenda, Jonas Maciel, Comunidade Piano &Voz lançado pela Top Rec Music, e Internacional da Zona Sul, Nadia Santolli, o cd inédito do Novo Som, que está em Carlos Caruta,, Carlinhos Félix, Pedro estúdio e sairá, também, pela gravadora Neves, Trio Nascimento, Semeando, Ana Mess. Rosa, Nanni Azevedo, Ministério Entre Mito Pascoal é patrocinado pela Sportmade (www.sportmade.com.br) e Alfazita Joias (www.alfazita.com.br) * Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. 32 / Revista Keyboard Brasil



Revolução Musical

O LENDÁRIO

Dx7

LANÇADO EM 1983, ESTE MÊS ABORDAREI UM DOS SINTETIZADORES DIGITAIS MAIS POPULARES JÁ PRODUZIDOS PELA YAMAHA. * Por Hamilton de Oliveira

34 / Revista Keyboard Brasil


O

que os artistas Al Jarreau, Chicago, Luther Vandross, Billy Ocean, Glenn Medeiros,

Phill Collins, Simply Red, A-ha, Michael Jackson, Tears for fears, Wham, Kenny Loggins, Level 42, Tina Turner, Queen e Lionel Ritchie têm em comum? A resposta é: todos eles usaram um dos mais fantásticos sintetizadores já produzidos pela empresa japonesa Yamaha: o famoso YAMAHA DX7.

Lançado em 1983 não demorou muito para ser mundialmente conhecido por seus timbres únicos e populares como o Piano fulltines, a harmônica solo, os baixos synth, os synth pads, synth brass, entre outros. O DX7 tem 61 teclas e capacidade de 16 notas de polifonia. Possui 32 algoritmos, cada um com um layout diferente, o que permite ao usuário combinar o áudio de seus operadores juntos.

Como o som é produzido no DX7 O som é feito por um tipo de síntese chamado FM – Frequany Modulation (modulação de frequência), que consiste na produção de uma onda senoidal puramente digital que modula outra com as mesmas características. A moduladora recebe a designação de modulator, e a modulada passa ser a carrier (portadora). Nesse processo é criada a frequência modulada, ou seja, o próprio som de tecnologia FM. A amplitude de modulação aplicada formará os diferentes timbres. Cada oscilador (wave oscilator) tem seu próprio gerador de envelope digital (digital

envelope generator). Esses dois elementos combinados formam os operadores (operators). Quando a saída de um operador é conectada à entrada de outro, ocorre a modulação e, assim, são gerados vários harmônicos com espectros de frequência definidos, equivalentes às ondas básicas e suas variações. Com essas características, o DX7 tornou-se um grande sucesso de vendas da década de 1980. Seu timbre de piano eletrônico FM é, até hoje, muito utilizado em gravações e está presente em forma de sampler em vários teclados e instrumentos virtuais.

Revista Keyboard Brasil / 35


* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 36 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Vivi Arts Fotografia

Curiosidade: O chip OPL3 (Yamaha) com sons de tecnologia FM foi adotado como padrão para os instrumentos MIDI das placas multimídia e videogames durantes anos, até ser substituído por sons em PCM ou por instrumentos virtuais. Programar um teclado desse tipo nunca foi fácil. Várias são as combinações para chegar no timbre ideal. Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, é possível simplesmente ligar um cabo MIDI no computador e transferir para o teclado, em questão de segundos, os principais timbres que fazem parte da sua biblioteca. Além dos artistas que citei acima, outros também usaram o DX7 em gravações e shows, tais como: Sir George Martin, Supertramp, Stevie Wonder, Daryl Hall, Depeche Mode, U2, The Cure, Kitaro, Vangelis, Elton John, James Horner, Toto, Donald Fagen, Michael McDonald, Chick Corea, Jean-Michel Jarre, Greg Phillanganes e Herbie Hancock. No Brasil, alguns artistas da geração 80 também fizeram uso do sintetizador em suas músicas, tais como Hermeto Pascoal, Titãs, Guilherme Arantes, Gal Costa, Placa Luminosa, Roupa Nova, entre outros. O DX7 foi um dos pioneiros em usar recursos MIDI, fato esse que deixou a Yamaha líder absoluta em vendas durante um ano inteiro, até o lançamento do sintetizador D50 (Roland), seu grande concorrente da época. Eu tenho o privilégio de ter um DX7 em casa onde uso para meus shows com o Toto Cover, Tina Turner Tribute, além de gravações em meu home studio. Acessem os links e se divirtam com um dos mais populares teclados de todos os tempos!!! Até breve.


Revista Keyboard Brasil / 37


Foto: Marcio Lisa

Lanรงamento

38 / Revista Keyboard Brasil


C E

S

A R

CAMAR G O

MARIANO apresenta O DVD “JOINED”: MÚSICA NSTRUMENTAL BRASILEIRA DE UMA FORMA INUSITADA E CONTEMPORÂNEA.

* Redação

E

m seus 50 anos de carreira,

Cesar Camargo Mariano, sempre empenhou-se em

difundir e aproximar o contato dos

músicos eruditos com a música brasileira de qualidade, apresentando-se junto a orquestras sinfônicas brasileiras e estrangeiras, como Neojiba ou London Royal Philharmonic Orchestra. Foi convidado especial do prestigiado artista Yo-Yo Ma, em sua homenagem à música brasileira no álbum “Obrigado Brazil”, gravando, com o cellista, duas de suas composições, “Cristal” e “Samambaia”. Dirigiu, por quatro anos, a noite “Jam” no festival “Música em Trancoso”, de onde surge esse raro encontro (e amizade) entre músicos solistas eruditos e músicos populares brasileiros, interpretando canções de nossos grandes compositores. O DVD “Joined”, projeto especial de Cesar Camargo Mariano, foi gravado em estúdio, tendo como convidados os renomados músicos eruditos internacionais Rüdiger Liebermann (violino), Benoit Fromanger (flauta) e Walter Seyfarth (clarinete). Participam, também, os músicos brasileiros Thiago Rabello (bateria), Sidiel Vieira (baixo) e Conrado Goys (violão). Revista Keyboard Brasil / 39


A união de culturas musicais distintas, do mais alto nível, mostrando que estilos tradicionais, fortes e de muita personalidade, quando mesclados, cria possibilidades infindáveis e emocionantes. O repertório é composto inteiramente de músicas brasileiras.

“Joined” apresenta a música instrumental brasileira de uma forma inusitada e contemporânea, divulgando e propagando a produção musical nacional. Fomenta a valori-

“Joined” fomenta a valorização da diversidade musical instrumental brasileira, promovendo intercâmbio cultural relevante e proporcionando ao público o contato com música de qualidade.

zação da diversidade musical instrumental brasileira, promovendo intercâmbio cultural relevante e proporcionando ao público o contato com música de qualidade. “Quando nos conhecemos há cinco anos, durante os ensaios para a primeira edição do Festival “Música em Trancoso”, não imaginei que nos tornaríamos amigos para sempre. Nossos universos musicais, nossas pátrias e culturas, são bem diferentes. Mas, o jeito de ver, ouvir e sentir as artes, a forma de encarar nossa profissão, a postura diante dela, o carinho e o respeito mútuo, são coisas uníssonas entre nós. Isso tudo, somado à música na sua forma mais pura e simples, foi o que nos uniu e transformou o que poderia ser simplesmente um encontro profissional, em uma celebração à amizade”, frisa Cesar Camargo Mariano. 40 / Revista Keyboard Brasil


ão do brilhante Tarde de apresentaç ra a imprensa. pa lho traba Revista Keyboard Brasil / 41


Sobre o músico... Autodidata, Cesar Camargo

Mariano desenvolveu uma carreira do mais alto calibre como pianista, arranjador, produtor e compositor e hoje é

um dos músicos brasileiros mais requisitados e celebrados em todo o mundo. No início dos anos 60, o jovem pianista, ainda adolescente, já impressionava com seu swing, característica e habilidade de sua hoje legendária mão esquerda, e formou dois dos mais importantes trios da época: “Sambalanço Trio” e “Som Três”. Dedicou-se por muitos anos como arranjador e produtor de Wilson Simonal e Elis Regina, o que lhe resultou em importante reconhecimento nacional e internacional. O histórico álbum “Elis e Tom” (1970) teve a participação de Cesar Camargo Mariano, com apenas 27 anos, como arranjador, pianista e diretor musical. Também como produtor e arranjador, trabalhou com a nata dos artistas brasileiros, entre eles, Chico Buarque, Tom Jobim, Ivan Lins, Ney Matogrosso, Nara Leão, Gonzaguinha, Gal Costa, João Bosco, Rita Lee e Simone. Cesar lançou mais de 30 discos, sendo “Samambaia”, parceria entre o pianista e Hélio Delmiro, considerado

um dos 10 melhores discos de

42 / Revista Keyboard Brasil

música instrumental já editados em todo o mundo. Entre suas mais de 200 composições, figuram as hoje clássicas “Samambaia”, “Cristal” e “Curumim”, gravadas, também, por grandes artistas como Yo-Yo Ma, Paquito D'Rivera, Clare Fisher e Ettore Stratta & The London Royal Philharmonic. Cesar é frequentemente requisitado a se apresentar em grandes teatros, festivais, jazz clubs e como solista convidado de importantes orquestras, no Brasil e no exterior. Cesar, que hoje mora nos Estados Unidos, tem colaborado com grandes nomes internacionais, desde a música clássica de Yo-Yo Ma até o jazz sofisticado de Blossom Dearie, e composto trilhas sonoras para cinema e televisão.

Celebrou seus 50 anos de carreira escrevendo e publicando o livro de memórias - Cesar Camargo Mariano “SOLO”. Entre vários prêmios nacionais e internacionais, Cesar recebeu, dos Diretores da Academia de Artes e Ciências, o prêmio Grammy especial

“Lifetime Achievement Latin Grammy® Award” 2006, em reconhecimento à importância do conjunto de sua obra. Cesar Camargo Mariano é endorsed pela Yamaha Musical do Brasil.


Fotos: Marcio Lisa

Convidados especiais...

Rüdiger Liebermann – Benoit Fromanger – Walter Seyfarth

Rüdiger Liebermann Rüdiger Liebermann veio de uma família de músicos. Começou tocando piano aos cinco anos de idade e tinha oito quando iniciou aulas de violino com Jacob Weinsheimer. Teve entre seus professores Adolphe Mandeau, Saschko Gawriloff, Josef Gingold e Jascha Heifetz. Antes de juntar-se à Berlin Philharmonic Orchestra, foi assistente de Saschko Gawriloff na Berlin's Hochschule der Künste (agora Universität der Künste). É, também, membro da Berlin Philharmonic String Sextet, Berlin Baroque Soloists e Philharmonic Piano Trio.

Benoit Fromanger Desde 2011, o francês Benoit Fromanger é diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Bucareste. Além de maestro, tem uma brilhante carreira como flautista, tendo estudado no Conservatório de Versailles e no Conservatoire National Supérieur de Musique de Paris com professores eminentes, como Roger Bourdin, JeanPierre Rampal e Alain Marion. Foi solista principal da Orquestra da Ópera Nacional

de Paris, orientado por regentes famosos, como Zubin Mehta, Daniel Barenboim, Leonard Bernstein, Lorin Maazel, Carlos Kleiber, Bernard Haitink e Carlo Maria Giulini. Ganhou vários concursos e prêmios de música.

Walter Seyfarth Walter Seyfarth nasceu em Dusseldorf e, com apenas 16 anos, foi o vencedor da competição Deutscher Tonkünstlerverband. Após completar seus estudos na Freiburg Musikhochschule com Peter Rieckhoff e Karl Leister, na Berlin Philharmonic Orchestra Academy, ingressou na Saarbrücken Radio Symphony Orchestra. Ingressou na Berlin Philharmonic Orchestra como clarinetista solista. Walter foi a força impulsora para fundar a Berlin Philharmonic Wind Quintet em 1988. Walter é, também, professor e mentor na Berlin Philharmonic Orchestra Academy, Jeunesses Musicales World Orchestra e V e n e z u e l a n Yo u t h O r c h e s t r a s Programme, El Sistema. Revista Keyboard Brasil / 43


Conrado Goys – Sidiel Vieira – Thiago Rabello –

Conrado Goys Conrado Goys é um versátil violonista, guitarrista, produtor, compositor e arranjador. Diretor musical e arranjador da Gafieira São Paulo. Bacharel em guitarra pela Faculdade Santa Marcelina, aprofundou seus estudos em arranjo e orquestração com Claudio Leal. Foi professor das escolas de música EM&T e Intermezzo. Também atua como produtor e arranjador para vários artistas da MPB e de trilhas para cinema, teatro e publicidade, especialmente no ambiente de seu próprio estúdio e produtora, a Oca – Casa de Som.

Thiago ‘Big’ Rabello Thiago Rabello atua profissionalmente como baterista desde sua adolescência, gravando e fazendo turnês com artistas dos mais diferentes estilos, desde ícones do jazz a ídolos pop.

44 / Revista Keyboard Brasil

Integrante do grupo Gafieira São Paulo, vencedor do 22º Prêmio da Música Brasileira como “Melhor Grupo de Samba”, Thiago também produz talentosos artistas jovens brasileiros e seu grupo instrumental “Metrópole”.

Sidiel Vieira Sidiel Vieira, contrabaixista e compositor, iniciou sua trajetória aos 13 anos, passando pela Escola Municipal de Música, Fundação das Artes de São Caetano do Sul e Universidade Livre de Música. Já atuou na Orquestra Jovem Tom Jobim, Banda Jazz Sinfônica de Diadema e na Bissamblazz Big Band. Frequentemente requisitado a atuar ao lado grandes artista nacionais e internacionais, desenvolve também seu próprio trabalho com o “Sidmar Vieira Quinteto”.

Conrado Goys – Cesar Camargo Mariano – Sidiel Vieira – Thiago Rabello – Rüdiger Liebermann – Benoit Fromanger – Walter Seyfarth



Agenda Musical

BEATLES para

crianças

Unindo gerações em um espetáculo para toda a família!

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APRENDA OS QUATRO MOVIMENTOS BÁSICOS DO ROCK COM OS MÚSICOS DO BPC – BEATLES PARA CRIANÇAS. O ESPETÁCULO, QUE MESCLA HISTÓRIAS CONTADAS E CANTADAS, VOLTA À SÃO PAULO DIA 29 DE JANEIRO, ANTES DE SAÍREM EM TURNÊ NACIONAL!

* Por Heloísa Godoy Fagundes

Revista Keyboard Brasil / 47


P

reparem-se para uma aventura divertidíssima quando os músicos do BPC – Beatles para

Crianças s u b i r e m a o p a l c o d o CITIBANK HALL, em São Paulo, no dia 29 de janeiro, domingo, às 15 horas. O espetáculo, que reúne os sucessos do quarteto de Liverpool, com arranjos originais, entre eles I Want To Hold Your hand, All My Loving e Yellow Submarine, mescla histórias contadas e cantadas. Entretanto, vale aprender os quatro movimentos básicos do rock, seguindo o convite da banda: 1. Levante os braços e soque o ar. 2. Balance a cabeça. 3. Dance loucamente. 4. Por fim, faça o solo imaginário de guitarra, mais conhecido como air guitar. Depois, é se deixar tomar pelo entusiasmo, entrar na brincadeira de dançar, cantar e conhecer as canções históricas dos Beatles para, no final, receber o certificado de #meuprimeiroshowderock. O show abre com a projeção de uma animação do jogo de videogame Rock Band e a banda convida as crianças para subirem ao palco e tocar Blackbird com os mais de 70 instrumentos musicais e objetos sonoros que estão em cena. Duas músicas depois, com a plateia já incendiada de energia e animação, é a vez dos pais e adultos formarem um grande coral no palco cantando Twist and Shout. Momento emocionante é quando as luzes se apagam e os celulares se acendem, criando aquele mar de luzes que todo show de rock tem.

48 / Revista Keyboard Brasil


O início... Criado em 2011, dentro de uma escola, numa iniciativa de aumentar o repertório das crianças nos intervalos das aulas, o projeto Beatles para Crianças estreou em show em 2014. Dois anos antes, Fábio Freire havia sido selecionado pelo programa Fantástico, da Rede Globo, em uma campanha para divulgar a turnê brasileira de Paul McCartney. Sem pretensão, o músico enviou vídeos com uma apresentação do início do BPC ainda em um intervalo de escola. A "bênção" do Beatle aconteceu em Recife e ajudou ainda mais a impulsionar a carreira do grupo. A partir de então, Fábio Freire teve a certeza de que deveria continuar com o projeto. Em 2014, convidou o amigo, parceiro, ator e também educador Gabriel Manetti (formado em Artes C ê n i ca s com p ós- g r a du a çã o e m Dramaturgia) para ingressar no projeto. Criaram o roteiro do show, com histórias e projeções. Fabio Freire e Gabriel Manetti se uniram a mais três músicos para o show: Eduardo (Ludi) Puperi (guitarras e teclado), Humberto Zigler (bateria) e Johnny Frateschi (baixo). A ideia de se apresentar para toda a família, unindo gerações, estava sendo muito bem-aceita, com casas lotadas. A crítica também foi positiva. E, até agora, eles já se apresentaram para mais de 50 mil pessoas em diversos locais e situações e em mais de 200 shows. Revista Keyboard Brasil / 49


Beatles para Crianças é liderado por Fabio Freire (voz, violão e ukulele) e completado por Gabriel Manetti (voz), Ludi (guitarra, teclados e gaita), Humberto Vigler (bateria) e Johny Frateschi (baixo). 50 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 51


O CD e outros projetos... O disco de estreia do projeto BPC – Beatles para Crianças começou a ser gravado em maio de 2016, em parceria com o estúdio A Voz do Brasil e a gravadora MCD (conhecida por lançar discos do grupo A Palavra Cantada, Barbatuques e Tiquequê), reunindo 15 canções dos Beatles e histórias e surpresas do show. No encarte do “primeiro CD de rock” da criançada há um manual do rock, um livreto (onde os músicos são representados por desenhos) com histórias sobre o gênero musical, os movimentos do ritmo e ilustrações dos momentos mais marcantes. A retranca Você sabia que...? traz dados sobre a história da guitarra, a formação da bateria, do teclado e do baixo, entre outras. Dib Carneiro Neto, crítico especia-lizado em programação infantil, dá o mapa da mina ao avalizar o trabalho do grupo que, tudo indica, ruma a uma carreia promissora. Ao reproduzir sua experiência com o show e o CD do BPC com referências ao psicanalista e educador mineiro Rubem Alves (1933-2014) e ao neurolinguista inglês Oliver Sacks (1933-2015), o jornalista, crítico e dramaturgo coloca o trabalho em lugar de destaque entre as obras dedicadas às crianças. "Mais do que um mero divertimento, também há um forte componente de 'iniciação musical' em todo o projeto Beatles Para Crianças", escreve Dib. Tanto nos shows como no CD de estreia, o grupo deixa clara sua intenção. Para o educador, músico e diretor musical Fábio Freire (formado em Música e Arte, pós-graduado em Arte Educação, idealizador, vocalista e violonista do BPC), "a ideia do projeto Beatles para 52 / Revista Keyboard Brasil

Crianças ultrapassa a realização de shows e a gravação de CDs. Somos músicos e educadores. Queremos levar referências para as crianças, unir as famílias em algo comum, gerar conteúdo de qualidade para todas as crianças e jovens. O CD será uma das nossas ferramentas para cumprir esse combinado". E completa: "Cada vez mais o projeto Beatles Para Crianças abre novas fronteiras para oferecer conteúdo de qualidade para as crianças e suas famílias. Nossa produção caminha no sentido de dar continuidade na experiência vivida durante o show. Nessa busca criamos o projeto Coral BPC, que reúne mais de 30 crianças em encontros semanais de muita música, teatro e jogos. O repertório do coral não podia ser outro a não ser as canções dos Beatles e os arranjos criados com muito carinho pela banda BPC." O grupo criou canais na internet e abriu espaço de conversa entre o grupo e as


Aqui Fábio Freire e Gabriel Manetti na exposição sobre os Beatles que aconteceu em São Paulo ano passado fotografados na imagem da Abbey Road - conhecida como a rua dos Beatles em Londres, uma espécie de meca dos fãs do quarteto britânico. É o único lugar do mundo onde o congestionamento é na faixa de pedestres, e não de carros na via.

Revista Keyboard Brasil / 53


famílias. No youtube está o canal BPC Rocks , que apresenta às crianças conteúdos relevantes sobre o rock e curiosidades das viagens e palcos por onde o grupo passa. Os músicos também selaram parceria com o UOL Educação, onde oferecem cursos de instrumentos e construção de instrumentos para as

crianças e pais fazerem em casa. As novidades da banda não param por aí. Já está lançado o livro Beatles Heróis pela Editora Matrix que, num formato híbrido de histórias em quadrinhos com textos em prosa, apresenta os integrantes do Beatles Para Crianças como super-heróis. SERVIÇO:

Ficha técnica: guitarra, re – voz, Fabio Frei e charango. violão,ukulele ssão. ti – voz e percu Gabriel Manet u it a rr a , P u p e ri – g i) d u (L u Ed e vocais. violão,teclado cais. chi – baixo e vo Johnny Frates ssão. – bateria e percu r le ig Z to er b Hum Ariante – carrari e Vic Rafaela Perti l e projeção. produção gera produção: Contatos BPC -3947 Tel: (011)99955 gmail.com bpc.producao@ ho@gmail.com grupopassarin

BPC – Beatl es Para Cri anças – únic apresentação a , dia 29 de jan eiro, doming às 15h, no CIT o, IBANK HAL L, no Festival Infantil de Fér ias. Ingressos: Cadeira VIP: R$ 100,00 (672 lugares) Cadeira Seto r I: R$ 80,00 (1 72 lugares) Cadeira Seto r II: R$ 60,00 (1 86 lugares) Poltrona Seto r I: R$ 60,00 (6 96 lugares) Poltrona Seto r II: R$ 60,00 (2 00 lugares) Camarote I: R $ 120,00 (142 lu gares) Camarote II: R$ 100,00 (149 lugares) Classificação : livre. Duração: 70 m inutos. Horário de fu ncionamento da bilheteria de terça a : sábado, das 12h às 20h domingos e fe e riados, das 13 h às 20h. Endereço: Av. das Nações U nidas, 17955, Santo Amaro , São Paulo. F one: 4003-558 8

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 54 / Revista Keyboard Brasil



Foto: Mariana Starling

Pelo Mundo

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PIANO E VOZ BRASILEIROS ^ EM TURNE PELA EUROPA O DUO FORMADO PELO TENOR ALBERTO PACHECO E PELO PIANISTA SILAS BARBOSA FAZ SÉRIE DE RECITAIS NA ITÁLIA, FRANÇA E PORTUGAL * Virtuosi Produções

N

o mês de fevereiro de 2017, o duo formado pelo tenor Alberto Pacheco

e pelo pianista Silas Barbosa fará uma turnê europeia, passando pela França, Portugal e Itália. No repertório, estão peças de compositores franceses, portugueses e brasileiros. Na França, os músicos brasileiros se apresentarão na Sala Villa-Lobos, em Paris, no dia 07 de fevereiro. Logo, seguem para Portugal, onde se apresentam no Museu Nacional de Música de Lisboa no dia 09, na Biblioteca Joanina, em

Coimbra no dia 10 e finalizam a passagem pelas terras portuguesas no dia 11 com concerto na Fundação Júlio Resende, na cidade de Porto. No dia 16 de fevereiro encerram a turnê com recital na Embaixada do Brasil em Roma. O repertório cuidadosamente preparado pelo duo promete levar o ouvinte para uma viagem musical entre França e Brasil, com passagens por Portugal. O programa se inicia com canções de Duparc, Fauré e Debussy, célebres compositores do romantismo e impressionismo francês. Em seguiRevista Keyboard Brasil / 57


da, serão apresentadas canções escritas em francês de compositores portugueses (Fragoso e Sá Noronha) e brasileiros (Nepomuceno, Villa-Lobos e Mignone), demonstrando a predominância francesa na cultura do início do século XX. O recital termina com canções nacionalistas brasileiras, escritas em português e compostas por e Lorenzo Fernandez, Ernane Braga e Francisco Mignone. Alberto Pacheco é considerado um dos principais pesquisadores musicais do Brasil. O tenor mineiro é Pósdoutor pela Universidade Nova de Lisboa e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pesquisador residente da Biblioteca Nacional, o musicista é autor de dois livros sobre o universo do canto lírico e tem um reconhecido trabalho sobre as canções luso-brasileiras do período colonial. Pacheco é um dos fundadores do grupo Academia dos Renascidos que faz um

SERVIÇO: Paris – 07/02/2017 – Sala Villa-Lobos Horário: 18h Delano Endereço: Avenida Franklin Roosevelt, 65 Paris, 75008. Lisboa – 09/02/2017 a de Lisboa – Museu Nacional de Músic Horário: 19h nco 12, Endereço: R. João de Freitas Bra 1500-359 Lisboa, Portugal Coimbra – 10/02/2017 – Biblioteca Joanina Horário: 18h s da Universidade de Endereço: Pátio das Escola Coimbra, 3004-531 58 / Revista Keyboard Brasil

trabalho de divulgação das canções lusobrasileiras do período colonial. No recital, Pacheco dividirá o palco com Silas Barbosa, que é considerado um dos principais nomes da nova geração de pianistas brasileiros. Silas é detentor de vários prêmios, dentre eles o 1º lugar no XII Concurso Nacional Arnaldo Estrella e no VII Concurso Nacional Villa-Lobos, 2º lugar no I Festival Jovens Intérpretes de Francisco Mignone e o 3º lugar no III Concurso Internacional Grieg-Nepomuceno. Nascido na cidade mineira de Visconde do Rio Branco, iniciou seus estudos no conservatório de sua cidade natal e concluiu o seu Bacharelado e Mestrado em piano pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bastante ativo como solista, Barbosa se apresenta constantemente no Brasil e em países como Portugal, Espanha, Itália e Suíça. Porto – 11/02/2017 – Fundação Júlio Resende Horário: 16:30h e, 4420-534 Endereço: Pintor Júlio Resend Valbom Roma – 16/02/2017 ma – Embaixada do Brasil em Ro Horário: 20:00h Endereço: Palazzo Pamphilj Piazza Navona, 14, Roma.

– Situada em Belo *VIRTUOSI PRODUÇÕES is agências de cipa Horizonte, é uma das prin ampla atuação com sil Bra do produção cultural no país e no exterior.



Divas da Voz

RITA LEE 60 / Revista Keyboard Brasil

Mutações e calmaria da rainha do Rock


Premiada por suas canções regadas de ironia e uma carreira que beira os 50 anos, Rita Lee passou da inovação e do gueto musical do final dos anos 60 e anos 70 para as baladas românticas de muito sucesso nos anos 80.

RITA LEE COMPLETOU 69 ANOS DIA 31 DE DEZEMBRO PASSADO. VISIONÁRIA, A PAULISTANA TEM UMA COLEÇÃO DE COMPOSIÇÕES QUE MARCARAM A HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA. HÁ SEMANAS EM PRIMEIRO LUGAR NA LISTA DOS LIVROS MAIS VENDIDOS COM "RITA LEE UMA AUTOBIOGRAFIA", A RAINHA ROQUEIRA CONQUISTOU - E CONQUISTA - FÃS DE TODAS AS IDADES E TRIBOS. COMO AGRADECIMENTO PELO QUE REPRESENTA PARA O BRASIL, A REVISTA KEYBOARD BRASIL PREPAROU UMA HOMENAGEM PARA NOSSA RAINHA DO ROCK QUE ATUALMENTE VIVE L O N G E D O A G I T O C U RT I N D O S U A A P O S E N T A D O R I A . * Por Heloísa Godoy Fagundes

Revista Keyboard Brasil / 61


C

antora, compositora e multiinstrumentista, a paulistana Rita Lee Jones Carvalho, mais conhecida como Rita Lee é

uma figura central no rock brasileiro. Rita é a filha mais nova do dentista Charles Fenley Jones, imigrante norte-americano, e de Romilda Padula Jones, filha de italianos e pianista amadora. Educada em colégio francês, fala fluentemente português, inglês, francês, espanhol e italiano. Chegou a cursar Comunicação Social na Universidade de São Paulo em 1967, mas abandonou durante o primeiro período. Na infância, teve aulas de piano com Magdalena Tagliaferro. Não pensava em ser cantora de rock e sim, atriz de cinema, veterinária ou a profissão que seu pai queria, odontologia. Suas primeiras influências musicais foram Elvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Peter, Paul and Mary, Beatles, Rolling Stones, mas também escutava música brasileira como Cauby Peixoto, Ângela Maria, Tito Madi e João Gilberto, Emilinha Borba, Carmen Miranda, Dalva de Oliveira e Maysa por influência dos pais. Tudo começou, ainda adolescente, quando Rita passou a se apresentar em escolas da região como componente do Tulio's Trio. Em 1963, formou um conjunto com mais duas garotas, as Teenage Singers, participando de shows e de festas colegiais. No ano seguinte, conheceram um trio masculino, o Wooden Faces. Os dois grupos se juntam, formando o Six

62 / Revista Keyboard Brasil

Sided Rockers, banda que passou a ser chamada O'Seis. O sexteto apoiava estrelas como Tony Campelo, Jet Blacks, Demetrius e Prini Lopez. Com a saída de três componentes, sobraram Rita, Arnaldo e Sérgio que passaram a se chamar Os Bruxos. Por sugestão de Ronnie Von, o grupo mudou o nome para Os Mutantes (Rita permaneceu na banda de 1968 a 1972). Quando Gilberto Gil os encontrou, imediatamente soube que aquele trio de jovens estava na mesma trilha que os Baianos. Convidou-os a acompanhá-lo no III FMPB de 1967 da TV Record. Ganharam o segundo lugar do "Domingo no Parque" de Gil, com a inclusão de Rogério Duprat dirigindo uma orquestra com seus arranjos revolucionários. A novidade das guitarras elétricas e a irreverência generalizada da mistura de estranhos sons orquestrais da Tropicália irritaram bastante o público. Gravaram alguns discos, participaram de grandes festivais, realizaram turnês e anos depois Rita saiu do grupo. Na verdade, em decorrência do fim de seu casamento com Arnaldo e incompatibilidades artísticas com os rumos que a banda estava tomando, Rita foi expulsa dos Mutantes pelo próprio Arnaldo. O fato é que dentre distintas histórias e controvérsias, Rita alega que seus companheiros achavam que ela não tinha o virtuosismo necessário para tocar o rock progressivo, novo interesse da banda. Essa informação acabou gerando uma grande discussão. Entretanto, em


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Durante o 3º Festival de Música Popular Brasileira da Record e entre Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, Rita Lee canta para a plateia. Conquistaram o segundo lugar. (1º Lugar: "Ponteio", de Edu Lobo e Capinam – intérpretes: Edu Lobo, Marília Medalha, Momento quatro e Quarteto Novo. 2º Lugar: "Domingo no Parque", de Gilberto Gil – intérpretes: Gilberto Gil e Os Mutantes. 3º Lugar: "Roda Viva", de Chico Buarque – intérpretes: Chico Buarque e MPB4.) 64 / Revista Keyboard Brasil


Fotos: https://www.flickr.com/photos/ritaleeoficial/

2007, Arnaldo admitiu em entrevista: "Mandei a Rita embora dos Mutantes". Durante um período, Rita entrou em depressão pensando em abandonar a carreira e se resguardou em sua casa. Ao mesmo tempo, compunha o material que a faria famosa como artista solo. Ao longo de sua carreira vendeu mais de 55 milhões de discos, sendo premiada com mais de 30 discos de platina, 10 discos de ouro e 5 de diamante. Conhecida como "Rainha do Rock Brasileiro", construiu uma carreira iniciada pelo rock flertando, logo depois, com diversos gêneros, como o tropicalismo, o pop rock e a MPB, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais.

Uma das artistas que mais influenciou os músicos do Brasil que vieram a usar guitarra a partir de meados dos anos 70, sobretudo as mulheres. Rita participou de importantes revoluções no mundo da música e da sociedade em geral. Em 1973, Rita se apresentou junto com Lúcia Turnbull no show Phono 73. Formando a banda de rock Tutti Frutti (a banda durou de 1973 a 1978) para uma série de apresentações no Teatro Ruth Escobar. Adotaram o nome Rita Lee & Tutti Frutti por sugestão da gravadora. Em 1976, começou um relacionamento com o guitarrista Roberto de Carvalho e desde então ele tem sido o parceiro de suas canções, acompanhando-a em todas apresentações ao vivo. O casal oficializou a união no civil em 1996. Em 1977, grávida pela primeira vez, foi presa por porte de maconha e condenada a um ano de prisão domiciliar, quando compôs com Paulo Coelho (escritor esotérico brasileiro mais vendido no mundo) o single "Arrombou a Festa", Revista Keyboard Brasil / 65


Rita Lee e a saudosa Cรกssia Eller. 66 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 67


que vendeu 200.000 cópias. Continuou a se apresentar, sob permissões especiais do juiz. Sua amiga Elis Regina a convidou para uma dupla em um show especial para a TV Bandeirantes, quando gravaram "Doce de Pimenta", que Rita compôs especialmente para Elis. Anos depois, Rita formou o grupo Rita Lee & Cães e Gatos, e partiu para uma série de shows com o mesmo nome. O álbum do ano seguinte trouxe "Mania de Você", seu maior sucesso. Rita então, decidiu não ter mais banda, partindo para carreira solo. Com "Lança Perfume", conquistou reconhecimento internacional tendo o príncipe Charles a reconhecido como sua cantora favorita. Seus álbuns, abertamente dançáveis ​e totalmente comprometidos com um resultado comercial, estavam quebrando todos os registros de vendas, e seus shows se tornando mega-produções. Alguns problemas de saúde fizeram-na parar durante um curto período de tempo. Em 1986, como Lita Ree, fez um verdadeiro sonho de longa data: sediar um programa de rádio, que foi apresentado em São Paulo pela 89 FM, e mais tarde, na Rádio Cidade do Rio. Na TV, trabalhou nas telenovelas Top Model (1989) e Vamp (1990) e apresentou seu próprio programa, a TV Leezão, uma versão para a MTV. Na década de 1990, gravou a mistura Bossa n' Roll e entrou na onda das produções acústicas. Quando os Rolling Stones estiveram no Brasil pela primeira vez, Rita foi expressamente exigida por Mick Jagger para abrir a turnê da banda no país. 68 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 69


Foto: Guilherme Samora

Primeiro lugar na lista dos livros mais vendidos está sua autobiografia

Em outubro de 2008, a revista Rolling Stone promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, Rita Lee estava lá, ocupando o 15° lugar. Em 2012, Rita participou do desfile da escola de samba Águia de Ouro, no Carnaval de São Paulo. A agremiação homenageou a Tropicália. Em março de 2014, Rita decidiu deixar de pintar os icônicos cabelos vermelhos e assumir os fios grisalhos. "Quero ficar anônima", disse ela. Também nesse mesmo ano, foi homenageada com um musical de teatro "Rita Lee Mora ao Lado", baseado no livro homônimo de Henrique Bartsch e estrelando Mel Lisboa como Rita. Há semanas, "Rita Lee - Uma Autobiografia", está em primeiro lugar na lista dos livros mais vendidos. Mesmo aposentada dos palcos e dos estúdios, Rita Lee ainda é seguida por multidões de fãs. Na rede social Instagram apresenta suas habilidades artísticas. Longe da agitação, segue numa vida tranquila. Suas músicas continuam fazendo parte de trilhas sonoras de novelas e programas de televisão porque continuará sendo

referência em qualidade e revolução na música brasileira.

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 70 / Revista Keyboard Brasil


30


Revolução Musical

72 / Revista Keyboard Brasil


AVI ROSENFELD Metal/Hard Rock

Psycothronic VI MÚSICA SEMPRE FOI UMA PAIXÃO PARA O ISRAELENSE AVI ROSENFELD QUE, INFLUENCIADO

PELOS CLÁSSICOS DO

ROCK COMO DEEP PURPLE, RAINBOW E URIAH HEEP, POSSUI UMA VASTA E MAGNÍFICA OBRA.

* Por Amyr Cantusio Jr.

A

vi Rosenfeld é um compositor e guitarrista israelense, com o qual tive o prazer de

Foto: Divulgação

trocar ideias através da Internet. Conheci seus trabalhos, fui convidado a colocar teclados em um de seus sons (o que ainda não o fiz por falta de tempo). Avi tem uma “queda “ pela música e estilo do Deep Purple, Rainbow e Uriah Heep. Neste meio tempo, ele me enviou 3 CDS para ouvir e resenhar para vocês (Brasil) que são: -VERY HEEP, VERY PURPLE III -VERY HEEP, VERY PURPLE IV -VERY HEEP, VERY PURPLE V Vejam detalhes no Link da Web Page de Avi.

Uma sequência de hard Rock (o próprio nome já diz) inspirados em Deep Purple e Uriah Heep. Ao todo são excelentes 30 faixas compostas por Avi. Em gravação, sonoridade e pegada metal/hard. Avi sempre convida músicos participantes na bateria, órgão , baixo, vocais, etc... No site, você poderá ouvir, baixar, conferir e comprar a discografia dele. E o que chama a atenção, apesar de praticamente “underground” e de uma área distante como Israel, é a vasta obra do rapaz!!

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 73


A vista do meu ponto

Música: V E N H A PA R A ESTE MUNDO VOCÊ TAMBÉM!

SEGUINDO A LINHA DE RACIOCÍNIO DA MATÉRIA NA EDIÇÃO PASSADA, T O C A R U M I N S T R U M E N T O, EXECUTAR AQUELA TÃO SONHADA MÚSICA, TRANSCENDE... E ESTE É O V E R D A D E I R O E S TA D O D E ILUMINAÇÃO. NADA DE MEDITAÇÃO, IOGA OU CONCENTRAÇÃO FORÇADA. SÓ VOCÊ, A MÚSICA E A FONTE. ENTENDA O QUÃO PROFUNDO É O SIGNIFICADO DA PALAVRA MÚSICA.

* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

74 / Revista Keyboard Brasil


E

liminar aquela “voz” que a todo momento fica martelando na nossa cabeça é o sonho do todos nós.

Não aguentamos mais suportar a carga do nosso eu dizendo o que está certo ou errado, rotulando todas as coisas, agindo sempre da mesma forma e mantendo os nossos pensamentos sempre ligados à mesma direção, com medo, querendo ter sempre razão e insistindo na falsidade do ego. Seria ótimo se pudéssemos, rapidamente, eliminar estes “ranços mentais” e partir para uma vida mais serena, desapegada, livre de rótulos, livre da necessidade de ter sempre razão, principalmente. Quando falo sobre o assunto vem sempre a ideia de Iluminação, exatamente como escrevi na edição passada. Só existem duas maneiras para você atingir o estágio de iluminação: práticas espirituais, que envolvem principalmente a meditação e a Música. Das duas sugestões, inevitavelmente a mais simples e fácil é a Música. Lembra do "Arquivo X" que utilizava o seguinte jargão: “A Verdade está lá fora”? Ficção! A verdade está dentro de você e você a percebe assim que a vê, assim que a sente. Portanto, vou reforçar o que tenho comentado por muito tempo: aprenda a tocar um instrumento musical. E você deve fazer isso o mais rápido possível...

A questão não é somente música pela música, ou porque música é uma coisa importante, significa cultura, coisa e tal. A questão envolve o espírito. Isso mesmo: tocar um instru-

mento musical é uma questão espiritual! Até rimou! Legal! Quando você se envolve com a música, a sua mente para! Isso mesmo, para! Ela, naturalmente, começa a processar elementos inerentes a sua personalidade.

Com a música você consegue Revelar-se. Com a música você transcende as palavras, os sentimentos, e passa a viver um estado de êxtase. Sim, êxtase! Mesmo em casa, sozinho, quando você consegue tocar aquela música que tanto estudou, o êxtase passa a tomar

conta de você. E isso é maravilhoso! Isto significa ligar você à fonte. Significa canalizar os seus sentimentos para um espaço maior, muito maior do que o nosso planeta; talvez, do tamanho do universo. Tocar um instrumento, executar aquela tão sonhada música, transcende...

E este é o verdadeiro estado de iluminação. Nada de meditação, de ioga, de concentração forçada. Só você, a Música e a Fonte. Venha para este mundo você também!

Música, música, música! Avante!

*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 75


Música e espírito

SONAR meditativo, profundo e transcendental

SONAR Adriano Grine berg & Edu G omes Gênero: World

ADRIANO GRINEBERG E EDU GOMES APRESENTAM O TRABALHO FRUTO DE PESQUISAS DE SONORIDADES E AMBIÊNCIAS MARÍTIMAS, INSPIRADO NA ENERGIA COLETIVA E ANCESTRAL DOS SERES QUE HABITAM OS OCEANOS.

* Por Heloísa Godoy Fagundes

D

écimo álbum da parceria entre os compositores Adriano Grineberg e Edu Gomes, o Cd Sonar traz

nos oceanos e nas almas coletivas dos seres que os habitam a fonte de inspiração e criação. Curiosamente, os dois músicos são conhecidos no cenário do Blues e da música brasileira. Grineberg é pianista e cantor e uma das referências contemporâneas do gênero em suas pesquisas que traz as raízes africanas e de outras partes do mundo. Já atuou ao lado de grandes nomes como Ira!, Magic Slim, Filipe 76 / Revista Keyboard Brasil

Catto e Ana Cañas. Edu Gomes por sua vez é considerado um dos melhores e mais elegantes guitarristas do cenário Blues Rock. Produtor e co-fundador da banda Irmandade do Blues, possui parcerias com Roberto Menescal e outros nomes da música brasileira. Diferente de tudo que a dupla realizou fora do projeto dessa parceria, Grineberg e Gomes são admiradores do Rock Progressivo e


Sonar foi gravado e produzido ao longo de 7 anos de pesquisas sobre os oceanos e o comportamento sonoro dos cetáceos – golfinhos e baleias.

da New Age e colocam nesse projeto de parceria todas as influências dessas sonoridades. Dos CDs já produzidos merecem destaque “Vera Mantra”, assinado também pelo mineiro Edson Aquino, que foi lançado na Índia em 2004 e traz os mantras e bhajans indianos com novas roupagens que remetem à música brasileira. “Música para os Florais de Bach” volumes I e II, inspirados nas essências pesquisadas pelo Dr. Edward Bach nos 38 tipos de florais no comportamento humano, uma obra reconhecida em Mount Vernom (Inglaterra) com o selo de autenticidade do Edward Bach Institute.

Sonar vai além da música descritiva e faz o caminho inverso onde os padrões melódicos e rítmicos ditam a tendência de composição inspirada por alguma paisagem ou por algo externo. Foi gravado e produzido ao longo de 7 anos de pesquisas sobre os oceanos e, sobretudo, ao comportamento sonoro dos cetáceos – golfinhos e baleias. O ouvido humano tem a capacidade de captar ondas sonoras até aproximadamente 30.000 hz de frequência, no caos dos golfinhos esse número atinge marcas superiores a 150.000 hz, fazendo de seu universo sonoro algo muito mais

abrangente e rico com relação aos ouvidos humanos. Isso se traduz para nossa curva de resposta quando ouvimos o cd “Sonar”. Para alguns pode ser uma música amplamente meditativa e, para outros, simplesmente contemplativa e reconfortante pela rica gama de sons e fluidez das ondas e ventos dos mares. Ubatuba, Laguna e Fernando de Noronha são alguns dos lugares que inspiraram a concepção das 11 músicas compostas e gravadas. Normalmente, os trabalhos com esse teor são elaborados com sons de muitos sintetizadores e samplers. No entanto, a dupla segue a contramão dessas tendências fazendo uso de sonoridades mais orgânicas possíveis como guitarras em afinações alternativas, uso de slide e e-bow, pedais simuladores de efeitos como reverb, delay e flanger, associados ao piano fender Rhodes, sons corporais como assobios e pouquíssimos sintetizadores que são usados raramente para compor fundos de planos sonoros. Sonar é um convite para um mergulho interno em suas infinitas possibilidades, no Universo que habita dentro de cada um. Leia, a seguir, a entrevista com Adriano Grineberg.

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Foto: Emmy Fotografia

Edu Gomes (esquerda): guitarrista, compositor e produtor. Adriano Grineberg (direita): pianista, compositor, arranjador e cantor. 78 / Revista Keyboard Brasil


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Entrevista Revista Keyboard Brasil: Como se deu a parceria entre você e o guitarrista Edu Gomes? Adriano Grineberg: Conheci o Edu Gomes nos tempos das festas da Revista Blues'n'Jazz, na época ele era guitarrista da Irmandade do Blues e eu tocava piano em várias bandas de São Paulo. Notamos uma afinidade muito grande musical que ia muito além do blues e do rock e percebemos que tínhamos muitos gostos musicais em comum que transitavam pelo Rock Progressivo e pela música clássica. Na época, fizemos uma espécie de troca e parceria, Edu estava gravando seu primeiro cd solo “Espelho d'Água”e eu colocaria os teclados. Em contrapartida, o Edu gravaria as guitarras de meu primeiro cd meditativo de New Age que, posteriormente, seria definido como nosso primeiro álbum em parceria “Ap Nithya”. Revista Keyboard Brasil: Por que decidiram enveredar para o lado New Age/ World Music? Adriano Grineberg: Sempre tive uma afinidade com a meditação, hinduísmo e budismo e, no final dos anos 80 e 90, tinha uma admiração pelos trabalhos do Vangelis, do Kitaro e do Aeiolah, isso se 80 / Revista Keyboard Brasil

fez presente na minha formação da mesma maneira que paralelamente o Jazz, Blues e a música clássica. O Edu Gomes sempre foi um músico diferenciado dentro da cena do Blues, tem um fraseado que foge dos clichês habituais e isso, com o tempo, foi me chamando muito a atenção no sentido de fazer essa parceria. Isso se deu em 1999 e, a partir disso, seguimos naturalmente com nossas pesquisas que começaram a tender para a world music e música étnica de minha parte, e pelas sonoridades, produção e estética por parte do Edu Gomes. A soma disso se faz presente nos 10 álbuns que gravamos. Revista Keyboard Brasil: Sonar é o décimo trabalho da dupla. Alguma razão para pesquisar sobre os sons de golfinhos e baleias? Adriano Grineberg: O CD Sonar foi elaborado logo após o “Música para os Florais de Bach”, um trabalho que durou cerca de 2 anos em pesquisas dos grupos de emoções catalogados pelo Dr. Edward Bach. O trabalho teve reconhecimento e o selo de autenticidade no Bach Institute na Inglaterra. A partir disso, passamos a pensar e sentir que o projeto poderia ter temas específicos voltados para um tema específico dentro da proposta de


meditação, auto conhecimento, introspecção e contemplação. O tema dos mares nos atraiu por se tratar de um universo inexplorado dentro de nosso planeta, o mar e suas sonoridades, e as composições começaram a surgir de forma muito natural. Procuramos dar nas composições, um aspecto que fosse o mais fiel possível aos sons e ritmos dos mares, onde as fórmulas e padrões que usamos na música habitualmente foram abandonados, dando espaço a um ritmo próprio inspirado nas imperfeições que a natureza sugere muitas vezes.

sas desaceleramos as frequências audíveis emitidas por golfinhos que foram extraídas, sons extremamente agudos que fomos desacelerando nos programas de edição. Baixamos cerca de 5 a 6 oitavas e o som que obtivemos é muito semelhante ao da fala humana, num idioma totalmente desconhecido. Além de ser uma surpresa, isso nos traz a dimensão da evolução, sofisticação e mistérios ainda não desvendados dos cetáceos em relação, não somente à comunicação através dos sons, mas ao comportamento geral dessas criaturas.

Revista Keyboard Brasil: Sonar foi produzido ao longo de 7 anos de pesquisas sobre os oceanos e o comportamento sonoro dos cetáceos – golfinhos e baleias. Fale sobre essas pesquisas e os lugares escolhidos. Adriano Grineberg: Escolhemos estar na presença desse seres marinhos em lugares como Laguna SC, onde existe o Santuário dos Golfinhos e também em Ubatuba. Golfinhos e baleias estão ligados de forma mística e transcendental à muitas culturas ancestrais, e procuramos unificar essas informações com aquilo que existe de concreto e estudado pela ciência. É sabido que os golfinhos possuem um sofisticado sistema de comunicação entre eles e até mesmo uma espécie de alfabeto, sendo criaturas que criam redes de sons e energia nos oceanos em frequências que ultrapassam 150.000hz – o ouvido humano consegue captar algo em torno de 30.000hz. Da mesma forma, as baleias através do chamado “sonar”. Nas pesqui-

Revista Keyboard Brasil: Normalmente, os trabalhos com esse teor são elaborados com sons de muitos sintetizadores e samplers. No entanto, decidiram seguir na contramão dessas tendências. Alguma razão? Adriano Grineberg: Com relação à tendência que esse gênero traz, sempre vi com muita estranheza e um certo incômodo projetos onde tínhamos sons de passarinhos ou mar com Beethoven ao fundo, por exemplo. Falo com muito respeito e sinceridade que esse tipo de proposta nunca me atraiu e, ao invés de me deixar relaxado, eu ficava ainda mais tenso. Independente da sonoridade que se possa usar, acho importante o músico e o compositor se desligarem do mundo externo e criar dentro dele, com a maior profundidade e sinceridade possível, uma paisagem, um lugar onde gostaria de estar e recriar. Isso faz naturalmente surgir as melodias, formas de compassos, sonoridades que podem ser buscadas nas mais Revista Keyboard Brasil / 81


diversas fontes. No nosso caso, sempre houve a preferência por timbres mais acústicos e orgânicos como o das guitarras, piano, flautas, percussões, apitos, assobios. As ambiências e profundidade sempre foram acrescidas pelo auxílio precioso de pedais valvulados, reverb natural das salas e outros recursos. Isso se dá, não somente pela preferência na estética, como também por serem recursos que tínhamos um domínio mais amplo e presentes em trabalhos que sempre fizemos independente do estilo. Revista Keyboard Brasil: Qual setup que você utilizou na produção desse trabalho? Adriano Grineberg: Melódica (Escaleta) Hohner Superforce 37; Piano Fender Rhodes Mark I; Pedais diversos da linha “Line 6”; Teclado Yamaha S-90; Teclado Rolland D-50 + PG1000 para emular efeitos; Percussões diversas como apitos – areia – balde com água; Percussões e estalos com o corpo; Guitarra com slide – ebow – afinações alternativas extremamente graves para simular o som das baleias Jubarte.

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 82 / Revista Keyboard Brasil



Foto: Rick Petelin

Vitrine

CONCEPÇÃO ESTRUTURAL: Método TeóricoPrático para Violão e Guitarra CONHEÇA THIAGO

O

MÚSICO

LIMA

ELOGIADO CONTA

E

SEU

LIVRO

QUE

COM

RESENHAS

POSITIVAS DE ALGUNS DOS MELHORES

GUITARRISTAS

DO BRASIL, COMO RAFAEL B I T T E N C O U RT,

WESLEY

LELY CAESAR, EDU ARDANUY, MICHEL

LEME,

CIRO

VISCONTI,

MÁRCIO

ALVEZ,

LUPA SANTIAGO, MARCELO BARBOSA, ENTRE OUTROS.

* Redação 84 / Revista Keyboard Brasil


Biografia

M

úsico paulistano, Thiago Lima se interessou pela música no início da adolescência, tendo seus primeiros contatos com bandas como Deep Purple, Led Zeppelin, Queen, Pink Floyd, entre outros. Após um longo período como autodidata, integrando diversas bandas pelas noites paulistanas, resolveu estudar música a sério e ingressou no Conserva-tório Souza Lima & Berklee tendo aulas com o guitarrista Denison Fernandes. No Conservatório, Thiago teve a oportuni-dade de estudar com alguns dos melhores professores de guitarra do Brasil como Eduardo Ardanuy, Marcio Alvez, Michel Leme, Ciro Visconti e Mozart Mello. Outros professores como Lupa Santiago, Carlos Ezequiel, Daniel Maudonnet, Ana Drummond, Cidinha Simões e Miguel Laprano também foram fundamentais para sua formação musical, pois apren-

Quarteto Tesla Thiago é integrante do Quarteto Tesla. O grupo lançou, em 2016, o “Electric Mozart” disco esse com o repertório integralmente baseado no

deu assuntos como História da Música, Fundamentos da Improvisação, Composição, Percepção, Teoria, Arranjo e Harmonia, fazendo-o desenvolver diferentes aptidões dentro da música. Já formado, Thiago foi convidado juntamente com a Orquestra de Guitarras Souza Lima para uma série de concertos na maior faculdade de música do mundo, a Berklee College Of Music, em Boston (Estados Unidos da América), onde também pode aprofundar seus estudos musicais. Com a Orquestra, além de muitos concertos pelo Brasil, também se apresentou em diversas emissoras de TV. Como docente, integrou o quadro de professores do Conservatório Souza Lima dentro do Colégio Domus Sapientiae. Atualmente, Thiago Lima é professor do tradicional Colégio Dante Alighieri, integrante da banda do espetáculo RENT, um grande clássico da Broadway, além de paralelamente trabalhar nas composições do seu primeiro disco solo.

compositor austríaco W. A. Mozart. Em paralelo à elaboração do disco, foi gravado um documentário contando a história de produção até sua finalização, com previsão de lançamento para início desse ano. Revista Keyboard Brasil / 85


A singularidade do grupo se dá pela desterritorialização da instrumentação original das obras, reterritorializando-a na esfera estética das guitarras elétricas: não apenas no tocante ao colorido instrumental, mas, sobretudo, pela proposta de re-interpretação musical a partir de uma lente-ouvido contemporânea: buscar pontos peculiares de intersecção e equilíbrio entre momentos

musicais longínquos: eis que irrompe uma arte híbrida; de síntese; de transfiguração. O grupo é formado por guitarristas profissionais que possuem suas carreiras individuais, porém, com algo forte incomum: o amor pela música eru-

dita e a vontade de trazer de volta um repertório tradicional com excelência.

Cazuza-tour Recentemente Thiago integrou a orquestra do premiado espetáculo Cazuza – Pro dia Nascer Feliz, atuando como guitarrista, violonista, bandolinista e regente, realizando três temporadas: duas no Rio de Janeiro (Teatro Net Rio) e uma em São Paulo (Teatro Procópio Ferreira); duas turnês nacionais passando por 14 Estados e o Distrito Federal, espetáculo esse visto por

86 / Revista Keyboard Brasil

mais de 300 mil pessoas. Participou do icônico show no Circo Voador montado no Arpoador/RJ, celebrando os 30 anos do lançamento de Exagerado do Cazuza, dividindo o palco com músicos como Dado VillaLobos (Legião Urbana), João Barone (Paralamas do Sucesso), Willy Verdaguer (Secos e Molhados) e Liminha (Mutantes e um dos maiores produtores brasileiros).


Concepção Estrutural – Método Teórico-Prático para Violão e Guitarra Editora: MusiMed Autor: Thiago Lima Número de Páginas: 160 O Método para Violão e Guitarra – Concepção Estrutural – escrito por Thiago Lima constitui uma importante ferramenta para o desenvolvimento musical de alunos de diversos níveis de aprendizagem. Os tópicos incluídos no livro formam tanto a estrutura teórica/harmônica básica que é necessária para o enriquecimento musical dos improvisos, arranjos, acompanhamentos e análises de um instrumentista em formação, como a rotina diária dos exercícios de aperfeiçoamento da técnica e da mecânica de digitações, palhetadas, ligaduras, ornamentos e sincronização da ação das mãos. O ponto forte do livro é a clareza e a profundidade em que os mais diversos assuntos são expostos pelo autor. Escalas, modos, arpejos, acordes e outros conceitos fundamentais para o estudo do instrumento são abordados com uma didática incomum para publicações desse gênero. Essa qualidade é fundamental para que esse método seja utilizado tanto em aulas – constituindo um material de apoio ao professor – como em um estudo autodirigido. O livro pode ser adquirido diretamente no site do músico.

Revista Keyboard Brasil / 87


Perfil

GUEGHA

SAN

CONHEÇA O MULTIFACETADO

* Por Rafael Sanit

88 / Revista Keyboard Brasil


G

uegha San começou na música aos 12 anos de idade como baterista oficial do Ministério de Louvor de sua igreja, no

interior da Bahia tocando em várias bandas no seguimento Gospel de sua região. Atendendo à necessidade do Ministério de Louvor, Guegha San começou seus estudos no teclado e não parou mais. Mais tarde, mudou-se para a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde trabalhou em uma famosa loja de instrumentos musicais no setor de aúdio e tecnologia, onde desenvolveu suas habilidades como pesquisador e atendeu um público mais exigente, dentre eles Henrique Portugal (Skank). Como músico, já tocou com vários artistas do meio Gospel, tais como, David Quinlan (Som Livre), Ariane (ex MK) e Lukão Carvalho (preto no branco Sony Music). Recentemente Guegha San gravou dois reality show na MTV BRASIL (EX ON THE BEACH e ARE YOU THE ONE BRASIL 3) como engenheiro de áudio e realizando as trilhas sonoras dos programas. Atualmente, desenvolve um trabalho musical com a cantora e blogueira Lua Alone, divide suas atividades como produtor, engenheiro de áudio e arranjador ao lado de Enéas Xavier (ex-DT) e Andre Espíndola no estúdio Usina MG, e ainda arruma tempo para ministrar em vários lugares. Guegha San é endorsee das marcas JK pedais e Hard Bag Pesonalizado.

* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 89




Ponto de Vista

2016: Instituições musicais brasileiras à beira de um ataque de

NERVOS

SABEMOS QUE TRABALHAR COM CULTURA NO BRASIL SIGNIFICA ARRISCAR. PORÉM, A CRISE MUSICAL VIVIDA NO BRASIL NO ANO QUE ACABOU SERVIU PARA MOSTRAR QUE, MESMO COM TODAS AS DIFICULDADES, A ATIVIDADE MUSICAL DEVERIA SE DESENVOLVER FORA DO MEIO GOVERNAMENTAL. VIDE SUAS PÉSSIMAS GESTÕES. ** Por Maestro Osvaldo Colarusso 92 / Revista Keyboard Brasil


Na imagem: Banda Sinfônica sob regência do competente Marcos Sadao Shirakawa.

C

reio ser difícil responsabilizar apenas um fator na série alarmante de más notícias

em torno da atividade musical no país, e não creio que há um

plano articulado contra a música como um todo. A crise é global. No entanto, a catastrófica crise econômica que assola o Brasil nos últimos tempos veio se agregar a algo já muito conhecido quando nos referimos a instituições públicas voltadas à atividade musical: péssima gestão. A lista de hecatombes nacionais recentes (crise econômica, política e alta corrupção) se soma às toscas e ineficientes práticas administrativas. CURITIBA 35ª OFICINA DE MÚSICA DE CURITIBA UM EVENTO CANCELADO Aqui no Paraná o anunciado cancelamento da realização da 35ª

Oficina de Música de Curitiba demonstra uma junção de uma arrecadação cambaleante da prefeitura com deslizes sérios de gestão, tanto da administração que está saindo, por ter prometido uma verba que não existe, como da administração que está entrando e que lança uma artificial disputa entre saúde e cultura (que é vista pelo novo prefeito como “secundária”). A meu ver nada justifica o cancela-mento de um evento cultural que há 35 anos

acontece na cidade, ainda mais depois que os aportes necessários foram oferecidos por diversas secretarias do Estado, mas se revelaram ineficientes frente à obstinação do novo prefeito em cancelar o evento. BRASÍLIA A ORQUESTRA DO TEATRO NACIONAL DE BRASÍLIA TOCANDO EM LUGARES IMPRÓPRIOS Caso já antigo é o da

Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro de Brasília, que há três anos vem se apresentando em locais totalmente desprovidos de mínimas condições acústicas pelo fato de sua sede, o Teatro Nacional, estar fechado para reformas, reformas essas que ainda estão longe de começar. A má novidade é que a recessão galopante faz da próxima temporada da orquestra ser uma incógnita pois cortes consideráveis já foram anunciados. Lembro que os músicos desta orquestra recebem os mais altos salários de músicos de orquestra do país. Em resumo: músicos bem pagos tocando para um pequeno público em lugares impróprios. Desperdício? PORTO ALEGRE A SINFÔNICA DE PORTO ALEGRE SEMPRE SE APRESENTANDO EM IGREJAS COM PÉSSIMA ACÚSTICA

Revista Keyboard Brasil / 93


Outra crise de gestão aguda e antiga acontece também com a OSPA –

Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Sem sede há muitos anos (sua sede foi “desalugada” pela governadora Yeda Crusius) toca em igrejas com acústicas sofríveis para um público declinante. A diferença com Brasília é que os salários, que já não são grande coisa, entraram no sistema de parcelamentos no falido Estado do Rio Grande do Sul. Vale ressaltar que no programa de contenção de custos o Governo do Estado extinguiu a Rádio Educativa do Rio Grande do Sul. SÃO PAULO BANDA SINFÔNICA DE SÃO PAULO: À BEIRA DA EXTINÇÃO Em São Paulo, a queda de arrecadação advinda da crise econômica levou o Governo do Estado a praticamente extinguir a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. Aliás o governo de São Paulo pensa seriamente (através da OS “Instituto Pensarte”) em cessar a atividade da Jazz Sinfônica e da Orquestra do Theatro São Pedro. Mesmo a OSESP, uma instituição que parece viver ao largo da catastrófica situação econômica do país, tem perspectiva de alguns cortes no seu orçamento. Mas como a OSESP tem um apoio forte de um conceituado banco, e como os bancos são os únicos a lucrarem no caos econômico brasileiro, existe chance de ela sair menos chamuscada da recessão. A crise de corrupção que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, com notícias de que o dinheiro 94 / Revista Keyboard Brasil

desviado chegaria a 130 milhões de reais. Roubalheira, baixa arrecadação e má gestão: tudo junto. RIO DE JANEIRO ARTISTAS DO THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO EM RECENTE MANIFESTAÇÃO No Theatro Municipal do Rio de Janeiro (que apesar do nome é administrado pelo governo do Estado) foram canceladas as apresentações de uma ópera (Jenufa do tcheco Leoš Janáček) dois dias antes da estreia no último mês de novembro pelo atraso de mais de um mês de pagamento dos salários dos músicos e demais funcionários do teatro. A penúria carioca faz com que os salários continuem a ser parcelados para todos os funcionários do Estado, inclusive os músicos (cantores e instrumentistas) do teatro. E, por falar em Rio de Janeiro, a péssima gestão acrescida à recessão levou mais uma vez ao impasse a existência da Orquestra Sinfônica Brasileira. O Estado do Rio de Janeiro, cujas finanças estão para lá de arruinadas, parece prometer mais crises. No que tange o Theatro Municipal e todo o funcionalismo do Estado o parcelamento dos salários será uma constante durante o ano, o que faz prever mais cancelamentos. SALVADOR E OUTROS LUGARES AS “MÁGICAS” DO MAESTRO CARLOS PRAZERES PARA MANTER A SINFÔNICA DA BAHIA VIVA E ATUANTE Em Salvador a Orquestra Sinfô-


FUTURO SOMBRIO E NEBULOSO

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Para mim a equação é simples: a música de qualidade é uma atividade que depende principalmente do poder público e as finanças públicas estão numa crise profunda, advinda principalmente de uma recessão nunca vista por aqui, alimentada por uma infindável crise política. E quem administra esta verba declinante não tem demonstrado capacidade técnica de fazer com que esta verba produza algo de bom. Esta crise política me parece estar longe do fim e, como consequência, a crise econômica permanecerá, infelizmente, por um longo tempo. Não há mais nenhuma garantia, e mesmo os funcionários estatutários não sabem do dia de amanhã e se perguntam: haverá recursos para se pagar salários e aposentadorias para eles? Creio mesmo que a atividade musical, mesmo com todas as dificuldades, deverá aos poucos se desenvolver fora do meio governamental. Orquestras e atividades musicais são atacadas em diversas redes sociais como pudemos constatar, por exemplo, quando o MBL, um grupo de cunho político, saiu em defesa da triste extinção da Orquestra Sinfônica de São José dos Campos e do cancelamento da 35ª Oficina de m´sica de Curitiba. Do jeito que a coisa anda, as atividades culturais caminham para um futuro extremamente sombrio e nebuloso.

Do jeito que a coisa anda, as atividades culturais caminham para um futuro extremamente sombrio e nebuloso.

– Maestro Osvaldo Colarusso

nica da Bahia (OSBA), mantida pelo Governo do Estado, não para de tirar coelhos da cartola para se manter viva. É lógico que a recessão só piora a situação do conjunto, que talvez sofra por ter sido apoiada por Antônio Carlos Magalhães e não aparece simpática à atual administração. Mera hipótese. Mas a crise é real. Há a promessa de uma OS (Organização social) salvar o conjunto. Ainda não soube de nada mais definido a respeito das atividades musicais em Belo Horizonte, mas, ao que tudo indica, problemas acontecerão, pois, o Estado de Minas Gerais decretou Catástrofe Econômica. Ainda não obtive notícias de Goiânia, Manaus, Belém e Recife.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. Revista Keyboard Brasil / 95


Outros sons

Jean-Lu O homem que

P

MESTRE DO VIOLINO E PIO JEAN-LUC PONTY É AM INOVADOR QUE APLICOU PARA EXPANDIR O VOCA

* Por S

96 / Revista Keyboard Brasil


uc Ponty D reinventou o violino

PARTE 1

ONEIRO NA ÁREA DO JAZZ-ROCK, MPLAMENTE CONSIDERADO UM U SUA VISÃO VISIONÁRIA ÚNICA ABULÁRIO DA MÚSICA MODERNA.

Sergio Ferraz

iferente do uso característico do violino como instrumento da música erudita, o início do século XX ofereceu uma tradição de grandes violinistas que, ao longo de várias décadas, consolidaram o violino como um instrumento solista no jazz. O pioneiro que pôs o violino como instrumento protagonista no jazz foi Joe Venutti (1903-78), seguido por outros grandes como Eddie South (1904-62), S t u f f S m i t h ( 1 9 0 9 - 1 9 6 7 ) , S ve n d Asmussen (1916-) e Stephane Grapelli (1908-1997). Jean-Luc Ponty deu um

passo além nesta tradição. Antes dele, o violino estava ligado à tradição do jazz-francês ou swing jazz, com seu som elegante acompanhado por outros instrumentos acústicos, como o violão. Porém, Jean-Luc Ponty elevou o violino a outro patamar enquanto instrumento solista, criando um estilo de tocar mais agressivo e poderoso, lembrando o sax do John Coltrane. Nos anos 70, ele eletrificou o instrumento, aproximando-o do som de uma guitarra e chegando aos anos 80 com um instrumento de captação MIDI totalmente renovado, contribuindo não só musicalmente, mas também tecnologicamente. Jean-Luc Ponty nasceu em uma família de músicos clássicos em 29 de setembro de 1942 em Avranches, França. Teve aulas de violino com seu pai e estudou piano com a mãe. Aos 16 anos foi aceito no Conservatório Nacional Superior de Música de Paris, graduando-se dois anos mais tarde com a honra mais

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n-Luc Ponty. Direita:

ppa e Jea Esquerda: Frank Za

John McLaughlin

elevada da instituição, Premier Prix (primeiro prêmio). Com isso, Ponty foi imediatamente contratado por uma das principais orquestras sinfônicas, Concerts Lamoureux, na qual tocou por três anos. Enquanto tocava na orquestra, Ponty passou a tocar também em gigs de jazz, inicialmente clarinete, que havia aprendido com o pai e, posteriormente, saxofone. Foi nessa época que despertou 98 / Revista Keyboard Brasil

cada vez mais interesse pela música de Miles Davis e John Coltrane. No início, o violino parecia ser uma desvantagem. Poucos viam o instrumento como tendo um lugar legítimo no estilo do jazz moderno. Mas foi com seu som poderoso e evitando o uso do vibrato que Ponty se distinguiu com frases da era bebop e um estilo agressivo influenciado mais por trumpetistas e saxofonistas, de


Primeira fase – Sob a influência de Coltrane

uma forma que ninguém antes havia experimentado previamente no violino. Ninguém

tinha ouvido nada como Ponty! Podemos dizer que Jean-Luc Ponty teve três fases distintas em sua carreira. A primeira inicia-se nos anos 60 tocando com o violino tradicional de quatro cordas, amplificado por captadores acoplados ao cavalete do instrumento.

Nessa primeira fase, em 1964 e aos 22 anos, ele lançou seu primeiro álbum solo pela Philips: Jazz Long Playing. Depois, um álbum ao vivo em 1966, chamado Violin Summit, com Ponty tocando ao vivo em Basel na Suíça junto aos veteranos do violino Svend Asmussen, Stéphane Grappelli e Stuff Smith. Aí vemos claramente o estilo distinto de Jean-Luc Ponty, voltado para o jazz pós be-bop. Seu som seco, forte e virtuoso com frases rápidas, bem ao estilo John Coltrane na fase modal. Em 1967, Ponty grava pelo selo World Pacific Jazz os discos Electric Conection, com a Gerald Wilson Big Band e Jean-Luc Ponty Experience, com George Duke Trio. Em 1969, Frank Zappa compôs as músicas para o álbum solo King Kong, de Jean-Luc; esse álbum é uma obra prima. Vale a pena uma audição cuidadosa para observar os arranjos do Maestro Zappa e a execução primorosa de Jean-Luc Ponty. Essa obra marca também um período transitório da primeira fase para a segunda, onde o estilo modal pós be-bop agora mistura-se mais ainda com elementos do rock.

S e g u n d a f a s e – Mahavishnu e Rock Progressivo A segunda fase de Jean-Luc Ponty é particularmente marcante. Ela cobre toda a década de 70 com discos históricos, tanto na sua discografia solo, como em sua participação em trabalhos de outros artistas. Podemos dizer que a segunda fase é marcada pela eletrificação do som do violino, aproximando ao som da guitarra. Ponty passa a tocar mais frases pentatônicas e usar pedais de efeitos como phaser, wha-wha e dalay. É marcante também seu violino de 5 cordas da marca Barcus-Berry, de cores azul e vermelho, com seu som característico. Revista Keyboard Brasil / 99


Mahavishnu Orquestra.

Não podemos deixar de mencionar sua importante participação na fantástica formação da Mahavishnu Orchestra, do virtuoso guitarrista John McLauglhin. O álbum Apocalypse (1974), da Mahavishnu Orchestra, é um concerto para banda e orquestra composto por John McLaughlin, tendo Ponty no violino e McLaughlin na guitarra como solistas, além da participação da Orquestra Sinfônica de Londres. Uma obra belíssima densa e complexa, com muitas nuances e mudanças climáticas. Ainda em sua participação na Mahavishnu Orquestra, vem na sequência o álbum Vision Of the Emeral Beyond, outra grande obra prima da primeira à última música, com Jean-Luc Ponty e Jonh McLaughlin brilhando em seus solos virtuosos. Destaque para o tema de abertura, Eternety's Breath, uma composição em duas partes. Nos anos 70 Jean-Luc Ponty passa a ser admirado não só por fãs de jazz, mas também por admiradores do rock progressivo. Isso se dá por conta dos

álbuns Imaginary Voyage (1976), Inigmatic Ocean (1977), Cosmic Messenger (1978), e o clássico Jean-Luc Ponty Live, de 1979, que reúne músicas dos álbuns anteriores já citados. O som de Ponty nessa época passa a ter mais influências do rock, com faixas longas divididas em quatro partes. A m ú s i c a I m a g i n a r y Vo y a g e é u m a composição de 19 minutos dividida em quatro partes. Essa peça abre com rápidas passagens de acordes não tonais e súbitas mudanças de ritmo até a entrada do violino. Destaque para o belo tema do segundo movimento. Nos anos 80 Jean-Luc mergulhou de cabeça nas inovações tecnológicas que aquela época proporcionou à música. Ele desenvolveu novo violino de corpo maciço e captação MIDI junto a fábrica Zeta. Seu instrumento, seu som e sua música estavam em sintonia com a nova década que se iniciava. Mas essa é uma história a ser contada na próxima edição.

* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. 100 / Revista Keyboard Brasil



Bate Papo

MAIS FORTES

DO QUE NUNCA! 102 / Revista Keyboard Brasil


AOS QUE JULGAVAM O FINAL DA CARREIRA DOS CALLAGHANS, COM O TÉRMINO DA CALLAGHANS ESCOLA DE TEATRO & MUSICAL NO BRASIL, ESTAVAM ENGANADOS. O CASAL WILL E MARTIN CALLAGHAN, NÃO ESTÃO MAIS NO BRASIL, CERTO! MAS ESTÃO A TODO VAPOR TRABALHANDO EM SEUS PROJETOS E CARREIRAS NA INGLATERRA, PAÍS ONDE NASCEU O ATOR E CANTOR MARTIN.

* Por Heloísa Godoy Fagundes

V

amos relembrar: Will e Martin Callaghan casaram-se em 2013 na Europa e, logo em seguida, resolveram se mudar para o Brasil e investir em uma escola de teatro musical no sul do país. Por quase três anos, o casal de atores foi referência em todo o território nacional. Com o encerramento das atividades da Callaghans Escola de Teatro & Musical, em Joinville (Santa Catarina) o casal partiu do país e atualmente residem na Inglaterra.

Martin Rodrigues Callaghan possui 30 anos de experiência em teatro musical nos palcos da Broadway (Estados Unidos) e West End (Inglaterra). O ator, um dos atores preferidos do aclamado escritor e diretor Andrew Lloyd Webber, nasceu na cidade de Manchester, Inglaterra e formou-se em teatro pela Abraham Moss Centre e canto pela R.N.C.M, ambas na Inglaterra. A estrela britânica que já interpretou os maiores papéis em

musicais como O Mágico de Oz, A Noviça Rebelde, Um Violinista no Telhado, Cats, Chicago, Jesus Cristo Superstar, My Fair Lady, Chess entre outros sucessos, esse ano estará em turne internacional por todo o Reino Unido e Irlanda em um dos maiores musicais da atualidade, Funny Girl – O Musical.

Will Rodrigues Callaghan por sua vez é considerado, além de um dos grandes comediantes da atualidade, uma máquina de realizar sonhos. Natural de Criciúma, Santa Catarina, o ator viveu sua infância entre sua cidade natal e Joinville. Sua carreira artística tomou impulso em 2010, quando se mudou para a Europa. Formou-se no Espaço Evoé de Artes, no curso de interpretação e direção de atores, em Lisboa (Portugal) e, em Dublim, na Irlanda, ampliou sua arte para as áreas de dança e expressão corporal nos palcos através da Abbey Theatre. Will estreou nos palcos europeus com a comédia Super Funny e Revista Keyboard Brasil / 103


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protagonizou seu 1º papel na TV, no seriado português Pai à Força, ao lado do galã Pepe Rapazote. No Brasil, repetiu o sucesso com a comédia romântica Nuno, Ana e Tinha que ter um Gay e o show de humor Djalma, o Cabeleireiro, trabalhou com os globais Charles Paraventi, Gustavo Haddad e também ao lado do marido Martin. Com espírito empreendedor, o ator tem dado oportunidades a outros artistas, tanto no gênero da comédia quanto no meio musical. Atualmente, Will divide seu tempo estudando teatro musical e canto na capital inglesa, além de trabalhar na produção musical do álbum de Martin Callaghan. Também estreará na Europa a comédia Sexo, Etc e Tal junto a mais um global, o ator Andre Rangel. Além dos estudos, Will se prepara fisicamente pois, segundo os diretores e produtores amigos do casal, ele é a nova aposta do teatro musical na Europa e no Brasil. Incansável, em breve estará realizando audições para alguns musicais a serem lançados no mercado de entretenimento. De cima para baixo: (1) Uma noite na Broadway - O Musical, espetáculo realizado pela Callaghans Produções. (2) Os atores Will Rodrigues, Renata do Valle e Charles Paraventi, ator que ficou conhecido por interpretar o Professor Afrânio da novela Malhação, da Rede Globo. (3) A equipe de Manual para Celebridade espetáculo realizado pela Callaghans Produções em turnê nacional — com Flavia Berezuki Andrade, Arthur Andrade, Valeria Monteiro, Martin Rodrigues Callaghan e Michele. (4) E assim foi o Happy Art no Shopping Mueller — com Paulo Vasconcelos Dal Bó, Gustavo Haddad e Vannessa Macena. (5) A saudosa Elke Maravilha e Will. Revista Keyboard Brasil / 105


Martin Rodrigues Callaghan possui 30 anos de experiência em teatro musical nos palcos da Broadway (Estados Unidos) e West End (Inglaterra). Um dos atores preferidos do aclamado escritor e diretor Andrew Lloyd Webber. A estrela britânica, que já interpretou os maiores papéis em musicais, esse ano estará em turne internacional por todo o Reino Unido e Irlanda com Funny Girl – O Musical.

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Will Rodrigues Callaghan é considerado, além de um dos grandes comediantes da atualidade, uma máquina de realizar sonhos. Formou-se em Portugal, no curso de interpretação e direção de atores e, em Dublim, na Irlanda, ampliou sua arte para as áreas de dança e expressão corporal nos palcos. Revista Keyboard Brasil / 107


Entrevista Revista Keyboard Brasil: Vamos direto ao ponto. Vocês tiveram uma ideia fantástica de trazer para o Brasil a primeira escola de teatro musical nos moldes da Broadway e West End. Por que decidiram encerrar seus trabalhos? Will Callaghan: Adoramos ensinar a partilhar nossas experiências com as pessoas, porem nossa gana de estar nos palcos é muito mais forte do que estarmos em uma sala de aula ensinando. E infelizmente a escola não nos permitia estarmos nos palcos, uma vez que tínhamos que dar suporte aos alunos praticamente 24 horas por dia. Era muito bom mas ao mesmo tempo exaustivo. Mas como eu disse, a vontade de estar nos palcos atuando e cantando era muito maior, então decidimos por encerrar os trabalhos após a formação das duas turmas de alunos que tínhamos na Callaghans. Revista Keyboard Brasil: Qual a impressão de Martin sobre o Brasil, culturalmente falando? Will Callaghan: Sinceramente, não é das melhores. Ele não entende como um ator não consegue só viver de arte no Brasil. Por exemplo, aqui na Inglaterra um ator só vive da arte, e por sinal vive muito bem. Já no Brasil um ator só vive da arte se ele esta na televisão fazendo novela, caso o contrario ele precisa ter um outro emprego paralelo para se manter. Já falando sobre os espetáculos e etc, tanto ele como eu, achamos que o Brasil tem crescido muito e o mercado de entreteni108 / Revista Keyboard Brasil

Martin Callaghan em ensaio.


mento, especialmente o de musical, tem alavancado de uma forma extraordinária e eficaz. Quando estávamos aí conhecemos muita gente boa que canta, dança e interpreta muito bem. Mas novamente, não são valorizados como deveriam pois teatro no brasil não é visto como um trabalho ou uma forma de sustento, o que é uma pena.

Fotos: Divulgação

Revista Keyboard Brasil: Vivendo na Inglaterra, do que sente falta do Brasil? Will Callaghan: Sinto falta do arroz, feijão, ovo frito e salada de tomate e alface. Hahaha. Não sou muito apegado a familia e amigos. Claro, eu sinto saudade como qualquer ser humano, porem não sofro por causa da saudade. Nada que a internet não resolva. Quando quero desabafar com alguém ligo no FaceTime para a minha melhor amiga e as vezes passamos 3 horas conversando sobre a vida aqui, a vida aí, e as vezes até encontramos assunto quando já não temos mais assuntos. Revista Keyboard Brasil: Como é sua rotina londrina? Will Callaghan: Minha rotina sempre muda quando estou aqui, com certeza. Primeiro inicia na alimentação, pois comer em qualquer lugar da Europa é muito barato, e na Inglaterra o governo estimula as pessoas a comerem saudável, por isso comida orgânica ou integral é o mesmo valor de comida normal. Não que comida integral não seja normal. Bom, vocês entenderam o que eu quis dizer. Outra coisa que mudou é que aqui eu vou ao teatro ao menos duas vezes por semana. Também tenho vivido uma vida mais calma e sempre que posso vou a parques dar comida aos esquilos e patos, o que me faz muito feliz. Também tenho ido dormir Revista Keyboard Brasil / 109


todos os dias cedo pois estou trabalhando na produção do album do Martin, então quase todos os dias tenho ido para o estúdio as 7h da manha e passo boa parte do dia lá. Já nas segundas tenho aula de teatro musical e canto onde estou estudando para me especializar, ja que meu forte sempre foi a comédia, mas parte do meu coração esta no teatro musical. Mas uma coisa que eu inclui na minha rotina londrina foi o café. Ao menos duas ou três vezes por dia eu sou obrigado a parar no Starbucks e pegar um café ou chocolate quente.

Will Callaghan: ‘‘Tenho vivido uma vida mais calma e sempre que posso vou a parques dar comida aos esquilos e patos, o que me faz muito feliz.’’

Revista Keyboard Brasil: Muitos não sabem, mas você também é compositor. Fale sobre isso. Will Callaghan: Sim, sou compositor e tenho 110 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Arquivo pessoal

Revista Keyboard Brasil: Will, como surgiu o convite do ator global Andre Rangel para estrear na Europa a comédia Sexo, Etc e Tal? Will Callaghan: Eu e o Andre já estávamos namorando essa parceria faz alguns anos, mas nunca batiam nossas agendas, então assim que ele soube que eu havia voltado para a Inglaterra ele me contactou e disse: “Logo agora que eu encontrei uma brecha na minha agenda voce voltou para Londres”. E eu o respondi: “Que tal usarmos essa brecha para fazermos o espetáculo acontecer por aqui?” - então daí em diante começamos a focar no espetáculo e trabalharmos em cima das datas, cidades da Europa onde o numero de brasileiros é maior e pautarmos os teatros e espaços de stand up comedy. Estou muito feliz pois o Andre alem de um super profissional da tv e do teatro, ja vem fazendo sucesso com esse espetáculo por aproximadamente 20 anos, o que nos da uma credibilidade onde quer que viemos a apresentar Sexo, Etc e Tal.


uma facilidade muito grande para compor. As vezes fico um mês em cima da mesma canção, e mudo palavras, mudo significados e etc, mas no final o resultado é satisfatório para mim. Atualmente compus a canção “Back With You” para o Martin, e estou trabalhando em cima da produção musical da mesma, pois em breve ele entra no estúdio para colocar a voz e então a canção sera lançada no iTunes e outros aplicativos de musica. Ainda tenho mais outras duas canções no qual estou terminando de compor onde uma sera gravada na minha voz, e a outra ainda não sei o que vou fazer. Revista Keyboard Brasil: Tem planos para 2017 retornar ao Brasil e ministrar workshops? Will Callaghan: Temos sim. Ainda não esta nada certo em relação as datas, mas provavelmente em agosto estaremos em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro ministrando o Workshop West End on Tour Brazil, onde levaremos toda a nossa experiência nos palcos aos participantes, que podem ser atores, cantores, dançarinos, diretores, produtores e apaixonados por musicais. Ah, também estaremos levando um dos atores de Os Miseraveis, O Musical no West End London para o brasil para ministrar o Por trás dos Bastidores de Les Mis - Workshop de Teatro Musical. Revista Keyboard Brasil: Desejo muito sucesso para vocês dois e muito obrigada pela entrevista! Will Callaghan: Obrigado pelo carinho e respeito sempre! Admiração pela equipe da Revista. * Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 111


Homenagem

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B I S M I L L A H Um tributo virtual a Freddie Mercury EM MEMÓRIA AO 25° ANO DA MORTE DE FREDDIE MERCURY, ROGERIO UTRILA REUNIU BANDAS E MÚSICOS QUE FIZERAM RELEITURAS DAS COMPOSIÇÕES ESCRITAS POR ELE NO QUEEN OU NA CARREIRA SOLO.

A

* Por Rogerio Utrila

Rádio Web Stay Rock Brazil (com idealização de Rogério Utrila) está divulgando um

tributo virtual para download em homenagem à memória de FREDDIE MERCURY pelo 25° ano de sua morte; reunindo bandas e músicos que fizeram releituras das composições escritas por ele no QUEEN ou na carreira solo. O álbum foi lançado no dia 24 de novembro de 2016 e conta somente com bandas brasileiras. Confira o setlist abaixo: 01 - Maestra - We Are the Champions 02 - Yumi - Somebody to Love 03 - Landau - Seaside Rendezvous 04 - OzDois - Don't Stop Me Now 05 - Leatherfaces feat. Banshee Ghelmandi Was It All Worth It 06 - Faixa de Pedestre - I Was Born to Love You 07 - 8080 - Don't Try Suicide

08 - Aless Scaranto & Roberto Bosniac - You Take My Breath Away 09 - Unha de Dromedário - Lazing On a Sunday Afternoon 10 - Manoel Izidoro – Jesus 11 - Yekun - Death on Two Legs (Feat Edson Paulino) 12 - Ton Cremon - Love of My Life 13 - Maestrick - The Ogre Fellers Master March Part II The Fairy and The Black Queen 14 - Viva Las Vesgas - Crazy Little Thing Called Love 15 - Trouble Makers - Seven Seas of Rhye 16 - Renda Per Capita - In The Lap of the Gods ... Revisited 17 - Território Inimigo - Bring Back That Leroy Brown 18 - Everson Candido - Is This The World We Created... 19 - Rodrigo Carvalho - How Can I Go On 20 - Amyr Cantusio Jr. - Mustapha-Bohemian Rhapsody 21 - Lobato - Play The Game

*Rogerio Utrila é apresentador e programador da web rádio Stay Rock Brazil Revista Keyboard Brasil / 113


https://soundcloud.com/vigans https://www.youtube.com/user/VigansOficial


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