E MAIS:
Tony Bennett - Eloy Fritsch - Cristian Del Giorgio - Barol - André Lopes
PRODUTIVIDADE NAS EMPRESAS?
TECNOLOGIA E PRODUÇÃO MUSICAL:
Tenha uma sala de música para seus funcionários!
A mescla perfeita para o tecladista
ESPECIAL: 130 anos de Villa-Lobos
Ari Borger Talento doce e incendiário
Revista
Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 44 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
Brasil
Editorial
Heloísa Godoy Fagundes - Publisher
Um desabafo... Salve músicos e apreciadores da boa música!! Hoje começo o editoria com um desabafo. Espero que entendam. Quando surgiu a ideia para escrever uma revista especializada em teclas, eu que já havia trabalhado na extinta revista weril e, que há anos trabalho pela Editora Keyboard, tive em mente que a estrada seria longa porque, primeiro, não sou formada em Música, embora esteja nesse meio há mais de vinte anos e, tenha aprendido um e outro instrumento musical. Entretanto, sei muito bem como é a vida de um músico no Brasil. Sou casada com um. Segundo,
04 / Revista Keyboard Brasil
eu conhecia o mercado superficialmente. E, nesses cinco anos, confesso que ultimamente tenho me desapontado bastante. Não vou aqui citar nomes, porque sou inteligente e educada, mas realizando um trabalho como o que me dispus a fazer, perfeccionista que sou, zelosa com cada palavra escrita sobre o profissional que nos procura ou que é procurado por nós, com colaboradores de extremo gabarito, grandes parceiros que se tornaram amigos e que fazem da Revista Keyboard Brasil uma referência no mercado, sei que essa relação deveria ser mais produtiva, em todos os sentidos. Muitos nos pedem artigos sobre esse ou aquele instrumento musical. Infelizmente, dependemos de terceiros para realizar o desejo de nossos leitores. Descaso? Da nossa parte não! Mas, sinto na obrigação de pedir desculpas porque, como eu disse, sou educada. Voltando à nossa edição de março, este mês a Revista Keyboard Brasil traz um dos melhores talentos do Blues de nosso país: Ari Borger, com uma entrevista exclusiva, o músico nos conta sobre sua trajetória, seus CDs e seus projetos atuais. A seção dica técnica com Amyr Cantusio Jr., continua a todo vapor, este mês com Sonata ao Luar, de Beethoven: simples e uma das mais lindas e conhecidas obras para piano. A segunda parte sobre as batidas binaurais, escrita por Marcelo Fagundes, um campo da música que pode combater diversos problemas psicológicos e físicos, comprovados cientificamente e que, há mais de cem anos, é realizado nos EUA e Europa. Sergio Ferraz apresenta a primeira parte sobre a Música Minimalista, onde menos é mais. Hamilton de Oliveira presta uma homenagem à voz fenomenal do Jazz: Tony Bennett. Não podemos deixar de falar de grandes músicos do cenário atual.
Nesta edição, trazemos os brasileiros Eloy Fritsch, Barol e André Lopes, além do argentino Cristian Del Giorgio que, em razão de seus feitos, recentemente foi felicitado por ninguém menos que Jordan Rudess e Jesus Javier Molina Acosta. Bruno de Freitas inicia sua colaboração com um assunto de interesse bastante atual para o músico tecladista: tecnologia e produção musical! Luiz Carlos Uhlik escreve sobre o poder da música nas empresas. Quer aumentar a produtividade? Tenha uma sala de música para seus funcionários! E, por falar no grande Uhlik, há algumas edições, nosso colaborador falou sobre música e iluminação. Um tema bastante interessante. Por isso, este mês, um artigo que dá sequência, mas de maneira científica à iluminação do cérebro. E, finalizando, não poderíamos deixar de falar sobre o aniversariante do mês, por isso, Osvaldo Colarusso fala sobre os 130 anos de um mestre brasileiro: Villa-Lobos! A todos, desejo uma excelente leitura e, não se esqueçam, cliquem, curtam, compartilhem, comentem, fiquem com Deus e, muito obrigada por nos acompanharem nestes quase 5 anos de estrada.
Capa: Mau
ricio Pepe
Expediente
RESULTADO DO SORTEIO DE CARNAVAL!!! 1 CD GranDense, dos músicos Thiago Pospichil Marques e Ébano Santos ganhadora: Valéria Gadioli de São Paulo, capital. 1 CD Blues for Africa, do músico e colaborador Adriano Grineberg - ganhador: Marlon Di Faria, de Belo Horizonte, Minas Gerais. 1 CD Flutuando sobre as Ondas, do músico e colaborador Sergio Ferraz - ganhadora: Maria Antonia Negrão de Tatuí, São Paulo. Parabéns e agradecemos a participação de todos!
Março / 2017
Revista
Keyboard Brasil
Editora Musical
Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes / Publisher: Heloísa C. G. Fagundes Capa: Mauricio Pepe / Caricaturas: André Luiz / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br
As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.
Revista Keyboard Brasil / 05
Espaço do Leitor Muito orgulho, honra e felicidade em estar na CAPA de uma das principais publicações sobre o meu instrumento e minha profissão no meu país. @revistakeyboardbrasil edição 43 Thiago Pospichil Marques, trilhando uma carreira de sucesso. Muito obrigado E d i t o r a K e y b o a r d , @heloisagodoyfagundes e Maestro Marcelo Fagundes. Thiago Pospichil Marques — via Instagram Gostaria de agradecer a Editora Keyboard por ceder espaço p/ que eu realizasse uma entrevista c/ Lee Oliveira, líder da banda Lee Recorda. Rogério Utrila — via Facebook Excelente revista! @Itamirbarros — via Instagram Excelente conteúdo! @mauriciojele — via Instagram Toca demais, mesmo sendo sertanejo universitário faz gosto ouvir o @danielwsilveira tocando, ele enriquece as músicas. (referente à matéria Perfil com Daniel Silveira, escrita por Rafael Sanit) @ricardoolmendes — via Instagram Baaaahhh... Que massa ler isso na entrevista do @mrqsthiago na Revista Keyboard !! Satisfação total com nosso trabalho #GranDense ! @ebanosantos76 — via Instagram 06 / Revista Keyboard Brasil
Ficou incrível a matéria, muito bem feita e detalhada desse projeto tão importante, criativo e de qualidade! Parabéns! E para mim, uma grata surpresa e honra ser parte da matéria, agradeço ao Ciberpajé e toda equipe da Keyboard! (referente ao projeto ciberpajé edição de fevereiro numero 43) Danielle Barros — via facebook Parabéns ao Thiago e a Editora Keyboard! Matéria e todo conteúdo de excelente qualidade! John David — via facebook Saiu mais uma edição da Revista, a foto eu consegui registrar e o agradecimento pela escolha vai para a Editora Keyboard e ao Luiz Carlos Rigo Uhlik. Maurício Jelê — via facebook Você sabe qual é o elixir da realização pessoal/profissional? Boa vontade, coragem e perseverança! Perfeito! Leia a Revista Keyboard Brasil deste mês. Está incrível! (Show o editorial Helô) Bruno Freitas — via facebook A Revista Keyboard Brasil agradece a todos os comentários e lança uma pergunta: o que desejam que a Revista publique? Deixem sua opinião em nossa página do facebook, no site da editora Keyboard, no blog da Revista, no instagram ou mande um e-mail para contato@keyboard.art.br
Revista Keyboard Brasil nas redes sociais!!
Índice
08
22
20
MATÉRIA DE CAPA: Ari Borger - por Heloísa Godoy Fagundes
POR DENTRO: Batidas Binaurais, parte 2 por Marcelo Fagundes
DICA TÉCNICA: Sonata ao Luar - por Amyr Cantusio Jr.
32
34 PELO MUNDO: Cristian del Giorgio - por Heloísa Godoy Fagundes
A VISTA DO MEU PONTO:
Sala de música nas empresas - por Luiz Carlos Uhlik
ENFOQUE: Eloy Fritsch - por Amyr Cantusio Jr.
HOMENAGEM: Toni Bennett por Hamilton de Oliveira
PAPO DE TECLADISTA: O Tecladista, o mundo digital e a produção musical - por Bruno de Freitas
72 PERFIL: André Lopes - por Rafael Sanit
PERFIL: Barol - por Rafael Sanit
48
38
76 ESPECIAL: 130 anos de Villa-Lobos por Osvaldo Colarusso
SOBRE OS SONS: Música Minimalista - parte 1 - por Sergio Ferraz
64
60
54
28
NEUROCIÊNCIA: Ouvir Música faz o cérebro inteiro se iluminar por Heloísa Godoy Fagundes
82 ANÁLISE: Coleção Teclado - Redação Revista Keyboard Brasil / 07
Foto: Lilian Knobel
MatĂŠria de Capa
08 / Revista Keyboard Brasil
Ari Borger Talento doce e incendiário A MISTURA IDEAL PARA COMEÇAR A FALAR SOBRE UM DOS MAIORES ORGANISTAS E PIANISTAS DE BLUES DO BRASIL. COM UMA AGENDA LOTADA E, INTERNACIONALMENTE CONSAGRADO, ARI BORGER DÁ UMA PAUSA E NOS CONCEDE UMA ENTREVISTA ESPECIAL. *Por Heloísa Godoy
Revista Keyboard Brasil / 09
C
om mais de trinta anos dedicados ao piano blues, boogie woogie e hammond B3, o
paulistano Ari Borger é consagrado internacionalmente. Borger iniciou seus estudos de piano aos nove anos de idade através da escola erudita, influenciado por seu pai que ouvia e conhecia muito de música clássica. Porém, a vontade nasceu por iniciativa própria. Estudou com a professora Neide Lopes Coelho até os 10 / Revista Keyboard Brasil
quinze anos de idade quando decidiu trilhar seu próprio caminho. Apaixonado pela música negra americana, o músico ouvia seus heróis e buscava reproduzir as músicas de Otis Span, Ramsey Lewis, Oscar Peterson, Jimmy Smith, Pete Johnson, Johnnie Johnson e Memphis Slim entre outros. Sua certeza era tanta, que aos dezessete anos de idade trabalhava na noite de quarta à domingo, tocando em bares na cidade de São Paulo.
~ e parcerias: Apresentacoes ´ historicas e intensas Aos vinte, Ari Borger entrou em definitivo para o mundo do Blues, tocando com grandes nomes da cena brasileira como André Christovam, Nuno Mindelis, Blues Etílicos e Blue Jeans, Celso Salim, Flávio Guimarães, Igor Prado Blues Band, Fernando Noronha, Robson Fernandes são alguns. Além da cena nacional, o músico também tocou com os lendários Pinetop Perkins, pianista de Muddy Waters e Clarence “Gatemouth” Brown, além de abrir shows de grandes artistas como o saudoso B.B. King. A vontade de trilhar seu próprio caminho foi crescendo, e se tornou algo muito forte ao conhecer e ser reconhecido por um de seus ídolos, Johnnie Johnson, pianista do lendário Chuck Berry. Borger conheceu JJ no Nescafé & Blues, em 1995, e JJ ficou tão impressionado com a
Acima (1): O primoroso Ari Borger Trio é formado há mais de dez anos por Humberto Zigler na bateria, Marcos Klis no baixo acústico e Ari Borger ao piano. (2): Carta escrita de próprio punho por Johnnie Johnson, pianista de Chuck Berry para Ari Borger, em 1985. Revista Keyboard Brasil / 11
12 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Cezar Fernandes
linguagem de Ari que escreveu uma carta de próprio punho com elogios incríveis sobre seu piano. No ano seguinte, a convite de Tom Worrell, pianista americano radicado em New Orleans, Borger viajou para a cidade de New Orleans - a meca do Blues, Soul, Jazz e R&B, apresentando-se nas principais casas de show como Tipitina's e House Of Blues,. Em New Orleans ficou por alguns anos, onde respirou a música negra norte-americana de perto e aprimorou sua já invejável técnica com doses cavalares de feeling e swing. Voltou ao Brasil com seu primeiro disco na bagagem, intitulado Blues da Garantia. O disco foi gravado com grandes músicos da cena local, e ainda teve a luxuosa participação do brasileiro Herbert Vianna que o apontou como o melhor pianista de blues e rock do Brasil. Teve a honra de ser um dos headlines por duas vezes do maior festival de piano blues e boogie woogie do mundo o “Cincy Blues Fest” em Cincinnatti no “Hall of Fame Boogie Woogie Stage” ao lado das maiores estrelas do gênero, feito inédito para um artista não americano. Também excursionou com seu grupo pela Europa, tocando em grandes festivais de jazz e blues.
1. Live at Cincy Blues Festival Ari Borger 2. Lowdown Boogie Igor Prado & Ari Borger 3. Back to The Blues Ari Borger Quartet 4. Backyard Jam Ari Borger Quartet 5. Ab4 Ari Borger 6. Blues da Garantia Ari Borger
Borger possui uma qualidade rara, presente apenas nos grandes instrumentistas. Se apodera das composições que regrava com tanta propriedade e personalidade que transforma grandes clássicos do blues com centenas de versões em músicas que parecem nascidas para as suas teclas. Desse modo, sua música soa verdadeira e autêntica, improvisando sem “decorar” suas linhas melódicas, doce em alguns momentos, incendiário em outros. Ao longo da carreira, Borger gravou seis discos trazendo todas as influências de sua carreira, desde o piano de New Orleans, passando pelo Boogie Woogie, R&B, Soul, Groove e o Jazz, recebendo elogios dos veículos de mídia mais respeitados do Brasil e do exterior como Caderno 2 (Jornal O Estado de São Paulo), Revistas Veja, Bravo, Rolling Stone, Real Blues (U.S.A.) e Blues Revue (maior revista de blues mundial). Uma verdadeira viagem musical. Leia, a seguir, a entrevista exclusiva de Ari Borger. Revista Keyboard Brasil / 13
Entrevista Revista Keyboard Brasil – Fale sobre o por que das teclas em sua vida. Ari Borger – Música para mim é tudo, um alimento para alma, além de me sustentar desde os 17 anos. Sem música não teria sentido minha vida. Revista Keyboard Brasil – Quais as lembranças mais remotas de sua infância com a música. O que você ouvia? Ari Borger – Desde pequeno ouvia muita música erudita em minha casa através de meu pai. Aos nove anos de idade, por vontade própria, iniciei meus estudos com o piano erudito, foi paixão imediata. Ouvia Mozart, Beethoven, Chopin. Lembro que assistia concertos de música clássica muito pequeno e já me atraia muito. Meus estudos de piano clássico foram até os 16 anos. Desde então trilhei meus caminhos por conta própria. Revista Keyboard Brasil – Quais suas influências? Ari Borger – Os pianistas e organistas de Blues, Boogie Woogie, Jazz, Soul como: Ray Charles, Oscar Peterson, Johnnie Johnson, Otis Span, Ramsey Lewis, Pete Johnson, Jimmy Mcgriff, Jimmy Smith, Medesky. Revista Keyboard Brasil – Sobre o Hammond, como foi que você começou a gostar de um instrumento tão peculiar? O que chamou sua atenção? Ari Borger – Ouvia artistas como Jimmy 14 / Revista Keyboard Brasil
Smith, Jimmy Mcgriff, Santana entre outros e aquela gama de timbres incríveis me chamava muita atenção, era algo completo, melódico, doce ou agressivo. Era algo muito atraente, complementava o piano, uma forma de se expressar diferente. Revista Keyboard Brasil – Você foi pioneiro no piano blues brasileiro e hoje é considerado um dos melhores do Brasil. Como surgiu o interesse por esse estilo tão contagiante? Ari Borger – Estava cansado de piano erudito, e o Blues e Boogie Woogie tinham técnica, feeling, tudo, um som envolvente, com alma, completo. Foi um impacto imediato em minha vida quando ouvi, não conseguia parar. Revista Keyboard Brasil – Com aproximadamente 30 anos de carreira, já tocou com verdadeiras lendas do piano blues mundial, como os mestres Johnnie Johnson e Pinetop Perkins, além de abrir shows para artistas como o saudoso B.B.King. Alguma passagem interessante que você se recorda e que possa nos contar? Ari Borger – Sim, morei em New Orleans com 26 anos. Onde toquei nas principais casas de show como Tipitina's e House of Blues. Quando você está com mestres do quilate que citou é uma experiência transcedental, algo inexplicável com Pinetop e JJ foi algo que tive certeza que estava no caminho certo quando fui elogiado.
Revista Keyboard Brasil – Você realizou um feito inédito para um músico de fora dos EUA quando recebeu o convite para ser um dos headlines no maior festival de piano blues e boogiewoogie do mundo o “Cincy Blues Fest” em Cincinnatti. Soubemos que te descobriram através do Youtube. O que a internet ajuda e prejudica no desenvolvimento de uma carreira musical? Ari Borger – Sim, foi algo único, incrível !! Nomes como Chuck Level (pianista dos Stones), Bob Sealey, Bruce Katz estavam lado a lado tocando comigo, músicos que sempre ouvi. A internet, na minha opinião, só ajuda! Tanto para divulgar o trabalho, quanto na pesquisa de músicas para estudo. Revista Keyboard Brasil – São poucos o que se aventuram no estilo que você escolheu. Em sua opinião, qual seria a razão? Ari Borger – Não é algo comercial, não é uma linguagem habitual em nosso país, algo específico que sem paixão e dedicação não se obtém retorno. Mas, a linguagem Blues é fundamental para obter êxito em qualquer linguagem musical, é algo necessário. Todo jazzista americano tem conhecimento grande da linguagem Blues. Revista Keyboard Brasil – Pensou alguma vez em desistir da carreira musical? Porque? Podemos dizer que hoje o Ari Borger é um músico realizado profissionalmente? Ari Borger – Nunca. Realizado em
termos! Por um lado, conquistei muitas coisas, lancei seis discos, me apresentei em grandes festivais nos EUA, Europa e Brasil. Por outro lado, ainda sinto falta de termos um circuito de festivais mais amplo e democrático aqui no Brasil. Revista Keyboard Brasil – Você morou durante um tempo em Nova Orleans - a meca do Blues, Soul, Jazz e R&B. O que aprendeu lá com relação ao blues que não poderia ter aprendido aqui? Ari Borger – Acho que a linguagem em si, colocar as notas certas na hora certa, além da linguagem rítmica de New Orleans piano que é muito rica e complexa. Revista Keyboard Brasil – Como é o seu processo de composição? Ari Borger – Em alguns momentos tenho ideias que vem de uma hora para outra, quando estou em qualquer atividade do meu dia a dia. Outras vezes sou influenciado por uma música. Em todas estas situações vou compondo e gravando na minha mente, sem escrever nada, criando linhas de baixo, levadas de bateria e organizando temas, improvisos, finais impactantes. Revista Keyboard Brasil – Qual a definição de Improvisação para você? Ari Borger – Quando improvisamos temos que contar uma história, algo que envolva, a melodia tem que vir da sua mente, alma, as mãos são apenas uma extensão. Revista Keyboard Brasil – Li que você Revista Keyboard Brasil / 15
sempre procura gravar ao vivo, com poucos microfones e em último caso usa overdubs. O Blues pede que seja assim? Por que? Ari Borger – Sim, o Blues Jazz pede uma interpretação ao vivo, desta forma a música passa algo verdadeiro, quente, como deve ser. Revista Keyboard Brasil – Você é mestre em piano Blues, Boogie Woogie e hammond B3. Mesmo que esteja calcado no Blues, não dá para ficar restrito somente nesse estilo. Ao assistir seu show, percebi que o jazz e o rock são duas fontes de inspiração para você. De quais fontes mais você bebe? Ari Borger – Sim !! Todos os nomes que citei, além de bandas que ouvi bastante também como Stones, Beatles, Led, Black Crowes. Revista Keyboard Brasil – O disco é o cartão de visita para vender os shows, para mostrar o trabalho do músico. Qual dos seus 6 excepcionais discos te deu mais trabalho em realizar e qual te deu mais prazer, aquele que você parou e disse: - esse me superei! Ari Borger – Não há algum específico que me deu mais trabalho. Quanto ao prazer, todos tem um gosto especial, único. Nunca acho que toquei, me superei, por mais que eu tenha uma linguagem bastante completa, porque a música é algo que sempre temos que aperfeiçoar e, ouvindo os grandes mestres, é nítido como o caminho é difícil.
16 / Revista Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil – Você também desenvolve um trabalho didático minis-trando aulas. Conte um pouco sobre ele. Deixe seu contato para quem deseja estudar, como proceder, enfim. Ari Borger – São aulas 100 % práticas, filmadas onde desde um aluno iniciante ou avançado tem a oportunidade de aprender e evoluir no Blues, Boogie Woogie, Soul e Jazz, abrindo caminhos para colocar estas linguagens em qual-quer gênero musical. Temas como independência de mãos, improviso, harmonia, desenvolvimento do ouvido musical são amplamente abordados. As aulas podem ser presenciais (na cidade de São Paulo), ou por skype. Contatos: ariborger@gmail.com Revista Keyboard Brasil – Responda o que vem à tua cabeça nesse bate-bola: Piano Boogie Woogie: Energia, vibrante, técnica, feeling. A música para você: Tudo na minha vida. Pianista preferido: Ray Charles. New Orleans: Meca da música. Hammond B3: Uma máquina de timbres incríveis, poderoso. Ari Borger por Ari Borger: Um músico que coloca a alma em cada nota.
Foto: Cezar Fernandes
Revista Keyboard Brasil – Projetos futuros? Ari Borger – Um disco de Rock'n'Jazz com meu trio, ao lado dos parceiros e incríveis músicos Huberto Zigler (bateria) e Marcos Klis (baixo acústico), interpre-tando releituras de Rock em formato Soul Jazz & Blues. Revista Keyboard Brasil – Muito obrigada pela entrevista e sucesso sempre Ari!! Ari Borger – Muito obrigado pela atenção e parabéns por levar a bandeira da música de forma tão digna, algo raro hoje em dia. * Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 17
As aulas são ministradas na cidade de Tatuí (interior de São Paulo) ou por Skype. Facebook: M. Antonia Negrão Email: mariaantonianegrao@hotmail.com
Dica Técnica
Sonata ao Luar (Beethoven) NESSA EDIÇÃO, A SIMPLES, LINDA E UMA DAS OBRAS MAIS CONHECIDAS PARA PIANO NO MUNDO!
* Por Amyr Cantusio Jr.
P
ara se executar Beethoven, deve se ter em mente a alma, o coração. Beethoven é sentimento, atmosfera, peso controlado, sensibilidade a flor da pele. A técnica sob controle, sem a matemática que se usa para executar J. S. Bach. Na famosa “Sonata ao Luar” que escolhi por ser simples, linda e uma das obras mais conhecidas para piano no mundo, a técnica é: começar muito leve as “tríades” e ir alcançando peso e densidade, no decorrer da interpretação. A Sonata para piano n.º 14, Op. 27 n.º 2 como é originalmente descrita, tomou o termo “Ao Luar ” numa transmissão de rádio. Interpretação: O primeiro movimento vem com a indicação "quasi una fantasia". Uma melodia melancólica é apresentada acompanhada por um ostinato que dura o movimento inteiro. Beethoven coloca no início da partitura uma indicação de "senza surdina". Os desavisados pensam que a
20 / Revista Keyboard Brasil
Amyr Cantusio Jr. é músico premiado no exterior e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
"surdina" se refere ao pedal esquerdo do piano, o "una corda", mas na verdade a "surdina" a que Beethoven se refere é o pedal direito. Nos pianos da época de Beethoven, o pedal direito levantava os abafadores (surdinas) das cordas. Ou seja, Beethoven pretendia que o movimento inteiro fosse tocado sem nenhuma surdina nas cordas (com o pedal direito abaixado). Como os pianos modernos não permitem isso - o nível de projeção é muito maior do que o piano da época de B e e t h o ve n , c r i a n d o d i s s o n â n c i a s indesejadas. OSTINATO: obstinado/constante TRÍADE: Apesar do andamento quaternário, tríades são conjuntos arpejados de 3 notas constantes. No baixo da Sonata pode-se observar. BAIXO DE ALBERTI: Nome dado ao tipo de acompanhamento de teclado, para mão esquerda, formado por acordes de tríades quebradas em que se toca a nota mais baixa seguida pela mais alta e novamente a mais baixa seguida pela média. O nome foi dado em homenagem a
Domenico Alberti e aplica-se apenas a esse tipo de acompanhamento com
acordes de tríades quebrados. Até a próxima dica técnica! Hare!!
Sonata ao Luar (Beethoven)
Peça a partitura na íntegra através do email: contato@keyboard.art.br
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 21
Por dentro
BATIDAS (OU SONS)
BINAURAIS Parte 2 COMO FUNCIONAM? EM QUAIS FREQUÊNCIAS? QUAIS ESTADOS CEREBRAIS SÃO ALCANÇADOS? POR QUE A UTILIZAÇÃO DE FONES DE OUVIDO? LEIA E DESCUBRA AS RESPOSTAS!
* Por Maestro Marcelo Fagundes
22 / Revista Keyboard Brasil
Como funcionam e como usá-las?
C
omo disse anteriormente, as Batidas Binaurais são usadas para criar 2 ondas de frequência
distintas, apresentadas separadamente, cada uma a um ouvido. O cérebro reage criando um terceiro tom, que é a diferença entre os dois apresentados. Isto permite ao cérebro sintonizar-se diretamente à uma frequência que, teoricamente, o ouvido não “escutaria”. E isso acontece por que? Bom, da
mesma forma que qualquer equipamento elétrico funciona em certos níveis de frequência, o mesmo ocorre com o nosso cérebro. Estas frequências são conhecidas como ondas cerebrais e são medidas em Hertz (Hz). Quando estamos em estados elevados de ansiedade, a velocidade de nossas ondas cerebrais aumenta. Quando estamos relaxados a velocidade diminui. Esta é a chave para entender o que as Batidas Binaurais fazem. Os fones de ouvido são necessários para que os batimentos binaurais sejam eficazes porque o cérebro cria a batida biauricular automaticamente ao ouvir dois sons separados (frequências) e diferentes.
Vamos entender: Quando dois sons de uma frequência ligeiramente diferente são enviados para os ouvidos esquerdo e direito através Revista Keyboard Brasil / 23
de fones de ouvido, o cérebro responde combinando os dois sons para interpretar (efetivamente criar) um novo som. O cérebro cria esse som combinando a diferença de frequência entre os sons que está ouvindo simultaneamente através dos ouvidos esquerdo e direito. O som pulsante que o cérebro cria é conhecido como Batimento Binaural ou Batidas Biauriculares. Por exemplo, se o seu ouvido direito recebe uma frequência sonora de 205HZ e o ouvido esquerdo recebe uma frequência de 200HZ, essas duas frequências se combinam no cérebro para criar a diferença matemática entre cada entrada auditiva, que é 5HZ. Então, ao invés de ouvir duas frequências diferentes, uma a 205HZ e uma a 200HZ, o
usuário ouvirá a interpretação do cérebro, que é uma batida rítmica de 5HZ. Cada hemisfério do cérebro tem seu próprio centro de processamento de som para receber as entradas de sinal para cada ouvido. Após o processamento da frequência percebida, que neste caso é de 5 HZ, o cérebro começará a produzir ondas cerebrais na mesma taxa. Este processo é conhecido como frequência após a resposta. Em outras palavras, o cérebro está sendo levado para o estado de frequência associado com o nível de Hertz que está ouvindo. Efetivamente estamos "forçando" o cérebro a manter uma Onda Cerebral que desejamos obter, para o tratamento que se propõe ser feito.
As 5 ondas cerebrais Nome
Frequências
Tipo de Atividade
Delta Theta Alfa Beta Gama
< 4 Hz 4 - 8 Hz 8 - 12 Hz 12 - 38 Hz 38 - 42 Hz
Sono profundo, sem sonhos Sonhos, hipnose, meditação profunda, sono REM Relaxamento (acordado) Pensamentos ocupados, concentração ativa Atividade mental superior, resolução de problemas, memória, aprendizagem
Quando o cérebro está em um estado consciente, ele trabalha entre 20 ~ 200 Hz. Dentro dessa faixa de frequência, existem cinco estados de ondas cerebrais principais.
1. Delta No estado delta, o cérebro está funcionando a 1 ~ 4HZ. O cérebro está no estado delta quando estamos em sono profundo e o corpo está se regenerando. 24 / Revista Keyboard Brasil
2. Theta No estado theta, o cérebro está funcionando a 4 ~ 8HZ. O estado de Theta é associado com o relaxamento e a meditação profunda, a criatividade é realçada, o stress é eliminado, o sono claro e a possibilidade de sonhos.
3. Alfa No estado alfa, o cérebro está funcionando em 8 ~ 12HZ. Alfa é o estado
de consciência mental relaxada ou reflexão e é tipicamente associado com a contemplação, visualização, resolução de problemas e acesso a níveis mais profundos de criatividade.
4. Beta No estado beta , o cérebro está funcionando a 20 ~ 25HZ. Quando no estado beta o cérebro está em um estado elevado de alerta, talvez envolvido em uma atividade de aprendizagem ou fazendo uma leitura de um livro ou assistindo a um filme interessante.
5. Gama No estado gama, o cérebro funciona a 40 + Hz. No estado gama, o cérebro está em alta atividade mental, onde rajadas de insight e processamento de informação de alto nível ocorrem. Os batimentos Binaurais produzidos em diferentes níveis de uma determinada zona do estado cerebral produzirão resultados diferentes para o ouvinte. Por exemplo, uma gravação de 5HZ Theta irá induzir um relaxamento profundo e é ideal para a meditação. Enquanto que uma gravação de 8Hz Theta permitiria relaxamento suave com a capacidade de se concentrar confortavelmente em uma tarefa. Ao aperfeiçoar em ondas de frequência menores dentro de uma determinada zona de estado cerebral, engenheiros de som são capazes de produzir gravações para disciplinas específicas de autodesenvolvimento. Continua na próxima edição [...]. * Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (associação Brasileira de Música). Revista Keyboard Brasil / 25
Foto: Márvila Araújo
Perfil
28 / Revista Keyboard Brasil
TECLADISTA, PERCUSSIONISTA, COMPOSITOR E PRODUTOR MUSICAL. CONHEÇA A TRAJETÓRIA DO MÚSICO AUTODIDATA BAROL.
* Por Rafael Sanit ecladista, percussionista, compositor e produtor musical, Peterson Cardoso de Jesus, conhecido no meio musical pelo nome artístico Barol, nasceu em Vitória, no Espírito Santo e é músico desde os 17 anos. Há quase vinte anos o músico faz parte da Banda Herança Negra, onde tem 4 CDs gravados. O primeiro CD, intitulado: “Herança Negra: De Um Povo Guerreiro”, teve grande aceitação do público atingindo a marca de 6 (seis) mil cópias e rendeu a produção do clipe da música “A Nova”, que foi exibido em canais locais e na MTV. O segundo trabalho: “Você é do Tamanho do Seu Sonho”, de 2004, foi gravado ao vivo e mostra toda energia e a forte pulsação da banda. Destaque para as músicas Só a Verdade, Estrela Da Paz e uma releitura de Led Zeppelin (DyerMaker). Em 2007, “Random”, ficou os primeiros meses de lançamento entre a lista dos mais vendidos segundo a conceituada loja Laser Discos Instrumentos Musicais. O último trabalho com a Banda Herança Negra foi este ano com o single
“Miss Julie” que contou com a participação especial do cantor Léo Maia, filho do saudoso Tim Maia. Sobre sua carreira, Barol diz: “Com a Banda Herança Negra, percorri a maioria dos municípios do Espírito Santo, participei de grandes Festivais como o “Festival de Alegre” e o “Dia D”. Fiz passagem em Belo Horizonte, Bahia e São Paulo, onde morei por dois anos. Lá participei de muitos festivais, como o Circuito Reggae, fiz shows pela capital, litoral paulista e interior tendo a grande oportunidade de dividir o palco com bandas de expressão nacional como: Natiruts, Planta & Raiz, Tribo de Jah, O Rappa, entre outros. Participei do Festival Roots Reggae Joaca, na praia de Joaquina, em Florianópolis, ganhando o festival com a música Estrela da Paz. Em 2010, participei da 3ª edição do Festival L´Espirito Poitou, na cidade de Celles Sur Belle, na França. Esse Festival tem como objetivo o intercâmbio cultural entre Brasil e França unindo música, teatro e dança. Participei, também, de inúmeros projetos com artistas e bandas conceituadas capixabas, como “Estandartes”, “Circulação Cultural” e “Canto Solidário”. Estes projetos são um importante instrumento de formação de Revista Keyboard Brasil / 29
plateias, de popularização da cultura capixaba, de contribuição para o fortalecimento do mercado de trabalho artístico, e promoção do intercâmbio cultural; além de ser responsável pela movimentação dos aparelhos culturais dos diversos municípios do Estado do Espírito Santo. ” Atualmente, além da banda Herança Negra, Barol está no mercado com o cantor sertanejo Daniel Caon, percorrendo os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. O músico é endorsee da Stay Music e da Bags Fort.
‘ ‘
Participei de inúmeros projetos no Espírito Santo, minha terra natal, projetos esses com o intuito de servir como instrumento de formação de plateias, de popularização da cultura capixaba, de contribuição para o fortalecimento do mercado de trabalho artístico e promoção do intercâmbio cultural.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, Land Audio e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. 30 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Márvila Araújo
‘ ‘
– Barol
Revista Keyboard Brasil / 31
A vista do meu ponto
SALA DE MÚSICA NAS EMPRESAS
UMA PESSOA DE BAIXO ASTRAL, DENTRO DE UM GRUPO FORTE E VENCEDOR, É CAUSA DE GRANDE DESGRAÇA. UMA DICA? COLOQUE MÚSICA NA SUA EMPRESA! * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
32 / Revista Keyboard Brasil
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ou fazer uma sugestão para as empresas evitarem o alto e exacerbado nível de stress dos seus colaboradores: Sala de Música! Estruturar uma Sala de Música onde todos os funcionários poderão desfrutar dos benefícios que só a Música pode proporcionar ao ambiente empresarial. Isso mesmo: coloque Música
na sua empresa! Aliás, você que é executivo de alto calão, presidente, CEO, chefe, gerente, deveria obrigatoriamente aprender Música. Com certeza, boa parte dos seus projetos terão melhores resultados. Preste atenção em qualquer sinal de infelicidade dentro de você, da sua equipe, dos seus colegas. Isto pode significar o despertar do sofrimento, não somente da pessoa envolvida, mas de toda a equipe. O sofrimento se alastra, baixa o astral do grupo, não permite que as coisas fluam com naturalidade, não ajuda na realização e enfrentamento dos desafios.
Uma pessoa de baixo astral, dentro de um grupo forte e vencedor, é causa de grande desgraça. O sofrimento domina e faz com que desejemos mais sofrimento. Queremos infligir mais sofrimento em nós e nos outros. E, o pior: sofrimento se alimenta de sofrimento , não de sucesso; tampouco de alegria ou realização.
Agarre este aviso, sinta a presença desta energia negativa, do poder da negatividade sobre o grupo e foque na música para resolver está péssima situação.
A Música cria um elo com a “mente vazia”! Mente vazia? O que é isso? Mente vazia é o “local” onde você se conecta com o Campo de Todas as Possibilidades. É a forma mais impressionante e segura de criar, ousar, inovar, reestruturar. Você nunca sentiu a mente vazia? Venha para a música e você vai saber o que realmente significa a conexão com o Ser, com o Divino, com o Extraordinário, com o Eterno. Dúvida? Então, da próxima vez que você passar por uma loja de Instrumentos Musicais, entre. Experimente um instrumento qualquer, principalmente os Teclados Arranjadores, que tem um pouco de tudo. Faça um teste. Você que não tem nenhuma intimidade com a Música ou com um instrumento é o maior convidado. Você vai sentir a impressionante, a marcante forma de adentrar no campo de todas as possibilidades e conhecer o verdadeiro sentido do sucesso. Então, está aí a nossa dica paras as Empresas: Sala de Música! Avante!
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 33
Fotos: Jime Cambronero
Pelo Mundo
Cristian
Del Giorgio D I R E TA M E N T E D A A R G E N T I N A , ENDORSER E COLABORADOR DIRETO DA “KORG LATINOAMÉRICA”, MEMBRO DA “SPACE4KEYS”, A MAIOR COMUNIDADE DO MUNDO DEDICADA A TODOS OS TECLADISTAS E DESENVOLVEDORES DE APLICAÇÕES PARA INSTRUMENTOS MUSICAIS ELETRÔNICOS. CONHEÇA CRISTIAN DEL GIORGIO. * Traduzido por Heloísa Godoy
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ristian del Giorgio é tecladista,
compositor, arranjador, produtor e professor. Nascido na Argentina, dentre seus feitos mais relevantes destaca-se: Fundador, compositor, arranjador e tecladista da banda argentina “Retsam Suriv” lançando dois álbuns discográficos com distribução mundial (Exégesys 2009) através do selo “Luna Negra” do México e co-produzido por “Musea” da França. Este álbum ficou entre os 3 melhores discos de debut do mundo pela “Prog Awards” (Italia). E o segundo e último disco intitulado, “Danger” foi produzido por “Azafrán Media” (México) e co-produzido por “Musea” (França). Com este disco foram convidados para o festival mais importante do mundo da música progressiva (Baja Prog em Baja California, México, para dividir o palco com “Mike Portnoy” de Dream Theater, “Haken”, “Cast”, “Félix Mártin”, entre outros. Considerado pelo meio corporativo “Barcelona Rock” como 1 dos 10 melhores tecladistas de rock da atualidade no mundo, Cristian também é endorser e colaborador direto da “Korg Latinoamérica” e membro de “Space4Keys”, a maior comunidade do mundo para aportes de PCG's e banco de sons. O músico realiza colaborações em estúdio e televisão com Juampi Espina (Guitarrista de Teresa Parodi, Pedro Aznar), Sergio Dawi, Semilla Bucciarelli e Walter Sidotti (Patricio Rey y los redonditos de Ricota), Richard Bona, entre outros. Também é diretor musical e encarregado de conteúdos em “Herson Music Academy” (New Jersey, USA). Em razão de seus feitos, Giorgio recentemente foi felicitado por “Jordan Rudess”, “Jesús Javier Molina Acosta”, “Vitalij Revista Keyboard Brasil / 35
Kuprij”, “Pedri Dub” (Los auténticos Decadentes, La zimbawe), “Mario Siperman” (Los Fabulosos Cadillacs, Vicentico), “Antonio Tarragó Ros”, “María Rosa Yorio” (Corista de Suí Generis), entre outros. Com mais de 100.000 views desde dezembro de 2016 até a data em seus vídeos explicativos sobre técnica e re-harmonização, improvisação e diversos recursos, explicando uma maneira distinta da conhecida, Cristian realizará MasterClass, durante o primeiro semestre do ano em curso, que começará na Argentina, passando por Uruguai, Chile, Brasil, México e concluirá nos USA; busca expandir seus horizontes e brindar seu aporte à música em terras europeias. Incansável, seu mais recente projeto é ter se tornado o encarregado do “The Secret Key”, tutorial global completamente distinto a tudo e conhecido por ser global, aportando conhecimentos de destacados tecladistas da Argentina, Brasil, Chile, Uruguay, Peru, México, USA, Espanha, Myanmar, Corea do Sul, Japão... Contando com 10 vídeos tutoriais filmados en Full HD, Multicam, tendo soporte en PDF's, folhas pentagramadas, subtítulos nos principaies idiomas... Com conhecimentos desde todos os pontos do planeta por seus criadores, explicando de uma maneira distinta as últimas tendências a nível mundial, tomando uma proba via Skype e outorgando um certificado de aprovação aprovado por dois institutos, um dos USA e o outro da Europa.
Cristian realizará MasterClass, durante o primeiro semestre deste ano começando pela Argentina, passando por Uruguay, Chile, Brasil, México, concluindo nos USA. Também busca expandir seus horizontes e brindar seu aporte à música em terras europeias.
* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 36 / Revista Keyboard Brasil
Fotos: Divulgação
Homenagem
A VOZ DO JAZZ:
Tony Bennett UM DOS MAIORES EXPOENTES VIVOS DO JAZZ MUNDIAL E GANHADOR DE 17 PRÊMIOS GRAMMY. TONI BENNETT É CLÁSSICO E ETERNO, PARA TODAS AS IDADES. * Por Hamilton de Oliveira
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os 90 anos, Anthony Dominick Benedetto, conhecido mund i a l m e n t e c o m o To n y
Bennett, é hoje um dos maiores expoentes vivos do jazz mundial. Ganhador de 17 prêmios Grammy,
incluindo o prêmio de 1995 pela gravação do Cd MTV- Unplugged, que ajudou a divulgar sua obra para uma geração inteira de jovens por todo mundo. Nascido no Queens, Bennett cresceu em Nova York. Seu pai era um imigrante italiano e sua mãe, embora americana, era filha também de italianos. A infância não era fácil em meio à Grande Depressão Americana. Porém, Bennett se distraía com seus dois irmãos mais velhos e utilizava a música como lazer nesta época, sendo grande admirador de Al Johnson, Bing Crosby e Judy Garland. Reflexo desta época se encontra no fato de Bennett se tornar um democrata. Além de música, Bennett também estudou pintura na New York's School of Industrial Art, mas abandonou os estudos para ajudar os pais com as despesas da casa, trabalhando em subempregos. Porém, sua voz foi facilmente notada. Bennett começou sua carreira gravando singles em 1950 pela Columbia Records incluindo sucessos como “Because of You,” “Rags to Riches,” e a regravação de Hank Williams “Cold, Cold Heart.” Ele teve 24 músicas entre o Top 40 americano, incluindo “I Wanna Be Around,” “The Good Life,” “Who Can I Turn To (When Nobody Needs Me)” e seu maior sucesso, “I Left My Heart In San
Francisco,” o qual ganhou 2 prêmios Grammy.
Tony Bennett é um dos poucos artistas a ter álbuns gravados em diversas décadas (anos 50, 60, 70, 80, 90, 2000 e 2010). Em 2006, ano de seu 80º aniversário, lançou o álbum Duets: An American Classic, que incluiu apresentações com Paul McCartney, Elton John, Barbra Streisand, Bono e outros ganhou três Grammy Awards e passou a ser um dos melhores CDs vendidos do ano e da carreira de Tony. O primeiro Bennett Duets álbum também inspirou o especial de televisão dirigido por Tony Bennett: An American Classic, que ganhou sete Emmys tornando o programa mais honrado no Emmy Awards 2007. Em comemoração ao seu 85º aniversário em 2011, o lançamento de Duets II, altamente aguardado, apresentou Tony com uma nova lista de celebrados artistas, incluindo a falecida Amy Winehouse (sua última gravação foi o dueto de “Body and Soul”), Michael Bublé, Aretha Franklin, Josh Groban, Lady Gaga, John Mayer e muitos outros. Duets II estreou em primeiro lugar nas paradas Billboard Album, tornando Tony o único artista da sua idade a conseguir isso na história da música. Bennett ganhou dois Grammys para Duets II na cerimônia do Grammy de 2012 e este ano marcou o 50º Aniversário da gravação e lançamento de sua canção de assinatura, “I Left My Heart em São Francisco”. Mais recentemente, ele lançou Viva duets, álbum bilíngue com artistas latino-
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Eles podem parecer uma dupla improvável - uma das estrelas pop mais provocativa da década ao lado de um cantor de jazz de 90 anos. Entretanto, Lady Gaga e Tony Benne tiveram uma conexão instantânea quando se conheceram. 40 / Revista Keyboard Brasil
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O músico foi a última pessoa a trabalhar com Amy antes de sua morte prematura aos 27 anos. ‘‘Uma artista de imensas proporções’’, nas palavras de Tony Benne .
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americanos como Gloria Estefan, Thalía e as brasileiras Maria Gadú e Ana Carolina. Crooner à moda antiga, Tony Bennett ainda consegue emocionar sem a necessidade de se amparar em grandes e novos artifícios ou mudar seu estilo, que permanece o mesmo desde sempre, para se adequar às exigências do mercado. Tony Bennett tornou-se Kennedy Center Honoree em 2005, foi nomeado Mestre de Jazz da NEA em janeiro de 2006, recebeu o prêmio Cidadão do Mundo das Nações Unidas e um Prêmio Billboard Magazine Century em homenagem às suas destacadas contribuições para a música. Além de um excelente cantor, também é um pintor dedicado cujo interesse pela arte começou ainda criança. Ele continua a pintar todos os dias, mesmo em suas turnês pelo mundo afora, tendo exibido seu trabalho em galerias ao redor do mundo. Já teve obra encomendada pelas Nações Unidas, incluindo uma para o seu 50º aniversário. Sua pintura original, “Homenagem a Hockney”, está em exibição permanente no Instituto Butler de Arte Americana e, no marco National Arts Club, em Nova York é o lar da pintura chamada “Boy on Sailboat”. 44 / Revista Keyboard Brasil
Veterano: Tony Bennett está no topo das paradas há décadas. O músico gravou canções com duas brasileiras: Ana Carolina e Maria Gadú.
Em 2012, esteve no Brasil para shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, onde foi sucesso de público e crítica.
Curiosidade... De um simples garçom, começou a acumular também a função de cantor e logo se tornou atração musical em nightclubs. Em 1944, Bennett se alistou nas Forças Armadas Americanas e participou de inúmeras batalhas contra a Alemanha. Por várias vezes quase não escapou da morte nas batalhas, o que o tornou um pacifista. Em seus relatos, escreveu, “qualquer um que acha uma guerra romântica não participou de uma”. Tendo participado até mesmo em um front-line em batalhas, é compreensível o trauma deixado pela guerra. “É um pesadelo permanente. Eu apenas disse isso não é vida, não é vida”, completa Bennett em outro de seus relatos escritos. Ao final da guerra, finalmente Bennett começou sua carreira, primeira-
mente em comerciais de TV. Seu primeiro sucesso foi a canção “Because of You”. A partir de então, sua carreira decolou, mesmo com a chegada do rock and roll. Bennett foi um dos poucos cantores pop jazz que não foram abalados com o novo ritmo. Em 1956 Bennett também ganhou seu espaço na televisão, com seu programa semanal na NBC, o The Tony Bennett Show. Entre as suas mais conhecidas canções se encontra “I Left My Heart In San Francisco”, gravada em 1962. Além de ficar entre as Top-5 no rádio, Bennett ganhou um Grammy por esta e um prêmio de Melhor Performance de Solo Vocal Masculino. Ao responder a uma pergunta sobre sua aposentadoria ele respondeu: “Me fazem essa pergunta o tempo todo e eu geralmente respondo: Me aposentar do quê? Me sinto sortudo por estar fazendo o que mais amo na vida, que é entreter o público. Sinceramente sinto que nunca trabalhei sequer um dia na minha vida”. Em toda a carreira, vendeu mais de 50 milhões de cópias só nos Estados Unidos, de seus mais de 70 discos.
Tony Bennett é clássico e eterno, para todas as idades. Até breve!
* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pósgraduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 45
Sobre os sons
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MÚSICA MINIMALISTA PARTE 1
Onde o menos é mais A PALAVRA MINIMALISMO REPORTA-SE A UM CONJUNTO DE MOVIMENTOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS ORIGINADOS NOS ANOS 60 NOS ESTADOS UNIDOS E QUE PERCORRERAM VÁRIOS MOMENTOS DO SÉCULO XX, MANIFESTOS ATRAVÉS DE SEUS FUNDAMENTAIS ELEMENTOS, ESPECIALMENTE NAS ARTES VISUAIS, NO DESIGN E NA MÚSICA. SUA INTENÇÃO, NA MÚSICA, ERA REDUZIR A GAMA DE ELEMENTOS DE COMPOSIÇÃO PODENDO SER CANTADA APENAS COM DUAS NOTAS.
Foto: Divulgação
* Por Sergio Ferraz
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o início dos anos de 1960, na cidade de Nova York, talentosos compositores deram
início a uma nova abordagem musical usando o mínimo de elementos possíveis e criando uma música estática, que ficou conhecida como Música Minimalista. Trata-se de uma forma de música que emprega materiais musicais restritos ou mínimos. Os compositores norteamericanos La Monte Young, Terry Riley, Steve Reich e Philip Glass são considerados os primeiros a desenvolver técnicas de composição que exploram uma abordagem minimalista. Originou-se na chamada cena New York Downtown dos anos 60 e foi inicialmente visto como
uma forma de música experimental chamada de New York Hypnotic School. Como estética, é marcada por uma concepção não-narrativa de um trabalho em andamento e representa uma nova abordagem à atividade de ouvir música, focalizando os processos internos da música que não têm metas ou movimento em direção a essas metas, como na música tonal tradicional. As características proeminentes da técnica incluem harmonia consonante, pulso estável, transformação gradual e, muitas vezes, reiteração de frases musicais ou unidades menores, como figuras, motivos e células. Pode incluir características como o processo aditivo e o deslocamento de fase. Falaremos um pouco sobre os principais compositores, e suas obras mais significativas. 50 / Revista Keyboard Brasil
La Monte Young nasceu em 14 de outubro de 1935 nos Estados Unidos. É um compositor de vanguarda reconhecido geralmente como o primeiro compositor minimalista. Suas obras são citadas como exemplos notáveis de música experimental e contemporânea do pósguerra. Inicialmente inspirado em fontes como a música clássica indiana, serialismo e Jazz, Young talvez seja mais conhecido por seu trabalho pioneiro na Dream Music, que foi bastante explorada na década de 1960 com o coletivo de música experimental Theatre of Eternal Music, criado por ele. Participou de colaborações musicais e multimídia com uma ampla gama de artistas, incluindo Tony Conrad, Pandit Pran Nath, John Cale, Terry Riley e a artista visual Marian Zazeela, com quem desenvolveu a Dream House instalação de som e luz. Apesar de ter realizado inúmeros trabalhos envolvendo um conceito amplo de arte multimídia, seu trabalho mais conhecido e significativo foi o The Welltuned Piano. Para a execução dessa peça é necessário afinar o piano de uma maneira especial que consiste basicamente no seguinte: O Fá # é precisamente afinado, porém, o Si é bastante abaixo em relação à sua posição na escala de temperamento igual, tendo Sol, Ré, Lá e o Mi pertencendo a um diferente ciclo de quintas justas; todos são bem mais altos em relação à afinação em temperamento igual, com o Sol mais alto que o Sol #. Então, por exemplo, os intervalos Si-Ré e Fá#-Lá são
Acima, os músicos norte-americanos: (1) La Monte Thornton Young, reconhecido como o primeiro compositor minimalista. (2) Terrence Mitchell Rilley. Seu trabalho é profundamente influenciado pelo jazz e pela música clássica indiana. (3) Steve Michael Reich, considerado um dos mais importantes compositores da música minimalista e modalista.
próximos a uma terça-maior, e o Sol-Lá é menos que uma segunda-maior. Escutem a versão de The Well-tuned Piano na sua versão completa de 5 horas de duração no youtube. Terry Rilley , nascido em Colfax, Califórnia, em 1935. Estudou no Shasta College, na San Francisco State University, e no San Francisco Conservatory, antes de ganhar uma bolsa de mestrado em composição na Universidade da Califórnia, em Berkeley, estudando com Seymour Shifrin e Robert Erickson. Esteve envolvido no experimental San Francisco Tape Music Center, trabalhando com Morton Subotnick, Steve Reich, Pauline Oliveros e Ramon Sender. Seu professor mais influente, no entanto, foi Pandit Pran Nath (1918-1996), um mestre da voz clássica indiana, que também ensinou La Monte Young e Marian Zazeela. Riley fez inúmeras viagens à Índia para estudar e acompanhá-lo em tabla, tambura e voz. Talvez a obra minimalista mais importante de Rilley seja In C (1964). Essa é uma composição de duração não especificada para ser apresentada por um conjunto também não especificado. A partitura consiste de 53 figuras - muitas das quais bastante curtas – que são executadas em ordem. Cada motivo é repetido quanto desejar o executante, exceto que o executante tem a obrigação de contribuir para o efeito total do conjunto. Isto significa que os músicos seguem mais ou menos aleatoriamente um ao outro através da partitura, às vezes liderando o resto do conjunto e, outras vezes ficando para trás, de modo que os vários motivos podem ser ouvidos simultaneamente, embora o processo gradual seja feito mais para o final da peça. Este processo é chamado de “fase”, lembra um cânon tradicional. Steve Reich nasceu em 3 de outubro de 1936 em Nova York. Quando tinha um ano de idade, seus pais se divorciaram, e Reich dividiu seu Revista Keyboard Brasil / 51
tempo entre Nova York e Califórnia. Reich teve aulas de piano quando criança, não tendo exposição à música erudita clássica e contemporânea. Aos 14 anos ele começou a estudar música a sério, depois de ouvir música do período barroco, assim como a música do século XX. O estilo de composição de Reich influenciou muitos compositores e grupos. Suas inovações incluem o uso de loops de fita para criar padrões de fase como em suas primeiras composições, "it's Gonna Rain” e “Come Out". Estas composições, marcadas pelo uso de figuras repetitivas, ritmo lógico lento e cânones, influenciaram significativamente a música contemporânea, especialmente nos EUA. O trabalho de Reich adquiriu um caráter mais obscuro na década de 1980 com a introdução de temas históricos, bem como temas de sua herança judaica.
Uma de suas obras mais importantes com certeza é Piano Phase (1967), composta com a técnica de “fase”. Esta técnica de composição minimalista consiste da repetição constante, estendida sobre um período de tempo, de um número dado de elementos musicais por um conjunto que podem ou não ser especificados. Os segmentos musicais são frequentemente apresentados em uma ordem predeterminada; a única característica dessa música resulta da indeterminação do lapso de tempo entre cada evento, fazendo com que os instrumentos entrem e saiam de “fase” uns com os outros, enquanto a música progride. Piano Phase, consiste de 32 fragmentos para serem tocados por dois pianos ou duas marimbas. {...} Continua na próxima Revista Keyboard Brasil.
* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil.
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Enfoque
A Música atmosférica, épica e melódica de
ELOY FRITSCH DEDICAÇÃO E EXPERIMEN-
TAÇÃO. ASSIM NASCE UMA OBRA DE EXTREMO VALOR, MAJESTOSA E QUE FAZ BEM PARA A ALMA. RECOMENDO! * Por Amyr Cantusio Jr.
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Foto: divulgação
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onheci o Eloy Fritsch pessoalmente já no século XXI, em Votorantim (interior de São Paulo) em um Festival onde nossas respectivas bandas/projetos se apresentaram juntos (Alpha III & Apocalypse). Mas eu já conhecia os trabalhos do Eloy (que é do Rio Grande do Sul) dos anos 90 com sua banda Apocalypse. E, posteriormente seus projetos solos. Recebi recentemente dois discos dele muito bonitos em tudo, começando pelas capas e arte gráfica, até o acabamento da música. S ã o e l e s : The Garden of Emotions (lançado pela gravadora francesa Musea - 2009) e Spiritual Energy (Musea - 2014). A música do Eloy (que como eu, é um dos raros e poucos músicos brasileiros a atuar na área de vanguarda eletrônica com sintetizadores) se fosse feita nos anos 80 seria denominada “New Age”.
Música atmosférica, às vezes épica, melódica, segue bem a linha para quem conhece e aprecia, músicos excepcionais como Vangelis, Kitaro e Jean Michel Jarre. Não que seja cópia. Mas uma referência. A capa do CD The Garden of Emotions foi desenhada por outro artista de vanguarda brasileiro, que faz parte de nosso seleto e comedido núcleo de músicos experimentais de vanguarda, Edgar Franco (o qual já
CD: The Garden of Emotions AUTOR: Eloy Fritsch ANO: 2009 SELO: Independente
O CD The Garden of Emotions (O Jard im das Emoções). O álbum é formado por 14 temas espaciais, místicos e de ficção científic a como Lumine Solis, Space Station, Solar Energy, Heaven, Beyond the Mountains, entre outros. O premiado compositor Eloy Fritsch util iza os sint etiz ado res, tecl ado s elet rôn icos e computadores a serviço das emoções para criar música instrumental melódica repl eta de expressão e sentimentos.
CD: Spiritual Energy AUTOR: Eloy Fritsch ANO: 2014 SELO: Independente (Distribuidora Tratore)
O CD Spiritual Energy é uma coletâne a de trilhas sonoras para cinema, video, e teatro compostas por Eloy Fritsch. Além das trilhas o com pos itor apr ese nta out ros tem as instrumentais ao sintetizador. Passean do pelo New Age e a música instrumental real izada em estudio o compositor apresenta 17 temas com lindas melodias alternando mom entos épi cos e pas sag ens del icad as. Mú sica majestosa que faz bem para a alma.
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Foto: Maicon Damasceno
Eloy Fritsch: ‘‘Cada segundo do nossas vidas é muito importante e devemos valorizar ao máximo. Por isso, talvez cada segundo de minhas composições representam meus mais profundos sentimentos de esperança, amor e felicidade’’. - sobre sua música em entrevista para o jornalista espanhol Manuel Lemos Muradás. Na foto: a Banda Apocalypse, Orquestra e Coral em Caxias do Sul.
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desenhou e trabalhou comigo também em projetos paralelos). Uma obra prima. Para fazer esta pequena resenha, tive de escrever na “primeira pessoa” pois Eloy, além de músico atuando na mesma área que eu, é meu amigo. De forma que me sinto mais a vontade para poder indicar aos leitores estes dois magníficos
trabalhos. Como artistas independentes que somos, temos que vender, divulgar, fabricar e distribuir nossos próprios CDS. Por isso a valorização de revistas como esta, que prestigia os artistas mais nobres e que realmente fazem “arte”no país. Em tiragens limitadas, mas feitos com esmero e dedicação! Recomendo!!
SOBRE O MÚSICO Eloy Fritsch nasceu em Caxias do Sul. Desde a infância costumava criar sons com tudo que tinha ao seu alcance: bolas, talheres, pratos, brinquedos, móveis e até com suas próprias mãos. Aluno exemplar no colégio, aos 13 anos começou a trabalhar na maior rádio local ao lado de seu pai, que era engenheiro eletrônico. Nas folgas, passava horas ouvindo LPs na discoteca da rádio. Ao ouvir alguns álbuns de Vangelis, Wakeman, KingsleyPerrey, Carlos, Kraftwerk, Tomita e Jarre sua vida mudou e iniciou o fascínio pela música eletrônica e o rock progressivo. Mais tarde, e já com sua banda, chamada APOCALYPSE , Eloy conquistou importantes prêmios em festivais. Seu mestrado foi voltado à área da Computação Musical, passando a desenvolver programas musicais e estudar Inteligência Artificial na UFRGS com o objetivo de aplicá-la na música.
A paixão de Fritsch pelo espaço é perfeitamente identificada em sua música e, o fato de não compreendermos nossa existência, o nosso pouco conhecimento sobre o magnífico Cosmos e as surpresas que nos aguardam no futuro, é transformado em música. Todo esse sentimento aliado aos recursos tecnológicos de sequenciadores e teclados motivaram ainda mais à realização de suas primeiras composições eletrônicas. E, assim, criou seu próprio estúdio. Após iniciar seu Doutorado, Fritsch tornou-se professor de Música Eletrônica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. E, além de escrever vários artigos na área técnica, dedicou-se a novos projetos como a publicação de seu livro Música Eletrônica – Uma Introdução Ilustrada e criando, entre outros, o MIDILAB no Instituto de Artes da UFRGS, o maior laboratório de música eletrônica do sul do Brasil.
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 58 / Revista Keyboard Brasil
Papo de tecladista
O T E C L A D I S TA , O MUNDO DIGITAL E A PRODUÇÃO MUSICAL A MESCLA PERFEITA EM UM EMARANHADO DE INFORMAÇÕES, NA BUSCA PELO CONHECIMENTO TECNOLÓGICO E MUSICAL. ESSE É O TEMA DA PRIMEIRA MATÉRIA DO NOSSO MAIS NOVO COLABORADOR BRUNO DE FREITAS!!
* Por Bruno de Freitas
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É
histórico e cultural no mundo da música ocidental que as 88 teclas do piano sejam a referência no
campo da composição, da harmonia e do esboço inicial das ideias musicais. Com o passar dos anos, especialmente na primeira metade do século XX, o mundo das teclas se entrelaçou com o mundo dos algorítmos e o que historicamente era o carro-chefe das composições e arranjos profissionais, se solidificou em tal função, seja em uma banda pop, num estúdio de gravação ou na sala da casa de um compositor de cinema ou televisão. Quem passou a infância e adolescência entre as décadas de 1980 e 1990 notou que o desenvolvimento tecnológico digital foi rápido e continua crescente. Dos Atari's ao Playstation; dos telefones 'tijolões' aos smartphones que filmam em qualidade de cinema - e até são capazes de rodarem VST's - instrumentos musicais virtuais! Com isso, se tornou um clichê entre os músicos, e uma curiosidade: a
identificação do tecladista com o mundo dos computadores - o mundo digital. Qual (tecladista) nunca desmontou um teclado? Ou foi autodidata na computação? É comum encontrar profissionais das teclas fazendo a manutenção dos seus próprios PC's e notebooks. Existe uma explicação lógica para isso tudo? É possível. Você tecladista leitor, lembra-se quando se encantou pelo painel dos teclados e sintetizadores, lá na 62 / Revista Keyboard Brasil
sua infância/adolescência, ao ver os inúmeros leds e LCDs com cores vibrantes e chamativas? Creio que esse encantamento perdura até hoje. Conta muito o design de um novo teclado, tanto funcionalmente quanto esteticamente. Paralelamente, o mercado de softwares notou a tendência e necessidade de novos e melhores timbres, e a dinastia VST's iniciara uma concorrida jornada virtual, que aliás, é gigante nos dias de hoje e cresce exponencialmente. Com esse vasto cardápio entre instrumentos físicos e virtuais, a maravilhosa e natural junção da tecnologia à música formaram os ingredientes perfeitos para o tecladista entrar no mundo da produção musical. E não para por aí. O colossal mercado de
conteúdo web demanda também de produção musical de qualidade. É aí que também naturalmente, o tecladista/produtor entra em cena. Com a vivência musical, mais o domínio das técnicas de produção, composição e mixagem, o músico, que não poderia deixar de citar, também professor de música, músico de bandas ou duplas também embarca no concorrido mundo das trilhas sonoras, no mercado web. Entretanto com o mundo globalizado, a tecnologia e qualidade digital avança mais e mais. As imagens HD, Full HD, 4k e no futuro próximo 8k exigem uma qualidade sonora maior nas produções de trilhas: sejam elas corporativas, para aberturas de TV, web-design e muito mais.
Com isso é comum o músico das teclas se tornar um incansável pesquisador do melhor timbre, do melhor plugin, do melhor VST, do melhor teclado ou sintetizador, ah, e é claro, da melhor harmonia e tema melódico. Assim o tecladista, o mundo digital e a produção musical se tornam uma mescla perfeita em um emaranhado de informações, sempre buscando conhecimento tecnológico e musical. * Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 63
Neurociência
OUVIR MÚSICA FAZ O CÉREBRO INTEIRO SE
iluminar HÁ ALGUMAS EDIÇÕES FALAMOS SOBRE MÚSICA E ILUMINAÇÃO. PESQUISANDO O TEMA COM MAIS PROFUNDIDADE, LITERALMENTE FALANDO, ENTRAMOS NO CAMPO DA NEUROCIÊNCIA E DESCOBRIMOS QUE O CÉREBRO SE ILUMINA PRATICAMENTE POR INTEIRO QUANDO A PESSOA ESTÁ OUVINDO MÚSICA, UM FENÔMENO CADA VEZ MAIS ESTUDADO EM TERMOS DE ATIVIDADE HUMANA. * Por Heloísa Godoy
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Revista Keyboard Brasil / 65
P
ássaros. Para muitos, o festival musical diário da natureza é um presente relaxante e alegre. Para os
seres humanos primitivos, também pode ter servido como um sinal claro. Os pássaros não cantam se há predadores próximos, se o tempo severo se aproxima ou se há outras formas de perigo. Talvez, postula o neuropsiquiatra Dr. Frederick Schaerf, é por isso que a
música, primariamente associada à segurança, é o único estímulo que ilumina todo o cérebro em uma tomografia (PET), incluindo o cerebelo, parte do cérebro posterior que fica por baixo do córtex cerebral maior. “A música faz despertar o cérebro”, diz Schaerf, fundador e principal pesquisador do Neuropsychiatric Research Center do Sudoeste da Flórida, em Fort Myers, U.S.A.
O poder ativador da música Quando o sujeito ouve música, explica Schaerf, o cérebro escaneado através da tomografia (PET) se acende e libera dopamina, um neurotransmissor que ajuda a regular os centros de prazer e recompensa do cérebro, bem como as respostas emocionais e motivação. Esse aumento da dopamina, diz Schaerf, pode ser uma das principais razões pelas quais a música é um meio tão poderoso para permitir que as pessoas com doença de Alzheimer e outras formas de demência se conectem a memórias positivas e se sintam mais pacíficas e envolvidas com o mundo. 66 / Revista Keyboard Brasil
A evidência convenceu Schaerf e seu educador de pesquisa, Angel Duncan, a colocar fones de ouvido diariamente e ouvir música favorita por uma hora. “É saudável para o cérebro”, diz ele. Dos Estados Unidos da América para a Finlândia, cientistas descobriram uma inovadora técnica que permite estudar como o cérebro processa diferentes aspectos da música. Em uma situação realística de “curtir a música predileta”, a técnica analisa a percepção do ritmo, tonalidade e do timbre, que os pesquisadores chamam de “cor dos sons”. O estudo é inovador porque ele revelou pela primeira vez como grandes áreas do cérebro, incluindo as redes neurais responsáveis pelas ações motoras, emoções e criatividade, são ativadas quando se ouve música.
O cérebro iluminado Os efeitos da música sobre as pessoas sempre foram mais assunto de poetas e filósofos do que de fisiologistas e neurologistas. Mas os exames de ressonância magnética permitem gerar filmes que mostram como os neurônios “disparam”, literalmente iluminando cada área do cérebro nas imagens produzidas na tela do computador. Para estudar os efeitos de cada elemento musical sobre o cérebro, o Dr. Vinoo Alluri e seus colegas da Universidade de Jyvaskyla escolheram um tango argentino.
A seguir, usando sofisticados algoritmos de computador, eles analisaram a relação das variações rítmicas, tonais e timbrais do tango com as “luzes” produzidas no cérebro.
Emoção na música A comparação revelou algumas coisas muito interessantes, mostrando que a música ativa muito mais áreas
do que aquelas relacionadas à audição. Por exemplo, o processamento dos pulsos musicais aciona também áreas do cérebro responsáveis pelo movimento, o que dá suporte à ideia de que música e
movimento estão intimamente relacionados.
As áreas límbicas do cérebro, associadas às emoções, estão também envolvidas no processamento do ritmo e da tonalidade. Já o processamento do timbre depende de ativações da chamada rede de modo padrão, associada com a criatividade e com a imaginação. Além do interesse científico, estas informações são valiosas para compositores, que poderão “mexer” em suas melodias dependendo da emoção que querem transmitir com suas músicas.
Nosso cérebro toca sua própria música Rádio nacional Cientistas já haviam demonstrado que o cérebro possui “estações de rádio”, Revista Keyboard Brasil / 67
transmitindo em várias frequências. Isso alterou completamente a visão que se tinha até então da chamada atividade neural, que era vista como uma sequência homogênea de pulsos elétricos. Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia (U.S.A.) mostraram como essas estações de rádio cerebrais criam ritmos adequados para o aprendizado. A descoberta, que, juntamente com a anterior, desafia o conhecimento que se tinha dos mecanismos de funcionamento do cérebro e do aprendizado, poderá levar a novas terapias para ajudar a tratar problemas de aprendizado e memória.
Sinapses Hoje considera-se que o cérebro aprende através do reforço de suas sinapses, a conexão entre os neurônios – quanto mais fortes são as sinapses, maior é o aprendizado. A alteração na força de uma sinapse – chamada plasticidade sináptica – ocorre através das chamadas sequências de disparo, séries de sinais neurais que ocorrem em várias frequências e em temporizações diferentes. Contudo, em seus experimentos, os cientistas vinham usando apenas a frequência desses disparos, mostrando que muitos disparos reforçam a sinapse. E eles usam muitos disparos mesmo, centenas deles, quando o cérebro em condições reais não usa mais do que 10, e a uma velocidade de 50 disparos por segundo, quando os experimentos usavam uma frequência irreal de 100 68 / Revista Keyboard Brasil
disparos por segundo. Os cientistas não faziam isso porque eram “sem noção”, mas porque não havia tecnologia disponível para fazer melhor. A pesquisa mostrou que os
neurônios e as sinapses não são meros fios elétricos carregando uma corrente – eles precisam de ritmo. Antena no cérebro Agora, Mayank Mehta e seu colega Arvind Kumar criaram essa tecnologia, partindo de novos modelos matemáticos que otimizaram a captura das medições e das gerações dos impulsos. A propósito, Kumar é um dos autores de uma nova teoria sobre a linguagem do cérebro. Contrariamente ao que se havia concluído antes, Mehta e Kumar demonstraram que aumentar a frequência dos estímulos não é a melhor forma para aumentar a força das sinapses e otimizar a plasticidade sináptica. Quando se supera o ritmo natural do cérebro, o aumento da frequência na verdade diminui a intensidade das sinapses. Esta descoberta de que a sinapse tem uma frequência ótima para o aprendizado levou os cientistas a compararem as frequências das sinapses com base em sua localização no neurônio – o neurônio lembra as raízes de uma árvore, com sinapses nas pontas de cada um dos chamados dendritos. E os resultados mostraram que,
Essa espécie de mantra do holandês Manesh de Moor, (álbum Sadhana) pode ser entendida como “movimento em direção à iluminação”.
Revista Keyboard Brasil / 69
‘ ‘
Música do cérebro
Veio, então, a descoberta mais surpreendente e “melódica” dessa rádio cerebral. Para um aprendizado ótimo, as diversas frequências das diversas sinapses precisam atingir um ritmo preciso, com temporizações perfeitamente ajustadas, como em uma música.
Mesmo com a frequência ótima, se o neurônio perde o ritmo, o aprendizado é prejudicado. E o cérebro não gosta de tocar sempre a mesma música. Tão logo uma sinapse “aprende” – registra sua intensidade mais forte – sua frequência ótima muda. Em outras palavras, seu cérebro toca em uma frequência diferente, mais baixa, depois que aprende – o nível ótimo de disparos dos neurônios tem uma redução na frequência de cerca de 20%. Embora essa pesquisa não tenha
‘ ‘
quanto mais distante a sinapse está do centro do neurônio, mais alta é sua frequência ótima. “Incrivelmente, quando se trata do aprendizado, o neurônio se comporta como uma gigantesca antena, com as diferentes pontas dos dendritos ajustadas para diferentes frequências”, conta Mehta.
É profunda falta de refinamento não ouvir música com constância. É como não tomar banho.
– Nilton Bonder (escritor, rabino e Rosh da Congregação Judaica do Brasil, no Rio de Janeiro)
tido esse objetivo, os resultados levantam a possibilidade do desenvolvimento de medicamentos para “ressintonizar” os ritmos do cérebro. Esse processo de redução na frequência, segundos os pesquisadores, pode ter importantes implicações para o tratamento de desordens relacionadas à memória, como as desordens póstraumáticas. Ou, quem sabe, encontrando o ritmo correto, os seres com cérebros normais possam se transformar em algo mai próximo a cérebros mais “ritmados” Mozart ou Einstein seriam objetivos razoáveis.
* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 70 / Revista Keyboard Brasil
30
Foto: Rodrigo Malafaia
Perfil
72 / Revista Keyboard Brasil
pessoal
André Lop
es teve aula
s de Impro
visação com
Nelson Far
ia.
PRODUTOR, TECLADISTA, ARRANJADOR E EDUCADOR, CONHEÇA O CARIOCA ANDRÉ LOPES.
* Por Rafael Sanit
ndré Lopes é um músico
Graduado em Tecnologia da
brasileiro, nascido no Rio de
Informação pela Unicarioca, em Licencia-
Janeiro. Desde muito pequeno passou a ter contato com a música por
tura em Música pela UNIRIO e Bacharel em Teologia pelo seminário Vida e Luz, ao
influência dos pais. Aos 12 anos já tocava
longo de mais de 25 anos de música, o
em pequenas reuniões na igreja que
músico tem atuado com alguns nomes
frequentava e a partir daí não parou mais.
importantes do cenário musical como
Suas principais influências foram Vence-
Adhemar de Campos, Angelo Torres,
dores por Cristo, Grupo Elo, Logos,
Akademik Orkester (Örebro/Suécia),
Adhemar de Campos, Asaph Borba, Kirk
Alda Célia, Aline Barros, Amanda Ekberg
Franklin, Marvin Sapp, Fred Hammond,
Jazz Quartet (Suécia), Amanda Rodri-
The Winans, Hosanna Music, George
gues, André Neiva, Asaph Borba, Baby do
Duke, George Benson, Djavan, Tom
Brasil, Cassiane, Coral Novo Caminho,
Jobim, Cesar Camargo Mariano, Ivan
Elaine Araújo, Eyshila, Kirk Whalum
Lins, Paulo Calasans, YellowJackets e Lars
(EUA), Kleber Lucas, Ilessi, Louise
Jansson.
Högberg Jazz Quartet (Örebro/Suécia), Revista Keyboard Brasil / 73
Fotos: Arquivo
da Ekberg
es e Aman
André Lop
Marcos Natto, Maurício Paes, Marquinhos Gomes, Marquinhos Menezes & Lilian, Ministério Nova Jerusalém, Nadia Santolli, Nelson Faria e Thiago Abravanel dentre outros. De Agosto de 2014 a Junho de 2015, André participou do programa de Mobilidade Acadêmica entre a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Örebro Universitet, na Suécia. Dentre vários projetos, André teve aulas de Improvisação com Nelson Faria, participou do concerto Tributo a Jobim com a Akademik Orkester sob a regência da maestrina Katarina Andreasson (arranjos de Nelson Faria), integrou o "Louise Högberg Jazz Quartet" e o grupo "O Rebu", formado por músicos brasileiros. Atualmente, tem se dedicado a produções, arranjos, gravações, aulas e workshops, onde aborda temas como harmonia, percepção, improvisação e prática de conjunto. Além disso, André também atua como músico acompanhante e é tecladista da cantora Cassiane e do Pr. Adhemar de Campos. André Lopes é endorse da AUDIOMIX, LAND AUDIO e STAYMUSIC.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, Land Audio e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. 74 / Revista Keyboard Brasil
Especial
130 anos de Villa Lobos O INVENTOR DO “SOM MUSICAL” B R A S I L E I R O VILLA-LOBOS RETRATOU COM GRANDE ARTE NÃO SÓ A NATUREZA BRASILEIRA, MAS AS DORES E ALEGRIAS DE SEU POVO. EM SEU MÊS DE ANIVERSÁRIO, MAESTRO OSVALDO COLARUSSO PRESTA UMA BELA HOMENAGEM.
** Por Maestro Osvaldo Colarusso
726 / Revista Keyboard Brasil
H
eitor Villa-Lobos, que nasceu
há 130 anos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887), inventou um típico universo sonoro e musical que identifica com facilidade o Brasil. Já aos 30 anos de idade Villa-Lobos possuía de forma completa a sua típica linguagem, com a qual se expressaria com formas bem diversas, ora clássicas (Sinfonias, Quartetos) ora livres (Choros, peças para piano). A partir de Uirapurú (balé de 1917) o som orquestral de Villa-Lobos faz uma espécie de retrato definitivo musical da natureza brasileira. Se as influências iniciais de VillaLobos foram Debussy e Stravinsky, a partir dos anos 1920 percebe-se um vocabulário altamente individual e original. Nesta década temos suas obras mais revolucionárias e experimentais como o seu Noneto de 1923 (apesar do título para sua execução são necessários dezenas de cantores e instrumentistas) e seu Rudepoema (1921/1926), uma obra para piano fora de qualquer padrão préestabelecido. Neste mesmo ímpeto vanguardista estão seus Choros (1920-1929) e sua Prole Do Bebê Nº 2 (1921) e marca sua participação na Semana de arte moderna de 1922 em São Paulo. Com permanências longas na Europa entre 1923 e 1930 o compositor teve contato com a estética neoclássica reinante por lá, e na sua volta esta orientação “back to Bach” o leva, na sua volta definitiva ao Brasil, a escrever as suas 9 Bachianas brasileiras (entre 1930 até 1945). Nestas composições a natureza
é aliada a um aspecto mais humano dos brasileiros que convivem com a miséria e a angústia, um traço que passa a permear de forma constante sua linguagem. Sua Bachianas brasileiras Nº 2, por exemplo, é o mais contundente retrato do sofrido homem rude do sertão, algo equivalente a certas pinturas de Portinari e certos livros de Rachel de Queiroz (O quinze), Graciliano Ramos (Vidas secas) e Guimarães Rosas (Grande sertão: Veredas). A perspicácia humana do compositor faz com que, depois de sua morte,
sua música sirva perfeitamente de trilha sonora para duas obras primas do cinema brasileiro, dirigidas por Glauber Rocha: Deus e o diabo na terra do sol (1964) e Terra em transe (1967). A conclusão é que a música de Villa-Lobos retratou com grande arte não só a natureza brasileira, mas as dores e alegrias de seu povo.
Villa-Lobos, o didata Durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) Villa-Lobos empreendeu o mais importante programa de educação musical que o Brasil já teve até hoje. Com forte apoio do governo estrutura um ambicioso programa de educação musical (Canto orfeônico), educação esta que passou a ser obrigatória. É desta época o importantíssimo “Guia Prático”, uma coletânea de mais de 130 melodias folclóricas arranjadas para coro e para piano solo, muitas de cunho Revista Keyboard Brasil / 77
Villa-Lobos e Ary Barroso em 1958
infantil, que teriam sido perdidas sem este trabalho. Uma época de um patriotismo exacerbado de obras como Invocação à defesa da Pátria (1943- texto de Manuel Bandeira) e a trilha sonora do filme O descobrimento de Brasil, filme de Humberto Mauro de 1936, que levaram o compositor a ser criticado com seu comprometimento com o Estado Novo. Para VillaLobos este comprometimento não passava por qualquer viés ideológico e sim por uma oportunidade de ouro para divulgar e praticar a atividade musical.
Uma produção importante, imensa e ainda mal conhecida Com mais de 1000 obras Villa-Lobos é um dos mais prolíficos compositores de todos os tempos. Infelizmente só uma pequena parte desta excepcional produção é conhecida. Não há dúvida de que a obra clássica brasileira mais conhecida internacionalmente é de sua autoria, a Ária da Bachianas brasileiras Nº 5. Mas também não há dúvida de que já existe um consenso de que suas obras para piano e violão estão entre os itens mais importantes do repertório internacional destes 78 / Revista Keyboard Brasil
instrumentos. Villa-Lobos foi o mais importante compositor que dominava perfeitamente a técnica do violão, e isto faz com que sua produção para este instrumento seja obrigatória para qualquer violonista do planeta. Aliás quando falamos da obra de violão do mestre percebemos que ela será a parte mais importante de sua produção a influenciar a MPB. Exemplo claro disso são seus Cinco Prelúdios para violão de 1940 que abrem o caminho para as harmonias da Bossa Nova, de Tom Jobim a João Gilberto. Ele foi também violoncelista, o que lhe permitiu escrever obras primas para Orquestras de Violoncelos (Bachianas brasileiras Nº 1 e Nº 5) que são executadas com enorme frequência de Berlim a Tóquio. Aliás esta é mais uma influência de VillaLobos na música popular. O violoncelo é o instrumento de orquestra mais presente nos shows de MPB. A influência de Villa-Lobos parece mesmo ser eterna.
Repertório obrigatório. Discoteca básica: Villa-Lobos por ele mesmo (Villa-Lobos par lui même) – Uma coletânea da EMI com gravações regidas ou supervisionadas pelo próprio compositor realizadas em Paris na década de 1950. Mesmo que novas gravações surgiram com técnicas mais modernas nenhuma gravação das Bachianas é tão tocante. Destaque para a presença da espanhola Victória de Los Angeles, a eterna intérprete da Bachianas 5. Choros em comoventes versões (o 5 com Aline van Barentzen é uma referência) e o conjunto todo faz deste álbum a referência máxima da discografia de Villa-Lobos. A obra para violão de Villa-Lobos – é um dos momentos máximos de sua produção. A gravação integral da obra para violão solo de Villa-Lobos realizada por Fabio Zanon em 1996 continua sendo citada como referência máxima por toda a imprensa internacional especializada. A obra para piano solo de Villa Lobos – compreende algumas das mais importantes e famosas obras do compositor, como as duas séries de A prole do bebê, Rudepoema, Cirandas, Guia Prático e muitas outras. Destacados intérpretes realizaram coletâneas brilhantes. Cito alguns: Roberto Szidon (o “must” na minha visão), Anna Stella Schic (amiga de Villa-Lobos, a primeira a realizar uma gravação integral), Nelson Freire, Marc-André Hamelin, Débora Halasz, entre muitos outros. Mas apenas Sonia Rubinsky gravou a produção completa de Villa-Lobos para piano, e o fez de forma excelente. O álbum de 8 CDs do selo Naxos de Sonia tocando Villa-Lobos torna-se, portanto, obrigatório.
Villa-Lobos: Repertório obrigatório, gravações estupendas, para serem apreciadas em qualquer momento!
Revista Keyboard Brasil / 79
Os 17 Quartetos de cordas de Villa-Lobos – é um monumento muito mal conhecido na sua totalidade. Existe uma integral em CD com o Cuarteto Latinoamericano que é de uma qualidade impecável. O Quarteto Radamés Gnattali gravou uma integral em DVD em pontos históricos do Rio de Janeiro aliando uma execução refinada a um visual comovente. Dupla recomendação. A obra para sopros de Villa-Lobos – abrange alguns Choros, o famoso Quinteto em forma de Choros (uma das obras máximas do autor), além de complicadíssimas obras como o Trio para oboé clarinete e fagote (1921) e o Duo para oboé e fagote (1957). Execução impecável dos membros do Quinteto Villa-Lobos e convidados. Obras para violoncelo – Villa-Lobos foi violoncelista. Sua obra para este instrumento revela um trato muito pessoal do compositor. O violoncelista gaúcho Hugo Pilger e a pianista carioca Lúcia Barrenechea realizaram em 2013 um resgate maravilhoso da obra de Villa-Lobos para o instrumento em um CD duplo. Lembrando que Pilger junto a este CD realizou um importantíssimo livro, “Heitor Villa-Lobos – o violoncelo e seu idiomatismo”. Falando de violoncelo, outro grande violoncelista brasileiro, Antonio Guerra Vicente, realizou em 2009 um CD duplo com o título Villa-Lobos e o violoncelo – Além de inúmeros tesouros como uma linda versão da Segunda Sonata para violoncelo e piano (com a pianista Francisca Aquino), dos Choros bis (junto à violinista Ludmila Vinecka) há a melhor gravação já realizada do Trio de cordas de 1945, uma das composições mais ousadas de Villa-Lobos, uma obra em para se
80 / Revista Keyboard Brasil
Compositor, instrumentista, regente e professor de música. Durante sua vida, Villa-Lobos criou cerca de mil obras, entre Cirandas, choros, sinfonias, música de câmara, óperas e outros gêneros musicais. Em tudo o que compôs, imprimiu uma marca de brasilidade. Aqui, Villa-lobos em concentração orfeônica no Rio de Janeiro.
conhecer a amplitude do gênio que se aventurou pelo universo do atonalismo. Execução magistral de Ludmila Vinecka ao violino, Glêsse Collet à viola e Antonio Guerra Vicente ao violoncelo. Uirapurú é uma das mais originais e contundentes obras de Villa-Lobos – Já foi gravada por Leopold Stokowsky e Eduardo Mata, grande maestro mexicano. Na importante serie que a OSESP grava da integral das Sinfonias de Villa-Lobos, para completar um dos CDs, aparece uma versão de referência deste ballet de 1917. Isaak Karabtchevsky, como sempre, comanda com elegância e brilho.
Todos os CDs citados podem ser encontrados on-line ou mesmo em lojas físicas (até quando existirem) com uma certa facilidade. Apenas o belo CD do Guerra Vicente pode ser encomendado apenas através do email antonioguerravicente@g mail.com. Vale o esforço.
CD Desaparecido Lamento muito que este CD tenha sumido completamente. Villa-Lobos em Paris. Regido por Gil Jardim (e com belos solos do soprano Claudia Riccitelli) temos as melhores versões já realizadas das mais experimentais obras de Villa-Lobos, o Noneto, Epigramas irônicos e sentimentais e o Quatour, obras para soprano, coro e instrumentos compostas na década de 1920, partituras de uma originalidade que fazem com que o compositor surpreenda os incautos que o achem conservador. Torço para que um dia este CD de 2005 seja “ressuscitado”.
* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. Revista Keyboard Brasil / 81
Análise
C o l
e
ç
ã o
TECLADO VOLUMES 1, 2, 3 e 4 AUTOR: PROF. maestro Marcelo Fagundes * Redação
A
Disponíveis no site: www.keyboard.art.br
coleção completa em 4 volumes
internacionais entre outras, tem o intuito
do Método Prático para
de colocar o estudante em contato com os
Teclado, possui cerca de 120
mais variados gêneros musicais.
páginas cada livro, e acompanha um CD
A coleção fartamente ilustrada,
de áudio para os mesmos. Nos métodos
com esquemas explicativos e escrita numa
para teclado são colocados todos os
linguagem extremamente dinâmica e de
conceitos da escrita musical formal
fácil compreensão, torna possível o atalho
utilizada internacional-mente e a forma
para o
correta de interpretar partituras, ou seja, a
rápido e dinâmico.
forma pela qual os músicos de todo o mundo escrevem e lêem música.
desenvolvimento musical mais
Tudo o que é necessário saber para interpretar partituras cifradas está expla-
Em cada livro é apresentado uma
nado da forma mais simples possível,
fase de desenvolvimento, com um
além de muitos outros aspectos importan-
repertório de apoio atualizado e comple-
tes, como por exemplo: escalas, intervalos,
to, contendo músicas de sucesso nacionais
harmonia, formação de acordes e suas
e internacionais, incluindo algumas peças
inversões, interpretação de cifras,
do próprio autor, criadas com objetivos
improvisações, arranjos, etc. Com o apoio
didáticos.
do CD de áudio, você poderá verificar a repertório eclético, composto
execução das lições práticas e, progres-
por dezenas de partituras, que vão desde
sivamente, desenvolver sua habilidade
temas de filmes, MPB, clássicos, sertanejo,
musical.
O
82 / Revista Keyboard Brasil
https://soundcloud.com/vigans https://www.youtube.com/user/VigansOficial