Revista Keyboard Brasil 2017 número 47

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Revista

Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 47 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil

A jornada de

ANDERS HELMERSON CARREIRA DE MÚSICO: Quando a dor supera a arte

SHURE E O ÁUDIO INVISÍVEL: O que é e porque investir

SALOMÃO SOARES: Único representante da América Latina no Festival de Jazz de Montreux

SÉRIE“PSR-E” DA YAMAHA Um bom timbre, um bom começo




Editorial

Heloísa Godoy Fagundes - Publisher

Uma nova proposta Salve músicos e apreciadores!! Tenho sido uma pessoa que busca aprender sempre e jamais abrir mão de meus projetos de vida. Um deles é prezar pela qualidade sobre essa arte tão importante que é a MÚSICA. As três palavras mágicas continuam latentes dentro de mim: boa vontade, coragem e perseverança e tornar-se referência no mercado editorial foi uma conquista e continua sendo. Fundamental é o trabalho em equipe com nossos colaboradores e a parceria com as marcas. Quanto a isso, não há o que discutir. É fato. Projetos futuros que estão em andamento foram conquistados através de muito trabalho. Porém, é preciso pensar 04 / Revista Keyboard Brasil

no agora. E, para continuar proporcionando a qualidade necessária em cada edição, é preciso que hajam mudanças. E, a partir da próxima edição, uma nova proposta se inicia. Para os músicos que desejam ter divulgados seus trabalhos ou anúncios na melhor revista de música do Brasil, forneceremos valores promocionais. Tenho para mim que essas mudanças serão entendidas e apoiadas por todos. Em nossa 47ª edição, trazemos na capa o sueco Anders Helmerson com uma história musical às avessas. Entrevista dada ao nosso colaborador Amyr Cantusio Jr. Hamilton de Oliveira escreve sobre o editor de vozes, em tempos onde não há tempo, o poderoso software de edição tem conseguido resultados impressionantes em relação à afinação da voz. Bruno de Freitas lista os teclados da série “PSR-E” da Yamaha, dicas para quem deseja se iniciar no mundo da música. E, falando sobre teclas, Luiz Carlos Uhlik discorre sobre o rei dos instrumentos musicais: o piano. Muitos shows, estudos diários, falta de exercícios e uma postura inadequada... Tudo isso compromete a profissão de músico. Essa intensa atividade pode levar ao desenvolvimento de lesões. Por isso, este mês apresentamos a técnica que utiliza ventosas de bambu, que vem sendo utilizada por músicos como nosso colaborador Mateus Schanoski. Em parceria com a Shure, este mês discorremos sobre o áudio invisível. Maestro Colarusso apresenta em seu artigo, três ''deslizes'' de grandes compositores. Finalizamos esta edição apresentando músicos incríveis como o pianista paraibano Salomão Soares, único da América Latina selecionado para a competição dentro do festival de Jazz de Montreux, Luis Rabello em sua turnê em Portugal, o tecladista Jorginho Araújo, a segunda parte da coluna de Sergio Ferraz sobre John McLaughlin. Em tempo: cliquem, curtam, compartilhem e façam seus comentários, porque somente assim podemos melhorar o que fazemos com paixão, porque é feito para vocês, leitores! E não se esqueçam: somos o que pensamos! Amém!


Espaço do Leitor Maravilha! Marina Ribeiro — via Facebook Parabéns Helô Editora Keyboard e colaboradores!! Zé Osório — via Facebook Mais um belíssimo espetáculo editorial sobre Teclas, Helô (Editora)!Você é Totalmente Excelente! Luiz Carlos Rigo Uhlik— via Facebook Parabéns por mais esta brilhante edição Helô! Sou seu fã! Samuel Quinto — via Facebook Parabéns! Belíssimo trabalho como sempre! Thiago Pospichil Marques — via Facebook Minha matéria na revista @revistakeyboardbrasil ficou show obrigado pelo espaço! A revista eh fantástica e a edição 46º ficou linda! Valeu @rafaelsanit @carlinhosfofao @casioteclados @studiopqno pela força e parceria tmj sempre! Wemerson Melo — via Instagram Esse ai sabe do que fala, tem que abaixar mesmo a cabeça, sou fã... Grande Fabio (Referente à matéria de Fábio Ribeiro sobre o instrumento Korg Krome, edição número 46). Sidinholeal Tecladista — via Facebook

Excelente Revista de música llena de información valiosa y también dedicada a promover músicos de todo el mundo, editada y dirigida por la maravillosa Heló. Gerardo Solnie — via Facebook Mais um artigo para Editora Keyboard. Nesse mês eu escrevo sobre o mercado de cerimônias e os cuidados para escolha de bons profissionais. Curtam, acessem, compartilhem. Hamilton de Oliveira — via Facebook Linda matéria sobre o meu novo CD que será lançado dia 30 de Maio no clube do Choro em Brasília com a participação da grande cantora Leny Andrade. Obrigado Editora Keyboard! Diogo Monzo — via Facebook Que bacana a matéria. Parabéns por mais uma edição da revista. Muito importante um olhar para o meio musical nesse tipo de mídia, principalmente para nós tecladistas. Seguem firme. Obrigado pela oportunidade Revista Editora Keyboard e Welson Rafael. Thiago Rosário Maciel — via Facebook Parabéns à Editora Keyboard por mais esta edição ímpar! É uma alegria viver isso tudo! Bruno Freitas — via Facebook Parabéns.....sucesso hoje e sempre. Sonia Maria Rossini — via Facebook Revista Keyboard Brasil / 05


Expediente

Capa: Divulgação

Junho / 2017

Revista Keyboard Brasil nas redes sociais!!

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Fagundes Capa: Divulgação Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Anuncie na Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Colaboradores da Revista Keyboard Brasil: Mateus Schanoski / maestro Osvaldo Colarusso Amyr Cantusio Jr. / Murilo Muraah Luiz Carlos Rigo Uhlik / Daniel Baaran Joêzer Mendonça / Marina Ribeiro Hamilton de Oliveira / Patrícia Santos / Rafael Sanit Sergio Ferraz / Bruno de Freitas / Adriano Grineberg Antonio Carlos da Fonseca Barbosa As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical. 06 / Revista Keyboard Brasil



Índice

10 MATÉRIA DE CAPA: Anders Helmerson - por Amyr Cantusio Jr e Heloísa Godoy

PAPO DE TECLADISTA: Um bom timbre, um bom começo - por Bruno de Freitas

30 POR DENTRO: Salomão Soares no Festival de Jazz de Montreux - Redação

40 SOBRE OS SONS: Até os anjos pecam - por Osvaldo Colarusso

52 EXPERIÊNCIAS: Alpha III & Black Sabbath, uma estranha similaridade - por Amyr Cantusio Jr 08 / Revista Keyboard Brasil

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SAÚDE: Quando a dor supera a arte por Heloísa Godoy

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DICA TÉCNICA: Com Rick Wakeman - por Amyr Cantusio Jr.

44 ENFOQUE: Editor de vozes, o corretor de afinação - por Hamilton de Oliveira

56 AGENDA CULTURAL:

Pianista Luis Rabello em turnê por Portugal Redação

TECNOLOGIA: Shure e o Áudio invisível Redação

46 PERFIL: Jorginho Araújo por Rafael Sanit

58 OUTROS SONS: John McLaughlin - parte 2 - por Sergio Ferraz

48 A VISTA DO MEU PONTO:

Piano, o rei dos instrumentos - por Luiz Carlos Uhlik

66 ALGUMAS NOTAS: Joshuel e Everton Trindade - Redação



Matéria de Capa Da desilusão à consagração

A jornada de

ANDERS HELMERSON

Fotos: Divulgação

O SUECO ANDERS HELMERSON TEM UMA HISTÓRIA MUSICAL ÀS AVESSAS. DA MÚSICA PARA A ESCOLA DE MEDICINA E DE VOLTA À MÚSICA, O MULTI-INSTRUMENTISTA CRIOU UMA COMBINAÇÃO DE LONGAS CANÇÕES ALIADAS AO VIRTUOSISMO QUE SURPREENDE AOS OUVINTES. ENTRETANTO, SEU SUCESSO ESTAVA LONGE DE SER DO DIA PARA NOITE. ACOMPANHE ESSA INTERESSANTE HISTÓRIA E LEIA SUA ENTREVISTA EXCLUSIVA.

* Texto: Heloísa Godoy * Entrevista: Amyr Cantusio Jr.

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ilho de pianistas, Anders Helmerson estudou piano em conservatório e também composição. Durante um tempo, sua

ção. Durante um tempo, sua ambição era se tornar um pianista clássico, até se interessar por sintetizadores e conhecer a música progressiva e o rock moderno. Na década de 1970, Helmerson tocou em várias bandas de curta duração e, enquanto estudava em Estocolmo, gravou várias peças de música eletrônica com dois amigos. "Um dia, meus professores perguntaram sobre uma fita de 1/4 de polegada que eu tinha debaixo do braço. Eu disse que continha algumas gravações que fizera em um estúdio comercial. Eles insistiram em ouvir, então mostrei para eles. Assim que desliguei o gravador, eles olharam para mim e não disseram absolutamente nada. Uns dias depois fui demitido da escola'', recorda o músico. Depois desse lamentável episódio, ocorrido no ano de 1978, Helmerson passou três anos trabalhando em seu álbum de estreia, "The End of Illusion", concluído em 1981. Como o álbum não decolou, o músico vendeu seus instrumentos e partiu para o Canadá. Do outro lado do Atlântico, mesmo tocando em algumas bandas, o sucesso continuou a escaparlhe por entre os dedos fazendo-o com que o músico voltasse as costas completamente para a indústria da música. Desiludido, Helmerson retornou à Suécia em 1987 e cursou medicina. Durante este período, seu álbum "The End Of Illusion" tornou-se cult sendo procurado por muitas pessoas. E, assim, Helmerson se viu perante um acordo de relançamento com Musea Records, da França. O ano era 1995. Ainda assim, Helmerson não voltou à música. Nos cinco anos que se seguiram trabalhou como cirurgião em Copenhague e médico em navios de cruzeiro. Navegando por todo o mundo, descobriu o Rio de Janeiro onde revitalizou seu amor pela música. Revista Keyboard Brasil / 11


Anders Helmerson: “Tem sido uma longa jornada desde o End of illusion e os anos 80. O negócio da música mudou. Ainda estou trabalhando duro com a música escrita e aprendizagem técnica.”

Com uma série de artistas brasileiros, entre eles, o percussionista brasileiro Robertinho Silva, e o apoio de um dos maiores selos progressistas do Brasil, o Som Interior Productions, Helmerson gravou o álbum, "Fields Of Inertia", entre janeiro e junho de 2001, tendo algumas gravações adicionais feitas em Cambridge, Reino Unido e mixado em Nova York no mês de setembro, antes de voltar ao Rio de Janeiro para sua masterização final e lançamento no início de 2002. Helmerson descreveu o álbum como "tendo as influências clássicas com uma mistura de techno". Oito anos depois Helmerson lança seu terceiro álbum de cinco faixas, " Triple Ripple", composto magistralmente, atraindo seu amor por sintetizadores e música progressiva. Com Bryan Beller no baixo e Marco Minnemann na bateria, esta fusão do jazz rock é um tour de força que 12 / Revista Keyboard Brasil

irradia verdadeiramente com seu gênero progressivo fusion. Helmerson fez todos os arranjos, composição e produção. O álbum foi lançado pelo selo Musea. Quando perguntado sua opinião de Triple Ripple, ele eloquentemente declarou: "1.876 compassos medidos à perfeição, a realização de Triple Ripple foi uma verdadeira jornada". Vivendo em Londres desde 2001, o músico sai algumas vezes por semana para ouvir música ao vivo. "Há sempre algo acontecendo e eu tento ouvir música o mais perto possível do Progressive Fusion ." Stanley Clarke, Lee Ritenour e Randy Brecker estão entre seus artistas favoritos. Com seu talento e habilidade para inventar novos gêneros de sucesso cult, a jornada de Anders Helmerson continua a todo vapor. Leia a seguir, a entrevista exclusiva.


Reconhecido internacionalmente, o percussionista e baterista carioca de Realengo, Robertinho Silva aprendeu a tocar por conta própria e, aos 15 anos já trabalhava profissionalmente em bailes, estudando pelo método de Gene Krupa. Em 1969 conheceu Milton Nascimento, com quem passou a tocar. Mais tarde participou da Impacto 8, uma banda de baile organizada por Raul de Souza. No ano de 1970, integrou o conjunto Som Imaginário, ao lado de Wagner Tiso, Luiz Alves e outros. Tornou-se um dos percussionistas mais requisitados da MPB, tocando ao lado de grandes nomes como João Donato, Gilberto Gil, Toninho Horta, Gal Costa e João Bosco. De 1974 a 78 viveu nos Estados Unidos, onde tocou com Wayne Shorter, Sarah Vaughan, George Duke, Moacyr Santos, Airto Moreira, Flora Purim, Egberto Gismonti, Ron Carter e outros artistas. Em 1981, lançou seu primeiro disco, pela série MPB-C (Música Popular Brasileira Contemporânea, da Polygram), com participações de Raul de Souza e Egberto Gismonti. Três anos depois gravou "Bateria", seu segundo disco solo. Mais tarde lançou ainda "Bodas de Prata", "Speak No Evil" e "Shot on Goal", lançados no exterior, sendo este último distribuído no Brasil em 1995 com o título "Perigo de Gol". Criou em 1997 o Centro de Percussão Alternativo Robertinho Silva, no Rio de Janeiro e ministra com frequência workshops de bateria e percussão. Toca também na companhia dos filhos, Ronaldo e Vanderlei, também percussionistas.

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Entrevista Revista Keyboard Brasil – Anders, fale sobre o seu conhecimento e formação musical. Onde você estudou? Detalhes, por favor. Anders Helmerson – Eu estudei piano em conservatório e também composição. Durante um tempo, eu tive a ambição de ser um pianista clássico, mas abandonei essas ideias quando eu me tornei mais interessado em música prog e rock moderno. Minha mãe era professora de piano e me ensinou os motivos. Meu pai era um pianista de jazz, mas acho que nunca aprendi muito com ele. Embora quando eu comecei com meu projeto End of illusion nos anos 70 e anos 80, eu pude usar minha experiência para criar música. Quando trabalhei no álbum End of Illusion (1984), no estúdio Decibel, em Estocolmo, fui muito influenciado por Alan Parsons (produtor dos Beatles e do Pink Floyd). Fato é que eu conheci Alan Parsons apenas alguns meses antes, no Abbey Road Studios. Ele me mostrou como produziu os efeitos sonoros no “Dark Side of the Moon” (P. Floyd) e percebi como ele era um produtor influente! Hoje sei que você pode criar esses efeitos sonoros no Pro Tools em 5 segundos... Isso foi nos dias analógicos e hoje “boa música” e efeitos sonoros espetaculares perderam um pouco o seu valor. Tem sido uma longa jornada desde o End of illusion e os anos 80. O negócio da música mudou. Ainda estou trabalhando duro com a música escrita e 14 / Revista Keyboard Brasil


a aprendizagem técnica. Estou estudando com um grande pianista clássico russo no Royal College de Londres chamado Ilya Kondratiev. Ele é um membro muito importante da equipe de produção e está me treinando para tocar minha própria música. Revista Keyboard Brasil – Quais são os projetos mais interessantes / importantes de sua carreira como artista? CDS & LPS? Outros? Anders Helmerson – Quando penso no passado, acho que cada projeto em que me envolvi foi igualmente importante. Não percebi o trabalho cansativo que era gravar um álbum. Cada um me custou 3 anos de estúdio! O nome “End of illusion” foi inspirado em um romance sobre um artista japonês que foi preso por razões políticas. Ele pintou uma paisagem muito bonita em sua cela. Um dia ele entrou na pintura e se tornou uma parte dela. Para entrar na sua arte e fazer parte dela é assim. Coisa maravilhosa, mas haverá um dia em que você tem que sair para a realidade. o CD “End of illusion” é isso, algo que é importante lembrar quando você está criando. O CD “Fields Of Inertia” foi produzido em 2001 Revista Keyboard Brasil / 15


no Rio de Janeiro em um período onde a técnica de gravação digital era nova. Eu gravei com o percussionista brasileiro Robertinho Silva e toda a percussão foi feita por ele - sem amostragem. Ele usou não menos que 80 canais de gravação... Uma orquestra de samba inteira! Quando cheguei a Nova York para misturar o disco rígido não poderia lidar com a quantidade de pistas por isso foi uma noite longa e difícil para mixar tudo. Engraçado que ele tinha um artigo em uma revista de música chamada Sounds Magazine onde estava escrito: “Engenheiro de som atingido por inércia”. Daí o nome do álbum! Revista Keyboard Brasil – Quais são os seus projetos atuais? Anders Helmerson – Após o álbum “Triple Ripple” decidi deixar todos os cabos pesados Midi e tentar fazer algo com apenas um piano de cauda. Então comecei a escrever novo material e comecei a procurar um baterista e um baixista para tocá-lo. Me recomendaram um francês chamado Critstian Grassart e, através dele, entrei em contato com o baixista Thierry Conand. Fiz uma experiência com a minha nova peça "“Superposição” e o resultado foi ótimo. Para o momento estamos ensaiando um novo show “Quantum House”, utilizando apenas baixo acústico, piano e bateria. Mal posso esperar para tocar ao vivo! Revista Keyboard Brasil – Qual é a sua opinião sobre o rock progressivo

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mundial e sua influência nas artes ? Anders Helmerson – Quando comecei a trabalhar com esse tipo de música, o conceito de Prog-music não existia. Hoje o rock progressivo possui uma centena de gêneros diferentes. Tem muitos gêneros secundários como rock prog, prog metal, etc. Eu definiria minha música como prog fusão. Hoje não há muitas bandas criativas como no passado. Claro que existem muitas bandas boas como Anglagard, Dream Theater, etc... Mas eu acho que o elemento mais significativo do rock progressivo é o fato de você escrever música muitas vezes bastante complexas como o meu trabalho solo, e executá-lo sozinho. rock prog tem conseguido um pouco mais de respeito nos dias de hoje, particularmente na mídia, mas ainda não é realmente aceito em nível acadêmico assim como quando eu produzi o CD “End of illusion”. Para ser honesto, não mudaram muito desde então. Revista Keyboard Brasil – Qual sua opinião sobre a metafísica na música? Linhas filosóficas ou religiosas estão inclusas nela? Anders Helmerson – Sim, definitivamente. Estou muito fascinado pela física quântica. Para mim, é muito místico como não se pode ser explicada. Os físicos modernos mostraram que os elétrons podem fazer as coisas mais estranhas como estar em dois lugares ao mesmo tempo, ir para trás no tempo e etc... É fascinante que quando os cientistas disparam elétrons através de um meio


eles se comportam como partículas, mas quando você não pode observá-los eles se comportam como ondas. Quando estão na forma de onda, eles estão em superposição (como camadas de músicas nas faixas de um estúdio chamada “overdub”). E eu acho extremamente excitante. Quando escrevo minha música, faço o mesmo. Eu tiro milhares de partículas no espaço de meu teclado e o produto final é a probabilidade - um produto que reflete uma parte da minha mente criativa. Não há nenhum aleatório e não poderia ser feito de outra maneira. Formas de ondas diretamente da minha consciência. É por isso que eu chamei meu próximo show “Casa Quântica” . Tudo reflete a filosofia da mecânica quântica! Revista Keyboard Brasil – Grato Anders pela tua maravilhosa música e oportunidade de prestigiar os leitores da Revista Keyboard Brasil com tua fantástica arte e informações pessoais! Anders Helmerson – Muito obrigado!

(1) The End of Illusion, 1981 . (2) Fields Of In ertia, 2002. (3) Triple Rippl e, 2010.

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. * Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. Revista Keyboard Brasil / 17


Papo de tecladista

UM BOM TIMBRE, UM BOM

Bruno de Freitas: “Conheça o instrumento antes de adquirir o seu!”

COMEÇO!

INICIAR NO MUNDO DA MÚSICA PODE SER UMA EXPERIÊNCIA PRAZEROSA OU, POR VEZES, NEGATIVA. E ESSE É O ASSUNTO DA COLUNA DE HOJE: UM BOM COMEÇO POR UM BOM SOM.

* Por Bruno de Freitas

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mercado de instrumentos musicais é vasto, principalmente no mundo das teclas, dos teclados eletrônicos. Por isso, no momento de presentear uma criança com um teclado arranjador, por exemplo, exige-se a atitude simples de aguçar os ouvidos e comparar mesmo! Mas teclado arranjador (com ritmos) é uma boa dica pra começar? Sim. Além dos principais estilos musicais do

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mundo, conta com os timbres dos instrumentos tradicionais de todos os continentes, gravados com qualidade. No início da aprendizagem musical no teclado, com a execução musical das primeiras músicas, mesmo as mais simples folclóricas, o senso de arranjo e percepção são aguçados, já que os instrumentos que compõem o estilo escolhido estão tocando juntos acompa-


nhando a melodia. Com a preocupação constante sobre boas ferramentas de aprendizagem musical, nada melhor do que abordar uma linha incrível de teclados arranjadores para iniciantes e avançados no mundo dos teclados. Por isso, abaixo estão listados os teclados da série “PSR-E” da Yamaha. Mas quem nunca tocou um instrumento, sonha tocar e quer iniciar, pode começar com um teclado sem sensibilidade nas teclas? É claro! Principalmente se for uma criança, que ainda está desenvolvendo a motricidade nos dedos, assim como a musculatura do corpo. Sem exigir força nos dedos, a experiência dos primeiros toques e com resposta imediata será positiva, principalmente se for uma criança entre cinco ou seis anos de idade. Um bom exemplo de teclado é o Yamaha PSR F51. O painel intuitivo e amigável, com fácil visualização das informações impressas e com apenas três passos, o iniciante musical irá se divertir desde o primeiro contato com o teclado.

Intuitivo e fácil de utilizar. Design leve e compacto e teclado de tamanho regular com 120 sons e 114 ritmos de todo o mundo. Resumindo: este instrumento é ideal para diversas situações; não somente para principiantes e estudantes, mas também para utilizações em atividades de lazer – basta colocar as pilhas e tocar. Viu? Não é à toa que o Yamaha PSR F51 ganhou a letra “F” na sigla, pois pode ser o “First”, ou o “Primeiro” Teclado para quem está iniciando no maravilhoso mundo da música. E, para quem já quer ou necessita de mais ritmos, mais estilos e mais sons, teclas de tamanho regular, fica a dica sobre o Yamaha PSR E253. Note que os três passos continuam claros. E a clareza e objetividade é imprescindível, tanto para o professor, quanto para os alunos. O auxílio das cores, neste modelo verde – Song; azul – Voice; laranja – Style e os botões correspondentes, levam o usuário ao acesso imediato do conteúdo musical do equipamento. Além do visor de LCD com

Yamaha PSR F51: Intuitivo e fácil de utilizar.

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Yamaha PSR E253: Mais ritmos, mais estilos, mais sons.

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O PSR E363 segue o padrão de excelência da Yamaha. Com uma construção impecável e robusta, além de dar continuidade na experiência intuitiva, sem causar estranhamento para quem muda de nível. A lógica de comandos do painel, a disposição dos botões e as informações de forma bem clara e de fácil acesso torna este modelo ideal para todos os níveis. Vale ressaltar que todos os sons, todos os timbres inseridos no banco voice dos teclados Yamaha são criados pela própria corporação. O timbre de piano, por exemplo, é gravado de um piano de

Yamaha PSR E363: Lançamento em primeira mão.

Foto: Pedro de Freitas Jr.

as principais informações à disposição, o PSR E253 conta com o Y.E.S. – Yamaha Education Suite, que ensina de fato os aspirantes a músicos que queiram aprender qualquer uma das 100 músicas predefinidas. Além disso, os 385 sons internos e os 100 estilos proporcionam diversão e fidelidade tanto na aula de música ou em casa. Outro recurso precioso é a entrada AUX IN que transforma o PSR-E253 num sistema de alto falantes para o seu leitor de MP3, smartphone por exemplo, para que possa tocar em acompanhamento ou, simplesmente ouvir as suas músicas, tudo isto por uma excelente relação qualidadepreço. Quanto mais avançado o desenvolvimento musical, maior a necessidade de mais recursos, mais timbres e mais possibilidades. Assim, a necessidade de um modelo com um leque mais abrangente, nos estilos e sons, e com teclas sensitivas. Cito o modelo a seguir em primeira mão aqui na Revista Keyboard Brasil: PSR E363 que, em breve estará nas lojas de instrumentos musicais de todo o Brasil.


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[...] Aprender música requer persistência, estudo e atualização c o n s t a n t e, p o i s a criação musical não para, e o legado dos grandes compositores nos acompanha eternamente. E isso exige fidelidade nos timbres e recursos, assim c o m o o s i n c r í ve i s t e cl a d o s d a l i n h a PSR-E. Instrumentos que dão suporte à execuções incríveis e que vão ao encontro da música de qualidade, da boa música de verdade.

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cauda da Yamaha, assim como o violão, as guitarras, o desenvolvimento do DSP – (Digital Sound Precessor) que deriva das mixers digitais; os timbres de bateria e assim por diante. Ou seja, você não está “apenas” tocando um teclado com sons vindos do acaso, mas está desfrutando de todo o legado centenário da Yamaha. Naturalmente, no desenvolvimento como músico tecladista, muitas outras necessidades aparecem, inclusive de controle maior sobre a execução musical diretamente no painel do teclado. Maior volume dos falantes embutidos – para ensaios, ou aulas de música em grupo, por exemplo. Com isso a Yamaha desenvolveu o PSR E453. O PSR-E453 é um versátil teclado, ideal como primeiro instrumento, mas capaz de ser uma alternativa para músicos experientes que buscam funções avançadas para suas atuações ao vivo e/ou composição. Teclas sensitivas e características profissionais fáceis de usar, como potenciômetros destacáveis Live Control – características herdadas de sintetizadores, modo rítmico DJ e ligação USB ao aparelho. A ligação USB merece destaque, pois pode ser um grande aliado no mundo da produção musical, pois o teclado poderá ser utilizado como controlador USB/ MIDI, interagindo com as DAWs -

– Bruno de Freitas.

Digital Audio Workstation (programas de gravação). Por fim, é importante lembrar que o número de teclas também é característica fundamental em uma apresentação ao vivo e para quem está estudando piano. O PSR-EW400 é uma excelente opção para quem já está mergulhado nas performances em público; palcos, igrejas e escolas. O Yamaha PSR-EW400 é o mais avançado da série PSR-E. Com recursos profissionais fáceis de usar, teclado com 76-teclas sensitivas, o novo “Live! Grand Revista Keyboard Brasil / 21


Yamaha PSR E453: Ideal como primeiro instrumento, mas também uma alternativa para músicos experientes

Piano”, conectividade com computadores, dispositivos iOS, pendrive e saídas L/R individuais para ligar a um sistema de PA tornam este modelo incrível para todas as necessidades musicais. Neste modelo, o sistema de amplificação interna conta com uma potência incrível, com 12w + 12w e 758 sons. Outra característica que chama atenção é o PSR-EW400 conter uma interface áudio-midi integrada, dispensando o uso de placa externa.

Aprender música requer persistência, estudo e atualização constante, pois a criação musical não para, e o legado dos grandes compositores nos acompanha eternamente. E isso exige fidelidade nos timbres e recursos, assim como os incríveis teclados da linha PSR-E. Instrumentos que dão suporte à execuções incríveis e que vão ao encontro da música de qualidade, da boa música de verdade.

Viva a música!

Yamaha PSR EW400: Excelente opção para performances em público: palcos, igrejas e escolas!

* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 22 / Revista Keyboard Brasil


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Saúde

dor

QUANDO A SUPERA A ARTE

A MÚSICA É, PARA O OUVINTE, UMA EXPRESSÃO DE ARTE RELACIONADA AO PRAZER, RELAXAMENTO E LAZER. A PLATEIA SE FASCINA COM A HARMONIA CONSEQUENTE DO RESULTADO DE PALCO, ENTRETANTO, A MAIORIA DO PÚBLICO DIFICILMENTE ESTÁ CONSCIENTE DAS EXIGÊNCIAS QUE ESTA ATIVIDADE IMPÕE ÀQUELES QUE A ELA SE DEDICAM. UMA INTENSA ATIVIDADE QUE PODE LEVAR O MÚSICO A DESENVOLVER LESÕES COMPROMETENDO SUA PROFISSÃO. PORÉM, UMA TÉCNICA QUE VEM SENDO UTILIZADA PARA AMENIZAR DORES É A VENTOSA DE BAMBU. *Por Heloísa Godoy 24 / Revista Keyboard Brasil


Mateus Schanoski e seus cuidados para não ter tendinite com a Dra. Winne Li.

A

performance musical implica que o músico tenha uma grande habilidade, velocidade,

precisão e resistência e, também implica em um controle, muitas vezes máximo, neuromuscular. Este esforço físico e mental a que o músico é exposto para tocar um instrumento dependerá do tipo do instrumento, da duração da execução, da complexidade da obra executada, das condições psicológicas e da resistência muscular individual durante a atividade. Essa intensa atividade exerci-

da pelo músico pode levar a desenvolver lesões que comprometem significativamente sua atividade profissional. Estas lesões podem ser causadas por diversos fatores agrupados em três categorias: as afecções músculo-esqueléticas, as síndromes compressivas dos nervos periféricos e as distonias focais. Afecções Músculo-esqueléticas: Síndrome do Uso Excessivo (SUE) A síndrome do uso excessivo (SUE) ou superuso pode ser definida como

sinais e sintomas associados a uma aparente lesão ocasionada pela exposição de estruturas a uma carga que excede seu limite fisiológico. Vários são os termos para denominar estas desordens, dentre eles destacam-se: síndrome do uso excessivo (SUE); tendinites; tenossinovites; lesões por trauma cumulativo (LTC) e lesões por esforços repetitivos (LER). Quanto ao local, esta pode atingir mão, punho e antebraço, cotovelo, ombro e pescoço ou ser difuso pelo braço. A localização está associada em parte pela demanda física de cada instrumento. Pode ser encontrada entre os instrumentistas como pianistas, tecladistas, guitarristas, instrumentistas de cordas, entretanto cada instrumento pode ser responsável por lesões em específicas na unidade músculo-tendão. Alguns aspectos como a má postura, o tipo e a sustentação do instrumento; a força usada para tocá-lo; e/ou despreparo muscular adicionados ao tempo de treinamento diário; o tamanho e peso do instrumento; e a relação Revista Keyboard Brasil / 25


Mateus Schanoski é tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. As dores causadas pela intensa atividade física, o fez conhecer a técnica com ventosas de bambu, aplicadas pela doutora Winne Li .

antropométrica para cada tipo de instrumento poderia também influenciar o surgimento de síndromes por uso excessivo.

solicitarem a manutenção de posições sustentadas por longo período de hiperflexão do cotovelo ou hiperflexão e desvio de punhos.

Síndromes Compressivas dos Nervos Periféricos As síndromes compressivas dos nervos periféricos constituem um complexo de sintomas relacionados à compressão dos nervos periféricos em seus respectivos trajetos. Esta compressão é considerada como uma forma de SUE e uma das causas seria o uso excessivo pela hipertrofia muscular ou tendinite. As causas da pressão podem estar associadas aos movimentos repetitivos que podem ocasionar hipertrofia muscular local e irritação dos tecidos e assim, ser relacionada à SUE. As síndromes compressivas são observadas entre 10% e 30% dos instrumentistas especialmente flautistas, pianistas, guitarristas, violinistas e dentre outros instrumentistas de corda, possivelmente em função de estes instrumentos

Distonia Focal Distonia focal é um termo usado para denominar as desordens do controle motor que se caracterizam por atingir grupos musculares restritos e que aparecem somente em determinadas ações, ela não está relacionada exclusivamente a profissão, porém, quando a distonia ocorre em função da atividade profissional é denominada distonia ocupacional. A distonia ocupacional caracterizase por movimentos e posturas distônicas que ocorrem em função de uma ação específica. Os instrumentistas mais afetados são os tecladistas seguidos dos instrumentistas de cordas, porém também pode acometer instrumentistas de sopro. Os movimentos distônicos são definidos como contrações prolongadas

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Fui cuidar dos meus tendões. Estava um pouco dolorido devido a semana cheia de trampos diferentes. Dar aulas, gravar Metal, c o m p ô r, s h o w s d e C l a s s i c Ro ck , Po p, Groove e Jazz, diferentes tipos de teclas e técnicas. Apesar de me alongar, fazer aquecimento e tocar com a postura correta, depois de 30 anos as mãos começaram a doer um pouco. A técnica utilizando ventosa de bambu é sensacional! Recomendo muito a Dra. Winne Li para qualquer músico.

– Mateus Schanoski

Revista Keyboard Brasil / 27


que têm tipicamente a natureza de uma torção e geralmente aumentam no decorrer da atividade. As posturas distônicas são definidas por alterações posturais bizarras provenientes da estabilização do segmento em uma postura imóvel podendo permanecer por período prolongado. As principais queixas relacionadas às distonias são: rigidez dos dedos ou redução da velocidade de execução do instrumento; dificuldade em realizar os movimentos de forma harmônica; e incoordenação na execução da atividade com o instrumento com movimentos de extensão ou de flexão involuntária dos dedos naquelas passagens que requerem movimentação rápida e vigorosa. Geralmente culmina em abandono da carreira. Uma técnica que pode ser utilizada para pessoas com dores agudas ou crônicas causadas por entorses, fraturas, contraturas, entre outros problemas musculares, como a intensa atividade exercida pelos músicos é a ventosa de bambu. Ventosa de bambu A ventosa de bambu é um tratamento indolor, recomendado para pessoas com dores agudas ou crônicas causadas por entorses, fraturas, contraturas, entre outros problemas musculares, que consiste em limpar todo sangue que

se encontra parado no local lesionado. Este sangue sem movimento causa uma paralisação na circulação do Qi (energia vital interna), o que provoca dores e inflamações. O procedimento é simples. Colocam-se pequenos pedaços de bambu para ferver, juntamente com um conjunto de ervas, que seguem princípios fitoterápicos. Faz se uma sangria em pontos específicos da região lesionada (pontos que seguem os mesmos princípios da acupuntura). Aplica-se o bambu sobre a pele e por meio do resfriamento provocado pelo ar do ambiente (sucção por vácuo), o bambu suga o sangue concentrado no local lesionado. A retirada do sangue parado por sucção traz uma sensação de alívio imediato ao paciente.

Winne Chue Wei Li dedica-se às terapias manuais. Especializou -se em massoterapia chinesa clássica e quiro praxia. Formada em acupuntura, aperfeiçoo u-se nas principais técnicas da Medicina Tradicional Chinesa. Também se especializo u em técnicas como a Ventosa de Bambu, Fitoterapia Chinesa e Chi Kung Terapêutic o. É Bacharel em Teologia, Direito e Fisiot erapia. Mais informações no link: https://drawinneli.word press

.com/

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 28 / Revista Keyboard Brasil



Por dentro

30 / Revista Keyboard Brasil


SALOMÃO SOARES NO FESTIVAL DE JAZZ DE

MONTREUX JOVEM PIANISTA PARAIBANO É O ÚNICO DA AMÉRICA LATINA SELECIONADO PARA COMPETIÇÃO DENTRO DO FESTIVAL.

* Redação

Revista Keyboard Brasil / 31


O

pianista paraibano Salomão Soares acaba de ser selecionado para disputar o título de melhor

pianista no Montreux Jazz Festival, que acontece na Suíça entre os dias 30 de junho e 15 de julho. Como o único representante da América Latina, Salomão concorrerá ao lado de músicos franceses, ucranianos, americanos, russos e alemães e apresentará sua composição Boizinho Universal. Nascido e criado em Cruz do Espírito Santo, município localizado na região metropolitana de João Pessoa, o pianista e arranjador de 27 anos, hoje vive em São Paulo. Durante sua infância e adolescência, sempre ouviu boa música em casa, incentivado pelo pai, um apaixonado pela música brasileira de Luiz Gonzaga, Paulinho da Viola e Elis Regina e a mãe, que tinha todas aquelas melodias antigas na ponta da língua, além de dedilhar algumas das quais gostava ao violão. Também cresceu ouvindo histórias do sertão paraibano, tocando saxofone na banda marcial da cidade, batendo triângulo, zabumba e pandeiro embalado pelas festas de São João. Começou tocar profissio-nalmente em 2004, aos 14 anos, mas foi a partir de

32 / Revista Keyboard Brasil

2008, que passou a se dedicar aos estudos e ao seu desenvolvimento como instrumentista, arranjador e compositor. Como consequência dessa busca, Salomão seguiu com destino à São Paulo para expandir suas fronteiras e se formou em Piano Popular pelo Conserva-tório Dramático e Musical de Tatuí, sendo orientado pelo pianista André Marques. Salomão transita entre as diversas linguagens da música popular, que lhe permitem uma versatilidade muito grande em seus trabalhos. Já tocou ou gravou com artistas como Hermeto Pascoal, Filó Machado, Gabriel Grossi, Nenê, Vinicius Dorin, Fábio Leal, Arismar do Espírito Santo, Gabriel Grossi, Altay Veloso e Lilian Carmona. Excursiona com o Rodrigo Digão Braz Trio, participando de festivais pelo Brasil inteiro. O trio gravou, no final de 2014, o seu primeiro disco intitulado “Carvão”. Salomão Soares também produziu e arranjou o disco “Casa que é mundo"“ da cantora paraibana Rinah, que será lançado em 2016. Ministrou a Oficina da Música Universal com Itiberê Zwarg e Rodrigo Digão Braz no Sesc Pinheiros - São Paulo, em 2014 e a oficina de Improvisação na Música Universal no Festival MUTUM – Taquaruçu, Tocantins, em 2015.



Dica Técnica

Jane Seymour, de R I C K WA K E M A N NESTA EDIÇÃO DA REVISTA KEYBOARD BRASIL, APRESENTO UMA DICA PARA TOCAR ESSA TÃO COMPLEXA MÚSICA DE RICK WAKEMAN. APRECIE SEM MODERAÇÃO E BONS ESTUDOS! * Por Amyr Cantusio Jr.

J

ane Seymour é a música mais complexa e tocada do primeiro disco de Rick Wakeman,

“SixWivesof Henry VIII”. O disco saiu em 1973 e foi um tremendo sucesso. Muita gente pretende tocar esta música, mas ela é uma “bachiana” inspirada nas Toccatas de Bach.Ou seja, difícil por causa da agilidade da mão direita e contra-pontos da mão esquerda. A música foi interpretada originalmente para órgão e gravada em um Órgão de Tubos na Capela St. Giles Cripplegate Church, na Inglaterra, depois levada para um estúdio e acrescentada de um moog synth solo e bateria. Esta partitura é um pouco difícil, não possui cifras, mas o tom constante tônico é Am ( Lá Menor). A variação inicial dos acordes da mão ESQUERDA 34 / Revista Keyboard Brasil

são D, E, Am (abertura). Eu a interpreto em um estado mais complexo em Dó Sustenido Menor, e mantenho a mão direita constante nos desenhos Colcheia - Semi Colcheia, porém, mais acelerado (como indica a partitura em questão) nível Presto. Minha sugestão é que você que está estudando teclados/piano/órgão, tire o desenho da mão direita com calma e vá ACELERANDO, aos poucos, senão jamais irá tocar esta peça ou similares. Temos que tentar ou começar um dia, não é mesmo? Por isto, nesta edição da Revista Keyboard Brasil, estou dando esta dica. Em anexo, o MP3 que indica esta partitura executada via MIDI. Desejo a todos, evolução e bons estudos, esforços, disciplina e atenção!!! A música é feita destes elementos, ao menos, a grande Arte Musical.


Jane Seymour

RICK

WAKEMAN

Revista Keyboard Brasil / 35


* Solicite a partitura completa pelo e-mail: contato@keyboard.art.br *Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 36 / Revista Keyboard Brasil



Tecnologia

Áudio Invisível e porque O que é

investir nele?

VOCÊ JÁ VIU O ÁUDIO? OS SONS QUE OUVIMOS SÃO RESULTADOS DE VIBRAÇÕES DO AR, E NATURALMENTE NÃO PODEM SER VISTOS. PENSANDO NESSE CONCEITO, MUITAS EMPRESAS, ENGENHEIROS E ARQUITETOS VÊM INVESTINDO EM SOLUÇÕES DE ÁUDIO QUE SE INTEGRAM TOTALMENTE AOS AMBIENTES, DE FORMA QUE NÃO SÃO FACILMENTE PERCEBIDOS. ISSO É O ÁUDIO INVISÍVEL.

* Redação

38 / Revista Keyboard Brasil


A

tualmente grande tendência no mercado audiovisual mundial, principalmente nos Estados

Unidos, o áudio invisível surgiu da combinação de duas necessidades corporativas: a crescente preocupação com design e a otimização de tempo dos profissionais que atuam nas áreas de TI e integração. Dessa forma, os mais diversos espaços podem receber microfones e equipamentos de áudio que são acoplados ao teto e utilizam apenas um cabo de rede para transporte de áudio e energia. Uma vez que as funcionalidades sejam programadas pelo instalador através de modelos pré-definidos de um software interno, é possível criar vários cenários de configuração de sala sem que haja necessidade de mudanças e reconfigurações dos dispositivos toda vez que a utilização dos equipamentos seja necessária, como normalmente acontece hoje em dia, principalmente em escritórios. Além de salas de reunião e conferência, o áudio invisível vem sendo amplamente demandado por hospitais, institutos educacionais, teatros, e até

mesmo pelo mercado de broadcast. A necessidade por esse tipo de solução existe há muito tempo, mas até alguns anos não havia tecnologia eficiente para que o conceito fosse colocado em prática. No entanto, recentemente o mercado passou a se movimentar e apresentar produtos de qualidade inovadora de Áudio Invisível, que se torna agora uma realidade cada vez mais efetiva e acessível, principalmente após o lançamento do sistema Microflex Advance, lançado pela Shure no início de 2016 e vencedor da categoria de Melhor Produto para Salas de Reunião da ISE (maior feira de sistemas de integração do mundo realizada anualmente em Amsterdam) no mesmo ano e nomeado o vencedor geral da NSCA em Excelência em Inovação de Produto em 2017. Com estética elegante, opções de mesa e de teto, entrega surpreendente e menos elementos ou necessidades de suporte e manutenção, é questão de tempo para que o conceito e as soluções de Áudio Invisível, como o Microflex Advance, se popularizem e passem a ser amplamente conhecidos também no Brasil.

* Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intra-auricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em rede, premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. Revista Keyboard Brasil / 39


Sobre os sons

ATÉ OS ANJOS PECAM:

TRÊS “DESLIZES” DE GRANDES

COMPOSIORES CERTOS COMPOSITORES POSSUEM UMA REPUTAÇÃO TÃO ALTA POR SUA GENIALIDADE,

QUE

FICA

DIFÍCIL

ACREDITAR QUE ATÉ MESMO GRANDES CRIADORES

MUSICAIS

POSSAM

COMETER ENORMES E VERGONHOSOS DESLIZES. NORMALMENTE O FAZEM POR

MOTIVOS

POLÍTICOS,

E

VEREMOS QUE, POR TRÁS DESTES “DESLIZES”,

ESTIVERAM

DÉSPOTAS

MOMENTANEAMENTE

GLORIFICADOS, RESPONSÁVEIS

MAS POR

SEMPRE

QUE

FORAM

INÚMEROS

CRIMES. EIS UMA BREVE LISTA:

** Por Maestro Osvaldo Colarusso

40 / Revista Keyboard Brasil


‘ ‘

1 – Beethoven – A vitória de Wellington opus 91

E

scrita por Beethoven em 1813 (entre as Sinfonias de Nº 7 e 8) descreve passo a passo a decisiva batalha que selou a derrota definitiva de Napoleão Bonaparte. Instrumentos fora de cena descrevem os campos opostos. Para os ingleses, vencedores, o Hino “Deus salve o Rei” foi utilizado com facilidade, mas “A marselhesa”, que era uma música considerada subversiva em Viena naquela época é substituída por cantos populares, inclusive “Ele é um bom camarada…” (Malbrook s'en va-t-en guerre). No auge da batalha, canhões e tiros são previstos na partitura. A obra foi inicialmente pensada para uma orquestra mecânica concebida por Maelzel (Panharmonicom), o inventor do metrônomo, mas tendo em vista um bom pagamento de seus mecenas acabou optando por se utilizar de uma grande orquestra sinfônica. Criticado pelo baixo nível da composição Beethoven deu uma insolente resposta a um crítico que não gostava de sua música em geral: “O que eu defeco é melhor do que qualquer coisa que você possa imaginar! ”

Difícil acreditar que até mesmo grandes c r i a d o re s m u s i c a i s possam cometer enormes e vergonhosos d e s l i z e s !

– m a e s t ro O s va l d o C o l a ru s s o

2 – Richard Strauss – Música festiva japonesa (Japanische Festmusik) opus 84 Duas inequívocas verdades históricas: o envolvimento do grande compositor alemão Richard Strauss

Revista Keyboard Brasil / 41


com o governo nazista, e o envolvimento que a Alemanha nazista tinha com o Japão, que junto com a Itália formaria o assim chamado “Eixo”. Em 1940, em plena segunda guerra mundial, estaria se comemorando 2600 anos do império japonês (data manipulada pelas autoridades do Japão da época). Para a comemoração da data o ministro Joseph Goebbels expressou a ordem do Führer de que Strauss deveria compor algo para a efeméride. O grande compositor, que já tinha manchado sua reputação compondo o Hino para as olimpíadas racistas de 1936, acabou escrevendo 15 minutos de “maçaroca” sinfônica, regiamente pagas. Percebemos lampejos de um dos maiores orquestradores de todos os tempos, mas a desconexa obra é discretamente ignorada pelos admiradores de “Elektra”, “O cavaleiro da rosa” e “Assim falou Zaratustra”. Uma mácula, sem dúvida.

3 – Dimitri Shostakovich – O canto das florestas opus 81 O conflito entre o grande compositor Shostakovich e o ditador Joseph Stalin é muito conhecido, incluindo a censura à ópera Lady

Macbeth de Mtzensky e à Sinfonia Nº 4 em 1936. O que é pouco conhecido é o lado subserviente do músico frente ao ditador e frente ao regime, algo que se aproxima a um tipo de sadomasoquismo. Em 1949, para enaltecer um programa de reflorestamento (desastroso do ponto de vista ecológico), o compositor escreveu uma grandiosa cantata para solistas coro e grande orquestra, baseada em texto de Jevgeni Dolmatovski. A música de uma simplicidade e obviedade flagrantes, envolve um texto onde abundam chavões que glorificam o déspota (Stalin) do tipo “Ele é o grande jardineiro”, ou palavras que já conhecemos muito bem até aqui no Brasil atual: ”Ponte para o futuro”. Mais algumas pérolas: “Nossos rios serão preenchidos pelo sangue dos fascistas”, “os jovens comunistas são a esperança para a liberdade” … Quando da ascensão do sucessor de Stalin, Nikita Khrushchev, a alusão a Stalin foi sutilmente omitida. Realmente uma obra vergonhosa não só pelo aspecto musical, mas pelo contexto pessoal do compositor, que teria chorado de vergonha depois da estreia. A obra recebeu o Prêmio Stalin de 1950, e permitiu que o compositor usasse uma “Dacha” do governo.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. 42 / Revista Keyboard Brasil



Enfoque

Editor de vozes: o corretor de afinação SAIBA MAIS SOBRE O CORRETOR DE AFINAÇÃO - PODEROSO SOFTWARE DE EDIÇÃO QUE TEM CONSEGUIDO RESULTADOS IMPRESSIONANTES EM RELAÇÃO À AFINAÇÃO DA VOZ.

Foto: Divulgação

* Por Hamilton de Oliveira

44 / Revista Keyboard Brasil


E

le é considerado um “santo milagreiro” de alguns cantores que têm dificuldades com afinação na

h ora de gravar em estúdio. Uma ferramenta que tem conseguido resultados impressionantes no tocante à afinação da voz. Estou falando do corretor de afinação, um poderoso software de edição que, nas últimas duas décadas, tem sido usado em praticamente 90% dos estúdios no Brasil. Com a evolução da tecnologia e o tempo curto para se produzir um trabalho musical no Brasil, na maioria das vezes o cantor tem que gravar em dois ou três “takes”. Essa pressa, aliada com a dificuldade em afinar, pode resultar em uma melodia cheia de erros de afinação. Antigamente, os cantores entravam em estúdio e gravavam várias vezes a mesma música até ficar perfeita, pois não existia esse recurso à disposição. Ainda assim, existem alguns artistas que não gostam de utilizar afinador em suas gravações, deixando a melodia da maneira que foi gravada. Um dos softwares mais conhecidos no que diz respeito a edição de melodias é o Melodyne, da empresa alemã Celemony. Ele consegue afinar praticamente qualquer instrumento, seja ele monofônico ou polifônico, como um violão, coro vocal, entre outros. Além disso, possui recursos de correção de ondas sonoras, pitch, amplitude, deslocamento, formante.

Mas qual o segredo para usar essa ferramenta de forma responsável e com qualidade? Costumo dizer que não adianta afinar a voz de alguém que não cantou com “pegada” na gravação, pois o resultado será uma música afinada, mas sem emoção. Tenho afinado alguns calouros e artistas de um programa musical de televisão, e o resultado final depende sempre da desenvoltura de quem está no palco cantando. Certa vez afinei uma cantora, que interpretou uma música linda e bem difícil do Chico Buarque, chamada Atrás da porta. Nessa canção, a intérprete cantou sem expressão, assim quando a música foi ao ar, era possível ver que a voz estava afinada, porém não passava um sentimento emotivo. Por outro lado, já afinei cantoras que desafinaram na gravação, mas cantaram com força e vontade. E assim, depois de corrigidas as afinações, o resultado ficou maravilhoso. Isso mostra que o uso dessa ferramenta é exclusivamente para nivelar a afinação da voz com os instrumentos, não conseguindo, portanto, que a expressão musical do cantor seja melhorada. Por fim, eu diria que qualquer um pode gravar um cd e ser afinado por meio desse software, mas se não cantar com

a alma e o coração, o recurso terá sido usado em vão.

* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 45


Perfil

JORGINHO ARAÚJO PRODUTOR, TECLADISTA E MÚSICO DE MÃO CHEIA!

* Por Rafael Sanit 46 / Revista Keyboard Brasil


J

orginho Araújo, paulista de

nascimento mas de sangue nordestino, iniciou sua carreira com apenas dois anos de idade na Turma do Barulho, onde dividia uma banda infantil com suas irmãs, Elen, Suelen e Daniela Araújo. Criado em meio às produções de seus pais, Jorge Araújo e Eula Paula, no Estúdio Nova Geração em Osasco. É casado, pai, obreiro voluntário na Igreja Presbiteriana de Santana de Parnaíba – cidade onde reside atualmente – preza por um estilo de vida sossegado – pelo menos quando a correria da vida permite. Em sua jornada, o tecladista, já tocou com o Pregador Luo, Adoração e Adoradores. Como produtor, Jorginho trabalha sob influência dos anos 80 nos timbres, composições, arranjos, sonoridade e produções. Além de Guilherme Arantes, Roberto Carlos e Roupa Nova no cenário nacional,Yani, Toto, Michael Jackson, Petter Gabriel fazem parte de suas influencias musicais. Atualmente, atua como produtor na NG MULTIMIDIA, onde é um dos sócios proprietários, empresa de

assessoria em mídias digitais para cantores. Além de sua irmã, Daniela Araújo, o músico já produziu cantores conhecidos como Shirley Carvalhaes, Cristina Mel, Eliane Silva, Leonardo Gonçalves, Gabriela Rocha, Priscilla Alcântara, André e Felipe, Bekah Costa, e Jotta A. Jorginho é conhecido por acreditar e lançar novos talentos que não tem tanto apelo comercial, com estilos diferentes, como o Coral Kemuel, o próprio Jotta A., sendo considerado um 'olheiro' da música gospel, buscando sempre novidades no mercado. Em produção, além do novo projeto da cantora DANIELA ARAUJO, novos artistas estão sendo produzidos, como Marcelle Veiga, Sendy Sena, Dennise Kelly , Gabi Smith, Rodrigo e Mael e Amanda Rodrigues. Jorginho tem o apoio da Ear Sound, STAY MUSIC, Casio, Tiaflex Cabos, além da equipe da IDEAL MIX, outra empresa de eventos e equipamentos que fornecem estrutura para os projetos de áudio, vídeo e shows. Para o futuro próximo, novas parcerias estão por vir.

* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans. Revista Keyboard Brasil / 47


A vista do meu ponto

PIANO, O REI DOS INSTRUMENTOS - PRIMEIRA PARTE CURIOSIDADES SOBRE O INSTRUMENTO QUE ME ENCANTA PRINCIPALMENTE POR SUAS IMPERFEIÇÕES!

* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik 48 / Revista Keyboard Brasil


A

doro piano. Sou apaixonado pelo piano! Desde que descobri a sonoridade ímpar e espetacular do

piano, este instrumento me encanta. O mais interessante é que o encantamento vem em função, principalmente, das imperfeições que ainda permeiam o Rei dos Instrumentos Musicais. Repare: se um piano estiver perfeitamente afinado, o som fica ruim, fica muito certinho, perde a graça... O piano precisa de “tempero”. Por isso é interessante reconhecer a qualidade de um bom afinador que saiba "temperar" o som do piano de forma que as imperfeições criem a magia do som que ele tem! Melodia e Harmonia se complementam, maravilhosamente, nestas imperfeições. Vamos elencar, então, algumas curiosidades com relação a ele? A primeira grande curiosidade sobre o piano é que exatamente hoje o piano está no seu máximo. Esqueça esta conversa fiada de pianos que foram tocados por Beethoven, Listz, Shumman e que tinham uma sonoridade incrível. Os primeiros pianos eram sofríveis em termos de sonoridade! Os pianos do século XIX eram fracos. Os pianos do começo do século XX não tinham, ainda, a boa qualidade que temos hoje nos pianos acústicos. Pianos da era Mozart, Beethoven, Bach, Handel não seguravam afinação, tinham que ser afinados constantemente. Nessa época, a marca mais vibrante de “pianoforte” era o Silberman. Hoje, o

piano está com a sua melhor sonoridade, com o seu melhor desempenho, com a melhor tecnologia. A segunda curiosidade e a mais impressionante é que, de cada 100 pianistas concertistas, 200 entendem “patavinas” sobre o piano, sobre a sua sonoridade, sobre a sua construção. Muito pouca gente sabe diferenciar um bom piano, mas um bom piano mesmo, de um piano com sonoridade normal. As pessoas ainda se influenciam pelas letrinhas escritas em frente às teclas. Lamentável! Terceira curiosidade bastante interessante é que o “inventor” do Piano,

Bartolomeo Cristofori di Francesco, não vendeu nenhum piano. Desenvolveu o produto mas não houve interesse nele não. Aliás, chamou o novo instrumento de “Arpicembalo”! Somente uns trinta anos mais tarde é que o sistema de “martelar” as cordas, “col piano e forte”, ou seja, com expressão, é que passou a fazer algum sentido para os “tecladistas” da época. Quarta curiosidade, o Piano Acústico tem prazo de validade! Isso mesmo, prazo de validade. Portanto, não me venha com aquela conversa de que o piano da sua avó é fantástico porque é da década de trinta. Veja: piano de concerto dura uns 15 anos; piano residencial, entre 30 e 40 anos. Depois disso, precisa ser trocado por um novo, porque a sonoridade do piano perdeu a sua energia e vibração. Quinta curiosidade, a peça funda-

Revista Keyboard Brasil / 49


mental para a afinação do piano, o diapasão, foi desenvolvido e projetado por John Shaw em 1711. Sexta curiosidade, Johannes Zumpe 'inventa' o primeiro Square Piano em 1766. Este modelo tinha como objetivo ampliar o comércio do instrumento, já que poderia ser adquirido pela burguesia normal das cidades Europeias e Americanas. Sétima e fantástica curiosidade! Só em 1768 é que o piano foi apresentado numa sala de concerto. Antes desta data, somente os Reis e a turma da corte é que tinham o privilégio de ter um “pianoforte” nas suas salas de recitais! Oitava curiosidade, o pedal “Una Corda” é introduzido nos pianos, por John Joseph Merlin, em 1774. Nona curiosidade, o grande fabricante de pianos do final do século XVIII e início do século XIX era o Erard. Os Pianos Playel só ficaram famosos em função do Marketing de Chopin e Listz. Mas, não chegavam aos pés do Erard. Décima curiosidade, só em 1783 é que aparece o tal do pedal de sustain. O fabricante Broadwood é quem introduziu esta tecnologia ao piano. Antes, o sustain era feito pelo joelho. Você colocava uma “caixinha” nos pés para que os joelhos encostassem no piano. Quando você precisava do sustain, empurrava os joelhos para cima... Emocionante! E, olha que incrível: só em 1795 é que o “piano” ganha seis, eu disse seis, oitavas!

Conclusão sobre a evolução do Piano no Século XVIII: o piano não nasceu bem, não! Cristofori desenvolveu um produto que não gerou interesse naqueles tempos. E olha que ele era um dos mais renomados fabricantes de “cravo e canela” da época! (Pelo amor de Deus, amigos: “cravo e canela” é uma brincadeira, tá?) Apesar de toda tecnologia, conhecimento de madeira e marcenaria, os pianos eram lindos, mas tinham um som muito, mas muito ruim. Os modelos “Square” tinha 4/5 oitavas e desafinavam sempre, além de parecer que você estava tocando numa harpa martelada. Como o “escapement” ainda estava engatinhando em termos de know how e tecnologia, muitos pianos não tinham velocidade na repetição das notas e, a mais das vezes, o som ficava “zuado” com a aproximação constante do martelo nas cordas. O “harpsichord” e o “clavichord” estavam no seu auge em termos de sonoridade e musicalidade; as cordas beliscadas ainda “beliscavam” o interesse dos “tecladistas”. Nenhum artista da época queria perder um beliscão! Prepare-se, porque quando chegarmos ao século XIX e XX, as curiosidades vão ficar cada vez mais interessantes. Teve até uma fogueira de pianos nos Estados Unidos para encerrar as atividades de um modelo de piano. Aguarde! Avante!

*Amante da música desde o dia da sua no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 50 / Revista Keyboard Brasil



ExperiĂŞncias

52 / Revista Keyboard Brasil


Alpha III e Black Sabbath Um estranha Similaridade O NÚMERO SETE É, COM CERTEZA, O MAIS PRESENTE EM TODA FILOSOFIA E LITERATURA SAGRADA DESDE OS TEMPOS IMEMORIAIS ATÉ OS NOSSOS DIAS. O NÚMERO SETE É SAGRADO, PERFEITO E PODEROSO, AFIRMOU PITÁGORAS, MATEMÁTICO E PAI DA NUMEROLOGIA E REPRESENTA A T O TA L I D A D E , A P E R F E I Ç Ã O, A C O N S C I Ê N C I A , A I N T U I Ç Ã O, A ESPIRITUALIDADE E A VONTADE. É TAMBÉM CONSIDERADO UM NÚMERO MÁGICO E MÍSTICO, POR EXCELÊNCIA. INDICA O PROCESSO DE PASSAGEM DO CONHECIDO PARA O DESCONHECIDO. E 7 SÃO AS COISAS EM COMUM ENTRE O ALPHA III E O BLACK SABBATH. * Por Amyr Cantusio Jr.

Revista Keyboard Brasil / 53


C

reio que tive muita coisa em comum com o Black Sabbath, desde o início do ALPHA III (que em 1971 ainda era chamado SPECTRO).

Lendo a autobiografia do Sabbath, me deparei como num espelho, com minha própria jornada no meio da música, em especial, no rock. O que tínhamos e temos em comum? 1- A dificuldade de gravar um disco nos anos 70. Eu consegui somente registrar num gravador de rolo nossas primeiras composições. Já o Sabbath conseguiu depois de muito trabalho, gravar o LP em 1970. 2- As gravações do Sabbath duraram 2 dias no primeiro LP, 3 dias no segundo e 7 dias no terceiro álbum. No Spectro, gravamos as primeiras 5 músicas e mixamos tudo também em 2 dias. O LP Mar de Cristal (1983) - primeiro do ALPHA III, foi gravado em 3 dias! 3-Temos em comum, até hoje, entrar no estúdio e gravar tudo ao VIVO, com alguns “overdubs”. 4- A temática ocultista, triste, pesada era a mesma do SPECTRO e ALPHA III. Letras poético/góticas, som denso, baseado em quintas diminutas e terças menores. Exceto que o ALPHA III é calcado nos teclados e synths (não tem guitarras, sendo esporádicas, a partir do segundo LP) e o Sabbath nas guitarras (utilizaram teclados depois do terceiro LP). Eu, assim como fez Tony Iommi em suas guitarras, criei o som inicial do Spectro com teclados “alterados” para um som mais volumoso 54 / Revista Keyboard Brasil

e pesado. E o ALPHA III ao vivo era um Power Trio. Quem assistiu sentia a porrada da massa sonora. Pessoal na época ficava temeroso em conversar com a gente nos locais, nos acusavam de bruxos, magia negra, etc... Em partes porque vivíamos mergulhados em livros e temas de ocultismo e filosofia oriental. E o som do Spectro (além do nome do grupo e da capinha da fita cassete que é a mesma do CD, desenho criado por mim, chapado, em 1974) era temido, mas apreciado por uma legião de fãs que nos seguiam (de 1972 a 1979) em todos locais onde tocávamos. Grande época. 5- O produtor do Sabbath bateu em 14 gravadoras e mais outra dezena, sendo recusado com um “não” antes de conseguir um contrato com a Vertigo. Eles disseram que “os idiotas ouviam no máximo, sem muita atenção 3 ou 4 minutos de uma música e diziam adeus”. Idem o que aconteceu com o ALPHA III. Batemos na RCA, Continental e Eldorado, sendo ouvidos raros 3 ou 4 minutos, sem interesse algum pelas gravadoras. Quando quase fechamos em 1976 com a WEA (no Rio de Janeiro pessoalmente) o produtor que iria bancar nosso álbum morreu num acidente de carro. Só me lembro o primeiro nome dele: Gustavo. 6- Só consegui gravar em 1983 como ALPHA III o primeiro LP, tendo 1 música que não gravamos no SPECTRO de 1976 Andrômeda. A letra foi feita (Liberdade para os robôs) pelo falecido guitarrista Clayton em 1972, onde a tocamos num Festival na região de São Paulo e


Foto: Cáthia Cantusio

ganhamos uma grana com o primeiro lugar. Depois refiz a música e gravei no Mar De Cristal. Interessante que o LP foi prensado no Rio mesmo, pela WEA/Polygram. 7- Enfim, depois de anos, recebi o rótulo de “sinistro”, bizarro, estranho e fui parar com o ALPHA III no “circuito” das bandas amaldiçoadas, entre elas King Crimson,Universo Zero, Black Sabbath e Van Der Graaf Generator. E isto saiu em revistas especializadas na Europa e Japão! O Brasil nunca foi um país “rockeiro” e ficamos até hoje no “underground” como uma “lenda”. Mas me sinto muito feliz em ser incluído no circuito dos “malditos” entre estas bandas, pois são as que mais admiro. E feliz por ter conseguido gravar quase 50 álbuns até o momento, sem ajuda, subsídio e com muito preconceito, vindo de pessoas obtusas e acéfalas à nossa música!

Alpha III e Blac k Sabbath: Simila ridades até nas capas dos álbuns .

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 55


Agenda Cultural

P I A N I S T

Foto: Charo Aymerich

LUÍS RABELL

EM TURNÊ PO P O R T U G A

PIANISTA BRASILEIRO SE APRESENTA EM MAFRA, GONDOMAR E COIMBRA.

* Redação

56 / Revista Keyboard Brasil


A

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OR L

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O

pianista brasileiro Luís Rabello está em turnê portuguesa para uma série

de apresentações. Iniciada no dia 17 passado como convidado do Festival Internacional de Mafra, na cidade de Mafra, apresentou-se no dia seguinte em Gondomar, na Fundação Júlio Resende “Lugar do Desenho”. Hoje, dia 20, Rabello segue para Coimbra, onde realiza um recital na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. As apresentações são gratuitas. O programa da turnê portuguesa iniciou-se com a Sonata Ao Luar Op 27 No 2, uma das composições mais famosas de Beethoven. Em seguida, foram apresentadas peças de Radamés Gnatalli (10 Valsas e 3 Graciosas). Considerado um dos mais prolíficos compositores brasileiros do século XX, Gnatalli transitou com facilidade entre o jazz e a música de concerto e foi uma das principais influências de Tom Jobim e outros compositores do movimento da Bossa Nova. A segunda parte do recital se iniciou com o Gaspard de la Nuit de M. Ravel, uma das peças mais difíceis de todo o repertório pianístico. O programa será finalizado com as Variações Sobre um Tema de Paganini em estilo brasileiro, escritas pelo próprio Rabello.

Natural do Rio de Janeiro e radicado na Holanda, Luís Rabello possui uma sólida formação e é considerado um dos mais destacados pianistas sul-americanos. Vencedor de vários prêmios no Brasil, é formado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelos Conservatórios de Moscou (Rússia) e de Rotterdan (Holanda), onde atualmente é professor do curso de mestrado. Ao longo de sua formação, teve como professores Sônia Goulart, Myrian Dauelsberg, Andrei Pisarev e Aquiles Delle Vigne e, em todas essas instituições, obteve o máximo reconhecimento acadêmico. Rabello realiza temporadas por diversas partes do mundo. Ganhou recentemente da imprensa espanhola o apelido de “Embaixador da Música Brasileira”. Em 2014, lançou o CD Radamés Gnattali - Piano Recital. O álbum foi lançado pela grava-dora Acari Records. Rabello faz parte do time de talentos da ¹Virtuosi Produções. SERVIÇO: Biblioteca Joanina​ - Coimbra Dia: 20/06 Horário: 19:30h Endereço: Pátio das Escolas da Universidade de Coimbra Informações: http://visit.uc.pt/bibliotec a/

¹VIRTUOSI PRODUÇÕES – Situada em Belo Horizonte, é uma das principais agências de produção cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior. Revista Keyboard Brasil / 57


A chama do grande Vishnu

- parte 2

JOHN MCLAUGHLIN Outros sons

58 / Revista Keyboard Brasil


Fotos: Divulgação

NA EDIÇÃO ANTERIOR DA REVISTA KEYBOARD, EU INTRODUZI O LEITOR, EM

LINHAS

GERAIS,

A

OBRA

DO

GUITARRISTA INGLÊS DE JAZZ-FUSION JOHN MCLAUGHLIN. NESTA EDIÇÃO, FALAREI

MAIS

DETALHADAMENTE

SOBRE SEUS TRÊS PRIMEIROS LPS, JÁ COMO BAND LIEDER DO SEU GRUPO MAHAVISHNU TORNOU-SE

ORCHESTRA,

RAPIDAMENTE

QUE

FAMOSA

NO MUNDO INTEIRO PELO VIRTUOSISMO DE SEUS INTEGRANTES E TAMBÉM POR SUAS COMPOSIÇÕES ARROJADAS, INCRIVELMENTE

COMPLEXAS

E

BRILHANTES, MARCANDO ASSIM, EM DEFINITIVO, A ERA DO JAZZ-ROCK.

(1) Mahavishnu Orchestra com a London Symphony Orchestra, 1974. (2) John McLaughlin, Larry Coryell e Paco De Lucia .

* Por Sergio Ferraz

(3) Shakti com John McLaughlin e Konserthuset, Stockholm, Sweden, 1977.

Revista Keyboard Brasil / 59


A

A Mahavishnu Orchestra banda foi formada em 1971 em Nova York por John McLaughlin e foi batizada

de Mahavishnu (Grande Vishnu), nome que o guitarrista recebeu do seu Guru Sri Chinimoy. A formação original era com o panamenho, Billy Cobham (bateria), o irlandês Rick Laird (baixo), o tcheco Jan Hammer (teclados) e o americano Jerry Goodman (violino). O estilo musical da Mahavishnu era uma mistura original de gêneros: eles combinavam o som do rock eletrificado em alto volume tal como fazia Jimi Hendrix (com quem McLaughlin tinha tocado em uma jam em sua chegada inicial em Nova York), ritmos complexos em compassos incomum (7/4 , 10/8 , 18/8 por exemplo) que refletiam o interesse de McLaughlin pela música clássica indiana, bem como pelo funk e a influência harmônica da música clássica europeia. A música inicial do grupo, representado em álbuns como “The Inner Mounting Flame” (1971) e “Birds of Fire” (1973), era inteiramente instrumental; nesses dois álbuns, o grupo faz uma fusão energética de gêneros otimizados. Um bom exemplo é a música "Vital Transformation" do LP The Inner Mouting Flame, em compasso 9/8 e andamento a 276 BPM !!! , bem como músicas serenas e contemplativas de estilo camerístico, como "A Lotus On Irish Streams" com harmonia modal num estilo quase renascentista com a instrumentação, violão, piano e violino. 60 / Revista Keyboard Brasil

Ainda do primeiro álbum, destaque para a música de abertura, “Meeting of the Spirits”. Criada sobre um ritmo que alterna em compassos 5/8 e 6/8 sobre dois acordes tocados pela guitarra, são eles: F#7 (b9) e G13 (#11), proporcionando um clima misterioso tal como uma buleria flamenca, explodindo com o tema enérgico tocado pela guitarra seguido de solos rápidos e brilhantes sobre esta base. “Bird of Fire”, música título que abre o segundo álbum de 1973 é em compasso 18/8 e semelhante ao início da música anterior, essa é construída sobre uma base de acordes alterados arpejados na guitarra: G#7(#9 b13) e A#7(b9 #11) seguida de um tema eletrizante tocado em uníssono pela guitarra e violino. Em contraste à música acima citada temos a belíssima “Thousand Island Park”. De formação camerística tocada apenas por violão, piano e baixo acústico, a peça apresenta o tema tocado em uníssono pelo violão e piano onde a cada final da parte do tema exposto, os instrumentos revezam-se em solos improvisados com a escala alterada sobre uma nota pedal e Si bemol. Após esses dois primeiros álbuns, John McLaughlin e sua Mahavishnu gravaram um LP ao vivo, “Between Nothingness and Eternity” (1973). Posteriormente a esse álbum ao vivo, a Mahavishnu Orchestra sofreu uma grande alteração na sua formação virando de fato uma verdadeira orquestra.


A Mahavishnu passou a ser integrada por Jean Luc Ponty (violino), Ralphe Armstrong (baixo), Narada Michael Walden (bateria) e Gayle Moran (teclados e vocal), além de um adicional quarteto de cordas e dois sopros. Com esta formação foi gravado, em 1974, o LP “Apocalypse”. Esse álbum é um magnífico Concerto para Banda e Orquestra, tendo McLaughlin e Jean Luc Ponty como solistas. Apocalypse foi gravado em Londres com a Orquestra Sinfônica de Londres sob a direção de Michael Tilson Thomas, com George Martin produzindo e Geoff Emerick como engenheiro de gravação. Chegamos então ao álbum “Visiono of the Emerald Beyond”de 1975. O LP abre com épica Eternity's Breath. A peça é composta em duas partes e tem uma instrumentação arrojada com quarteto de cordas, voz lírica (soprano), e metais (sax alto de dois trumpetes). Destaques para os solos de Ponty e McLaughlin e o belíssimo arranjo e performance do quarteto de cordas. Com esses álbuns, chega ao fim o ciclo da Mahavishnu Orchestra e John McLaughlin lança-se então em outros trabalhos e desbravando novos caminhos. Ele formou o grupo Shakti, ainda em 1975, com os músicos indianos L. Shankar (violino) e Zakir Hussain (tablas). O Shakti foi, sem dúvida, o trabalho mais bem sucedido em termos de fusão da música ocidental com a música indiana. Ouçam os álbuns: Shakti (1975) A Handful of Beauty (1976) e Natural

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A genialidade e criatividade de John McLaughlin nos surpreendeu e continua a surpreender a cada momento. – Sergio Ferraz

Elements (1977). Seria bastante complicado tentar sintetizar aqui toda a carreira e produção musical do John McLaughlin. Sua genialidade e criatividade nos surpreendeu e continua a surpreender a cada momento com novos trabalhos em que o músico aponta outros caminhos e possibilidades criativas. Termino aqui esse texto com uma pequena lista de discos (fora os acima já mencionados) que marcaram épocas na carreira deste músico genial. Friday Night in San Francisco (1981), com Al Di Meola e Paco de Lucia Passion, Grace and Fire (1983), com Al Di Meola e Paco de Lucia Music Spoken Here (1982) Live at the Royal Festival Hall (1989) Que Alegria (1992) Industrial Zen (2006) Floating Point (2008) Black Light (2015)

* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. 64 / Revista Keyboard Brasil



Algumas notas * Redação

Everton Trindade Consolidando sonhos O paulistano Everton Trindade é cantor, compositor, produtor vocal, professor de canto, piano, teoria musical e musicalização infantil com flauta doce e percussão. Começou a cantar em público aos 5 anos de idade incentivado pela família, em especial, por seu avô Terezinho Trindade que, aos 9 anos, o colocou nas aulas de piano. Estudou técnicas vocais, tornou-se professor, produtor e passou a compor. Para o final deste ano, Everton lançará seu primeiro CD e DVD em carreira solo. Aguardem!

Fotos: Divulgação

Joshuel A música como idioma universal Joshuel é pianista, compositor e produtor musical. Estudou Film Scoring/ Orchestration na instituição de ensino UCLA, nos Estados Unidos. Batizado assim por seu maestro e diretor de produção, arranjador de seu primeiro disco, Bebu Silveti. Joshuel produziu seus próprios álbuns: Piano, Toma Uno e Nostalgia. Seu recente trabalho “Tour Nostalgia” constitui uma proposta musical a nível internacional, com concertos em vários países sem restrição, seja de idioma, linguagem ou costumes, prevalecendo somente pelo simples “idioma universal”: a música!

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