Revista
Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 48 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
JORDAN RUDESS O ícone do rock progressivo
Brasil
CASIO: Uma história de sucesso
DI STÉFFANO: Enriquecendo a cena musical brasileira
RÁDIO KFK: PARA QUEM QUER SE INSTRUIR, ELEVAR A ALMA E OUVIR COISA DE NÍVEL!
3-0-3 TANGO FUSION: A banda argentina e o equilíbrio exato entre tango,jazz e folclore sul-americano
CIBERPAJÉ E SEU PÓS-QUINTESSÊNCIA: A Arte como forma de transformação cósmica
Editorial Trazendo sentido à vida Salve músicos e apreciadores da boa música! Mais uma edição é lançada com o intuito de fazê-lo contagiar-se pela arte que alimenta a alma, transmite alegria, emociona e também tem o poder de transformar: A MÚSICA! Como matéria de capa deste mês juntamente com uma entrevista exclusiva realizada pelo colaborador Amyr Cantusio Jr, trazemos o tecladista virtuoso da banda Dream Theater, compositor e desenvolvedor de aplicativos de música, Jordan Rudess. Luiz Carlos Rigo Uhlik apresenta a segunda parte da matéria sobre o piano - rei dos instrumentos. Hamilton de Oliveira nos presenteia com uma crônica da vida real em alto mar. Maestro Osvaldo Colarusso traz os 450 anos de Monteverdi. Sergio Ferraz fala sobre o novo projeto de Edgar Franco, o Ciberpajé, o álbum Pós Quintessência. Ultrapassando fronteiras, nesta edição apresentamos a banda 3-0-3 Tango Fusion, vinda da Argentina e que realiza sua terceira e grande turnê pela Polônia, mesclando o tango, o jazz e o folclore sulamericano. A dica técnica do mês é a trilha sonora do filme 'O Exorcista", Tubular Bells, de Mike Oldfield. Bruno de Freitas aponta os super teclados e o retorno às origens. Inaugurando o primeiro escritório no Brasil, temos uma matéria sobre a Shure, maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Na seção outros sons, trazemos uma entrevista com o renomado baterista Di Stéffano. Grande notícia sobre a aposentadoria para os músicos através da união da ANAFIMA com a Ordem dos Músicos do Brasil. Sobre pioneirismo, Rafael Sanit expõe a história de sucesso da Casio. Para quem deseja se
04 / Revista Keyboard Brasil
Heloísa Godoy Fagundes - Publisher
instruir e elevar a alma, a indicação de Amyr Cantusio Jr é ouvir a KFK Webrádio. Matéria bastante interessante sobre as ondas binaurais, dessa vez falando dos artistas que exploraram e ainda exploram esse tema. Entre eles Lou Reed, Pink Floyd e Pearl Jam. Finalizando, o lançamento do tão esperado álbum de Hermeto Pascoal e Big Band, intitulado Mundo dos Sons. E, músicos, não se esqueçam: sejam vistos! Peçam a tabela com valores promocionais para divulgação em nossas publicações através do email contato@keyboard.art.br. Em tempo: cliquem, curtam, compartilhem e façam seus comentários porque a Revista Keyboard Brasil é feita para você, leitor! Excelente leitura e fiquem com Deus!
Esta foi SURPRESA!! Grato Helô!!! Sabbath sempre foi algo especial na minha vida musical!! (Referente ao artigo Alpha III & Black Sabbath, uma estranha similaridade, edição 47.) Amyr Cantusio Jr. — via Facebook Obrigado Editora Keyboard por mais uma matéria nessa revista que respeito muito!!! Hamilton de Oliveira — via Facebook Sou fã!! Parabéns para Salomão Soares!!! Sua música é um presente !!! Elisabete Ferreira — via Facebook É uma grande honra e alegria poder partilhar de Música com o Brasil e com o mundo. Viva a música!! Obrigado sempre!! Bruno Freitas — via Instagram Great loss for the music world I really liked their initial musical period. (Referente ao artigo Alpha III e & Black Sabbath - Uma estranha Similaridade, edição 47). Wiktor Konwicki — via Blog
Espaço do Leitor Excelente revista sempre con valiosa información !!! Gracias Heló por compartir tú sabiduría y el gran y maravilloso apoyo que das a todos los músicos del mundo !!! Standing ovation para você. Gerardo Solnie— via Facebook Sensacional a matéria sobre as principais doenças que podem afetar os músicos! Agradecimentos especiais a todos da Editora Keyboard por se preocuparem com a prevenção e o bem estar de uma profissão que além de entreter, é uma arte que alegra nossa vida! Amigos e amigas vamos compartilhar essas informações! Pois quem me conhece sabe o quanto estudo e batalho pela disseminação do conhecimento! Quanto mais nos conhecermos menos ficaremos doentes! O corpo sempre nos envia sinais antes da patologia se instalar. Obrigada também ao pianista e tecladista Mateus Schanoski por confiar e acreditar nas técnicas milenares da China que me dedico com tanto amor! Winne Li — via Facebook
Revista Keyboard Brasil / 05
Expediente
Capa: Brian Kuhn
Julho / 2017
Revista Keyboard Brasil nas redes sociais!!
Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Capa: Brian Kuhn Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Anuncie na Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Colaboradores da Revista Keyboard Brasil: Mateus Schanoski / maestro Osvaldo Colarusso Amyr Cantusio Jr. / Murilo Muraah Luiz Carlos Rigo Uhlik / Daniel Baaran Joêzer Mendonça / Marina Ribeiro Hamilton de Oliveira / Patrícia Santos / Rafael Sanit Sergio Ferraz / Bruno de Freitas / Adriano Grineberg Antonio Carlos da Fonseca Barbosa As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical. 06 / Revista Keyboard Brasil
Índice
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20 PAPO DE TECLADISTA: Os super teclados e o retorno às origens - por Bruno de Freitas
MATÉRIA DE CAPA: Jordan Rudess - por Amyr Cantusio Jr e Heloísa Godoy
30 PELO MUNDO: 3-0-3 Tango Fusion - por Heloísa Godoy
MERCADO: Shure abre seu primeiro escritório no Brasil - Redação
CRÔNICAS DA VIDA REAL: Aviso aos navegantes por Hamilton de Oliveira
OUTROS SONS: Di Stéffano por Heloísa Godoy
A VISTA DO MEU PONTO:
Piano, o rei dos instrumentos / parte 2 - por Luiz Carlos Uhlik
CRÍTICA MUSICAL: Ciberpajé - Pós Quintessência - por Sergio Ferraz
08 / Revista Keyboard Brasil
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NOTÍCIAS: ANAFIMA & OMB: Mais dignidade e respeito ao músico - Redação
MÚSICA & ESPÍRITO: KFK Webrádio - por Amyr Cantusio Jr.
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DICA TÉCNICA: Tubular Bells por Amyr Cantusio Jr.
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HOMENAGEM: 450 anos de Monteverdi - por Osvaldo Colarusso
70 PIONEIRISMO:
Casio, uma história de sucesso - por Rafael Sanit
64 CURIOSIDADES: As ondas binaurais e sua utilização em músicas - por Heloísa Godoy
74 LANÇAMENTO: Hermeto Pascoal e Big Band - Redação
Fotos: Divulgação
Matéria de Capa
JORDAN RUDESS O ícone do rock progressivo
ELEITO O MELHOR TECLADISTA DE TODOS OS TEMPOS, JORDAN RUDESS, DA BANDA DREAM THEATER É UM GRANDE ÍCONE DO ROCK PROGRESSIVO. DE INÍCIO, PIANISTA CLÁSSICO E ESTUDANTE DA JULLIARD SCHOOL OF MUSIC, O MÚSICO CONTA EM ENTREVISTA EXCLUSIVA PARA A REVISTA KEYBOARD BRASIL, COMO TUDO MUDOU AO CONHECER O ROCK PROGRESSIVO DE KEITH EMERSON, RICK WAKEMAN E TONY BANKS E O SOM QUE TANTO O IMPRESSIONOU ATRAVÉS DO MOOG E DO HAMMOND”. * Texto: Heloísa Godoy * Entrevista: Amyr Cantusio Jr.
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Aqui, Jordan Rudess em diferentes fases de sua vida.
T
ecladista, produtor, compositor e intérprete Jordan Charles Rudess ou, sim-
plesmente, Jordan Rudess nasceu em 4 de Novembro de 1956, em Great Neck, New York. Integrante da banda de rock progressivo Dream Theater também fez parte de outro super grupo de rock progressivo c h a m a d o L i q u i d Te n s i o n Experiment. De família judia, foi descoberto por sua professora de piano do segundo grau e imediatamente depois começou a ter aulas de piano. Aos nove anos Jordan ingressou na Juilliard School of Music em piano clássico, mas, durante sua adolescência, se interessou cada vez mais por sintetizadores e pelo rock progressivo. Apesar dos conselhos de seus pais e tutores, Jordan abandonou o piano clássico para
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seguir como tecladista de rock progressivo solo. Durante a década de 1980, Jordan tocou em diferentes projetos. Porém, em 1994, chamou a atenção de maneira mundial quando foi eleito “Best New Talent” por leitores da americana Keyboard Magazine pelo lançamento solo de seu primeiro álbum Listen. Logo, duas bandas se interessaram por Jordan: Dixie Dregs e Dream Theater; Entretanto, o músico escolheu os Dregs para não causar um grande impacto em sua família, coisa que não aconteceria caso escolhesse a banda Dream Theater. Certa vez, ainda com os Dregs, Jordan realizou um “super dueto” com o baterista Rod Morgenstein. A origem dessa jam ocorreu durante uma
queda de energia elétrica em um show, onde todos os instrumentos deixaram de funcionar, exceto o teclado. Assim, Morgenstein e Jordan improvisaram até o restabelecimento da energia e o show pudesse continuar. A química entre eles foi tão forte durante esta jam, que pouco depois decidiram tocar juntos em um projeto de rock progressivo feito por um teclado e uma bateria. Sob o nome de “RMP” (Rudess Morgenstein Project), lançaram um álbum de estúdio e outro ao vivo através da Domo Records. Jordan encontrou-se mais uma vez com os integrantes do Dream Theater quando ele e Morgenstein tocaram em turnê pela América do Norte. Em 1997, Mike Portnoy pediu-lhe para formar um super-grupo através do selo Magna Carta Records, o músico concordou juntando-se aos já famosos Tony Levin baixista do grupo King Crimson e John Petrucci. Durante a gravação dos dois álbuns com o “Liquid Tension Experiment”, tornou-se evidente, tanto para Portnoy como para Petrucci, que Jordan era o que o Dream Theater estava procurando. Então novamente pediram para que o músico fizesse parte da banda. E, dessa vez, aceitou entrando no lugar de Derek Sherinian. Assim, tornou-se tecladista do Dream Theater desde as gravações do famoso álbum de 1999 Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory. Também tem feito álbuns fora do Dream Theater e fora do contexto “progressivo”, tal como sucedeu no ano de 2001, quando lançou um álbum duo com Petrucci (lançado em CD An
Sobre seu projeto Explorations para teclado e orquestra, Rudess diz: “Há tempos queria fazer uma obra para orquestra. Então, vi um jovem músico da Turquia pela internet chamado Eren Başbuğ, fazendo arranjos do Dream Theater para orquestra e fiquei muito impressionado! Então, escrevi para ele que se emocionou porque é um grande fã da banda. E foi uma excelente escolha!”
Evening With John Petrucci and Jordan Rudess), também realizou apresentações para a banda Blackfield como atração de abertura nas turnês de 2005 e 2007. Além de contribuir para o álbum de Steven Wilson em 2011 Grace of Drowing. Em 2010, Jordan compôs Explorations para teclado e Orquestra, sua primeira composição clássica. Foi premiado na Venezuela em 19 de Novembro de 2010 pela Orquesta Juvenil Sinfónica de Chacao com o regente convidado Eren Başbuğ. O músico participou dessa premiação junto com a orquestra tocando teclados. Sobre isso, a ideia de criar o projeto “Explorations” para teclado e orquestra, Jordan diz: “Há tempos queria fazer uma obra para orquestra. Então, quando comecei a pensar nessa peça, vi um jovem músico da Revista Keyboard Brasil / 13
Turquia pela internet fazendo arranjos do Dream Theater para orquestra e fiquei muito impressionado! Então, pensei que este jovem, Eren Başbuğ, poderia me ajudar com o concerto, colaborar com as orquestrações porque era ousado e conhecedor do que fazia. Eu escrevi para ele que se emocionou porque é um grande fã da banda. Foi excelente essa escolha porque necessitava de alguém para fazer esse trabalho comigo. Esta peça era louca e selvagem, uma combinação de rock clássico e progressivo, arranjada para teclados, ainda que seu primeiro movimento fosse mais um concerto de piano e orquestra, os outros movimentos foram feitos para teclado.” Jordan Rudess foi eleito em 28 de Julho de 2011 pela revista Music Radar como o melhor tecladista de todos os tempos. Jordan afirma que suas influências como tecladista são Keith Emerson, Tony Banks, Rick Wakerman e Patrick Moraz. Seus artistas e grupos favoritos são Gentle Giant, Yes, Genesis, Pink Floyd, Emerson Lake & Palmer, King Crimson, Jimi Hendrix, Autechre e Aphex Twin. Além das influências clássicas como Prokofiev, Rachmaninoff e Bartok, tão presentes em sua vida. Sobre a importância do trabalho dos tecladistas citados Rick Wakeman, Tony Banks e Keith Emerson no desenvolvimento do rock progressivo, Jordan diz: “Quando menciono a todos estes nomes como Rick Wakeman, Keith Emerson e Tony Banks, estou mencionando a todos os meus heróis. Eles são a razão pela qual virei tecladista, são uma grande influência. Eu era um pianista clássico antes, estudava na 14 / Revista Keyboard Brasil
Revista Keyboard Brasil / 15
Fundada por Jordan Rudess, a Wizdom Music dedica-se a criar ferramentas expressivas e emocionantes para fazer música utilizando-se de grande tecnologia. Embora o foco principal seja a criação de instrumentos musicais, sua experiência tecnológica às vezes é aplicada em outros campos também. Acesse o site oficial!
Julliard e me dedicava à música clássica, era convidou Jordan para a gravação, uma pianista de concertos, mas logo tudo mudou, vez que o tecladista andava tocando conheci o Moog, o órgão Hammond e conheci bateria. Contudo, sua performance foi Ketih Emerson e o álbum The Six Wives of rejeitada pelo produtor Bob Ezrin. Àquela Henry VIII, de Rick Wakeman, esse som me época, Jordan já havia escolhido os teclados como seu impressionou”. instrumento principal. S o b r e s e u Junto ao Dream reconhecimento tanto de Quando menciono a p ú b l i c o , q u a n t o d a todos estes nomes Theater recém finalizou c r í t i c a , J o r d a n d i z : como Rick Wakeman, a turnê “Images Words “Chegar a ser reconhecido Keith Emerson e Tony and Beyond”, de cinco pelo meu trabalho como Banks, estou mencio- semanas pela Europa: músico, desde sempre não nando a todos os “Foi muito emocionante e somente foi uma meta, um meus heróis. Eles são estamos em comemoração objetivo, como também se a razão pela qual virei ao 25º aniversário do converteu em uma forma de tecladista, são uma álbum em questão!! Vamos continuar esse pasviver. Ter obtido o reco- grande influência. seio após o verão, seguindo nhecimento depois de todos – Jordam Rudess para a Ásia, Austrália e esses anos de dedicação à América do Norte e, música é algo muito bonito quando tudo isso for feito, começaremos a como experiência de vida”. Apenas por curiosidade, quando o trabalhar em nosso novo álbum!”, disse o baterista Bleu Ocean estava reunindo um músico para a Revista Keyboard Brasil. time de 34 outros bateristas para tocar na The show must go on, caro Jordan! A canção “Bring the Boys Back Home”, do seguir, leia a entrevista exclusiva para álbum The Wall do Pink Floyd, ele nosso colaborador Amyr Cantusio Jr. 16 / Revista Keyboard Brasil
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Entrevista Revista Keyboard Brasil – Fale sobre sua formação musical oficial. Estudou piano clássico? Como e onde? Jordan Rudess – Estudei piano na escola Juilliard de 9 a 19 anos em que eu deixei de buscar outros tipos de música e tecnologia! Eu sempre fui um improvisador e quando descobri o sintetizador Moog e o rock progressivo, sabia que tinha que passar da música clássica para se concentrar em outras coisas. É claro que hoje também voltei a tocar clássico. Revista Keyboard Brasil – Qual a sua principal influência (compositores / bandas / música erudita)? Jordan Rudess – Tudo da música clássica ao rock para o eletrônico. Alguns favoritos são: Bach, Chopin, Debussy, Prokofiev, Emerson Lake e Palmer, Genesis, YES, SigurRos, Aphex Twin, Squarepusher. Revista Keyboard Brasil – Depois do Dream Theater, conte-nos sobre seus projetos solo. Jordan Rudess – Meus projetos solo são uma ótima oportunidade para eu expressar todos os outros lados de quem eu sou musicalmente. Tudo a partir de álbuns de piano individuais, como o mais recente álbum “The Unforgotten Path to Rock”, como também “The Road Home ou Rhythm Of Time”. Estou vendo a possibilidade de escrever outro álbum de rock neste verão!
Revista Keyboard Brasil – Qual a sua fé? Espiritismo? Pagão? Agnóstico? Wicca? Você acredita na vida após a morte? Sua visão interior tem alguma integração com sua música? Jordan Rudess – Minha fé é a magia da música e a ressonância da energia em todas as coisas. Eu acredito que a energia continua depois de termos partido deste plano material e a possibilidade de continuar em outras formas de existência. Minha meditação geralmente é no piano. Revista Keyboard Brasil – Qual o seu principal instrumento de teclado (piano ou sintetizadores?) O que você prefere? Ou ambos? Outros instrumentos também? Detalhes, se possível. O piano é a base para mim, mas uma grande parte de quem sou também é a eletrônica e o sintetizador. Também estou muito envolvido individualmente e com a minha empresa Wizdom Music no futuro dos instrumentos musicais expressivos. Sou envolvido e defensor de instrumentos de hardware recentes, como o Continuum, o Seaboard, o Linnstrument, o EigenHarp, etc... Revista Keyboard Brasil – O que você pode dizer aos pianistas / tecladistas sobre como melhorar seu conhecimento musical? Jordan Rudess – Atualmente, há tanta informação e excelentes lugares para estudar! Por um lado, tenho um conservatório on-line em www.jroc.us, Revista Keyboard Brasil / 17
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onde as pessoas podem aprender diretamente com meu material musical. O MacProVideo é um ótimo recurso online para todas as coisas, música e tecnologia gráfica e escolas como Berklee College of Music e Stanford CCRMA são incríveis para aprender sobre a tecnologia, música eletrônica entre outros.
qual estou tão orgulhoso! Foi também a nossa maior produção de turnês até agora! Meu último álbum solo foi “The Unforgotten Path”, que era um álbum de piano solo com algumas faixas autorais e também revisitando algumas músicas que desempenharam um papel importante na minha vida musical!
Revista Keyboard Brasil – Quais são seus 5 melhores tecladistas do mundo de todos os tempos? Sua opinião e obras citadas (um CD ou LP)! Jordan Rudess – Patrick Moraz, ouça o álbum Refugee 70's ! Keith Emerson, certamente TARKUS é uma grande influência. Jan Hammer, eu adoro seu álbum solo “The First Seven Days”. Rick Wakeman –“As seis esposas de Henrique VIII” e Chick Corea - Now He Sings Now He Sobs!
Revista Keyboard Brasil – Como é sua vida musical nesses anos de estrada com o Dream Theater (agora e no passado)? Jordan Rudess – Acabamos de voltar da turnê “Images Words and Beyond”de 5 semanas na Europa. Foi muito emocionante e estamos em comemoração ao 25º aniversário do álbum em questão!! Vamos continuar esse passeio após o verão na Ásia, Austrália e América do Norte e quando, tudo isso for feito, começaremos a trabalhar no nosso novo álbum!
Revista Keyboard Brasil – Qual seu último trabalho musical? CD? Você pode contar sobre seus últimos novos projetos? Jordan Rudess – O último álbum que fiz com o Dream Theater foi intitulado “The Astonishing” foi um grande projeto com o
Revista Keyboard Brasil – Muito obrigado pela entrevista Jordan! Jordan Rudess – Agradeço muito a sua boa vontade em me entrevistar Amyr Cantusio Jr. e à Revista Keyboard do Brasil pela consideração!!
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. * Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. Revista Keyboard Brasil / 19
Foto: Pedro de Freitas Jr.
Papo de tecladista
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Os super teclado e o etorno às ori ens
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O QUE, NÓS, TECLADISTAS, TEMOS A VER COM TODA HISTÓRIA DA MÚSICA? SIMPLESMENTE TEMOS TUDO A VER!! * Por Bruno de Freitas
20 / Revista Keyboard Brasil
A
mundo girou mais rápido. Vale a
História da Música é belíssima.
pena recordar aqui, cronolo-
Desde que o ho-
gicamente e arredondando de
mem apareceu na Terra, a
1500 até hoje, a história (da
música o acompanha, expres-
música) é nomeada, basica-
sando a interioridade, a natureza
mente, em Renascimento, Bar-
que nos cerca, os sons que conhe-
roco, Neoclassicismo (ou
cemos e os sons que só existem
propriamente Classicismo),
porque existimos: os sons que
Romantismo, Modernismo e
inventamos. No decorrer da linha do tempo que costumamos estudar e contar, a.C. e d.C, muita coisa aconteceu e, em especial, de quinhentos anos até os dias atuais. Não que a Idade Média seja a “Idade das Trevas”, longe disso, pois muita riqueza cultural e de conhecimento científico veio dela; nem que a Idade Antiga (Grécia e Roma) fiquem fora do nosso mapa musical, de lá também veio o que temos hoje nos princípios e até avanços do conhecimento científico e artístico. Mas vale focar agora, dos quinhentos anos até os dias atuais, no que tem ocorrido na música, especialmente ocidental. Após a Reforma Protestante, o início das Grandes Navegações, a “descoberta” do Novo Mundo, o caminho das Índias (muitas mercadorias da lá para aqui - gostos, costumes e até instrumentos como o violino), o
Contemporâneo. Cada período da história foi, e vai, aglomerando novos sons, novos instrumentos, novas técnicas, novos gêneros e estilos musicais, assim como maneiras “novas” de fazer música. Contudo, a produção musical esteve em alta, especialmente nos últimos trezentos anos. Parece paradoxal, pois hoje também temos uma produção musical em alta. Mas, é inevitável reconhecermos, e nos alegrarmos! Que maravilha os grandes compositores nos deixaram! Monteverdi, Handel, Corelli, Scarlatti, Vivaldi, Bach, Mozart, Haydn, Gluck, Beethoven, Schubert, Schumann, Liszt, Wagner, Bizet, Debussy, Rachmaninoff, Carlos Gomes, Villa Lobos entre muitos outros. Que beleza! Todos estes nomes foram e são nossos professores de arranjo, composição, instrumentação e ideias infinitas, fontes de inspiração. A HistóRevista Keyboard Brasil / 21
ria da Música é infinitamente grati-
clusão comum entre todos: o tempo e o
ficante, edificante e fonte infinita para nós
desenvolvimento no campo da luthieria
e para as próximas gerações. Com o legado dos grandes nomes da música, o desenvolvimento do timbre perfeito de cada instrumento tem se aprimorado - convido aqui, caro leitor, à dar uma olhada na edição nº 47, na matéria “Piano, o Rei dos Instrumentos” do nosso colaborador e amigo Uhlik, ao qual aborda o desenvolvimento deste maravilhoso instrumento, e sua inacabada trajetória. Se analisarmos cada instrumento pop hoje - trompete, sax, violão, violino, guitarra, contrabaixo, piano, bateria, flauta transversa, chegamos à uma con-
melhora sempre os instrumentos, e
Yamaha MOTIF: A família Motif simplesmente fez e faz história no mundo inteiro, os preferidos e o número um em vendas em todo o globo, e que conseguiu acolher toda a história da música e sua vasta biblioteca de timbres com alta fidelidade e confiabilidade de hardware e software.
22 / Revista Keyboard Brasil
resumindo, quanto mais atual, melhor o som. Pensando bem, não apenas os pop mas todos! Todos os instrumentos de uma orquestra sinfônica, por exemplo. Quanto mais atual, melhor. Melhor o timbre, melhor a resposta, melhor a maneira de tocar, melhor a mecânica e as nuances. Aí vem à tona a nossa sina de músicos “qual o próximo lançamento?” Chega a ser cômico. E nós, tecladistas, o que temos a ver com toda essa história? Tudo! Temos tudo a ver. O profissional das teclas hoje, precisa de todo esse legado da história da música junto e inserido no seu equipamento, no seu setup. Tocar numa banda de baile, por exemplo, requer do tecladista uma biblioteca incrível à sua disposição. Um bom naipe de metais, um bom piano acústico, um bom naipe de madeiras, timbres específicos de flautas,
inclusive timbres dos synths analógicos do
inclusive categorizados por fidelidade/
século passado. Além disso, requer um
capacidade de sampleamento, dependen-
equipamento robusto, que não o “deixe na
do do modelo, como o Cool! Voice; Live!
mão” na correria entre um show e outro.
Voice; Sweet! Voice; Mega Voice; Super
Aproveito aqui para mencionar a
Articulation 1 e 2! Tudo isso nos deixam muito felizes, uma vez que nos dá a certeza de que a música séria está sendo respeitada, e conseguimos estudar, produzir, tocar ao vivo e apreciar com clareza a vasta música e história da música mundial. Isso sem mencionar os incríveis pianos digitais e as clavinovas, com fidelidade e versatilidade ímpar e que herdam os timbres dos extraordinários grand pianos. A paixão sobre os super teclados, suas origens e suas propostas é astronômica, entretanto, vamos aos poucos. Edição por edição podemos abordar mais sobre respeito, aprendizado e mão na massa sobre a relação da história da música e o fazer musical hoje. As tecnologias que temos à disposição e a realidade nossa como músico brasileiro, em meio ao contexto político e econômico confuso que estamos inseridos. Uma coisa é certa: vale a pena a pesquisa, a consciência do inacabado e da melhora constante, para uma compreensão cada vez mais clara de como fazer música de qualidade, clareza sobre nossos equipamentos, sempre com humildade, sendo assim músicos-referência em uma sociedade que precisa da gente.
dinastia Yamaha Motif (Motif, Motif ES, Motif XS, Motif XF e comemorativa XF WH) e, agora, com o herdeiro já muito bem sucedido Yamaha Montage, dez vezes mais poderoso. O Yamaha Montage faz-nos respeitosamente chamá-lo de um super teclado e o retorno às origens. Mas o que o traz à tal nível? Simples: sua incrível biblioteca de samples internos fiéis à história da música (herdado de todos os Motifs), somado a síntese FM, agora chamada de FM-X. É feliz lembrar que o DX e a tecnologia FM deu um brilho especial no curso da música mundial, registrado por grandes clássicos do Pop. A família Motif simplesmente fez e faz história no mundo inteiro, os preferidos e o número um em vendas em todo o globo, e que conseguiu acolher toda a história da música e sua vasta biblioteca de timbres com alta fidelidade e com alta confiabilidade de hardware e software. Em paralelo, a vasta família dos teclados arranjadores, como a linha Yamaha PSR-S e o Yamaha Tyros fazem história, respeitando a linha do tempo da música mundial, ao qual oferece alta qualidade nos timbres internos,
* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 23
Mercado
José Rivas, Diretor Geral da Shure para a América Latina.
SHURE ABRE SEU PRIMEIRO ESCRITÓRIO N O B R A S I L COM ATUAÇÃO GLOBAL, COMPANHIA AMERICANA ABRIU PORTAS NA CIDADE DE SÃO PAULO. * Redação
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A
Shure, empresa americana
lizada de acordo com cada necessidade. que atua há mais de 90 anos Desse modo, o local centraliza as equipes no setor de microfones e solu- de marketing, vendas, suporte técnico, ções de áudio, inaugurou em junho seu marketing de produto, recursos humanos e finanças. primeiro escritório no Brasil. “Conseguiremos integrar de forma Localizado em São Paulo, a sede nacional fortalece a estratégia da ainda mais eficiente nosso time Brasil, e isso é fundamental para que conticompanhia em ampliar nuemos a ser reconhecidos pela sua presença no país. “O Brasil é muito impor- O Brasil é muito nossa qualidade e entrega de tante para o crescimento importante para produtos, estando ainda mais da Shure, e entendemos a o crescimento da conectados com as oportunecessidade de estarmos Shure, e entende- nidades locais”, acredita Rivas. fisicamente alocados nesse mos a necessidade “Esse é um grande passo para mercado”, afirma José de estarmos fisica- que a gente possa manter nossos Rivas, Diretor Geral da mente alocados planos de expansão em toda a região”, finaliza o executivo. Shure para a América nesse mercado. Desde 2015 a empresa vem Latina. Com a sua aber- – José Rivas, diretor geral promo-vendo ações para tura, os colaboradores da Shure para a América garantir uma aproxi-mação Latina direta cada vez maior com o do escritório estarão público brasileiro. O escritómais próximos de distribuidores, parceiros, clientes e consu- rio da Shure está localizado no bairro do midores finais, desenvolvendo serviços e Itaim, na capital paulista.
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suporte de forma mais ágil e persona-
* Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intra-auricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em rede, premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. Revista Keyboard Brasil / 25
Dica Técnica
Tubular Bells MIKE OLDFIELD APRESENTANDO UMA SÉRIE ECLÉTICA DE INSTRUMENTOS E UMA VARIEDADE IGUALMENTE HETEROGÊNEA DE SONS E RITMOS QUE, ENGENHOSAMENTE MISTURADOS, CRIARAM UMA VIAGEM SINFÔNICA SUBLIME, FASCINANTE, ÀS VEZES SURPREENDENTE, ATRAVÉS DO ROCK PROG NEW AGE, O TUBULAR BELLS FOI O ÁLBUM MARCANTE QUE LANÇOU O VIRGIN RECORDS - E A CARREIRA DO MULTIINSTRUMENTISTA INGLÊS, NA ÉPOCA COM 19 ANOS, MIKE OLDFIELD. HOJE, A DICA TÉCNICA É A TRILHA DE “O EXORCISTA”. BONS ESTUDOS! * Por Amyr Cantusio Jr.
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O
Oldfield recebendo disco de ouro por Tubular Bells.
rock progressivo inglês dos anos 70 não se resume só aos grandes nomes como Pink
Floyd, Genesis, Yes e Emerson Lake and Palmer. Além deles, há, por exemplo, um artista que se define como a ‘‘banda de um homem só’’, o multiinstrumentista autodidata e compositor inglês Mike Oldfield, que se lançou no mercado fonográfico no início dos anos 70, com sua obra máxima,‘‘Tubular Bells’’. Teve a sorte de a música ser escolhida para ser trilha sonora do filme “O Exorcista”, clássico deste período. Mike vem das escolas de música erudita minimalista e mistura muito bem sua bagagem ao rock e ao folk inglês. De maneira geral, suas trilhas são básicas e o minimalismo é repetitivo na sua temática exigindo, porém, uma técnica absoluta, matemática e constante. Isto dificulta a execução de quem não está
acostumado a “exercícios” instrumentais. Seria similar à música de J. S. Bach na técnica. Em Tubular Bells temos um compasso sincopado 5/4 que vi muito músico bom se enrolar e não conseguir tocar o tema ao piano!! Esta partitura simples está em 135 BPM e tom de Am. Na mão esquerda há uma progressão de acordes em cada 2 compassos seguindo esta ordem diatônica: Am-G-F-Em-DmC-Am Eu toco tudo meio-tom acima (A#m) pois estou acostumado a tocar em harmonia Bemol e Sustenido (nos acidentes). Decerto é bem mais difícil. Mas a partitura básica do tema aqui colocada é tradicional e fácil. Basta focar a DIVISÃO do tempo que é o problema. Bons estudos!! Revista Keyboard Brasil / 27
Tubular Bells MIKE OLDFIELD
* Solicite a partitura completa pelo e-mail: contato@keyboard.art.br *Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 28 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Tom Hejan
Pelo Mundo
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TANGO FUSION TURNÊ EUROPEIA DO GRUPO PORTENHO PELA POLÔNIA DE 23 DE JUNHO ATÉ 8 DE AGOSTO O GRUPO PORTENHO 3-0-3 TANGO FUSION REALIZARÁ 33 CONCERTOS EM 25 CIDADES POLACAS. *Por Heloísa Godoy
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Da esquerda para a direita: Hernan ValĂŠncia, Gonzalo Villalba e Gerardo Solnie em ATELIeR jazz club.
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riado em 1996 na cidade de Buenos Aires, Argentina, pelas mãos de Hernan Valéncia (pia-
Guerrieri (que produziu, dentre outros, grandes artistas como o brasileiro Carlinhos Brown). Os concertos acontecem pelas nista e compositor) e Gerardo Solnie (baterista, percussionista e co-produtor), seguintes cidades polacas: Kielce, Gdansk, o grupo 3-0-3 Tango Fusion possui, em Poznan, Krakow, Wroclaw, Torun, Elblag, seu repertório, um rico trabalho musical Ustka, Slupsk, Lodz e Varsóvia. E, a cada que combina diferentes gêneros e estilos, apresentação, demonstra-se a grande e entre eles música afrocubana, jazz latino, intensa recep-tividade dos polacos para tango, milonga, funk, folk, reggae, entre com o rico repertório e seus integrantes. Casas como o Blue Note e Atelier jazz club outros. A terceira turnê que acontece no receberam um grande público e, sob verão europeu até o início do mês de a p l a u s o s , p e d i d o s d e b i s f o r a m inevitáveis. agosto pela Polônia, é O virtuoso percusintitulada como Poland Nossa música é Super Tour 2017 por tratar-se u m a v i a g e m sionista argentino Gerardo de uma grande “aventura desde o tango Solnie, faz uma análise sobre musical” a combinação de tradicional pas- a super turnê, ainda em estilos do grupo, como sando pelo jazz curso: “Cada cidade, cada a s s i m d i z i a o g r a n d e e pela música público, cada club, cada cenário maestro ¹Horacio Ferrer, ao fo l cl ó r i c a d a é uma aventura. A energia das participar juntamente com A r g e n t i n a e pessoas nos influencia e nos Walter Ríos (notável músiAmérica do Sul. impulsiona a 'novos caminhos musicais' porque a improco de tango argentino, – Gerardo Solnie visação é parte de nossa música c o m p o s i t o r, d i r e t o r e e, posso assim dizer que nossa bandoneonista) do primeiro álbum “Musica con Buenos Aires”, em música é uma viagem desde o tango tradicional passando pelo jazz e pela música folclórica da 1999, pela PAI RECORDS. Para a terceira turnê pela Polônia, o Argentina e América do Sul.” Sobre o grupo, o músico explica: grupo apresenta seu mais recente trabalho em estúdio que conta com “Desde o início, o 3-0-3 somos eu como cobelíssimos arranjos em 13 canções, produtor, baterista e percussionista e Hernan produzido e mixado por Nicolas Valencia (pianista e compositor). Poderia dizer
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¹Horacio Arturo Ferrer Ezcurra (1933 – 2014) escritor, poeta e historiador do tango uruguaio, nacionalizado argentino, compôs mais de duzentas canções e escreveu vários livros de poesia e história sobre o tango. Letrista de Astor Piazzolla, como a 'Balada para un loco' – incluída entre as 100 melhores canções latinas da história e a opereta 'María de Buenos Aires'. Foi presidente da Academia Nacional del Tango na República Argentina até o dia de sua morte. 32 / Revista Keyboard Brasil
que o melhor de nosso projeto é a possibilidade quase infinita de conhecer novos músicos pelo mundo, que é literalmente nosso cenário”. E continua: “Já participamos de festivais na Argentina, Suíça, Itália, Eslovênia, França, Luxemburgo, Alemanha, Polônia, Macau e com músicos de Alemanha, França, Hong Kong, Polônia e Holanda, porém a Poland Super Tour 2017 é extremamente a turnê mais intensa! São 25 cidades em pouco mais de um mês!” Sobre o Brasil, Gerardo fala de surpresas: “No começo do ano enquanto preparávamos esta turnê polonesa tivemos a imensa alegria de saber que em nosso amado Brasil, mais precisamente no ²Palácio das Artes de Belo Horizonte, o maestro Nestor Lombida Hunt utiliza a música do 3-0-3 em suas aulas. Absolutamente uma grande honra!... E, talvez, nossa primeira pisada em solo brasileiro!” Daqui do Brasil, acompanhamos os passos do grupo através de suas redes sociais.
O grupo 3-0-3 Tango Fusion foi criado em 1996 na cidade de Buenos Aires, Argentina, pelas mãos de Hernan Valéncia (pianista e compositor) - à esquerda - e Gerardo Solnie (baterista, percussionista e co-produtor).
²Palácio das Artes, vinculado à Fundação Clóvis Salgado, é o maior centro de produção, formação e difusão cultural de Minas Gerais e um dos maiores da América Latina. Situado em Belo Horizonte foi inaugurado no ano de 1971. Revista Keyboard Brasil / 33
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Foto: Arquivos Blue Note Polônia
Da esquerda para a direita: Hernan Valéncia, Gonzalo Villalba, Jakub Klemensiewicz e Gerardo Solnie no Blue Note da Polônia.
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Foto: Paweł Józwiak
Da esquerda para a direita: Hernan Valéncia, Jakub Klemensiewicz, Cy Leo e Gerardo Solnie no Centrum św. Jana w Gdańsku, Polônia.
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Músicos convidados músicos espalhados pelo mundo tocando com o grupo em distintos palcos. São eles: Foto: Thomas Vahe
A “Poland Super Tour 2017” possui um condimento mais picante com a maravilhosa contribuição de grandes
Malgorzata Leciejewska
Gonzalo Villalba
Jakub Klemensiewicz
Pablo Nemirovsky
Cantora e guitarrista polaca conhecida do grupo desde o ano de 2003, na Alemanha, Malgorzata Leciejewska assumiu os destinos da grande turnê 2017 pela Polônia, onde vive atualmente. Esta é a terceira turnê que organiza para o grupo e definitivamente todas de enorme sucesso devido a seu profissionalismo e grande paciência em cuidar dos integrantes da banda.
Gonzalo Villalba , bandoneonista argentino atualmente vivendo em Paris.
Pablo Nemirovsky, bandoneonista e flautista franco/argentino participante imprescindível e eterno do 30-3 para todas as turnês desde o ano de 2002, nos palcos do Montreux Jazz Festival. Diretamente de Hong Kong especialmente para os concertos, junta-se
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Simone van der Weerden
Cy Leo
Raphal Grzaka
ao 3-0-3, um grande amigo e companheiro de aventuras Cy Leo, gaitista virtuoso, mestre em harmônica e o melhor do mundo, de Vivaldi a Piazzolla! Também se une ao grupo para esta turnê, vinda da Holanda, a grande bandoneonista e amiga Simone van der Weerden que abriu um espaço em sua tão atarefada agenda para acompanhar o grupo! Desde a turnê de 2015 também participa com o 3-0-3, no saxofone e clarinete, um jovem talento da cena do jazz de Gdansk, Jakub Klemensiewicz. Como convidado especial para dois concertos o grupo terá um “tanguero polaco”, o famoso bandoneonista Raphal Grzaka, de Varsóvia.
Trajetória 1999 - Primeiro álbum "MUSICA CON BUENOS AIRES". Contém todas as composições e arranjos originais de Hernan Valéncia. 2002 - 3-0-3 TANGO FUSION se apresenta na Suíça para o Festival de Jazz de Montreux. 2003 - turnê na Itália, Suíça e Alemanha. 2004 - Segundo álbum ‘‘BUENOS AIRES NOMADE’’, onde os músicos foram acompanhados por Diego Neder (baixo), Luciano Sciarreta e Pablo Mainetti (ambos bandoneon). 2005 - apresentações no Jazz Cafe Stauffacher w Bernie (Suíça), Tarascon Latino Festival, o Festival Amerique Latine na França e em Paris no La Vieille Grille. 2009 - lançamento do DVD. 2012 - Lançam o álbum MICHEL PEYRONEL Y LA 303 ‘‘CLUB ATLETICO DE MUTANTES’’, com a participação da estrela do rock argentino Michel Peyronel. 2013 - Estreia do álbum ‘‘TANGOMAN’’, que contém elementos de rap, conectando-se ao estilo da tradicional música contemporânea. 2014 - apresentam-se no Cotai Jazz & Blues Festival, em Macau e a primeira turnê pela Polônia. Colaborou nesta turnê, o virtuoso gaitista de Hong Kong - Cy Leo, vencedor do ‘‘World Cup’’ Harmonic Festival Mundial de 2014. O concerto foi gravado e lançado em CD. 2015 - Nova turnê pela Polônia. Juntou-se à banda Jakub Klemensiewicz (saxofone e clarinete). 2017 - Atual turnê pela Polônia e lançamento do mais recente trabalho, produzido e mixado por Nicolás Guerieri.
Agenda... 20 Julho – Gdańsk Filia Gdańska ul. Mariacka 21 Julho – ŻOK Nowy Dwór Gdański 23 Julho – Gdynia Blues Club 25 Julho – Kazimierz Dolny Korzeniowa 26 Julho – Łódź New York Klub 27 Julho –Varsovia 28 Julho – Bielsko Biała Metrum Jazz Club 29 Julho – Kędzierzyn Koźle Kameleon
30 Julho – Teatro Muzyczny Toruń 01 Agosto – Delfin Ustka 02, 03 e 04 Agosto – Krynica Morska Hotel Continental 05 Agosto – Radom Kuźnia Artystyczna 06 Agosto – Słupsk Garden Party u Karola Park com Waldorffa Filharmonia Baltica
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. Revista Keyboard Brasil / 39
Foto: Divulgação
Crônicas da vida real
AVISO AOS NAVEGANTES O SETOR DE CRUZEIROS MARÍTIMOS, DENTRO DOS COMPONENTES DA INDÚSTRIA MUNDIAL DE VIAGENS, É O QUE APRESENTA O CRESCIMENTO MAIS ACELERADO. TAMBÉM, PUDERA! COM GRANDE VARIEDADE DE COMPANHIAS, ITINERÁRIOS DE SONHO, CONFORTO, COMODIDADE E FACILIDADES DE PAGAMENTO, CADA VEZ MAIS PESSOAS OPTAM POR EMBARCAR EM UM NAVIO DURANTE O PERÍODO DE FÉRIAS. E O QUE NÃO FALTA, DE JEITO NENHUM, EM CRUZEIRO – DEPOIS DA COMIDA – É ENTRETENIMENTO, MAIS PRECISAMENTE, MÚSICA! HOJE, A COLUNA É BASEADA EM CAUSOS QUE ACONTECERAM COMIGO! * Por Hamilton de Oliveira
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rabalhar em navios de cruzeiro tem lá suas peculiaridades. Certa vez, estava eu embarcado no famoso
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Splendour of the Seas em um cruzeiro que seguia pela costa brasileira com destino a Búzios. Em um determinado momento, me vi diante do dono de uma das vozes mais famosas do telejornalismo brasileiro, ninguém menos que Cid Moreira, o homem do bordão “Boa noite” e do “E agora Mr. M.??!! Me conte seu segredo...”. Fiquei emocionado com a presença do ilustre do jornalista. Nesse momento, eu estava com a banda tocando Tim Maia no deck da piscina, sob um sol de “rachar a cuca”. Não pensei duas vezes e fui até ele para conversar. Mais perto, o chamei para falar um “Boa noite” ao microfone e pude notar que o Cid estava um pouco “para lá de Bagdá”, talvez pelos whiskies famosos do navio ou pelas famosas caipirinhas onboard. Como era de se esperar, ele não quis atender meu pedido naquele momento, mas aceitou tirar uma foto comigo e, com um sorriso de timidez, voltou para o Casino, de onde havia saído para tomar um ar no deck da piscina, com a promessa de finalizar o baile de gala com seu famoso bordão. Em um outro momento das minhas viagens pelo mundo afora, estávamos em saída de Ilhabela com destino a Santos, dessa vez no Island Escape, uma
Não pensei duas vezes e toquei o tema do ‘Titanic’ ao piano. – Hamilton de Oliveira
companhia inglesa de navios de cruzeiro. Nesse dia, uma tempestade se aproximava. O comandante inglês, teimoso, insistia em sair, mesmo sendo avisado pelos tripulantes e por outros oficias sobre o perigo dos ventos fortes em alto-mar nessa região. Enquanto isso, eu tocava meu piano tranquilamente no local mais chique do navio, o piano bar. Passados vinte minutos da nossa saída da ilha, percebi que o navio começou a inclinar uns catorze graus. Copos e pratos caiam das mesas e os passageiros começaram a ficar desesperados e buscar por um local seguro para ficar, ou seja, onde eu estava. A diretora de cruzeiro, brasileira e muito inteligente, pediu para que eu tocasse algo que pudesse acalmá-los nesse momento perigoso. Não pensei duas vezes e toquei o tema do “Titanic” ao piano. No final, o navio não afundou, mas quase fui jogado ao mar pelos passageiros enfurecidos com seus coletes salva-vidas gritando: - “Jack, Jack!!"...
* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 41
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Notícias
Marcio Teixeira (Presidente da OMB-SP); Gerson Tajes (Presidente da Ordem dos Músicos do Brasil); José Carlos Oliveira (Superintendente do INSS); Adelmo Ribeiro (Presidente do Sindmussp) e Daniel A. Neves (Presidente da Anafima e Sindimusica): Aposentadoria para músicos passará a ser realidade.
ORDEM DOS MÚSICOS: MAIS DIGNIDADE E RESPEITO AO MÚSICO APOSENTADORIA DOS MÚSICOS, TÉCNICOS DE SOM E ILUMINADORES: O QUE ISTO INFLUENCIA NO SEU NEGÓCIO COM A MÚSICA? * Redação
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nxergar o futuro da profissão é elementar na escolha de uma carreira. Assim sendo, a ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música) juntamente com a OMB (Ordem dos Músicos do Brasil), Sindimúsica e o Sindicato dos Músicos se uniram para trabalhar causas em comum e desenvolver o mercado junto a Superintendência do INSS. Esta ação é inédita: nunca na
história da OMB a aposentadoria para a classe musical foi pauta ou trabalhada para que se regulamentasse, mesmo sendo peça fundamental para um mercado maduro. Para os músicos com idade avançada, o sistema será baseado na previdência dos agricultores. Estabelecer um projeto de médio/longo prazo agora é meta. Uma iniciativa louvável e real.
Conheça o trabalho de cada entidade: hhttp://sebrae.anafima.com.br 42 / Revista Keyboard Brasil
Música & espírito
KFK WEBRADIO apresenta
KATATONIA & OÁSIS 44 / Revista Keyboard Brasil
DECORRENTE DA NECESSIDADE CULTURAL E FALTA DE DEMANDA EM MÚSICA DE QUALIDADE NA MÍDIA OBSOLETA COMUM, A RÁDIO WEB KFK CRIOU UMA PROGRAMAÇÃO PARA QUEM DESEJA E GOSTA DE ARTE E CULTURA (MÚSICA) ELEVADA. UMA GRANDE OPORTUNIDADE GERADA PELA RÁDIO KFK PARA QUEM QUER SE INSTRUIR, ELEVAR A ALMA E OUVIR COISA DE NÍVEL! * Por Amyr Cantusio Jr.
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arece fácil criar um programa, mas não é. A pesquisa de vários anos, o acesso aos
arquivos, os CDS, as bandas e músicos, informações, triagem... Depois a edição, postagem, links e, finalmente, a DIVULGAÇÃO.
Relevar a importância cultural da música secular, em especial, a Ópera, que engloba a literatura pesada, muitas vezes em “libretos” e citações nas obras dos grandes mestres da música clássica, como: Baudelaire, S c h o p p e n h a u e r, T. S . E l i o t , Dostoievsky, Edgar Allan Poe, Goethe, Shaekespeare, Saint Exupery, W.H. Auden, Nietzsche, John Milton, Dante Alighieri, entre outros... Grandes tratados teóricos musicais foram escritos por
músicos como Wagner, Beethoven, Berlioz, Saint-Seans, Arrigo Boitoc... Além dos muitos músicos e poetas que foram críticos musicais de jornais e periódicos como Heine, Bernard Shaw, Baudelaire, Felici Romani e o próprio Wagner. Apresentado por Amyr Cantusio Jr. e Cathia Cantusio, o Katatonia & Oásis tem o objetivo de, no século XXI, citar os artistas que resgataram a forma nobre da música desde o período medieval ao clássico/romântico. No momento, focando a Ópera. Ou seja, uma nova versão operística atual mais densa e pesada com bases que remontam libretos medievais com dragões e elfos, música profana e sacra, e tantos outros. A começar por músicos do Revista Keyboard Brasil / 45
século XI, como Hildegard Von Bingen, Palestrina, Orlando di Lasso, Monteverdi, Lully, Rameau, Vivaldi, entre outros grandiosos. Esta música hoje está diluída principalmente no Rock dos anos 70 em bandas como Rainbow, Deep Purple, Yingwie Malmsteen Group, centenas de bandas progressivas como EL&P, Trace, Triunvirat, Ekseption e, atualmente, em grupos de Gothic e Symphonic Rock como Rhapsody, Therion, Within Temptation, Epica, Nightwish, Lacrimosa, etc... Ou seja, tudo se recicla e nada se perde. Mas a informação do veículo de massas está podre, obsessivamente focada no lixo para manipulação do gado. Então, daí a necessidade de programas “alternativos” para quem quer se instruir, elevar a alma e ouvir coisa de nível!
OS PROGRAMAS... 1- KATATONIA: Prioridade para música de vanguarda que é quase totalmente desconhecida da mídia, nas áreas de Eletrônico / Dark Wave / Rock In Opposition / Atmosphere / Ambient Industrial / Avantgarde / Óperas Rock & Bandas (de 1990 adiante). 2- OÁSIS: Música Étnica Folclórica e Experimental do Oriente Médio / Asia que, em sua maioria, jamais tocam em rádios comuns. Para apreciadores, pesquisadores e dançarinas. Tribal Fusion e Avantgarde / World Music / Ambient / Lounge.
SERVIÇO: Katatonia & Oásis é apresentado por Amyr Cantusio Jr e Cathia Cantusio, todas as quartas-feiras, das 20:00hs às 22:00hs. Reprise aos DOMINGOS das 16:00hs. às 18:00 hs. Sintonize e participe ao VIVO no CHAT que fica aberto durante o programa, para comentar, perguntar, interagir!
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Outros Sons
A SURPREENDENTE SONORIDADE I N S T R UM E N TA L DA BATERIA PELAS MÃOS DE
DI STEFFANO A MÚSICA INSTRUMENTAL BRASILEIRA É MUNDIALMENTE CONHECIDA E A SAFRA DE NOVOS ARTISTAS QUE TRILHAM O CAMINHO DA BOA MÚSICA É ABUNDANTE. ESTE É O CASO DO BATERISTA D I S T É F F A N O . *Por Heloísa Godoy
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úsico brasileiro com mais de vinte anos de carreira, três discos lançados e um
DVD, Di Stéffano Wolff Bazilio ou, somente, Di Stéffano como é conhecido, é compositor, baterista, produtor, arranjador e educador musical. Natural do Rio Grande do Norte, o músico começou a tocar bateria desde muito cedo e, aos 10 anos, fez suas primeiras apresentações. Radicado em Brasília após longo período no Rio, Di Stéffano realizou trabalhos com grandes nomes da música, dentre eles Boca Livre, Carlos Malta, Leny Andrade, Daúde, Dominguinhos, Sergio Farias, Ivan Mazuze, Geraldo Azevedo, Arthur Maia, Ricardo Silveira, Diogo Monzo Trio, João Donato, José Carlos Almeida, Ivan Mazuze, Marcos Lussarray, Carlinhos Veiga, Banda Canal, Guilherme Arantes, Daniel, Marcelo Martins, Ivan Lins, Leila Pinheiro, Zé Ramalho, entre outros. Em sua música, sua sonoridade caracteriza-se em incluir elementos do samba, jazz, fusion, música nordestina; sempre com um repertório muito alegre, melódico, cheio de sutilezas com sotaques que passeiam pela música brasileira e africana. Entre os prêmios recebidos estão o Grammy Latino 2010 com o CD “O Tempo e a Música” do baixista Arthur Maia e o de Melhores da Música Brasileira (Menção Honrosa) com o CD “Recomeço”, de 2016. Revista Keyboard Brasil / 49
Fotos: Divulgação Di Steffano: “Estudo todos os dias e sempre pesquiso ritmos de outros países, sobretudo os ritmos da música africana e do jazz europeu”. Ao lado, três de seus trabalhos solo.
PRINCIPAIS SHOWS Encontro IMESUR – Chile 2016 Ivan Mazuze – Turnê Ubuntu 2016/2017 Boca Livre – Turnê Boca Livre e Ao Vivo 2007/ 2008 Carlos Malta – Turnê pelo Brasil – shows em vários festivais, dentre eles, o Mimo 2012 / 2014 Arthur Maia – Shows no Brasil e turnê pela África do Sul 2006 Ricardo Silveira – Festival Chorojazz em Jericoacoara – Ce – Brasil 2015 Casa Thomas Jeferson – Brasília – Brasil 2010, 2014 e 2017 Embaixada dos EUA em Brasília – 03 de julho de 2012 Turnê Circular Brasil – Petrobrás 2007 Sala Baden Powell – Rio de Janeiro 2010 Daniel e Orquestra Sinfônica de Brasília 2016 Guilherme Arantes e Orquestra Sinfônica de Brasília 2016 50 / Revista Keyboard Brasil
DISCOGRAFIA PRINCIPAL - SOLO CD Ribeira Jam – 2006 DVD Di Stéffano ao Vivo – 2008 CD Outros Mares – 2012 CD Recomeço – 2016 SIDE MAN Cd Daúde (RJ)Codigo D – Lab 40 2015 Cd Ricardo Silveira (RJ) Jeri ao vivo – Sonora Music 2016 Cd Arthur Maia (RJ) O Tempo e a Música –“Grammy Latino 2010” Cd Arthur Maia (RJ)Ao vivo – Canal Brasil 2017 Dvd Arthur Maia (RJ) Ao vivo – Canal Brasil 2017 Cd José Carlos Almeida (DF) Dois Horizontes 2016 Cd Diogo Monzo (RJ) “Meu samba parece com quê?” 2014 Cd Diogo Monzo (RJ) “EÇA” – Fina Flor 2017 Dvd Vanessa Pinheiro (DF) – FAC 2011 Dvd Bel Maia (GO) 2013 Dvd Sergio Groove (RN)2007
Entrevista Revista Keyboard Brasil – Você começou a tocar bateria aos 10 anos. Como surgiu o interesse e por que esse instrumento? Di Stéffano – A bateria e a percussão sempre me fascinaram. Comecei a me envolver com a música aos meus oito anos de idade através de meu tio Expedito quando montou uma banda de baile na cidade de Parnamirim, em Rio Grande do Norte. E, eu convivi nesse ambiente até os meus 12 anos de idade. Logo formei um grupo com meus amigos e começamos a atuar nos musicais da igreja.
Revista Keyboard Brasil – Quais suas influências? Di Stéffano – Minhas influências passeiam pela obra musical de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ivan Lins, Milton Nascimento, Herbie Hancock, Leo Gandelman e Cama de Gato. Já na área da bateria, os artistas que sempre me emocionam em tudo que já gravou e tocando ao vivo, posso citar o Carlos Bala, Paulinho Braga, Cesinha, Edu Ribeiro, Jorginho Gomes e João Barone. Curto muito seus trabalhos e o estilo de cada um. Fora do Brasil, eu gosto do Vinnie Colaiuta, Mokthar Samba e Brian Blade.
Revista Keyboard Brasil – Soube que você toca um pouco de piano também. Mais algum instrumento? Di Stéffano – Eu sou um curioso e não me considero um pianista. Faço alguns acordes para me ajudar quando concluo uma música. Fora isso, toco percussão e ainda este ano, pretendo estudar um instrumento de sopro.
Revista Keyboard Brasil – Como é o Di Stéffano compositor? Como surge a inspiração para você? Di Stéffano – Todas as minhas composições aconteceram da mesma forma. Posso estar andando na rua, em casa e, de repente, vem a melodia à minha mente, já com o ritmo e muitas das vezes com a ideia do instrumento que fará o tema principal da música.
Revista Keyboard Brasil – Fale sobre sua formação musical. Di Stéffano – Eu sou autodidata e ao passar do tempo, já como músico profissional, participei de alguns cursos de verão e também de inverno em alguns Estados do Brasil e quando fui morar no Rio de Janeiro, tive aulas particulares com músicos renomados como Pascoal Meireles, Robertinho Silva e Cláudio Infante.
Revista Keyboard Brasil – Como se deu a escolha dos músicos em seu último trabalho ''Recomeço''? Di Stéffano – Sou amigo de todos eles e isso é um fato importante na largada desse processo de escolha dos solistas e dos acompanhantes que farão parte do CD. Faço a pré produção de cada música e, em seguida, escolho o melhor estúdio e ‘sento a mão’ (risos).
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Vamos ouvir música boa, estudar, procurar bons professores e não se esquecer de cuidar da saúde. – Di Séffano
Revista Keyboard Brasil – Como é sua rotina de estudos? Pratica todos os dias? Di Stéffano – Eu aprendo muito ouvindo música, mas todos os dias sento para estudar e sempre pesquiso ritmos de outros países, sobretudo os ritmos da música africana e do jazz europeu. Revista Keyboard Brasil – Fale sobre seus projetos em andamento. Di Stéffano – Estou em turnê lançando o novo CD Recomeço, trabalhando com o Diogo Monzo Trio na “Turnê Luiz Eça” e ministrando workshops. Revista Keyboard Brasil – Gostaria de deixar alguma mensagem? Di Stéffano – Vamos ouvir música boa, estudar, procurar bons professores e não se esquecer de cuidar da saúde. Viva os sons, viva a música! CONTATOS: (61) 9 8270-2583 (whatsApp) Tim / (21) 9 9110- 9151 E-mail: disteffanowbazilio@gmail.com.br
RECOMEÇO (201 6) Di Stéffano Independente
Recomeço
La nç ad o em de ze m br o de 20 16 , “Recomeço” é o terceiro disco solo de Di Stéffano. Autor e arranjador das 11 faixas (três delas em parceria), ne ste trabalho o músic o se cercou de gr andes instrumentis tas: no Acordeo n, Lulinha Alencar, na guitarra, Dan iel Santiago, no viol ão, Sergio Farias e Cacá Velloso, no sax, Josué Lope z, Marcelo Martins e o moçambicano Iv an M az uz e, no pi an o, D av id Fe ld m an , A nd ré M eh m ar i, Vit or Gonçalves, Emer son de Oliveira e Eduardo Taufic, na percussão Gustavo di Dalva, na clarin eta Renata Menez es e no trompete e flugel, Jessé Sado c, Fabinho Costa e Marcos Sant os. Trabalho gráfico de Cleiton Mar torano. Um CD prim oroso que confirm a ainda mais o nom e de Di Stéffano na lista da nova safr a de grandes mús icos brasileiros.
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 52 / Revista Keyboard Brasil
A vista do meu ponto
PIANO, O REI DOS INSTRUMENTOS - SEGUNDA PARTE * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
EM NOSSA PRIMEIRA PARTE, VOCÊ REPAROU A HISTÓRIA ESPETACULAR DO PIANO! AS CURIOSIDADES, ENTÃO, IMPRESSIONANTES! IMAGINE VOCÊ, UM INSTRUMENTO MUSICAL QUE TENHA ENTRE 4 MIL E 7 MIL E QUINHENTAS PEÇAS! DÁ PARA IMAGINAR A COMPLEXIDADE DO FUNCIONAMENTO DISSO TUDO? VAMOS, ENTÃO, COMEÇAR MAIS UM ELENCO DE CURIOSIDADES SOBRE O REI DOS INSTRUMENTOS.
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A primeira grande curiosidade é exatamente esta: um bom piano de cauda tem entre 4 mil e 7 mil e quinhentas peças. O mais interessante disso tudo é que a resistência deste instrumento é ímpar. Se você esmurrar as teclas, bater com força, nada vai acontecer. Essa história de fechar o piano com chaves para que as pessoas, principalmente crianças, não "estraguem" o piano é fantasia. Dificilmente alguém vai conseguir quebrar o mecanismo do piano, a não ser que use um objeto contundente. O máximo que pode acontecer é a chateação de alguém fazendo do som delicado do piano um barulho infernal! Portanto, apesar de tantas peças e tantos detalhes, o piano é extremamente resistente às "porradas", no bom sentido. Esta curiosidade é fantástica, e complementa o item anterior: um piano tem entre 210 e 230 cordas. Isso mesmo! É um instrumento percussivo, porque a ação de percussão do martelo é que gera o som; mas, também, é um instrumento de corda. E agora, José? O piano é um Instrumento de Percussão ou de Corda? Mais de dois milhões de pessoas, anualmente, começam a aprender música com o piano. O Piano mais famoso do mundo foi desenvolvido por Engelhard Steinweg. Engelhard americanizou o seu nome para Henry E. Steinway em 1853. Claro! Bem mais fácil de influenciar o povo americano com um nome americanizado! Retornando à cronologia, iniciamos o século XIX: Veja que interessante: em 1801,
Edward Riley obtém a patente para o “Transposing Piano”, um mecanismo que movimentava o teclado, lateralmente, para tocar notas em outros tons. E você achando que apertar o botão TRANSPOSE do seu Teclado, ou EP, é coisa atual, tecnologia recente... Erard Brothers, junto com Silberman, eram os grandes fabricantes de pianos da época. Erard, disparado, o melhor piano. Tanto que, em 1803, Beethoven ganhou um de seus modelos de presente. Se transformou numa espécie de “Endorser” da marca, já que ele tinha muitos alunos importantes da sociedade! Os pianos Erard se caracterizavam pela “qualidade” sonora e pelos avanços tecnológicos implementados nos seus modelos. Em 1808, a Erard patenteia o Agraffe; em 1809, desenvolve uma espécie de “bucha” para firmar as cravelhas e manter a afinação por um período maior. Também introduz o "Roller Double Escapement" nas partes da Ação dos Pianos, permitindo maior firmeza e velocidade nas notas repetidas. Os tecladistas ficavam loucos com estes avanços. Podiam, dia após dia, desenvolver técnicas mais apuradas de sonoridade e interpretação! Só em 1807 é que surge o fabricante francês de piano mais famoso do mundo: a Pleyel. Em 1810 aparecem os primeiros “Giraffes”, pianos de cauda na posição vertical. Isso, mesmo: eram pianos de cauda em que a cauda não ficava na posição horizontal mas, sim, na vertical! O Revista Keyboard Brasil / 55
objetivo, claro, era permitir que as famílias tivessem um piano de boa sonoridade em espaços menores. Só em 1820 é que a revolução da sonoridade do piano começa: Thom and Allen, de Londres, desenvolvem o primeiro Frame de Metal para os Grands. Isso significa que, antes desta data, os “frames” eram de madeira, o que não permitia uma boa sonoridade, tampouco, afinação. A introdução do “Agraffe”, em 1808, e o frame de metal, transformaram, verdadeiramente, a sonoridade do piano. Mas, ainda assim, o som era estranho e pouco atraente para os compositores da época. Mas, era o que tinha; e os fantásticos compositores do período transformaram a música no espetáculo que conhecemos hoje, principalmente os Concertos de Piano e Orquestra! A revolução das 88 teclas começa somente em 1822, quando foi introduzida as 7 oitavas nos pianos Erard. Repare que Erard era sinônimo de avanço e qualidade sonora. Lembra dos “Square Pianos”, século XVIII? Pois bem, só em 1825 Alpheus Babcock patenteia o “first singlepiece metal frame” para os “Square Pianos”, em Boston. Prestou atenção? Boston! Nem na Europa os “Square Pianos” conseguiam sustentar a afinação. Teve que aparecer um americano para melhorar o desempenho desses modelos. E o Brasil só começava a sua Independência com o Imperador D. Pedro I. Guarde bem este ano: 1826. Somente em 1826 os pianos começaram a ter a sonoridade aveludada, mais sutil, 56 / Revista Keyboard Brasil
menos metálica, em função da patente de Henri Pape, que passa a utilizar feltro para recobrir os martelos. Então, é exatamente neste ano que começa a revolução do som do piano; em 1826 os pianos passam a ter a sonoridade típica dos pianos atuais. Entretanto, vou reforçar: o som ainda era fraquinho, se comparado com os pianos que temos a disposição hoje, para comprar e vender! O mesmo Henri Pape, em 1828, passa a utilizar as cordas cruzadas nos seus modelos Uprights. Olha que fantástico! Em 1848, Alexander Bain patenteia o primeiro piano automático, utilizando um rolo de papel perfurado. Na verdade, ele aperfeiçoou a ideia de Claude-Felix Seytre que em 1842 já havia projetado este tipo de mecanismo. A primeira grande Feira de Pianos somente aconteceu em 1851, em Londres, onde a grande vedete era, sem sombra de dúvidas, a Erard, sinônimo de qualidade na fabricação de Pianos. Reparou? Passaram-se, praticamente, 150 anos para que o Piano se transformasse num verdadeiro produto de consumo e um grande negócio. As mãos habilidosas de Henry Steinway, Jr. produzem os primeiros Grands com as 'cordas cruzadas'. O sucesso de Henri Pape, nos Uprights, passou a integrar a revolução das cordas cruzadas nos pianos de cauda! A partir de 1860 os “Square Pianos” sofrem um declínio considerável nas vendas. As novas tecnologias empregadas nos Uprights e Grands agradam o público
e passam a ser o alvo dos ávidos consumidores de Pianos Acústicos da época. A Escala Dupla, que proporciona maior brilhantismo aos sons médios e agudos, foi desenvolvida e patenteada por Theodore Steinway, em 1872. Repare: martelos recobertos com feltro, Frame de metal e Escala Dupla começam a transformar a qualidade do som do piano. Mais uma vez a Família Steinway revoluciona a fabricação dos pianos com a patente do Pedal Sostenuto. Albert Steinway amplia o potencial de interpretação pianística com mais esta implementação! Os japoneses entram pela porta da frente na fabricação de Pianos. Em 1878, na Paris Exhibition, surge o primeiro modelo japonês de um “Square Piano”. Os orientais chegaram tarde; mas chegaram. Os modelos Square já estavam em declínio; entretanto, a perseverança dos orientais passa a influenciar a Europa e os Estados Unidos. Se você pensa que a Wurlitzer só fabricou pianos elétricos, está totalmente enganado. A empresa se estabelece como fabricante de Pianos Acústicos em 1880. A Renner, mais famosa fabricante de componentes para pianos, estabelece a sua fábrica em 1882. A partir da Renner começa a segmentação do mercado de pianos, proporcionando terceirização na
produção de peças e componentes. Em 1899, Torakusu Yamaha inicia a produção de pianos em Hamamatsu. Este é o início da história do maior fabricante de Instrumentos Musicais do Mundo. Vamos, então, para um pequeno resumo do que aconteceu no século XIX: O Piano começa, no século XIX, ter a tão sonhada qualidade sonora idealizada pelos compositores e intérpretes. A introdução do feltro nos martelos, Frame de metal, cordas cruzadas, agraffe, escala dupla, pedais, começa a transformar o som do piano na maravilha que conhecemos hoje. Tanto que as grandes e famosas marcas de pianos, do mundo, começaram as suas atividades neste século: Pleyel, Bösendorfer, Grotrian, Knabe, Seiler, Steinway, Blüthner, Bechstein, Mason & Hamlin, Wurlitzer, George Steck, August Foster, Feurich, Aeolian, Baldwin, Petrof, Schimmel, Estonia, Story & Clarck, Kohler & Campbell e Yamaha. Entretanto, o mais importante foi que a especialização e exigência na qualidade do mecanismo foi tanta, que houve a necessidade de desenvolver companhias específicas para a produção de peças e componentes para o Piano, como foi o caso da Renner. Interessante, não? Na próxima Edição, a última parte da História Fantástica do Piano!
*Amante da música desde o dia da sua no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 57
Homenagem
450
anos
de
CLAUDIO MONTEVERDI o maior inovador da história da música ocidental
REVOLUCIONÁRIO NA MÚSICA, CLAUDIO GIOVANNI ANTONIO MONTEVERDI, É O PRIMEIRO GRANDE NOME DA HISTÓRIA DA ÓPERA.
E NÃO SE TRATA APENAS UMA CURIOSIDADE
HISTÓRICA, MAS UM EXCEPCIONAL DRAMATURGO CUJAS CRIAÇÕES, ENCENADAS HOJE, CONTINUAM PERFEITAMENTE CAPAZES DE CAPTURAR A ATENÇÃO DO ESPECTADOR MODERNO.
HERDEIRO
DOS
GRANDES
MADRIGALISTAS,
VISIONÁRIO DA NOVA ARTE, MONTEVERDI É UM DOS MAIORES REFORMADORES DA MÚSICA. ** Por Maestro Osvaldo Colarusso
58 / Revista Keyboard Brasil
N
ascido há exatos 450 anos, em maio de 1567 (não se sabe a data precisa, a única certeza é que foi
ascido há exatos 450 anos, em maio de 1567 (não se sabe a data precisa, a única certeza é que foi batizado no dia 15 daquele mês), o compositor italiano Claudio Monteverdi inventou tantas coisas que podemos arriscar chamá-lo de “o maior inovador da história da música ocidental”. É evidente que toda esta série de inovações teriam pouca relevância se não estivessem a serviço de algumas das composições mais belas e geniais de que se tem notícia. Pelo fato de Monteverdi não ter escrito para instrumentos mais conhecidos, como o piano, ou formações instrumentais modernas, como uma orquestra sinfônica, seu nome não é citado espontaneamente pelo grande público como um dos maiores compositores da história, mas defendo que Monteverdi é um criador musical da mesma estatura de Bach, Mozart ou Beethoven.
Monteverdi foi o primeiro autor de óperas de alta qualidade, e a prova disso é que “La favola d'Orfeo”, de 1607 é a ópera mais antiga que é montada com frequência nos dias de hoje. Não só o enorme número de inovações, sobre as quais discorrerei neste texto, são em si uma novidade, mas é interessante notarmos que ao publicar suas primeiras obras quando tinha apenas 15 anos de idade, isso em 1582, torna Monteverdi o primeiro prodígio musical da história.
Exemplo raro, dominou duas linguagens musicais antagônicas ao mesmo tempo e, isso até o final da vida: a música sacra polifônica (do estilo de Palestrina) e a música nova que emanou das ideias de um grupo de compositores que chamamos de “Camerata Fiorentina” (do qual Monteverdi não fez parte), aquele que “inventou” a ópera. Se foi em Florença que as novidades musicais mais modernas daquela época (final do século XVI) foram inventadas, foi através de Monteverdi, especialmente na cidade de Mântua, que elas foram usadas a serviço de obras primas. Os compositores da Camerata Fiorentina como Caccini, Peri e Galilei, eram inteligentes e espertos mas, Monteverdi, além destas mesmas qualidades, era o único em seu meio a ser um autêntico gênio.
– Inovações... Talvez a mais significativa inovação de Monteverdi seja algo que é corriqueiro hoje em dia, mas que era algo totalmente impensado na época do compositor: especificar qual instrumento deveria ser utilizado num determinado trecho. Monteverdi é, portanto, o
mais importante precursor da orquestração. Ele o faz, em sua ópera “Orfeo” de 1607, de duas maneiras distintas: ou em um prefácio diz quais instrumentos devem ser usados ou especifica o nome do instrumento numa determinada linha (pentagrama). Na cena em que Orfeu tenta comover as fúrias para Revista Keyboard Brasil / 59
chegar ao reino dos mortos para reaver sua amante Euridice (“Possente spirto”, terceiro ato), pela primeira vez na história, o nome dos instrumentos desejados está bem claro em cada pentagrama como mostra esta edição da época do compositor (veja ao lado). Monteverdi, que dominava diversos instrumentos de cordas, coloca pela primeira vez para um conjunto de instrumentos de arco a instrução de “pizzicato” (as cordas beliscadas com os dedos). De maneira bem didática, na partitura de “Combatimento de Tancredo e Clorinda” (do VIII livro de madrigais, de 1638) vem escrito num certo momento: “Aqui se se dispensa o arco e se puxam as cordas com dois dedos”. Em seguida escreve: “Aqui se pega o arco de volta”. Na mesma obra, Monteverdi cria o “tremolo”, notas repetidas de forma bem rápida, para descrever a batalha entre os dois personagens. Nesta obra, também vemos as mais antigas instruções de dinâmicas musicais: Forte e Piano. Além disso, ao reutilizar certos trechos musicais em sua ópera “Orfeo” (mais uma vez) para simbolizar o mundo dos mortais, pode-se dizer que ele é o precursor do “leitmotiv”, técnica que Wagner usará com frequência 200 anos depois.
– Novidades Harmônicas... Falando de coisas mais técnicas, que envolvem conhecimentos musicais, Monteverdi foi o primeiro compositor a usar de forma constante um dos acordes 60 / Revista Keyboard Brasil
mais usuais na música ocidental, o acorde de sétima de dominante. Também em suas obras temos o mais antigo uso de uma sequência harmônica conhecida como “cadência perfeita”, que definem bem claramente a tonalidade de uma música. Ele realmente fez a transição musical da renascença para o barroco, do modalismo para o
tonalismo. Podemos situá-lo numa posição histórica análoga à do pintor Caravaggio, que com o “claro-escuro” faz a pintura ingressar numa nova estética.
– Óperas perdidas e esquecimento... Das geniais óperas de Monteverdi conhecemos a primeira delas “La favola d'Orfeo” (Mântua, 1607) e as duas últimas: “Il ritorno d'Ulisse in pátria” (Veneza, 1640) e “L'incoronazione di Poppea” (Veneza, 1642), duas obras em que há dúvida de serem integralmente da autoria do autor. Uma das maiores tragédias da história da música reside no fato de que ao menos seis óperas de sua autoria (quatro para Mântua e duas para Veneza) estarem irremediavelmente perdidas, pois suas partituras, não editadas, foram destruídas principalmente por causa de guerras, ainda no século XVII. Se o refinado público delineava um meio ideal de trabalho para “Orfeo”, inclusive com todos os elevados custos sendo pagos pelos nobres de Mântua, as duas últimas denotam um ambiente bem diferente: foram escritas para teatros que viviam da venda de ingressos, e para um público que buscava apenas um divertimento. Por isso são obras extremamente longas e desiguais, mas que apresentam momentos geniais, o que justifica serem montadas com frequência. Por mais de 300 anos a música de Monteverdi permaneceu esquecida e somente no século XX, através do
pioneirismo de Fracesco Malipiero na Itália e Nadia Boulanger na França, que a sua obra, aos poucos, conquistou um grande público. O maestro Nikolaus Harnoncourt foi de uma importância enorme ao revelar para o público moderno, na década de 1960, o som dos instrumentos usados por Monteverdi em suas óperas e madrigais com seu grupo vienense “Concentus Musicus”. Seja na música sacra (ele foi por décadas o responsável pela música na Basílica de San Marco de Veneza), através principalmente do “Vespro della Beata Vergine”, de 1610, a mais importante obra sacra do século XVII, na música vocal, através dos 8 livros de Madrigais, ou nas óperas, a produção de Monteverdi permanece como uma das maiores glórias das artes em todos os tempos.
– Monteverdi no Brasil... Não posso deixar de citar o nome de alguns músicos brasileiros que fizeram realizações marcantes no Brasil, divulgando algumas das obras máximas do mestre. Primeiramente lembro de Roberto Schnorrenberg, o falecido maestro paulista, que realizou em 1968 em São Paulo a primeira audição brasileira do “Vespro della Beata Vergine”. Esta mesma obra foi regida de maneira brilhante também pelo maestro Abel Rocha diversas vezes, com diversos corais e grupos instrumentais. É importante lembrar do importante empenho do cravista carioca Marcelo Fagerlande, que coordenou a primeira Revista Keyboard Brasil / 61
execução brasileira da ópera “Orfeo” (Sala Cecília Meireles – 1998. Theatro Municipal do Rio – 2007). A cantora curitibana Marília Vargas é outro expoente no que se refere a Monteverdi, no país e no exterior: participou da histórica montagem de “Orfeo” no Liceu de Barcelona sob a regência de Jordi Savall em 2002 e inclui
diversas páginas de Monteverdi em seus recitais (até em insólitas parcerias com André Mehmari). E não posso deixar de lembrar da excepcional competência da Camerata Antiqua de Curitiba, com a qual montei o “Sétimo livro de Madrigais” (São Paulo 1987) e o “Oitavo Livro” (Curitiba 2001).
* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.
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Curiosidades
AS ONDAS BINAURAIS E SUA UTILIZAÇÃO EM MÚSICAS VOCÊ SABIA QUE MUITOS ARTISTAS JÁ EXPLORARAM AS GRAVAÇÕES BINAURAIS? LOU REED, PINK FLOYD E PEARL JAM SÃO ALGUNS DESSES GRANDES ARTISTAS. VEJA A SEGUIR! *Por Heloísa Godoy
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A
s conhecidas batidas ou ondas binaurais ou, ainda, 3D - nomenclatura
mais recente - descobertas, pela primeira vez, em 1839 pelo físico prussiano e meteorologista chamado Heinrich Wilhelm Dove, foi trazida para a comunidade científica através de um artigo acadêmico chamado Auditive Baets In The Brain (Scientific American, 1973) escrito pelo biofísico Gerald Oster. A partir deste artigo tornou-se uma ciência séria e respeitada. Neste artigo, Oster concluiu que seria possível realizar alterações de comportamento fisiológico induzidas hormonalmente através da medição das batidas binaurais. No entanto, somente nos últimos 40 anos, engenheiros de som e cientistas provaram os pressupostos de Oster e demonstraram os benefícios de usar as batidas binaurais em diferentes aspectos do desenvolvimento pessoal e bem estar. Porém, a tecnologia não fica apenas nos tratamentos. Muitos artistas já exploraram as gravações binaurais. Entre eles, Lou Red e as bandas Pink Floyd e Pearl Jam. Inventivo e imprevisível, Lou Reed - um dos mais influentes guitarristas e compositores, que ajudou a construir quase 50 anos de rock and roll, morto em 2013. Com o Velvet Underground no fim dos anos 60, Reed fundiu o sentimento de urgência das ruas com elementos da música avant-garde europeia, casando beleza com distorção e trazendo toda uma nova honestidade lírica à poesia do rock. Como artista solo inventivo e
A AUDIÇÃO BINAUR
AL As diferenças de fase en tre o ouvido direito e o esqu erdo são um dos aspectos que com põem nossa audiência binaural. A loc alização do som se origina no fat o de que as orelhas estão distanciad as e, como tal, o cérebro sempre regis tra pequenas diferenças de fase, in tensidade e espectro do som que ati ngem cada orelha. Em “G we ly M er na ns ” de Aphex Twin's Drukqs, po demos ouvir com fones de ouvido, as batidas baixas e tons altos que oscilam em torno da cabeça, usando o tempo de mudança e as diferenças de nível entre os dois ouvidos.
incansável, dos anos 70 até 2010, foi camaleônico, controverso e imprevisível, desafiando os fãs a cada passo. Gêneros como glam, punk e o rock alternativo seriam impensáveis sem o exemplo revelador de Lou Reed. “Um acorde já está bom”, disse ele certa vez, se referindo ao estilo cru que tinha ao tocar guitarra. “Dois acordes é o limite. Com três, já vira jazz.” Sem medo do fracasso comercial, continuou sendo um dos poetas musicais mais influentes até sua morte em 2013. Nunca se esquivou da experimentação e Revista Keyboard Brasil / 65
(1) Lou Reed, no fim da década de 70 gravou três álbuns com essa técnica. São eles: Street Hassle, Live: Take no Prisioners e The Bells. (2) Um dos grupos de rock mais influentes e comercialmente bem-sucedidos da história, a banda Pink Floyd é marcada pelo uso de letras filosóficas e experimentações musicais como as batidas binaurais. (3) A banda Pearl Jam lançou em 2000 o álbum Binaural. O título é referência à técnica utilizada em diversas faixas.
abraçou o ambiente criativo estimulado por Andy Warhol na década de 1970. Brian Eno afirmou que, enquanto o álbum de estréia de Velvet Underground vendeu apenas 30 mil cópias, “todos os que compraram uma dessas 30 mil cópias começaram uma banda”. Em suas experimentações, ao lançar seu primeiro álbum pop comercial no ano de 1978, “Street Hassle”, Lou Reed usou as ondas binaurais. O registro foi orgulhosamente comercializado como uma gravação binaural. Isso foi antes do advento do disco compacto e fitas cassete, então os ouvintes tocavam o disco de vinil utilizando seus fones de ouvido para experimentar a música da maneira correta. Tempos depois, lançou mais dois álbuns com essa técnica: Live: Take no Prisioners e The Bells. A banda britânica de rock Pink Floyd, formada no ano de 1965, atingiu
sucesso internacional com sua música psicodélica e progressiva. Seu trabalho foi marcado pelo uso de letras filosóficas, experimentações musicais, encartes de álbuns inovadoras e shows elaborados. No ano de 1983, a banda usou a técnica das batidas binaurais no disco “The Final Cut”, na faixa “Get Your Filthy Hands Off My Desert”, onde uma explosão 3D é ouvida pelo ouvinte. Finalizando temos também a banda norte-americana de rock alternativo e um dos principais nomes do grunge, Pearl Jam, formada no ano de 1990. No ano 2000, lançaram o álbum Binaural. O título é uma referência à técnica de gravação binaural, utilizada em diversas faixas pelo produtor Tchad Blake. Destaque para a música “Of the Girl”, trilha do filme “Onde os fracos não tem vez”.
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, trabalhou na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. Saiba mais sobre as ondas binaurais no site : http://www.cerebralmusic.com.br/ 66 / Revista Keyboard Brasil
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Crítica Musical
C I B E R PA J É P Pós-Quintessência A Ar te como forma de transformação cósmica UM TRABALHO DESAFIADOR E INSTIGANTE COM UMA RIQUEZA DE TIMBRES E TEXTURAS. É COMO DEFINO PÓS-QUINTESSÊNCIA, DÉCIMO EP DO PROJETO CIBERPAJÉ, DE EDGAR FRANCO!
* Por Sergio Ferraz
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ara mim é sempre uma alegria, um acontecimento especial poder falar
de um trabalho de vanguarda de um artista brasileiro. Sempre tenho a impressão de que, aqui no nosso país, a pressão vinda de uma sociedade engessada em padrões e preconceitos acaba por minar o trabalho de muitos artistas que não se sentem confiantes em quebrar tais padrões e acabam sendo “engolidos” pelo mercado. Felizmente esse não é o caso do Edgar Franco. O Ciberpajé sabe, como poucos, ir muito além das meras convenções, quebrando barreiras levando o espectador a vivenciar uma música de transformação cósmica. Pós-Quintessência é o décimo EP do projeto Ciberpajé. Neste EP de cinco faixas, Edgar Franco reuniu artistas contemporâneos de diversas regiões do Brasil que trabalham com a composição eletrônica não comercial. Cada um dos artistas já havia participado antes da série de EPs do Ciberpajé individualmente. São eles: Each Secound (SP), Goruim (MT), Punkal Suluk (DF), Alan Flecha (AP) e o músico pernambucano que aqui escreve esse texto. A ideia deste projeto foi compor músicas com a voz do Ciberpajé recitando seus próprios
aforismos - “... proposições que exprimem de maneira sucinta uma verdade, uma regra ou uma máxima concernente à vida prática” (Abbagnano, 2007). É curioso observar como cada um dos convidados trabalhou o aforismo, que neste caso são curtos, apenas uma única frase, tornando o trabalho ainda mais desafiador. Há, também, uma riqueza de timbres e texturas, tonando o Pós-Quintessência um trabalho instigante, com uma grande variedade de estilos e peculiaridades de cada artista ali envolvido. Os cinco artistas convidados usaram a técnica da composição eletrônica contemporânea, música concreta, minimalismo, música aleatória e progressiva. Os aforismos ganharam cada qual sua própria personalidade musical, ricas em cores e sons. São eles: I “Tudo que sei é que o Sol está aqui, e isso sempre me bastou. O Sol iluminando-me.” (com Each Second), II “Portos seguros não são mais do que túmulos antecipando a morte dos covardes.” (com Gorium), III “Quem não dialoga com seu demônio interior será devorado por ele!” (com Punkal Suluk), IV “Olhar para dentro de si é vislumbrar o cosmos inteiro.”
Ano: 2017 Selo: Lunare Music
com Sergio Ferraz), V “A onça descansa onde o finito não alcança.” (com Alan Flecha). Pós-Quintessência integra e une diversos artistas que compartilham de uma filosofia libertadora e transformadora do espírito humano. Você pode baixar o EP Ciberpajé – Pós-Quintaessência com capa e encarte, tudo gratuito, através do link acima.
* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil.
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Pioneirismo
CASIO UMA HISTÓRIA DE SUCESSO COM UM TRABALHO DE MARKETING IMPRESSIONANTE, A CASIO CONQUISTOU O GRANDE E FAMINTO MERCADO DOS MÚSICOS PROFISSIONAIS TORNANDO-SE PRIMEIRA OPÇÃO PARA VÁRIOS ARTISTAS DE RENOME NACIONAL E INTERNACIONAL. ACOMPANHE SUA HISTÓRIA! * Por Rafael Sanit
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A
Casio nasceu em abril de
1946 criada por Tadao Kashio, um engenheiro especializado em tecnologia. Originalmente chamava-se “Kashio Seisakusho” e fabricava o cachimbo YUBIWA, que consistia em um anel para dedo onde era possível encaixar um cigarro aceso permitindo aos fumadores fumarem os cigarros por completo e deixar as mãos livres para trabalhar. Estranho não é mesmo? Pois acredite; a Casio só veio a produzir o seu primeiro instrumento musical em 1980, o CASIOTONE 201 com 49 teclas, alto falante embutido, 29 sons predefinidos, caixa de madeira, polifonia de 8 notas, capaz de reproduzir o som de vários instrumentos. Uma curiosidade é que o CASIOTONE 201 tinha os seus comandos no lado direto do instrumento. Após o lançamento do Casio tone 201, seu primeiro teclado eletrônico, a Casio desenvolveu vários recursos que somente foram possíveis com o uso da tecnologia digital. Isso inclui autoacompanhamento com um toque, capacidade de memória para gravação e reprodução de músicas, reprodução automática, função guia de melodia para orientar os usuários durante a reprodução de uma música iluminando as teclas e tecnologia de “amostras” para a gravação de sons a serem usados como fontes.
Carlinh
os Fofão
‘ ‘
O MZ-X500 tem a função sampler, o que facilitou na minha migração de timbres, e os 16 pads totalmente endereçáveis facilitam a minha vida na hora de disparar amostras em WAV ou MP3. Os Speaks ajudam na hora de estudar ou ensaiar em hotéis. O PRIVIA PX560M me proporciona uma experiência maravilhosa, com teclas gostosas de tocar e timbres fieis, desde a biblioteca de pianos e órgãos, até a seção de sintetizadores que é uma novidade no genero de pianos de palco, podendo ser A Casio expandiu a classe de usado também como instrumentos para pessoas que um sintetizador gostam de criar, produzir e estudar excelente. * Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay
música, lançando além dos pianos
Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma
digitais, arranjadores, sintetizadores, Carlinhos Fofão, coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, First tecladista da Marcia Fellipe. workstations, além de linhas de teclados Audio, Mogami Cables e Jones Jeans.
Revista Keyboard Brasil / 71
Durval
a Oliveir Wemerso n
binho
Bo Wagner
Pqno
‘ ‘ ‘ ‘ Os teclados da Casio vieram com toda certeza para revolucionar o mercado. São instrumentos com alta qualidade sonora e custo benefício excelente que não deixam a desejar em nada ao se comparar com outras marcas consagradas. Nos shows e nos estúdios eu uso os pianos PRIVIA PX560M e PX5S e o sintetizador XW-P1. Hoje e sempre, eu tenho muito orgulho de fazer parte desse time de campeões incrível que a Casio reuniu.
Trabalho com música sertaneja e uso muito pianos, pads, cordas e Bell´s. A Casio hoje me surpreende mais a cada dia com a sua variedade e possibilidade sonora de poder tirar um som perfeito para uma performace ao vivo. Wemerson Pqno, Tecladista da Marília Mendonça
‘ ‘ ‘ ‘ ‘
– Durval Oliveira - Tecladista do Harmonia do Samba
Uso um PX560M e um MZ-x500 e estou muito satisfeito com os teclados da Casio. A tecnologia de inovação usada, as teclas, os pianos (acústicos e Ep's) órgãos e synths me surpreenderam. A equipe de atendimento ao endorsee também é um ponto positivo na Casio Teclados. – Wagner Bobinho - tecladista de Solange Almeida
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para estudo e teclados infantis. Em janeiro de 2009, a Casio inaugurou uma nova subsidiária no Brasil, responsável apenas por vendas no país, chamada Casio Brasil Comércio de Produtos Eletrônicos LTDA, localizada em São Paulo. Com o aumento de demanda no mercado emergente da América Latina, a Casio decidiu fechar o escritório em Miami, responsável pelo mercado da América Latina e juntar suas operações todas no Brasil e, desde outubro de 2011, o escritório de São Paulo acumulou funções para o mercado Latino Americano por completo, fazendo um trabalho de marketing impressionante e tirando o rótulo de teclado de iniciante da Casio. Esse trabalho de marketing é o ponto mais impressionante, pois a Casio virou primeira opção para vários artistas de renome internacional e, definitivamente, conquistou o grande e faminto mercado dos músicos profissionais. Seguindo esse trabalho de marketing, a Casio tem investido em parceiros e endorsees. Grandes tecladistas e pianistas passaram a acreditar e usar os teclados da Casio em suas apresentações ao vivo, estúdios de gravação/produção musical, programas de televisão e workshops, principalmente as linhas de piano digital PRIVIA e CELVIANO, os Arranjadores MZ-X500 e
300, e os sintetizadores XW-P1 e XW-G1. Em outras palavras, os produtos da
Casio Teclados são presença massiva em todos os segmentos musicas. A Casio conquistou a exigente classe de tecladistas, fato esse que vem sendo confirmado em todo Brasil através do uso continuo nos sets por esses músicos tecladistas e produtores. A VOZ DE QUEM FAZ!! “Sabendo que o músico é o nosso principal consumidor, desde o início das operações no Brasil, nosso foco foi apresentar toda linha de instrumentos, já que não era de conhecimento da grande maioria que a Casio tinha produtos profissionais. Hoje, graças ao empenho de toda a nossa equipe, que trabalha todos os dias com o intuito a levar o melhor ao nosso cliente. Desde o assistente comercial, que facilita os processos até os instrumentos chegarem às lojas; os lojistas - que fazem nossos instrumentos chegarem às casas de cada um; e nossos endorsees que levam a marca para o palco e desempenham, na minha opinião, o principal papel para o nosso crescimento - pois é através do seu talento e trabalho que nossa marca chega aos olhos de nossos consumidores”, finaliza Rômulo Gonçalves - Gerente de Contas - Especialista em Vendas da Casio.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans. Revista Keyboard Brasil / 73
Lançamento
Hermeto Pascoal: “Se você vir escrito em alguma escola de música 'ensinamos a improvisar', é mentira. Nenhuma escola pode fazer isso. Eu fui a Berklee, a mais comercial de todas escolas, e disse isso na frente dos diretores”.
HERMETO PASCOAL NO MUNDO DOS SONS Gênio da música brasileira grava pela primeira vez com uma big band O ÁLBUM ESTÁ SENDO PATROCINADO PELO PROGRAMA DE INCENTIVO
MUSICAL DA EMPRESA
NATURA E DEVE CONTAR COM APRESENTAÇÕES NO SEGUNDO
SEMESTRE
PARA
LANÇAMENTO. * Redação
74 / Revista Keyboard Brasil
OFICIALIZAR
SEU
I
dealizado pelo pianista Tiago Gomes, o álbum Hermeto Pascoal e Big Band deve ser lançado em outubro e traz a experiência inédita do músico de 81 anos ao lado de uma big band, com mais de 20 integrantes. “Poucas pessoas se lembram, mas Hermeto fez arranjos para discos de Taiguara e Fagner, além de trilhas sonoras para a televisão.” explica Tiago. Depois de arregimentar uma formação para um concerto com o músico em Campinas, no ano de 2014, visto por quatro mil pessoas, Tiago Gomes teve a certeza de que havia chegado o momento para gravarem em estúdio. As gravações já finalizadas contém apenas temas autorais de Hermeto e previsão de lançamento com shows em outubro. Ao contrário de outras formações de big bands que abrem naipes para quatro instrumentos cada, Hermeto escreveu arranjos para grupos de cinco. Cinco saxes, cinco trompetes, cinco trombones, além de contrabaixo, piano e
bateria. “Uma das coisas que mais marcaram esse projeto foi a direção do Hermeto dentro do estúdio. Ele fez a direção musical do projeto, totalmente inserido no trabalho, com assistência de direção do filho Fábio Pascoal”, faz justiça o pianista Tiago Gomes, idealizador e diretor geral. A regência da big band ficou com o pianista titular de Hermeto, André Marques. O repertório terá temas entre regravações e inéditos para big band, dentre eles Jegue, Pulando a Cerca, Pirâmide, Menina Ilza, O Som do Sol, Viva o Gil Evans, Obrigado Mestre, Brasil Universo, Choro Árabe e De Cuba Lanchando. Muitos dos músicos são jovens mas já experientes e muito talentosos, como o trompetista Rubinho Antunes e os saxofonistas Josué dos Santos e Jota P. Tiago Gomes e André Marques dividem-se ao piano e Fábio Pascoal, filho de Hermeto, responde pela percussão.
Tiras & Tirinhas
Por André Costa
Revista Keyboard Brasil / 75