Revista Keyboard Brasil 2017 número 51

Revista

Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 51 ::

NO BRASIL!

VALENTINA LISITSA

Através da música, beleza que emociona

TIMBRES! TIMBRES! Por dentro das tendências tecnológicas que permeiam a música religiosa

SHURE INCORPORATED ANUNCIA LANÇAMENTO: Edição Limitada do clássico microfone Super 55

MINUTOS DE FAMA: Abriu, navegou, engoliu!

EXPOMUSIC 2017: Em sua 34ª edição, organizadores anunciam o fim de um ciclo

MINIATURAS: O sucesso no estande da Revista Keyboard Brasil

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil

Editorial “Se podemos ter o melhor, não se contente com menos”!

Salve músico e/ou apreciador da boa música! Convido você a aproveitar cada página de nossa edição, porque a música, para nossa equipe, é a inspiração para a vida! Ao trabalhar com máxima dedicação e empenho o universo se encarrega de dar um 'empurrãozinho', por isso conseguimos algo histórico! Somente nossa publicação conseguiu o feito em toda a AMÉRICA DO SUL: matéria e entrevista de capa com Valentina Lisitsa, a pianista eletrizante, como é descrita pelos críticos. Suas interpretações fazem um bem enorme para a alma!

A edição segue com a colaboração de grandes profissionais da música, Zeca Quintanilha traz uma matéria sobre timbres.

Bruno Freitas explana sobre a monitoração de qualidade. Hamilton de Oliveira emiti todo seu conhecimento sobre a arte da expressão e liberdade musical. Luiz Carlos Rigo Uhlik discorre sobre aquele minuto de fama, tanto para o lado bom quanto para o lado lixo. Não poderíamos deixar de falar sobre a Expomusic, tão aguardada anualmente. Nosso estande esse ano foi diariamente visitado por músicos e profissionais da música, além do grande atrativo que foi a belíssima exposição de miniaturas de teclados. A dica técnica de Amyr Cantusio Jr desse mês é com Vangelis, que dispensa apresentações, além da segunda para do Blues Workshop de Jeff Gardner. Tão em alta atualmente é a cura gay, um assunto polêmico

04 / Revista Keyboard Brasil

Heloísa Godoy Fagundes - Publisher

escrito pelo maestro Colarusso.

Essas e outras matérias sempre muito interessantes, você leitor, somente encontrará em nossa publicação.

Excepcionalmente este mês, não teremos a matéria do nosso virtuoso violinista e colaborador da Revista, Sergio Ferraz.

E músico, aproveite! Peça a tabela com valores promocionais para divulgação em nossas publicações através do email contato@keyboard.art.br.

Clique, curta, compartilhe e faça seu comentário, porque: se podemos ter o melhor, não se contente com menos!

Excelente leitura e fique com Deus!!

Espaço do Leitor Que maravilha! Fabio Ribeiro na matéria de capa, e o novo disco da Tomada na Revista Keyboard Brasil. É digital e de graça! Só clicar: Na @revistakeyboardbrasil deste mês, uma matéria bem dentro do cotidiano do #tecladista !!! Com o nosso amigo @alexsachi contribuindo com sua experiência e profissionalismo na gestão e organização como músico.

Baixe o #app da #revistakeyboardbrasil Mateus Schanoski — via Facebook Parabéns Revista Keyboard Brasil zil zil!

Korg Man — via Facebook Muito obrigado Heloísa Godoy e todos na Revista Keyboard Brasil! :D Fabio Ribeiro — via Facebook Felicitaciones Heloísa Godoy!! Todo lo mejor para la nueva edición !!!

Gerardo Solnie — via Facebook Mais uma brilhante edição!

Samuel Quinto Feitosa — via Facebook Já divulguei no Stories do @improvisobrasilofical Essa é a revista!

Colaboração minha para a revista Revista Keyboard: 'Aconteceu' Semana Internacional de Piano. Obrigado pelo convite Heloísa Godoy!

Joca Vidal — Facebook Fabio Ribeiro é referência no rock e em programação de sintetizadores, confira a matéria no link!

Up Grade Tecladista — Facebook Já está no ar mais um artigo que escrevi para Editora Keyboard. Acessem, curtam, compartilhem!! PROFISSÃO: A Música como profissão.

Hamilton de Oliveira — Facebook Olá Galera já está no ar a edição de Setembro da Keyboard Editora Musical onde assino a coluna Gospel! Baixe a revista e veja todo o conteúdo! Valeu!

Evaristo Fernandes — Facebook Confira a matéria com o artista Fabio Ribeiro na 50ª edição da Revista Keyboard edição setembro.

Korg Brasil — Facebook Torço sempre por vocês!

Sônia Maria Rossini — via Facebook

Luciel Rodrigues — Facebook

Revista Keyboard Brasil / 05

Outubro / 2017

Expediente Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical.

Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Capa: Gilbert Francois Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br

Revista Keyboard Brasil nas redes sociais!!

Capa: Gilbert

Francois

Anuncie na Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Colaboradores da Revista Keyboard Brasil: Mateus Schanoski / maestro Osvaldo Colarusso Amyr Cantusio Jr. / Murilo Muraah Luiz Carlos Rigo Uhlik / Daniel Baaran Marina Ribeiro / Zeca Quintanilha / Rafael Sanit Hamilton de Oliveira / Evaristo Fernandes Sergio Ferraz / Bruno de Freitas Antonio Carlos da Fonseca Barbosa As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte.

Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.

06 / Revista Keyboard Brasil

Índice

08 MATÉRIA DE CAPA: Valentina Lisitsa por Heloísa Godoy e Amyr Cantusio Jr.

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ANÁLISE: Não haverá Expomusic em 2018 - Redação

OPINIÃO: Ian Anderson bet of Jethro Tull - por José Eduardo D'Elboux

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28

ESPAÇO GOSPEL: Timbres! - por Zeca Quintanilha

DICA TÉCNICA: 1942, A Conquista do Paraíso - por Amyr Cantusio Jr.

38 PAPO DE TECLADISTA: O Tecladista e Monitoração de Qualidade - por Bruno Freitas

54 ENFOQUE: Arte da Expressão e Liberdade Musical por Hamilton de Oliveira

07 / Revista Keyboard Brasil

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A VISTA DO MEU PONTO:

Minuto de Fama - por Luiz Carlos Uhlik

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34 COMPORTAMENTO: A Cura Gay - por Osvaldo Colarusso

46

ORIENTE-SE: Blues Workshop 2 por Jeff Gardner

52 PERFIL: Gege Rigno por Rafael Sanit

ACONTECEU: RKB na Expomusic 2017 - Redação

56 SOBRE OS SONS:

O Rock e a Cultura pós II Guerra - por Amyr Cantusio Jr.

60 MERCADO: Shure e o super 55 Black Edition - Redação

Matéria de Capa

VALE LIS

Através beleza

VALENTINA PRIMEIRA E DA MÚSICA A PRIMEIRA A CONVERT NA INTERN INTERNACIO NAS PRINCIP EUA, AMÉRI A LOIRA D AZUIS RETO PARA MAIS R E C I TA I S CONCEDE

E X C

Por Heloisa G

08 / Revista Keyboard Brasil

ENTINA P SITSA

s da música, que emociona

LISITSA É NÃO SÓ A ESTRELA “YOUTUBER” A CLÁSSICA, MAS SIM, A ARTISTA CLÁSSICA TER O SEU SUCESSO NET NUMA CARREIRA ONAL DE CONCERTISTA PAIS SALAS DA EUROPA, RICA DO SUL E ÁSIA. DE GRANDES OLHOS ORNA AO CONTINENTE IS UMA TURNÊ DE S SOLO E NOS UMA ENTREVISTA L U S I V A !

Godoy e Amyr Cantusio Jr.

ianista clássica nascida na Ucrânia, Valentina Lisitsa vem de uma família de não-músicos. Iniciou seus estudos

musicais em Kiev, na Escola de Música Lysenko para crianças com especial talento aos 3 anos de idade e, aos 4 anos, fez o seu primeiro recital solo. Ao contrário de muitos prodígios musicais, Valentina não pensava em seguir carreira musical: ela sonhava ser enxadrista profissional.

Com pouco esforço, Valentina passou pelo Conservatório de Kiev, onde conheceu o seu futuro marido, o também pianista, Alexei Kuznetsoff - seu parceiro em vários duetos, que a fez pensar mais seriamente na sua carreira musical.

Imigrou para os Estados Unidos em 1992, onde começou carreira em duo com seu marido. Em 2007, postou seu primeiro video no YouTube, uma gravação do Étude op. 39/6 de Sergei Rachmaninoff, que se tornou um dos primeiros vídeos virais de música erudita. Após isso, muitos outros vídeos foram postados e assim surgiu uma carreira sem paralelo no mundo da música de concerto. Seu canal de YouTube tem hoje mais de 350.000 inscritos e seus vídeos contam com mais de 150 milhões de visualizações com uma média de 75.000 por dia. O Brasil não é uma exceção e os pedidos para que ela se apresente por aqui são incontáveis e vem de todas as regiões.

A relação de Valentina com a América Latina se iniciou em 2009, quando ela passou a ser representada pela Antares Produções, empresa dirigida por Maria Rita Stumpf. Naquele mesmo ano, realizou sua primeira turnê pelo Brasil, apresentando-se em duo com a violinista Hilary Hahn. Tem presença regular em países como Peru, Colômbia e México e, em 2012, lotou o Teatro Colon em recital, recebendo as mais elogiosas críticas da imprensa da Argentina.

Revista Keyboard Brasil / 09

Um espetacular recital no Royal Albert Hall em Londres frente a um público de oito mil pessoas em Junho de 2012 selou definitivamente sua carreira internacional. Os ouvintes tiveram a chance de votar online para escolher o programa do concerto e essa interatividade com o público se tornou uma das marcas de Valentina Lisitsa. A gravadora DECCA contratou a pianista com exclusividade após o seu concerto no Royal Albert Hall, lançando em CD e DVD o seu concerto.

Descrita pelos críticos como “um anjo tocando” ou “pianista eletrizante”, Valentina Lisitsa tem lotado salas de concerto peo mundo, apresentando-se com orquestras como Chicago Symphony, WDR Symphony Orchestra Cologne, Seoul Philharmonic, San F rancisco Sy mphony and Pit t sb urg h Symphony.

A sua última turnê pela América do Sul foi em 2014, quando se apresentou como solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência de Lorin Maazel, em São Paulo e Rio de Janeiro. No próximo mês, Valentina virá ao continente para mais uma turnê de recitais solo.

Desta vez no Brasil e na Argentina. O programa inclui grande êxitos de Valentina, como a Sonata ao Luar de Beethoven, Gaspard de la Nuit de Ravel, Quadros de uma Exposição de Mussorgsky, além de Noturnos de Chopin."

Valentina vive atualmente em Roma, Itália e, sobre a música clássica diz: “Música clássica não é difícil. Não é elitista. É somente sobre nós mesmos”. E tem mais: a cada novo concerto lá está ela no YouTube explicando o que vai fazer, dando uma pequena amostra e divulgando mais sobre os compositores que interpreta...

Já virou rotina - para ela e para seus seguidores.

10 / Revista Keyboard Brasil

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Eu me cons pianista am a minha t individual e do tanto que

– Vale

Foto: Gilbert Francois

AGENDA:

São Paulo – Teatro Alfa Dia: 21/11 às 20:30 Ingressos: https://www.ingressorapido.com.b r/venda/?id=2344#!/tick ets Buenos Aires (Argentina) – Usina del Arte Dia: 25/11 às 20:00 Site: http://www.buenosaires.gob.ar/usin adelarte/valentinalisitsa Porto Alegre – Theatro São Pedro Dia: 27/11 às 20:00 Ingressos: http://www.teatrosaopedro.com.br/ eventos/valentinalisitsa-em-recital-ucreua/ Belo Horizonte – Grande Teatro Ses c Palladium Série “Concertos Virtuosi” Dia: 28/11 às 20:30 Ingressos: https://www.ingressorapido.com.b r/venda/?id=2300#!/tick ets Rio de Janeiro – Sala Cecília Meirel les Dia: 29/11 às 19:00 Ingressos: http://salaceciliameireles.rj.gov.br/?p ortfolio=valentinalisitsa

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sidero uma mericana e técnica é e resultado e eu estudo.

VIRTUOSI PRODUÇÕES – Com andada por Ederson Urias, a Virtuosi situa-se em Belo Horizonte e é uma das principais agências de produç ão cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior. Clique no ícone ao lado para o site www.virtu osi.mus.br

ANTARES PROMOÇÕES – No me rcado desde 1987, sob a direção de Maria Rita Stu mpf, atua na área cultural na América do Sul apr esentando artistas das mais diversas áreas, exe cutando projetos para terceiros ou representando sol istas, cantores líricos, companhias de dança, orques tras. Clique no ícone para o site www.antarespromo coes.com.br

entina Lisitsa Revista Keyboard Brasil / 11

Entrevista Revista Keyboard Brasil – Você foi uma criança prodígio e começou seus estudos aos 3 anos.

Você pode nos falar como foi o seu início?

Quem foi sua primeira professora de piano?

Valentina Lisitsa – Os meus pais tentaram me dar uma educação ampla, então eu fui levada a fazer várias atividades, como aulas de esporte, dança etc. Eu fui um fracasso em todas essas atividades e a única em que eu me destacava era a música. Eu tinha um livrinho musical infantil e com ele aprendi o nome das notas e acordes. A partir disso, fui levada a fazer aulas de piano. Na União Soviética, dizia-se que nem todos poderiam ser pianistas de sucesso, mas era possível ser um bom professor de música e, por isso, os estudantes eram estimulados a ensinar.

Então, a minha primeira professora foi uma estudante de piano adolescente, que deveria ter uns 16 ou 17 anos, e que foi colocada para dar aulas para crianças, como eu por exemplo, que tinha 3 anos.

Revista Keyboard Brasil – A sua técnica é impressionante, mas como você a desenvolveu? Pode-se dizer que é uma mistura de talento com trabalho duro?

Valentina Lisitsa – Muita gente me pergunta se a minha técnica é russa, mas eu não vejo nenhuma relação com a escola russa. Aliás, eu me considero uma pianista americana e a minha técnica é individual e resultado do tanto que eu estudo. Eu sempre tive muita facilidade técnica, mas também estudo 12 a 13 horas por dia, então é uma soma de talento e trabalho duro.

Revista Keyboard Brasil – Além do piano, você também toca cravo, órgão ou sintetizadores?

12 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Sam Jones

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O piano é um instrumento percussivo, então o grande desafio do intérprete é fazer a audiência pensar que o piano pode cantar como a voz humana.

– Valentina Lisitsa Revista Keyboard Brasil / 13

Valentina – Não, já tenho trabalho suficiente com o piano, então nao tenho tanto tempo para me dedicar a outros instrumentos, mesmo que sejam de teclas.

Revista Keyboard Brasil – Você também é compositora? Você já compôs alguma peça?

Valentina Lisitsa – Não, pois como eu disse na pergunta anterior, não me sobra muito tempo além das minhas atividades como pianista.

Revista Keyboard Brasil – O meio erudito é até bastante conservador. O que você tem a dizer sobre isso?

Valentina Lisitsa – Quando eu era estudante, tive problemas com vários professores, porque eu nunca fazia exatamente o que eles pediam, mas sim o que eu queria. Assim, o mais importante para mim é o que eu quero fazer em termos musicais e não a opinião dos outros.

Revista Keyboard Brasil – Você teve um grande sucesso no YouTube, mas você imaginou obter sucesso assim? Como a ideia dos vídeos surgiu? O que você tem a dizer a respeito da importância da tecnologia para a música?

Valentina Lisitsa – Quando eu comecei, o grande sucesso da internet era o MySpace e não o YouTube, e essa ideia dos vídeos veio por acaso. Um grupo de amigos estava fazendo um curso de edição de vídeo e eles me pediram para gravar algo ao piano.

Gravei então o estudo Op 39 No 6 de Rachmaninnoff, mas se você reparar, o vídeo é até bem amador, pois há erros de sincronia entre som e imagem. Eles não eram profissionais, apenas estudantes na época, 14 / Revista Keyboard Brasil

então o vídeo não foi perfeito, mas mesmo assim teve muito sucesso. Com relação à tecnologia, o YouTube foi uma verdadeira revolução, porque antes a música era controlada por gravadoras e, a partir dele, qualquer pessoa pôde gravar um vídeo e construir sua carreira.

Revista Keyboard Brasil – Um dos grandes desafios do pianista profissional é preparar vários programas ao mesmo tempo e você é um grande exemplo disso. Recentemente, você tocou os 4 concertos e a Rapsódia de Paganini em uma só noite em Madrid, em outubro você tocou a integral dos Noturnos de Chopin em Paris e depois fará uma turnê pela África e América Latina com um programa totalmente diferente. Como é a sua preparação mental para isso tudo?

Valentina Lisitsa – Eu tenho memória fotográfica, então isso facilita bastante para aprender e decorar repertório. Além disso, eu estudo pelo menos 12 horas por dia, então eu tenho resistência física para apresentações longas.

Revista Keyboard Brasil – Outro grande desafio são as viagens constantes. Os voos são longos, existe a questão do jetlag e muitos solistas enfrentam distúrbios de sono por causa disso. Como você lida com as viagens? Por exemplo, no dia 18 de Novembro você termina uma turnê na África e entre os dias 21 e 29 de novembro você estará em turnê pela América do Sul. Isso não é muito cansativo para você?

Valentina Lisitsa – Uma das minhas grandes alegrias na vida é tocar em público. Aliás, eu não tenho nenhum medo de palco e o meu problema é o contrário: eu tenho muita

ansiedade antes do concerto, mas é de tanto que eu desejo estar em público. As viagens são sim desgastantes, mesmo não viajando de classe econômica, mas quanto mais eu toco em público, melhor eu fico.

Revista Keyboard Brasil – Que conselhos você poderia dar a estudantes, pianistas, fãs e leitores da Revista Keyboard Brasil?

Valentina Lisitsa – O piano é um instrumento percussivo, então o grande desafio do intérprete é fazer o público pensar que o piano pode cantar como a voz humana.

Como fazer isso? Nós temos que aprender a controlar o tempo entre as notas e também o equilíbrio de som entre as duas mãos (melodia e acompanhamento), porque se você tocar tudo igual, a música morre.

Revista Keyboard Brasil – Agradeçemos sua atenção e lhes desejamos uma ótima turnê.

Valentina Lisitsa – Obrigada e espero vê-los nos concertos.

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas.

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*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

– Valentina Lisitsa Revista Keyboard Brasil / 15

Foto: Gilbert Francois

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Q u a n d o e u e ra e s t u d a n t e, t i v e p ro b l e m a s c o m vários professores, porque eu nunca fazia exatamente o que eles pediam, mas sim o que eu queria.

Foto: Ronaldo Lopes Teixeira

Análise

Expomusic: maior feira de música da América Latina e existente há 34 anos.

16 / Revista Keyboard Brasil

* Não haverá

Expomusic em 2018 A OFICIALIZAÇÃO DO CANCELAMENTO DURANTE EXPOMUSIC

A

REALIZAÇÃO FOI

TIDA

DA

COMO

DESRESPEITOSA PELOS EXPOSITORES

O

s rumores plantados desde o início da Expomusic 2017 foram oficializados através de um comunicado oficial expe-

dido pela Abemúsica, associação responsável pela feira: não haverá Expomusic em 2018. A informação não causou comoção setorial como era esperado pela entidade, pelo contrário. A maior parte dos expositores que a Música & Mercado conversou mostraram-se insatisfeitos pela comunicação do cancelamento da feira em 2018 durante o período da Expomusic. “Não era o momento para jogar o mercado para baixo”, explicou um expositor.

Empresas como Yamaha, Harman e Equipo optaram por outros eventos e ações fora da Expomusic. Outra grande parte das empresas que não expuseram na Expomusic dividiram seus investimento em ações diretas nos Estados, parte voltada a criação de demanda, parte em ações comerciais. Em 2017, mais de quatro eventos paralelos foram realizados junto com a Expomusic, em anos anteriores este número chegou a nove eventos.

Revista Keyboard Brasil / 17

Foto: Divulgação

Recentemente um estudo encomendado pela Abemúsica e Francal para analisar a feira mostrou que, para os lojistas, a Expomusic está sendo derrotada para eventos mais intimistas; para o consumidor a Expomusic precisa de uma grande repaginada na comunicação.

Nestes dias de feira, um ator com fantasia de Batman foi visto interagindo com o público, ainda assim não foi o suficiente para recuperar ou comunicar melhor a jovialidade da exposição. Para um famoso empresário do setor que solicitou anonimato: “A organização está envelhecida e não tem credibilidade, o maior interesse virou a bilheteria. Este é o problema e é uma pena”.

Posto as colocações citadas no ofício da Abemúsica, some a reforma do Anhembi. Os custos da locação de outros centros de convenções se tornariam inviáveis para o momento de crise que passa a organização. Relevante mencionar que a mudança do Expo Center Norte para o Centro de Convenções do Anhembi possibilitou à organização da Expomusic a diminuição do preço do metro quadrado para facilitar a compra de espaço de exposição. Esta ação deu a sobrevida nestes dois últimos anos de Expomusic.

Insatisfeitos pela comunicação do cancelamento da feira em 2018 durante o período da Expomusic, muitos expositores desabafaram: “Não era o momento para jogar o mercado para baixo”.

18 / Revista Keyboard Brasil

Vendas na na feira Feiras regionais 1. Vendas feira 2. Feiras regionaisAbemúsica Abemúsica Há tempos, a venda para consumiNa luta para sair do atoleiro, o dores finais é ponto de discussão entre conselho de administração da Abemúsica fornecedores e lojistas na Expomusic. No estipulou outras seguintes mudanças cenário internacional, é comum observar para o próximo ano: “realizaremos (…) duas a s e m p r e s a s m e n o r e s , e m g e r a l feiras regionais e encontros de negócios, em fornecedores de acessóformatos bem distintos da rios, vendendo. No O mercado (…) tem feira principal, em cidades Brasil, a edição 2017 da apresentado seguidos que informaremos em Expomusic teve autorimovimentos de queda breve”. A informação zada pela Abemúsica a nos últimos 5 anos, causou alvoroço entre venda para consumiimpactando negativa- os produtores de evendores finais no final de mente na vida de tos regionais, muitos semana. A demanda conectados às indúsquase todas as emvem sendo solicitada trias e importadoras. presas do setor. (…) pelos consumidores Lojistas também temem A Expomusic já vem finais há anos e é uma que a Abemúsica traga sendo realizada nos forma de aumentar e mais venda direta aos últimos 5 anos em garantir o interesse do consumidores finais, c o n d i ç õ e s m u i t o consumidor final para como está ocorrendo na a d v e r s a s ( … ) arrecadação de bilheteExpomusic, através das ria. Para o expositor é – comunicado da Abemúsica feiras regionais que a uma forma ativa para entidade pretende faestudar o comportamento de compra. zer.

Por outro lado, de acordo com comunicado da Abemúsica: “O mercado 3.

Acertos Acertos (…) tem apresentado seguidos movimentos de Como mencionado aqui, a prograqueda nos últimos 5 anos, impactando mação da Expomusic se aprimorou nos negativamente na vida de quase todas as últimos dois anos. Eventos como o empresas do setor. (…) A Expomusic já vem Expomusic Talks, Rock Lounge, Musicasendo realizada nos últimos 5 anos em lização Infantil, The Rock Club, as progracondições muito adversas (…) mas o mercado mações para o público jovem chamaram demandador dos produtos (…) não reage atenção. Para os lojistas, a Rodada de positivamente através de compras em volumes Negócios e o controle do volume da feira necessários”, dizem trechos do comunica- foram pontos positivos. do. A venda de produtos na Expomusic é um ponto sensível e questionado pelos E 4.seE se a Expomusic acabar? a Expomusic acabar? comerciantes que frequentam a Não deve acabar, mas se reinvenExpomusic. tar. Música & Mercado acredita que novos

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Revista Keyboard Brasil / 19

formatos de eventos, mais conectados com consumidores e propícios para negócios serão criados com ou sem a marca Expomusic. Deve-se considerar ainda o remanejamento da própria Abemúsica, entidade sócia da Francal, empresa produtora da Expomusic. Apenas como um exemplo, a feira Musikmesse, na Alemanha, renovou todo o seu quadro diretivo após sucessivas derrotas. Assim como o País, a crise institucional deve ser contida para o equilíbrio setorial. É a hora de pensar grande. A racionalidade, pragmatismo e análise profissional do mercado deve estar à frente das bandeiras de entidades ou pessoas. Está em jogo o mercado da música, isto é maior que qualquer discussão.

Por fim, disseram que a Expomusic retornará em 2019, ainda no 1º semestre, se não mudarem as cabeças, provavelmente dirão que este cancelamento da feira é apenas um adiamento como forma de repensar e criar um evento melhor, pelas mesmas pessoas.

*FONTE: Música & Mercado é uma publicação digital para quem faz negócios com equipamentos de áudio, luz e instrumentos musicais.

20 / Revista Keyboard Brasil

Opinião

Ian Anderson Best of Jethro Tull COM A TURNÊ MUNDIAL THE BEST OF JETHRO TULL BY IAN ANDERSON PASSANDO PELO BRASIL, ARGENTINA E URUGUAI, A BANDA APRESENTA SEU LEGADO, ROCK,

QUE FOLK,

MESCLA JAZZ

E

MÚSICA DE INSPIRAÇÃO CLÁSSICA. * Por J.Eduardo D'Elboux

22 / Revista Keyboard Brasil

O

show de 10 de outubro passado, na cidade de São Paulo, mostrou um senhor de 70 anos ainda com pleno domínio do palco,

detonando na flauta, com um repertório muito bem escolhido (incluindo clássicos da década de 70 que há tempos não constavam do set list, como "Songs from the Wood" e "Heavy Horses"), além das que nunca saíram do repertório dos shows, como "Aqualung", "Living in the Past", "Locomotive Breath","Bourée" e "Too Old to Rock'n'n'Roll, too Yound to Die" Ian, já há alguns anos, tem preferido se apresentar com a banda com seu nome ao invés de Jethro Tull mas, na prática, as duas coisas se confundem.

A banda aliás, muito boa também, com Florian Opahle (guitarra, que já tocou com outros progressivos como Greg Lake e Rick Wakeman e está com Ian Anderson desde a saída de Martin Barre), Sco Hammond (bateria), John O'hara (teclados) e David Goodier (baixo). Os andamentos, como parece ser uma tendência já vista em shows recentes dos medalhões prog (como Yes e Asia), estão um pouco mais lentos, primando mais pela clareza e precisão do que por um punch mais entusiástico.

O único senão é a voz de Ian Anderson, que realmente sente muito o peso dos anos... Pena, pois mereceria um segundo vocal principal para compensar essa falta, principalmente nos agudos que já não consegue atingir - como Ian adotou na turnê anterior "Thick as a Brick 2", com Ryan O'Donnel nos vocais adicionais.

Mas essa apresentação histórica, que merece o título

Best of, trouxe a marca do ótimo Prog, velho

demais para o Rock'n'Roll, mas muito jovem para

* J. Eduardo D'Elboux é engenheiro automobilístico e tecladista de rock progressivo, cujas tendências retomam a estética dos progressivos clássicos da década de 70. Fundador da banda progressiva TAU CETI, também foi tecladista do grupo Moonshadow. D'Elboux não é músico profissional mas a música é sua principal vocação.

Revista Keyboard Brasil / 23

Foto: Marc Millman

morrer!!

Espaço Gospel

Timbres , timbres e

TIMBRES...

POR DENTRO DAS TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS QUE PERMEIAM A MÚSICA RELIGIOSA * Por Zeca Quintanilha

24 / Revista Keyboard Brasil

F

ala galera! Estou muito feliz de estar com vocês neste espaço, o qual se aproxima

de uma vertente musical que muito cresceu nos últimos anos. A

música gospel não é apenas um mercado, mas um espaço de aprendizagem musical, tendências e identidade. Falar da música no âmbito gospel, feita por nós, tecladistas em especial, traz uma gama de possibilidades, pois as inovações tecnológicas parecem nos permear com muita intensidade.

Óbvio que atualmente, guitarristas, baixistas ou demais instrumentistas lançam mão de recursos tecnológicos, mas parece que a galera das teclas precisa criar uma relação muito intensa com as tendências tecnológicas. Nos últimos anos a quantidade de produtos voltados para nós tecladistas estão invadindo nossas práticas musicais, e a cada dia que passa são mais presentes.

Desde teclados de fabricantes muito conhecidos como Yamaha, Roland, Korg, os famosos Nords a softwares delineados para o espaço do estúdio, palcos e dentro das igrejas. Estamos aderindo a computadores, notebooks, iPads, interfaces de áudio em nossos setups. A quantidade “que até parece infinita” de plug-ins, VSTis e efeitos (sejam eles virtuais ou analógicos). E agora recente-

mente um novo produto que tem entrado no mercado, os chamados “Continuous” que são amostras de áudios com pads, texturas de guitarras, reverses que podem ser disparadas de um celular. E, como se não bastassem tantas possibilidades, hoje nós tecladistas ainda podemos ter a responsabilidade de gravar, programar, clicar a banda e disparar os BGs, aqueles “playbacks” com parte dos timbres que são impossíveis de executar ao vivo no momento da performance por causa da quantidade de instrumentos necessários. Há sites especializados neste tipo de produto, onde você pode ter acesso às masters originais de diversos artistas do meio gospel nacional e internacional.

Pois bem, dentro disso tudo ainda precisamos tocar teclado (risos). Nossa função como tecladista que só usava aquele som de piano (aquele timbre 01 que quando você liga seu teclado é o som que vem), mudou. Essa mudança não abre mão do tocar bem, mas temos novas ferramentas onde o gosto musical se estende das melodias e acordes para a escolha de timbres. Não se engane, tudo isto é cultural, pois timbres que você hoje ama, amanhã pode te causar desânimo, mas se a cultura se move, os timbres que são escolhidos culturalmente também são.

Atualmente uso instruRevista Keyboard Brasil / 25

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Estamos entrando em um ciclo onde o virtual e o analógico conviverão juntos.

– Zeca Quintanilha

mentos virtuais em 99% dos meus trabalhos de produção musical e performance, mas não deixo de ter meu teclado workstation. Não se trata de vantagens ou desvantagens, mas a escolha dos recursos que melhor se adequam à sua necessidade. Portanto em

nossa coluna, você ficará por dentro destas tendências tecnológicas que permeiam nossa música dentro das igrejas. Essa discussão entre o virtual e o analógico, onde as pessoas tentam substituir um pelo outro constantemente, mas que intuitivamente, me faz acreditar que estamos entrando em um ciclo onde essas correntes conviverão juntas.

Imagine, você usar o seu teclado e ser capaz de filtrar o timbre dele em tempo real, processando com plug-ins virtuais de reverbs, delays e shimmers.

Ou ainda usar o seu VSTi “aquecido” por compressores analógicos ou hardwares de delays!!! E com seu celular você disparar Bgs, Continous Pads, texturas de guitarras. Esses são os tecladistas que

estão dentro das igrejas. Mesmo que você ainda não faça isto com seu equipamento, parece que é o que a galera está buscando.

A quantidade de pessoas que quer melhorar os “timbres” aumenta a cada dia e vejo isso em minhas próprias redes sociais, nas mensagens e e-mails que eu recebo.

Então para você que quer dicas, saber como os timbres estão se organizando nos arranjos, as tendências de síntese sonora e como a música gospel tem se apropriado desse universo das teclas, essa coluna pode ser uma boa. Como você organiza seu setup? Gostaria de modificar seus timbres? Tem dúvidas a esse respeito? Mande um e-mail para mim e fique de olho nas próximas colunas porque espero com todo o meu coração somar no conhecimento da galera e ao mesmo tempo trazer a tona essa grande responsabilidade que paira sobre nossos ombros, unir a prática do “tocar bem” com esse gigantesco universo tecnológico dos timbres para os tecladistas.

Um abraço e até a próxima.

* Zeca Quintanilha é tecladista, produtor, diretor musical, professor e escritor atuante no cenário gospel há 18 anos. Mestre em Música pela UFRJ e Licenciado na área de Educação Musical pela mesma universidade, desenvolve projetos de workshops e seminários para músicos voltados para área do acompanhamento e papel ministerial, além de escrever livros voltados para o crescimento e amadurecimento ministerial de grupos de louvores. Colaborador da Revista Keyboard Brasil, Zeca é atualmente endorsee In EarsFirstAudio e Mogami Cables.

26 / Revista Keyboard Brasil

Dica Técnica

1 4 9 2 VANGELIS EM

A Conquista do Paraíso

ESTE MÊS, A DICA TÉCNICA É SOBRE UMA DAS INÚMERAS MÚSICAS DO GRANDE COMPOSITOR VANGELIS. TEMA DO FILME HOMÔNIMO, POSSUI UM SOM CARACTERÍSTICO: ÉPICO, CADENCIADO, UMA TÍPICA MARCHA MEDIEVAL! * Por Amyr Cantusio Jr.

N

ão tem como falar da música de Vangelis sem comentar um pouco sobre esse grande músico das

teclas. Nascido em Vólos, na Grécia Vangelis ( E va n g e l o s O d y s s e a s Papathanassiou) começou a compor desde os quatro anos de idade, tornandose um grande autodidata da música. O músico recusou as tradicionais aulas de piano e, de início, não tinha muito conhecimento para ler ou escrever partituras. Estudou música clássica, pintura e direção na Academia de Artes em Atenas.

Consagrado e com uma carreira de mais de 40 anos, Vangelis tem a sua assinatura no firmamento das estrelas da música clássica progressiva, eletrônica e melódica, imbuída de uma tônica mainstream.

1492 – A Conquista do Paraí28 / Revista Keyboard Brasil

so foi composta em 1992 para um dos mais belos filmes da descoberta da América por Cristóvão Colombo. Dirigido por Ridley Scott e lançado em 1992, com Gerad Depardièu fazendo o papel do italiano (Colombo) conquistador e amante da princesa Isabel.

Vangelis cria muito bem estas atmosferas simples, mas marcantes.

Gravado em estúdios franceses, além do músico grego nos teclados e sintetizadores temos o Coral de Câmara Inglês regido pelo maestro Guy Protheroe.

Partitura original em Dm. Não se assuste com a partitura inicial da mão esquerda que está “oitavada”(polegar e mindinho) onde é segurada a base pesada constante desta música.

1492 – Conquista do Paraíso Vangelis T r a n s c r i ç ã o : Marcelo D. Fagundes

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

Revista Keyboard Brasil / 29

A vista do meu ponto

Minuto de fama OS MINUTOS DE FAMA SÃO UMA REALIDADE E ESTÃO FORA DE CONTROLE: ABRIU, NAVEGOU, ENGOLIU... * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

30 / Revista Keyboard Brasil

ntes da virada do milênio escutei um cidadão comentando que nos próximos anos as pessoas teriam o seu

A

minuto de fama em função da proliferação da arma mais letal para o conhecimento: a Internet. Na época não tive a percepção para esta assertiva.

Hoje, com a tecnologia nas mãos de todos, a fama e os minutos de fama são uma realidade. Nos deparamos com astros, com as nossas referências artísticas, comentando, atuando, inebriando os nossos sonhos, como se estivessem ao nosso lado; tudo “live”! Mas, também, nos deparamos com os "astros", que com suas mazelas artísticas, entopem o bueiro da ignorância.

Hoje, na grande maioria das postagens em redes sociais, vemos os mais diversificados "astros" expondo toda a sua incompetência artística e competência fecal!

O mais interessante é perceber que o nosso público, aquele que envolve os nossos amigos, os nossos queridos amigos,

são os que mais proliferam este tipo de praga.

A conclusão que chegamos, na assertiva do cidadão do milênio passado, é que tudo vai se transformar em "minuto de fama"!

Todo mundo, bons artistas, astros do passado, gente famosa, gente estúpida, ignorantes, incompetentes, frustrados, vão fazer parte da nossa rotina de "astros" a serem apreciados. E não adianta você dizer que gosta ou não gosta disso.

As redes sociais fazem você "engolir" toda esta maluquice de coisas boas e coisas Revista Keyboard Brasil / 31

muito ruins sem que você tenha controle sobre isso: abriu, navegou, engoliu...

E, o pior: as muito ruins ganham em quantidade, qualidade, imbecilidade, destrutibilidade... um arroto da incompetência que implantamos no meio artístico e cultural!

A culpa é de quem? Eu, particularmente, já dei a resposta em boa parte das matérias que prolifero por todos os cantos: nós mesmos.

O mercado, como um todo, gera negócios maravilhosos em todos os setores. Os mais promissores, geram cifras impressionantes; os mais boçais, também.

Veja que a música perde para o mercado da pornografia em números e valores alarmantes. Veja que a música perde para o mercado das drogas em números e valores alarmantes. Veja que a música perde para o mercado da ignorância em números e valores alarmantes....

Quem vai parar esta sangria? Vou responder, claramente: NINGUÉM! Estamos acomodados na “Glamourização da Ignorância” e nos sentimos confortáveis com esta situação. Essa é que é a verdade, a mais pura verdade!

Pior: todo mundo quer o seu “minuto de fama”, custe o que custar...

Entendeu, ou quer que desenhe?

Avante, com o retrocesso artístico, cultural, moral, MOBRAL! *Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

32 / Revista Keyboard Brasil

Comportamento Pierre Bernac e Francis Poulenc

A “CURA GAY”, CERTAMENTE DISPENSADA POR DOIS GRANDES C O M P O S I T O R E S 34 / Revista Keyboard Brasil

Dois casais: Rainha Elizabeth junto a Benjamin Britten e o príncipe Philip junto a Peter Pears.

NUM MOMENTO EM QUE SE VOLTA À QUESTÃO DE TRATAR A HOMOSSEXUALIDADE COMO DOENÇA É UM BÁLSAMO SABERMOS E LEMBRARMOS DE DOIS COMPOSITORES GAYS QUE NUNCA TERIAM TIDO NECESSIDADE DE SE SENTAR NUM DIVÃ DE UM ANALISTA BUSCANDO UMA SUPOSTA “CURA”. ** Por Maestro Osvaldo Colarusso

S

e muitos compositores foram atormentados pela sua (homo) sexualidade, como Tchaikovsky e

Szymanovsky, ou que a sublimavam e a camuflavam como Manuel de Falla e Ravel, duas histórias de romance entre homens músicos foram duradouras e deixaram um legado artístico excepcional.

Num momento em que se volta à questão de tratar a homossexualidade como doença é um bálsamo sabermos e lembrarmos de dois compositores gays que nunca teriam tido necessidade de se

sentar num divã de um analista buscando uma suposta “cura”, pois foram absolutamente tranquilos com suas vidas afetivas. Para aqueles que pensam que relações gays são sinônimo de tragédia, duas histórias sem tragédias.

Peter Pears e Benjamin Britten O mais importante compositor inglês do século XX. Benjamin Britten (1913-1976) conheceu o tenor Peter Pears (1910-1986) em 1937. Por 39 anos sua estreita convivência e seu relacionaRevista Keyboard Brasil / 35

mento amoroso resultou em dezenas de óperas compostas por Britten tendo em mente a voz de seu companheiro (inclusive Peter Grimes, Billy Bud, e Curlew River), e o mesmo se deu em diversas obras pensadas para voz de tenor e orquestra (Serenata para tenor, trompa e cordas e Nocturne para tenor, sete instrumentos solo e cordas). O amor e companheirismo dos dois foi admirado e respeitado simplesmente pela maneira tranquila como assumiram sua relação, mesmo num período em que as leis inglesas criminalizavam as relações entre pessoas do mesmo sexo. A Rainha Elizabeth e seu esposo, o Príncipe Philip, sempre foram amigos dos dois, e quando da coroação da monarca em 1953 o convite foi feito aos dois da mesma forma como para todos os outros casais.

Pierre Bernac e Francis Poulenc Ao contrário de Britten, que teve somente um companheiro na sua vida,

Francis Poulenc (1899-1963), um dos mais importantes compositores franceses do século XX, teve diversos companheiros, normalmente relacionamentos apaixonados e que nunca foram segredo para ninguém. O primeiro deles foi com o pintor Richard Chanlaire (1896 – 1973).

Seu próximo companheiro foi o escritor Raymonde Linossier (1897-1930) morreu de forma trágica quando viviam um feliz romance. Apesar de Poulenc ter tido diversos relacionamentos (inclusive com seu motorista particular, Raymond Destouches, a quem dedicou algumas de suas obras mais importantes) sua paixão pelo barítono Pierre Bernac (1899-1979) resultará em uma realização musical excepcional. Acredita-se inclusive que a relação dos dois, que de comum acordo transformou-se numa íntima amizade, foi sublimada em incontáveis obras primas vocais. Excursionaram pelo mundo todo em recitais de canto e piano. Poulenc, que a partir de 1930, nunca escondeu sua preferência por homens, viveu intensamente seus relacionamentos. Longe de colocar nele a pecha de infeliz.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.

36 / Revista Keyboard Brasil

Papo de tecladista

O TECLADISTA E A MONITORAÇÃO DE QUALIDADE VAMOS FALAR SOBRE O SOM? COMO DEVEMOS TRATÁ-LO? SAIBA QUE O SOM DEVE ESTAR SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR EM NOSSO UNIVERSO MUSICAL.

* Por Bruno de Freitas

38 / Revista Keyboard Brasil

uito se fala em timbre, puch, pegada, qualidade do som, camadas dos timbres, microfonação, samples e sampler, VST's, super teclados, super sintetizadores, bons timbres de piano.

Mas você já notou, meu amigo tecladista, que nós acabamos esquecendo do que estamos ouvindo, diretamente? Já notou que por vezes, um cubo no chão basta para avaliarmos um teclado, um synth ou um piano digital? Não, não é justo. É preciso qualidade verdadeira, ou seja, para que bons timbres soem de verdade, é necessário boas referências para nossos ouvidos, e de forma correta. De nada adianta nos preocuparmos em programar bem um teclado, se não estamos ouvindo adequadamente, e pior, avaliando de forma errada. É imprescindível também, sempre considerarmos como este timbre está vindo até os nossos ouvidos, ou melhor, até os nossos dois ouvidos.

Já percebeu que temos dois ouvidos certo? Então, não é por acaso...

Noção de profundidade, distância, lateralidade, percepção detalhada de um som é feita pelo par, e não apenas por um ouvido. Os dois se completam e passam as informações percebidas para o cérebro.

Os tímpanos vibram conforme o som escutado e em seguida toda a informação é interpretada pelo sistema nervoso central. Identificação, comparação, análise, síntese, diferenciação, representação mental, raciocínio hipotético entre muitas outras operações mentais ocorrem

M

quando estamos ouvindo o que estamos tocando, ou apenas apreciando.

Convido a você, caro leitor, a dar uma passada na edição do mês de março/17, pág 64, da nossa saudosa Revista Keyboard Brasil, na belíssima e super interessante matéria “Ouvir Música faz o Cérebro Inteiro se Iluminar” – por Heloísa Godoy Fagundes.

Por isso, não é a toa que nossos equipamentos – todos – TV, rádio, nossos teclados desde os mais simples aos modelos top de linha, tem pelo menos duas saídas, as famosas STEREO. Mas por que é tão importante nós tecladistas considerarmos e passarmos a aceitar, daqui pra frente um som STEREO. Simples, porque nossos equipamentos já vem com seus timbres, ritmos, estilos, pianos em stereo. Mas vamos entender rapidamente porque devemos ouvir o nosso som em duas vias. (...) o som estéreo é um (...) tipo de reprodução sonora baseada no fato de que temos dois ouvidos, portanto temos uma audição estereofônica, que nos permite saber se um som vem da esquerda ou da direita e de qual distância provém.

Portanto, um aparelho de som estereofônico procura reproduzir a posição em que os instrumentos musicais e os cantores estavam no momento da gravação de áudio, sendo muito mais prazerosa que a reprodução monoaural, que provém de um único canal.

Quando um som que está posicionado ao centro dos microfones é gravado, esse som terá o mesmo sinal em ambos os canais durante a reprodução e é escutado um som central (designado de "fantasma" no Brasil). Ou seja, Revista Keyboard Brasil / 39

Não é a toa que tudo muda, quando posicionamos corretamente pelo menos duas caixas de som ou dois monitores de áudio logo atrás do nosso teclado, com os falantes de frente para o tecladista, é claro.

O som se clareia, os timbres ganham definição e significado, ao contrário de plugarmos na saída L+R um cabo p10 e ir direto para um cubo ou caixa qualquer no chão. Não nos enganemos!

Veja abaixo uma dica incrível sobre a posição correta de monitoração stereo:

Imagem de “Owner's Manual – Yamaha HS Series” https://br.yamaha.com/files/download/other_assets/8/793648/hs8i_pt_om_a0.pdf

40 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Pedro de Freitas Jr.

o som parece vir de um ponto médio entre as caixas acústicas.

No entanto, quando o som está mais próximo de um microfone do que do segundo, durante a reprodução esse som terá mais volume no altofalante correspondente. (...) – fonte Wikipedia.

Aproveito também para oferecer uma ótima dica de leitura sobre o assunto “grudado” ao nosso, de hoje, na edição nº43 de fevereiro/17, pág 56 “Batidas ou Sons Binaurais”.

Ao posicionar as caixas, é simples quando pensarmos em um triângulo equilátero. A distância entre as duas caixas deve ser igual a distância entre você e um dos falantes. Dentro da ciência eletroacústica, é bom sabermos que em uma produção musical estereofônica, dois alto falantes trabalhando independentemente criam uma qualidade sonora superior do que todos os sons acumulados em um único falante. Vale lembrar que este sistema é comumente chamado de 2.0 (duas vias).

Melhor ainda, se o músico disponibilizar de um subwoofer interligado do sistema, este último chamado de sistema Stereo 2.1.

Sabemos que em palco, no baile, na noite nem sempre o tecladista dispõe de um sistema stereo, mas dentro do investimento material do tecladista, é importante colocar seu sistema de monitoração de duas vias para seu trabalho se tornar com maior qualidade e prazer na execução. Naturalmente, um bom fone de ouvido, ou sistema In Ear cobre a necessidade de um som mais completo.

Bom, esse assunto é muito vasto, e teríamos páginas e páginas para tratarmos da física do som, da acústica e da nossa percepção, mas nesta edição ficamos por aqui, considerando que a nossa matéria prima – o som, deve sim ser tratado e por nós como uma joia preciosa, estudado, e estar sempre em primeiro lugar no nosso universo musical.

* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

Revista Keyboard Brasil / 41

Oriente-se

B L U E S WORKSHOP 2

2 ESTILOS DIFERENTES PARA A MÃO ESQUERDA: JIMMY YANCEY E BLUES ROCK Editado pelas Edições Irmãos Vi t a l e o l i v r o Blues Workshop está disponível no site do autor e nas melhores lojas de música.

CONTINUAMOS NOSSA MATÉRIA SOBRE BLUES WORKSHOP. ESSE MÊS COM O PIANO BLUES DE JIMMY YANCEY *Por Jeff Gardner

42 / Revista Keyboard Brasil

O

piano blues tem uma histó-

ria longa, rica em artistas que definiram estilos pessoais. Um dos mais originais e influentes foi Jimmy Yancey - um pianista que surgiu no bairro do “South Side” em Chicago. Jimmy praticava um piano blues sutil, com poucas notas, muito suingue e uma independência incrível das duas mãos.

Muitas das linhas de baixo que ele inventou foram aproveitados por outros artistas de Blues e também por músicos de Rock e R&B. Devido aos altos e baixos da “Music Biz”, Jimmy se afastou da música durante vários anos, sendo redescoberto já perto do final da vida (lembrando

Cartola!) limpando o gramado do estádio de beisebol em Chicago. O disco da volta “Chicago Piano”, é um grande clássico, que traz solos do Jimmy e duos com sua esposa, Mama Yancey. Aqui vai uma mão esquerda do Jimmy bem típica alternando dois ritmos - variações do desenho básico de semínima pontuada semínima pontuada - semínima. Treine bem devagar e com metrônomo esta mão esquerda sozinha antes de tentar colocar a direita. Novamente - são poucas notas mas o ritmo não é fácil! Escute os pianistas e baixistas do Rock'n Roll com atenção e lá estão os baixos sincopados do grande Jimmy Yancey! (Segue partitura abaixo).

Revista Keyboard Brasil / 43

Por falar em Rock'n Roll, muitos baixos de blues podem ser transformados em baixos de Rock, com uma mudança rítmica - em vez do ritmo colcheia pontuada - semicolcheia toque todas as notas como colcheias iguais. As primeiras bandas e artistas de Rock tocavam principalmente formas básicas de Blues.

Aqui segue uma linha de baixo em estilo

de Rock, com um acompanhamento na mão direita. Cada acorde de sétima é precedido por duas tríades maiores que funcionam como aproximação harmônica - por exemplo, Eb tríade maior, Bb tríade maior e F7 (sem fundamental na mão direita).

Segue a partitura.

Até a próxima Revista Keyboard Brasil!! * Jeff Gardner é pianista, compositor, educador, com 18 CDs gravados e escritor de diversos livros nascido em Nova York e radicado no Brasil desde 2002. Suas influências passam pelo clássico, jazz e, principalmente, pela música brasileira. Estudou com nomes lendários do universo jazzístico, entre eles, John Lewis, Don Friedman, Jaki Byard e Charlie Banacos e tomou aulas de harmonia com Nadia Boulanger. Jeff foi professor na New York University e ministra workshops e masterclass em muitos países. Jeff Gardner é o mais novo ilustre colaborador a entrar para o time da Revista Keyboard Brasil.

Contato para shows e workshops: jeffgardnerjazz@gmail.com 44 / Revista Keyboard Brasil

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Aconteceu

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REVISTA Keyboard B R A S I L na Expomusic 2017 Revista Keyboard Brasil conquista visitantes com miniaturas de teclados, batidas binaurais e anuncia projetos para o ano de 2018 * Redação

m ano de muito trabalho e projetos a caminho fez da 34ª Expomusic uma feira m ais do que especial. Visitas ilustres, uma exposição de teclados em miniatura e a um pouco sobre as batidas binaurais foram os destaques da edição que soubemos, poderá ser a última de grande porte do mercado musical do Brasil.

Miniaturas de alguns dos grandes teclados e pianos que marcaram o rock progressivo dos anos 70 e 80 estiveram em exposição no estande da Revista Keyboard Brasil na Expomusic. As peças, feitas de forma artesanal pelo artista

U

e designer Ronaldo Lopes Teixeira, chamaram a atenção dos visitantes da feira. As pequenas obras de arte fazem parte da coleção pessoal do artista.

“Tomamos conhecimento da coleção do artista uma semana antes do evento. E, por fotos, vimos a grandiosidade de suas obras e seus detalhes. Tão incríveis e únicas. Acredito que não exista nada parecido no mundo todo”, conclui Heloísa Godoy, editora da Revista Keyboard Brasil.

Ronaldo é um apaixonado por instrumentos de teclas vintage, formado em Publicidade no Liceu Coração de Jesus, de São Paulo.

Revista Keyboard Brasil / 47

Ao lado: As miniaturas, feitas de forma artesanal pelo artista e designer Ronaldo Lopes Teixeira, chamaram a atenção dos visitantes da feira.

Trabalha há 16 anos como videografista na TV Bandeirantes fazendo animações e computação gráfica para programação da TV e, como hoby, há pouco tempo passou a criar miniaturas de teclados.

“Sobre a música em minha vida, eu toco teclado sem nunca ter aprendido porque sempre fui fissurado por teclas desde pequeno. Meu primeiro tecladinho foi um CASIO, comprado em 1982.

Como músico, participei a única vez de uma banda cover do GENESIS de 2014 a 2016 ( https://www.youtube.com/watch ?v=nNbfioYvx_g ). Talvez por isso a ideia das miniaturas ter surgido em minha mente. Comecei a fazer miniaturas dos teclados em março deste ano. Como sempre gostei de fazer maquetes (adoro arquitetura também), fiz de casas, naves de Starwars e certa vez, observei uma montagem que fiz de músicos do rock progressivo inseridos em pinturas renascentistas, mais propriamente a dos tecladistas (segue link https://www.facebook.com/photo. php?fbid=10212756470732797& set=t.1418261748&type=3&thea ter ) onde, no lugar da figura central eu coloquei Rick Wakeman segurando a miniatura de um mini moog, teclado que ele usou em muitos de seus álbuns e que 48 / Revista Keyboard Brasil

deixou uma marca em sua carreira. Observando isso, me deu uma luz 'vou tentar fazer teclados em miniatura' pensei. E, foi assim.

Comecei fazendo o set up dele que está na foto interna do seu primeiro álbum 'The Six Wives of Henry VIII'. Mas, achei que ia ficar por aí e parar, contudo não resisti a tentação de continuar. Assim, fiz 43 unidades sendo alguns em duplicatas.” Explica Ronaldo Lopes Teixeira, que complementa: “Eu agradeço a gentileza da Heloísa e do Marcelo. Foi uma experiência legal para mim.

Agradeço o interesse em fazer a matéria e os elogios, vocês são imensamente simpáticos. Muito obrigado!”

Durante os cinco dias, muitos músicos prestigiaram o estande. Também estiveram presentes alguns colunistas e amigos leitores da publicação.

E, para alguns deles, Heloísa contou as novidades para o ano de 2018. “O ano de 2018 será de uma nova etapa para a nossa publicação que completará por esses meses, 5 anos de atividades. Teremos o 1º Prêmio Keyboard Brasil, através da Consultoria Cultural, das sócias Solange Bighetti e Anna Ferguson. E isso é apenas o começo. Muitas novidades estão por vir”.

O músico de Porto Alegre Thiago Pospichil que, em parceria com o baterista Ébano Santos, criou o duo instrumental “GranDense”, deixou suas impressões ao visitar o estande ao lado sua esposa: “Nesta edição de 2017, tive minha quarta participação na Feira ExpoMusic, desta vez tocando pela Santo Angelo, marca da qual sou endorsse e que este ano lançou sua linha de cabos com aroma de chocolate, trazendo uma temática "Fantástica fábrica de chocolate" para o seu stand. Em todas as vezes que estive no evento, além de tocar, sempre gostei de encontrar os amigos, conhecer novas pessoas, novas marcas e buscar oportunidades para mostrar meu trabalho.

Através das minhas visitas à feira, pude conhecer a Revista Keyboard Brasil, e como tecladista, este é um espaço de que sempre gostei muito e visitei em todas as edições desde então. O trabalho da Revista Keyboard Brasil é realmente muito importante e cria um ambiente de valorização e destaque para o instrumento teclado e nós, tecladistas. Através deste veículo, pude conhecer muitos colegas de profissão, novos trabalhos, fazer contatos, colaborar com algumas matérias e também tive a honra de ser capa na edição de fevereiro de 2017, o que realmente é um orgulho para mim, ser "um capítulo" nessa história tão relevante.

E, no espaço físico, no estande da Keyboard não é diferente. Passando por lá para encontrar a Heloísa Godoy (Publisher) e o Maestro Marcelo Fagundes, pude conhecer a fabulosa exposição de miniaturas de teclados clássicos, feitas com precisão pelo designer Ronaldo Teixeira e rapidamente encontrar a Thais Andrade, colega tecladista/acordeonista. Sou

muito grato à Revista Keyboard Brasil pelo espaço (físico e virtual) onde pude mostrar meu trabalho e também conhecer o de tantos colegas talentosos, alguns que hoje já posso chamar de amigos. Obrigado de coração por toda atenção dada às nossas teclas e todo esse time de músicos que insistem em apertá-las!

Desejo tudo de bom e que Deus abençoe os amigos da "KEYBOARD"! Parabéns pelo tanto que desenvolveram até aqui! ” Finalizando as novidades deste ano no estande, a Revista Keyboard Brasil trouxe para o conhecimento do público, as Batidas Binaurais. Inúmeras matérias foram escritas ao longo do ano sobre o referido tema. E, sobre isso, maestro Marcelo Fagundes, pioneiro no Brasil a utilizar essa técnica, discorre: “Pesquisada há mais de 150 anos, a Terapia Binaural teve sua comprovação após a invenção do tomógrafo computadorizado em 1970. Essa técnica reprograma as ondas cerebrais que controlam nossas vidas, nosso estado emocional e o funcionamento de nosso corpo. Muitas vezes, estas ondas são modificadas pelas frequências eletromagnéticas oriundas dos muitos aparelhos eletrônicos que nos cercam nos trazendo doenças graves como o zumbido, a falta de aten-ção, a depressão as ansiedades e até mesmo limitando nossas vidas. Então, o remédio para a cura ou a melhora de muitas doenças é ouvir músicas com essas batidas binaurais (entenda mais acessando o site: http://www.cerebralmusic.com.br/)”.

O saldo positivo para essa última feira pode ser conferido através das imagens a seguir.

Revista Keyboard Brasil / 49

50 / Revista Keyboard Brasil

Revista Keyboard Brasil / 51

Perfil

GEGE RIG

CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE GEG TECLADISTA DA BANDA SOM E LO * Por Rafael Sanit

52 / Revista Keyboard Brasil

GNO

GE RIGNO, OUVOR.

G

ege Rigno, natural de Natal, Rio Grande do

Norte, é instrumentista, produtor musical, professor de teclado e acordeon.

Desde a infância teve muita proximidade com a música e, com apenas 12 anos iniciou sua trajetória artística tocando em grupos musicais locais de estilos diversos como axé, forró, samba, pop, MPB, dentre outros.

Apesar da terna idade, buscou aprimoramento ao estudar teoria musical no Instituto Waldemar de Almeida, e ouvir grandes pianistas como Chick Correa, Gonzalo Rubalcaba, Michel Petrucciani, Oscar Peterson...

A desenvoltura adquirida através do aprendizado e talento inato fez com que acompanhasse nomes como Elza Soares, Leno da dupla (Leno e lilian), Rosana e grandes instrumentistas como: Antônio de Pádua, Jubileu filho, e o grande guitarrista norte-americano Larry MyCray e Will Kasheman entre outros artistas locais.

Passou seis anos tocando em banda de baile.

Atualmente, toca na Banda Som e Louvor, Banda gospel que hoje detém uma das maiores agendas do seguimento no País, com vídeos no You Tube que somatizam cerca de 15.000.000 milhões de acessos e redes sociais que somam mais de 800.000 mil pessoas. Estão lançando o quinto DVD pela gravadora Som Livre.

Participou de festivais de música instrumental como o Som da Mata, festival de Cascavel-PR. Incansável, participa de gravações autorais das bandas: Aviões do forró, Solteirões, Forró dos Plays, Caviar com Rapadura, Bete Nascimento e outros...

* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans.

Revista Keyboard Brasil / 53

Enfoque

ARTE

DA

EXPRESSÃO

E LIBERDADE

MUSICAL VIAJAR POR ESSE UNIVERSO MÁGICO, QUE É A MÚSICA É MUITO MAIS DO QUE SOMENTE LER PARTITURAS. * Por Hamilton de Oliveira

Foto: Divulgação

M

54 / Revista Keyboard Brasil

e lembro como se fosse hoje quando fiz minha primeira aula de teclado, aos 18 anos, em uma escola particular no bairro

onde morava. Embora tenha começado tarde a estudar música, ela sempre esteve presente em minha vida. Havia sinais o tempo todo de que um dia me tornaria um profissional que viveria da música. E, há pelo menos 24 anos vivo assim.

O curioso de tudo isso é que nas aulas eu aprendi a ler partituras, simples, com cifra e melodias em clave de sol. Não havia exercícios de percepção, o que me fez descobrir tarde a arte de ouvir a música como ela é de verdade. Eu somente reproduzia o que estava escrito na partitura, e esse é um dos erros que muitos professores de música

praticam com os alunos, a falta de treinamento de percepção e o despertar da criatividade.

Só fui desenvolver essa habilidade quando estava tocando com bandas pela cidade e tinha que “tirar as músicas de ouvido”. Mais tarde, quando entrei para o conservatório, pude então ter contato direto com a arte de expressar o que sentia por meio dos improvisos nas aulas de grupo, as percepções auditivas estavam mais desenvolvidas, o que me permitiu comunicar com outros instrumentistas por meio da conversa musical.

A música é algo muito lúdico, um jogo de encaixes, um caleidoscópio de ideias matemáticas, onde o criador e criatura se encontram para produzir algo que expresse a liberdade dos sentimentos. Me tornei professor e, com meus alunos, a diversão é garantida! A aula é mais dinâmica. Procuro construir um exercício de liberdade. Além da técnica do instrumento e da leitura de notas, eles também aprendem a compor suas próprias músicas e viajar pelos caminhos que ela oferece. O eixo é um raciocínio sobre o amor.

A liberdade musical é construída pelo que se ouve e absorve do mundo das notas. A criatividade é infinita e tem ligação direta com sentimentos e técnicas adquiridas durante sua vivência. Portanto, não tenha medo de improvisar e viajar por esse universo mágico, que é a música. Procure ouvir os diversos tipos de sonoridades que existem por aí.

O mundo precisa de mais gente criativa para compor músicas que sejam eternas.

Até breve.

* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

Revista Keyboard Brasil / 55

Sobre os sons

O ROCK E A CULTURA

PÓS-II GUERRA 56 / Revista Keyboard Brasil

ESTE É UM ARTIGO DE CULTURA, INFORMAÇÃO E, TAMBÉM, DE CONSCIÊNCIA ESPIRITUAL. * Por Amyr Cantusio Jr.

u (como muitos) nasci nove anos depois de ter terminado a Segunda Guerra Mundial. Por isso digo que:

E

Nós somos a cultura das “ruínas”, pois o mundo estava sendo reformado.

Quando o rock evoluiu e se encarnou na figura dos BEATLES, se tornou uma revolução de costumes.

Contra a velha ditadura estúpida e suicida, os BEATLES representaram a contra-cultura e todo anseio de um mundo melhor. Daí surgiram os movimentos coloridos, a postura do “Faça amor, não faça a Guerra” ditado por Reich (psiquiatra preso pela ditadura estúpida e radical capitalista dos U.S.A.) e a busca espiritual por outras culturas, como a INDIANA (Filosofia Oriental).

Os jovens queriam a liberdade, o amor livre, a volta às raízes tribais.

Surgiram muitas comunidades alternativas. Mas nem tudo foram flores e açúcar.

Sempre houve grupos de imbecis e estúpidos querendo manipular o mundo através do dinheiro, poder, religiões e conflitos. Pessoas mal resolvidas sexualmente, que não tendo mais perspectivas, passaram a ser carrascos da humanidade.

Mesmo debaixo desta revolução, o ROCK nasceu vigoroso.

Um dos pontos mais fortes foi quando LENNON e HARRISON visitaram o Himalaya e a Índia. Ali recolheram a antiga filosofia milenar espiritual, beberam da música ancestral meditativa, e o ROCK mudou. Ficou mais consistente, trabalhado, lotado de poesia e arranjos complexos. Nasceu assim um

movimento de extrema beleza, poética, visual, auditiva e cênica.

Para completar, indico o filme póstumo de GEORGE HARRISON “Living in the material World”. Veja, só pelos títulos das letras “Vivendo no mundo material” ou “Todas as coisas devem passar” você sabe que pode esperar grandes músicas.

Comparar os gurus da época como MAHARISHI, OSHO, PRABHUPADA, YOGANANDA, etc.... com uma FARSA é ser, no mínimo, IGNORANTE. Pessoas falam imbecilidades sem nem mesmo CONHECER um LIVRO ou quem foram estes seres iluminados. Compare... pegue um LIVRO de OSHO ou PRABHUPADA e leia. Depois veja ONDE está a mediocridade atual: travestidos de pastores evangélicos, sem educação espiritual alguma, comandam a atual geração mundial do século XXI. Por isso não há mais beleza. Há um Revista Keyboard Brasil / 57

festival de promiscuidade e lixo na mídia. Junto com os pastores dementes a uma sub cultura de traficantes marginais, analfabetos e carniceiros.

Então, é muito fácil perceber que muitas pessoas atualmente nem possuem o hábito da LEITURA. Mal sabem escrever. Desinteressados da busca pela beleza da ARTE ELEVADA, se entopem de bugigangas nojentas e caminham novamente para onde não deveriam: mais uma guerra mundial, conflitos, fome, miséria e imbecilidade.

Por um momento, entre 1965 e 1978 o planeta produziu beleza, obras de arte incríveis e pôde respirar novos horizontes. Mas, como dizia a letra de Harrison “tudo deve passar”. Não temos mais esta beleza nem estes anseios na juventude atual. E esta juventude nem se interessa em saber porque estão aqui, vivos e manipulados pela mediocridade.

Este é o retrato de uma geração atrofiada, que perdeu seus valores e não reclama por seus direitos, pois é analfabeta por convicção e nem sabe mais o valor da “poesia e das letras”.Muito menos da música elevada e dos valores espirituais!

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

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Mercado

*Shure lança o microfone vocal super 55 BLACK EDITION EDIÇÃO LIMITADA DO SUPER 55 DA SHURE: O DESIGN E A PERFORMANCE DO CLÁSSICO MICROFONE SUPER 55 COM ACABAMENTO PRETO FOSCO EXCLUSIVO * Redação

A

Shure Incorporated, a

maior fabricante mundial de microfones, anunciou o lançamento de uma edição limitada do

Microfone Vocal Super 55-BLK Black Edition, bem a tempo para o período de festas de fins de ano. O novo Super 55 Black Edition é uma versão moderna com o visual e o desempenho do 60 / Revista Keyboard Brasil

clássico Super 55. Esse microfone de edição limitada possui acabamento preto fosco, espuma preta e resposta de frequência suavizada para uma reprodução natural da voz. Ele inclui uma base giratória para instalação em pedestal e uma bolsa para transporte, sendo a opção perfeita para qualquer tipo de apresentação ao vivo ou frente às câmeras.

O modelo 55 Unidyne® define hoje o formato de microfone clássico da mesma forma que há mais de 75 anos, quando fez sua grande estreia no mercado. Para vocalistas, o design atraente de tom sobre tom em preto do Super 55 Black Edition faz uma releitura do modelo clássico e acrescenta um grande toque de estilo. A cápsula de microfone supercardioide rejeita ruídos indesejáveis e evita a ocorrência de feedback. Sua cápsula ultra resistente reduz o ruído de manuseio e protege o microfone contra danos.

“O microfone é um elemento fundamental para qualquer vocalista, já que pode

valorizar ou arruinar qualquer apresentação.

Os microfones precisam ter alta qualidade de áudio e acabamento, além de durabilidade”, afirmou Soren Pedersen, Gerente de Produto da Shure. “O novo Super 55 Black Edition é um microfone dinâmico testado e comprovado para turnês, oferecendo desempenho de padrão internacional com um toque moderno sobre nosso design clássico. Temos a enorme satisfação de oferecer esse formato novo e elegante para a época das festas de fim de ano.”

O Super 55 Black Edition estará disponível em breve junto a revendedores autorizados da Shure e também na loja oficial da marca www.lojashure.com.br.

Sobre a Shure Incorporated * Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intraauricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em rede, premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia.

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