Revista
Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 52 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
Brasil
E L OY FRITSCH Comunicação universal através da música
MOGAMI BRASIL: SEÇÃO GOSPEL: PAPO DE TECLADISTA: E mais: A melhor marca de cabos de áudio do mundo!
Independente da religião, música!
Teclados arranjadores na carreira do músico
Armored Dawn, Harmonitango, Rafa Castro, João Leopoldo, Valentina Lisitsa, Patrícia Teixeira...
Editorial “A música merece respeito”! Salve músico e/ou apreciador da boa música! Vamos iniciar nosso editorial com uma pequena reflexão: Qual é a função da música para você? Resumidamente explico: São várias as funções! A música desde os primórdios sempre cumpriu um papel social importante. A música escreveu história. A música levantou revoluções populares. A música criou pontes e derrubou barreiras. A música uni as pessoas. A música inspira. A música narra amores e separações, amizades e amargores. A música distrai no momento de dor e no consolo do vazio. A música é respiração. A música é vida. Por isso, músicos e produtores musicais, quem vivem de música merecem respeito. Merecem ter, no mínimo, a chance de levar sua BOA música ao público. Porque o público merece isso. Já pensou a vida sem música? Eu não! Por isso eu acredito que a música merece respeito. Isso posto, convido a você, leitor, para mais uma edição de Revista Keyboard Brasil! Abrindo a edição apresentamos uma grande matéria de capa e uma entrevista exclusiva com Eloy Fritsch: um dos nomes mais expressivos do rock progressivo contemporâneo. Com grande alegria junta-se aos nossos ilustres colaboradores J. Eduardo D'Euboux, fundador da banda progressiva TAU CETI e tecladista de rock progressivo. Trazendo grandes lançamentos musicais, este mês o leitor poderá conhecer os trabalhos incríveis de Rafa Castro, João Leopoldo e o trio Harmonitando. Sempre a frente no mercado editorial, e contentes de servir de inspiração às outras 04 / Revista Keyboard Brasil
Heloísa Godoy Fagundes - Publisher
edições do gênero, seguimos com grande sucesso nossa coluna gospel, este mês trazendo o artigo de Evaristo Fernandes. Também em nossa publicação, somente os melhores produtos do mercado, este mês: Mogami Brasil e Shure. São 90 páginas de muita informação escrita por grandes colaboradores que tem na música sua grande paixão. Por isso, clique, curta, compartilhe e faça seu comentário. E músico, aproveite! Peça a tabela com valores promocionais para divulgação em nossas publicações através do email contato@keyboard.art.br. Excepcionalmente este mês não teremos a coluna de Hamilton de Oliveira. Excelente leitura e fique com Deus!
Espaço do Leitor Ótima matéria! ESPAÇO GOSPEL: Timbres, timbres, timbres! Escrita por Zeca Quintanilha. Face Teclado Gospel — Facebook Olha aí assuntos importantes para nós das teclas!! ESPAÇO GOSPEL: Timbres, timbres, timbres escrito por Zeca Quintanilha. Evandro Fermata — Facebook Vou ler com carinho! Saudades de escrever! Beijo enorme Helô! Patrícia Santos — Facebook Revista Keyboard Brasil nr. 51, que traz minha primeira colaboração (PGS. 22 e 23, "Opinião - Ian Anderson / The Best of Jethro Tull"). Obrigado pela oportunidade, Heloísa Godoy!! José Eduardo D'Elboux — Facebook
Muito obrigado Helô por mais esta linda publicação! Samuel Quinto Feitosa — Facebook Maravilha a nova edição!! João Leopoldo — Facebook Galera eu escrevi uma matéria para uma coluna da Revista Keyboard!!! Depois passa lá e leia a revista e acesse nossa matéria... Para nós tecladistas, imperdíveeeeeeel. Zeca Quintanilha — Facebook Amigo músico tecladista, a matéria desse mês tem tudo a ver com o nosso cotidiano profissional. "Estamos ouvindo corretamente nossos instrum e n t o s ? " B o r a l á , n a #revistakeyboardbrasil !! Bruno Freitas — Facebook
Revista Keyboard Brasil / 05
Novembro / 2017
Expediente Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Capa: Divulgação Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br
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Capa: Div
ulgação
Colaboradores do mês da Revista Keyboard Brasil: Osvaldo Colarusso / Amyr Cantusio Jr. / J. Eduardo D'Euboux /Luiz Carlos Rigo Uhlik / Rafael Sanit / Sergio Ferraz / Bruno de Freitas / Jeff Gardner / Evaristo Fernandes
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As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.
Índice
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08 MATÉRIA DE CAPA: Eloy Fritsch - por Heloísa Godoy
38 PAPO DE TECLADISTA: Teclados arranjadores na carreira do tecladista - por Bruno Freitas
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MEMÓRIA: Genesis - por Amyr Cantusio Jr.
48
PELO MUNDO: Patrícia Teixeira - Redação
ESPAÇO GOSPEL: Independente da religião: Música! por Evaristo Fernandes
VITRINE: CD Oi, Tudo bem?Redação
74 Curiosidades: Yoko, a grande parceira de Lennon - por Amyr Cantusio Jr.
MERCADO: Mogami Brasil - por Rafael Sanit
42
58
OPINIÃO: Notas sobre interpretações de obras de Beethoven - por José Eduardo D’Elboux
32
60 AGENDA MUSICAL: Valentina Lisitsa Virtuosi Preoduções
LANÇAMENTO: CD Fronteira - Redação
50 NA ESTRADA: Armored Dawn - Redação
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664 A VISTA DO MEU PONTO:
O segredo para tocar bem e ter intimidade com as teclas - por Luiz Carlos Uhlik
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MEMÓRIA:
Tecnologia: Shure: Cursos online gratuitos - Redação
A Sertaneja - por Osvaldo Colarusso
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CRÍTICA MUSICAL: Harmonitango - por Sergio Ferraz
84 ORIENTE-SE: Cadências II V/ I - parte 1 (tônica de sétima maior) - por Jeff Gardner
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Foto: Daniel Motta
Matéria de Capa
E L O Y FRITSCH A comunicação universal através da música GAÚCHO DE CAXIAS DO SUL, ELOY FRITSCH É UM DOS MAIS IMPORTANTES NOMES DO ROCK PROGRESSIVO CONTEMPORÂNEO. ALÉM DO SEU TRABALHO COM A BANDA APOCALYPSE, É PROFESSOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL E MANTÉM UMA REGULAR CARREIRA SOLO CALCADA EM NEW AGE, MÚSICA INSTRUMENTAL E ELETRÔNICA, INFLUENCIADA POR NOMES COMO VANGELIS, JEAN-MICHAEL JARRE, ISAO TOMITA E RICK WAKEMAN. *Por Heloísa Godoy
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Eloy Fritsch em 2014 no seu estúdio de música eletrônica durante as gravações do álbum Spiritual Energy.
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Trajetória
E
loy Fritsch iniciou sua carreira musical no ano de 1983, aos 15
anos de idade, quando obteve seu primeiro contato com os sons eletrônicos ao trabalhar com seu pai na Rádio Caxias, na serra gaúcha, catalogando LPs na discoteca realizando audições dos trabalhos de Gherson Kingsley, Jean Kacques Perrey, Kraftwerk, Vangelis, Jean-Michel Jarre, Isao Tomita e W. Carlos. Através dessa experiência, iniciou seus estudos em música criando com seus amigos de escola, o grupo de rock progressivo Apocalypse no qual atua como tecladista e compositor. 10 / Revista Keyboard Brasil
Com o Apocalypse, Fritsch venceu festivais de música e recebeu o prêmio de melhor instrumentista em 1991. Em 1994 assinou contrato com a gravadora MUSEA da França para lançamento de 3 CDs do Apocalypse na Europa e realizou turnês no Rio de Janeiro, São Paulo e USA. Em paralelo ao Apocalypse, Fritsch desenvolve um projeto de composição em estúdio desde 1993 com sintetizadores, computadores e teclados eletrônicos tendo lançado doze álbuns instrumentais. Em 1999 assumiu como professor do Departamento de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul criando o Centro de Música Eletrônica do Instituto de Artes onde leciona Computação Musical, Trilhas Sonoras e Música
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Acredito no poder que a música tem para ajudar no bem estar das pessoas. A minha música pode ser contemplativa, épica, apaixonada, atmosférica e contribuir para diversos estados emocionais.
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Eletroacústica. Em 2008 lançou o DVD Música Computacional e Eletrônica e o Livro Música Eletrônica – Uma Introdução Ilustrada recebendo a Menção Especial – Prêmio Açorianos de Música. Em 2009 foi homenageado com o Troféu Vasco Prado na 13ª. Jornada Nacional de Literatura e sua composição Synthetic Horizon foi selecionada para a coletânea Brasileira de Música Eletroacústica. Em 2010 foi curador da exposição Música, Ciência e Tecnologia no Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e produziu, em conjunto com a UFRGS TV, um documentário em DVD sobre música eletrônica. Em 2012 recebeu, juntamente com o Apocalypse, o troféu Açorianos – Menção Honrosa pela contribuição à cena musical gaúcha. Compôs trilhas sonoras para teatro, espetáculos multimídia, documentários e filmes. Em 2014 recebeu o troféu Cineserra pela
– Eloy Fritsch melhor trilha sonora do curta metragem Crianças. Fritsch lançou seu 12º trabalho solo “Sailing to the Edge” em 2017 e este mês fala com exclusividade para a Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 11
Entrevista Revista Keyboard Brasil – Quando foi seu primeiro contato com as teclas? Eloy Fritsch – No final do anos 1970 comecei a ouvir música e me interessei pelos sons eletrônicos, músicos e instrumentos usados. Eu trabalhei na Rádio Caxias com o meu pai quando tinha 13 anos. Logo comecei a ir na discoteca da rádio e vivenciar o dia a dia dos programas no estúdio. Considero uma grande experiência estar nesse ambiente na época em que as rádios ainda concentravam muita audiência. Logo passei a trabalhar na discoteca da rádio e conheci vários estilos musicais, incluindo música produzida pelo sintetizador Moog. Foi realmente um privilégio ter trabalhado ao lado de meu pai Eloy Fritsch e conhecer tanto em tão pouco tempo. Já no colégio formei a banda Apocalypse com os meus colegas e comprei o sintetizador Korg MS10 para usar nas primeiras composições. A partir daí, meu interesse pelos sintetizadores e teclados eletrônicos foi aumentando. Na época, ao perceber as possibilidades do teclado eletrônico para a composição e performance, resolvi me dedicar a este instrumento. Um instrumento moderno, diferente dos tradicionais e repleto de recursos. Revista Keyboard Brasil – Você é tecladista, compositor e um dos fundadores do grupo de Rock progressivo Apocalypse. Desde o início pensava na seriedade da banda ou foi algo da 12 / Revista Keyboard Brasil
juventude que tomou grandes proporções? Eloy Fritsch – O Apocalypse iniciou as atividades no início dos anos oitenta. Era um grupo de colegas da escola que resolveu formar uma banda para aprender a tocar e realizar apresentações. O primeiro show foi realizado em um festival em Caxias do Sul, no ano de 1983. Naquela época, era tudo diversão, mas tínhamos a motivação para crescer musicalmente através de um projeto de música autoral. E, aos poucos, a medida que fomos vencendo festivais e ganhando destaque na Serra Gaúcha, percebemos que poderíamos e deveríamos preservar uma identidade musical que crescia a cada nova composição. Muitos foram os convites para mudar e virar uma banda mais pop, fazer uma música fácil e acessível para tocar e fazer mais sucesso comercial. Mas não era o que queríamos. Então, vimos que era possível manter o foco na música autoral acreditando que assim poderíamos crescer artisticamente. De certa forma, tudo ficou mais sério quando começamos a gravar os discos porque a responsabilidade também aumentou. A diversão também passou a ser compromisso em realizar musicalmente o que sabíamos fazer de melhor: compor e tocar. Acho que as escolhas feitas ao longo desses quase 35 anos de Apocalypse foram coerentes com nossa proposta inicial, mantendo uma grande amizade entre os músicos e preservando a integridade da nossa música.
Revista Keyboard Brasil – Você possui expressividade e fluidez. Paralelamente em paralelo um projeto de composição ao Apocalypse e à minha carreira em estúdio focado em sintetizadores, acadêmica, resolvi avançar nesse projeto samplers, computadores e teclados solitário de composição. Assim busquei eletrônicos. Conte-nos sobre ele. recursos para continuar a expressar meus Eloy Fritsch – Parte do repertório que eu sentimentos através das minhas criações estava trabalhando no início dos anos musicais em estúdio. Entre os instru1990 tinha um "ar" bem mais eletrônico e mentos que adquiri instrumental e, por isso, para o projeto estão o Nesse projeto de músi- s i n t e t i z a d o r não se encaixava na ca instrumental com M i n i m o o g e o proposta da banda de sintetizadores procuro m o d u l a r R o l a n d rock progressivo tentar reduzir a conta- System-700, ambos Apocalypse. Essas ideias minação musical por usados em várias foram se acumulando e a modismos e influências gravações. Cada um válvula de escape foi da globalização de ma- dos 12 álbuns que gravar um CD sozinho neira que a realização gravei até agora são em que eu pudesse seja individual, autênti- como uma fotografia realmente controlar tudo ca e sincera. Entretanto d o q u e s e n t i e m que estava acontecendo percebo que a motivano processo criativo diferentes períodos da ção de vários artistas incluindo a questão estiminha vida. São ligados ao show lística. O CD Dreams momentos partibusiness muitas vezes começou a ser composto culares de alegria, é outra. Eles dão mais por volta de 1993, quando importância ao fato de otimismo, fascinação, comprei um computador se tornarem famosos heroísmo, solidão, Atari trazido da França do que construir uma grandiosidade, afeto, que já vinha com a interv i d a m u s i c a l p l e n a carinho, amor, ternuface MIDI para sequenrepleta de realizações ra, paixão, euforia e ciar. Então usei o compumuitos outros sentiartísticas. – Eloy Fritsch tador para gravar todo o mentos que resolvi meu primeiro disco. dividir com as pesNaquela época, em que poucos faziam soas. Momentos musicais, mas também música por computador, foi um desafio ir momentos de uma vida. Uma vida de me aprofundando na tecnologia digital criação e de desafio. Porque compor é enquanto desenvolvia e gravava minhas desafiar e buscar soluções para as primeiras composições para esse projeto. escolhas tomadas. Nem sempre são as Eu planejava me aproximar da música de melhores, nem mesmo as mais racionais, sonoridade eletrônica sem comprometer a às vezes também não são as mais técnicas
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Foto: Maicon Damasceno 14 / Revista Keyboard Brasil
Apocalypse, Orquestra e Coral interpretando mĂşsicas da carreira da banda gaĂşcha de rock progressivo (2011).
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porque o foco da criação pode estar na sinceridade das emoções, na espontaneidade e na liberdade em comunicá-las.
criação musical. Em outro local, ou em outro momento, a música nunca será interpretada exatamente da mesma maneira e, portanto, ela nunca será Revista Keyboard Brasil – Você vem perfeitamente igual. Portanto, o feeling realizando um projeto com sintetiza- também será outro. Eu acho que prosdores em que o foco das composições seguir com projetos de música autoral em muitas vezes está na melodia. Fale sobre nosso pais é realmente um desafio. Eu as escolhas musicais realizadas na sua preciso manter um equilíbrio entre carreira de compositor. conseguir tocar minha Eloy Fritsch – Eu A escolha de ser tecla- v i d a a c a d ê m i c a e acredito na espontaneidista e optar pelo sinte- manter meus projetos dade e na riqueza da tizador vem da minha artísticos. Quando captura das ideias musiopção musical: música penso em composição cais no momento em que instrumental, rock pro- não levo em consielas são concebidas. gressivo, música eletro- deração o repertório acústica e trilhas sono- provindo do hit parade. Conservar a energia do ras. O sintetizador não Nesse projeto de múmomento da criação é é um instrumento frio sica instrumental com algo muito importante como dizem. Os músi- sintetizadores procuro para mim. Costumo cos que utilizam o sin- tentar reduzir a contavalorizar a liberdade e o tetizador é que podem minação musical por frescor de um improviso fazer a música ser modismos e influênao teclado porque ele robotizada e fria. A cias da globalização de pode resultar em uma música provinda dele maneira que a realigrata passagem musical. pode ser muito expres- zação seja individual, Às vezes precisamos siva dependendo muito autêntica e sincera. limpar a mente e buscar da intencionalidade, tocar sem restrições Entretanto percebo habilidade e sensibiliporque isso ajuda a ser que a motivação de dade do músico. livre e individual. Um vários artistas ligados tipo de sinceridade – Eloy Fritsch ao show business musical que vem da muitas vezes é outra. alma quando se é espontâneo. Não me Eles dão mais importância ao fato de se preocupo que a música fique simples, me tornarem famosos do que construir uma preocupo em fazer uma música que seja vida musical plena repleta de realizações expressiva a tal ponto de tocar as pessoas. artísticas. Como compositor não funciono A gravação da perfomance em estúdio muito bem com encomendas. Já fiz trilha deve registrar o feeling do momento da para curta metragem, teatro, instalações
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de video, documentários e aproveitei algumas dessas composições em meus discos. Mas precisei revisar todas as composições para que entrassem no repertório dos CDs. Como as encomendas vem sempre com prazos elas limitam a criatividade. E eu preciso de espaço e tempo para conseguir compor com inspiração. Revista Keyboard Brasil – Desde quando você nutre essa paixão pelos sintetizadores e pela música eletrônica? Eloy Fritsch – Creio que a minha maior paixão seja pela composição. O sintetizador é o instrumento moderno que escolhi usar para ampliar minha capacidade criativa. Ele é como uma orquestra com diversos instrumentos que você pode tocar e ser expressivo. Os sintetizadores são muito recentes na linha do tempo da música se comparados aos instrumentos clássicos tradicionais como o violino e violão. Mas nesse pouco tempo que existem já produziram uma grande revolução musical possibilitando a criação de novos gêneros e colaborando para a criação de linguagens musicais. A música eletrônica é uma dessas novas linguagens. Compositores pioneiros que realizaram obras eletrônicas e de música concreta quebraram paradigmas contribuindo para que todos os sons pudessem ser empregados musicalmente. Eu acho fascinante as possibilidades artísticas através de meios eletrônicos porque eles permitem expandir o potencial criativo. Eu acompanhei a evolução desses
instrumentos, estudei e busquei o conhecimento em síntese sonora, sequenciamento e outras técnicas para conseguir um conjunto de recursos que satisfizesse meus desejos e pudesse atender minha demanda criativa em estúdio e ao vivo. A escolha de ser tecladista e optar pelo sintetizador vem da minha opção musical: música instrumental, rock progressivo, música eletroacústica e trilhas sonoras. O sintetizador não é um instrumento frio como dizem. Os músicos que utilizam o sintetizador é que podem fazer a música ser robotizada e fria. A música provinda dele pode ser muito expressiva dependendo muito da intencionalidade, habilidade e sensibilidade do músico. O uso do computador e do teclado é frequente e, na maioria das vezes, o software sequenciador é fundamental para rapidamente registrar o momento criativo. Também uso instrumentos virtuais, incluindo software sintetizador porque às vezes são mais práticos e fornecem sonoridades específicas para uma determinada passagem musical. Revista Keyboard Brasil – Por falar em seu projeto solo, teus discos tratam muito sobre o tema espacial. Ficção cientifica e assuntos relacionados ao Universo te agradam? Por que? Eloy Fritsch – Além de músico sou também um cientista e gosto muito de assuntos relacionados ao Universo. Acredito que a vida, às vezes, fica um tanto focada em atividades cotidianas e Revista Keyboard Brasil / 17
Revista Keyboard Brasil – Pode enu18 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Daniel Motta
rotinas que esquecemos de pensar sobre o que existe além do nosso dia a dia. Focamos em rotinas diárias e locais e acabamos não refletindo tanto quanto poderíamos sobre o Universo e o que existe nele. A era em que vivemos é assim mesmo: tudo muito rápido, direto e com menos profundidade. Mas para pensar no Cosmos, nas descobertas da astrofísica e filosofar sobre os grandes mistérios, é preciso uma outra postura. Também gosto da fantasia, imaginação e criatividade do mundo SciFi. Sem dúvida nenhuma, a ficção científica é profética em vários campos e tem uma grande audiência. Na minha adolescência, assisti no cinema a estreia de vários clássicos do gênero e realmente foram impactantes. Além da ficção científica, amo a natureza e, por isso, criei várias músicas em que tento relacionar ao tema da preservação ambiental. Isso aparece em diversas músicas espalhadas por toda a discografia e de maneira mais contundente no álbum Atmosphere - Electronic Suite. Essa defesa da natureza também é bem visível nas composições letradas que fiz para os álbuns do Apocalypse. Músicas como Terra Azul, Magia, Cachoeira das Águas Douradas são bons exemplos. Através da minha música, tenho a intenção de propor um mundo melhor para as pessoas. Acho que o artista precisa ser sincero e investir nas coisas das quais acredita. Eu sou daqueles que pensa que podemos melhorar o mundo com a arte.
Eloy Fritsch em seu estúdio: “Sou daqueles que pensa que podemos melhorar o mundo com a arte”.
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merar os concertos com a banda Apocalypse que você guarda melhores recordações? Eloy Fritsch – Lembro de várias apresentações que fui muito feliz no palco com os meus colegas de banda. Todos os shows no Rio de Janeiro foram incríveis. Mas um dos mais lembrados e comentados é a nossa participação no Progday 99, nos Estados Unidos e que deu origem ao álbum Live in USA. O show foi emocionante e cantado em português. Usei vários teclados, entre eles um Hammond e um Minimoog. Foi o primeiro registro do prog nacional nos USA. O festival era internacional, então conhecemos grupos de vários países e também puderam conhecer um pouco da música feita no Brasil. Outra lembrança feliz é a gravação do DVD The Bridge of Light. Este também foi um dos momentos mais marcantes porque investimos bastante na produção e na renovação da banda e havia muito em jogo. Um concerto com um repertório totalmente novo que foi registrado em CD e DVD. 20 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Divulgação
Yes e Apocalypse após o show em Porto Alegre – 2013
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Não podia deixar de mencionar o show de abertura do Yes, em Porto Alegre. Inesquecível conhecer os ícones e tocar no mesmo evento com aqueles que tanto nos inspiram no rock progressivo. Também considero um momento especial o concerto com a orquestra e coral realizado em nossa cidade natal, Caxias do Sul. Nesta oportunidade foi possível dar uma versão ainda mais sinfônica para as composições. Revista Keyboard Brasil – O que pensa em transmitir para o público com a sua música? Eloy Fritsch – Nas minhas composições eu tenho a intenção de transmitir sentimentos e emoções. Acredito no poder que a música tem para ajudar no bem estar das pessoas. A minha música pode ser contemplativa, épica, apaixonada, atmosférica e contribuir para diversos estados emocionais. Faço-a para que as pessoas se sintam bem e, dessa maneira, também possam fazer bem para outras pessoas. Espero que as pessoas sintam prazer ao ouvir minhas músicas e possam criar lindas imagens mentais a partir da audição. A arte pode provocar diferentes estados de espírito. Cada pessoa pode reagir de diferentes maneiras ao ouvir música. Como compositor, posso ter a intenção em comunicar algo mas posso ser surpreendido pela reação do ouvinte. Por exemplo, a música Canyon of Hope poderia sugerir a imagem de um grande Canyon, porém as pessoas podem ouvir a música e pensar no alvorecer, no 22 / Revista Keyboard Brasil
céu ou ter uma recordação do passado, sabe-se lá mais o que. Eu busco provocar um sentimento de afeto entre ouvinte e a obra que está sendo apreciada. Nós ouvimos uma música e gostamos tanto dela que passa a fazer parte de nossas vidas. Ela passa a existir em nosso mundo e queremos ouví-la outras vezes, mostrar aos amigos. Isso nos faz felizes. Também podemos sempre lembrar da música que gostamos e, através dela, passar a lembrar de momentos que tenham ligação com essa música. A música é a forma de comunicação universal, através dela também procuro me conectar com as pessoas e o universo. Revista Keyboard Brasil – Além de professor do Departamento de Música, você é o idealizador do Centro de Música Eletrônica na UFRGS em Porto Alegre, a maior Universidade do sul do Brasil. Fale um pouco sobre esse complexo de laboratórios dedicados à composição musical auxiliada por computadores. Eloy Fritsch – Estava finalizando minha Tese de Doutorado em Computação Musical quando realizei o concurso para professor de música na universidade em 1999. Eu entrei justamente propondo a criação de disciplinas para a composição auxiliada por computador que ainda não existiam nos cursos superiores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Escrevi projetos que foram aprovados e consegui montar 3 laboratórios de composição e tecnologia eletrônica que, hoje em dia, são muito usados pelos
alunos. Várias disciplinas utilizam os laboratórios que possuem instrumentos eletrônicos, placas de som e computadores MacPro. Nesses anos, realizei diversos projetos de pesquisa e extensão universitária. Posso citar alguns: a Radio CME Online é um banco de composições eletroacústicas dos alunos da UFRGS que pode ser consultado pela internet; a Mostra Música, Ciência e Tecnologia, que, durante três meses, ocorreu no Museu da UFRGS e recebeu 7 mil visitantes, com várias atrações para estudantes como o Museu do Sintetizador; a Sala dos Sons que é o espaço para composição e apresentação de música eletroacústica com um sistema 8.1 de alto-falantes com programação mensal; o projeto de extensão MpME - Música por Meios Eletrônicos com apresentações para escolas; o projeto Música para Planetários no qual realizei apresentações de composições realizadas com sintetizadores em Planetários; a parceria com o curso de Comunicação em que os alunos de música realizam trilhas sonoras para curta metragens; o livro Música Eletrônica Uma Introdução Ilustrada em duas edições; o Museu Virtual do Sintetizador; várias apresentações e projetos de pesquisa. Revista Keyboard Brasil – Fale sobre seu recente trabalho 'Sailing to the Edge' e seu processo de composição para esse trabalho. Eloy Fritsch – O álbum Sailing to the Edge começou a ser composto no verão de 2015
'Sailing to the Edge'
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CD Sailing to the Edge foi composto na s cid ad es de Fl or ian óp ol is, Camboriú e Porto Alegre entre os anos de 2014 e 2017. O estilo predominante é o rock pr og res siv o ins tru me nt al co m ên fas e no sintetizador moog, bater ia e o baixo nas faixas Th e Spy, The Rising Sun, Th e Flying Caravel, e Telepa ty aproximando-se das com posições instrumentais que Eloy Fritsch criou atuando na banda de roc k progressivo brasileira Ap ocalypse. Entretanto, o compositor abre espaço para a música sinfônica nas faixas Sailing to the Ed ge Overture e The Wizard, eletrônica na faixa Mind Uploading e new age na faixa Floating Castle. Todos os elementos da música de Eloy Fritsc h estão presentes neste álbum: timbres provenie ntes de sintetizadores , lin da s me lod ias , pa ssa ge ns ma jes tos as e energéticas, ritmos com bateria, percussão e orquestração eletrônica em larga escala. Pode ser considerado o álbum ma is progrock do tecladist a com direito a utilizaçã o do keytar nas músic as Liberty e Alchemy. Fritsc h também utiliza o Mo og Theremini para produzir uma sonoridade eletrônica no épico de mais de 10 minutos intitulada Th e Time Barrier, última faixa do álbum. O CD Sailing to the Edge foi lançad o em abril de 2017 com distribuição digital e física pelas principais plataformas na internet.
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Foto: Marcos Trojan
Apocalypse encerramento do show em 2015 – Da esquerda para a direita – Rainer Steiner, Gustavo Demarchi, Ruy Fritsch, Eloy Fritsch e Daniel Motta.
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em Florianópolis. Levei meu material sonoridade eletrônica e analógica dos para a ilha e compus os primeiros temas. sintetizadores. A música Lyberty foi criada Criei primeiramente as melodias e, a sobre um riff que permeia toda a música. partir delas, passei a arranjar e completar Usei o keytar Roland Ax-Synth para solar os acompanhamentos. Outros temas como uma guitarra utilizando bends e foram compostos no Balneário Camboriú. outros recursos modernos que esse Fui criando solos e linhas de baixo com o instrumento fornece. O som de acompanhamento da bateria e todas Hammond foi feito com o Roland VK-8. aquelas viradas. A medida que ia criando, Esta é uma música que também contrasta registrava no computador para não com as demais e, ao invés do solo de perder o "momento". De Minimoog, traz uma volta para o estúdio em proposta guitarrística. A t r a v é s d a m i n h a Porto Alegre, parti para The Time Barrier é a música tenho a inten- última faixa do disco e os solos e improvisos ção de propor um procurei compor uma que foram feitos sobre mundo melhor para as m ú s i c a c o m u m a algumas bases principessoas. Acho que o orquestração eletrônica palmente usando o artista precisa ser sin- u s a n d o o M o o g Minimoog. Uma parte cero e investir nas Theremini para dar um do CD contém trilhas coisas que acredita. ar "espacial" e criar com sonoras que compus Sou daqueles que para peças de teatro em ele linhas melódicas, pensa que podemos 2016. Um desses casos é glissandos e efeitos em melhorar o mundo com a música de abertura algumas partes. É a a arte. Sailing to the Edge música mais longa do – Eloy Fritsch Overture. Nela optei por álbum e que foi um arranjo orquestral finalizada no verão de sem bateria. Apenas a orquestra virtual 2017, logo após a Lyberty. Enfim, cada grandiosa e épica, como nas trilhas de composição tem sua história e foi Hollywood. Já havia usado orquestra produzida com muita dedicação e virtual em álbuns anteriores, mas não cuidado para buscar sempre avançar nessa escala. Como contraste, trabalhei no nesse projeto artístico. arranjo de outra trilha de teatro que se tornou a música Mind Uploading. Na trilha Revista Keyboard Brasil – Qual a original, essa música possui sons diferença do álbum Sailing to the Edge acústicos. Nessa nova versão para o CD, para os demais de sua carreira? modifiquei para uma textura totalmente Eloy Fritsch – O Sailing to the Edge é um eletrônica. Ela é uma música divertida, álbum que tem mais elementos de rock leve, com influência barroca, porém com a progressivo. Ele também é mais sinfônico
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e menos eletrônico. Mesmo assim posso dizer que sons eletrônicos são quase onipresentes pelo uso do Minimoog. Contudo, existe uma presença grande de sons orquestrais, do baixo e da bateria acompanhando. Esse deve ser o disco que mais usei bateria. Acho importante buscar uma sonoridade única para cada álbum, uma certa diferença para que renove o interesse do ouvinte através de uma identidade sonora. É bem verdade que nas músicas Mind Upload e Time Barrier o som eletrônico é proeminente, mas nas demais músicas temos a presença de outros sons mais acústicos como cordas, metais, sons étnicos, o baixo e a bateria. É um álbum bem diferente daqueles climáticos e eletrônicos que já fiz como o Atmosphere, Cyberspace e o Exogenesis. Pensando na discografia, acho que o álbum que mais se aproxima desse é o Landscapes. Quando você já tem onze CDs lançados de um mesmo projeto instrumental precisa voltar no tempo e olhar para trás prestando atenção em tudo que já fez. Lembrar como foi compor os álbuns no século passado e como foram as
escolhas feitas quando meus recursos, em termos de instrumento e estúdio, ainda eram reduzidos. Depois de refletir e analisar, volto ao presente para tentar descobrir quais escolhas musicais podem ser feitas com o auxílio dos avanços tecnológicos disponíveis. No caso do meu projeto já existe um percurso artístico traçado com certas fronteiras estilísticas, o qual posso manter ou transpor de diversas maneiras. Após finalizar o álbum Sailing to the Edge percebo que, em vários aspectos, soa diferente dos onze CDs anteriores. Isso me deixa satisfeito por entender que consegui explorar outras possibilidades e compor músicas que não são mera repetição do que já fiz no passado. Revista Keyboard Brasil – Muito obrigada pela entrevista e sucesso sempre! Eloy Fritsch – Eu é que gostaria de agradecer pelo espaço para divulgação dos meus projetos. Parabéns pela revista Keyboard Brasil que abre espaço para artistas independentes e projetos musicais autorais de qualidade.
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 27
Foto: Patrick Balls/Gelring Limited/BBC
Memรณria
GENESIS 28 / Revista Keyboard Brasil
CRISE DE EGOS E A OBRA Mร XIMA DO ROC
Da esquerda para a direita: Phil Collins, Tony Banks, Steve Hackett, Peter Gabriel e Mike Rutherford.
CK PROGRESSIVO dos anos 70
OS PROBLEMAS DA BANDA EM SEUS EGOS DE NÃO CONSIDERAR O MARAVILHOSO TRABALHO CÊNICO E VOCAL / LETRAS DE PETER GABRIEL FOI O M O T I VO PA R A A DISSOLUÇÃO DA FORMAÇÃO MAIS MARAVILHOSA DA BANDA. * Por Amyr Cantusio Jr.
O
ano era 1974... Os atritos começaram quando Peter Gabriel
recebeu um telefonema do diretor William Friedkin, responsável pelo filme O Exorcista. Friedkin tinha adorado a história que Peter havia escrito na contra-capa do discos Genesis Live e procurava alguém para escrever um roteiro de ficção científica, mas que não fosse do ramo. Resolveu então convidar Peter, que aceitou o convite. Revista Keyboard Brasil / 29
Peter perguntou se a banda se incomodava em parar por algum tempo a confecção do disco enquanto ele escrevia o roteiro e a banda disse que sim, que não desejavam parar por nada. “Bem, eu quero fazer o filme, então deixarei o Genesis”. A primeira reação da banda foi: “Qk, temos bastante material instrumental, vá em frente”, mas logo viram que era uma loucura. “Eu sempre gostei de trabalhar com Peter e senti que o grupo precisava de toda a energia que tivesse para terminar o projeto. Mas Peter continuava dizendo que se a oferta fosse realmente séria ele deixaria o grupo, o que considerei um absurdo. E ele realmente saiu um tempo para escrever o roteiro, mas não deu muito certo e ele acabou voltando e se comprometeu em acabar o disco antes de fazer qualquer outra coisa. Porém, aquilo foi um sinal de que ele estava ficando cheio daquela vida.” Peter se sentiu muito contrariado e resolveu voltar para Bath até porque sua esposa estava grávida e deixou a parte de composição das melodias com o restante da banda. Ele já havia tido um pequeno atrito com Rutherford que queria fazer o disco em cima do livro O Pequeno Príncipe, o que não aconteceu. “Quanto mais você pressiona Peter, mais ele fica no canto. Nós o puxávamos para o grupo, ele ficava vago até que ele foi para Bath e nós ficamos com todo o trabalho. Sabíamos que não iríamos durar muito tempo”, conta o baixista. O convite do cineasta causou uma briga da banda com a gravadora Charisma e pouco a pouco o projeto do filme foi ficando mais difícil e Peter aceitou retornar ao trabalho 30 / Revista Keyboard Brasil
após um telefonema de Michael. O vocalista disse que não queria ser pressionado e Michael pediu apenas para que ele adiasse por uns tempos seus projetos pessoais para se dedicar ao novo disco. Acordo fechado. E, Phil Collins pensou que Peter voltou também porque Friedkin ficou muito assustado ao saber que poderia estar rachando o grupo e pediu desculpas pelo ocorrido. Com o vocalista de volta, todo o conceito começou a ser montado. O disco possui uma longa história introdutória contada por um narrador. Rael faria uma viagem ao seu subconsciente e se confrontaria com a morte - caso de “The Supernatural Anaesthetist”; com o amor - “The Lamia” - e Peter povoaria tudo com seu grande conhecimento de mitologia. Mas as gravações foram tensas e os músicos se revezavam em turnos no estúdio. Phil Collins trabalhava de madrugada no Island Studios, em Notting Hill, enquanto o restante trabalhava pela manhã. Para piorar, Gabriel ficava revisando as letras várias vezes, atrasando ainda mais o projeto. Quando resolveu gravar seus vocais, os demais foram expulsos do local. A tensão era tão gigantesca que o guitarrista Steve Hackett acabou machucando um tendão e um nervo do seu dedão ao se cortar com um copo de vinho, o que adiou em três semanas a excursão britânica, sendo marcada para depois da turnê norteamericana. O disco ainda teve a colaboração de Brian Eno, que fez algumas ambientações. O disco foi lançado em Novembro
de 1974 e no mês seguinte iniciava-se a turnê pelos Estados Unidos. Peter adotou o personagem Rael, usando em boa parte uma jaqueta de couro e calça jeans, o que era diferente para quem costumava usar máscaras e mais máscaras nos shows em anos anteriores. No entretanto, ele logo começou a usar criações assustadoras no palco deixando os demais integrantes irritados, pois Peter Gabriel parecia ser a grande estrela e não o Genesis. Claramente os demais membros ficavam escondidos ou em segundo plano. “Só conseguia ser assim no palco, e isso me frustrava”, dizia ele.
The Lamb Lies Down on Broadway não foi um sucesso comercial. Na verdade, foi um tremendo fiasco. Alcançou apenas a 41ª posição na parada norte-americana, apesar de ser disco de ouro no Reino Unido em fevereiro de 1975, onde chegou ao 10º posto na parada, apesar de ter deixado talvez o maior clássico do grupo até hoje, “Carpet Crawlers”. Para se ter uma ideia, o disco demorou 16 anos para conquistar o almejado Disco de Ouro, na América, ou seja, 500 mil cópias. Quando a banda começou a turnê pelo Reino Unido, Gabriel já tinha resolvido deixar o Genesis, mas só anunciou o fato em agosto do mesmo ano, causando choque entre os fãs, embora
“The Lamb Lies Down on Broadway ” Ano: 1974 Gravadora: Atco Records Produtor: John Burns Gênero: Rock progressivo
seus companheiros soubessem que isso ocorreria logo. O cantor mostrava todo seu abatimento ao sair chorando dos palcos a cada apresentação, misto de tristeza por deixar o Genesis e pelas letras. Sem ele, a história do grupo seria outro e Gabriel partiria em carreira-solo fazendo discos excepcionais
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 31
Foto: Divulgação
Mercado
32 / Revista Keyboard Brasil
TRAZ SEUS CABOS DE ÁUDIO PROFISSIONAL PARA EXPOMUSIC 2017 EM SUA PRIMEIRA APARIÇÃO PÚBLICA AQUI NO BRASIL, A MARCA LEVOU AOS VISITANTES DA FEIRA SUA LINHA DE CABEAMENTOS DE ALTA PERFORMANCE PARA INSTRUMENTOS E ESTÚDIOS. * Por Rafael Sanit
o mês de outubro deste ano, ocorreu em São Paulo, no Pavilhão de Eventos do
Anhembi, a Expomusic. Este evento reúne empresas nacionais e internacionais, no setor de áudio e música, para exposição de Revista Keyboard Brasil / 33
produtos e serviços, e até uma parte de entretenimento com shows, performances de artistas e educação musical. Dados da organizaçãodo evento (Abemusic e Francal Feiras) revelam que mais de 30 mil pessoas visitaram a feira, desde lojistas até público em geral. Na edição deste ano, houve abertura para vendas nos stands. Houveram mais de 4 mil empresas que foram com intuito de realizar negócios e compras direto com os expositores. A importadora oficial da Mogami no Brasil, a Ezaki, juntamente com sua revenda oficial, Yashi, se uniram para expor a marca e seus cabos de áudio profissional ao mercado nacional através desta feira. Tida como a melhor marca de cabos de áudio do mundo, a marca japonesa é referência quando o quesito é precisão de som e performance. Tais características são tão marcantes que alguns nomes famosos como, Slash e Imagine Dragons, tem em seus sets de cabos, os da marca. Os cabos Mogami vão desde instrumentos até multicabos de microfone para estúdios. Antes de chegar ao Brasil, a Mogami era conhecida em território europeu e americano, pois as principais importadoras eram localizadas nestas regiões e muitos compradores brasileiros adquiriam seus cabos por lá. Agora com a importadora nacional, o
objetivo desta ação era dar conhecimento ao consumidor que a marca estava no Brasil e que a facilidade de comprar ficou maior. De um modo geral, a recepção foi muito positiva. Dos visitantes que não conheciam, até profissionais que eram usuários dos cabos, ficaram satisfeitos em saber que agora ela está em território brasileiro e que poderão adquirir a pronta entrega nos pontos de venda. Atualmente, tanto a importadora como a revenda, trabalham com cabos montados ou por metro. No período do evento, como forma de entretenimento e divulgação, o stand recebeu tecladistas endorsees brasileiros da marca. Todos utilizaram os cabos Mogami em seu set e fizeram um poket show para os visitantes da feira e falaram com o público sobre suas experiências com a marca. Acesse www.mogami.com.br e conheça o cast de artistas brasileiros. A Mogami Brasil , como é chamada agora, estuda ampliação de seus pontos de venda. A intenção é que mais estúdios e músicos conheçam a qualidade da marca e que seja mais conhecida no país. Para mais informações sobre a marca, o consumidor pode acessar o site www.mogami.com.br Lá ele encontrará os modelos de cabos mais indicados para cada tipo de aplicação, além dos contatos das revendas oficiais.
* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans. 34 / Revista Keyboard Brasil
Lançamento
Fronteira UM DIALOGO ENTRE A MÚSICA INSTRUMENTAL E A CANÇÃO. * Redação
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Mônica Salmaso. O design gráfico também é algo muito importante no projeto. Feito pela grande artista Lorena Dini, cada música é tulado Fronteira, onde representada por uma traça um caminho de fotografia, sendo assim exploração do piano em o encarte é feito por todas as suas possibicards que podem ser lidades, prezando pela montados no formato liberdade de criação e de poster. realizando um dialogo Rafa Castro tem entre a música instrulançados outros trabamental e a canção. “Fronlhos de grande reperteira diz muito das minhas cussão como o CD e raízes mineiras e um apanhado de composições para Rafa Castro destaca-se como um dos DVD “Teias” (de 2015) trilha sonora que tenho feito grandes expoentes da nova música pelo selo de música brasileira, com reconhecimento de nos últimos tempos”, res- crítica e cada vez mais alcance de instrumental Delira onde, ao lado de Túlio público. salta Rafa Castro. Mourão (pianista de Um projeto que une varias linguagens e busca aguçar destaque e carreira internacional), num todos os sentidos, Fronteira conta com momento raro da música instrumental músicos incríveis (Teco Cardoso, Lea brasileira, entrelaça dois pianos em Freire, Neymar Dias, entre outros releituras de peças eruditas, resgate do grandes) e participação super especial da cancioneiro popular brasileiro e músicas artista mineiro Rafa Castro, destaque da música brasileira, lança seu quarto disco inti-
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FRONTEIRA DIZ MUITO DAS MINHAS RAÍZES MINEIRAS E UM APANHADO DE COMPOSIÇÕES PARA TRILHA SONORA QUE TENHO FEITO NOS ÚLTIMOS T E M P O S .
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– Rafa Castro
autorais. O projeto recebeu criticas arrebatadoras e declarações de imprensa, além de ter sido um dos pré-selecionados ao Prêmio da Música Brasileira. Também ganhador do prêmio BDMG de música instrumental, Rafa Castro é um jovem instrumentista que tem consolidado sua carreira de forma abrangente, como produtor, diretor musical e compositor. É autor e arranjador de oito trilhas sonoras para cinema e teatro, destacando-se nesse meio. Como concertista de piano solo, realizou sua primeira tour europeia, passando por grandes festivais e palcos pela Itália, Portugal, Alemanha, Rússia, França e Noruega. Sobre seu recente trabalho conclui: “Fronteira é uma junção de dois universos: as influências da música mineira e um trabalho de composição para trilhas sonoras”. Preparem-se para um show com muitos estímulos e de impacto! Revista Keyboard Brasil / 37
Papo de tecladista
OS TECLADOS ARRANJADORES NA CARREIRA DO Tecladista O QUE TEM A VER TECLADOS ARRANJADORES E O MUNDO DO TECLADISTA? TUDO. DESDE A FUNÇÃO DIDÁTICA ATÉ A PERFORMANCE EM PALCOS, NO ESTÚDIO E NAS AULAS. VOCÊ JÁ PERCEBEU, MEU CARO AMIGO LEITOR, QUE OS ARRANGERS VEM CHEINHOS DE INOVAÇÃO? SABEMOS QUE SIM... VEJA! * Por Bruno de Freitas
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Yamaha PSR E-443 DJ Function
U
m arranger keyboard é uma escola infinita e muito gratificante no mundo da música. Estou exage-
rando? Não, claro que não. Bom, esse papo vai muito longe, mas me faz lembrar lá em 1995, quando a bandinha de garagem dos amigos da minha rua, se reunia para fazer aquele som – tocávamos um rock bom, de garagem. Lá no meio da brincadeira, eu ia de metido para bateria, e começava o som. Que som? Todos os camaradas ficavam “de cara” como eu sabia aquela batida Jazz, ou aquele Jazz Swing, Disco e aquele Blues bom. Claro! Aquelas minhas arranhadas de brincadeira vinham do teclado arranjador que eu tinha. Com os cem ritmos, através da brincadeira e da percepção, o senso de arranjo se formava em minha mente, sem que eu percebesse. Naquela época eu ainda não tinha um teclado programável, apenas brincava com o que ele oferecia de fábrica, sem poder mexer nas configurações internas, como troca de instrumentos dos ritmos o revoice nos styles, como chamamos hoje. Mas, ao tocar o repertório variando em diversos gêneros, tudo de forma descontraída e em tom de experimentação mesmo, o conhecimento da diversi-dade musical se formara. Se formos pensar, um teclado arranjador lançado mundialmente, como a linha PSR da Yamaha, deve conter uma biblioteca extensa de timbres dos países do mundo, assim como uma variedade Revista Keyboard Brasil / 39
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A linha de teclados PSR da Yamaha é sucesso em toda parte do mundo e líder de venda. Bruno de Freitas
enorme de ritmos do mundo, por vezes regionais, para que seja comercializável e tenha sucesso em todo canto. E isso ocorre! Basta notarmos como a linha de teclados citada acima é sucesso em toda parte, líderes de venda.
Incrível não? Pois é, imagine o nível de exploração que o tecladista – iniciante ou profissional – pode ter com um teclado arranjador desses nas mãos? Vou aproveitar aqui, até para contar um segredo para você, caro leitor tecladista. Você sabia que grande parte dos arranjos que faço para comerciais de TV e web, eu uso os estilos dos PSR? Mas como? Purinho, purinho o estilo como vem do teclado? Claro que não, aí é que está o X da questão. 40 / Revista Keyboard Brasil
Além de ser divertidos de trabalhar e tocar, os teclados arranjadores são os professores dos músicos. De lá se tira como é um Bluegrass, por exemplo, ou um Skiffle – no gênero country music. Como eu descobriria como são estes estilos? Passeando pelo PSR, descobrimos o mundo musical em nossas mãos, literalmente. Note a figura a baixo, apenas um pedaço retirada do Data List do Yamaha PSR S970:
Eu utilizo a tecnologia a meu favor. Simples! Os estilos são tão perfeitinhos em sua concepção que direciono o canal 10 MIDI, com o ritmo tocando para o software DAW (Digital Audio Workstation) Cubase, em seguida, com os outros canais do style, utilizando a infinidade de timbres que tenho na minha biblioteca particular de VST's (Virtual Studio Technology). Fácil? Claro que não. Tudo dá trabalho, mas qual seria a graça sem trabalho?
Bom, para fechar e deixar você, amigo tecladista mais empolgado, observe abaixo o esquema empolgante sobre os nobres teclados arranjadores ao qual temos como opção de trabalho hoje em dia.
Bora brincar, trabalhar e abrir a mente cada vez mais com o nosso universo musical? Um grande abraço!
Foto: Pedro de Freitas Jr.
* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Revista Keyboard Brasil / 41
Pelo mundo
PATRÍCIA TEIXEIRA COM CARISMA, TÉCNICA VOCAL E PRESENÇA DE PA L C O, A P Ó S TORNAR-SE UMA DAS FINALISTAS DO REALITY S H O W T H E VOICE PORTUGAL JOVEM CANTORA DEDICA-SE A NOVOS DESAFIOS.
* Redação
42 / Revista Keyboard Brasil
Entrevista
P
atrícia Sofia Teixeira nasceu a 19 de Maio de 1994 no Estado
de New Jersey, Estados Unidos da América. Aos quatro anos de idade mudou-se para Portugal. Desde muito cedo, Patrícia Teixeira mostrou o gosto pela música, evidenciando cada vez mais a sua aptidão para o canto. Iniciou a sua formação musical aos 8 anos de idade, quando começou a frequentar aulas de canto. Participou em vários festivais pelo país ficando sempre bem classificada. Em 2016, visitou a comunidade portuguesa de New Jersey, em concerto para a Academia do Bacalhau e participou no festival internacional Universong, em Tenerife, trazendo o primeiro prêmio da sua categoria. Após o seu percurso no The Voice Portugal , Patrícia tem-se dedicado de um modo mais intensivo à sua carreira, com vários concertos por todo o país, tanto em formato acústico (com piano) como com banda. Nestes concertos, revê o seu percurso musical do programa televisivo e aponta para o futuro, revelando as primeiras canções do seu disco de estreia, que está gravando atualmente. Conta com canções originais, escritas em inglês, num registo pop-soul de quem nasceu para lá do atlântico. Na entrevista a seguir, conheça um pouco mais sobre a trajetória e os projetos desse grande talento chamado Patrícia Teixeira.
Revista Keyboard Brasil – Quem é a Patrícia Teixeira? Idade? Onde nasceu e onde vive? Patrícia Teixeira – Nasci em 19 de Maio de 1994 (23 anos) no estado de New Jersey, Estados Unidos da América. Aos quatro anos fui viver em Marco de Canavezes, Portugal, terra natal de meus pais. Atualmente vivo no Porto, onde desenvolvo minha carreira e gravo meu primeiro disco. Revista Keyboard Brasil – Como foi participar do The Voice Portugal e o que mudou na tua vida após a participação no programa? Patrícia Teixeira – Participar no The Voice Portugal foi uma experiência muito positiva, de contato com muitos profissionais da indústria da música e do entretenimento em Portugal. Serviu, sobretudo, para perceber que a minha carreira na música pode ser real, dando força e coragem para abraçar este desafio. O carinho demonstrado por todo o público, aliado ao fato de ter chegado à final, contribuíram para um forte arranque na vida profissional e para dedicar um tempo integral à música. Revista Keyboard Brasil – Como você tem lhe dado com a fama, além do mais após a aparição no The Voice Portugal, todo o país passou a te conhecer? Patrícia Teixeira – Portugal é um país bastante pequeno, onde a fama não muda a nossa vida de um dia para o outro. Mas o
Revista Keyboard Brasil / 43
fato de ser reconhecida ajudou-me a ter um nome no panorama musical português, sendo assim possível ter concertos em nome próprio, em alguns festivais e eventos, por todo o país. Revista Keyboard Brasil – Você a finalista da edição do The Voice Portugal 2016, mas não venceu em 1º lugar, isso te chateou? Patrícia Teixeira – Claro que não. Vencer nunca foi o mais importante. Apesar de não ganhar o primeiro lugar, ganhei em reconhecimento e ânimo, conheci muitas pessoas que colaboram com a minha carreira, desde músicos a produtores, que fazem parte da minha equipe. E, durante o programa, fui a mais votada da minha equipe em duas galas, pelo público. Isso é a maior vitória! Revista Keyboard Brasil – Até onde você acha que um reality show como o The Voice pode ser bom na vida de um artista? Patrícia Teixeira – É uma prova de fogo. A pressão de estar no palco mais famoso do país, aliada à pressão que um programa de televisão exige, prepara um artista para muitos dos desafios que vai ter que superar. O lidar com entrevistas, filmagens, sessões fotográficas, gravações e performances, tudo em menos de uma semana, com centenas de quilômetros de viagem pelo percurso, é um grande desafio. E, claro, a exposição na televisão nacional é muito importante para que as pessoas conheçam o nosso trabalho. Poder “entrar” nas casas de todos os portugueses (e de pessoas em todo o mundo) durante mais de 2 meses é uma vantagem que muitos artistas gostariam de ter. Revista Keyboard Brasil – Quem é a Patrícia no dia a dia, fora dos palcos? 44 / Revista Keyboard Brasil
Patrícia Teixeira – Sou uma jovem normal de 23 anos, licenciada em Línguas e Relações Empresariais, que adora viajar, boa comida, cinema, compras... Já disse viajar? (risos). Sou muito descontraída, gosto de todas as coisas simples e boas da vida. Sou também muito próxima da família, tenho 3 irmãos mais novos e faço muitos planos com eles. Tenho também a sorte de o meu namorado ser o meu pianista e produtor, assim viajamos muito em concertos. Ah, tenho os dois cachorros mais fofos do mundo... E é isto! A Patrícia fora dos palcos não é muito diferente da que se vê em palco... Revista Keyboard Brasil – Após o The Voice Portugal você cantou por muitos palcos de diferentes cidades e até países. Onde você cantou além de Portugal? Patrícia Teixeira – Além de ter percorrido várias cidades portuguesas, de norte a sul, tive a oportunidade de cantar em New Jersey, nos Estados Unidos da América, em Valencia, na Espanha e, também, em Tenerife, onde fui representar Portugal num concurso internacional e de lá trouxe o primeiro prêmio. Revista Keyboard Brasil – Você tem planos de alguma turnê pelo Brasil? Se sim, quando e por quais cidades? Patrícia Teixeira – Sim! Adoraria cantar por todo o Brasil! Estamos pensando em começar por São Paulo e a ideia é chegar a mais cidades. Revista Keyboard Brasil – Você anunciou nas redes sociais uma parceria com um artista da Broadway, Martin Callaghan. Que tipo de parceria seria essa? Patrícia Teixeira – Tudo começou com um convite para um dueto num tema do disco do Martin, o que aceitei de imediato. Depois começamos a nos
Revista Keyboard Brasil / 45
conhecer melhor. Martin começou a escrever uns temas para mim, chegava sempre perto e dizia: “esta canção é a tua cara!”... e era! Apaixonei-me pela escrita dele! Em conjunto com o meu produtor e com o apoio do Will Callaghan, meu manager, estamos construindo o meu álbum que, sendo o primeiro, é também a criação e apresentação da minha identidade enquanto artista. Revista Keyboard Brasil – Então, quando o teu álbum será lançado no mercado? Patrícia Teixeira – O primeiro single será lançado logo no início do ano, e o álbum logo de seguida, em fevereiro. Vamos passar toda a primavera promovendo o álbum, em Portugal e toda a Europa e também no Brasil. Revista Keyboard Brasil – Você teria algum sonho de cantar com algum famoso? Patrícia Teixeira – Hum... É uma paixão antiga... Quando pequenina meu ídolo era Christina Aguilera. Por isso seria a realização de um sonho poder cantar com ela. Revista Keyboard Brasil – O que o público brasileiro pode esperar do seu trabalho, caso venha ao Brasil? Patrícia Teixeira – O público brasileiro pode esperar uma cantora que, mais do que entreter, gosta de passar uma mensagem enquanto canta. Canções pop, que falam sobre episódios da vida de cada um, que muitos poderão identificar-se. São canções que me dizem muito, desde o primeiro rascunho ao piano, a primeira vez que canto a melodia, vendo o arranjo crescer e a ganhar força... É incrível ter a sorte de poder criar algo assim. 46 / Revista Keyboard Brasil
Espaço Gospel
Independente da religião:
MÚSICA! VAMOS FINALIZAR NESTA EDIÇÃO O PREÂMBULO SOBRE A MÚSICA RELIGIOSA PARA DARMOS INÍCIO NAS EDIÇÕES SEGUINTES AO TEMA MAIS APROFUNDADO REFERENTE ÀS NOSSAS MOTIVAÇÕES E PERSPECTIVAS NO OFÍCIO DO LOUVOR ATRAVÉS DA MÚSICA CRISTÃ/GOSPEL. *Por Evaristo Fernandes
O
lá amigos, não seria exagero dizer que a música é uma subjetividade eficaz que tem o
poder de elevar nossa alma e manipular nossas emoções. Os intervalos melódicos e as construções harmônicas somados a célula rítmica empregada pode nos fazer viajar por
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sensações únicas e exclusivas. Por este motivo, a música se torna um poderoso veículo para trilharmos o caminho metafísico. No entanto, não é a proposta deste espaço ir no âmago catedrático da música em seus períodos históricos, para isso, o melhor seria escrever um livro, não é mesmo? Quem sabe?
Bem, mas eu dizia que a música religiosa se distingue da música dita “secular ” pela intenção de sua composição. Aquele momento em que o músico propositadamente ou não, se vê com o instrumento empunhado e inicia a sua composição. Às vezes é uma nota, as vezes é uma frase, as vezes uma batida, as vezes o sol, o mar, a brisa, o vento, enfim, a
INSPIRAÇÃO. É aqui que tudo dá-se início. Neste momento o músico vai direcionar esta sensação criativa àquilo que lhe dá satisfação. Se está apaixonado, certamente será para seu par; se está alegre, será um brinde ao motivo de sua alegria; se está irado ou contrariado, irá de encontro ao seu opositor, enfim, será a expressão de sua alma através da canção. A música religiosa segue este mesmo padrão e isto independe da religião. Quando um frequentador da cultura afro vai ao seu tambor, o faz saudando a quem ele se dedica com toda devoção que lhe é peculiar. A música evangélica , da mesma maneira, também segue este caminho. Quando um músico cristão evangélico, o qual chamamos de levita* parte para fazer música, seja compondo ou interpretando, há que se ter em mente a
*Levita – da tribo de Levi, uma das doze tribos de Israel, escolhidos por Deus exclusivamente para o trabalho no tabernáculo, tanto no serviço quanto na música. sua intenção no executar. E é aqui, exatamente aqui, neste instante, que a música evangélica - ou aos mais modernos - a música Gospel se define. E é aqui que finalizo o preâmbulo de nosso espaço aqui na Keyboard Brasil para falar sobre vários pontos importantes que tenho tratado há 20 anos em meu workshop que tem o título “Talento, Técnica e Unção!”. Quais as nossas motivações e perspectivas no ofício do louvor através de nossa música? Bem, a gente se vê nas próximas edições. Quaisquer perguntas, podem entrar em contato através do e-mail e redes sociais acima. A disposição de todos os leitores, evangélicos ou não. Um grande abraço á todos e Deus abençoe vocês.
* Evaristo Fernandes é multi-instrumentista, compositor, produtor e escritor. Tecladista da Banda Voz da Verdade há mais de 30 anos, atualmente é artista das marcas: Roland, Power Stomp Pedals, Power Play Fontes, Panther Cables e Key Pro Stand. Juntamente com Zeca Quintanilha e Rafael Sanit é colaborador da Revista Keyboard Brasil na seção Espaço Gospel. Evaristo Fernandes está celebrando 20 anos de seu Workshop “Talento, Técnica e Unção” ministrando o workshop por todo o país. Revista Keyboard Brasil / 49
Na estrada
Armored Dawn:
Turnê e mais de 1 milhão de views em único videoclipe no Youtube
BANDA ESTÁ NA ESTRADA PARA OS SHOWS PROMOCIONAIS DO NOVO ÁLBUM “BARBARIANS IN BLACK” PELO BRASIL, ARGENTINA E CHILE * Redação
O
Armored Dawn, um dos
novos expoentes do metal brasileiro no exterior, continua registrando impressionantes e expressivos números em sua carreira. Na estrada para mais uma importante série de apresentações, o grupo bateu a marca de 1 milhão de views, no Youtube, com o videoclipe de “Sail Away”, primeiro single do tão aguardado novo álbum
50 / Revista Keyboard Brasil
“Barbarians in Black”. O vídeo contou com épica superprodução cinematográfica em clima medieval, com a participação de atores, figurantes e até um falcão, que trabalharam sob a direção de Micka, da produtora Ideia House. Além disso, a música tem figurado constantemente nas 10 músicas mais tocadas na programação da KISS FM. Confira o clipe clicando no ícone.
A banda... Formado em 2014, em São Paulo (capital), o Armored Dawn já alçou voos exemplares para um grupo com tão pouco tempo de estrada. Eles já dividiram palco com nomes importantes como Megadeth, The Offspring, Tarja, Sabaton, Symphony X, Rhapsody, Marillion e até Texas Hippie Coalition. Além disso, realizaram importante tour pela Europa ao lado do Fates Warning e, até então, foram a única banda brasileira a tocar no Motörboat, o tradicional e concorrido Cruzeiro do Motörhead. Neste novo álbum “Barbarians in Black”, a banda traz 10 poderosas composições e apresenta toda a responsabilidade de superar a bela receptividade do elogiado debut “Power Of Warrior”. A produção teve a assinatura de Bruno Agra (We are Harlot), mixagem do renomado Kato Khandwala (The Pretty Reckless, Papa Roach) e masterização de Ted Jensen (Metallica, AC/DC, KISS, Muse, Duran Duran, The Rolling Stones, Madonna, Eric Clapton, Frank Sinatra, A-ha, Alice in Chains, Pantera, entre outros). AGENDA: 20/11 – Hermes Bar – Curitiba, Brasi l (Dark Dimensions Fo lk Festival
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Fonte: THE ULTIMATE MUSIC – PR: https://www.facebook.com/UltimateMusicPR/ Revista Keyboard Brasil / 51
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Opinião
NOTAS
SOBRE INTERPRETAÇÕES DE OBRAS DO NESQUECÍVEL
BEETHOVEN OUVIR E SENTIR, ANALISAR E REFAZER CADA LINHA PENSADA POR UM MESTRE PASSA PELA SENSIBILIDADE E TÉCNICA DE UM VERDADEIRO INTÉRPRETE, NUMA VIAGEM FASCINANTE AO MUNDO DE UM GÊNIO. ESSE ARTIGO APRESENTA COMPARAÇÕES DE INTERPRETAÇÃO EM DUAS OBRAS DE BEETHOVEN NO INTUITO DE DEMONSTRAR A DIVERSIDADE DE VISÕES QUE PODEM HAVER DE UMA GRANDE COMPOSIÇÃO. * Por J.Eduardo D'Elboux
54 / Revista Keyboard Brasil
eethoven faria 247 anos em
perada onde o compositor cogita até o
dezembro. E, mesmo passado tanto
suicídio: “impossível deixar o mundo antes de
tempo, não existe um único compo-
produzir todas as obras que sinto a urgência de
sitor que se assemelhe a ele na História da
compor”, “forçado a me tornar um filósofo aos
Música (inclusive nas tradições não-
28 anos”, “agarrar o destino pela garganta”.
ocidentais). E, não foi precoce – o jovem Beethoven se desenvolveu devagar, emulando a tradição vienense de Haydn e Mozart na sua chamada “Primeira Fase” , ainda obediente ao estilo e tradições do Classicismo. Mas, o homem na casa dos 30 anos encontrava-se numa encruzilhada: praticamente dominando todas as convenções, equiparado ao falecido Mozart e ao envelhecido Haydn, que caminho tomar? Manter-se na tradição, com obras certamente de qualidade, mas sempre se repetindo? Mais do mesmo? Ou, lançar-se num caminho novo, cheio de dúvidas e riscos, mas que aguçava sua criatividade transbordante? Ocorrências da vida pessoal também afetaram Beethoven na mesma época: a descoberta da surdez progressiva apareceu como um catalisador inquestionável em sua virada musical. Ao homem naturalmente taciturno e meio rude, não afeito ao protocolo social da educada Viena, somou-se um fator de isolamento involuntário com o mundo exterior. A
Da crise sai um Beethoven mais maduro e
surdez de Beethoven o tornou muito mais voltado para si mesmo, mais do que nunca sozinho e atirado a seus pensamentos. Não sem conflitos: ele mesmo e s c r e v e e m s e u Te s t a m e n t o d e Heilingenstadt, de 1804, uma carta deses-
decidido, ainda mais rude e individualista, mas capaz de encarar os desafios que sua mente já começara a engendrar a tempos. Acima de tudo, um músico revolucionário: no curto período de 1804 (ano da Sinfonia n. 3 “Eroica”) até 1824 (ano da Sinfonia n. 9 “Coral”), foram meras duas décadas que revolucionaram toda a Arte Ocidental. Nunca um tal conjunto de obras-primas saíram de uma mesma mente em tal alto grau de qualidade e importância. O Romantismo foi criado por ele, sozinho. Não há uma
única sombra que figure a seu lado nesse período – os românticos ainda engatinhavam ou mal esboçavam suas composições nessa fase. Mesmo numa sociedade que hoje pouco valoriza sua Arte, é praticamente impossível alguém que não reconheça várias músicas de Beethoven – principalmente de seus maiores conjuntos (as 9 Sinfonias, as 32 Sonatas para Piano, os 5 Concertos para Piano, os 16 Quartetos de Cordas)... E era um homem extremamente humano. Rude e mal-humorado, sim, mas com grande fé na humanidade – sua Nona Sinfonia canta a Fraternidade entre os Homens. E hoje é apenas mais um dia para relembrar sua obra, que certamente merece a eternidade. Revista Keyboard Brasil / 55
tações de re rp te in e br o s s ta o n Algumas Beethoven e d s a m ri p s ra b o duas
da A s ob ra s- p ri m as
do em si música são um mun entam com mesmas, não se cont o abertas a uma única visão, e sã ções. diferentes interpreta re Ouvir e sentir, analisa nsada por refazer cada linha pe la sensium mestre passa pe de um bilidade e técnica te , nu m a ve rd ad ei ro in té rp re mundo de viagem fascinante ao um pouum gênio, entendendo que é capaz co mais a grandeza um ser humano. de Elaborei comparações as obras de interpretação em du it o de B ee th o ve n no in tu rsidade de demonstrar a dive
ver de uma visões que podem ha grande composição: Sinfonia, 1. Beethoven e a 5ª Primeiro introdução do com Brio), Movimento (Allegro re ge nt es , co m 15 di fe re nt es , Bernstein, dentre eles Karajan Dudamel, Toscanini, Abbado, outros. Boulez, Zinman, entre a Sonata 2. Beethoven e o Luar", "Moonlight/A ovimento introdução do 3º m , com 15 (Presto Agitato) dentre eles pianistas diferentes, , Freire, Pollini, Arrau , Horowi , Barenboim, Lisitsa tros. Rubinstein, entre ou
* J. Eduardo D'Elboux é engenheiro automobilístico e tecladista de rock progressivo, cujas tendências retomam a estética dos progressivos clássicos da década de 70. Fundador da banda progressiva TAU CETI, também foi tecladista do grupo Moonshadow. D'Elboux não é músico profissional mas a música é sua principal vocação. 56 / Revista Keyboard Brasil
Vitrine
Oi, tudo bem? A MESCLA DE NOVAS POSSIBILIDADES SONORAS PELAS MÃOS DE JOÃO LEOPOLDO * Redação
O
Foto: Edu Malta
FICHA TÉCNICA: Composição, voz e piano: João Leopoldo Direção, arranjos, piano e produção musical: Edu Capello Capa e encarte: Luiza Pannunzio Fotografia: Edu Malta Projeto gráfico: Nadja Kouchi Masterização e mixagem: Clement Zular
58 / Revista Keyboard Brasil
novo álbum do pianista, arranjador e compositor, João Leopoldo, intitulado Oi, tudo bem? é defendido pelo artista como uma espécie de saudação universal, trazendo um time de peso e inspirado em ritmos e sons de Luiz Tatit, Itamar Assumpção, Arnaldo Antunes e outros compositores de vanguarda. O músico buscou fortalecer a comunicação dos diferentes gêneros musicais, sintetizando a necessidade de abordar novas possibilidades sonoras mesclando erudito com funk carioca, baião com jazz, blues com eletrônico, elementos dramatúrgicos e uma boa dose de caos estruturada com a direção musical do produtor e também pianista Edu Capello. Viabilizado com apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC), da Secretaria de Estado da Cultura, por meio do edital de gravação de álbum inédito de canção e circulação, o disco que foi produzido na CASA CAPELLLO durante seis meses, tem capa concebida pela ilustradora Luiza Pannunzio e traz nas letras elementos nítidos de filosofia e dramaturgia. São doze faixas inéditas e imprevisíveis que falam sobre diversidade, amor, questionamentos existenciais e as “coisas da vida” e participações de peso: Bocato, André Abujamra, Selma Fernands entre outros grandes nomes.
! ! o t n e m Lanรงa
Agenda musical
Valentina Lisitsa: A primeira pianista a converter o sucesso da internet em uma carreira de proporções globais.
Foto: Gilbert François
VALENTINA LISITSA
O FENÔMENO MUNDIAL DO PIANO CHEGA A B E LO H OR I Z O N T E
60 / Revista Keyboard Brasil
A PIANISTA UCRANIANA VALENTINA LISITSA SE APRESENTA NO SESC PALLADIUM NA SÉRIE “CONCERTOS VIRTUOSI” Por Virtuosi Produções
C
onsiderada um fenômeno mundial da música de concerto, a pianista Valentina
Lisitsa virá à América do Sul para mais
uma turnê e Belo Horizonte estará incluída na rota. O concerto na capital mineira será no dia 28 de novembro, no Sesc Palladium, às 20:30 horas. O recital faz parte da série “Concerto Virtuosi” e os ingressos podem ser comprados na bilheteria do teatro ou pelo site Ingresso Rápido. Valentina é muito mais do que a primeira pianista erudita a se tornar estrela do YouTube, mas sim, a primeira
a converter o sucesso da internet em uma carreira de proporções globais. Já se apresentou com as principais orquestras do mundo e atrai multidões por onde passa. Em 2007, lançou seu primeiro vídeo no Youtube. Hoje seu canal conta com mais de 155 milhões de visualizações, crescendo a um ritmo acelerado. Sua relação com o Brasil iniciou-se em 2009, quando se apresentou em turnê com a violinista Hilary Hahn. Desde então, Valentina Lisitsa tem vindo regularmente ao país, apresentando-se em várias salas de concerto e como solista. A pianista já se apresentou duas vezes em Belo Horizonte, tendo lotado
o teatro Bradesco em 2013 e 2014. No concerto do Sesc Palladium, a pianista apresentará um programa de grandes sucessos, iniciando com a famosa Sonata ao Luar de Beethoven e prosseguindo com o Gaspard de la Nuit de Ravel. Após o intervalo, serão apresentados os Noturnos Op 62 e o Scherzo No 2 de Chopin e, por fim, os Quadros de uma exposição de Mussorgsky. A turnê sul-americana inclui apresentações em São Paulo (Teatro Alfa, 21/11), Buenos Aires (Usina del Arte, 27/11), Porto Alegre (Theatro São Pedro, 27/11) e Rio de Janeiro (Sala Cecília Meirelles, 29/11).
AGENDA: Valentina Lisitsa Série “Concertos Virtu osi” Local: Sesc Palladium Dia: 28/11/17 Horário: 20:30 Endereço: Av.Augusto de Lima, 420 Centro, Belo Horizon te Telefone: 3270-8100 Ingressos: de R$ 24,00 a R$ 100,00 Vendas na bilheteria do teatro ou pelo site Ingresso Rápido Link para vendas: https://www.ingresso rapido.com.br/ven da/?id=2300#!/tickets
Revista Keyboard Brasil / 61
Sobre Valentina Lisista Nascida na Ucrânia, Valentina Lisitsa iniciou seus estudos no Conservatório de Kiev e, após vencer em 1991 o Concurso Internacional a dois pianos de Miami com o seu marido, o pianista Alexei Kuznetsoff, imigou para os EUA. Em 2007, postou seu primeiro video no YouTube, uma gravação do Estudo op. 39/6 de Sergei Rachmaninoff, e tornou-se a primeira estrela do YouTube da música de concerto. Um espetacular recital no Royal Albert Hall em Londres em 2012, frente a um público de oito mil pessoas, selou definitivamente sua carreira internacional. Após isso, a gravadora DECCA contratou a pianista com exclusividade, lançando a gravação ao vivo do recital no Royal Albert Hall apenas um mês após a realização em CD e DVD. os concertos marcaram o início de sua vida como artista. No entanto, Valentina Lisitsa procurou novas maneiras de ampliar seu público. Seu senso excepcional de novas buscas de desenvolvimentos e sua abertura a abordagens não convencionais revelou-se vital. Valentina Lisitsa já se apresentou como solista de várias orquestras, como a Chicago Symphony, WDR Symphony Orchestra Cologne, Seoul Philharmonic, San Francisco Symphony and Pittsburgh Symphony, sob a regência de importantes maestros, tais como Manfred Honeck, Yannick Nézet Séguin, Lorin Maazel e Jukka-Pekka Saraste. Um dos destaques das temporadas recentes, além de inúmeros lançamentos de gravações de diversos autores e estilos, foi o concerto totalmente lotado no Auditório Nacional de Madri com a Orquestra Nacional da Espanha, onde Valentina tocou todos os concertos e a Rapsódia Paganini de Sergej Rachmaninoff em uma noite. Valentina costuma ser descrita pelos críticos como "um anjo tocando" ou "pianista eletrizante".
*VIRTUOSI PRODUÇÕES – Comandada por Ederson Urias, a Virtuosi situa-se em Belo Horizonte e é uma das principais agências de produção cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior. 01 / Revista Keyboard Brasil 62
A vista do meu ponto O SEGREDO PARA TOCAR BEM E TER INTIMIDADE COM AS
VOCÊ CONSEGUE ENCARAR A DESTREZA COM A SIMPLICIDADE QUE ELA EXIGE? VAMOS REFLETIR SOBRE O ASSUNTO? * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
64 / Revista Keyboard Brasil
ual é o objetivo mais importante para quem toca um Instrumento Musical, sobretudo piano e teclado? Óbvio: tocar com habilidade,
com fluidez, com espontaneidade! Simples, não? Mas, por que é, então, que as pessoas não conseguem esta fluidez, esta espontaneidade, quando tocam um instrumento? Percebo este problema não somente com as pessoas que estão aprendendo um Instrumento Musical, mas, sobretudo, aos bons amigos profissionais, que vivem
de música! O que é que está faltando no Ensino Musical que não preenche a lacuna da espontaneidade? A resposta é simples e, igualmente, óbvia! Falta de destreza! Mas, como assim, falta de destreza? A grande maioria das pessoas se apega a uma informação musical, um conhecimento musical específico, e seguem este parâmetro, sempre! Não dão margem ao novo, às novas interpretações, ao “simples como sinônimo de verdadeiro”. O mais interessante é observar que a grande maioria dos profissionais tem como referência temas de uma complexidade invejável, como se isto fosse proporcionar habilidade musical. Mais uma vez vou repetir: “O Simples é o Sinônimo do Verdadeiro”. A Comunicação Musical não acontece com você e seus pares; a Comunicação Musical acontece entre você e as pessoas que apreciam o seu trabalho.
“Se você não se Comunica, se trumbica”. E é exatamente isto que está acontecendo com os colegas: tropeçam nas mazelas de conhecimentos inseguros, repetitivos, sempre iguais, que cansam o ouvido dos apreciadores. Tive a oportunidade de conhecer Oscar Peterson e, por duas semanas, estudar com ele. Aliás, foi exatamente nesta oportunidade que decidi que iria me dedicar exclusivamente à “Música de Elevador” (o grau de complexidade musical que é exigido pelo jazz é absurdamente grande!). Mas, isso é outra história... O que me chamou atenção no Oscar foi a simplicidade com que ele SEMPRE apresenta o tema. Autumn Leaves é Autumn Leaves, sem divisões estranhas, sem interpretações malucas. Quando você percebe o tema e se encanta com ele, toda mudança, todo improviso vem com naturalidade. Portanto, tema, clareza, divisão simples, harmonia clara e, na sequência, a sua habilidade musical, a sua destreza e versatilidade em improvisar e “viajar” na harmonia e no tema! Mas, se você quiser parar nos primeiros itens, pode? Claro, que pode? As pessoas já vão se identificar com Autumn Leaves e se encantar com a melodia. É assim que aconteceu com Carmen Cavalaro, Mantovani e Orquestra, Paul Mauriat; é assim que acontece com Andre Rieu, é assim que acontece comigo! Não que tenha a pretensão de me Revista Keyboard Brasil / 65
‘ ‘
A Comunicação Musical não acontece com você e seus pares; a Comunicação Musical acontece entre você e as pessoas que apreciam o seu trabalho.
‘ ‘
– Luiz Carlos Rigo Uhlki
comparar a eles; mas, tenho a segurança de ser “ouvido” pela minha plateia e, em contrapartida, as pessoas adorarem o que faço... Muitas vezes, no meio do burburinho de um shopping Center, de um restaurante, alguém me pede uma música especial. - Vou tocar. Mas, não pode chorar, hein? A primeira reação das pessoas, ao ouvirem a Música, é de emoção e choro. Está feita a comunicação. E, comunicação musical, de forma simples e verdadeira, sem aspas, sem parênteses, sem asteriscos, sem notas no pé da página... Desta forma consigo trazer uma legião de admiradores para a boa música. Você consegue encarar a destreza com a simplicidade que ela exige? Avante!
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 66 / Revista Keyboard Brasil
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Fotos: Cicero Rodrigues
CRiTICA MUSICAL
HARMONITANGO 68 / Revista Keyboard Brasil
lanรงa seu CD
D de estreia homenageando Astor Piazzolla Revista Keyboard Brasil / 69
TRIO FORMADO POR JOSÉ STANECK (HARMÔNICA), RICARDO SANTORO (VIOLONCELO) E SHEILA ZAUGY (PIANO) REGRAVAM, EM FORMAÇÃO INUSITADA, RARIDADES E OBRAS CONSAGRADAS DO MÚSICO PORTENHO, COMO ADIÓS NONINO, LIBERTANGO, LA MUERTE DEL ÁNGEL, DEUS XANGO E RETRATO DE MILTON. * Por Sergio Ferraz
U
ma homenagem a Astor Piazzolla deve ser feita por músicos competentes, virtuosos e, princi-
palmente, versáteis, que possam transitar entre o popular e o erudito tão habilmente quanto o consagrado, e muitas vezes incompreendido, músico portenho. Neste sentido e, em busca por diferentes sonoridades e novas formas de expressão, o Harmonitango chega ao seu primeiro CD, numa formação inusitada, com músicos de grande experiência camerística: José Staneck (harmônica), Ricardo Santoro (violoncelo) e Sheila Zagury (piano). Última produção de Sergio Roberto de Oliveira, morto em julho deste ano de câncer no pâncreas, o CD homônimo faz jus à diversidade 70 / Revista Keyboard Brasil
cultural que tanto marcou a obra de Pìazzolla, agora com tempero brasileiro. A partir de suas múltiplas influências, a música de Piazzolla também bebeu na fonte brasileira. No início de carreira, em sua ânsia de se tornar compositor erudito, o portenho foi ter aulas com a legendária Nadia Boulanger, mestre de alguns dos maiores criadores do século XX como Igor Stravinsky, Leonard Bernstein, Aaron Copland, os brasileiros Claudio Santoro, Camargo Guarnieri e Almeida Prado, além de nomes fundamentais da música popular moderna, como Egberto Gismonti e Quincy Jones. E foi a própria Boulanger quem lhe incentivou a desistir da carreira erudita e mergulhar de vez no tango, ritmo que
tanto o fascinava. Neste CD estão presentes duas de suas maiores criações: Adiós Nonino, dedicada ao seu pai que acabara de perder, em 1959; e Libertango, tema consagrado pelas interpretações do compositor e das várias releituras mundo afora. A Libertango se juntam, nesta gravação, Meditango e Violentango, que pertencem a uma série original de sete tangos (além dos três citados, Meditango, Undertango, Amelitango e Tristango) lançados em único disco, de 1974. Em Fuga y Misterio, o compositor resgata suas influências eruditas, onde encontramos uma fuga que integra, originalmente, María de Buenos Aires, uma
“ópera-tango” denominada pelo compositor como “operita”. Essa mesma forma reaparece em La Muerte Del Ángel, com momentos líricos magistrais. Ainda dentro da série “Ángel”, Milonga del Ángel e Resurrección del Ángel, e Oblivion, escrita em 1982 para o filme Enrico IV, do cineasta Marco Bellocchio. Deus Xango é um dos frutos dos encontros de Piazzolla com o saxofonista Gerry Mulligan: o disco Summit (Reunión Cumbre), de 1974. Já Retrato de Milton é dedicada a Milton Nascimento, que Piazzolla considerava como o grande representante da então nova geração de grandes compositores do Brasil.
Revista Keyboard Brasil / 71
HARMONITANGO Através da fusão de seus estilos, o trio encontra na obra de Astor Piazzolla uma maneira de se expressar de forma emocionante e vibrante, valorizada pela riqueza tímbrica da harmônica, do violoncelo e do piano, criando uma sonoridade surpreendente dentro de uma obra fascinante. A similitude da sonoridade da harmônica com o bandoneon transfere à música de Piazzolla toda a energia de um dos mais importantes compositores do século XX, numa poderosa usina de sons valorizada pelos arranjos e pela execução do
Harmonitango. Criado em 2010, o Harmonitango já se apresentou em diversas salas de concerto do Rio de Janeiro, Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo, Brasília, Goiânia, Maringá, Londrina etc, sempre com grande receptividade do público e da crítica especializada, e tem como seu principal objetivo a divulgação da música de Piazzolla e também dos grandes compositores brasileiros, sempre com arranjos feitos pelos próprios músicos. Chamado de David Oïstrakh da harmônica pelo crítico francês Oliver Bellamy e comparado aos músicos Andrés Segovia e Mstislav Rostropovich por sua atuação na divulgação e construção da poética de uma harmônica brasileira pelo crítico Luiz Paulo Horta, José Staneck criou um estilo próprio onde variados elementos se fundem numa sonoridade marcante. Desenvolve importante traba72 / Revista Keyboard Brasil
Assim como Tom Jobim modernizou e traduziu o samba brasileiro para o mundo, Astor Piazzolla revolucionou o tango argentino harmonizando a tradição portenha com o jazz e a música clássica. Como Pelé e Maradona, o piano de Jobim e o Bandoneon de Piazzolla reinventaram a música lationamericana e a levaram à consagração internacional.
lho na área do ensino, e atualmente viabiliza um trabalho social de inclusão cultural levando o ensino de música através da gaita para crianças em diversas localidades do Brasil. Atua com diferentes formações camerísticas, e já foi solista de diversas orquestras sinfônicas brasileiras e internacionais. Ricardo Santoro é Mestre pela UFRJ e violoncelista da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra Sinfônica da UFRJ. Faz parte do Duo Santoro, do Trio Aquarius e do Trio Mignone, todos com intensa atuação no cenário musical brasileiro. Com o Trio Aquarius, participou de turnês pela Alemanha e Estados Unidos. Com o Duo Santoro, se apresentou no Carnegie Hall
de NY e na República Dominicana. Gravou os CDs “Bem Brasileiro” e “Paisagens Cariocas”, com o Duo Santoro; “Trios Brasileiros” e “Peace to the city”, com o Trio Aquarius; e “Francisco Mignone: obras para flauta, violoncelo e piano”, com o Trio Mignone. É responsável pela primeira audição mundial de alguns dos maiores compositores brasileiros, tais como Edino Krieger, João Guilherme Ripper e Ronaldo Miranda. Sheila Zagury é pianista, arranjadora e professora da UFRJ. Fez Bacharelado na UFRJ, Licenciatura e Mestrado na UNI-RIO e Doutorado na UNICAMP, com tese a respeito de choro
nos anos 1990. Musicista de formação eclética, com passagem na música erudita e no jazz, já atuou com vários artistas e grupos de renome como Eduardo Dussek, Ângela Rorô, Rio Jazz Orchestra, UFRJazz, Daniela Spielmann, Neti Szpilman e Marianna Leporace, e em numerosos espetáculos de teatro e shows em todo o Brasil e no exterior. Desenvolve diversos trabalhos artísticos com músicos, envolvendo choro, samba e jazz, tendo participado de vários shows e gravado CDs dentro desses gêneros, como “Mulheres em Pixinguinha”, “São Bonitas as Canções”, “Brasileirinhas” e “Orquestra Lunar”.
* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Revista Keyboard Brasil / 73
Curiosidade
Y O K O
a grande parceira de Lennon
ESTE MÊS APRESENTO UMA CURIOSIDADE SOBRE UM DOS GRANDES SÍMBOLOS DO SÉCULO 20, SEJA COMO PARTE FUNDAMENTAL DA BANDA MAIS IMPORTANTE JÁ SURGIDA, POR SEUS TRABALHOS SOLOS E TAMBÉM POR SUA FACETA DE ATIVISTA POLÍTICO E SOCIAL. * Por Amyr Cantusio Jr.
74 / Revista Keyboard Brasil
Ouça The B eatles - Norw egian Wood em rara ver , são (take 2) .
Q
uando falamos de John Lennon duas coisas nos vêem à cabeça: a banda The Beatles e
Yoko Ono . Porém, uma grande
barbaridade que ouço é sobre Yoko. Em primeiro lugar, ela sabia música e BEM. Foi aluna de um Mestre: JOHN CAGE. Em segundo lugar, fazia música de VANGUARDA experimental, onde muitos OUVIDOS não conseguem chegar. Então, aqui vai uma curiosidade para os que não sabem a HISTÓRIA: Because é uma canção dos Beatles composta por John Lennon, creditada a dupla Lennon/McCartney, e
lançada no álbum Abbey Road de 1969. A gravação ocorreu no dia 1 de agosto de 1969, e foi concluída em 5 de agosto de 1969. John Lennon, certo dia, estava ouvindo Yoko Ono que havia estudado piano clássico na juventude, tocar a sonata para piano n° 14, opus 27, de Beethoven, conhecida como “Sonata ao Luar”. Ao ouvi-la, ele teve uma ideia: pediu para Yoko tocar os acordes invertidos, do fim para o começo. John inspirou-se na harmonia resultante e compôs “Because”. Interessante, não?! A seguir, a canção.
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 75
Because Letra e música: John Lennon e Paul McCartney Transcrição: Marcelo Fagundes
Peça a partitura completa através do e-mail: contato@keyboard.art.br 76 / Revista Keyboard Brasil
Memรณria
78 / Revista Keyboard Brasil
A construção do século XVIII foi a casa onde nasceram e viveram os irmãos Celso e Brasílio Itiberê da Cunha – o primeiro se tornaria monsenhor e o segundo diplomata e músico, imortalizado por suas composições musicais.
“A SERTANEJA” DE BRASÍLIO ITIBERÊ: PRIMEIRA OBRA DE CONCERTO PIANÍSTICA BRASILEIRA NOMEADO PELO IMPERADOR DOM PEDRO II PARA O CORPO DIPLOMÁTICO DO PAÍS COMO FORMA DE CUSTEAR OS ESTUDOS MUSICAIS NA EUROPA, BASÍLIO ITIBERÊ, ALÉM DE EXCELENTE INSTRUMENTISTA, POSSUÍA TÉCNICA MUITO SOFISTICADA, COMO PODEMOS VER EM SUA OBRA “A SERTANEJA”- FUNDAMENTAL NA HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA. ** Por Maestro Osvaldo Colarusso
Revista Keyboard Brasil / 79
A
s inúmeras pessoas que passam amizade com dois dos maiores pianistas diariamente na Rua Brasílio Itiberê da época, Anton Rubinstein e Giovanni no bairro Rebouças de Curitiba não Sgambati. fazem a menor ideia de quem foi o Pela escrita musical pianística de h o m e n a g e a d o c o m o n o m e d o Brasílio Itiberê é possível deduzir que ele logradouro: Brasílio Itiberê foi um era um excelente instrumentista, com compositor nascido em Paranaguá, em técnica muito sofis-ticada. O pianismo de 1846. alta virtuosidade A compofazia um enorme sição musical não sucesso em sua épofoi a única ca, e ao que parece atividade deste Itiberê como notável paravirtuose do piano naense: foi tinha a capacidade também diplode magnetizar o mata de carreira, público em suas tendo servido em apresentações. embaixadas Se sua carreira brasileiras na diplomática o impeBélgica, Itália, diu a ter um maior Peru, Paraguai e domínio compoAlemanha. A carsicional não deixa de reira diplomática O compositor e diplomata brasileiro Brasílio Itiberê foi nos impressionar um dos pioneiros na utilização de temas folclóricos na de Brasílio Itiberê criação clássica musical no Brasil. Tornou-se amigo de que no Brasil de foi proposta pelo alguns dos maiores pianistas de seu tempo, como Anton meados do século Rubinstein. É patrono da cadeira n. 19 da Academia imperador Dom Brasileira de Música e, entre suas obras destaca-se A X I X , u m a r t i s t a Sertaneja (1869). Pedro II como um nascido na periferia meio dele se do Império, tenha aperfeiçoar como compositor, sendo que a realizado uma atividade musical consisserviço do Brasil, como ministro tente em nosso país. plenipotenciário, faleceu na capital alemã em 1913. “A sertaneja” e Reza a história de que no período sua forma genial em que esteve em Roma, entre 1873 e 1882, Composta quando o autor tinha intensificou sua amizade com o apenas 23 anos de idade, “A sertaneja”, compositor e pianista Franz Liszt, que de 1869, acabou se tornando uma obra teria tocado na época sua obra mais fundamental na história da música conhecida, “A sertaneja”, e que teria brasileira. Primeiro por ser a mais antiga também na mesma época profícua 80 / Revista Keyboard Brasil
obra pianística de concerto significativa escrita no país e por ser das mais antigas composições brasileiras a fazer uso de melodias folclóricas. Entre as inúmeras qualidades da obra o que mais chama a atenção é a perfeição formal. Seu esquema formal é o seguinte: Introdução, “A” em lá bemol menor, “B” em lá bemol Maior, “A” novamente em lá bemol menor e uma curta coda. Mas tanto o “A” como o “B” são também tripartites. Isto quer dizer que a macroestrutura é espelhada na microestrutura. Na parte “B” é que é utilizada a melodia folclórica “Balaio meu bem balaio”, e uma outra melodia, inspirada na mesma fonte popular. Esta parte “B” é um desafio para os pianistas com amplos saltos para a mão direita, e a parte central deste “B” tem uma curiosa utilização de ritmo de Habanera. Ao conhecer outras obras do autor, especialmente no importante CD da pianista paranaense Giséle Rizental, percebemos que “A sertaneja” é, de longe, a única obra prima do compositor. Isto não impede dizer que Brasílio Itiberê é o mais importante compositor nascido no Paraná no século XIX, e que o Estado só veria compositores de alto nível nascidos aqui muitas décadas depois.
Arnaldo Estrela e o Instituto Piano Brasileiro Entre as inúmeras gravações da obra prima de Brasílio Itiberê há uma que permanece a mais perfeita e impressionante: a do pianista carioca Arnaldo Estrela (1908-1980). Arnaldo tinha uma técnica fulgurante o que permite que ele vença com desenvoltura as inúmeras dificuldades da obra. A maneira como destaca as melodias folclóricas da parte central da obra junto a arpejos arrepiantes da mão direita deve ser ainda mais valorizada pelo fato de que na época da gravação (década de 1950) os recursos para edição ainda não existiam. O importantíssimo “Instituto Piano Brasileiro”, em sua página no youtube, disponibiliza esta bela gravação junto com a partitura da obra. Por falar no “Instituto Piano Brasileiro”, em sua página no youtube, nos tem disponibilizadas dezenas de obras brasileiras para piano sincronizadas com suas partituras. Trabalho incansável dos pianistas Alexandre Dias (de Brasília) e Douglas Passoni (de Ponta Grossa) merece todo o nosso apoio. Para ajudar existe um site para crowdfunding (Financiamento coletivo). Clique aqui e colabore. Vale a pena.
* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. Revista Keyboard Brasil / 81
Tecnologia
CURSOS
ONLINE GRATUITOS NA ÁREA DE ÁUDIO E TECNOLOGIA LÍDER NA ÁREA DE SOLUÇÕES DE ÁUDIO, SHURE OFERECE DIFERENTES TIPOS DE CONTEÚDO EM PLATAFORMA INTERATIVA * Redação
82 / Revista Keyboard Brasil
S
emanalmente, a Shure, marca líder mundial no setor de microfones e áudio profissional,
oferece cursos online gratuitos sobre diferentes e relevantes temas para os segmentos de música, Broadcast e soluções de áudio para instalações corporativas. Agora em plataforma que oferece maior interatividade e contato entre os palestrantes e a audiência, os conteúdos serão apresentados simultaneamente a vídeos e comentários, com direito a entrevistas com convidados externos que são especialistas no assunto. Ministrados todas as sextas-feiras, às 10h, os cursos online da Shure são
voltados a músicos, técnicos de áudio, integradores de áudio e vídeo, estudantes, consultores, engenheiros de áudio, coordenadores de RF e consultores. Os cursos abordam temas como Técnicas para Microfonar Instrumentos, Como Melhorar o Áudio em um Home Studio, Fundamentos de Radiofrequência
e Áudio Invisível para Salas de Reunião de Última Geração, entre outros. Para participar dos cursos, é preciso apenas cadastrar seu e-mail no site shurebrasil.com e aguardar o convite para acessar a transmissão. Em caso de d ú v i d a s , e s c r e va p a r a relacoespublicas@shure.com. Abaixo, é possível conferir a programação até o final de 2017:
Novembro Nov 24 – Diversidade de Frequências – O que é isso? Dezembro Dez 1 – Shure e Da nte: Controle e Roteamento Dez 8 – Estrutura de Ga nho Dez 15 – Técnicas de M icrofonação para Teatro Dez 22 – Guia Básico de Microfones sem Fio
Sobre a Shure Incorporated * Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intraauricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em rede,
premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. Revista Keyboard Brasil / 83
Oriente-se
CADÊNCIAS II V/I - PARTE 1 - TÔNICA DE SÉTIMA MAIOR CADÊNCIAS E SEQUÊNCIAS HARMÔNICAS JUNTAS AO CICLO DAS QUINTAS/QUARTAS *Por Jeff Gardner
Os livros "Harmonia da Música Popular Vol. 1 - Ciclos" e "Harmonia da Música Popular vol. 2 - Cadências e Sequências Harmônicas" estão disponíveis no site www.jeffgardner.com.br ; nas lojas Free Note (São Paulo) e Arlequim e Musical Carioca no Rio de Janeiro
Bill Evans: o poeta do piano. 84 / Revista Keyboard Brasil
C
adências e sequências harmônicas juntas ao ciclo das quintas/quartas formam a mônicas juntas ao ciclo das quintas/quartas formam a base da maior parte da harmonia da música popular moderna.
cadência II V/ I possui um
Uma cadência é uma série de
movimento de fundamentais muito
acordes, tirados tradicionalmente dos
forte, as suas qualidades de acordes
acordes diatônicos de uma tonalidade
podem ser modificadas extensi-
(campo harmônico), que estabelece uma
vamente e ainda ouvimos uma
tônica ou centro tonal. Na música
tônica, frequentemente com o valor
moderna, as qualidades destes acordes
rítmico dobrado em relação a II e V.
diatônicos são frequentemente modifi-
Esta cadência é a base de muitas
cadas e as fundamentais também podem
composições famosas ("standards")
ser substituídas. Em um sentido mais
de vários estilos de música popular,
amplo, a noção de tonalidade tem se
então é necessário para qualquer
expandido para incluir muitos acordes
estudante de música (bateristas -
não considerados como tônica na
isso é com vocês também!) conhecer
linguagem harmônica tradicional. Os tipos básicos de cadências perfeita, imperfeita, plagal, e interrompida, estão todas presentes na harmonia da música clássica e na música popular moderna, embora com armações de acorde diferentes. A cadência perfeita termina no acorde da tônica na posição fundamental. Uma cadência imperfeita termina num acorde de tônica com uma nota que não seja a fundamental no baixo. Uma cadência interrompida termina com um acorde que não seja a tônica, frequentemente com a nota da tônica na melodia. A cadência plagal precede o acorde de tônica com um acorde de IV ou II. Estas cadências são
afundo esses elementos em todo tipo
utilizadas com bastante frequência na música Gospel.
A cadência II V/ I, com todas as suas diversas qualidades de acordes, é a cadência mais utilizada. Porém, podemos usar também II IV/ I e outros movimentos de fundamentais menos comuns. Sendo que a
de tonalidade - sétima maior, sétima dominante, sétima menor e outros EM TODAS AS TONALIDADES. As cadências devem ser tocadas em acordes em bloco no piano e também em arpejo, como base da improvisação. Como arpejos também podem ser executadas em qualquer instrumento melódico. Mesmo não sendo pianista - invista nessa ideia - o estudo de harmonia no piano ou no teclado é, como costumo dizer, "dinheiro na conta" para qualquer instrumentista! Faça desta aprendizagem uma parte diária da sua rotina de estudos.
Revista Keyboard Brasil / 85
Segue aqui uma pequena seleção
Primeiro executem as cadências
de exemplos de II V/ I com tônica de
em "guide tones" - (terça e sétima) na mão
sétima maior tirados do meu novo livro,
direita, com as fundamentais na mão
"Harmonia da Música Popular vol. 2 -
esquerda.
Cadências e Sequências Harmônicas". Divirtam-se!
Neste exemplo as cadências
Vamos agora acrescentar uma nota
descem por tons inteiros. Isso é a maneira
na mão direita - formando assim acordes
mais comum de encadear estas cadências,
de sétima com a quinta no II e I, e com a
o que deve ser aplicada a todo tipo de
nona no acorde de dominante.
"voicing"
por cada tipo de harmonia.
Agora passamos para o grupo de
fundamentais sempre na mão esquerda.
voicings mais utilizados na música
Isso é o "arroz e feijão" que temos que
popular - com acordes de 4 notas na mão
consumir todos os dias! No próximo
direita (nunca com fundamental!) e as
exemplo todos os acordes tem a nona.
86 / Revista Keyboard Brasil
Quer um pouco mais de "pimenta" no acorde de dominante - podemos
transformar a quinta perfeita em b13 e transformar a nona em nona bemol.
A g o r a va m o s c o n s i d e r a r a
compasso para dar mais vida a linha. De
cadência II V/ I como exercício - arpejando
novo, descendo por tons inteiros. Nada de
os acordes do terceiro exemplo e
preguiça! Continue este exemplo e
acrescentando uma modificação do
transpõe todos os exemplos descendo por
acorde tônica - CMaj7 se transforma em
tons inteiros por um meio tom para
C6 na segunda metade do segundo
executar nas 12 tonalidades.
Músicas a escutar: "Solar" e "Tune Up" - Miles Davis "Cherokee" - Ray Noble "Turn Out the Stars" - Bill Evans Até a próxima Revista Keyboard Brasil!!
* Jeff Gardner é pianista, compositor, educador, com 18 CDs gravados e escritor de diversos livros nascido em Nova York e radicado no Brasil desde 2002. Suas influências passam pelo clássico, jazz e, principalmente, pela música brasileira. Estudou com nomes lendários do universo jazzístico, entre eles, John Lewis, Don Friedman, Jaki Byard e Charlie Banacos e tomou aulas de harmonia com Nadia Boulanger. Jeff foi professor na New York University e ministra workshops e masterclass em muitos países. Jeff Gardner é o mais novo ilustre colaborador a entrar para o time da Revista Keyboard Brasil. Contato para shows e workshops: jeffgardnerjazz@gmail.com Revista Keyboard Brasil / 87
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