Revista
Keyboard ANO 4 :: 2017 :: nº 53 ::
:: Seu canal de comunicação com a boa música!
Brasil
CONTINUOUS PAD: Saiba mais sobre as amostras de áudio de Pads, pré gravadas e editadas.
A BELEZA DA MÚSICA FRANCESA: Inspirado em Michel Petrucciani e Yann Tiersen
NOVIDADE NO MERCADO: Trazidos pela ProShows (Behringer Brasil),chega ao Brasil as linhas DEEPMIND 12 e DEEPMIND 12D.
O“jazz mineiro”de
TÚLIO MOURÃO E MAIS!
Mussorgsky, Tchaikovsky, Caravela Escarlate, Luis Leite, Duo Ama, Giosue de Vicenti...
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Editorial “ O final de um ciclo e as novidades concretas para o próximo ano”! Dezembro chega fechando o ano de 2017 com a certeza de que nosso trabalho foi cumprido. Nossa publicação sempre teve o intuito de valorizar a música de qualidade mesmo a grande mídia apostando no que ela imagina ser vendável. Ainda assim, sobrevivemos e, a cada dia, aumentamos o número de leitores buscando conhecimento e gosto musical refinado. E isso é o que nos alegra e nos faz seguir adiante. Sonhar alto sempre foi uma meta e assim, para o próximo ano, realizaremos o tão esperado 1º Prêmio Keyboard Brasil, onde adianto apenas para a curiosidade de todos que serão 5 categorias por instrumento (estilo LIVRE): - Piano (digital acústico, 88 teclas); - Órgão (2 teclados e pedaleira); - Teclado arranjador (com alto acompanhamento); - Sintetizador (Programação de ondas e efeitos); - Acordeom (120 baixos). Voltando a edição de número 53, temos a honra de trazer, como matéria principal e também uma entrevista exclusiva, Túlio Mourão, protagonista de uma rica história dentro da música brasileira. Além das incríveis matérias feitas por nosso time de colaboradores, músicos renomados e seres iluminados,
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Heloísa Godoy Fagundes - Publisher
formando assim, nossa grande família musical. Desejamos a todos uma excelente leitura, um feliz Natal e um próspero ano Novo! Que 2018 venha com força total!! E músico, aproveite! Peça a tabela com valores promocionais para divulgação em nossas publicações através do email contato@keyboard.art.br. Clique, curta, compartilhe e faça seu comentário, porque: se podemos ter o melhor, não se contente com menos! Excelente leitura e fique com Deus!!
A matéria é incrível. Realmente um ensinamento claro e objetivo. (Sobre matéria escrita por Luiz Carlos Rigo Uhlik 'O segredo para tocar bem e ter intimidade com as teclas', edição numero 52). Áurea Regina Uhlik — Facebook Mais uma edição saindo do forno! Eduardo Becker — Facebook Bom dia Helô, eu também sou super fã da Revista Keyboard Brasil! Boa semana! Beijão 'procê'. Maga Lee Craveiro — G+ Felicitaciones por una nueva edición !!! Gerardo Solnie — Facebook Eu estou começando um trabalho próprio neste estilo... A primeira faixa que eu ouvi do Eloy Fritsch foi 'Gaia', do Exogenesis (2012). É impressionante a influência direta da música 'Hymne', do Vangelis, inclusive no timbre parecido. Diferente da 'Exogenesis Parte 1', que senti uma mistura de Jean Michel Jarre com Rick Wakeman! Muito Bom, ele ganhou outro fã! (Sobre matéria de capa de Eloy Fritsch, escrita por Heloísa Godoy e Amyr Cantusio Jr, da edição número 52). Orlan Charles M. Prado — Facebook Tem uma matéria também sobre o Genesis (The Lamb...) (Sobre matéria escrita por Amyr Cantusio Jr, da edição número 52). Ronaldo Lopes Teixeira Rolt — Facebook FANTÁSTICO !!!! Sergio Ferraz — Facebook
Espaço do Leitor Que alegria mais este nascimento mensal da Revista Keyboard Brasil, Heloísa Godoy!! Mais uma edição impecável e incrível para contribuir com a música de qualidade, em todos os aspectos! E nunca é demais agradecer em fazer parte dessa família! Bruno Freitas — Facebook Os 3 Ps do Talento, Helô (Heloísa Godoy): Prática, Paciência e Persistência. Você articula, muito bem, esse monte de Pês! Parabéns! Avante! Luiz Carlos Rigo Uhlik — Facebook Showwwww! Welson Rafael — Facebook Com muito orgulho, passo a fazer parte do grupo de colaboradores da Keyboard Brasil! José Eduardo D'Elboux — Facebook Sempre brilhante minha amiga! Sucesso ! Samuel Quinto Feitosa — Facebook Hey amizade!!! Tem matéria bonita sobre o disco 'Oi, Tudo bem?', na edição desse mês da @revistakeyboardbrasil João Leopoldo — Facebook Olá Heloisa, Gostaria de agradecer pelo destaque na revista!!! Realmente ajudará muito na divulgação dos meus projetos musicais. Já postei lá no facebook e vamos divulgar a revista também! Muito bom poder contar com o teu apoio! Grande abraço! Eloy Fritsch — E-mail Revista Keyboard Brasil / 05
Dezembro / 2017 Expediente Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Capa: Divulgação Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br
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Anuncie na Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Colaboradores da Revista Keyboard Brasil desta edição: Maestro Osvaldo Colarusso / Amyr Cantusio Jr. / Jeff Gardner / J. Eduardo. D’Elboux / Luiz Carlos Rigo Uhlik / Zeca Quintanilha / Rafael Sanit / Hamilton de Oliveira / Evaristo Fernandes Sergio Ferraz / Bruno de Freitas Thiago Pospichil Marques
As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.
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Índice
08 MATÉRIA DE CAPA: Túlio Mourão por Heloísa Godoy e Amyr Cantusio Jr.
A VISTA DO MEU PONTO:
O segredo para tocar bem e ter intimidade com as teclas - por Luiz Carlos Uhlik
LANÇAMENTO: Caravela Escarlate - por Amyr Cantusio Jr.
50 ESPAÇO GOSPEL: Texturas contínuas - por Zeca Quintanilha
66 MUNDO PROGRESSIVO:
Tecladistas da Inglaterra do século XX - por Amyr Cantusio Jr.
MUSICANDO: A beleza da música francesa por Hamilton de Oliveira
PAPO DE TECLADISTA: Gratidão e paz aos músicos - por Bruno Freitas
TECNOLOGIA: Behringer - Deep mind - por Thiago Pospichil Marques
46 OPINIÃO: Mussorgsky - por José Eduardo D'Elboux
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SOBRE OS SONS: Duo Ama - o piano a quatro mãos - Redação
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34 MERCADO: Shure e as sugestões de presente de Natal - Redação
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ENFOQUE: A ‘Patética’ de Tchaikovsky - por Osvaldo Colarusso
74 ESPAÇO GOSPEL: Uma reflexão musical - por Evaristo Fernandes
62 VITRINE: CD Vento Sul, de Luis Leite - por Sergio Ferraz
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76 ACONTECEU: Pianista italiano Giosue de Vicenti - Virtuosi Prosuções
ORIENTE-SE: Cadências II V/I em modo menor por Jeff Gardner
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Fotos: Divulgação
Matéria de Capa
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O Jazz mineiro de TÚLIO MOURÃO NASCIDO EM MINAS GERAIS, NA CIDADE DE DIVINÓPOLIS, TÚLIO MOURÃO É PROTAGONISTA DE UMA RICA HISTÓRIA DENTRO DA MÚSICA BRASILEIRA. INTEGROU A BANDA MUTANTES NA FASE DO ROCK PROGRESSIVO E, EM SEGUIDA, ESTEVE NA BANDA DE ARTISTAS COMO MILTON NASCIMENTO, MARIA BETHÂNIA, CHICO BUARQUE, NEY MATOGROSSO, FAGNER, ENTRE OUTROS. *Texto: Heloísa Godoy
* Entrevista: Amyr Cantusio Jr.
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Foto maior: Túlio Mourão: “Me considero um cara de muita sorte, porque quando tinha 7 anos, uma professora de piano (Arminda Ferreira)Em Divinópolis, interior de Minas, vizinha e conhecida de meus pais olhou pra minha cara e disse : é músico! E tratou de convencer meus pais de que ela precisava me ensinar o instrumento”. Fotos menores: (1) Adélia Prado e Túlio Mourão são premiados no festival da canção de Divinópolis. Minas Gerais - 1981. (2) Túlio Mourão possui raízes no rock e na mpb. Aqui com Maria Bethânia. (3) Gravação do compacto Cavaleiros Negros no estúdio Eldorado em São Paulo. Túlio, Sérgio, Rui e Pedro.
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ilho do industrial Geraldo Magalhães Pontes e da
professora Leonice Mesquita Mourão Pontes, Túlio Mourão — pianista, compositor e arranjador, iniciou seus estudos de piano muito jovem em sua cidade natal com a professora Arlinda Ferreira. Logo cedo se apresentava em festividades da cidade e compôs a
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música “Dançando nas Nuvens”. Aos 15 anos veio para Belo Horizonte e participou do I Festival Estudantil da Canção, onde conheceu Lô Borges, Beto Guedes, Tavinho Moura, Márcio Borges e Toninho Horta – de quem foi aluno de teoria musical. Iniciou o curso de Arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais, mas o abandonou
Foto maior: Túlio Mourão: “Depois de tudo, de ter recusado rótulos e gavetas me sinto desconfortável quando preciso me auto definir”. Fotos menores: (1) Túlio Mourão e Pat Metheny, gravando juntos, no estúdio Visom. Rio de Janeiro, anos 80. (2) Túlio com Milton Nascimento (3)Túlio Mourão e Mercedes Sosa, nos bastidores do show de Bituca. Em Madrid, Espanha (1985).
para estudar música no Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa conheceu o guitarrista Sérgio Dias, e passou a integrar o grupo Os Mutantes. Com essa banda grava o belíssimo disco Tudo Foi Feito Pelo Sol. Por 12 anos, Túlio Mourão integrou a banda de Milton Nascimento e participou dos discos Caçador de Mim, Missa dos Quilombos, Anima, Encontros e Despedidas, Yuaretê, Milton Nascimento e RPM, Miltons, Txai, Ângelus e
Amigo. Também, em carreira solo, Túlio lança alguns importantes discos.
De Beethoven a Beatles Sua iniciação pianística deveu-se à teimosia de uma professora vizinha de seus pais. “Eu sou de uma cidade muito pequena no interior de Minas, Divinópolis, e não era muito comum um menino aprender piano, era mais de moças prendadas. Mas tive uma professora de Revista Keyboard Brasil / 11
piano vizinha e amiga da família, que olhou para mim e disse: é músico.” E ela insistiu com os pais de Túlio, dizendo que queria “ensinar música àquele rapaz”. O que acabou por resultar, devido à forma como o ensino decorreu. “Os professores que ensinam música nem sempre prestam atenção à necessidade de preservar e alimentar a qualidade da relação com o instrumento. Mas comigo foi isso que aconteceu: eu criei uma relação de qualidade com o piano que não se descontinuou. Ela podia ensinar-me piano clássico, Beethoven (como fez), mas na adolescência eu quis tocar Beatles, bossa nova.” E a professora não o desencorajou. O que lhe permitiu libertarse, do ponto de vista criativo, mas mantendo sempre uma relação forte com o piano, até hoje.
Sobre as composições Em termos de composição, Túlio também começou cedo. “Desde que comecei a tocar, comecei a compor. Eu tenho execuções, no CineArt da cidade, tocando música minha com oito anos.” Durante muito tempo, tocou de ouvido. Só na adolescência, quando ele conheceu as pessoas do Clube da Esquina é que aprendeu partitura. “Toninho Horta teve paciência de dar aula para mim, para Berto e para Lô Borges, na casa da mãe dele.” Em tantos anos de estrada, possui canções em parceria com Milton Nascimento, Adélia Prado, Fernando Brant, Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Abel Silva, Sérgio Dias,Tavinho Moura, Murilo Antunes, Nelson Motta, e foram gravadas 12 / Revista Keyboard Brasil
por nomes como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Nara Leão, Ney Matogrosso, Zimbo trio, Eugênia Melo e Castro. Merecem destaque a gravação das músicas: “Depois da paixão” com o guitarrista Pat Metheny e “a primeira estrela” pelo saxofonista americano Bob Berg, numa produção assinada por Chic Corea e participação de músicos notáveis como Steve Gad, Victor Bailey, e Gil Goldstein.
Sua Música A música instrumental de Túlio Mourão se apoia numa consistente construção melódica. O exercício e a vivência como premiado autor de trilhas sonoras lhe permite criar temas que estão muito longe de meros pretextos para improvisação. Túlio busca um perfil pessoal e original dentro da música instrumental brasileira, metabolizando elementos que vão da música erudita aos cânticos religiosos da tradição sacra e popular de Minas Gerais. O pianista exercita um perfil mais brasileiro e rítmico através de uma estimulante dinâmica entre a mão esquerda e direita, resultando numa síntese batizada de jazzmineiro. Esse foi, aliás, o nome de um dos seus primeiros discos a solo, editado em 1984. A seguir, uma entrevista exclusiva realizada pelo colaborador Amyr Cantusio Jr.
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Entrevista Revista Keyboard Brasil – Em primeiro lugar como fã dos MUTANTES e, na época, atuante com meu grupo SPECTRO (1974) eu vivi, como músico, os maravilhosos anos 70 e assisti/conheci muita gente! Você poderia nos falar mais sobre teus 2 LPS com os Mutantes? Como foi entrar numa banda que eu pessoalmente considero a maior vanguarda que o Brasil teve? Como foi a repercussão? E você, o que sentiu e sente até hoje? Túlio Mourão – Para um adolescente mineiro de Divinópolis, chegar junto e participar da mais importante banda do país – OS MUTANTES – o caminho não foi nada fácil, mas tem muito de mágico e a estória merece ser contada. Eu morava no Rio, em Ipanema e era amigo muito próximo do Lulu Santos. Amigos de se ver e se encontrar todos os dias porque, além dos sanduíches do POLIS SUCOS numa esquina na Praça General Osório, comíamos, bebíamos e respirávamos Rock'n roll. Lulu, o guitarrista Paul de Castro e eu sonhávamos e batalhávamos em torno do VELUDO ELÉTRICO. No meu apartamento, havia uma semana, me chegou um piano – herança de minha participação no grupo 1822 idealizado pelo cientista Pedro Paulo Lomba. De repente, chega Lulu no apartamento em companhia de Sergio Dias, com violão em punho. Tocamos muito e nos entendemos maravilhosamente. Nos despedimos, e daí a uma semana volta Sergio Dias para 14 / Revista Keyboard Brasil
me buscar e me levar para São Paulo para tocar com os MUTANTES. Vendi o piano e me mandei para a São Paulo que eu não conhecia. O piano ficou no apartamento exatos 15 dias, a conta de cumprir sua transcendente função de materializar meu encontro com Sergio. Encurtando a conversa, Lulu e Sergio ficaram anos sem se falar por conta do tecladista entregue de mão beijada – nem tanto, mas vamos combinar que roubo também não houve! Em Divinópolis, as pessoas paravam o carro na rua para me perguntar se era verdade que eu agora estava com os caras (MUTANTES). Os MUTANTES para mim foi uma experiência tão rica quanto intensa. Compartilhei com eles uma utopia fascinante e um desafio monumental de se ter no Brasil uma cena Rock'n roll. Bota desafio nisso. Um verdadeiro show de Rock precisava contar com equipamento de sonorização e iluminação para grandes espaços e multidões de 3000 ou 5000 pessoas. O conceito de P.A. (public address) não existia por aqui, como não existiam firmas para grandes sonorizações. Para realizar um verdadeiro show de Rock os mutantes tinham que transportar e montar toda a cena de palco e PA. no mesmo dia antes do check sound e do concerto (ufa!) Cláudio Cesar Batista (irmão de Arnaldo e Sergio ) construía caixas, amplificadores e mesas bastante sofisticadas para a época. Este pioneirismo nunca foi creditado aos caras na dimensão de sua importância e significado. O Tudo Foi Feito Pelo Sol também tem estória. Um carinha chamado Cazuza, então com 13 anos,
trabalhava com o pai João Araujo, diretor da Som Livre, e deu força junto ao pai para que o disco fosse gravado. Na época, o Rock era coisa realmente marginal, e não havia gravadora que produzisse, rádio que tocasse, imprensa que cobrisse. Não havia nenhum tipo de suporte ao segmento. Conseguimos da Som Livre tipo 5 ou 6 sessões para gravar e mixar o disco inteiro. O milagre foi feito em regime de realtime, quase sem playbacks, com mudanças de timbre nos teclados também em tempo real. A garotada hoje descobriu e adora o disco Tudo Foi Feito Pelo Sol. Tento entender porque uma geração que tem acesso ilimitado e instantâneo a tudo que se produz no planeta se encanta com o disco? Talvez a garotada encontre ali a sinceridade e convicção de outros então garotos fazendo o melhor que sabem, e principalmente, fazendo o melhor que sonham! Revista Keyboard Brasil – Túlio qual tua formação musical? Com quantos anos se iniciou? Com quem? Qual instrumento principal? Onde? Detalhes. Túlio Mourão – Me considero um cara de muita sorte, porque quando tinha 7 anos, uma professora de piano chamada Arminda Ferreira, lá em Divinópolis, interior de Minas, vizinha e conhecida de meus pais olhou para minha cara e disse: é músico! E tratou de convencer meus pais de que ela precisava me ensinar o instrumento. Ela foi realmente especial, e brincava comigo por 2 horas para que eu estudasse 1 hora de piano. Arminda foi milagrosa na questão da motivação. Por
conta da relação prazerosa com o instrumento que se consolidou, eu nunca parei de tocar piano. Na adolescência, parei de estudar piano clássico, mas a relação com o piano não se descontinuou. Continuei tocando de ouvido para tocar Bossa Nova e Beatles. Também acho importante citar o amigo Toninho Horta que resolveu dar aula de teoria musical para mim, Lô Borges e Beto Guedes quando tínhamos 17 ou 18 anos. Em Belo Horizonte conheci e passei a conviver com todo o Clube da Esquina, por isto os encontros quase diários. Comecei estudar arquitetura e larguei o curso para estudar música no Instituto Villa Lobos, no Rio de Janeiro. A escola era um núcleo de vanguarda, com professores notáveis e funcionava no prédio da UNE (União Nacional dos Estudantes) A UNE estava proscrita pelo governo da ditadura. O governo tanto fez perseguindo a escola por conta das “perigosas” ideias inovadoras que destituiu o maestro Reginaldo de Carvalho e colocou o General Graça como diretor da escola. Não satisfeito demoliu o prédio,que já tinha incendiado antes, com medo de que a UNE o retomasse. Minha tentativa de ter uma base mais acadêmica na música acabou melancolicamente com a demolição do prédio da escola na Praia do Flamengo número 132 (hoje um estacionamento). Conversei com pessoas que também fizeram um percurso semiautodidata, como o Wagner Tiso e Nivaldo Ornelas, que me incentivaram a estudar, ler livros e escrever arranjos orquestrais por minha conta. Existe uma Revista Keyboard Brasil / 15
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linha de ensino informal que passa de Koellreutter para Paulo Moura e prossegue em Wagner, Nivaldo, onde me insiro. Comecei a escrever para orquestra a partir do disco do Ney Matogrosso, com quem eu trabalhava na época. Escrever para Sinfônica me dá muito prazer. Revista Keyboard Brasil – Gostaria que falasse para a gente sobre seus mais RELEVANTES projetos feitos/parcerias/ discos e trabalhos! Sei que fez com Cetano, Milton, Chico, Pat Metheny e Jon Anderson! Túlio Mourão – Começo com uma quase piada. Estava eu pronto para responder pela enésima vez que o músico brasileiro, na quase totalidade é sentenciado à diversificação como meio de sobrevivência e, por conta disso, tem de matar um leão por dia... Então, me dei conta de que meu entrevistador era... o Leão Lobo! (risos) comecei a rir, e me sai dizendo que estava pronto para usar uma metáfora obsoleta, pré-ecológica, politicamente incorreta e rimos bastante! Mas a diversidade é um fato na minha vida profissional. Por falta de espaço vou citar alguns projetos importantes. Começo pelas trilhas de filmes. Sou detentor de todos os grandes prêmios para trilha sonora no cinema brasileiro, como APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, Kikito – pelo Festival de Cinema de Gramado, Festival de Cinema de Brasília, Festival de Cinema de Natal, Festival de Tiradentes. Tenho canções gravadas por Milton, Maria Bethânia, Nara Leão, Zimbo Trio, Ney Matogrosso, Jane Duboc,
Osvaldo Montenegro, Eugenia Mello e Castro, Tavito e outros. Destaque para “Depois da paixão”, gravada por Pat Methenye; “A primeira Estrela” (Túlio Mourão letra de Milton Nascimento e Tavinho Moura), gravada pelo Saxofonista Bob Berg, com participação de Steve Gadd, Gil Godstein, Victor Bailey e produção executiva de ChicCorea. Faço direção musical para Missa Dos Quilombos (musical em forma de celebração reunindo música de Milton Nascimento com textos de Dom Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra. Direção musical do projeto Terra de Livres - cortejo músico - teatral pelas ruas de São João Del Rey com bases gravadas pela Sinfônica de Minas Gerais. Direção musical e arranjos para o Concerto do Centenário da cidade de Divinópolis, com cantores e a Orquestra Sinfônica de MG. Show da Anistia internacional, ao lado de Milton, dividindo o palco com Sting, Peter Gabriel, Pat Metheny entre outros. Show Tambores de Minas, assino direção musical ao lado de Milton Nascimento, com direção geral de Gabriel Vilela. Show Amigo, com Milton Nascimento participo com arranjos e regência de coral com músicos da Sinfônica de Londres no Royal Albert Hall. Show Milton Nascimento em Londres, com Eric Clapton na plateia e no camarim (claro que tirei foto!). Show Milton Nascimento em Paris com presença do então presidente da França François Miterrand (nos ofereceu champagne no camarim). Festivais de jazz e shows com Wayne Shorter, Santana, Pat Metheny, Jon Anderson, James Taylor, Revista Keyboard Brasil / 17
Mercedes Soza, Jack Dejonette, Paco de Lucia, entre outros. Participei como músico do Programa Chico e Caetano, na Globo recebendo convidados. Convidado solista no projeto Les Noveaux sons del' Amerique, organizado pelo Teatro Chatelet de Paris. No Festival Tudo é Jazz, de Ouro Preto assinei curadoria e conduzi a Rede Minas de TV gerando programas especiais, onde entrevistei gente como Stanley Jordan, David Holland, Hermeto Paschoal, Madeleine Peyroux. Trabalhei como maestro assistente da compositora e arranjadora de Jazz Maria Schneider. Shows como convidado do DUOFEL playing The Beatles. Convidado do Festival internacional North Sea Jazz, de Rotterdam, e outros festivais no Brasil e exterior. Convidado como piano solo na Embaixada do Brasil em Buenos Aires. Tambem trabalhei como Secretário de Cultura em Divinópolis e, por dois anos, participei do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Minas Gerais. Revista Keyboard Brasil – Qual o projeto mais relevante atualmente ou que já fez? Qual seu último trabalho e as boas novas? Túlio Mourão – Atualmente, apresento o programa NOTURNO, na Rede Minas de TV com foco na música instrumental. Assumi a direção da Associação dos Amigos do Museu Clube da Esquina e estamos trabalhando na implantação do Museu Clube da Esquina em Belo Horizonte. Faço direção geral do projeto ORQUESTRA JOVEM DE DIVINÓPOLIS. Shows solo com repertório do CD 18 / Revista Keyboard Brasil
Come Together – Túlio Mourão Plays dora se abre e absorve bastante de sua Beatles (trio acústico recriando Beatles). atenção. A música brasileira, por sua vez, Shows em duo com a cantora mineira impõe ao pianista um desafio tremendo Titane, sobre o CD recém-lançado “Paixão de conjugar mãos numa concepção que e Fé “ (Titane – Túlio Mourão em projeto incorpora o grande potencial de síncope que trás a másica como reflexão sobre a dos ritmos. Meu caminho pessoal é questão das mineradoras em Minas realmente incorporar essas vertentes, com Gerais). Preparo o CD Afinidades com a as cores mais predominantes a depender cantora mineira DJandira. Participo dos de cada projeto. Atualmente, trabalho em shows da cantora recria-ções pianísticas do Maria Bethania no Os M U T A N T E S repertório Rock partindo de Brasil e exterior. para mim foi uma uma bagagem bastante Realizei shows de e x p e r i ê n c i a t ã o diversificada. piano solo na Europa rica quanto intensa. no final de Setembro. C o m p a r t i l h e i c o m Revista Keyboard Brasil –
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eles uma utopia fascinante e um desafio monumental de se ter no Brasil uma cena Rock'n roll. Bota desafio nisso. Um verdadeiro show de Rock precisava contar com equipamento de sonorização e iluminação para grandes espaços e multidões de 3000 ou 5000 pessoas.
Revista Keyboard Brasil – Você é essencialmente um músico mais rocker ou MPB? Ou mesmo Jazzista ou Erudito? Túlio Mourão – Depois de tudo, de ter recusado rótulos e gavetas me sinto desconfortável quando preciso me auto definir. Comecei com – Túlio Mourão a música erudita, que ainda e cada vez mais me encanta mas não me ocupa o tempo profissional. A vivência do Rock foi riquíssima e hoje destaco nela a convicção, a postura, e a intensidade. O jazz é a aquisição mais recente. Diferente de outras vertentes, o jazz se configura em consistente rota de crescimento musical. Uma paisagem tão vasta quanto desafia-
Cite para gente 5 músicos que você. mais apreciou em toda tua vida e seus respectivos trabalhos! Túlio Mourão – Em diferentes fases: Keith Emerson: Brain Salad Surgery / Chic Corea: My Spanish Heart / Bill Evans: Affinity / Bill Evans / Toots Thielemans / Keith Jarrett: The Kohn Concerto ao vivo tocando “Over the Rainbow” / Brad Mehldau / Pat Metheny com Bill Stewart e Larry Grenadier: Trio live / Blackbird: Lennon McCartney.
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Revista Keyboard Brasil – Se quiser, fale sobre tua vida espiritual/crenças e convicções metafísicas, livros que curte, etc! Túlio Mourão – Sou espírita Kardecista.O Espiritismo me configura caminho Revista Keyboard Brasil / 19
olar das duas apresentações res jazzmineiro, de me encant o ias vemos fazer o “bis” a quatr pelas harmonias e melod e - mãos. Foi nesse momento qu incríveis da música das monta D as nas ceu no sso CD e DV nhas das Gerais. Tanto pel os “Teias”. gravações históricas com Todas as nossas conro ícones do nosso cancionei o ra versas e interações do últim popular, tanto por sua carrei dali em ano fez sentido e, saímos solo. Tivemos nossas aulas de en- muito animados e cheios 2012, e foram mais surpre lipositor, insideias de repertório para rea nava. agi im e qu Rafa Castro – Mineiro com tes den o lad tor ao trumentista, arranjador e can desafio de gravar dois Túlio não estava habi- zar esse de Túlio Mourão. e pianos no palco. “Teias” é um tuado a dar aulas formalment de ros au tên tic o em ara nh ad o e isso fez que nossos encont em soa sas vertentes artísticas, tecidas Túlio Mourão é uma pes caminhassem por conver saformação e é profundas sobre o valor da cores, linhas, luzes e sen muito importante na minha a o amigo e em, ções. O formato permite um música na vida do hom uma alegria enorme tê-lo com ica , e minha ca, eno rm e riq uez a me lód dis cus sõe s sob re est éti poder dividir minha música s, ha rm ôn ica , rít mi ca e de que tanto escutas de grandes músico história com essa pessoa do ti- tim bre s. A con cep ção análises de arranjos, compar admiro. em da ias trabalho explora o piano A amizade e minha profun lha me nto de exp eri ênc - todas as suas possibilidades, lio começamusicais, além de me propor admiração e respeito por Tú ad e o fui um dos cio na r sab er de his tór ias pre zan do pe la lib erd ram no ano de 2011, quand s criativa com muito espaço MG Jovem incríveis sobre os bastidore vencedores do Prêmio BD uipara improvisação e contrib rizonte e, por da nossa MPB. Instrumentista em Belo Ho ividual para a sonoriolher uma No ano de 2013, fomos ção ind essa conquista, poderia esc iorais para ter convidados para participar de dade. O projeto foi pré-selec figura da cena de Minas Ge a lo nado para o Prêmio da Músic um projeto em São Pau aulas. Não pensei duas vezes. o uma a Brasileira e segue encantand Túlio Mourão sempre foi chamado Piano na Praça, par por nha vida. Foi dividirmos o dia com nossos e arrebatando a plateia referência do piano na mi al onde passa. eredar pelo shows de Piano Solo. Ao fin um dos motivos de me env
Rafa Castro comenta sobre Tulio Mourão...
consistente para o crescimento espiritual. Me encantam a racionalidade longe de dogmas e o humanismo que contempla a grandeza da totalidade humana em busca de equilíbrio e plenitude. Tenho convicção de que, na base do doloroso estágio de desequilíbrio que atravessamos coletiva-
mente está, entre outras causas, a ausência de um sentido evolutivo para a vida. Revista Keyboard Brasil – Muito obrigado! Túlio Mourão – Eu quem agradeço!
* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. *Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 20 / Revista Keyboard Brasil
A vista do meu ponto O SEGREDO PARA TOCAR BEM E TER INTIMIDADE COM AS
TECLAS! (Continuação) FIQUEI ATÉ SURPRESO COM A QUANTIDADE DE MENSAGENS QUE RECEBI SOBRE A NOSSA Ú LT I M A M AT É R I A . I S S O SIGNIFICA QUE AS PESSOAS ESTÃO PERCEBENDO QUE SOMENTE O CONHECIMENTO MUSICAL, REGRAS, TEORIAS, A GRAMÁTICA DA MÚSICA, NÃO RESOLVE. O QUE RESOLVE É A E S P O N TA N E I D A D E E M INTERPRETAR OS TEMAS. PORTANTO, VOU SEGUIR ADIANTE.
* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
Luiz Carlos Rigo Uhlik e Cesar Camargo Mariano
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epois de sugerir que uma boa forma de adquirir habilidade musical é ser simples, vou explorar um caminho
um pouco mais complexo. Não que o formato do que vou expor seja complexo; mas, porque as pessoas que convivem com o Ensino da Música acreditam piamente nas regras “complexas” que compõem a música. Você e eu sabemos que essas regras são simples, não complexas; entretanto, para os leigos, para os iniciantes, ou para as pessoas que somente leem partituras, este tipo de conhecimento é difícil de entender. Então, a minha próxima proposta para adquirir habilidade musical é abandonar, definitivamente, num primeiro passo, a Teoria Musical. Esqueça tudo isso. Passe a viajar
pelos temas sem a necessidade de seguir regras. Seja simples: toque o que vem do seu coração. No começo, você vai dar algumas risadas e acreditar que não tem capacidade para criar novas interpretações. Entretanto, a partir do momento em que você se soltar com a melodia, harmonia e, principalmente, com a pulsação da música, tudo vai ficando mais claro. Não use regras: só toque. Não use teoria, não tente relacionar nada com a matemática musical. Use, somente, o seu ouvido e o
seu coração. Quando trabalhei em restaurantes, nos bons navios deste mundo afora, colocava sempre, um pequeno bilhete em cada mesa, na língua do país em que estava trabalhando. O bilhete era simples: Qual a música de sua preferência? Duas linhas, duas sugestões, e pronto; estava feito o elo entre o pianista e o cliente. Mas, o desafio estava lançado. Revista Keyboard Brasil / 23
As músicas que conhecemos no Brasil não são as mesmas que são “pedidas” em outros lugares do planeta, principalmente no Oriente. Então, quando os pedidos eram de músicas que não conhecia, comprava o K7 com a música e escutava o tema. A maioria das vezes não conseguia entender praticamente nada. Imagine você escutar temas da cultura árabe, da Oceania, da Índia, da China, do Japão... Mas, qual era a minha reação com relação ao tema? Tirar a melodia. Muitas vezes tocava os temas usando somente a mão esquerda, ou a região mais grave do piano. Simplesmente, a melodia da música. Bravo! As pessoas se encantavam com isso. Reparou? Somente a melodia já era suficiente para encantar o “cliente” e criar um elo musical, um elo de almas, muito forte, muito seguro, porque não dizer, muito rentável, se é que você me entende! Então, a regra é simples para quem quer começar a se soltar no aprendizado musical, não somente para os iniciantes, mas, também, para os iniciados: não use Teoria, não use Regras! Pare, agora, com Teoria, Solfejo, com todas as regras com relação ao conhecimento musical. A Teoria faz você pensar sobre Música; mas, você não quer “pensar” sobre Música. Você quer
tocar com espontaneidade. Na cara do gol, mesmo bons
atletas, se pensarem nos fundamentos, erram o gol. Na cara do gol, sem pensar, chute, e pronto... Faça o Gol! Na cara da Música toque, e pronto... Sem regras, sem teoria, sem nenhum tipo de influência matemática. Mais tarde, toda esta teoria fará parte do seu dia a dia, da sua espontaneidade musical, e você vai entender cada passo, cada regra, com naturalidade, com simplicidade e espontaneidade. Aliás, se tivesse poder para modificar a metodologia usada nas Escolas de Música, a primeira providência seria eliminar, nos primeiros passos do aprendizado, qualquer teoria, qualquer tipo de regra. Lá, adiante, sim, com toda a segurança, o aluno vai entender, de forma gradual e simples, como as coisas funcionam. Exemplos de bons músicos que primeiro se soltaram na música antes de conhecer as regras, não faltam. Um deles, é claro, o nosso grande Antônio César Camargo Mariano. O início da carreira do Cesar foi de “ouvido”, mesmo. Imagine quantas pessoas não existem, neste Brasil varonil, que tem as mesmas tendências de um Cesar Camargo Mariano? Algumas delas se perdem nas entrelinhas da Teoria e acabam odiando estudar Música. Vamos despertar, minha gente!
Avante, com a Música como ela é!
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 24 / Revista Keyboard Brasil
Sobre os sons
Duo Ama A MAGIA DO PIANO A QUATRO MÃOS
Foto: Monica Dantas
COMPOSTO PELO CASAL DE PIANISTAS BRASILEIROS ANGELA PASSOS E MAYER GOLDENBERG O DUO AMA TEM POR OBJETIVO, PROMOVER A MÚSICA CLÁSSICA BRASILEIRA E OS COMPOSITORES QUE A INFLUENCIARAM.
26 / Revista Keyboard Brasil
* Redação
A
ngela Passos e Mayer Goldenberg se conheceram na Escola da Música da Univer-
sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), numa aula de Harmonia e sempre tiveram um interesse amplo pelo repertório pianístico e por novas formas de apresentar a música clássica não obstante, obviamente, das formas tradicionais. Começaram a namorar e, naturalmente, dois pianistas juntos acabaram em algum momento tocando a quatro mãos. Faziam apenas por diversão e cada um seguia sua carreira solo. Porém, em 2006, resolveram criar um formato inovador de recital promovem a música clássica brasileira e os compositores que a influenciaram. Nomeado inicialmente pelo Duo como Four Two Recital (4/2 Recital) – um formato de recital com obras a quatro mãos e solo, a dupla passou a realizar turnês de shows e festivais na América do Sul, Estados Unidos e Europa. Dentre os compositores brasileiros, além dos já tradicionais como Villa Lobos e Camargo Guarnieri, o Duo Ama também apresenta música contemporânea brasileira, sendo o único Duo a promover o resgate da obra da compositora Laura Pumar.
Sobre o Duo Ama, Mayer Goldenberg diz: “Geralmente, abrimos o 4/2 recital com obras a quatro mãos, depois Ângela toca solo, depois eu e, finalizamos com obras a quatro mãos. Ficamos um tempo fazendo esse formato até darmos um nome mesmo ao Duo, consideramos que a carreira do duo começou efetivamente em 2010.” E continua: “Numa turnê minha na Europa por ter sido finalista de um concurso internacional, conversamos e decidimos experimentar alguns recitais com o Duo Ama, o sucesso foi tão grande que fazemos assim até hoje”. Comparando a carreira do Duo Ama no exterior e no Brasil, Mayer Goldenberg reafirma a triste realidade: “Já tocamos em mais de 30 cidades pela Europa, EUA e América do Sul. No Brasil, infelizmente, os convites são super escassos. Temos uma carreia fora do Brasil muito maior”. E finaliza: “No momento, temos trabalhado repertório novo o que, geralmente, fazemos de dezembro a fevereiro, e estamos de viagem marcada para os EUA no final de dezembro. Vamos ficar por lá por um mês e meio numa espécie de residência artística. Teremos recitais privados para empresários e gravadoras. Nesse meio tempo, vamos aproveitar para tirar breves férias, que não tiramos há muito tempo. E, no meio do ano que vem teremos uma turnê nos EUA e nossa anual turnê Europeia.”
Revista Keyboard Brasil / 27
Mayer Goldenberg Mayer Goldenberg, jovem pianista brasileiro natural do Rio de Janeiro e vindo de família russa e romena, iniciou seus estudos de piano no Conservatório Brasileiro. Estudou com a Regente Noemi Seckler e a Compositora Denise Borborema passando, em seguida, a estudar com o pianista Nivaldo Tavares (em paralelo com seu curso de Licenciatura em Piano na Universidade Federal do Rio de Janeiro) com quem aprendeu os princípios da técnica russa. Cursou Bacharelado em Piano na UFRJ sob a orientação da Pianista Sonia Goulart (aluna de Yakov Zak, Bruno Seidlhofer e Stefan Askenase). Complementou sua formação participando de master classes e cursos com os conceituados pianistas internacionais Arnaldo Cohen, Menahen Pressler (Alemanha), Michail Ude (Karlsruhe, Alemanha), Édson Elias (Ecole Normale de Musique de Paris), José Luis Juri (Argentina), Pavel Nerssessian (Conservatório Tchaikovsky, Rússia), Tali Morgulis (Ucrânia), Richard 28 / Revista Keyboard Brasil
Raymond (Mc Gill University-Canadá), Roberto Bravo (Chile), Michele Campanella (Itália), entre outros. Tem se apresentado em recitais, concertos e gravações pelo Brasil, América do Sul, EUA e Europa, em locais como: Salão Leopoldo Miguez, Sala Cecília Meireles, Cidade das Artes, Teatro UFF, Teatro Municipal de Niterói, Sala Villa Lobos-RJ, Capela Santa Maria (Curitiba), Auditório Cultura Inglesa (São Paulo), Teatro Rondon Pacheco (Uberlândia), Centro Cultural San Carles (Espanha), Hoslclaw Hall (EUA), Sala R o m a ( I t á l i a ) , Pa l á c i o Albrizzi (Itália), Teatro San Giuseppe (Itália), Palácio London (Viena), ClavierSalon (Alemanha), Teatro del Viejo Concejo (Argentina), dentre outras. Atuou com regentes como Ligia Amadio, Ernani Aguiar e André Cardoso. Em 2007 foi eleito pela Série Música no Museu como um dos 10 jovens destaques do cenário da música erudita no Brasil e participou do festival BrasilAlemanha de 2009.
‘ ‘
Mayer Goldenberg possui uma ampla formação humanista aliada a uma forte personalidade o que favorece a fazer musica de grande nível artístico aliada a necessária competência técnica. Licia Lucas – grande pianista brasileira comparada a legendária Guiomar Novaes.
Foto: Thaisa Mezzavilla + Jasmina El Bouamraoui
Foi premiado em concursos como: Concurso Internacional de Piano Artlivre 2008, Concurso Internacional Artlivre Jovens Talentos 2009, Concurso de Piano Souza Lima 2009, entre outros. Em 2010, foi o único brasileiro selecionado para o Concurso Internacional de Piano de Eivissa, na Espanha, recebendo diploma de finalista do mesmo. Desde 2006, juntamente com a pianista Angela Passos, possui o Duo AMA, um projeto focado na música brasileira de concerto e nos compositores que a influenciaram. Em 2012 fez uma turnê pela Itália, solo e juntamente com seu Duo (Duo AMA), realizando o recital de abertura do festival internacional “Mondi Sonori” em Senago-Milão, além de ter tocado pela prestigiada Associação Dino Ciani. No mesmo ano, se diplomou no conceituado Wiener Meisterkurse, em Viena, com o pianista Alexander Jenner. Em 2014, participou como bolsista do Encontro de Piano Mercosur, realizado em Bariloche, Argentina. Em 2015, foi premiado com “Merit Award”, no "Miami Internacional Summer Piano Festival". Em 2016, se apresentou na San Francisco Steinway Piano
Gallery e realizou sua anual turnê européia com seu Duo AMA, aonde se apresentou em turnê pela Alemanha bem como, na Embaixada Brasileira de Paris. Em 2017, realizou a segunda edição do festival Semana Internacional De Piano se apresentando nas prestigiadas salas da Cidade das Artes e Sala Cecília Meireles no Rio de Janeiro e se prepara para sua próxima turnê. Atualmente, faz aperfeiçoamento com a pianista Lícia Lucas, se dedica a sua classe de piano no Rio de Janeiro e é fundador e diretor artístico da Semana Internacional de Piano (RJ-Brasil).
Angela Passos Angela Passos, jovem pianista brasileira nascida em Niterói (RJ), iniciou seus estudos de piano aos 7 anos de idade com a professora e compositora Laura Pummar (aluna de Magda Tagliaferro e Jaques Klein), depois continuando com a professora Cely Periard no Conservatório de Música do Estado do Rio de Janeiro, onde concluiu o Curso Técnico. Licenciada em música pela Universidade Cândido Mendes e Bacharel em Piano pela Univer-
Revista Keyboard Brasil / 29
sidade Federal do Rio de Janeiro, sob a orientação da professora e pianista Tamara Ujakova.Complementou sua formação participando de master classes e cursos com os conceituados pianistas internacionais Arnaldo Cohen, Richard Raymond (Mc Gill University-Canadá), Rudolf Kherer (Alemanha), Michael Ude (Karlsruhe-Alemanha), Moderhay Simony, Roberto Bravo (Chile), Pavel Nercessian (Conservatório TchaikovskyRússia), Édson Elias (Ecole Normale de Musique de Paris – França), Menahem Pressler (Alemanha), Jose Luis Juri (Argentina), Michele Campanella (Itália), entre outros. Tem se apresentado em recitais, concertos e gravações pelo Brasil, América do Sul, EUA e Europa, em locais como Sala Cecília Meirelles, Salão Leopoldo Miguez, Série Música no Museu, Projeto Cidade da Música, Teatro UFF, Teatro Municipal de Niterói, Salão Dourado do Fórum da Ciência e Cultura da UFRJ, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Espaço Furnas Cultural, Auditório Cultura Inglesa de São Paulo, Teatro Castro Alves, Hoslclaw Hall (EUA), Sala Roma (Itália), Teatro San Giuseppe (Itália), Palacio London (Viena), Clavier-Salon (Alemanha), Teatro del Viejo Concejo ( Argentina), dentre outros. Obteve premiações no I e II Concurso de Piano Espaço Jovem Musiart (RJ), Concurso Internacional “Honorina Barra” (PR), Concurso da OSBA (BA), II Concurso Furnas Geração Musical (RJ). 30 / Revista Keyboard Brasil
Desde 2006, juntamente com o pianista Mayer Goldenberg, possui o Duo AMA, um projeto focado na música brasileira de concerto e nos compositores que a influenciaram. Em 2012, fez uma turnê pela Itália, juntamente com seu Duo AMA, realizando o recital de abertura do Festival internacional “Mondi Sonori“ em SenagoMilão. No mesmo ano, se diplomou no conceituado Wiener Meisterkurse, em Viena, com o pianista Alexander Jenner. Em 2014, participou como bolsista do Encontro de Piano Mercosur, realizado em Bariloche, Argentina. Em 2015, foi premiada com “Merit Award” no "Miami International Summer Piano Festival". Em 2016, se apresentou na San Francisco Steinway Piano Gallery e realizou sua anual turnê europeia com seu Duo AMA, apresentando-se na Alemanha bem como na Embaixada Brasileira de Paris. Em 2017, realizou a segunda edição do festival Semana Internacional De Piano se apresentando nas prestigiadas salas da Cidade das Artes e Sala Cecília Meireles no Rio de Janeiro e se prepara para sua próxima turnê. Atualmente, faz aperfeiçoamento pianístico com a pianista Lícia Lucas, ocupa o cargo de professora de piano no Conservatório de Música do Estado do Rio de Janeiro, CTMLA e AMA Piano Studio, e é co-fundadora e curadora da Semana Internacional de Piano (RJBrasil).
Revista Keyboard Brasil / 31
Foto: Thaisa Mezzavilla + Jasmina El Bouamraoui
Mercado
SHURE TRAZ SUGESTÕES DE PRESENTE PARA O NATAL AS OPÇÕES VÃO DE FONES A MICROFONES ICÔNICOS E PROMETEM AGRADAR A TODOS OS TIPOS DE CONSUMIDORES NESTE NATAL * Redação
34 / Revista Keyboard Brasil
Natal está chegando e a busca por um presente criativo, diferente e que agrade a família, namorado, amigos ou até mesmo o chefe, acaba se tornando um grande desafio. Hoje em dia, os itens high-tech prometem agradar em cheio os consumidores. Pensando nisso, a Shure, marca líder mundial de microfones e equipamentos de áudio, selecionou alguns produtos como sugestão de presente para inovar e surpreender neste natal! Confira algumas sugestões abaixo:
Se112 (Shure) Preço Médio: R$ 499,00
Se112 – Um ótimo upgrade de áudio para celulares, tablets, notebooks, e outros aparelhos digitais portáteis, o SE112 oferece áudio detalhado com grave encorpado e ótimo isolamento de som. O modelo está disponível na cor cinza, possui cabos flexíveis, kit de espumas e case para transporte. Preço Médio: R$ 499,00
Se215 Preço Médio: R$ 799,00
Se215 – Leve, discreto e confortável, o SE215 proporciona áudio detalhado com graves encorpados para uso pessoal ou profissional. O fone está disponível nas cores clear (transparente) e preto translúcido, possui cabos maleáveis e removíveis, kit de espumas e case para transporte. Preço Médio: R$ 799,00
SRH240A – Com graves encorpados e agudos detalhados, o SRH240 proporciona reprodução de áudio precisa e extremo conforto em qualquer tipo de aparelho sonoro. O projeto das cápsulas tipo concha proporciona ajuste confortável à cabeça e às orelhas, reduzindo os ruídos externos. Preço Médio: R$ 449
SRH240A Preço Médio R$ 449
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SRH440 – O fone de ouvido profissional de SRH440 Preço Médio: R$ 749,00
estúdio SRH440 proporciona reprodução de áudio precisa e extremo conforto para o usuário. Indicado para aparelhos de áudio tais como mixers de DJ, consoles de mixagem e amplificadores de fone de ouvido, o fone está disponível na cor preta e já vem com case para transporte e adaptador de rosca de 1/4 (6.3mm) banhado em ouro. Preço Médio: R$ 749,00
Mv88 – Queridinho de bloqueios e youtubers, o
Mv88 Preço Médio: R$ 799
microfone da linha MOTIV conecta-se diretamente a qualquer iPhone, iPod ou iPad da Apple equipado com conector Lightning®. O modelo é ótimo para captar gravações ao vivo, entrevistas, áudio para vídeo, voz ou instrumentos com alta qualidade, esteja você onde estiver. O MV88 vem com anti-puff, cabo adaptador para fone de ouvido e case de transporte. Preço Médio: R$ 799
MV51 – O microfone Condensador Digital
Mv51 Preço médio: R$999
MV51 é um estúdio na palma da sua mão! Compatível com iOS, Android e dispositivos Mac e PC, o microfone oferece qualidade de gravação de estúdio ideal para gravações. O MV51 já vem com estante, adaptador para pedestal, um cabo Micro-B USB e um cabo Micro-B lighting. Preço médio: R$999
PGA58 – O PGA58 é um microfone vocal de
PGA58 Preço médio: R$479
36 / Revista Keyboard Brasil
qualidade profissional com design industrial moderno de acabamento preto metálico. O design customizado da cápsula permite a reprodução de voz clara e natural, oferecendo qualidade incrível para cantar ou falar em apresentações ao vivo. O modelo vem com presilha para microfone e case de transporte. Preço médio: R$479
SM58 – O lendário SM58 da Shure foi desenvolvido para uso vocal em apresentações ao vivo, sonorização e gravação em estúdio. Sua resposta vocal ajustada é uma referência mundial para canto ou fala. O modelo vem com presilha para microfone e case de transporte. Preço Médio: R$ 929
Sm58 Preço Médio: R$ 929
Super 55 Black Edition – O modelo é uma edição limitada do icônico 55 Unidyne®. A edição possui acabamento preto fosco, espuma preta e resposta de frequência suavizada para reprodução natural da voz. Ideal para palco, gravação em estúdio, podcasting e outras aplicações onde o visual de um microfone clássico é importante. O Super 55 Black inclui base giratória para instalação em pedestal e bolsa para transporte, sendo a opção perfeita para qualquer tipo de apresentação ao vivo ou frente às câmeras. Preço médio: R$2.499.
Super 55 Black Edition Preço médio: R$2.499.
Para obter mais informações, acesse www.shurebrasil.com
Sobre a Shure Incorporated * Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intraauricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em rede,
premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. Revista Keyboard Brasil / 37
Lançamento
CARAVELA ESCARLATE CD
Lançamento
–
2017
A TODOS QUE CURTEM UMA MÚSICA MUITO BELA E RICA E POSSUEM OUVIDOS APRIMORADOS COM BOM SENSO INDICO UM DOS RAROS TRABALHOS NACIONAIS ATUAIS QUE REALMENTE GOSTEI E CONSIGO OUVIR INTEIRO (E VÁRIAS VEZES). * Por Amyr Cantusio Jr.
N
anos 70 de longe (até o final dos 80) foram imbatíveis. Nos anos 80 surgiram bandas e projetos que ainda prosseguiam numa linha forte de criatividade e execução musical, como o primeiro disco do Sagrado Coração da Terra (os outros acho muito MPB para ser considerado “vanguarda”), Quantum, Himalaya (Fernando Pacheco), TEllah, ALPHA III (meu projeto), Quaterna Requiem, Integrantes: entre outros e que foram David Paiva (Caravelle): baixo, bandolim, craviola Nylon, guitarra, violão aço e voz. se tornando mais escasRonaldo Rodrigues: órgão, sintetizador e sos e esporádicos. teclados. Élcio Cáfaro: bateria Com a gravadora de
educação, eis que uma “nau” de nome
Caravela Escarlate surge no horizonte. Bem que esta poderia ser uma referência do que se deveria tocar nas rádios e TVs do Brasil. Um dos raros trabalhos nacionais atuais que realmente gostei e consigo ouvir inteiro (e várias vezes). De certo que os 38 / Revista Keyboard Brasil
Foto: Divulgação
o meio de tanto lixo e podreira artística produzido neste país de alienação total da cultura e
Leonardo Nahoum (Niterói – Rio de Janeiro) a Rock Symphony, um grande impulso foi dado às novas bandas dos anos 90. Mas, nem todas possuem esta qualidade que ouço agora no Caravela Escarlate. Não por eu ser tecladista (já que sou também multi-instrumentista) que coloco a grande diferença neste trabalho – um trabalho maravilhoso de Ronaldo Rodrigues no órgão e sintetizadores (que me surpreendeu) o qual conheci aqui em Campinas. Posso dizer que Caravela Escarlate é 50% calcado em synths e teclados que me lembram vertentes do Kraut Rock e timbres muito similares aos de Rick Wakeman nos anos 70. O som é pegajoso, letras muito bonitas, vocal muito bem colocado. Baixo com um desenho precioso que já se nota de cara, e a bateria muito bem dosada.
Guitarras elétricas e acústicas (aliás David Caravelle toca baixo, violões e guitarras) também muito bem inseridas no contexto, tornam o disco com uma sonoridade única, poderosa, bem a gosto dos anos 70. De maneira geral, ouve-se influências do Terço, Yes, Casa das Máquinas e muito Kraut Rock. Mas eles possuem (e conseguiram) uma sonoridade única neste trabalho. Nada fica devendo ao Tellah ou Casa das Máquinas/Lar de Maravilhas (em questão de teclados e arranjos) e, com certeza, supera muitas bandas da Europa que estão fazendo um som chato, copiado e enlatado atualmente. Detalhe para arte linda do CD e capa. Indico a todos que curtem uma música muito bela e rica e que possuem ouvidos aprimorados com bom senso!!
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Revista Keyboard Brasil / 39
PULSEIRA DE
SCHUMANN
como funciona?
A Pulseira de Schumann atrai a energia natural do magnetismo, que é essencial para a existência humana e a saúde no todo. A pulseira utiliza 6 imãs que atrai a ressonância da terra 7,83 Hz para seu corpo.
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Musicando
A BELEZA DA
MÚSICA FRA NCESA A VERSATILIDADE DA MÚSICA FRANCESA É O TEMA DO MEU ARTIGO DESSE MÊS. SUA SONORIDADE ÚNICA TROUXE À TONA GRANDES COMPOSITORES, CANTORES E INSTRUMENTISTAS, QUE SE TORNARAM MUNDIALMENTE CONHECIDOS. * Por Hamilton de Oliveira
42 / Revista Keyboard Brasil
A
‘ ‘
música francesa, por muito
tempo, tem encantado gerações por suas letras e melodias
a paixonantes. Assim como o tango argentino, as melodias francesas contém traços de melancolia, que falam de amor e romantismo de uma maneira singela e, ao mesmo, tempo provocadora. A música francesa mistura uma grande variedade de folclore indígena, assim como estilos diversos, naturais dos imigrantes da África, América Latina e Ásia. No campo da música clássica, a França já produziu inúmeros compositores, enquanto que na vertente de música pop, assiste-se agora a um despertar do rock francês, e no jazz incluem-se nomes de peso, como veremos adiante. Desse país surgiram grandes músicas como La mer e Clair de Lune de Debussy, também Carmen e outras óperas, sinfonias e pianos solos de George Bizet. Outro compositor francês famoso foi Joseph Maurice Ravel, compositor e pianista francês, conhecido sobretudo pela sutileza das suas melodias instrumentais e orquestrais, entre elas, o Bolero, que considerava trivial e descreveu como “uma peça para orquestra sem música”. Além desses, outros compositores como Cécile Chaminade, Eddy Marnay, Michel Legrand, Erik Satie, Maurice Jarre, Francis Lai, Jean-Jacques Perrey, Stomae, Boris Vian, também contribuíram para que a França se tornasse referência na música mundial. A voz marcante e melodiosa dos franceses também teve personagens
Assim como o tango argentino, as melodias francesas contém traços de melancolia, que falam de amor e romantismo de uma maneira singela e, ao mesmo, tempo provocadora. – Hamilton de Oliveira
importantes como Édith Piaf, cantora francesa de música de salão e variedades, mas foi reconhecida internacionalmente pelo seu talento no estilo francês da chanson. Entre seus maiores sucessos estão La vie en rose (1946), Hymne à l'amour (1949), Milord (1959), Non, je ne regrette rien (1960). Charles Aznavour foi outro cantor romântico que levou o romantismo francês aos quatro cantos do mundo. É considerado o último dos crooners tradicionais. Dentre seus clássicos estão: Tu t'laisses aller (1960), Il faut savoir (1961), Les comédiens (1962), La mamma (1963), Et pourtant (1963), Hier encore (1964), For Me Formidable (1964), Que c'est triste Venise (1964), La Bohème (1965), Emmenez-moi (1967) et Désormais (1969) e a interpretação magnífica de She (1966, Bobby Hart / Tommy Boyce). Outras músicas famosas francesas: Joe Dassin - Et Si Tu N'Existais Pas 1975; Denise Emmer- Aloquette 1979; Christophe – Aline. Revista Keyboard Brasil / 43
Um dos tecladistas mais conhecidos da França é JeanMichel Jarre (70), um pioneiro da new age, música eletrônica e música ambiente. É conhecido como um organizador de espetáculos ao ar livre de sua música, que combina luzes, displays de laser e fogos de artifício. Seu primeiro grande sucesso foi o álbum Oxygène, lançado em 1976. Rendez-Vous (1986) foi a música que lhe deu fama mundial.
R i c h a r d Clayderman, nome artístico de Philippe Robert Louis Pagès, (1953-) é um pianista francês, dono de um cartel de 65 milhões de discos vendidos, realizando entre 150 e 200 concertos por ano, tocando piano em todas as partes do planeta, inclusive no Brasil. Em 1987, durante um concerto no Waldorf Astoria, em Nova York, a então primeira-dama americana Nancy Reagan o anunciou como “O Príncipe do Romance”. No jazz, a França nos presenteou com músicos extraordinários, como o pianista Michel Petrucciani (1962 - 1999). Aos dezessete gravou seu primeiro disco, 44 / Revista Keyboard Brasil
Flash. Seu segundo disco, Darn that dream, foi um grande sucesso. Participaram seus irmãos Philippe e Louis. Neste disco, Petrucciani gravou pela primeira vez uma música brasileira, Corcovado, de Tom Jobim e foi o início de uma grande paixão. Os três discos seguintes consolidaram sua fama: Michel Petrucciani trio, Oracles destiny (solo) e Toot sweet. Petrucciani foi o primeiro músico de jazz francês a ser contratado pela lendária gravadora Blue Note e seus discos lançados ali, como “Live at the Village Vanguard” (1984), “Michel Plays Petrucciani” (1989), “Live” (1991) e “Promenade With The Duke” (1993), se alinham entre os melhores de sua extensa discografia. Michel Legrand, outro pianista francês (1932), construiu sua carreira compondo para o cinema. São dele as trilhas sonoras de Lola, Les Misérables, Prêt-àPorter, Les Demoiselles de Rochefort, Les Parapluies de Cherbourg, Summer of '42, Une femme est une femme (Uma mulher é uma Mulher), La piscine, entre outras. Desde 1958, liderou bandas que contavam com alguns dos maiores nomes do segmento, como Miles Davis, John Coltrane, Bill Evans e Herbie Mann. Compôs para álbuns de Stan Getz (1971),
Foto: Brian McMillen
Sarah Vaughan (1972) e Phil Woods - em várias ocasiões. Para finalizar, Yann Tiersen (1970- ) é um músico de vanguarda, multiinstrumentista e compositor francês de origem judaica com raízes belgas e norueguesas. Compondo para piano, sanfona e violino, sua música aproximase de Erik Satie e do minimalismo de Steve Reich, Philip Glass e Michael Nyman.
Ficou famoso por sua contribuição na trilha sonora do filme Amelie (2001), com músicas como La valse d'Amélie, La noyée. Enfim, a música francesa ainda nos presenteia com riqueza de timbres e arranjos fabulosos, peculiares e que transmitem uma emoção única, característica da eterna cidade-luz. Boas festas e até breve!
* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Revista Keyboard Brasil / 45
OpiniĂŁo
46 / Revista Keyboard Brasil
MUSSORGSKY UM LEGADO QUE INSPIRA DIFERENTES VISÕES DE SUA MÚSICA CONTINUANDO A IDEIA SOBRE COMPARATIVOS EM VÍDEO, O ARTIGO A SEGUIR ABORDA O GRANDE COMPOSITOR CLÁSSICO DA RÚSSIA MUSSORGSKY. * Por J.Eduardo D'Elboux
M
ussorgsky foi um compositor
Destas composições, três se destacam: a
clássico russo do final do século
ópera “Boris Godunov” (“A” ópera russa
XIX, na Era Romântica onde começaram as aspirações nacionalistas.
por excelência), o poema sinfônico “Uma Noite em Monte Calvo” (que Disney
Fez parte do Grupo dos Cinco, formado
utilizou em seu “Fantasia”) e, principal-
por Rimsky-Korsakov, Borodin,
mente, a suíte para piano “Quadros de
Balakirev e Cui, além dele, que pregavam
uma Exposição”. Esta última foi composta para relembrar um grande amigo de Mussorgsky, o pintor Victor Hartman, em uma exposição póstuma de seus quadros. Um tema, Promenade, representa o próprio Mussorgsky, caminhando pela exposição, ora interessado, ora triste, ora pensativo e saudoso – e, a música retorna em variações que mudam seu caráter, mas
uma voz autenticamente russa para suas composições – ao contrário do cosmopolita Tchaikovsky, que já foi de uma geração mais nova. Mussorgsky foi o mais original desse grupo, mas sua vida – curta e trágica – legou poucas obras, algumas delas inclusive inacabadas, que foram finalizadas por seus amigos e admiradores.
Revista Keyboard Brasil / 47
mantendo seu tema. A cada quadro cor-
mais bem sucedida de uma obra clássica
responde uma peça, extremamente
para o universo rock, e também responsá-
inventiva e original, mas Mussorgsky não
vel por chamar a atenção de muitos
foi compreendido em sua época (como
rockeiros para a Música Clássica – eu,
muitos dos grandes gênios). Essa obra teve várias adaptações já no século XX, sendo as mais famosas a orquestração de Ravel e a versão para banda de rock progressivo de Emerson, Lake & Palmer (que considero a versão
inclusive...) Apresento aqui comparações de dois trechos dessa obra, em diferentes versões, mostrando as várias visões que uma obra pode suscitar.
te “Quadros í u s a d , o m – Gno Mussorgsky sição” de uma Expo
os, s trechos repetid deixei peque-no r njos possam se ra ar s o e u q a par comparados. a b an d a d e O ar ra n jo p ar ake o do Emerson, L rock progressiv bem extremamente & Palmer capta este eça original. N o espírito da p er o”, chego a diz m o n “G em , caso mbria ro ad u q m era macabra e so u sf é o ” m o at m a o n e u q “G e Est o s in te n çõ e s d à s em l ze e o fi -n ra is a eb m u q é a que mostra um versão e o em qualquer sc r, te to ro si g o , p o m m co o n fo rm a d e g prique eu conheça. mo a música ex co – o ad rm o u es tr a ef d es ra n jo p ar a o rq çõ ar p u O rr te in e s lto e me em seus sa o de Ravel – qu é o id ec h n co s mai grande bruscas. racterísticas do m ca co s ai ão m aç il m p te m do Montei essa co e ele mesmo era u q r o o ), ad lo tr es so u o orq al (pian róprio a versão origin o estilo do p d o d n an e -b u ck q o -r rog em arranjo para p ue nem era b (q . y el sk av rg R o e ss d u M estração el) – um ELP e a orqu à época de Rav es o çõ id si ec an h tr n co as n te, anPropositadamen uestração brilh rq o e a d ar ” p o d al ta in ra “t es (o ri g en tr e as ver sõ a) tr es te ! de rock / orqu piano / banda
48 / Revista Keyboard Brasil
Mussorgsky – O Grande Portão d e Kiev (trecho), da su íte “Quadros de uma Exposição” O
abordam de manei ra mais tradicional, iniciand o esse tema de forma mais delic ada. Mikail Pletnev mostra uma visão mais enérgica, e com forte flutuação de tempo. Por fim, aquela que particularmente consider o a melhor Este “O Grande Portã o de ve rs ão de “Q ua dr os de um a Kiev” é um pórtico desenhado Exposição” já gravad a: a do piapara a entrada da cida de, ao qual nista russo Sviatosl av Richter. Mussorgsky compõ e um tema Em sua visão sempr e original e triunfal com passagen s líricas no reveladora, acha um a energia centro (como o trech o aqui aprede sc om un al on de an te s só se sentado). ouvia delicadeza. É uma gravaAqui comparo vária çã o ao vivo em 1958, infe s inlizmente terpretações do mesm o trecho da co m so m ru im , m as a in te robra em sua versão original para pretação é inigualá vel, por um piano – e, como soam diferentes!! dos maiores pianist as do século Khatia Buniatishivili e Alice Sara XX (em minha humild e opinião, o maior ).
Uma obra, com maneiras inteiramente diferentes de enxergá-la – e todos
com seus atrativos!! Isso é a grande magia que é a Música!!
* J. Eduardo D'Elboux é engenheiro automobilístico e tecladista de rock progressivo, cujas tendências retomam a estética dos progressivos clássicos da década de 70. Fundador da banda progressiva TAU CETI, também foi tecladista do grupo Moonshadow. D'Elboux não é músico profissional mas a música é sua principal vocação. Revista Keyboard Brasil / 49
Espaรงo Gospel
TEXTURAS CONTINUAS ESTE Mร S TRAGO UMA DICA PARA SOMAR NAS POSSIBILIDADES DOS TIMBRES E BAIXO CUSTO DE
INVESTIMENTOS,
OS
CONTINUOUSPADS. * Por Zeca Quintanilha
50 / Revista Keyboard Brasil
CHAMADOS
F
ala galera!! Estamos de volta neste mês em nossa coluna e com um assunto para somar
nas possiblidades dos timbres. Os chamados ContinuousPads!!! É um recurso que pode ser usado com baixo custo de investimentos, pois você pode usar até mesmo o seu celular para isso! Atualmente, os produtores musicais criam muitas texturas de efeitos em suas produções, e de fato reproduzir todas elas em tempo real, às vezes torna-se inviável, pelo fato de exigir um número maior de teclados e de tecladistas, consequentemente, mais canais nas mesas de som. Além disso, vejo muitas pessoas reclamando que quando vão tocar e o som está “seco”, acredito que essa expressão está se referindo pela falta de uma textura de pads por trás dos pianos que cria a sensação de uma “cama forrada” para os timbres usados. Os Continuous, são amostras de áudio de Pads, pré gravadas e editadas com durações que podem variar entre 5 a 10 minutos (essa faixa de duração pode variar) e que você dispara de um player qualquer. Ou seja, os Continuous, nada mais são do que faixas de áudio, como uma música que você tem no seu celular. Os formatos podem variar dependendo do seu dispositivo, mas os mais comuns são arquivos em Wave e AIFF. O que não impede que você use outros formatos comprimidos (e que
mantém excelente qualidade) como o conhecido mp3 e o m4a. Geralmente os pacotes de Continuous vêm com no mínimo 12 amostras de áudio, uma para cada tonalidade. Assim, elas servem para as tonalidades maiores e menores. Eu, particularmente, uso as tonalidades relativas para os tons menores. Por exemplo, Tenho um Continuous em C, eu posso usar esse arquivo para a tonalidade de Dó maior ou a sua tonalidade relativa, Lá menor. Assim sendo, os 12 arquivos servem para as 24 tonalidades (12 maiores e 12 menores). Esse continuous produz uma textura que te dá certa liberdade para criar frases e linhas de piano sem alterar essa “cama” continua criada pelos Pads. Entenda que o efeito é diferente do uso da soma de layers, em teclados mais simples, esse recurso é chamado de Dual Voice. Onde somamos dois timbres, geralmente um timbre de piano com uma textura (strings, Pads, ou qualquer outro timbre). Só que a diferença entre os Pads Continuous e o Dual voice é que no segundo, tudo que você tocar soará com os dois timbres, e às vezes essa não seria a intenção. Então, o Continuous resolve essa questão, uma vez que ele mantém uma nota continua e você continua com a liberdade de usar o piano sem interferir nos Pads. O que não te impede de usar, o Dual Voice e o Revista Keyboard Brasil / 51
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TERÁ AINDA MAIS POSSIBILIDADES!
Algo que considero importante ressaltar é que você precisará de um cabo tipo “Y”. Este cabo precisa ter um conector P2 estéreo em uma ponta e na outra dois conectores P10 mono. Por isso o nome de cabo “Y”. Lógico que você precisará de no mínimo três canais na sua mesa de som (um canal para o seu teclado e dois para os continuous), mas o resultado sonoro é fantástico. Se você quer ouvir um exemplo do uso dos Continuous Pads, lhe indico uma produção que eu fiz de uma banda de Santa Maria (RS). Na produção do EP da Banda Templar eu usei este recurso, e destaco a canção “Não escravos, mas filhos” (disponível no YouTube e plataformas digitais) que eu já começo disparando um Continuous em sol maior. Hoje você pode adquirir pacotes de continuous pela internet com um preço muito acessível. Temos desenvolvedores deste tipo de produto em diversos lugares do mundo. No Brasil, destaco o Johnny Essi, com seus famosos pacotes “ContinuousPadsVol1 e 2”. Na canção da Banda Templar eu usei os Continuous do Essi e sempre me acompanham em tudo
– Zeca Quintanilha
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Continuous Pads juntos. Assim VOCÊ
Hoje você pode adquirir pacotes de continuous pela internet com um preço muito acessível. Temos d e s e n v o l v e d o re s deste tipo de produto em diversos lugares do mundo
que vou tocar. Eu já salvei os pacotes em meus Macbooks, celulares e iPads. Você pode conferir os diferentes pacotes na p á g i n a http://www.bambooprodutora.com/ . Este recurso somará nos seus timbres para tocar e nas suas produções musicais. E lembrando que você poderá usar os dispositivos que você já possui, seu celular ou seu notebook poderá ser utilizado para disparar os Continuous. Você só precisará de um cabo “Y” e os dois canais a mais na mesa de som. Espero que essa dica ajude vocês e em breve estaremos de volta com mais novidades sobre timbres e efeitos que podem te ajudar na sua maneira de timbrar seu instrumento. Até a próxima galera!!! Abraços e paz...
* Zeca Quintanilha é tecladista, produtor, diretor musical, professor e escritor atuante no cenário gospel há 18 anos. Mestre em Música pela UFRJ e Licenciado na área de Educação Musical pela mesma universidade, desenvolve projetos de workshops e seminários para músicos voltados para área do acompanhamento e papel ministerial, além de escrever livros voltados para o crescimento e amadurecimento ministerial de grupos de louvores. Colaborador da Revista Keyboard Brasil, Zeca é atualmente endorsee In EarsFirstAudio e Mogami Cables. 52 / Revista Keyboard Brasil
Papo de tecladista
GRATIDÃO E PAZ AOS músicos 54 / Revista Keyboard Brasil
ENFIM, DEZEMBRO! UM ANO CHEIO DE ENERGIA E TRABALHO, MUITOS ACONTECIMENTOS TANTO NA MÚSICA, QUANTO NO CONTEXTO GERAL DA NOSSA VIDA. E, NESTA ÚLTIMA COLUNA DO MÊS, NÃO FALAREMOS SOBRE TÉCNICA, NEM SOBRE EQUIPAMENTOS. MAS, VAMOS TRATAR SOBRE GRATIDÃO E PAZ NA NOSSA CARREIRA. * Por Bruno de Freitas
O
ano de 2017 foi um ano com muito trabalho especialmente para nós, músicos
da teclas. Muitos toques, muitos
casamentos, muitas formaturas, muitas bodas, muitos cultos, missas, bailes, bares, shows, programas de tv, trilhas sonoras, muitas aulas, corais: muita música. Esse ano foi assim. E, neste mês de dezembro, vai aqui a minha gratidão. O meu muito obrigado. Por todos que confiaram no meu trabalho neste ano: desde o Colégio Paulo Freire, ao qual dedico muitas horas semanais pela educação musical de qualidade; à cantora Simone Medeiros – Música para Rezar e Casar – pela confiança (e amizade) em cada casamento e ao seu profissionalismo em todos os aspectos da nossa profissão; aos clientes de Royalty Free Music de todo o mundo que adquiriram uma das trilhas produzidas com muito carinho; a
minha gratidão também se deve à minha esposa Ana Caroline, na qual está ao meu lado dando o precioso apoio em todos os passos, conquistas e desafios que nossa profissão traz e é claro: a minha eterna e grandiosa gratidão à Revista Keyboard Brasil – especialmente a Heloísa Godoy incrível editora chefe dessa preciosidade oferecida gratuitamente a todos os músicos brasileiros, mensalmente. Não poderia deixar de agradecer também a Yamaha Musical do Brasil pela confiança de mais um ano como Especialista e demonstrador de teclas, assim como, a Stay Music como endorser, muito grato e feliz pela alta qualidade e responsabilidade em levar este nome Brasil afora. Bom, sei que faltaram muitos agradecimentos pelo 2017 que finaliza, entretanto cada um que fez parte desse ano musical em minha Revista Keyboard Brasil / 55
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M a s, p o r q u e t a n t o agradecimento? Sim, agradecer. Penso que é uma das ações tão s i m p l e s, p o r é m q u e está em falta atualmente. Bruno de Freitas
Assim como em qualquer ofício do ser humano, é necessário o mínimo
caminhada, sabe o quanto foi importante no meu crescimento pessoal e profissional. Mas, por que tanto agradecimento? Sim, agradecer. Penso que é uma das ações tão simples, porém que está em falta atualmente. Navegando diariamente pelas redes sociais me deparo sim com muita coisa boa, mas infelizmente com muita negatividade, especialmente vinda da nossa categoria. Falta um pouco de tudo, falta um pouco de bom senso, diálogo cuidadoso, menos apontamentos diretos aos colegas, menos frases indiretas, menos críticas desconstrutivas – menos palavrões! É, menos palavrões! Falta mais respeito sim, falta mais educação e interesse em pesquisa, falta mais bom português (risos...), falta mais fundamento no que se escreve, falta mais se colocar no lugar do outro, falta mais paciência – falta muita ética.
de ingredientes básicos para se tornar um bom profissional, que no
nosso caso, não basta mesmo – tocar bem. Uma boa vestimenta, um 'perfuminho', um sapato limpo e a vontade de trabalhar já fazem a diferença. O que nos deixa mais belos esteticamente, por que não usar? Calma, não me ache o correto ou um cara quadrado, longe disso! Estou apenas dando um exemplo, segundo o meu ponto de vista, para sempre estarmos apresentáveis perante quem nos confia o sagrado trabalho. Bom, para finalizar, desejo do fundo do coração que tenhamos um grande 2018, cheio de positividade, com mais crescimento espiritual, profissional e pessoal de forma global. Que o cachê seja sempre justo, que o nosso equipamento nos ofereça o melhor som, e que consigamos sempre melhorá-lo, que nós e nossa família tenhamos saúde, que nosso conhecimento se amplie, que a sabedoria esteja sempre à frente e que a alegria prevaleça no que escolhemos – ou que fomos escolhidos pela música. Mais paz verdadeira. Um fraterno abraço e, que Deus nos abençoe!
* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 56 / Revista Keyboard Brasil
Enfoque
A “Patética” DE TCHAIKOVSKY É UM BILHETE SUICIDA? NOVA GRAVAÇÃO REFORÇA O MITO 58 / Revista Keyboard Brasil
PORQUE HÁ MUITA ESPECULAÇÃO A RESPEITO DA LIGAÇÃO ENTRE A OBRA DE TCHAIKOVSKY E SUA MORTE? QUEM É O REGENTE QUE ANDA CHAMANDO A ATENÇÃO NO CENÁRIO MUSICAL DA ATUALIDADE, CONDUZINDO COM MAESTRIA, A REFERIDA OBRA? ENCONTRE AS RESPOSTAS AQUI. ** Por Maestro Osvaldo Colarusso
A
Sinfonia Nº 6 de Tchaikovsky, batizada pelo irmão do compositor como “Patética”, é uma das
obras mais enigmáticas do repertório sinfônico. Estreada alguns dias antes da misteriosa morte do compositor, fez com que muita especulação a respeito da ligação entre a obra e a morte de seu autor fosse vista quase que como um bilhete suicida. O aspecto tétrico da partitura, pelo menos no primeiro e último movimentos, reforça esta tese. A estrutura da obra já parece anunciar algum tipo de mensagem, pois é a única sinfonia escrita no século XIX que termina em pianíssimo com um andamento lento. Muitos indícios: uma introdução lenta nos instrumentos mais graves da orquestra, a citação de um canto de morte da Igreja Ortodoxa em meio ao desenvolvimento do movimento inicial, toques de um gongo (Tam-Tam) no movimento final. Há quem veja que o desespero do compositor em lidar com sua sexualidade (ele era homossexual) faz com que a escrita enigmática dos violinos
no início do último movimento fosse uma espécie de mensagem cifrada, já que o escrito não é o que soa. Seria uma dissimulação? A dúvida que persiste até hoje sobre a morte do compositor, que oficialmente morreu de cólera, mas que teria se contaminado por vontade própria ou por pressão de um grupo de nobres irritados com uma relação intima do compositor com um jovem de uma família influente, permanece não resolvida até hoje. Em relação à estreia da Sinfonia “Patética”, regida pelo próprio compositor, que teria ficado de cabeça baixa no final da obra, que aliás não foi bem recebida, existe algo que reforça ainda mais este sentido autobiográfico da partitura. Muito da popularidade da belíssima obra repousa no lírico segundo tema do primeiro movimento e na pompa exterior do penúltimo movimento, sem dúvida nenhuma um lance genial, pois uma página tão brilhante, por acentuado contraste, potencializa o drama com que a sinfonia termina. Revista Keyboard Brasil / 59
Nova e polêmica gravação Na segunda metade deste ano foi lançada uma nova gravação da obra lançada pelo selo Sony Classical com a orquestra MusicAeterna regida por Teodor Currentzis. O maestro Teodor Currentzis, nascido na Grécia e com formação musical russa, vem demonstrando um talento inquestionável aliado a uma ousadia incomum entre os maestros de sua geração. Nascido em 1972 é, desde 2011, diretor musical do Teatro de Ópera e Ballet da cidade russa de Perm. Lá ele desenvolveu um grupo musical que pratica desde a música renascentista até a música contemporânea e que foi batizado genericamente de MusicAeterna. Os músicos do teatro de Perm realizam a parte orquestral deste grupo. Não há dúvida que um dos maiores feitos do maestro é tornar conhecida mundial-
60 / Revista Keyboard Brasil
mente a excelente produção musical de um teatro russo de província. Suas gravações de obras de Stravinsky (Sagração da primavera e Les Noces) e de Mozart (Don Giovanni, Bodas de Fígaro) são notáveis. Na última sinfonia de Tchaikovsky, Currentzis se utilizou, além de uma execução refinada e visceral, de recursos técnicos de gravação para realizar coisas impraticáveis numa execução real: as dinâmicas idealizadas por Tchaikovsky de “pppppp” confrontando com um “fff” na parte central do primeiro movimento é a utilização mais evidente desta tecnologia. Trompas com efeito “bouché”, pouco sonoras, ficam claramente audíveis (e tétricas) no final da obra e os tímidos fagotes ganham sonoridade de trompas. Neste aspecto, Currentzis divide as glórias (e as eventuais críticas negativas) com Damien Quintard, o responsável pela engenharia de som.
Mravinsky, grande intérprete da obra A “Patética” de Tchaikovsky já teve leituras muito excêntricas, como a do americano Leonard Bernstein que nos últimos anos a dirigiu de forma inusitadamente lenta numa execução que dura quase uma hora. Por mais que admire certos aspectos de Currentzis, mesmo com o aparato tecnológico ele não supera Evgeny Mravinsky e a Filarmônica de Leningrado. A gravação de Mravinsky, realizada em 1960, não necessitou de tecnologia para tornar este “bilhete suicida” tão comovente e emocionante. No entanto, ignorar a forte personalidade artística de Currentzis seria injusto. Na minha visão, ele é o maestro mais interessante que apareceu no cenário musical ultimamente. Mesmo a Orquestra de Perm não sendo uma Filarmônica de Viena ou de Berlim soa, graças a ele, como uma orquestra de primeiríssima qualidade.
Em resumo: uma execução marcante.
* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. Revista Keyboard Brasil / 61
Vitrine
LUIS LEITE homenageia a música sul-americana em “Vento Sul”, seu terceiro disco autoral VIOLONISTA E COMPOSITOR, NATURAL DO RIO DE JANEIRO, LUIS LEITE REÚNE ARTISTAS CONVIDADOS EM UM NOVO ÁLBUM
QUE
EXPLORA
O
LIRISMO E A SENSIBILIDADE DA MÚSICA DA AMÉRICA DO SUL.
* Por Sergio Ferraz
62 / Revista Keyboard Brasil
C
om formações diferentes para cada uma das composições do álbum, com as mais variadas
instrumentações, Luis Leite apresenta Vento Sul seu recente trabalho e que possui uma identidade própria, representando um universo particular em si mesmo. Santiago faixa que abre o disco, teve sua melodia escrita em um hotel na própria cidade homenageada, Santiago de Compostela, com alternância de compassos ímpares. No disco, a faixa atua como um preâmbulo ibérico, uma primeira parada em direção à América do Sul, e conta com o belo piano de Erika Ribeiro. Veredas, a segunda faixa, foi composta para a cantora Tatiana Parra e explora uma estética de contornos melódicos sinuosos, com a curiosa utilização do Adufo (pandeiro sem fichas) de Sergio Krakowski. Escrita em homenagem a Guinga, uma das suas grandes influências sonoras como compositor, Flor da noite traz uma sonoridade mais escura, de harmonia aveludada. Ao mesmo tempo delicada e elegante, a música abre com um solo de violão para, em seguida, trazer a participação do clarinetista Giuliano Rosas. Com uma introdução quase atonal, Noturna soa como uma improvisação livre, em fluxo contínuo, sem repetição na sua forma. Uma reflexão nostálgica, sem pressa, que conta com a delicadeza da guitarra de Fred Ferreira e a voz de Lívia Nestrovski. Em Beniño, escrita em homenagem
ao nascimento do primeiro filho de Yamandu Costa apresenta melodia doce, porém em sua terceira parte, a peça apresenta uma chacarera estilizada, que tem sua expressividade amplificada com o violino de Marcio Sanchez, o acordeon de Marcelo Caldi e a bateria de Diego Zangado. Céu de Minas escrita no interior de Minas Gerais, em uma noite de céu aberto, foi inspirada pela atmosfera cativante de um momento de tranquilidade e contemplação, reunindo ainda Tatiana Parra (voz), Erika Ribeiro (piano) e Felipe Continentino (bateria). Minguante, inspirada na personalidade introspectiva e feminina da lua minguante, faz lembrar o lirismo de Radames Gnátali e Villa-Lobos em um belo arranjo com as cordas de Márcio Sanchez (violino) e Elisa Monteiro (viola) um colorido especial. Pedra do Sal, ganhou o nome por conta do característico encontro que acontece mensalmente perto da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, marco do movimento de ocupação cultural da cidade. Carregada de criação espontânea e de improvisação – não à toa foi gravada em um só take – a música resgata o imprevisto, abrindo espaço para a experimentação e interação, ao lado de Felipe Continentino (bateria) e Ivo Senra (Fender Rhodes). Inspirado nos movimentos migratórios do nosso continente, Caravan se apresenta como um amálgama de confluências culturais, onde uma melodia Revista Keyboard Brasil / 63
Fotos: Divulgação
suave da flauta dialoga com frases modernas do violão, polirritmias e sincretismos estilísticos, através da flauta de Wolfgang Puschnig, do baixo acústico de Peter Herbert e da percussão de Luis Ribeiro. Por fim, Despedida, única faixa do disco com violão de aço, combinando com adufo, viola de arco e violões, resulta em uma belíssima sonoridade. Atenção para a expressividade da viola nessa faixa. O solo do violão de nylon, contrasta com o timbre do irmão de aço e o contraponto da viola. A faixa fecha o disco com um sentimento de saudade, mas também de contato com um espaço íntimo interior, de tranquilidade.
SOBRE O COMPOSITOR Luis Leite nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, numa atmosfera familiar musical. Seu avô, um violonista amador, o ensinou os primeiros acordes. Seu pai e tios também tocavam, e o violão era o instrumento que congregava todos ao redor da música. Com interesse em variadas vertentes musicais, navegou desde cedo por diferentes estilos, do choro e do jazz à música clássica, começando a se apresentar profissionalmente aos 14 anos com o Grupo Camerístico de Violões. Estudou violão na UniRio e, aos 19 CD “Vento Sul” Preço do CD físico: R$30,00 Site: www.luisleite.art.br Link para o disco: www.luisleite.art.br/ventosul 64 / Revista Keyboard Brasil
anos, após receber o primeiro lugar em concursos nacionais de violão, se especializou na Accademia Musicale
Chigiana (Siena, Itália). Posteriormente, mudou-se para Viena, onde viveu por uma década, recebendo os diplomas de bacharel e mestre pela Universität für Musik Wien, sob orientação do renomado violonista Alvaro Pierri. Durante seu tempo residindo na Europa, Luis recebeu o primeiro lugar em diversos concursos internacionais de violão, como no Ivor Mairants International Guitar Competition (Londres) e no John Duarte International Guitar Competition (Rust). Retornou ao Brasil assumindo a cátedra de Violão da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde desde então coordena o programa de Bacharelado em Violão. Na sequência, concluiu seu Doutorado (PhD) em Música pela UniRio desenvolvendo pesquisa sobre novas linguagens de improvisação musical. Foi também vencedor do XI Prêmio BDMG Instrumental em Belo Horizonte, além de lançar os discos autorais 'Mundo Urbano' e 'Ostinato'.
* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento. Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 65
Mundo Progressivo
TECLADISTAS
DA INGLATERRA DO SÉCULO XX
ESTILO GRANDIOSO O ROCK PROGRESSIVO APARECEU NO FIM DA DÉCADA DE 1960, PRINCIPALMENTE NA INGLATERRA, ATINGINDO O PICO DA SUA POPULARIDADE NO PRINCÍPIO DA DÉCADA DE 1970. SUA COMPLEXIDADE REQUER UM ALTO GRAU DE VIRTUOSISMO E ENTENDIMENTO MUSICAL TEÓRICO POR PARTE DOS INTÉRPRETES. * Por Amyr Cantusio Jr.
66 / Revista Keyboard Brasil
S
em ser “exatamente rígido” estes tecladistas fizeram acontecer o Rock Progressivo na Inglaterra. Lógico que há uma vasta elite de grandes músicos. Mas creio que estes são os “iniciadores” do movimento inglês. Não cito aqui (jazz/ fusion/ eletrônico). Inclui Ken Hensley e Jon Lord porque fizeram alguns discos beirando arranjos progressivos no início, além de serem dois “monstros” que influenciaram uma grande safra de tecladistas! Estes são, na minha opinião, a “cabeceira”, os que na realidade deram o impulso vital criando depois, uma nova safra de tecladistas nesta vertente: 1- RICK WAKEMAN (Yes) 2- KEITH EMERSON (The Nice e EL&P) 3- DAVE GREENSLADE (Colosseum & Greenslade) 4- ED JOBSON (U.K. e Jethro Tull) 5- KERRY MINNEAR (Gentle Giant) 6- ANTHONY BANKS (Genesis) 7- RICK WRIGHT (Pink Floyd) 8- DAVID PALMER (Jethro Tull) 9- HUGH BANTON (Van Der Graaf Generator) 10- PETE BARDENS (Camel) 11- KEN HENSLEY (UriahHeep) 12- GARY BROCKER (Procol Harum) 13- JOHN TOUT (Renaissance) 14- MANFRED MANN (Manfred Mann's Earth Band) 15- VINCENT CRANE (Atomic Rooster) 17- JON LORD (Deep Purple)
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 67
Tecnologia
BEHRINGER – DEEPMIND CONHEÇA A SÉRIE DEEPMIND, MAQUINAS PODEROSAS À DISPOSIÇÃO DA NOSSA MÚSICA. * Por Thiago Marques
C
hegada há não muito tempo no mercado brasileiro, a linha DEEPMIND da Behringer
trouxe consigo uma proposta bem objetiva que chamou a atenção no mundo inteiro:sintetizadores genuinamente analógicos, polifônicos, com diversos recursos digitais, timbres stereo com sonoridade imponente, design e acabamentos caprichados, ferramentas extras como Wi-Fi interno e software próprio para utilização sincronizada em outros dispositivos. Junte tudo isso a uma faixa de valor abaixo do que tradicionalmente é praticado com synths analógicos e podemos começar a falar aqui de uma revolução no mercado. Essa é a grande “cartada” da marca neste lançamento, que
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realmente vem sendo reconhecido mundialmente e preenche uma lacuna neste setor de instrumentos musicais. Sendo um equipamento de alta qualidade, mas com preço final muitíssimo mais atraente, a linha DEEPMIND tem se tornando para muitos músicos a grande chance de poder possuir um sintetizador analógico desde “calibre”. A linha chegou ao país com dois modelos trazidos pela ProShows (Behringer Brasil): DEEPMIND 12 – Com teclado de 49 teclas (4 oitavas), 12 vozes de polifonia com dois osciladores analógicos por voz. Efeitos internos com a tecnologia das renomadas TC
Deepmind12
ELECTRONIC e KLARK TEKNIK (incluindo Reverb, Chorus, Flanger, Phaser, Delay,multi-bandDistortion, Noise Gate, entre outros, mais de 30 no total) permitindo programar até 4 FX diferentes simultaneamente. 2LFO's por voz com 7 tipos diferentes de formas de ondas. Filtro passabaixa de 2/4 pólos, filtro passaalto adicional. 3 geradores ADSR por voz, para controle de envelopes VCF, VCA e MOD. Arpeggiator / Sequencer de 32 passos com controle gatetime. 26 sliders para manipulação de todos os parâmetros essenciais em tempo real. Tela de LCD. Pitchbend e Revista Keyboard Brasil / 69
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eskto d 2 1 d min
Deep
Modulationwheel com iluminação interna variável ao toque. Todos os parâmetros controláveis via Wi-Fi, editáveis através de aplicações para PC e tablets. Conexões USB, MIDI. Acabamento em metal, leds luminosos e painéis laterais de madeira. DEEPMIND 12D – Versão DESKTOP do sintetizador, que pode ser utilizado diretamente com um teclado controlador (no meu caso, utilizo o UMX610 também da Behringer, com 5 oitavas). Pode ser usado também conectado a outros dispositivos, processando o sinal
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MIDI pré-gravado em uma track, por exemplo. Uma ótima opção para produtores musicais de qualquer estilo que costumam gravar ou sequenciar teclados em canais MIDI e precisam de bons timbres para o processamento final. Oferece os mesmos r e c u r s o s d i s p o n í ve i s n o Deepmind 12, porém não possui teclas e nem controles de pitchbend e modwheel. Também conta com painel de LCD, acabamento em metal e painéis de madeira, mas esta versão acompanha suportes laterais que podem ser usados para fixação em racks.
Pude conhecer estes equipamentos durante o seu lançamento na NAMM Show 2017 em Anaheim, California. Confesso que já estava curioso desde a primeira notícia de que a Behringer traria um sintetizador analógico para o mercado. Ao chegar ao espaço da “Music Group” (A “Holding” responsável pela Behringer e outras importantes marcas do setor, como Midas, TcElectronic, KlarkTeknik, Bugera, Turbosound) já se via que as atenções estavam voltadas para o synth. Uma grande quantidade de Deepminds disponíveis para o teste do público e a equipe da Behringer atenta e extremamente atenciosa para receber o feedback dos músicos e ver a reação das pessoas com seu novo lançamento, incluindo o time de engenheiros e desenvolvedores da Inglaterra que foram os responsáveis pelo projeto. Além do “test-drive” tradicional de um novo teclado, a Behringer inovou bastante incorporando a tecnologia de Realidade Aumentada, proporcionando aos participantes da feira a oportunidade de experimentar uma nova forma de controle do sintetizador através de controles virtuais por meio de movimentos captados por um sensor V.R.,
instalado juntamente ao DEEPMIND. Um telão transmitindo a visão dos controles em tempo real chamava muito a atenção de todos que passavam pelo local e se deparavam com uma verdadeira novidade no meio musical. Após ter esta experiência nova com o controle por movimento e o dispositivo de Realidade Aumentada, pude entender bem o conceito do nome “DEEPMIND”: a sensação é de obter um novo sentido, quase como se o músico pudesse se integrar ao sintetizador, ou como se os controles estivessem instalados dentro da sua mente. Sei que talvez não faça muito sentido o meu relato, mas realmente é uma experiência sensorial e faz pensar bastante sobre novidades e possibilidades futuras da tecnologia na música. Para minha felicidade, estou sendo um dos primeiros a ter o DEEPMIND 12 e o DEEPMIND 12D no Brasil e tenho utilizado estes dois equipamentos em todos os meus trabalhos em estúdio e no palco, então vou aproveitar o espaço e deixar minha impressão pessoal deste equipamento no trabalho do dia-a-dia. Bem, o primeiro ponto é a qualidade do som. Eu sempre dediquei muito tempo em buscar timbres “robustos” com Revista Keyboard Brasil / 71
bastante presença e tive essa necessidade completamente suprida, e com ganho na sonoridade. Várias características me agradaram muito nesse aspecto, graves bem definidos, muito “punch”, enfim, sons grandiosos e com toda a versatilidade de um sintetizador analógico, podendo ser timbrado conforme o gosto e a criatividade do músico. Logo nas primeiras descrições do manual a Behringer promete um ousado aviso de “insanelyfatandauthenticsounds” (“sons autênticos e insanamente robustos”, em uma tradução livre), o que conseguiram cumprir perfeitamente. Outro aspecto importante é a união do “melhor de dois mundos” com os timbres analógicos e recursos digitais. Rapidamente é possível salvar os próprios timbres, presets, efeitos e classifica-los para acesso rápido durante uma gravação ou show ao–vivo. Na mesma semana que recebi os equipamentos já os utilizei tocando ao vivo adaptando ao meu repertório muito facilmente. Quando falamos de sintetizadores analógicos, geralmente acabamos relacionando de alguma forma com referências “vintage” e sons que remetem ao passado, entretanto vejo isso como um diferencial muito positivopor uma série de fatores. Se repararmos rapidamente em algumas das principais produções atuais vamos notar essa influência com toda a força, como na música de abertura de “StrangerThings” (série de grande sucesso do Netflix) e também toda a trilha sonora do filme “BladeRunner: 2049” (continuação do 72 / Revista Keyboard Brasil
grande sucesso “BladeRunner” de 1982). Mas os sons clássicos de synths não se limitam ao gênerovintage: uma rápida ouvida em novas produções de música pop, rock, hip hop, eletrônica (house, deephouse, longe, dubstep) demonstram massiva presença do universo dos sintetizadores, com muita evidência e muita força (para a nossa alegria!). Sempre lembrando que cada parâmetro pode ser customizado em detalhes para criar diversos tipos de sonoridade, inclusive extremamente moderna, caso esta seja a necessidade do músico. O acabamento é de muito bom gosto, as laterais de madeira são muito bonitas e os detalhes das luzes, leds e da oscilação luminosa nos controles de pitchbend e modulação são muito legais. Gostei muito do visual de como o meu setup está agora e tenho recebido comentários muito positivos de quem já viu meu novo equipamento completo aovivo. Atualmente estou utilizando o DEEPMIND 12 (49 teclas) do lado direito e o DEEPMIND 12D (Desktop) controlado por um teclado UMX610 (61 teclas)também da Behringer no lado esquerdo, tendo desta forma um synth de 4 oitavas e outro de 5 oitavas à minha disposição no palco. O DEEPMIND 12 pesa pouco mais de 8kg, enquanto a versão 12D têm menos de 5kg. Com um design compacto, o transporte e manuseio deles é bem tranquilo. Nos últimos workshops que fiz, comentei que estes eram meus novos
“reatores nucleares” de som, e realmente essa é a impressão que tenho da série DEEPMIND, maquinas poderosas à disposição da nossa música. Ficou curioso para ver e ouvir um pouco do DEEPMIND? Deixo aqui alguns links dos trabalhos que tenho desenvolvido. Espero que goste. Um grande abraço!
Laçaminator–GranDense
Unboxing – DEEPMIND 12 e 12D
Para saber mais sobre o DEEPMIND 12 e o DEEPMIND 12D da Behringer, acesse: http://proshows.com.br/produtos/Behringer/Sintetizadores
* Thiago Marques é tecladista e produtor musical. Atuando integralmente como músico profissional há mais de uma década,seus trabalhos têm recebido destaque através da mídia especializada e redes sociais. É formado em Licenciatura em Música pelo Centro Universitário Metodista - IPA e possui também cursos ligados à Música e Tecnologia, destacando a especialização "ModernMusician" (Berklee/Coursera). Em alguns dos recentes feitos de sua carreira, foi finalista indicado ao prêmio Samsung E-Festival Instrumental em 2017 e capa da Revista Keyboard Brasil na edição 43, além de tocar em importantes eventos como a “The NAMM Show” (California, USA.) e a “ExpoMusic” (São Paulo-SP). Juntamente com o baterista Ébano Santos, integra o duo instrumental “GranDense”. Thiago Marques é artista Behringer.
Revista Keyboard Brasil / 73
Espaço Gospel
UMA REFLEXÃO MUSICAL –
CANÇÃO 2017
74 / Revista Keyboard Brasil
ENQUANTO NÃO CHEGA A CANÇÃO 2018, FIQUEMOS REFLEXIONANDO A CANÇÃO 2017! *Por Evaristo Fernandes
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nfim chegamos ao último trecho da Canção 2017. Durante todo este ano, desenvolvemos várias
melodias na busca do sustento, da realização, da conquista. Muitos vidamusicistas fizeram seu dueto em grau conjunto; outros decidiram por intervalar maiores distâncias; outros seguiram a solo sua estrada. Muitas pausas também presenciamos em momentos solenes com sentimentos em fermata que ainda em fade out insistem em soar na forma da saudade. Vivemos também, nesta nossa canção de 2017, o ritmo frenético do dia a dia, mês a mês, na luta travada a cada manhã. Variando entre semínimas e semifusas, buscando nos manter no mínimo em Allegretto, na frenética variação rítmica em Presto e Vivace da Canção 2017. E chegamos aqui; no epílogo desta canção que sempre mantém o padrão de 12 partes chamada ANO. Esta é a parte mais esperada na verdade. O epílogo, a parte 12; O momento do Grand Finale! Foram 11 trechos em que “melodiamos” e “ritmamos” cada qual em sua
interpretação! Mas não esqueça que agora é hora mais importante da Canção 2017, como em todas as canções passadas o trecho 12, o ato DEZEMBBRO, é o final em harmonia, sim, hora de HARMONIZARMOS e este é um grande desafio, pois se desafinarmos agora colocaremos tudo a perder. Atenção! Que possamos compor um grande coral com todos aqueles que amamos e ainda com aqueles que nos soam dissonantes, pois toda dissonância tem o seu requinte, não é verdade? Abrace forte
seu consonante, mas abrace mais forte ainda seu dissonante e apenas deixe soar. Acredite, isso causará uma grande surpresa na plateia e fará de você um vida-músico invejável! Que venha a canção 2018! Que o grande Maestro do Céu, nos permita o pulso da vida para performarmos com mais acertos a partitura da dádiva chamada VIDA. Um Natal Afinado a todos no diapasão do amor e um 2018 com menos trítonos e mais cadências felizes.
* Evaristo Fernandes é multi-instrumentista, compositor, produtor e escritor. Tecladista da Banda Voz da Verdade há mais de 30 anos, atualmente é artista das marcas: Roland, Power Stomp Pedals, Power Play Fontes, Panther Cables e Key Pro Stand. Juntamente com Zeca Quintanilha e Rafael Sanit é colaborador da Revista Keyboard Brasil na seção Espaço Gospel. Evaristo Fernandes está celebrando 20 anos de seu Workshop “Talento, Técnica e Unção” ministrando o workshop por todo o país. Revista Keyboard Brasil / 75
Aconteceu
PIANISTA ITALIANO
GIOSUE DE VINCENTI
EM TURNÊ PELO BRASIL
PREMIADO PIANISTA ITALIANO SE APRESENTOU EM 4 CIDADES BRASILEIRAS COM UM RECITAL LISZT * Por Virtuosi Produções
76 / Revista Keyboard Brasil
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cidades: Cabo Frio (Série Jovens Pianistas, 11/11), Belo Horizonte (Sala Juvenal Dias, 12/11), Curitiba (Paço da Liberdade, 14/11) e Niterói (Fundação Cultural Avatar, 16/11 e Solar do Jambeiro, 17/11). No programa foram apresentadas peças do compositor húngaro Franz Liszt, que é reconhecido como um dos maiores pianistas de todos os tempos e cujas composições apresentam grande dificuldade técnica. Segundo o pianista, “há alguns anos eu me dedico à obra de Liszt e ela o tema de minha pesquisa de Doutorado. Liszt foi um pianista muito ativo e se apresentou por toda a Europa, inclusive em Portugal. Um dos meus projetos futuros é fazer concertos no piano em que Liszt se apresentou em Lisboa, mas infelizmente isso deverá demorar um pouco, pois o instrumento está em reforma no Museu Nacional da Música de Portugal”. Giosuè de Vincenti é vencedor de vários prêmios internacionais e obteve o primeiro lugar nos concursos de Brest (França), Crotone (Itália), Sarajevo (Bósnia) e Braga (Portugal). Recentemente, foi um dos oito pianistas convidados a participar da final do Concurso Liszt de Londres, promovido pela Sociedade Liszt da Inglaterra.
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m novembro o pianista italiano Giosué de Vincenti fez uma turnê no Brasil, passando por 4
Há alguns anos eu me dedico à obra de Liszt e ela o tema de minha pesquisa de Doutorado.
Giosué de Vincenti
Atualmente, vive em Portugal, onde está concluindo o Doutorado em Performance Musical na Universidade de Ave i r o . Ta m b é m é p r o f e s s o r d a Universidade do Minho, onde concluiu o Mestrado em Educação Musical. Na Itália, estudou com Angelo Guido e Rodolfo Rubino no Conservatório Superior de Música “S. Giacomantonio”, onde concluiu sua Licenciatura e seu Mestrado. PROGRAMA: F. Liszt Estudo Transcendental No 10 F. Liszt Sonata Dante F. Schubert/F. Liszt Erlkönig F. Liszt Reminiscências de Norma (Bellini)
*VIRTUOSI PRODUÇÕES – Comandada por Ederson Urias, a Virtuosi situa-se em Belo Horizonte e é uma das principais agências de produção cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior. Revista Keyboard Brasil / 77
Oriente-se
CADÊNCIAS II V/I - PARTE 2 - EM MODO MENOR E M N O S S A Ú LT I M A COLUNA CONSIDERAMOS A CADÊNCIA II V/ I EM MODO MAIOR (COM TÔNICA DE ACORDE DE SÉTIMA MAIOR). FALAREI AGORA DA MESMA CADÊNCIA EM MODO MENOR. *Por Jeff Gardner
A
Os livros "Harmonia da Música Popular Vol. 1 - Ciclos" e "Harmonia da Música Popular vol. 2 - Cadências e Sequências Harmônicas" estão disponíveis no site www.jeffgardner.com.br ; nas lojas Free Note (São Paulo) e Arlequim e Musical Carioca no Rio de Janeiro 78 / Revista Keyboard Brasil
tônica no modo menor pode ser um acorde de sétima menor (-7 ou mi7), menor tônica no modo menor pode ser um acorde de sétima menor (-7 ou mi7), menor com sétima maior ( ou mi Maj7), menor com sexta (-6 ou mi6) ou menor com sexta e nona (m6/9). Frequentemente, o II duma cadência menor é IIm7b5, correspondendo ao acorde de sétima diatônico a escala menor natural. Aqui seguem alguns exemplos de II V / I-7 em voicings simples.
y
Aqui o segundo exemplo tem um acorde tônica de miMaj7, o que corresponde ao modo menor melódica ascendente. Agora acrescentamos mais uma
nota na mão direita, para um total de 4 notas na mão direita, sempre sem fundamental. As fundamentais serão tocadas apenas na mão esquerda em estes exemplos.
Aqui os dois exemplos são iguais, fora a sétima do acorde de tônica. Agora transferimos uma nota da mão direita para a mão esquerda, criando
assim uma posição (voicing) bem equilibrada. A notar que estas notas superiores na mão esquerda são sempre "guide tones" - a terça ou a sétima.
Evidentemente, todos os exemplos em acordes, e as linhas melódicas a seguir, devem ser transpostos as 12 tonalidades. Tenta de aprender pelo menos um exemplo por semana desta maneira garantindo assim um domínio deste material. Isto vai facilitar muito sua vida quando é hora de fazer "comping", ou acompanhar outros instrumentos.
Para meus amigos que não sejam pianistas - "I have something for you"! As cadências podem ser executadas com linhas melódicas em qualquer instrumento melódico, além dos instrumentos harmônicos como guitarra, sanfona, bandolim, etc. Para começar, vamos simplesmente arpejar os acordes de qualquer Revista Keyboard Brasil / 79
cadência, sem acréscimo de notas de passagem ou "approach tones" (notas de
aproximação).
Agora vamos a complicar só um pouquinho, introduzindo algumas
"approach tones" no segundo compasso.
Podemos treinar as cadências menores da mesma forma que fizemos com as em modo maior - descendo em tons inteiros, fazendo assim uma serie de 6 tonalidades descendo a escala em tons inteiros de C.
Este tipo de transposição vai levar seus solos para um nível mais elevado de interesse musical. Não esquecer de transpor esta série de 6 cadências um semitom em cima ou embaixo para tocar as frases nas outras 6 tonalidades.
Vamos "engrossar o caldo" agora, com um exemplo duma cadência menor sobre 4 compassos em vez de 2. Isto abre muitas possibilidades de enriquecer as
suas linhas melódicas com cromatismo, fragmentos modais e diversos tipos de arpejos.
80 / Revista Keyboard Brasil
Para finalizar, gostaria de lhes oferecer a primeira metade do meu solo escrito (linha melódica) na lindíssima standard "Beautiful Love", de Victor Young.
Este trecho contém 3 exemplos de cadências IIm7b5 V7 / Im7 em D menor, com uma cadência na tonalidade de F maior, maior relativo de D menor (com uma pequena acena para Dizzy Gillespie).
Todos os exemplos desta e da matéria do mês passado, estão extraídos do meu livro Harmonia da Música Popular Vol. 2 - Cadências e Sequências Harmônicas. Para adquirir o seu
exemplar, por favor, acesse meu site WWW.JEFFGARDNER.COM.BR Um abraço musical para todos, e remember - KEEP SWINGIN'!
* Jeff Gardner é pianista, compositor, educador, com 18 CDs gravados e escritor de diversos livros nascido em Nova York e radicado no Brasil desde 2002. Suas influências passam pelo clássico, jazz e, principalmente, pela música brasileira. Estudou com nomes lendários do universo jazzístico, entre eles, John Lewis, Don Friedman, Jaki Byard e Charlie Banacos e tomou aulas de harmonia com Nadia Boulanger. Jeff foi professor na New York University e ministra workshops e masterclass em muitos países. Jeff Gardner é o mais novo ilustre colaborador a entrar para o time da Revista Keyboard Brasil. Contato para shows e workshops: jeffgardnerjazz@gmail.com Revista Keyboard Brasil / 81
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