Revista Keyboard Brasil 2018 número 54

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Revista

Keyboard ANO 5 :: 2018 :: nº 54 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

H U G O

FATTORUSO a lenda viva da música

SULAMERICANA

Brasil

PAPO DE TECLADISTA: O que seria bom e necessário para a nossa profissão?

CONHEÇA A AB DESIGNER: Nosso trabalho é pensar no seu trabalho!

PIANISTAS CAMPEÕES: Os maiores repertórios!

CHANTS OF INDIA: A mistura cativante de canto e música entre George Harrison & S h a n k a r!

AFINADORES DE PIANO: uma profissão em extinção?




Editorial “Que venha 2018 ” Início do ano é tempo de tradicionalmente olhar em frente, planejar os 12 meses que agora começam, criar objetivos e condições para que eles possam ser alcançados. Mas não há como olhar para o futuro sem refletir sobre o que ficou para trás, avaliar e corrigir rotas, se necessário. Melhor ainda quando podemos fazer esse compartilhamento com todos vocês, nossos leitores, e que são o motivo principal de estarmos aqui todos os meses preparando a melhor informação sobre o universo musical. Nosso trabalho foi-se consolidando a cada ano, criamos novas e importantes parcerias e conquistamos respeitáveis colaboradores - fundamentais para a qualidade e o respeito adquiridos. De igual forma vimos crescer o interesse pelo nosso conteúdo, facilmente identificável pelo número de assinantes digitais que não para de crescer. E, assim, amadurecidos, adentramos o 5º ano de Revista Keyboard Brasil com a 54ª edição trazendo na capa, Hugo Fattoruso - um dos mais respeitados

04 / Revista Keyboard Brasil

Heloísa Godoy - Publisher

músicos e lenda viva da música sulamericana, além do nosso time de colaboradores desta edição: Osvaldo Colarusso, Amyr Cantusio Jr., Jeff Gardner, J. Eduardo. D'Elboux, Luiz Carlos Rigo Uhlik, Rafael Sanit, Hamilton de Oliveira, Evaristo Fernandes e Bruno de Freitas. Assuntos sobre tecnologia, mercado, dicas técnicas, curiosidades e muito piano, piano, piano, porque de teclas, a gente entende! Curiosos para saber o que encontrarão nesta edição? Sigam em frente e aproveito para agradecer por estarem junto de nós em mais um ano. Excelente leitura e fiquem com Deus!


Espaço do Leitor Grato à Heloísa Godoy e a Revista Keyboard Brasil!! (Sobre matéria Duo Ama, magia do piano a 4 mãos', edição numero 53). Mayer Goldenberg — Facebook Confiram a matéria que fiz para a @revistakeyboardbrasil falando sobre a linha DEEPMIND da @behringerbrasil (Edição numero 53). Thiago Pospichil Marques— Instagram

muito orgulho. Vendo essa retrospectiva do ano, junto à tantos músicos incríveis, me faz encerrar o ano com muita g r a t i d ã o ! O b r i g a d o @revistakeyboardbrasil Thiago Pospichil Marques— Instagram Só feras no assunto teclas, boas festas e um prospero 2018. Carlos Alberto Cawahisa Cawahisa — Facebook

Saiu uma matéria muito legal sobre meu álbum Vento Sul na revista Keyboard desse mês. Great review of my new album Vento Sul in the last issue of Keyboard magazine. Obrigado @heloisagodoyfagundes, @sergioferrazviolinist e @revistakeyboardbrasil ! Luis Leite— Instagram

É uma grande alegria e honra isso tudo. O meu eterno agradecimento. A Revista Keyboard Brasil é uma grande oportunidade de compartilhar e colaborar de forma séria com o grande leque da Música Brasileira. Bruno Freitas — Facebook

At the important piano magazine @revistakeyboardbrasil! Thanks @heloisagodoyfagundes! We are very happy!! You can see the publication here: http://digital.maven.com.br/pub/revista keyboard/?numero=53#page/26 #duoama #keyboardbrasil #merrychristmas #piano #pianoduo #music #joy Duo Ama — Instagram

Super! Tive contato com esse material em 2014. Quero ler e repassar tudo novamente! Olha só o que encontrei aqui no facebook Paulinho Marques. Provavelmente você já conhece esse livro dele. A execução das cadências podem ser executadas em vários instrumentos além do teclado ou piano, isso inclui a sanfona também. (Sobre matéria de Jeff Gardner, ORIENTE-SE: Cadências II V/I - Parte 2 em modo menor, edição numero 53). Daltro Vieira — Facebook

Eu estive na capa da Revista Keyboard Brasil na edição de fevereiro deste ano. Esta é uma das principais publicações sobre o meu instrumento e minha profissão no país e isso é um motivo de

Fico mega feliz quando vejo matérias sobre esses caras que revolucionaram a música misturando analógicos com erudito e clássico. Parabéns pela matéria! Revista Keyboard Brasil / 05


Janeiro / 2018 Parabéns pelo trabalho! (Sobre matéria de MUNDO PROGRESSIVO: Tecladistas da Inglaterra do século XX, edição numero 53, por Amyr Cantusio Jr). Fabio Lopes — Facebook

Expediente

Revista Keyboard Brasil nas redes sociais!!

Parabéns Heloísa Godoy pela escolha do que existe de melhor no universo musical brasileiro, dos verdadeiros artistas, dos músicos que trabalham com o coração, com a imaginação, com a criatividade, com o talento sempre em primeiro lugar. Desejo a Keyboard Brasil uma vida muito longa e um número de leitores sempre muito bem informados por esta magnífica publicação. FELIZ NATAL! Osmar Barutti — Facebook Obrigado Amyr Cantusio Jr! Fico orgulhoso por estar nessa edição onde destaco meu belo trabalho e envio meu forte abraço desejando um Natal pleno de sentido renovador e um 2018 cheio de realizações! Tulio Mourão — e-mail 06 / Revista Keyboard Brasil

Capa: Arq

uivo HA D

uo

Divulgar uma matéria como essa, com todo este pessoal de peso que a Revista Keyboard tem no seu cast, é um grande desafio, Helô (Heloísa Godoy)! Particularmente, adoro desafios. Em 2018 precisamos reunir um bom número de profissionais bem intencionados para discutirmos o que fazer para a música não morrer! É difícil reconhecer. Mas, já estamos na UTI! Avante, 2018! Luiz Carlos Rigo Uhlik — Facebook

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Capa: Arquivo HA Duo Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Anuncie na Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Colaboradores da Revista Keyboard Brasil desta edição: Maestro Osvaldo Colarusso / Amyr Cantusio Jr. / Jeff Gardner / J. Eduardo. D’Elboux / Luiz Carlos Rigo Uhlik / Rafael Sanit / Hamilton de Oliveira / Evaristo Fernandes / Bruno de Freitas As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.


Índice

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MATÉRIA DE CAPA: Hugo Fattoruso por Heloísa Godoy e Joca Vidal

OPINIÃO: Paganini & Jimi Hendrix, Liszt & Keith Emerson: Paralelos na música - por J. Eduardo D’Elboux

A VISTA DO MEU PONTO:

O segredo para tocar bem e ter intimidade com as teclas - por Luiz Carlos Uhlik

TECNOLOGIA: Shure e seu processador de audioconferência P300 - Redação

PROFISSÃO:

Afinadores de piano uma profissão em extinção? - por Heloísa Godoy

DICA TÉCNICA: Changes, de Black Sabbath - por Amyr Cantusio Jr.

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46

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42 AGENDA MUSICAL: Phill Collins no Brasil - por Hamilton de Oliveira

PAPO DE TECLADISTA: O que seria bom e necessário para a nossa profissão? - Bruno Freitas

Álbum Chants of India, de George Harrison & Shankar - por Amyr Cantusio Jr.

31 MERCADO: AB DESIGNER Novas possibilidades Rafael Sanit

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REVOLUÇÃO MUSICAL:

ENFOQUE: Pianistas campeões: Os maiores repertórios - por Osvaldo Colarusso

62 ORIENTE-SE: Sequências harmônicas com tônica de sétima maior, parte 3 - por Jeff Gardner

54 OUTROS SONS: Klaus Hoffman-Hook / Música eletrônica alemã - por Amyr Cantusio Jr.

66 ESPAÇO GOSPEL: - por Evaristo Fernandes Revista Keyboard Brasil / 07


Matéria de Capa

HUG

EM UMA CARREIRA

FATTORUSO - A

GUITARRISTA E PE

DE VÁRIAS NACIO

DIFUNDIU O ROC

BANDA LOS SHA

MAIS TARDE FUND

BANDA DA HISTÓR E DO CANDOMBE URUGUAIA. COM

BARCAROLA, DOS ENTRE OUTROS,

EM 2013, FATTORU

SUA VIDA FOI CON

POR SANTIAGO BE

MAIO PASSADO NO

E 'DOS ORIENTALE

Foto: Arquivo HA Duo

ENTREVISTA EXCLU

08 / Revista Keyboard Brasil


GO FATTORUSO a lenda viva da música

SULAMERICANA

RA INCANSÁVEL E EM CONSTANTE CRIATIVIDADE, O URUGUAIO HUGO

ARRANJADOR, COMPOSITOR, VOCALISTA, PIANISTA, ACORDEONISTA,

ERCUSSIONISTA - É ADMIRADO E RECONHECIDO PELA CLASSE MUSICAL

ONALIDADES E DOS MAIS DIVERSOS ESTILOS MUSICAIS. FATTORUSO

CK DE INFLUÊNCIA BRITÂNICA NA AMÉRICA LATINA COM SUA MÍTICA

AKERS, QUE GANHOU BIOGRAFIA LANÇADA NO ANO PASSADO.

DOU NOS ESTADOS UNIDOS O OPA TRÍO, CONSIDERADA A MELHOR

RIA DA MÚSICA URUGUAIA E PIONEIRA NA FUSÃO DO JAZZ, DO ROCK - RITMO PROVENIENTE DA ÁFRICA E PARTE IMPORTANTE DA CULTURA DIVERSOS PROJETOS DE EXCELÊNCIA COMO O TRÍO FATTORUSO,

S ORIENTALES, REY TAMBOR, QUINTETO BARRIO SUR, HA DÚO TRAZ EM SUA BAGAGEM MUSICAL A BUSCA CONSTANTE DE SONS.

USO RECEBEU O TÍTULO DE EMBAIXADOR DE MONTEVIDÉU E, EM 2017,

NTADA EM DOIS DOCUMENTÁRIOS: 'FATTORUSO - LA PELICULA', DIRIGIDO

BEDNARIK (COM CO-PRODUÇÃO DO CANAL BRASIL), QUE ESTREOU EM

OS CINEMAS URUGUAIOS E PODE SER VISTO NO CANAL NOW, DA NET;

ES', DE SOFÍA CASANOVA E SOFÍA CÓRDOBA. JOCA VIDAL REALIZOU UMA

USIVA COM O MÚSICO QUE FALA DE SUA CARREIRA E SEUS PROJETOS. *Texto: Heloísa Godoy *Entrevista: Joca Vidal

Revista Keyboard Brasil / 09


Fotos: Divulgação 10 / Revista Keyboard Brasil


Foto maior: Los Shakers era composto por Hugo e seu irmão Osvaldo - principais compositores, guitarristas, e intérpretes; Roberto "Pelín" Capobianco (baixo e voz) e Carlos "Caio" Vila (bateria e voz). Fotos menores: (1) Trío Fattoruso em uma apresentação para a TV Uruguaia. Osvaldo na bateria tinha apenas 9 anos de idade. (2) Aos dezesseis, Hugo começou a tocar baixo acústico como instrumento principal, e foi, na época, o membro mais jovem do Hot Blowers, conjunto de jazz e swing que viajou por toda a América Latina até o final dos anos 50. (3) O grupo Opa era formado por Hugo no piano e sintetizadores; seu irmão Osvaldo, na bateria e percussão; Ringo Thielmann no baixo e, mais tarde Rubén Rada na percussão.

Em constante criatividade e permanente renovação...

N

ascido em Montevidéu (Uruguai), Hugo Fattoruso iniciou sua

carreira musical como um prodígio. Começou a estudar piano com quatro anos de idade. Aos nove anos, formava com seu pai Antonio e seu irmão Osvaldo, o Trio Fattoruso. Neste grupo, Osvaldo foi o baterista (com cinco anos); Hugo tocava acordeom; e Antonio, baixo. O Trio atuava em festivais de rua, interpretando vários estilos, do jazz ao carnaval uruguaio. Aos dezesseis, Fattoruso começou a tocar baixo acústico como instrumento principal, e foi, na época, o membro mais jovem do Hot Blowers, conjunto de jazz e swing que viajou por toda a América Latina até o final dos anos 50. Este período pode ser considerado o segundo mais importante no desenvolvimento harmônico do músico, com sua concentração e aprendizagem da improvisação e contra-ponto musical no jazz. No começo dos anos 60, o rock mudou o mundo da música e Fattoruso decidiu formar o Revista Keyboard Brasil / 11


Sua paixão pelo candombe o levou a formar o grupo Rey Tambor, composto por Hugo Fattoruso, Diego Paredes, Fernandito Núñez e Nicolás Peluffo. 12 / Revista Keyboard Brasil


Em sua trajetória profissional encontram-se uma variedade de músicos com quem gravou, acompanhou e/ou fez arranjos, dentre eles: Peter Gabriel, Eduardo Mateo, Jorge Graf, Jaime Roos, Ruben Rada, Laura Canoura, Toto Méndez, Larbanois-Carrero, Pitufo Lombardo, La Tríada, Chico Buarque de Holanda, Milton Nascimento, Djavan, Fafá de Belém, Miúcha, Maria Bethania, Arismar do Espírito Santo, Toninho Horta, João Bosco, Hermeto Pascoal, Geraldo Azevedo, Naná Vasconcelos, Airto Moreira, Flora Purim, Abraham Laboriel, Manolo Badrena, Hiram Bullock,Vernon Reid, Don Cherry, Giovanni Hidalgo, Ron Carter, Litto Nebbia, Fito Páez, Liliana Herrero, Luis Salinas, Adriana Varela, Ta k a m a s a S e g i y Ya h i r o To m o h i r o , somente para citar alguns. Fotos menores: (1) Com Milton Nascimento. (2) Com Djavan. (3) Com Hermeto Pascoal no To q u e , f e s t i va l d a A r g e n t i n a .

grupo Los Shakers, composto por Hugo e Osvaldo Fattoruso, Roberto "Pelín" Capobianco (baixo e voz) e Carlos "Caio" Vila (bateria e voz). Os Shakers foram êxito total na América Latina, inclusive no Brasil, onde estiveram algumas vezes para fazer shows e participar de programas de TV. A banda fazia sucesso em grande parte por sua imagem mas, também, por sua habilidade em combinar as complexidades da bossa nova, o estilo urbano da canção uruguaia, os ritmos do candombe e a força do rock num estilo novo e contagioso. Sua obra-prima é o

disco 'La Conferencia Secreta Del Toto's Bar' (1968), considerado um disco cult e conceitual como 'Pet Sounds', dos Beach Boys. Com o fim dos Shakers, as influências do jazz e do candombe levaram Fattoruso à Nova York, onde formou o grupo Opa. O músico tocava piano e sintetizadores e seu irmão bateria e percussão. Completando o trio, seu amigo de infância Ringo Thielmann, no baixo. A mistura de jazz com rock, com as harmonias e ritmos do Brasil, com o sabor afro-uruguaio do candombe, resultou em Revista Keyboard Brasil / 13


um som novo e diferente no mercado, conquistando a admiração dos grandes do mundo do jazz. Opa gravou dois discos, "Goldenwings", e "Magic Time". A música do Opa serviu como importante contribuição ao desenvolvimento musical das gerações futuras e deixou registrada a marca dos Fattoruso na cultura musical moderna do Uruguai. A partir deste momento, Fattoruso passou a trabalhar com uma grande variedade de artistas, desde Hermeto Pascoal até Ron Carter e Dixie Dregs. E, depois de trabalhar com Milton Nascimento, radicou-se no Brasil, onde contribuiu em vários projetos de grandes nomes da música popular brasileira, como Djavan, Geraldo Azevedo, Chico Buarque de Hollanda, Nana Vasconcellos, Toninho Horta e muitos outros. Fattoruso colaborou em vários projetos de Milton Nascimento, dentre eles no premiado CD "Nascimento", ganhador do Grammy em 1997 na categoria World Music onde, além de suas contribuições nos teclados e acordeom, também colaborou com os arranjos de várias composições em parceria com Milton. Em uma entrevista para Laura Tenenbaum do Diario Popular da Argentina, Fattoruso fala sobre a relação da música para com os brasileiros: “Os brasileiros carregam o groove no sangue. A melodia é fantástica, e a harmonia... Como a usam!! Quantos estilos existem na música brasileira? Não tenho ideia! Eu viajava com Geraldo Azevedo e outros músicos nordestinos, e entre eles faziam apostas do tipo: E este ritmo de onde é?, e diziam o nome, e outro 14 / Revista Keyboard Brasil

contestava: Não! É do Maranhão! Ou, não! É de Recife! É infinito. Samba carioca, samba paulista... São traços muito fortes, te enchem o coração.” Após seu regresso ao Uruguai, os irmãos Hugo e Osvaldo (falecido em 2012) recriaram o Trío Fattoruso, agora com Francisco Fattoruso, filho de Hugo, como baixista, em 2000. Juntos lançaram dois cds. Sua paixão pelo candombe e pelos ritmos dos tambores o levou a formar o grupo Rey Tambor, com os músicos Diego Paredes, Fernandito Núñez e Nicolás Peluffo. Em uma de suas muitas turnês pelo Japão, Fattoruso representou o Uruguai no evento “La noche del Mercosur” no Tokio Opera City Theater, onde atuou acompanhado pelo coro de crianças Shinjuku-ku Shonen Shojo Gasshodan de Shinjuku. Sobre o Japão, Fattoruso jamais imaginou que sua música teria tanto êxito em um país tão distante do Uruguai e recordou que conheceu aquele país graças a uma turnê com o músico brasileiro Djavan em 1985, quando fazia parte da banda do artista e, naquela ocasião, conheceu o percussionista japonês Yahiro Tomohiro formando, mais tarde, um duo, o 'Dos Orientales' que, em seu nome, 'brinca' com aqueles que nascem na República Oriental do Uruguai e do Japão, país oriental. Entre os títulos conquistados por Fattoruso estão o de Embaixador de Montevidéu, recebido em 2013, e o Prêmio Konex Mercosul da Música Popular, um dos prêmios mais prestigiosos do âmbito


‘ ‘

A música para mim é a minha casa. Eu vivo dentro dela, a cuido, a quero. – Hugo Fattoruso

enores: F o t o s m percus(1) Com o p o n ê s ja s io n is ta m o h ir o Ya h ir o To o d u o fo rm a n d o ta le s' . en 'D o s O ri músico o m o C ) (2 ito Paes. argentino F

latino americano, dado na qualidade de ser o músico mais relevante da América do Sul da última década, segundo a Fundação Konex, recebido em 2015. Sobre a música, Fattoruso fisosofa: “A música é uma coisa infinita, não tem fim, muito menos no meu caso. Eu aprendo todos os dias, aprendo com os alunos, aprendo quando faço pesquisas, quando faço novos arranjos e composições. É algo que realmente não tem fim, é gigantesco e isto também me mantém com uma alegria muito especial. Creio que todo músico vive aprendendo. Sempre tem algo por

descobrir na música”. Este ano, o músico regressará ao Japão pelo 12º ano consecutivo em mais uma turnê do projeto. Também tem planos para o Sul da Argentina com o HA Duo e, projetos com o Quinteto Barrio Sur ainda não definidos. Hugo Fattoruso coloca sua alma a serviço da arte deixando uma marca profunda na música mundial e em todas as pessoas que o conhecem. A seguir, a entrevista exclusiva realizada por Joca Vidal. Revista Keyboard Brasil / 15


Entrevista Revista Keyboard Brasil – O que significa a música para você? Hugo Fattoruso – Uhm... Difícil responder... A música é a minha casa, o meu corpo e a minha alma. Eu cuido, amo e limpo o tempo todo. Revista Keyboard Brasil – Você é multiinstrumentista. Qual é seu instrumento preferido? Hugo Fattoruso – (risos) Mais difícil de responder ainda!! Adoro tocar piano, acordeom e tambores de Candombe (Chico , Repique ou Piano). Revista Keyboard Brasil – Qual instrumento aprendeu primeiro? Hugo Fattoruso – Acordeom Revista Keyboard Brasil – Você morou algum tempo no Brasil, já tocou com vários músicos e volta e meia vem ao país para gravar. Do que mais gosta do Brasil e quais os músicos brasileiros que admira? Hugo Fattoruso – O que eu mais gosto do Brasil são as pessoas, o jeito brasileiro e, sobretudo o jeito carioca! Ah! e a culinária brasileira! Eu tive a sorte de tocar com amigos nordestinos (que adoro), tive a sorte de tocar com músicos mineiros (que também adoro) e por aí vai... Os músicos brasileiros que mais admiro são muitos, desde o Lua (Luiz Gonzaga) - o primeiro que conheci, ainda criança! Meu pai tinha

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discos 78 RPM dele - o Dorival, Dolores Duran, o Tom Jobim, Jacob do Bandolim, a lista é infinita. Perdão, mas é impossível lembrar de todos os nomes. Revista Keyboard Brasil – Falando em músicos brasileiros, o maestro Moacir Santos foi muito importante em sua carreira. De que maneira ele contribuiu para a sua formação como músico? Hugo Fattoruso – O grande mestre Moacir me ensinou em três oportunidades em que estive com ele coisas que eu continuo usando! Três vezes em que me juntei a ele serviram para toda a minha vida! Esse é o poder de um Grande Mestre como Moacir Santos! Uma pessoa e um músico gigante. Em tempos difíceis, ele pagou um transporte para que eu pudesse


Foto: Joca Vidal

Foto maior: Junto aos pai s Antonio Fattoruso e Jos efina Dolce e seu irmão Osvaldo Fattor uso. Foto menor da esq uerda para a direita: Com os filhos Fra ncisco, Alex, Christian e Lua nda, em 2017.

ter um piano acústico que me deram de presente (em Los Angeles 1979), mas eu não tinha dinheiro para trazer até o apartamento onde morávamos, eu com María de Fátima (mãe de Francisco, que havia nascido recentemente) e o meu filho maior, Alex. Revista Keyboard Brasil – Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Brasil? Quanto se vê influenciado em sua bagagem musical ao andar por tantos países diferentes? Hugo Fattoruso – Muito! Cada lugar tem uma particularidade muito especial! Esqueceram o Japão ! Revista Keyboard Brasil – Que tipo de

teclado/piano usa em suas turnês (marcas, modelos, etc)? Hugo Fattoruso – Ah, no Japão (aonde toco com o projeto Dos Orientales) sempre, ou 99% dos lugares, tem pianos de calda em perfeito estado, claro! Teclados, eu gosto do Kurzweil, apesar de não ter um (risos), Yamaha Motif, que também não tenho, Roland, Nord, Korg, qualquer um de 76 ou 88 teclas vai bem para mim! Revista Keyboard Brasil – Você é um músico versátil que toca vários instrumentos e tem vários formatos de show. Conte um pouco mais sobre isso. Hugo Fattoruso – Sim, atualmente tenho o projeto HA Duo - com Albana Barrocas, Dos Orientales - com o Yahiro Tomohiro e Revista Keyboard Brasil / 17


Quinteto Barrio Sur: Hugo Fattoruso, Albana Barrocas, Wellington Silva, MathĂ­as Silva e Guillermo DĂ­az Silva. 18 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 19


Foto maior: Em 2015 Hugo Fattoruso foi agraciado com o Prêmio Konex Mercosul da Música Popular, um dos prêmios mais prestigiosos do âmbito latino americano, dado na qualidade de ser o músico mais relevante da América do Sul da última década, segundo a Fundação Konex. Nas fotos menores: Sua vida foi contada no documentário 'Fattoruso - La Pelicula', dirigido por Santiago Bednarik (com co-produção do Canal Brasil), com inúmeros depoimentos dentre eles, o ds brasileiros Chico Buarque, Milton Nascimento e Djavan.

Quinteto Barrio Sur (de Candombe) e também me apresento sozinho, tocando músicas instrumentais e cantadas. Revista Keyboard Brasil – De verdade, ainda segue estudando? Hugo Fattoruso – Mas é claro! Necessito!! As minhas mãos necessitam sempre! Se eu vou tocar só 'boleros' ou 'baladas' ou 'samba canção' não necessito, mas eu toco músicas instrumentais, então é como um desportista! Revista Keyboard Brasil – Como anda a cena de candombe no Uru20 / Revista Keyboard Brasil

guai? Você continua tocando tambores nas ruas? Hugo Fattoruso – O Candombe é muito forte no Uruguai e os grupos (Comparsas) estão cada vez melhores! Mas as pessoas, o 'grande público', não ligam muito durante o ano. Deve ser porque ''está aqui, na esquina"... Bom... não dá para entender! No Carnaval (Desfile de Llamadas) é bem diferente, vem


‘ ‘

Necessito sempre continuar estudando! É claro! As minhas mãos necessitam sempre! Se eu vou tocar só ' boleros' ou ' baladas' ou 'samba canção', não necessito! Mas eu toco músicas instrumentais, então é como um desportista!

‘ ‘ – Hugo Fattoruso Revista Keyboard Brasil / 21


Foto maior: Cartaz do filme sobre a vida de Fattoruso. Fotos menores: (1) Show do grupo Barrio Sur em Usina del Arte, Argentina. Foto (2): HA Duo com Albana Barrocas.

muitos turistas para assistirem às Llamadas e até parece que o Uruguai todo assiste aos Desfile de Llamadas! Eu continuo SIM tocando o Candombe de ''rua", sem juri, sem prêmios e sem música. A música quem faz são os Tambores. Candombe para mim é 'Tambor e Danza'.

Revista Keyboard Brasil – Em que modificou ou influenciou a tecnologia em teu processo de composição? Hugo Fattoruso – Modificou uma percentagem... Influiu um outro tanto. Tem 'coisas' que você pode fazer com um sintetizador que com o piano não pode e viceversa.

Revista Keyboard Brasil – O Uruguai tem uma cena musical rica mas pouco conhecida no restante do mundo. Quais artistas uruguaios que você admira e que são seus parceiros musicais? Hugo Fattoruso – Alfredo Zitarroza, Eduardo Mateo, Toto Méndez, Jaime Roos, e tem músicos jovens muito bons, como Manuel Contrera (Trío Gas e Gas Orquestra), Tonino Restuccia, etc.

Revista Keyboard Brasil – Você lança vários discos por ano e ainda faz turnês extensas pelo mundo. Quais seus planos para o ano de 2018? Hugo Fattoruso – Em agosto e setembro volto ao Japão pelo 12º ano consecutivo para mais uma turnê do projeto "Dos Orientales". Também irei para o Sul da Argentina com o HA Duo. Com o Quinteto Barrio Sur ainda não tem nada marcado, mas claro que vamos ter.

* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. * Joca Vidal é agitador cultural e pesquisador musical. Atua na área de comunicação e conteúdo digital. 22 / Revista Keyboard Brasil



Revolução musical

Ravi Shankar, denominado “padrinho da música mundial” por George Harrison, se tornou um ícone musical hippie da década de 1960 ao introduzir ragas indianos tradicionais para o público ocidental ajudando milhões de amantes do jazz e do rock a descobrir as tradições centenárias da música indiana.

GEORGE HARRISON & S H A N K A R (Link

CD

Remaster)

GEORGE HARRISON TEVE UMA IMPORTÂNCIA SEMINAL NA DIFUSÃO DO MOVIMENTO PARA A CONSCIÊNCIA DE KRISHNA NO OCIDENTE E TUDO COMEÇOU DURANTE AS FILMAGENS DO FILME HELP!, EM 1965. NAQUELE MESMO ANO, DURANTE UMA TURNÊ DOS BEATLES, ELE OUVIU O NOME DE RAVI SHANKAR DIVERSAS VEZES. ASSIM SURGIU UMA PARCERIA NA MÚSICA E NA VIDA. EM ‘CHANTS OF INDIA’ A DUPLA TRAZ A MISTURA CATIVANTE DE CANTO E MÚSICA. * Por Amyr Cantusio Jr.

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Fotos: Divulgação

Foto maior: George Harisson e Ravi Shankar. Fotos menores: (1) Alguns anos atrás Ravi Coltrane fazia mestrado no Instituto Ravi Shankar de Música e Artes Performáticas. Aqui, o filho do gênio John Coltrane e a lenda do sitar, Pandit Ravi Shankar. (2) O encontro com o músico chegado da Índia significou para Philip Glass a abertura imprevisível de um horizonte até então para ele desconhecido. (3) Norah Jones, f i l h a d e R a v i S h a n k a r.

E

ste álbum não é apenas o reflexo de um movimento (Hare Krishna) ou da orientação espiri-

tual de George Harrison . Ele representa toda uma época. Uma época onde o rock tinha um significado maior do que ser apenas um produto de consumo. Uma época onde as pessoas que apreciavam rock também clamavam por paz e amor. Muita coisa mudou desde então, porém, outras são imutáveis. Eu remasterizei todas as faixas de LP e de COMPACTOS RAROS. Aqui você vai ouvir logo na abertura do CD a música I

am missin you lindíssima e tocada muito nos anos 70. Depois de ter tocado sitar em Help! e de ter ganho um livro sobre Hinduísmo numa praia nas Bahamas, George Harrison começou a se interessar por filosofia oriental e misticismo – o que o levou a viajar para a Índia e conhecer pessoalmente o grande mestre de sitar, Ravi Shankar. Em 1967, quando os Beatles estavam lançando o seminal Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, George conheceu o guru indiano: Maharish Mahesh Yogi. Mais tarde, no mesmo ano, George Revista Keyboard Brasil / 25


levou todos os outros 3 Beatles até Rishikesh, na Índia, para que eles também conhecessem o guru que era especialista em técnicas de meditação. George Harrison já era um simpatizante do

Movimento para a Consciência de Krishna quando conheceu o seu líder, A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. Mas, foi somente em 1969, que a relação entre George e o movimento de Prabhupada se estreitaou ainda mais. George, Paul e Linda McCartney e o baterista Ginger Baker (Cream) juntamente com o Radha Krishna Temple gravaram nos próprios estúdios da Apple uma versão para o maha-mantra “Hare Krishna” e a música “Govinda”. Ambas foram lançadas como singles e tocadas a exaustão nas rádios naquela época. Também permaneceram por muito tempo na primeira posição dos charts europeus e asiáticos. O líder do Movimento, Swami Prabhupada, passou a admirar bastante George Harrison. Em um dos encontros entre os dois, quando George perguntou a Prabhupada se ele

deveria raspar a cabeça e passar a frequentar um Templo Hare Krisna, Prabhupada respondeu que George poderia fazer mais por Krishna se continuasse sua carreira de músico. E, depois de ter ajudado os devotos de Krishna a gravar o álbum completo, que mais tarde seria conhecido como “Chant And Be Happy - The London RadhaKrishna Temple”, George gravaria em 1971 o álbum “All Things Must Pass” que reuniu dois clássicos de sua carreira-solo – “My Sweet Lord” e “Living In The Material World” – que foram inspirados nos ensinamentos de Prabhupada, assim como a “Here Comes The Sun”, do Abbey Road, dos Beatles. George Harrison teve uma importância seminal na difusão do Movimento para a Consciência de Krishna no ocidente. Aliás, Bhaktivinoda Thakur, o primeiro mestre a disseminar os ensinamentos da cultura vaishnava, fez uma previsão entre o final do século XIX e começo do século XX, de que um dia o maha-mantra e as canções devocionais de Krishna seriam cantadas em todo o mundo a partir de ritmos e línguas locais. George Harrison foi providencial nesse sentido. Prabhupada, quando ouviu pela primeira vez a versão de George Harrison para “Govinda”, caiu em lágrimas e ordenou que a música fosse tocada todas as manhãs em todos os templos Hare Krishna do mundo. Isso é feito até os dias de hoje.

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 26 / Revista Keyboard Brasil



Papo de tecladista

O QUE SERIA BOM E NECESSÁRIO PARA A NOSSA PROFISSÃO? TECLADISTAS, PIANISTAS, PRODUTORES, PROFESSORES E AMIGOS DE PROFISSÃO! MAIS UM ANO SE INICIA E AQUI ESTAMOS, NO MESMO BARCO COM MUITA ALEGRIA, FAZENDO O QUE AMAMOS E O QUE ESCOLHEMOS (OU FOMOS ESCOLHIDOS POR ELA): A MÚSICA. * Por Bruno de Freitas

28 / Revista Keyboard Brasil


a coluna passada, conversamos sobre gratidão, a tão importante gratidão. Agora, ao iniciar 2018, é é hora de colocarmos na ponta do lápis, ou dos pensamentos os objetivos deste ano. Só de jogarmos as energias no que almejamos, o universo se encarrega de preparar os caminhos, basta um pouco de esforço, humildade e organização para que tudo se ajeite, e aconteça. E os equipamentos? E as nossas ferramentas de trabalho? São as que gostaríamos, ou precisamos melhorar? É claro, eu sei, pergunta com resposta sempre pronta: precisamos de um equipamento melhor, sempre. Moramos num país maravilhoso e ao mesmo tempo oneroso. Tudo é muito caro. Ao irmos a uma loja de música, por vezes, dá até um desânimo, não é mesmo? No fim, nos sites de compra e venda conseguimos vender aqui, trocar ali, e por fim as coisas acontecem e nosso setup se forma, sempre mais e melhor. Nestas festas de família de fim/ início de ano, me deparei com um músico, bom músico por sinal. Violão e voz, fez a galera dançar e cantar por mais de quatro horas. O equipamento? Nada de vinte mil reais, apenas um violão, uma caixa de som (simples), uma flauta doce! Sim, uma flauta doce! Com este sopro fazia alguns solos em meio aos playbacks. Além disso, uma luz colorida posicionada próxima, e ali desenvolveu seu trabalho com muita dignidade e musicalidade. Ah, já ia esquecendo, o seu violão era com conexão MIDI, que permitia solar algumas frases

com timbre virtual de saxofone. Pra fechar, o repertório mais eclético e cuidadoso possível, cantando de tudo, procurando agradar a todos. Mas por que descrevi a cena acima? Simples galera! Por vezes reclamamos o tempo todo ou nos demonstramos insatisfeitos com nosso equipamento atual, em alguns casos até deixando sentimentos desanimadores tomarem conta da gente, porque um amigo aqui, outro ali tem o teclado que eu precisava; ou o colega músico do facebook tem o setup dos sonhos enfim, nada está bom pra gente. E no caso do amigo músico do parágrafo acima: fez e faz acontecer a música com qualidade e alegria, sem ter o equipotop ao qual clamamos o tempo todo. E o pior, por vezes queremos o equipamento perfeito, o mais novo, ou o plugin de áudio mais novo do momento, e infelizmente, desesperadamente o nosso toque, o nosso conhecimento musical está deixando muito a desejar. Já notou isso? É, uma coisa que procuro me policiar.

Como está o meu conhecimento musical? Como está a minha harmonia, a minha técnica pianística? Será que o conhecimento de programação de timbres, síntese de timbres, modelos, tipos, categorias, eu estou dominando? Como um médico precisa ir se renovando em congressos o tempo todo, nós músicos precisamos tanto quanto, nos qualificarmos constantemente. Mas por favor, amigo músico, não estranhe esta primeira coluna do ano, parecendo ser moralista, longe disso! Não Revista Keyboard Brasil / 29


estamos aqui para apontar os dedos pra ninguém, nem gerar polêmica. Mas sim para fazermos também

pensar sobre a complexidade psicológica e prática da nossa profissão. Vamos tentar estudar mais? Vamos tentar desfrutar e sugar o máximo do nosso setup atual? Vamos tentar (antes de vender) descobrir e adentrar profundamente no nosso sintetizador antes de postá-lo no site de compra/venda? Vamos sair do modismo, mas adquirir o que realmente é bom e necessário para a nossa profissão! Bom, com a consciência de construção constante da nossa prática, vamos iniciar o ano com muita alegria, com muitos bailes, formaturas, casamentos, bodas, missas, cultos, produções independentes e também com parcerias. Vamos nos aprofundar sempre, com ética e profissionalismo, contribuindo para um Brasil com mais música de qualidade ofertada a todo canto. Fazemos parte disso! Um grande abraço!

* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 30 / Revista Keyboard Brasil


Mercado

* Por Rafael Sanit

ara nós, iniciar uma campanha significa começar pelo primeiro passo: Analisamos todas as informações que temos à disposição para entender a sua empresa, o seu produto, o seu mercado. Assim podemos pensar como parte da sua empresa, do seu business e enxergar o mundo do seu ponto de vista, com criatividade encontrar os problemas e principalmente, as melhores soluções para os seus negócios. Contamos com “profissionais” altamente competentes para cuidar da sua marca. A AB Designer está no mercado há pouco mais de um ano e já é referência para aqueles que buscam divulgar a sua marca ou seu produto. Além de atender

todas as áreas comerciais, a agência tem como seu ponto forte a assessoria para artistas e músicos. Presta serviços como, criação de logotipos, gerenciamento de redes sociais, assessoria, criação de sites e peças publicitárias, etc... A AB Designer conta com profissionais orientados pela tecnologia. É notório que a cada dia a classe dos artistas e clientes em geral se tornam mais exigentes. Vislumbrando tal situação a

AB Designer garante atualidade, rapidez, modernidade e profissionalismo. Assim como certeza do feedback interno e externo, entre o artista e a AB Designer, e entre o artista e o público.

* Rafael Sanit é tecladista, compositor, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans. Revista Keyboard Brasil / 31


Opinião

PAGANINI & JIMI HENDRIX, LISZT & KEITH EMERSON:

PARALELOS NA MÚSICA EXISTEM VÁRIOS PARALELOS NA HISTÓRIA DA MÚSICA. CONSIDERAM

A

MUITOS

HISTÓRIA

DO JAZZ COMO UMA VERSÃO ACELERADA

DA

EVOLUÇÃO

MUSICAL OCIDENTAL, TENDO O FREE-JAZZ COMO O PARALELO DOS

SERIALISTAS

NA

MÚSICA

ERUDITA. MAS ESTA COMPARAÇÃO QUE

FAÇO

AQUI

NÃO

VENTILADA AINDA... * Por J.Eduardo D'Elboux

32 / Revista Keyboard Brasil

FOI


P

aganini foi um fenômeno do início

zados (novidade absoluta então), o que

do século XIX, e surgiu pratica-

lhe dava uma possibilidade de aproveitar

mente do nada com uma técnica violinística acima de qualquer padrão da

melhor sua figura no palco, muito magro e de longos cabelos. Um episódio é bem

época. Seus “Caprichos”, para violino solo,

característico de seu senso de “marke-

são de 1810, e traziam uma execução

ting”... Ele chegava a serrar três das quatro

brilhante e inatingível para os solistas da

cordas de seu violino para que estouras-

época, só acessível ao próprio autor. Ele,

sem em meio a apresentação, apenas com

pela técnica assombrosa, até ganhou

o intuito de, para o espanto de todos,

algumas lendas, como um pacto com o

prosseguir numa única corda sem perder

diabo – e que ele, um dos pioneiros no

nada da Música. Para quem lembra de

“marketing musical”, incentivava. O paralelo com Jimi Hendrix, por muitos até hoje considerado o maior guitarrista do rock, não se restringe à técnica do instrumento. Claro, hoje existem músicos com técnica mais apurada (embora vários deles apenas velocidade sem emoção – o que Hendrix nunca deixou escapar em cada nota que tocava), mas ele foi, como Paganini, o primeiro a se destacar em seu estilo de música pelas novidades que criaram no instrumento. Paganini tinha, inédita à sua época, um senso de performance único. Tocava sem partitura, os concertos todos memori-

Hendrix colocando fogo em sua guitarra, e como essa cena ficou marcada no imaginário do rock, entende a importância da performance na Música... Hendrix também se destacou como um dos primeiros a usar conscientemente distorção e microfonia, além do pedal wah-wah. Ambos, Paganini e Hendrix, ficaram marcados pela técnica de seus instrumentos, mas não foram responsáveis por uma evolução na linha de composição de seus estilos. Tocaram e compuseram muito bem, mas sem inovações no panorama de Música de suas épocas. Também tiveram pouco tempo de atividade, Paganini teve seus Concetos para Violino com-

(Foto maior) O guitarrista, cantor e compositor norte-americano Jimi Hendrix mudou a história da guitarra e do rock nos anos 60. Niccolò Paganini foi um revolucionário violinista e compositor italiano e tornou-se um dos pilares da moderna técnica de violino. Revista Keyboard Brasil / 33


postos num intervalo de apenas 10 anos, e Hendrix por causa de sua morte prematura. Liszt, mais novo que Paganini, também se maravilhou com o genovês. E decidiu que transporia para o piano o mesmo tipo de técnica inaugurada no violino. Em 1838, compôs os “Grandes Estudos de Paganini”, baseado nos Caprichos do compositor italiano, onde transpõe a técnica violinística para o piano, inserindo inovações que dão novas possibilidades para o instrumento. Mas Liszt tem uma importância acima da técnica do instrumento, ele também inovou na composição. É sua a invenção do Poema Sinfônico, um novo gênero onde técnicas sinfônicas são aplicadas num contexto livre de inspiração extra-musical (literárias, pictóricas ou outras). Keith Emerson também se impressionou com Hendrix, e quis trazer seu órgão Hammond para o centro do palco no rock (mais tarde, os inúmeros sintetizadores também). Considerado o maior tecladista do rock, sua técnica era invejável, mas também tinha inovações importantes na questão composição, já mais paralelo à Liszt neste caso. Sua primeira banda a gravar, The Nice, é um dos inventores do rock progressivo, em 1967 (ano de “The Thoughts of Emerlist Davjack”, mesmo ano de “The Piper at the Gates of Dawn”, do Pink Floyd, do primeiro Procol Harum e “Days of Future Passed”, do Moody Blues, sem contar alguns antecedentes nos Beatles e Frank Zappa). Com o Prog Rock, o rock tradicional se abriu às influências clássicas e jazzísticas (e psicodélicas, no caso do Pink Floyd). Depois, com o Emerson, Lake & Palmer, Keith Emerson encontrou companheiros à altura para fazerem uma das maiores bandas prog de todos os tempos, solidificando o estilo 34 / Revista Keyboard Brasil


(Foto maior) aclamado como uma lenda de teclado, Keith Emerson foi uma das figuras mais importantes que surgiu da próspera cena do rock no Reino Unido nos anos 60 e 70. Conhecido como um dos líderes mais proeminentes no movimento de rock progressivo, fundindo o rock and roll com uma grande quantidade de estilos musicais, como música clássica, jazz e mundo. Franz Liszt, foi o único músico húngaro do século XIX a ser universalmente reconhecido como um dos maiores do mundo.

Prog Sinfônico. Outra característica que Liszt utilizava bem era a performance de palco. Tocava piano de lado, e não de costas para a platéia, como era hábito então. Sua técnica incrível empolgava pela simples visão do virtuose. Emerson também utilizava bem a performance, arrancando microfonias de seu Hammond pendente em suas costas, o esfaqueando durante um solo, tocando virado ao contrário em outro, até um piano giratório flutuando no ar ele utilizou... Um fato que nem todos sabem é que havia um respeito e admiração profundos entre Hendrix e Emerson, ao ponto de quase terem tocados juntos. O Jimi Hendrix Experience e o Emerson, Lake & Palmer tocaram no Festival da Ilha de Wight, em 1970, onde marcaram uma jamsession com Hendrix e o ELP (seria um futuro HELP?). Mas Hendrix morreu uma semana antes da data combinada...

* J. Eduardo D'Elboux é engenheiro automobilístico e tecladista de rock progressivo, cujas tendências retomam a estética dos progressivos clássicos da década de 70. Fundador da banda progressiva TAU CETI, também foi tecladista do grupo Moonshadow. D'Elboux não é músico profissional mas a música é sua principal vocação. Revista Keyboard Brasil / 35


A vista do meu ponto

O SEGREDO PARA TOCAR BEM E TER INTIMIDADE COM AS

TECLAS! (Final)

VOU INSISTIR NO ASSUNTO! AFINAL DE CONTAS, MESMO NÃO TENDO FORMAÇÃO MUSICAL, TENHO O DEVER E A MOTIVAÇÃO PARA TENTAR SALVAR A MÚSICA E O ENSINO MUSICAL. MUITA GENTE "LETRADA" ME ESCREVEU CRITICANDO A FORMA COMO VENHO DISCORRENDO SOBRE O ASSUNTO. RESPEITO A OPINIÃO DE TODOS; MAS, NÃO CONSEGUI PERCEBER E SENTIR VERDADE EM NENHUMA DAS CRÍTICAS. O FATO É UM SÓ, E CONTRA FATOS NÃO HÁ ARGUMENTOS: A MÚSICA ESTÁ MORRENDO! O ENSINO MUSICAL ESTÁ MORRENDO! O INTERESSE PELA MÚSICA PRATICAMENTE DESAPARECEU! VOCÊ AINDA NÃO PERCEBEU QUE A SITUAÇÃO É GRAVE? * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik 36 / Revista Keyboard Brasil


E

ntre a viagem à Orlando e um Piano, mesmo que Digital, a aniversariante vai preferir, mil

vezes, Orlando! Entre um tablet novo e aulas de música, mesmo que de bateria, a criança vai preferir, disparado, o tablet. Na escolha entre ser Youtuber ou aluno de música, milhões de vezes o sucesso de um Youtuber. E, não acredite que este é um fenômeno brasileiro, não. No exterior a “coisa” está bem pior, porque já havia um “plantel” de boas escolas para incentivar o ensino de música e o aprimoramento musical! Já foi! Ninguém mais se interessa! O número de pessoas motivadas a aprender música é ínfimo. Vamos para um exemplo comum e simples de entender. A Wizard, aquela escola de inglês que, de cada 100 alunos, 200 não falam inglês, foi vendida há mais de quatro anos pela bagatela de R$ 1.6 bilhões! Sabe o que significa, no Brasil, um negócio como este, comparado ao ensino Musical? Quatro anos! Isso mesmo. Quatro anos de faturamento de TODAS as Escolas de Música Brasileiras, incluindo as Universidades. Está bom para você ou você prefere insistir com a filosofia de que “Sem Música a vida seria um erro”? Estou cansado de esbravejar: Crie

uma Necessidade e você terá o mundo nas mãos! Entretanto, ninguém, está criando necessidade de música. Mas, vamos voltar ao nosso assunto que já faz parte das últimas duas edições: Metodologia de Ensino Musical.

'Puxando a sardinha' para o nosso lado, Metodologia de Ensino Musical nas Teclas! Já comentei sobre a simplicidade em praticar música; já sugeri abandonar, num primeiro passo, qualquer tipo de regra, qualquer teoria; já mencionei a intenção de usar a sensibilidade e o coração para invadir o mundo das teclas. Mas, agora vou mais adiante! Melodia, Harmonia e Ritmo! Melodia = Escalas Harmonia = Acordes Ritmo = Pulsação da música! Na melodia temos a regra simples para definir a escala através da fórmula T T S T T T S, onde S é um Semitom, a nota colada à que você está observando, e T é o Tom, soma de dois Ss! Na Harmonia temos os acordes, que são formados na junção de, no mínimo, três notas tocadas ao mesmo tempo. Se você usar a regra do “japonês”, Tokanota Puranota, essas três notas, ao mesmo tempo, vão fazer sentido, principalmente se você estiver diante das teclas brancas de um teclado qualquer. E, por último, o ritmo, que nada mais representa que a pulsação (exatamente como acontece com as batidas do seu coração) de cada tema. Dó, Mi, Sol! Simples! Praticamente 97% das músicas começam com uma dessas notas, no Tom & Jerry, ops, no Tom de Dó. Então, pode começar a testar!

Revista Keyboard Brasil / 37


Só como observação, conheci músicos profissionais que só tocavam em Dó, sem dó, nem piedade para o Mi bemol! Incrível, não? Para nós, músicos, um acinte; para os ouvintes, os clientes e amigos, perfeito. Mas a questão não para por aí. O fenômeno musical somente funciona através da audição. Isso significa que ouvir é a parte mais importante para você se envolver com a música. Não adianta, para quem é iniciante, tentar “tirar”, ou ler uma partitura, de um tema que você não conheça, que você nunca ouviu. Então, a regra importante para a habilidade e a destreza é ouvir. Ouvir, ouvir, ouvir várias vezes o tema para que ele faça parte do seu “pensamento musical”. Não se esqueça: você

não “toca” um instrumento com os olhos; mas, sim, com os ouvidos! Algumas pessoas tem facilidade em entender a linguagem musical e transferi-la para um Instrumento. Entretanto, a grande maioria das pessoas não tem este dom. Portanto, ouvir e, pacientemente, repetir as frases isoladamente, é uma boa forma de fazer com que você se envolva com o tema de forma consciente e completa. Outra questão bastante interessante de abordar é com relação ao repertório para estudos. É interessante, muito interessante, utilizar temas simples, envolventes, que sejam eternos, num primeiro passo. Não é a quantidade de

músicas no seu repertório que interessa; mas a qualidade dessas músicas. Escolher Let it Be, Carruagens de Fogo, Tema de Lara, Asa Branca, vai despertar a simplicidade e a musicalidade! Quem toca Roberto Carlos, por exemplo, sabe que SEMPRE vai tocar Detalhes. Que gosta dos standards de jazz vai sempre tocar Autumn Leaves, As Time Goes By, Fly Me To The Moon, etc... Então, você aprende o tema com todas as letras, com todas as partes em separado: melodia, harmonia e ritmo. Lentamente você adquire confiança no tema e passa a avançar o sinal, ou seja, passa a desenvolver uma metodologia de arranjo particular. Esta identidade forma o seu DNA musical, quem em nada tem a ver com virtuosidade. Esqueça, sempre, da virtuosidade. Seja sincero com a música e a interprete com o seu DNA, com a sua assinatura musical. Se a virtuosidade tiver que acontecer, ela vai surgir espontaneamente, de forma natural, sem esforço. Captou, ou preciso desenhar? “Abra seus braços para mudanças, mas não abra mão de seus valores”, comenta o Dalai Lama! Os valores musicais, o estruturação e os fundamentos da música são eternos. Entretanto, o formato de “approach” tem que ser mudado! É preciso mudança; e, esta mudança, tem que acontecer já! Avante!

*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 38 / Revista Keyboard Brasil



Dica Técnica

CHANGES 1972 - ALBUM VOL IV

Ozzy Osbourne / Tony Iommi / Terry Butler / Bill Ward

ESTE MÊS, A DICA TÉCNICA TRAZ UM CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS DO BLACK SABBATH! APRECIE E BONS ESTUDOS!

* Por Amyr Cantusio Jr.

V

ol. IV é um dos discos “clássicos” do Black Sabbath, lançado em capa DUPLA. Época

maravilhosa com a banda no auge da carreira. Esta faixa tocou muito nas rádios da época! Fácil de executar, melodia e “riff”pegajosos. A melodia do piano da canção foi composta pelo guitarrista Tony Iommi, que estava experimentando o instru-

40 / Revista Keyboard Brasil

que estava experimentando o instrumento no estúdio. Changes é uma balada inspirada principalmente pelo término do relacionamento de Bill Ward com sua primeira esposa. As letras foram compostas pelo baixista Geezer Butler, e o vocalista Ozzy Osbourne referiu a canção como "dolorosa". Bons estudos!


CHANGES

1972 - ALBUM VOL IV Ozzy Osbourne / Tony Iommi / Terry Butler / Bill Ward

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 41


Agenda Musical

Phill Collins no Brasil

AFASTADO DOS PALCOS DURANTE LONGOS DEZ ANOS, O MÚSICO ESTÁ DE VOLTA COM UMA TURNÊ MUNDIAL ESPETACULAR, TENDO O BRASIL COMO ROTA EM FEVEREIRO.

Foto: Divulgação

* Por Hamilton de Oliveira

42 / Revista Keyboard Brasil


D

epois de exatos 41 anos desde o último show no Brasil, ainda com a banda Genesis, o britânico Phill Collins retorna ao país

em fevereiro próximo, com a turnê The Legendary Phil Collins Live, para uma série de shows na América Latina. No Brasil, o músico passará pelo Rio de Janeiro (Estádio do Maracanã - dia 22), por São Paulo (Allianz Parque - dias 24 e 25), e Porto Alegre (Beira Rio - dia 27). Autor de vários sucessos desde a década de 80, os fãs terão a oportunidade de vê-lo cantando grandes canções como Take a look at me now, Against all odds, One more night, entre outras. Baterista e vocalista nascido em Londres, no dia 30 de janeiro de 1951, Philip David Charles 'Phil' Collins fez parte do grupo de rock progressivo Genesis e foi vencedor do prêmio Grammy, durante sua carreira solo. No início do Genesis, Collins era baterista e fazia backing vocals para o líder do grupo, Peter Gabriel. Depois da saída de Gabriel, Phil Collins assumiu os vocais e o grupo tomou fôlego internacional, produzindo seus primeiros sucessos pelo planeta, como 'Follow You, Follow Me'. Nos anos 80, assumiu a carreira solo e se tornou um dos maiores ícones mundiais, com músicas que marcaram época. Teve mais de 100 milhões de discos vendidos ao longo da carreira. A discografia de estúdio oficial de Phil Collins é: 'Face Value' (1981), 'Hello, I Must Be Going!' (1982), 'No Jacket Required' (1985), ‘White Nights’ (1985), 'But Seriously' (1989), ‘Serious Hits...Live!’ (1990) ‘Serious Hits...Live’, ‘Atlantic Both Sides’ (1993), 'Dance Into the Light' (1996), 'Tarzan: An Original Walt Disney Records Soundtrack' (1999), ‘A Hot Night in Paris’ (1999) 'Testify' (2002) e 'Brother Bear: Original Soundtrack' (2003), Going Back (2010). Revista Keyboard Brasil / 43


Passou anos afastado do palco, em decorrência do vício em bebidas alcoólicas e da saúde fragilizada, devido a uma lesão na vértebra do pescoço. E hoje, depois de 10 anos, está de volta com uma turnê mundial espetacular. Para os shows no Brasil, a banda que acompanhará Phill é composta por: Nicholas Collins – drums, piano, Leland Sklar – bass guitar, Daryl Stuermer – guitars, Ronnie Caryl – rhythm guitar, Brad Cole – keyboards, Arnold McCuller – backing vocals, Amy Keys – backing vocals, Bridgette Bryant – backing vocals Lamont van Hook – backing vocals,

Luis Conte – percussion, Harry Kim – trumpet, Dan Fornero – trumpet, George Shelby – saxofone, Luis Bonilla – trombone. Em suas músicas, Phill Collins sempre utilizou grandes sintetizadores, como os clássicos Dx7 piano (One more night), o som maravilhoso do “pad” e “soft brass”, característico do Sci Prophet 5 e do lendário Roland CR-78 (In The Air Tonight), Yamaha CP-70 /80 (A Groovy Kind of Love), entre outros teclados magníficos, como 01W Korg, M1 Korg e o Roland D50. Esse show promete!! O meu ingresso está garantido, e o seu? Até breve.

* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.


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* Redação

46 / Revista Keyboard Brasil


A

Shure anunciou que seu recémlançado processador de sinal digital, o Processador de

Audioconferência IntelliMix® P300, já está disponível para venda.

Lançado originalmente na feira Integrated Systems Europe (ISE) de 2017 em Amsterdã, o P300 oferece algoritmos de DSP IntelliMix da Shure que melhoram consideravelmente a qualidade do áudio em videoconferências, diversas opções de conectividade e operação integrada às soluções de microfone Microflex® Advance™ Microflex® Wireless da Shure para conferências audiovisuais. O IntelliMix P300 possui formato reduzido e é simples de instalar, proporcionando tecnologia profissional de conferência com o conjunto certo de recursos para criar uma experiência de reunião com total nitidez e colaboração em salas de pequeno a médio porte. O novo processador conecta até oito canais Dante de microfone a um sistema de vídeoconferência da sala, soft codec USB ou dispositivo móvel. Cada canal pode ser aprimorado com recursos de DSP

IntelliMix como cancelamento de eco acústico (AEC), redução de ruído e controle automático de ganho, além da melhor mixagem automática disponível. Todos esses recursos permitem plena comunicação duplex para a realização de reuniões sem eco nem ruídos. A arquitetura fixa oferece uma configuração simples e intuitiva, gerando menos programação de DSP e tempo de preparação no local. Com conectividade USB, o P300 pode ser utilizado com programas comuns de soft codec como Skype e BlueJeans; e o conector de 3,5 mm permite que qualquer pessoa participe facilmente da conversa de forma remota utilizando um telefone celular ou tablet. Seu formato compacto de meio rack possibilita uma instalação discreta atrás de um monitor, abaixo da mesa ou dentro de um móvel. Para obter informações adicionais sobre o Processador de Audioconferência IntelliMix P300, acesse https://br.shure.com/produtos/mixers-eprocessadores/p300.

Sobre a Shure Incorporated * Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intraauricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em rede,

premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. Revista Keyboard Brasil / 47


Enfoque

PIANISTAS “CAMPEÕES”: OS MAIORES REPERTÓRIOS 48 / Revista Keyboard Brasil


UM REPERTÓRIO VARIADO E ECLÉTICO É SEMPRE SINAL DE QUE UM MÚSICO INSTRUMENTISTA, CANTOR OU MAESTRO, SÃO COMPETENTES. GRANDES PIANISTAS DEMONSTRAM CLARAMENTE QUE UMA CERTA AMPLITUDE DE OBRAS QUE EXECUTAM É ESSENCIAL, VISTO QUE ELES LIDAM COM O MAIOR REPERTÓRIO QUE EXISTE NO CAMPO DA MÚSICA CLÁSSICA. POR EXEMPLO, OS MAIS CÉLEBRES PIANISTAS DA VELHA GERAÇÃO QUE AINDA ESTÃO NA ATIVA COMO MAURIZIO POLLINI, MARTHA ARGERICH, NELSON FREIRE E KRISTIAN ZIMERMAN POSSUEM UM REPERTÓRIO INVEJÁVEL, POR SUA VERSATILIDADE E EXTENSÃO. NO ENTANTO, ESTA EXTENSÃO E VERSATILIDADE ESTÁ LONGE DE NÚMEROS IMPRESSIONANTES DAQUELES QUE PODERÍAMOS CHAMAR DE “FENOMENAIS”, PIANISTAS QUE QUASE QUE ULTRAPASSARAM O LIMITE DO HUMANAMENTE “POSSÍVEL”. VOU CITAR QUATRO EXEMPLOS DAQUELES QUE CONSIDERO VERDADEIROS “CAMPEÕES”.

** Por Maestro Osvaldo Colarusso

Revista Keyboard Brasil / 49


(1) Mesmo com algumas “excentricidades” o repertório de Richter impressiona, pelo tamanho, e pela maneira visceral que o executava. (2) Idil Biret é que destaca-se como a pianista com o maior repertório que já se teve notícia.

Sviatoslav Richter – O enigma

O

pianista russo Sviatoslav Richter (1915-1997) foi um instrumentista excepcional, e muto se fala de seu enorme repertório. Bruno Monsaingeon, que dirigiu um excelente documentário sobre o artista (Richter – O enigma), contou 833 composições para piano (entre obras solo, de câmara e como solista) que o artista executou durante sua vida. Somadas às centenas de canções que ele executou com frequência, teríamos por volta de 1300 obras diferentes. Seu repertório ia de Bach, passando por Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Liszt, Chopin, Brahms, Tchaikovsky, Mussorgsky, até Debussy, Ravel, Bartók, Alban Berg, Anton Webern, Prokofiev, Rachmaninoff e muitos outros. Uma curiosidade de Richter é que ele odiava integrais. Algumas curiosidades: nunca tocou certas sonatas 50 / Revista Keyboard Brasil

famosas de Beethoven (“Ao luar” e Waldstein por exemplo),dos 24 prelúdios de Debussy tocava apenas 22 e das Peças de Fantasia opus 12 de Schumann nunca tocou a quarta e a sexta. Também nunca tocou as Variações Goldberg de Bach e nem concertos muito famosos como o de Nº 3 de Prokofiev e o de Nº 3 de Rachmaninoff. Mesmo com essas “excentricidades” o repertório de Richter impressiona, pelo tamanho, e pela maneira visceral que o executava.

Idil Biret – O fenômeno A pianista turca Idil Biret (nascida em 1941) é aquela que destaco como a pianista com o maior repertório que já se teve notícia. Mais de 1000 obras para piano (entre obras solo, de câmera e como solista) é uma recordista em diversos aspectos. O primeiro deles fica óbvio ser esta quantidade fenomenal, mas


(3) Daniel Barenboim é um dos maiores maestros da atualidade e que continua a atuar como pianista (4) Claudio Arrau também teve um repertório excepcionalmente grande.

é bom destacar que além de gravar e executar em concertos todas as obras para piano solo de Brahms, Chopin e Rachmaninoff, tocou e gravou todos os concertos para piano e orquestra de B e e t h o ve n , B r a h m s , S a i n t - S a ë n s , Prokofiev, Rachmaninoff e Bartók. Mas, além disso, demonstrou sempre não temer a linguagem contemporânea: tocou em concerto e gravou todos os Estudos de Ligeti e as três dificílimas sonatas de Pierre Boulez. Idil Biret foi aluna de Nadia Boulanger e Alfred C-ortot. Posteriormente foi a aluna favorita de Wilhelm Kempff com quem executou aos 11 anos de idade o Concerto para dois pianos de Mozart em Paris. A extensão fora do comum de seu repertório lhe rendeu comentários de ser superficial e nunca ser uma referência. No entanto destaco o sucesso de algumas de suas interpretações que lhe valeram críticas muito elogiosas: suas gravações

de Chopin (a única integral feita por um só pianista) lhe valeram o “Grand Prix du disque”, sua execução das Prelúdios opus 23 de Rachmaninoff foram elogiadíssimas em seu lançamento, e o próprio Boulez a elogiou publicamente quando do lançamento do CD com suas três sonatas executadas por ela. Nada mal.

Daniel Barenboim – O infatigável O pianista e maestro argentino/ israelense Daniel Barenboim, nascido em Buenos Aires no ano de 1942, é para mim um verdadeiro mistério, e sempre me pergunto, entre outras coisas, a que hora ele dorme e a que hora ele estuda. Como pianista, seu repertório está entre os mais vastos que já se teve notícia: uma volumosa parte da obra de autores como Bach, Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Schumann, Liszt, Chopin, Brahms, Tchaikovsky, Albéniz, Debussy, Revista Keyboard Brasil / 51


Ravel, Bartók, De Falla, Alban Berg, Schoenberg, tanto em obras camerísticas, como em obras solo e como solista com orquestra. Assim como Sviatoslav Richter, Barenboim gosta muito de acompanhar cantores (Fischer-Dieskau, Jessye Norman, etc.) o que faz com que seu repertório se aproxime dos números do pianista russo. Soma-se ao fato de que ele é um dos maiores maestros da atualidade e que continua a atuar como pianista de forma intensa percebe-se que somando o repertório pianístico e o repertório como maestro, Barenboim é o músico (instrumentista e regente) com o maior repertório da história. Vale lembrar que a qualidade da maior parte de suas execuções é sempre no mínimo boa. Aos 73 anos é realmente infatigável.

Cláudio Arrau – O refinado O pianista chileno Claudio Arrau (1903-1991) também teve um repertório excepcionalmente grande, e

creio que foi o único pianista que tocou toda (!) a obra de Bach para teclado. Refinado intérprete de autores tão diferentes como Schumann e Debussy, teve também uma eterna vontade de atualizar as plateias. Executou mais de uma vez a “Klavierstücke IX” de Stockhausen e gravou (fantasticamente) as “Três peças opus 11” de Schoenberg, autor que apreciava bastante e do qual chegou a apresentar o Concerto para piano e orquestra, e preparava a Sonata Nº 3 de Boulez quando de sua morte. Além desta integral de Bach, que Arrau pretendia gravar, marcou referência absoluta como intérprete incontestável de Schumann. Barenboim chegou certa vez a afirmar que o repertório pianístico de Arrau era o maior da história e ao contrário de Richter o pianista chileno apreciava integrais e deixou algumas referências neste campo: Noturnos de Chopin, Sonatas de Beethoven e de Mozart, Estudos transcendentais de Liszt. Tudo com um refinamento único.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresen-tador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. 52 / Revista Keyboard Brasil



Outros sons

K L A U S HOFFMAN-HOOK MÚSICA ELECTRÔNICA

L

A

E

M

Ã

ACONHEÇA UM POUCO SOBRE A COSMIC RENAISSANCE: A JORNADA KLAUS

MUSICAL

DE

HOFFMANN-HOOCK

* Por Amyr Cantusio Jr.

54 / Revista Keyboard Brasil


K

laus Hoffmann-Hoock nasceu em 1951, na cidade alemã

de Duisburg. Guitarrista e baterista em 1969, fundou sua primeira banda, Archaeopteryx, seguido em 1971 por Impuls. Impuls fez várias turnês, entre outros como o suporte-act para Nektar, UFO e da banda progrock holandesa Earth & Fire, a última produção de Mellotron e épicos à base de guitarra com encantadores vocais femininos. Não há gravações oficiais de ambas as bandas, embora um sobrevivente live-tape de 1971 de Impuls revela muito das ideias musicais de Klaus que surgiriam nos anos 1980 e 1990. A fita apresenta um instrumental longa chamado "Azrael", o que mostra claramente a influência do início do Pink Floyd. Outras influências duradouras eram Nektar e Hawkwind. Em 1972, Klaus visitou um concerto dos progrockers britânicos, Genesis, que então tocaram a magnífica faixa "Watcher of the Skies", que tem um dos maiores Mellotron-Intros de todos os tempos. Este

evento virou Klaus em um verdadeiro Mellotron-aficcionado. Em 1973, Klaus comprou um Mini-Moog, o instrumento que ficou famoso por Keith Emerson. Ele iria adquirir uma grande coleção de (hoje) teclados e sintetizadores antigos durante os próximos anos, incluindo até mesmo um extremamente raro Mark V Mellotron, anteriormente propriedade de Klaus Schulze. Segue a grandiosa discografia que fica na cola do Mestre Klaus Schulze!!

MIND OVER MATTER 1987 "Music for Paradise" (lp, remixed cd in 1991, cd re-released in 2007) 1988 "The Colours of Life" (lp/cd, cd rereleased in 2008) 1990 "Trance 'n' Dance" (cd) 1992 "Obsessions" (sampler featuring "Sentimental Russia" and "Jack the Bear – The Dance Version") 1992 "In Search of Eternity" (cd) 1993 "Live in Concert" (live cd) 1994 "Mind over Matter in Concert" (video) 1995 "Palace of the Winds" (cd) 1997 "Shambhala – The Quiet Album" (cd) 1997 "Live in Concert" (video) 1998 "Avatar" (cd) 1998 "Live in Concert 25.10.1997 – Versmold" (video) 2000 "Signs of Life" (Pink Floyd sampler featuring live-track by Mind over Matter "Set the controls ...") 2000 "Under the Stars" (live cd) 2002 "Asia Vol.1" (DVD) 2003 "Journey to Eternity - Asia Vol.2" (DVD) 2004 "On the wings of the wind" (cd) 2005 "Indian Meditation" (cd) Revista Keyboard Brasil / 55


2006 "Indian Meditation II" (cd) 2006 "Live in Concert at Lünen 21-3-1994" (live dvd) 2006 "Live in Concert at Versmold 25-101997" (live dvd) COSMIC HOFFMANN 1982 "Weltraumboogie"/ "Space-Disco" (7#-single) 1998 "Beyond the Galaxy" (cd) 2000 "Shiva Connection" (cd-r) 2005 "Electric Trick" (cd) 2007 "Space Gems" (cd-r) 2008 "Outerspace Gems" (cd) 2009 "Hypernova" (cd-r) 2010 "Astral Journey" (cd-r) 2012 "Best of" (cd-r) Colaborações de Klaus HoffmannHoock 1990 "Fragrance" by Software (supply of synthesized sounds) 1991 "Ghost of a Mist" by Ron Boots (guitar on "Desert Clouds") 1992 "Live – by Popular Demand" by M.O.R.E. (guitar on "Unitas Special") 1993 "Virtual reality" by Patrick Kosmos (co-composer of "Monolith") 1993 "Different Stories and Twisted Tales" by Ron Boots (guitar on "The Call") 1994 "Let There Be More Light" by Peter Mergener (guitar on "Wildlife") 1995 "The House of S. Phrenia" by Solar Project (sitar and voice on "Religion's Fire") 1995 "Schwingungen-Club presents New Instrumental Music" (sampler featuring "Rohan Rider")

56 / Revista Keyboard Brasil

1998 "Traces of the Past" by Stephen Parsick (co-writing, guitar and Mellotron on "Submerging", "Close beneath the Surface", "Cosmic Jellyfish" and "Quicksilver Sea", remix of "Green Depth") 1998 "Nodular" by RAMP (remix and final mix) 1998 "Silence the River" by Hans-Werner Faßbender (remix and final mix) 1998 "Rot" by Menschenfisher (Mellotron on "Dort in Süden" and "Zu Feige zu Leben") 1999 "Joie de Vivre – Live Again" by M.O.R.E. (guitar on "Aftermath") 2000 "Fish 'n Love" by Pyramid Peak (guitar on title track) 2000 "Heartbeat by Hans-Werner Fassbender & Klaus Hoffmann-Hoock 2001 "Five" by Solar Project (sitar and voice) 2003 "Psychedelic Breakfast" by Klaus Hoffmann-Hoock & friends 2003 "Analog Overdose 3" by Schönwälder & Fanger (guitar) 2004 "Space is everywhere" by Harald Nies (mix & samples on "Surreal India") 2004 "Ayurveda Buddha Lounge Vol.4" (electric sitar on "Stargazer") 2005 "Time Traveller" by Roger Matura (Mellotron) 2005 "Parlez-vous électronique?" by Thomas Fanger (electric sitar, guitar, samples) 2005 "Oughtibridge" by 'Ramp (live recording) 2006 "Vision of Asia" by Peter Mergener & Klaus Hoffmann-Hoock


2007 "Conundrum" by Klaus HoffmannHoock & Bernhard Wöstheinrich 2008 "Etherische Chemie" by Rivercrest (Memotron, electric sitar) 2009 "Follow me down to Chesil Bay" by Roger Matura (electric sitar on "La nuit et la mer")

2012 "Ian Boddy, Klaus Hoffmann-Hoock & David Wright" (Live at ElectronicCircus 2009 - DVD) 2013 "Earshot" by Fanger, Schönwälder feat. Cosmic Hoffmann (electric guitar, Memotron, soundmix)

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

25 de janeiro às 20:00 Hs

Espaço Cultural Ungambikkula Av. Santa Isabel, 1834, Campinas

Revista Keyboard Brasil / 57


Fotos: Divulgação

Profissão

AFINADORES DE PIANO Uma profissão em extinção?

58 / Revista Keyboard Brasil


As ferramentas comuns utilizadas para afinar pianos incluem o martelo de afinação ou a alavanca, uma variedade de mudos e um diapasão ou dispositivo de ajuste eletrônico.

O INTERESSE PELA PROFISSÃO DE AFINAR PIANOS É CADA VEZ MENOR, O QUE A TORNA UMA PROFISSÃO EM EXTINÇÃO, EM NADA LEMBRANDO A ÉPOCA ÁUREA VIVIDA PELO INSTRUMENTO EM SÉCULOS PASSADOS... *Por Heloísa Godoy

A

finar um piano significa corrigir a vibração das cordas, tensionandoas até que se alcance a vibração relativa ao som de cada nota. Um músico deve ser capaz de afinar seu próprio instrumento! Essa máxima funciona bem para a maioria deles, mas não se aplica aos pianistas. E isso por vários motivos. Um deles é que o piano possui mais de 250 cordas e, mesmo que o músico conheça a fundo a técnica, o processo é demorado e deve ser realizado com cuidado. Para essa função existem os afinadores de pianos – exímios conhecedores dos sons e das engrenagens, mas

raramente sabe harmonizá-los em canções. Afinar pianos tornou-se uma profissão por volta do início de 1800, quando possuir um piano em casa era objeto de luxo. E, para ajustarem seus instrumentos, as famílias mais ricas passaram a empregar os músicos. Muitos fatores causam a falta de afinação em um piano. Por exemplo, as mudanças na umidade: alta umidade faz a placa de som inchar; enquanto a baixa umidade tem o efeito oposto. As alterações de temperatura também podem afetar o tom geral de um piano. Tocar Revista Keyboard Brasil / 59


frequentemente peças difíceis também pode causar a falta de sintonia do instrumento. Por estas razões, muitos fabricantes de piano recomendam que pianos sejam afinados, no mínimo, uma vez por ano, mas em uso intenso, como em escolas, teatros, restaurantes e clubes, é recomendável que se faça isso mais vezes, e sempre que necessário. As ferramentas comuns utilizadas para afinar pianos incluem o martelo de afinação ou a alavanca, uma variedade de mudos e um diapasão ou dispositivo de ajuste eletrônico. Contudo, também é de grande importância que você saiba que a afinação não é o único serviço que deve ser realizado regularmente em seu piano, a regulagem e lubrificação mecânica também são de suma importância, pois otimiza o funcionamento de todos os componentes que formam o mecanismo do piano, e que entram em movimento sempre que você pressiona uma tecla. Um piano em bom estado pode apresentar uma queda de afinação de 1/4 a 1/2 tom por ano. Portanto, se o instrumento ficar muito tempo sem ser afinado, corre o risco de não poder voltar a ter a afinação original (Lá = 440hz).

* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 60 / Revista Keyboard Brasil



Oriente-se

HARMONIA DA MÚSICA POPULAR - PARTE 3 - SEQUÊNCIAS HARMÔNICAS COM TÔNICA DE SÉTIMA MAIOR SAUDAÇÕES A TODOS OS PIANISTAS, TECLADISTAS, E A CLASSE MUSICAL TODA. N A Ú LT I M A M A T É R I A CONSIDERAMOS A CADÊNCIA II V / I EM MODO MENOR. HOJE GOSTARIA DE FALAR SOBRE A DIFERENÇA ENTRE CADÊNCIA E SEQUÊNCIA HARMÔNICA. *Por Jeff Gardner

62 / Revista Keyboard Brasil


A

s cadências e sequências harmônicas juntas ao ciclo das quintas/ quartas formam a base da maior

parte da harmonia da música popular moderna. Se você dominar este material em todos os tons, vai ser muito mais fácil assimilar os "standards" de jazz e da MPB, de sair tocando "de primeira". Uma cadência é uma serie de acordes, tirados tradicionalmente dos acordes diatônicos de uma tonalidade (campo harmônico), que estabelece uma tônica ou centro tonal. Uma sequência harmônica difere de uma cadência porque é facilmente repetida, sendo assim frequentemente utilizada para introduções, interlúdios e codas abertas, ou "tags", além de dentro da forma da musica. Muitas músicas estão baseadas sobre uma ou varias sequências harmônicas"rodando" para apoiar uma melodia que pode ter muitas variações. As sequências harmônicas mais comuns tem 4 acordes. A sequência harmônica mais utilizada, I VI/ II V, contem uma cadência II V/ I si consideramos que quando repete a sequência, os dois últimos acordes resolvem para I, o primeiro acorde da sequência. Esta sequência pode ser concebida e visualizada como a quarta parte do ciclo das quintas/quartas, porque todas as quatro fundamentais são adjacentes no ciclo. Por exemplo, olhando um desenho circular tipo relógio do ciclo das 12 tonalidades com dó encima, estas quatro fundamentais estão juntos entre 9:00 e 12:00. Como é o caso das cadências, as sequências harmônicas podem

Os livros "Harmonia da Música Popular Vol. 1 - Ciclos" e "Harmonia da Música Popular vol. 2 - Cadências e Sequências Harmônicas" estão disponíveis no site www.jeffgardner.com.br ; nas lojas Free Note (São Paulo) e Arlequim e Musical Carioca no Rio de Janeiro

ou não ser derivadas de uma tonalidade específica. Muitas sequências possuem qualidades de acordes modificadas sobre um ou vários graus. Sequências harmônicas não determinam necessariamente um centro tonal, e algumas juntam acordes de varias tonalidades. Qualquer série de acordes pode ser repetida, estabelecendo uma sequência, sem obrigatoriamente ter um acorde de tônica. Por exemplo: [: Dm7 G7/ Cm7 F7 :] Pode ser utilizada independentemente, embora teoricamente poderia ser utilizada em um contexto tonal como Revista Keyboard Brasil / 63


IIIm7 VI7/ IIm7 V7 se completamos com o acorde de tônica de BbMaj7 ou Bbm7. Então, vamos a treinar as sequências harmônicas.

Este primeiro exemplo é totalmente diatônica, ou seja todas as notas estão derivadas da escala maior de C, definindo uma tônica de acorde de sétima maior (Cmaj7).

Podemos manter a tônica de sétima maior e modificar o sexto grau, aqui, em vez do acorde diatônico de Am9, temos

A7b9b13. Isto é um exemplo de como variar a cor de um ou outro grau da sequência sem mudar a cor da tônica.

Agora, vamos apresentar para a galera de "single note instruments" e para pianistas/tecladistas, umas frases

melódicas para encaixar sobre essas duas sequências.

Eu aprendi o segundo exemplo com o meu prof, John Lewis, pianista do Modern Jazz Quartet, o compositor desta musica. Afternoon in Paris é um ótimo exemplo de cadências II V/I descendo em tons inteiros, e este break demostra quanta beleza pode render esta sequência

melódica diatônica. O suingue vem da quiáltera bem colocada e o primeiro tempo com silencio. Agora, umas frases com o sexto grau alterado para acorde de sétima dominante.

64 / Revista Keyboard Brasil


O primeiro exemplo aqui mostra como podemos enriquecer as frases improvisadas com notas cromáticas de passagem. A segunda frase já é um exemplo duma sequência harmônica sobre 4 compassos. Aproveito o espaço de tempo em dobro para variar as inversões de acordes de sétima sobrepostos - por exemplo, no primeiro compasso, duas inversões de Em7, que definam o acorde de CM9 quando completamos com o C no baixo. Você que tem acompanhado as minhas colunas na Revista Keyboard Brasil já sabe - tem que transpor estes

exemplos nas 12 tonalidades. E, depois, escrever suas próprias frases sobre estes modelos, quem sabe, faça uma música inteira utilizando estas sequências harmônicas. Para citar o saudosíssimo Jackson do Pandeiro "Vamos estudar que é melhor"! Ouça: I Got Rhythm - George Gershwin Four - Miles Davis Desafinado - Tom Jobim e Newton Mendonça Seu Chopin Desculpe - Johnny Alf Até a próxima e bons estudos!!

* Jeff Gardner é pianista, compositor, educador, com 18 CDs gravados e escritor de diversos livros nascido em Nova York e radicado no Brasil desde 2002. Suas influências passam pelo clássico, jazz e, principalmente, pela música brasileira. Estudou com nomes lendários do universo jazzístico, entre eles, John Lewis, Don Friedman, Jaki Byard e Charlie Banacos e tomou aulas de harmonia com Nadia Boulanger. Jeff foi professor na New York University e ministra workshops e masterclass em muitos países. Jeff Gardner é o mais novo ilustre colaborador a entrar para o time da Revista Keyboard Brasil. Contato para shows e workshops: jeffgardnerjazz@gmail.com Revista Keyboard Brasil / 65


Espaço Gospel

MOTIVAÇÃO O ITEM PRIMÁRIO DA MÚSICA GOSPEL A MOTIVAÇÃO, COMO PRINCÍPIO DE TUDO, É O QUE MOVE A NOSSA VIDA. QUE TAL REFLETIR NA SEGUINTE FRASE ESTE MÊS: “QUAL TEM SIDO NOSSA MOTIVAÇÃO?” *Por Evaristo Fernandes

66 / Revista Keyboard Brasil


O

lá amigos, A música evangélica se define na motivação que a

produz e esta motivação é - ou ao menos deveria ser - exaltar ao Deus que é o centro de nossa adoração. O que nos move de fato é - ou ao menos deveria ser - falar da grandiosidade deste Deus, de seus feitos, de seu amor, da esperança produzida pela fé, da salvação que temos no acreditar de seu sacrifício na cruz, na esperança de uma vida eterna após a morte, tudo isto tendo a Bíblia como manual de fé e um relacionamento espiritual com Deus através do estudo da mesma e orações. Ao sintetizar isso, podemos perceber a importância da auto-análise no que diz respeito a “MOTIVAÇÃO”. Quando a motivação de alguma maneira não está vinculada a adoração a esta divindade, surgem as músicas pseudo-evangélicas, regadas de presunções de auto aclamação, vinganças, preconceitos e tantos outros atributos que não refletem e nem mesmo representam o evangelho a que se prega. Há, também, a motivação para o entretenimento, onde frases de efeito como “Faz barulho pra Jesus!”, “tira o pé do chão”, “Tem crente aí?”,

instigam os fiéis a um tipo de “adoração” que, a meu ver, foge bastante da motivação em sua essência. Há um texto bíblico, onde o rei Davi, dançou de alegria ao restituir um objeto sagrado, a Arca do Conserto, ao povo de Israel. E este é um dos equívocos de interpretação que justifica os shows desta natureza. Davi estava alegre e de fato dançou, mas temos um livro de composições chamado LIVRO DOS SALMOS, onde de fato demonstra qual era a motivação deste que é até hoje o referencial de adorador para todos os cristãos. A motivação, como princípio de tudo, é o que move a nossa vida. Tanto em nível religioso, quanto em nível profissional, familiar, sentimental, etc. Uma boa reflexão a ser fazer é: “Qual tem sido nossa motivação?” Afinal, isto é apenas o começo, pois no caminho temos a “inspiração” que nos conduz a externar nossos sentimentos, mas isso é um outro assunto…. E, não esqueçam, para quem quiser mandar suas perguntas, comentários e críticas, segue os links na matéria. Deus abençoe a todos e até a próxima edição!

* Evaristo Fernandes é multi-instrumentista, compositor, produtor e escritor. Tecladista da Banda Voz da Verdade há mais de 30 anos, atualmente é artista das marcas: Roland, Power Stomp Pedals, Power Play Fontes, Panther Cables e Key Pro Stand. Juntamente com Zeca Quintanilha e Rafael Sanit é colaborador da Revista Keyboard Brasil na seção Espaço Gospel. Evaristo Fernandes está celebrando 20 anos de seu Workshop “Talento, Técnica e Unção” ministrando o workshop por todo o país. Revista Keyboard Brasil / 67



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