Revista Keyboard Brasil 2018 número 56

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Revista

Keyboard ANO 5 :: 2018 :: nº 56 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Corciolli O MAGO DOS SINTETIZADORES

AGENDA: Shure informa seus webnários gratuitos!

DISFONIAS: O mal que pode calar o músico!

TECLADO: Em busca da sua identidade profissional

REVOLUÇÃO MUSICAL: Simultaneidades do Século XX

EDINO KRIEGER E RONALDO MIRANDA: Duas efemérides em 2018!

INSPIRAÇÃO: Quando a música nasce com fluidez!

Brasil




Editorial “Melodia transformada em poesia” Alguns dos momentos mais emocionantes de minha vida são conectados à música e o poder que ela exerce sobre mim é incrível. Certas músicas transformam a melodia em poesia e esses sons melodiosos desencadeam em mim, sentimentos e sensações que, consequentemente enchem d'água meus olhos, fazendo-me sentir relaxada e em paz. E, quanta sensibilidade ao ouvir Corciolli. Melodia transformada em poesia... A edição de número 56 é especial porque me fez enxergar por dentro da música, da música de Corciolli - nossa matéria de capa. Assim convido você leitor, apreciador da boa música, a ir mais além, a mergulhar nessa edição, escrita por quem entende do assunto e respira música diariamente: nossos colaboradores. Artigos sobre a inspiração ao compor, sobre a magia do piano, o pai dos instrumentos, sobre neurociência, disfonias, tecnologia, além das grandes

04 / Revista Keyboard Brasil

Heloísa Godoy - Publisher

preciosidades brasileiras como Edino Krieger e Ronaldo Miranda e o trio Guiomar Novaes, Yara Bernette e Sousa Lima. E muito mais! A edição, imperdível para quem tem sede de cultura, prioriza a troca de conhecimento porque entende-se que o conhecimento deve ser passado adiante. Por isso, desejo a você leitor, músico ou não, uma excelente leitura! Nota: Excepcionalmente este mês, não teremos a coluna de Jeff Gardner.


Show de bola!! Sou fã de Alex Sacchi!! Admiro seu trabalho!! (Em 'Estética e Organização do Tecladista' — Artigo da edição de setembro de 2017 escrito por Bruno de Freitas). Wendel Melo — Blog Já está no ar mais um artigo que escrevi para a Revista Keyboard Brasil. Dessa vez entrevistei o maestro Jether Garotti Junior, que acabou sendo a capa desse mês. Acessem, curtam, compartilhem! Hamilton de Oliveira —Facebook Amigos músicos, precisamos apoiar esse belíssimo trabalho que a Heloísa Godoy tem realizado, essa matéria de música de qualidade x música medíocre é imperdível. (Edição de fevereiro de 2018) Fabio Lopes —Facebook Heloísa Godoy, thank you for your job! Stefan Leipziger —Facebook A MÚSICA ESTÁ EM "COMA INDUZIDO"! A sua opinião, a sua atitude, o seu comportamento, é que pode mudar o "status" da nossa atividade! Convido você à ler o Editorial da Revista Keyboard Brasil, assinada pela nossa "Rainha das Teclas", Heloísa Godoy, e apreciar o texto de Reflexão. Luiz Carlos Rigo Uhlik —Facebook Isso é uma aula de música! Parabéns, D'Elboux!!! (Artigo OPINIÃO: "J. S. Bach: Interpretações e autenticidade", edição de fevereiro de 2018). Hudson Carvalho —Facebook

Espaço do Leitor Leiam meu artigo na Revista Keyboard Brasil de fevereiro!! OPINIÃO: "J. S. Bach: Interpretações e autenticidade". José Eduardo D'Elboux —Facebook Meus amigos, acabou de sair a edição da Revista Keyboard Brasil com minha matéria sobre Egberto Gismonti! Baixe gratuitamente a Revista aqui no site!! Sérgio Ferraz —Facebook Isso acontece no Brasil porque os músicos de verdade, estão órfãos de um representante que lute para garantir-lhes dignidade, valorização e respeito. Me refiro a sucateada OMB e sindicatos corruptos que só servem para promover o peleguismo e negócios ilícitos! Se os grandes nomes da nossa música não fossem também produto da grande mídia e marionetes de modinhas fugazes, garanto que, pelo menos o quesito qualidade musical em todos os sentidos, seria a principal motivação e preocupação para que essa excrescência cultural não chegasse ao grau que chegou! Ah... Que saudade dos anos de 1970, 1980 e um pouco dos anos de 1990. Marcos Antonio De Oliveira Santos —Facebook A cultura está assim... acredito que projeto de poder da esquerda... luta armada não deu certo... partiram para a destruição cultural... e estão se saindo bem... Ricardo Penachi de Camargo —Facebook Revista Keyboard Brasil / 05


Fantástica, só pela capa já vi que temos grandes matérias! Edgar Franco —Facebook Grande Keyboard! Grande Jether! Korg Man —Facebook

Março / 2018

Expediente

Revista Keyboard Brasil nas redes sociais!!

Estamos muito agradecidos pelo trabalho de vocês! Fabio Lopes —Facebook

Cada dia melhor, e essa está recheada de informações! Orgulho!! Luciel Rodrigues —Facebook Que showww!!! Uma grande alegria o amigo Jether Garotti Junior na capa da Keyboard Brasil deste mês!!! À Revista Keyboard Brasil e Heloísa Godoy, os meus parabéns e a minha gratidão, por mais esta edição incrível! Bruno Freitas —Facebook Olha eu na Keyboard deste mês (em ótima companhia com Jether Garotti). Thanks Amyr Cantusio! Albano Sales —Facebook Interessante Editorial da Revista Keyboard Brasil! Para refletir e ampliar: "quanto mais rica é a sua música, mais você é punido." Judson Castro—Facebook 06 / Revista Keyboard Brasil

Capa: Art

ur Curval

Quero agradecer Heloísa Godoy e Hamilton de Oliveira pela maravilhosa oportunidade dessa entrevista. Muito por tudo. Grande abraço. Jether Garotti Junior —Facebook

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical. Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes Publisher: Heloísa C. Godoy Capa: Artur Curval Caricaturas: André Luiz Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências /Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Anuncie na Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br Colaboradores da Revista Keyboard Brasil do ano de 2018: Maestro Osvaldo Colarusso / Amyr Cantusio Jr. / Jeff Gardner / J. Eduardo. D’Elboux / Luiz Carlos Rigo Uhlik / Rafael Sanit / Sergio Ferraz / Hamilton de Oliveira / Evaristo Fernandes / Bruno de Freitas / Zeca Quintanilha As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.


Índice

08

10

ANÁLISE: Livro Teoria da Música - Redação

MATÉRIA DE CAPA: Corciolli por Heloísa Godoy

OUTROS SONS: CD JAM, de Alfredo Dias Gomes - por Sergio Ferraz

48 PAPO DE TECLADISTA: Que tal explorar da melhor maneira o seu teclado em busca da sua identidade profissional? - por Bruno Freitas

66 AGENDA:

Shure - Webnários gratuitos na área de áudio e tecnologia - redação

24 ESPAÇO GOSPEL: Inspiração! - por Evaristo Fernandes

REVOLUÇÃO MUSICAL: Simultaneidades do século XX - por J. Eduardo D’Elboux

32

28 DICA TÉCNICA: Disfonias: o mal que pode calar o músico por Raquel Dell A’cqua

20

42

36

HOMENAGENS: Edino Krieger e Ronaldo Miranda - por Daniel Sanches

A VISTA DO MEU PONTO:

Você pode me ajudar? - por Luiz Carlos Uhlik

52 MEMÓRIA:

Zappalogia - por Amyr Cantusio Jr.

68 PERFIL: Johnny Essi por Rafael Sanit

58 NEUROCIÊNCIA: Mensagens Subliminares - por Heloísa Godoy

62 EXPERIÊNCIAS: A magia do piano - por Hamilton de Oliveira

72

78

NOSTALGIA: Para compreender melhor a foto histórica - por Osvaldo Colarusso

TECNOLOGIA: iPAD: O melhor amigo do tecladista - por Daniel Baaran

Revista Keyboard Brasil / 07


Análise TEORIA DA

MÚSICA

Uma nova

m abordage

VOLUME 1 S

EXERCÍCIO

95 PRÁTICOS

Teoria da música AUTOR: maestro marcelo fagundes

o

CD de áudi

volume 1 com cd - 183 páginas volume 2 com cd - 150 páginas

GUNDES DANTAS FA MARCELO

MAESTRO

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ww

oje, a grande dificuldade de ensino musical é a escolha de materiais didáticos adequados, atuais e

principalmente eficazes. Um curso normal de música compreende diversas matérias indispensáveis ao desenvolvimento musical. Matérias como: Teoria da Música, Percepção Rítmica e Melódica, História da Música, entre outras. Ou seja, o aluno ou professor terá de adotar pelo menos 4 livros para estes estudos. Essa foi a preocupação do maestro Marcelo Fagundes, que observando as dificuldades dos alunos de música, idealizou uma coleção completa de TEORIA da MÚSICA, dividida em 4 volumes (atualmente comercializados apenas os volumes 1 e 2 da coleção). A coleção conta com muitos exercícios práticos onde o estudante aplicará os conceitos ensinados facilmente, deixando de lado qualquer

08 / Revista Keyboard Brasil

* Redação trauma antigo quanto ao estudo da música. Para cada volume, um CD de áudio foi criado com trechos de cada período da história e gravações dos exercícios de percepção rítmica e melódica, exercitando assim os conceitos ensinados um a um. Com textos explicativos simples, característica dos métodos escritos pelo maestro, novamente podemos afirmar que esta é a coleção de TEORIA da MÚSICA mais completa já escrita no país.



Matéria de Capa

Corciolli O mago dos SINTETIZADORES COMPOSITOR,

TECLADISTA,

PRODUTOR

MUSICAL E FUNDADOR DA GRAVADORA PAULISTANA

AZUL

MUSIC,

CORCIOLLI

COMPLETA 25 ANOS DE CARREIRA SOLO. O MÚSICO É CONHECIDO POR SEUS TRABALHOS

NO

PROGRESSIVO,

ESTILO

MÚSICA

DO

ROCK

ELETRÔNICA

E

AMBIENT MUSIC, POR SUAS COMPOSIÇÕES DE

TRILHAS

SONORAS

PARA

CINEMA.

SÃO MAIS DE 2 MILHÕES DE CDS VENDIDOS NO BRASIL E ÁLBUNS LANÇADOS EM MAIS DE 40 PAÍSES, CONSOLIDANDO-SE COMO ARTISTA

SINGULAR

MÚSICA

INSTRUMENTAL

CORCIOLLI

É

NO

NOSSA

Foto: Artur Curval

EXCLUSIVA DO MÊS. *Por Heloísa Godoy

10 / Revista Keyboard Brasil

CENÁRIO

DA

BRASILEIRA. E N T R E V I S TA


C

orciolli iniciou seus estudos de música aos 13 anos de idade com Nair Tabet, discípula da

renomada pianista e educadora musical Magdalena Tagliaferro. Ainda adolescente, ficou fascinado com as

possibilidades sonoras oferecidas pelos sintetizadores eletrônicos, através de discos icônicos de artistas como Vangelis, Jean Michel Jarre e Isao Tomita, levando-o ao universo do rock-prog, do jazz e da música eletrônica. Tocou durante anos em bandas com amigos e também como pianista em bares, hotéis e restaurantes. Em seguida, começou a acompanhar o baixista Celso Pixinga e o grupo de rumba flamenca Espírito Cigano, que teve o hit “Baila Manuela” inserido na novelaglobal Perigosas Peruas (1992). Depois dos shows, ainda que cansado, levava para o quarto do hotel um teclado e madrugada adentro compunha com fones de ouvido. “Era uma maneira de permanecer conectado com a essência da música e não cair na perdição...” (risos), lembra. Mesmo com a música correndo nas veias, formou-se em arquitetura pela Universidade Mackenzie, em 1993. Neste mesmo ano, o músico lançou seu primeiro álbum solo “All That Binds Us”, fundando a gravadora Azul Music. Nos anos seguintes, desenvolveu uma prolífica carreira artística, produzindo álbuns emblemáticos tais como “Unio Mystica” (1995) inspirado em textos de alquimia medieval misturando cantos gregorianos e arranjos orquestrais lançado em vários países; “The New Moon Of East” (1996) – com os Monges Tibetanos de Gaden Shartse; “Exotique” (1998) “Unio Celestia” (1999); “Coleção TudoAzul” (2001)– 10 álbuns inspirados em terapias holísticas e sistemas de conhecimento ancestrais. Também produziu, com grande repercussão, duas coleções de CDs para a revista Caras, “Caras Zen” e “Caras Músicas do Mundo”, totalizando mais de 12 milhões de álbuns comercializados em todo Brasil. Seguiram outros lançamentos como “Art Of Seduction” (2001), “Um Olhar” (2004),“Nosso Lar” (2007) e “Lightwalk” (2009), este Revista Keyboard Brasil / 11


Foto: Divulgação

Foto: Tomas

Kolisch

Foto: Divulga ção

Foto: Artur Curval

Foto maior: Corciolli em 2017: “Não há melhor inspiração que escutar a alma e o coração ”! Fotos menores: (1) Corciolli em uma de suas primeiras apresentações no ano de 1983. (2) Em 1994, com os monges tibetanos de Gaden Shartse para o CD The new moon of East. (3) Corciolli em uma apresentação com sua b a n d a .

último com participações especiais de

Com mais de 30 álbuns lançados ao

Tony Levin (baixista do Peter Gabriel,

longo de sua carreira, Corciolli

King Crimson), Naná Vasconcelos,

certamente vivenciou grandes momentos,

Marcus Viana e Andre Matos (cantor,

como nas ocasiões em que tocou com os

compositor, maestro e pianista brasileiro,

Monges Tibetanos ou em que recebeu

conhecido por ter sido vocalista das

uma carta do Vaticano, onde Sua

bandas Viper, Angra e Shaman). Em 2015 lançou “Infinito”e, em 2017, o mais recente “Ilusia” (2017), onde reencontra suas origens roqueiras, em vigorosas e intrigantes performances nos sintetizadores, utilizando samplers de guitarras, violões, orquestra de cordas e percussões épicas. “Minhas principais influências - além dos “synthheros” Vangelis, Jarre e Tomita - vieram de bandas de rock progressivo como Yes, Genesis e Pink Floyd, mas também do rock mais pesado: Van Halen, Iron Maiden e Led Zeppelin”, revela Corciolli.

Santidade o Papa João Paulo II, agradecia

12 / Revista Keyboard Brasil

o envio de seu álbum “Unio Mystica”, lhe conferindo uma especial benção. Atualmente, além de dirigir a gravadora Azul Music e o Music Delivery – um inovador sistema de sonorização de ambientes comerciais com liberação direta dos titulares, sem intermediação do ECAD -, Corciolli vem se dedicando à composição de trilhas sonoras para cinema, além da realização de shows e concertos. Leia a entrevista exclusiva da Revista Keyboard Brasil.


Foto: Tomas Kolisch

‘ ‘

Tocar bem o instrumento é uma parte importantíssima do processo para tornar-se bom músico, mas saber tirar o melhor som e atingir o melhor resultado são tão importantes quanto. – Corciolli

Revista Keyboard Brasil / 13


Entrevista Revista Keyboard Brasil – Corciolli, qual sua formação musical? Corciolli – Comecei aos 13 anos, aprendendo órgão eletrônico, pois na época não havia nenhum curso de sintetizador. Aos poucos, fui percebendo a importância do piano na formação de todos os tecladistas que admirava e passei a ter aulas de piano clássico. Mas o que sempre gostei foi de compor, tocar coisas próprias e por conta disso, comecei a ter a u l a s d e p i a n o p o p u l a r, j a z z e improvisação com o Cacho Souza – que me ensinou praticamente tudo que sei. Devo muito a ele! Depois disso, me tornei um “autodidata profissional” (risos). Revista Keyboard Brasil – Quais suas lembranças musicais mais antigas? O que se ouvia? Corciolli – Minha mãe foi concertista de piano e sempre colocava música clássica para ouvirmos... O Concerto Brandenburg nº3 de Bach sempre me emocionava, não cansava de ouvi-lo repetidas vezes... Mas também Chopin, Beethoven e Mozart, entre outros... Até que um dia, que mexendo nos discos do meu irmão mais velho, me deparei com uma cópia do “Journey to the Centre of the Earth”, do Rick Wakeman... depois disso nunca mais fui o mesmo... (risos). Revista Keyboard Brasil – E sua paixão pelos sintetizadores? Como se deu? Corciolli – Quando tinha uns 12, 13 anos, um comercial de cigarros com compu14 / Revista Keyboard Brasil

tação gráfica – algo incrível para a época e a música... nossa, o que era aquilo? Fiquei hipnotizado. Em tempos on de não se imaginava a internet, ficava esperando as propagandas para ouvir a música de novo (risos) – que aquele som era “Pulstar” de um músico até então desconhecido no Brasil, um tal de Vangelis... Fui em todas as lojas de discos para achar algo dele. Não tinha nada, mas esse comercial despertou a atenção da gravadora que lançou uma coletânea com essa música e, também, um compacto – com o maço do cigarro na capa (risos).

Foi quando

“também achei” álbuns do Jean Michel Jarre, Kraftwerk, Tomita, etc... Revista Keyboard Brasil – Quais são suas influências musicais? Corciolli – Bem, musicalmente todos esses citados e inúmeros mais... Gosto muito de guitarristas como Steve Morse, Ed Van Halen e Pat Metheny... Somos influenciados por tudo, e posso dizer que além de todo tipo de música boa, pessoas, imagens e livros também contribuem muito para o desenvolvimento da minha “visão musical”. Roger Dean (ilustrador inglês que fez as capas e os logotipos do Yes e do Asia, entre outros); Frank Frazetta (ilustrador americano, conhecido por suas capas na revista “Heavy Metal”) e o Michel Granger – ilustrador francês que fez a capa do Oxygene do Jarre... Comprei vários discos por causa da capa... Filmes e fotos são muito inspiradores, pois sempre trazem em si ‘‘músicas silenciosas’’.


Revista Keyboard Brasil – Sabemos que

de áudio, sequer estava ligado na

você é formado em Arquitetura. Chegou

tomada... Terminado o show, não dava

a trabalhar nessa área? Corciolli – Sim e acho que até era bom nisso... (risos). Mas a música falou mais alto, sempre.

para descer do palco, os seguranças tinham feito um cordão de isolamento até o ônibus da banda, mas não estavam conseguindo conter as meninas. Chegamos no ônibus com as camisas rasgadas...

Revista Keyboard Brasil – Você conheceu o sabor do sucesso ao tocar com o grupo de rumba flamenca Espírito Cigano. Conte-nos essa experiência. Corciolli – No início, foi meio surrealista... (risos). Imagine que meu primeiro show com eles foi “playback”, entrei para substituir o tecladista original e depois de tirar todas as músicas, ensaiar etc... ao subir no palco, o teclado não tinha cabos

‘ ‘

‘ ‘ Música é conexão: com pessoas, com Deus e com a gente mesmo.

Foto: Tomas Kolisch

– Corciolli

Ou melhor, quase nem chegamos (risos). Foi uma experiência muito louca, achei que essas coisas só aconteciam com os Beatles... Depois é claro, tivemos shows “sérios” pois a banda tinha bons músicos, a gente se divertia muito, tocando essas coisas flamencas com pegada pop. Revista Keyboard Brasil – Duas perguntas: sentiu dificuldade em sua trajetória profissional? O Corciolli hoje é um músico realizado? Corciolli – Acredito que todas as dificuldades fazem parte das realizações, em especial quando você se propõe a fazer coisas novas, diferentes do comum. Então aprendi a encarar as dificuldades sempre com bons olhos... Sou plenamente realizado em tudo o que fiz, mas não em tudo o que ainda tenho a fazer. Sou uma pessoa movida por sonhos e aprendi que o trabalho e a perseverança são determinantes para que eles sempre aconteçam. Acredito sempre que o melhor ainda está por vir. Revista Keyboard Brasil – Se tivesse de fazer uma lista dos melhores tecladistas da história, quais seriam na sua opinião? Corciolli – Ah... tem muita gente né?

Revista Keyboard Brasil / 15


Bach, Oscar Peterson, Liszt, Beethoven, Brahms, Chick Corea, Keith Emerson, Chopin, Rick Wakeman, Jon Lord, Vangelis, Joe Zawinul, Thelonious Monk, Herbie Hancock, Chiquinha Gonzaga, César Camargo Mariano, Ernesto Nazareth, Glenn Gloud, Arthur Rubinstein, tantos mais... Revista Keyboard Brasil – O que significa música para você? Corciolli – Conexão, amor e plenitude. Revista Keyboard Brasil – Você é adepto à meditação, grande influência em seus inúmeros trabalhos. A busca espiritual sempre esteve presente em sua vida? Corciolli – Não faço meditação não... Sou péssimo para meditar, deixar a mente vazia etc... Mas tenho que dizer que cada busca é um encontro. E a vida - em última instância - nada mais é do que um grande “encontro” em andamento... Revista Keyboard Brasil – Fale sobre o Corciolli produtor. É um caminho para se tornar autossuficiente? Corciolli – Sim, uma necessidade. Tocar bem o instrumento é uma parte importantíssima do processo para tornar-se bom músico, mas saber tirar o melhor som e atingir o melhor resultado são tão importantes quanto. Revista Keyboard Brasil – Duas perguntas: Como se deu o processo de composição do seu trabalho mais recente Ilusia? E, como você o define? Corciolli – Esse álbum foi uma reconexão 16 / Revista Keyboard Brasil

Em seu recente álbum, ILUSIA, Corciolli reencontra com suas origens roqueiras, em vigorosas e intrigantes performances nos sintetizadores, utilizando samplers de guitarras, violões, orquestras de cordas e percussões épicas. O belo trabalho também foi destaque na imprensa especializada internacional.


Uma bela maneira de celebrar a carreira de 25 anos: 14 faixas especialmente remasterizadas pelo guru do รกudio Carlos Freitas. Dia 23 de marรงo em todas as plataformas d i g i t a i s .

Revista Keyboard Brasil / 17


com minhas raízes de rock progressivo, a

timbres. Sou usuário do Logic há anos...

vontade de ter sido guitarrista e não

Pela praticidade e qualidade uso

tecladista (risos), tanto que a parte que

algunsplug-ins extraordinários como o

mais me diverti foi fazendo as guitarras,

Arturia V Collection, Keyscape e

solos etc... Nos teclados! Teve uma

Omnisphere, que são excelentes para o

repercussão incrível em todo o mundo, foi

trabalho de composição. Para shows ao

muito elogiado, reconhecendo o trabalho

vivo, uso dois controllers: o Studiologic

minucioso das guitarras e tudo mais. Foi

SL88 e o Novation SL61 MkII , mais um

uma aventura e tanto, estou muito

Launchpad controlando o Ableton Live e

orgulhoso da sonoridade final.

Main Stage, dependo do humor levo algun (s) teclado (s) a mais... (risos).

Revista Keyboard Brasil – Fale sobre a música atual no Brasil: Corciolli – Vixi... (risos). Está difícil, né? Mas acho que foi o público quem perdeu as rédeas, trocando artistas genuínos por celebridades e música fácil etc... Não vou dizer que em termos de produção esteja ruim, porque as coisas soam muito bem, mas o conteúdo nem sempre fica à altura da produção.

Revista Keyboard Brasil – Muito obrigada e sucesso! Corciolli – A gratidão é toda minha. Parabéns pela revista e sucesso sempre! Foto: Studio Vieira

Revista Keyboard Brasil – Qual seu setup atual? Conte-nos sobre as mudanças ocorridas recentemente. Corciolli – Já tive 12, 13 teclados no setup, hoje não mais... Mantenho um Juno106 (meu primeiro synth, comprado em 1986!) e um Mini Moog e outros mais, que considero synths incríveis: Nord Lead 3, Novation Ultranova e Access Virus TI Snow. Uso também um Motif XF8 como controlador no estúdio e para alguns

Revista Keyboard Brasil – Tem em vista projetos futuros? Corciolli – Muitos! Eu não paro... Estou lançando o álbum “Jubilee” com 14 faixas que não fizeram parte de meus álbuns ao longo de todos esses anos e que foram especialmente remasterizadas pelo meu querido amigo Carlos Freitas (Classic Master). E também estou trabalhando em um novo álbum com músicas inéditas, que será lançado no 2º semestre deste ano, acompanhando de vários concertos, entre eles uma apresentação no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, no dia 14 de setembro. “Save the date”, pois esse será bastante especial!

* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 18 / Revista Keyboard Brasil


O mago dos sintetizadores que já vendeu 2 milhões de discos em plena crise da indústria fonográfica. Seu trabalho apresenta influências da música clássica, do jazz e do rock, mas amplia o leque de possibilidades sonoras ao incorporar elementos musicais de diversas culturas, tais como a tibetana, celta, flamenca, do oriente médio e extremo oriente.

Revista Keyboard Brasil / 19


Revolução Musical Fotos: Divulgação

Foto maior: O surgimento no século XX da Música gravada! Fotos menores: (1) Debussy (2) Strawinsky (3) Arnold Schönberg (4) Louis Armstrong, (5) Duke Ellignton, (6) Charlie Parker, (7) Pierre Boulez, (8) Stockhausen (9) John Coltrane, (10) Ornette Coleman.

Simultaneidades do Século XX DENTRE TANTAS BELAS OBRAS REALIZADAS NO SÉCULO XX UM MARCO SURGE POSSIBILITANDO, PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA, O REGISTRO DA MÚSICA

QUE

NÃO

ERA

ESCRITA.

CONHEÇA

ALGUNS GRANDES COMPOSITORES E SUAS OBRAS! * Por J.Eduardo D'Elboux

20 / Revista Keyboard Brasil


O

século XX musical tem uma

data de início comumente bem aceita: 29 de maio de 1913, na polêmica estreia do balé “A Sagração da Primavera” de Igor Strawinsky – embora a coreografia talvez tenha chocado mais que a música. A música em si traz efetivamente um marco, como ruptura deliberada da tradição anterior. Não representou o futuro, pois não deixou

herança nem para seu próprio autor – o futuro estaria baseado numa outra revolução, quase simultânea, de Schoenberg e da Segunda Escola de Viena, com seus procedimentos atonais e dodecafônicos. Mas, pelo dado histórico e pela repercussão, “A Sagração da Primavera” é

considerada quase unanimemente como o início musical daquele século. Particularmente, eu consideraria o início do século XX um pouco antes, em 1894, quando Debussy criou “Prélude à l'après-midi d'un Faune”, já uma ruptura com a tradição pós-romântica que

imperava na época, nitidamente uma obra moderna sem precedentes. Mas o século XX aparece como um marco na música também por um ponto mais técnico que musical: pela primeira vez, pode-se gravar Música! A invenção dos gravadores e reprodutores (LPs, fitas, posteriormente CDs e mídias digitais) possibilitou, pela primeira vez na história, o registro da música que não era

escrita. E mesmo a música escrita ganhou muito com isso, pois pessoas que podiam comprar um LP não necessariamente tinham acesso a um concerto ao vivo...

De repente, toda a música composta naquele momento pode ser armazenada e, sem a presença dos músicos originais, reproduzida quase em qualquer lugar. Antes, quase só a Música dita Clássica era escrita e publicada em partituras, além de algumas tradições populares ou folclóricas que eram perpetuadas pela continuidade de execução (sem sabermos se eram levemente alteradas ao longo do tempo). Revista Keyboard Brasil / 21


Para se ter uma ideia, imagine se o reggae jamaicano tivesse sido inventado no século XVII, por exemplo. Estaria restrito a uma pequena ilha do Caribe, sem ser conhecido pelo resto do mundo e, provavelmente, estaria morto depois de algum tempo, pois era uma música executada sem partituras... A partir desse marco, a tradição musical se expandiu a níveis sem limite

mente, na estrutura harmônica cada vez mais intrincada. Passando das pequenas bandas focadas em metais do improvisado dixieland (com Louis Amstrong como seu mais proeminente divulgador), aos elaborados arranjos das big bands de um Duke Elligton e os virtuosísticos quartetos e quintetos BeBop de Charlie Parker. Claro que, paralelamente, as can-

pois toda música gravada estaria ao alcance da posteridade – e, quase simultaneamente, a quem pudesse ter acesso a essa gravação. Talvez a primeira grande descoberta da música gravada tenha sido o Jazz. Derivado do Blues, o Jazz surgiu nos Estados Unidos ao redor de 1910, mas g a n h o u p r i m e i r o a E u r o p a . At é Strawinsky compôs música sobre sua influência, como seu “Ebony Concerto”. Sem contar seu conterrâneo americano Gershwin e sua “Rhapsody in Blue”... O Jazz teve uma evolução rápida, tanto no quesito técnico como, principal-

ções populares de grande parte do mundo também se fizeram presentes, com a divulgação primeiro ao rádio e depois pela TV (também invenções do século XX que modificaram nossas vidas), e várias dessas também tiveram alcance global – como a nossa Bossa Nova , que influenciaria desde o Jazz até cantores como Sinatra. Enquanto a música popular se expandia, e ocupava a importância frente ao público que a música clássica antes tinha, a música clássica seguia duas vertentes independentes durante a primeira metade do século, praticamente

22 / Revista Keyboard Brasil


antagônicas: o serialismo derivado do dodecafonismo mais radical de Webern (o discípulo mais radical de Shoenberg), e o neo-classicismo de Bartók, Prokofiev e Strawinsky (este mesmo convertido ao serialismo no final da vida). Após a Segunda Guerra, um grupo mais radical de serialismo integral dominou a Musica Clássica, clamando ser o desenvolvimento coerente da tradição – e, no aspecto harmônico, até era, mas a estética ascética terminou por distanciá-lo de vez do grande público, focando em nichos muito especializados. Boulez e Stockhausen são os mais proeminentes desta fase. Mas parece um beco sem saída, e as consequências para a Música após este movimento não estão claros até hoje... O Jazz também entra numa fase mais radical e experimental no free-jazz, onde John Coltrane e Orne e Coleman são dois de seus baluartes nos intrincados caminhos do improviso livre, flertando com o atonalismo. É quando chega a outra grande marca da Música Popular do Século XX, o Rock. Mas esse assunto fica para outra matéria...

* J. Eduardo D'Elboux é engenheiro automobilístico e tecladista de rock progressivo, cujas tendências retomam a estética dos progressivos clássicos da década de 70. Fundador da banda progressiva TAU CETI, também foi tecladista do grupo Moonshadow. D'Elboux não é músico profissional mas a música é sua principal vocação. Revista Keyboard Brasil / 23


Espaço Gospel

INSPIRAÇÃO CERTA VEZ, FALANDO SOBRE A INSPIRAÇÃO MUSICAL, FRANZ SCHUBERT DISSE: ''QUANDO SE INSPIRA EM ALGO BOM, A MÚSICA NASCE COM FLUIDEZ E AS MELODIAS BROTAM. REALMENTE ISSO É UMA GRANDE SATISFAÇÃO''. NÃO EXISTE UMA GRANDE MÚSICA SEM O DOM FANTÁSTICO DA INSPIRAÇÃO - TEMA PROPOSTO NA COLUNA DESSE MÊS!

*Por Evaristo Fernandes

24 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 25


S

e analisarmos friamente, não há nada do que se ouve hoje, que já não se ouviu em tempos anteriores. Ainda que haja variações rítmicas ou na organização das notas e acordes, tudo o que temos hoje, já existia antes de nós. A organização catedrática musical não fez da música algo novo em sua existência, não alterou seus padrões naturais e seus componentes. Antes de ser chamada música a mesma já era música. Nós, como credores do criacionismo, entendemos que os mundos foram criados por Deus e com uma trilha sonora celeste e a Bíblia nos dá indicação deste fato no livro de Jó, capítulo 38. Sete notas que se mantém em números, mas se multiplica em canções. Todos sabemos

que SETE é o número de Deus, e se associarmos isso, podemos chegar a conclusão que a música é o eterno agora. Paradoxalmente, ainda que existente, a música não está pronta. Há que se reorganizá-la. Os elementos musicais, as características do som, são meros ingredientes aguardando um único momento para o surgimento de uma nova canção. E, este momento sublime é o momento da INSPIRAÇÃO! Toda criação necessita da inspiração, obviamente a música também segue

este padrão. No entanto, é bem verdade que a inspiração não é algo disponível a todo o instante. A inspiração vai além do intelecto, ele transcende a motivação, a inspiração é algo sutil que quando chega emociona e traduz as maiores verdades em versos de poesia, notas e canções. Uma das definições que gosto sobre inspiração é “influência”. A Bíblia diz que “A boca fala do que o coração está cheio” (S. Mateus 12:34). Desta forma, fica mais fácil entender todo e qualquer tipo de música a partir da “inspiração”.

A inspiração quando legítima revela o mais profundo do ser. Muitas vezes, o que tem nos motivado, difere do que tem nos inspirado e afirmo que isto reflete diretamente no resultado de nossas músicas e, por que não dizer, de nossas vidas. Uma boa reflexão sobre nossa motivação x nossa inspiração pode nos revelar o motivo do que temos visto e vivido. A equalização destes dois fatores pode trazer a boa música e também o bom viver. Vamos pensar nisso? Finalizo com mais uma citação bíblica, uma das mais belas que reflete o caráter criativo de Deus e seu resultado único: “O Espírito de Deus me fez; e a inspiração do Todo-Poderoso me deu vida.” (Jó 33:4)

* Evaristo Fernandes é multi-instrumentista, compositor, produtor e escritor. Tecladista da Banda Voz da Verdade há mais de 30 anos, atualmente é artista das marcas: Roland, Power Stomp Pedals, Power Play Fontes, Panther Cables e Key Pro Stand. Juntamente com Zeca Quintanilha e Rafael Sanit é colaborador da Revista Keyboard Brasil na seção Espaço Gospel. Evaristo Fernandes está celebrando 20 anos de seu Workshop “Talento, Técnica e Unção” ministrando o workshop por todo o país. 26 / Revista Keyboard Brasil



Foto: Divulgação

Dica Técnica

O mal que pode calar o músico 28 / Revista Keyboard Brasil


A ALTERAÇÃO VOCAL CAUSADA PELO MAU USO OU ABUSO DA VOZ, DESESPERA CANTORES E ATRAPALHA A CARREIRA. SEU NOME: DISFONIA FUNCIONAL. * Por Raquel Mallara Dell’Acqua

essa Dica Técnica, vamos falar de algo muito comum nos músicos, especialmente nos cantores: as disfonias.

DISFONIAS são perturbações ou modificações indesejáveis da qualidade vocal. Podem ser esporádicas ou persistentes. Tais alterações podem ter três diferentes origens: orgânica, funcional e/ou orgânico-funcional. Em geral, as disfonias que acometem os cantores são de origem funcional que comumente evoluem para a orgânico-funcional. Dentro da designação ''disfonia orgânico-funcional'', estão os nódulos vocais, muitas vezes chamados – vulgarmente – de ''calos''. Estão, também, os pólipos, edemas e fendas vocais. Revista Keyboard Brasil / 29


Sintomas –Nódulos Vocais: rouquidão constante, esforço para falar e cantar, ressonância concentrada na garganta, preferência por tons graves para falar e cantar. –Pólipos Vocais: rouquidão, incapacidade de emitir sons em alguma região específica de tons, falhas na voz e soprosidade. Em geral, nos casos de pólipos, além dos abusos e maus usos vocais, há exposição a agentes irritantes (como fumo, poeira, etc) associados a crises alérgicas crônicas. –Edemas vocais: rebaixamento do tom habitual de fala (a voz fica mais grave). Para cantar, os graves ficam mais fáceis e os agudos, mais difíceis. Pode ocorrer diminuição da tessitura na parte aguda enquanto o edema estiver presente. Há, também, rouquidão associada. –Fendas vocais: o principal sintoma é a soprosidade que é um escape de ar que se ouve junto com a produção vocal, parece um chiado que sai junto com a voz. Também é comum a dificuldade de emitir notas longas. Há tensão demasiada na região do pescoço e esforço para falar e cantar (fôlego fica curto). Devemos considerar que existem diversos tipos de fendas vocais e que, portanto, os sintomas podem variar um pouco. Ao consultar o médico especialista em voz (otorrinolaringologista), além das informações colhidas sobre a rotina de trabalho, saúde em geral e hábitos vocais, é necessário que o paciente faça um exame de imagem da laringe, chamado laringoscopia, para que se possa saber exatamente qual manifestação está presente e, assim, definir a conduta de tratamento. 30 / Revista Keyboard Brasil

Como dissemos, a Disfonia Funcional é uma alteração vocal causada pelo mau uso ou abuso da voz, considerada um desgaste sem maiores consequências. Normalmente, ela é temporária e é preciso um descanso vocal de dois ou três dias para que a voz volte à sua qualidade normal. Quando esse mau uso ou abuso vocal se torna repetitivo e os dois ou três dias de repouso já não conseguem recuperar a qualidade vocal, ela comumente evolui para uma disfonia orgânico-funcional. É aí que pode estar surgindo uma alteração na estrutura. Dentro da classe musical, o principal grupo de risco é composto por cantores (que, ao final das apresentações, podem ficar disfônicos devido a uma demanda vocal grande); em instrumentistas de sopro (causada pela grande pressão do fluxo aéreo necessário para tocar. Nesses casos, são comuns os pólipos vocais); em líderes de baterias (pela da competição sonora existente, onde as instruções são dadas aos gritos) e em professores de música. Além da falta de descanso vocal, temos que levar em consideração que, em geral, esses profissionais estão sempre “competindo” com muitos outros sons. Veja: pode ser uma banda de formação variável que faz som ao mesmo tempo; um público que também emite sons de diferentes níveis, dependendo do contexto; equipamentos de amplificação e


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Normalmente, a disfonia funcional é temporária e é preciso um descanso vocal de dois ou três dias para que a voz volte à sua qualidade normal.

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retorno ou microfones de má qualidade; tratamento acústico inadequado (onde é comum haver reverberação dificultando as condições sonoras para o cantor, piorando a qualidade de som como um todo); outra questão é que nem sempre os tons das músicas estão devidamente ajustados ao tom anátomo-fisiológico do cantor (esse tipo de esforço, inevitavelmente, é agressivo para as pregas vocais. Se for repetitivo, levará a uma lesão, mais cedo ou mais tarde); muito comuns, também, são classificações vocais incorretas, feitas antes de um amadurecimento completo da laringe, ou feitas antes de qualquer experiência anterior de canto, quando a pessoa não sabe sequer respirar adequada mente (a classificação, nessas condições, pode ser equivocada); doenças associadas como o refluxo gastroesofágico, perda auditiva e alterações alérgicas, também contribuem para a evolução das alterações vocais; a falta de técnica e do estudo de canto, propriamente dito; hábitos inadequados como tabagismo (fumo de qualquer tipo de substância) e etilismo (consumo de álcool); nossos hábitos de hidratação e alimentares também interferem; e, é claro, noites de sono insuficientes. Como sempre, a informação é a principal forma de prevenção. Ter orientações com um fonoaudiólogo para compreender como funciona o aparelho fonador, dá ao profissional ferramentas para a otimização do uso, bem como os cuidados

– Raquel Malara Dell’Acqua

FONTE: Revista Keyboard Brasil edições 3 e 4, do ano de 2013.

necessários para a manutenção de sua integridade. Contudo, alguns casos podem precisar de cirurgia e fonoterapia associados. Ideal, também, é fazer aulas de técnica vocal e canto com um professor que seja bem formado e bem informado. Também é muito importante desenvolver uma consciência que esteja atenta à competição sonora a que estamos expostos o tempo todo. Não pretendo aqui ditar padrões para cantores, pelo seguinte motivo: os organismos não são relógios, têm respostas diferentes uns do outros. Não existem regras rígidas. Porém, é imprescindível ter bom senso e ser saudável como um todo. É isso.

* Raquel Mallara Del’Acqua é fonoaudióloga e mestre pela USP, professora da Escola Superior de Artes Célia Helena, ministra palestras em diversas instituições pelo país, além de ser cantora e contadora de histórias. Revista Keyboard Brasil / 31


Lanรงamento

ALFREDO

comemora 25 anos como bate

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O DIAS GOMES

erista solo em seu nono CD de carreira TENDO ACOMPANHADO, ATÉ 1993, SHOWS E GRAVAÇÕES DE ARTISTAS COMO IVAN LINS E HERMETO PASCOAL, DENTRE MUITOS OUTROS, MÚSICO CARIOCA LANÇA “JAM”, CD TOTALMENTE AUTORAL, DEDICADO AO JAZZ ROCK E MASTERIZADO POR ALEX GORDON NO ABBEY ROAD STUDIOS, COM LANÇAMENTO E X C L U S I V O PA R A S T R E A M I N G E PLATAFORMAS DIGITAIS * Por Sergio Ferraz

Revista Keyboard Brasil / 33


C

om longa carreira a serviço de estrelas da música brasileira, o baterista Alfredo Dias

Gomes decidiu, a partir de 1993, se

dedicar a sua maior aspiração: trilhar próprios rumos, compondo e gravando suas maiores influências. Foi quando deixou de integrar a banda de Ivan Lins, com quem viajou o mundo inteiro, para passar a reger de forma independente as próprias baquetas.

Desde então, após noves trabalhos solos (8 álbuns e 1 single) e uma vídeoaula (“Exercícios e Ritmos”, de 1998), o músico carioca está comemorando os 25 anos de sua proclamação com o CD “JAM”, gravado em seu próprio estúdio, na Lagoa, por Thiago Kropf, e masterizado por Alex Gordon no mítico Abbey Road Studios, de Londres. O novo disco reúne toda a sinergia do jazz rock, grande influência do baterista desde a adolescência, e traz dois exímios instrumentistas: o contrabaixista Marco Bombom (da lendária Conexão Japeri, de Ed Motta) e o guitarrista Julio Maya, com quem Alfredo tocou no início de carreira, convidando-o posteriormente para participar dos seus primeiros discos solo, “Serviço Secreto” (1985), “Alfredo Dias Gomes” (1991) e “Atmosfera” (1996). Com lançamento exclusivo em plataformas digitais, o CD já se encontra disponível para download e streaming no iTunes, Spotify, Napster e CD Baby.

34 / Revista Keyboard Brasil

O CD “JAM” abre com “The Night”, faixa surgida a partir de criações do baterista no teclado e composta exclusivamente para a formação bateria, baixo, guitarra e teclado. Na sequência, “Dream Aria” exalta o acaso e a espontaneidade: nascida de um groove no teclado à espera da banda chegar, a música teve a bateria definitiva gravada antes mesmo de nascer a melodia e se gravar os outros instrumentos. Em seguida, o baterista sintetiza em “High Speed” suas grandes influências setentistas: Billy Cobham, Mahavishnu Orchestra, The Eleventh House. A faixa “Spanish” foi pensada em destacar o baixo, com a melodia e o solo de “baixolão” do Marco Bombom. Única música “pronta” do disco, “Jazzy” ganhou releitura para esta formação, já tendo sido gravada pelo baterista em 2005 no seu Cd “Groove”. A faixa-título “JAM”, primeira a ser gravada, foi concebida exatamente conforme o nome: uma jam session, composta com arranjos na hora dos takes com Maya e Bombom. A faixa solo “Experience”, também criada a partir de frases no teclado pelo baterista, termina com um solo livre de bateria utilizando afinação diferente, mais aguda do que costuma usar. Após o disco já concluído – inclusive já masterizado! – o baterista incluiu “The End”, sentindo a necessidade de uma música do trio tocando ao mesmo tempo, encerrando uma jornada concebida no improviso e no virtuosismo.


Alfredo Dias Gomes gravou e tocou com grandes artistas, dentre eles: Hermeto Pascoal, Márcio Montarroyos, Ricardo Silveira, Torcuato Mariano, Arthur Maia, Nico Assumpção, Guilherme Dias Gomes, Luizão Maia, Ivan Lins, Heróis da Resistência, Lulu Santos, Ritchie, Kid Abelha, Sergio Dias, entre outros.

Sobre o músico... Nascido no Rio de Janeiro, em 1960, Alfredo Dias Gomes estreou profissionalmente na Música instrumental aos 18 anos, tocando na banda de Hermeto Pascoal. Gravou o disco "Cérebro Magnético" e tocou em inúmeros shows, com destaque para o II Festival de Jazz de São Paulo e o Rio Monterrey Festival. Alfredo tocou e gravou com grandes nomes da música instrumental como Márcio Montarroyos, Ricardo Silveira, Torcuato Mariano, Arthur Maia, Nico Assumpção, Guilherme Dias Gomes, Luizão Maia, entre outros. Na MPB e no Rock, tocou com Ivan Lins, participou do grupo Heróis da Resistência, tocou e gravou com Lulu Santos, Ritchie, Kid Abelha e Sergio Dias, entre outros. Completam sua discografia Tributo a Don Alias (2017), Pulse (2016), Looking Back (2015), Corona Borealis (2010), Groove (2005), Atmosfera (1996, com participações de Frank Gambale e Dominic Miller); Alfredo Dias Gomes (1991, com a participação especial de Ivan Lins) e o single Serviço Secreto, de 1985.

CD JAM – Alfredo Dias Gomes – Links para download ou streaming FICHA TÉCNICA Alfredo Dias Gomes Bateria e Teclados Julio Maya Guitarra Marco Bombom Baixo e Acoustic Bass Guitar Gravado e mixado por Thiago Kropf no ADG STUDIO Masterizado por Alex Gordon no ABBEY ROAD STUDIOS Produzido por Alfredo Dias Gomes Programação Visual Rec Design Todas as composições são de Alfredo Dias Gomes

* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento.Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 35


VOCÊ PODE ME AJUDAR?

A vista do meu ponto ASSIM COMO A MELODIA, A HARMONIA E O RITMO ENTRARAM NA MINHA VIDA COMO QUE POR E N C A N T O, T O M O PARA MIM UM PROJETO BÁSICO: FAZER COM QUE AS PESSOAS TENHAM NECESSIDADE DE MÚSICA! VAMOS A ESSA REFLEXÃO? * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

36 / Revista Keyboard Brasil


Luiz Carlos Rigo Uhlik: “O piano foi uma paixão arrebatadora e o tema que me inspirou para esta empreitada foi Song for Guy, de Elton John”.

A

Música aconteceu na minha

vida de forma surpreendente. Desde criança senti uma atração incrível por ela. Entretanto, somente quando comecei a Faculdade de Administração e Engenharia é que passei a me dedicar ao piano, de forma completa e profissional. Foi paixão arrebatadora. Qual o tema que me inspirou para esta empreitada? Song for Guy, de Elton John. A sonoridade de dois pianos acústicos, muito bem mixados, em oitavas diferentes, que poucos perceberam, mais um módulo de ritmos da Roland, um bom layer de sintetizador, três repetições, ao final, da frase “Life - isn't everything”,

deixaram os meus ouvidos perplexos. “Preciso tocar piano; preciso tocar esta música”. E, assim, tudo começou. É claro que, como "menino estudioso", tentei buscar alguém para avançar no aprendizado musical. Nada me atraiu; aliás, as pessoas, principalmente as professoras, me atraíram. Mas, de aprendizado musical, nada! Então, busquei criar a minha própria forma de avançar neste conhecimento. E a mágica aconteceu como que por encanto. Nunca tive instrumento musical em casa. A minha casa, assim como a casa de um médico, ou de um dentista, é o local de descanso, descontração e convívio Revista Keyboard Brasil / 37


familiar. Portanto, só tinha oportunidade de estudar nos lugares onde tocava. Melodia, Harmonia e Ritmo, como regra, foram se tornando tão entrelaçados, que passei a dividi-los nas minhas interpretações. Principalmente a melodia, que executava na mão esquerda, sem qualquer interferência harmônica. Isso sempre gerava uma atração espetacular no ouvinte. O som do piano proporciona esta maravilha: quando você toca a melodia na região grave, o efeito é avassalador. Como sou ambidestro, passei a transferir a harmonia para a mão direita, num executar macio das melodias na mão esquerda. As pessoas ficavam encantadas com o resultado. E, assim, acabei me destacando, num mundo dos bons profissionais que conheci na minha atividade. E, assim, acabei transformando a Música

numa necessidade. Hoje, preciso me alimentar de Música para sobreviver, principalmente porque o que a Música proporciona transforma a vida de qualquer pessoa. Para ser feliz o ser humano necessita de... – Realização, empreendimento: a necessidade de realizar feitos difíceis; de exercitar habilidades ou talentos; – Independência: a necessidade de aparecer, de ser visto pelos outros, de revelar a sua própria identidade, virar notícia; – Reconhecimento: a necessidade de ser aclamado, receber recompensas sociais, 38 / Revista Keyboard Brasil


ser notório; mostrar sua superioridade; – Dominância: a necessidade de ter poder, exercer autoridade ou ter influências sobre as pessoas; – Afiliação: a necessidade de pertencer, de ser afiliado a algum tipo de organização onde se sinta aceito e, ao mesmo tempo, possa contribuir para alguma coisa; – Nutrição: a necessidade de acalentar alguém ou alguma coisa ou causa, ajudar no progresso e desenvolvimento de outros; – Sexualidade: a necessidade de identificarse sexualmente e de exercer atração, de receber e prover satisfação sexual, de manter alternativas sexuais sem necessariamente executá-las, de evitar condenação por apetites sexuais; – Novidade ou Inovação: a necessidade de mudanças e diversidade, de experimentar o diferente, de realizar novas tarefas e aprender coisas novas, de mudar de ambiente. Se você for analisar a fundo, somente um tipo de conhecimento consegue abarcar todas as necessidades descritas acima: a

Música.

Luiz Carlos Rigo Uhlik: “Preciso me alimentar de Música para sobreviver, principalmente porque o que a Música proporciona transforma a vida de qualquer pessoa.”.

Foto: Maurício Jelê

Eu estou com a Música e tenho um Projeto Básico para a minha vida: fazer com que 7,5 bilhões de pessoas, neste planeta, gostem de Música, toquem um Instrumento Musical, falem de Música, se envolvam com Música, tenham NECESSIDADE de Música... Você pode me ajudar? Avante! *Amante da música desde o dia da sua no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos, Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 39




Homenagens

EDINO KRIEGER E RONALDO MIRANDA: DUAS EFEMÉRIDES NO ANO DE 2018 REFERÊNCIAS DA MÚSICA BRASILEIRA ERUDITA E, EM UMA ESFERA MAIS AMPLA, DA CONSTRUÇÃO DA CULTURA DO NOSSO PAÍS, SUAS OBRAS POSSUEM CARACTERÍSTICAS PRÓPRIAS, IDIOMA PRÓPRIO E, PRINCIPALMENTE, ORIGINALIDADE. LOGO, O CONHECIMENTO DA PRODUÇÃO PIANÍSTICA DE EDINO KRIEGER E RONALDO MIRANDA É ESSENCIAL. ** Por Daniel Sanches 42 / Revista Keyboard Brasil


F

alar do piano brasileiro, especificamente nos séculos XX e XXI, faz-se incompleto caso deixemos de nos debruçar sobre a obra destes dois compositores: Edino Krieger e Ronaldo Miranda. Neste ano, Krieger completa 90 anos e Miranda chega aos 70. Ambos são, sem dúvidas, referências da música brasileira erudita e, em uma esfera mais ampla, da construção da cultura do nosso país. Edino Krieger nasceu em Santa Catarina, na cidade de Brusque em 1928. Recebeu as primeiras lições de violino do seu pai, Aldo Krieger, ainda na infância. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1943 e passou a ter aulas com Edith Reis no Conservatório Brasileiro de Música. Nesse período, tornou-se aluno de composição de Hans-Joachim Koellreutter e, em 1945, passou a integrar o grupo Música Viva ao lado de Guerra-Peixe, Cláudio Santoro, Eunice Catunda e do próprio Koellreutter. Em 1948, como premiação em um concurso, teve a oportunidade de estudar com Aaron Copland, no Berkshire Music Center de Massachussets, EUA, onde também assistiu a aulas de Darius Milhaud. Estudou composição com Peter Mennin na Juilliard School of Music, e violino com William Nowinsky na Henry Street Settlement School of Music. Representou a Juilliard no Simpósio de Compositores dos Estados Unidos e Canadá realizado em Boston além de ter atuado como violinista da Mozart Orchestra de Nova Iorque. Em 1952, estudou com Ernst Krenek no III

Curso Internacional de Verão de Teresópolis no Rio Janeiro, além de ter estudado com Lennox Berkeley em Londres, da Royal Academy of Music, com bolsa do Conselho Britânico. Dentre os inúmeros prêmios que recebeu destacam-se: o primeiro prêmio no I Concurso Nacional de Composição do Ministério da Educação, em 1959, com Divertimento para Cordas. Em 1961, seu Quarteto de Cordas nº1 obteve o Prêmio Nacional do Disco. Em 1965, suas Variações Elementares foram estreadas no III Festival Interamericano de Música de Washington, e no ano seguinte seu Ludus Symphonicus foi estreado pela Orquestra de Filadélfia no III Festival de Música de Caracas, Venezuela. Em 1969 e 1970, organizou e dirigiu os Festivais de Música da Guanabara, dos quais se originaram, a partir de 1975, as Bienais de Música Brasileira Contemporânea. Além destes prêmios, destacam-se outras honrarias: Prêmio Internacional da Paz do Festival de Varsóvia (1955), Prêmio da Fundação Rottelini de Roma (1955), Medalha de Honra do Cinquentenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (1959), Troféu Golfinho de Ouro (1969 e 1988), a Medalha do Mérito Cultural Cruz e Souza, do Conselho Estadual de Cultura de Santa Catarina (1997), Comenda da Ordem Cultural do Ministério da Cultura e Belas Artes da Polônia (1985), Prêmio Nacional da Música do Ministério da Cultura (1994) e Medalha Pedro Ernesto (1994). Ao retornar ao Brasil em 1950, Revista Keyboard Brasil / 43


44 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Ricardo Hollanda

Krieger iniciou a atividade de produtor da Rádio MEC, onde exerceu a função de diretor musical além de atuar na organização na Orquestra Sinfônica Nacional. Nesse período, iniciou suas atividades como crítico musical no jornal Tribuna da Imprensa, tendo depois exercido esta função no Jornal do Brasil. Posteriormente, a coluna de crítica musical do JB passou a ser assinada por Luiz Paulo Horta e por Ronaldo Miranda após a saída de Krieger. Antes de iniciar carreira como crítico musical o carioca Ronaldo Miranda, nascido em 1948, estudou composição com Henrique Morelenbaum e piano com Dulce de Saules, na Escola de Música da UFRJ. Intensificou o seu trabalho como compositor a partir de 1977, quando obteve o 1º prêmio no Concurso de Composição para a II Bienal de Música Brasileira Contemporânea, na categoria de música de câmara. Em 1978, foi selecionado para representar o Brasil na Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO, em Paris. Recebeu inúmeros prêmios em concursos nacionais de composição e também o Troféu Golfinho de Ouro, em 1981, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e o prêmio da Associação de Críticos de Arte de São Paulo/APCA (1982 e 2006). Em 1984, foi feito Chevalier dans l'Ordre des Arts et des Lettres, pelo Ministério da Cultura da França. Em setembro de 2001, recebeu da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo o Troféu Carlos Gomes, como melhor compositor do ano.

(1) O compositor Edino Krieger, regendo a Orquestra Sinfônica Nacional. (2) Ronaldo Miranda e Ilze Trindade (duo piano a 4 mãos) em 1982.


Participou de importantes festivais internacionais: o World Music Days, em Aarhus, Dinamarca (1983); a X Bienal de Música de Berlim (1985); o World Music Days, em Budapeste, Hungria (1986); o Aspekte Festival, em Salzburgo, Áustria (1992); a série Musiques del nostre Temps, em Palma de Mallorca, Espanha (1992), Sonidos de las Americas/Brasil, no Carnegie Hall, em Nova Iorque (1996), Semana de Música Brasileira, realizada na Hochschule für Musik, em Karlsruhe, Alemanha (2000) e T h e F i r s t Wo r l d G u i t a r Congress, em Baltimore nos EUA (2004). Em novembro de 2003, a convite da Brahmsgesellschaft, foi artista residente no Brahmshaus Studio, em Baden-Baden, onde criou a obra Festspielmusik, para dois pianos e percussão. Suas composições têm sido apresentadas nas principais salas de concerto do Brasil e do exterior. Inúmeras peças de sua autoria estão gravadas e muitas delas foram comissionadas por importantes instituições, como a Fundação Apollon, de Bremen ( A l e m a n h a ) , a To w s o n University (EUA), a Organização dos Estados Americanos (OEA), Fundação Vitae, o

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, o Centro Cultural Banco do Brasil, Sala Cecília Meireles, o Ministério da Cultura do Brasil e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Recebeu encomendas também de grupos e intérpretes como o coral sueco Vokalensemble, o Quinteto Villa-Lobos e o violoncelista Antônio Meneses. Ronaldo Miranda foi professor de composição da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, diretoradjunto do Instituto Nacional de Música da FUNARTE e diretor da Sala Cecília Meireles. Atualmente, é professor de composição do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. A produção pianística destes dois compositores, em todas as suas vertentes, é essencial quando o objetivo é estabelecer uma visão panorâmica do que seria o universo composicional pianístico recente, seja no Brasil, seja no exterior. Para tanto, falo um pouco de dois trabalhos importantes desde dois mestres da música brasileira. A Suíte n. 3 de Miranda é Revista Keyboard Brasil / 45


uma composição de 1973. De acordo com o seu catálogo, consta como a sua primeiro trabalho publicada para piano solo. Trata-se de um conjunto de quatro peças para piano em que há elementos da música brasileira tanto no processo rítmico quanto no harmônico. Nesta peça o compositor já apresenta os fundamentos do seu vocabulário pianístico que estão presentes em composições posteriores. Tive a honra de realizar o registro fonográfico desta obra no disco Carioca lançado em 2016, além de apresentá-la em vários concertos. Sempre que me reaproximo desta, descubro novos elementos surpreendentes, seja em seu aspecto idiomático, seja no aspecto técnico-pianístico. Assim como a Suíte n. 3, tive a oportunidade de gravar a Sonatina de Krieger no mesmo CD de 2016. Esta é, sem dúvidas, a obra mais popular deste compositor. Constitui-se de dois movimentos contrastantes: um predominantemente lírico e outro mais rítmico e enérgico. Foi peça de confronto em concursos internacionais e obteve inúmeros registros fonográficos. Neste trabalho de 1956, o compositor utiliza elementos do nacionalismo brasileiro, mesclado com o idiomatismo composicional da música atual. Não pretendo aqui realizar profundas apresentações analíticas, tampouco tenho como intuito realizar discussões, filosóficas ou musicológicas, acerca do processo criativo destes compositores. Entretanto, quero somente

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apresentar um aspecto que julgo essencial para se considerar que a produção de um determinado compositor alcançou a sua identidade, a sua “vida própria” assim como a sua capacidade de se integrar à antologia de uma dado contexto musical e cultural. Esse aspecto consiste na capacidade que uma determinada obra – ou um conjunto de obras – tem em ser reconhecida pelo ouvinte que não é propriamente um iniciado no idiomatismo daquele compositor, ou no contexto estético daquele artista. O processo é muito simples. Por exemplo, quando ouvimos uma sinfonia qualquer de W. A. Mozart sem saber que é de Mozart, temos grandes chances de deduzir quem é o compositor indo pelo aspecto idiomático que conhecemos da totalidade da produção composicional de daquele compositor. Claro que a nossa cultura musical adquirida é somente um desses aspectos. Mas o aspecto idiomático de Mozart, ou seja, sua linguagem particular, sua transcendência técnica é o que vai fazer com que possamos deduzir quem é o autor da composição em questão. Deixe-me explicar melhor usando a minha experiência como exemplo: se hoje, ao ouvir alguma peça para piano de Ronaldo Miranda ou Edino Krieger, sem saber quais obras são, não demorarei a perceber quem são seus autores, pois Krieger e Miranda são artistas que têm seu idiomatismo próprio, definido, semelhante a uma senha bancária: pessoal e intransferível. Pode parecer que este não é


um aspecto importante, entretanto, tenho utilizado este “método de aferição pouco ortodoxo” para entender um pouco a diferença entre artistas geniais e outros que não transcenderam a função de hábeis artesãos. Geralmente não tem falhado! Claro que há os que vão defender que esta capacidade de identificação é fruto do conhecimento musical oriundo da experiência do ouvinte. E é! Até porque o conhecimento do idiomatismo composicional de um autor é um conhecimento musical previamente adquirido, mas acredito que para que haja esta capacidade perceptiva é essencial que os elementos desse idiomatismo sejam claros, definidos e perceptíveis em diversos níveis. Nada disso seria possível se a lavra destes mestres, em sua totalidade, não tivesse alcançado um grau tão elevado de maturidade em um espectro tão amplo

Daniel Sanches lançou em 2016, seu primeiro CD solo, intitulado “Carioca”, prestando homenagem a diversos compositores que tiveram parte de sua trajetória no Rio de Janeiro, tendo em seu repertório, compositores como Edino Krieger; Alberto Nepomuceno; Ernesto Nazareth; Edino Krieger; Eli Joory e Ronaldo Miranda.

que não pudéssemos afirmar que o conjunto da sua produção artística tem características próprias, idioma próprio e, principalmente, originalidade.

* Daniel Sanches, pianista natural do Rio de Janeiro, é um dos destaques do cenário musical brasileiro. Pianista da Escola de Música da UFRJ, é Mestre em Performance Musical pela UNIRIO e estudou com Maria Teresa Madeira no Conservatório Brasileiro de Música onde concluiu seu bacharelado e especialização Pedagogia do Piano. Atualmente é Doutorando em Artes Musicais da Universidade Nova de Lisboa e pela Escola Superior de Música de Lisboa na classe do Prof. Jorge Moyano. Detentor de vários prêmios em concursos nacionais, tem atuado como solista e camerista com os principais nomes da música brasileira apresentando-se nas principais salas de concerto do Brasil e Europa.


Papo de tecladista

QUE TAL EXPLORAR DA MELHOR MANEIRA O SEU TECLADO EM BUSCA DA SUA IDENTIDADE PROFISSIONAL? OLÁ AMIGOS E AMIGAS TECLADISTAS INCRÍVEIS! NO ARTIGO DESTE MÊS TRATAREMOS DE UM ASSUNTO QUE MEXE DIRETAMENTE NO OFÍCIO DOS TECLADISTAS E A SUA RELAÇÃO COM A ESCOLHA E ATUAÇÃO NO INSTRUMENTO DE TRABALHO: O TECLADO, PROPRIAMENTE. * Por Bruno de Freitas

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assando pelas redes sociais, especialmente nos grupos de tecladistas, discussões, fóruns, tenho notado que o tecladista brasileiro – como um todo – necessita de teclados com capacidade de sampleamento (capacidade de inserir samples externos de instrumentos regionalistas etc). É tão forte isso, que muitos profissionais se dedicam exclusivamente à produção de samples e ritmos a partir dos samples externos. E conseguem desenvolver o ofício de forma saudável! Incrível! Como a maioria dos teclados são de fabricação e projeto internacional, procurando agradar o mercado musical mundial, ou seja, o maior número de tecladistas dos quatro cantos do mundo, acabam disponibilizando uma variedade imensa de ritmos de todos os gêneros e estilos. Entretanto, para um país com dimensões continentais como Brasil, isso é pouco, e o que vem nos presets não dá conta mesmo! É necessário então entrar em cena os programadores de samples. Quem nunca chegou numa loja de música, para testar um novo teclado, e foi direto no timbre de sanfona? Ou nos metais? E o timbre das baterias, como andam? É assim mesmo! Nós tecladistas brasileiros precisamos de um bom e fiel timbre de acordeon, uma bateria que consiga executar uma sofrência – o famoso arrocha, com fidelidade, um contrabaixo com aqueles médios e agudos bem característicos e por que não um bom naipe de brass, ou metais?

E algo me chama a atenção: troca-se de teclado corriqueiramente, de tempos em tempos, sempre desejando o mais novo, o equipamento com mais recursos, mais bonito, mais caro, o lançamento! Tudo bem, ótimo e legítimo estar com o mais novo, mas e os timbres? Os samples lá estão também instalados nos novos! Puxa, então aqui vai uma reflexão: teclado novo e timbres “velhos”? Então nada mudou? É comum muitos tecladistas nunca usarem ou mesmo darem uma passada pelos incríveis presets recém-lançados pela marca. Opa, peraí, é claro, não vou generalizar! Há sim muitos profissionais que exploram absolutamente tudo do teclado. Mas noto que a maioria mesmo, cai direto nos samples. E essa “mania” de samples é algo negativo? Não necessariamente, é apenas uma constatação da nossa realidade. E isso não vale apenas para os teclados arranjadores, vale também para os synths. Noto que há uma busca incessante pelo timbre perfeito de piano. Compra-se um synth, de forma geral, infelizmente não pela capacidade de síntese ou necessidade de programação extensa e profunda, mas pelo timbre de piano! Isso é até engraçado, pergunto então: por que não adquirir diretamente um piano digital? Há um ano adquiri um Yamaha P115 – que por sinal vem com a tecnologia Pure CF®, que para a realidade exerço hoje – casamentos e eventos corporativos em geral – o P115 dá conta incrivelmente. E o curioso é que muitos colegas tecladistas me perguntam

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Vamos buscar a nossa identidade profissional, cada vez mais! Assim a música ganha, n ó s f i c a re m o s m a i s fe l i ze s e realizados profissionalmente e amadurecidos sem carências.

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qual sampler eu utilizo com o P115 – engraçado... O timbre de fábrica desse Digital Piano é absolutamente incrível, em todas as regiões das 88 teclas! Não há necessidade, absolutamente, de utilizar o P115 como controlador, então. Com tudo isso, constato e me pergunto: será que a necessidade de samples externos já virou uma mania, mais até que a necessidade propriamente? Penso que devamos repensar no que realmente necessitamos como músicos profissionais. Se eu toco apenas em eventos corporativos que necessitam de timbre de piano, eu logicamente preciso de um piano digital. Se eu como tecladista toco em bares ou lugares dançantes, um bom arranjador dará conta! Se eu toco em banda e preciso de um leque de timbres pop, rock, eletrônico etc, um bom synth é o caso, e assim por diante. Para fechar: vamos buscar a nossa identidade profissional, cada vez mais! Assim a música ganha, nós ficaremos mais felizes e realizados profissionalmente e amadurecidos sem carências. Um grande abraço, e até o próximo mês! Viva a

Bruno de Freitas

música!

* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 50 / Revista Keyboard Brasil



Memória

Zappalogia CANTOR

E

GUITARRISTA

NORTE-AMERICANO FRANK

ZAPPA

SEMPRE

TRABALHOU QUALQUER DE

LIMITE,

SEM TIPO

TENTANTO

DERRUBAR AS BARREIRAS E

CONCEITOS

ENTRE

O

ROCK, O JAZZ E A MÚSICA ERUDITA CONTEMPORÂNEA, PROMOVENDO INUSITADAS FUSÕES.

* Por Amyr Cantusio Jr.

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Universo Zappa é mega. É sui-generis, absurdo, bizarro e – ao mesmo tempo – criativo, sensacional e insólito. Um dos maiores músicos do século passado e do jazzrock fusion dos anos 60 e 70. Experimentalismo à flor da pele, sarcasmo ao extremo e muita, muita técnica musical e obras complexas, variando desde o blues ao jazz, do rock à opereta, do eletrônico ao concretismo e do tonal ao dodecafonismo.

Frank Vincent Zappa

Jr.

nasceu em Baltimore, Maryland, em 21 de dezembro de 1940. Zappa desde cedo foi fã do eclético, dos oprimidos e marginalizados gênios do sistema artístico. Ele admirava e incorporava a música avantgarde de Varèse, bem como o rhythm blues dos negros, entre eles Guitar Slim e Johnny Guitar Watson. Zappa dizia: “Tanto faz eu ir a uma opereta ou a um concerto de Strawinsky ou Varèse, ou a um show de blues ou maluquices como The Jewels ou Spike Jones. Se falassem: Nossa, esses caras fazem a pior música do mundo, aí com certeza eu ia mesmo ao show!”. Antes de seguir carreira solo, Zappa passou por grupos como The Blackouts, The Soots, Captain Beefheart e The Soul Of Giants, que acabou virando o famoso The Mothers Of Invention. Seu primeiro disco, Freak Out, de 1966 – lançado bem antes do Woodstock

Revista Keyboard Brasil / 53


– já mostrava a inovação e loucura que seria característica de Zappa. Aliás, aqui estaria a fórmula básica da fusion-jazzrock-avantgarde da qual muitas bandas lançariam mão como o Soft Machine, Gong, Caravan, Miles Davis, Mahavishnu Orchestra, Larry Coryell e, posteriormente, o kraut rock alemão, além de outros inúmeros músicos que também foram direta ou indiretamente influenciados por sua genialidade. Sua banda The Mothers of Invention foi banda de apoio de Yoko Ono nas experimentações sensacionais dos LPS (lados B) de John Lennon. Pouca gente ouve ou conhece, e muitos detestam, porque Zappa é um músico visceral de vanguarda, que mistura o jazz, blues, rock e música erudita num pacote experimental total. Em minha opinião de fã e músico [tive quase todos os LPs dele], a obra de Zappa possui uma homogeneidade, ao contrário do que afirmam alguns. Pode-se ouvir de longe quando a música é dele. Sua guitarra e vozeirão barítono característico, misturado com vocais bizarros e satíricos, são sua marca registrada. Aquele visual meio grude-punkdesleixado é a bandeira e capa da maior parte de seus discos. De fato, um guitarrista de mão cheia. Um grande compositor para big bands como, por exemplo, nos discos The Grand Wazoo ou Hot Rats. O disco One Size Fit's all é uma ópera de humor negro sensacional, musicalmente complexa, onde Zappa e o tecladista George Duke destroem na voz e em seus respectivos instrumentos, ainda 54 / Revista Keyboard Brasil

com a pegada do virtuose batera Chester Thompson (hoje a sombra de Phil Collins no Genesis). Zappa sempre convidou muitos músicos virtuoses e versáteis, não dispensando a comicidade e agressão verbal ao sistema. Indico aqui em parte, logo abaixo, os discos que tem uma tendência mais progressiva aos apreciadores do gênero que não conhecem a obra deste maluco: Over-Nite Sensation [1973 – com Jean Luc-Ponty no violino] Waka/Jawaka [1972] Apostrophe [1974] One Size Fits All [1975 – com Chester Thompson na bateria] Sleep Dirt [1979 – com Terry Bozzio na batera] Sheik Yerbouti [1979] Tinsel Town Rebellion [1981] Shut Up 'N' Play Yer Guitar [1981 – obraprima tripla em vinil e lisérgica para guitarristas] Outros grandes discos, que já são mais na linha fusion: Absolutely Free [1967] Uncle Meat [1969] Hot Rats [1969] Chunga's Revenge [1970] 200 Motels [1971] The Grand Wazoo [1972] Ship Arriving Too Late To Save A Drowning Witch [1982] The Man From Utopia [1983] Baby Snakes [1983] London Symphony Orchestra Vol.1 [1983]


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Pouca gente ouve ou conhece Frank Zappa, e muitos detestam, porque Zappa é um músico visceral de vanguarda, que mistura o jazz, blues, rock e música erudita num pacote experimental total.

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– Amyr Cantusio Jr.

Boulez Conducts Zappa: The Perfect Stranger [1984] Guitar [1988] Make A Jazz Noise Here [1991] Playground Psychotics [1992] The Yellow Shark [1993] Civilization, Phaze III [1994] The Lost Episodes [1996] Läther [1996] Son Of Cheep Thrills [1998] Ouçam ainda os primeiros com o The Mothers Of Invention que contam com muita psicodelia ácida. Zappa adquiriu um câncer de próstata que lhe foi fatal. No dia 4 de dezembro de 1993 após inútil tratamento faleceu. Deixou sua obra para a posteridade! *Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 56 / Revista Keyboard Brasil


PULSEIRA DE

SCHUMANN

como funciona?

A Pulseira de Schumann atrai a energia natural do magnetismo, que é essencial para a existência humana e a saúde no todo. A pulseira utiliza 6 imãs que atrai a ressonância da terra 7,83 Hz para seu corpo.

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Neurociência

AS MENSAGENS SUBLIMINARES UTILIZADAS A S E U FAV O R ! ESTUDOS COMPROVAM QUE SOMOS UM PRODUTO DE NOSSOS PRÓPRIOS PENSAMENTOS.

POR

ISSO,

AS

AFIRMAÇÕES POSITIVAS ATRAVÉS DAS MENSAGENS SUBLIMINARES POSSUEM UM IMENSO PODER TRANSFORMADOR E SÃO EMPREGADAS DE INÚMERAS MANEIRAS. ENTENDA A VERDADEIRA CIÊNCIA DO INCONSCIENTE – MENSAGENS SUBLIMINARES.

Fotos: Divulgação

*Por Heloísa Godoy

58 / Revista Keyboard Brasil

AS


Revista Keyboard Brasil / 59


H

á mais de um século, psicólogos clínicos e pesquisadores já conhecem o fato de que dispomos de

uma vida inconsciente rica e ativa, que funciona em paralelo a nossos pensamentos e sentimentos conscientes e exerce poderoso efeito sobre eles, de uma forma que apenas agora começamos a medir com algum grau de precisão. Os aspectos do comportamento humano foram investigados por Jung, Freud e muitos outros no século XX. Porém, propiciaram apenas conhecimentos difusos e indiretos. Atualmente, novas e sofisticadas tecnologias tornaram possível uma verdadeira ciência do inconsciente – as mensagens subliminares. Dá-se o nome de mensagem subliminar toda aquela mensagem que é transmitida abaixo dos limites da nossa percepção consciente, ou seja, de maneira oculta, tanto auditiva quanto visual (podendo ser colocadas em sons, ima-

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OS ASPECTOS SUBLIMINARES DE TUDO O QUE ACONTECE CONOSCO PODEM PARECER POUCO IMPORTANTES NA V I DA C OT I D I A NA . . . [ M A S ] S Ã O A S R A Í Z E S Q UA S E INVISÍVEIS DE NOSSOS PENSAMENTOS CONSCIENTES.

logos a empregam para se referir ao que está abaixo do limite da consciência. Estudos de pesquisadores renomados, como Leonard Mlodinow (aprovados por Stephen Hawking), comprovam que somos um produto de nossos próprios pensamentos. Basta consideramos que a única coisa que nos impede de atingir nossas metas pode estar dentro de nós mesmos. Há hábitos físicos, hábitos internos e hábitos de pensamento que são mantidos nas partes subconscientes de nossas mentes. Anos de acumulação negativa em nosso subconsciente, tornam-se parte de

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– Carl Jung (psiquiatra suíço responsável por fundar a psicologia analítica, que explora a importância da psique individual e sua busca pela totalidade). 60 / Revista Keyboard Brasil

gens, vídeos ou textos) por meio de técnicas específicas. Dessa maneira, a mensagem subliminar é absorvida e aceita influenciando escolhas, atitudes e motivando a tomar decisões posteriores. A palavra subliminar vem do latim e significa “abaixo do limite”. Os psicó-


Fotos: Divulgação

Foto maior: As redes de Fast Food como o MacDonald's utilizam cores que favorecem a mastigação rápida com o intuito de terem um maior fluxo de pessoas consumindo seus lanches. Fotos menores (1): Leonard Mlodinow (renomado físico, químico e matemático americano, roteirista de séries consagradas como MacGyver e Star Trek, colunista do New York Times e autor de livros científicos, como o Subliminar – como o inconsciente influencia nossas vidas, além do aclamado Brevíssima História do Tempo, um best-seller internacional, traduzido em 25 idiomas e escrito conjuntamente com (2) Stephen William Hawking (físico teórico e cosmólogo britânico. Morto este mês).

nossas mentes, causando incertezas e medos que formam hábitos capazes de controlar o resto de nossas vidas, impedindo-nos de atingirmos nosso pleno potencial. As afirmações positivas através das mensagens subliminares possuem um imenso poder transformador e são empregadas de inúmeras maneiras: de forma didática (para ensinar idiomas enquanto o estudante dorme), de forma terapêutica (para, por exemplo, curar fobias e traumas psíquicos), para vender produtos (em filmes, novelas e desenhos) e até eleger presidentes da República. Existem grandes empresas que colocam vírus nos próprios computadores fazendo piscar na tela (efeito flicker) frases como “trabalhe mais rápido”,

aumentando a produtividade dos empregados. Supermercados instalam som ambiente com frases “sou honesto” e “roubar é errado”, a fim de reduzir os índices de furtos entre os clientes. Alguns bancos agem de forma semelhante estimulando aplicações financeiras. As redes de Fast Food como o MacDonald's utilizam cores que favorecem a mastigação rápida com o intuito de terem um maior fluxo de pessoas consumindo seus lanches. De fato, quando estas mensagens vencem as resistências internas, produzem mudanças benéficas no comportamento consciente, reorientando o indivíduo para a realização do seu real potencial. Veja alguns benefícios das mensagens subliminares para você: – Aumentar a capacidade de aprendizado, memória, criatividade e concentração; – Proporcionar autoconfiança; – Reduzir ansiedade, tensão e preocupações do dia a dia; – Trabalhar a motivação, decisão e resolução de problemas; – Acabar com os bloqueios mentais e emocionais, entre outros.

* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost writer e esportista. Está há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. Revista Keyboard Brasil / 61


Experiências

A magia do piano

Foto: Divulgação

NESSE ARTIGO DE HOJE VOU CONTAR UM POUCO DA MINHA EXPERIÊNCIA AO TOCAR PIANO DE CAUDA EM UMA DAS MAIS FAMOSAS PADARIAS DE SOROCABA. * Por Hamilton de Oliveira

62 / Revista Keyboard Brasil


D

urante quatro dias tive a oportunidade de vivenciar um momento único em minha vida, quando toquei para uma plateia diversificada e, ao mesmo tempo, encantada com um piano de cauda dentro de um estabelecimento comercial: a famosa Padaria Real de Sorocaba. Ludwig van Beethoven já dizia que “a música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria”. Essa foi a sensação ao tocar canções que penetravam a alma dos ouvintes e as transportavam para um mundo imaginário onde as sensações sentidas são plenas e abundantes. As crianças se divertiam ao ouvirem as melodias da Galinha pintadinha, ao mesmo tempo em que ouviam Trenzinho caipira, de Heitor Villa Lobos. As mais jovens cantavam as melodias dos “hits” atuais soladas no piano e os mais velhos relembravam aquelas músicas que marcaram épocas e que não voltam mais. Sempre digo aos meus alunos que a música tem que vir de dentro, mas somada a uma excelente técnica de execução e uma boa dose de teoria, para assim conseguir transmitir o que chamamos de vibração, energias positivas e emoção aos ouvintes. Mas como a música é capaz de ativar as diversas sensações nas pessoas? Em uma consulta na internet me deparo com algumas músicas eruditas que ativam sensações. Achei fantástico que para energizar o corpo físico você pode ouvir Beethoven: Marcha Turca (de As Ruínas de Atenas), Brahms: Danças Húngaras, Copland: Fanfarra para o homem comum e rodeio, Dvorák: Carnaval e Danças Eslavas, Elgar: Pompa e Circunstância nº 1, Mendelson: Sonho de uma Noite de Verão, Revista Keyboard Brasil / 63


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Mozart: O Rapto do Serralho, Don Giovanni e a Flauta Mágica. Para dissipar a raiva é aconselhável Beethoven: Abertura Egmont, Brahms: Concerto para piano nº 1, Ginastera: Estância, Saint Säens: Sinfonia nº 3 (último movimento), Tchaikovsky: Sinfonia nº 5 (último movimento), Wagner: A Cavalgada das Valquírias, Lohegrin: Prelúdio do 3º Ato. Para superar medo e depressão indica-se Beethoven: Concerto para piano nº 5 (O Imperador), Dvorák: Sinfonia nº 8, Danças Eslavas, Händel: Música Aquática, Música dos fogos de artifício, Corais do Messias e de Israel no Egito, Mendelssohn: Sinfonia nº 4 (Italiana), Mozart: Sinfonia nº 35 (Haffner), Parry: Jerusalém, Rachmaninoff: Concerto para piano e orquestra nº 2 (movimento final). Para aliviar o tédio, o autor cita Haydn: Concerto para trompete, Liszt: Rapsódias Húngaras, Prokofieff: Tenente Kije, Respighi: Os Pinheiros de Roma, Danças e árias antigas, Rimski-Korsakoff: Scheherazade, Rodrigo: Concerto Aranjuez, Fantasia para um cortesão. Para proporcionar força e coragem temos Beethoven: Concerto para Piano nº 5 (O imperador), Fantasia Coral para piano e orquestra, Berlioz: Haroldo na Itália (3º e 4º movimento), Brahms: Sinfonia nº 2, Copland: Um retrato de Lincoln, Elgar: Pompa e Circunstância nº 1, Richard Strauss: Assim

A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria!

– Ludwig van Beethoven

falou Zaratustra. Para meditação e prece ouve-se Bach: Vem doce morte, Tocata e Fuga (versão orquestral), Brukner: Sinfonia nº 8 Dvorák: Largo (Sinfonia nº 9), Elgar: Nimrod (Enigma Variations), Fauré: Réquiem, Händel: Largo (Xerxes), Paulo Horn: No Taj Mahal, Mozart: Vesperae Solemnes de Confessore, Sanctus, Ave Verum Corpus, Palestina: Missa do Papa Marcelo, Wagner: Lohengrin (Prelúdio do 1º Ato). Por fim, para despertar o amor e a devoção Bach: Jesus alegria dos homens, Franch: Panis Angelicus, Grieg: Eu te amo, Mendelssohn: Concerto para violino, Rochmaninoff: Variação da Rapsódia sobre um tema de Paganini, Wagner: Morte de amor de Tristão e Isolda, Prelúdio de 1º Ato de Persifal. No mais, acredito que a música fala mais alto ao coração, e sendo assim, sugiro que vocês escutem a canção de sua preferência e sintam a vibração positiva transformar a sua alma. Até breve

* Hamilton de Oliveira estudou MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí. Formou-se em Licenciatura em Música pela UNISO e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 64 / Revista Keyboard Brasil



Agenda

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66 / Revista Keyboard Brasil


S

emanalmente, a Shure, marca líder mundial no setor de microfones e áudio

profissional oferece webnários gratuitos sobre diferentes e relevantes temas para os segmentos de música, broadcast e soluções de áudio para instalações corporativas. ‘Agora em plataforma que oferece maior interatividade e contato entre os palestrantes e a audiência, os conteúdos serão apresentados simultaneamente a vídeos e comentários, com direito a entrevistas com convidados externos que são especialistas no assunto. Ministrados todas as sextasfeiras, às 10h (horário de Brasília), os webnários da Shure são voltados

a profissionais de TI, músicos, técnicos de áudio, integradores de áudio e vídeo, estudantes, consultores, engenheiros de áudio, coordenadores de RF e consumidores finais. Os próximos cursos abordarão os temas “Escolhendo um sistema sem fio” e “Linha de microfones Motiv”. Para participar das aulas, os interessados podem se inscrever diretamente pelo site da Shure do Brasil shurebrasil.com na seção “Cursos Online” ou então enviar um e-mail para relacoespublicas@shure.com . Abaixo, é possível conferir a programação de março de 2018: Mar 23 – Escolhendo um sistema sem fio Mar 30 – Linha de microfones Motiv

Sobre a Shure Incorporated * Fundada em 1925, a Shure Incorporated (www.shure.com) é reconhecida como a maior fabricante mundial de microfones e produtos eletrônicos de áudio. Sua linha diversificada de produtos inclui microfones com fio, sistemas de microfone sem fio, sistemas de monitoramento pessoal intraauricular, sistemas de conferência e discussão, sistemas de áudio em

rede, premiados earphones e headphones, além de cartuchos fonográficos da mais alta qualidade. Sediada em Niles, Illinois (EUA), possui sedes regionais de vendas e marketing em Eppingen (Alemanha) e Hong Kong (China) e 30 outras unidades de fabricação e escritórios regionais de vendas nas Américas, Europa, Oriente Médio, África e Ásia. Revista Keyboard Brasil / 67


Fotos: Divulgação

Perfil

Joh E s

TECNO

ALIADA

CRIADOR DO C JOHNNY ESS TECNOLOGIA EXPERIÊNCIA C MUSICAL E PE VIVO NO PALC LADO DE DIV SOLIDIFICOU COMO TECLAD RESPEITO CONFERINDO-L DE UM DO DIRETORES MU

* Por R

68 / Revista Keyboard Brasil


hnny s s i

OLOGIA

À MÚSICA

CONTINUOUS PAD! SI É ÁVIDO POR A. SUA VASTA COMO PRODUTOR ERFORMANCES AO CO ATUANDO AO VERSOS ARTISTAS, SUA TRAJETÓRIA DISTA E ADQUIRIU E ADMIRAÇÃO -LHE O POSTO OS MELHORES USICAIS DO PAÍS.

Rafael Sanit

J

ohnny Essi, hoje residente na cidade do Rio de Janeiro, é natural de Minas Gerais. Estudou áudio, teve grande

experiência em vendas de equipamentos e

softwares para produções musicais e prestou

consultorias para formação de studios de gravação. Ávido por tecnologia, está sempre se atualizando e inovando ao criar novos sons, marca registrada na sua vasta experiência como produtor musical e em suas performances ao vivo no palco de diversos artistas com quem já trabalhou e solidificou sua trajetória como tecladista e diretor musical. Johnny Essi é o criador do Continuous Pad! uma ferramenta prática e inovadora que proporciona ao músico a facilidade de disparar notas contínuas de Synth Pads utilizando um laptop, tablet ou mesmo um smartphone. Seu funcionamento não necessita softwares caros ou complexos, basta saber a tônica do campo harmônico para usar. Tudo isso com a certeza de que sua performance musical nunca mais será a mesma! A Bamboo Produtora está localizada na cidade do Rio de Janeiro, região da Barra da Tijuca. É dirigida pelo produtor Johnny Essi e carrega, em seu DNA a qualidade, pontualidade, diferenciais de acabamento e atendimento característicos de seu diretor executivo. Em 2015 alguns sons experimentais de Johnny Essi traçaram o caminho que o uniu à Arturia. Essa marca francesa especializada em instrumentos virtuais para música eletrônica, synths analógicos e controladores midi tem tudo a ver com a paixão de Johnny por tecnologia. Revista Keyboard Brasil / 69


Tecladista, produtor, diretor musical e endorseer da Arturia, Johnny Essi é o criador do Continuous Pad e diretor da Bamboo Produtora, localizada na cidade do Rio de Janeiro.

Experiência profissional Workshops Expomusic 2007 – Especialista de Produtos Roland Synths e Workstations. DVD Diante do Trono Infantil – Para Adorar ao Senhor (2008) Mariana Valadão (TOUR 2008/2010) Play Pires – (2010) Santa Geração- Antonio Cirilo (2009/2011) Fernandinho (TOUR 2010/2012) DVD Thalles Roberto 2011 DVD Diante do Trono – Creio (2012) DVD Diante do Trono Infantil – Davi (2012) CD Ana Nóbrega - SOM LIVRE (2013) CD Gustavo Esquivel (2013) CD Adriana Moreira – Back Jota Quest – (2013) Show Lorena Chaves - (2014/2017) Arturia Official - 2015 The Voice Brasil - 1 participação em 2016. Tour Os Arrais - ( 2016/2017/2018) Lexa - direção musical e teclados (2016) The Voice Brasil - 1 participação em 2016. Produção Priscilla Alcantara - Sony Music (2017) Tanto faz, Liberdade e Inteiro (2018) Produção Single Arianne - Sony Music (2017 e 2018) Produção Supertoy - Sony Music (2017) Produção SINGLE Gabriel Guedes (2018) - Só pra te ouvir. Produção Aline Barros - Ep Sony Music ( lança em 2018) SINGLE Gabriela Gomes - Universal Music -2018

* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans. 70 / Revista Keyboard Brasil



Enfoque

Para compreender melhor uma foto histรณrica que fala sobre o site do Instituto Piano Brasileiro 72 / Revista Keyboard Brasil


Osvaldo Colarusso: “Na foto ao lado vemos (sentadas da esquerda para a direita) Felicja Blumental, Guiomar Novaes, Yara Bernette e a pintora Tarsila do Amaral. Em pé, da esquerda para a direita, temos: Anna Stella Schic, Souza Lima (atrás de Guiomar Novaes), o professor José Kliass (atrás de Yara Bernette, sua sobrinha), Gilberto Tinetti, Annete Celine (filha de Felicja Blumental), Markus Mizne (esposo da mesma), João Carlos Martins e Odette Faria. Para as novas gerações, muitos destes nomes são completamente estranhos”.

maiores pintoras brasileiras (Tarsila do Amaral) faz com que a foto assuma

DIVULGADA PELO INSTITUTO PIANO BRASILEIRO, ESTA FOTO DEMONSTRA UMA RIQUEZA E DIVERSIDADE CULTURAL QUE SINTO E QUE SE TORNA CADA VEZ MAIS RARA ENTRE NÓS. ENTENDA O PORQUE.

** Por Maestro Osvaldo Colarusso

O

site do Instituto Piano brasileiro divulgou uma foto que me deixou boquiaberto. A foto foi tirada em 1962 no vernissage da cantora (meio soprano) e artista plástica brasileira Annete Celine. Aliás a foto veio de sua coleção particular. Compreender quem está nesta foto pode ser tremendamente enriquecedor tanto para a história da arte pianística entre nós como da enorme contribuição de estrangeiros que vieram ao Brasil fugindo do antissemitismo que assolava a Europa na primeira metade do século XX. A presença de uma das

aspectos que vão além do pianismo brasileiro. Na foto vemos (sentadas da esquerda para a direita) Felicja Blumental, Guiomar Novaes, Yara Bernette e a pintora Tarsila do Amaral. Em pé, da esquerda para a direita, temos: Anna Stella Schic, Souza Lima (atrás de Guiomar Novaes), o professor José Kliass (atrás de Yara Bernette, sua sobrinha), Gilberto Tinetti, Annete Celine (filha de Felicja Blumental), Markus Mizne (esposo da mesma), João Carlos Martins e Odette Faria. Para as novas gerações muitos destes nomes são completamente estranhos. Por isso creio que é importante falar dos principais personagens desta foto, figuras que merecem toda a nossa reverência. Vou me ater apenas aos músicos já falecidos. Revista Keyboard Brasil / 73


Felicja Blumental Esta grande pianista nasceu em Varsóvia no ano de 1908. Felicja Blumental estudou piano com Zbigniew Drzewiecki e composição com o mais importante compositor polonês do início do século, Karol Szymanowski. Em 1938, ela e seu marido, o artista plástico Markus Mizne, fogem para o Brasil, tornando-se posteriormente cidadã do nosso país. Excelente intérprete de Chopin, de Szymanowski, de Mozart e de Beethoven vai se interessar profundamente pela música brasileira. Prova maior é que Abaixo: A artista plástica Annette Celine e as pianistas Felicja Blumental e Yara Bernette. Sem data. Acervo particular de Annette Celine. Divulgado pelo Instituto piano brasileiro.

Heitor Villa-Lobos dedicou a ela seu Concerto Nº 5 para piano e orquestra (na minha opinião o melhor da série) que ela estreou em Londres em 1955 sob a regência de Jean Martinon, e que gravou no ano seguinte em Paris, sob a regência do próprio autor. Mas esta incrível mulher não parou por aí. O exemplo maior de sua estreita colaboração com a música de seu tempo é que em 1972 tocou a estreia mundial da Partita para cravo e orquestra do compositor polonês Krzysztof Penderecki, uma de suas mais ousadas composições. Foi ela quem gravou a obra pela primeira vez em 1979 sob a regência do autor. Faleceu em 1991 em Israel, em meio a uma turnê de concertos.

Guiomar Novaes Uma das mais importantes pianistas do século XX Guiomar Novaes (1894-1979) permanece como uma das maiores glorias da música clássica brasileira. Internacionalmente foi a musicista brasileira mais conhecida. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922 executando obras de Satie e VillaLobos. Foi solista das mais importantes orquestras do mundo, e suas gravações são até hoje consideradas mundialmente como referências absolutas. Muito mais lembrada fora daqui, é mais uma triste história de nosso descaso cultural. Yara Bernette Outra excepcional pianista Yara Bernette (1920-2002) estudou em São 74 / Revista Keyboard Brasil


Paulo com seu tio José Kliass. Fatos notáveis da vida desta grande artista é que foi a primeira pianista mulher a executar o Concerto Nº 2 de Brahms com a Filarmônica de Berlim, que na ocasião foi regida por Karl Böhm. Foi contratada da Deutsche Grammophon e, em 1972, se tornou chefe da cadeira de piano da Escola Superior de Música e Arte Dramática de Hamburgo, na Alemanha. Assim como Felicja Blumental atuou diversas vezes como solista em concertos regidos por Heitor Villa-Lobos.

francês. Amigo de Mário de Andrade atou frequentemente como regente. Souza Lima foi responsável pela formação de inúmeros pianistas. Pelas poucas gravações que realizou percebe-se que foi um pianista excepcional. Foi também muito profícuo como compositor.

José Kliass José Kliass (1895-1970) foi um dos mais importantes professores de piano do Brasil na segunda metade do século XX.

Anna Stella Schic Outro destaque na foto Anna Stella Schic (1922-2009) foi uma importante pianista brasileira, a primeira a gravar a obra integral para piano de Heitor Villa-Lobos, de quem foi grande amiga. Também estudou com José Kliass em São Paulo e com Marguerite Long em Paris. Casou em segundas núpcias com o professor e compositor francês Michel Philippot (1925-1996). Os dois foram responsáveis pela estruturação do curso de música da Unesp. Por isso residiram em São Paulo de 1976 até 1979.

Abaixo: (1) Anna Stella Schic. Fotógrafa: Dulce Carneiro. Data desconhecida. Acervo de Ronaldo Miranda. (2) Guiomar Novaes. Revista "O Malho", 1945, ed.0060. (3) Souza Lima, data desconhecida, São Paulo. Coleção particular de Yara Ferraz. Todas as fotografias gentilmente cedidas ao IPB para digitalização.

Sousa Lima João de Sousa Lima (1898 – 1982) foi um grande pianista paulista. Estudou no Brasil com Luigi Chiaffarelli (o mesmo professor de Guiomar Novaes) e na França com Marguerite Long. Amigo pessoal dos compositores franceses Maurice Ravel e Paul Dukas, colaborou de forma decisiva para que Villa-Lobos se inserisse no meio musical Revista Keyboard Brasil / 75


Nascido na Rússia e de origem judaica, José Kliass (1895-1970) estudou em seu país e mais tarde no Stern's Conservatório, em Berlim, com o extraordinário professor Martin Krause, que foi discípulo e secretário particular de Franz Liszt. Transferiu-se para o Brasil depois da primeira guerra mundial. A lista de seus alunos que estudaram por mais de quatro anos com ele e que se tornaram instrumentistas renomados é impressionante: Bernardo Segall, Estelinha Epstein, Yara Bernette, Anna Stella Schic, Belkiss Carneiro de Mendonça, Lídia Simões, Isabel Mourão, Ney Salgado, Jocy de Oliveira, Glacy Antunes de Oliveira e os irmão João Carlos e José Eduardo Martins, entre muitos outros.

À guisa de conclusão Conheci pessoalmente Guiomar Novaes, Yara Bernette e Anna Stela Schic, sendo que com as duas últimas trabalhei profissionalmente. Anna Stella era esposa de meu principal professor, Michel Philippot, e tive um estreito contato pessoal com ela. Em mais de uma vez me falou de José Kliass e de sua experiência tendo sido aluna dele por muitos anos. O

que me impressionou muito até hoje é a diferença de personalidade destas grandes pianistas. Cada uma de sua própria maneira se expressaram de forma altamente pessoal. Esta foto demonstra uma riqueza e diversidade cultural que sinto que se torna cada vez mais rara entre nós. Para concluir cito as palavras do pianista José Eduardo Martins a respeito de seu mestre, José Kliass, e de como vê a situação do ensino de piano na atualidade: “Se as denominadas Escolas de Piano deixaram de ter no Brasil a aura que mestres reverenciados e competentes de outrora conseguiram conquistar em contexto sociocultural totalmente outro, mais ainda a figura de José Kliass se apresenta de maneira insofismável”. “Homogeneizou-se a carreira de pianista, pois hoje são incontáveis os que percorrem o planeta, tantos deles oriundos do Extremo-Oriente e quase todos egressos de concursos que possibilitam breves holofotes a tantos virtuoses, luzes essa dirigidas a cada ano a novos vencedores dos incontáveis concursos internacionais de piano. Executam majoritariamente as mesmas obras conhecidas do Sistema, obedecendo in totum o que fazem os pianistas já estabelecidos na carreira. Pouco a fazer”! Que esta foto sirva de estímulo a todos nós.

* Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresen-tador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. 76 / Revista Keyboard Brasil



Tecnologia

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*iPad: o melhor amigo do

TECLADISTA! STEVE JOBS CRIADOR DA APPLE, IPOD, IPHONE, IPAD... COLOCOU A TECNOLOGIA NA PALMA DE NOSSA MÃO. HOJE VOU FALAR SOBRE ALGUNS APLICATIVOS PARA IPAD DEDICADOS À MÚSICA NA APPLE STORE QUE UTILIZO EM MEU SET NOS SHOWS. * Daniel Baaran

Revista Keyboard Brasil / 25


O gênio visionário Steve Jobs – criador da Apple, iPod, iPhone, iPad... Foi o responsável por revolucionar segmentos da indústria e colocar a tecnologia na palma da mão do consumidor.

E

m 27 de Janeiro de 2010, em uma conferência para imprensa, em São Francisco (Estados Unidos da América), o grande mestre e CEO da Apple – Steve Jobs – nos apresentou um meio termo entre o smartphone e o notebook, o iPad. Lembro-me muito bem desse dia e, minha impressão sobre esse produto, não era das melhores. Na verdade, não concordava com Steve Jobs. Achava que o iPad não fazia o que um notebook fazia! Também não era pequeno ao ponto de colocá-lo no bolso… Essa impressão durou bastante tempo, até que um dia, vi um rapaz tocando bateria com os dedos no aplicativo Garage Band. Foi incrível ouvir tamanha qualidade sonora em um aparelho tão fino e portátil. Após esse acontecimento, é claro que eu fiquei

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louco para ter um iPad! Um amigo estava vendendo e fui correndo comprá-lo. No começo, fiquei meio perdido. Com o tempo, comecei a descobrir app cada vez melhores. Entretanto, na tela, esses app pareciam mais brinquedos que um instrumento virtual que se pode usar profissionalmente. E, assim, surgiu a seguinte pergunta: – Como vou ligar um teclado ou controlador no meu iPad? A resposta veio bem rápido em minhas pesquisas pela maravilhosa internet: era só comprar o Camera Kit Conection (imagem abaixo)! Um acessório que servia para passar suas fotos direto da câmera para o iPad. Na verdade, ele transformava saída de 30


pinos do Ipad em USB possibilitando, assim, que eu usasse um controlador ou interface MIDI X USB para controlar o iPad. Claro que o iPad não alimentava um controlador, então, eu ligava o controlador com uma fonte e, depois só mandava as informações MIDI pelo cabo USB. Existem empresas que também fizeram adaptadores específicos para essa função como, por exemplo, o iRig MIDI e o MIDI Mobilizer 2 da Line 6. Agora que eu já sabia como conectar meu teclado no iPad, era só procurar um aplicativo com qualidade sonora em um nível professional. Assim, começou a busca. Existe uma infinidade de aplicativos dedicados à música na Apple Store e, a cada dia, esse número cresce. Hoje, vou falar sobre alguns que me identifiquei e, por consequência, são utilizados em meu set nos shows. Recomendo com certeza! O primeiro que baixei foi o SampleTank, um aplicativo fantástico que possui uma biblioteca muito rica de sons e, o mais interessante, é que você pode combinar até quatro sons em um único timbre. O SamleTank disponibiliza uma versão FREE que vem com uma pequena amostra do que o aplicativo faz e, posteriormente, você poderá comprar mais sons clicando em menu e visitando a loja. Existe a biblioteca FULL e outras adicionais.

SampleTank é a revolucionária estação de trabalho de sons e grooves multitimbral móvel de 4 partes que põe centenas de instrumentos e padrões sampleados na ponta de seus dedos.

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iGrand Piano é o primeiro aplicativo de piano com qualidade de concerto, oferecendo até 40 pianos multisampleados com som lindo, verdadeiramente estéreo, com fidelidade que rivaliza com os melhores instrumentos profissionais de piano para Mac e PC.

O aplicativo iLectric Piano traz sons de clássicos pianos elétricos e teclados eletrônicos que produziram alguns dos mais marcantes timbres que enfeitaram e definiram desde megahits do Pop a standards do Jazz ao Rock clássico, entre outros, tudo dentro do iPad.

Jordan Rudess – tecladista do Dream Theater e o nome da vez no metal progressivo, é um dos maiores tecladistas da atualidade. O músico também se encantou pelo iPad e criou uma empresa para se dedicar à criação de aplicativos voltados para música. Três grandes sucessos são os Morphwiz, SampleWiz e Geo Synthesizer. 82 / Revista Keyboard Brasil

Outro aplicativo muito interessante é o iGrand Piano que vem com ótimos sons de piano acústico com vários modelos diferentes, tanto de cauda, quanto pianos de armário. Outra vantagem do iGrand Piano é que você pode editar os sons com parâmetros como equalizador de 5 bandas, ambiência, transposer, afinação e release. O aplicativo também possui metrônomo para estudo. Para a IK Multimedia somente os pianos acústicos e outro com uma biblioteca geral, não eram suficientes. Por isso, recentemente, a IK Multimedia lançou mais um aplicativo incrível, chamado iLectric Piano. A proposta é a mesma do iGrand, porém, com sons de pianos elétricos como os Rodhes Mack 1, Marck 2 e Mark 5, Yamaha DX-7, Clavinet e Wurly.


Piano Partner é um app exclusivo para iPad da Roland, que fornece uma maneira nova e interativa de aprender e tocar um piano. Contém três aplicações: cartão flash, navegador de conteúdo, e DigiScore Lite. Estas aplicações inspiram e ajudam a aprender mais sobre música e a tocar piano.

A Roland também tem investido pesado em aplicativos para iPad. Tanto aplicativos com interação com teclados Roland, quanto aplicativos independentes. Veja alguns exemplos: Com Piano Partner você controla os pianos Roland e, ainda, tem jogos interativos como os Flash Card e DigiScore Lite. Outros aplicativos interessantes são os editores de timbres como o do JÚPITER 80, INTEGRA 7 VR-09, entre outros. A Roland também criou um aplicativo muito interessante chamado R-MIX

TAB. A versão para iPad do grande software de computador que mostra onde cada instrumento ou voz atua através de cores e você pode escolher se aquela região do instrumento está atuando e atenuá-lo ou deixá-lo mais evidente. Ou seja, se você identifica uma voz principal poderá abaixar seu volume e, assim, criar um playback. A Korg também não ficou atrás e começou a desenvolver aplicativos de alta qualidade como o Korg iMS-20, iElectribe, iPolysix, iKaossilator e Module.

Revista Keyboard Brasil / 83


O IMS-20 da Korg pontua como uma das melhores marcas possuindo tons ricos e de estilo analógico.

Esses aplicativos trazem sons clássicos da Korg como os do sintetizador MS-20 e Polysix. São bem divertidos e nos dá uma noção de como são os sintetizadores analógicos. Certo dia, um rapaz falou para mim: “Por mais que esses aplicativos sejam legais, nunca serão iguais aos instrumentos reais”. E ele está certo! Porém, o mais legal é que esses aplicativos são baratos e te dá uma boa ideia dos sons e funções que o instrumento real possui. Desse modo, após experimentá-los, você poderá ir à loja sabendo manusear seu instrumento.

Outra vantagem de ter um iPad é que, além dos instrumentos virtuais, também funciona como agenda, Bíblia, calendário… Tem internet, facebook e muito mais. Por isso, eu sempre digo: se você é tecladista, tem obrigação de ter um iPad para somar em seu “SET”, além de ser divertido também. Essa é mais uma dica para você, tecladista e leitor da Revista Keyboard Brasil! Tamu Junto!

* Artigo escrito por Daniel Baaran - músico e colaborador da Revista Keyboard Brasil para a edição de número 20 do ano de 2015. 84 / Revista Keyboard Brasil



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