Articulação entre Modelo de Auto-avaliação BE e Avaliação Externa da Escola (uma perspectiva)

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AVALIAR NA E COM A ESCOLA: ANÁLISE DE RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO EXTERNA DAS ESCOLAS – REFERÊNCIAS À BIBLIOTECA ESCOLAR

A actividade de Avaliação enquadra‐se no âmbito da avaliação organizacional e pretende assumir‐se como um contributo relevante para o desenvolvimento das escolas e para a melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos numa perspectiva reflexiva e de aperfeiçoamento contínuo. ME. Portal da educação, Inspecção Geral da Educação http://www.min‐edu.pt/outerFrame.jsp?link=http%3A//www.ige.min‐edu.pt/

Bibliotecas Escolares: Quadro referencial para avaliação

Formanda: Helena Duque


Avaliar na e com a escola: análise de relatórios de avaliação externa das escolas – referências à BE

1‐ Enquadramento: Partindo do enquadramento que a inspecção geral de educação faz quanto ao processo de avaliação das escolas, do seu quadro de referência para avaliação de escolas e agrupamentos, e dos pressupostos subjacentes ao próprio modelo de auto‐avaliação das bibliotecas escolares, nos seus quatro domínios, procurámos: −

Conhecer os resultados da avaliação externa das Escolas da nossa área de intervenção com bibliotecas escolares (BE) integradas na RBE;

Identificar as referências à BE e os campos de análise/domínios recorrentemente focalizados;

A actividade de Avaliação enquadra‐se no âmbito da avaliação organizacional e pretende assumir‐se como um contributo relevante para o desenvolvimento das escolas e para a melhoria da qualidade das aprendizagens dos alunos numa perspectiva reflexiva e de aperfeiçoamento contínuo. ME. Portal da educação, Inspecção Geral da Educação http://www min‐

(re)conhecer o grau de institucionalização das BE na escola/agrupamento, tendo em conta os pressuposto do modelo de auto‐avaliação.

2‐ Amostra seleccionada −

15 Relatórios de escolas da área de intervenção da DREC – correspondes ao território que acompanhamos enquanto coordenadora inteconcelhia

Os quinze relatórios analisados, todos da área de intervenção da DREC, reportam‐se a escolas de tipologia agrupada com uma ou mais bibliotecas integradas na RBE e não agrupadas. Tratam‐se de escolas implantadas em áreas geográficas diferenciadas: −

Estão representados 6 dos 9 concelhos que acompanhamos.

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Avaliar na e com a escola: análise de relatórios de avaliação externa das escolas – referências à BE

Nos Concelhos de Carregal do Sal, Coimbra e Tondela optou‐se por analisar todos os que se encontravam disponíveis, quer pela tipologia de escola que representam, quer ainda, sobretudo no caso de Coimbra e Tondela, por serem escolas localizadas em zonas com características específicas e incluírem agrupamentos com bibliotecas do 1º CEB.

Apresenta‐se nos dois quadros seguintes os dados recolhidos, quer no diz respeito aos resultados das escolas em análise, quer, dentro destas, as referências específicas à Biblioteca Escolar: Quadro 1: Resultados obtidos pelas diferentes escolas Resultados

Prestação do serviço educativo

Organização e gestão escolar

Liderança

Capacidade de auto‐ regulação

Suficiente

Suficiente

Bom

Bom

Suficiente

2007‐08

Bom

Bom

Bom

Bom

Suficiente

AE Alice Gouveia

2008‐09

Mt.Bom

Mt.Bom

Bom

Bom

Suficiente

AE Eugénio de Castro

2007‐08

Bom

Suficiente

Suficiente

Suficiente

Suficiente

Escola Secundária de José Falcão

2007‐08

Bom

Bom

Bom

Bom

Suficiente

ES/3.º de D. Dinis

2007‐08

Suficiente

Suficiente

Bom

Bom

Bom

AE de Ceira

2008‐09

Bom

Bom

Bom

Bom

Bom

AE de Pedrulha

2008‐09

Bom

Bom

Bom

Suficiente

AE de Tondela

2006‐07

Suficiente

Bom

Bom

Bom

Suficiente

AE de Campo de Besteiros

2007‐08

Bom

Bom

Mt.Bom

Mt.Bom

Bom

AE do Caramulo

2007‐08

Suficiente

Suficiente

Bom

Bom

Suficiente

AE de Lajeosa do Dão

2008‐09

Bom

Suficiente

Bom

Bom

Suficiente

Mealhada

AE de Pampilhosa do Botão

2007‐08

Suficiente

Suficiente

Bom

Suficiente

Suficiente

Tábua

AE de Escolas de Midões

2007‐08

Insuficiente

Suficiente

Bom

Suficiente

Suficiente

2007‐08

Suficiente

Bom

Bom

Bom

Suficiente

Concelho

Escola

Ano

AE de Cabanas de 2007‐08 Carregal do Viriato sal ES/3.º Ciclo de Carregal do Sal

Coimbra

Tondela

S. Comba ES/3.º de Santa Dão Comba Dão

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Avaliar na e com a escola: análise de relatórios de avaliação externa das escolas – referências à BE

Quadro 2: Referências à biblioteca escolar nos relatórios analisados Concelho

Escola

Ano

AE de Cabanas de 2007‐08 Carregal do Viriato sal ES/3.º Ciclo de 2007‐08 Carregal do Sal 2008‐09 AE Alice Gouveia

Coimbra

Resultados

Prestação do serviço educativo

Organização e gestão escolar

3.3

2.2

3.3

4.3

3.3

5.2

Capacidade de auto‐ regulação

Liderança

AE Eugénio de Castro

2007‐08

3.3

Escola Secundária de José Falcão

2007‐08

3.3

4.4

ES/3.º de D. Dinis

2007‐08

3.3

5

AE de Ceira

2008‐09

3.3

4.3

AE de Pedrulha

2008‐09

3.3

AE de Tondela

2006‐07

3.3

4

3.3

4.3 4.4

AE de Campo de Besteiros

2007‐08

Tondela AE do Caramulo

2007‐08

1.4

2.3

3.2 3.3

4.2 4.4

AE de Lajeosa do Dão

2008‐09

3.2 3.3

Mealhada

AE de Pampilhosa do Botão

2007‐08

2.3

4.2 4.4

Tábua

AE de Escolas de Midões

2007‐08

3.2 3.3

4.3 4.4

2007‐08

3.2

4.3 4.4

S. Comba ES/3.º de Santa Comba Dão Dão

3‐ Análise da situação: No que concerne à análise global constante no Quadro 1: Resultados obtidos pelas diferentes escolas sobressai a mediania das escolas observadas, sendo que poucas atingiram Muito Bom num ou mais domínios e apenas três das quinze atingiram Bom na capacidade de auto‐regulação. Constata‐se, deste modo, que não existir uma prática sistematizada de auto‐avaliação no seio das escolas, o que em parte justifica também a grande ausência de referências à Biblioteca Escolar nos relatórios. Mas acreditamos que essa não será a única justificação, ainda que importante.

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Avaliar na e com a escola: análise de relatórios de avaliação externa das escolas – referências à BE

Relativamente às referências à Biblioteca Escolar, globalmente, os relatórios primam mais pela ausência de menções precisas no que concerne às funções educativas que possam/devam desempenhar no cumprimento das metas da própria escola/agrupamento, do que pela exposição clara dos possíveis graução de integração e/ou interacção com as restantes estruturas da escola. Há excepções, e dessas daremos conta. Salientamos também que, curiosamente, e apesar de estarem em análise oito agrupamentos com bibliotecas do 1º CEB, integradas no programa RBE, apenas um dos relatórios da IGE, no ponto II, caracterização da Escola/agrupamento, faz referência à existência de biblioteca e outras bibliotecas em escolas do 1º CEB. Situação que é demonstrativa de uma falha na observação global nas condições e características dos recursos existentes. Não querendo imputar falhas, acreditamos que esta ausência se deverá também em grande medida às próprias escolas/agrupamentos, cuja preocupação primeira não seja demonstrar as mais‐valias que disponibilizam no acesso a recursos de informação e como as mesmas podem contribuir para elevar os níveis de literacia da sua comunidade discente. Mas talvez também não seja de excluir a hipótese da própria IGE estar pouco sensibilizada para a existência de bibliotecas que estarão para além de simples espaços com livros e computadores. Analisando com mais acuidade o Quadro 2 ‐ Referências à biblioteca escolar nos relatórios analisados, constatamos que: −

No que concerne aos resultados, a biblioteca apenas aparece referida em uma das quinze escolas – e apenas com a identificação de uma actividade em que os alunos que mais participam são reconhecidos anualmente. Esta ausência, neste domínio, às possíveis actividades desenvolvidas em articulação, mesmo que se desenvolvam esporadicamente em algumas escolas, denota que efectivamente a BE não “provou” ainda o impacto que pode ter nas aprendizagens dos alunos, pelo que não lhe é reconhecido esse “mérito”;

Também no que se refere ao Serviço Educativo a ausência é notória. Em apenas 3 dos relatórios é mencionada a importância da biblioteca no apoio aos alunos, e destas em apenas uma se salienta um aspecto mais preciso do processo ensino‐aprendizagem, com implicações na gestão curricular ‐ “são definidos e aplicados currículos individuais que integram dimensões práticas com o objectivo de potenciar a integração na vida activa” (EB23 da Pampilhosa). Em mais nenhum relatório se vislumbra neste domínio a existência de articulação entre o trabalho desenvolvido pela biblioteca e as restantes estruturas de orientação educativa. Se na maioria talvez ainda não se verifique de forma sistemática, existe efectivamente iniciativas/projectos mais consistentes que não se vislumbram nos relatórios;

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Avaliar na e com a escola: análise de relatórios de avaliação externa das escolas – referências à BE

O Domínio 3 – organização e gestão curricular, é por excelência o que apresenta o maior número de referências (com excepção de uma escola), que curiosamente é umas das poucas em que a biblioteca é salientada mais positivamente e surge também no domínio da liderança. Quando a BE é focada nos recursos humanos (3.2) apenas é focada a formação que se desenvolveu na área das bibliotecas , pelos centros de formação, e não os aspectos pertinentes que este factor poderia conter, incluindo algumas acções da sua iniciativa…

Mas, são sobretudo maiores as alusões ao nível da Gestão de Recursos Materiais e financeiros (3.3)

e concomitantemente são focados aspectos mais ligados às instalações e recursos disponibilizados, quer sejam livros ou equipamentos, sem grandes inferências às aprendizagens que os mesmos podem proporcionar; No entanto, constamos que neste ponto foram incluídos apreciações diversas sobre actividades, o papel de dinamização da biblioteca, plano de acção da mesma, a identificação de alguns projectos, algumas vezes referenciada como pólo dinamizador da escola e do agrupamento com os recursos que disponibilizavam e/ou os projectos orientados para as outras escolas, sem que nos outros domínios esta ideia transpareça claramente. Mas é certo que sempre que a BE não se enquadra no protótipo de detentora de recursos, também salientam esses aspectos. Apenas um exemplo que demonstra o referido: “não foi evidente uma acção sistemática, por parte dos responsáveis, em relação à biblioteca da escola sede (integrada na Rede de Bibliotecas Escolares), por forma a constituir‐se como um recurso educativo (ex: acervo limitado e desactualizado)”. Embora as frases tipo utilizadas deixem transparecer a existência, em cerca de 50% das escolas de actividades, mais ou menos esporádicas, realizadas na e com a biblioteca, e dos equipamentos que disponibilizam, e que podem ter um impacto na aprendizagem, não é líquido pela leitura dos relatórios que a biblioteca seja encarada como indutora de mudança nas práticas e como uma efectiva estrutura educativa transversal a toda a escola. No domínio 4 – Liderança, o termo biblioteca aparece referido também um grande nº de vezes (11 em 15), sendo que a maior frequência se concentra no 4.3‐ Abertura à inovação, salientando‐se largamente a integração no Programa Rede de Bibliotecas Escolares, a par de inúmeros outros projectos/planos em que a escola se encontra envolvida. Num número reduzido de escolas é salientado o “impacto da utilização dos recursos informáticos disponibilizados pela BE” e em apenas uma escola surge a referência clara à associação entre os recursos tecnológicos/informáticos e a pesquisa orientada. Vislumbra‐se algumas referências que podem induzir a uma interpretação de que a Biblioteca está envolvida na concretização das metas do projecto educativo, mas esse aspecto não surge de forma clara e evidente.

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Avaliar na e com a escola: análise de relatórios de avaliação externa das escolas – referências à BE

No âmbito de parcerias, protocolos (4.4) enumeradas que foram algumas das ligações com o meio, mas na verdade só em apenas três escolas (EBI de Midões, EB23 do Caramulo e EB23 de Tondela) surge de forma clara e inequívoca a ligação da Biblioteca à autarquia/BM/SABE e rede concelhia de bibliotecas escolares. Curiosamente, em duas destas escolas, a Biblioteca surge referida como ponto forte, nas considerações finais. Em jeito de Conclusão Embora sem que se possa fazer grandes ilações, dado o nº alargado de relatórios analisados e a pouca sistematicidade no método de recolha de informação, existem aspectos que devem ser destacados: −

Tratam‐se maioritariamente de relatórios de 2007/08 onde não existia

A questão da liderança e do exercício de uma visão e gestão estratégica é determinante no desenvolvimento e no sucesso do processo de auto‐avaliação

um coordenador a tempo inteiro e o modelo de auto‐avaliação não

In texto da sessão

estava a ser testado – facto que poderá ter alguma relevância; −

Na maior parte das escolas analisadas, o coordenador da BE, não integrou nenhum dos painéis com os inspectores do IGE (de acordo com a informação que se obteve no terreno);

Não nos foi possível estabelecer uma relação evidente entre as escolas que apresentam melhores resultados e o maior nº de referências à BE, em domínios diversos. Este aspecto prende‐se não apenas pela mediania dos resultados como frisei em cima, mas sobretudo pelas referências vagas e fluidas que foram surgindo nos relatórios;

Contudo, estamos certos, que neste processo há falhas evidentes ao nível do processo de avaliação. Órgãos de gestão, coordenadores (inclusive da BE) e demais participantes no processo, não definiram linhas de acção comum na concretização das intenções educativas dos projectos pedagógicos das escolas/agrupamentos, nem um plano concertado ao nível da auto‐avaliação – a avaliação ainda não era e é assumida como um processo que contribui para a melhoria das acções educativas, pelo que urge esta inversão de mentalidade. Só sabendo o que somos e o que temos, é que podemos definir os caminhos que teremos de percorrer… Uma verdade para as bibliotecas, mas também para as escolas e para o próprio ministério da educação…

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