Enquanto Falo, As Horas Passam | Heleno Bernardi

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ENQUANTO FALO, AS HORAS PASSAM HELENO BERNARDI

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ENQUANTO FALO, AS HORAS PASSAM INTERVENÇÃO URBANA

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Capa: Enquanto falo, as horas passam Intervenção no deque da Lagoa Rodrigo de Freitas Rio de Janeiro / 2009 Foto: Rafael Mósca Acima: Enquanto falo, as horas passam Intervenção no Aterro do Flamengo Rio de Janeiro / 2009 Foto: Mário Grisolli

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Enquanto falo, as horas passam Projeto de instalação e intervenção urbana realizado em lugares públicos ou de grande circulação. O trabalho consiste em ocupar determinados espaços com dezenas de colchões que possuem a forma de corpos em posição fetal. Estes objetos, chamados de corpos-colchão, são agrupados e encaixados entre si, abrigando e acolhendo o espectador, trazendo-o para a obra e incluindo-o numa experiência coletiva. A instalação vem sendo apresentada desde 2007 e já foi montada em mais de 50 lugares, incluindo espaços públicos, escolas, hospitais, galerias de arte e instituições culturais.

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Acima: Enquanto falo, as horas passam Intervenção na Praça Rui Barbosa Nova Iguaçu / 2009 Foto: Mário Grisolli Ao lado: Enquanto falo, as horas passam Intervenção na Cinelândia Rio de Janeiro / 2009 Fotos: Mário Grisolli

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Enquanto falo, as horas passam Intervenção na Lagoa Rodrigo de Freitas Rio de Janeiro / 2009 Fotos: Rafael Mósca

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Enquanto falo, as horas passam Intervenção na Central do Brasil Rio de Janeiro / 2009 Fotos: Rafael Mósca

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Enquanto falo, as horas passam Roberto Conduru A série de intervenções recentes de Heleno Bernardi reafirma o processo firme, calmo e discreto com o qual ele vem constituindo uma poética artística. Independentemente das diferenças quanto aos elementos e meios por ele usados, Enquanto falo, as horas passam se conecta às suas obras expostas previamente. Assim, dá continuidade e amplia caminhos trilhados em trabalhos anteriores, ao confirmar certas opções e abrir outras frentes. Heleno continua a jogar preferencialmente com imagens do corpo humano. Ao se apropriar de imagens pretéritas, algumas de cunho ancestral, maneja arquétipos com largo alcance de sentido, superpondo tempos diversos. Referências antigas, remotas e atemporais, eruditas ou universais, que são embaralhadas a outras recentes e triviais. Contraposições que fazem o comum se tornar estranho, insólito, nessa obra que vem se delineando como jogo entre denso e rarefeito, drama e humor, baixa e alta cultura. Acúmulo de usos e remissões ao corpo que permite pensar como o artista põe seu corpo em suas obras, levando a refletir sobre como ele também as concebe, desde o início, como autorrepresentações mais ou menos veladas. Além de intricado, reiterativo e algo autorreferente, o jogo de contraposições aos poucos armado por Heleno Bernardi também tem ampliado seus meios e espaços de ação. Se antes produziu obras de estúdio, recentemente os projetos exigiram ganhar as ruas, bem como sugeriram a oportuna ventura de nelas se perder. São, assim, intervenções urbanas com mídias diversas. A soma de fato transitório, registro e desdobramentos multimídia é expandida por Enquanto falo, as horas passam. Primeiro, em função da abertura à interatividade dos transeuntes com as peças dispostas em espaços de uso coletivo das cidades. Depois, devido à participação de Heleno, de outras pessoas e/ou de suas peças em performances correlatas, bem como outras intervenções com variadas mídias, que aumentam o alcance da interatividade em situações presenciais e virtuais. Ao abrir seu trabalho a jogos intersubjetivos em diferentes situações urbanas, Heleno põe em jogo como pessoas em diferentes contextos culturais reagem a questões contemporâneas e atemporais. Entretanto, dissolver os elementos e modos dessas intervenções no mundo não parece ser um de seus objetivos, muito menos resolver a problemática social. Seja com as peças tridimensionais, seja

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nas mídias eletrônicas e impressas, a interatividade é circunscrita: tem limites e é intermediada por linguagem, tradição, história. Manipulações que são, contudo, capazes de gerar uma espécie de calor humano que parece se agregar às peças, as quais, agora, pela primeira vez, sobrevivem e, assim, partilham (disputam?) com as imagens a condição de obras. Ao serem dispostos em lugares diversos da cidade como praças, o interior de um edifício de passagem e um parque público, seus corpos-colchão instauram uma situação paradoxal: a possibilidade de aconchego e afeto com seres inanimados e em lugares contemporaneamente vistos, sentidos, como lugares de exterioridade, impessoalidade, fluxos anódinos, desamparo, desabrigo. Trazem à mente tanto um imaginário humano arcaico quanto o caráter sempre lúdico, atual, fundamental ao viver, da interação dos corpos. Seja a brincadeira dos passantes com as figuras, seja a das pessoas entre si por meio dessas renovadas esculturas, seja a do artista à distância com todos eles, esse jogo corporal quer instaurar instantes afetivos e libidinais aparentemente perdidos, impossíveis, na cidade contemporânea. Libido que conduz à problemática da potência. E faz ver o tempo como uma questão central nessa poética. Uma que não emerge apenas do confronto entre elementos e temas distantes, do choque entre tópicos antigos, contemporâneos e atemporais. É mesmo o transcurso do tempo que emerge de imagens insólitas. Duração que também significa perda de potência, pois o tempo enfraquece, traz o fim: manipula e destrói o corpo. Entretanto, o tempo também traz o início, insufla, cria, constrói, faz crescer, acontecer, reiniciar. Tempo como um signo de potência que também é um desafio para o jogo de contrários a que se dedica Heleno. Tempo-falo como signo de (im)potência que é crucial para esse trabalho, que procura enfrentar tanto a fugacidade inexorável de tudo que é e acontece enquanto o mundo se processa e dele se fala, quanto a densidade cultural e artística acumulada historicamente, para alcançar um instante de diferenciação poética. Obra que se faz de maneira afirmativa, dizendo ser possível, ainda que de modo breve, potentemente ser. E parafraseando Ovídio: enquanto as horas passam, falo.

Publicado na revista Santa Art Magazine #5 / 2010

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Galeria Berliner / Sรฃo Paulo / 2007

Aterro do Flamengo / Rio de Janeiro / 2009

Lagoa Rodrigo de Freitas / Rio de Janeiro / 2009

Praรงa Rui Barbosa / Nova Iguaรงu / 2009

Warhol TV / Oi Futuro / Rio de Janeiro / 2010

Fรกbrica Bhering / Rio de Janeiro / 2010


Cinelândia / Rio de Janeiro / 2009

Central do Brasil / Rio de Janeiro / 2009

Dança Em Foco / Oi Futuro / RJ / 2009

Sesc Quitandinha / Petrópolis / 2010

C. C. Ação da Cidadania / Rio de Janeiro / 2010

Solar de Botafogo / Rio de Janeiro / 2011

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Midrash Centro Cultural / Rio de Janeiro / 2011

Museu Bispo do Rosário / Rio de Janeiro / 2013

Hospital Júlio de Matos / Lisboa / 2013

Instituto Gulbenkian de Ciência / Oeiras / 2013

Transboavista / Lisboa / 2013

Mousonturm / Frankfurt / 2013


Plataforma Revolver / Lisboa / 2013

Cais do Sodré / Lisboa / 2013

Carpe Diem Arte e Pesquisa / Lisboa / 2013

Fundação Calouste Gulbenkian / Lisboa / 2013

Virada Cultural de Belo Horizonte / 2013

Feira do Livro de Frankfurt / Frankfurt / 2013

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Mamaza / Mousonturm / Frankfurt / 2014

Multiplicidade / Parque Lage / RJ / 2013 *

SP-Arte / São Paulo / 2014

Galeria Zipper / São Paulo / 2014

Musée Olympique / Lausanne / 2016

*FOTO: ANA BRANCO / O GLOBO

Bilblioteca Parque Estadual / RJ / 2014

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Montagens da instalação, entre 2007 a 2016, em projetos individuais e coletivos. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Galeria Berliner / São Paulo / 2007 Piscinão / Galeria Murilo Castro / Belo Horizonte / 2009 (coletiva) Aterro do Flamengo / Rio de Janeiro / 2009 Cinelândia / Rio de Janeiro / 2009 Central do Brasil / Rio de Janeiro / 2009 Lagoa Rodrigo de Freitas / Rio de Janeiro / 2009 Praça Rui Barbosa / Nova Iguaçu / 2009 Festival Dança em Foco / Oi Futuro / Rio de Janeiro / 2009 (coletiva) Sesc Quitandinha / Petrópolis / 2010 Sesc / Nova Frigurgo / 2010 Lançamento do livro / EAV Parque Lage / Rio de Janeiro / 2010 Centro Cultural Ação da Cidadania / Rio de Janeiro / 2010 Agora! / Casa da Glória / Rio de Janeiro / 2010 Shout / Fábrica Bhering / Rio de Janeiro / 2010 (coletiva) Warhol TV / Oi Futuro / Rio de Janeiro e Belo Horizonte / 2010 (participação) Warhol TV / Sesc Pinheiro / 2010 (participação) Solar de Botafogo / Rio de Janeiro / 2011 Midrash Centro Cultural / Rio de Janeiro / 2011 Museu Bispo do Rosário / Rio de Janeiro / 2013 (coletiva) Plataforma Revolver / Lisboa / 2013 Cais do Sodré / Lisboa / 2013 Hospital Júlio de Matos / Lisboa / 2013 Instituto Gulbenkian de Ciência / Oeiras / 2013 Carpe Diem Arte e Pesquisa / Lisboa / 2013 Fundação Calouste Gulbenkian / Lisboa / 2013 Pavilhão do Brasil na Feira do Livro de Frankfurt / Frankfurt / 2013 (coletiva) Mousonturm / Frankfurt / 2013 Virada Cultural de Belo Horizonte / Sesc Paladium / Belo Horizonte / 2013 Festival Multiplicidade / EAV Parque Lage / Rio de Janeiro / 2013 (coletiva) Bilblioteca Parque Estadual / Rio de Janeiro / 2014 Mamaza / Mousonturm / Frankfurt / 2014 (participação) Galeria Zipper / São Paulo / 2014 (coletiva) Rio: Rythmes et Diversité / Musée Olympique / Lausanne / 2016 (coletiva)

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Acima: Enquanto falo, as horas passam Intervenção na Fundação Calouste Gulbenkian Lisboa / 2013 Fotos: Miguel Horácio Ao lado: Enquanto falo, as horas passam Intervenção no Hospital Júlio de Matos Lisboa / 2013 Foto: Heleno Bernardi

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Enquanto falo, as horas passam Intervenção no Pavilhão do Brasil Feira do Livro de Frankfurt / 2013 Foto: Heleno Bernardi

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Enquanto Falo, as Horas Passam Parte integrante da caixa ÍNDEX H2O Ação e Arte 2016

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