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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA NATAÇÃO E LUTAS

ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA NATAÇÃO E LUTAS

Nicanor da Silveira Dornelles André Moreira de Oliveira

Nicanor da Silveira Dornelles André Moreira de Oliveira

GRUPO SER EDUCACIONAL

ISBN 978-65-86557-97-8

ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA NATAÇÃO E LUTAS

gente criando o futuro 9 786586 55797 8



Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas Nicanor da Silveira Dornelles André Moreira de Oliveira

Curitiba 2022


Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. D713a

Dornelles, Nicanor da Silveira Aspectos pedagógicos da natação e lutas / Nicanor da Silveira Dornelles. – Curitiba: Fael, 2022. 262 p. ISBN 978-65-86557-97-8 1. Educação física – Estudo e ensino 2. Natação 3. Lutas (Esporte) I. Título

CDD 796.07 Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.

FAEL Direção Acadêmica Coordenação Editorial Revisão Projeto Gráfico Imagem da Capa Arte-Final

Valmera Fatima Simoni Ciampi Angela Krainski Dallabona Editora Coletânea Sandro Niemicz Ser Educacional Hélida Garcia Fraga


Sumário Carta ao Aluno | 5 1.

Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas | 7

2.

Estilos de nado e metodologia do ensino dos nados para a Educação Infantil | 31

3.

A organização pedagógica no ensino dos nados com aperfeiçoamento para competições e campeonatos escolares | 61

4.

As principais regras de natação para organização de eventos, natação para asmáticos, reabilitação postural e portadores de deficiências | 87

5.

Organização e segurança no meio líquido e atividades aquáticas no ambiente escolar | 111

6.

Aspectos históricos e legitimação das práticas esportivas de combate | 137

7.

Psicologia do esporte na educação: agressividade, atenção e sensibilidade | 159

8.

Propostas e recursos didático-metodológicos | 177



1 Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas A natação é uma atividade considerada por muitos estudiosos da área de Educação Física o exercício físico mais completo, por estimular um número significativo de músculos durante sua prática e propiciar ao seu praticante benefícios para uma vida ativa e saudável em um ambiente acolhedor, que é o meio líquido. Por conta disso, é uma prática corporal que deveria fazer parte do currículo educacional de todas as fases de ensino, da educação básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino de Jovens e Adultos – EJA) à educação superior. A natação é uma importante prática corporal que deve ser introduzida em nossas escolas e fazer parte do componente curricular de Educação Física, pois propicia aos estudantes variadas possibilidades de práticas, experiências e conhecimentos, que podem ser levados para a vida e se transformarem em práticas positivas para um modo de viver ativo e com saúde. O propósito, neste capítulo, é mostrar a história e a evolução da natação e esclarecer quais são as principais propriedades do meio líquido e os benefícios da prática corporal nesse ambiente.


Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas

A natação com certeza é o esporte aquático mais praticado e conhecido no mundo. Sua origem como modalidade esportiva e suas primeiras disputas ocorreram no século XIX, em Londres, em 1837, quando da realização da primeira competição pela Sociedade Britânica de Natação, tendo como único estilo de nado o peito. Em competições esportivas oficiais de natação, há quatro estilos de nado. Um desses estilos é o nado peito, que historicamente foi o primeiro estilo de natação utilizado em competições e serviu de base para o desenvolvimento dos outros estilos (crawl, costas e borboleta). Não é considerada difícil a aprendizagem do nado peito, mas o aprendiz pode apresentar algumas dificuldades relacionadas à coordenação dos movimentos. Nas Olimpíadas, a natação teve papel de destaque com o atletismo. Ela começou a ser disputada em 1896, em Atenas, com provas de nado crawl e peito. O nado costas foi incluído em 1904 e o borboleta em 1940, como uma evolução do nado peito. Nesse pequeno recorte histórico, pode-se perceber grandes mudanças em conjunto com a evolução dos estilos de nado, nas técnicas, nos direcionamentos de competição, na participação e na recreação. Figura 1.1 – Três selos comemorativos com o tema central de natação em Olimpíadas da Era Moderna

#PraCegoVer: Na imagem temos 3 selos comemorativos com pinturas relacionadas à modalidade de natação nas Olímpiadas de Barcelona 1992 (nado borboleta), Tóquio 1964 (nado crawl) e México 1968 (saída dos blocos de partida).

Fonte: Shutterstock.com/Lefteris Papaulakis/lapinto/Boris15.

– 9 –


Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas Figura 1.4 – Os principais equipamentos a serem utilizados em uma aula, de uso individual e também de uso coletivo

Equipamento de Natação

#PraCegoVer: Na imagem temos um vetor que exemplifica alguns materiais necessários para utilização em aulas de natação, de uso individual e também alguns de uso coletivo. A imagem mostra os seguintes equipamentos: maiô, sunga, touca, mochila, óculos de natação, toalha, relógio, snorkel, prancha, tampões, poliboia, pé-de-pato, palmares e prendedor nasal.

Fonte: Shutterstock.com/Natalia Mikhaleva

A respeito do material de uso geral, é necessário que o professor de Educação Física, nas aulas de natação escolar, saiba determinar que tipo de equipamento aquático é o mais adequado para a turma ou aluno de acordo com o programa de condicionamento físico escolhido para execu– 22 –


Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas

ção naquele momento. No processo de seleção dos equipamentos, deve-se fazer considerações a respeito de uso, objetivos individuais específicos e condições do ambiente de execução da programação (piscina da escola, clube ou academia em que será realizada a aula), sendo a escolha de aplicação dos equipamentos uma decisão pessoal. Além de buscar a utilização dos recursos materiais para variações nas aulas, deve-se também direcionar a uma otimização de resultados em aula, já que existe uma grande quantidade de aparelhos ofertados para utilização na natação. É indicado que o professor utilize o material antes de sua compra e também que, antes de sua utilização com os alunos, conheça por meio de experimentação suas características, sua qualidade, para assim evitar a compra de um material que seja pouco utilizado em aula ou utilizado em situações diferentes daquelas propostas no planejamento (MAGLISCHO, 1999; AEA, 2001; CASTARDELI, 2019). Os equipamentos utilizados em ambiente aquático subdividem-se de acordo com algumas categorias, descritas a seguir.

1.3.1.1 Equipamentos de sustentação Nos equipamentos de sustentação, o vetor força de sustentação sempre aponta para cima no sentido oposto da força da gravidade, que é para baixo. Esse conceito é aplicado no uso do equipamento, tendo como tendência de sustentação fazê-lo emergir para a superfície da piscina em razão da força de empuxo (AEA, 2001). São equipamentos menos densos que a água, acarretando assim sua flutuação. O professor deve ter a compreensão clara de que, qualquer movimento utilizando aparelhos de sustentação em direção ao fundo da piscina sofre “resistência”, e qualquer movimento em direção a superfície sofre “assistência”, para uma programação segura e eficiente com esses tipos de aparelhos. Exemplos de aparelhos de sustentação são produtos de espuma em forma de halteres manuais (possuem tamanhos variados), barras (bastões), discos, pranchas (muito utilizadas em movimentos de batidas de pernas – Figura 1.3), poliboia (muito utilizada em exercícios educativos e de aperfeiçoamento para os braços) ou rolos flutuadores (acquatub, macarrões). Também pode-se usar bolas, cinturões e objetos de diversas formas e tamanhos que podem ser adap– 23 –


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tados à utilização na água e na sustentação, sempre de acordo com a criatividade e proposta de meta a ser atingida na aprendizagem da turma. A vantagem de materiais feitos de espuma está relacionada à sua fácil adaptação ao condicionamento físico do praticante (com adaptação de intensidade do aprendiz ao avançado), seu peso para o transporte (facilita a utilização em aulas em circuito) e preço razoavelmente barato (AEA, 2001). Figura 1.5 – Aula de natação com aparelho de sustentação

#PraCegoVer: Na imagem há três crianças em flutuação ventral em uma piscina, executando exercícios com aparelho de sustentação e aproveitando as leis físicas do ambiente aquático, sugerindo movimentos de pernas do nado crawl, em deslocamento para frente, e respiração frontal, com a utilização de pranchas e auxílio da professora.

Fonte: Shutterstock.com/Monkey Business Images

1.3.1.2 Equipamentos com pesos Os equipamentos com pesos produzem os mesmos efeitos e carga de trabalho dentro da água e no solo, somente não são tão eficazes por causa – 24 –


Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas

da diminuição dos efeitos da força da gravidade. Com eles, todos os movimentos no sentido ao fundo da piscina devem ser “assistidos”, e ao inverso de encontro à superfície sofrem “resistência” (AEA, 2001). A maioria dos equipamentos com peso é adaptado à utilização na água, prevenindo-se que o material enferruje, sofra corrosão ou se quebre em pequenas quantidades de metal e polua ou estrague o ambiente. Não são equipamentos muito utilizados nos programas de condicionamento físico nas atividades aquáticas, são aparelhos que podem acrescentar variedades aos programas e seu preço é considerado razoável (AEA, 2001). Exemplos de equipamentos com utilização significativa de pesos são as caneleiras, que também são utilizadas em conjunto com os equipamentos de sustentação para variações de aulas. Em aulas que se utilizam materiais com peso, pode-se trabalhar interdisciplinarmente com professores das disciplinas de Ciências e ou Química e Física, fazendo-se relações com as leis de gravidade, resistência e força, demonstrando-se em uma situação real, ou seja, contextualização na prática.

1.3.1.3 Equipamentos de arrasto/resistidos Os equipamentos de arrasto/resistidos têm o objetivo de maximizar o potencial de força dentro do ambiente aquático, utilizando-se sempre da resistência/arrasto. O conceito mais importante que o professor deve saber é que o sentido do vetor força de arrasto deve sempre se opor ao movimento. A quantidade de resistência criada por um equipamento resistivo baseia-se na área da superfície frontal, na velocidade de execução do movimento, na área da superfície projetada, na turbulência e na densidade da água (AEA, 2001). Um exemplo de equipamento de arrasto utilizado com frequência e bem conhecido são as luvas aquáticas, que possuem entre os dedos membranas semelhantes às de pé-de-pato, propiciando aumento de arrasto das mãos e dos braços pela água, aumentando a resistência e a carga de trabalho para os músculos superiores, muito utilizadas em trabalhos de aperfeiçoamento da técnica dos braços. Outro exemplo de equipamento de resistência é o paraquedas (parachute), que foi inventado para a cami– 25 –


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nhada ou jogging aquático, e posteriormente foi adaptado para a natação e seu treinamento mais pesado. Ainda, é possível citar palmares de arrasto, ou halteres para as mãos, e também equipamentos que podem ficar presos aos tornozelos ou aos braços (a maior parte desses materiais possui nomenclatura comercial e é de material plástico, por exemplo, Aquafins). Figura 1.6 – Material aquático de arrasto/resistido

#PraCegoVer:

Na

imagem

temos um par de palmares, um aparelho de arrasto/resistido usado nas mãos dos nadadores para aumentar a resistência no nado por meio do aumento da resistência.

Fonte: Shutterstock.com/Real_life_Studio

1.3.1.4 Equipamentos de flutuação Os equipamentos de flutuação têm como objetivo deixar os alunos em uma posição neutra (flutuando). O aparelho pode ser usado nos braços (boias) ou vestido (colete). Para quem não sabe nadar, são equipamentos bastante usados, mas que devem ser evitados na adaptação ao meio líquido, para que os alunos não se tornem dependentes desses aparelhos, e com crianças pequenas devem ser aos poucos deixados de lado, de acordo com a evolução da aprendizagem. – 26 –


Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas

Exemplos são as boias de braço, usadas com as crianças que estão em adaptação para a aprendizagem dos estilos de nado, ou que estão iniciando a aprendizagem em uma piscina que não conseguem ficar na posição em pé. Também são utilizados os equipamentos de flutuação em atividades de jogging aquático com piscina profunda, é utilizado o cinto de flutuação para executar o programa de condicionamento físico. Figura 1.7 – Materiais aquáticos de sustentação

#PraCegoVer:

Na

imagem

temos três materiais de flutuação, um par de boias de braço, um colete de flutuação e uma boia, nesse exemplo para uso de criança.

Fonte: Shutterstock.com/Vectorpocket

1.3.1.5 Equipamentos de borracha Os equipamentos de borracha (elásticos) são aplicados no princípio de uma força resistida, e sua utilização foi adaptada das atividades realizadas no solo (tiras elásticas, rubber bands, etc.) para o meio líquido para acrescentar variações durante a aula. Possuem preços acessíveis, mas se – 27 –


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não forem bem guardados têm pouca durabilidade no meio líquido. A tensão varia de acordo com a espessura do elástico, na maioria das atividades, os elásticos são fixados na borda ou na escada da piscina. Figura 1.8 – Materiais aquáticos de sustentação sendo utilizado por crianças na piscina

#PraCegoVer: Na imagem há quatro crianças, na piscina, usando aparelhos de sustentação conhecidos como espaguetes (acquatub). Executa-se uma atividade de flutuação e consciência corporal para movimentos de equilíbrio montados no espaguete, em um momento de descontração na piscina.

Fonte: Shutterstock.com/dotshock

Saiba mais O projeto “Natação, uma alternativa para educar” tem sido um sucesso, um projeto de destaque em sua história de 18 anos. Ele é executado na Escola João Bento da Costa e atende alunos de 11 escolas estaduais na cidade de Porto Velho, estado de Roraima. É um exemplo a ser seguido. Disponível em: http:// www.rondonia.ro.gov.br/projeto-de-natacao-da-escola-joao-bento-da-costa-atende-alunos-de-11-escolas-estaduais/. Acesso em: 16 jun. 2021.

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Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas

trás e para cima, até uma aproximação da mão na parte anterior da coxa, para realizar um movimento para cima e para frente até sair da água (fase aérea), onde há o preparo para o início de uma próxima braçada. Figura 2.3 – Fase aquática da braçada do nado crawl

#PraCegoVer: Na imagem, há uma ilustração de um nadador executando a fase do movimento aquático da braçada do nado crawl em conjunto com os movimentos de pernas, sugerindo a sequência adequada e rítmica das fases de: entrada e deslize, varredura para baixo, agarre, varredura para dentro e varredura para cima.

Fonte: Atlan Coelho.

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Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas

2.1.4 O nado costas Massaud (2004) destaca que o nado costas evoluiu do nado peito invertido, bem parecido com o nado crawl, porém é realizado em decúbito dorsal. Os braços realizam movimentos alternados e para cada ciclo de braçada realiza-se seis pernadas. Entre os estilos de nado, é considerado o mais leve, por ser executado em decúbito dorsal e necessitar de uma boa flutuação para sua execução, realizando movimentos de rolamentos laterais em seu eixo longitudinal (MASSAUD, 2004). Muitas pessoas o executam normalmente como aquecimento e é realizado para relaxar e compensar a posição corporal após treinamentos intensos dos nados crawl e borboleta. O nado costas, na maioria das vezes, é o segundo a ser abordado no ensino da natação. É possível realizar a iniciação do nado costas paralelamente à do nado crawl, ou após sua aprendizagem completa. Isso depende da metodologia de ensino que o professor achar adequada para seus alunos e/ou turma. De acordo com Palmer (1990), o batimento de pernas do nado costas é em ritmo alternado, na vertical e em sincronia com as braçadas. Em virtude de o rosto permanecer fora da água, a respiração é facilitada. A técnica do nado compreende a posição do corpo, a ação das pernas, a ação dos braços, a respiração e a coordenação geral do nado (Figura 2.5).

Figura 2.5 – Aluna praticando o nado costas

#PraCegoVer: Na imagem, há uma aluna nadando costas na piscina, sugerindo um deslocamento com uma correta execução da prática do movimento de coordenação geral do nado.

Fonte: Shutterstock.com/AirCam.PRO

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Estilos de nado e metodologia do ensino dos nados para a Educação Infantil tanto, identificá-los e hierarquizá-los convenientemente, apresentando uma gama de procedimentos que contemplem essas diferenças (DAMASCENO, 2012, p. 23).

O mergulho elementar, para Machado (2004), é considerado a última fase da adaptação na natação, deixando bem claro que não é uma iniciação ao salto ornamental, mas sim uma demonstração de entradas diferentes na água, e aproveitando-se da situação, o professor pode informar sua turma sobre a segurança necessária para a execução dessa atividade, tanto durante a aula como em situações de lazer em outros ambientes aquáticos. Essa aprendizagem propicia diferentes entradas na água, com um aprendizado estruturado na segurança dos alunos. Inicia-se com saltos considerados simples (entrada com um salto, caindo na piscina na posição em pé), passa para saltos mais complexos (salto com impulsão e mergulho de cabeça) até que se parte para exercícios no sentido competitivo (salto da plataforma de saída dos nados; experiências de complexidade em trampolim e/ou a plataforma). Figura 2.11 – Crianças com o professor na aprendizagem do mergulho de ponta na borda

#PraCegoVer: Na imagem, há cinco crianças na borda da piscina na aprendizagem do mergulho de cabeça (ponta ou biquinho), com o auxílio do professor para a execução correta e segura do movimento, sugerindo que todos saltarão juntos para o mergulho.

Fonte: Shutterstock.com/Nomad_Soul

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Estilos de nado e metodologia do ensino dos nados para a Educação Infantil

zer e brincar durante o aprendizado, não só da natação como de qualquer outra atividade aquática. Sobre estratégias de plano de aula para atingir qualidade no aprendizado dos alunos em aulas de natação, deve-se partir de métodos que alcancem os objetivos, que devem ser estabelecidos em longo, médio e curtos prazos. Planejar aulas de acordo com a frequência dos alunos (duas ou três vezes na semana). Dividir as aulas em fases: aquecimento, parte principal e volta à calma. No Quadro 2.1, exemplifica-se um modelo de planejamento mensal para a adaptação ao meio líquido composto por cinco semanas, com frequência de três aulas semanais, totalizando 15 aulas. O modelo é representado por objetivos a serem atingidos com a turma, de acordo com fundamentos e aspectos que os compõem. Quadro 2.1 – Modelo de planejamento de adaptação ao meio líquido na natação escolar

Aula 1

Aula 2

Objetivo: Objetivo: Bloqueio Primeiro respiratório, contato imersão, com a água, abertura dos ambientação olhos em e imersão. imersão. Aula 6 Objetivo: Respiração, flutuação e sustentação decúbito dorsal, deslize com propulsão decúbito ventral.

Aula 7 Objetivo: Respiração, flutuação, sustentação, deslize com propulsão decúbito ventral.

Aula 3 Objetivo: Bloqueio respiratório, imersão, expiração e flutuação decúbito ventral. Aula 8

Aula 4

Aula 5

Objetivo: Impulsão, flutuação decúbito ventral e propulsão.

Objetivo: Flutuação decúbito ventral, sustentação ventral e propulsão.

Aula 9

Aula 10

Objetivo: Respiração, flutuação, sustentação, deslize com propulsão decúbito ventral e dorsal.

Objetivo: Respiração, flutuação, sustentação, deslize com propulsão decúbito ventral e dorsal.

Objetivo: Propulsão com pernadas de crawl.

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O meio aquático oferece ao indivíduo uma nova forma de se equilibrar, respirar, de se deslocar, significando para muitos um desafio, pois não nascemos com características biológicas para viver na água. Velasco (2013) destaca que para o aprendizado da natação é necessária alguma maturação neurológica e emocional, para poder dominar com autonomia um meio específico diferente do seu. Saiba mais O livro de Jean Le Boulch, Educação psicomotora: psicocinética na idade escolar, é indicado por apresentar exemplos de uma sequência para desenvolvimento psicomotor no meio aquático para crianças, de excelente conteúdo para professores de natação. Esse tema se encontra no capítulo 12: Coordenação dinâmica geral e aprendizagem motora, em um de seus subcapítulos (E): Ajustamento ao elemento aquático (páginas 165 a 175).

A todo o momento, no meio aquático, o cérebro recebe informações dos sentidos, da visão, da audição, do tato, dos músculos, da gravidade, etc., e essas informações necessitam ser organizadas para que um comportamento adequado e adaptável seja produzido. Para Velasco (2013), é necessário estabilidade emocional, considerando também fundamental outras reorganizações posturais – flutuativas e locomotoras – propulsivas. Permanecer ou estar na água, do ponto de vista sensorial e psicomotor, é muito diferente de estar posicionado em terra, por isso são tão relevantes as questões da reaprendizagem postural e motora dos movimentos envolvidos no meio líquido, ou seja, uma propriocepção corporal bem trabalhada. Todos os movimentos do ser humano, como correr, saltar, girar, equilibrar-se, apoiar-se, levantar-se e abaixar-se na água exigem uma expansão e ampliação do repertório psicomotor da criança (VELASCO, 2013). É fundamental considerar como se dará esse ensino no meio líquido, pois essa intervenção pedagógica necessita gerar condições de segurança, confiança, tornando o meio estável e seguro, um grande e importante papel do professor de natação. – 56 –


Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas

cer as dificuldades e, por meio disso, criar as possibilidades de desenvolvimento na aprendizagem. “A avaliação em Educação Física deve considerar a observação, a análise e a conceituação de elementos que compõe a totalidade da conduta humana, ou seja, a avaliação deve estar voltada para a aquisição de competências, habilidades e conhecimento e atitudes dos alunos” (DARIDO; JUNIOR, 2007, p. 23). No início de cada ano letivo, deve-se fazer com os alunos uma avaliação diagnóstica nas aulas de natação para avaliar como está sua aprendizagem e, com base nessa avaliação, traçar objetivos de ensino. Os alunos podem ser avaliados de maneira sistemática, por meio de observação das vivências e perguntas e respostas durante as aulas; e de forma específica, por meio de provas e atividades de pesquisa, relatórios, apresentações, projetos etc.É importante lembrar-se de que as avaliações devem ter a especificidade de serem formativas, avaliando o processo durante todo o percurso de aprendizagem – avaliação processual –, na busca de uma formação que abranja as dimensões cognitiva, motora e atitudinal. Essas dimensões são integradas no processo de aprendizagem, nos obrigando, como professores de Educação Física, a realizar uma avaliação que abranja as três dimensões, podendo enfatizar uma ou outra (DARIDO; JUNIOR, 2007). “As pesquisas atuais da neurociência comprovam que o processo de aprendizagem é único e diferente para cada ser humano, e que cada pessoa aprende o que é mais relevante e o que faz sentido para si, o que gera conexões cognitivas e emocionais” (BACICH; MORAN, 2018, p. 37).

Figura 3.4 – Avaliação somativa dos alunos em relação ao tempo (marca) de execução do nado

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As principais regras de natação para organização de eventos, natação para asmáticos, reabilitação postural e portadores de deficiências Figura 4.3 – Posição dos oficiais de arbitragem em uma competição Iniciador Nadador Cronometrista Juízes de partida

Juízes de chegada

Árbitro Bandeiras de nado costas

Juízes de virada

#PraCegoVer: Na imagem temos a posição de cada oficial de arbitragem durante uma competição, sugerindo onde cada oficial deve se posicionar durante a prova.

Fonte: Stock.adobe.com/mhaprang

4.1.1 Organização de eventos, competições e campeonatos escolares de natação De acordo com Britto e Fontes (2002) “evento é a soma de esforços e ações planejadas com o objetivo de alcançar resultados definidos junto ao seu público-alvo”. As autoras ainda complementam indicando que se trata de “ação profissional que envolve pesquisa, planejamento, organização, coordenação, controle e implementação de um projeto, visando atingir seu público-alvo com medidas concretas e resultados projetados”. – 95 –


10 Elaboração, Avaliação e Alteração Metodológica

O currículo escolar é um produto que integra tópicos e elementos específicos das disciplinas. Este capítulo abordará a elaboração do currículo, o plano de ensino; a avaliação da turma, do currículo e dos processos posteriores; e a adaptação curricular, que deve ocorrer durante todo o desenvolvimento do período de atendimento da turma, em especial ao trato dos planos de aula/sessão. Dentre os elementos mais importantes a serem contextualizados, estão os dispostos nos capítulos anteriores: aspectos históricos e legitimação das práticas esportivas de combate; psicologia do esporte na educação (com ênfase à agressividade, atenção e sensibilidade); propostas e recursos didático-metodológicos; adaptação conteudista e a pessoa com necessidades especiais.


Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas

10.1 Elaboração Curricular O currículo ou plano de curso é o planejamento para o ensino de uma disciplina em um período determinado. A divisão inicial deste plano pode ser feita de maneira bimestral, trimestral, quadrimestral, semestral, anual ou ainda por períodos e ciclos estabelecidos pela escola ou professor, sempre em consonância com as demais disciplinas. A Educação Física pode ser instrumentalizada a partir de seus conteúdos para atingir suas metas, porém, é com a estruturação de planejamentos político-pedagógicos (PPPs), projetos disciplinares, interdisciplinares e planos de aulas que há possibilidade de sucessão progressiva ao sucesso (JEREMIAS JÚNIOR; SENE, 2008). Vale ressaltar que a divisão dos currículos anuais ou planos de curso é realizada para uma turma específica daquela instituição e, mesmo que seja semelhante com outra, o documento é individual e não deve ser reutilizado diretamente. Algumas escolas trabalham com blocos, agrupando potenciais habilidades nos conteúdos e temáticas propostas, são eles: 2 Ensino Fundamental (Anos Iniciais) – 1º e 2º anos; 2 Ensino Fundamental (Anos Iniciais) – 3º ao 5º ano; 2 Ensino Fundamental (Anos Finais) – 6º e 7º anos; 2 Ensino Fundamental (Anos Finais) – 8º e 9º anos. Esses grupos entre anos escolares devem ser considerados na elaboração do plano, assim como períodos menores, como mensais (e variações) e semestrais. Podem-se sistematizar continuações e ciclos para o ensino de certas unidades temáticas, as estabilizando, quando necessário, e promovendo o prosseguimento das aulas com conteúdos harmoniosos. Unidades Temáticas são segmentos na grande área da Educação Física. Faz-se importante salientar que, ao depender das concepções didático-pedagógicas da escola (CÂNDIDO; GENTILINI, 2017), instituição ou professor, o montante material e geral da disciplina será alterado. Como exemplos a Abordagem Crítico-Emancipatória (KUNZ, 2004), que propõe o esporte como elemento principal e, a Abordagem Crítico-Superadora (SOARES et al., 1992) que dispõe sobre Jogos, Esporte, Dança, Ginástica e Luta de maneira semelhante em questão de prioridade. – 220 –


Gabarito


Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas

1. Histórico da natação e propriedades do meio líquido nas atividades aquáticas 1.

O nome da primeira nadadora brasileira a participar dos Jogos Olímpicos e bem representar a modalidade se destacando foi Maria Lenk, que teve a sua vida dedicada ao esporte, merecendo destaque por suas conquistas e também por ser a primeira mulher brasileira e sul-americana a participar dos Jogos Olímpicos, em 1932, em Los Angeles. Sua maior conquista foi bater o recorde mundial dos 400 metros nado peito feminino, em 1939, tornando-se a primeira pessoa sul-americana a bater um recorde mundial na natação.

2.

Se as propriedades físicas da água forem bem trabalhadas em aula pelos professores com seus alunos evitam-se falhas no planejamento, as quais podem influenciar sua atuação. As propriedades incluem densidade, flutuação, pressão hidrostática e viscosidade e facilitam para o aluno sua locomoção sem grandes esforços, pois suas propriedades de sustentação (empuxo) e de eliminação quase que total da força da gravidade podem aliviar o estresse sobre as articulações de sustentação do peso corporal, auxiliando o equilíbrio estático e dinâmico, propiciando maior facilidade de execução de movimentos que seriam difíceis de serem executados em terra.

3.

Pode-se citar esses três benefícios da prática regular de natação para crianças do Ensino Fundamental (6 a 14 anos): melhora da capacidade respiratória, maior resistência e força, e existem bem mais benefícios, como agilidade e melhora da autoconfiança em qualquer situação em piscinas, rios, lagos ou mar. Para atingir esses objetivos, é necessário que o professor mantenha a motivação do aluno e seu interesse no aprendizado para querer voltar para a próxima aula.

4.

O paraquedas é um exemplo de equipamento de arrasto, que aumenta a resistência e a carga de trabalho para os músculos superiores, muito utilizado em trabalhos de força e resistência

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Referências


Aspectos Pedagógicos da Natação e Lutas

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Referências

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Nicanor da Silveira Dornelles André Moreira de Oliveira

ISBN 978-65-86557-97-8

ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA NATAÇÃO E LUTAS Nicanor da Silveira Dornelles André Moreira de Oliveira

GRUPO SER EDUCACIONAL

Os aspectos pedagógicos das lutas e da natação possuem aplicações metodológicas de ensino para a educação infantil, ensino fundamental e médio. Envolvem simultaneamente elementos táticos, técnicos, físicos, psicológicos e socioeducativos no ambiente escolar. São transmitidos conhecimentos através da participação mediadora do professor, para transformação de alunos protagonistas por meio de um processo denominado ensino-aprendizagem. O professor/profissional de Educação Física, ao atuar com esses aspectos pedagógicos, precisa ter amplo domínio, conhecendo a fundo não apenas as suas regras, mas também os seus elementos e conteúdo, as etapas e os procedimentos pedagógicos-metodológicos pertinentes ao processo de ensino-aprendizagem. Essa obra de cunho didático-pedagógico busca, a partir de uma lógica teórico-prática, apresentar as características históricas os conteúdos e as estruturas do processo de ensino-aprendizagem nas aulas de lutas e natação na escola.

ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA NATAÇÃO E LUTAS

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gente criando o futuro 9 786586 55797 8


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