Hely Toledo Loque Após a leitura do texto, o aluno será capaz de reconhecer as formações ofensivas e defensivas aplicadas ao Voleibol, bem como os principais fundamentos requeridos pela modalidade; e compreender as principais metodologias de ensino das técnicas aplicadas ao Voleibol, tanto para alunos do Ensino Fundamental quanto do Ensino Médio. O Voleibol é um esporte que conquista cada vez mais adeptos, portanto, é imprescindível dominar metodologias que culminem em um ensinamento eficaz e prazeroso, impactando diretamente a qualidade de vida dos praticantes.
TEORIA E FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL ESCOLAR
Esta obra tem como objetivo apresentar a origem e a disseminação do Voleibol; ressaltar a relevância do Voleibol como conteúdo da Educação Física escolar; introduzir as regras oficiais; e proporcionar reflexão a respeito das adaptações necessárias para o processo de ensino e aprendizagem da modalidade.
Educação
A compreensão da evolução das regras, táticas e técnicas, além da influência midiática na modalidade Voleibol é de extrema relevância para futuro professor de Educação Física. As possibilidades de intervenção metodológica influenciam diretamente na qualidade da aquisição de conhecimentos acerca dos fundamentos ofensivos e defensivos que compõem o sistema tático de uma equipe.
TEORIA E FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL ESCOLAR Hely Toledo Loque
Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar Hely Toledo Loque
Curitiba 2021
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael. L864t
Loque, Hely Toledo Teoria e fundamentos do voleibol escolar / Hely Toledo Loque. – Curitiba: Fael, 2021. 232 p. ISBN 978-65-86557-82-4 1. Voleibol 2. Voleibol – Estudo e ensino I.Título CDD 796.32507
Direitos desta edição reservados à Fael. É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL Direção Acadêmica Coordenação Editorial Revisão Projeto Gráfico Imagem da Capa Arte-Final
Francisco Carlos Sardo Angela Krainski Dallabona Editora Coletânea Sandro Niemicz Stock.adobe.com/Photographee.eu Hélida Garcia Fraga
Sumário Carta ao Aluno | 5 1.
Origem e Evolução do Voleibol | 7
2.
O Voleibol no Ambiente Escolar | 25
3.
O Voleibol como Ferramenta | 43
4.
Regras Oficiais e Adaptações | 63
5.
As Fases Ofensivas e Defensivas do Jogo | 83
6.
A tática no jogo de voleibol | 103
7.
Fundamentos Ofensivos e Defensivos do Voleibol | 123
8.
Metodologia de Ensino e Aprendizagem do voleibol no Ensino Fundamental | 143
9.
Metodologia de Ensino e Aprendizagem do Voleibol no Ensino Médio | 165
10. Jogos e atividades pré-desportivas e o voleibol | 183 Gabarito | 205 Referências | 219
Carta ao Aluno
Prezado(a) aluno(a), O ensino do Voleibol exige constante aprimoramento no que se refere à origem da modalidade e às modificações ocorridas ao longo do tempo, visando a compreensão do papel social do esporte. Técnica e tática evoluíram, deixando o jogo mais atrativo aos praticantes e aos espectadores. As metodologias de ensino e aprendizagem aplicados à modalidade, apresentadas com base em diversos autores ao longo do texto, possibilitam aos acadêmicos a compreensão teórica e a aplicabilidade prática dos conhecimentos em diversos contextos, sobretudo o escolar. Desejo a vocês uma leitura prazerosa. Bons estudos!
1 Origem e Evolução do Voleibol
O voleibol é um esporte que tem ganhado cada dia mais visibilidade, tornando-se o segundo mais jogado no Brasil (MEZZAROBA, 2011). Para que o esporte ficasse tão popular, ele sofreu grandes mudanças até ter as características que conhecemos hoje. É classificado como um esporte de rede, coletivo e com interação com o adversário, podendo ser jogado em quadra coberta ou ar livre. Apesar de ser um esporte competitivo, é muito praticado também de forma recreativa. Trata-se de um esporte de origem norte-americana, que ganhou adeptos no mundo inteiro e caiu no gosto popular. A modalidade é utilizada como ferramenta pedagógica nas escolas, por meio do ensino das regras e de suas adaptações, trabalhando a técnica e as táticas, possibilitando aos alunos experiências em campeonatos escolares ou até mesmo uma carreira promissora como atleta.
Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar
1.1 Origem do voleibol O voleibol é jogado em uma quadra retangular, dividida por uma rede ao meio. Cada equipe é composta por seis jogadores, que têm como objetivo lançar a bola por cima da rede e fazê-la tocar o solo do campo adversário, marcando assim um ponto. Para vencer um set, a equipe deverá marcar 25 pontos, dois a mais do que o adversário, exceto no set de tie-break (desempate), que é jogado até que uma equipe obtenha 15 pontos. Vence a partida a equipe que ganhar dois ou três sets, dependendo do regulamento de cada campeonato. Porém, nem sempre o voleibol foi jogado sob essas condições, tendo sofrido modificações desde sua criação, em 1895. William George Morgan recebeu a missão de desenvolver um jogo que não tivesse tanto contato físico quanto o basquetebol, que já era praticado, oferecendo aos alunos de meia-idade uma atividade leve e que diminuísse os riscos de lesões (FOUREAUX, 2016). Na cidade de Holyoke, Massachusetts, nos Estados Unidos da América, Morgan criou o voleibol ainda com o nome de mintonette, que, segundo estudiosos, tinha algumas semelhanças com o badminton, já conhecido e praticado na Inglaterra, recentemente introduzido nos Estados Unidos (BIZZOCCHI, 2013, p. 2). Inicialmente, era praticado em uma quadra utilizando uma rede de tênis, que dividia o terreno de jogo a uma altura de 1,98 metro do chão. A bola utilizada era a câmara de ar da bola de basquete, que, com o passar do tempo, foi considerada muito leve. Marchi Júnior (2001, p. 74) afirma que o novo jogo foi criado para atender uma classe burguesa denominada “homens de negócios”, que ansiavam por um jogo para ocupar o tempo ocioso. O novo jogo, chamado mintonette, rapidamente foi aceito entre os alunos. Segundo Mezzaroba e Pires (2011), foi na Conferência dos Diretores dos Departamentos de Atividades Físicas das Associações Cristãs de Moços (ACMs) que Morgan apresentou sua invenção e recebeu a sugestão de trocar o nome para volleyball, pelo fato da bola ficar em voleio sobre a rede, de um lado para o outro. Nessa época, o jogo era disputado em nove pontos e não havia limites para a quantidade de participantes, desde que cada equipe tivesse o – 8 –
Origem e Evolução do Voleibol
mesmo número de componentes. Os jogadores executavam o saque com um dos pés sobre a linha de fundo e tinham que fazer um rodízio para que todos passassem pela rede e pelo saque (ANFILO, 2003). O Canadá foi o primeiro país além dos Estados Unidos a experimentar o voleibol, em 1900. Seis anos mais tarde foi a vez de Cuba. O Peru foi o primeiro país na América do Sul a vivenciar a modalidade, em 1910. No Uruguai e na Argentina a modalidade foi apresentada em 1912. No Brasil há uma divergência entre as datas: alguns autores dizem que sua chegada ocorreu no ano de 1915, enquanto outros afirmam que isso ocorreu em 1916 (BIZZOCCHI, 2013).
Figura 1.1 – Bola de vôlei antiga
Alguns autores defendem que a difusão do voleibol em nível mundial se deu em decorrência das duas grandes Guerras Mundiais, quando os soldados jogavam em momentos de lazer e os prisioneiros os assistiam, aprendendo assim como o jogo era praticado e, consequentemente, propagando o conhecimento acerca da modalidade.
Com a disseminação do esporte, surgiu interesse em criar a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) em 1947, com o objetivo de Fonte: Stock.adobe.com/ Uros Petrovic defender os interesses das federações filiadas. Brasil, Tchecoslováquia, França, Portugal, Uruguai, Itália, Turquia, Polônia, Estados Unidos, Holanda, Bélgica, Romênia e Líbano foram os países fundadores (ANFILO, 2003). De acordo com Anfilo (2013), a FIVB teria como metas: a) atender às necessidades das Federações Nacionais; b) estimular as Federações Nacionais a participarem de modo efetivo e eficiente; c) definir de forma clara as condições organizacionais, financeiras e técnicas para as competições da FIVB; d) realizar planejamento anual de competições; – 9 –
Origem e Evolução do Voleibol
Na década de 1960, o voleibol passou a ser um dos esportes mais praticados no país e os times começaram a ganhar títulos de relevância internacional. Contudo, somente em 1975, com a chegada de Carlos Arthur Nuzman à presidência da CBV, a modalidade passou a ter jogadores treinando em tempo integral, graças a empresas e ao marketing nas contratações (MEZZAROBA, 2011). Somente em 1978 foi permitido usar publicidade nas camisetas, com intuito de aumentar os patrocínios. Apostando no retorno econômico, as empresas começaram a comprar espaços de divulgação durante as transmissões que ocorriam diariamente na Rede Bandeirantes de Televisão. Luciano do Valle, diretor esportivo da Rede Bandeirantes, teve intensa participação na realização do Grande Desafio de Voleibol entre Brasil e União Soviética, que ocorreu em 1983, no Maracanã, evento que contou com público oficial de 95.887 pagantes e representou um marco para a popularização do esporte no Brasil (ANFILO, 2003). Nas Olimpíadas de 1984, o Brasil ganhou a medalha de prata na modalidade masculina, mas entrou para a história do esporte como a equipe que “forçava” o saque, criando os saques “Jornada nas Estrelas” e “Viagem ao fundo do mar”, que hoje é chamado de saque em suspensão e ainda é usado atualmente. Entre os países sul-americanos, o Brasil foi o primeiro a ganhar uma medalha nas Olimpíadas (MARQUES JUNIOR). Dica Reportagem sobre a Geração de Prata – Vôlei do Brasil, exibida pelo Programa Sportv Repórter. https://www.youtube.com/watch?v=apqsGfLvAg4>
Na década de 1980, o voleibol era o esporte preferido pelos adolescentes e o segundo mais praticado no Brasil. Bizzocchi (2013) relata que, em 1988, a Liga Nacional substituiu o Campeonato Brasileiro e mais tarde, em 1994, passou a ser chamada de Superliga, com formato parecido ao de hoje. As equipes de voleibol feminina e a masculina, principalmente, conquistaram campeonatos importantes como Jogos Olímpicos, Mundiais, – 11 –
O Voleibol no Ambiente Escolar
educacional possui como princípios o espírito esportivo, a inclusão, participação, cooperação, coeducação e corresponsabilidade (SARTORI, 2017). Os objetivos da modalidade são diferentes quando se trata de voleibol escolar, de participação, de formação e de rendimento, sendo necessário o professor ou treinador diferenciar o seu trabalho para conseguir atingir as metas propostas (MOSCARDE et al, 2013). Para Vandresen e Mafli (2011), quando usado como ferramenta pedagógica, o voleibol é um excelente instrumento para trabalhar o controle emocional e proporcionar um desenvolvimento harmonioso ao jogador. Quando o voleibol é utilizado com finalidade educacional, deve ser recriado, atendendo às necessidades de ser uma atividade crítica e criativa, proporcionando aos praticantes uma experiência do que existe e do que poderá existir (SOUZA, 2010), aperfeiçoando as habilidades humanas essenciais, além de desenvolver o raciocínio lógico, que propicia êxito na resolução rápida de problemas (VANDRESEN; MAFLI, 2011). No âmbito escolar, o minivoleibol é muito utilizado por reduzir e simplificar a situação de jogo. Com um número menor de jogadores, o tamanho da quadra diminuído e altura da rede adaptada aos alunos, torna a iniciação ao voleibol mais prazerosa. O minivoleibol é uma metodologia usada para a aprendizagem do voleibol de forma simples e adaptada às necessidades e ao estágio de maturação dos alunos (ARAÚJO; LEMOS, 2016). A Figura 2.1 retrata o minivoleibol. Figura 2.1 – Minivoleibol
Fonte: Stock.adobe.com/GraphicsRF
– 29 –
Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar
podem ampliar o aprendizado por meio do jogo (ASSUNÇÃO, 2012). O voleibol é uma modalidade de grande popularidade e difícil de ser jogada, necessitando de mediações constantes e, muitas vezes, de adaptações. O profissional, ao trabalhar o esporte, precisa se atentar para não tornar sua aula um treinamento esportivo, realizando uma especialização precoce, exclusão de alunos e desinteresse pela prática (BARROSO; DARIDO, 2010). Conhecer os processos de aquisição das habilidades motoras possibilita ao aluno utilizar diferentes oportunidades práticas sem prejudicar seu rendimento. O professor deve planejar a metodologia para aprendizagem do voleibol de forma gradativa, atendendo a todas a individualidades inicialmente, trabalhar as habilidades fundamentais, e só depois aplicar movimentos especializados. O aluno se sentir capaz é importante para despertar o interesse pelo esporte. A atividade esportiva mal direcionada se torna cruel e excludente, exigindo muito dos participantes e se tornando extremamente competitiva, exacerbando a rivalidade e a agressividade (SANCHES; RUBIO, 2011). Com intenção de atender aos anseios da sociedade, de integração entre os alunos, o docente deve utilizar o voleibol no processo de aprendizagem. A modalidade apresenta características motivacionais e acaba se tornando prazerosa. Vandresen e Mafli (2011) ressaltam que: Todo esporte, quando bem orientado, dentro de seus limites e regras, agrega muitos valores a sua prática e quando voltado a uma transcendência de atitudes, comportamentos, postura pessoal a uma futura convivência em sociedade, pode levar o seu praticante a ser mais humano e cooperativo. Ainda pode servir como um instrumento para uma preparação da formação do cidadão que seja mais proativo na tomada de decisões e resoluções de problemas na busca por seus objetivos, dando assim o sentimento de competência.
É importante que o professor desenvolva o voleibol não só como atividade competitiva, valorizando a vitória, mas como atividade de bem-estar, qualidade de vida e lazer, promovendo o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos (SOUZA et al, 2010). – 34 –
O Voleibol no Ambiente Escolar
juntar as habilidades que já domina; e a partir dos 10 anos possui entendimento e maturação motora para adquirir e aplicar as habilidades específicas dos esportes. Com tantas qualidades, o voleibol pode ser considerado um esporte completo quando utilizado respeitando os estágios de maturação motora, biológica e neurológica, passando pelas habilidades básicas antes das específicas (BIZZOCCHI, 2018). Um planejamento adequado ao desenvolvimento motor e psicológico do aluno facilitará um aprendizado mais rápido e harmonioso. Pensando nisso, Bizzocchi (2013) divide a aprendizagem do voleibol em cinco estágios que devem ser observados pelo docente: 1. Estágio escolar: 2 Idade de 7 a 10 anos; 2 Trabalhar habilidades básicas e combinadas; 2 Atividades e jogos com formas diferentes de rebater. 2. Estágio de iniciação: 2 Idade de 10 a 12 anos; 2 Trabalhar habilidades voltadas para o voleibol; 2 Atividades com habilidades combinadas de rebater; Jogos e exercícios de rebater mais específicos sobre a rede. 3. Estágio de aprendizagem: 2 Idade de 12 a 15 anos; 2 Trabalhar as habilidades toque, manchete e ataque, específicas do voleibol; 2 Ênfase e evolução nas formas básicas do jogo; 2 Estimular o raciocínio tático. 4. Estágio de aperfeiçoamento: 2 Idade de 15 a 18 anos; – 37 –
3 O Voleibol como Ferramenta
O voleibol é um esporte que possibilita o desenvolvimento de diferentes áreas do conhecimento, não se restringindo às habilidades motoras específicas, sendo um propulsor na formação integral dos sujeitos, seja na escola, no lazer ou no treinamento. A Lei Pelé (BRASIL, 1998) classifica todos os esportes entre quatro manifestações, e cada manifestação possui características e objetivos diferentes. O voleibol, em todas as suas manifestações, tem um papel importante na formação integral do aluno/ atleta, estimulando valências físicas como velocidade, força, flexibilidade, desenvolvendo as habilidades motoras manipulativas, de estabilização e locomoção, proporcionando um melhor desenvolvimento dos elementos psicomotores, tônus muscular, organização espaçotemporal, coordenação motora fina e lateralidade (KUSTER; SOUZA, 2018).
O Voleibol como Ferramenta
O voleibol tem se destacado como esporte de lazer por promover diversão, alegria, bem-estar; pode ser praticado em diferentes locais, por diferentes idades; o objetivo principal é sua prática como lazer (SAMPAIO; GONÇALVES, 2017). Nas manifestações do voleibol educacional e de participação, o trabalho deve ser planejado em três princípios: 1 – princípio da alteridade, no qual cada um recebe um olhar individual; 2 – princípio da formação plena, em que são trabalhadas as dimensões afetivas, cognitivas e corporais, e 3 – princípio da inclusão, quando acontece a participação de todos (MELO et al, 2019). Para tornar o voleibol mais atrativo nas manifestações de participação e educacional, ele pode sofrer alterações nas regras, com adequações de espaço e material, possibilitando assim que todos possam praticar em qualquer lugar.
3.1.3 Desporto de formação e de rendimento A obtenção de bons resultados é uma característica em comum entre o esporte de formação e de rendimento, o que difere são as etapas em que o atleta se encontra. No esporte de formação, o atleta está na fase de adquirir conhecimentos técnicos e táticos para chegar ao alto nível; no esporte de rendimento, os esportistas já são atletas profissionais, participam de campeonatos, seus treinos são para melhorar seus resultados (GUILHERME, 2018). Figura 3.2 – Vôlei feminino de alto rendimento
Fonte: Stock.adobe.com/103tnn
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O Voleibol como Ferramenta
Os autores acrescentam que o voleibol aborda temáticas dos temas transversais, como ética, pluralidade cultural, saúde, entre outros, além de tratar de forma inteligível a discursão sobre gênero e possibilitar uma abordagem adaptada. A Figura 3.3, elaborada tendo como base a BNCC, apresenta as dimensões que envolvem a educação integral. Observando as dimensões, pode-se relacionar o voleibol como uma modalidade que contribui para a educação integral. Figura 3.3 – As dimensões da educação integral
O QUE É A EDUCAÇÃO INTEGRAL? Considerando o desenvolvimento dos alunos em todas suas DIMENSÕES:
Emocional Social
Física
Cultural Intelectual Fonte: adaptada de www.saladacoordenadora.com.br com elemento de Stock.adobe. com/fatmasniper
O voleibol proporciona benefícios como melhora no convívio social, saúde, educação e preservação do meio ambiente (GUILHERME,2018), trabalha o controle das emoções, o esforço contínuo, a perseverança, beneficiando as relações interpessoais (VANDRESEN; MAFLI, 2011), influencia no conceito de estética de seus espectadores, que por meio da mídia passam a cultuar um corpo magro, alto e saudável (SILVA 2010), e – 53 –
Regras Oficiais e Adaptações
Os árbitros têm a função de apitar o jogo; o apontador, de anotar as substituições, faltas e pontos, e os juízes de linha de sinalizar bola fora, bola dentro, as faltas dos pés do sacador e se a bola cruzou a rede por fora ou tocando a antena. Cada integrante da equipe de arbitragem tem um lugar específico na quadra para ter boa visibilidade e não interferir na jogada, como mostra a Figura 4.3. A imagem apresenta a equipe composta por dois árbitros, um apontador ou marcador e dois juízes de linha. Figura 4.3 – Posição da arbitragem em quadra Juiz de linha
Vareta Apontador
2º árbitro
Juiz de linha
1º árbitro
Fonte: adaptada de http://fisica-a-mexer.blogspot.com/ com elementos de Stock.adobe. com/Ihor/Oleh/dovla982
Aqui foram apresentadas algumas regras para entender o funcionamento do jogo de voleibol, e saber como aplicá-las de forma justa. Para o voleibol de formação e de rendimento, é necessário aprofundar-se nelas um pouco mais, e para o voleibol de participação e educacional talvez seja necessário adaptar alguns delas. Saiba mais A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) disponibiliza em seu site todas as regras oficiais aprovadas pela FIVB, regras para o jogo e para os árbitros, suas responsabilidades e sinais manuais oficiais.
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Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar
Cada jogador deve se posicionar na quadra no início do jogo, antes do saque inicial, e após a bola ser golpeada ele pode se movimentar e mudar de posição. Quando a bola não está em jogo, os jogadores devem seguir uma ordem para a posição inicial, chamada de linha de correspondência (BIZZOCCHI, 2013). Esta linha é anotada no controle da arbitragem para controle da ordem dos jogadores no rodízio e substituições. Segundo Priess (2018), o posicionamento inicial de cada jogador deve ser: 2 o jogador na posição 1 deve permanecer atrás do jogador da posição 2 e à direita da posição 6. 2 o jogador na posição 2 se posicionará à direita do jogador da posição 3 e à frente do jogador da posição 1. 2 o jogador na posição 3 deve se posicionar entre os das posições 4 e 2 e à frente do jogador da posição 6. 2 o jogador na posição 4 se posicionará à esquerda do jogador da posição 3 e à frente do jogador da posição 5. 2 o jogador na posição 5 deve se posicionar atrás do jogador da posição 4 e à esquerda do Jogador da posição 6. 2 o jogador na posição 6 se posicionará entre os das posições 5 e 1 e atrás do jogador da posição 3. A Figura 5.2. mostra o posicionamento inicial de cada jogador como Priess descreveu. É importante saber que os jogadores que estão na zona de ataque podem participar das jogadas de rede normalmente, porém, quando os jogadores da zona de defesa entrarem na zona de ataque, não podem atacar com a bola superior à borda da rede ou participar de bloqueio. Figura 5.2 – Posições do voleibol
9m Linha central
Linha de fundo
3m
6m
Linha de ataque
3 e 2 de ataqu a n o Z 4 a e defes 1 Zona d 6 ço 5 e servi Zona d
Fonte: adaptada de Stock.adobe.com/Ihor/Oleh/dovla982
– 86 –
18
m
Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar
Dentro das jogadas individuais temos combinações de levantamento com o local e o momento certo do ataque, levando em conta o deslocamento do atacante, que é chamando “tempo de bola” (GONÇALVES,2018). Para Baiano (2005), as principais jogadas são as bolas altas, bolas chutadas, bolas de meio e bolas de tempo; e a partir dessas jogadas surgem outras variações para atender a um tipo específico de levantamento. Bizzocchi (2013) mostra na Figura 6.3 a trajetória das bolas altas, médias, rápidas/baixas/chutadas e de tempo. Figura 6.3 – Tipos de levantamento
A
A
M
M
C
A = Alto M = Meio
M
C T
T
C
C = Chutado T = Tempo
Fonte: adaptada de Bizzocchi (2013) com elementos de Stock.adobe.com/eestingnef/paunv
O tipo de levantamento interfere diretamente no deslocamento do atacante para chegar à bola com boas condições de ataque. Nos levantamentos altos, o atacante pode aguardar a trajetória da bola para iniciar sua aproximação com tempo para corrigir o posicionamento, se for necessário. Nas bolas rápidas de ponta, o atacante deve começar seu deslocamento antes do levantamento, e nas bolas rápidas próximas ao levantador, o atacante deverá saltar antes da bola chegar às mãos do levantador. Para levantamento das bolas de meio, o atacante pode iniciar sua passada um pouco antes do levantamento, ajustando a velocidade da passada à distância do ataque, executando o gesto ofensivo completo (BIZZOCCHI, 2013). – 110 –
Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar
bloqueadores adversários, como altura e dificuldade de deslocamento (BIZZOCCHI, 2013). As jogadas de finta coletiva são derivadas de jogadas básicas chamadas de “desmico” e “between”. 2 Desmico: “o atacante da posição 3 desloca-se para atacar tempo-frente e o da posição 2 movimenta-se logo depois, por trás do primeiro, para uma meia bola” (BIZZOCCHI, 2013), como mostra a Figura 6.4. Toda vez que acontecer o cruzamento entre os atacantes, independentemente de quais jogadores, a finta recebe o nome de “desmico”. Figura 6.4 – Desmico
L M
O
Fonte: adaptada de Bizzocchi (2013) com elementos de Stock.adobe.com/UncleFredDesign
2 Between: significa “no meio de duas coisas”. O atacante coloca-se entre o primeiro e o levantador. Muito utilizada pelo atacante da posição 3, que se desloca para a bola chutada de meio, e pelo jogador da posição 4, “que se desloca para o meio da quadra logo depois da passagem do primeiro, saltando entre este e o levantador” (BIZZOCCHI, 2013), como mostra a Figura 6.5. Todas as variações que tiverem essa troca de posições são chamadas de “between”. – 112 –
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O uso da manchete é sempre priorizado, mas a dificuldade de reagir e de antecipar a jogada do adversário faz com que o atleta utilize outros recursos defensivos, como manchete com um dos braços, tapinhas, uso dos pés, rolamentos e mergulhos para alcançar a bola (BIZZOCCHI, 2013). A postura de defesa é cansativa por ter o centro de gravidade projetado para fora do corpo, mas tem o objetivo de conseguir um ajuste rápido para chegar à bola da melhor forma possível. O alerta constante otimiza as movimentações (BIZZOCCHI, 2013). Bizzocchi (2013) apresenta três tipos de posições: 1. baixa – utilizada antes da defesa, como proteção de ataque, em recepção do saque em suspensão e em certas recuperações. As pernas ficam afastadas lateralmente no sentido anteroposterior, os joelhos semiflexionados e projetados à frente dos pés, o tronco flexionado sobre as coxas, ombros à frente dos joelhos, cotovelos semiflexionados à frente do tronco e cabeça erguida em direção à bola, como mostra a Figura 6.7. Figura 6.7- Posição básica baixa
Fonte: Stock.adobe.com/master1305
2. média – utilizada antes da recepção do saque flutuante e do levantamento, também usada para deslocamento do defensor.
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Fundamentos Ofensivos e Defensivos do Voleibol
A Figura 7.7 mostra a execução do toque por cima para frente. Figura 7.7 – Toque para frente
Fonte: Atlan Coelho.
7.2.5 Manchete Este fundamento é muito utilizado em recepções de saque e defesa, também usado pelo levantador para recuperar bolas mais baixas. O contato com a bola é feito com os antebraços estendidos e unidos à frente do corpo, as mãos voltadas para cima, dedos sobre dedos, polegares unidos sobre os dedos e punhos flexionados para baixo. As pernas devem ficar semiflexionadas e afastadas, com os pés um à frente do outro, com o quadril encaixado (SILVA, 2012). Mas, muitas vezes, devido às diferentes situações de chegada da bola, nem sempre o atleta consegue executar a posição padrão, tocando a bola na altura dos ombros, ao lado do corpo, próxima do chão ou até de costas (BIZZOCCHI, 2013). A execução errada da manchete interfere na recepção do saque, na defesa do ataque e compromete o levantamento e o ataque ou o contra-ataque (SILVA, 2012). Para executar o movimento de forma correta, o corpo do atleta deve estar atrás da bola. Os braços ficam soltos aguardando a bola. A união e a extensão dos braços só acontece instantes antes de tocar a bola. Ao receber a – 135 –
Referências
Teoria e Fundamentos do Voleibol Escolar
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VANDRESEN, Jeferson; MAFLI, Roberto. O voleibol entre o real e o ideal: “Sacando sobre suas abordagens metodológicas”. Caminhos: revista on-line de divulgação científica da Unidavi. Rio do Sul-SC, ano 2, n. 3, abr./jun. 2011. VARGAS, Marcus Vinicius. Evolução Regulamentar do voleibol no âmbito da rede e suas Implicações para Atuação do Árbitro. Porto Alegre-RS, 2010. VICARI, I.R. et al. A evolução do Voleibol, a partir da Superliga. EFDesportes.com – Revista Digital. Buenos Aires, año 17, n. 175, dez. 2012. VOLEIBOL MARANHENSE. Minivoleibol na escola. 1 fotografia. Disponível em: https://dioj.wordpress.com/2010/02/09/minivoleibol-na-escola-professor-roberto-pimentel/. Acesso em: 20 out. 2021. WIKIHOW. How to do an underhand serve. Disponível em: https:// www.wikihow.com/Do-an-Underhand-Serve. Acesso em: 20 out. 2021.
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TEORIA E FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL ESCOLAR
Esta obra tem como objetivo apresentar a origem e a disseminação do Voleibol; ressaltar a relevância do Voleibol como conteúdo da Educação Física escolar; introduzir as regras oficiais; e proporcionar reflexão a respeito das adaptações necessárias para o processo de ensino e aprendizagem da modalidade.
Educação
A compreensão da evolução das regras, táticas e técnicas, além da influência midiática na modalidade Voleibol é de extrema relevância para futuro professor de Educação Física. As possibilidades de intervenção metodológica influenciam diretamente na qualidade da aquisição de conhecimentos acerca dos fundamentos ofensivos e defensivos que compõem o sistema tático de uma equipe.
TEORIA E FUNDAMENTOS DO VOLEIBOL ESCOLAR Hely Toledo Loque