Livro Neurociência e Linguagem

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NEUROCIÊNCIA e LINGUAGEM

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NEUROCIÊNCIA

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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6724-4



Neurociência e Linguagem Tainá Thies

IESDE BRASIL 2020


© 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ T369n Thies, Tainá Neurociência e Linguagem / Tainá Thies. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2020. 108 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6724-4 1. Neurolinguística. 2. Neurociências. 3. Linguagem e línguas. 4. Cognição. 5. Evolução humana. I. Título. CDD: 612.82336 20-67187 CDU: 81’234

Todos os direitos reservados.

IESDE BRASIL S/A.

Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br


Tainá Thies

Mestre em Teoria da Literatura pela Universidade de Brasília (UnB). Especialista em Linguística pela Universidade Gama Filho (UGF). Licenciada em Letras Português pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Graduanda de Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Atuou como consultora educacional, professora de ensino superior e coordenadora de projetos em educação. Atualmente, atua na formação de professores para o ramo editorial, como professora em cursos de pós-graduação e como autora de materiais didáticos para ensino básico e superior, além de produzir contos e histórias infantis.


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SUMÁRIO 1 A evolução da linguagem humana  9 1.1 A evolução da espécie humana   9 1.2 A evolução da linguagem   15 1.3 Linguagem e neurociências   21 1.4 Cognição e linguagem   27

2 Linguagem oral e leitura  33 2.1 Linguagem oral   33 2.2 Variantes linguísticas   46 2.3 Cérebro leitor   51

3 Aquisição da escrita  59 3.1 Processo de aquisição da escrita   59 3.2 Métodos sintéticos de alfabetização   72 3.3 Métodos analíticos de alfabetização   78

4 Transtornos de linguagem  85 4.1 Estágios de desenvolvimento linguístico   85 4.2 Transtornos relacionados à aquisição da linguagem   92 4.3 Possibilidades de intervenção pedagógica   100



Vídeo

APRESENTAÇÃO Esta obra compreende as diferentes visões teóricas sobre a evolução da linguagem humana até que se tornasse o que é hoje. Assim, partimos das neurociências para entender a linguagem e os processos cognitivos que possibilitam essa habilidade. O campo das neurociências é vasto e conta com estudos sobre diferentes temas, sempre tentando elucidar a ligação entre nosso cérebro e nossos comportamentos, entre eles, a linguagem. Junto às neurociências, outras áreas científicas são necessárias para compreendermos a linguagem em sua totalidade, portanto utilizamos também conceitos ligados à linguística e à aquisição de linguagem, por entendermos que uma habilidade tão complexa como a linguagem não pode ser olhada somente por um ângulo. No primeiro capítulo discutimos a evolução da linguagem, compreendendo o campo das neurociências e a relação entre as estruturas cerebrais que evoluíram durante muitos anos para possibilitarem a produção da linguagem enquanto um processo cognitivo complexo, que precisa de prática e de interação para ser desenvolvido com maestria pelos seres humanos. No segundo capítulo nos debruçamos sobre a linguagem oral. Para compreendê-la em sua totalidade, distinguimos os fatores envolvidos em sua produção a nível cerebral e fonológico, verificando as principais estruturas e rotas para a produção e compreensão da linguagem. Ainda, discutimos o papel da variante linguística na aquisição de linguagem e na interação humana. Já no terceiro capítulo damos ênfase à linguagem escrita, detendo-nos nas etapas de aquisição de escrita e alfabetização, passando por diferentes métodos e sua ligação com uma alfabetização e um letramento eficientes. Por fim, o quarto capítulo contempla transtornos de aprendizagem de linguagem, fazendo uma distinção entre dificuldades e transtornos e esmiuçando o papel da escola e do professor nesse contexto.


Nesta obra são levantadas discussões de natureza reflexiva acerca do fazer pedagógico em relação à aquisição, às dificuldades e aos transtornos de linguagem, compreendendo que aprender a falar, ler e escrever depende de um esforço coletivo de muitos agentes, entre eles, aluno, família e escola. Dessa forma, as neurociências contribuem para compreendermos como um processo complexo como a aquisição da linguagem deve ser considerado por diferentes vieses e com um olhar global sobre todos os sujeitos envolvidos no processo. Boa leitura!


1 A evolução da linguagem humana Seja bem-vindo à disciplina de Neurociência e Linguagem. Neste capítulo, vamos nos concentrar em compreender como se deu o processo de evolução da espécie humana e a evolução da faculdade da linguagem nos seres humanos. Também lançaremos luz sobre o campo das neurociências e sobre as estruturas neuroanatômicas que possibilitam a produção da linguagem. Por fim, elucidaremos os processos cognitivos envolvidos na capacidade de produção e compreensão da linguagem. Esperamos que você aproveite muito os estudos desta obra e se aprofunde nos temas de seu interesse. Vamos lá?!

1.1 Vídeo

A evolução da espécie humana Quando pensamos a sociedade em que vivemos e a espécie humana, diversas vezes não nos damos conta de que foram necessários muitos séculos para chegarmos aonde estamos hoje. Entretanto, esse tempo não diz respeito apenas ao período como civilização, conforme aprendemos na escola – com as civilizações antigas, como a Grécia e a Mesopotâmia –, mas especialmente ao surgimento de tudo o que nos rodeia, uma vez que para chegarmos até aqui foram necessários muitos fatores. Entre esses fatores estão a formação do nosso mundo, o surgimento do ser humano e sua evolução. Vamos ver então, de modo breve, como chegamos até aqui como espécie humana? Uma das maiores curiosidades do ser humano sempre foi a de descobrir como a vida surgiu ou como tudo surgiu. Questionamo-nos se a vida seria um milagre ou se haveria surgido por leis materiais,

A evolução da linguagem humana

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se um ser exterior a nós foi quem a criou ou se a própria natureza dos elementos físicos tem a capacidade criadora de produzir vida a partir de si mesma. Os cientistas estimam que o universo tenha se formado há 14 bilhões de anos, por meio de uma explosão. Nesta, teriam sido liberados diversos elementos, dentre eles, o hidrogênio, o qual daria origem aos demais elementos essenciais para a vida no planeta Terra. No início de tudo, a Terra era apenas um aglomerado de elementos que se movimentavam em uma velocidade frenética, gerando muita energia. Era um lugar inóspito, isto é, inabitável, por ser extremamente quente e envolto em diversos gases. Ao longo do tempo, houve um processo de resfriamento da nossa atmosfera; com isso, a Terra conseguiu se solidificar, formando porções sólidas, e os gases começaram a formar os oceanos. Assim, há mais ou menos 4 bilhões de anos, o nosso planeta passou a ter condições para que houvesse vida (HARARI, 2016). Os primeiros seres vivos eram estromatólitos, seres parecidos estruturalmente com as bactérias e que existem até hoje nos oceanos. Esses animais não precisavam de oxigênio, e sim de gás carbônico, como as plantas (FUTUYAMA, 2005). Consequentemente, iniciou-se o processo de fotossíntese, e o nosso planeta começou a se tornar abundante em oxigênio, elemento essencial para nós, humanos! Por volta de 2,3 bilhões de anos atrás, já existia a possibilidade de seres consumidores de oxigênio. Então, os primeiros seres com células eucariontes (que precisam de oxigênio e têm estrutura mais complexa) se formaram nos oceanos ou em torno deles, em especial moluscos e algas. Mesmo que esses seres vivos estivessem já povoando os mares, a Terra em si ainda tinha muitos gases tóxicos; somente após a formação da camada de ozônio e o degelo progressivo é que alguns seres vivos conseguiram migrar do mar para a terra firme. Os primeiros foram os micróbios; em seguida, vieram os fungos e os musgos que, evoluindo, deram origem a uma Terra povoada por grandes folhagens (RIDLEY, 2004). Enquanto isso, no oceano, os peixes estavam em processo de evolução para os anfíbios. Além disso, o surgimento dos répteis possibilitou que ovos amnióticos (no caso da espécie humana, o saco gestacional)

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Neurociência e Linguagem


dessem origem aos mamíferos. Obviamente, tudo isso levou muito tempo (RIDLEY, 2004). Lembremo-nos também de que por muito tempo o reinado sobre a Terra foi dos répteis, com os dinossauros. Somente após a extinção desses grandes répteis é que os mamíferos começaram a conquistar a terra firme. Foram muitos processos evolutivos que originaram diferentes espécies de mamíferos, incluindo os primatas, da qual o ser humano também evoluiria (RIDLEY, 2004). Figura 1

Adaptado de EkaterinaP/Shutterstock

Evolução dos seres vivos

mamíferos

pássaros

répteis artrópodes

peixes ósseos

anelídeos anfíbios equinodermos moluscos

peixes cartilaginosos

nematoides

agnados platelmintos

celenterados

esponjas

protistas protistas

Ao falarmos em evolução, pensamos logo em melhoria; como quando uma empresa de celulares lança um novo modelo, melhor do que o anterior, e diz que é a evolução dos smartphones. Todavia, essa não é a concepção de evolução que devemos ter em mente. O termo evolução deriva do latim evolvere, que significa desenrolar. Portanto, evoluir não significa necessariamente melhorar, mas sim o A evolução da linguagem humana

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Saiba mais

desenrolar de fatos que levam a diferentes situações. Podemos pen-

Fala-se muito sobre a teoria da evolução, mas você sabe como ela aconteceu e o que de fato postula? Assista ao vídeo O que é a teoria da evolução de Charles Darwin e o que inspirou suas ideias revolucionárias, produzido pela BBC News Brasil, para entender melhor quem foi Darwin e como ele chegou a essa teoria.

sar a evolução do ser humano como o desenrolar de fatores e acon-

Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=ambANBIHjCI. Acesso em: 18 dez. 2020.

(cor da pele, dos olhos, altura, peso, entre outras).

tecimentos que promovem diferentes fases do desenvolvimento e as variedades na espécie. Então, quando pensamos a evolução de uma pessoa, sabemos que ela passará por fases que se desenrolam: embrião, feto, bebê, criança, adolescente, jovem adulto, adulto e idoso. Além disso, esse desenrolar da evolução proporciona que tenhamos características em comum (andamos em duas pernas, somos mamíferos, não temos o corpo coberto por pelos longos etc.) e, ao mesmo tempo, características individuais É preciso distinguir o termo evolução do termo melhoria, pois nem sempre a evolução de fato traz uma melhoria, e sim algo diferente do que era antes. Logo, não devemos pensar que nossa espécie atual é “melhor” do que as espécies que vieram antes de nós, mas que somos diferentes, pois o desenrolar da evolução nos trouxe para outro caminho. Com a evolução de mamíferos roedores, vieram os primatas. Aos poucos, os grandes primatas (como gorilas e chimpanzés) se tornaram capazes de andar sobre duas pernas. Segundo os cientistas, nossos últimos ancestrais comuns com os chimpanzés viveram há 7 milhões de anos. Com essa separação dos chimpanzés, nossa espécie começou uma longa caminhada, que se iniciou com o Homo australopithecus (FUTUYAMA, 2005). Após o australopithecus, muitos outros vieram, como você deve ter estudado na escola. O problema é que muitas vezes nos ensinam como se fosse uma sucessão de espécies, uma após a outra. No entanto, essa visão linear é equivocada, pois muitas espécies diferentes, e que originaram a espécie humana, conviveram no mesmo momento (HARARI, 2018).

Nicolas Primola/Shutterstock

De acordo com Harari (2018), o Homo australopithecus foi

Representação do Homo australopithecus

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migrando para outras partes da África (em especial, para o norte), rumando depois para a Europa e a Ásia. Contudo, ao mesmo tempo que grupos de australopithecus povoavam novas regiões, aqueles que ficaram na África evoluíram. Da mesma forma, a cada conquista de novo território, os


australopithecus precisavam se adaptar a diferentes climas e vegetações, evoluindo também. Portanto, não tivemos uma sucessão de hominídeos, como em uma linha, em que uma espécie inteira evoluiu para outra. Tivemos indivíduos dentro da mesma espécie que evoluíram para outra espécie, dadas as condições do local onde viviam, enquanto seus parentes que haviam migrado evoluíram para uma espécie diferente, e assim por diante. Para compreender melhor, observe a Figura 2. Perceba quantas espécies vieram antes de nós, Homo sapiens, e como várias destas viveram ao mesmo tempo, porém em locais distintos do planeta. Figura 2

Iesde S/A

Linha do tempo da evolução dos hominídeos

A evolução da linguagem humana

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A FLSE seria uma capacidade de recursividade englobada pela FLSA, isto é, “processo de repetição de um objeto ou procedimento, e regras que articulam tal processo” (DALGALARRONDO, 2011, p. 288). Segundo Hauser, Chomsky e Fitch (2002), essa capacidade seria o que diferencia a linguagem humana da linguagem dos demais animais, pois permite que regras gramaticais sejam repetidas, criando sentenças infinitas. Glossário símio: palavra substantiva que designa macaco.

Assim, a recursividade, como característica de replicação de regras gramaticais, teria surgido pelo processo evolutivo, por pequenas diferenças com outros símios. Ainda conforme Hauser, Chomsky e Fitch (2002), além da hipótese delineada no parágrafo anterior e aceita por eles, haveria outras duas hipóteses para a origem da linguagem humana. A primeira é a de que a FLSA “seria homóloga à comunicação animal, diferindo dela apenas em aspectos quantitativos de complexidade e riquezas” (DALGALARRONDO, 2011, p. 290). Ou seja, embora seres humanos e outros primatas tenham diferenças anatômicas e na função da linguagem, ambos têm um ancestral em comum que possibilitou a faculdade de linguagem para todos. O que diferenciaria a linguagem dos primatas da dos seres humanos seria a utilização e a complexidade. Essa hipótese é muito aceita entre primatólogos e etólogos. A segunda hipótese crê que a FLSA não seria uma extensão da linguagem animal, e sim uma adaptação específica dos seres humanos. Em geral, é uma hipótese aceita por linguistas. O que diferencia essa hipótese daquela defendida por Chomsky e seus colegas é que, para eles, somente a FLSE seria produto unicamente humano, enquanto as outras características da FLSA seriam comuns às dos outros animais. Com base nessa discussão, pode-se diferenciar duas grandes correntes de hipóteses sobre a origem da linguagem, com diferentes autores e suas teorias: gradualista e descontinuísta. Veja a seguir as

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Corrente gradualista

Autores acreditam na hipótese de que a linguagem humana tenha evoluído de maneira gradual, lenta e contínua, desde os primatas ligados à espécie humana (gorilas, chimpanzés e bonobos) e dos primeiros hominídeos, os australopithecus, até chegar ao sapiens.

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definições de cada uma dessas correntes:

(Continua)

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Corrente descontinuísta

Autores acreditam no big bang linguístico, isto é, que os sapiens adquiriram a faculdade de linguagem de modo súbito. Para eles, houve uma mutação genética muito grande, possibilitando o surgimento dessa capacidade cerebral.

Desafio

Para que possamos ter uma maior compreensão das diferentes hipóteses de surgimento da faculdade de linguagem no ser humano, vamos conferir os principais autores de cada corrente.

Após a leitura das teorias que tentam decifrar a origem da linguagem, descubra qual delas mais se aproxima do seu próprio pensamento e pesquise mais para se aprofundar no assunto.

1.2.1 Corrente gradualista Veremos a seguir os principais autores e as pesquisas da corrente gradualista sobre a origem da linguagem. Charles Darwin Conhecemos Darwin da teoria da evolução. De acordo com ele, a evolução humana foi um longo processo em que foram sendo somados elementos distintos àqueles elementos e características que já compartilhávamos com os primatas. Para o pesquisador, a linguagem divide-se em uma complexidade semântica e gramatical que, por um lado, é unicamente humana; por outro, é composta de gritos e expressões não articuladas que são compartilhadas com os animais (DALGALARRONDO, 2011). Darwin entende, então, que a linguagem humana tem origem tanto em imitações de sons naturais quanto em elementos musicais e prosódicos, que serviriam de ligação emocional entre os ancestrais humanos. Portanto, é na expressão prosódica, na comunicação que lança mão de determinada protomúsica, no exercício de um canto marcadamente emocional, que os primeiros humanos, à semelhança de alguns animais, foram aos poucos sofisticando elementos fundamentais na comunicação intraespecífica. Foi assim na interação entre os sexos, na expressão de sentimentos significativos relacionados a embates e em relações sociais importantes que lentamente a linguagem humana teria se desenvolvido. […] As palavras, a linguagem articulada dotada de riqueza semântica, teriam tido um desenvolvimento progressivo e gradual a

A evolução da linguagem humana

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Curiosidade Você sabia que, ao contrário do aprendizado de segunda língua quando criança, que possibilita que a área de Broca utilize sua especificidade para ambas as línguas, depois de adultos utilizamos uma região diferente para aprender uma segunda língua? Saiba mais assistindo ao vídeo Como seu cérebro muda ao falar outros idiomas.

Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=_fmqo8p57Q. Acesso em: 18 dez. 2020.

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Área de Broca

Responsável por controlar a produção da fala. Como está próxima à área motora, está implicada no controle de língua e boca, ou seja, do aparelho fonador que articula as palavras.

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Área de Wernicke

Responsável pela recepção da linguagem, processa os sinais auditivos recebidos e está envolvida na compreensão da fala. Como se localiza próxima ao giro angular e ao córtex auditivo primário, essa área também combina a entrada dos sons com outros sentidos.

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Assim, as principais áreas envolvidas na linguagem são:

As áreas não trabalham sozinhas, elas se complementam para realizar o trabalho da linguagem. A figura a seguir ilustra as estruturas

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implicadas na linguagem.

Fonte: Adaptada de Kandel et al., 2014, p. 11.

Portanto, quando pensamos em linguagem, devemos compreender que ela é uma função localizada primordialmente no hemisfério

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esquerdo, envolvendo as áreas de Broca e Wernicke e áreas adjacentes a essas duas principais. Todavia, devemos também lembrar de que a emoção é um componente fundamental na linguagem, possibilitando a prosódia, a qual localiza-se no hemisfério direito. Atualmente, cada vez mais é possível investigar e descobrir o funcionamento do cérebro e da linguagem. Com exames de imagem modernos, pode-se pesquisar a cognição sem que a pessoa tenha um distúrbio e no momento que a linguagem acontece, isto é, observar o cérebro no momento da recepção ou emissão da linguagem oral ou escrita. Estudar as áreas envolvidas na leitura e na escrita é ainda um desafio, pois não são habilidades inatas, como a fala, mas criadas culturalmente e muito recentes na história da humanidade. Por isso mesmo, os neurocientistas creem que é ainda muito cedo, considerando o processo evolucionário, para termos áreas específicas para leitura e escrita, uma vez que o cérebro do ser humano ainda não desenvolveu tais competências de maneira inata, isto é, sem a necessidade de um aprendizado formal.

1.4 Vídeo

Livro Se você tem interesse na área de neurociências e quer se aprofundar em diferentes abordagens, indicamos a leitura do livro Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência.

LENT, R. Rio de Janeiro: Atheneu, 2001.

Cognição e linguagem Assim como as neurociências apresentam diferentes abordagens para estudar o sistema nervoso, também são várias as áreas que buscam entender a linguagem. Entre elas, há as que dão ênfase ao processo psicológico, que está relacionado com a percepção da linguagem, e as que pretendem descrever a estrutura da linguagem, embasadas pela linguística. No entanto, aqui, como já mencionamos, daremos ênfase na neurociência cognitiva e na psicolinguística. A neurociência cognitiva, como vimos, pesquisa como se dá a linguagem no cérebro e quais estruturas cerebrais estão implicadas no processo. Já a psicolinguística vai se preocupar com como a linguagem é produzida e compreendida, ligando-se de um lado às neurociências e de outro à linguística (STERNBERG, 2016). Mesmo que diversas ciências abordem os estudos da linguagem, de acordo com Sternberg, há seis propriedades distintivas da linguagem compartilhadas por todas as áreas, são elas:

A evolução da linguagem humana

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Categoria

Articulador ativo

Articulador passivo

Explicação

Características

Exemplos

Estruturas do sistema articulador que se movimentam.

Modificam a configuração da voz e se movem em direção aos articuladores passivos. Papel ativo na articulação das consoantes.

Lábio inferior; língua; véu palatino; pregas vocais (Figura 3).

Localizam-se na mandíbula superior.

Lábio superior; dentes superiores; alvéolos; palato duro; palato mole (atua como ativo nos sons nasais e passivo nos sons velares).

Estruturas do sistema articulador que não se movimentam.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Silva, 2003, p. 26-31.

Figura 2 Glote e pregas vocais Pregas vocais

Pregas vocais

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Glote

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Traqueia

Cartilagem Aberta

Fechada

Estado da glote e, consequentemente, das pregas vocais. Pregas vocais e glote abertas produzem consoantes desvozeadas. Pregas vocais e glote fechadas produzem consoantes vozeadas.

Agora que sabemos as estruturas envolvidas e as características da produção da fala em relação ao aparelho fonador, veremos os lugares ou pontos de articulação das consoantes, aplicando as categorias estudadas e entendendo como os articuladores ativos e passivos se relacionam para formar os sons. A junção dos articuladores ativos e passivos formam os diferentes sons das consoantes, conforme ilustra a figura a seguir.

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Neurociência e Linguagem


Figura 3 Articuladores Lábio superior

Palato duro

Dentes superiores Alvéolos

Úvula

Posterior Média

Lâmina da língua

Adaptada de Andrea Danti/Shutterstock

Véu palatino

Anterior Ápice da língua Dentes inferiores Lábio inferior

Localização dos articuladores ativos e passivos, envolvidos nos pontos de articulação das consoantes.

As consoantes são produzidas em diversos lugares no sistema articulatório. Assim, temos consoantes com diferentes classificações, a depender do local, e articuladores envolvidos em sua produção. Veja no quadro a seguir essas classificações. Quadro 2 Lugares de articulação das consoantes no sistema articulatório

Lugar

Articulador ativo

Articulador passivo

Exemplo

Bilabial

Lábio inferior

Lábio superior

/p/ /b/

Labiodental

Lábio inferior

Dentes incisivos superiores

/f/ /v/

Dental

Lâmina da língua

Dentes incisivos superiores

/s/ /z/

Alveolar

Lâmina da língua

Alvéolos

/d/ /t/

Alveopalatal

Parte anterior da língua

Parte média do palato duro

/ch/ /j/

Palatal

Parte média da língua

Parte final do palato duro

/nh/ /lh/ (Continua)

Linguagem oral e leitura

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