Jornal Extra

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3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

Infraestrutura

Transporte Ferroviário

Mídia e Cultura

Projetos de Extensão


Bauru, 08 de abril de 2013

3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

Restaurante Universitário deve funcionar em outubro Processo de aquisição de equipamentos internos, no entanto, ainda não começou Por Tiago Pavini

Depois de muitas reivindicações, o Restaurante Universitário da UNESP – Câmpus de Bauru parece estar ganhando vida. A construção, que se localiza em frente ao Anfiteatro Guilhermão, já está praticamente finalizada. Pelo menos por fora. Uma comissão responsável por verificar possíveis defeitos na obra apontaram alguns problemas, que serão concertados até o final do mês de abril. Após essas correções, será iniciado o processo de aquisição de equipamentos para o restaurante, através de leilões e pregões, além da contratação de funcionários, em um processo que deve levar entre 120 e 150 dias, segundo Jair Manfrinato, atual presidente do Grupo Administrativo do Câmpus (GAC). “Para adquirir os equipamentos, precisamos de pessoas que vão se responsabilizar pelo restaurante. Uma delas é a nutricionista, que fizemos o concurso semana retrasada. Após a nutricionista ser contratada, precisamos pedir recursos para a reitoria para fazer o pregão ou leilão dos equipamentos. Em outubro de 2013, o restaurante estará em condições de uso”. Os funcionários contratados serão todos da UNESP, ou seja, o serviço não será terceirizado. Os recursos necessários para tais aquisições estão previstos pelo Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). No entanto, os recursos dependem da arrecadação do

ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). “Se o ICMS arrecadar o que nós estamos prevendo, teremos recursos para isso. Se não arrecadar, é preciso segurar (as aquisições). É preciso pagar energia, pagar professor, pagar limpeza, é preciso ter condições de infraestrutura para funcionamento do câmpus”, diz Jair. De acordo com o projeto de construção, o restaurante universitário terá capacidade para servir até 1400 refeições diárias, entretanto, no início de seu funcionamento, a expectativa é de que sejam servidas cerca de 300 refeições. Por que o restaurante não foi construído antes? O Câmpus da UNESP de Bauru foi concebido com particularidades em relação aos outros do estado de São Paulo. Em Bauru, a UNESP incorporou a Universidade de Bauru em 15 de agosto de 1988, e herdou uma estrutura já existente, antiga e defasada. Sendo assim, era necessário priorizar os investimentos em uma área muito grande, segundo Jair: “Isso aqui era uma enormidade. Na época em que nós fomos encampados, existiam cerca de 20 cursos. Nós tínhamos diversas demandas, como investimentos em laboratórios, infraestrutura... Então há todo um histórico. O prédio aqui é antigo.”

Apesar da bela fachada, o interior do restaurante universitário ainda está aguardando equipamentos de infraestrutura. Crédito: Paulo Palma Beraldo

Unidades serão responsáveis por dos, de acordo com o orçamento da subsidiar seus alunos unidade, será de responsabilidade do diretor de cada uma delas. “Ha O subsídio será exclusivo verá um ranking. A unidade só pode para alunos carentes. Haverá um pagar 30 refeições subsidiadas, e processo seletivo através de en- tem 40 na lista. Dez vão ter ficar de trevista e análise socioeconômica. fora. Quem vai decidir isso é o diPosteriormente, será elaborado um retor”, diz Jair. Os alunos não subranking e a unidade da qual o aluno sidiados irão pagar pelas refeições. pertence será responsável pelo cus- O preço ainda não foi definido. teio. O número de alunos subsidia-


Câmpus Diagramação: Paulo Palma Beraldo

Jorn. Resp.: Angelo Sottovia MTB: 12870

Do campo ao câmpus

A aliança produtiva entre a agricultura familiar e o restaurante universitário Por Mauricio Daniel

Constantemente necessitada de estímulo e apoio, a agricultura familiar desempenha importante papel na economia do país. Com foco na gestão pelo próprio produtor e na diversificação de culturas, a modalidade enfrenta obstáculos de ordem financeira e logística. Bem longe das plantações, o espaço do câmpus universitário passa por situação semelhante com o Restaurante Universitário (RU), que tem como objetivo o fornecimento de alimentação para os estudantes, facilitando o acesso e a permanência dos mesmos. Normalmente baseado em licitações, o sistema para compras de alimentos de grandes conglomerados é complicado e dispendioso. Pautada nos problemas e possibilidades das duas áreas, a Resolução federal 50/2012, publicada

O uso de produtos da agricultura familiar é recomendado por lei. Crédito: corbis.com

no ano passado, propõe uma solução. Ela regulamenta as relações comerciais entre os agricultores familiares e as instituições públicas que fornecem refeições, permitin-

do que cada família possa vender até R$ 8 mil reais por ano para os órgãos, complementando consideravelmente sua renda. Tal negociação ocorre por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), dispositivo integrante do Fome Zero. Mesmo com o advento desta regulação, nem tudo é tão fácil quanto parece. Walter Aparecido Durante, membro do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) de Sumaré – SP, é incisivo ao criticar as intenções da medida: “as leis são feitas sem discutir com os agricultores”. Walter continua apontando deficiências na proposta e afirma que “o PAA representa 20% da compra dos produtos da agricultura familiar, o que não é satisfatório para atender a produção”. Além dis-

so, enfatiza que a iniciativa muitas vezes trabalha contra a união dentro do setor, uma vez que prioriza a negociação direta, “individualizando os agricultores que estão organizados”. A parceria é complexa e requer um planejamento rigoroso com medidas anexas para ser bem sucedida. Entre outros problemas estão a corriqueira demora no processo de licitação, que ainda existirá, e a necessidade de investigação sanitária completa nas plantações, o que também pode alongar o processo. Segundo Jair Manfrinato, presidente do Grupo Administrativo do Câmpus (GAC) da UNESP de Bauru, o futuro do RU da unidade utilizará o PAA para adquirir alimentos procedentes da agricultura familiar.

muito mal. Desde então nunca mais comi carne.” Ela se esforça para fazer várias refeições por dia, sempre com proteínas e carboidratos, para que o corpo não sinta a necessidade de suplementos vitamínicos.

ainda alerta que o consumo desses produtos não causa apenas problemas relacionados à obesidade, mas também a distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia. A alimentação é um ato voluntário e consciente, e quem abusa de comidas rápidas o faz por escolha própria. Às vezes por gosto, às vezes por preço, mas o fato é que os miojos e esfirras do Habib’s dificilmente sairão do cardápio básico do universitário.

Comendo bem e barato

Uma alimentação saudável faz bem não só para o corpo, mas também para o bolso Por Rafael Rodrigues No estereótipo do universitário como um indivíduo que acabou de chegar à maioridade, saindo da casa dos pais para morar sozinho pela primeira vez, fica difícil imaginar que longas horas em frente ao fogão possam fazer parte de sua rotina. “Costumo me alimentar quase sempre de miojo, bolachas e lanches nos dias que o bandejão não abre. Sei que faz mal, mas é mais prático,” afirma Bianca Faccioli Ehmke, estudante de farmácia na Unicamp. Mas, como todo estereótipo, sempre existem os indivíduos para quebrá-lo. Bom exemplo “Minha mãe sempre foi muito natureba. Em casa nunca existiu doces, frituras, carne de porco...até uns 12 anos de idade eu nunca tinha comido chocolate. McDonald’s, fritura, doces artificiais, tudo isso

conheci por causa de amiguinhos” conta Julia Gottschalk, estudante de Jornalismo na Unesp de Bauru, que diz conhecer a importância de uma dieta balanceada não apenas por influência da mãe, mas também por experiência própria. “Morei um ano nos Estados Unidos, lá engordei por volta de 15 quilos em 12 meses. Não foi uma experiência boa e não recomendo para ninguém, afinal não é só aparência, mas também colesterol e todos os problemas de saúde que isso acaba gerando.” Outra estudante que costuma passar um bom tempo na cozinha é Amanda Guimarães, estudante de literatura na Sorbonne-Nouvelle, Paris 3. Mas, para ela, a questão vai além de um cuidado com o corpo. “Sou vegetariana há 8 anos. Eu parei de comer carne naturalmente, até que um dia fui forçada a comer na casa de alguma amigas, e me senti

Cuidados com a saúde “O consumo exagerado de fast-food pode ser muito prejudicial para a saúde” afirma Renata Artioli, nutricionista na empresa Serra Leste. Ela


Bauru, 22 de abril de 2013

3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

Investimentos insuficientes colocam em dúvida futuro da linha ferroviária de Bauru Gestão de concessionária não reduz precarização de condições de trabalho; perspectiva da empresa é ampliar capacidade de transporte Henrique Cézar

Após alavancar o desenvolvimento de Bauru no século XX, a antiga estrada de ferro Noroeste do Brasil completa em 2013 sete anos sob a administração da América Latina Logística (ALL). Mesmo recebendo investimentos na casa dos 20 milhões de reais em infraestrutura em 2012, de acordo com a concessionária, os principais problemas desde sua privatização ainda persistem e colocam em dúvida seu futuro. Incorporada a ALL em 2006, com contrato de 30 anos, sendo responsável pela manutenção, a malha ferroviária da região desempenha papel importante nas exportações nacionais. Diariamente, 6 a 7 comboios com minério de ferro, celulose, derivados de petróleo, cimento e produtos siderúrgicos passam por Bauru rumo a Paulínia, Mato Grasso Futuro incerto do Sul e o porto de Santos.

Na visão do diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Empresas Ferroviárias de Bauru, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, José Carlos da Silva, o futuro do trecho ferroviário de Bauru é incerto. “É difícil responder. A gente não vê horizonte da forma como o governo trabalha a questão da ferrovia. É até pejorativo, é brincadeira o que eles fazem, mostram e apresentam”, relata. Roque Ferreira é mais incisivo e defende a reestatização das ferrovias e a criação de um novo plano para o transporte de cargas gerais de pequeno volume, além do transporte de passageiros, destacando ter a convicção de que “este modelo não atende os interesses da nação”. A América Latina Logística informa que uma

parceria viabilizou a criação da Vetria Mineração S.A., empresa responsável pelo gerenciamento do minério de ferro proveniente do Maciço do Urucum em Corumbá (MS). A expectativa é que a parceria permita a ferrovia atingir um potencial para movimentar até 27,5 milhões de toneladas por ano, com investimentos na casa dos R$7,6 bilhões. Segundo o Sindicato da categoria, um acordo já foi concretizado junto a ALL para reajuste salarial de 6,5% com data base de janeiro deste ano para os trabalhadores. A negociação agora é para a reposição dos aposentados da Rede Ferroviária. O governo ainda não sinalizou a intenção de discutir a questão.

os trilhos estão sucateados e a situação das ferrovias lamentável, ainda há um resquício dessa memória na cidade de Bauru. É um reduto de lembranças de um tempo em que os trilhos levavam trabalhadores e mercadorias, familiares e amigos, notícias e modernidade para diversos lugares do Estado e do país. Toda essa história está documentada e pode ser vista por quem quiser, na Rua Primeiro de Agosto, quadra 1, no centro da cidade. Lá está localizado o Museu Ferroviário Regional, inaugurado em 26 de agosto de 1989, como uma forma de registrar o passado glorioso da cidade, que permite a existência do pro-

gresso de hoje. O museu conta com mais de 500 itens em exposição permanente, dispostos em quatro salas e um auditório. As visitas são feitas, em sua maioria, por alunos de escolas públicas e privadas; também os idosos fazem parte dos poucos visitantes do museu – são em média quinze por dia, que revivem o passado dos trens em Bauru. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (14) 3212-8262. O museu ferroviário funciona de terça a sábado. No sábado, das 9:00 às 13:00 e nos demais dias, está aberto das 08h30 às 12h00 e das 13h00 às 17h30.

Foto: Marcus Martins

em Bauru, Roque Ferreira, a forma de gestão leva a empresa a desativar a maioria dos postos de manutenção de máquinas e equipamentos, aumentando o número de acidentes e a precarização das condições de trabalho dos operários. “A empresa trabalha com um modelo de gerenciamento baseado no stress. Sua política de remuneração variável centrada em metas rigorosas leva a exploração do trabalho a limites muito duros”, afirma o vereador. De acordo com a assessoria de imprensa da ALL, a segurança dos trabalhadores é prioridade para a empresa. Além disso, a concessionária afirma que toda ocorrência ferroviária passa por sindicância interna, com o objetivo de não ocorrer novamente. “A meta é zero acidentes”, diz a nota enviada à reportagem.

Condições de trabalho na ferrovia De acordo com o ferroviário e vereador do PT

Museu de viagens

Local guarda tempos áureos da ferrovia Paulo Palma Beraldo Em 1904, a vila de Bauru foi escolhida para ser o ponto de partida da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Ela atravessava o oeste do estado de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, até chegar a Corumbá, na fronteira com a Bolívia. Menos de dois anos depois, a Estrada de Ferro Sorocabana ligava a capital do estado ao modesto vilarejo. Em 1910, chega a Companhia Paulista de Estradas de

Ferro e impulsiona o progresso. Bauru fervilhava. Era um importante entroncamento ferroviário . Pessoas de todas as regiões do estado seguiam o caminho dos trilhos – e da prosperidade – e vinham para o vilarejo que hoje está entre as 70 cidades mais populosas do país. Bauru estava em posição estratégica: centro-oeste de São Paulo, um dos três estados com maior atividade ferroviária, ao lado de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Se hoje


Transporte Ferroviário Diagramação: Tiago Pátaro Pavini

Jorn. Resp.: Angelo Sottovia MTB: 12870

Asfalto sobre trilhos

Apesar de ser uma invenção bem mais antiga, as vantagens do sistema ferroviário ainda são muitas Rafael Rodrigues Um trilho vazio e completamente tomado pelo mato. É essa a imagem que se costuma ter das ferrovias no interior paulista. As cidades em que elas já foram a principal forma de transporte de carga – Bauru, Sorocaba e São José dos Campos, por exemplo – hoje as veem como relíquias de um passado não tão distante. Mas por que esse meio de transporte, antes tão importante, foi deixado para trás? “Essa história vem desde a época do JK [Juscelino Kubitschek, presidente entre os anos de 1956 e

1961]. Quando se escolheu seguir o modelo rodoviário a fim de trazer as indústrias automobilísticas americanas para cá, abandonando por completo toda a estrutura ferroviária já existente no país, ali morreu um modelo de transporte eficiente.” conta Bruno Emídio, professor de geografia na EE Professora Maria Santos Bairão, em Santa Isabel. Claro que o transporte ferroviário possui suas desvantagens: “Os custos de implantação de uma matriz ferroviária são muito mais altos que os rodoviários” lembra Bruno, “mas, a longo prazo, são compensados pelo baixo custo de manutenção, a velocidade de

transporte e, principalmente, a segurança.” Ele ainda lembra que, apesar de Hollywood nos ter bombardeado com imagens de assaltos a trens, esse tipo de coisa dificilmente aconteceria nos dias de hoje. “A tecnologia é outra. Nos filmes de bang-bang os trens alcançavam baixas velocidades, muitas vezes não ultrapassando os 40 km/h. Hoje um trem de transporte pode facilmente chegar a mais de 100 km/h”. Apesar desse aparente abandono, existem iniciativas para que o transporte por ferrovias se torne novamente atrativo para empresas e usuários. Uma delas é o PAC Ferro-

viário, que pretende não só ampliar a rede ferroviária como também interligar essa rede de modo objetivo à outros modais, como rodovias e hidrovias. Como disse André Chiarini, presidente do MTO (empresa do setor ferroviário controlada pela GranEnergia), em entrevista recente, “No Brasil, 60% do transporte de cargas são feito por rodovias, enquanto nos Estados Unidos esse número é de 29%, com uma melhor distribuição entre os diferentes modais”. Resta esperar que essas iniciativas se tornem mais do que “boas intenções” e possam, sim, fazer diferença na vida da população.

A herança das máquinas

Organizador do livro “Nos Trilhos da Memória: trabalho e sentimento”, professor contextualiza o legado da ferrovia bauruense Maurício Daniel A implantação da estrada de ferro Noroeste na cidade de Bauru fez muito mais do que impulsionar a economia regional. Deixou também marcas profundas na sociedade e história da cidade. Célio José Losnak é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo e professor da FAAC. Sua pesquisa e orientação de estudos é baseada na História do Brasil contemporâneo e um dos seus grandes interesses está nos aspectos de desenvolvimento, consolidação e memória da ferrovia no interior de São Paulo. Extra: A cidade de Bauru tem heranças sociais, estruturais e históricas associadas à ferrovia. Quais exemplos ilustram melhor tal relação? Losnak: O território urbano de Bauru é cortado por duas vias, uma vinda de Agudos e a outra de Pederneiras. Hoje, vemos polêmicas com pedidos de retirada das linhas do meio urbano, o que eu acho um grande equívoco. O complexo não é constituído apenas pelas linhas, mas também pelas edificações, com escritórios e galpões, um verdadeiro patrimônio histórico material. Os prédios das antigas oficinas são muito bonitos e poderiam ser aproveitados de várias

maneiras diferentes, inclusive com atividades culturais. Além disso, temos os conjuntos de casas que eram ocupadas por funcionários, ainda em estado razoável de conservação. Tudo isso está esquecido e fechado por muros, na maioria das vezes. Dá a impressão de que aquilo não tem uso e sentido, mas isso acontece pois não existem políticas de preservação. Também ainda existe um grande percentual de habitantes que estiveram relacionados com a ferrovia em grau direto ou indireto. As características estruturais, urbanas, históricas e sociais estão dispersas e necessitam de políticas para serem resgatadas. Mesmo as novas gerações têm interesse pelo tema, como pode ser observado na atenção que o próprio funcionamento da locomotiva desperta. O trem, diferente do ônibus, possui uma dimensão lúdica muito forte. De acordo com vários autores, a ferrovia representa de maneira fiel a modernidade, com a velocidade e extrapolação dos limites humanos, comuns ao período.

Losnak: Regularmente, são produzidas pesquisas sobre a rodovia, mas considerando a importância do tema, eu diria que a produção é tímida. Ocorrem dissertações e teses algumas vezes em Economia, em Sociologia, História, tanto sobre a perspectiva empresarial quanto sobre a participação dos operários. Tendo em vista a difusão pelo país e a presença significativa de setores da sociedade, teria muita coisa a ser explorada. Eu diria que ainda é uma fonte pertinente ao campo das Ciências Extra: Quais as principais adições Sociais. que a memória ferroviária pode trazer para o estudo historiográfico? Losnak: Chamar a atenção para a importância que o sistema teve em décadas passadas e também viabilizar a crítica da decisão que foi tomada, com o abandono da ferrovia. Outro viés é reconhecer o operariado, pensando a história como resultado de agentes sociais, permeada pela política, cultura e economia. Existe também uma contribuição para a Extra: O declínio do transporte fer- História Econômica, com trabalhos roviário tem, na sua visão, causas pu- puramente analíticos voltados para ramente econômicas? o desenvolvimento da ferrovia enLosnak: Eu entendo que não é só quanto ambiente empresarial. econômico, mas também político. O abandono da ferrovia no Brasil Extra: A academia tem dado a foi uma opção que vários governos devida importância à questão? tomaram, optando por um planejamento centrado no transporte rodoviário. Gradativamente a ferrovia deixou de receber investimentos e passou a ter menos eficiência administrativa, provocando um lento processo de descaracterização. Economicamente, a ferrovia exige um grande investimento inicial do Estado na instalação e manutenção, que não é necessário na rodovia. A situação brasileira contraria o que aconteceu nos países considerados desenvolvidos, que implantaram as rodovias mas mantiveram as ferrovias.

Foto: Arquivo Pessoal


Bauru, 20 de Maio de 2013

3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

Editoria de Cultura ganha as páginas a partir dos anos 80 Jornais como “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” passaram a ter cadernos culturais diários, ampliando o mercado editorial no Brasil

A

cultura passou a ter mais visibilidade no período pós-segunda guerra, em que ela se integra totalmente ao modelo de produção de mercadorias e surge a indústria cultural. As abordagens em cima de temas culturais ficaram cada vez mais frequentes e acessíveis para as pessoas. No Brasil, durante muito tempo o jornalismo cultural era restrito para uma parte seleta da população,

pois quem escrevia sobre o assunto eram doutores acadêmicos que apresentavam suas teses sobre determinados autores, utilizando uma linguagem erudita que muitos não conseguiam compreender. Além disso, o jornalismo cultural se resumia aos folhetins. Com as alterações editorias nos jornais brasileiros a partir da década de 1950, surgiram os suplementos. Em 1956, o jornal “O Estado de São Paulo” come-

çou a publicar o “suplemento literário”, com pretensões de transformá-lo em uma pequena revista de cultura, com matéria leve, curta e informativa. No mesmo ano, o “Jornal do Brasil” publicou o “Suplemento dominical”, que acabou divulgando o movimento concretista e reavaliou a produção poética brasileira e estrangeira. No período da ditadura militar, houve pouca evolução nesse ramo jorna-

lístico. Mas o jornalismo cultural brasileiro se firmou mesmo em 1980, com a consolidação dos “segundos cadernos”, cadernos diários que abordavam temas específicos culturais, como críticas literárias, de filmes e outras análises. O jornal “Folha de S Paulo” lançou o caderno diário “Folha Ilustrada”, enquanto que “O Estado de S. Paulo” lançou o “Caderno 2”. Apesar de que, atualmente, esses cadernos possuem

grande parte do espaço voltado para as grades de televisão, cruzadinhas, quadrinho e publicidade, enquanto pouco sobra para reportagens e críticas culturais. Atualmente, algumas revistas como “Bravo”, “Cult” e “DASartes” se destacam no campo editorial cultural brasileiro, assim como os cadernos “Folha Ilustrada” e “Caderno 2”, já citados anteriormente. (TIAGO PÁTARO PAVINI)

Tradição e inovação na revista

Os desafios da consolidação da Rolling Stone Brasil na visão de seu editor-chefe

A

Rolling Stone Brasil é uma das maiores publicações do ramo cultural do país e traz, mensalmente, informações e tendências do mundo da música, moda e entretenimento em geral. Carrega também o título e a marca de uma

Jornal Jr.

importantíssima revista internacional, responsável por verdadeiras revoluções no modo de se fazer mídia cultural e muito influente em várias áreas do jornalismo. Diante de um cenário onde a internet e os meios virtuais alteraram profundamente as maneiras de consumo e produção de conteúdo, pode-se dizer que a Rolling Stone representa um esforço de resistência. O editorchefe da revista, Pablo Miya-

zawa, atendeu gentilmente o marca e do material – mas Extra e falou sobre os desa- possui liberdade consideráfios e gratificações do ramo. vel para criar e modificar. Foi neste conflito entre autonoNome de peso mia e limites que a revista Miyazawa é um dos encontrou sua identidade. grandes expoentes do seg- Já com o nome estabemento cultural na atualida- lecido, os desafios são outros: de e seu trabalho na Rolling Pablo afirma que o maior deStone é muito conhecido. les é “continuar fazendo uma Formou-se na PUC-SP e está revista interessante, mas mais em atividade desde 1998, conectada à maneira com com dezenas de ótimas re- que os leitores lidam com a portagens e entrevistas no informação”. Ainda de acorcurrículo. do com o editor, o papel da Segundo Pablo, o internet e das redes sociais grande desafio mudou drasticamente a velopara a fase cidade e urgência dos meios. inicial da “Uma revista de papel que só revista foi sai uma vez por mês acaba criar uma sofrendo com esse ineditismo i d e n t i - todo que nos assola”. Mesmo d a d e assim, garante que os desafios p r ó - são saudáveis por estimular a p r i a , busca por melhorias. ainda Falando sobre o jorq u e nalismo cultural, Miyazawa f i e l deixa claro: “eu só trabalhei à tra- com isso na vida e sei que dição da me parece muito divertido ir publicação original. A a shows de rock e dizer que versão brasileira fun- estou trabalhando”. Depois ciona como licença – a da brincadeira, afirma que editora paga direitos é um segmento sério como autorais pelo uso da qualquer outro e, se não fos-

se trabalhoso, não seria pago para fazê-lo. Cita como grandes influências na área os jornalistas André Forastieri, André Barcinski e Ricardo Franca Cruz, este seu chefe atualmente na Rolling Stone. A imprensa de cultura e os games Pablo ficou conhecido também com o seu trabalho nas revistas EGM Brasil e Nintendo World, famosas entre os fãs de jogos eletrônicos. Do período, guarda a experiência e fascínio pelos games, que, de acordo com ele, eram “vistos como aberração no jornalismo” e vivem um momento de maior prestígio na imprensa. Ressalta ainda que “será cada vez mais complicado separar o videogame do restante do entretenimento ou da tecnologia”. No entanto, deixa claro que sempre existirá um nicho, uma parte do público que busca informações específicas e continuará tornando viável a existência de segmentos especializados. (MAURICIO DANIEL)


Mídia e Cultura Diagramação: Henrique Cézar

Jorn. Resp.: Angelo Sottovia MTB: 12870

Caminhos da crítica literária

Nascida nos jornais, crítica atualmente é forte nas universidades e tem perdido espaço na mídia. Mas será que isso é negativo? Paulo Palma Beraldo

G

randes escritores como Machado de Assis e Carlos Drummond de Andrade já dedicaram parte do seu talento para o ofício de crítico literário. No cenário americano, nomes como Ezra Pound e Edmund Wilson merecem destaque, com suas contribuições esporádicas nos meios de comunicação. O que antes era mais desenvolvido por escritores e poetas, hoje é assunto para revistas, sites especializados e universidades. Quem explica mais sobre a questão é Marcos Siscar, poeta, tradutor e professor do departamento de Teoria Literária da Unicamp, um dos mais importantes do país. Ele explica: “há mais de 50 anos, acompanhamos um extraordinário incremento da crítica universitária, que aborda cada vez mais questões e problemas contempo-

Algumas das publicações que se destacam no setor cultural.

râneos, e que não deixa de frequentar os jornais, quando esse espaço é oferecido”. Além disso, o espaço dos jornais, muitas vezes, é tomado pelo jornalismo de varieda-

des, sem maiores análises e aprofundamentos, defende. No primeiro semestre de 20-13, mais uma perda no jornalismo cultural brasileiro: o suplemento Sabático, do

jornal O Estado de S. Paulo deixou de existir. “Um dos que mais resistiu”, explica o professor. Há ainda suplementos como o EU & Fim de semana, do Valor Econô-

mico, Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, que abordam cultura de uma forma geral, sem ater-se somente à literatura. Outros, como o Prosa & Verso, do jornal carioca O Globo dão maior destaque á literatura. Para o professor, a crítica deve interagir com temas contemporâneos e dialogar com as idéias e ideais da atualidade, para gerar discussões e argumentações. Marcos Siscar discorda da ideia de que a crítica universitária deve ser elaborada de uma maneira diversa. “Especialistas são treinados e pagos para serem especialistas. Um dos maiores despropósitos a respeito da crítica universitária (que é voltada para a formação e a pesquisa, antes de ser uma atividade extensionista) é que ela deve abandonar sua especialização”.(PAULO PALMA BERALDO)

A nova face da cultura

Evolução dos blogs e da metacrítica diminui papel de críticos profissionais

net

ves, jornalista e editor do site Comando Login. Mas será a metacrítica realmente danosa para as artes ou apenas fará com que surja uma nova leva de bons críticos que talvez não teriam espaço nas mídias tradicionais? Isso só o tempo dirá. (RAFAEL RODRIGUES)

ail.

próprios usuários escreviam suas opiniões sobre produtos culturais, não mais necessitando que um jornalista ou outro profissional lhes dissessem o que era bom ou não.” Regina ainda explica que, ao mesmo tempo que isso aumentou o papel do usuário na rede, também diminuiu a importância de uma crítica de arte profissional. Mais do que à indicação de colunistas de jornais e revistas, a nova geração costuma dar mais atenção a sites e podcasts, nem sempre feitos por jornalistas ou especialistas no assunto. “Hoje um site como o Jovem Nerd tem mais influencia no que a nova geração assiste nos cinemas do que uma revista como a Cult”, garante Wagner Al-

Gee kf

O

advento da internet mudou o mundo. Com a facilidade de conexão, muitos conteúdos antes inacessíveis passaram a ser disponibilizados pela rede, criando assim uma nova era nos meios de comunicação. Mas não só esses sofreram com as novas tecnologias; a crítica de cultura também viu sua importância diminuir. “Começou no meado dos anos 2000, com a criação dos blogs, fazendo com que as pessoas não apenas acessassem informações como também produzissem conteúdo”, explica Maria Regina Momesso, professora de Linguística da Unifran e pesquisadora das Redes Sociais. “Isso acabou criando o fenômeno da Metacrítica, onde os

Alexandre Ottonificou conhecido pelo site Jovem Nerd, no qual posta resenhas e críticas


Bauru, 13 de junho de 2013

3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp

Projetos de extensão: da universidade à comunidade

Unesp.br

Além de gerar um retorno social, eles são uma forma de simular a atividade profissional Paulo Palma Beraldo Na FAAC, localizada no campus da UNESP de Bauru, vári Projeto de Extensão pode os projetos de extensão podem ser ser definido como uma ação univer- encontrados. Alguns da área de cositária que disponibiliza ao público municação como: Agência Propaexterno o conhecimento adquirido gação, o Toque da Ciência, Jornal com o ensino e a pesquisa desen- Jr e o programa radiofônico Observolvidos dentro de uma universi- vatório do Esporte. dade. Os projetos de extensão estão A Agência Propagação é o presentes na maior parte dos cam- espaço onde se discute publicidade pos universitários e estimulam a e propaganda na universidade, já pesquisa. Alguns exemplos de pro- que este curso ainda não existe na jetos de extensão são as empresas UNESP. Além disso, ela produz o júniores. Em 2011, segundo infor- Minuto Consciente, programa ramações do site da UNESP, havia diofônico, voltados para divulgação 54 empresas deste tipo, com temas de projetos sociais, comunitários e variados como a Sorriso Jr, da facul- de acessibilidade da cidade de Baudade de Odontologia de Araraquara ru. O Observatório do Esporte é um e a Empresa Junior de Nutrição, do programa semanal veiculado desde curso de Zootecnia de Botucatu. 2010 pela Rádio UNESP com o ob-

jetivo de divulgar e debater de modo crítico os aspectos do esporte. Luis Morais, membro do Observatório e ex-participante da Agência Propagação destaca que “principalmente pela cidade de Bauru não ter tantas opções de estágios, os projetos de extensão se tornam uma opção interessante de praticar a teoria das salas de aula, além de gerar um retorno social”. Já Tiago Zenero, coordenador do Toque da Ciência entre 2011 e 2012, ressalta que “o objetivo do projeto é fazer com que pessoas

leigas no assunto científico tenham interesse por ele e se mantenham informadas de quantas pesquisas o país realiza e como elas podem atingir o cotidiano dos leitores”. Ele lamenta que “no Brasil, temos muito poucos meios de comunicação que trabalham com um jornalismo científico aprofundado”, ressaltando o Projeto.

Jornal Júnior promove gestão de projetos, pessoas e conteúdo jornalístico Agência também atua na realização de eventos voltados ao mercado

Henrique Cézar

Por Henrique Cézar

jetos. “Através das coberturas que a Jornal Jr. faz de eventos que ocor Mais que colocar em prática rem fora da Universidade, de paros conhecimentos adquiridos em cerias com os meios tradicionais sala de aula, os integrantes da Jor- ou com projetos sociais, a agência nal Júnior, agência júnior de jornal- promove uma aproximação do aluismo da Faculdade de Arquitetura, no com a comunidade e com o merArtes e Comunicação da UNESP cado”, afirma Beatriz Vital, diretora de Bauru, exercitam literalmente a presidente da Jornal Jr. extensão universitária em seus pro- Fundada em 2006, a agência, concebida na forma de projeto de extensão, realiza cobertura de eventos, produz boletins, presta serviços de assessoria e organiza eventos, além de outras atividades relacionadas à área de comunicação. De acordo com sua presidente, a estrutura é composta por uma Integrantes durante atividades na sede da agência.

equipe de reportagem, que produz todo o material jornalístico, e uma diretoria executiva, que atua especialmente na gestão de processos e pessoas, que coloca-se como um diferencial diante da grade curricular do curso de Jornalismo. Beatriz afirma que mais importante do que aplicar o conhecimento adquirido em sala de aula, os projetos de extensão têm como objetivo principal promover a ligação da universidade com a sociedade e o mercado, fato que a Jornal Jr. explora ao máximo. Eventos Outra atividade promovida com frequência pela Jornal Jr. é a realização de eventos na área da comunicação. “Os objetivos são complementar as atividades acadêmicas, atender algumas demandas dos alunos e trazer profissionais do mercado para compartilhar experiências com os estudantes” explica a presidente.

No primeiro semestre, a empresa colaborou na realização da XV Semana Multidisciplinar e recentemente organizou o Musicultura, evento que abordou a temática do jornalismo cultural. Na primeira semana de julho, a agência também atuará na realziação do congresso Intercom Sudeste. SeCom Já no próximo semestre acontece a Semana de Comunicação da FAAC, com organização conjunta da Jornal Jr, PET, Locomotiva, CACOFF, NeoCriativa e alunos de RP. Pela primeira vez na FAAC, as tradicionais semanas de jornal, rádio e TV e RP se uniram para promover um evento que fale de comunicação social como um todo. A empresa de jornalismo atuará na organização, divulgação e cobertura do evento. “Com isso, os alunos podem esperar uma grande sinergia de ideias e debates dentro desse campo”, finaliza.


Projetos de Extensão Diagramação: Mauricio Daniel

Jorn. Resp.: Angelo Sottovia MTB: 12.870

Rádio Unesp Virtual é o maior projeto de extensão da UNESP Bauru

Equipe conta com mais de 100 integrantes, cerca de 20 bolsas de estudos e 10 mil reais da PROEX em inventimentos Tiago Pavini

sim a maior estrutura de extensão da faculdade, contando hoje com a participação de 6 professores responsáveis, com cerca de 20 bolsas e quase 10 mil reais de recurso cedido pela PROEX anualmente.” A rádio também possui uma sala de redação/reunião, localizada próxima ao departamento de comunicação social, que pode ser utilizada por qualquer integrante da rádio. No momento, ela passa por reformas, que devem ser concluídas para o próximo semestre.

Maior projeto de extensão da universidade De acordo com Bárbara, é complicado analisar a rádio como o maior projeto de extensão, pois cada núcleo citado acima é um projeto de extensão independente, cada um com um professor responsável. Porém, ela diz: “Se pensarmos na Rádio como um todo, ela é

Programação A rádio possuí 11 programas, sendo quatro de jornalismo, três de esportes e quatro de entretenimento. Ela nunca para de transmitir. “Quando não está sendo veiculado Bastidores de gravação na Rádio Unesp Virtual

Tiago Pavini

A Rádio Unesp Virtual surgiu como um projeto experimental em 2003, quando veiculava conteúdo musical e apenas um programa era ao vivo. O conteúdo jornalístico se restringia a um boletim diário de cinco minutos. Com a aprovação do projeto pela PROEX no ano seguinte, a rádio conseguiu recursos para se organizar em estúdio e servidor próprios, passando a ser transmitida pelo site www.radiovirtual.unesp.br, onde é transmitida até hoje. O crescimento da rádio e a adesão dos estudantes foram grandes, e segundo Bárbara Figueiredo, coordenadora executiva da rádio, a equipe é abrangente: “Atualmente, a rádio possui mais de 100 integrantes, entre repórteres, editores, coordenadores, chefes de reportagem... E não se restringe apenas a alunos de jornalismo, temos também alunos de rádio e TV, relações públicas e ciências da computação”. Devido a grandiosidade da rádio, ela é dividida em quatro núcleos. O núcleo de gestão e produção, com funções administra-

nenhum programa, colocamos uma programação musical definida pelo técnico em informática. Os computadores do estúdio nunca são desligados”, afirma Bárbara.

tivas; o núcleo artístico, responsável pela operação técnica, vinhetas e programação; o núcleo de conteúdo, que abrange as produções jornalísticas, esportivas e de entretenimento ; e o núcleo de comunicação, responsável pela divulgação do trabalho e pela cobertura e realização de eventos. A maioria dos repórteres são calouros. Henrique Cisman, repórter do núcleo de esportes, conta como é a experiência de fazer parte do projeto: “Ser repórter da rádio é uma oportunidade de crescer enquanto aluno de jornalismo. A motivação, no meu caso, vem de trabalhar num meio que gosto, a área esportiva. Então, mesmo que não seja remunerado, é um trabalho prazeroso”.

Educar para liderar

Projeto visa integrar cursos e gerar líderes para o mercado de trabalho Rafael Rodrigues “Petiano não tem que ir nos lugares pra fazer massa. Tem que ir pra liderar.” Essa é a frase mais falada por Antonio Magnoni, o Dino, nas reuniões do grupo PETRTV. Professor do Departamento de Comunicação Social e tutor do grupo, Dino foi o responsável pela implantação do projeto em 2011. Sigla de “Programa de Educação Tutorial”, o PET-RTV é um projeto de extensão interdisciplinar dos cursos de graduação da FAAC que tem por objetivo desenvolver ações extra-curriculares de ensino, pesquisa e extensão. Com a presença de alunos dos cursos de Jornal-

ismo, Rádio&TV, Relações Pública e Design, o projeto já é um dos maiores da faculdade e conta com cerca de 30 integrantes, entre bolsistas e colaboradores. Apesar de contar com um professor responsável, o papel deste não é o de gerir as atividades, mas apenas auxiliar os alunos nas tarefas definidas por eles mesmos. Com uma gestão quase totalmente horizontal, onde a proatividade é requisito básico, o grupo PET se distingue bastante de outros projetos de extensão. E manter essa gestão é um dos principais desafios – e conquistas – do grupo. “Eu acho que foi a própria organização estrutural. Andou mais rápido do que eu

previa. Porque como a gente tem a vivência de uma faculdade, que sempre demora muito para resolver seus problemas estruturais, de uma certa maneira me surpreendi com a rapidez [com que o grupo foi estruturado]”, afirma Dino, sem pestanejar, quando perguntado sobre qual o principal desafio superado pelo projeto. E a organização é apenas um dos muitos desafios que o grupo ainda deve enfrentar. Um desses é o aprofundamento no campo do audiovisual, que, de acordo com o professor, precisa ser melhor conceituado. Apesar disso, o PET já é uma experiência interdisciplinar de sucesso, ao menos na visão de

quem participa do projeto. “É um espaço participativo, criativo e envolvente, eu gosto bastante”, conta Pepita Martins Ortega, aluna do primeiro ano de Jornalismo. Com a realização de oficinas e programas em todos os modelos midiáticos – TV, rádio, impresso e web – o PET se mostra uma boa alternativa para alunos ingressante e formandos que querem não só pesquisar temas relacionados a comunicação como também criar produtos com os conhecimentos adquiridos em sala de aula, num lugar que, mais do que formar profissionais competentes, tenciona formar pessoas capacitadas. O que vem fazendo com muito sucesso.


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