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A legítima Cachaça, limão, açúcar e gelo. Simples e deliciosa, assim é a caipirinha, a bebida mais famosa do Brasil
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ngana-se quem acredita que apenas a feijoada, o samba e o futebol são as paixões nacionais. A caipirinha tem seu lugar garantido quando o assunto é sabor e tradição. O prestígio não está restrito apenas ao Brasil, o gosto inconfundível da mistura conquistou admiradores em diversos países, tanto que foi considerada um dos melhores coquetéis do mundo pela Associação Internacional de Bartenders. Forte, possui teor alcóolico entre 15 e 36%, sem deixar de ser refrescante, o drinque genuinamente brasileiro é um sucesso, seja acompanhando um churrasco ou saboreando-o sozinho. Apesar de incerta, a origem da caipirinha está relacionada diretamente com a história da cachaça. No século XVI, época dos engenhos de açúcar, os escravos preparavam rapadura moendo a cana, fervendo o caldo, que era despejado em fôrmas, e ao endurecer era cortado em barras e usado para adoçar bebidas. Algumas vezes o caldo fermentava e perdia sua utilidade, ao invés de jogar fora, os escravos bebiam. Outras histórias relatam que a sobra da produção de açúcar, a borra do melaço fermentada conhecida como “vinho da cana”, era dada aos trabalhadores do engenho. Com o passar do tempo, o líquido começou a ser filtrado e destilado, técnica já praticada na Europa, e assim surgia a cachaça. A partir da segunda metade do século, a bebida começou a ser feita em alambiques de barro, depois de cobre. Logo, deixou de ser consumida apenas nas senzalas e por ser barata, tornou-se muito conhecida. Com as técnicas de produção aprimoradas, passou a fazer parte dos banquetes reais. A mistura do limão também foi atribuída aos escravos, que aproveitavam a riqueza e a variedade das frutas para prepararem diversos sucos. Assim nascia a primeira versão da caipirinha, e até hoje o drinque mais apreciado no país. Viagem pela história Com muitas cachaçarias espalhadas pelo país, conhecer o trabalho artesanal de produção da bebida tornou-se atração turística. Diversos estados oferecem o Roteiro da Cachaça, que permite ao visitante conhecer diferentes alambiques e em cada parada, saboreá-las. Na cidade de Parati, 303 km de São Paulo, o percurso passa por 10 engenhos. Os mais conhecidos são o
Legitimate Cachaça, lime, sugar and ice: simple and delicious, that is the caipirinha, Brazil’s most famous drink. Those who believe that feijoada, samba and soccer are the only national passions are fooling themselves. The caipirinha has guaranteed its place in Brazilian culture when the subject is flavor and tradition. Its prestige is not restricted to Brazil—the unmistakable taste of the mixed drink has conquered admirers in various countries, so much so that it was considered one of the best cocktails in the world by the International Association of Bartenders. Strong, it has 15 to 36 % alcohol while still being refreshing. This genuinely Brazilian drink is a success, be it accompanying barbecue or savoring it alone. Although uncertain, the origin of the caipirinha is directly related to the history of cachaça. In the 16th century, the era of sugar plantations, slaves prepared cane sugar grinding the sugar cane and boiling the juice, which was then spread in forms. When hardened, it was cut into bars and used to sweeten drinks. Sometimes the boiled juice lost its utility in the process, but instead of throwing it out, the slaves would drink it. Other histories relate that the leftovers of the sugar production, the fermented cane grounds known as “sugar wine,” were given to the plantation workers. With the passage of time, the liquid began to be filtered and distilled, a technique already in practice in Europe, and that is how cachaça was born. From the second half of the century, the beverage began to be made in clay stills, later switching to copper. Soon, it was no longer consumed only in the slave quarters and because it was cheap, but become more wide-spread. With perfected production techniques, it became part of royal banquets. The lime mixture is also attributed to slaves, who took advantage of the richness and variety of fruits to prepare various juices. This is how the first version of the caipirinha was born, what is to this day is the most appreciated drink in the country. Trip through history
With several cachaçarias spread throughout the country, getting to know the craftsmanship of the drink’s production has become a tourist attraction. Various states offer a Cachaça Route Moments
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Fotos: Museu da Cachaça
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No Museu da Cachaça, simulação do trabalho escravo na cultura canavieira com dois bonecos de resina em tamanho natural. Dolor iusciliquis do ex eraestrud euguerat. Duipit aci tinim irit, coreet am, con ulla faccum aliscidunt duis nibh elessed et am.
Maria Izabel, com produção de 15 mil litros por ano e o Coqueiro, o mais moderno e que possui equipamentos próprios para moer e destilar a cana. Já o antigo alambique Fim de Século está em ruínas, mas é possível ver os tonéis e a roda d’água. A cachaça também tem seu museu. Dedicado exclusivamente à história da bebida, ele funciona em uma antiga casa de engenho e possui um acervo de objetos que remontam à origem da produção. Localizado na cidade cearense de Maranguape, a atração principal é um tonel de madeira, com capacidade para 374 mil litros, o maior do mundo. O museu foi construído pela empresa Ypióca, a maior produtora local. Tipo Exportação Moda na Europa e Estados Unidos, o drinque está presente em mais de 30 países. Na Alemanha é o coquetel à base de destilado mais consumido, o que torna o país o principal comprador da bebida brasileira. Com a repercussão no exterior, o governo quer aumentar em 10% a exportação da cachaça. Um estudo mostra que a produção nacional é de 1,3 bilhão de litros, mas apenas 1% desse volume é exportado, gerando receita de US$ 14 milhões. Além de aumentar as vendas para o mercado externo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento busca o reconhecimento de que a cachaça é um produto exclusivamente brasileiro. O trabalho artesanal aliado ao cuidado das mais finas bebidas resultou na criação de linhas de cachaças especiais. A Cachaça Sagatiba Preciosa (700ml) foi produzida no mais antigo engenho de São Paulo, o Engenho Central, em 1982. Armazenada em barris de carvalho trazidos da França, ela
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that allows tourists to visit different distilleries and at each stop, taste their products. In the city of Paraty, 188 miles from São Paulo, the route runs through 10 plantations. The most well known are Maria Izabel, producing 15 thousand liters per year, and Coquero, the most modern cachaçaria with its own equipment to grind and distill the sugar cane. While the old Fim de Século distillery is in ruins, visitors can still see the casks and the water wheel. Cachaça also has its own museum. Dedicated exclusively to the history of the drink, it operates in an old plantation house and has a collection of objects that recreate the origin of production. Located in the city of Maranguape, Ceará, the principal attraction is a wood cask with a capacity of 374 thousand liters, the largest of the world. The museum was constructed by the company Ypióca, the largest local cachaça producer. For export
In style in Europe and the United States, cachaça is available in more than 30 countries. In Germany, the caiprinha is the most consumed cocktail made with the distilled liquor, which makes the country the primary buyer of the Brazilian drink. Making waves abroad, the government wants to increase cachaça exports by 10%. One study shows that 1.3 billion liters are produced nationally, but only 1% of this volume is exported, generating an income of US$14 million. Other than increasing sales in foreign markets, the Agriculture, Ranching and Supply Ministry seeks the recognition of cachaça as an exclusively Brazilian product. The craftsmanship associated with the production of the finest beverages resulted in the creation of special lines of cachaças. Cachaça Sagatiba Preciosa (700 mL) was produced at the
permaneceu em processo de envelhecimento por 23 anos. Filtrada e purificada seguiu uma série de padrões de qualidade para ressaltar características como aroma e paladar. O apreço pela bebida está traduzido no valor da garrafa, que ultrapassa os R$ 400,00. Envelhecida por 22 anos em tonéis de bálsamo e carvalho, a Piragibana 600 ml (R$ 150,00) já foi eleita a melhor do país, devido à boa persistência e aroma intenso. Já a Cachaça HavanaAnísio Santiago 12 anos Safra Especial (R$ 270,00), sucesso no exterior, é produzida nos municípios mineiros de Salinas e Novorizonte. Tombada como Patrimônio Cultural e Imaterial de Minas Gerais, seu sabor já foi elogiado por personalidades como Ronald Reagan (ex-presidente americano), François Miterrand (ex-presidente da França) e o cubano Fidel Castro. Também na categoria de cachaças premium, a marca Diageo possui as linhas Fulô Jequitibá (R$45,90) e Fulô Pau Brasil (R$71,00), ambas armazenadas em tonéis elaborados com madeiras nobres. A versão Pau Brasil possui aromas de baunilha, damasco seco e castanha de caju com toque de tabaco, musgo e terra. Assim como as outras é uma cachaça cheia de personalidade.
oldest plantation in São Paulo, the Engenho Central, in 1982. Stored in oak barrels brought from France, it was aged for 23 years. Filtered and purified, it adheres to a series of quality standards that reinforce characteristics like aroma and taste. The drink’s appreciation is reflected in the value of the bottle, at more than R$400. Aged for 22 years in balsam and oak casks, Pirigabana 600 mL (R$150) has already been elected the best in the country, given the good persistence and intense aroma. However, Cachaça Havana-Anísio Santiago 12 years Special Harvest (R$270), a success abroad, is produced in the Minas Gerais towns of Salinas and Novorizonte. Listed as Cultural and Immaterial Patrimony of Minas Gerias, its flavor has been praised by celebrities such as Ronald Reagan (Ex-US president), François Mitterrand (Ex-French president), and Cuban Fidel Castro. Also in the premium category of Cachaças, the Diageo brand has lines Fulô Jequitibá (R$45,90) and Fulô Pau Brasil, both stored in casks build of noble woods. The Pau Brasil (R$71,00) version has aromas of vanilla, dried apricots and cashew with a touch of tobacco, moss and earth. Just like the others, it is a cachaça full of personality.
No restaurante Canvas, a caipirinha é feita de um modo especial. O barman Rodman Paixão ensina a receita.
At the Canvas restaurant, the caipirinha is made a little differently. Bartender Rodman Paixão shares his recipe.
Ingredientes 6 gomos de tangerina 2 pedaços pequenos de limão siciliano 3 folhas de hortelã 1 colher (sopa) de açúcar refinado 5 pedras de gelo 1½ dose de cachaça de excelente qualidade
Ingredients 6 tangerine slices 2 small pieces of lemon 3 mint leaves 1 tablespoon of refined sugar 5 cubes of ice 1 1/2 doses of excellent quality cachaça
Preparo Com o socador esprema a tangerina, o limão, a hortelã e o açúcar. Acrescente a cachaça e os cubos de gelo. Sirva em seguida.
Preparation With the mortar, crush the tangerine, lemon, mint and sugar. Add the cachaça and ice cubes. Serve.
Passarela entre tonéis no Museu da Cachaça. Dolor iusciliquis do ex eraestrud euguerat. Duipit aci tinim irit, coreet.
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