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O coração migrante

O processo de migração em crescimento toca as fibras mais profundas daqueles que a experimentam, mas esta transição não tem de ser tão dolorosa ou traumática. Como imigrante venezuelana no Canadá, vivi-o... por isso quis chegar ao “Coração Migrante.

Foi assim que o programa “Coração Migrante” nasceu, para ter um impacto positivo em muitas vidas, vidas transformadas com maior esperança, vidas com uma atitude de superação de barreiras, com ferramentas para lhes dar a capacidade necessária para se adaptarem às suas novas circunstâncias e viverem com a oportunidade de desenvolver competências para compreenderem os seus próprios processos de mudança.

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Ao deixarmos para trás toda a nossa vida, entramos num processo desafiante de aprendizagem profunda e crescimento, começando com o luto da migração, onde experimentamos uma inexplicável tristeza e desequilíbrio ao entrarmos num processo que conhecemos quando começa, mas não quando termina. Muitos de nós que migramos adaptamonos facilmente à nossa nova casa, mas outros há, que passam muitos anos antes de conseguirem dizer “sentimo-nos em casa”.

Fé, perseverança e resiliência são os fatores, que na minha experiência, são a chave para uma integração bem sucedida.

No meu caso particular, vivi uma vida plena na Venezuela, com o meu marido e os meus dois filhos, rodeada de família, entes queridos, uma carreira próspera, fins-de-semana a pé e a apanhar sol num dos meus lugares preferidos, a praia. Contudo, um dia tudo mudou, a situação política e económica do meu país levou-me a procurar novos horizontes. Migrámos para o Canadá no ano 2000, já passaram 23 anos, o tempo voa e hoje encontro-me “a viver o meu futuro” aquele futuro com que sonhava quando vim para este país.

O caminho, não foi fácil. Aprender uma nova língua do zero, habituar-me a um novo clima e a uma nova cultura, mas graças a Deus, tudo tem sido pelo melhor, tive a oportunidade de trabalhar na minha área, todavia, isso não foi um antídoto para viver como todos os migrantes “o luto migratório”.

Primeiro, experimentamos um choque quando comparamos o que esperávamos com a nossa realidade atual; depois, duvidamos (ou até negamos) que a decisão que tomámos foi a decisão certa e entramos numa câmara de tortura dizendo: “porque é que eu saí…?”; ou “se eu tivesse…” frases como estas tornam-se o nosso “pão nosso de cada dia”.

Sentimos uma profunda frustração porque não podemos mudar a nossa realidade. As saudades de coisas passadas, incluindo o chão que pisámos, os nossos costumes, alimentos ou pessoas, levam a que muitos de nós entremos numa fase de profunda depressão e tristeza quando nos lembramos do que deixámos para trás.

Depois de “atingirmos o fundo do poço”, encontramos “a rocha”. No meu caso, encontrei a minha FÉ, que me deu forças para reconstruir a minha vida. Partilho convosco que sou crente; sou uma cristã, que estava a ouvir a voz de Deus a dizer-me “Estou convosco, não estais sós, e sou eu a restaurar a vossa vida”. A partir desse momento compreendi que “esta terra prometida” me pertence e não foi “apenas emprestada”.

Todos nós temos os nossos próprios valores e paradigmas, estou apenas a partilhar convosco a forma como o experienciei. Após esta fase, começa uma fase de experimentação, aprendizagem, decisões profundas que nos levam a olhar para o futuro e para o passado. Pouco a pouco, começamos a sentir-nos integrados e “em casa”. Passaram 23 anos desde esse dia; hoje tenho 2 filhos que são adultos, graduados, com valores sólidos, um deles já casado com uma linda bebé, a minha neta!

Como especialista nesta área e líder em projetos de alto impacto social, escrevi um guia sobre integração de migrantes e faço workshops presenciais. Por esta razão, fui convidada para as Nações Unidas onde conheci um executivo do BID, que me inspirou a digitalizar o meu conteúdo num programa de apoio psicoemocional por via eletrónica, beneficiando tanto o indivíduo como o país anfitrião. O “Coração Migrante” é um ganharganhar.

Com a plataforma digital “Corazón Migrante”, ganhámos um prémio Hola América 2021 ( corazonmigrante.com ), selecionado entre 400 inovações. O programa foi implementado no Chile, Equador, Montreal, Bélgica e em breve na Alemanha: Immigrant: A Bumpy or Smooth Road!: Sapene, Merling: 9781773706122: Books - Amazon.ca É por isso que estou aqui, contando-vos a história do nascimento deste programa, para acrescentar alianças estratégicas e económicas que apoiam a transformação do coração de cada imigrante em todo o mundo. Depois de ler estas linhas, não hesite em contactar-me, se for uma organização que ajuda migrantes, governamentais, paragovernamentais, empresas privadas, ou migrantes de qualquer idade.

A minha mensagem para todos os corações de migrantes do mundo é:

Amor, empatia, gratidão e fé, que nunca nos falte nesta viagem, que se torna a mudança mais importante das nossas vidas.

Merling Sapene

CEO-MTransition. Líder na transformação organizacional e pessoal, apaixonada e orientada para projetos com elevado impacto social. Trazer a inovação para transformações complexas, integrando pessoas, processos e tecnologia. Incluindo a liderança do programa “Paixão pela Aviação”, encorajando a juventude para a indústria aeroespacial, ciência e tecnologia.

Instagram: @sapenemerling @corazonmigrante www.corazon-migrante.com

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