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a calça quE quEbrou barrEiras
A CAlçA boCA de sino retornou e trouxe honrA pArA roupAs esqueCidAs Ao longo dos Anos.
Por Jussara Custodio
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As roupas da moda surgem e vão embora, muitas vezes sem um aviso prévio, mas podem ter um retorno ainda mais triunfante, como uma reinvenção para fugir da mesmice. Peças que viraram tendências em anos como 60 e 70 têm voltado com força, às vezes, em novas formas para se adequarem aos moldes mais modernos. Em meio aos ressurgimentos que caíram no gosto de muitos, podemos citar uma em especial: a calça boca de sino. Trata-se de uma roupa versátil, que quebrou a barreira das peças que caíram no esquecimento para atender gostos desde o retrô ao moderno, estando presente no dia a dia de diversas pessoas. Atualmente, temos acesso, até na palma da mão, a diversas combinações que trazem certa nostalgia para alguns e inclusive a sensação de identidade para outros e, por existir essa facilidade de vestir-se da maneira que agrada – sem julgamentos –, faz com que a calça boca de sino seja tão atrativa, mesmo com tantos anos após o seu pico de popularidade. Elas, que desapareceram no fim do século 20 para logo reaparecer nos anos 2000, há muito desvencilharam-se da sua proposta inicial de ir contra às normas sociais, por ter agradado aos públicos mais diversos. Foi no período de 1970 que essas calças começaram a surgir, com inspiração em calças dos marinheiros dos anos 40 que, por falta de um uniforme padronizado, tinham esse alargamento para facilitar na movimentação. Justamente por conta dessa facilidade que logo foi adotada pelo pessoal da discoteca. Elas seguiam um padrão de serem justas na cintura e irem ficando mais folgadas até a barra, com um formato semelhante a um sino. Atualmente, é comum encontrar ela sob o nome de calça flare e, ainda que tivessem mudanças aqui e outras ali, ela voltou justamente por ser uma roupa que, além de servir bem em muitos modelos de corpo, ajusta-se aos mais diversos tipos de ocasiões, como em eventos, no trabalho ou em passeios casuais. Ainda sobre a nostalgia, podemos dar como exemplo a possibilidade de vestir essas calças e lembrar de séries como “As Visões da Raven”, de 2003, onde a protagonista, Raven Baxter, tem vários momentos estilosos com elas. Até mesmo em desenhos, como “O Clube das Winxs”, que é lançado no ano seguinte (2004), no qual temos a Bloom e sua marcante calça boca de sino azul, com estrelinhas. Ou seja, é a partir de produções como essas que notamos a importância de representações do estilo dentro de mídias com longo alcance, ainda mais por ajudarem a “marcar” o que faz seu gosto e desfazer, aos poucos, o medo de tomar aquilo como sua identidade e ser julgado, talvez por adotar uma tendência não tão recente, tornando confortável por ter essas referências encorajando. Embora já tenha sido citado que ela é a queridinha de diversos modelos de corpo, cabe ressaltar que ela não é simplesmente criada para ser aceitável aos modelos que a sociedade padroniza. A calça boca de sino cabe bem em pessoas que possuem um maior quadril, aos que possuem ele menor, coxas mais fartas ou as menos fartas, enfim, o fato de que ela modela e valoriza, em alguns casos até causar a impressão de uma altura pouco maior, faz com que seja a peça desejável em seu guarda-roupa, independe de gêneros – o que podemos atribuir às suas origens e inspirações. Então, com tanta possibilidade por trás, ela é a homenageada da vez. É uma peça que auxilia na reinvenção diária, não sendo necessário usar uma vez por ano, já que, independente dos demais acessórios e roupas, você a usa sem preocupações, seja por sua versatilidade ou mobilidade confortável. Faz parte do gosto de muitos por não acabar caindo na rotina, resgatando até memórias de infância ou – uma das coisas mais atrativas – fazer com que componha seu guarda-roupa por fazer parte de quem é, ou com o que se identifica.