SEXTA-FEIRA 10 DE JANEIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº4446
MOP$10 PUB
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
ASSOCIAÇÃO
ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO
TAIWAN
SÁBADO DE VOTOS GRANDE PLANO
ESTUDO
CONFIANÇA EM PEQUIM PÁGINA 5
SOBRE O JARDIM GONÇALO M. TAVARES
h
SCORSESE E MEMÓRIA JOSÉ NAVARRO DE ANDRADE
O ENCONTRO VALÉRIO ROMÃO
hojemacau
Crime S.A.
Apesar do discurso da harmonia social, os casos de associação criminosa em Macau duplicaram no ano passado, de acordo com dados da PJ, incluindo os crimes de usura, auxílio à migração clandestina, exploração de prostituição, tráfico de droga e burla. Neste último tipo de crime, o maior aumento verificou-se nas burlas de “namorado online” e “armadilhas de serviços sexuais”. PÁGINAS 8-9
2 grande plano
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“A AMANTE INCONSTANTE” TAIWAN TRÊS CANDIDATOS DISPUTAM AMANHÃ AS PRESIDENCIAIS COM PEQUIM À ESPREITA
Tsai Ing-wen do partido democrata, Han Kuo-yu do Kuomitang, e James Soong do People First Party. São estes os três nomes que vão amanhã a votos na Ilha Formosa numa altura em que a relação com Pequim está longe de ser pacífica. Jorge Tavares da Silva, professor da Universidade de Aveiro e investigador sobre Taiwan, faz a análise de umas eleições especiais, tendo em conta os acontecimentos de Hong Kong
visitantes estrangeiros na ilha, o que não foi recebido nada bem na opinião pública. Taiwan tem tido um aumento exponencial de turistas. Só em 2018 foram cerca de 11 milhões. Estas e outras propostas só o estão a prejudicar. É quase certo que perderá as eleições, como mostram as últimas sondagens. O que se poderia esperar dele é uma política de maior aproximação à China continental, agregada aos interesses de uma elite económica que defende uma abertura cada vez maior. O lóbi pró-China é forte em Taiwan e é através deste partido que encontra o seu maior apoio.
Da esquerda para a direita: Tsai Ing-wen, James Soong, Han Kuo-yu
O que poderemos esperar destes candidatos? Primeiro de tudo, importa dizer que, embora as eleições em Taiwan sejam sempre importantes para a região, estas particularmente revestem-se de um enorme interesse devido às duradouras manifestações em Hong Kong. De facto, o que se está a passar na antiga colónia inglesa é o factor que mais condiciona e influencia este acto eleitoral. Em termos de base eleitoral, os dois candidatos principais representam a divisão tradicional entre os que são mais cooperantes com a China continental, ligados ao Kuomintang (KMT), e o Partido Democrático Progressista
(PDP), com tendências mais pró-independência, embora não o tenha feito de forma explícita. Han Kuo-yu, o candidato do KMT, tem seguido pela via das promessas eleitorais, em grande escala, algumas com polémica. Estando ligado ao partido mais tradicional, é na geração mais nova que encontra mais dificuldades de penetração. Lembro as manifestações de 2014, conhecido como o Movimento Girassol, que foi destrutivo para a governação do antigo presidente Ma Ying-jeou. Na verdade, os jovens eram pouco adeptos das políticas de excessiva aproximação à China, que lhes prejudicava as aspirações socio-económicas.
Como é que o novo candidato pode mudar esse paradigma? Han, para captar este eleitorado, promete pagar os estudos aos estudantes no estrangeiro, uma medida algo irrealista. Também promete aumentar o número de
“Taiwan tem uma democracia consolidada, comparar Hong Kong com Taiwan é um erro. Hong Kong tem uma democracia limitada, dirigida por Pequim.”
Por outro lado, Tsai Ing-wen leva alguma vantagem? Nas eleições de 2016 tinha a seu favor o desgaste da governação anterior e o facto de ser a primeira mulher a governar a ilha. Mas em pouco tempo também se desgastou, o seu estilo brando não foi capaz de segurar o eleitorado, em queda livre em 2018. Nas eleições para o poder local, neste ano, sofreu uma enorme derrota. O que, de alguma forma, representa uma tradição no sistema político de Taiwan. Em que sentido? Há uma enorme volatilidade nas tendências voto em Taiwan, se calhar por ser uma democracia recente. O jornal Liberty Times até lhe chama ao eleitorado taiwanês uma “amante inconstante”, devido à sua imprevisibilidade de ano para ano. As governações do KMT e do PDP governam de forma alternada, se nada interferir no processo. Ora, é o que está a acontecer desta vez, com o “factor Hong Kong”. Desde
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então, o PDP tem revitalizado, e deverá ganhar as eleições com grande margem. Caso vença as eleições, o que se pode esperar de Tsai num novo mandato? Espera-se continuidade no estilo de governação moderada em relação à China. O que parece estar a mudar é que as questões de política interna começam a ser mais decisivas que as relações no estreito de Taiwan, o que também indicia uma maior maturidade do sistema político. Tsai é uma defensora de políticas progressistas, particularmente o casamento de pessoas do mesmo género e outras da mesma natureza. É aqui que reside parte substancial do seu eleitorado. Depois destas eleições, como será traçado o futuro de Taiwan no que diz respeito à relação com Pequim, e também com Washington? Com estes dois candidatos não deveremos ter grande hostilidade com a China, o que no máximo quereria dizer a implementação de políticas de tendência pró-independência. Han seguiria pela via da maior cooperação, encontros directos e outras políticas e iniciativas da linha de Ma Ying-jeou. Este, naturalmente, é o candidato preferido de Pequim. Tsai é uma candidata não cooperante, mas também não hostil, como foi o antigo Presidente Chen Shui-bian. No entanto, para os EUA, uma candidata como Tsai é um activo mais interessante, mais valioso no jogo político com a China. De alguma forma, Tsai Ying-wen melhora a posição negocial americana no quadro de jogos políticos e interesses na região. Frontalmente não será bom explorar muito esta via – sensível para a China – mas implicitamente todos sabem que aquela governante estará sempre mais aberta a explorar políticas alinhadas com os interesses de Washington. A venda de armamento americano também tem estado a aumentar, numa altura que o porta-aviões chinês Liaoning cruza as águas junto à ilha. Em cada acto eleitoral há sempre estas tensões. Não será nada de estranhar que perante
TAIWAN PEDE A PEQUIM PARA NÃO FAZER SEGUNDAS LEITURAS DOS RESULTADOS
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oseph Wu, ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, deu uma entrevista à Reuters onde defendeu que a China não deve olhar para os resultados das eleições no território como uma derrota ou vitória para o país. “Penso que a China não deveria olhar para as eleições como uma vitória ou derrota. Se a China fizer uma leitura muito profun-
da das nossas eleições… pode ser um cenário propenso a mais intimidação militar ou isolamento diplomático, ou podem ser usadas medidas económicas como punição contra Taiwan.” Tsai Ing-wen tem falado dos receios que existem face às pressões da China nestas eleições, mas Joseph Wu quis estabelecer um distanciamento na entrevista
uma nova vitória de Tsai, nestas eleições, volte a receber uma saudação directa por telefone do Presidente Trump. Pequim não ficará nada agradado. Há alguma ligação que se possa estabelecer entre Hong Kong e este acto eleitoral? Antes de responder directamente à questão, importa dizer só que
“Com estes dois candidatos não deveremos ter grande hostilidade com a China, o que no máximo quereria dizer a implementação de políticas de tendência pró-independência.”
à Reuters. “Estas são as nossas eleições. Esta não é uma eleição da China. São os taiwaneses que vão fazer o julgamento de qual o candidato ou partido político que é melhor para eles. Se a China quer tanto jogar com as democracias de outros países, talvez possam tentar, a certa altura, fazer algo com as eleições do seu próprio país”, frisou.
Taiwan tem uma democracia consolidada e que comparar Hong Kong com Taiwan é um erro. Hong Kong tem uma democracia limitada, dirigida por Pequim. Taiwan é um país de facto, não o é de jure, mas com todos os ingredientes de um Estado. A opinião pública é real, há uma sociedade civil em acção, um sistema multipartidário e eleições livres e directas. Hong Kong tem muito menos do que isto. Pensando na vitória de Tsai, os resultados, no caso de Hong Kong, servirão de apoio à perpetuação das reivindicações políticas. Diga-se que o que alimenta, em ambos os casos – Taiwan e Hong Kong as acções de rua e o dinamismo político, são precisamente os partidos. São as incubadoras de ideias e de debate. Taiwan não só serve de modelo político para Hong Kong – e não o contrário, como foi planeado no modelo “Um País, Dois Sistemas” – mas de motivador e inspirador para a continuação das reivindicações políticas. E em relação a Macau? No caso de Macau, diria que não tem efeito nenhum, o território tem um habitat político muito específico, de acomodação. Macau dorme neste processo. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
CAMPANHA PRINCIPAIS CANDIDATOS TROCARAM ATAQUES
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urante a campanha eleitoral o conceito de “Um País, Dois Sistemas”, levou a uma troca de galhardetes entre os dois principais candidatos, Tsai Ing-wen e Han Kuo-yu. De acordo com a agência Reuters, a líder do PDP chegou a afirmar que o voto no Kuomitang seria a
escolha desse modelo para a ilha Formosa, algo que o candidato rejeitou. Han tem vindo a queixar-se dos “truques sujos” que estão a ser usados para o acusar de se sujeitar à China, sobretudo no que diz respeito às revelações feitas pelos media australianos de que um auto-
-proclamado espião chinês que disse que a China apoiava Han, algo que o candidato rejeitou. “Suplico ao povo de Taiwan que, nas eleições presidenciais e parlamentares de 2020, abra os olhos. Espero que a população de Taiwan possa ver estas manchas maliciosas para me
pintarem de negro, vermelho e amarelo e tome uma decisão racional”, disse na terça-feira. Os tempos são de especulação, tendo em conta que não só a população da Formosa parece não aceitar o modelo de integração proposto pelas autoridades chinesas como o parlamento
taiwanês aprovou no início do mês uma lei anti-infiltração que visa impedir doações políticas e outros tipos de influências de forças estrangeiras no território. O diploma reflecte a crescente preocupação de Taiwan de que Pequim possa tentar interferir na sua governação.
Visto por outro lado
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UMA das últimas acções de campanha, Tsai Ing-wen publicou, esta segunda-feira, um vídeo na sua página de Facebook a comparar a liberdade de Taiwan com o que se passa em Hong Kong, com imagens de Xi Jinping e Carrie Lam. “A alguns quilómetros daqui, muitos jovens estão a usar o seu sangue e lágrimas para defender a liberdade”, escreveu a candidata. Citado pela Reuters, Liu Jieyi, director do Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado escreveu no jornal oficial do Partido Comunista Chinês que a população em Taiwan estava a “explorar de forma positiva” o modelo, sem oferecer provas disso. Mas um oficial chinês, que regularmente reúne com membros do Exército de Libertação Popular, disse à Reuters que os protestos de Hong Kong “aumentaram a dificuldade de fazer Taiwan voltar atrás”. “O que está a acontecer lá [em Hong Kong] está a assustar Taiwan”, disse o oficial, que falou sob anonimato. Zhou Bou, director do Centro para a Cooperação de Segurança do Ministério da Defesa da China disse ser “claro” que o país quer resolver “a questão de Taiwan” de forma pacífica. Mas, afirmou, a China não pode ficar à espera enquanto Taiwan faz as suas tentativas para se afastar do país, enquanto os EUA deveriam estar alerta. “Não sei se os EUA estão preparados para pagar o preço militar por Taiwan”, disse. Carlos Gaspar, presidente do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, defendeu ao HM que, no caso da eleição de Tsai Ing-wen os EUA podem “passar
a estar mais empenhados em defender a democracia pluralista de Taiwan”. “Se se confirmarem as sondagens, a reeleição da Presidente Tsai Ing-wen terá beneficiado do ressurgimento do movimento democrático em Hong Kong nos últimos meses e não vai ter nenhum impacto particular em Hong Kong. Pelo contrário, pode reforçar as relações com os Estados Unidos, num momento em que a estratégia de Washington tende a passar de um registo defensivo, dominado pela defesa dos equilíbrios regionais na Ásia Oriental perturbados pela ascensão da China, para um registo ofensivo, em que o objectivo principal é conter, ou travar, a projecção hegemónica da China como a principal potência asiática.” Newman Lam, especialista em ciência política e ex-professor da Universidade de Macau, lembrou que Tsai Ing-wen vai, muito provavelmente, ganhar, “porque o que tem acontecido em Hong Kong assustou as pessoas em Taiwan e a posição do Kuomitang face à China tornou-se uma responsabilidade”. "Se Tsai ganhar, a China pode reconsiderar a sua estratégia de reunificação e adoptar uma aproximação mais moderada, o que iria obviamente beneficiar o movimento democrático de Hong Kong”, acrescentou. Ainda assim, Newman Lam acredita que Pequim pode, pelo contrário, adoptar “uma linha mais dura e esse será o caminho para um conflito militar que pode desestabilizar o mundo inteiro, se é que Donald Trump não fez já estragos suficientes. O que Xi Jinping e o Partido Comunista vão fazer a seguir é um elemento muito importante”.
4 política
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O deputado Lei Chan U interpelou o Governo sobre a necessidade de melhorar a formação dos funcionários públicos, tendo em conta os resultados de dois estudos que apontam para a necessidade de mudanças no actual sistema. Lei Chan U também quer resposta à sua proposta de estabelecer um Instituto de Administração Pública
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S falhas no actual sistema de formação dos funcionários públicos é o tema central da interpelação escrita de Lei Chan U. No documento enviado, o deputado pede respostas às lacunas na formação detectadas em dois estudos. “Um estudo intitulado ‘Experiência de Macau na realização bem-sucedida de ‘Um País, Dois Sistemas’’ indicou que o sistema
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Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais (GPDP) recusa que o processo de apresentação de queixas contra chamadas telefónicas publicitárias indesejadas crie obstáculos aos residentes. Foi desta forma que o organismo liderado por Yang Chongwei respondeu a uma interpelação escrita do democrata Sulu Sou, que acusa o processo de criar dificuldades acrescidas a residentes. No entanto, o GPDP respondeu que o processo de queixas não apresenta qualquer tipo de problemas e que a comunidade entre os cidadãos e o gabinete é eficaz. “Apesar do aumento de queixas e denúncias sobre as
FUNÇÃO PÚBLICA LEI CHAN U PEDE MEDIDAS PARA MELHORAR FORMAÇÃO
Será que é desta?
respeitante à criação de um instituto de administração pública. “A proposta foi bem-recebida por várias associações, mas o Governo disse que era necessário estudá-la de forma aprofundada. Queria saber se o Governo tem ou não planos para estabelecer o referido instituto”, frisou.
“O Governo já salientou que a revisão e aperfeiçoamento da formação dos funcionários públicos passa pelo estabelecimento de 12 capacidades nucleares como a base essencial dos cursos de formação. Em que fase está esse processo?” LEI CHAN U DEPUTADO
de função pública precisa de uma reforma, dando como exemplo a formação recebida pelos funcionários públicos, cujos resultados não se reflectem”, apontou. Além disso, o mesmo estudo desenvolvido pelo Governo revela que “o número de instituições responsáveis pela formação não é suficiente, existindo falta de professores, além de que os conteúdos ensinados também não são científicos”. Lei Chan U destaca o facto
de “um estudo desenvolvido pela Federação das Associações dos Operários de Macau [associação à qual o deputado está ligado] ter resultados semelhantes”. O legislador questiona se a Universidade de Macau e a Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau podem ser as responsáveis pela formação. “Em Agosto de 2019, o Chefe do Executivo [então Chui Sai On] disse que deveria
Não há problema Gabinete para a Protecção de Dados Pessoais recusa críticas de Sulu Sou
chamadas telefónicas publicitárias, não se pode dizer que o actual mecanismo de reclamações
tenha registado qualquer anormalidade”, consta na resposta enviada ao legislador.
haver um sistema de formação de funcionários públicos, e que essas duas universidades tinham qualidade. Queria saber se estas duas instituições de ensino têm condições para dar formação aos funcionários públicos”, disse Lei Chan U.
E O MEU INSTITUTO?
O deputado quer também saber se há possibilidade de avançar com uma proposta por si apresentada,
Sulu Sou citava “muitos residentes” a definir o processo de queixa como “muito incomodativo”, o que resultava em dificuldades acrescidas para a eficácia das investigações. Contido, o GPDP negou o cenário e prometeu que o combate às chamadas telefónicas ilegais vai continuar e que os casos penalizados vão ser divulgados.
COOPERAÇÃO COM O EXTERIOR
No que diz respeito ao combate ao fenómeno, muitas vezes praticado por salões de beleza fora da RAEM, o GPDP admite que uma das grandes dificuldades se prende as chamadas terem origem fora da RAEM. Por esse motivo, este organismo
tutelado pelo Chefe do Executivo vai tentar contactar as autoridades das regiões vizinhas com o objectivo de proceder a operações conjuntas contra o fenómeno e responsabilizar os culpados. Finalmente, o GPDP admite que a legislação europeia sobre a protecção de dados pode servir como a referência para uma futura revisão do diploma legal em vigor da RAEM. O GPDP reconhece que as directivas europeias são das mais rigorosa e que melhor protecção fornece, todavia é deixado o aviso que é necessário “respeitar a situação concreta de Macau”. J.S.F.
Notando que, 20 anos depois do estabelecimento da RAEM, a formação dos funcionários públicos continua aquém do desejado, Lei Chan U pretende saber quais os planos concretos do Executivo a curto prazo. “O Governo já salientou que a revisão e aperfeiçoamento da formação dos funcionários públicos passa pelo estabelecimento de 12 capacidades nucleares como a base essencial dos cursos de formação. Também foi dito que está a ser pensado um plano de recrutamento de docentes. Em que fase está esse processo?”, questionou. Andreia Sofia Silva e Innam Ng info@hojemacau.com.mo
Saúde Coutinho pede combate ao suicídio
O deputado José Pereira Coutinho quer saber as medidas que o Governo está adoptar para combater o suicídio. É este o conteúdo da última interpelação escrita divulgada pelo legislador ligado à Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau. Segundo os dados apresentados pelo legislador, só entre Janeiro e Setembro do ano passado houve 49 mortes e 95 tentativas, o que exige uma resposta das autoridades. “Quantos casos de suicídio são necessários para que o Governo da RAEM dê mais importância ao problema?”, pergunta. “Macau regressou à pátria há 20 anos, mas a taxa de suicídio não diminuiu significativamente, e a taxa de tentativas de suicídio também é muito alta, por isso, o Governo tem uma responsabilidade indeclinável em relação a este assunto. [...] Deve encarar mais seriamente este problema, em vez de menosprezar vidas humanas”, é acrescentado.
política 5
sexta-feira 10.1.2020
Metro Ligeiro Wong Kit Cheng questiona Governo sobre traçado
A deputada Wong Kit Cheng vai interpelar oralmente o Governo sobre o futuro traçado do Metro Ligeiro na Península de Macau, na próxima reunião Plenária da Assembleia Legislativa com esse propósito. A interpelação foi divulgada ontem pela deputada ligada à Associação Geral das Mulheres de Macau. No documento, sublinha a importância da ligação entre as Portas do Cerco, o principal ponto de entrada de turistas, e o Cotai e questiona quando está previsto que a Linha Leste, que vai fazer a ligação em causa, fique concluída. Por outro lado, Wong diz que o transporte pode ajudar a descongestionar o trânsito em Macau e o elevado grau de utilização dos autocarros e quer saber como é que o Executivo vai encorajar os residentes a optarem mais por este meio de transporte.
Gabinete de Ligação Director exalta palavras de Xi Jinping
Fu Ziying, director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, escreveu um artigo de opinião no Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), a elogiar as palavras proferidas pelo Presidente Xi Jinping proferidas aquando da celebração dos 20 anos de estabelecimento da RAEM. Na sua visão, as palavras do Presidente elevaram a compreensão do conceito “Um País, Dois Sistemas” e tornaram-se um guia para a implementação futura do conceito de “socialismo com características chinesas”, de Xi Jinping. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o artigo de opinião de Fu Ziying considera que as palavras de Xi Jinping devem constituir o primeiro trabalho político do actual Governo da RAEM, para que Ho Iat Seng possa liderar bem Macau.
Porto Interior Song Pek Kei preocupada com fluxo de turistas
O Governo foi interpelado pela deputada Song Pek Kei sobre as medidas que estão a ser adoptadas para responder a um eventual aumento do número de turistas depois da reabertura do terminal marítimo no Porto Interior. A deputada lembrou que Macau recebe sempre um grande número de turistas, sobretudo em épocas de férias, tal como a Semana Dourada, questionando se autoridades de Macau têm estabelecido comunicação as autoridades de Zhuhai. Song Pek Kei defende que o número de barcos em circulação nessas alturas deve aumentar, e que o terminal marítimo do Porto Interior esteja interligado com os restantes meios de transporte. No que diz respeito à zona de comércio do Porto Interior, a deputada acredita que a reabertura do terminal marítimo pode trazer mais lucros aos pequenos comerciantes, defendendo a criação de planos de longo prazo para desenvolver o comércio da zona.
ESTUDO MAIS DE METADE DOS RESIDENTES TÊM “CONFIANÇA TOTAL” NO GOVERNO CENTRAL
Lição bem estudada
Cerca de 8 em cada 10 residentes têm um grau de confiança “alta” ou “total” nas capacidades do Governo Central. Quando a análise é sobre o Executivo local, 7 em cada 10 residentes mostram um grau de confiança “alta” ou “total”
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AIS de metade dos residentes locais têm uma “confiança total” no Governo Central, segundo os resultados de um estudo sobre a utilização dos novos média, apresentado ontem pela Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (conhecida pelo acrónimo em inglês MUST). Quando somado o número de pessoas de Macau com níveis de “confiança total” e “confiança alta” no Governo Central a percentagem sobe para 78 por cento, ou seja 8 em cada 10 residentes. De acordo com os resultados da pesquisa, que contou com a participação de 1.223 residentes, o Governo Central consegue um nível de confiança superior ao Executivo da RAEM. No que diz respeito ao Governo local, a “confiança total” alcança os 41,70 por cento e o nível de “confiança alta” chega aos 30,58 por cento. Estes números significam que 7 em cada 10 residentes tem um elevado nível de confiança no Governo da RAEM. No que diz respeito ao desenvolvimento futuro do princípio “Um País, Dois Sistemas”, 74 por cento dos inquiridos estão
“muito confiantes”, enquanto 72,28 por cento responderam estar confiantes no desenvolvimento da RAEM. Entre estes, 47 por cento dizem mesmo estar “muito confiantes” com as perspectivas para os próximos anos. A confiança é ainda mais alta quando se trata das perspectivas sobre o futuro da China, em que 78,25 por cento dos inquiridos dizem estar muito confiantes.
O REINO DO WECHAT
O principal objectivo da pesquisa, elaborada em Outubro com o apoio da Fundação Macau, foi analisar actos de consumo dos novos meios de comunicação dos residentes. A aplicação móvel mais popular em Macau para comunicar e consumir notícias é o WeChat, utilizada por 95,83
A aplicação móvel mais popular em Macau para comunicar e consumir notícias é o WeChat, utilizada por 95,83 por cento dos residentes inquiridos
por cento dos residentes inquiridos, seguida pelo Facebook, usada por 71,30 por cento dos residentes. A plataforma chinesa Weibo surge no terceiro lugar, com uma taxa de utilização de 65,66 por cento. Em relação às aplicações de vídeo como TikTok e YouTube a utilização é de 60 por cento. Já no que concerne aos residentes mais jovens de Macau, as aplicações mais utilizadas são o Facebook, Instagram, Twitter e Youtube. Apesar de ser a aplicação mais popular, o WeChat não é tão utilizado pelos jovens. Quanto às pessoas com um maior elevado grau de qualificação, a tendência é para recorrerem mais ao Twitter e YouTube e a páginas de Facebook com conteúdos locais. Sobre os objectivos da utilização das aplicações em causa, 80 por cento admitem que as plataformas citadas são o principal meio de socialização com os amigos e ainda a principal fonte de informação. In Nam Ng João Santos Filipe
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AVISO COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL
DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL Contribuição Predial Urbana
1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, chegou ao seu término, e, que de acordo com o artigo 53.º da Lei n.º 10/2013 <<Lei de Terras>>, de 2 de Setembro, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que devem os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.
São, por este meio, avisados os contribuintes que pretendam beneficiar, relativamente ao exercício de 2019, da dedução das despesas de conservação e manutenção, prevista nos artigos 13º e 16º do Regulamento da Contribuição Predial Urbana, em vigor, de que deverão apresentar, durante o mês de Janeiro, uma declaração de modelo M/7, em separado para cada prédio ou parte dele.
Localização dos terrenos: - Rua do Padre João Clímaco, n.ºs 13 a 19 e Avenida do Ouvidor Arriaga, n.ºs 88 e 88A, em Macau, (Edifício Fung Leng); - Rua dos Artilheiros, n.ºs 13 e 13A, em Macau, (Edifício Vo Sang); - Rua do Chunambeiro, n.ºs 4 e 4AA, em Macau, (Edifício Casa Matteo); - Rua do Almirante Sérgio, n.ºs 74 e 74A, em Macau, (Edifício Cheong Fat); - Rua de Henrique de Macedo, n.ºs 2A a 2C, em Macau, (Edifício Lai Fong); - Travessa do Enleio, n.ºs 6 e 6A, em Macau, (Edifício Man Fok); - Estrada de Adolfo Loureiro, n.ºs 4 a 6, em Macau, (Edifício Iberásia); - Avenida Marginal do Patane, n.ºs 717 a 775, Rua Nova do Patane, n.ºs 11 a 53, Rua da Bacia Sul, n.ºs 250 a 308 e Rua Sul do Patane, n.ºs 88 a 182, em Macau, (Edifício Trust Leisure Garden); - Avenida do Dr. Rodrigo Rodrigues, n.ºs 301 a 319, Travessa da Encosta, n.ºs 6 a 50 e Rua da Encosta, n.ºs 158 a 226, em Macau, (Edifício Keng Fung Hou Teng); - Estrada Governador Albano de Oliveira, s/n, na Ilha da Taipa, (Edifício Bairro Residencial do Hipódromo). 2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam à Recebedoria destes serviços, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Serviços da RAEM das Ilhas, para os efeitos do respectivo pagamento. 3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.
Aos, 19 de Dezembro de 2019. O Director dos Serviços de Finanças, Iong Kong Leong
Ficam dispensados da apresentação da referida declaração, relativamente aos prédios não arrendados no exercício de 2019. O impresso da declaração será fornecido por estes Serviços, no Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Serviços da RAEM das Ilhas, ou pode ser descarregado através do endereço electrónico www.dsf.gov.mo, podendo ainda a declaração acima referida ser apresentada através do serviço electrónico desta Direcção de Serviços. Aos, 12 de Dezembro de 2019. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong
FALECIMENTO
ANTÓNIA ROSA KOU DE SEQUEIRA ANTÓNIA ROSA KOU DE SEQUEIRA, VIÚVA DE EDUARDO ROSÁRIO DE SEQUEIRA, MĀE DE MARIA ANTONIETA, VITÓRIA, EVARISTO, JOSÉ, PLÁCIDO E JUDAS SEQUEIRA E AVÓ DE ELIAS, CASIMIRO, NOÉ, SANDRA E JACINTA, FALECEU AOS 88 ANOS. A MISSA DE CORPO PRESENTE SERÁ CELEBRADA SEXTA-FEIRA, DIA 10 DE JANEIRO, ÀS 20:00 NA CASA MORTUÁRIA CATÓLICA. O ENTERRO REALIZA-SE NO DIA 11 DE JANEIRO PELAS 12:00, NO CEMITÉRIO DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE, PRECEDIDO DE MISSA. A FAMÍLIA ENLUTADA AGRADECE ANTECIPAMENTE A TODOS QUE QUEIRAM ASSOCIAR-SE A ESTES PIEDOSOS ACTOS.
sociedade 7
sexta-feira 10.1.2020
HOTEL LISBOA ALAN HO RECORRE DE CONDENAÇÃO A OITO ANOS DE PRISÃO
O último capítulo
Depois do Tribunal de Segunda Instância ter agravado a condenação do sobrinho de Stanley Ho de um ano e um mês para oito anos de pena de prisão, a defesa vem agora recorrer para o Tribunal de Última Instância a pedir a absolvição de todos os crimes
A
LAN Ho, ex-director do Hotel Lisboa e sobrinho de Stanley Ho, apresentou recurso da condenação a 8 anos de prisão pela prática de um crime de fundação e chefia de associação criminosa e de 58 crimes de exploração de prostituição. A informação foi revelada ontem pela Rádio Macau, que cita a defesa do condenado. Segundo a explicação avançada, a defesa de Alan Ho não se conforma com a decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), tomada em Dezembro do ano passado, e pretende a absolvição do arguido da prática de todos os crimes pelos quais foi condenado. O recurso de Alan Ho surge depois do TSI ter agravado a pena com que tinha sido condenado. Na primeira decisão sobre o caso, tomada a 17 de Março de 2016 pelo Tribunal Judicial de Base (TJB), o ex-director do Hotel Lisboa tinha sido absolvido do crime de fundação e chefia de associação criminosa. No entanto, Alan Ho foi considerado culpado pela prática de um crime de exploração de prostituição, na pena de um ano e um mês. Na altura da primeira decisão, o sobrinho de Stanley Ho já havia estado em prisão preventiva por um período superior à pena que lhe tinha sido aplicada, o que lhe permitiu sair em liberdade.
A primeira pena não convenceu o Ministério Público, que recorreu e exigiu a condenação pela prática do crime de fundação e chefia de associação criminosa, que acarreta pena mais pesada. Além disso, o TSI entendeu, ao contrário do TJB, que os diferentes casos de prostituição corresponderam a crimes diferentes, em vez de um único crime continuado ao longo do tempo. Esta aspecto explica o aumento de um para 58 crimes de exploração de prostituição a que Alan Ho foi condenado.
PENAS AGRAVADAS
Alan Ho não foi o único arguido do caso da passadeira do Hotel Lisboa a ver a condenação a ser agravada pelo TSI. Kelly Wang, a mulher responsável pela escolha das prostitutas para a zona de circulação do Hotel Lisboa, foi condenada pelo TSI a 6 anos de prisão pela prática dos crimes de associação criminosa e 58 de exploração de prostituição. Na primeira decisão Wang tinha sido condenada a 2 anos e 5 meses pela prática de um crime de exploração de prostituição. Quanto aos restantes envolvidos, Lun, Mak e Qiao foram agora condenados pela prática do crime de associação criminosa e 58 de exploração de prostituição, que resultarem em penas de 5 anos para cada um dos envolvidos. Finalmente, o sexto arguido com o apelido Pun foi considerado culpado de um crime de associação criminosa e 3 de exploração de prostituição com uma pena de 4 anos e 8 meses. O caso da prostituição nos corredores do Hotel Lisboa rebentou em Janeiro de 2015, poucos dias depois do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, ter assumido o cargo. A operação resultou na detenção de Alan Ho e de mais 101 pessoas, embora apenas sete tenham sido levadas ao julgamento. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
FRAUDE WYNN MACAU PREOCUPADA COM UTILIZAÇÃO DE MARCA EM ESQUEMA
A
concessionária de jogo Wynn Macau mostrou-se preocupada com o facto de a sua marca ter sido utilizada num esquema fraudulento no Interior da China que resultou em mais de 200 vítimas e perda de 55 milhões de renminbi, no espaço de 15 dias. A posição da empresa foi tomada num comunicado enviado
ao portal GGR Asia, depois de o caso ter sido revelado pela empresa estatal China News. “Estamos altamente preocupados com o incidente recentemente noticiado e no seguimento entrámos em contacto com a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos”, reagiu a operadora de casinos.
A marca Wynn Macau foi utilizada para promover uma aplicação móvel que prometia investimentos no Interior da China com um elevado retorno num curto prazo. A concessionária negou envolver-se em qualquer tipo de investimentos online: “A Wynn Macau não tem qualquer tipo de inves-
timento online ou portais de jogo. Encorajamos a população a ser extremamente cautelosa sempre que se deparar com portais online que digam estar associados à Wynn”, foi acrescentado. O esquema em causa foi montando em Setembro, altura em que surgiram as primeiras denúncias e a in-
vestigação das autoridades do Interior. Após o trabalho no campo, concluiu-se que o esquema estava sediado na cidade de Qingzhen, na província de Guizhou, uma das mais pobres do Continente. No entanto, a polícia fez buscas em outros locais como Shenzhen, Cantão e Hunan.
Metro Ligeiro Avaria na estação do Posto Fronteiriço da Flor de Lótus
Ontem, por volta do meio-dia, registou-se uma avaria na estação do Posto Fronteiriço da Flor de Lótus do Metro Ligeiro localizada. Segundo informações divulgadas pelo portal Macau Buses and Public Transport Enthusiastic, uma porta da plataforma da estação que dava acesso ao Terminal da Taipa deixou de funcionar. Segundo a mesma fonte, o comboio estava a funcionar normalmente até ao momento em que a porta da plataforma e a porta correspondente da composição deixaram de abrir.
Grand Lisboa Palace Empresa de Chan Chak Mo arrenda espaço
A empresa Future Bright, do deputado Chan Chak Mo, assinou um acordo com a concessionária Sociedade de Jogos de Macau para arrendar um espaço para restauração no hotel Grand Lisboa Palace. O contrato tem a vigência de três anos, a partir do momento da abertura do hotel, e a empresa de Chan Chak Mo compromete-se a entregar todos os meses 14,5 por cento das receitas geradas com os restaurantes naquela zona. Mesmo que as receitas fiquem abaixo do esperado, o contrato prevê o pagamento mínimo mensal de uma renda de 700 mil dólares de Hong Kong. “A espaço fica situado num novo hotel e casino com centro comercial em Macau e espera-se que atraia um grande número de visitantes”, justifica a Future Bright, em comunicado. “A empresa vai gerir um espaço de restauração no edifício durante três anos e espera-se que gere receitas estáveis para o grupo”, é acrescentado.
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10.1.2020 sexta-feira
CRIME CASOS DE ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA DUPLICAM EM 2019
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Polícia Judiciária (PJ) registou, em 2019, 40 casos de associação criminosa, um aumento para o dobro em relação ao ano anterior, disse ontem o director da corporação. “Entre estes casos estão envolvidos usura, auxílio à migração clandestina, exploração de prostituição, tráfico de estupefacientes e burla”, entre outros, indicou Sit Chong Meng.
U
MA mulher de 22 anos, residente de Macau, foi detida pela Polícia Judiciária (PJ) na passada quarta-feira, acusada do crime de lavagem de dinheiro, após ter ajudado a transferir e a levantar 1,2 milhões de patacas a partir da sua própria conta, a mando do seu alegado “namorado cibernético”. Outra mulher, de 30 anos, que também partilhava a mesma paixão digital terá sido levada a emprestar dinheiro ao suspeito por 14 ocasiões. Segundo informações avançadas ontem pela Polícia Judiciária
A PJ conseguiu desmantelar vários grupos criminosos, transfronteiriços e locais, "de grande envergadura", através de um maior recurso à "investigação orientada pelas informações", acrescentou. Nos crimes relacionados com o jogo, a PJ instaurou 2.157 processos criminais, o que representa um aumento de 14,5 por cento em relação a 2018. Destes, 602 casos eram de agiotagem e 344 de sequestro relacionado com agiotagem, num aumento de 8,7 por cento e 11,7 por cento, respectivamente. Os roubos e burlas derivados da "troca de dinheiro" continuam a aumentar anualmente, disse o director da PJ, acrescentando que desde o ano passado, a PJ passou a
As “burlas cibernéticas”, especialmente as burlas de namoro ‘online’ e “armadilhas de serviços sexuais”, registaram em 2019 um aumento de 62 e 91 casos, ou 87,9 e 250 por cento, respectivamente
Eu tenho dois amores Duas mulheres envolvidas em lavagem de dinheiro promovido por “namorado cibernético”
(PJ), o caso remonta a 31 de Novembro de 2019 e surgiu após uma denúncia feita pela mulher de 30 anos, que trabalha num casino. Solteira, a mulher conheceu um "namorado" através das redes sociais, afirmando que ele estava envolvido num esquema de negócios ilícitos. Na sua denúncia, a vítima revelou ainda que o homem lhe pediu di-
nheiro por diversas vezes, dando de seguida instruções para depositar o dinheiro numa conta de Macau. “Durante dois meses, a mulher emprestou dinheiro por 14 ocasiões, no valor total de 1,2 milhões de patacas”, revelou o porta-voz da PJ. Através da denúncia, a PJ veio, no entanto, a descobrir que o detentor da conta para onde
No ano passado, a PJ registou o dobro dos casos de associação criminosa e, só nos crimes relacionados com o jogo, foram instaurados 2.157 processos, o que representa um aumento de 14,5 por cento em relação a 2018
comunicar à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) os indivíduos envolvidos na "troca de dinheiro" aos quais a DICJ proíbe a entrada nos casinos. "Procuramos adoptar medidas rápidas para resolver este tipo de crimes", tendo aumentado as acções de controlo, garantiu. Com uma diminuição de nove casos relativamente a 2018, foram instaurados no ano passado 119 processos de burla telefónica. Em contrapartida, as "burlas cibernéticas", especialmente as burlas de namoro 'online' e "armadilhas de serviços sexuais", registaram em 2019 um aumento de 62 e 91 casos, ou 87,9 e 250 por cento, respectivamente, em relação
era transferido o dinheiro era, na verdade, uma mulher de 22 anos residente de Macau, acabando por proceder à sua detenção, no centro da cidade, no dia 8 de Janeiro. De acordo com a suspeita acusada de crime de lavagem de dinheiro, o “namorado cibernético” ter-lhe-á pedido para usar a sua conta para receber dinheiro, alegando que a sua conta está sediada fora de Macau.
NO SÍTIO ERRADO
Acreditando que estava a apenas a ajudar o parceiro e apesar de não
ter recebido qualquer montante, a residente de Macau de 22 anos acabou por se ver envolvida no crime de lavagem de dinheiro. Segundo a suspeita, o namorado deu-lhe instruções para levantar dinheiro e entregá-lo fora de Macau a dois homens de nacionalidade estrangeiras, tendo usado o valor recebido unicamente para comprar a respectiva viagem e estadia num país asiático. “A suspeita acreditou em todos os pedidos feitos e ajudou a depositar o dinheiro na sua conta e entre Outubro e Novembro de 2019,
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ao ano anterior. Neste tipo de burlas, a "operação PJ Oystercatcher", no final de 2019, desmantelou uma "enorme rede internacional de burlas de namoro 'online'". No ano passado, os processos de roubo registaram um aumento de 13,6 por cento em relação a 2018, com casos ocorridos sobretudo em estabelecimentos hoteleiros e em "pontos mais difíceis relativamente à segurança". O director da PJ sublinhou ainda que os crimes graves mantêm uma taxa de ocorrência "próxima do zero" e em 2019 "foram resolvidos todos os casos" de homicídio (dois) e de "ofensas graves à integridade física" (cinco). Em relação aos crimes relacionados com droga, Sit Chong Meng destacou que foram instaurados 89 processos em 2019, uma descida de 3,3 por cento em comparação com o ano anterior, tendo sido resolvidos 62 casos que envolveram 86 residentes de Hong Kong, num aumento de 51,2 e 56,4 por cento, respectivamente. Entre os detidos, 21 são menores, o que mostra uma subida significativa comparativamente a três detidos em 2018, e uma maior incidência nos jovens, disse.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA AUMENTA
Sobre os casos de violência doméstica, o responsável adiantou que a população de Macau "dá mais atenção" a este tipo de crimes e "procura cooperar com a polícia". A PJ instaurou 107 inquéritos, mas apenas 17 casos foram apresentados como crimes de violência doméstica, num aumento de 14 casos relativamente a 2018. No ano passado, a PJ instaurou 6.352 inquéritos, um aumento de 5,9 por cento em comparação com 2018. Também o número de processos concluídos (15.338) aumentou 4,2 por cento em relação ao mesmo período. O número de indivíduos (detidos, não detidos e menores não responsáveis criminalmente) presentes ao Ministério Público foi de 4.191, um aumento de 6,4 por cento em relação a 2018.
esta suspeita já recebeu dinheiro por 34 vezes, tendo depois tratado de levantar os montantes sob orientações do suspeito”, revelou o porta-voz da PJ. No decurso da investigação foram encontradas mais de 20 notas de transferência bancária e 30 comprovativos de levantamento de dinheiro provenientes de ATM´s. Segundo as autoridades policiais, ainda não sabe se a suspeita terá alguma vez encontrado presencialmente o namorado e se existem mais pessoas envolvidas. P.A.
DROGA HOMEM DETIDO POR VENDA COCAÍNA NO VALOR DE 120 MIL MOP
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Polícia Judiciária (PJ) revelou ontem ter detido dois suspeitos, um homem e uma mulher, por envolvimento num esquema de tráfico de droga em Macau. O homem, de 24 anos e natural de Hong Kong, confessou que operava no NAPE durante a noite e que, no total, vendeu 50 gramas de cocaína, no valor de 120 mil patacas. O caso aconteceu na quarta-feira, quando a PJ seguiu o suspeito até à Taipa, onde viria a encontrar-se com uma mulher de 29 anos, residente de Macau, para vender ou entregar droga. A polícia interceptou de seguida os dois suspeitos, sendo que a mulher trazia com ela quatro pacotes de cocaína, com 1,2 gramas no total. Já o homem de Hong Kong tinha com ele oito pacotes do estupefaciente, com 2,4 gramas no total, com o valor aproximado de 6.500 patacas. No seguimento da detenção, a polícia acompanhou o homem até às instalações de um casino no NAPE onde viriam a ser encontrados, dentro da casa de banho do terraço do edifício, mais 38 pacotes, que continham, no total, 12,03 gramas de cocaína. Segundo a PJ, o homem de Hong Kong confessou que já tinha transportado droga para vender em Macau por diversas ocasiões e que, por dia, é capaz de ganhar cerca de 2500 dólares de Hong Kong. O suspeito confessou ainda ter feito
este trabalho durante cinco dias e que outro envolvido, também originário de Hong Kong, lhe pediu para entregar droga em vários locais da cidade. “O suspeito confessou ter vendido, no total, 50 gramas de cocaína em Macau e que cada pacote contém 0,3 gramas do produto, sendo vendido à unidade por 700 patacas. No total, o homem vendeu cocaína em Macau no valor de 120 mil patacas”, revelou o porta-voz da PJ. Apesar de o suspeito ter avançado que a mulher estaria a comprar droga, no valor de 3 mil patacas para consumo próprio, a PJ suspeita que a envolvida possa também estar implicada no esquema de tráfico de droga. Os dois casos seguiram já para o Ministério Público, sendo que a origem da droga está ainda por investigar. P.A.
Crime 54 detidos por traficar comida para animais
As autoridades do Interior revelaram que 54 turistas foram detidos por estarem a fazer entrar no Continente de forma ilegal comida para cães e gatos. O caso foi revelado pelo jornal Exmoo, na edição de ontem, que deu conta da apreensão de 650 quilos de comida para cães e gatos. Os Serviços de Alfândega de Gongbei explicaram ainda que os alimentos tinham sido comprados em supermercados de Macau e que no segundo semestre do ano passado já tinham apreendido 2980 embalagens de comida, com um peso total foi 19 toneladas.
Gongbei 500 milhões em alimentos apreendidos A alfândega do posto fronteiriço de Gongbei impediu o contrabando de bens alimentares provenientes do Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong no valor de 500 milhões de renminbi. Citada pelo canal chinês da Rádio Macau, a alfândega de Gongbei revelou estarem envolvidos 12 grupos de
contrabando. As autoridades suspeitam que o caso tenha começado em Janeiro de 2019, quando alguns turistas de Macau passaram a trazer bens alimentares provenientes de Macau para mais de dez pontos de recolha em mercados próximos do Posto fronteiriço. Em Novembro do ano pas-
sado, em colaboração com as alfândegas de Guangzhou, Shenzhen e Xiamen, a alfândega de Gongbei deteve, um total, de 30 pessoas provenientes de Zhuhai, Guangzhou, Shenzhen e Quanzhou por tráfico de comida e bebida, e apreendeu ainda mais de 3000 caixas de alimentos.
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ECONOMIA CARNE DE PORCO MANTÉM INFLAÇÃO NO NÍVEL MAIS ALTO EM SETE ANOS
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subida do preço da carne de porco, em Dezembro, manteve a inflação na China ao nível mais alto em sete anos, apesar dos esforços para reduzir a escassez causada por um surto de peste suína. O preço da carne de porco, a principal fonte de proteína animal na cozinha chinesa, quase duplicou, e puxou a inflação em todo o sector alimentar, agravando os efeitos da desaceleração da economia chinesa e de uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos. O preço da carne de porco subiu 97 por cento, em relação ao mesmo mês do ano passado, apesar do aumento das impor-
tações e da colocação no mercado pelas autoridades de dezenas de milhares de toneladas de carne suína que mantêm em reserva. Os preços dos alimentos subiram, no conjunto, 17,4 por cento, fixando a inflação em 4,5 por cento, acima da meta oficial definida pelo Partido Comunista Chinês, de 3 por cento, no maior aumento desde 2012. A China produz e consome dois terços da carne suína do mundo, mas o país teve que abater milhões de porcos, após um surto de peste suína que se espalhou por todo o continente chinês, gerando também efeitos inflacionários no resto do mundo, à medida que os importadores chineses compram mais na Europa, Estados Unidos ou Brasil. Em Outubro passado, o Departamento de Agricultura dos EUA previu que a produção de carne suína da China em 2020 cairá 25 por cento, em relação ao ano anterior. A diferença, de 12 milhões de toneladas, seria equivalente a quase toda a produção anual nos EUA. PUB
GUERRA COMERCIAL LIU HE VAI A WASHINGTON ASSINAR ACORDO PARCIAL
Assine por baixo
O Governo chinês confirmou ontem que o vice-primeiro-ministro Liu He vai a Washington, na próxima semana, para assinar um acordo parcial que visa pôr fim às disputas comerciais entre a China e os Estados Unidos
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IU He vai estar em Washington entre os dias 13 e 15 de Janeiro para a assinatura do acordo parcial para resolver a guerra comercial entre China a Estados Unidos, que destabiliza a economia mundial há um ano e meio. O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou anteriormente que um acordo "muito abrangente" seria assinado no dia 15 de Janeiro, na Casa Branca, com a presença de altos funcionários de Pequim, mas sem o homólogo chinês, Xi Jinping. O ministério chinês do Comércio só ontem confirmou aquela informação. Após quase 18 meses de guerra comercial, com os governos dos dois países a impor
taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de dólares de bens importados um do outro, os dois lados anunciaram, em Dezembro passado, que alcançaram um acordo parcial que inclui a retirada progressiva de taxas e o aumento das importações de produtos norte-americanos por parte da China. O vice-ministro do Comércio da China, Wang
Shouwen, confirmou anteriormente que a primeira fase do pacto inclui questões sobre transferência de tecnologia, propriedade intelectual, expansão das trocas comerciais e estabelecimento de mecanismos de resolução de disputas.
O QUE FICA PARA TRÁS
Os Estados Unidos vão, no entanto, manter taxas
O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou anteriormente que um acordo “muito abrangente” seria assinado no dia 15 de Janeiro, na Casa Branca, com a presença de altos funcionários de Pequim, mas sem o homólogo chinês, Xi Jinping
alfandegárias adicionais de 25 por cento sobre 250.000 milhões de dólares de bens importados da China e de 7,5 por cento sobre mais 120.000 milhões de dólares. As tensões comerciais entre as duas principais economias mundiais tiveram já graves consequências para a economia mundial. Nas últimas previsões para a economia mundial, publicadas em Outubro passado, o Fundo Monetário Internacional reduziu as perspectivas de crescimento, para este ano, para 3 por cento, dois décimos a menos que a previsão feita em Julho, face ao agravar da disputa comercial.
HONG KONG PREÇO MÉDIO DE CASAS NOVAS CAI 25% EM 2019
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agitação social e política vivida o ano passado em Hong Kong fez cair o preço médio das casas novas para o valor mais baixo dos últimos quatro anos, noticiou ontem a imprensa local. Face a 2018, o preço das casas a estrear na ex-colónia britânica, conhecida por ter o mercado imobiliário mais caro do mundo, caiu 25 por cento no ano passado para 10,87 milhões de dólares de Hong Kong, refere o jornal South China Morning Post. Especialistas do sector imobiliário preveem, segundo o mesmo jornal, um
novo declínio nos preços da habitação em 2020, com algumas previsões a indicarem uma queda de 15 por cento. A habitação no importante centro financeiro mundial atingiu preços exorbitantes nos últimos anos, tornando Hong Kong na cidade mais cara do mundo para a compra de imóveis. A dificuldade de acesso à habitação é um dos motivos da agitação social na cidade, palco de protestos antigovernamentais que entraram agora no oitavo mês e que começaram contra uma polémica proposta de alterações à lei de extradição.
Meses de protestos, por vezes violentos, colocaram a economia de Hong Kong em recessão pela primeira vez numa década, devido à queda nas importações e exportações, nas vendas a retalho e dos números do turismo. O sector imobiliário é um dos motores económicos da antiga colónia britânica e o efeito dos protestos é impressionante: o subíndice formado pelas principais empresas do sector na Bolsa de Hong Kong caiu 12,6 por cento, do seu pico em 2019, em Abril, até ao final do ano.
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sexta-feira 10.1.2020
‘DUMPING’ SERRALHARIAS AMERICANAS ACUSAM CHINA E BRASIL
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M grupo norte-americano de serralharias pediu a Washington para impor tarifas aos rivais chineses e brasileiros, que acusa de venderem nos Estados Unidos molduras e outros produtos de madeira abaixo do custo de venda. Num comunicado, a Coalition of American Millwork Producers (CAMP) revela que apresentou na quarta-feira uma queixa junto do Departamento de Comércio e da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. “Os produtores da China e do Brasil conquistaram uma grande e crescente fatia do mercado” norte-americano através do ‘dumping’, diz no comunicado Timothy C. Brightbill, advogado que representa a CAMP. O grupo acusa ainda o Governo chinês de “agravar ainda mais este mercado desleal ao disponibilizar um amplo leque de subsídios aos seus produtores”. Nos últimos quatro anos, a fatia do Brasil e da China no mercado norte-americano de produtos de madeira subiu mais de 10 pontos percentuais, enquanto a indústria local perdeu pelo menos 7 pontos percentuais, refere o comunicado. A CAMP sublinha que a investigação a este alegado caso de ‘dumping’ demora normalmente um ano, embora tarifas temporárias podem ser impostas dentro de quatro a seis meses. A queixa apresentada pelo grupo alega que o valor normal dos produtos de madeira importados do Brasil e da China é entre três a quatro vezes maior do que o preço cobrado pelos produtores desses países.
Glifosato Grupo chinês com luz verde para vender herbicida no Brasil
O grupo chinês Zhejiang Xinan Chemical Industrial Group anunciou na quarta-feira ter recebido autorização das autoridades brasileiras para vender um herbicida no Brasil. Numa teleconferência com investidores, a empresa listada na Bolsa de Valores de Xangai disse que a decisão do Ministério da Saúde brasileiro deverá ajudar a subir as vendas do herbicida glifosato. O grupo sediado em Hangzhou, descreve o Brasil como “o maior mercado do mundo para o glifosato”, por ser um dos maiores produtores de alimentos geneticamente modificados. Em 2018, refere-se no comunicado, o Brasil usou 200 mil toneladas deste herbicida, um quarto do total mundial. O Zhejiang Xinan disse acreditar que o consumo de glifosato vai aumentar este ano, graças à entrada em vigor da proibição da utilização de um outro herbicida, o paraquat.
WUHAN DOENÇA RESPIRATÓRIA IDENTIFICADA COMO NOVO TIPO DE CORONAVÍRUS
Após análise profunda Uma investigação preliminar identificou uma doença respiratória que infectou dezenas de pessoas numa cidade no centro da China como sendo um novo tipo de coronavírus, informou ontem a imprensa estatal chinesa
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S resultados da investigação foram avançados pela emissora estatal CCTV, mas as autoridades de saúde chinesas ainda não confirmaram as informações. Os coronavírus são uma espécie de vírus que causam infecções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico. Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou globalmente mais de oito mil pessoas. A investigação citada pela CCTV identifica a doença que infectou 59 pessoas na cidade de Wuhan, centro da China, como um novo coronavírus, diferente daqueles que foram identificados anteriormente. Segundo a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan, sete dos pacientes encontram-se em estado crítico e os restantes em condição estável. Oito pacientes receberam alta na quarta-feira, sem apresentar qualquer sintoma de pneumonia, avançou a agência noticiosa oficial Xinhua. Os especialistas detectaram o novo coronavírus em 15 dos 59 casos de Wuhan, detalhou a CCTV, acrescentando que mais
pesquisas serão realizadas antes de se obter uma conclusão.
EXPANSÃO REGIONAL
Possíveis casos da mesma doença foram relatados em Hong Kong e na Coreia do Sul, envolvendo pessoas que viajaram recentemente a Wuhan. Desde o final de 2019, os
Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS)
hospitais públicos de Hong Kong relataram 38 pacientes com febre, infecção respiratória ou sintomas de pneumonia, após visitas recentes a Wuhan. Vinte e um desses pacientes já receberam alta, informou na quarta-feira a Autoridade Hospitalar de Hong Kong. Não foram encontrados casos graves relacionados aos de Wuhan, segundo Sophia Chan, chefe de saúde de Hong Kong. Na Coreia do Sul, uma mulher chinesa que trabalha para uma empresa sul-coreana foi diagnosticada na terça-feira com pneumonia, disseram os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia. Nos últimos anos, a síndrome respiratória do Oriente Médio, um coronavírus que começou na Jordânia e na Arábia Saudita, em 2012, alastrou-se por cerca de duas dezenas de países, tendo sido relatados cerca de 2.500 casos confirmados em laboratório, incluindo mais de 800 mortes.
CONGRESSO EUA ACUSAM CHINA DE “CRIMES CONTRA A HUMANIDADE”
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MA comissão parlamentar norte-americana acusou na quarta-feira a China de cometer “crimes contra a humanidade” na repressão da minoria muçulmana uigure em Xinjiang, no que Pequim considerou ontem serem “críticas arbitrárias”. “A comissão considera que as autoridades chinesas podem estar a cometer crimes contra a humanidade contra os uigures e outros muçulmanos turcófonos”, afirmam os eleitos norte-americanos num
relatório. “Falamos de crimes contra a humanidade numa escala muito grande”, insistiu Chris Smith, membro da comissão, durante uma conferência de imprensa, assinalando que os uigures passam por “algo nunca visto desde a Segunda Guerra Mundial”. Defendeu assim que o Presidente chinês, Xi Jinping, deve “ser responsabilizado por este comportamento hediondo”. As autoridades chinesas conduzem naquela região do
noroeste do país uma política de segurança máxima em resposta a atentados mortíferos, com explosivos e armas brancas, contra civis, atribuídos a separatistas uigures. Várias organizações de defesa dos direitos humanos acusam a China de ter internado pelo menos um milhão de muçulmanos em “campos de reeducação” em Xinjiang. O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês rejeitou ontem as conclusões do relatório e
acusou a comissão parlamentar de “críticas arbitrárias contra a China”. “Esta dita comissão está cheia de preconceitos (…) não tem a mínima credibilidade”, declarou num contacto regular com a imprensa Geng Shuang, porta-voz da diplomacia chinesa. “Exortamo-la a fazer um exame de consciência face a problemas de direitos humanos nos Estados Unidos e a parar de distorcer os factos e de arrastar a China pela lama”, adiantou.
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tonalidades
e assim tu pão e luz e sombra és
Associação
ABSTRACT PAINT ART KUNST MALEN, ANNA SCHILLER
António de Castro Caeiro
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M dos factos experimentados por nós na vida é a lembrança imediata de tempos idos provocada por uma percepção actual da realidade. A formulação teórica deste “facto” pode até inibir a facilidade com que fazemos essa experiência. A psicologia fala de “associação”. Mas já Platão tinha construído o argumento para demonstrar a especificidade da lucidez humana nesse facto. O modo como vivemos o que acontece é o de uma contínua tentativa de reconstituição e interpretação do passado, mas também do presente e do futuro, como se os conteúdos da realidade por si sós fossem insuficientes e não trouxessem consigo nenhuma explicação do que são, mas também porque a sua realidade é fluída. Tal como um som só existe distribuído numa sucessão temporal, mesmo quando admite coexistência e simultaneidade de sons (não apenas uma voz mas uma sinfonia de vozes), assim também qualquer manifestação noutro campo sen-
sorial: uma fragrância (o aroma a sardinha grelhada à tardinha num bairro popular em Lisboa), uma configuração (a variação e esbatimento do céu como plano de fundo cromático à forma do sol a pôr-se: azul claro, escuro, laranja, fogo, púrpura, negro), táctil (palma da mão que acaricia o rosto de alguém), paladar (trincar uma maçã, mastigar, engolir). Todos os fenómenos da realidade são distribuídos no tempo para acontecerem. Sem tempo são como os fenómenos exclusivamente acústicos que dependem quase unicamente da dimensão do tempo para ocorrerem e
decorrerem. Assim, tudo o que acontece num só dia passa ao fim desse dia, embora haja situações em aberto que demoram meses, semestres, anos, até a vida inteira a concluir. Outras situações há que não são conclusivas. Mas importa frisar isto. No fim do dia, o que estava na nossa agenda, tendo ou não sido tratado, teve o seu momento, passou, está, mal ou bem, teve cumprido ou não, o seu tempo. Daí que, no fim do dia, quando conversamos com alguém sobre o dia que passou, haja uma reconstituição do que se passou. Não é apenas uma invocação por memória que
Todos os fenómenos da realidade são distribuídos no tempo para acontecerem. Sem tempo são como os fenómenos exclusivamente acústicos que dependem quase unicamente da dimensão do tempo para ocorrerem e decorrerem.
activa uma percepção passada, com um determinado conteúdo, exactamente como se passou tim tim por tim tim. Ao conversar-se no fim do dia sobre o dia que passou comemora-se, isto é, lembramos a dois ou a três, colectivamente ou a sós na calada da consciência, o que se passou. Temos a oportunidade de reviver outra vez o que foi vivido, como se “realizássemos”, “editássemos”, “contássemos pelas nosssa palavras”, “déssemos a nossa versão”, do que se passou. Mas não adoptamos nenhuma atitude correspondente perante o acto de “realizar”, “editar”, “contar uma versão”, “dizer a verdade”, “expressar um sentido”, “invocar o passado”. É assim que habitual e normalmente estamos “by default” ao conversar sobre o dia vivido, ao contar como foi e ao ouvir dizer ao outro o que lhe aconteceu. De memória e percepção como actos psicológicos não temos nenhuma noção. “Estaríamos feitos” se estivéssemos à espera de aprender com a psicologia o modo de aceder ao passado e de contar o que se passou. Despertamos logo com essa possibilidade, com ela “jogamos” desde sempre, está “aberta”, “disponível” para nós e contamos com essa abertura e disponibilidade nos outros. O que não é nada evidente. Quando olho para o outro no seu ambiente perceptivo ao pé de mim e me conta que esteve em agências bancárias, nas Finanças, eu não “vejo” o WhatsApp meio pelo qual “converso” ou o interior do meu carro, onde tenho a conversa, ou a cara do outro com quem estou. Eu sou atirado para o tempo passado com o compacto implícito, complicado, integrado, mas susceptível de ser desdobrado do que se passou. Correu bem no Banco. Mas nas Finanças!… Eu sou transportado para lá. Não sou eu lá, como se fosse a mim. Eu não preciso de me transportar para lá e tentar pôr-me no lugar do outro de modo altamente reflexivo e teórico. Simplesmente, eu capto a realidade total, concreta e maciça, num ápice, do que o outro me está a contar, num “resumo” disposicional, numa abertura que me permite “espreitar” para dentro das horas infindáveis até ser recebido, para depois ter resolvido o assunto em tão pouco tempo e, depois, ter podido seguir com a sua vida. Como também se pode ter a abertura que permite o transporte num abrir e fechar de olhos que tem a percepção de como foram boas as férias de três semanas passadas por alguém que as aproveitou para descansar. Sente-se desanuviamento, tranquilidade, serenidade, sem o ramerame dos dias a passaram nas três semanas, mas sente-se o transporte telepático e telecinético para lá, seja “lá” onde for, seja “três semana” o que for.
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sexta-feira 10.1.2020
entre oriente e ocidente
FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO
Gonçalo M. Tavares
POEMAS DO ORIENTE
Comer, fazer a barba, reflectir Arroz na taça, costas curvadas, paus rápidos, enchem-se, esvaziam. Taça antes cheia de arroz, agora brilha. Vês o fundo, vês-te ao espelho. É preciso comer, sem isso não entendes nada. Fazes a barba frente à taça de arroz vazia, pendurada com a inclinação certa. Podes fechar os olhos, não te cortas. Há quem diga que nem lâminas são necessárias.
1.SOBRE O JARDIM
2.PORTAS, ENTRADA
O jardineiro é um astrónomo que em vez de olhar para cima olha para baixo e isto parece-me uma definição prática da coisa. O jardineiro recebe ordens dos patrões, se os tiver, e dos astros - os mais altos e antigos emissores de luz. Se fores pintor, o jardim é cor. Verde no centro, aqui mais escuro, mais claro ali, castanho da terra – um castanho que varia tanto - e árvores. Se alguém for senhor da arte dos perfumes ou da gastronomia, o jardim avançará para ser aquilo que a terra produz e é táctil e tem sabor. O que é a ópera para a arte – ópera que tem lá dentro tudo: canto, música, teatro, dança, literatura e etc. – é o jardim para o espaço da cidade. O jardim, pois, como obra de arte completa: é feito para todos os sentidos do corpo.
Pensar numa casa no Oriente feita de portas. Talvez seja isso a definição de um labirinto: no caminho tudo são portas; tudo, pois, são entradas decisivas: um passo para a frente e estamos noutro lado, noutro mundo. Cuidado com o passo que dás! Uma porta é um cruzamento. Se está fechada impede a entrada ou exige uma acção. A porta fechada como manifestação de pouca familiaridade e, ao mesmo tempo, como pedido de um movimento. A porta aberta, pelo contrário, como uma manifestação de confiança. A porta aberta diz: confio em ti, podes avançar mantendo o movimento uniformemente leve. Como entrar no novo ano no Ocidente? Com o movimento uniformemente leve que as portas abertas do Oriente sugerem.
“De mais nada fala o Jardineiro, se não do andamento dos astros, das estações, dos corpos estelares e dos corpos verdes e das suas conjugações.” Maria velho da Costa
ILUSTRAÇÕES ANA JACINTO NUNES
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PLANO DE CORTE José Navarro de Andrade
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Scorsese, tradição e memória 2
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então ao cabo de quase duas horas de “O Irlandês” que se dá O Acontecimento. Durante a caprichosa confecção de uma salada, a salada perfeita, Joe Pesci sugere a De Niro que resolva o caso de Al Pacino. (A história do cinema já nos habituou a que no subgénero dos filmes de gangsters, talvez aquele em que a morte esteja mais exposta, muito poucas ordens sejam dadas. As indicações são insinuadas, ou seja, não há transferência de responsabilidade, cada um é senhor dos seus actos e fica individualmente comprometido com as suas consequências. Mais do que uma estratégia judicial é uma determinação moral.) Pela primeira vez De Niro vê-se agrilhoado a um dilema, vicissitude a que fora escapando por se ter restringido a cumprir as tarefas que lhe eram cometidas sem esboço de objecção ou dúvida. Doravante, decida o que decidir na sua consciência para sempre se ferrará o labéu de Judas. Quem irá o irlandês Frank Sheenan trair? Se não cumprir a incumbência homicida, trairá Joe Pesci, o mistagogo a quem deve, mais do que a vida, o ser e a existência (esse identidade que a filha renega castigando o pai com o infinito silêncio das mulheres das tragédias gregas
privadas da palavra. Já agora, poucos actores foram vistos a dizerem tanto de lábios fechados como Anna Paquin em “O Irlandês”). Se, por outro lado, assassinar Pacino trairá a confiança supostamente inviolável daquele que lhe foi afiançado guardar e proteger, com quem estreitara laços de amizade, manchando e penhorando ad aeternum a sua credibilidade. Adensa o dilema que Pesci ilibe De Niro pondo a culpa de lado com uma simples frase: “we did all we could for the man.” Durante 20 minutos seguintes “O Irlandês” transfigura-se por completo, desde a cena da salada até à sequência mais trágica do filme, em que para conquistar e merecer um pouco de respeito da filha, De Niro telefona à mulher de Pacino, e sabendo que só a verdade a consolaria mostra-se incapaz de assumir
o seu ónus despenhando-se na mentira com um discurso atropelado e cobarde, tornando-se a seus próprios olhos um ser abjecto – um Judas. Até aqui “O Irlandês” fora um filme de diálogos, firmado em prolíficas e destras tomadas em campo / contra-campo, com os planos muito cingidos ao torso dos atores, quase todo em interiores e bastante nocturno. Neste 20 fulminantes minutos abundam os planos exteriores filmados com uma grande angular que diminui as figuras humanas, apequenadas no espaço e com muito ar à volta. São cenas diurnas e o clima é primaveril. Será especulativo, mas não imprudente, evocar de novo a influência de John Ford – talvez o da “trilogia da cavalaria” – nesta forma de enquadrar na vastidão do mundo as suas personagens tolhidas por um pecado original que tentam su-
Que não haja equívoco, “O Irlandês” tem a duração exacta e necessária. Pode é não obedecer à medida do tempo fora dele ou do tempo de um espectador que tem outras coisas que fazer além de ficar 3 horas a contemplar um filme
perar ou ignorar norteando-se apenas pela missão que têm de cumprir. Houve quem se enfadasse com a demora de Scorsese em chegar a este ponto e aferisse essas duas horas como redundantes em relação a “Goofellas.” Mas o movimento dos filmes é de todo antinómico. O andamento de “Goofellas” é em accelerando para a precipitação. Queda que ratifica a traição final de Ray Liotta, reduzido a um “schnuck” suburbano que vem de roupão recolher o jornal à porta pela manhã. É em sentido contrário que corre “O Irlandês;” o percurso de De Niro não só se consolida num modo de vida prático, estável e perfunctório (oposto à euforia criminal de “Goofellas”) como vai mesmo progredindo até à liderança do sindicato, com direito a concorrido jantar de homenagem e baile. A traição é em “Goofellas” o epílogo consumado por um destino; em “O Irlandês” a traição é a tragédia inerente ao livre-arbítrio. Desde o início de “O Irlandês” que Scorsese se defronta com uma dificuldade diegética: como impulsionar a expectativa dramática e insuflar alento emocional numa história cujo desfecho toda a gente prevê? Mal se apresenta a figura de Jimmy Hoffa quem conheça um bocadinho da História dos EUA – essa História que vai cuidadosamente pontuando o filme – sabe que ele desapareceu sem deixar rasto e embora nunca tenha havido nem cadáver nem factos comprobatórios, saberá também que foi a mafia que o suprimiu. Quem desconheça Hoffa mas esteja a par do repertório de Al Pacino discerne que as suas personagens raro morrem com os sapatos calçados. Mas em “O Irlandês” até os virgens da História e da cinefilia pressentem que aquilo é capaz de não acabar bem. Scorsese sabe, portanto, que a magnitude sísmica do dilema que dilacera a existência de De Niro só será partilhada emocionalmente por todas estas espécies de espectadores se estes se resignarem a presenciar um rosário de peripécias que malgrado o seu defluxo narrativo produzem a sensação de não se orientarem para um climax. Ora no cinema há uma ferramenta privilegiada para causar lassitude e desguarnecer a atenção – dilatar o tempo, de modo aparentemente desnecessário. Que não haja equívoco, “O Irlandês” tem a duração exacta e necessária. Pode é não obedecer à medida do tempo fora dele ou do tempo de um espectador que tem outras coisas que fazer além de ficar 3 horas a contemplar um filme.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 17
sexta-feira 10.1.2020
OFício dos ossos
Valério Romão
O encontro que nunca mais acontece
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MA das poucas coisas por que ansiava possíveis no meu tempo de vida era finalmente encontrarmos vida inteligente extraterrestre. Quando nasci, em 1974, a última missão tripulada à lua tinha ocorrido há dois anos. A febre das conquistas espaciais, alavancada em grande parte pela guerra fria, dissipava-se lentamente. Ainda assim não faltavam literatura, filmes e séries de ficção científica sobre o tema do espaço e da sua exploração, e sentia-se que de algum modo havia uma equivalência entre a produção de um fantástico aparente irrealizável e os romances de Júlio Verne acerca dos mais incríveis feitos humanos: era uma questão de tempo. Quando se perguntava aos miúdos da minha geração o que eles queriam ser, bombeiros e astronautas estavam no topo das respostas mais frequentes. De algum modo, ambas profissões estavam ligadas por uma espécie de abnegação heróica presente em cada uma delas. A maior parte dos putos conhecia apenas um ou dois astronautas – e provavelmente apenas o nome – e quase certamente nenhum bombeiro. Mas o que fascinava a gaiatada não era o lado concreto e desformalizado destas profissões mas, outrossim, a aura que elas transportavam e que claramente remetia para uma heroicidade com contornos de modéstia: uma propunha-se a salvar o mundo civilizado, uma casa de cada vez; a outra almejava expandir esse mesmo mundo, primeiro dentro dos limites das nossas parcas capacidades tecnológicas “um pequeno passo para um homem, mas um passo de gigante para a humanidade”, nas palavras de Neil Armstrong, mas – e sobretudo – mediante o alargamento ciclópico daquilo que era doravante concebível. Com 45 anos agora e espero que ainda algo longe do dia que sempre chega, já não nutro grande esperança de no meu tempo de vida a espécie humana encontrar qualquer sinal de vida inteligente lá fora. Não é só uma questão de pessimismo estrutural, condição que vai recrudescendo à medida que um tipo se aproxima da morte, mas sobretudo de uma manifesta incapacidade de encontrar quaisquer evidências, sejam estas directas ou indirectas, da presença, nem que seja arqueológica, de uma civilização extraterrestre algures. Apesar da quantidade propriamente astronómica de estrelas no universo que albergam planetas possivelmente habitáveis, não há qualquer notícia de que a
vida tenha surgido e evoluído num deles ao ponto de podermos detectá-la. A esta contradição entre termos – biliões de estrelas por um lado, zero notícia de vida inteligente por outro – chama-se paradoxo de Fermi. As razões elencadas para justificar este silêncio ou dormência do universo são muitas. A terra parece ser, de facto,
um planeta excepcional, a muitos níveis, e talvez a confluência de motivos pelos quais a vida floresceu neste cantinho não seja facilmente repetível. Talvez as civilizações tenham tendência para se autodestruírem antes de conseguirem explorar o espaço em seu redor – sabe Deus como caminhamos sobre esse fio de navalha há largos anos. Talvez as distâncias cósmicas
Talvez o ponto de vista humano seja tão primitivo que não consegue perceber uma possível presença não tão rara de civilizações extraterrestres evoluídas. Ou talvez estas existam, e em abundância, e nos considerem incapazes de as compreender adequadamente – pelo menos por ora. Talvez sejamos apenas a colónia de formigas de uns tipos que se entretêm a olhar para nós quando não têm mais nada que fazer
sejam impeditivas da comunicação: olhar para fora, na perspectiva astronómica, equivale a olhar para trás no tempo, e as distâncias são tão avassaladoras que um pingue-pongue de mensagens trocadas pode facilmente levar mais de mil anos a cumprir-se. Talvez o ponto de vista humano seja tão primitivo que não consegue perceber uma possível presença não tão rara de civilizações extraterrestres evoluídas. Ou talvez estas existam, e em abundância, e nos considerem incapazes de as compreender adequadamente – pelo menos por ora. Talvez sejamos apenas a colónia de formigas de uns tipos que se entretêm a olhar para nós quando não têm mais nada que fazer. Por minha parte, e independentemente da justificação que melhor se adequa ao silêncio do universo, reduzi grandemente as expectativas com a idade e proponho-me a uma tarefa bem mais humilde, ainda que igualmente espinhosa: encontrar vida inteligente aqui mesmo, neste cantinho, coisa que parece ser cada vez mais rara.
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Amanhã MACAU 33 ZENTANGLE WORKSHOP
15h00-16h30; 17h00-18h30 | Fundação Rui Cunha
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1 4 6 ESPECTÁCULO “150 YEARS MUSIC JOURNEY” 4 Rui 6 Cunha1| Das318h30 7 5 Fundação às 19h30 1 2 5 6 3 7 Terça-feira INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO “DIVINE BEASTS 5 ARTS 4 BY BENSON 7 2LAM” 1 3 – PAPER Fundação Rui Cunha | Das 18h30 às 20h30 7 3 4 5 6 2 Quarta-feira SESSÃO HISTÓRIA” 2 DE1“SERÕES6COM 7 5 4 - BEATRIZ BASTO DA SILVA Fundação Rui Cunha | Das 18h30 às 19h30 6 5 3 4 2 1 Diariamente
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5 2 4 7 3 1 1 7 3 5 6 2 EXPOSIÇÃO “NO YA ARK: INVISIBLE VOYAGE” 3 do4Boi | Até 6 2/2 2 5 7 Armazém 7 5 1 6 4 3 4 1 7C 3I 2N 6E Cineteatro 6 3 2 4 1 5 2 6 5 1 7 4
EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME-POUCHING TSAI SOLO EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 11/2
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 36
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UM FILME HOJE
1917 SALA 1
UNDERWATER [B] Um filme de: William Eubank Com: Kristen Stewart, Vincent Cassell 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2
1917 [C] Um filme de: Sam Mendes Com: George MacKay, Dean-Charles Chapman, Benedict Cumberbatch 14.30, 16.45, 19.15
ASHFALL [B] FALADO EM COREANO LEGENDADO
EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Lee Hac-Jun, Kim Byung-Seo Com: Lee Byung-Hun, Ha Jung-Woo, Ma Dong-Seok A.K.A. Don Lee 21.30
Protagonizado por Matt Damon e Christoph Waltz, “Downsizing” tem como premissa uma solução original para os problemas ambientais resultantes do excesso de população: reduzir o tamanho das pessoas para pouco mais de 12 centímetros. Alexander Payne, que também realizou “Sideways”, trouxe de novo para o grande ecrã um filme pleno de humor negro com um argumento do qual tudo se pode esperar. Salpicado por algumas escolhas narrativas erráticas, “Downsizing” não é uma obra-prima, mas também não é um desperdício de tempo. Um bom filme para uma preguiçosa tarde de domingo. João Luz
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A BANALIDADE
1 6 2 4 3 7 5Um electricista trabalha no sistema eléctrico da linha ferroviária que vai ligar Xinfeng e Yaocun em Xi’na, a capital da província de Shaanxi, enquanto fogo-de-artifício dá cor à noite.
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0.26 VIDA DE CÃO
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PROBLEMA 37
Vivemos num mundo de banalidades. Assistimos tantas vezes às coisas e à sua própria repetição que mesmo a beleza e o horror acabaram também por se banalizar. Hoje é banal ver na televisão uma criança a morrer de fome, como é banal receber a notícia de que o político X é corrupto. A quantidade de informação sobre tudo e sobre todos banalizou, definitivamente, qualquer acontecimento. O que é mais interessante neste fenómeno é o facto da banalização criar uma enorme distância entre o sujeito da informação e o sujeito que a recebe. Tudo nos aparece dotado de uma estranha aura de irrealidade, como se as imagens que estamos a ver nunca tivessem acontecido ou aconteçam num planeta distante ao qual não pertencemos. O horror é mais mediático que a beleza 38 e por isso a insensibilidade vai ganhando terreno em nós. Hoje Procusto é rei. Explico: Procusto era um ladrão que prendia as suas vítimas a uma cama e depois lhes esticava os membros quando não eram suficientemente grandes ou os cortava quando excediam os limites do espaço que lhes era destinado. É o símbolo antigo da banalização, da redução a uma medida convencional, da tirania da mediocridade contra os que excedem ou não preenchem os critérios preconcebidos. Na idade do banal nada nos toca realmente. Nem o bem nem o mal. E a resposta não é o pensamento, como queria Arendt. Na verdade, a resposta já não existe. Carlos Morais José
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EXPOSIÇÃO “GAME – GIGI LEE’S MULTIMEDIA” Armazém do Boi | Até 16/2
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; In Nam Ng; João Santos Filipe; Juana Ng Cen; Pedro Arede Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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Pobres de nós
relatório sobre o desenvolvimento humano que as Nações Unidas publicaram recentemente (Human Development Report 2019) mostra com a evidência necessária a brutalidade das injustiças do capitalismo global contemporâneo. O exaustivo trabalha documenta com precisão diferentes aspectos e determinantes das desigualdades atuais, incluindo detalhadas análises de estruturas económicas e sociais, suas particularidades geográficas, diferenças ainda marcantes entre homens e mulheres, impactos díspares das alterações climáticas ou preocupações crescentes para o futuro relacionadas com o desenvolvimento tecnológico e a educação. Em todo o caso, só o parágrafo de abertura é suficiente para se perceber a dimensão dos problemas que enquanto comunidade não conseguimos, sequer remotamente, resolver: “em cada país, muita gente tem limitadas perspectivas de um futuro melhor. À falta de esperança, objectivos ou dignidade, observam desde as margens da sociedade como outros progridem para ainda maior prosperidade. Em todo o mundo, muitas pessoas escaparam à pobreza extrema, mas ainda mais são as que não têm nem as oportunidades nem os recursos para assumir o controle das suas vidas. Muito frequentemente, género, etnia ou a riqueza dos pais ainda determina o lugar de cada pessoa na sociedade”. É minha a tradução livre do inglês e o documento está acessível na página de internet do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Talvez fosse momento para se pensar melhor o que queremos enquanto comunidade que habita este precário planeta, quando se chega a este momento histórico de extraordinária capacidade tecnológica, magníficas fortunas acumuladas em tantos lugares, tamanha capacidade de produzir riqueza a partir dos mais variados recursos, e ainda assim não somos capazes de assegurar um nível de vida minimamente decente para uma tão larga parte da população global. Nem se trata de uma qualquer reivindicação de radicalidade revolucionária: é tão só o cumprimento básico do ideário liberal, tão hegemonicamente aceite em todo o mundo como referência normativa para uma sociedade livre e democrática, que também não deixa de exigir (ou pressupor) que toda a gente deve ter acesso em condições adequadas aos instrumentos que permitam o exercício efetivo dessa liberdade, autonomia e suficiência. Analisar em detalhe toda a importante informação que o relatório revela seria
THE RICH MAN AND LAZARUS, GIROLAMO DA PONTE
JOÃO ROMÃO
inadequado para esta singela coluna, mas socorro-me de ilustrativo exemplo apresentado logo no início: o de duas crianças nascidas no ano 2000, uma num país muito desenvolvido e outra num país pouco desenvolvido, seguindo os critérios de desenvolvimento humano da ONU, que vão muito para além da riqueza produzida - o famigerado PIB per capita, que tanto entusiasma a generalidade dos economistas. Enquanto a pessoa nascida no país desenvolvido tem 50% de hipóteses de estar na Universidade aos 20 anos, a que nasceu no país menos desenvolvido tem 17% de hipóteses de estar morta. Pelo contrário, 3% das pessoas nascidas em países pouco desenvolvidos estão na Universidade aos 20 anos, enquanto que apenas 1% das nascidas nos países mais desenvolvidos terão morrido. Caminhos amplamente divergentes, portanto, com desigualdades que o género ou a etnia tendem a amplificar. O relatório analisa com detalhe diferentes aspetos que conduzem a estas divergências: desde logo há as questões tradicionais ligadas à educação, qualificações e tecnologia, com as suas manifestas implicações sobre a produtividade, a racionalidade na utilização de recursos limitados ou a eficá-
“Talvez fosse momento para se pensar melhor o que queremos enquanto comunidade que habita este precário planeta, quando se chega a este momento histórico de extraordinária capacidade tecnológica, magníficas fortunas acumuladas em tantos lugares.”
cia dos sistemas económicos, mas também há novos problemas globais com impactos geográfica e socialmente diferenciados – as maiores vítimas das inundações e cheias resultantes das alterações climáticas em curso são populações pobres que vivem em zonas de maior risco e menor desenvolvimento das infra-estruturas. Na realidade, ainda que se salientem progressos manifestos em aspetos que tradicionalmente caracterizam a pobreza extrema (défices de rendimentos, carências alimentares, escassez de habitação), os dados também mostram que são crescentes as desigualdades no acesso a infra-estruturas e serviços avançados ou à educação e conhecimento, que a prazo condicionam irremediavelmente o acesso à representatividade política e ao dinamismo económico que inevitavelmente continuarão a demarcar territórios de exclusão. Não se trata de um relatório produzido por uma organização que se posicione com particular radicalismo crítico no atual sistema político e económico - e até podia ser, que não faltam razões para isso. Trata-se, pelo contrário, da mais consensual das organizações internacionais, onde todos os países têm voz e assento, mesmo que uns melhor sentados que outros. É, também, a voz dos governos, e não dos povos ou de organizações independentes dos poderes políticos. E quando estas vozes falam assim, talvez seja mais evidente a urgência de serem ouvidas. E mais do que isso: de contribuírem para abrir caminhos novos para problemas velhos que se vão agravando à medida que enriquecemos. Valem pouco as celebrações de paz e amor inerentes à quadra vigente e os desejos de novidade para o ano que agora chegou ao nosso calendário quando afinal se vai fazendo tão pouco para mudar o essencial. Em todo o caso, o relatório também traz um sinal de otimismo: em todo o mundo aumenta o número de pessoas que defendem uma distribuição mais igualitária da riqueza produzida. Já não é mau de todo.
“Cansei-me de ser moderno. Quero ser eterno.” Pablo Picasso
PALAVRA DO DIA
sexta-feira 10.1.2020
Wuhan SS mantêm medidas de prevenção
No seguimento de uma investigação preliminar que identificou a doença respiratória de Wuhan como um novo tipo de coronavírus, os Serviços de Saúde (SS) de Macau anunciaram que vão manter as actuais medidas de prevenção. Em declarações ao canal chinês da Rádio Macau, Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de prevenção e doenças infeciosas e vigilância da doença do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SS, revelou que as autoridades locais vão entrar em contacto com os departamentos chineses responsáveis a fim de saber mais sobre a forma de detecção e tratamento da pneumonia. Citada pela mesma fonte, Leong Iek Hou apontou ainda que as medidas adaptadas pelo Governo são adequadas para doenças infecciosa como o SARS e MERS. No caso de se tratar de uma doença da gravidade da pneumonia atípica, Leong Iek Hou afirmou que Macau está preparado para dar resposta e que são desnecessários ajustamentos enquanto não existirem mais informações quanto à agressividade do novo vírus.
Saúde Vírus da gripe “está muito activo em Macau”
No seguimento da monitorização que resultou na detecção de um caso de infecção colectiva de gripe numa escola e no diagnóstico de um caso grave de gripe detectado num residente de Macau com 69 anos, os Serviços de Saúde (SS) divulgaram uma nota oficial onde alertam para o facto de “o vírus da gripe em Macau está muito activo”. Prevendo que a situação se venha agravar em breve, os SS apelaram novamente os cidadãos para a vacinação e bons hábitos de higiene e de ventilação do ar. Segundo os SS, desde o mês de Setembro até agora, foram registados 26 casos de gripe conjunta com pneumonia, dos quais vinte não tinham administrados à vacina contra gripe. Neste momento, nove ainda estão internados, sete do sexo masculino e duas do sexo feminino, com idades compreendidas entre 28 e os 98 anos, dos quais um é grave. Os demais doentes encontram-se num estado clínico considerado estável.
Taxa turística Maior parte dos operadores é contra
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A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) divulgou ontem o estudo de viabilidade da cobrança da taxa turística em Macau. O resultado revela que a esmagadora maioria da população, ou seja, 95 por cento, é a favor da cobrança da taxa. Resultado completamente diferente do verificado entre os operadores turísticos, com 80 por cento contra a medida. No que diz respeito aos visitantes, que também foram ouvidos no inquérito, 50,6 por cento afirmaram que se uma taxa turística for implementada em Macau tal afectará a vontade de visitar o território. Quanto aos valores cobrados, 32,2 por cento dos visitantes defendem que deve ser entre 100 e 199 patacas.
GOVERNO DE MACAU REJEITA CONCLUSÕES DO RELATÓRIO DO CONGRESSO NORTE-AMERICANO
Tradicional bate-boca
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Executivo de Ho Iat Seng emitiu ontem um comunicado a rejeitar as conclusões do mais recente relatório do Congresso norte-americano, que lamenta a ausência de sufrágio universal no território. O relatório é relativo ao ano de 2019. Em resposta, o Executivo destaca o sucesso de “Um País, Dois Sistemas” nos 20 anos desde o estabelecimento da RAEM. “A prática do princípio de ‘Um País, Dois Sistemas’ provou as suas enormes vantagens e vitalidade. O relatório da parte norte-americana demonstra
‘cegueira selectiva' intencional, com acusações infundadas e interferindo grosseiramente nos assuntos de Macau, que são uma questão interna da República Popular da China. Nesse sentido, a RAEM expressa a sua firme oposição”, lê-se. Neste sentido, o Executivo local pede que à Administração e à comissão do Congresso norte-americano que produziu o relatório que “libertem as afirmações de quaisquer preconceitos e apenas respeitem os factos”. É também exigido que os Estados Unidos “se abstenham de práticas equivocadas e passem a agir em prol do desenvolvimento das
relações sino-americanas e da cooperação e intercâmbio regional entre a RAEM e os EUA”.
CRÍTICAS A LEIS
As críticas do Congresso norte-americano dizem respeito às últimas eleições para o cargo de Chefe do Executivo, que teve Ho Iat Seng como único candidato. De acordo com o Jornal Tribuna de Macau (JTM), o documento aponta que o actual governante “ganhou as eleições depois de receber “392 de 400 votos possíveis da Comissão Eleitoral do CE, do qual muitos membros são considerados apoiantes do Governo Central”.
A comissão defende que tanto Pequim como a RAEM devem definir um calendário para alterar a lei eleitoral com o objectivo de implementar o sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo, cumprindo o que está expresso na Convenção Internacional de Direitos Civis e Políticos, ratificada pela RAEM. O relatório norte-americano faz ainda referências à Lei da Cibersegurança, aprovada o ano passado, e Lei do Hino Nacional, destacando os votos contra dos três deputados do campo pró-democracia, escreve o JTM. A.S.S.
TUFÕES SÓ 14 PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS ADERIRAM AO NOVO SEGURO
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OI lançado no mercado, no passado dia 1 de Agosto, uma nova apólice de seguro destinada a pequenas e médias empresas que sofram estragos causados por tempestades tropicais como tufões. De acordo com a TDM Rádio Macau, que refere dados da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) até Novembro, apenas 14 empresas aderiram a este seguro, apesar de terem sido aprovadas entre 20 a 21 candidaturas. A maior destas pertencem ao sector da restauração. O novo seguro prevê três modalidades de protecção, com valores
máximos de cobertura a chegar às 100, 200 e 300 mil patacas. Na primeira opção o prémio corresponde, a 25 mil, na segunda a 50 mil e na terceira a 75 mil patacas, independentemente da localização geográfica da empresa. A AMCM adiantou que nove das 14 PME escolheram um plano mais baixo de seguro. De frisar que o Hato, tufão que atingiu Macau em 2017, um dos piores em meio século, resultou em prejuízos na ordem das 12,5 mil milhões de patacas, dos quais menos de 30 por cento foram ressarcidos pelas seguradoras.