Hoje Macau 12 JANEIRO 2024 #5410

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

TIAGO ALCÂNTARA

MAGNUS WENNMAN

MAGNUS WENNMAN

FUNÇÃO PÚBLICA

O PODER DA IMAGEM

DIFERENÇAS DE TRATO PÁGINA 2

ENTREVISTA

hojemacau

Mão pesada MACAU | HENGQIN

ESPIÃO DETIDO PÁGINA 5

ANABELA CANAS

PUB.

O Ministério Público (MP) recorreu da decisão do Tribunal de Segunda Instância de absolver o antigo director das Obras Públicas do crime de sociedade secreta e pede que Li Canfeng seja condenado a 24 anos de prisão, em vez dos actuais 17 que terá de cumprir. Também para Sio Tak Hong, o MP pede 24 anos de prisão, em vez de 12 e para William Kuan 18 anos em substituição da pena de 5 anos e meio. PÁGINA 4 CARMELITA IEZZI

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MOP$10

SEXTA-FEIRA 12 DE JANEIRO DE 2024 • ANO XXII • Nº5410

VOZES

ALERTAS PARA 2024 PAUL CHAN WAI CHI

A SENHORA Anabela Canas


2 política

12.1.2024 sexta-feira

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FUNÇÃO PÚBLICA CRITICADA DUALIDADE EM QUEIXAS CONTRA CHEFIAS E FUNCIONÁRIOS

O deputado Che Sai Wang revelou que há queixas contra as chefias que acabam sem sanções, mesmo quando existem irregularidades. Além disso, pede uma maior protecção para os trabalhadores de base em caso de queixas anónimas

TIAGO ALCÂNTARA

Critérios discutíveis

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C

HE Sai Wang apelou ao Governo para terminar com a dualidade de critérios entre funcionários de base e as chefias no tratamento de queixas apresentadas por cidadãos. Numa intervenção antes da ordem do dia, na sessão plenária de ontem da Assembleia Legislativa, o deputado da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) afirmou que as chefias são beneficiadas, porque não lhes são aplicadas sanções, mesmo quando se detectam irregularidades. Segundo Che, quando há uma queixa contra um subordinado, “o superior hierárquico segue as tramitações estabelecidas para aplicação de sanções e acompanhamento”, o que faz com que o alvo de queixa tenha de se “submeter a uma série fastidiosa de perguntas e respostas”.Além disso, tem o trabalhador tem de “seguir os procedimentos judiciais de recurso, que podem demorar vários meses”, e “pagar o montante total das taxas”. Contudo, o cenário é muito diferente no caso das chefias, afirmou o legislador. “Mas, quando o superior hierárquico enfrenta uma queixa,

mesmo tendo havido casos em que as chefias foram alvo de queixas e as infracções foram efectivamente cometidas, as respectivas sanções nem sempre foram aplicadas ou não foram divulgadas”, revelou. “Mesmo que os dirigentes dos serviços públicos sejam denunciados por cometerem ilegalidades ou irregularidades, é provável que recorram aos recursos do Governo ou ao erário público para suportar as despesas judiciais”, indicou.

Maior igualdade

Devido a este tipo de procedimentos, Che Sai Wang considera que apesar de “ambas as partes” estarem “sob a supervisão do mesmo sistema de queixas, existe uma grande

Quadros Pedido combate a falsas habilitações

O deputado Wang Sai Man defende a contratação de quadrados qualificados do exterior, mas alertou o governo para a necessidade de combater o fenómeno das habilitações académicas falsificadas. O alerta foi deixado ontem, numa intervenção antes da ordem do dia na Assembleia Legislativa. “O Governo quer atrair talentos de qualidade de todo o mundo, mas tem de reforçar o combate aos casos de utilização de falsas habilitações académicas e de certificados falsos nos pedidos de entrada em Macau. A obtenção de ‘habilitações literárias falsas” para a captação de quadros qualificados é uma injustiça”, afirmou o também empresário. “Governo deve reforçar a acreditação e apreciação das informações relativas às habilitações académicas, graus académicos e dissertações, com vista a assegurar a autenticidade e fiabilidade das informações dos requerentes”, frisou.

DSEDT PONG KA FUI TOMOU POSSE COMO SUBDIRECTOR

diferença quer na forma de tratamento quer nos custos envolvidos”. O membro da AL apelou assim para que haja uma revisão do sistema, principalmente no que diz respeito à “apresentação de queixas injustificadas”, para “aperfeiçoar o mecanismo de inspecção de queixas” e proporcionar “protecção e apoio suficientes” aos trabalhadores base, como acontece com as chefias.

“Tanto as queixas anónimas como as injustificadas podem ser inventadas.” CHE SAI WANG DEPUTADO

Quanto às queixas anónimas, o deputado apontou também que causam um grande impacto junto dos trabalhadores e que têm efeitos “adversos” na “saúde física, psicológica e mental”, mesmo quando se provam infundadas. “Tanto as queixas anónimas como as injustificadas podem ser inventadas, não sendo comprovadas pela dificuldade de obter dados verdadeiros dos queixosos e as respectivas informações, e podem não ser aceites devido a provas controversas ou ilegítimas”, avisou. “É muito injusto que trabalhadores cujas provas não foram aceites e que não violaram a lei tenham sido penalizados devido a queixas injustificadas”, realçou. João Santos Filipe

Imposto de selo Aprovada isenção para compra de segunda habitação

OMOU ontem posse o subdirector da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), Pong Ka Fui. Segundo um comunicado, este “agradeceu a confiança do Governo nele depositada, afirmando que irá envidar todos os esforços para concretizar cabalmente, em conjunto com todos os colegas da DSEDT, as linhas de acção governativa e os diversos trabalhos planeados do Governo em articulação com a estratégia de desenvolvimento da diversificação adequada da economia ‘1 + 4’”. Tai Kin Ip, director da DSEDT, adiantou que Pong Ka Fui tem exercido, ao longo dos anos, “funções em diversos níveis na área da economia e finanças e desempenhado cargo de chefia durante muitos anos, possuindo vasta experiência e capacidade profissional, esperando que ele continue a liderar a equipa para executar bem os trabalhos da acção governativa”. Pong Kai Fu foi subdirector, substituto, da DSEDT entre Setembro e Janeiro, bem como chefe do Departamento de Estudos entre 2019 e Janeiro deste ano, entre outros cargos desempenhados na antiga Direcção dos Serviços de Economia e também no Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). Pong Kai Fu é mestre em Administração Pública pela Universidade de Macau e licenciado em Economia pela Universidade de Zhongshan.

A Assembleia Legislativa aprovou ontem na especialidade a lei que permite deixar de ser cobrada um imposto de selo de 5 por cento, na aquisição de uma segunda habitação. Todos os artigos foram aprovados por unanimidade, mas Ron Lam criticou o calendário do Governo, por considerar que há diplomas importantes, como neste caso e no caso anterior da lei do aumento do salário, que são enviados para a AL quase no final do ano, sem que haja tempo “adequado” para serem discutidos. Face a esta crítica, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, afirmou não ter nada a responder. A lei tem efeitos retroactivos e aplica-se às transacções feitas desde o início do ano.


sexta-feira 12.1.2024

Futebol Wu Chou Kit fala de “vantagem única” de Macau

política 3

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PORTUGAL PSD PROMETE ELIMINAR MEDIDA QUE “INACTIVA” EMIGRANTES DO SNS

RÓMULO SANTOS

Turismo Ip Sio Kai quer promover zonas residenciais

O deputado Ip Sio Kai considera que o Governo deve levar o turismo para os bairros com zonas residenciais e apresentar nesses espaços grandes espectáculos e eventos culturais. “O Governo deve reforçar as acções de divulgação e promoção das zonas residenciais, com vista a elevar a sua fama e atractividade; deve ainda realizar actividades culturais, musicais e artísticas nos espaços públicos destas zonas, tais como teatro, concertos, exposições de arte, etc., pois isto pode atrair os turistas a visitarem estas zonas”, afirmou Ip. Além disso, e apesar de defender mais turismo nessas áreas, o deputado considerou ainda que podem ser “locais adequados para os cidadãos passearem nos fins-de-semana, proporcionando assim mais locais de lazer e entretenimento”.

Após críticas de vários quadrantes, inclusive dentro do Partido Socialista, o principal partido da oposição promete revogar, no caso de formar governo, uma medida que considera discriminar os portugueses emigrantes

O

Partido Social Democrata (PSD) promete revogar o despacho que torna os emigrantes portugueses inactivos em relação ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que causou polémica, por exigir o pagamento dos serviços aos emigrantes. Em causa está o despacho n.º 1668/2023 de Fevereiro do governo do Partido Socialista (PS), onde consta que os emigrantes ficam inactivos para efeitos de registo no SNS e têm de assumir os encargos. A promessa foi feita na quarta-feira pelo deputado social-democrata Miguel Santos, numa intervenção na Assembleia da República, e foi indicada como uma das “primeiras medidas”, no caso de os sociais-democratas conseguirem formar governo, após as eleições legislativas agendadas para 10 de Março. “O governo do PSD vai revogar despacho sobre o acesso dos emigrantes ao SNS, é discriminatório. Os senhores violam o princípio da igualdade e tratam de forma diferente pessoas que são iguais, que têm a mesma nacionalidade. Porque se lembraram de passar

LUSA

Em ambiente de campanha

O deputado Wu Chou Kit considera que Macau tem a “vantagem única” no mundo do futebol de “ter relações históricas com grandes potências do futebol de países de língua portuguesa, tais como o Brasil, Portugal e alguns países de África”. A declaração foi prestada ontem na Assembleia Legislativa, e o legislador considerou que estas ligações favorecem “a captação de bons jogadores”. As palavras do deputado fizeram parte de uma intervenção antes da ordem do dia em que defendeu que o governo deve incentivar a prática de desporto, aproveitando os recursos na Ilha da Montanha. No entanto, o deputado não explicou como seria possível trazer esses jogadores para Macau nem com que propósito, apesar de falar da necessidade de promover a prática de desporto.

os emigrantes para a situação de inactivos?”, questionou o deputado social-democrata, de acordo com as declarações citadas pelo jornal Observador. No despacho em questão está indicado que os emigrantes precisam de pagar os encargos decorrentes do serviço. “Sobre o registo inactivo, com excepção das situações de óbito, aplica-se a condição de encargo assumido pelo cidadão”, lê-se no documento. O despacho serviu igualmente de justificação para retirar o médico de família a vários emigrantes.

Sem queixas

Após a medita ter sido revelada em Outubro, pela Agência Lusa, num artigo em que citava as declarações de médicos, o governo aparentou recuar com as instruções que tinham sido fornecidas inicialmente através da Administração Central do Sistema de Saúde e (ACSS) e dos

“O governo do PSD vai revogar despacho sobre o acesso dos emigrantes ao SNS.” MIGUEL SANTOS DEPUTADO

Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS). Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, recusou que a medida tenha gerado qualquer queixa. “Não conheço alguém que se tenha queixado. Não há problema nenhum. Todos os cidadãos portugueses têm acesso ao SNS. O despacho diz que se houver uma entidade financeira responsável, o Estado português tem a responsabilidade e obrigação de procurar que essa entidade assuma os encargos. Não há nenhuma cobrança ao cidadão”, afirmou o ministro da Saúde.

Pizarro declarou também que actualmente existe 159-547 utentes de nacionalidade portuguesa e residentes no estrangeiro inscritos nos cuidados de saúde primários e que 75 por cento mantêm o médico e família. Face às declarações do ministro, os partidos Iniciativa Liberal e Chega apresentaram versões diferentes. A deputada da IL Joana Cordeiro referiu ter recebido várias queixas, inclusive de um enfermeiro português a trabalhar em Oxford, a quem foi retirado o médico de família. Por sua vez, a deputada do PS Berta Nunes, ex-secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, considerou que o SNS tem a obrigação de cobrar os serviços de saúde aos estados onde vivem os portugueses emigrados. No Congresso do Partido Socialista do passado fim-de-semana, Vítor Moutinho, delegado ao Congresso em representação de Macau, criticou a medida e definiu as mudanças como “regras absurdas”. João Santos Filipe

MORGUES DEPUTADA LO CHOI IN PEDE MELHORIA DE CONDIÇÕES PARA MAIS DIGNIDADE

A

deputada Lo Choi In pediu ao governo para promover uma melhoria nas morgues locais para garantir a dignidade na morte. A declaração foi feita ontem na Assembleia Legislativa e surge na sequência da situação durante o pico da covid-19 em Macau, entre Dezembro de

2022 e Março de 2023, quando a mortalidade atingiu um pico. “Fazendo uma retrospectiva, durante a pandemia da Covid-19, o número de mortes aumentou rapidamente e as morgues ficaram quase “paralisadas”, assim, percebe-se que não foi sequer possível falar da dignidade do

falecido, pois o que ocorria na altura era uma crise de saúde pública”, recordo Lo. No entanto, a legisladora também reconhece que situação não se prende apenas com a pandemia, mas antes com um aspecto estrutural: “Devido à cultura e aos costumes chineses, a morte é

um tabu, sendo raras as referências e as discussões sobre esta, o que leva à estagnação das respectivas políticas”, justificou. “Excluindo o impacto da epidemia, nos últimos dez anos, registaram-se, em média, mais de 2 mil mortes por ano em Macau, mas o número de câmaras

frigoríficas das morgues em hospitais onde os cadáveres são mantidos temporariamente é de apenas algumas dezenas”, indicou. “Assim, na prática, muitas vezes é necessário partilhar espaços, o que não garante necessariamente a dignidade final dos falecidos”, completou.


4 sociedade

12.1.2024 sexta-feira

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JUSTIÇA MP RECORRE PARA CONDENAR LI CANFENG POR SOCIEDADE SECRETA

Um desfecho anunciado Num documento assinado pelo representante máximo do Ministério Público é pedido que a absolvição de Li na Segunda Instância seja revertida e que o ex-director das Obras Públicas seja condenado por sociedade secreta, para cumprir 24 anos de prisão, em vez de 17

O

Ministério Público defende que o Tribunal de Última Instância deve condenar o ex-director das Obras Públicas, Li Canfeng, pela prática do crime de sociedade secreta. O conteúdo do recurso do MP da absolvição do Tribunal de Segunda Instância foi divulgado pelo Canal Macau. Segundo a TDM, o MPconsidera que o TUI deve manter as decisões do Tribunal Judicial de Base (TJB) tomadas em Abril do ano passado. Na altura Li Canfeng foi condenado com uma pena de 24 anos de prisão pelos crimes de associação ou sociedade secreta, corrupção passiva para acto ilícito, branqueamento de capitais e falsificação e inexactidão de documentos. Jaime Carion foi condenado a 18 anos de prisão pelos crimes associação ou sociedade secreta, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais. Na leitura do primeiro acórdão condenatório, e na parte que diz respeito à condenação por sociedade secreta, a presidente do colectivo de juízes admitiu afastar-se da lei em vigor e seguir antes a doutrina. Lou Ieng Ha afirmou que “o crime de sociedade secreta não tem de ser o que pensamos, não tem de ter uma sede ou um nome”. “Numa sociedade secreta não tem de se usar violência nem recorrer à prostituição [como consta na lei]. É a nova jurisprudência do Tribunal de Segunda Instância e do Tribunal de Última Instância que temos de adoptar”, acrescentou. Contudo, o artigo 3.º número 1 da Lei de Bases da Organização Judiciária de Macau, sobre a independência dos tribunais, define que os “tribunais de Macau são independentes e estão sujeitos apenas à lei”, não havendo qualquer obrigação de seguir a doutrina dos tribunais superiores.

Outro entendimento

Em Novembro do ano passado, o TSI absolveu Li Canfeng da práti-

condenação a 18 anos de prisão em vez da pena de 5 anos e meio. Em relação a Ng Lap Seng, o MP pede a condenação a 15 anos de prisão em vez dos quatro anos e seis meses, para Si Tat Sang 20 anos de prisão em vez de 8 e ainda para Ng Kei Nin 8 anos e meio de prisão, em vez de 2 anos.

Erros apontados

ca do crime de sociedade secreta, o que fez com que a pena de Li Canfeng fosse reduzida para 17 anos. O TSI entendeu não haver prova suficiente para que se considerasse haver uma associação secreta. Nessa altura, o TSI também considerou que não ficou provado

O MP defende que o crime de corrupção passiva foi cometido, ainda antes de Li ser director das Obras Públicas

“de forma suficiente e razoável que os empresários representados por Sio Tak Hong, [William] Kuan Vai Lam, Ng Lap Seng, Si Tit Sang, e também outros membros da família parceiros nos negócios”, bem como Jaime Roberto Carion e Li Canfeng, “pertenciam à mesma sociedade secreta”. Porém, segundo a TDM, o MP decidiu recorrer e insiste na condenação por sociedade secreta pedindo que Li Canfeng seja condenado a 24 anos, em vez de 17 anos. Em relação a Sio Tak Hong o MP pede uma condenação de 24 anos, em vez dos 12 anos decididos pelo TSI, enquanto para William Kuan quer uma

O MP aponta ainda o dedo à decisão do TSI e afirma que “é incorrecta a interpretação do TSI quando diz que faltam ligações óbvias entre Li Canfeng e Jaime Carion que permitam verificar a existência de um grupo criminoso”. O MP considera também que durante o período em que Jaime Carion era director das Obras Públicas não havia interacção com Li Canfeng, porque este ainda não era membro do grupo. É ainda dito que Li subiu depois a director das Obras Públicas e a chefe do grupo criminoso, para ajudar os empresários com construções ilegais. Por outro lado, no recurso do MP, segundo a TDM, é pedida a condenação dos arguidos pelo crime de sociedade secreta, uma lei criada a pensar nas seitas e com penas mais pesadas face ao crime de associação secreta. No acórdão, o MP aponta que “apesar de haver concorrência entre os crimes de associação criminosa e sociedade secretas, os arguidos devem ser condenados com base nas penas menos favoráveis”. Num documento assinado pelo procurador Ip Son Sang, o MP pede ainda a condenação de Li Canfeng por corrupção passiva e branqueamento de capitais agravados. O MP defende que este crime foi cometido, ainda antes de Li ser director das Obras Públicas, motivo que levou o TSI a absolver o ex-director. João Santos Filipe

Novo hospital Mais de quatro mil candidaturas

A direcção do novo hospital das ilhas, recentemente inaugurado, recebeu um total de 4.481 candidaturas de residentes para 80 vagas disponíveis relativas à segunda fase de recrutamento, foi anunciado em comunicado. Recorde-se que esta segunda vaga de recrutamento inclui vagas para cargos como técnico de laboratório médico, técnico de radiologia, técnico especializado de física, pessoal jurídico, administrador hospitalar, engenheiro de dados e de informação, pessoal administrativo de recursos humanos, pessoal de relações públicas e de publicidade. A primeira ronda de recrutamento, também destinada a residentes, decorreu em Outubro, visando a admissão de 90 trabalhadores, incluindo cinco clínicos de medicina geral, 50 enfermeiros de nível elementar, três farmacêuticos, seis técnicos de radiologia, seis ajudantes técnicos de farmácia, dez auxiliares de enfermagem e dez recepcionistas hospitalares.

CPSP Nove envolvidos em casamento falso

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) detectou um crime de casamento falso praticado por nove membros da mesma família a fim de poderem obter a residência de Macau e Hong Kong, tendo sido detidas quatro pessoas. Segundo o jornal Ou Mun, o CPSP recebeu uma denúncia no ano passado, tendo descoberto que uma mulher de 70 anos, com filhos, recebeu o BIR em 1989, tendo a sua terceira filha realizado um casamento falso com um primo no interior da China que era residente de Macau desde 2007. A filha obteve, pela via do casamento, o BIR em 2011, tendo-se divorciado no ano seguinte. Em 2007 a mãe fez outro casamento falso com o novo marido da terceira filha para que este pudesse obter o BIR, tendo a filha preenchido uma declaração falsa sobre a relação entre a sua mãe e o novo marido. A terceira filha teve um bebé em 2008, tendo pedido ao marido da sua irmã para se fazer passar pelo pai biológico da criança, para que esta pudesse ter a residência de Hong Kong.


sexta-feira 12.1.2024

sociedade 5

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HENGQIN DETIDO SUSPEITO DE ESPIONAGEM CONTRA A CHINA

Acidente Colisão na Taipa faz um ferido ligeiro

Cooperação suspensa

Um homem com 28 anos foi ontem transportado para o Centro Médico da Taipa do Hospital Kiang Wu, depois de estar envolvido num acidente de viação. De acordo com o relato do acidente do Jornal Ou Mun, o sinistro aconteceu de manhã, por volta das 10h, na Avenida de Kwong Tung, na Taipa, quando o homem seguia numa moto e colidiu contra um veículo ligeiro. O condutor da mota caiu, o que fez com que sofresse ferimentos num pulso e ainda na zona da cintura. Quando foi transportado para o hospital o homem estava consciente o seu estado clínico era estável. Ontem, o Corpo de Bombeiros ainda estava a tentar apurar as causas do acidente.

A televisão estatal chinesa CCTV noticiou esta quarta-feira a detenção de um homem por suspeitas de espionagem e de roubar informação sobre a Zona de Cooperação entre Macau e Guangdong em Hengqin. A denúncia foi feita às autoridades por uma funcionária pública de Macau, de apelido Lei, de quem o suspeito terá tentado extorquir informações

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Viagens recorrentes

Ainda segundo avançou a CCTV, as autoridades de segurança na-

Macau, com uma área de cerca de 106 quilómetros quadrados e uma população de mais de 53 mil habitantes. De acordo com a CCTV, trata-se de “uma zona portuária de importância nacional e um relevante centro de entrada para a área da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, onde alguns espiões estrangeiros e agências de serviços secretos têm tentado estender as actividades de espionagem e roubo para o continente através da Zona”.

O homem costumava cruzar a fronteira com regularidade na zona de cooperação, aberta 24 horas, “para entrar frequentemente no país, para realizar actividades de espionagem”

cional descobriram que o homem costumava cruzar a fronteira com regularidade na zona de cooperação, aberta 24 horas, “para entrar frequentemente no país, para realizar actividades de espionagem”, além de “aliciar os residentes de Macau em Hengqin para, através de uma rede, tirarem fotografias ilegais”, o que representava “um perigo real para a segurança nacional”.

Foi ainda referido pelo Ministério da Segurança do Estado que as acções policiais puseram, com sucesso, um ponto final às conspirações perpetradas pelas forças estrangeiras anti-China numa tentativa de infiltração e sabotagem. A Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin é um projecto lançado por Pequim em 2021, gerido pela província de Guangdong e

Autocarros Resolvida avaria no sistema de informações

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) diz ter resolvido a avaria ocorrida no sistema de informações dos autocarros nas aplicações de telemóvel e ecrãs de informações disponibilizados nas paragens. Segundo um comunicado da DSAT, a avaria, registada esta segunda e terça-feira, deveu-se ao excesso de consultas dos dados dos autocarros em hora de ponta, afastando-se a possibilidade de ataque cibernético ao sistema com base em informações cedidas pelo fornecedor do sistema e concessionária de telecomunicações. A DSAT promete rever o sistema no prazo de um ano, a fim de dar resposta ao aumento do número de utilizadores do sistema de informações. OLGA SANTOS

M estrangeiro é suspeito de roubar informação e levar a cabo actividades de espionagem em Hengqin, informou na quarta-feira a televisão estatal chinesa CCTV. O suspeito, que aparece, em imagens transmitidas pelo canal, de costas a ser interrogado, aparenta ser do sexo masculino. No entanto, a nacionalidade não foi revelada. Adenunciante é uma funcionária pública de Macau, de apelido Lei, que trabalha na Zona de Cooperação Aprofundada Guangdong-Macau em Hengqin. A mulher, referiu a CCTV, conheceu o suspeito, que trabalha para um departamento governamental de um país estrangeiro, numa recepção no trabalho. “O suspeito convidou-a [à denunciante] para jantares e reuniões privadas, para participar em actividades culturais organizadas por embaixadas dos países [estrangeiros] na China e até se ofereceu para patrocinar para que esta estude no estrangeiro”, declarou uma funcionária da agência para a segurança nacional chinesa à CCTV, que não foi identificada pela estação. “Ao mesmo tempo, esta pessoa também lhe perguntava activamente sobre a investigação e implementação da política de Hengqin e da Zona de Cooperação, e pedia-lhe frequentemente informações internas sob o pretexto de realizar inquéritos e investigações”, acrescentou a responsável.

No ano passado, Macau aprovou a revisão da lei de segurança nacional, com o Governo a declarar que a segurança do Estado e o combate contra “forças hostis” e “indivíduos anti-China” são prioridades do Executivo. O Gabinete de Ligação do Governo Central chinês em Macau alertou, em Abril de 2022, que a cidade “continua a enfrentar muitos desafios na defesa da segurança do Estado”, ao mesmo tempo que “continuam a existir interferências e infiltrações de forças externas”.

POLÍCIA JUDICIÁRIA DETIDO POR BURLA DE 450 MIL DÓLARES DE HONG KONG

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M homem foi detido depois de ter burlado outro em 450 mil dólares de Hong Kong (HKD), numa troca de dinheiro. O caso foi revelado ontem pela Polícia Judiciária (PJ). O detido tem cerca de 20 anos. Segundo o relato das autoridades, o caso ocorreu no domingo, quando o suspeito

combinou uma troca de dinheiro pelas redes sociais com a vítima. De acordo com o combinado entre os dois cidadãos do Interior, o suspeito recebia fichas de jogo no valor de 450 mil dólares de Hong Kong, e mais tarde transferiria a quantia para a conta do outro homem, através de transferência electrónica.

Contudo, como após o encontro a transferência electrónica demorou várias horas, a vítima acabou por voltar a contactar o suspeito para pedir explicações. A resposta foi que o dinheiro tinha sido todo perdido no jogo, pelo que não iria ser realizada qualquer transferência. A situação levou a vítima a apresentar queixa e o homem foi detido

ainda no mesmo dia, por volta das 10h. Quando questionado pela Polícia Judiciária, o suspeito recusou ter cometido qualquer crime, afirmou estar inocente e que a alegada vítima lhe tinha dado o dinheiro para jogar, sem qualquer outra condição. O caso foi transferido para o MP. O homem está indiciado do crime de burla.


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12.1.2024 sexta-feira

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MAGNUS WENNMAN

A verdade numa imagem

Porque decidiu tornar-se fotógrafo, focando-se em contar este tipo de histórias através da imagem? Tenho duas respostas para estas perguntas. Tornei-me fotógrafo quando era muito jovem, e nunca tive de pensar muito sobre aquilo que queria ser quando crescesse porque decidi muito cedi que queria tornar-me fotógrafo. Não sei porque gostava tanto de desenhar e de arte quando era mais novo, e descobri a câmara quando tinha

cerca de 16 ou 17 anos. Simplesmente meti na cabeça que queria ser fotógrafo e fotojornalista. Essa é basicamente a minha história e comecei a trabalhar pouco tempo depois de ter terminado a escola secundária. Comecei literalmente a trabalhar no dia seguinte a terminar a escola, num jornal local do local de onde sou.

“Cada um de nós tem responsabilidade em relação à indústria da moda e ao consumo. Trabalhei na área do jornalismo ambiental muitos anos, de diferentes formas, e sei que esta é uma área com a qual as pessoas se preocupam.”

Então nunca foi para a universidade ou fez um curso de fotografia? Nunca fui para a universidade, pode-se dizer que sou um auto-didacta. Estava muito apaixonado por esta área, e gastei grande parte do meu tempo a tentar aprender a melhor maneira de contar histórias e tirar fotografias.

de que a marca se preocupa com a produção de roupa, sabendo que esse é um grande problema para a indústria da moda. Muitas pessoas usam uma peça de roupa sete vezes e depois põe-na de lado. Então a marca desenvolveu esta iniciativa de recolher roupas que já não são usadas pelos seus clientes nas lojas, prometendo que iriam reciclá-las de uma forma ecológica. A queixa que recebemos indicou-nos que isso não era verdade.

Aprendeu tudo o que sabe na redacção. Sim, no jornal da minha cidade, com todos os fotógrafos que lá trabalhavam. Tenho 44 anos e quando comecei era um tempo diferente para os jornais, pois havia muitos fotógrafos na equipa, em que se usava a máquina analógica. Era um tempo diferente, um trabalho diferente, talvez mais técnico do que é hoje. Mesmo que eu nunca me tenha interessado muito pela técnica, era de facto um trabalho mais árduo do ponto de vista técnico do que é hoje. Comecei a trabalhar na área do desporto e ao longo de dez anos fotografei muito essa área. Os tempos mudaram, envelheci, e o fotojornalismo desportivo já não era a mesma coisa. Deixou de ser desafiante? Sim, pode-se dizer isso. Foi nessa altura que comecei a focar-me mais nas questões sociais, em projectos de longo prazo. Passaram a enviar-me para trabalhos cada vez maiores, tal como conflitos e problemáticas a nível mundial. Fale-me sobre o projecto fotográfico que fez no Gana, após ter descoberto que a marca de roupa H&M colocava roupa no lixo enviada para África. Tudo começou com uma reportagem no jornal. O repórter com quem trabalhei recebeu uma queixa anónima sobre o facto de as roupas recolhidas pela H&M nas lojas da marca terminarem em terrenos de vários países como depósito de lixo, e isso tornava-se num enorme desastre natural. Não acreditámos dada a imagem que a marca tem, e a ideia que era transmitida era

Como começaram então a investigar? Colocámos etiquetas de ar em dez peças de vestuário que comprámos e devolvemo-las às lojas H&M em Estocolmo, para que pudéssemos acompanhar o seu destino. Percebemos que essas roupas são vendidas a outras empresas que as coleccionam e seleccionam, sendo que parte fica na Europa e outra parte simplesmente desaparece, aparecendo meses depois em países como África do Sul, Benim ou Índia. Quando olhamos para muitos dos países onde estas roupas MAGNUS WENNMAN

Natural da Suécia, Magnus Wennman é fotojornalista, com uma carreira iniciada aos 17 anos no jornal sueco DalaDemokraten. Ao HM, à margem da última edição do festival de fotografia português Êxodus, em Aveiro, Magnus falou das imagens que fez sobre o despejo de roupas da H&M em países pobres, com um enorme impacto ambiental, ou do projecto “Where The Children Sleep”, que expõe um lado emotivo da guerra

FOTOJORNALISTA

acabam depositadas, percebemos que existem muitos problemas.

Pode dar exemplos? No caso do Benim é um país com imensos problemas [sociais e económicos], onde são compradas toneladas de roupa que depois são vendidas às pessoas nas ruas. Mas apenas se consegue vender ou usar cerca de 50 por cento da roupa que é enviada, e a restante simplesmente fica junto às praias ou em terrenos vazios, em lixeiras. Pudemos comprovar isso mesmo quando nos deslocámos a estes lugares. Vimos que as roupas que a H&M recolhe nas lojas acaba em lixeiras de vários países, tornando-se num problema ambiental enorme. Quais as consequências deste projecto, qual foi a reacção da marca? A publicação da reportagem gerou, de facto, algum debate. Todos falaram desse assunto durante um tempo e tornou-se algo em grande. A H&M não mostrou muita disponibilidade para falar sobre o assunto, tendo tentado, claro, proteger a marca. Consigo compreender a

“Quando vemos imagens de refugiados a escapar nas fronteiras, não nos relacionamos com elas, mas se virmos uma criança a dormir numa floresta, todos se relacionam com a situação ou têm sentimentos sobre ela.”

sua frustração porque estavam a fazer algo que consideravam bom. O problema maior é que não se trata apenas da H&M, mas sim de toda a indústria da moda produzida muito rapidamente. De certeza que há muitas marcas e lojas que têm um comportamento pior do que a H&M. Acontece que nós trabalhamos na Suécia e a H&M é uma das maiores empresas de moda do mundo, tendo a responsabilidade de garantir que as roupas terminam num bom lugar ou são tratadas da forma mais ecológica possível. Quanto tempo demorou até concluírem este projecto? Viajámos muito e é preciso referir que fomos dois a trabalhar nisto, eu e o jornalista, que tem uma mente brilhante. Sem dúvida que não fui só eu. Ele adorou acompanhar esta história, percorrendo todos os detalhes, e eu pude contar com a sua experiência. Primeiro viajámos até ao Benim e depois fomos ao Gana, que é ainda um país pior onde se pode despejar roupas que já não são usadas. Pior em que sentido? Não viajámos assim tanto para este projecto, apenas fomos até Benim e ao Gana porque vimos que foram os locais para onde foram enviadas as roupas que nós depositámos. Mas o Gana é famoso por isso, é um país onde a situação do despejo de roupa é muito má. Quando lá chegámos, percebemos que o cenário era muito pior do que aquele de que estávamos à espera, destruindo zonas costeiras e a indústria pesqueira. É algo que tem enormes consequências para o ambiente. Como é o dia-a-dia das pessoas que vivem esta situação? Afecta a população porque há demasiadas roupas a chegar, e estas pessoas não conseguem usar todas as toneladas de roupa que chegam ao país com frequência, é pura e simplesmente impossível. Como não têm infra-estruturas para fazer a gestão das roupas que chegam, estas vão parar a rios, oceanos, nas zonas costeiras, tornando-se um problema social. Há lixo nas ruas, enormes mercados onde vendem as roupas, e todas as semanas se compra um fardo, tipo com 500 peças de roupa, e não se sabe o que vai lá dentro, que tipo de peças contém. Abre-se o fardo e pode, por exemplo, só ter roupa de criança, e grande parte das peças de roupa não servirem, e metade da roupa não pode ser vendida.


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entrevista 7

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HOJE MACAU

As roupas que não são vendidas não se conseguem armazenar, então são deitadas fora, e as autoridades não conseguem fazer nada quanto a isso. São mesmo muitas quantidades de roupa, tornando-se um enorme problema para eles. Não existem recursos para lidar com isso. É todo um sistema, não é um problema de uma só pessoa. Reduzir o consumo de roupa nova é uma das soluções. Sim, cada um de nós tem responsabilidade em relação à indústria da moda e ao consumo. Trabalhei na área do jornalismo ambiental muitos anos, de diferentes formas, e sei que esta é uma área com a qual as pessoas se preocupam, porque se sentem culpadas. Eu, você, é todo um sistema. O nosso trabalho coloca o dedo na ferida em relação a um problema que não percebemos que existe. Não é sustentável continuar a comprar

“O nosso trabalho coloca o dedo na ferida em relação a um problema que não percebemos que existe. Não é sustentável continuar a comprar novas roupas que vestimos apenas uma vez ou duas.” novas roupas que vestimos apenas uma vez ou duas, e que são muito baratas. Claro que toda a indústria da moda reconhece isso, mas acabam por encontrar novas formas de nos fazer comprar roupa. Outro projecto que desenvolveu foi “Where The Children Sleep”. O que aprendeu com esta experiência?

Tudo aconteceu durante a guerra na Síria e durou cerca de cinco anos. No jornal questionávamo-nos porque é que as pessoas na Suécia não estavam a prestar a devida atenção a este conflito, porque não havia muitas coisas escritas sobre ele. Tratava-se de um conflito muito difícil de compreender. Quem eram os maus da fita? Não sabíamos muito bem. Na Suécia era de facto difícil termos pessoas preocupadas com o conflito. Decidimos então ir para os países vizinhos da Síria e contar a história da guerra através do olhar das crianças, porque são as mais vulneráveis, as que mais sofrem com o conflito, independentemente de quem são os maus ou os bons da fita. Na altura, o meu filho de cinco anos tinha muitos pesadelos e vinha frequentemente para a nossa cama. No jornal discutíamos a melhor forma de fazer este projecto, e pensei como é que as crianças poderiam escapar da guerra, onde dormiam,

se é que dormiam. Quais seriam os seus sonhos. Essa ideia começou a surgir na minha cabeça e pensei em fotografar os sítios onde as crianças dormiam. O primeiro país onde fomos foi o Líbano. Antes da explosão que destruiu parte de Beirute? Sim. Parámos o táxi e começámos a falar com as famílias enquanto as crianças dormiam, e foi aí que tirei as primeiras fotografias. Aí é que percebi que poderia ser um projecto bastante interessante, e comecei a procurar crianças a dormir em vários locais, tentando diferentes foto-reportagens, histórias diferentes, passei a ter a minha própria agenda. Trabalhei nessa história seis ou sete meses, e depois a situação dos refugiados explodiu na Europa, em meados de 2015, e muitas pessoas queriam ir para a Alemanha, a Suécia e diferentes países no norte da Europa.

De repente todos se preocupavam, porque passava também a ser um problema nosso, as pessoas queriam entrar no nosso país. Foi quando comecei a ter um poderoso corpo de trabalho com cerca de 30 crianças a dormir em vários locais na Europa. Obtivemos com “Where The Children Sleep” reacções bastante extremas. Quando vemos imagens de refugiados a escapar nas fronteiras, não nos relacionamos com elas, mas se virmos uma criança a dormir numa floresta, todos se relacionam com a situação ou têm sentimentos sobre ela. Da minha parte nunca me preocupei em estar na linha da frente, fotografar bombardeamentos, por exemplo. O desafio, para mim, era encontrar formas de os nossos leitores compreenderem o que se estava a passar. É mais poderoso encontrar alguém num determinado ambiente do que ver o desastre como um todo. Andreia Sofia Silva


VIA do MEIO

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VIA do MEIO

A senhora (1) conto e ilustração Anabela Canas

O AUTOCARRO apinhado balançava perigosamente. Uma espécie de inconsciência leviana nas curvas, na pressa de entregar tudo aquilo aos lugares próprios. Virou numa ponte inesperada, entranhou-se na zona norte no cinzento do betão e em poucos minutos todo o lugar que corria em película contínua nas janelas deixou de desfiar referências reconhecíveis. Poderia ter descido na primeira paragem desconhecida mas deixou-se irresistivelmente entranhar um pouco mais. No final, os limites do território nunca permitiriam ir tão longe que fosse difícil o retorno. Saiu na última paragem. Fisicamente. A senhora, cujo elemento distintivo era aquela maneira de avançar pelas ruas sem dar a entender que estava completamente perdida, ali, pela zona da Areia Preta, talvez. Como em viagem delineada por antecipação. Uma zona qualquer da cidade onde o autocarro, velozmente – como se numa decisão súbita, obstinada e irónica - desembocara depois da última paragem reconhecida e que ela, por distracção ou vontade inconsciente, deixara passar. A existir, ela, transportava talvez o sonho de desconhecer. Depois, era, vendo de fora, evidente que não tinha objectivo nem horário a guiá-la ao avançar levemente pelas ruas. Dobrar ou não dobrar uma esquina ou outra, avançar rapidamente ou parar a dar tempo a uma decisão qualquer, fruto do mesmo princípio aleatório. Atravessar numa passadeira como se o mundo fosse do outro lado da rua. E inflectir o rumo na mesma passadeira porque uma ideia súbita e desconhecida, a um olhar exterior, lhe mudava o rumo. No entanto, eram quatro scooters alinhadas e coloridas, a impedir a transição para o passeio. Ou um café do outro lado da rua a reter-lhe o olhar nas figuras ali para estar. Homens, mais velhos do que novos. Com jornais dobrados em seis num canudo achatado, coberto de caracteres coloridos. Bules de chá com boqueiras de plástico amarelado. Rumo aleatório e ausente de intenção, como um esvoaçar à deriva. De sentimentos, talvez. ∞ Prédios anódinos. Altos, uns mais do que outros, muito cinzentos e sujos

numa amálgama indiferenciada sem cor nítida, mas como se humedecida. Redesenhados por tramas de ferro. Acrescentos. Medos. Tipologia cinzenta como a disposição. Neutra. Da senhora alheada, cujo elemento distintivo era destoar na zona norte da cidade. Ruas e ruas. Lojas que se sucedem a entornar-se para o passeio cinzento, como o céu também cinzento acima dos prédios, numa simetria perfeita. E caracteres vermelhos indecifráveis nos anúncios e letreiros que crivavam o sopé de torres indiscriminadas. Como latas de coca-cola espalmadas sobre as portas amplas a deixar a rua entrar. E pessoas. Que não eram a senhora com o ar seguro e passos errantes, que já passou ali mais de três vezes na última meia hora e nem tem a certeza de ter sido naquela rua. Naquele cruzamento. Ela - que se distraiu das esquinas viradas e volta para trás sem se aperceber ou fazer questão. Reconhece o velho muito franzido de pele e muito encolhido de ossos. Alto, contudo. Muito mal fornecido de carnes, mas repleto da densidade de anos de idade. Que a olha sem vergonha da curiosidade. Num olhar quase invisível de olhos pretos, ou pelo menos ensombrados, a espreitar pelas frestas estreitas desenhadas entre rugas do rosto, talvez a medir a estranheza daquele seu ser estrangeiro ali. A fumar, como se tudo fizesse parte daquele cigarro atemporal e duradouro. De perna fina cruzada, no banco de fórmica castanha e de fechar e abrir. Sentado desde a manhã cedo até ao fim da tarde. Era o que parecia. O homem velho que chegara ali novo, quatro décadas antes desse dia, não sabia como e continuava a ter, quando se esquecia e ironicamente, medo da própria sombra. E aprendera com os pais e estes com os seus, a arte de recortar sombras. Não se lhe dirigiu. Talvez desviasse o olhar. Sabia que, no momento em que disfarçada ou vencida a timidez, parasse de escolher a pessoa perfeita, sob palpite falível, a quem dirigir a pergunta, até aí bem resguardada de olhares indiferentes, de como reencontrar a zona conhecida da cidade se isso existe - que rua seguir a direito, ou que autocarro de destino a sul, e do lado certo da rua, todas as mãos, à vez se elevariam displicentemente ao

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lado de rostos de olhar desviado para outra coisa, agitando-se levemente mas com convicção, numa negativa, uma recusa de estabelecer contacto. Quase como um dizer adeus: um segue, segue. Mas se nada chegaria a ter perguntado ainda, é a muda questão que ficará a remoer nela, subliminar às imagens que se sucedem. Uma cartografia de sinais que agrupavam géneros de pessoas e gestos. A recusa da estranheza daquela pessoa que é a senhora que não deve deixar de ser estranha, nem de avançar por ruas que não são suas ou de querer voltar ou não a uma outra camada de cidade naquela. Que também não sendo sua, também, não a obriga a fazer perguntas que a isolam. Pode guardá-las para si. E escolher a espessura da pele. Aberturas largas. Para um mundo encantado de bichos ou raízes, enfrascados numa quietude e silêncio de misteriosa composição, de texturas indecifráveis, em tons de amarelos envelhecidos pelas oxidações do tempo, ressequidos e aproximados numa harmonia visual. Já ali passara várias vezes, ou por outra farmácia em tudo semelhante. Não resiste a entrar naquele cenário de castanhos dourados e cheiro fortemente acre, ervas e raízes e pedaços ou raspas de coisas estranhas. Pensa na dor de cabeça. Na insónia. Possibilidades e infusões. Ensaia gestos a completar as poucas palavras num cantonense sem rigor no tom. Sem partículas gramaticais a compor frase que se entenda. A mímica da dor de cabeça e a do sono que não vem. À vez. Para não baralhar a audiência entre vendedores e fregueses. Todos com a mesma expressão de absurda perplexidade e desentendimento, de que, mais do que dores de cabeça a mais e sono a menos do que o necessário para diluir a pantalha luminosa incansável que lhe povoava a mente, havia ali uma loucura qualquer. Sem entendimento possível. Em que fechar os olhos num rosto apoiado na mão, fosse coisa de estrangeiros e não de bichos comuns. O bálsamo T. não despertou do seu sono e o chá para esquecer ou dormir, permaneceu entre os outros castanhos, amarelados e esverdeados

(continua…)


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AUTOMÓVEIS EXPORTAÇÕES CRESCEM 64% EM 2023 COM IMPULSO DOS ELÉCTRICOS

Pé no acelerador A

S exportações de automóveis da China aumentaram 63,7 por cento, em 2023, enquanto as vendas internas, impulsionadas por incentivos, aumentaram 4,2 por cento, informou ontem uma associação do sector. Os fabricantes de automóveis chineses expandiram agressivamente as exportações em busca de crescimento em falta no país, à medida que a economia chinesa abranda. As vendas de automóveis na China totalizaram 21,9 milhões de carros no ano passado, enquanto as exportações aumentaram para 4,1 milhões de unidades, informou a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis. As vendas internas caíram em relação a um pico de cerca de 24 milhões em 2017. O aumento das exportações pode fazer com que a China ultrapasse o Japão como o maior exportador mundial de automóveis. O Japão exportou 3,6 milhões de carros nos primeiros 11 meses do ano, com uma contagem final prevista para 31 de Janeiro. Um forte aumento das vendas para a Rússia ajudou a aumentar as exportações da China em 2023. A China exportou 840.000 veículos para a Rússia nos primeiros 11 meses do ano passado,

VCG

O aumento súbito das vendas pode colocar a China à frente do Japão como o maior exportador mundial de automóveis. O mercado interno dos veículos eléctricos subiu para 24 por cento em 2023

incluindo camiões e autocarros, bem como automóveis. A Associação de Automóveis de Passageiros da China disse no início desta semana que a procura na Rússia e nos países vizinhos está a abrandar e que o crescimento futuro das exportações dependerá de uma expansão das vendas de veículos eléctricos no estrangeiro. Os fabricantes chineses de veículos eléctricos têm

como alvo os mercados do Sudeste Asiático, Europa e Austrália, entre outros. A associação de fabricantes não fornece uma repartição para veículos

eléctricos, mas os dados divulgados pela Associação de Automóveis de Passageiros mostraram que os veículos eléctricos representaram 24 por cento das vendas de

Bill Russo, fundador da empresa de consultoria Automobility em Xangai, disse que as empresas chinesas democratizaram o veículo eléctrico, baixando o seu preço

carros novos na China em 2023, face a 12 por cento, em 2021. Se forem incluídos os híbridos, a quota de veículos alimentados por novas energias nas vendas totais atingiu 36 por cento, no ano passado.

O preço certo

O modelo Tesla Model Y foi o carro eléctrico mais vendido na China no ano passado, com 646.800 uni-

KUOMINTANG APELO A VIA INTERMÉDIA PARA RETOMAR DIÁLOGO COM PEQUIM

O

candidato à liderança de Taiwan pelo Kuomintang (Partido Nacionalista) sublinhou ontem o seu empenho em retomar o diálogo com Pequim, optando por uma “via intermédia”. “O futuro de Taiwan deve ser decidido pelos seus 23 milhões de habitantes. A via intermédia é a melhor e

recorrerei ao diálogo para minimizar riscos”, declarou Hou Yu-ih, em conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros. Durante a sua intervenção, o candidato do Kuomintang, partido que é mais favorável ao diálogo com Pequim, recordou a sua estratégia “3D” para preservar a paz no Estreito da

Formosa: dissuasão, diálogo e desanuviamento. Mais de 19 milhões de taiwaneses estão aptos a votar nas eleições de amanhã, nas quais o candidato do Kuomintang vai competir com William Lai Ching-te do Partido Democrático Progressista e com o candidato do Partido do Povo de Taiwan, Ko Wen-je.

Hou e Ko negociaram durante meses a possibilidade de se apresentarem juntos às urnas, o que foi anulado no próprio dia das nomeações, uma vez que não conseguiram chegar a acordo sobre a candidatura à liderança.

dades vendidas, seguido do sedan BYD Song com 428.600 unidades, de acordo com o grupo de automóveis de passageiros. O Modelo Y custa entre 266.400 e 363.900 yuan, de acordo com o portal oficial Tesla, e o BYD Song custa entre 129.800 a 159.800 yuan. Bill Russo, fundador da empresa de consultoria Automobility em Xangai, disse que as empresas chinesas democratizaram o veículo eléctrico, baixando o seu preço. O próximo desafio será convencer os compradores de que um carro eléctrico pode satisfazer as suas necessidades de condução. Mas o primeiro passo é disponibilizá-lo a um preço razoável, disse Russo. “É esse o paradigma que os chineses quebraram, o de que é possível tornar um eléctrico acessível”, afirmou. “O que a China está a fazer com os veículos eléctricos é utilizar o seu mercado interno para gerar economias de escala que pode depois utilizar a nível internacional”. A Fitch Ratings afirmou num relatório do mês passado que espera que a quota de veículos de energia nova, incluindo os híbridos, nas vendas totais da China aumente para 42 a 45 por cento em 2024. A União Europeia, preocupada com o aumento das importações da China, abriu um inquérito comercial no ano passado sobre os subsídios atribuídos pelo Estado chinês aos fabricantes de veículos eléctricos. A investigação está em curso. A associação de fabricantes chineses disse que as vendas totais de todos os veículos, no país e no estrangeiro e incluindo camiões e autocarros, atingiram o marco de 30 milhões de unidades em 2023, um aumento de 12 por cento em relação ao ano anterior. Prevê-se que o crescimento abrande para cerca de 3 por cento este ano.

GETTY IMAGES

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Notificação n.º 005/DGP/DSA/2023 (Aviso da acusação) Considerando que não se revela possível notificar os interessados, por ofício ou outras formas, para o efeito de acusação a respeito do respectivo processo administrativo, nos termos do artigo 10.º e do n.º 1 do artigo 93.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico, pela presente, nos termos do artigo 29.º da Lei n.º 5/2013 (Lei de Segurança Alimentar) e do n.º 2 do artigo 72.º do “Código do Procedimento Administrativo”, os interessados, abaixo discriminados, do conteúdo da respectiva acusação, a fim de o Instituto tomar uma decisão final, em relação aos processos de acusação actualmente em curso: Verificou-se que os interessados abaixo discriminados praticaram acto de infracção administrativa, prevista na al. 1) do n.º 1 do artigo 19.º da Lei n.º 5/2013 (Lei de Segurança Alimentar), e, de acordo com o n.º 1 do artigo 19.º da mesma lei, aos infractores pode ser aplicada uma multa de MOP 50 000,00 (cinquenta mil patacas) a MOP 600 000,00 (seiscentas mil patacas), sem prejuízo da aplicação do artigo 20.º da referida lei. Os respectivos factos ilícitos e os resultados das averiguações constam dos autos de notícia e relatórios elaborados por instrutores. Para a aplicação do n.º 1 do artigo 21.º da Lei n.º 5/2013 (Lei de Segurança Alimentar), o Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais, José Tavares, exarou, relativamente ao interessado abaixo discriminado no ponto 1, despacho sobre a acusação; a Vice-Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais, O Lam, exarou, relativamente aos interessados abaixo discriminados nos pontos 2 a 6, despachos sobre as respectivas acusações e na qualidade de presidente substituta, exarou despachos sobre as respectivas acusações relativamente aos interessados abaixo discriminados no ponto 7 a 10.

Linhas vermelhas China apela aos EUA para não “se intrometerem” nas eleições de Taiwan

A

China apelou ontem aos Estados Unidos para não “se intrometerem” nas eleições de Taiwan e disse opor-se “firmemente” aos laços entre Taipé e Washington, que anunciou o envio de uma delegação à ilha após a votação. Os EUA “não devem interferir nas eleições na região de Taiwan, sob qualquer forma, de forma a evitar danos graves nas relações sino-norte-americanas”, disse Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A China opõe-se firmemente a qualquer forma de intercâmbio oficial entre os Estados Unidos e Taiwan”, sublinhou. “Existe apenas uma China no mundo e

Taiwan é parte inalienável da China”, frisou. Os Estados Unidos, cujas relações com a China continuam muito tensas, vão enviar “uma delegação informal” a Taiwan depois das eleições marcadas para amanhã, anunciou na quarta-feira um alto funcionário norte-americano. Pedindo para não ser identificado, a mesma fonte alertou Pequim contra qualquer acto “provocador” após estas eleições cruciais.

Centro de interesses

Os comentários foram condenados na quinta-feira por Pequim. “A China expressa a sua profunda insatisfação e firme oposição aos comentários imprudentes dos Estados Unidos sobre as eleições

ASSOCIATED PRESS

Ferrovia Rede de alta velocidade quase concluída

A infraestrutura ferroviária da China tem registado progressos consistentes nos últimos anos, com quase 80 por cento de sua rede ferroviária de alta velocidade agora concluída, anunciou a Administração Ferroviária Nacional esta quarta-feira. Actualmente, o projecto ferroviário do país está focado principalmente na construção de linhas urbanas e intermunicipais, juntamente com centros logísticos modernos, informou Tian Jun, engenheiro-chefe da pasta, citado pelo Diário do Povo. Com proezas tecnológicas líderes globais no sector, o país está a dar prioridade à investigação pesquisa e procura avanços em tecnologias ferroviárias de ponta para garantir a independência tecnológica, explicou Tian. Dados oficiais mostram que até ao final de 2023 a rede ferroviária em operação na China abrangia cerca de 159.000 km, sendo 45.000 km de ferrovias de alta velocidade. As ferrovias chinesas lideram em volume de passageiros e cargas no mundo.

na região de Taiwan”, disse Mao Ning. “A questão de Taiwan está no centro dos interesses da China e constitui a primeira linha vermelha intransponível nas relações sino-americanas”, frisou. A China considera Taiwan uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949. Pequim diz ser a favor de uma reunificação “pacífica” com a ilha e é contra o aumento dos contactos entre líderes políticos norte-americanos e taiwaneses, que considera ser uma violação do compromisso dos Estados Unidos de não manter relações oficiais com a ilha.

N.º do auto de notícia (N.º do processo administrativo do IAM)

N.º

Nome do interessado

Tipo e N.º do documento de identificação

1

HUANG, MINYOU

Salvo-conduto da República Popular da China para deslocação a Hong Kong e Macau n.º CB775****

124/DGP/DSA/2022 (085/2022)

2

HONG KAM Bilhete de Identidade de Residente da WONG RAEM n.º 7390***(*)

042/DGP/DSA/2022 (012/2022)

3 4 5 6 7 8 9 10

Salvo-conduto da República Popular da China para deslocação a Hong Kong e Macau n.º C3878**** COMPANHIA N.º de Registo na Conservatória dos RUAME Registos Comercial e de Bens Móveis: LIMITADA SO95330 JIAO, JINFU

Tipo de acto de infracção administrativa

108/DGP/DSA/2022 (016/2022) 029/DGP/DSA/2022 (069/2022)

A produção e comercialização de produtos NING, Bilhete de Identidade de Residente da 014/DGP/DSA/2022 alimentares que YUPING RAEM n.º 1411***(*) (081/2022) contêm substâncias Auto de notícia da Alfândega Bilhete de Identidade de Residente da não inspeccionadas 關分樂 4843/2022 RAEM n.º 1338***(*) em casos (088/2022) legalmente sujeitos Salvo-conduto da República Popular a esse procedimento 016/DGP/DSA/2022 FENG, da China para deslocação a Hong (083/2022) MINLING Kong e Macau n.º CC691**** Salvo-conduto da República Popular 017/DGP/DSA/2022 ZOU, SHIFU da China para deslocação a Hong (083/2022) Kong e Macau n.º C1777**** Salvo-conduto da República Popular Auto de notícia da Alfândega 黄华金 da China para deslocação a Hong 4841/2022 Kong e Macau n.º C1954**** (087/2022) Salvo-conduto da República Popular Auto de notícia da Alfândega 韦小义 4841/2022 da China para deslocação a Hong Kong e Macau n.º CB446**** (087/2022)

Nos termos do n.º 2 do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, os infractores não residentes de Macau deverão, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, liquidar, na Divisão de Assuntos Financeiros do IAM, situada na Avenida Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, nos termos do n.º 1 do artigo 19.º da Lei n.º 5/2013, como caução, o valor mínimo da multa aplicável de MOP 50 000,00 (cinquenta mil patacas), sem prejuízo da aplicação do disposto no n.º 3 ou no n.º 4 do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro. Com vista à aplicação do disposto no n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, os aludidos interessados, nos termos dos artigos 93.º a 95.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, poderão apresentar, no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, defesa escrita a respeito das referidas acusações, ao Instituto para os Assuntos Municipais, ou dirigir-se, pessoalmente, ao Departamento de Segurança Alimentar do IAM, sito no 10.º andar do Novo Mercado Abastecedor de Macau, na Avenida do Parque Industrial, para efeitos de defesa oral, e têm o direito de apresentar todas as provas admitidas pela legislação vigente, sem prejuízo da aplicação do artigo 75.º do mesmo Código. Além disso, nos termos do n.º 1 do artigo 27.º da Lei n.º 5/2013 (Lei de Segurança Alimentar), se o infractor for pessoa colectiva, pelo pagamento das multas respondem, solidariamente com aquela, os membros dos órgãos de administração ou quem por qualquer outra forma a represente, quando sejam julgados, pelas autoridades competentes, responsáveis pelo acto ilícito. Para o efeito, quem tenha responsabilidade solidária com o conteúdo da acusação, tem o direito de apresentar ao IAM a audiência escrita dentro do prazo acima referido, ou dirigirse pessoalmente ao Departamento de Segurança Alimentar, sito no 10.º andar do Novo Mercado Abastecedor de Macau, Avenida do Parque Industrial, para efectuar a audiência oral, bem como apresentar as provas permitidas pela lei vigente, sem prejuízo do disposto no artigo 75.º do mesmo Código. Por fim, relativamente ao direito à informação, caso os interessados ou quaisquer outros particulares provem ter interesse legítimo em conhecer os elementos e pretendam consultar informações mais pormenorizadas, poderão apresentar o pedido, por escrito, ao IAM. Aos 14 de Dezembro de 2023. O Chefe do Departamento de Segurança Alimentar Cheong Kuai Tat www. iam.gov.mo


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MYANMAR JUNTA CONDENA SHIN DAEWE A PRISÃO PERPÉTUA

U

M tribunal controlado pela junta militar de Myanmar condenou na quarta-feira a proeminente jornalista e realizadora Shin Daewe a prisão perpétua pelas suas “actividades terroristas”, noticiou a imprensa local. O meio de comunicação birmanês The Irrawaddy referiu, citando uma fonte próxima da jornalista de 50 anos, que Shin Daewe foi detida em Outubro numa paragem de autocarros em Rangum, quando soldados encontraram um ‘drone’ na sua bagagem. A fonte próxima de Shin Daewe indicou que a jornalista fez doações a civis em áreas controladas por forças pró-democracia, que se opõem ao regime militar do país.

As autoridades militares acusam frequentemente de terrorismo os membros da resistência contra a junta que governa o país desde o golpe de 2021 (ver texto principal). Sobreviventes do regime birmanês disseram que foram torturados na prisão e vários dissidentes morreram sob custódia. Shin Daewe, que também esteve detida durante um mês em 1990 e durante o ano de 1991, foi premiada em vários festivais por documentários como “Burma VJ” - sobre os protestos antigovernamentais de 2007, conhecidos como a revolução açafrão - e “Rahula” - no qual relata a vida de um artista birmanês. Pelo menos 4.331 pessoas, incluindo activistas pró-democracia e civis, morreram devido à repressão da junta militar, enquanto outras 19.911 foram detidas por razões políticas desde o golpe, segundo dados da organização não-governamental birmanesa Associação para a Assistência de Presos Políticos.

HM • 2ª vez • 12-1-24

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公告 ANÚNCIO 履行金錢債務案 第 PC1-22-0699-COP 號 輕微民事案件法庭 Cumprimento de Obrigações Pecuniárias n.° Juízo de Pequenas Causas Cíveis

Autor: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A., com sede em Macau, na Amizade, n.º 555, Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. Réu: GOMEZ BENJAMIN JR CASTELLANO, com última residência conhecida em Macau, na 路環金峰南岸地段2第二座8樓 C座, ora ausente em parte incerta. * FAZ-SE SABER que pelo Juízo de Pequenas Causas Cíveis do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA (30) DIAS, contados da data da publicação do anúncio, citando o Réu GOMEZ BENJAMIN JR CASTELLANO para no prazo de QUINZE (15) DIAS, findo o dos éditos, querendo contestar a acção supra identificada, na qual o Autor pede que a presente acção seja julgada procedente, por provada e, consequentemente, ser o Réu condenado a pagar as dívidas, as despesas e os juros de mora na quantia de MOP100,000.00 (Cem Mil Patacas), a que acrescem os juros que se forem vencendo, à taxa de juros convencionais, após a propositura da acção e até integral pagamento, e as custas. Fica advertido de que não é obrigatório a constituição de advogado. Tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial, que se encontra nesta Secretaria do Juízo de Pequenas Causas Cíveis, poderão ser levantados nas horas normais de expedientes. RAEM, 01 de Dezembro de 2023.

MYANMAR LÍDER DA JUNTA MILITAR NO PODER RECEBE ENVIADO DA ASEAN

As lutas continuam A violência que assola o país desde a tomada do poder pela junta militar parece não ter fim à vista. Dirigentes asiáticos continuam a procurar, até agora sem sucesso, soluções que viabilizem a paz na região

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líder da junta militar no poder em Myanmar recebeu o enviado da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), anunciou ontem a imprensa estatal, numa altura em que o país vive uma espiral de violência. O chefe do Exército, general Min Aung Hlaing, reuniu-se com Alounkeo Kittikhoun, enviado especial

da ASEAN, na quarta-feira em Naypyidaw, a capital construída pela junta militar no interior da selva birmanesa. Os dois dirigentes discutiram os “esforços do

Governo para garantir a paz e a estabilidade”, informou o jornal estatal The New Global Light of Myanmar. O golpe militar de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda

O golpe militar de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa profunda crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência

crise política, social e económica e abriu uma espiral de violência com novas milícias civis que exacerbaram a guerra de guerrilha, que o país já vivia há décadas. Uma coligação de grupos armados étnicos lançou uma ofensiva no norte do país em Outubro, tendo conseguido tomar várias posições militares e controlar áreas do estado de Kachin, junto à fronteira com a China.


sexta-feira 12.1.2024

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AP

TIMOR-LESTE RAMOS-HORTA VAI DISCUTIR COM XANANA CONDENAÇÃO DE EMBAIXADOR

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Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, disse ontem que vai falar com o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, sobre a condenação a prisão do recentemente nomeado embaixador do país para a Indonésia,António Conceição. “Não vou responder aqui, acabo de chegar. Aconteceu durante a minha ausência. Vou conversar com o senhor primeiro-ministro, com o interessado, o doutor António Conceição, o embaixador designado, e vamos ver o que fazer daqui para a frente”, disse o chefe de Estado, quando questionado pela Lusa sobre o assunto.

O Presidente timorense falava aos jornalistas no aeroporto internacional Presidente Nicolau Lobato, após regressar da Índia, onde foi participar numa conferência. O antigo ministro do Comércio e Indústria de Timor-Leste António Conceição, nomeado recentemente embaixador na Indonésia, foi condenado, na segunda-

-feira, a cinco anos de prisão por participação económica em negócio. O advogado de defesa de António Conceição disse que vai recorrer da decisão. O tribunal considerou que o antigo ministro favoreceu uma empresa num concurso público, lesando o Estado timorense, num processo que remonta a 2015. António Conceição, do Partido Democrático, foi ministro do Comércio e Indústria e da Educação e foi eleito deputado nas últimas eleições legislativas. Em Dezembro, foi nomeado embaixador na Indonésia pelo Presidente timorense, José Ramos-Horta.

Restaurantes a ganir Proibição de carne de cão gera críticas da restauração na Coreia do Sul

A O encontro de quarta-feira antecedeu a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN, que se realiza no final do mês no Laos, país que este ano detém a presidência da organização. Até agora, a ASEAN não conseguiu fazer progressos substanciais na resolução do conflito em Myanmar. Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações “positivas” com as principais partes do conflito em Novembro. A junta de Myanmar foi representada por “interlocutores”, de acordo com um comunicado divulgado na altura, uma vez que os líderes do regime militar estão excluídos das reuniões de alto nível da ASEAN.

Opiniões variadas

Os atritos entre os membros da ASEAN pioraram no ano

Um plano de paz de cinco pontos acordado há três anos não passou do papel, embora a Indonésia, que detinha a presidência, tenha saudado conversações “positivas” com as principais partes do conflito em Novembro passado, após a decisão do então Governo tailandês de se reunir com o ministro dos Negócios Estrangeiros da junta, Than Shwe. O Camboja enviou um jovem funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros para o encontro, enquanto a China, que há muito apoia a junta militar,

enviou Deng Xijun, o enviado especial chinês para os assuntos asiáticos. A Indonésia e a Malásia, entre os mais duros críticos da junta militar no seio da ASEAN, protestaram veementemente, e Singapura disse que era prematuro envolver-se com o regime de Myanmar a um nível tão elevado. Aactivista e prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi foi conselheira de estado de Myanmar de 2016 até 2021, quando foi deposta pelo golpe militar. Suu Kyi está presa desde que os militares assumiram o poder e cumpre atualmente uma pena de 27 anos. Myanmar tornou-se independente do Reino Unido a 4 de Janeiro de 1948, mas desde então tem sofrido conflitos étnicos e esteve sob regime militar durante a maior parte de história recente, entre 1962 e 2011 e desde 2021.

aprovação da lei que proíbe a criação, venda e abate de cães para consumo na Coreia do Sul está a causar apreensão entre os restaurantes sobre o seu futuro e a gerar críticas entre os consumidores. O Parlamento sul-coreano aprovou, esta terça-feira, uma lei que proíbe a criação, venda e abate de cães para consumo, que entrará em vigor no prazo de três anos. As violações desta lei serão puníveis com até três anos de prisão e multa de 30 milhões de won (20.800 euros). Escondido num beco no mercado de Chilseong, na cidade de Daegu, no sul, o restaurante de Choi Tae-yeon oferece pratos tradicionais sul-coreanos, incluindo carne de cão cozida no vapor ou em caldo. A carne de cão faz parte da culinária sul-coreana há muito tempo, mas o seu consumo caiu drasticamente nos últimos anos, à medida que cada vez mais jovens urbanos do país gostam de cães

como animais de estimação. “As coisas mudaram radicalmente”, contou ontem Choi à agência France-Presse (AFP). “Antes, quando o negócio corria bem, os comerciantes podiam vender até 30, 40 cães por dia, actualmente, vendemos em média um ou dois cães”, acrescentou a empresária. Comer carne de cão tornou-se um tabu entre os jovens e a pressão dos activistas dos direitos dos animais para proibir esta prática intensificou-se. Choi manifestou-se descontente com a decisão de proibir a carne de cão, embora reconheça que não tem escolha e deve aceitá-la, mesmo que o seu restaurante represente o negócio da sua vida, que pretendia transmitir ao seu filho.

Nova “geracão”

Em Dezembro, a imprensa revelou que as vendas de carrinhos para transporte de cães ou gatos ultrapassaram as de carrinhos de criança pela primeira vez em 2023,

números que destacam a crise demográfica na Coreia do Sul, um dos países com menor taxa de natalidade, e o entusiasmo dos sul-coreanos por animais de estimação. Choi tentou de tudo para ganhar a vida, desde comida de rua até vender massa nos mercados, antes de abrir o seu restaurante e obter sucesso. “É muito desconcertante que termine assim”, apontou, com lágrimas nos olhos. Com a mudança de atitudes nos últimos anos, os vendedores de carne de cão nos mercados têm enfrentado assédio constante por parte de activistas dos direitos dos animais, que organizam protestos à porta de restaurantes e dedicam-se à difamação, frisou Choi. O beco, antes muito animado com os seus restaurantes que ofereciam especialidades de carne de cão, estava ontem vazio. Mas Choi frisou que tem visto mais clientes desde que a lei foi aprovada, face à média dos últimos meses. Num outro restaurante especializado em carne de cão, um cliente idoso, que se apresentou apenas como Jang, contou que visitou o espaço porque sabia que não conseguiria mais comê-la dentro de três anos. “Gosto de comer carne de cão porque quando bebo não tenho ressaca no dia seguinte”, referiu este cliente.


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INLAND EMPIRE | DAVID LYNCH 2006

Neste filme David Lynch vai buscar elementos de outros filmes que realizou, sempre com uma boa dose de surrealismo à mistura. Uma actriz consegue o papel num filme que nunca foi concluído devido a uma história trágica e depressa a ficção se mistura com a sua própria realidade. Ao bom estilo de Lynch o filme confunde-nos mas prende-nos ao mesmo tempo, para, no fim, terminar em beleza: uma dança de prostitutas ao som de “Sinnerman”, de Nina Simone. Andreia Sofia Silva

6 2 8 7 4 9 0 3 5 1 4 3 9 5 0 1 7 2 8 6 5 1 3 6 2 8 4 9 0 7 0 9 1 8 3 6 5 7 2 4 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João 7 8 0 4 6 Luz; 2 José 3 C.1Mendes 9 5Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; 2 7 6 9 5 Duarte 4 8Drumond 0 1 3José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Braga; Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; 9 5 2 1 7 Olavo 3 Rasquinho; 6 8 4Paul0Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Santos 1 www. 4 7 0 8 Borges, 5 2Rómulo 6 3 9 Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@ hojemacau. 3com.mo 0 4 2 1 hojemacau.com.mo) 7 9 5 6 Assistente 8 de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 8 6 5 3 9 Fax0 28752405; 1 4 7e-mail2 info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

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um grito no deserto

Paul Chan Wai Chi*

CARMELITA IEZZI

ESTEJAMOS ALERTA EM 2024

AO ENTRARMOS em 2024, quero antes de mais nada desejar aos nossos leitores um ano seguro e feliz. Comparado com a Ucrânia e com Gaza, onde a guerra ainda continua, Macau pode considerar que tem sorte. Mas as pessoas têm de enfrentar a realidade, especialmente os jornalistas, que não podem contar apenas histórias bonitas, porque 2024 vai ser um ano repleto de dificuldades e de desafios para a Humanidade. O Index Hang Seng de Hong Kong fechou nos 19.781,41 pontos a 30 de Dezembro de 2022 e nos 17.047.39 pontos a 29 de Dezembro de 2023, o que representou uma queda de mais de 2.000 pontos. Caiu abaixo do nível de sustentabilidade fixado nos 17.500 pontos. Embora o Governo de Hong Kong tenha feito todos os esforços para promover a vida nocturna da cidade durante os feriados de Natal, a situação socio-económica não melhorou. Na China continental, devido ao enquadramento financeiro e à falta de confiança das pessoas na aquisição de casa própria, muitas empresas imobiliárias chinesas, como a Evergrande, a Country Garden, a Sunac China, a Kaisa, a Shimao e o R&F Group, lutam pela sobrevivência. Embora as autoridades responsáveis tenham feito todos os possíveis para ajustar diversas políticas, o rebentamento da bolha do sector imobiliário não pode ser descartado. Se, em 2024, o PIB da China não conseguir atingir o esperado crescimento de 5 por cento, a sua economia em termos globais será fortemente atingida. Enquanto cidade pequena, Macau é apoiada pela Pátria, pela Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, e também pelo sector do jogo

2024 é, portanto, um ano para aderir aos valores orientados para as pessoas e para o avanço da paz. 2024 é um ano em que todos temos de estar alerta!

e pelas suas abundantes reservas financeiras. Desde que o Governo da RAE não cometa erros graves, não vai ser difícil manter as necessidades básicas dos residentes. Olhando para os Chefes dos três Executivos da RAE de Macau nos últimos 25 anos, percebemos que Ho Hau Wah era um homem de visão com uma equipa de elite. Chui Sai On possuía uma mente aberta e assumia responsabilidades o que contribuiu para a prosperidade de Macau. O actual Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, foi posto à prova com a pandemia de COVID-19, que surgiu logo após a sua tomada de posse, tendo provado ser um homem dinâmico. Por várias razões, Macau está actualmente carregado de problemas, sendo estes os principais: 1) A traça das diversas instalações de apoio da Zona A só pode ser feita depois da conclusão do Aterro da “Zona A” dos Novos Aterros Urbanos; 2) a Construção da rede do

Metro Ligeiro é cara e a construção da Linha Leste acabou por precisar de subsídios do Governo Central; 3) As obras de escavação rodoviária estão sem fim à vista em diversas zonas de Macau; 4) O plano de redução de funcionários dos departamentos governamentais transformou-se no recrutamento de mais funcionários públicos, o que acarretou enormes despesas; 5) Macau carece de elementos que atraiam o investimento e o turismo estrangeiros. Mas desde que o Governo da RAEM não cometa erros graves e que vá avançando aos poucos com cuidado, todos os problemas se tornarão coisa do passado. Em contrapartida, o actual cenário global, em termos políticos e económicos é complexo e hostil, à medida que em várias zonas a confrontação parece estar iminente. A Ucrânia fica muito longe de Macau e os mísseis que caem em Gaza não conseguem atingir Hong Kong nem Macau. Mesmo que rebente uma guerra na península da Coreia ou que a Índia e o Paquistão entrem em conflito, nada disto afectará Macau. No entanto, mal haja uma alteração das relações entre a China e Taiwan, o impacto que se sentirá em Macau vai alterar a vida das pessoas. Em 2024 haverá eleições presidenciais tanto em Taiwan como nos Estados Unidos e o resultado destas eleições vai ter impacto no futuro da China. A “reunificação” pacífica de Taiwan com a China é a aspiração de todos os patriotas, e o método para atingir este objectivo é um teste que requer imensa sensatez. 2024 é, portanto, um ano para aderir aos valores orientados para as pessoas e para o avanço da paz. 2024 é um ano em que todos temos de estar alerta!

*Ex-deputado e antigo membro da Associação Novo Macau Democrático


“O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre tudo o que diz.” PALAVRA DO DIA

Aristóteles

sexta-feira

12.1.2024

SJM Trabalhadores recebem bónus

O restabelecimento de milhares de contas bloqueadas criaram uma “tempestade perfeita” para a publicação de conteúdo prejudicial

REDE X CONTEÚDO ABUSIVO DISPAROU APÓS “CORTES PROFUNDOS” DE PESSOAL

Dar voz ao ódio

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volume de mensagens com conteúdo abusivo publicadas na rede social X disparou na sequência dos “cortes profundos” de pessoal, disse ontem o órgão responsável pela segurança na Internet na Austrália. O Gabinete da Comissária para a Segurança Electrónica australiana disse num relatório que a redução de pessoal desde que o magnata Elon Musk comprou a rede social, em Outubro de 2022, e o restabelecimento de milhares de contas bloqueadas criaram uma “tempestade perfeita” para a publicação de conteúdo prejudicial.

A reguladora teve acesso, pela primeira vez, a dados detalhados dos engenheiros de programas, moderadores de conteúdo e outro pessoal de segurança que trabalha na X através de uma lei aprovada na Austrália. Mais de 1.200 trabalhadores do “pessoal de segurança”, 80 por cento dos quais engenheiros de programação, deixaram a X em todo o mundo, enquanto cerca de 6.100 contas foram desbloqueadas. “Vários desses utilizadores reintegrados foram banidos por [propagarem] ódio online. Se os piores infractores puderem vol-

tar à acção e, ao mesmo tempo, reduzirem significativamente a equipa de segurança cujo trabalho é proteger os utilizadores de danos, há preocupações claras sobre as implicações para a segurança”, disse a comissária. Julie Inman Grant, ela própria uma antiga funcionária do Twitter (antecessora da X), destacou que a redução de pessoal também teve impacto directo ao aumentar o tempo de resposta da rede social às reclamações sobre mensagens abusivas.

Ética e indiferença

A Austrália está a liderar o esforço global para regular as redes sociais,

forçando as empresas tecnológicas a descrever como estão a lidar com questões como a propagação de ódio e o abuso sexual de menores. Mas as tentativas de exercer estes poderes foram por vezes recebidas com indiferença pelas empresas. Em Outubro de 2023, a comissão australiana multou a X em 610.500 dólares australianos (cerca de 373 mil euros) por não ter explicado como estava a agir contra a pornografia infantil. Mas a X ignorou o prazo para pagar a multa, antes de iniciar uma acção judicial em curso para a anular.

TIJ | GAZA FORAM INICIADAS AUDIÊNCIAS SOBRE ACUSAÇÃO A ISRAEL DE GENOCÍDIO

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Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) iniciou ontem dois dias de discussões legais num caso apresentado pela África do Sul, que acusa Israel de genocídio na guerra na Faixa de Gaza contra o Hamas. A África do Sul pediu aos juízes, no início da audiência, que impusessem ordens preliminares vinculativas a Israel, incluindo a suspensão imediata da campanha militar israelita

em Gaza. Israel rejeita a acusação da África do Sul. A presidente do TIJ, Joan E. Donoghue, disse que a África do Sul argumenta que as acções israelitas após os ataques de 7 de Outubro do Hamas “têm carácter genocida”, segundo a agência norte-americana AP. A África do Sul, segundo a presidente do TIJ, afirma também que Israel “não conseguiu evitar o genocídio e está a come-

ter genocídio”. Pretória também alega que Israel viola “outras obrigações fundamentais” ao abrigo da Convenção das Nações Unidas sobre o Genocídio. A África do Sul apresentou um pedido urgente ao TIJ para que ordene a Israel que “suspenda imediatamente as operações militares” na Faixa de Gaza. A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada

por um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas em solo israelita, a 7 de Outubro, que causou cerca de 1.400 mortos, segundo as autoridades. Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas, no poder em Gaza, e lançou uma ofensiva no território palestiniano que causou mais 23.300 mortos, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas.

Os trabalhadores da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) vão ser contemplados no dia 31 deste mês com um bónus equivalente a um mês de salário, sendo que cerca de 98 por cento dos colaboradores serão beneficiados. A informação consta de um comunicado da operadora de jogo e surge no seguimento dos pagamentos de bónus ou aumentos salariais já anunciados por outras operadoras, nomeadamente a Sands China e a Melco. Daisy Ho, directora-geral da SJM, declarou que “com o início de uma nova concessão de jogo de dez anos, em 2023, a SJM embarcou num novo capítulo de desenvolvimento e inovação contínuos”, tendo agradecido ainda “os esforços e os contributos dos membros da nossa equipa, que levaram ao crescimento constante do nosso negócio”.

Eleições Maló de Abreu muda-se para o Chega

O deputado à Assembleia da República pelo Círculo fora da Europa, António Maló de Abreu, deverá concorrer ao cargo de deputado nas próximas eleições legislativas portuguesas pelo partido Chega, abandonando o Partido Social-Democrata (PSD), onde sempre militou. A notícia foi avançada ontem pelo jornal online Observador, que cita fontes do Chega. Recorde-se que Maló de Abreu anunciou a saída do PSD por não se rever na direcção actual, encabeçada por Luís Montenegro, passando a ser deputado não inscrito. Maló de Abreu, médico de Coimbra, fazia parte da anterior direcção do PSD, liderada por Rui Rio. O Observador escreve ainda que Maló de Abreu deverá continuar a concorrer a deputado pelos Círculos da Europa ou Fora da Europa, destinados, portanto, à representação da emigração.

Open da Austrália Borges inicia torneio frente a Marterer

O tenista português Nuno Borges vai defrontar o alemão Maximilian Marterer na primeira ronda do Open da Austrália, primeiro torneio do Grand Slam da temporada, ditou o sorteio ontem realizado em Melbourne. Pelo segundo ano consecutivo no quadro principal em Melbourne, Borges, 66.º do mundo, vai tentar passar pela primeira vez a primeira ronda, frente a Marterer, 98.º. Este será o segundo encontro entre ambos, depois de o germânico ter vencido o número um português em 2023, no torneio de Antuérpia. Pela oitava vez num torneio do Grand Slam, Nuno Borges passou a primeira ronda duas vezes, em Roland Garros, em 2023, e no Open dos Estados Unidos, em 2022.


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