DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
QUINTA-FEIRA 10 DE OUTUBRO DE 2019 • ANO XIX • Nº 4388
MOP$10
PLANO QUINQUENAL
NO MELHOR DOS MUNDOS ANTÓNIO FALCÃO
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Juventude enganada PÁGINA 6
EXCURSÕES
NOITES DE CAMPISMO PÁGINA 8
O monte dos capitais A CESL-Ásia investiu 37,5 milhões de euros na aquisição da herdade alentejana Monte do Pasto, uma das maiores produtoras portuguesas de gado bovino. O negócio contou com a participação do Banco da China e, segundo o
UM | SEGURANÇA
PJ nega acção RANDY LEWIS
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BELEZA FEIA GISELA CASIMIRO
h
PRESENÇA E SENTIDO ANTÓNIO CABRITA
VENTO QUE PASSA ANTØNIO FALCÃO
VISTA POR TRÁS LUÍS CARMELO
PRÉMIO SAKHAROV
Desagrado sínico PÁGINA 13
presidente do grupo, António Trindade, a herdade irá contar nos próximos anos com “pelo menos 10 a 15 milhões de investimento”. A cerimónia de apresentação, em Lisboa, contou com a presença do secretário Lionel Leong.
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10.10.2019 quinta-feira
MONTE DO PASTO
INVESTIMENTO DA CESL-ÁSIA ABRE PORTAS AO MERCADO CHINÊS
ENTRE PORCOS E Decorreu ontem, em Lisboa, a cerimónia de apresentação do investimento de 37,5 milhões de euros que a CESL-Ásia fez com a aquisição do Monte do Pasto, um dos maiores produtores de gado bovino em Portugal. António Trindade, CEO da CESL-Ásia, não descarta a possibilidade de criação de porcos como porta de entrada para o mercado chinês e como resposta à crise gerada pela gripe suína
O
secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, esteve ontem presente na cerimónia de apresentação do mais recente investimento de 37,5 milhões de euros realizado pela CESL-Ásia em Portugal na área da agricultura. A compra do Monte Pasto, herdade alentejana que tinha uma participação de 16 por cento do Novo Banco através de um fundo de capital de risco, vai permitir uma nova vida a um projecto agrícola de produção de gado bovino, que exporta cerca
de 90 por cento daquilo que produz. Além da participação do Banco da China neste negócio, através de um acordo de cooperação estratégica assinado com a CESL-Ásia, o Novo Banco foi a entidade financiadora do projecto de reestruturação da dívida e recuperação da Monte do Pasto. Com o investimento da empresa de Macau, não só se permite a estabilidade financeira da empresa, que conta também com accionistas individuais, como se abre a porta a novos mercados, garantiu aos jornalistas António Trindade, CEO
da CESL-Ásia. Além da produção de gado bovino, o Monte do Pasto pode vir a criar suínos, constituindo uma porta de entrada para o mercado chinês. “A decisão ainda não está tomada. A China consome 60 a 70 por cento de suínos do mundo e está a enfrentar uma peste suína africana muito grave”, frisou, admitindo que este cenário representa “uma oportunidade". Ainda assim, “há muito para fazer, porque em Portugal não há explorações de suínos de grande tamanho", apontou o
empresário, que não soube apontar outros projectos específicos de desenvolvimento do Monte do Pasto a curto prazo. Ainda assim, António Trindade adiantou que “nos próximos quatro a cinco anos o Monte do Pasto vai gerar pelo menos entre 10 a 15 milhões de investimento". A aquisição por parte da CESL-Ásia foi feita através das subsidiárias Focus Platform e Focus Agriculture. Até 2021, o objectivo da empresa, que, em Macau, opera também na área da construção civil, é aumentar o volume de negócios para cerca de 70 milhões de euros, com 550 funcionários, dos quais mais de 100 baseados em Portugal. "É, sem dúvida, o início de uma nova era no investimento de empresas privadas de Macau em prósperas empresas portuguesas. Cabe, também, à CESL-Ásia consolidar a estratégia de crescimento e o caminho para a excelência na nossa Plataforma de Macau para financiamento, gestão e operação de negócios na Grande Baía e nos países de língua portuguesa", disse António Trindade. Assim, com o Monte do Pasto, "a CESL-Ásia quer desenvolver uma plataforma Portugal-Macau que potencie as produções existentes, permita o lançamento de novas actividades agrícolas e
Além da participação do Banco da China neste negócio, através de um acordo de cooperação estratégica assinado com a CESLÁsia, o Novo Banco foi a entidade financiadora do projecto de reestruturação da dívida e recuperação da Monte do Pasto
pecuárias sustentáveis e contribua para o desenvolvimento de toda a região do Alentejo e da economia portuguesa", acrescentou. O objectivo da CESL-Ásia é ainda intensificar as exportações para os mercados de Macau e China e aproveitar as oportunidades a serem criadas pela plataforma de Macau para a cooperação social e económica entre China, Portugal e os países de língua portuguesa.
MANTER POSTOS DE TRABALHO
O CEO do Novo Banco, António Ramalho, mostrou-se satisfeito com o facto do projecto do Monte
grande plano 3
quinta-feira 10.10.2019
BOVINOS MAIS REGADIO EM 2020
O Monte do Pasto está localizado no Alentejo, nas regiões de Cuba e Alvito, tendo uma proximidade
com a barragem do Alqueva. Com 3700 hectares (que compreendem nove herdades) e um entreprise value na ordem dos 36 a 40 milhões de euros, o Monte do Pasto pretende ganhar uma nova dimensão nos próximos anos com a entrada da CESL-Ásia, conforme explicou Clara Moura Guedes, uma das accionistas e administradora-delegada do espaço. A entrada na China é, uma vez mais, uma forte possibilidade. “Vamos continuar (o projecto), mas seguramente que vamos diversificar e abrem-se mais perspectivas com esta ligação a novos mer-
HOJE MACAU
do Pasto poder continuar com uma melhor saúde financeira. “Como financiadores, estamos muito satisfeitos pelo facto de estarmos perante uma empresa hoje saudável e muito importante para o ecossistema da região. Porque ela corresponde também a um conjunto, na cadeia de valor, de mais de cem produtores, um importante suporte para o desenvolvimento de todo o gado bovino na região", disse. Tal constitui “uma prova de que o trabalho de reestruturação e renovação que foi encetado pelo banco foi bem sucedido e vimos isso não apenas como um ponto de chegada, mas como ponto de partida para novos investidores e novos negócios.” A proposta da CESL-Ásia foi a única apresentada. Aquando da venda do Monte do Pasto, o Novo Banco pretendia “manter os postos de trabalho e descobrir novos mercados para assegurar a exportação”, além de tornar o Monte do Pasto num projecto “aliciante para vir a ter um novo accionista de profundidade, como veio a ter”, explicou António Ramalho.
O secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, esteve ontem presente na cerimónia de apresentação do mais recente investimento de 37,5 milhões de euros realizado pela CESL-Ásia em Portugal na área da agricultura
cados e produtos, nomeadamente a China.” Actualmente o Monte do Pasto é das empresas portuguesas com maior dimensão ao nível da produção e engorda de gado bovino, bem como da produção de rações agrícolas. Para o próximo ano está prevista o aproveitamento de mil hectares para regadio, o que irá aumentar o leque de produções. “Não temos regadios, mas (o Monte do Pasto) está dentro do perímetro da barragem do Alqueva, portanto, em princípio, no próximo ano, teremos mais mil hectares de regadio. Ainda não está definido (o aproveitamento) mas há imensas possibilidades para pastagens ou outro tipo de culturas. Não temos de nos limitar à agropecuária e está em causa a utilização racional de activos”, defendeu Clara Moura Guedes. O Monte do Pasto já opera de acordo com estudos de impacto ambiental efectuados. Clara Moura Guedes assegura que sempre foi feita uma produção animal de forma sustentável, apesar do intenso debate sobre o consumo de carne que tem surgido em Portugal e no mundo. “Há muita desinformação relativamente a esse tema porque a pecuária é um sistema integrado, não
“É, sem dúvida, o início de uma nova era no investimento de empresas privadas de Macau em prósperas empresas portuguesas.” ANTÓNIO TRINDADE CEO DA CESL-ÁSIA
é retirar o efeito de vacas isoladamente do resto, porque as pastagens são sequestradoras de carbono e há um contributo muito grande para o ambiente em terrenos que não tem outra utilização e onde há risco de incêndios ou desertificação.” A administradora-delegada do Monte Pasto recorda que “o consumo de carne de bovino está a crescer a nível mundial e há cada vez mais procura de proteína em países com um PIB mais elevado”. “Há cada vez mais procura de proteína, na Europa há um decréscimo, mas há procura noutros países. É preciso é produzir de maneira sustentável e é isso que procuramos fazer, de maneira a que contribua para um melhor ambiente para nós”, concluiu. O Monte do Pasto começou a produzir gado bovino em 1981, tendo feito um investimento a nível tecnológico em 2015, depois de, dez anos antes, ter lançado uma unidade industrial de produção de rações. O ano passado, em que a empresa registou lucros na ordem dos 24 milhões de euros, foi dado o primeiro passo para a internacionalização do Monte do Pasto, com a abertura da empresa em Espanha. Andreia Sofia Silva
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10.10.2019 quinta-feira
Anúncio Concurso público n.º 03/DSAL/2019 Prestação de serviços de limpeza à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, em representação da entidade adjudicante, faz público que, por Despacho do Secretário para a Economia e Finanças de 17 de Setembro de 2019 e nos termos do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, se encontra aberto o concurso público para a “Prestação de serviços de limpeza à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais”. 1. 2. 3. 4.
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Entidade adjudicante: Secretário para a Economia e Finanças. Serviço por onde corre o processo do concurso: Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais. Duração da prestação de serviços: 1 de Janeiro de 2020 a 31 de Dezembro de 2021, um período de 24 meses. Condições gerais dos concorrentes: Podem participar no concurso, as empresas ou os empresários com o registo comercial efectuado na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), cujo âmbito de actividade seja, total ou parcialmente, o serviço de limpeza, e com comprovado cumprimento das suas obrigações fiscais. Local, data e horário para consulta do processo do concurso e obtenção da cópia do processo: Local: Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2.º andar. Data: a partir da data da publicação deste anúncio no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau até à data e hora marcadas para o acto público do concurso. Horário: Dias úteis (2.ª a 6.ª feira, das 9:00h às 13:00h; 2.ª a 5.ª feira das 14:30h às 17:45h; 6.ª feira das 14:30h às 17:30h). Custo de aquisição de cópia do processo do concurso: MOP500,00 (Quinhentas patacas). Os interessados no concurso também podem descarregar (download) gratuitamente o Programa do concurso e o Caderno de encargos na página electrónica da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (http://www. dsal.gov.mo). Local, prazo e hora para a apresentação das propostas: Local: Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2.º andar. Prazo e hora: 6 de Novembro de 2019 (4 ª feira), até às 17:30h (não serão aceites propostas entregues fora do prazo). Caução provisória: MOP70 000,00 (Setenta mil patacas), que pode ser prestada por garantia bancária ou depósito em numerário em nome da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais da Região Administrativa Especial de Macau. Local, data e hora do acto público do concurso: Local: Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2.º andar, sala de formação 2F-11. Data e hora: 7 de Novembro de 2019 (5 ª feira), pelas 10:00 horas. Nota: Os concorrentes ou os seus representantes presentes no acto público do concurso que pretendam reclamar e/ou esclarecer dúvidas eventualmente surgidas nos documentos apresentados, deverão mostrar documentos que atestem o seu estatuto. Sessão de esclarecimentos e visita aos locais de prestação de serviços: A sessão de esclarecimentos destinada aos concorrentes terá lugar no dia 17 de Outubro de 2019 (5 ª feira), pelas 9:30h, na Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, sita na Avenida Dr. Francisco Vieira Machado, n.os 221-279, Edifício “Advance Plaza”, 2.º andar, sala de formação 2F-09, Macau. Após esta sessão será feita uma visita aos locais a que se destina a prestação de serviços deste concurso. Aos 27 de Setembro de 2019. O Director, Wong Chi Hong
política 5
AL Ip Sio Kai pode vir a presidir à Comissão de Regimento e Mandatos
O hemiciclo, através da Mesa, vai propor o nome do deputado Ip Sio Kai para presidir à Comissão de Regimento e Mandatos, um lugar deixado vago por Kou Hoi In, que subiu à presidência da Assembleia Legislativa. A Mesa da Assembleia Legislativa deliberou, na sexta-feira, propor em sessão plenária o nome de Ip Sio Kai, “considerando que este deputado (Kou Hoi In) informou a Comissão de Regimento e Mandatos da impossibilidade de continuar a ser membro”. A proposta deve ser votada ainda este mês aquando do regresso dos deputados ao trabalho, algo que acontece no próximo dia 16. Ip Sio Kai é vice-presidente do Banco da China e entrou na Assembleia Legislativa em 2017, pelo sufrágio indirecto, integrando a mesma lista de Kou Hoi In. Este subiu à presidência do hemiciclo em substituição de Ho Iat Seng, Chefe do Executivo eleito.
Associações Palestra ensinou espírito da carta de Xi Jinping
A Federação das Associações dos Operários de Macau, a União Geral das Associações dos Moradores de Macau e a Associação Geral das Mulheres de Macau, realizaram nesta terça-feira uma palestra para aprender o espírito da resposta de Xi Jinping aos voluntários idosos de um centro de apoio. O presidente da FAOM, Chan Kam Meng, acredita que a carta de resposta é destinada a todos os residentes, e que isso mostra a grande atenção e interesse do Presidente em Macau. Ng Siu Lai, presidente da direcção da UGAMM, apontou que vai aproveitar a atenção dada por Xi para elevar o nível de serviços sociais, incluindo junto dos idosos, e promover activamente os trabalhos de integração na Grande Baía. O director Adjunto do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, Xue Xiaofeng, indicou que esta é a terceira carta enviada em dois anos, mostrando que o Presidente nutre um sentimento profundo e especial por Macau, segundo informação do jornal do Cidadão.
ANTÓNIO FALCÃO
quinta-feira 10.10.2019
PLANO QUINQUENAL EXECUÇÃO DE METAS ENTRE 2016 E 2018 SUPEROU EXPECTATIVAS
Palmadinhas nas costas
A avaliação às metas concretizadas do Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM (2016 a 2018) superou as expectativas do próprio Governo. Da autoanálise feita pelo Executivo resulta a taxa de concretização média dos trabalhos propostos de 90,3 por cento
O
Governo está muito satisfeito com o trabalho que fez entre 2016 e 2018. É a conclusão que salta à vista da avaliação às metas propostas no Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM (2016 – 2020), divulgado ontem. Segundo a avaliação intercalar, entre 2016 e 2018, a média anual de conclusão dos trabalhos listados no Plano Quinquenal foi de 90 por cento, trabalho essencial para a edificação de “alicerces sólidos para a sustentabilidade futura” do território. A avaliação foi tripartida. De acordo com a autoanálise do Governo, foram cumpridos 90,3 por cento dos objectivos traçados para os anos de 2016, 2017 e 2018. Segundo aquilo que o documento chama “avaliação por terceiros”, que não foram claramente identificados, o Executivo cumpriu com 92,7 por centos das metas. Importa referir que no documento da avaliação intercalar é mencionado o Instituto de Estudos Nacionais da Universidade de Tsinghua, sem se confirmar ser esta a entidade terceira. O documento apresenta ainda uma taxa de 85,6 por cento da execução dos objectivos na avaliação
da sociedade, sem se mencionar qualquer consulta pública. Em termos económicos, o documento de avaliação governativa destaca a trajectória positiva do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que a partir do terceiro trimestre de 2016 volta a terreno positivo e assim se mantém até ao final de 2018. Neste capítulo importa referir que a economia de Macau se encontra em recessão técnica com o registo de contração de 1,8 por cento no segundo trimestre deste ano. Outro indicador analisado foi a inflação, com o documento a salientar a descida significativa da
No capítulo da assistência social, destaque para a taxa de cobertura da pensão de velhice que em 2016 se fixou em 71,79 por cento da população. No final do ano passado, a taxa de cobertura cresceu para 72,47 por cento
taxa. Porém, neste item o período analisado alarga-se até 2014, quando a taxa de inflação se situou em 6,05 por cento. Em 2016 a inflação ficou-se pelos 2,37 por cento, em 2017 a taxa fixou-se nos 1,23 por cento e o ano passado acabou com 3,01 por cento. Quanto ao salário médio dos residentes, entre 2016 e 2018 subiram sempre mil patacas, até se ficarem pelas 20 mil patacas no final do ano passado.
FORA DOS CASINOS
Tendo em conta que um dos objectivos do Executivo é a diversificação económica, o documento divulgado ontem traça também um cenário do desempenho dos sectores não-jogo. Um dos itens avaliados neste capítulo é a percentagem das receitas das actividades não jogo na receita global das concessionárias, que tem vindo a descer todos os anos entre 2016 e 2018, de 10,7 por cento para 9,97 por cento. Ao longo dos três anos analisados, o número de empresas locais contratadas pelas concessionárias aumentou. Em 2016 eram 493 empresas, número que no ano seguinte cresceu para 576, e que culminou num total de 660 empresas no final do ano passado.
No capítulo da assistência social, destaque para a taxa de cobertura da pensão de velhice que em 2016 se fixou em 71,79 por cento da população. No final do ano passado, a taxa de cobertura cresceu para 72,47 por cento, acrescentando-se que a meta para 2020 é 73,55 por cento da população. Quanto ao ensino, a percentagem dos cidadãos-trabalhadores que concluíram o ensino superior em relação ao número total dos cidadãos-trabalhadores aumentou dos 34,33 por cento em 2016 para 38,1 por cento no final do ano passado. O subsídio para aquisição de material escolar aos alunos do ensino superior subiu de 96 milhões em 2016 para 101 milhões no ano passado. Durante o período analisado, o número árvores plantadas em Macau diminuiu para menos de um terço. Em 2016, foram plantadas 683 árvores, número que caiu para 637 no ano seguinte. 2018 foi ano de rescaldo da passagem do super tufão Hato, que afectou severamente a área florestal do território. Ainda assim, no ano passado foram plantadas apenas 218 árvores. João Luz
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10.10.2019 quinta-feira
CHEIAS OBRAS NO PORTO INTERIOR PARCIALMENTE CONCLUÍDAS EM 2021
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BURLAS TELEFÓNICAS VÍTIMAS DESFALCADAS EM 12,28 MILHÕES DE PATACAS
Adivinha quanto perdes
A PJ está preocupada com aumento de burlas telefónicas entre estudantes. As principais armadilhas são os telefonemas em que os burlões se fazem passar por autoridades do Interior ou quando pedem à pessoa para adivinhar quem está a ligar
D
ESDE o início do ano e até Outubro foram registados 84 casos de burlas telefónicas, que resultaram em perdas de 12,28 milhões de patacas, de acordo com os números revelados ontem pela Polícia Judiciária (PJ). Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma redução de 16 casos, que em 2018 tinham sido de 100. Também o montante envolvido teve uma quebra de 2,27 milhões de patacas, uma vez que entre o início do no ano passado e Outubro o valor envolvido tinha sido de 14,55 milhões de patacas. No entanto, a principal preocupação para as autoridades, neste momento, são as burlas que afectam os estudantes e que registam uma tendência de crescimento. O problema foi reconhecido pelo director da Polícia Judiciária (PJ), Sit Chong Meng, que ontem esteve reunido no âmbito do plano “Rede
de Comunicação com as Escolas” para trocar opiniões e ponderar mais medidas de prevenção junto dos estudantess do ensino superior. “Em relação ao número de casos [de burlas] parece haver uma diminuição este ano, mas há um aumento de vítimas que estudam nas universidades. Só este ano há 16 alunos que foram burlados”, informou Sit. Entre os estudantes envolvidos, 11 são do sexo feminino e 5 do masculino, com 15 a frequentarem licenciaturas e uma a frequentar o grau de mestrado. O valor de burlas dos estudantes ascende ao 5 milhões. Numa análise geral a todos sectores da população, a burla a
mais comum é a praticada por pessoas que se fazem passar por funcionários do Governo do Interior. Só este ano, e até Outubro, 27 pessoas foram enganadas desta forma e perderam 8,32 milhões de patacas. No mesmo período do ano passado tinham sido burladas 48 pessoas com perdas de 11,39 milhões de patacas.
“ÉS TU, MÃE?”
A segunda armadilha mais popular passa pelos burlões que ligam às vítimas a perguntar se estas sabem que está a ligar. Quando a vítima responde algo como “és tu, mãe?”, os burlões respondem afirmativamente e depois contam uma história e pedem que seja
“Em relação ao número de casos [de burlas] parece haver uma diminuição este ano, mas há um aumento de vítimas que estudam nas universidades.” SIT CHONG MENG DIRECTOR DA PJ
transferido dinheiro para uma conta bancária. Este tipo de burla causou até Outubro 54 vítimas, num total de 3,89 milhões de patacas. No mesmo período do ano passado tinham sido registados 50 casos, com perdas de 3,13 milhões de patacas. Entre os casos relatados ontem, consta a situação que envolveu uma jovem do Interior que transferiu 1,5 milhões de patacas para ser ilibada de um alegado caso de branqueamento de capitais em Xangai. A chamada era alegadamente das autoridades da cidade chinesa. Porém, depois de fazer a transferência, a mulher contactou directamente as autoridades e percebeu que tinha sido burlada, apresentando queixa junto da polícia local. João Santos Filipe
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Governo planeia concluir parte das obras estrutura de “box-culvert” da Estação Elevatória de Águas Pluviais do Norte do Porto Interior, que promete travar as cheias no Porto Interior, em 2021, uma data que merece a crítica de Lei Chong In, vice-presidente da direcção da Associação de Mútuo Auxílio dos Moradores da Marginal, que espera que as obras possam ser concluídas o mais depressa possível, a fim de evitar um grande impacto no trânsito. “As obras da primeira fase deveriam ter terminado em Maio, mas depois o prazo foi prolongado até Setembro devido à variação das marés. Mas já estamos no décimo mês do ano e a obra ainda não está concluída”, apontou. Lei Chong In referiu que, por causa das obras, as zonas da Rua Nova do Comércio e da Rua do Bispo Enes estão fechadas, o que faz com que os passeios pedonais sejam mais estreitos, o que influência a vida da população e o comércio local. Ao jornal Ou Mun, o responsável disse esperar que o Governo forneça mais informações sobre as obras. Quanto ao incidente ocorrido na zona da Ponte 16, que terá provocado uma interrupção do fornecimento de Internet em alguns edifícios, por causa das escavações no local, Lei Chong In disse ao mesmo jornal que o problema terá ocorrido devido à falta de preparação dos trabalhadores.
10 Carne de porco Preço aumenta partir de hoje
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As duas principais empresas importadoras de produtos alimentares, a Nam Yue e a Nam Kwong, anunciaram em comunicado que o preço da venda de carne de porco vivo aumenta cerca de dez por cento a partir de hoje. De acordo com a Rádio Macau, o preço por cada 60 quilogramas de carne passa a ser de 3.240 patacas. O aumento deve-se à gripe suína que alastra na China e que tem levado a uma escassez no fornecimento deste tipo de carne. Desde o ano passado que os preços de carne de porco na China aumentaram cerca de 50 por cento.
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quinta-feira 10.10.2019
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director da Polícia Judiciária (PJ), Sit Chong Meng, negou que tenha havido envolvimento no reforço de segurança que se registou na Universidade de Macau (UM), após ter sido divul-
PJ DIRECTOR NEGA ENVOLVIMENTO EM SEGURANÇA NA UM
Nós? Nunca... gada uma iniciativa online para apoiar os manifestantes de Hong Kong. O responsável foi questionado sobre o assunto à margem de uma reunião para promover a educação contra burlas telefónicas junto de alunos do ensino superior. “A Polícia Judiciária nunca fez essa operação. Nunca fez”, afirmou, quando lhe foi perguntado se agentes à paisana tinham estado na terça-feira no Campus da UM, depois da página do facebook “Dust. someone.1” ter referido a presença de “estranhos” com auriculares. Faz parte do método das autoridades nunca revelarem o número concreto de agentes à paisana, mesmo quando se trata de manifestações legais. A iniciativa tinha sido lançada no fórum online LIHKG, segundo o jornal universitário Orange, com o objectivo de levar as pessoas de Macau a mostrarem-se solidárias com Hong Kong.
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Este fórum de discussão tem estado na mira do Governo de Carrie Lam, por ser uma das plataformas utilizadas pelos
Philip John Dykes não entende decisão do Tribunal de Última Instância sobre manifestação
uma crise humanitária na Síria e defende-se que as coisas estão terríveis por lá e que o Governo devia recompor-se e actuar para evitar o sofrimento das pessoas... É absurdo considerar que ao exprimir estas preocupações se está interferir numa outra jurisdição. Eu não entendo qual foi a base para a decisão”, acrescentou.
Sit Chong Meng afastou ainda o cenário da PJ estar a tomar medidas preventivas no sentido de evitar qualquer manifestação ou actos para exprimir o apoio aos manifestantes de Hong Kong. “A PJ é uma força de investigação criminal. Só se houver crimes é que vamos actuar”, apontou. “Para já não fomos chamados [a qualquer universidade], nem há crimes relacionados com protestos de Hong Kong”, acrescentou.
e a polícia foi chamada ao local. O IFT negou ter tido responsabilidade na chamada para as autoridades.
“Para já não fomos chamados [a qualquer universidade], nem há crimes relacionados com protestos de Hong Kong”
CASO NO IFT
Enigmas do Direito
HKFP/KRIS CHENG
presidente da Ordem dos Advogados de Hong Kong, Philip John Dykes, afirmou, em entrevista a Macau News Agency, que a argumentação do Tribunal de Última Instância (TUI) que impediu a manifestação a condenar a polícia de Hong Kong “não é lógica”. Segundo o causídico, o artigo 27 da Lei Básica de Macau garante o direito de protesto e manifestação e a autorização desta não implica um apoio do Executivo à causa: “Não consigo entender como é que o meu protesto contra uma coisa, que me diz respeito noutra jurisdição, pode ser visto como um apoio de terceiros em outra jurisdição”, começou por afirmar. Segundo a lógica do TUI, o facto de se autorizar uma manifestação em Macau, faria com que se pudesse interpretar que a RAEM estava também a condenar a polícia de Hong Kong e a interferir nos assuntos da RAEHK. Philip John Dykes também não concordou com a leitura: “Se, por exemplo, houver um protesto em Macau [...] sobre
POLÍCIA JUDICIÁRIA
Depois de ter sido sugerido no fórum LIHKG um dia para apoiar os manifestantes de Hong Kong em Macau, o jornal Orange revelou que a UM reforçou a presença de seguranças. Já a PJ negou ter enviado agentes à paisana para a instituição
Sobre o facto de decisão do TUI ser política, e não com base no direito local, Dykes afirmou que compete às pessoas fazerem o seu julgamento.
PONTOS DE VISTA
Já a advogada local Oriana Pun fez uma leitura diferente da sentença do TUI, que
manifestantes para diversas campanhas, e a sua proibição tem sido ponderada, no outro lado da fronteira.
O caso do reforço dos seguranças na Universidade de Macau registado na terça-feira foi igualmente relatado pelo jornal académico Orange. Porém, à semelhança do HM, que ontem tentou contactar a UM várias vezes, também a publicação não conseguiu obter qualquer reacção da instituição relativa ao aumento da segurança. Esta não foi a primeira vez que o facto de alguns alunos quererem mostrar solidariedade com Hong Kong gerou controvérsia em instituições do ensino superior de Macau. Também no Instituto de Formação Turística, no início do ano lectivo, dois alunos apareceram com cartazes de apoio
apoiou, em declarações ao jornal Ou Mun. Segundo a causídica, se houvesse uma manifestação a condenar a actuação da polícia de Hong Kong as pessoas arriscavam-se a cometer os crimes de difamação, injúria ou calúnia. Oriana considerou ainda que teria de haver primeiro uma decisão de órgãos de poder ou soberania em Hong Kong para que se pudesse organizar uma manifestação deste conteúdo. Porém, a advogada não deu uma resposta definitiva sobre a questão da manifestação poder ser encarada como uma interferência na política de Hong Kong. Oriana explicou que precisava de estudar o caso em profundidade, visto não ser especialista em direito constitucional. A advogada defendeu também que mesmo em Portugal há leis relacionadas com o direito de manifestação que permitem impedir o exercício deste direito, em certas condições. I.N.N. / J.S.F.
SIT CHONG MENG DIRECTOR DA POLÍCIA JUDICIÁRIA
Contudo, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, que no passado foi magistrado, acusou os alunos de terem cometido o crime de manifestação ilegal. Wong disse também que não haveria acusação porque os envolvidos eram jovens e possivelmente não compreendiam o alcance legal dos seus actos. Estes episódios têm levado a questões sobre a liberdade académica em Macau, mas o secretário para o Assuntos Sociais e Cultura,Alexis Tam, já recusou esse cenário. João Santos Filipe joaof@hojemacau.com
WONG WAI MAN JULGAMENTO MARCADO PARA DEZEMBRO
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julgamento do candidato às legislativas Wong Wai Man, conhecido pelas roupas do Partido Comunista e pelos gritos de guerra, foi reagendado para o dia 2 de Dezembro, às 9h45, no Tribunal Judicial de Base (TJB). Em causa estão os acontecimentos de 13 de Setembro de 2017, quando um grupo de pessoas, entre eles Wong Wai Man, tentou impedir uma acção de campanha da lista ligada à associação pró-democrata Novo Macau. Além de Wong, que liderava a lista “ajuda mútua Grassroots”, estão três arguidos no processo, Lee Sio Kuan, líder da lista Ou Mun Kong I, e Lee Kin Yun, que era o candidato número um pela lista Início Democrático. Os
três arguidos são representados pela advogada Kuok I Mei e enfrentam acusações da prática do crime de desobediência qualificada, punido com pena de prisão que pode chegar aos 2 anos ou 240 dias de multa. A situação foi registada quando os arguidos apareceram numa acção da campanha e começaram a incomodar os membros da lista pró-democrata com gritos, insultos, entre outras atitudes. Foi necessária a intervenção da polícia no local para restaurar a normalidade. Inicialmente o julgamento esteve agendado para arrancar a 15 de Julho, mas foi adiado, sem que na altura tivesse havido uma data alternativa. Porém, ontem o portal dos tribunais actualizou a data.
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10.10.2019 quinta-feira
METRO LIGEIRO CONTRATO PREVÊ SUBSÍDIO IGUAL AO ORÇAMENTO DA CONCESSIONÁRIA
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As excursões eram dirigidas a grupos amantes da fotografia e tinham o preço de 400 RMB
HAC SÁ EXCURSÕES TROUXERAM TURISTAS PARA ACAMPAR EM COLOANE
De tenda armada
Um membro do conselho consultivo dos serviços comunitários das ilhas revelou que um portal de turismo vendeu excursões, por 400 RMB, que incluíam campismo em Hac Sá. Durante a semana dourada, mais de uma centena de pessoas fizeram fila por um lugar no parque de campismo
O
alarme já havia soado. Durante a semana dourada, o Parque de Campismo de Hac Sá ficou superlotado, uma tendência que se tem verificado nos últimos anos. De acordo com o jornal Exmoo News, um membro do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários das Ilhas, Wong Leong Kuan, revelou na reunião de terça-feira que um website do
Interior da China organizou excursões durante a semana dourada que incluíram campismo no parque da Praia de Hac Sá. As excursões eram dirigidas a grupos amantes da fotografia e tinham o preço de 400 RMB. Segundo Wong, esta situação contribuiu para o caos em que se tornou a zona, com filas de espera com perto de duas centenas de pessoas em busca de um lugar para
acampar. O membro do conselho consultivo referiu ainda que o portal de internet publicitava as excursões mencionando que seriam dirigidas por um “líder profissional”, expressão que levou Wong a suspeitar tratar-se de um guia ilegal. Wong Leong Kuan lembrou ainda que, de acordo com “as normas reguladoras das agências de viagens e da profissão de guia turístico”, nas viagens turísticas
FALECIMENTO
ANABELA DE OLIVEIRA MIGUENS DIMAS MAIA O Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong Kong cumpre o dever de informar a Comunidade que o velório da senhora D. Anabela de Oliveira Miguens Dimas Maia terá lugar na próxima segunda-feira dia 14 de
outubro, a partir das 17:00 horas, na Casa Funerária Diocesana de Macau, sita na Av. Almirante Lacerda, 190. O funeral terá lugar no dia 15 de outubro às 10:00 horas no Cemitério de S. Miguel Arcanjo em Macau.
colectivas é obrigatório o acompanhamento por guia turístico, sob pena de multa de 40mil a 60 mil patacas.
AUTORIZADO PELO GOVERNO
O anúncio da excursão abordava ainda outro tema polémico no sector do turismo: as pensões ilegais. Segundo Wong Leong Kuan, foi referido que cada visitante apenas precisava de 50 patacas para ficar no “parque de campismo autorizado pelo Governo de Macau”, um local alternativo a hotéis ilegais. O site argumenta que estas são soluções aos milhares de patacas exigidos para se ficar num hotel do território. Para resolver o assunto, a mesma responsável sugeriu o reforço da divulgação de informação nas plataformas turísticas on-line sobre as leis relacionadas a pensões ilegais e guias ilegais. Além disso, Wong espera que o Governo aumente a oferta de hotéis económicos para atrair visitantes de diferentes níveis e áreas para o território. Juana Ng Cen (com J.L.) info@hojemacau.com.mo
OI ontem publicado em Boletim Oficial (BO) um excerto do contrato de concessão assinado entre o Governo e a Sociedade de Metro Ligeiro de Macau. De acordo com o documento, a concessionária, que será responsável por toda a gestão e manutenção deste transporte público, passa a receber do Governo um subsídio igual ao seu orçamento. “Até 30 de Janeiro de cada ano, a concedente (Governo) atribuirá à concessionária um subsídio de valor igual ao seu orçamento de funcionamento interno para esse mesmo ano.” Além disso, o Governo, “anualmente e em prestações mensais, vencíveis no último dia de cada mês, atribui à concessionária um subsídio de valor igual à totalidade dos contratos assumidos com a exploração, operação, conservação e manutenção do Sistema de Metro Ligeiro”. Como retribuição, a Sociedade de Metro Ligeiro tem de pagar à RAEM um montante equivalente a dez por cento do lucro
líquido anual da exploração da concessão. Além disso, “o montante da receita anual proveniente das tarifas da prestação do serviço público, das taxas e outras quantias provenientes das suas actividades acessórias aqui autorizadas revertem para a concessionária como garantia de rendimento da concessão”. A Sociedade de Metro Ligeiro fica ainda “isenta do pagamento de quaisquer impostos, contribuições, taxas ou emolumentos, relativamente aos rendimentos auferidos pela exploração da concessão ou aos actos e contratos que pratiquem, outorguem ou em que intervenham”. O Governo irá reavaliar a assistência financeira concedida à empresa cinco anos depois da entrada em vigor deste contrato, que tem um prazo de validade de dez anos. Um ano antes do seu término, empresa e Governo “reunir-se-ão com o objectivo de acordarem as condições em que poderá ter lugar uma eventual prorrogação do mesmo”, aponta o mesmo documento.
Semana dourada Preço médio por quarto caiu para 1.842 patacas
O preço médio por noite nos hotéis de Macau durante a semana dourada caiu 5,1 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, para as 1.842 patacas por noite. De acordo com os Serviços de Turismo, a taxa média de ocupação ultrapassou os 90 por cento. Até terça-feira, o sector oferecia 41.015 quartos de hotel em hospedaria. Durante a semana dourada, o preço médio de um quarto de hotel de cinco estrelas caiu 1,5 por cento para 2.235,50 patacas. Os preços nos hotéis de quatro estrelas desceram ainda mais, 22,7 por cento, para 1.195 patacas por noite. No que diz respeito à taxa média de ocupação durante a semana dourada deste ano aumentou de 94 para 95,2 por cento este ano.
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AL como se previa, os lucros dos casinos de Macau durante a semana dourada não devem deslumbrar, ou fazer esquecer o ano conturbado para a indústria do jogo. Num comunicado emitido terça-feira, citado pelo portal GGRAsia, a JP Morgan Securities (Asia Pacific) Ltd referiu que “a procura durante a semana dourada foi pouco excitante, tal como esperávamos”. O comunicado assinado pelos analistas DS Kim, Jeremy An e Derek Choi revela que “de acordo com a análise, os sete dias da semana dourada geraram uma média de lucros diários de cerca de 1,15 mil milhões de patacas, o que representa uma queda de 12 por cento em relação ao mesmo período de 2018, quando os lucros se fixaram em 1,3 mil milhões de patacas por dia”. Os analistas acrescentam ainda que o ano passado foi atípico em termos de distriPUB
Nem tudo o que reluz é ouro Analistas esperam resultados “pouco excitantes” do jogo na semana dourada
buição dos ganhos apurados em Outubro. No início, as concessionárias tiveram um arranque forte, mas terminaram com menor volume de lucros. Os especialistas da JP Morgan justificaram as quebras na recta final com a visita de Xi Jinping à província de Guangdong no fim do mês.
FUGA À NORMA
JP Morgan Securities (Asia Pacific) Ltd “Durante a semana dourada a média de lucros diários foi de 1,15 mil milhões de patacas, o que representa uma queda de 12 por cento em relação ao mesmo período de 2018, quando os lucros se fixaram em 1,3 mil milhões de patacas por dia”.
A semana dourada tem sido, ao longo dos anos, uma época que representa um pico para os lucros das concessionárias. Algo que não se verificou este ano devido à influência da desaceleração do crescimento da economia chinesa e, particularmente, ao crescente escrutínio das autoridades nacionais face aos junkets. Analistas da Nomura lançaram esta semana uma
estimativa que discrimina o desempenho durante a semana dourada por segmentos de mercado. A análise indica um crescimento das receitas diárias apuradas pelo segmento de massas entre os 8 e os 10 por cento. Previsão positiva que não chega para compensar a quebra no crescimento das receitas do sector VIP na ordem entre 22 e 24 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. A consultora Sanford C. Bernstein Ltd dá outro contexto às previsões, referindo que apesar de se prever que a ocupação hoteleira seja sólida a qualidade da clientela diminuiu. “Com base em informações prestadas por membros da indústria, prevemos o resultado sector das apostas VIP tenha sido morno e que assim se manterá durante o resto do mês”, refere o comunicado.
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já a partir desta sexta-feira, 11, e até dia 26, que tem lugar no Centro de Design de Macau mais uma edição da Semana do Design de Macau, que este ano se realiza com uma parceria entre a Associação Cultural Portuguesa (ACPT) e a Associação de Designers de Macau, liderada pelo artista James Chu. A curadoria do projecto está a cargo do português Emanuel Barbosa, fundador da ACPT e profundo conhecedor da expansão da criatividade portuguesa na China. De Portugal chegam os estúdios R2 Design, This is Pacifica, que protagoniza uma palestra a realizar no sábado, 12, Drop e Non-Verbal Club. Estes espaços representam o design de comunicação, enquanto Toni Grilo representará o design de objectos e mobiliário. De Macau vão estar representados os estúdios de design MO-DESIGN, Chiii, Todot, McCow e Untitled Design. Ao HM, Emanuel Barbosa assegura que esta iniciativa partiu de uma ideia de James Chu e poderá passar por Portugal. “Em Portugal esta exposição irá passar por diversas cidades. A ideia será desenvolver uma futura plataforma para promover e divulgar projectos conjuntos.” No que diz respeito aos estúdios portugueses representados, Emanuel Barbosa assume que “revelam uma enorme variedade e um nível de excelência que rivaliza com o que de melhor se faz em qualquer ponto do mundo”. Já os estúdios de design de Macau, “desenvolvem um excelente trabalho, enraizado na sua cultura”. “A natureza da economia de Macau molda a área de actuação dos seus designers, tal como acontece em Portugal”, acrescentou. Esta será a primeira vez que Emanuel Barbosa desenvolve um projecto em Macau, lugar que sempre lhe despertou paixões. Na
Cinco x Cinco SEMANA DE DESIGN ESTÚDIOS PORTUGUESES MARCAM PRESENÇA EM MACAU
Com curadoria de Emanuel Barbosa, designer e docente, e iniciativa de James Chu, presidente da Associação de Design de Macau, arranca esta sexta-feira mais uma Semana do Design de Macau que este ano coloca lado a lado cinco estúdios portugueses e cinco sediados no território. Ao HM, Emanuel Barbosa assegura que esta exposição vai também passar por Portugal
A
33.a edição do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) apresenta este domingo o concerto “Encontro Musical entre o Oriente e o Ocidente”. De acordo com uma nota oficial, Liu Sha, director musical e maestro principal da Orquestra Chinesa de Macau, e o pianista chinês Sun Yingdi, juntar-se-ão para apresentar Rhapsody in Blue de George
China, o designer e professor universitário sempre esteve ligado à promoção da criatividade portuguesa, até porque a ACPT “tem como objectivo a promoção e intercâmbio de projectos culturais e empresariais portugueses com a China e outros países de influência histórica ou cultural portuguesa”, contou. Em Pequim, Emanuel Barbosa colaborou com a Semana de Design de Pequim e a CAFA – Central Academy of Fine Arts. A China representa para o design português uma oportunidade, apesar das diferenças culturais, conta. “É um novo mundo. A escala e variedade de oportunidades são inigualáveis. No entanto, a cultura
Dá-me música FIMM apresenta géneros musicais diversificados esta semana
Gershwin, a famosa obra onde o jazz encontra a música clássica. Dong Xiaolin, virtuoso intérprete de Pipa apresentará o concerto para Pipa “Canção para o Céu e a Terra” e o aclamado tenor Xue Haoyin
interpretará Nessun Dorma, a mais famosa ária da ópera italiana Turandot, e ainda a música chinesa Busca. Esta sexta-feira o FIMM apresenta também os concertos de Billy Childs Quartet
e Dorian Wind Quintet. O pianista e compositor de jazz Billy Childs, que recebeu 16 nomeações e cinco prémios Grammy, vai dar as mãos a
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Toni Grilo, o último integrante do grupo de designers portugueses, é também director artístico e nasceu em França em 1979, tendo criado a sua primeira agência em Portugal em 2005, chamada “Objection”, em parceria com Elder Monteiro. Em 2008 Toni Grilo apostou na abertura de um espaço próprio, que se dedica à criação de produtos, mobílias e cenografia.
“A natureza da economia de Macau molda a área de actuação dos seus designers, tal como acontece em Portugal.” EMANUEL BARBOSA CURADOR
Pedro Serrão, Pedro Mesquita e Filipe Mesquita são os nomes por detrás do This is Pacifica, o estúdio que protagoniza a palestra deste sábado. Criado em 2007 na cidade do Porto, este estúdio trabalha essencialmente nas áreas de branding, design gráfico, design interactivo ou marketing, entre outras. Mais experiência de mercado tem o estúdio Drop, criado em 1996 por João Faria também no norte de Portugal, em Matosinhos. Este estúdio dedica-se sobretudo à reali-
zação de produções culturais na área da música, design de álbuns e posters. Entre 2002 e 2010, João Faria foi o responsável pela imagem do Teatro Nacional São João, no Porto. Também do Porto chega o estúdio Non-verbal Club que, além de realizar projectos na área do design, faz também trabalho na área da consultoria de comunicação. R2 é outro estúdio do Porto com alguns prémios no currículo que estará presente na Semana do Design de Macau. O trabalho, na área do design do ambiente, tem um foco no teatro, arte contemporânea e arquitectura. O R2 foi instituído por Defossez Ramalho, de França, e Artur Rebelo, do Porto.
outros três músicos, apresentando o concerto Billy Childs Quartet no Grande Auditório do Centro Cultural de Macau. Reconhecido pelas suas apresentações polidas e apaixonadas, o Dorian Wing Quintet é conhecido mundialmente como um dos mais proeminentes e activos conjuntos da música de câmara, apresentando várias obras-primas no Teatro Dom Pedro V.
Ao som de guitarra, contrabaixo, violino, acordeão, bandolim e percussão, o grupo “Os Quatro e Meia” tem procurado agregar o mais variado manancial de música portuguesa de qualidade, do pop-rock ao fado, apresentando-se com o espectáculo “Pontos nos Is” no sábado, no pequeno auditório do Centro Cultural de Macau. O cartaz do FIMM apresenta ainda as palestras “Co-
chinesa é muito diferente e é necessária alguma capacidade de adaptação”, apontou Emanuel Barbosa.
PORTO CRIATIVO
Emanuel Barbosa, por sua vez, fez um doutoramento na Universidade Politécnica de Valência, em Espanha, tendo iniciado a sua carreira de docente em design na Escola Superior de Arquitectura e Design (ESAD), localizada em Matosinhos, em 1998. De 2012 a 2016 foi Director Criativo da revista de design e arquitectura “Casa International”, publicada em Pequim, que promoveu na China o que se faz em termos criativos em Portugal, ao publicar entrevistas, projectos e artigos de nomes como Siza Vieira, Vhils, Ana Aragão ou Eduardo Souto Moura, entre outros. Na Semana do Design de Pequim, Emanuel Barbosa foi responsável pela presença do projecto “Art on Chairs” nos anos de 2014 e 2015, tendo desenvolvido diversos projectos de intercâmbio educativo entre a China e Portugal. O seu trabalho tem sido reconhecido e divulgado por diversas publicações internacionais desde 1995. A.S.S.
nheça-os-Artistas: Conversa com Billy Childs” e “Conheça-os-Artistas: Sessão sobre Música de Pipa com Dong Xiaolin”, que se realizam esta quinta e sexta-feira e que permitem aos participantes “trocar ideias com os músicos e conhecer melhor as suas jornadas musicais”.
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Marroio-Negro Nome botânico: Ballota nigra L. Sinonímia científica: Ballota foetida Lam. Família: Lamiaceae (Labiatae). Nomes populares: Balota; Ervadas-lamparinas; Erva-dos-pavios; Marroio-fétido. Originário da Europa, onde cresce em estado selvagem, o Marroio-negro encontra-se com frequência nos arredores das zonas habitadas, sebes, muros, bermas dos caminhos, terrenos incultos e entulhos. Trata-se de uma herbácea muito vilosa, de caule erecto, ramificado e com muitas folhas, que pode alcançar um metro de altura; possui folhas ovais, dentadas, rugosas e macias, e flores de cor rosa ou púrpura, agrupadas nas axilas das folhas superiores; desprende um cheiro intenso e fétido característico, sendo uma das raras plantas malcheirosas desta família (a que pertencem o Alecrim e a Alfazema, por exemplo). Não sendo geralmente apreciado pelo gado, oferece um excelente néctar às abelhas. Os cálices das flores depois de secos eram usados antigamente como pavio nas lamparinas de azeite, fazendo jus aos seus nomes populares. Enquanto planta medicinal, o Marroio-negro é conhecido desde a Antiguidade. Dioscórides, célebre médico grego do século I, recomendava a aplicação de um bálsamo obtido das folhas secas e mel nas feridas e úlceras infectadas e um emplastro feito com as folhas e sal para tratar as mordeduras de cães. Foi elogiado por vários outros médicos ao longo da História, como Hermann Boerhaave, considerado o fundador da medicina clínica e do hospital académico moderno, que no século XVIII o indicava contra a histeria e as nevroses. Actualmente é pouco usado, devido ao seu odor e sabor desagradáveis. Em fitoterapia são usadas as partes aéreas floridas.
nervosas, psíquicas ou psicossomáticas, como na ansiedade, irritabilidade, nervosismo, insónia, stress, estados de angústia, desânimo ou inquietação, depressão, neurastenia, enxaquecas e zumbidos nos ouvidos. Foi durante muito tempo considerado um remédio para convulsões, histeria e hipocondria. Planta amarga, o Marroio-negro é um tónico do estômago e estimula a secreção biliar, podendo triplicar o seu fluxo. É usado para prevenir ou atenuar as náuseas e vómitos, nas más digestões de origem nervosa, espasmos e cólicas gastrintestinais e gastrite; também é útil nos vermes intestinais que ajuda a expulsar. Tem acção calmante da tosse e favorece a eliminação de mucosidades; é um antiespasmódico eficaz para a tosse irritativa, e um excelente remédio para a tosse convulsa, reduzindo a frequência e a intensidade dos espasmos; pode ainda ser benéfico na asma e na bronquite. O Marroio-negro é também um sedativo do coração, com diminuição do ritmo cardíaco, e um hipotensor, sendo recomendado no tratamento da arritmia e hipertensão arterial. Exerce um efeito regularizador sobre o ciclo menstrual (quantidade, periodicidade e dores associadas) e diminui a tensão nervosa que a companha a menopausa. Outras propriedades Ocasionalmente é tomado na artrite e gota, retenção de líquidos e cãibras, pelas propriedades diuréticas e depurativas do organismo. Em uso externo, são empregues as compressas para aliviar as dores reumáticas.
Composição Lactonas diterpénicas (balonigrina, balonigrona, balotinona), ácidos fenólicos (cafeico, clorogénico, ferúlico), flavonóides, taninos, saponósidos, fitosteróis e vestígios de óleo essencial; contém ainda colina e sais minerais. Cheiro a bolor e fuligem, sabor acre e amargo.
Como tomar Uso interno: Infusão: 1 colher de chá de partes aéreas floridas por chávena de água fervente. Tomar 3 vezes por dia. A infusão tem que ser aromatizada devido ao seu gosto e odor desagradáveis. Tintura: é a forma galénica mais bem tolerada. Além disso, os seus princípios activos são melhor dissolvidos no álcool. Em fórmulas líquidas ou em cápsulas, pelos seus efeitos sobre o sistema nervoso central.
Acção terapêutica Com propriedades sedativas e antiespasmódicas notáveis, o Marroio-negro é ainda um tónico do sistema nervoso, acalmando as pessoas agitadas, mas estimulando-as em caso de fadiga. É recomendado em vários tipos de perturbações
Precauções Não deve ser tomada durante a gravidez e a lactação, devido à sua acção sobre o ciclo menstrual. Não são conhecidos efeitos adversos, nem foram descritas interacções. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
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Huawei “Somos uma empresa 100% privada, detida pelos seus funcionários, e a cibersegurança é uma das nossas principais prioridades.”
HUAWEI SATISFAÇÃO POR UE AVALIAR RISCOS SEM VISAR “PAÍSES OU EMPRESAS ESPECÍFICAS”
Guiados só pelos factos
A
tecnológica chinesa Huawei mostrou-se “satisfeita” com a avaliação ontem divulgada sobre riscos nas redes móveis de quinta geração (5G) na União Europeia
(UE), por não visar “países ou empresas específicas”, pedindo que Bruxelas se “guie por factos”. “É com satisfação que observamos que a UE cumpriu o seu compromisso de adoptar uma abordagem
baseada em evidências, analisando minuciosamente os riscos, em vez de visar específicos países ou actores”, refere a Huawei Europa numa declaração enviada à agência Lusa. A reação da companhia
PUB
ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 45/P/19 Faz-se público que, por despacho do Ex.mo Senhor Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, de 17 de Setembro de 2019, se encontra aberto o Concurso Público para «Fornecimento de equipamentos laboratoriais destinados a exames culturais e testes bacteriológicos dos componentes sanguíneos cedidos como contrapartida do fornecimento de frascos de cultura bacteriológica ao Centro de Transfusões de Sangue dos Serviços de Saúde», cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 9 de Outubro de 2019, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Economato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP43,00 (quarenta e três patacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de pagamento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde) ou ainda mediante a transferência gratuita de ficheiros pela internet na página electrónica dos S.S. (www.ssm. gov.mo ). As propostas serão entregues na Secção de Expediente Geral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,30 horas do dia 8 de Novembro de 2019. O acto público deste concurso terá lugar no dia 11 de Novembro de 2019, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau. A admissão a concurso depende da prestação de uma caução provisória no valor de MOP36.400,00 (trinta e seis mil e quatrocentas patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente. Serviços de Saúde, aos 3 de Outubro de 2019 O Director dos Serviços Lei Chin Ion
NOTIFICAÇÃO N.° 99/2019 ----- Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à notificação pessoal, pelo presente notifique-se a senhora CHEN XIAOMIN (portadora do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C9916xxxx), que na sequência do Auto de Notícia n.º 266/DI/2019, levantado pela DST em 10.05.2019, por infracção ao disposto do n.° 2 do artigo 64.° do Decreto-Lei n.° 48/98/M, de 3 de Novembro com a nova redacção dada pelo Regulamento Administrativo n.º 42/2004, a habilitação do exercício da profissão de guia turístico, em conformidade com o previsto no n.° 1 do artigo 83.° do diploma acima referido, é punível com multa de $20,000.00 a $30,000.00 (vinte mil a trinta mil patacas). ------------------------------------------------------------- Nos termos do artigo 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, o infractor deve apresentar audiência escrita, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente notificação. --------------------------------- A falta de apresentação de audiência até ao final do prazo fixado sem qualquer justificação, não constitui motivo de adiamento do procedimento sancionatório, pelo que não sendo apresentada a audiência o procedimento sancionatório correrá os seus trâmites normais. ----------------------------------------------------------- O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------- Direcção dos Serviços de Turismo, aos 13 de Setembro de 2019. O Director dos Serviços, Subst.o, Cheng Wai Tong
surge depois da divulgação de um relatório da Comissão Europeia, que revela que os Estados-membros da UE detectaram, numa análise feita aos riscos nacionais relativos às redes móveis 5G, ameaças de espionagem ou de ciberataques vindas, nomeadamente, de países terceiros. “Somos uma empresa 100% privada, detida pelos seus funcionários, e a cibersegurança é uma das nossas principais prioridades: o nosso sistema completo de garantia de cibersegurança abrange todas as áreas do processo e nosso sólido histórico comprova que isso funciona”, argumenta a Huawei. A companhia adianta esperar, “à medida que a UE passa da identificação dos riscos [com o 5G] para a criação de um necessário quadro de
segurança comum para gerir e mitigar esses riscos”, que “este trabalho continue a ser guiado pela mesma abordagem baseada nos factos”.
LICENÇA PARA OPERAR
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias. Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no 5G já motivou também preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em Março deste ano, a fazer recomendações de actuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados. Bruxelas pediu, também nessa altura, que cada país
analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até Junho passado, seguindo-se depois uma avaliação geral em toda a UE, ontem divulgada. O relatório ontem publicado por Bruxelas reúne as conclusões a que os países da UE chegaram nessas avaliações nacionais, indicando que “a introdução das redes 5G ocorre no âmbito de um complexo cenário global de ameaças à segurança cibernética”. “No geral, as ameaças consideradas mais relevantes” e apontadas no relatório estão “relacionadas com o comprometimento da confidencialidade, da disponibilidade e da integridade” dos dados nestes países, indica o executivo comunitário no documento, precisando que um desses riscos se refere à “espionagem de tráfego ou de dados através da infraestrutura das redes 5G”. A Comissão nota, no relatório, que “em particular os países terceiros mais hostis podem exercer pressão sobre os fornecedores de 5G a fim de concretizarem ciberataques para atenderem aos seus interesses nacionais”. Isto porque estes países de fora da UE têm “capacidades - intenção e recursos - para realizar ataques contra redes de telecomunicações dos Estados-membros da UE”, acrescenta. Segundo Bruxelas, “as mudanças tecnológicas introduzidas com o 5G irão aumentar a dimensão de um [possível] ataque e o número de pontos de entrada com potencial para os invasores”. Até final do ano, os Estados-membros da UE vão, então, encontrar medidas comuns para mitigar estas ameaças.
HONG KONG DIÁRIO DO POVO ATACA APPLE POR ‘APP’ QUE AJUDA MANIFESTANTES
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Apple tornou-se ontem a mais recente empresa a ser criticada pela imprensa oficial chinesa no âmbito dos protestos em Hong Kong, por permitir na sua loja uma aplicação que difunde coordenadas da polícia durante as manifestações. O Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), acusou a ‘app’ HKmap.live, desenvolvido por um fornecedor externo e disponível na loja electrónica da Apple, de “facilitar comportamento ilegal”.
Em editorial, o jornal questionou ainda se a gigante norte-americana está a “guiar os bandidos de Hong Kong”. Pequim pressionou já empresas como a companhia aérea Cathay Pacific Airways de Hong Kong e a liga profissional norte-americana de basquetebol a tomarem posições pró-governo, nos protestos que há quatro meses afectam a região. O HKmap.live permite que os utilizadores relatem a localização da polícia, o uso de gás lacrimogéneo e outros
detalhes, que são adicionados a um mapa actualizado regularmente. Uma outra versão está também disponível para telemóveis que usam o sistema operacional Android, da Google. “A Apple entrou nisto por conta própria e misturou negócios com política e actividade comercial com actividades ilegais”, acusou o Diário do Povo. “Esta imprudência causará muitos problemas à Apple”, acrescentou.
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quinta-feira 10.10.2019
Escolha dá polémica PE acusado de “apoiar o terrorismo” com nomeação de activista uigure
Vistos Washington censurado por “intenções sombrias”
O Governo chinês denunciou ontem o que considera “intenções sombrias” dos Estados Unidos, após Washington ter anunciado que vai restringir a emissão de vistos a funcionários chineses ligados às detenções extrajudiciais de muçulmanos na China. A atitude dos Estados Unidos em relação à situação em Xinjiang “apenas expõe as suas intenções sinistras perante o povo chinês e a comunidade internacional”, afirmou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou a China de executar uma “campanha altamente repressiva” contra os uigures e outros grupos minoritários de origem muçulmana na região de Xinjiang, incluindo detenção em massa, vigilância com recurso a alta tecnologia e “controlo draconiano” sobre a expressão cultural e religiosa.
A
China condenou firmemente ontem a nomeação pelo Parlamento Europeu (PE) do intelectual e activista uigure detido Ilham Tohti para o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, acusando a instituição europeia de “apoiar o terrorismo”. “Ele elogiou publicamente heróis extremistas que cometeram actos terroristas”, declarou o porta-voz da diplomacia chinesa, Geng Shuang, um dia depois do Parlamento Europeu ter anunciado os finalistas do Prémio Sakharov, entre os quais consta o activista uigure. Antigo professor universitário em Pequim, Ilham Tohti foi condenado a prisão perpétua em 2014 pela justiça chinesa por separatismo, no seguimento de um julgamento que suscitou protestos no estrangeiro.
Ilham Tohti é membro da etnia muçulmana uigure, maioritária em Xinjiang, uma vasta região no noroeste da China que durante anos foi atingida por vários
atentados e que actualmente está sob um forte controlo policial. “Ele também utilizou a sua condição de professor para instigar ou forçar algu-
mas pessoas a participarem nas actividades do Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (Etim, na sigla em inglês) no estrangeiro”, acrescentou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. O Etim é um grupo islâmico extremista que luta pela independência de Xinjiang, sendo classificado, por um amplo número de países, como uma organização terrorista. “Exigimos que (o Parlamento Europeu) faça uma distinção clara entre o bem e o mal, retire a nomeação e páre de apoiar o separatismo e o terrorismo”, declarou Geng Shuang.
OUTRAS DISTINÇÕES
No final de Setembro, o activista foi agraciado com o Prémio Direitos Humanos Václav Havel, distinção atribuída pelo Conselho da Europa. A iniciativa do Conselho da Europa também foi fortemente condenada pela diplomacia chinesa. “Ao acenar com o pretexto dos Direitos Humanos e Liberdade, o Conselho da Europa justifica um separa-
tista que apoia a violência e o terrorismo”, denunciou a diplomacia chinesa. “Isso profana e ridiculariza as noções de Estado de Direito e de Direitos Humanos”, reforçou. O Parlamento Europeu atribui anualmente, desde 1988, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento a indivíduos ou organizações que se destacam pela sua contribuição para a defesa dos direitos humanos e da democracia. A par de Ilham Tohti, três activistas brasileiras - num conjunto que inclui Marielle Franco, assassinada em 2018 -, e o grupo “The Restorers”, composto por cinco estudantes do Quénia que desenvolveram uma aplicação móvel para promover a luta contra a mutilação genital feminina, constam na lista de finalistas da edição de 2019 do Prémio Sakharov. O vencedor da edição deste ano será conhecido a 24 de Outubro e a cerimónia de entrega do galardão está prevista para 18 de Dezembro, em Estrasburgo.
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ANÚNCIO
ANÚNCIO
Proc. Execução Ordinária n.º
Exequente:
CV2-16-0229-CEO
2º Juízo Cível
BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A. (中國工商銀行 (澳門)股份有限公司), com sede em Macau, na Av. da Amizade, nº555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar.
Executado: Lou Kin Hang (盧健恆), divorciado, com última residência conhecida em Macau, na Rua Central da Areia Preta, nº 135 – edf. Polytec Garden, bloco VI, 30º andar AP, ora ausente em parte incerta. Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos dos executados acima indicados, para no prazo de Quinze dias, que começa a correr depois de finda a dilação de Vinte Dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar o pagamento dos seus créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real. IMÓVEL PENHORADO Denominação: Fracção autónoma designada por “A5” do 5º andar “A” Situação: Rua Nova de S. Lázaro s/n Fim: Para habitação Número de matriz: artº 073845 Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 22839 do Livro B. Aos 23 de Setembro de 2019.
Execução Ordinária n.º Exequente:
Executado:
CV2-16-0233-CEO
2º Juízo Cível
BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A. (中國工商銀行 (澳門)股份有限公 司), com sede em Macau, na Avenida da Amizade, nº555 – Macau Landmark, Torre ICBC, 18º andar. LAO IOK PANG (劉煜鵬), casado, com último endereço conhecida em Macau, na Rua da Paris, nº 10-38, - Edifício “Centro Comercial Cheng Feng”, 8º andar “A”, ora ausente em parte incerta.
Nos autos supra identificados, foi designado o dia 26 de Novembro de 2019, pelas 11:00 horas, neste Tribunal, para a venda por meio de propostas em carta fechada, o bem penhorado abaixo identificado. Imóvel penhorado Denominação da fracção autónoma: “A3”, do 3º andar “A”. Situação: Em Macau, na Rua Nova de S. Lázaro, S/N. Fim: Para habitação. Número de matriz: 073845.Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 22839, do Livro B.Número de inscrição do proprietário: 306717G.Valor a nunciar para a venda: MOP$4.850.400,00 (Quatro Milhões, Oitocentas e Cinquenta Mil, Quatrocentas Patacas). Os preços das propostas devem ser superior aos valores a anunciar acima indicados. Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada, 2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-16-0233-CEO”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 25 de Novembro de 2019, até 17:45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas. É fiel depositário Sr. WONG SENG FONG, residente em Macau, Taipa, na Rua de Nam Keng, Nova City, Torre 4, 13º andar C, que está obrigado, durante o prazo dos edital e anúncio, a mostrar o bem imóvel a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do imóvel supra referido, podem, querendo, exercerem o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do artº 787º do C.P.C.M. Macau, aos 27 de Setembro de 2019.
Assine-o TELEFONE 28752401 | FAX 28752405 E-MAIL info@hojemacau.com.mo
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10.10.2019 quinta-feira
De tudo houve um comeco ... e tudo errou... ´
Estendais Gisela Casimiro
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Á um ano, numa visita a Sintra para visitar a vernissage de uma amiga pintora, a que estava comigo perguntou, enquanto eu tentava fotografá-la e lhe dava dicas para se embrenhar mais no meio de umas flores brancas que encontrámos pelo caminho: “Gisela, o que fazes com as tuas estrias?” Respondi: “Aceito-as. Digo bom dia e boa noite.” Recentemente, uma das minhas amigas, que é professora de yoga e, claro, super fit, posou para uma marca e acho que ainda não lhe disse o quanto gostei do facto de em nada ter coberto as cicatrizes de uma operação para lhe salvar a vida, ainda bebé. O instagram pulula de posts de Kim Kardashian (conhecida por mil coisas mas a mais divertida, sem dúvida, a sua cara feia de choro) a promover produtos e serviços de marca própria, familiar ou alheia. Mais recentemente porém, Kim tem divulgado a sua maquilhagem de corpo, que usa para cobrir a psoríase, mas da qual vemos também um vídeo atenuando as veias azuladas e a pele rugosa de sua avó. A modelo Salem Mitchell é dona de um dos memes mais engraçados de sempre: segurando um cacho de bananas pintalgadas junto do seu rosto pejado de sardas. Do pesado gozo da comunidade online surgiu uma carreira de sucesso em tenra idade. Outra modelo negra, Winnie Harlow, que aliás colaborou recentemente com Kim numa linha de maquilhagem de rosto, é conhecida por ter vitiligo, e tem vindo a desafiar positivamente todas as ideias de beleza convencionais de que pelo menos alguns de nós já se cansaram. Uma das minhas fotos preferidas do instagram, de sempre, foi postada no dia dezoito de Agosto deste ano, pela famosa modelo plus-size Ashley Graham. Um foto nua, de lado, mão de manicure vermelha impecável e aliança a tapar o mamilo. Vemos dobras, peito, estrias e marcas de quem está sentada de lado, perna encostada à barriga. Uma foto de quem está, também grávida, antes de a barriga arredondar e ganhar espaço, ou seja, antes de Graham ficar ainda mais bonita. A foto soma até agora mais de um milhão e setecentos mil gostos, inclusive o meu, que já a revisitei inúmeras vezes até me decidir tirar e postar uma igual, de um lado e de outro. Ashley é uma das mais conhecidas modelos plus-size, e tem agraciado as capas e passarelas de revistas e marcas notórias em todo o mundo, inclusive a da edição de fatos de banho da Sports Illustrated ou da Vogue. Ashley
Beleza Feia
é uma daquelas raparigas que deve, ao longo da vida, ter ouvido comentários sobre como tinha tanto estilo e um rosto tão lindo... para uma rapariga gorda,
isto é. Deve, até, ter ouvido que, se emagrecesse, poderia ser modelo. Eu sou só uma rapariga comum que uma vez engordou 60kg e depois aprendeu muitas
Um dia somos adolescentes e perguntam-nos se nunca pensámos ser modelos. Outro dia estamos na lista de espera para uma cirurgia bariátrica
lições, sobretudo sobre si mesma. Um dia somos adolescentes e perguntam-nos se nunca pensámos ser modelos. Outro dia estamos na lista de espera para uma cirurgia bariátrica. Anos depois, alguém nos pergunta se não queremos posar para uma marca de bikinis sustentáveis e depois de muito hesitarmos e nos torturarmos, aceitamos. A pessoa que eu mais quero influenciar ainda sou eu própria e este mês, um ano depois de ter parado, voltei ao ginásio. No entanto, é irónico como certa vez convenci uns seis colegas de trabalho a inscreverem-se e que todos tenham continuado até agora. Lutas. Outra celebridade que tem ganhado fãs em todo o lado é a já mítica Lizzo. Num dos seus singles do último álbum colabora com uma Missy Elliot visivelmente mais magra, olhos amendoados sobressaindo, sempre fiel às roupas desportivas, sempre dançante, sempre uma rapper maravilhosa. A Supa Dupa Fly tem lutado com o peso ao longo dos anos, e pergunto-me o que pensará sobre esta fase em que as coisas parecem estar, lentamente, a mudar. O meu instagram reflecte alguma aceitação e celebração, no entanto as partilhas são pouco as de cada uma e das mulheres reais da sua vida e mais de estranhas e famosas. Ou seja, aceitamos apenas quem já foi aceite e validado pela internet? Porque é que não celebramos a mãe, amiga, irmã, vizinha, colega de trabalho mesmo ali ao lado? Porque podemos cruzar-nos connosco num espelho perto delas? A aceitação é para quem, afinal? Desde a estreia de Euphoria, a série do momento sobre adolescentes, Barbie Ferreira é a porta-estandarte da geração mais jovem, sendo, a par de Lizzo, talvez a mais cool desta onda, não houvesse uma cena, na série, em que a sua personagem dança sensualmente em modo twerk ao som de, precisamente, “Tempo” e do verso Slow songs ain’t for skinny hoes. Thelonius Monk talvez concordasse. Finalmente, volto aos meus primeiros amores plus-size: Nadia Aboulhosn e Gaby Fresh, divas e amigas: bloggers, modelos, designers, entusiastas do exercício. Porque, sim, todas estas moças plus-size passam, aparentemente, tantas horas no ginásio como a própria Kim Kardashian que, como Hemingway fazia, se pesa todos os dias. A diferença estará, talvez, na alimentação. A semelhança maior? No amor. Algumas raparigas são maiores que outras, diziam os Smiths. Não vejo mal nenhum nisso.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quinta-feira 10.10.2019
diário de próspero António Cabrita
A presença e o sentido
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gente lê a ameaça e não acredita: “Como disse antes, e apenas para reiterar, caso a Turquia faça algo que eu, na minha grande e inigualável sabedoria, considere que está fora dos limites, destruirei e aniquilarei totalmente a economia da Turquia”. Quem fala é Mao Tsé Tung, Deng Xiaoping, Kim Jong-un? Não, foi um republicano, Donald Trump, e um imemorial cansaço abate-se sobre qualquer linha de discernimento, na tentativa de reconhecer a partir de que momento se aceitou esta retórica política como legítima e indelével. É o mesmo senhor que está destrambelhado e numa fuga para a frente, em jeito de paródia, já pede publicamente às outras nações que investiguem os seus adversários políticos. Há uma ténia que rói a democracia, que a enfraquece por dentro e me faz lembrar um poema do mexicano José Emílo Pacheco, que incide sobre a bicha Solitária: «No jardim-de-infância nenhuma história /me impressionou como o relato de Pedro./ Durante anos / levou no seu ventre Pedro uma ténia, / uma serpente branca, uma solitária,/ albina e cega — a qual também era Pedro. / Assim levamos todos muito cá dentro a morte / sem lhe conhecermos a forma até que um dia /ela sai do seu esconderijo e diz: vamo-nos?». O drama é que quem aceita que os líderes políticos cheguem a este nível de auto-maravilhamento sedativo esquece o que outro poema do Pacheco prenuncia, Às térmitas: «Às térmitas, diz o seu Senhor:/ Derrubai essa casa! /E esfalfam-se não sei quantas gerações/ a perfurar, a verrumar sem sossego. /Formigas brancas como o Mal inocente,/escravas cegas e de sombra incógnita,/dá-lhe que dá-lhe em nome do dever,/ muito por baixo da alfombra /sem exigir aplauso nem recompensa /e cada qual conforme o seu minúsculo troço. /Milhões de térmitas que se afanarão/até que chegue o dia em que de repente/caia o edifício, feito pó./ Então as térmitas perecerão /sepultadas na obra da sua vida.» Não serve de consolo verificar que hoje os media expõem tudo e que, como na pornografia, a partir do instante em que se mete o pau na boca não, há como querer enganar a vista a dizer que é o de selfie - não há consolo. O pior é que não tenho nenhum aluno que faça a menor menção a esta anormalidade, que mostre sinal de ter entendido como a cavilosa afirmação de Trump, que aqui tenta forçar os limites do seu poder hipnótico, é uma colher envenenada a mexer o caldeirão do seu futuro; perdidos entre o rap e a miséria do seu quotidianozinho alheiam-se. Estamos lixados. Alheiam-se dos assuntos de fora e de dentro: nenhum aluno me comen-
O pior é que não tenho nenhum aluno que faça a menor menção a esta anormalidade, que mostre sinal de ter entendido como a cavilosa afirmação de Trump, que aqui tenta forçar os limites do seu poder hipnótico, é uma colher envenenada a mexer o caldeirão do seu futuro; perdidos entre o rap e a miséria do seu quotidianozinho alheiam-se. Estamos lixados ta o assassinato de Anastácio Matavel, director executivo do Fórum das Organizações da Sociedade Civil na Província de Gaza e como esta acção macabra confirma as ameaças de que são alvos
os observadores eleitorais nacionais, em Moçambique; crime cuja contundência (dez tiros), no dizer de Carlos Mhula, da Liga dos Direitos Humanos em Gaza, “é uma clara intimidação à participa-
ção na vida política em Moçambique e também uma ameaça à democracia”. O medo está instalado e com isso esvaída a possibilidade de que os meus alunos queiram debater assertivamente eleições livres, justas e transparentes: é um balão furado. Hoje, quarta-feira nove, darei uma palestra com o tema Culturas do Sentido/ Culturas da Presença, onde apresentarei a tipologia que, para esse lugar transfronteiriço, traçou o alemão Hans Ulrich Gumbrecht, um filósofo que soube contornar o beco para onde fomos atirados pelo demónio da interpretação e da febre analítica. Sem negar nada da pertinência das suas habilidades, Gumbrecht apenas nos lembra que há outros modos da experiência; que há culturas em que os exercícios intelectuais ganharam preponderância e outras em que a tónica foi colocada no corpo, no jogo, na performance, e em que nem todos os “discursos” se reduzem à tirania do texto interpretativo; mais, que, em havendo formas de inteligência, de fluxos, e de relação cujos processos passam antes pelo corpo e as suas interacções, há ainda esperança para o mundo como presença tangível ser tocado por nós e não meramente interpretado. Tudo isto é complicado para explicar em dez linhas, mas, do ponto de vista das consequências sociais, numa cultura de sentido sucedem-se as permanentes e constantes tentativas de transformar o mundo, pois esta tem por base a interpretação (crítica) das coisas e a projecção dos desejos humanos no futuro; enquanto, este impulso no sentido da mudança e da transformação está arredado nas culturas da presença, nas quais os seres humanos propendem a inscrever o seu comportamento no que consideram ser as estruturas e regras de uma dada cosmologia ou tradição social. E esta diferença pode às vezes ser fulcral, por exemplo, em nenhuma cultura de sentido se aceitaria como aceitável que um partido político continuasse a apresentar o mesmo cartaz em todos os pleitos eleitorais durante trinta anos, tal como acontece com a Frelimo com os seus eternos tambores e maçarocas, porque pareceriam símbolos já deslocados da realidade nem se consideraria sério que um partido apenas quisesse transmitir que sejam quais forem as circunstâncias e o tempo histórico tudo permanece igual. O que em Moçambique valida um “reforço da presença”, noutra cultura de maior pendor crítico este cartaz seria interpretado como um sinal de absoluta indiferença às marcas e aos desafios da actualidade.
RANDY LEWIS
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roupa suja Antønio Falcão
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10.10.2019 quinta-feira
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Tropa do vento que passa
ONTINUO à espera. A última mensagem que recebi foi de que não tinha conseguido apanhar o hidrofólio a jacto. E pior que aquele era o último, porque os barcos tinham ido todos ao fundo. Não acreditei. Julguei que estava a usar linguagem literária, que “fundo” era metáfora para a situação que se tem vivido. Como beco sem saída ou a penúria de um poço. Lugar onde o retorno não é possível face ao tumulto em pleno andamento. Antes, faláramos e informou-me de que as tropas tinham entrado. Vinham carregadas de fuzis balísticos de exagerada dimensão, “só para mostrar força e poderio”, explicara. Aparelhos colossais que patenteavam suprema inovação tecnológica, até ali, inexistente em lado algum. Entraram, sem sobreaviso, como quem vem para uma parada de Domingo, aperaltados de fulgor e mudança. Assim que chegaram à Avenida, os manifestantes que até aí estavam a gritar as suas deixas de mundo ideal e pacífico, enervaram-se e quiseram enfrentá-los, pondo-se à frente dos primeiros blindados, gritando: “Saiam daqui, esta não é a vossa terra!” Umas formiguinhas com catarro, terão notificado as unidades no terreno aos seus oficiais. Aos magotes: “Isto é nosso!” Contou-me os acontecimentos ao pormenor, mas escutava sem crer no que estava a entrar-me pelos ouvidos, ao não conseguir unir factos. “Sim, sim...”, concordava, só para manter a conversa acesa, tentando conjecturar o relato. Ainda no sofá, ligara a televisão para testemunhar as lagartas metálicas a pisar o alcatrão, imaginando outra época, que à luz daqueles novos acontecimentos tinha avançado para distância mínima. Mas não estava lá nada. O trânsito rolava incólume. Os canais continuavam com a programa-
ção corrente, nenhum rodapé a relatar o sucedido. Nem directos nas redes sociais ou comentários exasperados, não existia palavra sobre o assunto fosse em que lado fosse. Aparentemente, os negócios decorriam da forma usual. Como sempre. Só por via das dúvidas, dirigi-me ao Terminal, onde ainda me encontro. Vi barcos atracados, mas nenhum a aproximar-se. Perguntei a razão e garantiram que por vezes acontecia. Não foi preciso apertar-lhes o pescoço. Que não tinham chegado à hora marcada, podiam ter-se atrasado, uma corrente mais forte, julgaram, mas não tentaram obter mais informações, continuaram ali de cócoras à espera que a Lua curvasse no céu. Fora isso, sentia-se a tranquilidade a desprender-se para estado de decomposição. Ali, nada sabiam. O burburinho electrizante das luzes sussurrava por entre a névoa do costume, que trazia a amnésia do fundo do rio apinhado de pérolas, como uma orquestra de grunhidos desafinados. Bagagens por embarcar. Os solavancos da água do mar a fazerem-se sentir em terra como se o mundo estivesse todo a abanar e em convulsão. A esfera rolante a querer fugir debaixo dos pés para outra galáxia qualquer, deixando as pessoas na mesma posição geográfica, entregues a si próprias. No imediato, sem desculpa, o planeta já não estava cá. Evaporizara-se. Deixando o vácuo e o abalo. Mais coisa, menos coisa, essa era a sensação. Mas a mordaça imperava. Poderá acontecer algo assim, um controle total da informação que se dissipa pelo éter sem deixar rasto? Põe-se a mão e tapa-se para a posteridade a fisionomia das tropas que avançam de forma inédita pelo território contíguo, vaticinando o futuro de todos os seus habitantes, transpondo para a realidade, ao invés, anúncios de desodorizantes e paraísos tu-
rísticos. Para que o público em terminais próprios continue a regozijar-se na sua abundância paralela. “Sim, sim...”, persistimos deste lado, incrédulos. Barcos desocupados presos às vagas dos paredões, tentando acompanhar o ritmo da superfície onde estão pousados. Marujos em terra, salpicados com a hidrosfera das suas amantes, num mundo que flui impávido. Vendedores que delongam folhetos apinhados de sonhos adulterados. A figura risível do vento que passa a transportar a imaginação das trevas da outra margem. Hinos emparelhados nas botas cardadas que se puseram a marchar, cheias de satisfação. Veia seca sem fios. A ilusão marcha. Zangões armados até à lufa a impelir a desordem. Marcham! A brisa que emudece a desgraça. Será tudo fantasia? As comunicações interrompidas. Já não sou o único no pavimento esquivo do Terminal. Outros seguiram as suas preces crendo que os seus entes regressavam. No tempo, o vento cala a desgraça e nem a sombra da mais ignóbil miragem os acode. Acocoramo-nos em sintonia de olhos postos nos simbióticos ecrãs que auscultamos entre os dedos. O jornalismo emudeceu. Afrontamos o basso do horizonte que não devolve reflexo. Ou ponta de eco. Os homens, onde estão os homens? O tino a esfarelar-se e a deixar-nos cegos. Diz-se que entraram. “Entraram, eles entraram!”, repetem, tentando dedilhar nos aparelhos a ocorrência escondida, como se a realidade fosse uma aplicação. Não se fala em ofensiva, nem invasão. Alguns usam restabelecimento, como se o termo fosse um analgésico. Toma-se e o efeito é imediato. Também segredam – sem acreditar – que os barcos se afundaram. Que a calamidade é extrema. E que o escurecimento é integral. Mas a sonolência da informação não certifica nenhuma
vírgula do discurso. O que nos chega é a normalidade clara de um mundo combo, na sela híbrida do telemarketing. A tecnologia celular perdeu as funções vitais e deixou de transmitir esclarecimento à geração seguinte, talvez abalroada por doença degenerativa. Sem cenário do destino, a imaginação corre desenfreada. Confundidos entre filmes de guerra e ficção científica, protagonizados por Jeff Goldblum a fazer de Karate Kid, remexe-se a memória para a prospecção de tais actos. O visto e o previsto. Cilindros e betoneiras a remoer as estradas, levando tudo à frente, deixando o mundo fininho como um boneco animado. Filmes mudos que avançam na rotação errada numa tempestade de postais deslustrados. A cidade murada a expandir-se das suas ruínas. Mais miséria do que opulência. Como se recoloca a ordem na virtude venérea do livre arbítrio a não ser pela sua derrocada? Mas o bolso volta a tremelicar. Acordo da alucinação e atendo. “O que aconteceu?”, grito exasperado. Alegro-me pela linha restabelecida. E não invadida ou ofensiva. Todos se levantam, apinhados no confim escorregadio do Terminal, alguns escorregam e tombam no reboliço das águas. Perscrutam. Tentam captar o sopro da certeza. Os silvos enternecem a realidade, prenunciando as luzes das embarcações que se avistam. Espantamo-nos com os relatos de desodorizantes e paraísos turísticos que descem dos auscultadores. A descrição da figura robusta que desaponta os iludidos dos naufrágios e perdições de toda a sorte. “Não entraram!”, ralham. Frustrados pelo volte de face da moeda, como se a máquina tivesse ficado com o troco. Não há como abaná-la, pensam ainda. Passado que foi o cabo das tormentas, a vida continua. De hidrofólio a jacto.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 17
quinta-feira 10.10.2019
retrovisor Luís Carmelo
a) “Shlimazl” ('Yiddish') - Alguém permanentemente sem sorte. b) “Tatemae” e “Honne” (Japonês) - O que alguém deseja acreditar e aquilo em que realmente acredita. c) “Sgiomlaireachd” (Gaélico Escocês) - Referência a alguém que interrompe uma pessoa que está a comer. d) “Tingo” (Pascoense) - Aquele que pede emprestado bens ou dinheiro a um amigo até o deixar sem absolutamente nada. e) “Bakku-shan” (Japonês) - Uma rapariga lindíssima, desde que vista apenas por trás.
f) “Espirit d'escalier” (Francês) - Sempre que a palavra ideal ou apropriada é descoberta, já é demasiado tarde para a usar.
VILHELM HAMMERSHØI
N
UM curioso artigo intitulado ‘The 10 Coolest Foreign Words The English Language Needs’*, R. Aston revelou dez palavras de diferentes línguas que não têm correspondência em Inglês. Isto significa que estamos perante dez conteúdos para os quais não há termos em Inglês que os consigam traduzir cabalmente. Faço desde já, notar que nenhuma deles é “Brexit”. Entre essas dez palavras consta uma portuguesa: “desenrascanço”. De referir que o conteúdo associado a ‘desenrascanço’, que equivale a ‘sair de situações complicadas através de repentismos não calculados e geralmente improvisados’, tem na nossa língua variados sinónimos (quase todos reflexivos), entre outros, ‘desembaraçar-se’, ‘safar-se’ ou ‘livrar-se’ de perigos ou de apuros. Esta riqueza justifica-se pela mesma razão que, em Árabe, existe uma dezena de palavras diferentes para exprimir o conteúdo associado a ‘falcão’. Na realidade, uma língua tende a desenvolver e a enriquecer no seu acervo expressivo aqueles conteúdos com que mais lida, devido, entre outras possibilidades, às configurações da natureza envolvente ou ao usos e tradições dos seus falantes. Razão pela qual existe uma enorme escolha de palavras para dizer ‘falcão’ em Árabe (uma das consoantes do alfabeto até imita a sonoridade e a forma da ave de rapina) e razão, também, pela qual o conteúdo ‘desenrascar’ tem tanta saída expressiva na língua portuguesa. Deixo aqui as restantes nove palavras referidas por R. Aston que veiculam conteúdos que não são propriamente da intimidade dos britânicos:
A psicanálise da mulher vista por trás g) “Mamihlapinatapai” ('Yaghan') - Encontro entre duas pessoas que suscita a partilha de um desejo indizível e inexplicável. h) “Backpfeifengesicht” (Alemão) - Um rosto que precisaria de ser trocado por outro novo. i) “Nunchi” (Coreano) - Pessoa que age sem ter ideia alguma da situação social em que está envolvida. Se dermos um passeio, em Português, pelos conteúdos que estas palavras veiculam, encontraremos quase sempre solução, facto que revela a nossa língua como uma boa viajante ao longo de quase todas as latitudes e longitudes do globo. No entanto, pensando em “Shlimazl” ('Yiddish'), refira-se não há em Português um claro antónimo para “sortudo”, apesar de palavras interessantes tais como “desventuroso” ou “azarento”. É claro que "Shlimazl" ('Yiddish') se aplica a qualquer fadista, forcado ou àqueles partidos políticos que, década atrás de década, se atrelam a 0,5% das intenções de voto. Já “Tatemae” e “Honne” (Japonês) andam nas proximidades do par 'fezada vs. saudade' ou 'saudade vs. fezada', sendo a respectiva ordem puramente arbitrária. A expressão "Sgiomlaireachd" (Gaélico Escocês) corresponderá, por sua vez, ao lusitaníssimo “empata”, seja o comprazimento gastronómico ou de outra natureza mais vivamente carnal. Continuando a nossa visita guiada, “Tingo” (Pascoense) pisca o olho a ‘amigo da onça’, do mesmo modo que “Espirit d'escalier” (Francês) remete para a ideia de oportunidade perdida ou de fora de jogo existencial, embora sem grande solução portuguesa à altura. Para terminar: "Mamihlapinatapai" ('Yaghan') cheira a bloco central, "Backpfeifengesicht" (Alemão) acena a ‘cara de cu’, passe o plebeísmo metafísico, ao passo que "Nunchi" (Coreano) não anda longe de ‘patobravismo’. A única palavra que não faz de todo jus ao Português é “Bakku-shan” (Japonês), a tal mulher linda de morrer, embora apenas percepcionada pelo lado de trás. Poderíamos alegar o reverso do ‘espírito de fachada’, mas estaríamos ainda muito longe. O que faltará em Português liga-se, pois, ao tempo e ao espaço: por um
lado, negligência face ao atraso da palavra certa a usar no momento também certo (embora, neste caso, se possa confirmar que os portugueses a têm sempre, fonte, naturalmente, do seu genuíno “desenrascanço”); por outro lado, negligência face à retaguarda da beleza feminina. É este último caso que mais deveria preocupar a psicanálise portuguesa. Haverá uma razão para os portugueses terem educado sobretudo o ‘olhar para a frente’ em detrimento do ‘olhar para trás’. Repare-se que o território do nosso país é uma das finisterras que fecha a Eurásia e por isso aqui se foram acamando os povos mais diversos, durante milénios e milénios. Quem aqui ia chegando, esbarrava sempre no litoral e não podia perseguir a sua viagem, a não ser de barco. Foi por isso que os povos portucalenses se esme-
raram em ficar pasmados a olhar para o mar, ou seja, para o lado da frente. Para trás ficava a saudade, esse espaço transbordante para o qual, ao modo de Orfeu, não se olha. Antes se imagina e percorre trágica e poeticamente. Ao invés, com o imenso pacífico a leste, o Japão tem pela frente todos os continentes. Daí o hábito de olhar o mundo por trás, seguindo, aliás, o sentido do sol que, no seu itinerário de oriente para o ocidente, passa por lá todos os dias em primeiro lugar. Quem diz o mundo, diz o melhor que nele habita. *R. Aston. ‘The 10 Coolest Foreign Words The English Language Needs’ [Em linha] April, 13 2009. Disponível em https://www.cracked.com/article_17251_the-10coolest-foreign-words-english-language-needs.html [Consult. 28 de Fev. 2019]
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0 9 8 6 3 5 2 7 3 4 5 9 8 2 1 7 1 6 5 8 0 JOKER [C] 9de: Todd0Phillips4 Um filme Com: Joaquin Phoenix, Robert3 de Niro,6 Zazie Beetz 2 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 1 4 7 SALA 1
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GEMINI MAN [C] Um filme de: Ang Lee
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7 2 4 3 5 2 4 1 8 0 1 8 0 6 9 8 3 2 1 7 3 7 5 9 6 0 547 METERS 9 4 8 DOWN: UNCAGED 4Com: Will6Smith, 3 2 Winstead, 1 Mary Elizabeth Clive Owen, Benedict Wong 614.30, 16.45, 1 19.15,721.305 3 947 METERS 0 8DOWN:7UNCAGED 4 [C] Um filme de: Johannes Roberts 5Com: Sophie 9 Nélisse, 6 Corinne0Foxx, Sistine 2 SALA 3
Stallone, Brianne Tju 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
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EXPOSIÇÃO | “QUIETUDE E CLARIDADE: OBRAS DE CHEN ZHIFO DA COLECÇÃO DO MUSEU DE NANJING” MAM | Até 17 /11
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YUAN
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ESTUDAR O ESPÍRITO
EXPOSIÇÃO | EXPOSIÇÃO DE PINTURA LUSÓFONA Clube Militar | 26 de Outubro
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HUM
VIDA DE CÃO
EXPOSIÇÃO | “LÍNGUA FRANCA – 2ª EXPOSIÇÃO ANUAL DE ARTES ENTRE A CHINA E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA” Vivendas Verdes e Antigo Estábulo Municipal de Gado Bovino Até 8 de Dezembro
EXPOSIÇÃO | “HOT FLOWS - PEARL RIVER DELTA ARTS RETROSPECTIVE” Armazém do Boi | Até 13 /10
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BATERIAS PREMIADAS 38 3 9 2 8 5 6 1 0 4 7
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9 3 6 5 8 6 4 5 7 1 8 9 2 6 3 4 1 0 7 5 8 7 1 2 9 3 7 6 9 3 2 8 4 5 2 5 0 9 7 A Conselheira das da Comunidades Portuguesas, Santos, foi surpreendida com um O Prémio Nobel Química 2019 foi atribuídoRita a três cientistas pelo desenvolvimento de baterias de 6 na7das 1conta desueca. 8pelos 2amigos jantar e partilhou o momento sua Ciências wechat, na quarta-feira à noite. Na iõesde deaniversário lítio, anunciou ontem a Real Academia O anúncio do prémio, atribuído em simultâneo a Johndas B. Goodenough, M. Stanley Wittingham e Akira Yoshino, ontem em ocasião esteve o colega lutas associativas, o deputado José Pereira Coutinho,foie ofeito ex-secretário Estocolmo, Suécia, peloPortuguesas, secretário geral Goran Hansson. de Estado das na Comunidades Joséda deAcademia, Almeida Cesário.
0 2 8 3 1 7 5 4 9 6
9 8 5 7 0 3 6 2 1 4
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Há filmes que logo nos primeiros minutos 5 6 dão2a sensação 0 9 de7que3já os vimos. “American Made” é um 3 exemplo 1 9 desse 8 2tipo 0de déjà 4 bom vu7fílmico. A forma como o filme 8 0 2 1 4 6 está montado, como a narrativa está cortada, 1 4as cores, 5 6a banda 3 sonora, 9 8o andamento do filme, são elementos 0 já5vimos 3 mil9vezes 7 dispostos 6 1 que exactamente 9 3 8 daquela 1 0 forma. 2 7O filme baseia-se na incrível vida de 2 7Seals,6 ex-piloto 4 5 comercial 8 9 Barry que começa a fazer voos de espionagem para a CIA na América Central, gradua-se para traficar cocaína para o Cartel de Medellín e0 vê-se8forçado 4 3a colaborar 6 1 com 7 a DEA, decisão que leva ao seu 6 5 9 Protagonizado 2 3 7 por 1 assassinato. Tom Cruise, “American Made” 7 1 5 9 0 4 8é um híbrido entre “Ocean’s Eleven” e2 “Narcos”, 7 3um filme 6 8que,5infeliz0 mente, se perde na memória como 8 0tantos. 1 4João2Luz 9 5 outros
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hojemacau. com.mo
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9 7 1 8 3 0 14 2 35 06 3 9 12 7 0 4 6 61 8 5
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A38 autocracia é o único “sítio” onde se estuda o espírito das palavras, fora da religião e da filosofia. Nestas 6 duas 8 últimas 5 0disciplinas, tenta-se chegar à luz ou conhecimento 1 3 6 analisando 2 esmiuçando significados, textos, desmantelando teses. Na dimensão 2 4 8 política onde se reverencia um líder como 0 multiplicam-se 2 1 4 os3estudos 7 uma divindade aprofundados das obrigatoriamente sábias 5 2 9 palavras do líder. É o que temos assistido com a carta 6 Xi, como prova 9 2 que enviou recentemente a um centro de apoio a ido2 O9homem 4 não 3 pode 5 pedir 6 sos de Macau. uma 0 tijela de arroz 8 sem que o pedido 4 se transforme numa espécie de evangelho 3 5 sem 8 que 9 venha anunciador de nutrição, alguém dizer que as palavras do líder 5 0 1 6 contêm todos os nutrientes essenciais à vida.Aidolatria faz isto mesmo, cria mitos a toda a hora, transforma trivialidades em 40 fenómenos quase divinos e revela o grau de lealdade dos seguidores. Não estou a 8 9 7 4 2 6 5 7 8 1 dizer que estamos perto dos níveis de comoção 5 exigidos nas aparições públicas 9 7 1 9 4 2 3 3 0de 86 Kim Jong-un, mas seria bom testemunhar 6 3 4 2 7 6 0contenção 7 por8parte 5 dos1 0 líderes alguma locais. No caso desta última missiva, 3 0 2 7 0 4 9 8 7 9 3 61será 5 mesmo necessário um estudo profundo 1 2 6 do 7 Presidente? 0 9as 5 8 4 85 37 para entender palavras A mensagem pareceu-me simples. Além 9 8 4 0 0 2 3 5 76 13 65 da cordialidade, ficou expresso o desejo de que os a história 6mais 8 2 5 92 0 5 velhos 6 ficcionem 3 3 9 48 da China e de Macau para apenas englobar 7 3socioeconómicos. 6 9 1 7 96 21Não5me 4 os0 progressos parece 4 que 7 8 3 24 3 o1amor9permita 0 02a transmissão de factos históricos desapaixonados e sem 2 5 8 0 Isso 1 sim 6 mere40 9 6ideológica. sensibilidade ceria um estudo aprofundado. João Luz
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 38
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S U D O K U
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de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
opinião 19
quinta-feira 10.10.2019
FRANCISCO SENA SANTOS in Sapo.net
O suave reaparecimento da Rosa Europeia
N
OS ainda 28 países da União Europeia há chefes de governo da IS em apenas mais seis países, para além de Portugal: Espanha (Pedro Sánchez, 28,7% nas eleições de abril – a repetir em 10 de novembro), Dinamarca (Mette Frederiksen, 25,9% nas eleições de junho passado), Suécia (Stefan Löfven, 28,3% nas eleições de há um ano), Malta (Joseph Muscat, 54,8% em junho de 2017), Eslováquia (Robert Fico, 44,4% em 2016) e Roménia (Viorica Dăncilă, 46,9% em 2016). Na Roménia, Dăncilă, ex-eurodeputada, foi designada para tapar a saída forçada do anterior chefe do governo, Dragnea, implicado em acusações de corrupção e fraude eleitoral. Em Malta, Muscat, há seis anos no poder com ampla maioria absoluta, está salpicado por acusações que salpicam a mulher por vários negócios em paraísos fiscais, revelados pelos Panama Papers. António Costa, agora com 36,6%, está no quarto lugar dos socialistas europeus com maior percentagem de apoios no seu país. Espanha e Dinamarca só no último ano passaram a ter governos com liderança socialista. Há presença socialista no governo de vários outros países – o caso mais recente é o italiano, onde o Partido Democrático substituiu a ultranacionalista Liga na aliança de governo com o Cinco Estrelas. A queda de partidos socialistas ou social-democratas na Europa tinha sido vertiginosa nas últimas duas décadas. Em França, o PS, que tinha chegado aos 56,7% no tempo de Mitterrand (governo Jospin em 1981), fez depois 40,9% em 2012 (governo Hollande/ Ayrault), mas caiu em 2017 para uns quase irrelevantes 5,7%. Na Alemanha, o SPD, após ter alcançado 40,9% em 1998 (Schroeder), caiu para 20,5% em 2017 (Schulz). O PASOK grego caiu em dez anos de 44% (Papandreou, 2009) para 6%. A queda da quase hegemonia ideológica dos partidos da Internacional Socialista coincide com as crises económicas e financeiras que empobreceram o Estado-providência, com a globalização que fragilizou as classes médias e as operárias, e com as migrações que fizeram aparecer clivagens identitárias. Neste século XXI, grande parte dos partidos do centro-esquerda na Europa não soube dar respostas às novas questões que
apareceram. Mostraram-se desamparados e sem distinção relevante das propostas da direita sobre assuntos como o desemprego, as migrações, a mundialização, os novos imperialismos ou a crise climática. Os sindicatos que eram ligação de vários desses partidos à sociedade perderam muito da antiga influência. Muitos desses partidos perderam para novas forças políticas a liderança do discurso para reformas na sociedade, como a liberalização do aborto, o casamento para todos e até a regulação da eutanásia. A introdução do Euro deixou muitos governos com mãos atadas para gestão de conveniências financeiras com recurso à desvalorização da moeda. Muitos partidos (a Terceira Via do trabalhismo de Blair, tal como as reformas de Schroeder) de centro-esquerda apareceram a fazer a mesma coisa que a direita, perderam a atratividade que lhes deu votos e relevância. Um interessante ensaio, The End of the European Left, do académico britânico David Bailey, aponta que a Agenda de Lisboa, aprovada em março de 2000, com a promessa de fazer da Europa a economia do conhecimento mais robusta no mundo, com postos de trabalho hiperqualificados e ambiciosas políticas sociais, se revelou, ao fim de meia dúzia de anos, um fiasco. Aquela Agenda de Lisboa acabou por ser uma espécie de cenoura para fazer passar medidas liberalizadoras que esses governos comandados por partidos da Internacional Socialista promoveram. A crise financeira e social de 2008 levou a que disparasse a severa sanção dos eleitores a esses partidos. Ficou aberto o espaço para crescimento de partidos liberais (agora à cabeça de oito governos europeus), populistas
Em 2000, mais de metade dos governos europeus eram dirigidos por partidos da social-democracia integrada na Internacional Socialista (IS). Hoje, apesar de alguns sinais de ressurreição, são raros
e até das extremas, esquerda (Grécia, com o Syriza) e direita (a Áustria foi o caso mais notório, coincidindo com o aparecimento do AfD na Alemanha e a radicalização das direitas em governos do Leste da Europa). Nos últimos anos, o centro-esquerda europeu saiu da inércia e recuperou alguma da cor perdida. António Costa abriu em Portugal uma alternativa que é caso em estudo em muita Europa. A Península Ibérica e a Escandinávia lideram o leve regresso do fôlego desse centro-esquerda, que no entanto não aparece no núcleo central do continente (França, Alemanha – também o Reino Unido dividido sobre a Europa). A transição energética decorrente da crise climática é um dos terrenos que algum centro-esquerda europeu tenta explorar como caminho de retoma da complexa ambição de Europa dos povos – que continua a ser uma utopia. Talvez também venha a ser uma oportunidade em Portugal, com primeira expressão em transportes públicos eficientes, com qualidade.
Toda a beleza é alegria que permanece. John Keats
quinta-feira 10.10.2019
PALAVRA DO DIA
Longe do cárcere DROGAS MACAU ESTUDA ALTERNATIVAS À PRISÃO POR CONSUMO SEM DESCRIMINALIZAR
SOFIA MARGARIDA MOTA
do consumo de droga entre pessoas mais velhas, e na procura de soluções para a sua reintegração na sociedade. Quanto ao programa terapêutico, que agora é realizado no novo centro de Ka Hó, na ilha de Coloane, Augusto Nogueira deu conta de um bom trabalho ao nível da reinserção. “Faz parte do programa as pessoas procurarem trabalho antes de saírem. Desde que mudámos para o novo local, quase toda a gente sai com trabalho”, afirmou.
CANDIDATO POLÉMICO
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Desde 2009, a lei prevê, em alguns casos, a suspensão da pena de prisão a quem se sujeitar voluntariamente a tratamento ou a internamento. O que devia ser “mais recorrente e não depender de um juiz”, apontou o presidente da ARTM. Em declarações à Lusa, o presidente da ARTM, que lidera a associação com quase duas décadas e que opera em diversas frentes, contando com centros ou unidades de tratamento, além de um programa de distribuição e recolha de seringas, foi categórico: “nenhum consumidor deveria para a prisão. Devem-se encontrar alternativas. Ir para a prisão não resolve nada. Esta é a posição da associação". “Fizemos um estudo entre as pessoas que estavam internadas no centro da ARTM e descobrimos que a maior parte tinha estado na prisão. A recaída é muito alta após a saída”, explicou Augusto Nogueira, que comparou o encarceramento “a uma ilha isolada”, no qual
se confunde abstenção com tratamento. Sobre a situação actual do consumo em Macau, o responsável disse existir um “aumento residual” no consumo de metanfetaminas (‘ice’), em detrimento, por exemplo, da heroína, sublinhando que o consumo no território “está mais ou menos controlado”.
SINAL MAIS
Já sobre a actividade da associação, o dirigente da ARTM fez um balanço positivo, salientando as dificuldades que foram ultrapassadas até ao desenvolvimento de “toda uma estrutura”, que envolve atualmente cinco departamentos. Augusto Nogueira destacou o programa de recolha e distribuição de seringas e o projeto ‘be cool’, que vai ganhar um novo espaço, sobretudo para trabalhos na área da prevenção. "Lá para Março", indicou. Actualmente, a associação tem estado focada no aumento
“Não estamos a discutir a descriminalização, mas alternativas como tratamentos, trabalho comunitário, aconselhamento, entre outras.” AUGUSTO NOGUEIRA PRESIDENTE DA ARTM
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S residentes de Macau vão ter a oportunidade de dar um nome ao satélite de pesquisa científica que Pequim ofereceu ao território a propósito da celebração dos 20 anos da RAEM. O residente que sugerir o nome escolhido, além de baptizar o satélite, ganha 5 mil patacas. O projecto foi apresentado ontem na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST em inglês), e será desenvolvido Laboratório de Referência do Estado da Ciência Lunar e Planetária em parceria com várias entidades nacionais e estrangeiras. A saber: Fundação Espacial Chinesa, Centro Nacional de Ciência Espacial da Dinamarca, a Universidade de Leeds, Universidade de Harvard, o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, entre outros. O satélite deve entrar em órbitra entre 2020 e 2021, depois de ser lançado de uma base no interior da China. O projecto foi descrito como pioneiro, dedicado à pesquisa científica para monitorizar o campo geomagnético e o ambiente espacial da Anomalia do Atlântico Sul. O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, marcou presença na cerimónia e destacou o simbolismo da “prenda” oferecida por Pequim. “Este grande gesto representa não só as grandes conquistas e afirmação do princípio ‘Um País, Dois Sistemas’ em Macau, mas também as expectativas nacionais e os desejos de que Macau se desenvolver nas áreas da ciência e tecnologia. Acredito que todos os residentes estão extremamente honrados e felizes”, referiu Alexis Tam. J.N.C. com J.L.
RÓMULO SANTOS
presidente da Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) considerou ontem que o território está no bom caminho para encontrar alternativas à prisão para consumidores, apesar de não estar em debate a descriminalização. “Há uma proposta em cima da mesa entre as ONG [organizações não-governamentais] e o Instituto de Acção Social (IAS) que prevê alternativas ao encarceramento. Até agora, o 'feedback' tem sido positivo", afirmou Augusto Nogueira, salientando: "acho que estamos a caminhar numa boa direcção". O responsável falava à margem de uma acção de formação sobre a prevenção do consumo de drogas na Universidade de São José, promovida pela ARTM e com a participação de uma perita da Agência para os Assuntos de Droga e de Crime das Nações Unidas (UNODC). “Macau está a começar a analisar a possibilidade de encontrar soluções ao encarceramento. Não estamos a discutir a descriminalização, mas alternativas como tratamentos, trabalho comunitário, aconselhamento, entre outras”, disse.
Questionado sobre a candidatura do chinês Andy Tsang à direção do UNODC, Augusto Nogueira reafirmou o apoio já manifestado publicamente, e sublinhou que “a China está a tentar mudar o seu sistema de tratamento para um sistema mais terapêutico e biopsicossocial”. Tsang, actual director-adjunto da Comissão Nacional de Controlo de Narcóticos da China, era comissário da polícia de Hong Kong aquando do movimento 'Occupy Central', em 2014, conhecido como “o movimento dos guarda-chuvas”, e a nomeação motivou reacções de indignação. Numa petição que já reuniu 70 mil assinaturas, lê-se que Tsang “foi responsável pela brutal repressão policial durante o movimento. Há muitas provas de graves abusos de poder por parte da polícia ao lidar com manifestantes, jornalistas e até mesmo cidadãos”. No entanto, o líder da associação relativizou a polémica. “Isto da ONU tem muito a ver com o poder financeiro que cada país pode dar à organização. O actual diretor-executivo da agência é um de um país [Rússia] que praticamente não faz nada para apoiar as pessoas [que consomem], onde o consumo de droga é penalizado com prisão, as pessoas são perseguidas”, disse. “Tem mais a ver com os apoios financeiros, com os fundos da China (...) para pôr a máquina a funcionar”, afirmou. Lusa
Ciência Pequim oferece satélite para marcar 20 anos da RAEM
Tiananmen Sulu Sou tenta assinalar massacre na AL
O deputado Sulu Sou vai tentar rever uma decisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng, que impediu que os 30 anos do massacre de Tiananmen fossem assinalados no hemiciclo. A história foi avançada ontem pela Rádio Macau. Em Junho, o agora Chefe do Executivo eleito rejeitou duas propostas para levar a plenário um voto de homenagem às vítimas do dia 4 de Junho de 1989. Nos dois casos, Ho Iat Seng defendeu que os deputados estão impedidos de assumir uma posição sobre a intervenção militar, alegando que o assunto ultrapassa o grau de autonomia de Macau face à República Popular da China. Agora, Sulu Sou vai tentar reverter esta decisão.