Hoje Macau • 2011.01.11 #2286

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Se está sozinho e carente, leia o manual de engate pela Internet testado e aprovado por locais página 6

Patrão da Sands desiste de vez da guerra pelas parcelas 7 e 8 do Cotai última

tempo chuva dispersa min 7 max 10 humidade 70-95% câmbios euro 10.4 baht 0.26 yuan 1.22

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Director carlos morais josé • terça-feira 11 de janeiro de 2011 • ANO X • Nº 2286

É para a semana que pandas vão estar ao alcance do público por 10 patacas

Pandódromo abre portas Santa Sancha

Obras para VIP e Chefe do Executivo • P.5

Cinzas de Ká Hó

Serviços de Saúde lançam o caos • P.7

Lei de Terras

Dúvidas ainda são muitas

Depois de um mês de sopas e descanso, os pandas Kai Kai e Xin Xin vão ter muito trabalho pela frente. A sua casa de 90 milhões de patacas vai abrir portas na próxima semana com a presença de um alto representante chinês e já se decidiu que para se pôr os olhos sobre os animais terá de se pagar 10 patacas – crianças e idosos ficam isentos. Apesar do grande processo democrático para a escolha de nomes do par oferecido pelo presidente chinês, Hu Jintao, os pandas ainda não respondem a Hoi Hoi e Sam Sam por estarem apenas habituados ao mandarim. Uma equipa de veterinários vigia os ursos 24 horas por dia e já demonstrou alguma preocupação por dois grandes edifícios vizinhos ao Parque de Seac Pai Van virem a ser construídos. O barulho pode irritar os bichos... >centrais

exclusivo | Jaime Pacheco fala das razões que o trouxeram à China

“Quero que se orgulhem de mim” Páginas 2 e 3

• P.4

Animais exóticos

Há de tudo numa estranha loja Centrais

Autocarros

Novas rotas e novos veículos em Agosto • P.7

os nossos contactos mudaram

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entrevista

Jaime Pacheco deseja sucesso para o Beijing Guo’an e fala sobre o futebol português

“A minha casa é onde me tratam Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo

Em entrevista ao Hoje Macau, Jaime Pacheco ou, como agora é conhecido na China, ‘Pa Qie Ke’ falou da nova experiência no futebol chinês. Chegou como um ídolo e já está em estágio com a equipa no sul do país. O novo treinador do Beijing Guo’an deseja um futuro risonho para a equipa que agora orienta e para si. Falou de Paulo Bento, de Pinto da Costa e do futebol português. Admite não gostar de José Mourinho e acha a comida chinesa muito saudável. Uma visita a Macau para breve não está descartada, para rever o que conheceu por cá em 1996. Quais são as expectativas para esta sua terceira experiência no estrangeiro e, em particular, na China? Quando tomei conhecimento deste convite fiquei com alguma reticência daquilo que podia ser a minha adaptação e o tipo de futebol que cá se pratica, mas depois de ter ido a Pequim e me ter inteirado das condições do Beijing Guo’an, fiquei com uma opinião muito boa e acredito que este projecto possa ter muito futuro e sucesso. Encontrei pessoas com grandes valores humanos, excelentes estruturas e condições de trabalho muito boas e, naturalmente, o mais importante são os futebolistas. Vi alguns jogos da equipa em DVD e isso fez com que tomasse esta decisão com agrado. Sente-se, portanto, satisfeito com a escolha? Cada dia que passa sei que acertei naquilo que foi a minha aposta, embora tenha a consciência de que ao princípio há dificuldades de adaptação relacionadas com a língua. Apesar de ter interprete, deve haver tempo para eu adaptar-me a algumas coisas e os jogadores adaptarem-se a mim também. De uma forma geral, para os primeiros dias, as coisas estão a correr muitíssimo bem. É de crer que com este plantel, que foi o que mais avalizou a minha vinda, possa desenvolver um bom trabalho. Apesar disso também é preciso ter um pouco de sorte. Vamos trabalhar muito, de forma a deixar

uma boa imagem, que faça as pessoas se orgulharem do nosso desempenho. Quais são os planos no imediato? Estamos agora no sul da China a estagiar e ainda estou a pensar em levar a equipa para fazer um estágio de 30 dias a Portugal para que conheçam a realidade do país. O objectivo é também disputarmos particulares com equipas portuguesas. Vai ser bom para o Beijing Guo’an. Vai levar algum jogador português para a China? Ainda estou numa fase de avaliação mais concreta em relação ao plantel. Tenho três jogadores na Selecção da China a disputar a Copa da Ásia e tenho um equipa de 35 jogadores, o que é demasiado. Os consagrados são mais fáceis de reconhecer e esses vão ser a certeza absoluta da sustentação da nossa época. Depois há um naipe de miúdos que estamos a filtrar, para saber se podemos captar alguns para o plantel principal. Estamos num mês de mercado aberto… Agora dá para eu concretizar mais aquilo que vai ser o plantel

e, evidentemente, vou fazer aquilo que entender e darei o conhecimento à direcção. Além desses três que estão na Selecção, tenho mais dois estrangeiros, um na Selecção das Honduras e um croata que, por motivos burocráticos, ainda não chegou. Tenho cerca de 50% da equipa titular fora. Se tiver oportunidade de poder acrescentar mais qualidade a este plantel, e se surgir no mercado português algum jogador que me agrade e o clube tiver condições, quem sabe. Tenho algumas ideias muito fortes em relação a isso, mas não depende só de mim. Primeiro vejo o que tenho aqui para naturalmente depois, se puder fazer, fá-lo-ei. Por que escolheu um país com pouca tradição no futebol? Quando fui para a Arábia Saudita, não sabia o que ia encontrar. Quando lá cheguei nem tive tempo de pensar. Arrisquei e fiquei surpreendido pela qualidade futebolística que existe lá. Foi uma experiência positiva e agradável. O futebol não é tão fraco como eu pensava. Só não continuei porque, paralelamente, a vida é muito

“Se tiver oportunidade de poder acrescentar mais qualidade a este plantel e se surgir no mercado português algum jogador que me agrade e o clube tiver condições, quem sabe. Tenho algumas ideias muito fortes em relação a isso mas não depende só de mim” diferente da que estou habituado em Portugal. Socialmente não se consegue viver. É tudo muito diferente. As pessoas são hospitaleiras e boas mas é muito difícil viver lá por questões religiosas e políticas. Teve convites, entretanto... Tive convites de Portugal, da Grécia, mas sempre clubes em dificuldades desportivas e nunca aceitei esses projectos. Surgiu a China. Vim passar uma semana, vi uma série de DVDs e senti

que o meu trabalho podia ajudar a melhorar muitas coisas no Beijing Guo’an. A proposta era irrecusável? A questão financeira contou, mas eu já tive oportunidades de ir para outros lados com condições mais vantajosas e não fui. Entendi que esta equipa e estas pessoas me podiam proporcionar condições de trabalho e bons jogadores para eu andar satisfeito todos os dias. Acredito que a minha motivação possa ser favorável ao futebol chinês. Encontrou muitas diferenças? A vida é totalmente diferente da Arábia Saudita. Na China, é mais idêntica a Portugal. Este estágio, por exemplo, é igual aos que fiz em Portugal, em Melgaço ou Óbidos ou Quiaios. Estou longe mas a minha vida fica enriquecedora com estas experiências. Esta nova fase vai ser muito boa para mim e me abrirá horizontes acerca da minha maneira de viver e trabalhar. É um desafio que criei a mim próprio e quero ser feliz neste projecto. E a comida chinesa? Até vou comendo (risos) e é mais saudável que a portuguesa. A portuguesa é mais enfartabrutos. São cozidos e aquelas coisas todas. Gosto muito da chinesa, é agradável. Tenho muitas saudades dos cozinhados portugueses, mas eu adapto-me bem. Não sou muito comilão. Por agora, a equipa cá procuram fazer um tipo de alimentação parecida com a de Portugal para eu não sentir dificuldades de adaptação. Até nesse aspecto são gente boa. O último clube que treinou em Portugal foi o Belenenses. Depois teve uma passagem pela Arábia Saudita. Já não tem lugar em Portugal? Muita gente me faz essa pergunta e eu sou muito sincero. Ou falo verdade ou então remeto-me ao silêncio. Em Portugal, depois de analisar a minha carreira desportiva, tenho de ter um clube que me proporcione condições de lutar pelos lugares cimeiros. Andei toda a minha vida desportiva, excepto no primeiro e último ano de treinador, a lutar por outros objectivos. Sou ambicioso


Todos os governos singapureanos têm maximizado a prosperidade económica tendo o inglês como altamente preferencial em termos linguísticos nas empresas, nos negócios, na governação. Língua unificadora, dizem. Tal como é a língua portuguesa por exemplo nos países africanos ex-colónias de Portugal. Dizem as estatísticas que em Singapura tanto o malaio como o chinês e o tamil têm vindo a perder terreno a favor da língua inglesa. Helder Fernando, P.15

bem”

e por esse prisma entendi não dar importância a convites de Portugal. Quando não me dão condições como já tive no passado, prefiro emigrar. Tem espírito para ser emigrante? Acho que sim. Sou um descendente daquilo que foram os descobridores de Portugal, como Vasco da Gama, que desbravaram o mundo. Faço parte dessa gente, no bom sentido, e hoje estou a emigrar e estou a gostar. Em Portugal haverá sempre espaço para mim, porque as pessoas conhecem-me bem e sabem daquilo que sou capaz. Nesta altura, as coisas estão difíceis em todos os meios. Quando assim é, cada um segue o seu caminho. A minha terra e a minha casa é onde me tratam bem e agora estou aqui e não posso queixar-me, muito pelo contrário. Como vê o actual estado de dois históricos do futebol português e clubes que treinou, o Boavista e o Belenenses? O Boavista eu conheço bem. É um clube que me diz muito e estou profundamente triste com a situação, pois toca-me muito enquanto treinador. O Boavista foi vítima de uma falsidade muito grande e, se houver justiça, o clube será reposto no lugar que merece e no lugar que estava, porque em termos desportivos, não desceu no campeonato. Inventaram uma mentira qualquer para derrubar o Boavista e, aliado a isso, o clube não teve a ajuda que os outros clubes tiveram na remodelação do estádio para albergar o Euro 2004. Todos os clubes foram ajudados pelas autarquias menos o Boavista. Isso fez com que este derrapasse em termos financeiros. Quando assim é, o clube não pode fazer nada. E o Belenenses? Em relação ao Belenenses, entrei num comboio que estava em andamento, com problemas vários e de toda a espécie. Tentei de alguma forma travar o andamento do comboio, mas não foi possível, porque geraram-se ali muitas polémicas e isso tocou sempre na equipa e nos jogadores, numa altura de eleições. Apesar de não ter

descido de divisão, o clube deparou-se com um grave problema de estrutura. Pena é que as pessoas que andam à volta do Belenenses se sirvam mais do clube do que o contrário. É um clube por onde passei, que respeito e gostei de treinar, mas senti a determinada altura que não dava para fazer mais do que aquilo que fiz. São muito anos acumulados de dificuldades e problemas. Com muita pena, não sinto que o Belenenses, no imediato, consiga dar a volta. O clube vai ter de recomeçar do zero, senão vai ter muitas mais dificuldades no futuro. Qual é a sua opinião do trabalho de Paulo Bento na Selecção portuguesa? Os treinadores são avaliados pelo ganhar e pelo perder. O Paulo Bento, e eu podia ter puxado os louros para mim, é a pessoa mais capaz no momento. Há uns anos eu defendi o Manuel José, que chegou a ser contratado, mas por politiquices foi demitido. Agora, e mais nos últimos anos, defendo o Paulo Bento porque fez um trabalho excelente no Sporting e eu aprendi a respeitálo por isso. E o Paulo teve muitas dificuldades no Sporting. Mereceu esta oportunidade e agarrou-a bem. Está a fazer um bom trabalho. Portugal tem bons jogadores nos melhores campeonatos do mundo e é servido de uma boa estrutura organizativa. Paulo Bento trabalha bem e tem a capacidade de chamar os jogadores para o que é o patriotismo. Disse, numa entrevista ao jornal I, que só mentia à sua mulher e a mais ninguém. Pois é, eu tenho uma forma de estar e de ser própria. Gosto muito de brincar (risos) mas quem não me conhece, por vezes interpreta-me mal e essa foi uma dessas interpretações. Tanto no futebol como na minha vida pessoal falo a verdade. Sou muito sincero e frontal, respeitando tudo e todos. Sou uma pessoa feliz por natureza. Brinco mas quando tenho de falar a sério falo. Nem todos conhecem bem o Jaime Pacaheco… Sim, nem todos me conhecem bem. Uma vez disse numa entrevista em Portugal que o Carlos Queiroz não devia ter sido convidado para a Selecção. As pessoas ficaram a olhar para mim de boca aberta. Digo aquilo que toda a gente pensa e não diz. Disse isso porque o Carlos Queiroz quando esteve lá não

fez um bom trabalho nos ‘AA’ e criticou a Federação Portuguesa de Futebol (FPF). A Federação deu-lhe uma nova oportunidade e devia ter dado a outros. Sou franco. Digo a verdade. Falar a verdade não é pecado nenhum. Acho que o Carlos Queiroz é competente, mas não devia ter sido escolhido para a Selecção. Já é amigo do José Mourinho ou ainda o considera um “doente mental”? Não quero falar desse senhor por respeito a mim próprio. Há muita gente que não tem valores e não presta e, dessas, eu não gosto de falar. Respondi à letra na altura [em 2003, depois de um série de atritos entre ambos os treinadores], porque quem não sente não é filho de boa gente. Agora, não quero falar desse sujeito... nada, nada, nada. Quais são as suas perspectivas para o campeonato português deste ano?

Disse no princípio da época que o FC Porto ia ser campeão e que o melhor jogador do campeonato ia ser o Hulk, porque é um jogador à parte de todos os outros. Não tem nada a ver com o campeonato português. Se o Hulk sair do Porto, o campeonato fica mais equilibrado. E disse, também, que se o Sporting ficasse em quarto ia ser bom para o clube, porque contei que o Sp. Braga fizesse mais e melhor. Pensei que os bracarenses, pelo segundo ano, tivessem aquele estofo que o Boavista tinha na altura em que eu o treinava, mas o Sp. Braga, naturalmente ou não, teve dificuldades em conseguir atingir esse estofo. Sei que é difícil, estando na Liga dos Campeões, motivar os jogadores para depois virem jogar com o Paços de Ferreira, Naval 1.º de Maio e companhia. Jogar com o Arsenal ou com o Sevilha e depois jogar para

“Tive convites de Portugal, da Grécia, mas sempre clubes em dificuldades desportivas e nunca aceitei esses projectos. Surgiu a China. Vim passar uma semana, vi uma série de DVDs e senti que o meu trabalho podia ajudar a melhorar muitas coisas no Beijing Guo’an”

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3 Portugal é complicado. É preciso ter um trabalho muito grande a nível emocional para que os jogadores possam chegar lá e dêem à perna. Este ano ainda só fez dois pontos fora. É muito pouco. Aquilo que eu disse têm-se mantido tudo. Com esta regularidade, o FC Porto vai ser campeão, com maior ou menor dificuldade. O Benfica ter perdido o Di María e o Ramires foi meio caminho para os encarnados estarem menos fortes este ano. Não fica bem dizer mas eu gostava de ver treinadores campeões da Europa ou do Mundo a treinarem equipas como o Boavista, o Belenenses ou o Vitória de Setúbal para ver se ganhavam alguma coisa. O Jorge Jesus, no ano passado, era o melhor, mas só porque perdeu dois jogadores já está nesta situação. Acho que ele não deixou de saber, mas o facto é que perdeu esses dois jogadores e a equipa foi por água abaixo. O ano passado, sem o Hulk, o FC Porto não ganhava. Quando ele regressou, o FC Porto ganhou os jogos todos, por isso não venham cá com os mágicos e os inteligentes porque em futebol trabalha-se. Então, o Jesualdo Ferreira antes não prestava, depois teve no FC Porto, voltou a prestar, e agora já não presta outra vez? Mas o FC Porto é uma realidade diferente. Sabe como poucos como é a organização de Pinto da Costa. É verdade, bem sei. Foram oito anos. O Boavista, quando eu o treinava, estava com uma organização igual à do FC Porto. Por isso é que, se calhar, foi derrubado. O Boavista andou muitos anos a fazer frente ao FC Porto, Benfica e Sporting, a jogar nas competições europeias e isso custou muito a muita gente. O FC Porto é outra realidade, é diferente. Joguei dois anos no Sporting e senti muito essa diferença. Com muito respeito por todos, o Pinto da Costa é o meu presidente. Não tenho dúvidas disso. Ele é o melhor de todos na história do futebol em Portugal. Enquanto treinador, destaco o João Loureiro que sempre considerei um presidente à imagem do Pinto da Costa. E uma visita a Macau, para quando? Já estive em Macau em 1996, na altura da comemoração do 10 de Junho para uns jogos particulares. Pode ser que volte em breve.


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política

Lei de Terras | Continuam os trabalhos de revisão da DSSOPT

Segunda ronda nas escutas A meio do período da segunda consulta pública sobre a revisão da Lei de Terras, permanecem as mesmas dúvidas: o novo cálculo do valor do prémio, a concessão dos terrenos e as sanções “muito baixas” à ocupação ilegal são as questões que persistem entre as entidades que participam nas auscultações Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Começou dia 15 de Dezembro do ano passado e termina no último dia de Janeiro. É a segunda ronda de recolha de auscultação pública e, apesar de serem oito os pontos primordiais na revisão da Lei de Terras, são três os que merecem especial atenção. O valor das sanções por ocupação ilegal, a finalidade e concessão dos terrenos e a nova forma de cálculo do valor do prémio são os tópicos que colocaram mais dúvidas entre a audiência presente ontem na Consulta Pública com a mesma temática. Além da transformação da denominação dos regulamentos, já apresentada anteriormente, “irá haver uma avaliação mais global na concessão dos terrenos”, salientou o engenheiro Lei Hon Kei, da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Assim, todas as concessões provisórias dos terrenos são precedidas de concurso público, excepto em casos de renovação, na conversão de uma concessão gratuita para onerosa e na concessão de parcelas insuficientes para construção regular e que se apresentem dentro dos limites de um terreno já arrendado ao requerente. Também os projectos relacionados com as indústrias criativas e culturais, com actividades sem fins lucrativos na área da educação, cultura, saúde e desporto, as instalações de utilidade pública (como empresas de gás, telecomunicações, electricidade) ou os terrenos que se encerrem no desenvolvimento do planeamento urbanístico promovido pela Administração, são postos de lado quanto à necessidade de concurso público, desta

definitiva, caso sejam ultrapassados os prazos, se alterem as finalidades ou faltem pagamentos estabelecidos pelo contracto. O valor máximo da multa não satisfaz os membros da Associação dos Operários de Macau que consideram “o valor baixo” e pedem mais responsabilidades. Na determinação do montante do prémio, os cálculos da taxa de inflação e o preço da adjudicação no concurso público anterior vêm agora juntar-se aos já existentes factores de localização do terreno, finalidade da concessão e custo da construção, “para melhor reflectir o preço do mercado”, defende Teresa Lopes da DSSOPT. Etapa final

forma, deixada no poder discricionário do Chefe do Executivo da RAEM. A única obrigatoriedade enfrentada por estes casos raros é a de audiência pública, e divulgação do conteúdo essencial do contracto, mas apenas no caso em que a utilização do terreno se confina à diversificação das indústrias. A alteração à finalidade da concessão também não vai ser permitida, excepto em casos em que haja um projecto de reconstrução e onde o concessionário tenha já concluído o aproveitamento do terreno conforme o estabelecido no contracto, desde que se verifique conformidade com o planeamento urbanístico. Em caso de dispensa de concurso público, todas as alterações não podem colidir com essa exclusão. As concessões vão ter sempre tendo em conta “estudos de viabilidade económico-financeira e do impacto ambiental”, conforme esclareceu Lei Hon Kei. Uma lei da “Idade Média”

A exclusão da concessão por aforamento foi o tópico que

mais exigiu explicação. “A concessão por foro é uma lei do tempo de D. Dinis”, brincou Jaime Carion, “já não existe actualmente”. Conforme explicou o director da DSSOPT, impõe-se a necessidade de se reaproveitarem os terrenos por aforamento, já que muitas vezes se encontram devolutos “por nem se saberem quem são os herdeiros”. A partir da entrada em vigor da nova lei, que vem excluir a então criada pela administração portuguesa, todos os terrenos concedidos por aforamento ou venda caem e passa a ser o arrendamento a forma principal de adquirir um terreno. Os proprietários dos terrenos herdados deverão, de acordo com a nova lei, ceder gratuitamente o lote à RAEM que, por sua vez, o volta a conceder à mesma pessoa. Nos termos da lei, essa concessão passará a ser “arrendada”, sem haver, no entanto, cobrança do prémio para o proprietário. “Apenas se houver uma pequena parcela de terreno do Estado dentro desse terreno priva-

do e o proprietário desejar adquiri-la para unificar as terras, aí sim, será cobrado o valor dessa parcela com base na área bruta e no projecto de construção”, esclareceu o director da DSSOPT. Estas alterações à concessão por aforamento, que “são necessárias para obedecerem à Lei Básica”, não foram bem recebidas pelos membros da Associação Comercial de Macau, que consideram esta uma medida “injusta e necessária apenas em termos políticos”, já que as duas formas de concessão entram em conflito por “o arrendamento ter prazo limite de 25 anos”, ao contrário do período ilimitado em caso de herança das terras. Nos possíveis casos de permuta de terrenos que, salienta Jaime Carion, “se dá quando o motivo for de interesse público”, os custos podem ter empresas especialistas na avaliação dos valores do prémio. A possibilidade da troca de terrenos para esses fins chamou a atenção da plateia, que evocou o Parque Industrial da Concórdia como um dos locais não aproveitado e

merecedor de alteração de finalidade, até porque serve de casa a aves que precisam de protecção. Jaime Carion disse não haver ainda da parte da DSSOPT qualquer plano definido para os terrenos da Concórdia, que “permanecem para já com a função industrial”. Valores na ordem do dia

Também em cima da mesa, o reforço sancionatório proveniente das acções melhoradas de fiscalização. Na ocupação ilegal de terrenos, o valor máximo anterior de 50 mil patacas de multa passa para 500 mil patacas, além da punição por crime de desobediência que impede o transgressor de adquirir licença para concessão de terrenos do Estado durante cinco anos. A DSSOPT promete combater as situações de não aproveitamento dos terrenos, do qual fazem parte as terras com edifícios devolutos ou inutilizados por mais de cinco anos, multando o infractor em 15% do montante do prémio ou rescindindo a concessão

Questionados acerca de eventuais conflitos entre a revisão da Lei das Terras e o projecto de Lei do Planeamento Urbanístico, os responsáveis da DSSOPT admitem que eles existem, mas defendem que “ainda não está definida qual lei entra em vigor primeiro”, uma vez que ambas estão a ser tratadas em simultâneo. O primeiro grupo de trabalho foi estruturado em 2008 devido à necessidade de “reajustamentos” desde a revisão parcial da lei na administração portuguesa. Com 30 anos em vigor, esta revisão é feita de acordo com a actual realidade social de Macau e “a necessidade de se adequá-la ao futuro planeamento urbanístico”, explica Jaime Carion. Depois de apresentados os relatórios com as principais mudanças, elaborado pelo primeiro grupo de trabalho com a ajuda de especialistas jurídicos, começaram os trabalhos de revisão. As acções de consulta desta segunda ronda basearam-se nos resultados recolhidos entre a auscultação pública de 2008 a 2009. Definir e clarificar os regulamentos é a intenção expressa pela DSSOPT que vinca também o desejo de elevar ainda mais a participação da população na versão final da revisão da lei, antes da apresentação agendada para o terceiro trimestre deste ano.


Chefe do Executivo assina acordos de cooperação em Singapura

terça-feira 11.1.2011

Fernando Chui Sai On, iniciou ontem uma visita oficial a Singapura, durante a qual vai assinar acordos de cooperação. De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Singapura, a comitiva liderada por Chui Sai On vai ter encontros com o chefe do Governo de Singapura e vários ministros. À margem dos encontros, Chui Sai On testemunha a assinatura de um memorando de entendimento entre os serviços de Administração e Função Pública e o Instituto de Administração Pública de Singapura. Chui Sai On desloca-se também aos complexos hoteleiros e de jogo a funcionar em Singapura. A visita, a convite do primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, prolonga-se até quinta-feira.

Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Ainda só está feita a terraplanagem do local, mas já está aprovado o projecto arquitectónico que vai trazer alterações ao Palácio de Santa Sancha, a ex-residência oficial dos últimos governadores de Macau. “Sondamos a possibilidade de utilizar o espaço descoberto exterior à casa para a construção de um edifício, de apenas um piso, com cerca de 1200 metros quadrados”, explicou ontem Jaime Carion, director das Obras Públicas, à margem do encontro para a revisão da Lei de Terras. O Palácio de Santa Sancha está classificado como edifício de interesse arquitectónico e, por isso, a primeira fase da construção só teve início depois de uma visita do Instituto Cultural (IC) ao local. Após o aval positivo do IC, a primeira fase do processo de construção começou em Março de 2010 e prolongouse até Novembro.

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Chefe do Executivo pode estar a caminho de Santa Sancha

Chui com casa nova

Tem mais de um século de existência e serviu de casa a Vasco Rocha Vieira, o último governador de Macau. De residência oficial, o Palácio de Santa Sancha passou a local de eventos. Agora, o edifício de interesse arquitectónico pode voltar a ser “lar, doce lar”

De acordo com Jaime Carion, o IC entendeu que “deveria ser aproveitada a diferença da cota relativa ao

antigo campo de ténis para ser edificada a estrutura”, de modo a que esta fique ao mesmo nível que o campo

nada convencido com comissariado anti-corrupção

Au Kam San céptico Kahon Chan

kahon.chan@hojemacau.com.mo

O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Au Kam San questionou oficialmente a saída de dois adjuntos do comissário anticorrupção apenas um ano após Vasco Fong ter assumido a liderança do Comissariado contra a Corrupção (CCAC). O democrata considera “muito estranho” que os dois tenham decidido ir embora antes de estarem escolhidos os seus sucessores. Com o CCAC a ser visto como um obstáculo aos “negócios” das elites locais, Au receia que a demissão dos dois adjuntos possa ter sido resultado de pressões sobre o organismo encarregado do combate à corrupção. Numa interpelação apresentada na sextafeira passada, Au considerou pouco convincente a normalidade do processo que levou à saída em simultâneo de ambos os adjuntos do comissário sem sucessores designados, com um anúncio do CCAC feito duas semanas após o abanão a levantar ainda mais suspeitas sobre as razões da partida. O deputado da Associação Novo Macau Democrático especula poder tratar-se de uma falha de cooperação na cúpula ou mesmo um efeito colateral de mudanças na administração. “Terão os dois adjuntos do comissário sentido interferências sobre o trabalho nor-

mal? Ou o Governo discorda completamente do trabalho do CCAC na última década?”, questiona o deputado. “O Governo deve prestar esclarecimentos sob pena de haver prejuízo para a credibilidade do CCAC, para o prestígio do Governo da RAEM e para as nomeações feitas pelo Governo Central”, acrescenta. Alguns empresários terão acusado o CCAC de “violação dos direitos humanos”, uma vez que a entrada em vigor das leis anti-suborno terá prejudicado os seus interesses. Levando em conta a partida de Fátima Choi, ex-comissária de auditoria que granjeou respeito pelo seu trabalho até ter visto o seu contrato ser rescindido, a saída dos dois adjuntos do comissário levou Au a questionar se eles também não teriam sido demitidos por não terem agradado a certas elites. “Terá a sua partida sido causada pela pressão exercida pelo sector empresarial, ou uma vingança da administração?”, perguntou o deputado, instando o Governo a dar uma resposta clara. Caso contrário, as dúvidas vão continuar no ar. O CCAC desde sempre defendeu que a partida dos dois funcionários tinha sido provocada por motivos pessoais, embora Vasco Fong nunca tenha respondido directamente se chegou a haver dificuldades na colaboração.

para “não haver impacto visual ou colisão com o património”. A empreitada, que pertencia à Direcção para os Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), foi adjudicada sem concurso público “por razões de segurança”, disse Jaime Carion em declarações à imprensa. Uma rocha de granito, onde está assente o campo de ténis e onde será construído o novo edifício, faz os trabalhos avançarem devagar, já que “tem que ser pub

desmanchada com muito cuidado e tem que se ter em atenção o barulho e a protecção ambiental”, considerando as habitações em volta, defendeu o director da DSSOPT. “A prioridade é não estragar a estrutura existente e que está sob protecção do IC, nós respeitamos absolutamente a preocupação do público em conservar o edifício”, salientou Chui Sai On ontem, momentos antes de embarcar para Singapura. A segunda fase do projecto já está em execução e,

segundo a DSSOPT, estará concluída em Maio deste ano. Haverá ainda espaço para a adjudicação da construção do edifício. Usada para recepções oficiais desde a administração de Edmund Ho, que optou por não mudar de casa, a antiga morada de Rocha Vieira vê agora três possibilidades para a sua futura utilização: “recepção de convidados importantes”, instalações de apoio à Sede do Governo ou futura moradia do Chefe do Executivo. A notícia de que Chui Sai On poderia mudar para o Palácio de Santa Sancha foi avançada pela imprensa já em Maio do ano passado. Contudo, o Chefe do Executivo não confirma ainda a transferência para a nova casa. “Essa possibilidade não está excluída, se me lembro há três funções possíveis para o palácio, incluindo a sua utilização como residência para o Chefe do Executivo”, argumentou Chui Sai On.


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sociedade

Guia de engate à distância de um clique

Zonas tórridas do ciberespaço António Falcão

antónio@hojemacau.com.mo

Não é novidade nenhuma, as redes sociais já estão implantadas no dia-a-dia da sociedade global. Em Macau, o Facebook tem cerca de 220 mil utilizadores, o que não sobra muito para que metade da população local esteja ligada, de uma maneira ou outra, entre si. Mas há quem queira mais do que um simples pedido de amizade e pretenda ir mais longe pela via online. Descobrimos alguns dos utilizadores do território que escolhem outros métodos para chegar a um relacionamento mais profundo, que passa do simples encontro virtual para encontros que muitas vezes se tornam bem mais tórridos do que premir o botão “Like” numa página do Facebook. Aí a linha do sentimento começa a subir de temperatura. Pescar à linha

Vítor é um deles, não quer dar a cara porque pretende passar incógnito nesta sua actividade, mas o professor lusófono, a entrar na casa dos 50 anos de idade, não pára de nos contar as suas peripécias no mundo dos crescidos que se encontram na Internet. Vem de um divórcio como muitos dos utilizadores, tanto masculinos como femininos, que se ocupam desta estratégia. Para entrar pagou mais de 400 patacas para poder percorrer o “hongkongcupid. com”. A primeira coisa é passar os seus olhos pelas novidades na rede que afirma ter mais de “18 milhões clientes”, numa trama que se espraia por todo o mundo. Porquê esta? “Foi um amigo que me referiu este site e eu liguei-me a ele”, responde Vítor. “Achei que era mais localizado, mais perto de nós.” E assim foi, já lá vão uns mesitos. Ainda um pouco caloiro nestas andanças, Vítor já tem várias amigas que gostaram

do seu perfil e pretendem algo mais. “Basta carregar neste coração para dizer que gostas de alguém”, explica este cibernauta à espera de ser atingido em cheio pela flecha do Cupido. “A seguir há os favoritos”, continua. “Se tudo corre bem, depois disso, passas para um contacto por email e por telefone”. Vítor já se encontrou com três raparigas que se deslocaram de Hong Kong e prepara-se agora para conhecer uma outra que vem expressamente de Zhuhai para um encontro a dois e mostra-nos a fotografia enquanto larga um riso meio de troça meio adolescente. Para muitos, tudo isto não passa de uma brincadeira, uma maneira fácil de encontrar um parceiro ocasional, mas para outros é o último escape para uma vida feliz. Nos testemunhos do “hongkongcupid.com” vemos até alguns casais felizes que acabaram por contrair matrimónio e agradecem essa possibilidade, contando a sua história para que todos a vejam. “Obrigado a todos”, afirmam. “Mudei a estrutura da minha vida. Por agora, não quero nada de sério”, confessa Vítor. E conta um encontro

capital, na rede, com uma destas suas “amigas” que pretendia um relacionamento para a eternidade. “Queria acordar comigo para o resto da vida, assim sem mais nem menos”, explica, terminando por afirmar que “assim não pode ser”. Chama-se Miriam o seu encontro de hoje. O perfil: chinesa de 38 anos, de franjinha, com ar de professora. “Fico sempre à espera num local estratégico”, conta. Primeiro, a avaliação da figura real. Depois, um compasso de espera. “Nunca deixo de aparecer, mesmo que à partida tenha ficado um pouco desiludido”. Mas quem vê rifas não vê corações e este tipo de amor por correspondência é mais velho do que os nossos avós. Tudo isto não é mais do que uma versão mais moderna do tempo em que certas mulheres da província, há centenas de anos, iam casar com um desconhecido para as verdes colónias de África. Teclar no ego

Outra das ferramentas para este sucesso é o “asiafriendfinder.com”. Este portal tem mais de um milhão visitantes por mês e 37% são mulheres e 63% homens. O

site cobra cerca de 118 patacas por mês e é frequentado por um universo multicolor, com 47% de caucasianos, 33% de asiáticos, 13% de africanos e 5% de hispânicos. De todos eles, 28% afirma ter um ordenado anual acima das 800 mil patacas. José, português de 42 anos, é um dos utilizadores frequentes deste serviço. Chegou há pouco ao território macaense e conhece amiúde a noite de Macau, de encontros e desencontros fugazes. “É uma terra estranha”, conta. “Aqui tudo pode acontecer e tudo, ao mesmo tempo, pode não acontecer”. Confessa-se cansado da “oferta nocturna”, como lhe chama. “Cheguei no ano pas-

sado e não tenho aqui muitos amigos. Gosto de viajar e conhecer pessoas, por isso liguei-me a esta rede”, afirma o engenheiro informático, que escolheu esta cidade para “mudar de ares”. Agora não tem mãos a medir. O portal, apesar de não ter a palavra “adulto” ou “sexo” escrita no topo, como muitos outros, é um serviço que rapidamente se transforma num périplo de aventuras cheias de sedução. “Não sou só eu que venho à procura ‘disso’”, começa por explicar. “Quando nos ligamos, sabemos ao que vimos. Sabemos muito bem onde isto vai dar. Somos adultos e descomprometidos e facilmente acabamos debaixo dos lençóis”, conta sem precisar de esconder nada. Nos últimos meses a sua actividade tem sido intensa. “Se levarmos isto a sério, encontramos alguém com uma certa compatibilidade e acabamos por passar uns bons momentos”, aponta José. Os momentos podem continuar e formular uma amizade mais séria. “São pessoas carentes, com alguma solidão, sempre com alguma má experiência no passado, de vidas que não deram certo”, relata Vítor. “Muitas delas são pessoas com um nível de formação superior e com um estatuto social médio ou superior e que encontram uma fórmula mais fácil de se aproximarem dos outros e quebrarem uma série de barreira”, explica

Vítor, que nos confessa que a sua vida se rege agora um pouco a sabor destas relações. “É um corrupio”, confessa, já a planear as suas próximas férias na ilha Formosa, onde “conheceu” uma série de pretendentes. “Já me vieram visitar, agora é a minha vez de lá ir.” Encontros imediatos

Miriam não estava por certo à espera que Vítor trouxesse mais alguém. A sua franjinha cresceu e ao vivo Miriam não faz bem jus à fotografia do “hongkongcupid.com”, que na verdade a desfavorece. Não quisemos criar ilusões, por isso avisámos logo que vínhamos com uma outra missão, queríamos ouvir a sua parte da história. Depois de um primeiro momento de surpresa, a conversa desenrolou-se ao sabor de um inglês não muito regulamentar. Mas como não existia nenhum árbitro na mesa de café prosseguimos abertamente. As intenções são as mesmas de Luís e Vítor: “encontrar um parceiro”. Miriam tem consciência de que não vai encontrar um príncipe encantado ou alguém que a “faça feliz para o resto da vida”, mas “nunca se sabe”, acaba por confessar. Diz que passa uns momentos divertidos e quebra o seu regime normal. Aventura-se e segue o rumo sem medo. Quando à virtude de encontrar alguém que possa ter objectivos menos próprios, Miriam confia sempre na sua intuição. “Não acredito que alguma pessoa me possa fazer mal”, explica. “Normalmente encontro-me sempre num sítio público e só avanço para outra degrau quando sinto alguma confiança”. Enquanto isso, Vítor coloca a mão por cima da sua amiga e diz: “No problem, darling” e olham um para o outro com um sorriso matreiro. É nesta altura que o jornalista se levanta e se vai embora, deixando a aventura tomar conta da ocorrência.


Fórum Macau vai a Dongguan para dinamizar papel dos países de Língua Portuguesa O Secretariado Permanente do Fórum de Macau anunciou ontem que irá participar na Reunião Anual 2010 entre as Agências para a Promoção do Investimento da China e dos Países Estrangeiros e Fórum para a Promoção do Investimento nas Indústrias Emergentes Estratégicas, que se irá realizar no próximo dia 13, na cidade de Dongguan, em Guangdong. Em comunicado, o órgão refere que o objectivo da sua participação é “reforçar a cooperação de mútuo investimento entre o interior da China e os Países de Língua Portuguesa e Macau, de apresentar o ambiente de investimento dos Países de Língua Portuguesa e de dinamizar o papel de Macau como plataforma de serviço nas áreas económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

Efeitos das cinzas volantes na saúde pública em Coloane permanecem um mistério

Exames de saúde confusos Kahon Chan

kahon.chan@hojemacau.com.mo

Os Serviços de Saúde (SS) garantem que já foram efectuadas avaliações físicas a 96 pessoas em Coloane para apurar o impacte que tiveram na saúde pública três anos de operações de depósito de cinzas volantes das incineradoras de resíduos num aterro a céu aberto. Mas nas instituições sociais e escolas da zona reinava ainda a confusão e o cepticismo devido à escassa informação divulgada pelo Governo. Os SS prometeram examinar a saúde de residentes, trabalhadores e estudantes na zona de Ká Hó, em Coloane, no âmbito da investigação sobre se as cinzas volantes – conhecidas por conterem elevadas doses de metais pesados – terão deixado mazelas na saúde pública.Até ontem, um total de 96 residentes e trabalhadores de instituições sociais da zona tinha fornecido amostras de sangue e

urina, e realizado exames de raios-X, para testar a eventual contaminação com produtos químicos relacionados com as cinzas volantes resultantes da incineração de resíduos sólidos. Arealização de exames complementares e o acompanhamento de longo prazo irão depender dos resultados destes primeiros testes, cujos resultados são esperados só para o final do mês. De qualquer forma, as direcções da Escola de São José de Ká Hó, Escola Dom Luis Versiglia, Centro de Formação Juvenil Dom Bosco e Jardins Dom Versiglia permaneciam ontem confusas com o processo. As

instituições receberam cartas dos SS no final da sexta-feira e, embora contactos telefónicos anteriores tivessem sugerido que as cartas eram

O novo modelo de autocarros públicos de Macau entrará em funcionamento no dia 1 de Agosto com a estreia de três novas carreiras, a ver: 27, MT4 e N3. As novidades, que não se ficam por aqui, foram divulgadas ontem o director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, Wong Wan. “Queremos dar a conhecer que a partir de 1 de Agosto três novas carreiras vão entrar em acção: a 27, que terá um percurso circular na Zona Norte, a MT4 que será um expresso entre Macau e a Taipa, e a N3 que será uma carreira nocturna que chegará até Coloane”, adiantou o director da DSAT. O responsável referiu, ainda, que está em estudo novas alternativas de ligação ao norte do território depois de a população aí residente ter, recentemente, demonstrado o seu desagrado pela fraca afluência de transportes à zona da Ilha Verde. “Pretendemos fazer novas ligações do norte para o sul. De facto, há problemas na zona norte e pretendemos resolver isso. Pode passar

pela criação de carreiras rápidas”, disse Wong Wan. O Governo vai providenciar vários locais para os novos autocarros estacionarem. Tanto a Transmac, como a TCM e a nova Reolian vão poder usufruir de terrenos, propriedade do Executivo da RAEM, para estacionar os seus veículos. Estão em estudo locais junto à Torre de Macau e no Cotai. “Não serão zonas de manutenção e oficina. Os terrenos que vamos disponibilizar às empresas serão para estas estacionarem os seus autocarros durante o dia e a noite. Apenas isso. Os centros de manutenção são da responsabilidade das mesmas”, revelou Wong Wan. O contrato, que irá entrar em vigor em Agosto, durará sete anos e tem o apadrinhamento do Governo com cerca de 4,8 mil milhões de patacas. “O Governo irá investir esse valor. O plano de subsídios engloba ainda o que os passageiros irão pagar pelas suas tarifas que se espera sejam dois mil milhões de patacas”. As tarifas não vão sofrer grandes alterações por não ser intenção do Governo “sobrecarregar a popula-

7 foi aconselhada a organizar visitas em grupo dos estudantes ao centro, mas considera que os pais são suficientemente competentes para levar os estudantes, não havendo quaisquer instruções claras a esse respeito nas cartas. Joe Shi, vice-director executivo do Centro de Formação Juvenil Dom Bosco, revelou outras preocupações dos colegas. “Estão preocupados com a possibilidade de os testes serem apenas para justificar que ninguém tem um problema, assim como a conclusão de um relatório anterior da DSPA [Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental] sobre o impacto ambiental”. Shi mostrou-se disposto a colaborar com os SS e apenas pede respostas mais organizadas às suas dúvidas e explicações sobre o que está por trás de cada teste.

Se as cinzas são uma preocupação na ilha, já o fumo está a deixar em suspenso todo o território, com o Governo finalmente a avançar em breve com a lei anti-tabaco, embora a Assembleia Legislativa (AL) possa demorar ainda algum tempo a poder ler o texto revisto da proposta. O porta-voz da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura disse ontem ao Hoje Macau que o Conselho Executivo tinha já concluído a discussão sobre o diploma revisto na semana passada devendo este seguir de volta para a segunda comissão permanente para a reabertura do debate. O deputado Ng Kuok Cheong, membro da comissão, disse que o texto ainda não tinha chegado e que a próxima reunião estava ainda por agendar. Visto que muitos dos membros estarão indisponíveis por duas semanas, Ng receia que a reunião não possa ser realizada nem na próxima semana. Os pormenores do projecto de lei revisto serão revelados apenas na reunião da AL e a única ideia tornada pública foi sugerida pelo secretário Cheong U, que disse que a lei iria incluir artigos “flexíveis” que podiam abrir espaço a que os casinos tivessem salas de fumo.

Meu querido mês de Agosto glp@hojemacau.com.mo

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Projecto de lei anti-tabaco a caminho da AL

Novos serviços de autocarros só na segunda metade do ano

Gonçalo Lobo Pinheiro

apenas para serem tidas como “referência”, o facto é que as missivas destinadas aos pais e funcionários visavam obter o seu consentimento para a realização dos testes. Os itens dos exames apareciam enumerados sem qualquer explicação acerca dos respectivos propósitos, e uma reunião proposta com o Centro de Controlo e Prevenção da Doença acabou por ser adiada devido aos receios de epidemia de gripe. A irmã Maria Chu, directora da Escola de São José de Ká Hó,

terça-feira 11.1.2011

ção”. De acordo com o responsável da DSAT, a questão dos preços das passagens precisa ser “aperfeiçoada”, mas há, desde já, a garantia que não haverá alterações. Em discussão esteve também a questão dos autocarros eléctricos. O Governo espera que estes comecem a rodar nas ruas de Macau nos próximos anos, sendo que a experiência-piloto pode ter o seu desenrolar na zona do centro histórico da cidade. “Estamos no estado inicial desta questão. Até 2014, esperamos introduzir esses autocarros na zona histórica da cidade e num período experimental para ver como corre a experiência”, adiantou o responsável da DSAT. Os autocarros velhinhos que proliferam pelas ruas do território têm, também, um futuro pouco risonho. “Neste concurso chegámos à conclusão que os veículos não podem passar dos 5,5 anos de vida e como tal muitos dos autocarros que andam por Macau têm de ser substituídos por autocarros mais confortáveis, sem barreiras para deficientes e menos poluentes”, garantiu Wong Wan.

STDM vende terrenos a metade do preço

Uma pechincha

Quatro terrenos atribuídos à STDM de Stanley Ho pela administração portuguesa, nas décadas de 80 e 90, foram vendidos a uma empresa chinesa, a Star Entertainment, por 550 milhões de dólares de Hong Kong, preço que corresponde apenas a 49,6% do valor estimado no mercado. Um avaliador imobiliário independente afirmou que os quatro terrenos valeriam, em Novembro de 2010, qualquer coisa como 1.091 milhões de dólares. O acordo foi assinado entre ambas as partes no dia 23 de Dezembro, a notícia publicada no site da Bolsa de Hong Kong na passada sexta-feira, mas falta ainda o aval do Governo de Macau para a transacção começar a valer. Se a aprovação do Executivo

for conseguida, a Star pretende avançar para a construção de prédios residenciais e de escritórios na área total de 5300 metros quadrados no Zape. “A empresa tenciona também implementar restaurantes, bares, discotecas e galerias de arte, de forma a criar um maior tráfego a volta do hotel Lan Kwai Fong”, informa a companhia chinesa. Apesar de ter os terrenos há mais de duas décadas, a STDM falhou os prazos estipulados para o aproveitamento da terra. A partir do dia 15 de Abril do ano passado, recebeu, no entanto, autorização do Governo para utilizar os lotes até 14 de Abril de 2013. A China Star Entertainment é liderada pelo ícone da indústria dos filmes de Hong Kong Charles Heung Wah Keung, que criou a companhia em 1992, com o objectivo de desenvolver o mercado cinematográfico na região vizinha. A parceria entre Stanley Ho e a Star não é nova, já que a empresa detém 50% do Lan Kwai Fong, da qual o magnata dos casinos é ainda presidente. – V.A.


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animais

Depois de Macau, o presidente chinês, Hu Jintao, parece e vez da Escócia receber a prenda dupla. O vice-primeiro-m ontem um protocolo a ceder os animais para o Jardim Zoo de vida, ficarão sob os cuidados escoceses durante um p

Filipa quieroz

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Prenda à chinesa | pandas pa

Loja de animais tem répteis de estimação à escolha do freguês

Vendem-se cobras e lagartos No Clube dos Animais, répteis vivem prateleiras meias com gatos e coelhos e os donos gostavam de juntar algumas espécies venenosas à família Filipa Queiroz

filipa.queiroz@hojemacau.com.mo

À primeira vista parece ser uma loja de animais de estimação comum, pelo menos para os parâmetros ocidentais. Paredes coloridas, aspecto amigável e várias bolinhas de pêlo na montra. Ao abrir a porta do Clube dos Animais, na estrada Coelho do Amaral, somos saudados pelos “favoritos das meninas e das crianças”: hamsters, porquinhos-da-índia, coelhos e gatos bebés. Mas à medida que avançamos no corredor, a história é outra. Serpentes, sapos, escorpiões, cobras, lagartos e uma piton de dois metros de comprimento. E o cliente que não se distraia demasiado a olhar para os reptilários, não vá tropeçar em Jwai, a tartaruga gigante que passeia preguiçosamente pelos corredores apetrechados dos mais diversos produtos para animais. Os primos Anita, Lewis e Aida fundaram a loja em 2003 e dizem que estão sempre à procura de mais bicharada para juntar à colecção,

inclusive aquela que as “restritas” regras de entrada de animais em Macau a cargo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) não permitem. Ala dos rastejantes

Lewis é o especialista na classe dos répteis. Com 20 anos de experiência a cuidar daquele tipo de animais em Hong Kong, diz-se um “apaixonado” pelas criaturas de sangue frio enquanto exibe com orgulho a segunda estrela da loja – uma cobra piton de três anos de idade que lhe custou 120 mil patacas e que não está à venda. “É de estimação e é muito rara”, explicou embevecido, acrescentando

que a cobra é a única daquele tipo no território e certificada pela China, onde só existem cerca de dez. É o vendedor quem a alimenta, com pequenos ratos que também podem ser comprados na loja. Como, aliás, os grilos (vivos) que servem de refeição aos outros répteis, a dez patacas o saco de 40 insectos. Há cerca de uma centena de cobras à escolha na loja, nomeadamente ‘boas’, espécie não venenosa da família da piton. Mas as lagartixas (conhecidas pelo termo geeckos, em inglês) são as mais procuradas, “sobretudo pelos clientes mais jovens”, explica Lewis. Segundo o vendedor, o mercado deste tipo de réptil ainda está a começar no território, ao contrário

do das tartarugas, por exemplo. “Vendem-se muito em Macau, porque simbolizam ‘longa vida’ e ‘boa sorte’ para os chineses”, justifica. “Já os répteis são muito conotados com os demónios”, acrescenta. Os responsáveis garantem que todos os animais na loja estão devidamente certificados, apesar do processo ser bastante difícil e moroso em Macau. “Há muitas restrições e nem todos podem ser importados, como as aranhas, as iguanas e todo o tipo de espécies venenosas”, explica Anita, confessando que gostariam de ter alguns desses exemplares na loja. “Continuamos a tentar que as autoridades acabem com essa regra”, diz. Os preços dos répteis são discrepantes. Um cliente pode levar para casa um simples escorpião chicote por 50 patacas, ou um pequeno sapo com chifres argentino por 150. Já se quiser ter uma lagartixa leopardo albina ou uma serpente do deserto


ara a Escócia

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estar a tornar a política de oferta de pandas uma prioridade. Agora será a ministro chinês, Li Keqiang, que está em visita oficial a Londres, assinou ológico de Edinburgo. Os pandas macho e fêmea, com cerca de sete anos período de dez anos. Os animais chegam a Escócia no próximo ano.

o preço sobe para as 380 ou 480 patacas, respectivamente. As tartarugas custam entre 580 e 850. Nenhuma tão grande como “Jwai”, que pesa 80 quilos, mas Anita garante que há muitas pessoas a manterem aqueles animais nos apartamentos. Família feliz

É assim que Anita caracteriza, no seu inglês perfeito, a Clube dos Animais. “É mais do que um negócio, foi a paixão pelos animais que nos levou a criar este espaço e é essa a mensagem que queremos transmitir aos nossos clientes”, conta a jovem formada em design de moda. Além da venda de animais, o espaço também tem uma área reservada à adopção de gatos recolhidos da rua. “Há muitos gatos abandonados, então quisemos dar-lhes uma oportunidade também”, justifica. Está bom de ver que os bichanos são os predilectos de Anita. “Temos cerca de 40”, diz, enquanto nos guia para a sala anexa onde fica a maioria dos gatos para efeitos de procriação e posterior venda das crias, todos de raça, a saber: gatos de pêlo curto ingleses (British Shortair) e americanos, siameses e gatos-de-bengala. O “Afei” é o mais famoso. Grande e malhado, em tons de cinzento, branco e negro, geralmente fica à vista dos clientes, apesar de não estar à venda. “As pessoas perguntam por ele quando não o vêm”, diz Anita. Até porque os animais também são passeados regularmente, por ela ou por algumas das outras três funcionárias da loja. Ninguém no Clube dos Animais tem formação profissional na área da veterinária ou zoologia, mas Anita explica que todos partilham a paixão pelos animais desde jovens e os conhecimentos foram buscá-los aos livros – vários deles expostos na loja para consulta - e à Internet. A loja tem uma página oficial (www.animals-club.com) onde os interessados podem consultar as novidades e a galeria de fotos dos animais. Também estão disponíveis para consulta os certificados, que garantem as boas condições de saúde dos animais, bem como a origem, sendo que a maioria é importada do Canadá.

António Falcão

antonio@hojemacau.com.mo

A data ainda carece de confirmação mas passado o período de quarentena, findo no próximo dia 18, espera-se com toda a convicção que o tão esperado Pavilhão dos Pandas abra ao público no final da próxima semana. E não será por menos, presente na cerimónia inaugural, além das figuras de proa da sociedade local, estará um alto dignitário do Governo central. Todos os detalhes deste aparato serão anunciados à imprensa pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) dentro de poucos dias. Entretanto, saído no Boletim Oficial de ontem, o Chefe do Executivo aprovou a tabela de preços para o pavilhão. Assim, para visitar os pandas ficou estabelecida uma tarifa de ingresso de 10 patacas, com entrada gratuita para crianças com idade igual ou inferior a 12 anos e idosos a partir dos 65 anos. Todas as receitas cobradas serão automaticamente transferidas para o Fundo dos Pandas, que se destina essencialmente a criar esforços na sustentação e protecção desta espécie ameaçada. Vida de “dondoca”

Nas primeiras semanas Hoi Hoi e Sam Sam adaptaram-se “surpreendente bem” ao seu novo habitat, referiu fonte do IACM. De resto, com um investimento de cerca de 90 milhões de patacas, todos os pormenores da sua transferência para Macau foram preparados com os requisitos necessários para uma adaptação suave, nomeadamente na alimentação disponível neste seu renovado território. Os bambus que aqui vieram encontrar já faziam parte do seu menu dois meses antes de efectuarem a viagem desde Changdu, na província de Sichuan, o seu local de nascimento, até Macau. Com eles veio um veterinário e dois tratadores especializados da província chinesa, que assim se juntaram à equipa de três veterinários e dez funcionários do IACM que vigiam os pandas 24 horas por dia. Os dois ursos, ainda a percorrer a infância, têm sido monitorizados com todo o rigor. As suas refeições são pesadas com exactidão e a temperatura é verificada diariamente, com uma recolha de sangue efectuada de duas em duas semanas. Desde que chegaram à ilha de Coloane ainda não perderam peso, o que normalmente acontece em ocasiões similares. Por enquanto, o seu espaço de manobra não tem sido muito amplo e os pandas tem ficado circunscritos às suas sumptuosas jaulas, sem se aventurarem lá fora.

9 Pavilhão dos Pandas abre portas com alto representante chinês

Pandas para a semana a 10 patacas As saídas para o exterior do recinto vão acontecer durante a próxima semana, talvez para se começarem a ambientar às visitas do público, que no primeiro dia poderão estar limitadas aos 1500 visitantes. À espera das estacas

A breve trecho, a única grande preocupação para os responsáveis do pavilhão será o início da construção dos projectos habitacionais a erigir junto ao Parque de Seac Pai Van. São dois edifícios de grande envergadura: um edifício de habitação social, com 6800 apartamentos a construir até 2012, e o empreendimento imobiliário de luxo One Oásis, que irá trazer 870 novas unidades residenciais encaixadas entre o Parque Industrial da Concórdia e o Pavilhão dos Pandas. Não são boas notícias para a serenidade desta espécie protegida, que poderá afectar o seu bem-estar no futuro e para o qual não existe nenhum mecanismo para o controlar, principalmente no que diz respeito aos níveis de ruído. No entanto, foram levadas em conta, na construção da estrutura, todos os dispositivos para a sua insonorização para assim minimizar o problema. Por agora, o quotidiano dos pandas tem sido tranquilo e tem sido passado a dormir e a saborear os deliciosos colmos de bambu colhidos escrupulosamente numa zona perto de Zhuhai. Esta é a sua fase de crescimento. Durante a noite acordam uma ou duas vezes e vão sozinhos,

sem a ajuda de nenhum tratador, mordiscar um pouco mais e voltam então a dormir até às 7h00, atura em que tomam o pequeno-almoço e mais uma refeição. Fazem assim jus ao seu nome, já que a palavra “panda” significa qualquer coisa como “comedor de bambu”, que constitui 99% da sua dieta alimentar. Em idade pré-escolar

O seu idioma é ainda o mandarim pelo qual respondem, tanto pelo nome, como pelas ordens simples proferidas pelos tratadores, como “sentar” e “vem”. Por agora, os nomes Hoi Hoi e Sam Sam são apenas cabeça de cartaz para um plano de promoção do Governo de efectivar o desejo de unir a população a todo este desígnio, num verdadeiro apelo a uma participação democrática, que levou a um contributo de cerca de 56 mil sugestões dadas pelos cidadãos. Os pandas respondem pelos seus nomes de nascença, Kai Kai e Xin Xin, e assim será nos tempos próximos. Espera-se que gradualmente possam começar a perceber os títulos que constam do seu bilhete de identidade da RAEM. Outra questão - essencial para a protecção da espécie - é a sua reprodução. No caso dos pandas gigantes, este é um caso bicudo, já que apenas 10% deles se conseguem cruzar naturalmente em cativeiro. Nascidos no Verão de 2008, é preciso esperar ainda três a quatro anos até que seja atingida a maturidade sexual destes exemplares. Pensando

a longo prazo, os técnicos do IACM limitam-se por agora a fazer o registo da transformação hormonal. Um dos entraves para a sua procriação é o facto de que menos de 40% dos pandas cativos demonstram qualquer desejo sexual e apenas 30% das fêmeas conseguem engravidar. Em todo este jogo de probabilidades, Kai Kai e Xin Xin têm uma existência marcada pela incerteza, nos seus cerca de 15 anos de vida. No entanto, a época propícia para o acasalamento dá-se na Primavera e será nessa altura que os visitantes vão poder observar as melhores serenatas de Kai Kai. Caso a cegonha receba a mensagem, a gestação é em média de 135 dias. Outro problema futuro: devido à compleição frágil dos ursinhos, a mãe-panda escolhe apenas um único filhote para criar mesmo que nasçam dois, sendo um deles abandonado à morte. Se tudo correr bem, este casal de pandas, oferecido à RAEM pelo presidente chinês, Hu Jintao, pode voltar a tentar a sorte dois anos depois. O Executivo de Macau reza para que isso aconteça, tornando o dispendioso pavilhão uma obra de sucesso. Espera, por ventura, igualmente que um destes espécimes criado em cativeiro bata o recorde de Meimei, uma fêmea do jardim zoológico de Guilin que atingiu a provecta idade de 36 anos, o que corresponde a 108 anos humanos. Este é apenas o trailer, a realidade pode começar a ser verificada por todos a partir da próxima semana.


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cultura

Empresário chinês pretende renovar panorama artístico em Pequim

Mudar a geografia da arte

O Ullens Center for Contemporary Art (UCCA), aberto por um coleccionador suíço há cerca de três anos atrás, transformou-se no centro de arte com mais vida em Pequim. Há ainda uma nova perspectiva para o futuro próximo. Outra estrutura, actualmente em construção, irá partilhar a cena artística com a UCCA, se não totalmente ofuscar o seu papel no panorama da arte chinesa. Estes são os objectivos do próximo Wall Art Museum, uma organização artística sem fins lucrativos, que já ganhou a sua reputação na cena da arte chinesa, tendo exercido, desde sua fundação em 2006, exposições frequentes com altos padrões que atraiu um vasto público. Com um orçamento considerável de 200 milhões de yuans (cerca de 240 milhões de patacas) apenas para a estrutura arquitectónica, o novo Wall Art Museum, que fica geograficamente perto do Estádio dos Trabalhadores de Pequim, no centro da capital chinesa, verá a luz do dia neste Verão. Aí será revertido não só o dilema geográfico que costumava enfrentar. Anteriormente, o museu estava localizado no antigo espaço de uma escola de Belas Artes, o que tornou particularmente difícil para

Li Guochang

todo os amantes da arte encontrar o local. No seu novo endereço, este museu não só vai ser colocado no mapa com outra evidência, mas também irá destacar-se na sua única função como um espaço dedicado às artes. O edifício de três andares e uma cave será um espaço que oferece um complexo para as artes visuais e plásticas, performance, moda, design e outro tipo de interesses “high-tech”, de acordo com um funcionário do museu, ocupado com os preparativos para a sua abertura. Em exibição nas paredes do Museu de Arte não estarão apenas exposições de grande escala, mas

também outros programas, como dança e música, e um centro de preservação do património cultural intangível. O fundador do museu, Li Guochang, um empresário chinês nativo e coleccionador de arte falou ao jornal chinês Global Times da sua ambição para a arte chinesa, a cena contemporânea e os seus planos para o museu. Moldar um grande sonho

O Wall Art Museum é um passo grande e decisivo tomado por Li entre suas muitas acções de promoção da arte contemporânea chinesa. Com um museu totalmente novo, Li sublinhou que o cenário da arte

contemporânea se tornaria mais vibrante e diversificado. Fundado em 2006, o antigo museu teve como objectivo “manter algumas das exposições mais independentes e influentes”. “Estou a fazer aquilo que sou capaz de fazer, não tenho de me preocupar,” referiu Li sempre com um sorriso, que tanto parece gentil como reservado. No entanto, as suas ambições vão muito além do Wall Art Museum. Li disse que iria esforçar-se para apresentar uma série de importantes exposições de arte chinesa em museus de classe mundial no estrangeiro, com um orçamento de aproximadamente 500 milhões de yuans (600 milhões de patacas), des-

de a promoção de artistas nacionais. Este tem sido o seu sonho. Li é um empresário de sucesso que tem vindo a recolher e pesquisar a arte ao longo de três décadas. Agora tem os olhos postos em muitos objectivos na frente artística chinesa, sentido que sua missão é fazer o que é “capaz de ajudar a levar por diante a cena da arte na China.” Presidente do Conselho da Companhia Florestal da China e director executivo da Associação Internacional Chinesa de Economia e Cultura, Li Guochang está entre os poucos que começou a coleccionar arte chinesa nos anos 80. Li começou sua colecção de arte moderna, também no mesmo período, quando estava ao serviço do Ministério do Exterior. Estando assim familiarizado com muitas celebridades da arte chinesa, como Wu Zuoren, Keran Li e Baoshi Fu. Apesar do seu interesse inicial centrado em antiguidades e pintura tradicional chinesa, o empresário viria a mudar de agulha mais tarde dado o entusiasmo com a arte de vanguarda chinesa no início de 1990, quando alguns desses artistas se tornaram reconhecidos na China ou no Ocidente. É muito cedo para dizer se o Wall Art Museum vai realizar os sonhos e as ambições do seu fundador. O certo é que a construção de um museu de arte multifuncional “será tão bom para as artes plásticas, como para a vida cultural em Pequim”, de acordo com Zhao Jun, um crítico de arte independente.

Artista luso-brasileira vai ter selo nos Estados Unidos

Carmen Miranda em versão postal A artista brasileira de origem portuguesa Carmen Miranda vai ter direito a um selo comemorativo dos correios dos Estados Unidos, mais de meio século depois da sua morte. O selo dedicado a Carmen Miranda, a lançar em Março deste ano, integra-se numa nova série de selos comemorativos para o ano de 2011 que incluem vários ícones do mundo do espectáculo e da música, segundo informação divulgada pelos correios norte-americanos (USPS). Maria do Carmo Miranda da Cunha (Carmen Miranda) nasceu no concelho de Marco de Canavezes,

em 1909 e emigrou com a família para o Brasil quando tinha apenas dez meses de idade. Em 1933 tornou-se a primeira cantora a assinar um contrato com uma rádio no Brasil, a Rádio Mayrink Veiga, ao que se seguiu a RCA Records e a entrada no cinema; em 1939 mudase para os Estados Unidos, onde inicia uma carreira de grande sucesso com a participação em vários programas de rádio, televisão, musicais. Participou também em 14 filmes, chegando a ser a estrela mais bem paga de Hollywood em 1946. A colecção de 70 selos sem valor facial, que mantêm sempre o valor da

estampilha doméstica mínima, denomina-se “Forever” (para sempre). Esta colecção teve início em 2007 com o chamado “Sino da Liberdade”, imagem do famoso sino de Filadélfia ligado à história da independência dos Estados Unidos e até hoje mais de 28 mil milhões de selos desta colecção foram vendidos no país. A colecção de 2011 homenageia “cinco figuras lendárias do mundo do espectáculo e dos sons latinos que tiveram um impacto na música americana”, nomeadamente Tito Puente, Selena Quintanilla-Perez, Carlos Gardel e Celina Cruz.

Língua portuguesa | Vuvuzela é a palavra do ano de 2010 Vuvuzela foi eleita a palavra do ano de 2010, numa votação online promovida pela Porto Editora que pretende com esta iniciativa demonstrar a evolução da língua portuguesa. Além de Vuvuzela, défice, desemprego, SCUT, rede social, PEC, orçamento, tablet, FMI e mineiro eram as outras palavras propostas a votação pelo Departamento de Dicionários da Porto Editora. Em declarações à agência Lusa, o administrador da Porto Editora, Vasco Teixeira, considerou tratar-se de uma iniciativa que visa “demonstrar que a língua portuguesa é dinâmica e está

em constante evolução”. O responsável explicou ainda que a selecção das palavras foi feita tendo em conta a sua frequência e relevância, e realçou que os vocábulos escolhidos oferecem uma perspectiva daquilo que foi o ano de 2010, notando-se uma “prevalência das questões sociais e económicas”. A eleição da palavra do ano decorre já há alguns anos, mas este foi o primeiro em que o vocábulo foi escolhido pelos portugueses. Em 2009 a palavra do ano tinha sido esmiuçar, que ganhou notoriedade devido a uma rubrica televisiva dos Gato Fedorento.


desporto Marco Carvalho

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O triunfo obtido pela selecção de futebol do território na edição de 2010 do Interport Macau-Cantão deixou os responsáveis pela formação do Lótus convictos de que a fase final da Challenge Cup está ao alcance do conjunto capitaneado pelo macaense Geofredo de Sousa. Na sexta-feira, o onze orientado por Leung Sui Weng derrotou uma selecção jovem de Guangdong por cinco bolas a zero em partida a contar para a segunda mão do Interport de futebol entre ambas as regiões. O antigo craque dos relvados da vizinha Hong Kong gostou do que viu, ainda que tenha considerado o encontro pouco competitivo. “Dado que tínhamos ganho o encontro da primeira mão por cinco bolas a zero, entrámos no encontro da segunda mão de forma mais despreocupada. Quando o pontapé de saída foi dado, não sabíamos ainda o que podíamos esperar do nosso adversário, mas cedo compreendemos que o seleccionador de Cantão não tinha pub

Futebol | treinador acredita que a Challenge Cup está ao alcance

Que venha de lá esse Camboja

operado grandes modificações, por isso, devo dizer que raramente nos sentimos pressionados pelo adversário”, sustenta o seleccionador do território. Leung Sui Weng está consciente de que o adversário que Macau vai

enfrentar no início de Fevereiro apresenta um futebol mais elaborado e uma organização em campo de outro calibre, mas mostra-se convicto de que o grupo de trabalho que esteve às suas ordens nos últimos dois jogos pode superar

o Camboja e conquistar um lugar na fase final da edição de 2011 da Challenge Cup. O seleccionador do território considera que a chave para a qualificação poderá passar por se apresentar em Phnom Pehn em boas condições tanto morais, como físicas. “Acredito que frente ao Camboja, as coisas não serão tão fáceis, uma vez que os atletas contra quem jogámos agora são bem mais jovens. No entanto, estes dois encontros e o encontro que vamos disputar esta semana, são úteis para ajudar a impulsionar a condição física e a moral dos nossos jogadores. Se estiverem devidamente moralizados, estou certo que em Fevereiro próximo os nossos atletas se vão exceder”, confidencia a antiga estrela dos relvados. Não obstante dizer-se confiante na capacidade dos jogadores às suas ordens, Leung Sui Weng considera

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11 que há ainda aspectos a melhorar. O seleccionador do território diz que mais do que um problema de condição física, teme que a selecção não consiga ser bem sucedida na demanda por um lugar na fase final da Challenge Cup devido a uma questão de atitude. “Supostamente, a condição física não será problema. Tudo o que tinham de fazer nestes dois encontros era vencer, mas a verdade é que os adversários eram bem mais jovens. Os nossos jogadores têm, ainda assim, de se esforçar e de mostrar trabalho. Devo confessar que uma das questões que me deixam preocupado é o facto de que alguns não dão tudo o que podem dar quando se apercebem que o adversário é mais fraco. Foi algo de que não me apercebi noutros jogos e estou certo que frente ao Camboja vão assumir o que lhes é exigido a cem por cento”, remata. Macau joga no Camboja a 9 de Fevereiro e volta a entrar em acção uma semana depois, com a segunda mão da pré-eliminatória de acesso à fase final da Challenge Cup a disputar-se no Estádio da Taipa.


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o Hoje [r]ecomenda

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«Eastriver», Long Way To Alaska

[f]utilidades Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Quantia com que cada indivíduo de um grupo contribui para certo fim. Psécade. 2-Tocar na harpa. 3-Prefixo usado em lugar de in. Umiri. Indicativa do ruído de árvore frondosa, ao cair. 4-Parte ou face inferior do pão. Sufixo, instituição. No tempo ou governo de. 5-Que é de bronze. Criança de colo. 6-Que é usurário. 7-Elemento de origem latina que significa oito. 8-Algumas vezes se encontra nos clássicos, em vez de lhes. A parte do mundo oposta ao norte. Companhia. 9-Duas vezes a. Orquídea brasileira. Segunda nota da escala musical. 10-Uma ave. 11-Produzido pelo vento. Artéria que sai do ventrículo esquerdo

VERTICAIS: 1-Espécie de breu da Índia. Oláceo. 2-Morena. 3-Designativa de espanto. Cilada em meio de um tumulo. Cloro. 4-Diz-se de uma das três religiões chinesas, o tauismo. Arsénico. Prescrição do poder legislativo. 5-Qualquer meio de agressão. Elemento de origem latina que significa seio. 6-Género de moluscos. 7-Maça doce. Libo. 8-Espécie de macaco. Uma lagarta. Preceptor de crianças ilustres. 9-Érbio. Um cesto. Fluido gasoso que respiramos. 10-Corrobar. 11-Touchinho para tempero. Ulceração das membranas mucosas das fossas nasais.

Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-QUOTA. PSECA. 2-U. AARPEAR. D. 3-IM. UMERI. RU. 4-LAR. ATO. SOB. 5-EREO. U. BEBE. 6-ONZENARIO. 7-OCTO. C. URRO. 8-LHE. SUL. AAZ. 9-AA. LELIA. RE. 10-C. CENOBIA. N. 11-EOLIO. AORTA. VERTICAIS: 1-QUILE. OLACE. 2-U. MAROCHA. O. 3-AO. RENTE. CL. 4-TAU. OZO. LEI. 5-ARMA. E. SENO. 6-PETUNCULO. 7-PERO. A. LIBA. 8-SAI. BRU. AIO. 9-ER. SEIRA. AR. 10-C. ROBORAR. T. 11-ADUBE. OZENA.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior

Para quem anda na casa dos 20, «Eastriver» surpreende pelo sossego. Pelo valor que dá à melodia, por contraste com uma geração que necessita de ritmo para alimentar a hiperactividade e de ruído para elevar o excesso. E ainda que não fugindo a modelos indie convencionais, há personalidade suficiente para acreditar neles. Gravado com o produtor Paulo Miranda, «Eastriver» viaja ao sabor de alguma dream pop, com painés receptivos ao sol da Califórnia, sem negligenciar o peso da folk numa música que nunca deixa de ser pop.

[ Te l e ] v i s ã o TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:20 Jornal das 24h 14:30 RTPi DIRECTO 17:35 Liga Sagres: União Leiria vs Benfica (Repetição) 19:00 TDM Desporto (Repetição) 19:30 Olhos de Água 20:25 Acontecimentos Históricos 20:30 Telejornal 21:00 Jornal da Tarde da RTPi 22:15 Novela: O Clone 22:58 Acontecimentos Históricos 23:00 TDM News 23:30 Montra do Lilau 00:00 Grandes Livros 00:30 Telejornal (Repetição) 01:00 RTPi DIRECTO INFORMAÇÃO TDM TVB PEARL 83 06:00 Taking Stocks 07:30 NBC Nightly News 08:00 Putonghua E-News 08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 Inside the Stock Exchange 12:02 Market Update 12:30 Inside the Stock Exchange 12:35 Market Update 13:00 CCTV News - LIVE 14:00 Market Update 14:40 Inside the Stock Exchange 14:43 Market Update 15:58 Inside the Stock Exchange 16:00 Guess What? Timothy & Annabel 16:30 ZingZillas 17:00 The Large Family 17:30 Eco Company 18:00 Putonghua News 18:10 Putonghua Financial Bulletin 18:15 Putonghua Weather Report 18:20 Financial Report 18:30 Global Football 19:00 The Works 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 New Zealand On A Plate 20:30 Heroes 21:30 South Pacific 22:35 South Pacific Diaries 22:45 Marketplace 22:50 Human Target 23:45 World Market Update 23:50 News Roundup 00:05 Earth Live 00:10 Dakar Rally 2011 00:40 Hotel Babylon 01:40 The Pearl Report 02:05 Transworld Sport 02:35 European Art At The MET 03:00 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 13:00 (Delay0 Argentina - Chile Dakar Rally 2011 Day 10 13:30 US Open 9-Ball C’ship 2010 Mika Immonen vs. Max Eberle 15:00 UK Ironman 70.3 2010 15:30 ACC Sunday Night Hoops Maryland vs. Duke 17:30 Football Asia 18:00 Simply The Best 18:30 Players Lives 19:00 Argentina - Chile Dakar Rally 2011 Day 10 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Winter X Games Fourteen Classix 21:00 F1 Classics - 1985 Portugese Grand Prix 22:00 Sportscenter Asia 22:30 Players Lives 23:00 Planet Speed 2010/11 STAR SPORTS 31 13:00 FEI Equestrian World 13:30 Simply The Best 14:00 International Motosport News 2011 15:00 FA Cup 2010/11 Crawley Town vs. Derby County 17:00 Monday Night Verdict - FA Cup 18:00 Australian Open Tennis 2005 Official Film 19:00 FA Cup 2010/11 Manchester United vs. Liverpool

21:00 (LIVE) AFC Asian Cup 2011 DPR Korea vs. UAE 23:30 (Delay) Score Tonight 00:00 (LIVE) AFC Asian Cup 2011 Iraq vs. Iran STAR MOVIES 40 12:10 Notorious 14:20 Army Of Darkness 16:05 Juice 17:45 Passengers 19:25 Disaster Movie 21:00 My Bloody Valentine 22:45 Ninja 00:20 Mississippi Burning HBO 41 13:00 14:40 15:50 17:35 19:10 21:00 22:30 00:20

Fathers’ Day Curb Your Enthusiasm A Smile Like Yours Georgia O’Keeffe Grey Gardens Carriers Species Species Ii

CINEMAX 42 12:00 Faith Of My Fathers 13:30 Village Of The Damned 15:05 House Of Wax 16:30 The Delta Force 18:30 Tarantula 20:00 The Revenge Of Jessie Lee 22:00 Beneath The Blue 00:00 Animals MGM CHANNEL 43 12:00 Red Corner 14:00 The Russia House 16:00 Windows 17:30 Steele Justice 19:15 River’s Edge 21:00 Stone Cold

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22:45 Fires Within 00:15 The Rosary Murders DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters - Exploding Steak 14:00 Swamp Loggers - Crisis At The Mill 15:00 Swords 16:00 Bear’s Mission Everest 17:00 Dirty Jobs - Hoof Cleaner 18:00 How It’s Made 19:00 Man, Woman, Wild - Mexico 20:00 Dual Survival - Shipwrecked 21:00 I Was Bitten 22:00 I Shouldn’t Be Alive - Date From Hell 23:00 Rampage! - Riot Rampage 00:00 I Was Bitten NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 13:00 Beijing Olympic Stadium 14:00 Mega Factories - Lamborghini 15:00 Taliban Gambit 16:00 Trapped - Hurricane Hospital 17:00 Nat Geo’s Amazing Moment 18:00 Search For The Giant Octopus 19:00 Hunting Pablo Escobar 20:00 Beijing Olympic Stadium 21:00 Nat Geo’s Amazing Moment 22:00 Monster Jellyfish 23:00 Word Travels 00:00 Hunting Pablo Escobar ANIMAL PLANET 52 12:00 Downsize My Pet Special 13:00 Wild Recon - Desert Venom 14:00 Animal Cops Phoenix - Missing Leg Mystery 15:00 Into The Pride - The Bush Rules 16:00 Caught In The Moment - India 17:00 The Night Stalker 18:00 Orangutan Island 19:00 Downsize My Pet 20:00 Wild Recon - Lost Worlds 21:00 Into The Pride - A Tale Of Two Alphas 22:00 Caught In The Moment - Monterey Bay 23:00 Nick Baker’s Weird Creatures - The Mimic Octopus 00:00 Wild Recon - Lost Worlds HISTORY CHANNEL 54 13:00 Death Weapons Of The East 14:00 Waves Of Devastation 15:00 Secrets Of The Seven Seals 16:00 Pawn Stars 17:00 American Pickers - Big Bear 18:00 Modern Marvels - Bathroom Tech II 19:00 Conspiracy? - FDR And Pearl Harbor 20:00 The Making Of Adolf Hitler 21:00 Commander in Chief 22:00 Patton 360 - Leading The Charge 23:00 The Port Of Last Resort 00:00 Dinosaurs Decoded STAR WORLD 63 13:00 Rules Of Engagement 13:50 Canada’s Next Top Model 14:45 How I Met Your Mother 15:10 Rules Of Engagement 15:35 Castle 16:25 Private Practice 17:15 The Bachelorette 18:40 Canada’s Next Top Model 19:05 Gary Unmarried 19:30 How I Met Your Mother 20:00 Ugly Betty 20:55 90210 21:50 The Bachelorette 22:45 Canada’s Next Top Model 23:40 Grey’s Anatomy 00:35 Ugly Betty

(MCTV 40) Star Movies 15:45 passengers

Informação Macau Cable TV


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[O]bjectiva Gonçalo Lobo Pinheiro

13 Raio [X] Tarefa (quase) impossível Maria Diná

Goste-se ou não, CR7 é um jogador fantástico (Lisboa, 2007)

Para[ ]comer • Pérola 3/F, Sands, Largo de Monte Carlo, no.203 8983 82222888 3352 http://www.sands.com.mo • VINHA Alm Dr. Carlos d' Assumpção 393 r/c AC 2875 2599vinha@macau.ctm.net http://www.vinha.com.mo • FAT SIU LAU (SINCE 1903) Av.Dr.Sun Yat-Sen,Edf.Vista Magnifica Court Rua de Felicidade No.64, R/C Macau 2857 3585fsl1903@macau.ctm.net http://www.fatsiulau.com.mo

• Casa Carlos Bispo Medeiros 28D 2852 2027

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• SOL NASCENTE (TP) Av Dr Sun Yat Sen No.29-37 R/C 2883 6288 http://www.yp.com.mo/solnascente • TENIS CIVIL (LEON) Av.da República N°14 1° Macau 2830 1189 http://www.yp.com.mo/leon • Platão Trav. São Domingos No.3 2833 1818 reservation@plataomacau.com • Banza (Tp) Nam San Bl.5, GH 28821519

• Galo (Tp) Clérigos 45 2882 7318 http://www.yp.com.mo/domgalo • Riquexó Av Sid Pais 69 2856 5655

• Clube Militar Av Praia Grande 795 2871 4000 cmm@macau.ctm.net • Espaço Lisboa Lda (Col) Gaivotas 8 2888 2226 2888 1850 • Camilo Av Sir Anders Ljungsted 37 2882 5688

• Dom Galo Vista Magnifica Court 2875 1383 domgalo@yp.com.mo http://www.yp.com.mo/domgalo • O Santos (TP) R. do Cunha 28827508 • Porto Exterior Ed Chong U 2870 3276 http://www.portoext.com.mo • Restaurante Fernando (Col) Praia Hác Sá 9 2888 2264

• Ó MANEL (Tp) Fernão M Pinto 90 2882 7571

• Litoral Restaurante Lda Alm Sérgio 261 2896 7878 2896 7996 http://www.yp.com.mo/litoral

• A PETISQUEIRA (TP) S João 15A 2882 5354

• Nga Tim Café (Col) Caetano 8 2888 2086

A Tasca do Luís

(Taipa) Rua Correia da Silva 57-59 R/C Tel. 2882 7636 • O Porto Interior Alm Sérgio 259B 2896 7770 • A Lorcha Alm Sérgio 289 2831 3195

• Sawasdee Thai Av Sid Pais 43AE 2857 1963 • Aquamarine Thai Café (Tp) Jardm Nova Taipa bl 21 2883 0010 • Bangkok Pochana Ferrª Amaral 31 2856 1419 • Kruatheque Henrique Macedo 11-13 2835 3555 • Restaurante Thai Abreu Nunes 27E 2855 2255

• Afonso III Central 11A 2858 6272

• LA COMEDIE CHEZ VOUS Ed Zhu Kuan S/N G (Oppsite Cultural Centre) 2875 2021

• Bar Oporto Tv Praia 17 2859 4643 • Maria’s Comida Portuguesa Patane 8A 2823 3221

• LE BISTROT (Tp) Nova Taipa Garden Block 27, G/F 2884 37392884 3994

• Restaurante Pinocchio (Tp) Regedor 181-185 2882 7128 • Canal dos Patos Parque Municipal Sun Yat Seng 2822 8166

• CHURRASCÃO Nova Taipa Garden, Block 27 G/F, Taipa 2884 37392884 3994 • Yin Alª Dr Carlos d’Assumpção 33 2872 2735

the tourist Cineteatro | PUB

Sala 2 the tourist [b] Um filme de: Florian Henckel von Donnersmarck Com: Angelina Jolie, Johnny Depp 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 1 Gulliver’s travels [A] Um filme de: Rob Letterman Com: Jack Black, Jason Segel, Emily Blunt 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

• Fogo Samba VENETIAN-Grand Canal Shoppes Apt 2412 2882 8499

[ ] Cinema Sala 3 Harry potter and the deathly hollows part 1 [b] Um filme de: David Yates Com: Daniel Radcliffe, Rupert Grint 14.30, 17.00, 21.15 SALA 3 Megamind [a] (Falado em cantonense) Um filme de: Tom McGranth 19.30

O pedido era simples: “Maria tens de conseguir a primeira entrevista exclusiva!” Gosto quando me pedem trabalhos quase impossíveis com a naturalidade de quem pede um café ao balcão. “Pois claro, cheio e em chávena quente”, disse em voz alta enquanto desligava o telefone. Já passava das 23h00 e a minha primeira tarefa era descobrir a morada do tal entrevistado e de preferência chegar a casa antes dele para a abordagem ser imediata e sem aviso prévio. Assim em jeito de bala certeira para derrubar o alvo no primeiro embate. Ora precisava de um carro e de companhia para esta demanda da casa escondida. Após algumas tentativas lá arranquei duas almas caridosas do recanto dos seus lares e partimos para a acção. Eu de bloco em riste no lugar do pendura ia dando indicações. “Vira à direita. Contorna a rotunda. Sai na próxima.” Na verdade sentia-me mais perdida do que um cego no meio de um tiroteio. “Maria, não fazes a menor ideia de onde estamos não é verdade?”, atirou ao ar o meu amigo motorista. O outro no banco de trás começou a rir compulsivamente até que soltou: “Vá lá Maria diz a tua célebre frase ‘gosto de me perder para depois me encontrar’. Este é o momento ideal.” Com o relógio a dar meia-noite o céu fechou-se num breu profundo. Começou a chover, a chuva transformouse em chuvada e nós já mal víamos a estrada à nossa frente. Decidimos parar ao lado de um taxista. “Boa noite, sabe dizer-me onde fica a rua X?”, perguntei eu sorridente. “Ehhhh isso é daqueles sítios maus para onde nós não vamos. Olhe e a menina com esse ar também me parece que não quer ir para lá”, disse em tom jocoso o senhor ao volante. Fechei o vidro. “Tens as portas trancadas?”, murmurei para o meu amigo. “Tenho”, respondeu. “E temos gasolina no carro?”, acrescentei. “Temos.” O cenário colocado assim já não parecia tão mau, afinal se precisássemos de fugir a toda a velocidade tínhamos boas hipóteses. Depois de mais uns quantos quilómetros encontramos um homem numa paragem de autocarro. “Desculpe, sabe onde fica a rua X?”, voltei a perguntar já com um ar cansado. “Não. Não faço ideia. Mas deve ser naquele bairro manhoso perto dos bombeiros”, atirou. As palavras “bairro manhoso” não saíam da minha cabeça, mas eu continuava disposta a conseguir o meu objectivo. Voltas, voltas e mais voltas depois, não tínhamos encontrado nem bairro, nem bombeiros, nem vivalma naquela que parecia ser a terra de ninguém. Chovia agora menos e eu avistei um homem ao longe no passeio. “Encosta ali à frente. Aquele senhor talvez ajude”, soltei credível. A menos de um metro do homem paralisei. “Filipe, é o homem da paragem de autocarro! Começo a ficar assustada. Não há pessoas nestas terra a não ser este homem! Vamos embora...”, sussurrei para o meu amigo motorista. “Está ali o quartel dos bombeiros”, apontou ele. Entrámos no bairro, que afinal não era tão “manhoso” e encontrámos a casa. Minutos depois um táxi parava à porta com o meu entrevistado. “Eu não conheço a sua cara de qualquer lado?”, disse ele para mim. Percebi que a entrevista exclusiva estava garantida.

[Conseguir entrevistas exclusivas para Maria Diná é mais fácil que arranjar um homem]


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H

opinião

Tempos de sementeira e colheita

Henrique Monteiro In Expresso

á, talvez, duas ideias que 2010 revelou muito claramente. Uma é que a China será, a breve prazo, o farol do mundo. A outra é que a recompensa imediata (antes de feito o esforço) não é muito boa opção. Comecemos pelo óbvio: a China, aquele país que não podia ser capitalista a menos que se democratizasse, manteve o seu antigo desprezo pelos direitos dos seres humanos e vai tornar-se a grande potência do mundo. Consequências disto? Não são certas, mas desde logo teremos de ver se a profecia da democratização se cumpre, ou se as greves que por lá começaram os obrigam a um arremedo que seja de Estado social. Caso contrário, estaremos (todos nós, os ociden-

ca r t o o n por Steff

A China, aquele país que não podia ser capitalista a menos que se democratizasse, manteve o seu antigo desprezo pelos direitos dos seres humanos e vai tornar-se a grande potência do mundo. Consequências disto? Não são certas, mas desde logo teremos de ver se a profecia da democratização se cumpre, ou se as greves que por lá começaram os obrigam a um arremedo que seja de Estado social tais, com os EUA à cabeça), endividados a um mandarim com alta tecnologia, mas baixa consideração pela vida humana e nenhuma pelos direitos sociais do ser humano. Seguimos pelo menos óbvio: talvez fruto da sociedade agrícola, os homens tinham por certo que a sementeira era antes da colheita,

ou seja, o esforço antes da recompensa. Algures no séc. XX, as recompensas passaram a ser exigidas “já”. As actividades económicas seguiram esse imediatismo. Num mundo financeiro, pode viajar-se agora e pagar depois ou receber hoje por conta do que se ganhará amanhã. Os últimos anos vieram

mostrar como ainda não sabemos viver sem a prudência e a fidúcia do mundo antigo, porque não criamos fidúcia e prudência para o novo mundo. Destruímos valores que considerámos arcaísmos, mas não construímos qualquer valor alternativo. Fomos, neste aspecto das ideias, e apesar dos inúmeros progressos científicos e tecnológicos, uma sociedade de destruidores e não de construtores. Em 2008 escrevi uma crónica sobre as razões imateriais da crise e cada vez mais me convenço de que essas causas são mais importantes do que aquelas que o politicamente correto costuma avançar, como a malvadeza dos mercados. Havemos de superar estas crises, não pelas receitas do passado, mas por novas aproximações. Faz parte do código genético da nossa espécie resolver problemas. Este não será exceção. Até lá, só precisamos de sorte e de lideranças democráticas firmes.

mais um tiroteio nos estados unidos


Quantos há que, por um ódio aos outros ou egoismo, e ali passam uma vida-morta, inútil e estéril.

cavam a toca do seu isolamento

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Padre Manuel teixeira [1912-2003]

à fl or da pel e Helder Fernando

O sol de Singapura I A República parlamentar e constitucional de Singapura parece ser um Estado viciante. Também por lá são apreciados os aterros - nos últimos 50 anos o país cresceu mais de 100 quilómetros quadrados e propõe-se crescer outros 100 nas próximas duas décadas. O que não faltam são ilhas. Mais semelhanças com a RAEM? As que todos sabem: impostos relativamente baixos, negócios rápidos, ex-colónia europeia, sociedade com influências multiculturais, começou agora a ter casinos e também não explora petróleo - para já. Eventualmente terminam aqui as muitíssimo relativas semelhanças. Como reflexo de sociedade multicultural, Singapura tem quatro línguas oficiais, o tamil, o malaio, o inglês e o chinês-mandarim. A língua inglesa é usada na esmagadora maioria das relações de trabalho. Quem visita Singapura também pode ouvir pelas ruas um género de crioulo a que eles por vezes chamam “singlês”. Nestas coisas da língua, os colonizadores britânicos não costumavam adormecer à sombra da sopinha de letras. Assim foi, em Singapura, de 1819 até hoje. Não o deixou de ser com o frágil poder local no final dos anos 50, nem com a posterior governação tripartida em 1963, nem a partir da independência em 65. Pelo contrário, todos os governos singapureanos têm maximizado a prosperidade económica tendo o inglês como altamente preferencial em termos linguísticos nas empresas, nos negócios, na governação. Língua unificadora, dizem. Tal como é a língua portuguesa por exemplo nos países africanos ex-colónias de Portugal. Dizem as estatísticas que em Singapura tanto o malaio como o chinês e o tamil têm vindo a perder terreno a favor da língua inglesa. Outras diferenças em relação a Macau. O comportamento da tropa japonesa durante a 2.ª Grande Guerra não se resumia a uns oficiais virem tomar um copo e pouco mais, como faziam na terra neutra macaense sob a Bandeira de Portugal que não participava nessa guerra. Em Singapura os militares japoneses invadiram, ocuparam mataram e exploraram aquela colónia inglesa. “A maior derrota da Grã-Bretanha”, disse então Winston Churchill, já depois da reconquista em 1945. Depois desse período muito complicado, o governo singapurense, à entrada dos anos

corrupto da Ásia e estar entre os 10 países mais livres da corrupção em todo o mundo. O que quero salientar é o facto de a chamada cidade-estado estar há anos classificada entre as 10 cidades mais caras do mundo.

Nestas coisas da língua, os colonizadores britânicos não costumavam adormecer à sombra da sopinha de letras. Assim foi, em Singapura, de 1819 até hoje. Não o deixou de ser com o frágil poder local no final dos anos 50, nem com a posterior governação tripartida em 1963, nem a partir da independência em 65 60, liderado por Lee Kuan Yew, realizou importantes e rápidas medidas com vista à verdadeira prosperidade da população, grande parte dela ainda vivendo em bairros de barracas de madeira e zinco. Através do célebre HDB (Housing Development Board), cuja imagem de marca era precisamente não terem as novas habitações a imagem de bairros para necessitados. Singapura também tem fama de possuir um dos melhores sistemas de educação do planeta. Conta-se aquela história de há meia-dúzia de anos nos Estados Unidos, em Massachussets, em que numa série de testes os alunos revelaram fraqueza enorme quanto aos conhecimentos de matemática em determinados anos escolares. Decidiram 200 escolas norte-americanas passar a adoptar programas de estudo da matemática importados de Singapura, pois é internacional-

mente famoso o bom desempenho dos alunos deste país naquela disciplina. Outro factor interessante que se observa quando se visita Singapura sem ser apenas para tomar chá e aparecer nas fotografias públicas, dá conta de que Singapura está avaliado como o país com maior número de empresas de economia familiar no mundo. Com muitos milhares de residentes estrangeiros - expatriados - a trabalhar em inúmeras multinacionais e não só. Também podemos falar dos cerca de 5 milhões de habitantes em Singapura, onde mais de 10 por cento deles guarda mais de 1 milhão nas respectivas e individuais contas bancárias. Ainda há outra diferença em relação a Macau, mas quem sabe se por pouco tempo. Não, não é essa da pastilha elástica proibida nem de Singapura ser avaliado como o país menos

II Vítor Alves será sempre uma das figuras inesquecíveis que conheci. Estou certo de que para muitos também. Naquela segunda metade dos anos 70, quando se queria organizar Abril - ou metê-lo na gaveta, como se conseguiu - o denominado “grupo dos moderados”, ou o “Documento dos 9”, ou o Conselho da Revolução, tudo isso tinha a marca pública do então major Vítor Alves. Nos momentos “mais quentes”, mesmo depois de aprovada a Constituição da República, eu ou outros destacados, saíamos apressados da redacção da RDP em Lisboa, como sucedia com outros camaradas noutros órgãos de comunicação, para as instalações onde funcionava o Conselho da Revolução, se fosse caso disso. Em grande parte das ocasiões era o major Vítor Alves que recebia os jornalistas, sempre nas calmas, sem poses, com a naturalidade tranquila e elegante dos que são senhores por natureza, e não cursados à pressa na escola dos maneirismos delicodoces para impressionar o pacóvio. Por aquelas noites dentro, da Lisboa densa de conversas, discussões eternas, muito fumo e gelo a tilintar nos copos, recordo muitas imagens de muitos protagonistas e anónimos e daquele major, liberto do uniforme, genuinamente fraterno, esclarecedor e verdadeiro. Nunca deixou que as tensões do país - e até de alguns dos seus camaradas de armas - os problemas a resolver, o desviassem do seu porte naturalmente fidalgo e um grande exemplo de eloquência e sentido diplomático. Lamento imenso não ter tido mais oportunidades de o ouvir e de o entrevistar, a última vez foi em Macau, há muito tempo, nos anos 80, para o jornal Tribuna. Vitor Alves sempre soube falar, como raros, acerca do que pensava. É terrível quando desaparece uma personalidade que faz falta, de coração tão grande como a inteligência e a nobreza de trato. Isso tem acontecido ultimamente de forma para mim assustadora. Inclino-me perante a dor dos familiares do Coronel Vítor Alves, nomeadamente, pela razão de a conhecer e admirar, sua filha a Doutora Ana Cristina Alves.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José editor Vanessa Amaro Redacção António Falcão; Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Kahon Chan; Joana Freitas; Rodrigo de Matos Colaboradores Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte; Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges; Catarina Lau Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


Parece que Chui Sai On vai para Santa Sancha.

a fechar

Está a seguir à risca as indicações...

...de Wen Jiabao

!!!

terça-feira 11.1.2011 www.hojemacau.com.mo

Patrão da Sands desiste das parcelas 7 e 8

Carlos Castro Mutilado com saca-rolhas

O homicídio do cronista social português Carlos Castro conheceu ontem contornos mais sádicos. O modelo Renato Seabra, de 21 anos, confessou à polícia de Nova Iorque o crime e narrou como matou o jornalista de 65 anos: durante uma hora encheu-lhe de pontapés e socos, arrancou-lhe os testículos com um saca-rolhas e ainda usou o instrumento para furar-lhe um dos olhos. O golpe final – e fatal – foi dado com um computador, que provocou traumatismo craniano. Segundo as autoridades norte-americanas, o modelo disse que não manteve relações sexuais com Carlos Castro e que mutilou os genitais da vítima de forma a libertá-lo da “doença da homossexualidade”. Renato Seabra continuava ontem internado num hospital psiquiátrico e pode ser condenado à prisão perpétua, sem possibilidade de extradição para Portugal.

Espanha Eta declara cessar-fogo permanente

A organização independentista armada basca ETA anunciou um cessar-fogo “permanente”, “geral” e “verificável pela comunidade internacional”, num comunicado publicado pelo site do jornal basco “Gara”. Segundo o grupo, este cessar-fogo representa “o compromisso da ETA com um processo de solução definitiva e com o fim do confronto armado”. O vice-presidente do Governo e ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, afirmou que esta “é uma boa notícia, mas não é a notícia”. “Estamos face a uma ETA com a mesma arrogância, com a mesma linguagem e com a mesma cenografia, que quer manter a sua posição”, afirmou numa conferência de imprensa. Rubalcaba recordou ainda que o Executivo já recusou no passado a internacionalização do processo: “Num Estado de direito, quem verifica são as Forças Armadas e os Corpos de Segurança do Estado”, disse.

Atleta europeu Quatro portugueses candidatos

Jéssica Augusto, Dulce Félix, Youssef El Kalai e Eduardo Mbengani fazem parte da lista de candidatos da Associação Europeia de Atletismo para a eleição do melhor atleta do mês de Dezembro. Jéssica Augusto regressa à votação para o mês de Dezembro depois de se sagrar campeã da Europa de corta-mato, em Albufeira, após ter sido eleita melhor atleta europeia em Novembro. Dulce Félix também figura na lista, depois de arrecadar o bronze, ajudando Portugal a conquistar o ouro por equipas. Youssef El Kalai conquistou o bronze nos europeus de corta-mato. Também nos masculinos surge Eduardo Mbengani, sétimo em Albufeira e vencedor da São Silvestre do Funchal.

Futebol Maradona no futebol inglês

Diego Maradona revelou que estará no próximo mês em Terras de Sua Majestade para estudar uma proposta de um clube da Liga inglesa. “Em Fevereiro estarei em Inglaterra para ouvir uma proposta firme. Se me convencerem, fico. Mas não estou desesperado. Sei que mais dia menos dia voltarei a treinar uma equipa”, disse El Pibe, disponível desde que deixou o comando técnico da selecção da Argentina após o Mundial da África do Sul. Blackburn e West Ham são alguns dos clubes a que o antigo astro argentino tem sido apontado, sendo que os rumores que o colocavam como seleccionador da China e Venezuela acabaram por não se confirmar.

Quem não tem cão caça Cotai Kahon Chan

kahon.chan@hojemacau.com.mo

Um mês após uma animada visita a Macau, o presidente e director-executivo da Las Vegas Sands, Sheldon Adelson, indicou claramente a intenção de desistir de lutar pelas parcelas 7 e 8 do Cotai, simplesmente porque não haveria tempo suficiente para que o operador de casinos tivesse retorno do investimento antes do fim da concessão de 20 anos. MasAdelson disse esperar mesmo assim que outros promotores construíssem resorts no lote para trazer massa crítica ao Cotai o mais depressa possível. O magnata citou Francis Tam como tendo assegurado há um mês, numa reunião, que a Sands iria receber a quota de mão-de-obra necessária para as obras nas parcelas 5 e 6. Sheldon Adelson foi convidado a participar numa mesa redonda no domingo à noite em Las Vegas, no pontapé de saída para os três dias da Conferência Global do Jogo. Sem surpresas, o moderador deu prioridade à não-aprovação das parcelas 7 e 8 sobre as demais questões e a primeira reacção de Adelson deu que pensar: “Quem me dera saber o que o Governo de Macau tem em mente”. Talvez o mais surpreendente para a audiência foi quando Adelson disse que estava “mais contente” por ver as parcelas 7 e 8 ficarem nas mãos dos seus concorrentes. O patrão da Sands revelou que

Steve Wynn, que havia garantido uma outra concessão, tinha sido contactado para ouvir a ideia de uma “mini Las Vegas”, após o que Wynn terá comentado: “É a ideia mais estúpida que já ouvi na minha vida.” Mas Wynn terá mudado de ideias e a Sands não pode construir tudo ao mesmo tempo, pelo que Adelson não se importa que seja outro a beneficiar da ideia. “Se alguém a construir agora, irá ajudar a criar uma massa crítica imediatamente. E eu não quero construir as parcelas 7 e 8 hoje”. Com a conclusão das parcelas 5 e 6 em 18 meses, Adelson disse que iria demorar outros três anos a completar a obra do hotel e espaço de convenções na parcela 3 e o tempo era curto para outro projecto. “Não penso que haverá o fim das concessões de jogo porque eles teriam de tirar a de Stanley Ho e da sua família, mas não acredito que eles irão enviar uma notificação ao mundo de que irão alargar as concessões dos casinos. Se [o desenvolvimento das parcelas 7 e 8] estiver muito perto disso, não haverá tempo para construir e receber os benefícios respectivos.” O presidente da Sands também assinalou considerar que o tecto limite para o número de mesas de jogo não só não era um obstáculo à expansão, como também dava ao Venetian uma vantagem em permanecer como atracção única em Macau.

Menos optimista é a visão de Adelson sobre o resort Galaxy no Cotai. O patrão da Sands disse ter sido “recentemente informado” de que a maioria das receitas da Galaxy era obtida com a subcontratação das mesas a operadores exteriores, pelo que não se mostrou muito “entusiasmado” com o eventual impulso do novo resort tropical uma vez que “eles próprios não são grandes operadores”, o que está provado pelo fraco desempenho do Grand Waldo no mercado. De qualquer forma, Adelson afirmou que os promotores de jogo (os chamados “junkets”) “possuíam” Macau quase da mesma forma como o Nevada Gaming Control Board controla a indústria em Las Vegas, pelo que não seria inteligente

dar uma chapada na cara dos “junkets” com um modelo directo como o defendido pelo directorexecutivo demitido da Sands China, Steve Jacobs. Adelson confirmou que se tinha encontrado com Francis Tam na sua visita a Macau há um mês. O secretário das Finanças “garantiu-nos que teríamos a mão-de-obra”, até porque o Galaxy iria libertar um certo número de trabalhadores locais para a Sands China, permitindo que esta cumprisse a regra do um-para-um (obrigação de empregar um trabalhador local por cada estrangeiro contratado). “O problema é que eles não conseguem controlar a sua própria comunicação com a população e por isso não querem que pessoas como nós venham a público dizer que alcançámos um acordo com o Governo para nos dar um número de trabalhadores estrangeiros... A nota de rodapé é que estamos satisfeitos e vamos conseguir ter gente suficiente.” Francis Tam disse á imprensa a 15 de Dezembro – apenas alguns dias após a visita de Adelson a Macau – que o Governo não iria satisfazer a consideração individual de uma empresa em particular, em resposta a perguntas sobre a aprovação de quotas de trabalho para a Sands. O secretário disse também à imprensa que a política corrente era não atribuir quaisquer lotes de terra a casinos desde 2008.

Terrenos devolutos pedem explicação da DSSOPT

Construções em banho-maria Uma edificação parada “devido a um conflito entre os sócios construtores”. Foi a explicação dada por Jaime Carion, da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, para a construção que está estagnada em frente ao antigo Tribunal de Macau. Efectuado o pedido de prolongamento, o ano passado, coube ao departamento das obras públicas analisar a justificação de um dos sócios, que disse ter sido preciso ir a tribunal para resolver os conflitos, o que atrasou o processo de construção. Resolvida a matéria judicial, o responsável pela obra manifestou o desejo de acabá-la. “Nós demos a última hipótese”, defende Jaime Carion, “ou honram o compromisso dentro do [novo] prazo que pediram ou iremos actuar

de acordo com o previsto no despacho de construção”. Apesar de não terem passado ainda os 25 anos de limite máximo de arrendamento, já foi ultrapassado o período de aproveitamento do terreno e, por isso, o construtor tem agora que apresentar nova versão do projecto e iniciar a execução da obra, dentro de um novo prazo. A obra, situada na zona dos lagos Nam Van, tem apenas a estrutura e as armações metálicas, que “podem ser desmanteladas por razões de segurança”. Apanhado de surpresa, o director da DSSOPT não tinha dados concretos relativamente à localização de mais terrenos na mesma situação, mas existe pelo menos mais um em posição semelhante. – J.F.


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