DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
SEGUNDA-FEIRA 11 DE NOVEMBRO DE 2019 • ANO XIX • Nº 4409
MOP$10
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
SALVA VIDAS
hojemacau
GRANDE PLANO
Menos acidentes PÁGINA 5
PONTE DA AMIZADE
FISSURAS INQUIETANTES PÁGINA 7
O Governo de Ho Iat Seng apresenta três caras novas para liderar as pastas da Economia e Finanças, Administração e Justiça e Assuntos Sociais e Cultura. Ho Veng On, André Cheong e Au Ieong U
Desenhos polémicos
PÁGINA 4 ANTÓNIO LEONG
GRAFÍTI
assumem, respectivamente, a condução destas secretarias. Wong Sio Chak e Raimundo do Rosário deverão manter-se à frente dos destinos da Segurança e dos Transportes e Obras Públicas.
PÁGINA 6
FÉLIX DA COSTA
VITÓRIA EM XANGAI ÚLTIMA
HONG KONG
Bomba relógio PÁGINA 10
EXPOSIÇÃO | MACAU REAL EVENTOS
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Sangue novo
AUTOCARROS
2 grande plano
11.11.2019 segunda-feira
PROGRAMA DE CHINA
Um programa desenvolvido por um académico chinês ajudou a salvar a vida a 700 pessoas que contemplaram a hipótese de suicídio. Através da análise de publicações no Weibo, o software conecta grupos de voluntários a pessoas que podem estar à beira da morte
Huang Zhisheng
“N
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL AJUDA A PREVENIR 700 SUICÍDIOS EM ANO E MEIO
ÃO consigo continuar assim. Vou desistir.” Estas palavras de Li Fan, um estudante de 21 anos, escritas no Weibo, lançaram um alerta entre dois continentes que acabaria por salvar a vida ao jovem. Pouco depois da publicação, Li Fan perdeu a consciência. Mas a ajuda estava a caminho, quase instantaneamente. O estudante viu-se entre a espada e a parede, com dívidas acumuladas, a meio de uma desavença com a mãe e a sofrer de depressão profunda. Porém, a cerca de 8 mil quilómetros de distância da Universidade de Nanjing, onde Li se encontrava, a publicação era analisada por um software instalado num computador situado em
Amesterdão. As palavras sinalizadas meteram em acção uma equipa de voluntários em várias zonas da China. Como não conseguiram, à distância, chegar à fala com o estudante, alertaram as autoridades que acabariam por salvar a vida a Li Fan. A história de sucesso do estudante da Universidade de Nanjing teve como protagonistas uma
“Se hesitarmos por um segundo, podemos perder muitas vidas. Todas as semanas salvamos cerca de 10 pessoas.” HUANG ZHISHENG ACADÉMICO
equipa de salvamento constituída por voluntários (Tree Hole Rescue Team) e Huang Zhisheng, um académico especialista em Inteligência Artificial da Free Universidade de Amesterdão. Huang desenvolveu o software que em 18 meses ajudou a salvar quase 700 pessoas na China, com o apoio de 600 voluntários. “Se hesitarmos por um segundo, podemos perder muitas vidas. Todas as semanas salvamos cerca de 10 pessoas”, comentou Huang Zhisheng, citado pela BBC News.
PRIMEIRO EPISÓDIO
No dia 29 de Abril de 2018, aconteceu a primeira operação de salvamento. Tao Yue, estudante universitária com 22 anos de idade e natural da província nortenha de Shandong escreveu no Weibo que
estava a pensar cometer suicídio dois dias depois. Uma equipa de voluntários da Academia Chinesa de Ciências reagiu ao alerta dado pelo software. Peng Ling estava entre os que procuraram contactar Tao Yue. Em declarações à BBC News, Peng recorda que encontraram o número de telefone através de um amigo da estudante, e contactaram a universidade. “Enviei-lhe uma mensagem antes de ir dormir a dizer que podia encontrar-me com ela. Ela adicionou-me no WeChat e, gradualmente, foi acalmando”, revela a voluntária. O contacto manter-se-ia, depois da primeira abordagem. “Desde então, tenho falado sempre com ela, pergunto-lhe se tem comido. Uma vez por semana, encomendamos através da internet flores para ela”, conta Peng.
grande plano 3
segunda-feira 11.11.2019
VIDA Depois deste primeiro caso de sucesso, a equipa salvou um homem que tentou saltar de uma ponte e uma mulher que estava à beira do suicídio depois de ter sido abusada sexualmente. “Para conseguir salvar alguém é preciso sorte e experiência”, refere Li Hong, uma psicóloga baseada em Pequim envolvida no projecto há cerca de um ano. Um dos episódios marcantes para a terapeuta aconteceu em Chengdu, quando acompanhada por uma equipa de salvamento correram oito hotéis em busca de uma mulher em apuros e que tinha reservado um quarto de hotel na histórica cidade da província de Sichuan. “Todos os recepcionistas disseram que não conheciam a mulher em causa. Mas um deles hesitou por um momento e presumimos que
“Uma vez que o Weibo limita o uso da plataforma para impedir bots e rastreadores de web, só conseguimos analisar cerca de 3.000 publicações por dia. A única coisa que podemos fazer é focar-nos nos casos mais urgentes na esperança de salvarmos, em média, entre uma a duas pessoas por dia.” HUANG ZHISHENG ACADÉMICO
esse deveria ser o hotel onde estava hospedada”, revelou a psicóloga.
COMO FUNCIONA
Um programa que corre na linguagem de Java monitoriza vários “tree holes”, buracos na árvore, no Weibo e analisa publicações na popular rede social. “Buraco na árvore” é uma expressão chinesa que designa um sítio na internet onde são publicados posts secretos para serem lidos por outras pessoas. A expressão vem de um conto irlandês sobre um homem que faz todas as suas confidências para dentro do tronco de uma árvore. Um exemplo disso foi a publicação que Zou Fan, uma estudante de 23 anos, escreveu no Weibo em 2012 antes de cometer suicídio. Depois da sua morte, dezenas de milhar de outros internautas comentaram a publicação, principalmente partilhando também os seus problemas. A publicação original tornou-se ela própria num “buraco na árvore”. Uma vez identificada uma publicação pelo software, o programa analisa o conteúdo segundo um ranking de perigosidade que vai de 1 a 10. Uma mensagem pontuada com 9 significa que a tentativa de suicídio poderá estar para breve, enquanto o sinal 10 sinaliza que a tentativa já poderá estar em curso. Na eventualidade de sinais mais severos de perigosidade, a equipa de voluntários contacta directamente a polícia, ou amigos e familiares da pessoa em causa. Quando a publicação é sinalizada com 6, ou menos que 6, que corresponde apenas a palavras negativas, normalmente os voluntários não intervêm. Um dos problemas com que a equipa de voluntários se depara frequentemente, entre familiares mais velhos da pessoa que precisa de ajuda, é a ideia de que a depressão não é um problema grave. O programa detectou uma publicação reveladora de um caso que retrata a falta de sensibilização para os problemas psicológicos. O post em questão era de uma mulher e dizia: “Vou matar-me no Ano Novo”. A mensagem levou a equipa de voluntários a contactar a mãe da internauta, que respondeu com desdém. “A minha filha está muito feliz. Como se atrevem a dizer que ela está a planear matar-se?”, questionou indignada a mãe. Mesmo depois da equipa de voluntários ter mostrado as provas da depressão de que a filha sofria, a mãe não levou as mensagens a sério. Só depois da polícia ter conseguido evitar que a jovem se atirasse do topo de um edifício é que mudou de ideias.
CAMINHO LONGO
Apesar dos casos em que o programa deu bons resultados, Huang reconhece as limitações do projecto. “Uma vez que o Weibo limita
O programa analisa o conteúdo segundo um ranking de perigosidade que vai de 1 a 10. O sinal 9 significa que a tentativa de suicídio poderá estar para breve, enquanto o sinal 10 sinaliza que a tentativa já poderá estar em curso o uso da plataforma para impedir bots e rastreadores de web, só conseguimos analisar cerca de 3.000 publicações por dia”, acrescentou o académico que desenvolver o software. “A única coisa que podemos fazer é focar-nos nos casos mais urgentes na esperança de salvarmos, em média, entre uma a duas pessoas por dia”, adianta o académico. O trabalho não termina depois do salvamento. Aliás, é aí que começa o caminho para a recuperação, o que requer um compromisso a longo prazo. Nesse aspecto, a psicóloga que faz parte da equipa de voluntários revela que, de momento, acompanha oito pessoas salvas. “A maior parte do meu tempo é ocupado pelas pessoas que salvamos. Por vezes é muito cansativo”, conta Li. “Assim que me mandam uma mensagem, preciso responder imediatamente”, acrescenta. Além da ajuda online, há casos que requerem acompanhamento presencial, até porque as ideias suicidas podem voltar. Peng Ling, uma das voluntárias ouvidas pela BBC News deu como exemplo uma jovem que “apesar de parecer cada vez melhor”, depois do
salvamento, acabou por cometer suicídio. “Ela até me disse que iria fazer uns retratos na sexta-feira”, conta a voluntária. Dias depois a mulher foi encontrada morta. “Foi um grande choque para nós, ver que uma pessoa com quem falamos há algum tempo de repente já não está ali.”
VISÃO GLOBAL
A Organização Mundial de Saúde (OMS) deu conta, no passado mês de Setembro, que todos os anos cerca de 800 mil pessoas cometem suicídio, um número alarmante se pensarmos que isso corresponde a uma morte a cada 40 segundos. No relatório publicado um dia antes do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, a OMS explica que entre 2010 e 2016, a taxa global caiu 9,8 por cento, com quedas que vão de 19,6 por cento na região do Pacífico Ocidental a 4,2 por cento no Sudeste Asiático. A região das Américas, onde o acesso a armas de fogo é um significativo meio de suicídio, segundo a OMS, é a única que registou aumento (6 por cento). O relatório aponta ainda para a probabilidade de um homem cometer suicídio ser quase o dobro de uma mulher, 13,7 por 100.000 entre homens e 7,5 por 100.000 entre mulheres. Os únicos países nos quais a taxa de suicídio entre mulheres é maior que a dos homens são Bangladesh, China, Lesoto, Marrocos e Myanmar. No geral, pouco mais da metade de todas as pessoas que cometem suicídio têm menos de 45 anos. O suicídio é a segunda principal causa de morte na faixa etária entre os 15 e 24 anos, depois dos acidentes de viação. Os principais meios para o suicídio são enforcamento, envenenamento com pesticidas e uso de armas de fogo. João Luz com agências info@hojemacau.com.mo
4 política
11.11.2019 segunda-feira
EXECUTIVO HO IAT SENG DEVE MANTER WONG SIO CHAK E RAIMUNDO DO ROSÁRIO
Os cinco magníficos
O
elenco do Governo de Ho Iat Seng terá três caras, mais ou menos, novas e dois repetentes. Wong Sio Chak vai continuar à frente da secretaria da Segurança, enquanto Raimundo do Rosário continua secretário para os Transportes e Obras Públicas. A composição do novo Executivo, de acordo com notícia avançada pela Rádio Macau e pelo portal All About Macau, vai contar com três caras novas. A pasta da Economia e Finanças, que esteve nos últimos quatro anos sob a direcção de Lionel Leong, vai passar a ser liderada por Ho Veng On, que desde 2009 preside ao Comissariado da Auditoria. Nascido em Macau em Junho de 1962, Ho Veng On, casado e com dois filhos, começou a carreira à frente do gabinete do Chefe do Executivo durante os dois mandatos de Edmund Ho, altura em que acumulou o cargo de secretário-geral do
GCS
Wong Sio Chak e Raimundo do Rosário devem continuar à frente das secretarias que ocuparam durante o Governo de Chui Sai On. As restantes pastas serão entregues a Ho Veng On que passa a liderar as Finanças, André Cheong fica encarregue da Administração e Justiça e Au Ieong U dos Assuntos Sociais e Cultura
Wong Sio Chak
Conselho Executivo. O novo secretário da Economia e Finanças foi o responsável local do Grupo de Ligação de Cooperação entre Guangdong e Macau. Fluente em português, Ho Veng On é membro fundador da Associação
Raimundo do Rosário
de Tradutores de Macau. Aliás, ainda durante a administração portuguesa foi professor no Instituto Politécnico de Macau e tradutor na Direcção dos Serviços de Educação e Juventude. Foi instrumental durante a transição de soberania, com
a administração portuguesa a indicá-lo para os trabalhos de transição e formação do Governo de Edmund Ho. Segundo a Rádio Macau, o lugar deixado vago na liderança do Comissariado da Auditoria será ocupado pelo vice-presidente do
Um dos nomes mais falados nas previsões para o elenco do Governo de Ho Iat Seng foi André Cheong, que lidera o Comissariado contra a Corrupção e que vai passar a ser secretário para a Administração e Justiça
Instituto para os Assuntos Municipais, Lei Wai Nong. Alexis Tam, que transitou da chefia do gabinete do Chefe do Executivo para secretário dos Assuntos Sociais e Cultura no segundo mandato de Chui Sai On, deixa a pasta para Au Ieong U, que está à frente da Direcção dos Serviços de Identificação.
A PROMOÇÃO DE ANDRÉ
Um dos nomes mais falados nas previsões para o elenco do Governo de Ho Iat Seng foi André Cheong, que lidera o Comissariado contra a Corrupção e que agora vai passar a ocupar o lugar que actualmente pertence a Sónia Chan. Cheong depois de dirigir a Direcção dos Serviços dos Assuntos de Justiça, pegou na pasta da luta à corrupção. O lugar deixado vago por André Cheong no Comissariado para a Corrupção será ocupado pelo seu número dois, Hoi Lai-fong. A revolução nas estruturas de poder da RAEM não se vai ficar pela composição do novo Governo. Ip Song San, o actual Procurador da RAEM vai passar a presidir ao Tribunal de Última Instância, marcando a saída de Sam Hou Fai, que está à frente do tribunal mais elevado na hierarquia judicial de Macau desde 1999. Sam Hou Fai ocupa ainda os cargos de Presidente do Conselho dos Magistrados Judiciais, é membro da Comissão Independente Responsável pela Indigitação dos Candidatos ao Cargo de Juiz, do Grupo de Trabalho sobre a Cooperação Judiciária Inter-regional e Internacional
e Presidente Honorário da Associação de Divulgação da Lei Básica de Macau Com a mudança de Ip Son Sang para o Tribunal de Última Instância, o lugar de Procurador da RAEM passa a ser ocupado por Chan Tsz King, que actualmente é adjunto. Nas autoridades policiais também vão acontecer mudanças. Os Serviços de Alfândega passam a ser dirigidos pelo actual sub-director Wong Man Chong. Enquanto os Serviços de Polícia Unitários passam a ser liderados pelo actual comandante do Corpo de Polícia de Segurança Pública Leong Man Cheong. O Conselho Executivo também deverá sofrer alterações, ainda não reveladas. A divulgação oficial do elenco do Governo deve ser feita nos próximos dias. João Luz
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AMOR PATRIÓTICO SONG PEK KEI ELOGIA PROJECÇÃO DE FILMES
PROMOÇÕES TELEFÓNICAS SULU SOU QUER MAIS MECANISMOS DE DENÚNCIA
A
O
deputada à Assembleia Legislativa, Song Pek Kei, interpelou por escrito o Governo, acerca dos planos que visam promover o ensino do princípio “amar a Pátria e amar Macau”, entre os jovens. Na sua interpelação a deputada à Assembleia Legislativa avançou que, apesar de já ter sido anunciada a criação das futuras instalações dedicadas ao ensino do “sentimento de amor pela Pátria” na “ZonaA” das Novas Zonas Urbanas, ainda não existem detalhes concretos acerca do respectivo espaço e prazos de construção. Song Pek Kei elogiou ainda a iniciativa de projectar filmes patrióticos, que tem sido levada a cabo por associações juvenis. É
“uma boa e nova tentativa de apostar na educação sobre o amor à pátria e a Macau”, refere a deputada na sua interpelação. Nesse sentido, Song Pek Kei espera que o Governo possa anunciar medidas capazes de motivar os órgãos de comunicação social e as instituições de ensino a introduzir nos seus programas e a transmitir através dos seus meios, obras cinematográficas e televisivas de relevo, locais e do interior da China, com espírito patriótico. Recorde-se que ainda em Maio deste ano foi inaugurado o Pavilhão do Sentimento de Amor pela Pátria, na zona da Ilha Verde. P.A.
deputado Sulu Sou interpelou por escrito o Governo, acerca das medidas adoptadas para combater os telefonemas perturbadores, associados à promoção de produtos de beleza que chegam aos terminais dos cidadãos sem aviso prévio ou autorização. O pró-democrata diz que é fulcral que existam novos mecanismos de denúncia acessíveis à população e fala mesmo na criação de uma plataforma especial de denúncias. Isto porque, nos primeiros dez meses deste ano, e apenas
através da linha telefónica aberta para queixas, o Gabinete de Protecção de Dados Pessoais (GPDP) instaurou um total de 65 processos de investigação, em resposta a denúncias que visaram a promoção telefónica feita por entidades associadas ao ramo da cosmética. Referindo que apenas uma linha telefónica dedicada a este tipo de queixas não é suficiente, nem cómodo, para os cidadãos, Sulu Sou pede na sua interpelação que as autoridades invistam na criação de novos
mecanismos, como uma plataforma especial de denúncias. O deputado pretende ainda que os processos de instauração das investigações sejam simplificados e divulgadas online as listas com os números de telefone dos casos confirmados, através do portal do GPDP. Por fim, Sulu Sou sugeriu ainda que a lei em vigor seja revista, de forma a elevar as penas para os infractores e aumentar o efeito dissuasor da lei. P.A.
sociedade 5
TIAGO ALCÂNTARA
segunda-feira 11.11.2019
Habitação Preços desceram entre Julho e Setembro
Os preços das casas estão mais baixos. Foi o que anunciou a Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) ao apontar que o índice global de preços da habitação entre Julho e Setembro deste ano, foi de 267,6. O valor representa um decréscimo na ordem dos 0,1 por cento, em relação o período entre Junho e Agosto de 2019. Detalhando, o índice de preços das habitações da Península de Macau foi de 268,6, um decréscimo de 0,2 por cento. Já o índice referente à Taipa e Coloane foi de 263,2, registando, em sentido contrário, um aumento de 0,5 por cento. Quanto ao índice de preços das habitações construídas este foi de 287,7, mantendo-se assim em valores semelhantes ao trimestre anterior, embora tanto o valor dos imóveis entre 6 aos 10 anos, como do escalão dos imóveis até 5 anos baixaram 1,2 e 0,8 por cento. Por trimestre, o índice global de preços da habitação no terceiro trimestre de 2019 caiu 0,3 por cento, face ao trimestre anterior.
Nos primeiros nove meses do ano houve menos acidentes causados pelas operadoras de transportes públicos. A TCM é a empresa que apresenta a melhoria mais significativa, mas mesmo assim é responsável pelo maior número de sinistros
O
número de acidentes de viação causados pelos autocarros das operadoras sofreu uma quebra de quase 100 ocorrências durante os primeiros nove meses do ano. Os números foram divulgados pela Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfegos no portal com a informação sobre as operadoras. Segundo os dados apresentados, nos primeiros nove meses do ano, os autocarros foram responsáveis por 558 ocor-
AUTOCARROS QUASE MENOS 100 ACIDENTES ATÉ SETEMBRO
Sinais positivos rências, o que representa uma quebra de 96 casos, ou 14,7 por cento, face ao mesmo período do ano passado, quando foram registadas 654 ocorrências com responsabilidades dos motoristas das operadoras. Estes números significam que por cada 100 mil quilómetros existe uma média de 1,5 acidentes causados pelos autocarros, enquanto no ano anterior a média tinha atingido os 1,8 acidentes, no que diz respeito também aos primeiros nove meses do ano. Quando os números são analisados tendo em conta o desempenho das operadoras, a TCM é a empresa de transportes públicos responsável por mais sinistros, com 334 ocorrências. Porém, esta operadora obteve a melhoria mais significativa face ao ano anterior, com uma redução de 15,9 por cento, uma vez que em 2018, e até Setembro, tinha estado envolvida em 387 ocorrências. Por sua vez, a Transmac apresentou uma redução no número de ocorrências de 12,8 por cento, de 257 em 2018 para 224 ao longo dos primeiros noves meses deste ano.
Quando é calculada a média de 100 mil quilómetros por ocorrência, a Transmac regista a marca de 1,2 ocorrências, melhor do que a TCM que é responsável por 1,7 ocorrências a cada 100 mil quilómetros. Porém, a TCM apresenta melhorias, uma vez que no ano passado a cada 100 mil quilómetros causava dois acidentes.
MAIS DE 776 MILHÕES EM APOIOS
Depois de um período de negociações entre o Governo e as operadoras não foi possível chegar a um consenso para a renovação dos contratos a longo prazo. Este facto levou a que o secretário para os Transportes e Obras Públicas
Por cada 100 mil quilómetros existe uma média de 1,5 acidentes causados pelos autocarros, enquanto no ano anterior a média tinha atingido os 1,8 acidentes
adiasse a questão para o próximo ano, quando Ho Iat Seng já for Chefe do Executivo. Um dos aspectos em que não se chegou a acordo com as operadoras foi o dos subsídios às empresas, que por ano totalizam um valor a rondar os mil milhões de patacas. Em relação ao valor dos subsídios até Setembro deste ano, o Governo já atribuiu às operadoras 776,9 milhões de patacas. Além disso, estas empresas geraram cerca de 419,7 milhões com a cobrança de bilhetes. A Transmac foi a empresa que maior apoio financeiro recebeu nos primeiros nove meses do ano com 393,4 milhões de patacas. No mesmo período, gerou receitas com bilhetes de 199,6 milhões de patacas. Por sua vez, a TCM registou um apoio do Governo na ordem dos 383,5 milhões de patacas e gerou cerca de 220,1 milhões de patacas com a cobrança de bilhetes. João Santos Filipe
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Acidente Mulher atropelada junto ao Campo D. Bosco
Uma mulher com 70 anos foi atropelada na sexta-feira de manhã, quando atravessava a estrada junto à paragem de autocarros do Campo D. Bosco. O alerta para o acidente foi dado pelas 10h00 da manhã e quando as autoridades chegaram ao local encontraram a mulher no chão. Já a viatura apresentava danos principalmente no pára-brisas. A mulher foi transportada para o Centro Hospitalar Conde São Januário. As autoridades suspeitam que tenha sofrido lesões na cabeça e fracturado um dos pés, sendo que quando foi transportada para os serviços de urgências estava inconsciente. De acordo com a informação oficial, o teste do nível de álcool no sangue do condutor acusou um resultado negativo.
Banca Well Link abre balcão no Edifício Cidade das Flores
O banco Well Link, anteriormente Novo Banco Ásia, abriu na sexta-feira um novo balcão, no Edifício Cidade das Flores. Depois da venda a investidores chineses, entre os quais a família Ma, a instituição continua a expansão no mercado a retalho e já conta com cinco balcões no território. Durante a cerimónia, a equipa de gestão do banco comprometeu-se com a aposta em serviços de qualidade virados para a comunidade, através de uma expansão sustentada, e sublinhou igualmente a importância da instituição acompanhar o desenvolvimento da Grande Baía, o projecto que envolve Macau, Hong Kong e outras nove cidades do Interior, como a cidade de Cantão, Zhuhai e Shenzhen.
6 sociedade
11.11.2019 segunda-feira
GRAFÍTI PJ GARANTE QUE EXECUTA A LEI DE FORMA IMPARCIAL
Pesos e medidas
O filho da deputada Angela Leong grafitou uma parede na Travessa da Paixão e ficou impune. Um estudante fez o mesmo, num outro edifício, foi detido e está em vias de ser acusado do crime de dano. Choveram críticas online à PJ, que veio a público esclarecer que se tratam de “situações muito diferentes”
A
Polícia Judiciária (PJ) defende que não podia actuar quando Mário Ho, filho da deputada Angela Leong, grafitou uma parede na Travessa da Paixão, em Maio deste ano, mas que no caso do estudante de 17 anos, detido na quinta-feira, não tinha outra alternativa que não fosse investigar, e entregar o caso ao Ministério Público. O aluno corre mesmo o risco de ser acusado e condenado pela prática do crime de dano. Porém, a actuação da PJ foi alvo de fortes críticas, principalmente online, e a força de segurança sob a tutela do secretário Wong Sio
Chak sentiu mesmo necessidade de se justificar. Num comunicado emitido na sexta-feira à tarde, e sem nunca identificar o caso de Mário Ho pelo nome do filho da milionária, a PJ veio a público defender que se tratam de “situações muito diferentes”. “Em relação à detenção de um estudante do sexo masculino que grafitou uma parede na Travessa da Paixão, durante as horas da madrugada do dia 29 de Outubro, é necessário esclarecer que a parede grafitada faz parte de um edifício que está classifi cado como património cultural e que o Instituto Cultural apresentou
queixa sobre o ocorrido”, relatou a PJ, em comunicado. “Houve muitos comentários diferentes sobre este assunto, mas a PJ esclarece que de acordo com a Lei de Salvaguarda do
“A definição legal é muito clara, as duas situações são muito diferentes. O público não deve fazer confusão.”
Património Cultural que é proibida a destruição ou fazer grafítis no património protegido ou em vias de ser protegido. O estudante do sexo masculino fez um grafíti numa parede que faz parte de património protegido e é suspeito de ter violado a lei em causa”, foi acrescentado. Ainda de acordo com a PJ, o crime alegadamente praticado pelo estudante de 17 anos está definido como “dano qualificado”, o que corresponde ao artigo 207 do Código Penal, que tem uma natureza pública, ou seja dispensa da apresentação de queixa.
DANO E DANO QUALIFICADO
Já em relação ao grafíti de Mário Ho, que até foi transmitido numa estação televisiva no Interior da China, durante um programa de entretenimento, a PJ considerou que se enquadra na prática do crime de “dano”, que corresponde ao artigo 206 do Código Penal, e que exige a queixa do afecto. Uma vez que a PJ disse não ter recebido qualquer queixa, não pode investigar Mário Ho. “A definição legal é muito clara, as duas situações são muito diferentes. O público não deve fazer confusão. Enquanto órgão policial criminal, a Polícia Judiciária executa a lei de forma rigorosa e sem qualquer parcialidade”, foi frisado. Apesar das explicações, o caso gerou muitas críticas e online foram vários os comentários que acusaram a PJ de não actuar no caso do filho de Stanley Ho, devido ao facto de se tratar uma das famílias mais influentes e ricas de Macau. “Qual é mesmo o teu apelido?”, podia ler-se num comentário numa das principais páginas sobre assuntos do quotidiano em língua chinesa. “Esta é uma da histórias mais engraçadas em Macau nos últimos tempos. Realmente não há mesmo lei em Macau”, postava outro utilizador.
POLÍCIA JUDICIÁRIA
João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
CRIME DETIDO HOMEM PROCURADO POR TENTAR MATAR NAMORADA EM 2005
C
ATORZE anos depois, a Polícia Judiciária deteve um homem suspeito de tentar matar a namorada. O suspeito, de apelido Badamdorj, agora com 54 anos, foi interceptado no dia 8 de Novembro, quando tentava entrar em Macau. O crime remonta a 2005 e aconteceu, segundo dados
facultados pela Polícia Judiciária ao HM no dia 31 de Janeiro, quando o homem, de nacionalidade mongol, atirou a namorada ao mar, a partir da ponte pedonal do Centro Cultural de Macau, após uma discussão entre os dois. O casal viajou para Macau no dia 23 de Janeiro de 2005, tendo terminado
a relação que mantinha, alguns dias depois, a 30 de Janeiro. No dia seguinte de manhã, de acordo com a PJ, a vítima pediu ao suspeito para lhe pagar 3 mil dólares americanos que lhe tinha emprestado, quando ainda estavam na Mongólia. A partir daí, os dois terão iniciado uma discussão
verbal na ponte pedonal do Centro Cultural, durante a qual o suspeito esmurrou a vítima na cara antes de a agarrar e atirar ao mar. Após o suspeito ter abandonado o local, a vítima foi avistada por cidadãos que a acudiram. A mulher, ferida, foi depois transportada para o hospital, mas
acabou por recuperar. O caso foi transferido para o Ministério Público e, de acordo com a informação facultada ao HM pela Polícia Judiciária, o suspeito pode agora ser punido com uma pena que pode ir de 10 a 20 anos de prisão, por tentativa de homicídio. P.A.
Taipa Detectadas três pensões ilegais
A Polícia Judiciária (PJ) realizou este sábado uma operação de combate à criminalidade tendo sido detectada a existência de três pensões ilegais na Taipa. Em duas delas foram interceptados 12 pessoas, incluindo um homem suspeito de praticar roubos no território e que viveria numa das pensões. A PJ reencaminhou todos os suspeitos para os Serviços de Migração do Corpo de Polícia de Segurança Pública. Além dos dois espaços na Taipa, as autoridades também detectaram uma pensão ilegal a funcionar no ZAPE, tendo sido encontradas três mulheres da China, sendo que uma delas seria a responsável pela gestão da pensão. As três moradias em causa foram encerradas pela Direcção dos Serviços de Turismo, segundo noticiou o canal chinês da Rádio Macau.
Comida ilegal Descobertos mais de 20 novos casos no Cotai
Lo Chi Kin, o vice-presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) anunciou à margem de um evento dedicado ao Dia da Confraternização entre vizinhos, que foram detectados, pelo menos, 20 novos casos de venda ilegal de comida, na região do Cotai. Segundo informações divulgadas pela Rádio Macau, os casos foram revelados ao longo do mês de Outubro, através de queixas enviadas por cidadãos. Em causa está a venda ilegal de “lunch boxes”, sem licença, por cidadãos não residentes. Lo Chi Kin referiu ainda as dificuldades inerentes à detecção deste tipo de prática uma vez que as intercepções apenas são possíveis quando feitas pessoalmente, porque os vendedores recorrem a mochilas capazes de ocultar e transportar o conteúdo. Apontando que os casos de venda ilegal de comida e tabaco acontecem todas as noites, Lo Chi Kin frisou ainda que irá continuar a reforçar o número de agentes dedicados e cooperar com a CPSP.
sociedade 7
segunda-feira 11.11.2019
Um desnivelamento das juntas de movimento da Ponte da Amizade levou ontem ao encerramento desta infra-estrutura para reparação. O Governo assegura a total segurança da ponte
PONTE DA AMIZADE FISSURA LEVOU A ENCERRAMENTO TEMPORÁRIO
União duvidosa
A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) divulgou um comunicado onde aponta que a ponte iria ficar fechada ao trânsito por um período de sete horas a fim de serem efectuadas as devidas reparações
A
S imagens correram as redes sociais: ontem foi detectada uma enorme fissura num dos segmentos da Ponte da Amizade, provocada por um desnivelamento das juntas de movimento que, numa obra de grande dimensão, permitem que diferentes partes assentem uma na outra como se fossem uma só estrutura. A fissura terá sido provocada por um movimento não detectado previamente. Ontem, ao final da tarde, a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) divulgou um comunicado onde aponta que a ponte iria ficar fechada ao trânsito por um período de sete horas a fim de serem efectuadas as devidas reparações. O mesmo comunicado dá conta que as obras foram realizadas apenas no segmento Macau-Taipa da ponte. Entretanto, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transporte (DSSOPT), num outro comunicado, esclareceu que a existência de uma fissura na Ponte da Amizade não põe em causa a segurança de toda a infra-estrutura. No que diz respeito às diferenças
A
SEM INFORMAÇÕES
Em declarações ao HM, Addy Chan, presidente da Associação de Engenheiros de Macau, garantiu que esta “não é uma situação normal”, mas não quis fazer comentários pelo facto de o Governo não ter emitido mais informações sobre a origem do problema.
Já Wu Chou Kit, deputado nomeado à Assembleia Legislativa e engenheiro civil, disse ao canal chinês da Rádio Macau que o fenómeno ontem verificado na Ponte da Amizade é normal e que as autoridades devem adoptar medidas adequadas, reforçando a manutenção e fiscalização da segurança da estrutura da ponte. Já Tiago Pereira, engenheiro civil ligado ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM), disse ao HM que o LECM efectua trabalhos de inspecção das pontes,
Andreia Sofia Silva e Juana Ng Cen info@hojemacau.com.mo
Apoios a privados, benefícios públicos Fundação Macau justifica apoio de 535,4 milhões à MUST com benefícios para a comunidade
de fundos por parte das instituições académicas, o principal ponto tido em conta é a importância social do projecto, a racionalidade do orçamento e a capacidade do aplicante para colocar em TIAGO ALCÂNTARA
Fundação Macau (FM) defende os apoios de 535,4 milhões de patacas entregues à Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) entre Janeiro e Setembro com os elevados benefícios para a comunidade local. A explicação foi avançada pela fundação com capitais públicos ao portal em língua inglesa. Macau News Agency, na sexta-feira passada. “O cultivo de talentos jovens é um dos importantes objectivos do Governo da RAEM e é igualmente uma das metas definidas pela Fundação Macau”, foi sublinhado. “Quando fazemos a avaliação a pedidos
de altura detectadas nas estruturas laterais da ponte, a DSSOPT referiu que não se trata de uma situação nova e que não irá afectar o uso normal do viaduto.
mas não quis tecer quaisquer comentários por não dispor de dados concretos sobre esse trabalho, desempenhado por outro departamento diferente do seu. A Ponte da Amizade possui equipamento específico para detectar eventuais alterações como a que se verificou ontem. Em Junho de 2017 foi concluída a obra de “Instalação do Equipamento do Sistema de Monitorização de Saúde Estrutural da Ponte da Amizade”, realizada pela sucursal de Macau da empresa CCCC Highway Consultants Co., Ltd. De acordo com informação disponibilizada pela DSSOPT, esses equipamentos visam “fornecer informações relativas aos alertas de emergência da ponte no intuito de assegurar a segurança da sua estrutura”.
prática o projecto para que pede financiamento”, foi ainda explicado. Entre Janeiro e Setembro a MUST recebeu 535,4 milhões de patacas em apoio da FM, financiada com parte
do dinheiro dos impostos do jogo. O montante entregue à instituição de ensino superior representa cerca de 41 por cento de todos os apoios cedidos pela fundação nos primeiros nove meses do
ano, o que faz com que tenha sido a entidade mais apoiada este ano. Segundo as contas apresentadas pelo portal Macau News Agency, entre os apoios relativos a este ano, cerca de 325,9 milhões de patacas tiveram como objectivo financiar o edifício da Faculdade de Humanidades e Artes, outros 62,5 milhões visaram o plano de actividades de funcionamento da Fundação MUST, que engloba além da Universidade, o Hospital da instituição, a Faculdade de Ciências
ENSINO SUPERIOR NOVAS BOLSAS PARA ESTUDANTES DE PAÍSES LUSÓFONOS E DA ASEAN
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Fundo do Ensino Superior criou uma bolsa de mérito para estudantes de excelência provenientes de países de língua portuguesa e das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Integradas na iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, o objectivo das novas bolsas de mérito passa por promover a “internacionalização da origem dos estudantes do ensino superior”, a fim de atrair cada vez mais estudantes provenientes dos países abrangidos, a deslocar-se a Macau “para o prosseguimento dos seus estudos”, pode ler-se na nota de imprensa emitida pelo organismo. Actualmente já estão seleccionados 17 bolseiros pelo Conselho Administrativo do Fundo do Ensino Superior. Destes, sete são provenientes de São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné–Bissau, entre outros países de língua portuguesa, e os outros dez da ASEAN, originários da Malásia, Vietname e Filipinas. No horizonte do Fundo do Ensino Superior está agora a tarefa de atrair mais destes estudantes de excelência a frequentar licenciaturas em Macau e ainda promover a “coesão das diversas culturas no campus das instituições do ensino superior de Macau, bem como aprofundar o intercâmbio entre todos”. P.A.
de Saúde e ainda a Escola Internacional de Macau, conhecida em inglês como The Macau International School. Entre os apoios constam igualmente 48,9 milhões de patacas para obras nos trabalhos do Block O do Complexo Pedagógicos e 35,6 milhões para despesas relacionadas com a expansão do hospital e a renovação do campo de futebol, um dos espaços onde o clube local Chao Pak Kei treina regularmente. No passado, foi um espaço igualmente utilizado pela Associação de Futebol de Macau.
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11.11.2019 segunda-feira
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já esta sexta-feira que acontece a ante-estreia do novo documentário de Carlos Fraga sobre Macau, uma produção da LIVREMEIO e MACAODOC em parceria com o Instituto Português do Oriente (IPOR). O documentário, com o nome “Macau, 20 anos depois”, será exibido no auditório do Consulado Geral de Portugal em Macau e Hong-Kong às 19h30. De acordo com uma nota oficial do IPOR, este trabalho “é um olhar sobre uma Macau chinesa onde a cultura portuguesa se faz sentir e continua a marcar presença”, constituindo “um filme que dá voz às diversas comunidades”. Nesse sentido, o projecto de Carlos Fraga espelha uma partilha de “sentimentos e perspectivas de portugueses, macaenses e dos lusófonos que ajudaram a
construir Macau (Angola, Brasil, Cabo Verde, Goa, Damão e Diu, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste) assim como dos Chineses de Macau (sobre o modo como nos olham, acolhem e nos integram na sociedade chinesa) numa convivência multisecular e multicultural que se enraizou na tipificação do próprio lugar que é Macau”. “Macau, 20 anos depois” representa “uma viagem de 96 minutos pela fascinante multiculturalidade que a define e diferencia de todas as demais cidades chinesas”. Esta longa-metragem é o resultado de cinco anos de filmagens e produção de uma série composta por seis documentários sobre a era da RAEM. O projecto volta a ser exibido a 29 de Novembro no Museu do Oriente, em Lisboa.
Retratos do FOTOGRAFIA CASA DO POVO EXPÕE “DAILY IMPERMANENCE” ATÉ AO DIA 24
ANTÓNIO LEONG
DOCUMENTÁRIO “MACAU, 20 ANOS DEPOIS” EM ANTE-ESTREIA SEXTA-FEIRA
PATRIMÓNIO IMATERIAL CARETOS DE PODENCE COM AVALIAÇÃO POSITIVA
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candidatura dos Caretos de Podence a Património Cultural Imaterial da Humanidade foi considerada “exemplar” pela UNESCO, num reconhecimento “raro”, segundo o embaixador António Sampaio da Nóvoa, aguardando-se agora a decisão final em Dezembro. “Estamos muito contentes. A avaliação dos peritos, que é pública a partir de hoje (sexta-feira), recomenda a inscrição do Carnaval de Pondence, dos caretos e todas as festividades na lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade que é uma decisão que só será tomada em Bogotá, na reunião que terá lugar entre 9 e 14 de Dezembro. É muito positiva”, disse à Lusa o embaixador de Portugal junto da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), Sampaio da Nóvoa. A UNESCO tutela as manifestações culturais consideradas como Patri-
mónio Imaterial da Humanidade, mas cabe a um comité independente (constituído por diversos países) a decisão de entrada na lista onde já constam o Fado, o Cante Alentejano, a Dieta Mediterrânica, a Falcoaria e os chamados “Bonecos de Estremoz”. O parecer positivo conhecido esta sexta-feira sobre a candidatura portuguesa, além de recomendar a inscrição das “Festas de Inverno Carnaval de Podence”, elogia o país pela qualidade do dossier apresentado. “Louvamos o Estado, mas especialmente a comunidade de Macedo de Cavaleiros por ter apresentado uma nomeação exemplar, mostrando como uma pequena comunidade pode responsabilizar-se pelo seu património cultural através das suas gentes e explicando como o papel dos géneros foi evoluindo em resposta a mudanças sociais e económicas”, pode ler-se no parecer.
A A mostra de trabalhos fotográficos de António Leong incide sobre a faceta mais genuína do território, como a zona da Barra e do Porto Interior, deixando de lado a imagem publicitária de Macau ligada aos casinos ou ao Grande Prémio
N T Ó N I O Leong é o fotógrafo que protagoniza a nova exposição patente na galeria Casa do Povo. “Daily Impermanence” é o nome da mostra inaugurada este sábado e que estará patente até ao dia 24. Ao HM, António Leong contou que estas são sobretudo imagens de arquivo sobre o dia-a-dia em Macau. “O nome ‘Daily Impermanence’ remete para o facto de mostrar a vida diária e de esta não ser sempre igual. É um termo ligado ao budismo, que significa que as coisas correm como água e não se repetem. São histórias ou fotografias da vida diária que
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quotidiano
“São fantásticos, são mercenários” Nova obra de Carlos Marreiros retrata manifestantes de Hong Kong
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eu encontro, mas não há uma única fotografia igual.” Leong diz ter fotografado bastante as zonas antigas do território, tal como a Barra ou Porto Interior, e que espelham a genuinidade do território. “Interessa-me a preservação da memória e da cultura de Macau, que é menos conhecido do que aquilo que vemos na publicidade, ou as coisas que vemos sobre Macau, como o Grande Prémio ou os casinos. É a parte de Macau que eu pessoalmente mais gosto, porque é a parte real de Macau.”
LUSOFONIA NA CALHA
A mostra “Daily Impermanence” teve como origem uma
outra iniciativa de António Leong, também na área da fotografia, mas que tem o festival da Lusofonia como pano de fundo. Nesse processo, António Leong cruzou-se com Sofia Salgado, curadora da Casa do Povo, que o convidou para expor.
No que diz respeito ao projecto da Lusofonia,António Leong procura personagens que caracterizem a comunidade portuguesa tal como ela é. “Este projecto pretende mostrar a diversidade da comunidade depois da transição e o facto de muitos estarem cá a trabalhar e
“Interessa-me a preservação da memória e da cultura de Macau, que é menos conhecido do que aquilo que vemos na publicidade, ou as coisas que vemos sobre Macau, como o Grande Prémio ou os casinos. É a parte de Macau que eu pessoalmente mais gosto, porque é a parte real de Macau.” ANTÓNIO LEONG FOTÓGRAFO
a falar português. Muitos pensam que a maioria das pessoas são juízes ou advogados, mas como conheço a comunidade cheguei à conclusão que temos uma comunidade muito diversa com muitos talentos.” António Leong irá fotografar um rosto, e cada pessoa irá escrever uma história sobre Macau, que acompanhará a imagem. O fotógrafo assume já ter encontrado uma enorme diversidade de pessoas, não tendo, para já, local ou data para expor este seu projecto, por ser ainda embrionário. Andreia Sofia Silva
info@hojemacau.com.mo
arquitecto de Macau Carlos Marreiros classificou os manifestantes de Hong Kong de mercenários, que aparecem retratados no desenho “Red December”, também nome da exposição inaugurada na sexta-feira, e que estará patente na Galeria Tap Seac. “É um movimento fantástico. Se analisarmos do ponto de vista da estratégia militar e da organização, são fantásticos, são mercenários”, disse aos jornalistas Carlos Marreiros sobre os protestos que, há cerca de cinco meses, ocorrem quase diariamente em Hong Kong. Os manifestantes “não têm ideologia, não têm objectivos, não têm programa político (...), aquilo é violência da mais gratuita possível, é inacreditável”, afirmou. Para o arquitecto, os participantes dos protestos “marcam a actualidade pela negativa e, por isso, merecem estar nos meus desenhos”, considerou o artista, referindo-se à sua obra, realizada entre 2018 e este ano. Esta representa uma embarcação que “não navega, flutua”, “uma cidade de muitas cidades, uma Macau de muitas Macaus”, juntando “bocados de Lisboa, Porto, Rio de Janeiro, Pequim, Londres, Praga, cidades ou fragmentos de cidades” da preferência do artista, e 109 personalidades, entre escritores, pintores, compositores e políticos, entre outros, explicou. O que está patente é uma redução da obra, já que o original, com quatro metros por três, não cabia na sala, acrescentou.
DA GRANDE BAÍA
Entre vários pormenores sobre Macau ou as nove cidades que fazem parte do projecto Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau presentes no de-
senho, o artista destacou a assinatura da Declaração Conjunta, que aconteceu em 1987 e que esteve na origem da transferência de Macau e de Hong Kong para a China, lembrada pelas figuras do líder chinês Deng Xiaoping, do poeta português Luís de Camões e do escritor britânico William Shakespeare. Carlos Marreiros adiantou que “esta exposição é feita durante o 20.º aniversário da RAEM e o que deu origem à transferência foi uma coisa chamada Declaração Conjunta”. Antes das declarações aos jornalistas, o arquitecto tinha deixado algumas críticas à sociedade de Macau nas palavras que proferiu perante o antigo Chefe do Executivo Edmund Ho, o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e o director do Departamento de Propaganda e Cultura do Gabinete de Ligação do Governo chinês na RAEM, Wan Sucheng, entre outros responsáveis. “Passaram-se 20 anos e nós temos em Macau gente com qualidade, quer no sector privado, quer no Governo, mas há três tipos de pessoas que o Governo e a sociedade de Macau devem evitar: os invejosos, os mesquinhos e os burocratas”, defendeu. “A administração está a criar curtos circuitos em Macau por causa dos burocratas que não fazem nenhum, só estão à espera da promoção, produzem calor e papel, portanto nem amigos do ambiente são”, acrescentou. Organizada pelo Instituto Cultural de Macau, a exposição “Red December”, que inclui ainda cerca de 40 cadernos de esboços de Carlos Marreiros nunca apresentados, vai estar patente na galeria do Tap Seac até 13 de Fevereiro próximo.
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11.11.2019 segunda-feira
Fortunas em queda
País perde 48 milionários em 2018
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Os legisladores pró-democracia acusam o Governo de esta ter sido uma medida calculada para provocar mais violência e, desta forma, adiar as eleições distritais agendadas para 24 de Novembro
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RÊS deputados pró-democracia de Hong Kong foram detidos sábado e quatro intimados a comparecer na esquadra para ser detidos, um dia depois de a cidade ter vivo mais uma noite marcada por manifestações violentas. Um comunicado da polícia disse que três deputados foram detidos e acusados de obstruírem uma reunião no Conselho Legislativo (Legco, o parlamento de Hong Kong), no dia 11 de Maio, sobre a proposta de emendas à lei de extradição na origem dos protestos pró-democracia que provocaram a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997. Os restantes deputados receberam uma intimação para comparecerem perante a polícia para serem detidos. Os legisladores pró-democracia acusam o Governo de esta ter sido uma medida calculada para provocar mais violência e, desta forma, adiar as eleições distritais agendadas para 24 de Novembro. O secretário para os Assuntos Constitucionais e do Continente de Hong Kong, Patrick Nip, já veio negar estas acusações: “Não
HONG KONG DEPUTADOS PRÓ-DEMOCRACIA DETIDOS
Achas na fogueira Após a morte confirmada de um estudante, alegadamente na sequência de uma fuga de uma carga policial, a notícia da detenção de três deputados pró-democratas promete continuar a incendiar o ambiente na antiga colónia britânica há correlação entre os dois”, disse. “A polícia está a fazer o seu trabalho e a investigar todos os casos.”
NOITE NEGRA
Sexta-feira, Hong Kong foi palco de uma noite de violência e luto com vários actos de vandalismo e vigílias em protesto contra a morte de um estudante de 22 anos, alegadamente a primeira vítima directa dos confrontos entre manifestantes e polícia registados desde Junho. Milhares de pessoas participaram em vigílias à luz das velas que ocorreram em pelo menos
nove distritos durante a noite, de sexta-feira para sábado. Outros depositaram flores, acenderam velas e escreveram mensagens de condolências no local onde Alex Chow Tsz-lok foi encontrado. O hospital Rainha Isabel, onde estava internado desde a madrugada de segunda-feira, confirmou que o estudante morreu sexta-feira às 08:09, sem especificar a causa da morte, adiantou o South China Morning Post (SCMP). Segundo a rádio local RTHK, Alex Chow foi encontrado inanimado num parque de estacionamento, aparentemente na
sequência de uma fuga de uma acção policial contra uma manifestação ilegal em Hong Kong. O estudante de ciência informática da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (HKUST) foi encontrado inanimado no segundo andar de um parque de estacionamento em Tseung Kwan O e que as autoridades admitiram a possibilidade de ter caído do terceiro andar, acrescentou o jornal SCMP. Momentos antes, a polícia tinha disparado várias granadas de gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes, que atiraram garrafas e tijolos contra as forças de segurança.
Economia Inflação acelera 3,8% em Outubro O índice de preços ao consumidor (IPC) da China, principal indicador de inflação, aumentou 3,8 por cento em Outubro em relação mesmo mês do ano anterior, a maior subida deste indicador desde Janeiro de 2012. Como nos meses anteriores, os principais protagonistas desse aumento anual de preços foram os alimentos, que subiram 15,5 por cento, informou sábado
o Escritório Nacional de Estatística da China (ONE) em comunicado. O aumento foi liderado pela subida do preço da carne de porco, que aumentou 101,3 por cento em relação a Outubro de 2018, uma vez que a sua produção foi reduzida pela epidemia da peste suína africana. A China produz e consome dois terços da carne de porco no mundo.
número de milionários chineses caiu para 325 no ano passado, menos 48 do que em 2017, segundo um relatório conjunto da UBS e do PwC Billionaire Insights Report 2019, sexta-feira divulgado. Também a Hurun Report Inc, unidade de investigação sediada em Xangai e considerada a Forbes chinesa, revelou no início do ano que um número recorde de chineses tinha perdido aquele estatuto. O presidente do grupo Fosun, Guo Guangchang, que detém várias empresas em Portugal, caiu 10 lugares, para a 45.ª posição, detalhou a Hurun. A fortuna pessoal de Guo, 52 anos, fixou-se este ano nos 57 mil milhões de yuan. Cerca de 103 chineses saíram da lista de bilionários da UBS / PwC, em 2018, mas 56 novos nomes foram adicionados. Um milionário chinês mudou de nacionalidade, no ano passado, detalhou o relatório. Uma depreciação de cerca de 6 do yuan, face ao dólar norte-americano, contribuiu em cerca de metade para a queda. Também a bolsa de Xangai, principal praça financeira da China, contribuiu para a queda, ao cair 25 por cento, ao longo de 2018, o pior desempenho entre as praças financeiras globais. O fenómeno reflecte ainda o impacto sobre a riqueza que incertezas geopolíticas prolongadas podem ter, sobretudo numa altura de desaceleração da economia doméstica. “A China realmente teve uma trajectória incrível, mas em 2018 vimos volatilidade”, disse John Mathews, chefe de gestão de património privado da UBS. A nível global, a riqueza total dos milionários caiu 4,3 por cento, no ano passado. “Em 2018, vimos a escalada da guerra comercial [entre China e Estados Unidos], a incerteza do Brexit, e a subida do dólar”, justificou Solita Marcelli, diretora de investimentos das Américas na UBS Global Wealth Management. “Tudo isto contribuiu para o declínio da riqueza dos milionários”, disse. No entanto, num período de cinco anos até 2018, a fortuna dos milionários chineses quase triplicou para um total de 982,4 mil milhões de dólares Durante aquele período, a China tornou-se o segundo país do mundo com mais milionários, atrás apenas dos Estados Unidos. No final de 2018, um em cada oito milionários era chinês, segundo o relatório.
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segunda-feira 11.11.2019
VACINAS EMPRESA ENVOLVIDA EM PRODUÇÃO ILEGAL DECLARA FALÊNCIA
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MA firma chinesa, multada em 9,1 mil milhões de yuans por produção ilegal de vacinas contra a raiva, declarou sexta-feira falência. Em comunicado, a Changchun Changsheng Life Sciences Ltd indicou que um tribunal declarou a empresa como insolvente, decisão que deixa automaticamente de obrigar ao pagamento de dívidas. Além de ter sido multada, a empresa perdeu as licenças de produção de vacinas, em 2018, num dos maiores escândalos de saúde pública na China nos últimos anos. No ano passado, uma investigação à Changsheng confirmou que a empresa recorreu a material fora de prazo no fabrico de vacinas contra a raiva para uso humano, e desde pelo menos 2014 que a firma não registava correctamente as datas ou os números de série dos produtos. Os reguladores acrescentaram que a empresa destruiu registos para ocultar as irregularidades. A raiva continua a ser endémica em algumas partes da China. Informações de que as autoridades não agiram imediatamente apesar das suspeitas de que a empresa teria falsificado registos de produção originaram protestos da população. Já em 2016 mais de 130 pessoas tinham sido detidas na China, num escândalo de venda ilegal de vacinas fora de validade e armazenadas sem condições. Em 2008, um outro escândalo de saúde pública na China resultou na morte de seis crianças e danos para a saúde de 300 mil, devido a leite em pó contaminado com melamina.
Peter van den Bossche, ex-juiz da OMC “Há pessoas no actual Governo norte-americano que não querem apenas mudar o modelo económico chinês, querem mesmo dissociar a economia chinesa da economia mundial, querem isolar a China economicamente.”
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M ex-juiz da Organização Mundial do Comércio (OMC) advertiu sexta-feira que o conflito comercial entre a China e os Estados Unidos pode escalar para uma “guerra económica” se não for alcançado um acordo comercial em breve. “Olhando só para esta região, há tantos focos de conflito, como Taiwan, ou o mar do Sul da China. Neste momento existe uma guerra comercial, mas o próximo passo pode ser uma guerra económica”, avisou Peter van den Bossche, em declarações à agência Lusa. O professor de direito internacional económico da Universidade de Berna falava à margem de um curso intensivo promovido pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM), intitulado “Direito do Comércio e Investimento Internacional do Delta do Rio das Pérolas”. A China considera Taiwan uma província chinesa e os EUA vêem a soberania da ilha como uma peça-chave do jogo geopolítico na Ásia. Por outro lado, Pequim tem aumentado a presença militar no disputado mar do Sul da China, o que não tem agradado a Washington. “Já não estou a falar só de comércio, mas em proibir o in-
OMC EX-JUIZ ALERTA QUE DISPUTA COMERCIAL PODE EVOLUIR PARA “GUERRA ECONÓMICA”
As várias frentes da batalha vestimento e as companhias de realizarem negócios e em dificultar a entrada de empresas chinesas na bolsa de valores de Nova Iorque”, afirmou. Washington já colocou o gigante de telecomunicações móveis Huawei numa lista de empresas estrangeiras que precisam de permissão oficial para comprar tecnologia norte-americana, restrições que significam a perda de milhares de milhões de dólares em vendas anuais para fornecedores norte-americanos.
“Há pessoas no actual Governo norte-americano que não querem apenas mudar o modelo económico chinês, querem mesmo dissociar a economia chinesa da economia mundial, querem isolar a China economicamente”, disse. Para o antigo juiz da OMC, o risco não vem apenas do controverso Presidente norte-americano, Donald Trump, até porque a política comercial contra a China “tem apoio bipartidário em Washington”, frisou. “Seria fácil dizer ‘vamos esperar pelas próximas eleições
[presidenciais dos EUA] e cruzar os dedos’, mas, mesmo que seja eleito um democrata (...) a estratégia é quase a mesma, só as tácticas é que mudam”, apontou.
EM VIAS DE EXTINÇÃO
Peter van den Bossche foi até Maio deste ano juiz da mais alta instância no sistema de resolução de litígios da OMC. Este órgão de recurso, responsável pela resolução de conflitos comerciais de 164 países, “está prestes a desaparecer” devido ao bloqueio norte-americano para nomear substitutos, alertou. “As actividades deste tribunal vão terminar porque os EUA se recusaram a nomear novos membros. No final de Dezembro, dentro de algumas semanas, restará apenas um membro nesse tribunal - um juiz chinês. E para lidar com os recursos, é necessário haver três”. “Se esse sistema desaparecer, muito rapidamente todo o sistema entrará em colapso, não há dúvida de que, sem a possibilidade de recurso, todo o sistema acabará por chegar ao fim. O que farão os países que precisam de resolver litígios? Não podem ir a tribunal, têm de sair para a rua (...) e os EUA acham que podem vencer toda a gente”, afirmou.
COMÉRCIO TRUMP RECUSA LEVANTAR TARIFAS PARA CONSEGUIR ACORDO
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Presidente dos EUA, Donald Trump, opôs-se à eliminação total de tarifas retaliatórias que tem imposto desde Março de 2018 aos produtos chineses, rejeitando a condição de Pequim para um acordo comercial. EUA e China admitiram estar próximos de assinar uma primeira fase de um acordo comercial que coloque fim a quase dois anos de
diferendo que levou à imposição de tarifas retaliatórias por ambos os lados, mas a China coloca como condição ‘sine qua non’ que o Governo norte-americano elimine progressivamente todas as taxas impostas. Sexta-feira, questionado sobre a possibilidade de levantar as tarifas, Trump respondeu que não está disposto a fazer essa cedência.
“A China gostaria que fizéssemos marcha-atrás. Não farei isso”, afirmou o Presidente dos EUA, numa afirmação que poderá colocar em risco o avanço de negociações para o acordo comercial. Sobre o lugar para a assinatura da primeira fase desse acordo, Trump disse que quer que se realize nos Estados Unidos, desmentindo os rumores sobre a busca de um
lugar neutro, como a Europa, avançados pelos meios de comunicação internacionais. “Pode ser no Iowa”, disse Trump, referindo-se a um dos Estados norte-americanos onde em breve se realizarão as primeiras eleições primárias do Partido Democrata, adversário do Partido Republicano que apoia o Presidente na corrida à Casa Branca em 2020.
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11.11.2019 segunda-feira
Pus o meu sonho num navio
Como Ma Hezhi fez reviver os clássicos
Paulo Maia e Carmo texto e ilustração
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HAO Gou, o nono filho do imperador culto Huizong, quando assumiu o Mandato Celeste com o nome de imperador Gaozong (r.1127-62) no meio de grande perigo, confrontou-se com circunstâncias tão adversas que se quis assegurar que o passado não fosse tão instável como o presente. Na fuga apressada da capital Bianliang (actual Kaifeng) acossada, documentos e pinturas ter-se-ão perdido e na nova capital do Sul, Linan (actual Hangzhou), enquanto se forjava um recomeço, era preciso reinstaurar um prólogo para a actualidade. Uma forma encontrada de o fazer foi uma inquirição aos grandes princípios morais confucianos, a base e a legitimação do poder imperial. Nesse recurso à reafirmação da perseverança da virtude seguiu-se a lição de Confúcio quando disse que é o próprio soberano a dar o exemplo. Assim decidiu-se realizar na corte uma série de caligrafias, em que se reescreveram grandes obras da literatura, supostamente realizadas pela mão do próprio soberano mas provavelmente executadas por copistas que imitavam o seu estilo caligráfico regular. Para interpretar visualmente esses textos foi feita uma série de pinturas em que se colocavam alguns exemplos em situação. Uma empresa ambiciosa para a qual seriam convocados inúmeros pintores dos quais um nome se destacaria. Ma Hezhi nasceu na que seria a actual cidade de Hangzhou, obteve o grau jinshi
na era de Shaoxing (1151-1162) e exerceria o posto de vice-presidente no Departamento de Obras Públicas. A sua escolha para a realização das pinturas de propaganda de uma narrativa histórica a partir dos clássicos será de alguma forma surpreendente porque o seu lugar canónico é ambíguo e não se adequa à simples classificação de «pintor académico». Alguma incerteza quanto à sua posição na historiografia prevalecerá. Zhen Jiru, por exemplo durante a dinastia Ming, depois de expôr a habitual tese das duas escolas: do «sul» e do «norte» e apontar os respectivos nomes, escreve: «Para além destes havia Guo Zhongshu e Ma Hezhi, os quais foram para além do comum do mundo e seguiram os seus próprios caminhos.» O próprio Dong Qichang mencionaria o seu nome ao estabelecer, de modo informal, aquele que seria o futuro ecletismo académico dominante na pintura: «Para pintar pinheiros há que seguir a maneira de Ma Hezhi.» Mas no seu trabalho o pintor não denota nenhuma prisão a um gosto e mostra a liberdade e a fantasia próprias da pintura dos letrados. É o que se pode ver no rolo horizontal (26,7 x 739 cm) a tinta sobre seda das Odes de Chen, uma secção do Livro das Odes (Shijing) feito c.1150, que se encontra no Museu Britânico. Nele se reconhece a pincelada ondulante de Ma Hezhi, que agia como os grandes mestres que não se preocupavam em reproduzir o mundo visível de maneira artesanal mas em participar da mesma origem: o pincel e a tinta interpretando a Criação.
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segunda-feira 11.11.2019
José Simões Morais
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A manhã de 27 de Setembro de 1564 os habitantes de Macau juntaram-se e aceitaram dar ajuda aos mandarins, conseguindo em poucos dias reunir entre 250 a 300 portugueses de têmpera para combater os marinheiros da armada imperial que desde Abril andavam revoltados. Dez dias depois, a 7 de Outubro embarcaram estes em Macau como mercenários com a sua artilharia a bordo dos juncos chineses. “O chumpim, ou capitão-mor do mar de Cantão, veio à povoação com cinco velas grossas e sete miúdas, para recolher os voluntários portugueses”, segundo Rui Manuel Loureiro (RML), que refere, “A expedição foi dividida em dois grupos, um comandado por Diogo Pereira, que correria a orla litoral nos juncos de maior porte; o outro capitaneado por Luís de Melo, que nas velas miúdas rumaria à cidade de Cantão, por dentro do rio.” Já “as embarcações dos ladrões eram nove muito grandes, com muito artilharia e munições de guerra, afora outras pequenas, e mais de dois mil homens de peleja com muitas armas, saligues (antiga arma de arremesso) (e) estrepes de ferro para quando abalroam”, escrevia João de Escobar. O efeito surpresa foi geral! Ao verem a armada imperial chinesa, os marinheiros amotinados avançaram destemidamente os seus juncos sobre ela, crendo como habitual serem de fácil vencer. Não esperavam ver entre eles portugueses, que com as suas armas impunham respeito. “Entrou-lhes tal medo que das embarcações se lançaram a nadar e cada um só tratava de fugir. Em espaço de meia hora, sem perda alguma dos nossos, quase todos foram cativos>”, segundo Gonçalo Mesquitela. Refere RML, “Como escreve o irmão André Pinto, <só a vista dos cristãos bastou para os desbaratar e desfazer>, porque, ao constatarem que <nos navios iam portugueses>, renderam-se em massa às autoridades cantonenses. De acordo com outro testemunho, os juncos capturados eram <mui grandes como grandes naus>; mas os expedicionários portugueses impuseram-se pela sua reputação de homens e armas, tomando-os a todos, <sem ferir nem perigar coisa nossa, em meia hora>. A fulgurante vitória portuguesa parece ter causado uma impressão muito favorável nas autoridades de Cantão. Pelo menos, essa é a opinião dos missionários jesuítas que testemunharam todo o episódio. André Pinto afirma que <eles ficaram tão espantados> que <se lhes dobrou o bom crédito dos nossos>. Quanto ao padre Francisco Pérez, confirma esta apreciação, colocando mesmo na boca do chumpim palavras altamente elogiosas em relação aos portugueses: <bendito se pode chamar o rei que tais vassalos tem>”. Terminava assim a 7 de Outubro de 1564 a grave perturbação criada havia
Derrota das amotinadas tropas chinesas
cinco meses pela rebelião interna na marinha imperial estacionada em Zhelin (Dongguan) nos arredores de Cantão. “O general de armas chinês pediu aos portugueses para lhe entregarem os juncos capturados, mas a recusa quase provocou um conflito apenas sanado por Luís de Mello e Diogo Pereira que, diplomaticamente, explicaram ao oficial militar que os portugueses eram tão disciplinados que só aos seus capitães obedeciam. O general chinês subtilmente retorquiu: <Pois eu por isso os pedi, por entender que vos me havíeis logo de rogar que os aceitasse>”, segundo Gonçalo Mesquitela, que usou as informações do Padre António Franco para a descrição desta crise. O corpo expedicionário de Macau foi brindado “com chapas de um dos mandarins reconhecendo os seus bons
serviços e prometendo intercessão junto do Imperador para que fosse autorizada a entrada na China da missão diplomática de Diogo Pereira/Gil de Góis (1563-1565) e ainda, cumulativamente, terá sido dada à cidade, a título de recompensa, a isenção do pagamento dos direitos alfandegários desse mesmo ano de 1565”, segundo Beatriz Basto da Silva (BBS). Foram ainda os portugueses autorizados a irem a Cantão tratar de negócios.
FRACASSA A EMBAIXADA DE GIL DE GÓIS
Em 1564, “Os chineses apenas podiam permanecer durante o dia no território de Macau, devendo regressar às terras de origem ao anoitecer”, segundo os historiadores Jin Guo Ping, Wu Zhiliang e o padre Manuel Teixeira. Tien-Tsê Chang, em O Comércio Sino-Português entre
A fulgurante vitória portuguesa parece ter causado uma impressão muito favorável nas autoridades de Cantão. Pelo menos, essa é a opinião dos missionários jesuítas que testemunharam todo o episódio. André Pinto afirma que <eles ficaram tão espantados> que <se lhes dobrou o bom crédito dos nossos>
1514 e 1644, refere, “O relacionamento entre a China e a jovem colónia estrangeira foi, durante alguns anos, instável, pois o governo em Pequim recusava-se firmemente a ter quaisquer relações oficiais com os portugueses. Uma missão portuguesa portadora de um tributo foi recusada, por ordem da corte, tão tarde quanto 1565.” Tal ocorreu quando, após dois anos, o impaciente Embaixador Gil de Góis, farto de esperar, já em Cantão, “não conseguiu aceitar as exigências dos costumes chineses e os mandarins recusaram-se a reconhecer a embaixada com a justificação de que esta era particularmente destituída de magnificência ostentosa e do acompanhamento necessário, em forma de tributo, para o Filho do Céu”, segundo Montalto de Jesus. Muito se deveu ao capitão de Malaca D. Francisco de Eça não a ter prendado condignamente, como refere Gonçalo Couceiro, que diz ter então a fixação dos missionários na China falhado definitivamente. “Para os três jesuítas as directivas chegam breve, depois do fracasso da missão diplomática; o padre provincial da Índia, António Quadros, ordena-lhes em 1565 que se estabeleçam em casa própria, pelo que deixaram as dependências que ocupavam na residência de Pero Quintero. Com isto criava-se o primeiro hospício, ou casa própria da Companhia de Jesus, em Macau, pelas vantagens de se dispor de residência certa: quer para nela estarem os missionários da Missão do Japão, enquanto aguardavam para Goa, ou para o arquipélago Nipónico, quer pelo facto, mais próximo, de se poder ter uma base para organizar a futura instalação dos missionários da Companhia na China.” Data assim de 1565 o estabelecimento dos jesuítas em Macau. Rui Manuel Loureiro, em As Origens de Macau nas Fontes Ibéricas, refere que em 1565 “os responsáveis da Companhia de Jesus despachavam o padre André Fernandes para aquelas partes, para, juntamente com o padre Manuel Teixeira e o irmão André Pinto, dar assistência religiosa aos mercadores portugueses que sempre são muitos. Mas, durante algumas semanas, entre a partida dos navios para o Japão e a chegada da frota de Malaca, a população diminuía consideravelmente.” A 15 de Novembro de 1565, segundo BBS, “Os Padres Perez S.J. e Juan de Escobar S.J., foram de visita a Cantão” e em Dezembro, junto à Ermida de S. António e pegada à habitação de Pero Quintero, os jesuítas edificaram a primeira residência estável da Companhia de Jesus em Macau. Os espanhóis, que tinham chegado em 1521 às Filipinas, só em 1565 aí se estabeleceram e a ocuparam, edificando Manila em 1571. Como todas as anteriores embaixadas portuguesas enviadas à China Ming, a de Gil de Góis também fracassou e só mais de um século depois, já no trono do Celeste Império se sentava o Imperador Kangxi da Dinastia Qing, voltaram a realizar uma nova embaixada régia.
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Quarta-feira O TEATRO E A LITERATURA EM PORTUGAL E 52 NO BRASIL
Fundação Rui Cunha | Das 18h30 às 20h30
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4 9 7 2 3 6 8 1 0 5 Sábado 3 5 6 8 0 1 2 7 4 9 CONSCIOUSNESS PAINTING 8 1Rui 5 7 às017h004 6 2 Fundação Cunha3| Das915h00 0 7 2 6 4 8 9 5 1 3 Diariamente EXPOSIÇÃO 1 0 | “LÍNGUA 9 4FRANCA 2 –52ª EXPOSIÇÃO 3 6 ANUAL 7 8DE ARTES ENTRE A CHINA E OS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA” 6 4Verdes 3 e Antigo 0 1Estábulo 2 Municipal 5 9 de8Gado7Bovino Vivendas | Até58 de2Dezembro 1 7 8 9 4 0 3 6 EXPOSIÇÃO 7 3 | “QUIETUDE 8 5 E6CLARIDADE: 4 1OBRAS 2 DE9CHEN0 ZHIFO DA COLECÇÃO DO MUSEU DE NANJING” 2| Até817 /11 4 9 7 0 6 3 5 1 MAM 9 6 0 1 5 3 7 8 2 4 EXPOSIÇÃO | “WE ART SPACE - DOCUMENTARY EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 8/12
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EXPOSIÇÃO | “BY THE LIGHT OF THE MOON – WORKS BY HONG WAI” 0 | Até 3 5/125 1 8 6 AFA4 – Art7 Garden
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11.11.2019 segunda-feira
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ram ontem as autoridades. Com rajadas de vento de 120 quilómetros por hora, o Bulbul atingiu zonas daqueles dois países, tendo obrigado ao encerramento de portos e aeroportos locais.
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 59
UMA SÉRIE HOJE
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PROBLEMA 60
1.15
DESCONFORTO
26 1 60 4 0 9 8 75 3 5 7 49 4 03 80 8 52 5 1 6 57 9 7 08 63 8 3 2 4 1 6 5 0 7 3 2 1 8 9 4 81 38 3 49 64 6 25 72 7 0 8 3 42 57 2 7 96 10 6 0 7 0 78 1 84 35 4 5 6 2 9 12 1 85 98 79 47 4 60 6 3 2 69 23 91 35 1 58 4 87 0 7 0 0 62 6 54 15 1 39 3 78 7 4 8 8 93 9 60 46 4 17 1 25 2 48 0 85 12 56 29 67 9 7 3 45 4 12 71 37 63 6 09 0 8 3 59 27 9 71 0 18 4 8 6 7 4 7 4 38 61 8 1 0 5 9 2 09 70 7 26 52 5 48 34 3 1 9 67 54 7 4 30 2 0 1 8 4 7 8 5 1 0 3 6 2 9 O ciclone Bulbul que atingiu o Bangladesh e a Índia com chuvas torrenciais e ventos fortes já 1 1RAJADAS 3 7 pelo3menos 4 5 seis 16 de1dois 82milhões 98 de9pessoas, 70 7 8 0 26 9 6causou 4 mortos e obrigou à3retirada 4 indica5 segundo
4 2 4 8 5 7 9 61 0 1 9 2 7 1 7 14 3 4 60 8 05 29 5 2 1 6 5 0 8 9 7 4 3 “DAILY IMPERMANENCE” - FOTOGRAFIAS DE ANTÓNIO LEONG Casa do Povo de Coloane | Até 24/11 5 9 2 8 3 6 7 4 1 0 61 9 15 20 5 08 3 8 7 7 0 7 61 93 1 3 24 5 4 8 4 | OBRAS 9 1DE CERÂMICA 2 7 E3 0 6DE UNG 5 CHOI EXPOSIÇÃO CALIGRAFIA KUN E CHEN PEIJIN 3 6 7 0 9 4 5 2 8 1 85 03 54 32 47 29 7 9 6 Fundação Rui Cunha 1 0 8 6 7 2 4 5 3 9 54 37 49 76 98 61 8 1 0 “WE・ART SPACE” DOCUMENTARY EXHIBITION 2 1 2 90 84 0 4 53 7 3 9 5 3 2 4 0 6 1 7 8 Armazém do Boi | Até 8/12 6 3 4 9 1 5 0 8 2 7 90 8 03 17 3 76 4 6 2 4 5 4 56 7 6 29 1 98 30 8 0 8 1 7 6 3 2 9 5 4 7 2 5 4 8 9 1 3 0 6 6 3 6 2 0 8 5 19 4 9 Cineteatro
C I N E M A
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S U D O K U
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Um aluno está a ser investigado pela prática do crime de dano qualificado por ter feito um grafiti numa parede na Travessa da Paixão. Nas redes sociais, principalmente em chinês, o caso ganhou um amplo destaque porque o filho de uma deputada fez o mesmo, numa parede diferente, e não teve problemas. O caso foi mais insólito porque, na ignorância, as imagens até foram transmitidas num programa de televisão do Interior da China. As autoridades sempre tão expeditas a tratar de outros casos, neste apenas disseram que teria de ser o “privado” a apresentar a queixa, o que não aconteceu. Porém, para a sociedade civil a mensagem que passou foi de uma impunidade para uma das famílias mais ricas. Mas não foi a primeira vez. Num outro caso descobriu-se que a deputada era proprietária de uma fracção que estava a ser utilizada como pensão ilegal. Na altura de apurar responsabilidades, e mais uma vez, o Governo considerou que o membro da família Ho nem sabia o que se passava na fracção. Em ambos os casos as autoridades podem ter agido totalmente de forma legal e imparcial. Contudo, é muito complicado explicar à população a diferença de critérios. Um estudante faz um grafiti e as autoridades fazem-no sentir o peso brutal da justiça, com o recurso aos Olhos no Céu. Uma das famílias abastadas vê-se envolvida em mais do que um caso e surgem todas as tecnicalidades para ilibá-la, com recurso ao sistema Cabeça debaixo da Areia. A PJ até se veio defender, e pareceu-me que de forma muito clara e objectiva, mas basta recordar “a simpatia” do secretário Wong Sio Chak face às agressões a agentes da PSP numa manifestação do Pearl Horizon para perceber a razão de haver franjas da sociedade a questionar a imparcialidade das decisões... João Santos Filipe
INTO THE WEST | STEVEN SPIELBERG (2005)
Produzida por Steven Spielberg, a série “Into the West” conta a história da colonização do Oeste dos EUA e das tensões entre os colonizadores ocidentais e os índios nativos do continente americano. O enredo foca a família que surge do casamento entre um “colonizador” e uma índia e as tensões inerentes a uma ligação que aos poucos ganha contornos mais especiais, aos mesmo tempo que os diferentes povos no continente se defrontam nas guerras de colonização. João Santos Filipe DOCTOR SLEEP SALA 1
TERMINATOR: DARK FATE [C] Um filme de: Tim Miller Com: Linda Hamilton, Arnold Schwarzenegger, Mackenzie Davis 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2
DOCTOR SLEEP [C] Um filme de: Mike Flanagan Com: Rebecca Fergunson Ewan McGregor, 14.30, 17.00, 21.30
THE ADDAMS FAMILY [B] FALADO EM INGLÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Conrad Vernon, Grerg Tierman
Com: Charlize Theron, Chloe Grace Moretz, Allison Janney, Oscar Isaac 19.45 SALA 3
GUILT BY DESIGN [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kenneth Lai, Paul Sze, Lau Wing Tai Com: Nick Cheung, Kent Cheng, Eddie Cheung 14.30, 16.30, 21.30
JOKER [C] Um filme de: Todd Phillips Com: Joaquin Phoenix, Robert de Niro, Zazie Beetz 19.15
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opinião 15
segunda-feira 11.11.2019
PEDRO FILIPE SOARES in Esquerda.net
Web Somítico
E
STA é aquela altura do ano e não é possível escapar. Jornais, televisões, rádios, todos se rendem ao frenesim que transforma o empreendedorismo em religião e o Parque das Nações na Meca da tecnologia. A WebSummit deste ano chegou ao fim. O evento esgotou, mas esteve longe do fulgor e da novidade do passado. Contudo, há coisas que nunca mudam: o espetáculo de luz, cor e animação é construído num mar de voluntários. O que o empreendedorismo adora mesmo, pelos vistos, é não pagar salários Não é que a Web Summit não dê lucro. Dá e muito. Os lucros de Paddy Cosgrave aumentaram 16 vezes desde que começou a realizar o evento em Portugal. Só os 2700 voluntários é que não vêem um cêntimo desse dinheiro: têm direito ao almoço e a jornadas de trabalho que podem chegar às 18 horas por dia. Vá, já me esquecia, se correr bem poderão assistir
a uma conferência. Empreendedorismo mãos largas! E se entre o Governo e a Câmara de Lisboa a Web Summit custa 11 milhões de euros todos os anos, seria de esperar pelo menos uma palavrinha exigindo um mínimo de respeito pelo trabalho realizado. Mas não criem ilusões: António Costa comparou o trabalho grátis que dá milhões a Paddy Cosgrave ao voluntariado na Expo 98, para equiparar o que não é equiparável e relativizar a exploração actual. Já Marcelo Rebelo de Sousa tem pena de não ser jovem, senão garante que esse voluntariado não lhe escapava. Depois deste networking com o organizador da Web Summit, não se vislumbra grande sucesso ao objectivo de “elevar o nível salarial dos jovens quadros qualificados”. Pode ser cool, mas não dá para comer. Eu, pelo menos, não quero esse futuro para os jovens do país. Contudo, nem só do trabalho grátis se faz lucro com o voluntariado. É verdade que não seria pouco, contabiliza-se em quase um milhão de euros o valor desse trabalho não pago. Mas, como na Web Summit o espaço é dinheiro, mesmo que seja o das t-shirts dos voluntários, há aí mais oportunidades. Quem quiser comprar este espaço para publicidade
paga 115 mil euros aos bolsos de Paddy Cosgrave. Ah, o altruísmo que ele tem com estes jovens a quem consegue proporcionar a experiência de uma vida… É natural que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa fiquem sensibilizados. O triste é mostrarem esta subalternidade do país a uma agenda tão desprovida de direitos. E já sabem do negócio das camisolas? Houve um grande sururu sobre a venda de camisolas iguais à que Paddy Cosgrave vestiu. Julgava-se que era o negócio de uma start up que subiu a difícil rampa da meritocracia e, agarrando as oportunidades, conseguiu colocar à venda os seus produtos numa joint venture com a Web Summit. Quem sabe, poderia ser um futuro unicórnio! Vai-se a ver, o negócio até era mesmo familiar, mas da família de Paddy Cosgrave: as camisolas eram da empresa da esposa dele. Fica tudo em casa, claro, não houve foi a transparência para assumir isso desde o início. Afinal, isto
O que o empreendedorismo adora mesmo, pelos vistos, é não pagar salários
do mérito tem muito que se lhe diga e olha bastante às famílias de onde se vem. O que também escapou, no meio destes negócios todos, foi a vontade de ajudar os voluntários nos transportes ou com a estadia. É cada um por si, sem qualquer apoio, sem nenhuma ajuda, cada qual paga do seu bolso. O trabalho assume-se sem problemas, a responsabilidade social já custa muito mais a assumir. É certo que muitos dirão que estão satisfeitos, que repetiriam a experiência e não subscrevem nenhum dos reparos que aqui fiz. Esse é um dos méritos das ilusões que a Web Summit vende, tolda até o raciocínio mais óbvio. Ora, a racionalidade mostra que não devemos viver bem com esta exploração de trabalho gratuito. Um exemplo bem recente prova como é possível bater o pé a Paddy Cosgrave, haja é vontade para isso. Ainda se lembra de quando o fundador da Web Summit não via qualquer mal em ter Marine Le Pen como uma das oradoras da edição do ano passado? Foi a indignação geral que obrigou Cosgrave a recuar e a retirar o convite feito a Le Pen. Se já o vencemos no passado, podemos vencer novamente. Haja a coragem de romper com a bajulação com que os poderes públicos o tratam.
Não existe uma forma única de retratar a realidade. Stephen Hawking
PALAVRA DO DIA
Vitória inédita
segunda-feira 11.11.2019
RESISTÊNCIA ANTÓNIO FÉLIX DA COSTA VENCE TERCEIRA PROVA DO MUNDIAL
O
piloto português António Félix da Costa (Oreca) venceu ontem a categoria LMP2 da terceira prova do Campeonato do Mundo de Resistência de automobilismo, disputada em Xangai, na China, na qual Filipe Albuquerque foi terceiro. Félix da Costa, que fez equipa com o britânico Anthony Davidson e com o mexicano Roberto Gonzalez, partiu da quinta posição da grelha, mas terminou as quatro horas de corrida com 121 voltas completadas e 17,090 segundos de avanço sobre o segundo classificado da classe, o Oreca da Jackie Chan DC Racing, tripulado pelo francês GabrielAubry, pelo chinês Ho-Pin Tung e pelo britânico Will Stevens. Para o piloto de Cascais foi “um grande dia”, pois esta é a primeira vitória no Mundial de Resistência: “Não foi uma corrida nada fácil, devido à gestão de pneus que tivemos de fazer, principalmente com o elevado nível de degradação deste circuito. Esta vitória foi
obtida pelo excelente trabalho de equipa que todos fizemos, sem qualquer erro em pista e com ‘pit stops’ [paragens nas boxes] muito eficientes e sempre nos momentos certos, toda a equipa JOTA esteve muito bem e merecemos esta vitória.” “[Foi um] grande trabalho dos meus colegas de equipa. Juntos, hoje, mostrámos que fomos os mais fortes e só temos de estar orgulhosos deste dia. Para mim, principalmente, pois foi a minha primeira vitória aqui no Mundial de Resistência. Um grande dia”, resumiu Félix da Costa, sexto classificado da geral.
DE TRÁS PARA A FRENTE
Em terceiro lugar ficou Filipe Albuquerque, no Oreca da United Autosports, depois de ter partido de idêntica posição da grelha. Albuquerque, que fez equipa com os britânicos Phil Hanson e Paul di Resta, terminou a 21,727 segundos de Félix da Costa, depois de ter caído para a última posição devido a um
pedaço de plástico que se alojou na entrada de ar do motor. “Foi sempre a ganhar posições, com um excelente andamento. Fizemos tudo o que podíamos para chegar mais além, mas o tempo perdido e os andamentos semelhantes não permitiram ir mais longe. É sempre um pouco frustrante, porque ainda não tivemos uma corrida limpa, há sempre alguma coisa que nos acontece e nos obriga a ceder posições”, lamentou o piloto de Coimbra, oitavo da geral. O Rebellion pilotado pelos brasileiros Gustavo Menezes e Bruno Senna e pelo francês Norman Nato bateu os Toyota oficiais pela primeira vez em pista (a outra derrota da Toyota foi na secretaria) e venceu a prova chinesa. Com estes resultados, Félix da Costa está em sexto lugar da LMP2, com 35 pontos, mais cinco do que Filipe Albuquerque, que é sétimo. Os comandantes são os holandeses Giedo Van der Garde e Frits Van Eerd, com 51. A próxima prova disputa-se em 14 de Dezembro, com as 8 Horas do Bahrain.
Félix da Costa “[Foi um] grande trabalho dos meus colegas de equipa. Juntos, hoje, mostrámos que fomos os mais fortes e só temos de estar orgulhosos deste dia. Para mim, principalmente, pois foi a minha primeira vitória aqui no Mundial de Resistência. Um grande dia.”
TÓQUIO NOVO IMPERADOR DESFILA PERANTE MILHARES DE PESSOAS
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EZENAS de milhares de pessoas agitando a bandeira japonesa aplaudiram ontem, o novo imperador Naruhito e a imperatriz Masako, que participaram para um raro desfile por Tóquio. Este foi o primeiro desfile do casal imperial desde o seu casamento, em 1993, e que é percebido pelo público japonês como o culminar das cerimónias de adesão ao trono e uma das raras ocasiões para ver o imperador. Naruhito, de 59 anos, sucedeu oficialmente seu pai no passado dia 1 de Maio. Uma série de rituais e cerimónias realizam-se no mês passado e continuam até ao final do ano. A cerimónia para proclamar a adesão ao trono na presença de membros de famílias reais e líderes políticos em todo o mundo foi realizada em 22 de Outubro. O cortejo também estava originalmente previsto para esse dia, mas acabou por ser adiado por respeito às vítimas do tufão Hagibis, que matou mais de 80 pessoas alguns dias antes e causou enormes danos. Ontem, o casal real desfilou num carro preto japonês com assentos brancos, sorrindo e acenando para a multidão. Com um longo vestido branco-creme e usando uma tiara entregue pela imperatriz anterior, a imperatiz Masako chegou pouco antes das 15:00 ao lado do seu marido, que apareceu em trajes ocidentais. Parte da plateia acampou a noite toda para garantir um bom lugar ao longo do breve percurso de 4,6 quilómetros, que demora meia hora a percorrer. Para este desfile foi montado um aparatoso dispositivo de segurança, com helicópteros e polícias em terra para acompanhar a procissão de cinquenta veículos.
ÍNDIA HINDUS GANHAM BATALHA LEGAL POR NOVO ESPAÇO APÓS DÉCADAS DE ESPERA
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PUB
EPOIS de décadas de espera, os hindus vão poder construir um templo ao deus Ram num lugar sagrado da cidade de Ayodhya (Norte da Índia), onde os muçulmanos rezaram durante séculos, segundo uma decisão do Supremo Tribunal indiano. O veredicto do tribunal foi conhecido sábado e
concede aos hindus a autorização para construir um templo onde acreditam que terá nascido o deus Ram e onde, durante séculos, os muçulmanos rezaram até ter sido destruída a sua mesquita Babri, em 1992. O tribunal decidiu atribuir aos muçulmanos um lugar alternativo em Ayodhya para que possam construir uma
nova mesquita. No entanto, a comunidade muçulmana daquela região já anunciou que vai analisar a hipótese de recorrer da decisão: “Respeitamos a decisão, mas não estamos satisfeitos”, afirmou o advogado que defende os muçulmanos. Teme-se que a decisão judicial reabra feridas religiosas na Índia. A disputa
centra-se em torno da mesquita de Babri, construída no século XVI e onde a comunidade muçulmana prestou culto durante séculos até ter sido derrubada pelos hindus. A destruição da mesquita em 1992 provocou tumultos entre hindus e muçulmanos nos quais morreram cerca de duas mil pessoas. O perigo da decisão num país de maioria
hindu (79,8 por cento ) - com uma das populações muçulmanas mais importantes (14,2 por cento) - é que se volte a quebrar a harmonia religiosa e sejam desencadeados novamente distúrbios. Aqueles foram os piores confrontos entre as duas comunidades desde a divisão do subcontinente indiano em 1947, após a independência
do Império Britânico. Mais recentemente, em 2002, houve novos distúrbios contra a minoria muçulmana no estado oriental de Gujarat, então governado pelo actual primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que causou quase mil mortes.