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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
ORÇAMENTO
FRONTEIRA
Ricos Polémicas serviços proibições PÁGINA 6
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˜ QUARTA-FEIRA 11 DE DEZEMBRO DE 2019 • ANO XIX • Nº 4430
CARLOS GASPAR
OS NOVOS RISCOS ENTREVISTA
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MOP$10
OPINIÃO
Guia dos sexos TÂNIA DOS SANTOS
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hojemacau
Toca a andar
Dezasseis anos depois do estudo inicial e oito anos após a primeira data avançada para a inauguração, o metro ligeiro começou ontem finalmente a circular na linha da Taipa. Com um custo total que ultrapassou 10 mil milhões de patacas, o novo serviço de transporte deverá receber cerca de 20 mil passageiros por dia. Até ao fim do ano os bilhetes são grátis, mas depois custarão entre 6 e 10 patacas, segundo as zonas percorridas. PÁGINAS 8-9
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ADORNAR
JOÃO PAULO COTRIM
A INQUISIÇÃO QUE VEIO DO FRIO
NUNO MIGUEL GUEDES
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CARLOS GASPAR
“A China teve uma relativa contenção em Hong Kong” AUTOR DO LIVRO “O REGRESSO DA ANARQUIA”
Outrora única potência mundial indiscutível, os EUA deixaram de lado a manutenção de uma ordem internacional liberal e priorizam hoje a competição entre potências, olhando sobretudo para a relação entre a China e a Rússia. Deste triângulo estratégico há um risco de surgirem conflitos armados em zonas como Taiwan e a Ucrânia. É o que defende Carlos Gaspar, presidente do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa, que lançou esta segunda-feira o livro “O Regresso da Anarquia – os Estados Unidos, a Rússia e a China e a ordem internacional”. Sobre a crise que se vive Hong Kong, o autor diz que houve “relativa contenção” por parte da China e que a opinião do povo, revelada nas eleições distritais, é soberana
Apresenta neste livro a ideia de um triângulo estratégico composto pela China, EUA e Rússia. E este regresso à anarquia. São duas coisas diferentes. Quando fazemos a análise da história internacional desde o fim da II Guerra Mundial constatamos que o triângulo estratégico das relações entre a China, EUA e Rússia são centrais na política internacional, antes e depois da Guerra Fria. Não são sempre centrais com a mesma intensidade, mas há um padrão de continuidade na importância dessas relações das principais potências internacionais desde 1945. O regresso da anarquia é uma questão diferente, é conjuntural, tem a ver com o triângulo, na medida em que os EUA, a China e a Rússia continuam a ser os actores principais da política internacional. Mas no período a seguir ao fim da Guerra Fria, desde 1990 ou 1991, os EUA tinham uma posição muito mais forte do que a Rússia e a China. Eram até mais fortes do que esses países em conjunto, que não eram capazes sequer de contrabalançar o poder excessivo que os EUA tiveram naqueles anos. Isso permitiu aos EUA impor o seu modelo de ordem internacional, uma ordem liberal, de globalização, quer a China ou a Rússia quisessem ou não. E conseguiram mesmo, a partir de certa altura, integrar a China e a Rússia, as duas economias, na Organização Mundial de Comércio (OMC) e de certa maneira fazê-los estar dentro desta ordem liberal
as grandes potências e não o ordenamento internacional. Pode-se falar com propriedade de um regresso à anarquia no sentido de competição entre as principais potências, algo que passou a ser o centro da política internacional e não a construção de uma ordem liberal.
“Os norte-coreanos não têm medo dos americanos, sabem que não vão atacar, mas têm medo dos chineses e dos russos.” internacional. Quer a China quer a Rússia beneficiaram com o facto de terem entrado na OMC. Mas a partir de uma certa altura os EUA mudaram de política, por um lado, e por outro lado o equilíbrio entre os EUA, a China e a Rússia já não é o que era há 30 anos. O que mudou? Hoje a China e a Rússia voltaram a ser grandes potências em competição com os EUA e é por causa dessa competição que a questão principal para a política internacional dos EUA não é manter a ordem liberal, mas conter a ascensão da China e evitar uma aliança entre a China e a Rússia. É nesse sentido que os EUA voltaram a ter como prioridade a competição entre
No livro fala de erros que os EUA cometeram nesse processo. Estes erros agravaram-se com a presidência de Donald Trump, que defende cada vez mais políticas proteccionistas e nacionalistas? Como é que estes erros nos trouxeram ao que vivemos hoje? O erro mais grave dos EUA foi, a seguir ao 11 de Setembro, ter uma estratégia de expansão e de democratização do Médio Oriente e também a sua decisão unilateral de invadir o Iraque que não tinha nada a ver com o 11 de Setembro, pois também não tinha as armas de destruição maciça que era urgente neutralizar. Esse erro principal marca o abuso do poder internacional dos EUA e também dividiu a Aliança Atlântica, e a relação entre os EUA e os seus aliados. Fez com que os EUA tenham perdido legitimidade internacional como o garante da estabilidade da ordem liberal e dividiu internamente a comunidade política norte-americana. Nem os EUA nem a Aliança Atlântica recuperaram ainda dessa divisão. Desde 2008 que há uma divisão profunda e uma
polarização crescente na comunidade política norte-americana que tem como consequência um retraimento dos EUA e uma menor disponibilidade para intervir internacionalmente. Isso já era verdade no caso do Presidente Barack Obama, que perante a Primavera Árabe achou que os EUA não tinham de fazer nada de especial, deixou que a guerra civil da Síria degenerasse como degenerou, num conflito grave e perturbador para a estabilidade regional, e a seguir o Presidente Donald Trump agravou esse recuo estratégico dos EUA demarcando-se das suas responsabilidades como garante da ordem liberal. Essa é uma viragem nacionalista e proteccionista que acelera o regresso da anarquia. Mas tão importante como os erros dos EUA é a força da ascensão da China e a convergência estratégica entre a Rússia e a China. Ainda relativamente aos EUA, o livro fala de uma “guerra inevitável” com a China. Há uma tese sobre isso, o autor não sou eu. O que eu digo é que é mais provável que existam confrontos militares delimitados e localizados entre os EUA e a China, designadamente nos mares costeiros da China, face ao que aconteceu no passado. Durante toda a Guerra Fria as forças militares dos EUA e da URSS nunca tiveram nenhum choque directo. Essa é uma mudança perigosa,
FOTOS HOJE MACAU
ENTREVISTA
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porque no cenário menos mau esses conflitos militares são localizados e delimitados, mas há sempre um risco de escalada. Esses conflitos podem ocorrer em torno da questão de Taiwan, também? Certamente, ou a questão da Ucrânia. Foram identificadas desde 1991 como os cenários de conflito mais perigosos da política internacional. No caso da Ucrânia, por causa da grande minoria russa, que poderia pôr em confronto a Rússia, a Ucrânia e eventualmente a aliança ocidental, como em parte aconteceu depois de 2014 com a anexação da Crimeia e a guerra híbrida na Ucrânia Oriental. Outro ponto, mais importante ainda, é a questão de Taiwan. É crucial para a China. O país mantém a sua estratégia de unificação e o Presidente Xi Jinping impôs uma data: até 2049 a questão tem de estar resolvida.
Xi Jinping falou inclusivamente da adopção do modelo “Um País, Dois Sistemas” para Taiwan. Esse modelo foi desenhado, em primeiro lugar, para Taiwan, como está no livro. E faz parte das estratégias de reformas e de liberalização de Deng Xiaoping. Esse princípio surge depois de
“Olhando para a história e ascensão da China, é muito claro que a China tem uma concepção política e ética da ordem mundial que é radicalmente diferente da concepção política ou ética que têm os EUA.”
ter sido anunciada a nova política para Taiwan, em 1980. Precede a questão de Hong Kong e de Macau e é um princípio desenhado para abrir caminho à unificação pacífica de Taiwan com a China, mantendo a sua autonomia e as suas instituições, e mesmo uma parte das forças militares. Há ali um compromisso que mais tarde ou mais cedo entra em choque com os compromissos dos EUA em garantir a capacidade de Taiwan resistir a uma ameaça de invasão. Mas Taiwan é um território cada vez mais isolado internacionalmente. Sim e não. É uma questão que já se começou a discutir nos EUA: vale a pena? Mas se os EUA não cumprirem as suas obrigações como aliado em relação a Taiwan, o que acontece no dia seguinte com a sua aliança com o Japão? Há uma perda de credibilidade, não é
apenas a questão em si de Taiwan que pode ser desvalorizada. Embora seja mais difícil desvalorizar a questão de Taiwan a partir do momento em que Taiwan é uma democracia pluralista e um Estado de Direito e, portanto, é verdade que cada vez menos micro Estados mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan, mas também é verdade que a democratização de Taiwan compensa largamente esses sinais de isolamento, não só em relação aos EUA, mas também em relação ao Japão, que assumiu responsabilidades para a defesa de Taiwan no quadro dos acordos com os EUA assinados em 1996. De que forma é que o dossier de Taiwan tem uma ligação ao que está a acontecer em Hong Kong? Nas sondagens há uma força crescente das forças em Taiwan que se opõem à unificação com a China, mas esse é um efeito conjuntural.
Provavelmente explica a relativa contenção das autoridades chinesas perante estes seis meses de protestos. Uma relativa contenção. Houve sinais de presença militar chinesa em Shenzen. Pior do que isso, há a mobilização das tríades e, portanto, uma estratégia subterrânea de violência além das prisões e da identificação de numerosos manifestantes. Mas isso é tudo uma relativa contenção. Depois das eleições distritais e da larga vitória do campo pró-democrata, qual será o caminho? Depende em grande parte da resposta das autoridades de Pequim, que têm uma certa margem de manobra para responder aos protestos e já mostraram que possuem uma certa flexibilidade perante a Continua na página seguinte
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conjuntura, desde logo para corrigir o erro que foi a introdução da proposta de lei da extradição. Houve um recuo importante aí, e se calhar amanhã vai haver um recuo também em relação ao Chefe do Executivo. No essencial, os Chefes do Executivo existem para serem substituídos, isso não é nada de extraordinário. Mas os resultados das eleições municipais mostram de que lado é que está a grande maioria dos cidadãos de Hong Kong. Voltando à China. O livro diz que a sua grande prioridade é a hegemonia do país na Ásia Oriental, mantendo uma parceria estratégica com a Rússia. De que forma Macau e Hong Kong podem ajudar a esta hegemonia? Não sei se são instrumentos decisivos. De qualquer maneira, a própria integração pacífica e diplomática de Hong Kong e Macau na China é uma demonstração de força, um reconhecimento internacional da China como uma grande potência. Qualquer que seja a evolução em Hong Kong e em Macau as duas regiões são parte integrante do Estado chinês como regiões administrativas especiais. Neste triângulo fala dos laços que unem a Rússia e a China em várias matérias, incluindo o não cumprimento em matéria de direitos humanos. Como é que a comunidade internacional deve responder, incluindo a própria União Europeia? As questões de direitos humanos voltaram a ser relevantes nos dois casos por erros ou excessos cometidos pelos regimes autoritários na Rússia e na China. No caso da Rússia, por exemplo, o mau hábito de mandar assassinar os seus dissidentes em países europeus, é um pouco excessivo. Isso teve um impacto forte nas relações entre a Rússia e a Grã-Bretanha, mas também na opinião pública, e mostra o lado brutal do regime de Vladimir Putin. No caso da China, as coisas são bastante mais sérias, porque a repressão das minorias muçulmanas em Xinjiang tem uma escala absolutamente impressionante, é a maior perseguição religiosa do século XXI. Pouco a pouco esse tema começou a ter relevância na opinião pública americana e europeia e isso força os Estados e a UE a tomar uma posição, mesmo que esse não seja o primeiro reflexo.
soberania chinesa no caso das ilhas do mar do sul da China e também na zona de demarcação com a Índia. Há uma vontade da China em projectar a sua soberania em territórios onde ela não é reconhecida e não o será facilmente. A Rússia também, com a Crimeia e a Nova Rússia. Há sinais de que há um revisionismo do espaço soberano destas duas grandes potênciais continentais. Essa é uma relativa novidade na política internacional. No caso da Crimeia foi a primeira anexação pela força desde 1945 e no caso do mar do sul da China há uma expansão efectiva com a construção dos aterros.
Afirma no livro que a China quer rever o traçado das suas fronteiras terrestres, aéreas e marítimas. A China, de uma maneira muito unilateral, quer fazer o país maior, e está a rever as fronteiras da sua
Antecipa uma relativa estabilidade internacional, mas podemos falar de uma paz podre, com a existência deste triângulo de países? Não sabemos o que vai acontecer, mas pode haver uma tendência
para estas grandes potências definirem as suas próprias esferas de influência e delimitarem os seus conflitos às periferias dessas esferas. Todas elas são potências nucleares, e duas delas são grandes potências nucleares, os EUA e a Rússia, e isso obriga as elites políticas e militares a um regime de responsabilidade correspondente à capacidade destrutiva das suas
“É por causa dessa competição que a questão principal para a política internacional dos EUA não é manter a ordem liberal, mas conter a ascensão da China e evitar uma aliança entre a China e a Rússia.”
armas. Nesse sentido podemos imaginar que os conflitos, além da sua dimensão económica ou política, se possam reduzir aos espaços que fazem a separação dos espaços dominados pela China, EUA e Rússia. Mas isso tem um pressuposto que é a fragmentação da ordem internacional em três ordens competitivas entre si. Mas olhando para a história e ascensão da China, é muito claro que a China tem uma concepção política e ética da ordem mundial que é radicalmente diferente da concepção política ou ética que tem os EUA. A Rússia é um caso à parte no sentido em que é mais clássica, tem uma concepção do que é o ordenamento internacional mais próxima do registo da balança do poder, no sentido em que a Rússia deixou de ser uma potência revolucionária, não quer reconstruir a ordem internacional. Mas na minha opinião isso não é verdade em relação à China, que
quer reconstruir a ordem internacional na Ásia, uma nova ordem congruente com os seus valores, história e princípios e os EUA também. Onde fica a Coreia do Norte nessa tentativa de hegemonia? Todos os casos são depois problemas interessantes. Os norte-coreanos começaram a desenvolver as suas capacidades nucleares no fim da Guerra Fria, quando sentiram que estavam cercados por três potencias nucleares. Os EUA retiram as suas armas no fim da Guerra Fria, mas resta a Rússia e a China. Os norte-coreanos não têm medo dos americanos, sabem que não vão atacar, mas têm medo dos chineses e dos russos. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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A direcção da Associação Sinergia de Macau, movimento cívico e político, Johnson Ian disse à Lusa acreditar que a decisão está ligada à proibição de navios e aeronaves militares norte-americanas de estacionar em Hong Kong, anunciada pela China a 2 de Dezembro. Na mesma altura, Pequim decidiu ainda punir cinco organizações não-governamentais com sede nos Estados Unidos, incluindo a Human Rights Watch. "Mas a China não barrou a entrada de empresários norte-americanos por isso é difícil vislumbrar que razões terá Macau para o fazer", disse à Lusa o antigo candidato à Assembleia Legislativa de Macau. Já a deputada de Macau Agnes Lam considerou a decisão "um erro", enquanto o mais jovem deputado pró-democracia da cidade, Sulu Sou, afirmou que o incidente pode dar a entender que o Governo do território está envolvido na guerra comercial entre a China e os Estados Unidos. No sábado, os líderes da Câmara Americana de Comércio de Hong Kong (AmCham), Tara Joseph e Robert Grieves, foram impedidos de entrar em Macau, onde iriam participar no baile anual promovido pela AmCham Macau. A Lusa tentou contactar o presidente da AmCham Macau, mas a organização indicou que Paul Tse não se encontrava na cidade. Também o consulado-geral dos
AMCHAM ACTIVISTA E DEPUTADOS CRITICAM RECUSAS DE ENTRADAS
Trancas à porta Estados Unidos em Hong Kong e Macau preferiu não fazer qualquer comentário, ao ser contactado pela Lusa, e indicou que a AmCham de Hong Kong tinha já emitido uma nota sobre o incidente. Divulgado no sábado à noite, o comunicado sublinhou que não foram dadas razões para impedir a entrada em Macau dos dois responsáveis da AmCham. No passado, Tara Joseph e Robert Grieves tornaram pública a oposição à proposta de alteração da lei de extradição, que desencadeou os protestos que há precisamente seis meses afectam Hong Kong. A AmCham de Hong Kong assinalou esperar que o incidente se trate de “apenas uma reacção exagerada aos eventos actuais e que os negó-
cios internacionais possam avançar construtivamente”.
CIDADE INTERNACIONAL
Johnson Ian sublinhou que "a comunidade internacional poderá pensar que Macau é uma cidade fechada, pouco amigável e mais difícil até que a China continental". Embora a cidade não tenha um papel económico tão importante como a vizinha Hong Kong, "não importa quanto mude o contexto internacional, Macau sempre foi uma janela da China para o mundo e essa janela deve permanecer aberta o mais possível", acrescentou. Johnson Ian afirmou ainda temer que o caso possa "criar dúvidas" sobre o futuro dos casinos geridos por empresas norte-americanas em Macau.
Para Agnes Lam, este incidente mostra que as autoridades já estão em alerta máximo, numa altura em que Macau prepara as comemorações do 20.º aniversário da transferência para a China do território anteriormente administrado por Portugal, em 20 de Dezembro próximo, coincidindo com a posse do novo chefe do Governo, Ho Iat Seng. "Acredito que tenha sido um erro porque havia muita gente norte-americana vinda de Hong Kong, incluindo o cônsul-geral dos Estados Unidos” em Hong Kong, Hanscom Smith, disse à Lusa a professora universitária, que esteve no baile anual promovido pela AmCham em Macau. Por seu lado, Sulu Sou antecipou a presença do Presidente
chinês, Xi Jinping, nas comemorações dos 20 anos da transferência de Macau, mas considerou um “exagero inexplicável” começar já a proibir a entrada de pessoas em Macau. Sulu Sou lamentou ainda que seja difícil saber quantas pessoas foram impedidas, nos últimos anos, de entrar em Macau. A falta de informação “torna impossível à Assembleia Legislativa verificar se tem ou não havido abusos”, afirmou o deputado pró-democracia à Lusa. No domingo, o secretário para a Segurança de Macau recusou comentar a decisão das autoridades de fronteira de impedirem a entrada, no sábado, no território, dos dois responsáveis da AmCham. Em comunicado, Wong Sio Chak reiterou que, na aplicação da Lei de Bases da Segurança Interna da Região Administrativa Especial de Macau, "a identidade do indivíduo e a profissão não são objectos de ponderação, os riscos e ameaças à segurança são a única consideração e a aplicação deste regulamento sempre foi analisada caso a caso". Lusa
TIAGO ALCÂNTARA
Agnes Lam e Sulu Sou criticaram ontem a decisão de impedir a entrada de responsáveis da Câmara Americana de Comércio, considerando que pode prejudicar a imagem da região e o futuro dos casinos detidos por empresas norte-americanas
Sulu Sou lamentou que seja difícil saber quantas pessoas foram impedidas, nos últimos anos, de entrar em Macau. A falta de informação “torna impossível à AL verificar se têm ou não havido abusos”
CONSELHO DE ESTADO PUBLICADAS EM BOLETIM OFICIAL NOMEAÇÕES SOBRE NOVO GOVERNO
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ORAM ontem publicadas em Boletim Oficial (BO) as notificações do Conselho de Estado da China relativamente à nomeação dos titulares dos principais cargos do novo Governo e do
Procurador da RAEM, que irão compor o V Governo, liderado por Ho Iat Seng. Confirmam-se, assim, os nomes de André Cheong para o cargo de secretário para a Administração e Justiça, Lei
Wai Nong, como secretário para a Economia e Finanças, Wong Sio Chak, como secretário para a Segurança, Ao Ieong U, como secretária para os Assuntos Sociais e Cultura e Raimundo Arrais do Rosá-
rio, como secretário para os Transportes e Obras Públicas. Seguem-se os nomes de Chan Tsz King, como Comissário contra a Corrupção, Ho Veng On, como Comissário da Auditoria, Leong Man
Cheong, como Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Vong Man Chong, como Director-geral dos Serviços de Alfândega e Ip Son Sang, como Procurador do Ministério Público.
Foi também publicada a notificação do Conselho de Estado relativa a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo eleito a 25 de Agosto, que toma posse no próximo dia 20 de Dezembro.
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TRANSIÇÃO PAULO CUNHA ALVES ELOGIA GESTÃO DE MACAU
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ORÇAMENTO DESPESAS COM SAÚDE, IAM E IC AUMENTAM MAIS DE MIL MILHÕES
Gastar nos serviços
Os Serviços de Saúde querem contratar no próximo ano 555 trabalhadores, entre os quais médicos e enfermeiros, e as despesas com o pessoal vão aumentar. Já no IAM, os custos prendem-se com a gestão de mais espaços que estavam na alçada do ID e IC
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S deputados estiveram a analisar em sede de comissão o orçamento para o próximo ano e o aumento de 1,18 mil milhões de patacas nas despesas dos Serviços de Saúde (SSM), Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) e Instituto Cultural (IC) levantaram várias questões. A situação foi apontada pelo presidente da 2.ª Comissão da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, mas as perguntas foram respondidas pelo Executivo e justificaram-se com a contratação do pessoal ou aumento de competências ou obras. No que diz respeito ao Serviços de Saúde, entre este ano e o próximo, o orçamento dispara 674 milhões de patacas, o que representa oito por cento. Segundo as explicações dadas aos deputados, e que constam do parecer elaborado pela comissão, a principal despesa prende-se com o “aumento de
pessoal previsto para 2020” e que contabiliza 370 milhões de patacas. Durante o próximo ano, os SSM vão perder 37 trabalhadores, mas esperam contratar 555, entre os quais 90 médicos, 75 profissionais em regime de internatos, 270 enfermeiros, 23 farmacêuticos, 63 técnicos superiores de saúde e 89 técnicos superiores. Por sua vez, o Instituto para os Assuntos Munici-
O Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) vai ter um aumento de aproximadamente 400 milhões de patacas no orçamento, o que representa um agravar da despesa de 13,8 por cento
pais (IAM) vai ter um aumento de aproximadamente 400 milhões de patacas no orçamento, no que representa um agravar da despesa de 13,8 por cento. Os gastos são explicados com a gestão de espaços que estavam sob a alçada do Instituto do Desporto (ID) ou do IC, obras na Galeria Comemorativa da Lei Básica de Macau e com a promoção da Lei Básica, mas também com os trabalhos de renovação de mercados ou modernização da rede de depósitos de lixo.
HORAS EXTRA NO IC
Em 2017, o IC teve de resolver a situação de cerca de 94 trabalhadores com contratos ilegais e o aumento de 106 milhões de patacas previsto para o próximo ano é explicado, em parte, com a necessidade de pagar horas extra. Segundo o parecer, com base nas explicações do Executivo, o aumento do orçamento “decorre de obras de renovação que devem ocorrer no Centro Cultural, de despesas relacionadas
com a prestação de trabalho extraordinário, que se espera que seja necessário na organização de vários eventos culturais e festivos de larga escala”. Além disso, o instituto liderado por Mok Ian Ian vai passar a assumir igualmente as despesas com a Orquestra de Macau e a Orquestra Chinesa de Macau, que anteriormente estavam a ser financiadas pelo Fundo de Cultura. A Lei do Orçamento de 2020 vai agora ser votada até ao final do mês no plenário. As previsões apontam para receitas no valor de 122 mil milhões de patacas e despesas de 100 mil milhões, no que deverá gerar um superavit de cerca de 20,7 mil milhões. Porém, as contas poderão sofrer alterações em Abril, quando o futuro Governo apresentar as Linhas de Acção Governativa. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, elogiou os feitos alcançados pelo território após a transferência de soberania. Numa entrevista à Xinhua, o diplomata sublinhou igualmente o papel de Macau como uma plataforma. “Macau sempre funcionou como um elo de ligação entre Portugal e a China e como uma porta de chegada ao Oriente. Neste sentido, Macau assume um papel de catalisador nas relações bilaterais nos mais diversos domínios, desde o político ao comercial, do cultural ao da educação”, disse Paulo Cunha Alves, à agência estatal noticiosa. “As principais vantagens de Macau têm a ver com a concentração de esforços e meios
numa plataforma única que é o Fórum Macau”, sublinhou. O Cônsul-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong destacou também que desde a transição, há 20 anos, que o país europeu tem prestado atenção à aplicação do princípio um país, dois sistemas, que está a ser bem concretizado e ao desenvolvimento do território, que segundo a Xinhua, foi elogiado na vertente política, económica e social. A cooperação entre Macau e Portugal no turismo foi outra das áreas mencionadas, e Paulo Cunha Alves afirmou que “não só é essencial treinar os profissionais do sector, como também promover uma maior fluxo de turistas entre Portugal e Macau”.
Mudanças à vista Lee Chong Cheng regressa à política
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deputado Iau Teng Pio, nomeado pelo Chefe do Executivo, e o antigo deputado Lee Chong Cheng, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, são os dois novos rostos que fazem parte do Conselho Executivo, que alberga 11 membros.Anotícia foi avançada ontem pela TDM Rádio Macau, que destaca ainda a escolha de Frederico Ma, actual presidente do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, para substituir Alexandre Ma, membro do Conselho Executivo desde 1999. Chan Meng Kam, empresário e ex-deputado à Assembleia Legislativa deixa este organismo que aconselha o Chefe do Executivo na tomada de decisões. A TDM Rádio Macau assegura, no entanto, que a comunidade de Fujian vai continuar a estar representada. Por sua vez, a comunidade macaense mantém-se representada por LeonelAlves, onde desempenha funções desde 2004. Chan Chak Mo e Peter Lam mantêm-se nos cargos. André Cheong, o novo secretário para a Administração e Justiça, também deverá estrear-se neste organismo.
ALEXIS TAM EM LISBOA
O ainda secretário para os Assuntos Sociais e Cultura,
Alexis Tam, deixa o Governo, mas vai continuar ligado à Administração, uma vez que irá chefiar a delegação económica e comercial de Macau em Lisboa, noticiou também a TDM Rádio Macau. Alexis Tam tomou posse como secretário em 2014. Sónia Chan, que ainda detém o cargo de secretária para a Administração e Justiça, vai assumir a liderança da futura comissão de fiscalização das empresas públicas, que se espera seja criada a curto prazo. Já Lionel Leong, secretário para a Economia e Finanças, decidiu fazer uma pausa na vida pública e política e deverá ingressar na vida académica, para fazer um doutoramento. Ainda de acordo com a TDM Rádio Macau, Alex Vong, responsável pelos Serviços de Alfândega, deverá regressar a uma casa que conhece bem, o Instituto do Desporto, organismo que já presidiu. O Lam, chefe de gabinete do Chefe do Executivo nos dois mandatos de Chui Sai On, vai assumir a vice-presidência do Instituto para os Assuntos Municipais. Ma Io Kun, responsável pelos Serviços de Polícia Unitários, deverá afastar-se da vida política e aposentar-se.
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quarta-feira 11.12.2019
Crime Morte acidental vale seis anos de prisão
JUSTIÇA WONG WAI MAN CONDENADO POR VIOLAÇÃO DE LIBERDADE DE REUNIÃO E MANIFESTAÇÃO
Um soldado castigado
Em Setembro de 2017, o “soldado comunista” pegou no microfone e acusou o líder da Lista Novo Macau de ser um “falso democrata” e “homossexual”. Ontem foi condenado a pagar uma multa de 10.800 patacas, mas promete recorrer da decisão
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candidato às legislativas Wong Wai Man, conhecido pelas roupas do Partido Comunista e pelos gritos de guerra, foi condenado a pagar uma multa de 10.800 patacas pela prática do crime de violação da liberdade de reunião e manifestação. A sentença do caso que envolvia ainda os também cabeças de lista do acto eleitoral de 2017, Lei Kin Yun e Lee Sio Kuan, foi lida ontem, com estes dois arguidos a serem absolvidos. De acordo com a juíza, Wong foi punido porque no dia 13 de Setembro de 2017, ou seja, durante o período eleitoral, actuou com dolo, quando perturbou uma acção de campanha da lista apoiada pela Associação Novo Macau. Segundo a sentença, o tribunal deu como provado que o Wong Wai Man utilizou um carrinho-de-mão com um altifalante para gritar que Sulu
Sou era “um falso democrata” e “homossexual”, numa tentativa de intimidar os membros da lista. O “soldado comunista” viu-lhe aplicada uma pena de 120 dias de multa, que correspondeu ao valor de 90 patacas por dia. Segundo a Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa da RAEM, o crime de violação da liberdade de reunião e manifestação tem como pena máxima 360 dias de multa, ou pena de prisão de 3 anos. Após a leitura, a juíza teve o cuidado de perguntar a Wong Wai Man, assim como aos outros arguidos, se tinham percebido a sentença. Todos responderam que sim, mas o “soldado comunista” foi mais longe: “Vou recorrer da pena porque tenho liberdade de expressão!”, atirou.
MOMENTO CARICATO
A sentença do caso foi lida ontem à tarde no Tribunal Judicial de Base
(TJB) e apenas compareceram à sessão os três arguidos, que estiveram sempre juntos. Segundo o tribunal, os outros dois arguidos foram absolvidos porque “as provas circunstanciais não indicaram que tanto Lee Sio Kuan como Lei Kin Yun tivessem conhecimento que decorria uma acção de campanha”. No entanto, Lei Kin Yun mostrou-se insatisfeito e pediu para usar da palavra para “complementar alguns factos sobre o caso”. Porém, Wong interrompeu-o: “Cala-te! Não foste considerado
O “soldado comunista” foi mais longe: “Vou recorrer da pena porque tenho liberdade de expressão!”, atirou.
culpado”, afirmou o único condenado, num tom de voz elevado. Lei Kin Yun ainda começou a defender que não havia uma acção de campanha naquela altura porque a lista de Sulu Sou estava fora dos locais autorizados para acções do género. Contudo, acabou mesmo por acatar o “conselho” de Wong Wai Man e calou-se. Os factos analisados no julgamento decorreram a 13 de Setembro de 2017, em plena campanha para as eleições legislativas, quando a lista Associação do Novo Progresso de Macau, agendou uma acção no cruzamento entre a Rua do Canal Novo e a Rua Nova da Areia Preta. Apesar de tudo estar a decorrer de forma pacífica, surgiu no local um grupo de pessoas, onde se incluíam Wong Wai Man, Lee Kin Yun, e Lee Sio Kuan, que se intrometeu na acção. In Nam Ng e João Santos Filipe info@hojemacau.com.mo
Fronteira Jornalista retido durante duas horas Um jornalista do South China Morning Post, Phila Siu, esteve ontem retido durante cerca de duas horas no Terminal do Porto Exterior, depois de ter viajado para Macau de Ferry, mas acabou por conseguir entrar. A situação foi revelada pelo deputado José Pereira Coutinho, com quem o profissional do jornal de Hong Kong tinha uma entrevista agendada. “O jornalista chegou às 11 da manhã ao Terminal Marítimo
de Macau e ficou retido pelos Serviços de Emigração. Ligou-me às 13h00, dizendo que estava dentro de uma pequena sala detido pelas autoridades policiais”, disse o deputado. Depois de receber a chamada, Coutinho foi ao terminal e o jornalista acabou por conseguir entrar: “Por felicidade após 45 minutos libertaram o jornalista que conduzi no meu carro particular. Ainda bem que ficou tudo resolvido”, revelou.
Um residente de Macau foi acusado da morte acidental de um outro residente de 74 anos de idade, tendo sido condenado a seis anos de prisão pelo crime de ofensa qualificada à integridade física. Além disso, foi obrigado ao pagamento de uma compensação de 237 milhões de patacas à família da vítima. A notícia foi avançada pelo jornal Ou Mun, que explica que a sentença acabou por ser diferente da acusação, que apontava para homicídio, uma vez que a vítima mortal caiu ao chão depois de ter sido agredido na cabeça pelo acusado. No entanto, ficou provado que a morte se deveu à fractura na cabeça causada pela queda e não pelas agressões. O caso aconteceu em Abril deste ano, quando o acusado estava a brincar com o seu filho de cinco anos no Mercado Municipal de São Lourenço. O filho envolveu-se numa briga com outra criança de nove anos, o que originou o conflito entre o acusado e a vítima, o avô da criança de nove anos.
Fronteiras Posto de Wai Chai em funcionamento até Fevereiro de 2020 O posto fronteiriço de Wai Chai deverá abrir ao público no próximo ano, antes do Ano Novo Chinês, noticiou ontem o jornal Ou Mun. A informação foi avançada pelo secretário do Comité Municipal do Partido Comunista de Zhuhai, Guo Yonghang, que adiantou também que as obras de construção da estrutura principal do posto fronteiriço da Ilha de Hengqin já estão concluídas, enquanto que as obras do posto fronteiriço Qingmao estão em andamento para que esta infra-estrutura possa abrir portas antes do dia 20 de Dezembro.
Baidu Presidente da “Google Chinesa” à conversa em Macau O presidente da Baidu, Zhang Yaqin, vai dar uma palestra sobre os avanços na condução autónoma de viaturas na próxima segunda-feira, na Universidade de Macau, na Ilha da Montanha. Segundo um comunicado da instituição, o presidente da empresa de serviços chinesa vai falar das oportunidades e desafios desta tecnologia, numa perspectiva tecnológica, industrial e política. A palestra está agendada para 15h30, no Teatro Lau Chor Tak, e vai ser realizada em inglês, com tradução simultânea para mandarim.
8 sociedade
O Metro Ligeiro abriu ontem a Linha da Taipa. Três horas e meia depois da cerimónia de inauguração, as primeiras carruagens começaram a circular. Os preços dos bilhetes, para quem paga em dinheiro, variam entre as 6 e as 10 patacas, consoante a distância percorrida. Quem pagar com o cartão do transporte terá um desconto de 50 por cento, seguindo o princípio das tarifas aplicadas aos autocarros
O
NTEM foi um dos dias mais aguardados pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário. Depois de mais de uma década, pelas 11h, realizou-se a cerimónia de entrada em funcionamento da Linha da Taipa do Metro Ligeiro de Macau, com as primeiras carruagens a circular a partir das 15h33 (3h33, hora escolhida tendo em conta o carácter auspicioso do número 3 na cultura chinesa). “Penso que tem a ver com Feng Shui, presumo que o 3 é muito próximo da palavra Vida em chinês, portanto, é para correr bem, para que tenha uma nova e saudável vida”, explicou o secretário da tutela a escassas
11.12.2019 quarta-feira
O dia D da Linha da Taipa METRO LIGEIRO ABRE COM BILHETES GRÁTIS ATÉ AO FIM DO ANO
Estão isentos do pagamento de tarifa as crianças com altura inferior a um metro, bem como os titulares de cartão electrónico para idosos ou para pessoas portadoras de deficiência. Os estudantes beneficiam de redução da tarifa na ordem dos 75 por cento. A partir do momento em que o título de transporte é validado, o passageiro tem 60 minutos para permanecer na zona de acesso pago. “Tivemos grande preocupação com o preço dos bilhetes, para que seguissem o mesmo sistema dos autocarros, com uma diferença. Porque o sistema do metro é muito caro, achámos que não era razoável fazer como nos autocarros. Entendemos que não deveria haver um preço fixo, e criámos o sistema de zonas”, explicou o secretário. Para já, o Governo não pondera introduzir passes, também à semelhança dos autocarros.
REGRESSO AO FUTURO
Depois de estimar que a obra completa custaria 11 mil milhões de patacas, Raimundo do Rosário revelou ontem que o preço final para meter a circular o Metro Ligeiro na Linha da Taipa, se fixou em 10,2 mil milhões de patacas.
As tarifas para quem pagar em dinheiro será de 6 patacas para um percurso que passe por até três estações, 8 patacas até 6 estações e 10 patacas para a linha completa. Quem tiver o cartão do Metro Ligeiro paga metade destes valores
horas da partida da primeira composição. Depois do discurso de Ho Cheong Kei, presidente da Sociedade do Metro Ligeiro de Macau, Raimundo do Rosário mostrou um misto de emoções. No mesmo dia em que abriu ao público, ficou esclarecido o misté-
40 GASTO ANUAL COM ELECTRICIDADE
milhões de patacas
rio quanto às tarifas do transporte, que será por zonas, mas tendo o preço dos autocarros como padrão. Assim sendo, e segundo despacho assinado pelo Chefe do Executivo e publicado ontem em Boletim Oficial, as tarifas para quem pagar em dinheiro será de 6 patacas para um percurso que passe
por até três estações, 8 patacas para uma viagem até 6 estações e 10 patacas para a linha completa. Quem tiver o cartão do Metro Ligeiro, à semelhança do que acontece nos autocarros públicos, paga metade destes valores, ou seja, 3, 4 e 5 patacas consoante a distância percorrida.
20
ESTIMATIVA DE OCUPANTES POR DIA
mil passageiros
Porém, a despesa que a obra implicou não deve referência para o futuro alargamento da rede, de acordo com o secretário para os Transportes e Obras Públicas. Isto porque uma parcela significativa da obra pagou a construção do Parque de Materiais e Oficina, custo irrepetível. Outra despesa foi para o “coração” operacional do transporte, invisível à vista dos passageiros, que é a sala de controlo das carruagens (que circulam
sociedade 9
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10,2 9 25 CUSTO DA LINHA DA TAIPA
mil milhões de patacas
EXTENSÃO DA LINHA
quilómetros
DURAÇÃO DO PERCURSO
+/,3
minutos
CARRUAGENS
110, com
capacidade máxima para 100 pessoas por carruagem
“Por um lado, estou muito contente, por outro estou um pouco apreensivo. À tarde, quando isto começar, faço votos para que tudo corra bem. Tenho consciência, que a primeira impressão é muito importante.” RAIMUNDO DO ROSÁRIO SECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICAS
sem condutor, com tracção elétrica e sobre carris de betão). Finalmente, os trabalhos de construção civil necessários para a operação foram, naturalmente, uma parte significativa da despesa. Quanto à extensão da rede que trará o transporte para a Península de Macau, mais precisamente para a Estação da Barra, o secretário sublinhou que irá custar 4,5 mil milhões de patacas e estará pronta até 2023. Além das despesas de manutenção e segurança, há um número que demonstra a enormidade do projecto em termos financeiros. “Estimamos que o custo anual de electricidade para a Linha da Taipa e do Parque de Materiais e Oficina será na ordem dos 40 milhões de patacas por ano”, revelou Raimundo do Rosário. Segundo o governante, o preço da factura a pagar à CEM, além de demonstrar que o funcionamento do Metro Ligeiro não será barato, coloca em perspectiva os preços das tarifas, uma receita “que não servirá de muito”. O percurso entre a primeira e última estação, com as devidas paragens, deverá rondar 25 minutos para percorrer os 9,3 quilómetros da Linha da Taipa. O Governo adquiriu 110 carruagens, com uma capacidade máxima de 100 pessoas
por carruagem, e cada composição terá entre duas e quatro carruagens, num total de 400 pessoas.
BALANÇO DE CINCO ANOS
Apesar de não se querer comprometer com um número, Raimundo do Rosário referiu que existe uma estimativa de cerca de 20 mil passageiros por dia, “um valor altamente falível, porque tem vindo sucessivamente a ser ajustado”.
OPINIÃO DE ARQUITECTO
O
arquitecto Rui Leão, que marcou presença na cerimónia, declarou que, “independentemente de todos os atrasos e contratempos”, o Metro Ligeiro é “muito importante como um projecto de futuro em Macau”. O arquitecto prometeu usar o transporte, sempre que possível, mas ressalvou que a eficácia depende “articulação com o sistema de autocarros”, a via para rentabilizar e tornar útil, a Linha da Taipa. “Para já é só uma linha, mas temos de perceber que este é um projecto a longo-prazo. Tem de se dar um primeiro passo, e este já tem uma extensão bastante grande. O mais importante agora é continuar o planeamento e construção da rede”, concluiu.
Ainda assim o governante não arrisca prever o futuro. “Como se trata de um meio de transporte novo, temos muita dificuldade em acertar. Porque não faço ideia do grau de receptividade que o Metro Ligeiro vai ter”, referiu Raimundo do Rosário. Uma das formas de cativar passageiros são as viagens grátis até ao fim do ano. “Fizemos isso para dar tempo às pessoas, para ver se as atraímos. Recomendo vivamente que andem, pelo menos, de um ponto de vista de lazer. Acho que vale a pena um lugar à janela porque dá outra perspectiva e permite ver outra Taipa. Recomendo que todos vejam a Taipa de um plano mais elevado”. No dia em que foi inaugurado o primeiro transporte sobre carris de Macau, Raimundo do Rosário puxou a fita atrás e fez um resumo dos trabalhos realizados para o Metro Ligeiro durante o mandato que está prestes a terminar. A primeira pedra no caminho foi o contrato para a construção do Parque de Materiais e Oficina. “Tomei posse em Dezembro de 2014 e levámos um ano a chegar a acordo com a empresa. Julgava, na altura, que demorava menos tempo, e que resolvia isto nuns meses, mas foi necessário um ano”, recordou Raimundo do Rosário.
Outro processo moroso foi a contratação e formação de mais de seis centenas de profissionais. “Foram contratadas e formadas mais de 600 pessoas que vão assegurar o funcionamento desta linha a partir de esta tarde [ontem]. Cerca de 80 por cento destes trabalhadores são residentes de Macau”, explicou o secretário.
PESO A MAIS
Além da extinção do Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes, e da criação da sociedade que irá gerir o Metro Ligeiro, sob a alçada da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, a produção legislativa foi outra das questões que implicou tempo. “Tudo na vida precisa de legislação”, vaticinou
“Como se trata de um meio de transporte novo, temos muita dificuldade em acertar. Porque não faço ideia do grau de receptividade que o Metro Ligeiro vai ter.” RAIMUNDO DO ROSÁRIO SECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICAS
o secretário referindo-se à Lei do Metro Ligeiro, o regulamento administrativo e aos despachos necessários para a operação. Depois de completa a cerimónia, Raimundo do Rosário era um homem visivelmente emocionado. “Por um lado, estou muito contente, mas por outro estou um pouco apreensivo. À tarde, quando isto começar, faço votos para que tudo corra bem. Tenho consciência, que a primeira impressão é muito importante, fizemos tudo e mais alguma coisa para que tudo corra bem, não só no primeiro dia, mas nos restantes”, referiu. Porém, cerca de meia hora depois da entrada em funcionamento ao público, por volta das 16h, um alerta do sistema de monitorização de segurança das composições soou quando o metro chegou à Estação do Posto Fronteiriço da Flor de Lótus, em direcção à Estação do Terminal Marítimo da Taipa. Para garantir a segurança da viagem, todos os passageiros foram transferidos para outras composições, operação que não foi completada prontamente porque o metro seguinte estava sobrelotado o que levou alguns passageiros a permanecer na plataforma. Em comunicado, a Sociedade do Metro Ligeiro de Macau referiu que “vai proceder à revisão de todas as medidas implementadas no primeiro dia de operação”. Tal como apontou Raimundo do Rosário, a preocupação principal com a entrada em funcionamento do Metro Ligeiro é a segurança e o funcionamento regular e sem contratempos. “Mas cá estamos para gerir contratempos, que eu espero que não haja”, referiu o Governante. João Luz
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“É possível contar inúmeras verd GITANJALI RAO REALIZADORA DE BOMBAY ROSE
Gintali Rao decidiu contar uma história sobre Bombaím e as suas pessoas através de quadros animados. Bombay Rose é o único filme de animação seleccionado para a Competição Internacional do Festival de Cinema de Macau e, segundo a actriz e realizadora indiana, fala de trabalho infantil, homossexualidade e dos “heróis” que não têm histórias de sucesso para contar
Bombay Rose é uma história sobre restrições, amor e busca por novas paisagens e condições de vida. Que mensagem pretende passar com este filme? Essencialmente queria contar esta história há muito tempo, que fala de duas personagens, que imigraram para Bombaím. Vivo rodeada de pessoas como eles diariamente em Bombaím e descobri que as suas histórias nunca são contadas porque não são histórias de sucesso, não são as histórias convencionais. Mas é muito interessante de conhecer, do ponto de vista humano, as dificuldades pelas
sítio têm de sobreviver e estão constantemente a ser confrontadas com questões éticas acerca daquilo que devem ou não fazer e a maneira como lidam com essas situações. Queria que tudo isso viesse com as personagens, não queria que fossem só bonitas e simples para as pessoas as perceberem melhor. As personagens têm de trazer consigo os seus problemas e, a partir daí, faz sentido contar as suas histórias e de que forma conseguiram ultrapassar os problemas. Porque há três ou quatro personagens, e cada uma vem de um sítio diferente e tem um contexto diferente, retratando também um problema diferente, quer seja trabalho infantil ou a homossexualidade. Aqui, podemos fazer de duas formas. Ou não mostramos os problemas e só damos a ver as partes boas, ou mostramos os dois lados. Para mim é bom mostrar as duas partes e acreditar que é possível lutar e sobreviver. Para mim esses é que são os heróis. Não se trata de ter muito sucesso, mas de pequenos sucessos perante as dificuldades.
quais passaram, as pequenas aldeias de onde vieram e perceber, chegados a Bombaím, que nem todos os seus sonhos se tornaram realidade. Por isso queria contar uma história sobre como enfrentar as dificuldades e o que tiveram de fazer para sobreviver. Aqui não se trata de uma sobrevivência normal, são jovens que também se apaixonam, assistem a filmes de Bollywood e que também têm as suas fantasias, escapes e sentem falta do sítio de onde vieram. Por isso, este filme fala destas questões complexas e da forma como a cidade lida com elas, mantendo estas pessoas longe dos
“O que aprendi como actriz foi muito útil na animação para fazer com que as personagens do filme se comportem de forma realista, pois não possuem nenhum tipo de exagero nos seus gestos, são quase como pessoas reais.”
privilégios dos mais ricos, pois eles constroem, limpam e mantêm a cidade, mas são quase obrigados a viver na rua. Bombay Rose aborda vários temas sociais, novos e intemporais, que são críticos na sociedade, como a religião ou a homossexualidade. Como é que estas questões são abordadas no filme? Para mim, quando penso em personagens elas vêm com os seus problemas, porque é assim que acontece na realidade. É impossível separar alguém da língua e cultura do sítio de onde veio. Quando estas pessoas chegam a um novo
Porquê animação e como enveredou pelo mundo do cinema? Depois de estudar comecei a trabalhar num estúdio onde aprendi animação. Ser actriz foi algo que surgiu em paralelo com o meu trabalho diário e com os estudos, porque eu era actriz de teatro e não tinha dinheiro para sobreviver se só fizesse teatro. Por isso, para mim, a animação foi algo que aprendi fazendo e foi uma forma de trazer as minhas qualidades artísticas enquanto pintora, para a realização. Mas também o que aprendi como actriz foi muito útil na animação para fazer com que as personagens do filme se comportem de forma realista, pois não possuem nenhum tipo de exagero nos seus gestos, são quase como pessoas reais. Nem mesmo actores são tão realistas. Para mim trata-se sempre de pintar, frame a frame, sem fazer qualquer tipo de animação 3D. Adoro fazê-lo sozinha e, para além
disso, da forma como eu vejo a história, é possível contar inúmeras verdades dolorosas através da arte, porque se torna mais poético, torna-se lírico e estético. Acho que não conseguiria contar assuntos tão brutais num filme com actores. Como vê actualmente o cinema asiático? Para o ocidente é uma revelação mas para nós, a verdade é que temos feito isto desde sempre. Acho que o que tem acontecido ultimamente é que o espectro mudou. Quando era mais nova e procurava filmes nos anos 90 não via assim tantos filmes asiáticos, via sim muitos filmes europeus a toda a hora, em festivais. Era essa a influência. E os filmes americanos que apareciam nas salas de cinema. Até num país como a Índia, onde existem mais de 20 regiões diferentes, com línguas diferentes e que fazem o seu próprio cinema. Acho que a exposição daquilo que temos estado a fazer há muitos anos na Ásia está a tornar-se cada vez mais interessante para o resto da Europa. Na minha opinião, isto também acontece porque estes países são jovens em termos de desenvolvimento e têm muito mais coisas novas para dizer e isso está a tornar-se cada vez mais interessante para a audiência global. Na Ásia existe uma geração mais nova que está agora a fazer filmes em oposição ao ocidente onde as gerações mais antigas estão a fazer filmes. Por isso agora acho que o interesse está naquilo que é fresco, o que é novo e é bom, porque fazia falta há muito tempo. Sente que o IFFAM pode ser um veículo importante para esse crescimento? Sem dúvida. Acho que tudo isto está a acontecer
“Os países daqui [Ásia] estão a levar o cinema muito mais a sério e não apenas como um negócio.”
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dades dolorosas através da arte”
na Ásia porque os países daqui estão a levar o cinema muito mais a sério e não apenas como um negócio. Porque nos países asiáticos é comum ver menos aposta na arte e mais no negócio. Com os festivais, é dada
maior importância à parte artística, por isso eventos como este estão a fazer a diferença na forma como o público vê filmes. Quando era mais nova existia apenas um festival na Índia, agora devemos ter cerca de 100,
em apenas 20/25 anos. Por isso está definitivamente a fazer a diferença. Pedro Arede
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BRASIL AGÊNCIA NACIONAL DO CINEMA PROÍBE EXIBIÇÃO DE FILME INSCRITO PARA ÓSCARES
A
Agência Nacional do Cinema (Ancine) do Brasil proibiu que os seus funcionários exibissem o filme “A Vida Invisível”, do realizador Karim Aïnouz, inscrito pelo país sul-americano para concorrer aos Óscares em 2020, segundo a imprensa local. Funcionários da Ancine disseram, de foram anónima, à revista Veja, que a exibição do filme estava prevista para a próxima quinta-feira, num evento de capacitação anual dos colaboradores. Contudo, a Secretaria de Gestão Interna, liderada por Cesar Brasil Gomes Dias, informou internamente que o evento não poderia
ser realizado devido a problemas técnicos com o projector destinado à exibição da obra cinematográfica. Questionado pelos funcionários, o responsável pela manutenção do equipamento assegurou não haver nenhum problema técnico com o aparelho. O filme em causa tem no seu elenco a actriz brasileira de 90 anos Fernanda Montenegro que, em Setembro último, foi apelidada pelo actual secretário de Cultura, Roberto Alvim, de “sórdida” por “deturpar os valores mais nobres da civilização, denegrindo a sagrada herança judaico-cristã”.
Globos de Ouro Netflix domina com “Marriage Story” e “O Irlandês” A Netflix domina as nomeações aos Globos de Ouro 2020 em várias das principais categorias, ontem anunciadas, com os filmes “Marriage Story”, de Noah Baumbach, e “O Irlandês”, de Martin Scorsese. A Netflix, plataforma de ‘streaming’
que é produtora e distribuidora, alcançou 17 nomeações, incluindo para Melhor Filme Dramático, onde obteve três das cinco indicações: para além de “Marriage Story” e de “O Irlandês”, foi ainda nomeado “Dois Papas”, de Fernando Mei-
relles, que rivalizam com “1917”, de Sam Mendes, e “Joker”, de Todd Phillips. Nos distribuidores, a segunda empresa mais nomeada é a Sony, com oito, enquanto em televisão a HBO segue de perto com 15 indicações.
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A
l í d e r de Hong Kong disse ontem que o Executivo vai “acompanhar seriamente” o caso dos professores detidos durante os protestos, por temer que a violência se tenha tornado norma nas escolas da região semiautónoma chinesa. Em conferência de imprensa, que antecedeu a reunião semanal do Conselho Executivo, Carrie Lam observou que 40 por cento das seis mil pessoas detidas nos últimos seis meses de protestos são estudantes, de acordo com a emissora pública RTHK. A líder do Executivo afirmou estar muito preocupada ao ver que as detenções incluem crianças de cerca de 300 escolas secundárias do território, indicou a rádio. A violência “entrou no ‘campus’ das escolas” e isso afecta a segurança dos alunos, disse Lam, que acrescentou ter já encarregado o responsável pela pasta da educação de investigar os professores detidos nos protestos. Professores e vários alunos foram detidos na segunda-feira por suspeita de tentar bloquear estradas em Sheung Shui. No mesmo dia, a polícia disse ter descoberto duas bombas de fabrico caseiro perto da escola secundária Wah Yan. “Ambos os dispositivos têm apenas uma função: matar e mutilar pessoas”, disse o responsável do Departamento de Desactivação de Explosivos da Polícia de Hong Kong, Alick McWhirter. “Dada a quantidade de explosivos e fragmentação, se esses dispositivos tivessem sido colocados e se tivessem funcionado, eles teriam matado e ferido um grande número de pessoas”, acrescentou. Os responsáveis da escola afirmaram já publicamente não terem encontrado “qualquer prova de professores ou alunos terem sido responsáveis por colocar ou fabricar” engenhos explosivos. “O local onde as bombas foram descobertas pertencia à escola, mas é uma área aberta fora dos
EUA NOVAS TAXAS SOBRE BENS CHINESES PODEM SER ADIADAS
O
HONG KONG CARRIE LAM PROMETE INVESTIGAR PROFESSORES DETIDOS
Matéria de estudo portões e por isso acessível ao público”, disse a escola, em comunicado.
TUDO NA MESMA
De acordo com o jornal South China Morning Post, Carrie Lam voltou a reiterar, ainda na conferência de imprensa, que não
pretende fazer mudanças na equipa governativa, depois de vários órgãos de comunicação social locais terem noticiado que a secretária da Justiça, Teresa Cheng Yeuk-wah, pediu a demissão no mês passado. “De tempos em tempos, nos últimos meses, sempre houve alguns rumores e especulações
A líder do Executivo afirmou estar muito preocupada ao ver que as detenções incluem crianças de cerca de 300 escolas secundárias do território
sobre uma mudança de equipa, incluindo os principais funcionários e os conselheiros executivos”, disse Lam. “A minha primeira prioridade agora é restaurar a lei e a ordem em Hong Kong”, afirmou. Cerca de 800.000 manifestantes pró-democracia, segundo a organização Frente Cívica dos Direitos Humanos, marcharam no domingo pelas ruas de Hong Kong, um dia antes de se assinalarem seis meses de protestos antigovernamentais.
ECONOMIA INFLAÇÃO CRESCE ACIMA DOS 4% DEVIDO A SURTO DE PESTE SUÍNA
A
inflação na China cresceu, em Novembro, pela primeira vez acima dos 4 por cento desde 2011, impulsionada pela carne de porco, devido a um surto de peste suína que se alastrou por todo o país. O índice de preços ao consumidor (IPC) da China, o principal indicador da inflação, registou um crescimento homólogo de 4,5 por cento, em Novembro, acima da meta definida pelas autoridades e sete
décimas a mais do registado no mês anterior. Trata-se da primeira vez que o IPC chinês regista uma subida homóloga acima de 4 por cento, desde 2011. Os dados, publicados ontem pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (GNE) revelam que a subida da inflação se deveu sobretudo ao aumento do preço dos alimentos, de 19,1 por cento. O preço da carne de porco, tradicionalmente a
principal fonte de proteína animal para os chineses, subiu 110,2 por cento, depois de ter aumentado 101,3 por cento, em Outubro. Segundo dados oficiais, os consumidores chineses comem 55 milhões de toneladas de carne de porco por ano. Analistas estimas que o país produziu este ano menos 130 milhões de porcos, cerca de um terço da sua produção em 2018, devido aos surtos de peste suína.
O preço das frutas frescas diminuiu 6,8 por cento, mas o de ovos aumentou 10,1 por cento, os vegetais 3,9 por cento e o peixe e marisco 2,4 por cento. Preços de bens não alimentares aumentaram 1 por cento, enquanto os preços dos transportes e comunicações diminuíram 2,8 por cento. O IPC nas áreas urbanas e rurais registou um crescimento interanual de 4,2 por cento e 5,5 por cento,
respectivamente. Os dados ontem publicados superam a meta definida pelo Governo chinês para a inflação, “em torno de 3 por cento “, para este ano. O GNE informou ainda que o índice de preços de produção (IPP), que mede a inflação nas vendas por atacado, caiu 1,4 por cento. Dos 40 sectores industriais analisados, 12 registaram um aumento dos preços, nove permaneceram no mesmo nível e 19 caíram.
S Estados Unidos podem adiar a imposição das novas taxas alfandegárias suplementares previstas para 15 de Dezembro a 160 mil milhões de dólares de produtos chineses, afirmou ontem o Wall Street Journal. “Os negociadores norte-americanos e chineses preparam o terreno para adiar uma nova série de tarifas”, indica o jornal financeiro, citando “responsáveis das duas partes”. Washington está a tentar chegar a um compromisso com Pequim sobre a compra maciça de produtos agrícolas norte-americanos. Recentemente, a administração norte-americana consentiu em adiar as taxas alfandegárias para impulsionar as negociações. Se, pelo contrário, as taxas alfandegárias de 15 por cento entrarem em vigor, todas as importações provenientes da China serão submetidas a tarifas punitivas. Segundo as fontes do jornal, os responsáveis chineses e norte-americanos terão garantido que “não há um prazo definido”. Na sexta-feira, o principal conselheiro económico da Casa Branca afirmou que “continua para breve” um acordo comercial com a China, recusando pronunciar-se sobre a entrada em vigor no dia 15 das referidas tarifas. “Estamos perto de um acordo, mais perto do que quando fiz a mesma declaração em Novembro”, disse Larry Kudlow no canal CNBC. Na semana passada, o líder norte-americano, Donald Trump, lançou a incerteza ao afirmar que não há qualquer data para assinar um acordo.
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vai até onde ninguém te possa falar
Adornar
diário de um editor João Paulo Cotrim
laudatório, além sentimentalista, sempre nauseabundo. As máscaras, queridos caretos da Antropologia, surgem como sinal gritante da decadência, sem nisso tolherem a expressividade das Carlas [Bolito e Maciel], da Teresa Sobral, do Tónan Quito ou do Gonçalo-Michel, apesar deste, uma vez morto, ter ganho direito ao seu rosto. No envelhecer perdemos individualidade, todos os velhos de manhã serão iguais? Escrito isto, estou ansioso pelo desenlace, que este final soa-me a falso. Um peido.
FILIPE FERREIRA
CCB, LISBOA, 1 DEZEMBRO Outra folha no calendário, se as tivesse, amarfanhando a miserável anterior, com a tristeza pingando para a deste mês. As linhas são pequenas ondas de maré, quem nota perceberá a chuva miudinha? É que me espera, finda esta conversa, tarefa lutuosa. À mesa beira-Tejo do Obra Aberta sentaram-se engenheiro e ilustrador, ambos senhores de outros ofícios. O mano Tiago [Ferreira], da Conserveira de Lisboa e da Academia versão robótica, inclusão de última hora a substituir poeta adoentado, trouxe mão-cheia de questões prementes e desafiantes: a sustentabilidade do comércio tradicional, a inteligência artificial e o absurdo delirante do quotidiano. André [Letria], muito a pretexto do seu – na ilustração, e do pai, José Jorge Letria, no texto –, «Guerra» (ed. Pato Lógico), pintou nuvens ainda mais negras do que as que pontuavam a paisagem e encharcavam camones ao de leve. Bastou trazer as leituras de «O Mundo de Ontem, de Stefan Zweig (ed. Assírio & Alvim), e de «Sobre as Falésias de Mármore», de Ernst Jünger (ed. Vega). O testemunho de uma Europa a cair para dentro, a cavar precipícios no seu coração, ressoa nos nossos dias como nunca. E a brutal alegoria de um Jünger esquecido parece querer ganhar corpo de verdade um pouco por todo o lado. Como bem sabe qualquer objector de consciência, a guerra jamais nos abandonou, apesar dos momentos de ilusão pacificadora. Pior: insecto insidioso, mancha os mapas em inúmeros lugares, faz-se subtil que nem bota da tropa e morde-nos os calcanhares. MYMOSA, LISBOA, 3 DEZEMBRO Valha-nos Santa Coincidência! Meio a despropósito, partilhava com velho amigo a minha admiração pelo trabalho sobre a memória, em prosa estilhaçada e vibrante, que o João Paulo Borges Coelho entreteceu em «Ponta Gea» (ed. Caminho). Eis senão quando o escritor atravessa as mesas ao meu encontro. Demorei uns nanosegundos a fazer-me crer no que os meus olhos viam. Um nada, mas que me iluminou o dia. Adiámos prolongamento da conversa e não estou seguro que tenha levado a sério aparvalhada estória. A maré dos pensamentos levou-me depois a uma das personagens maiores do romance, publicado muito antes da Beira, em Moçambique, se liquefazer. «É a primeira e mais persistente lembrança: a água como substância da cidade. Uma água quieta, no mangal como nos capinzais, nos tandos de arroz e nos baldios
urbanos cuja noite o monótono som dos grilos trespassava; insidiosa também, na onda paciente que escavava a areia grossa e se espraiava até lamber a raiz torturada das casuarinas, enchendo os corvos de maus presságios e de indignação; e avassaladora, nas chuvadas súbitas e no ar carregado que toldava o horizonte e nos pesava, derrotados, sobre os ombros. Uma água cálida onde nadam todos, aqueles de cujo rasto ainda a espaços me vou apercebendo, e os outros, os que vogam em círculos como peixes aprisionados no aquário do esquecimento.» BARRACA, LISBOA, 4 DEZEMBRO A ditadura das circunstâncias foi empurrando a apresentação dos «Poemas», de Georg Trakl, em Lisboa. Para mais queríamos incluir um pequeno concerto dos «No Precipício Era o Verbo», abrindo apetites para novo projecto que se avizinha, todo ele em torno deste poeta do soturno. E foi um dos momentos da noite, o caminho dedilhado do Carlos [Barretto] em direcção a paisagens sonoras graves e pujantes, a corpo a fundir-se com instrumento e a prolongar os versos, deixando-os a ecoar algures no mais íntimo. «Tu regressas sempre, melancolia,/ Oh, doçura da alma solitária./ Um dia dourado abrasa até ao fim.// Humildemente, o paciente curva-se perante a dor/ Ressoando harmonia e uma leve loucura.» Quem, como Trakl o farmacêutico, canta a contumaz melancolia? Esperava que o mano António [de Castro Caeiro], dissertasse um pouco esse obscuro objecto de desejo, mas conteve-se ao mínimo.
O Fernando [Pinto do Amaral] encenou belo e cabal enquadramento para o poeta e a época, a vida e os temas, enfim, as paisagens, no fora da geografia como no dentro dos versos. Vão rareando, mas ainda se encontram bons leitores. NACIONAL, LISBOA, 5 DEZEMBRO Palco soprado bola de cristal dá nisto. «O Futuro Próximo» não apazigua ninguém, antes perturba e desinquieta. Depois dos vibrantes, e bastante mais espelhados, «Presente» e «Futuro Distante», sempre baralhando os tempos, encontro-me prisoneiro de asilo de velhos. Em apneia, estendo as mãos e só toco línguas. Avancemos por entre o patético e o angustiante, com passagem pelo ignominioso. À terceira, o Gonçalo [Waddington] fez entrar «O Nosso Desporto Preferido» definitivamente no campo do negro, ou este cinza-escuro da nuvem que a Ângela Rocha estacionou sobre o lar-palco, sistema vital que ora configura volutas de intestino ora circunvoluções do cérebro. (Ver foto de cena de Filipe Ferreira algures na página). Cérebro-intestino, eis o reflexo maior de uma civilização sem necessidades. Tudo se torna chão, os prazeres e os dissabores. Mas chão enlameado de tanto sentido espezinhado, de tanta ideia perdida, de egos purulentos, de gargalhadas hiperbólicas, de lágrimas tóxicas. De novo: a gargalhada e a lágrima podem bem ser excrescências espremidas na lamela do dia, sem direito a serem vistas ao microscópio. O humano está reduzido a uma erecção, inextinguível priapismo. Até a poesia foi reduzida a automatismo, aqui
SALITRE, LISBOA, 7 DEZEMBRO Em preparação de projecto próximo, o Álvaro [Rosendo] põe-me no complexo sistema mãos-olhos um enormeno catálogo. Pequeno no formato, fechado em mais de cinco dezenas de dobras, mas enorme nos metros desdobrados. E nos instantes que dá a ver. «Tempografias», oriundo de exposição no século passado em galeria sobrevivente e por isso Monumental, capturou o movimento de modelos e estruturas. Não estão nas fotografias a fazer nada, estão a acontecer, mesmo quando um túnel subterrâneo brinca com a luz ou um armário de chaves dança e envelhece a olhos vistos. Mais uma máquina de contar tempo, o mesmo é dizer, gente. Bem que gostaria de ter visto o alvarolhar sobre opíparo jantar de trufas brancas, servido pelo querido Tanka Sapkota, no Come Prima. Desprezamos o peso do perfume. Na mão, no olhar. TEJO, LISBOA, 8 DEZEMBRO Dois pés de cada lado, nunca um no cais, outro na embarcação. O mestre grita, mas soa a sussurro. Nenhum dos três periga, nem marujo ou cais, menos o casco que me recebe com gemido de madeira. Aceitei o elogio e tentei retribuir com vigorosa ternura quando lhe pus a mão, com indirecto respeito, no leme. Fixo o olhar no bugio e o balanço atravessa-me a floresta estúpida de burocracias, temendo que sejam infestantes, inúteis até para chá; e a mortandade inquieta a pedir horizonte de quietude, ou melhor, a gestão dos quedos a trazê-lo à babugem dos dias; mai-lo ego de próximos sorridentes espraiado lago fétido, balde pequeno de vírgulas e embirrações, sinais parados, mortiços, logo antes da mordedura. Atento às profundidades, diz o mestre, foge das margens. Um dos marinheiros de água doce passou repete vezes sem conta, sem ponta de narcisismo: Que belo espelho! E está. Espreito para me ver nas urgências esquecendo o importante. Portanto, adorno.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quarta-feira 11.12.2019
Divina Comédia Nuno Miguel Guedes
A Inquisição que veio do frio
A
PESAR de tudo, uma pessoa vem para esta vida com algumas esperanças. Uma delas, pelo menos no meu caso, era não ter de assistir ao que se está a passar na Noruega desde há algum tempo. Discute-se, coisa extraordinária e assustadora, o que é ou não permitido escrever num livro. Sim, a coisa chegou a esse ponto. No caso norueguês, pilar do socialismo-porque-temos-petróleo, agrava-se: nada de escrever na primeira pessoa do singular. A literatura não deve – não deve, reparai ! – dizer “eu” porque toda a cultura política e social se inclina para a diluição do indivíduo face ao colectivo. Ora isto, politicamente, já teve e tem exemplos. Quem quiser que os adopte. Mas não deixa de ser assustador que haja ainda quem pense que a arte deva ser sujeita a uma ortodoxia, seja ela qual for. Pior ainda quando essa ideia nasce numa democracia liberal. Estamos longe dos artistas de regime. E mesmo esses… Lembro a conhecida anedota, contada pelos russos, sobre a morte de
Maiakosvki, poeta futurista maior e entusiasta da revolução bolchevique. Até que um dia deixou de o ser. A história diz que se suicidou; o povo, arguto e impiedoso, conta que as suas últimas palavras foram “Não disparem, camaradas”. Na Noruega a chamada “literatura da realidade” ou no original virkelighetslitteratur (rótulo vago, como todos) está sob ataque há pelo menos quatro anos. Este fenómeno voltou a ganhar força muito à conta do sucesso dos livros autobiográficos de Karl Ove Knausgard, seis volumes sob o título A Minha Luta (todos publicados em português pela editora Relógio de Água).
É uma luta antiga e futura: gente que se revê nas personagens de romances e que fica indignada. Que o autor não tem direito, porque ninguém perguntou nada, porque a fotografia não fica bonita. Percebe-se, porque nenhum escritor escreve a partir do nada. Que haja um debate em que uma das partes diga que isso não é eticamente correcto (o que implica naturalmente outra coisa muito sintomática destes dias: toda a arte tem de reflectir uma ética) , isso,volto a dizer, é que é preocupante. Há gente, neste debate, que reclama um código ético para a literatura, uma espécie de livro de estilo de comportamento que não se pode
Há e haverá sempre um autor, vivo, pulsante, individuo que olha, regista e cria. E o que cria é parte dele, e o que faz é parte legítima da sua auctoritas - autor, autoridade. Negar oficialmente e de forma proibitiva essa possibilidade é negar toda a criação
transgredir. Uma vez que o faça, o autor é maldito. E pior: deixa de ser literatura. Sim, eu sei: nobody expects the norwegian Inquisition. Nem vou falar do desconhecimento da história da literatura: haverá gente melhor para isso e eu não passo de um leitor inquieto. Mas escuso de invocar todos os escritores que se basearam em pessoas reais para criarem ficção. Que haja quem se reveja e se aborreça é coisa normal e já tratada (é rever o As Faces de Harry, de Woody Allen). Azarinho. Há e haverá sempre um autor, vivo, pulsante, individuo que olha, regista e cria. E o que cria é parte dele, e o que faz é parte legítima da sua auctoritas - autor, autoridade. Negar oficialmente e de forma proibitiva essa possibilidade é negar toda a criação. Por mim, se a coisa continua assim, estou pronto para a resistência e pegar em armas. Ou então talvez não: estou tão cansado destes dias em que a arte e a vida têm de ser um panfleto que há dias em que me apetece contradizer Maiakovski e implorar: disparem, camaradas!
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11.12.2019 quarta-feira
Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental Edital n.º 008/DSPA/2019 Visto ter sido impossível informar os interessados através de notificação pessoal ou por via postal, ao abrigo das disposições dos n.ºs 2 e 4 do artigo 21.º da Lei n.º 8/2014 “Prevenção e controlo do ruído ambiental”, para efectuar o procedimento sancionatório por infracções administrativas, são notificadas por via edital as acusações deduzidas contra os seguintes interessados, nos termos do n.º 7 do artigo 21.º da Lei acima mencionada: N.º do auto de N.º do processo e da Interessado Multa notícia notificação de acusação Suspeita de Infracções A prática de actividades da vida quotidiana CANDELARIO geradoras de ruído JERSON Auto de notícia n.º com multa em edifícios Énopunível MENDEZ, 00052/PCRA/DIA/ perturbador valor de 1.000 a Auto de notícia n.º habitacionais. O portador do Título R-0002053 de 12 de DSPA/2019 2.000 patacas, nos acto violou termos de Identificação Notificação de acusação respectivo da alínea 1) do Março de 2019 o disposto no n.º 1 do de Trabalhador n.º 03108/0759/DIA/ n.º 1 do artigo 12.º da artigo 7.º da Lei n.º Não Residente n.º DCPA/2019 mesma Lei. 8/2014 “Prevenção 2281XXXX e controlo do ruído ambiental”. MEDRANA A produção de ruído CHARRY Auto de notícia n.º perturbador em espaços É punível com multa SALAZAR, 00023/PCRA/DIA/ públicos. O respectivo no valor de 1.000 a Auto de notícia n.º portadora do Título R-0000731 de 19 de DSPA/2019 acto violou o disposto 2.000 patacas, nos de Identificação Notificação de acusação no artigo 10.º da Lei termos da alínea 1) do Janeiro de 2019 de Trabalhador n.º 03719/0501/DIA/ n.º 8/2014 “Prevenção n.º 1 do artigo 12.º da Não Residente n.º DCPA/2019 e controlo do ruído mesma Lei. 2349XXXX ambiental”. Nos termos do n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, do n.º 1 do artigo 93.º e do artigo 94.º do Código do Procedimento Administrativo, e do n.º 2 do artigo 19.º da Lei n.º 8/2014 “Prevenção e controlo do ruído ambiental”, os interessados acima referidos podem, no prazo de 15 dias a contar da data da publicação do presente edital, apresentar as alegações e defesa escritas em chinês ou em português, juntamente com os eventuais documentos comprovativos, por via postal ou pessoalmente, à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, sita na Estrada de D. Maria II, n.os 32 a 36, Edifício CEM, 1.º andar, Macau. Considera-se renúncia ao supracitado direito quando apresentadas fora do prazo fixado. Caso os interessados não apresentem as alegações e defesa escritas no prazo fixado, não é afectada a execução da sanção decidida por estes serviços nos termos legais. Além disso, nas alegações e defesas escritas deve ser citado o número do processo. Os interessados acima indicados podem fazer uma marcação antes de se dirigir à DSPA para consultar o dossier do respectivo processo no horário de expediente, podendo também ligar para o número de telefone da DSPA, 2876 2626, no mesmo horário, em caso de dúvidas. O Director da DSPA, Tam Vai Man 11 de Dezembro de 2019
Anúncio «COMPLEXO DE CUIDADOS DE SAÚDE DAS ILHAS – EMPREITADA DE CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DO LABORATÓRIO CENTRAL» Concurso Público 1. Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. 2. Modalidade de concurso: concurso público. 3. Local de execução da obra: no aterro adjacente ao Reservatório de Seac Pai Van, na Estrada do Istmo no Cotai. 4. Objecto da empreitada: construção do edifício do laboratório central. 5. Prazo máximo de execução: 5.1 O prazo máximo global de execução é de 820 (oitocentos e vinte) dias de trabalho; 5.2 Primeira (1.ª) meta obrigatória de execução: o prazo máximo para conclusão da cave até à laje do rés-do-chão é de 360 dias de trabalho; 5.3 Segunda (2.ª) meta obrigatória de execução: o prazo máximo para conclusão do rés-do-chão até à laje de cobertura é de 210 dias de trabalho; (Indicado pelo concorrente; Deve consultar os pontos 7 e 8 do Preâmbulo do Programa de Concurso). 6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no Programa de Concurso. 7. Tipo de empreitada: a empreitada é por preço global. 8. Caução provisória: $32 000 000,00 (trinta e dois milhões de patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovado nos termos legais. 9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber, em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). 10. Preço base: não há. 11. Condições de admissão: São admitidos como concorrentes as pessoas, singulares ou colectivas, inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do Concurso tenham requerido ou renovado a sua inscrição, sendo que neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição ou renovação. As pessoas, singulares ou colectiva, por si ou em agrupamento, só podem submeter uma única proposta. As sociedades e as suas representações são consideradas como sendo uma única entidade, devendo submeter apenas uma única proposta, por si ou agrupada com outras pessoas. Os agrupamentos, de pessoas singulares ou colectivas, devem ter no máximo até três (3) membros, não sendo necessário que entre os membros exista qualquer modalidade jurídica de associação. 12. Modalidade jurídica da associação que deve adoptar qualquer agrupamento de empresas a quem venha eventualmente a ser adjudicada a empreitada: consórcio externo nos termos previstos no Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 40/99/M, de 3 de Agosto. 13. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Dia e hora limite: dia 12 de Fevereiro de 2020 (quarta-feira), até às 17:00 horas. Em caso de encerramento do GDI no dia e hora limites para apresentação de propostas por motivos de força maior ou qualquer outro facto impeditivo, a data limite para apresentação das propostas será transferida para o primeiro dia útil seguinte a mesma hora. 14. Local, dia e hora do acto público do concurso: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião; Dia e hora: dia 13 de Fevereiro de 2020 (quinta-feira), pelas 9:30 horas. Em caso de encerramento do GDI no dia e hora fixados para a realização do acto público de abertura das propostas por motivos de força maior ou qualquer outro facto impeditivo, a data para realização do acto público de abertura das propostas será transferida para o primeiro dia útil seguinte a mesma hora. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público do concurso para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M, e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 15. Local, hora e preço para obtenção da cópia digital (em formato PDF) e consulta do processo: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Hora: horário de expediente; Preço: $1 500,00 (mil e quinhentas patacas). 16. Critérios de apreciação de propostas e respectivas proporções: - Preço da obra 50%; - Prazo de execução: 15% - Plano de trabalhos: 15%; - Experiência e qualidade em obras: 20%; Critério de adjudicação: a) Caso o número de propostas admitidas for igual ou superior a 11, de acordo com o relatório de avaliação das propostas, os cinco concorrentes com pontuação global mais elevada serão ordenados do preço mais baixo ao preço mais alto e classificados em primeiro a quinto lugar, e a adjudicação será efectuada de acordo com a respectiva ordenação. b) Caso o número de propostas admitidas for inferior a 11, de acordo com o relatório de avaliação das propostas, os três concorrentes com pontuação global mais elevada serão ordenados do preço mais baixo ao preço mais alto e classificados em primeiro a terceiro lugar, e a adjudicação será efectuada de acordo com a respectiva ordenação. Critério de desempate: Caso, após ordenação, houver concorrentes com iguais propostas de preço mais baixo, a empreitada será adjudicada ao concorrente que tiver melhor pontuação global. 17. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 22 de Janeiro de 2020, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 3 de Dezembro de 2019. O Coordenador Lam Wai Hou
Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental Edital n.º 007/DSPA/2019 Visto ter sido impossível informar os infractores, pessoalmente ou por via postal, de acordo com o disposto nos n.ºs 2 e 4 do artigo 21.º da Lei n.º 8/2014 “Prevenção e controlo do ruído ambiental”, para efectuar o procedimento sancionatório por infracções administrativas, informa-se os seguintes infractores, por via edital, da decisão sancionatória, nos termos do n.º 7 do artigo 21.º da mesma lei. Para assegurar que os infractores em causa sejam ouvidos e exerçam o seu direito à defesa, estes serviços notificaram os seguintes infractores das respectivas acusações. Posteriormente, após analisadas as provas disponíveis (o auto de notícia e a declaração da Lei do Ruído, as testemunhas e a eventual defesa escrita apresentada pelo infractor), verifica-se que os seguintes infractores violaram as disposições da Lei n.º 8/2014 “Prevenção e controlo do ruído ambiental”. Usando da faculdade conferida pelo artigo 14.º da lei acima referida e de acordo com as respectivas disposições do artigo 12.º da mesma lei, aplico aos seguintes infractores a multa correspondente. Data da N.ºs de processo e de Data de Infractor decisão Infracção Multa notificação de multa infracção sancionatória RONQUILLO ARCHIE Processo n.º 00105/ A prática de NAPARUTA, PCRA/DIA/ actividades da 24 de portador do Título DSPA/2018 Julho de vida quotidiana de 22 de2019 de Identificação Notificação de Multa Agosto geradoras de 2018 de Trabalhador n.º 04366/1047/DIA/ ruído perturbador Não Residente n.º DCPA/2019 em edifícios 2048XXXX habitacionais. O 1.000 respectivo acto patacas violou o disposto no n.º 1 do artigo 7.º da Lei n.º PRADHAN Processo n.º 00026/ 8/2014 “Prevenção NIRAJAN, PCRA/DIA/ e controlo do ruído portador do Título 26 de DSPA/2019 6 de Agosto de ambiental”. de Identificação Notificação Janeiro de de Multa 2019 de Trabalhador n.º 04636/1194/DIA/ 2019 Não Residente n.º DCPA/2019 1387XXXX QUILANG MICHAEL Processo n.º 00087/ DANCEL, PCRA/DIA/ portador do Título DSPA/2018 8 de Julho 17 de Julho de A produção de ruído perturbador de Identificação Notificação de Multa de 2018 2019 em espaços de Trabalhador n.º 04224/1009/DIA/ públicos. O Não Residente n.º DCPA/2019 respectivo acto 2262XXXX 1.000 violou o disposto patacas no artigo 10.º da REYNON Lei n.º 8/2014 DESTER Processo n.º 00087/ “Prevenção e ARNEDO, PCRA/DIA/ controlo do ruído portador do Título DSPA/2018 8 de Julho 17 de Julho de ambiental”. de Identificação Notificação de Multa de 2018 2019 de Trabalhador n.º 04225/1010/DIA/ Não Residente n.º DCPA/2019 2070XXXX O funcionamento do estabelecimento Processo n.º 00004/ de comércio que o CIDADE DE MAR PCRA/DIA/ interessado explora 14 de AZUL LIMITADA, DSPA/2019 8 de Julho de violou o disposto 5.000 número de registo Notificação de Multa Dezembro 2019 no n.º 2 do art. 9.º patacas de 2018 comercial: SO58914 n.º 04061/0940/DIA/ da Lei n.º 8/2014 DCPA/2019 “Prevenção e controlo do ruído ambiental”. Os infractores em causa podem fazer uma marcação, no horário de expediente, antes de se dirigirem ao 1.º andar do Edifício CEM, sito na Estrada de D. Maria II, n.os 32 a 36, Macau, para obter a cópia do despacho da decisão sancionatória e a guia de receita eventual da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF), no sentido de efectuar o pagamento da multa na Recebedoria da Repartição de Finanças da DSF (Avenida da Praia Grande, n.os 575, 579 e 585, Edifício “Finanças”, r/c, Macau), mediante a apresentação dessa guia, no prazo de 15 dias a contar da data da publicação deste edital, ao abrigo do n.º 3 do artigo 19.º da Lei n.º 8/2014 “Prevenção e controlo do ruído ambiental” e nos termos do artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M. Na falta do pagamento voluntário da multa no prazo fixado, a DSPA enviará cópias de toda a documentação, acompanhadas do comprovativo da cobrança coerciva, à Repartição das Execuções Fiscais da DSF, para se proceder à cobrança coerciva. Para além disso, os infractores podem, nos termos dos artigos 145.º, 148.º e 149.º do Código do Procedimento Administrativo, apresentar reclamação contra a decisão sancionatória ao Director da DSPA, no prazo de 15 dias a contar da data da publicação deste edital (a reclamação deve ser redigida em chinês ou em português e apresentada por via postal ou pessoalmente à DSPA, sita na Estrada de D. Maria II, n.os 32 a 36, Edifício CEM, 1.º andar, Macau, na qual deve ser indicado o número do processo), e/ou, nos termos do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, interpor recurso contencioso para o Tribunal Administrativo da Região Administrativa Especial de Macau, no prazo de 30 dias a contar da data da publicação deste edital. Caso não seja impugnada a decisão, a DSPA procederá à execução da respectiva decisão sancionatória. O Director da DSPA, Tam Vai Man 11 de Dezembro de 2019
(f)utilidades 17
quarta-feira 11.12.2019
POUCO
?
NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Sexta-feira UMA NOITE COM PIANO NA GALERIA Fundação Rui Cunha | Das 18h00 às 20h00
MIN
13
MAX
22
HUM
30-80%
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Sábado
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Diariamente 1 6 4
5 4 3 7 1 7 2 5 3 6 4 2C 7I Cineteatro 3 1 6 4 2 5 1 6 5 7 3 2 YNGMEI CURIOUS MACAU Armazém do Boi | Até 22/12
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6 2 7 3 1 4 5
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7 1 2 4 3 6 5
SALA 1
1 7 4 2 6 5 3 4 3 6 1 7 5 2
KNIVES OUT [C]
7 3 5 4 2 1 6 3 2 5 6 1 7 4
Um filme de: Rian Johnson Com: Danie Craig, Chris Evans, Toni Collette, Jamie Lee Curtis 14.30, 21.15
FROZEN II [A]
FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Chris Buck, Jennifer Lee 17.00, 19.15 SALA 2
LAST CHRISTMAS [B]
Um filme de: Paul Feig Com: Emilia Clarke, Michelle Yeoh, Emma Thompson
2 6 1 5 3 7 4 1 5 4 7 2 3 6
3 6 1 5N 2 7 4 5 1 6 7 4 3 2 2 7 3 5 6 4 1
7 2 6 3E 5 4 1 3 4 2 1 5 6 7 6 4 1 3 5 2 7
14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 3
2 5 4 1 A M 7 3 6 4 5 3 6 7 2 1 5 621 BRIDGES 7 2 4 1 3
MARRIAGE HUNTING BEAUTY [C] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Akiko Oku Com: Mei Kurokawa, Kei Tanaka Tomoya Nakamura, Asami Usuda 14.30, 16.30, 19.30
21 BRIDGES [C]
Um filme de: Brian Kirk Com: Chadwick Boseman, J.K. Simmons, Sienna Miller, Taylor Kitsch 21.30
8.93
BAHT
0.26
YUAN
1.14
SANGUE NOVO 20 1 5 6 7 3 4 2
4 6 2 5 1 7 3
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 20
LOBOS 20
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INAUGURAÇÃO DA INSTALAÇÃO “LOST IN TRANSLATION” Albergue SCM | 18h30
CONCERTO “MAMASHEMADE” Fundação Rui Cunha | Das 21h30 às 23h30
EURO
VIDA DE CÃO
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME – POUCHING TSAI” E “NO YA ARK – INVISIBLE VOYAGE” Armazém do Boi | 18h30
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO “LONDON X MACAU ART OF ILLUSTRATION Fundação Rui Cunha | Das 13h00 às 15h00
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O parlamento da Finlândia aprovou ontem a nomeação de Sanna Marin para o cargo de primeira-ministra, tornando esta política social-democrata de 34 anos a mais jovem chefe de Governo do mundo. A nomeação de Sanna Marin, que vai liderar uma coligação governamental de centro-esquerda composta por cinco partidos, foi aprovada no Eduskunta (designação original do parlamento finlandês) com 99 votos favoráveis e 70 contra.
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PROBLEMA 21
Dois membros da Câmara de Comércio dos EUA em Hong Kong foram proibidos de entrar em Macau. O facto levantou um coro de críticas nas redes sociais, sobretudo ao Governo local. De facto, é prática já habitual do nosso Executivo proibir a entrada de certos indivíduos, geralmente de Hong Kong, aparentemente conotados com o movimento pró-democracia, alegando que poderiam perturbar a ordem pública ou não alegando nada. Especificidades de Macau... normalmente criticadas porque não se entende como não existe liberdade total de circulação entre as duas RAEs que, afinal, fazem parte do mesmo país. Contudo, desta vez, o Governo local não tem nada a ver com isto. Para os menos atentos, a China indignada, em resposta aos Acts americanos 22 sobre HK e o Xinjiang, resolveu dificultar os movimentos de diplomatas e membros de ONGs americanas no seu território. Portanto, tudo indica que a proibição de entrada em Macau dos membros da Câmara de Comércio se insere nesta medida. O que, obviamente, iliba desta vez o Governo de Macau. Este é um dos problemas: por tudo e por nada se grita lobo, exagerando a presença da alcateia. Depois, o problema não é toda a gente ignorar os gritos quando o lobo realmente vier, como no caso do menino Pedrinho, mas o facto de o lobo se sentir convidado a vir porque, segundo os críticos, já cá está e morde a torto e a direito. Carlos Morais José
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S U D O K U
TEMPO
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UM 3 FILME 4 7 5HOJE 1 2 6 1 4 5 7 6 2
7 5 1 3 2 6
2 6 4 5 3 1
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4 7 2 5 2 6 7 1 3 1 5 7 2 4 5 6 3 4 www. 3hojemacau. 6 1
3 2 6 1 7 4
6 3 7 2 4 5
4 1 3 6 5 7
5 7 2 4 1 3
ONE CHILD NATION | WANG NANFU | 2019
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4 3
3 7
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6 5 1 3 7 4 3 1 4 6 5 2 3 2 4 6 1Propriedade 3 Fábrica 6 de Notícias, 7 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; In Nam Ng; João Santos Filipe; Juana Ng Cen; Pedro Arede Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo 2M.Tavares; 1João Paulo 7 Cotrim; 5 José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; 5Rasquinho; 7Paul 2 4 e PublicidadeMadalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo)Assistente de marketingVincent VongImpressãoTipografia WelfareMorada Xinhua Secretária de redacção
Filha do tempo em que imperava a política do filho único na China, Wang Nanfu realizou um documentário que aborda o impacto para a sua vida e da sua família e comunidade desta política. O filme aborda não só os impactos da políticas, mas também a forma como este “mal menor” era aceite e ensinado nas escolas e comunidades de forma acrítica. Uma produção que mostra o lado mais doloroso de uma das políticas mais famosas do mundo. João Santos Filipe
com.mo
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Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
18 publi-reportagem
11.12.2019 quarta-feira
A Melco promove um Bazar de Natal em Parceria com Pequenas e Médias Empresas locais
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Melco Resorts and Entertainment (Melco) promove o Bazar de Natal no Studio City, em parceria com mais de 40 pequenas e médias empresas locais (PMEs), para dar visibilidade a estes negócios emergentes.
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ste evento está a decorrer até 31 de Dezembro no French Garden do Studio City, encimado pela icónica Golden Reel, a primeira roda gigante do mundo em forma de 8. Enquadrada pelo brilho de decorações vistosas, esta festa irá certamente encantar tanto adultos como crianças.
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kiko Takahashi, Vice-Presidente Executiva e Chefe de Pessoal do Presidente e CEO, afirmou, “Continuamos empenhados no alargamento de parcerias de sucesso com fornecedores e PMEs locais, com vista ao desenvolvimento sustentado de Macau. Espera-se que este Bazar venha não só a aumentar a exposição e as vendas dos comerciantes locais que nele participam, como também a permitir que a Melco construa e fortifique a sua relação com as PMEs de Macau, de forma a ajudar ambas as partes a conhecer os produtos e serviços que podem ser facultados aos nossos hóspedes e à indústria no seu todo.”
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ntre as mais de 40 PMEs que participam no Bazar de Natal encontram-se as representantes das marcas mais famosas da cidade, como os fabricantes de gelados Macau Dairy e a Huanying Trading Company Limited, uma marca centária que comercializa casca de tangerina desidratada.
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avid Fong, Gestor da Huanying Trading Company Limited, manifestou o seu apreço pela generosidade da Melco na promoção das PMEs locais: “Estamos certamente muítissimo agradecidos por esta oportunidade oferecida pela Melco, que nos proporcinou um meio para apresentar os nossos pro-
dutos de qualidade e a sabedoria da cozinha tradicional chinesa a pessoas vindas de todo o mundo, porque o Studio City tanto atrai turistas como residentes locais de todas as idades.”
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par destas marcas de renome, a Melco também convidou marcas emergentes, como a Vega Vega, um restaurante local que promove a culinária vegan. Este criativo Bazar de Natal apoia uma série de causas humanitárias. Na feira existe um pavilhão destinado a obras de caridade, onde se encontram representados o Exército de Salvação, a Fuhong Society e a Cáritas de Macau.
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este Bazar de Natal, vendemos materiais pedagógicos para crianças, sob a supervisão de peritos em educação. A totalidade dos lucros será usada para apoiar o nosso trabalho humanitário,” afirmou Susanna Leong, Tutora da empresa Play with Kids, uma filiada da Cáritas de Macau.
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berto diariamente ao público das 17.00h às 22.00h, o bazar é uma mostra alargada do comércio local que inclui gastronomia, artesanato, brinquedos, decoração, mobílias e artigos para o lar, entre outros, destinados aos visitantes, aos turistas e a todos aqueles que pretendem comprar presentes nesta época festiva. Também está disponível um leque alargado de actividades para toda a família como pinturas faciais, workshops de artesanato, performances e giveaways (passatempos). MARÉ CRIATIVA E DE OPORTUNIDADES PROMOCIONAIS
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a continuação destas mostras promocionais, a Melco anunciou que, logo a seguir ao Natal, irá realizar no Studio City o primeiro evento de lojas pop-up em Macau, destinado exclusivamente às PMEs locais, no seguimento da política da
Melco de criação e apoio ao crescimento destas empresas. Demonstrando a dedicação continuada e firme da Melco à causa das PMEs, este próximo evento proporciona uma ocupação grátis dos espaços comerciais e a oferta dos recursos logísticos aos participantes do certame, de forma a que estes possam beneficiar na totalidade dos lucros das vendas dos seus produtos e serviços aos visitantes, turistas e clientes do Studio City.
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eoff Andres, Presidente das Instalações do Studio City, declarou, “A Melco está firmemente empenhada em apoiar o desenvolvimento do negócio das PMEs de Macau. Como foi anunciado no início deste ano, temos planeada uma série de iniciativas futuras, de forma a manter o diálogo detalhado e o entendimento entre a nossa empresa e o sector das PMEs locais.”
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emos o prazer de anunciar a realização do primeiro evento de lojas pop-up em Macau nas nossas instalações do Studio City, para apoiar e contribuir para o crescimento dos pequenos e médios negócios locais. Esperamos continuar a trabalhar em colaboração com os comerciantes da cidade rumo ao desenvolvimento sustentável de Macau.”
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Melco continua a planear e a implementar diversas campanhas para apoiar o desenvolvimento das PMEs, nas quais se incluem a realização do Bazar de Natal no Studio City, o primeiro evento de lojas pop-up de Macau e o projecto ‘Knowing You, Knowing Us’. Cada uma destas iniciativas pretende criar plataformas de comunicação entre as PMEs e a Melco, para ajudar as PMEs a conhecer a Melco enquanto empresa, a sua equipa de gestão e os seus funcionários, bem como seus os requisitos e padrões operacionais. Para a Melco é uma forma de ficar a conhecer os fornecedores de Macau, os seus negócios, serviços e ofertas e servir de catalizador ao crescimento sustentável de Macau.
opinião 19
quarta-feira 11.12.2019
sexanálise
TÂNIA DOS SANTOS
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INGUÉM escapa ao sexo. Pensamos e agimos com a consciência que o sexo está por aí, pronto para gozar ou por ser gozado – tantos sexos. Essas fontes inesgotáveis de ideias, apetites e desejos. Não será surpresa que há lugares mais criativos do que outros. Nas grandes metrópoles por esse mundo fora, onde a diversidade fervilha por todas as direcções, o sexo floresce com esplendor. Uma cidade como Londres, por exemplo, tem a oferta mais impressionante de experiências sexuais. Até porque o sexo fora de casa não existe só em bordeis, são centenas de espaços de expressão criativa sexual. Mas antes de explorar o mundo do sexo lá fora, primeiro temos que responder à pergunta do que é que realmente gostamos. Uma pergunta que muitos de nós não tem a paciência de se perguntar. As fantasias
Guia dos sexos
sexuais ou os apetites particulares não nos aparecem só como impulsos inexplicáveis. A disponibilidade para fantasiar e a masturbação produzem as condições necessárias para apanhar o barco da exploração sexual também. Essa exploração, que a maior parte das vezes acontece individualmente, pode ser acompanhada por imensos brinquedos sexuais. Dildos de vários tamanhos, para quem gosta de penetração, varinhas ‘mágicas’ para quem gosta de estimulação do clítoris ou uma tampinha anal para os iniciados e já praticantes na exploração anal. Depois desta exploração se tornar hábito – a masturbação não produz epifanias sexuais instantâneas, é mais uma prática de auto-cuidado que deve ser estimulada ao longo da vida, com ou sem parceiro sexual (porque não são experiências mutuamente
exclusivas) – é que a nossa cabeça começa a explodir de ideias. Ideias que podem exigir mais ou menos recursos porque, infelizmente, as experiências e acessórios sexuais não são para todas as carteiras. Abrimos assim a possibilidade de estarmos atentos para novas formas de sexo. Fetiches são um bom começo, por exemplo. Ao reconhecermo-los torna-se mais fácil encontrar outras mentes que partilhem dos mesmos prazeres, e a internet é uma óptima forma de os juntar. Depois, claro, de certeza que existirão eventos que estimulam a concretização de fantasias. O BDSM aglomera um conjunto de práticas e fetiches que torna mais fácil identificar uma comunidade de gentes que partilham o mesmo fascínio por jogos de submissão e dominação. Pelo que tenho visto, muitas actividades sexuais urbanas são desta natureza. Há festas
Ao olhar para esta variedade de sexos não nos é possível cair no erro de que há o sexo normal e o anormal. A decisão é muito mais individual: há sexo que nos interessa e sexo que não nos interessa. Os guias dos sexos criam-se assim, pelos aborrecidos e pelos curiosos, explorando o sexo de forma criativa
e speed-dating para amantes do BDSM, há a possibilidade de contratar uma dominatrix na vossa cidade de residência para satisfazer os fetiches mais variados: chuvas douradas, para os que gostam de praticar desportos aquáticos (é mesmo esse o termo) até chuvas castanhas, que não é preciso especificar do que se trata. Depois também há outras actividades que se cruzam com desejos de BDSM ou não. Por exemplo, um clube de sexo de pessoas anonimizadas com máscaras é, na verdade, uma possibilidade para o mundo real, e não é tão inatingível quanto isso. Aliás, foi com alguma satisfação que me apercebi que existem grupos de mulheres – e.g. Killing Kittens – que organizam festas mistas onde só as mulheres é que podem dar o primeiro passo. Escusado será dizer que este tipo de eventos e serviços vivem da exigência de que todo o sexo é consensual. O grande lema para o sexo verdadeiramente prazeroso. Ao olhar para esta variedade de sexos não nos é possível cair no erro de que há o sexo normal e o anormal. A decisão é muito mais individual: há sexo que nos interessa e sexo que não nos interessa. Os guias dos sexos criam-se assim, pelos aborrecidos e pelos curiosos, explorando o sexo de forma criativa.
Apaixonar-se é passivo; amar activo; o perfeito está no que não é nem isto nem aquilo Agostinho da Silva
MGM SEGURANÇAS EXIGEM PAGAMENTO DE HORAS EXTRA
RAEM, 20 ANOS PORTO ACOLHE CONFERÊNCIA COM PRESENÇA DE SANTOS SILVA E CAI RUN
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ESPONSÁVEIS da Associação de Direitos dos Trabalhadores de Jogo, onde se inclui a sua presidente, Cloee Chao, entregaram ontem uma petição onde é novamente exigido o apoio da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para o pagamento de horas extraordinárias, por parte das concessionárias de jogo, aos seguranças dos casinos. A petição, assinada por 126 seguranças que prestam serviço para os casinos da MGM, pede o pagamento de horas extra, uma vez que estes profissionais são obrigados a chegar 15 minutos mais cedo ao local de trabalho para participarem em reuniões, mas este período de tempo nunca é pago, dizem. Cloee Chao relatou um caso em que um segurança que presta serviço para a Galaxy apresentou queixa junto da DSAL, mas a operadora ter-se-á limitado a cancelar a obrigatoriedade do segurança ter de estar presente nas reuniões diárias antes do seu horário normal de trabalho, sendo apenas necessário a sua presença um dia por semana, paga como horas extra. “Entre os dias 3 de Setembro e 28 de Outubro entregámos o mesmo pedido à DSAL, mas parece que o caso não foi acompanhado pelas autoridades. Não foi sequer pedido a estes trabalhadores para fazerem outros procedimentos”, esclareceu Cloee Chao. Além da MGM e da Galaxy, os seguranças das operadoras de jogo como a Melco Crown, Sands China e Wynn vao também começar a sua luta pelo pagamento de horas extraordinárias.
quarta-feira 11.12.2019
PALAVRA DO DIA
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Natal sem prendas
Restrições a vistos e visita de Xi Jinping com impacto negativo nas receitas do jogo
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EZ E M B R O poderá ser um mês com desafios para o sector do jogo, uma vez que três empresas ligadas ao ramo da análise financeira prevêem uma quebra nas receitas oriundas das apostas de massas. De acordo com o portal informativo GGR Asia, a empresa correctora Nomura Instinet LLC acredita que as receitas desse segmento “podem ser piores” do que a queda anual prevista de oito a dez por cento. A informação foi avançada aos investidores esta segunda-feira. “As nossas mais recentes consultas sugerem uma semana mais fraca em termos de números das receitas das apostas de massas, devido ao passo dado no que diz respeito às restrições de vistos relacionado com a visita do Presidente Xi ainda este mês, algo que tem vindo a ocorrer desde Outubro”, escreveram os analistas Harry Curtis, Daniel Adam e Brian Dobson. De frisar que a visita de Xi Jinping ao território ainda não foi confirmada pelas autoridades. Os analistas da Nomura Instinet LLC destacaram ainda o facto de as receitas das apostas de massas nos primeiros oito dias de Dezembro terem sido de “cerca de 713 milhões de patacas, uma quebra aproximada de sete por cento se compararmos com a média do mês anterior, que foi de 763 milhões de
patacas por dia, e aproximadamente abaixo dos 19 por cento registados no igual período do ano passado”. Os mesmos analistas acrescentaram ainda, na mesma nota, que a possível visita de Xi Jinping “pode trazer um impacto mais negativo nas visitas e receitas do jogo de massas do que o esperado”. O GGR Asia citou também a nota oficial do banco de investimentos Credit Suisse relativa ao controlo de concessão de vistos no terceiro trimestre pelas autoridades chinesas que poderia “amortecer a procura” pelo jogo de massas e apostas VIP entre os meses de Novembro e Dezembro. O banco citou fontes relacionadas com o sector que explicaram
“Estimamos que as apostas do segmento de massas possam descer um ponto percentual em termos anuais, enquanto que as receitas do segmento VIP possam descer além dos 30 por cento.” BROKERAGE SANFORD C. BERNSTEIN LTD
que as autoridades decidiram impor “de forma temporária” medidas administrativas de controlo entre “22 de Novembro e 20 de Dezembro”. Essa medida terá sido implementada para “limitar o tráfego” para Macau “aquando da visita dos membros do Governo chinês no aniversário dos 20 anos da RAEM”.
FRAQUEZA NA MESA DE JOGO
A análise da Brokerage Sanford C. Bernstein Ltd dá também conta de uma performance mais negativa do segmento de massas na primeira semana de Dezembro. “Estimamos que as apostas do segmento de massas possam descer um ponto percentual em termos anuais, enquanto que as receitas do segmento VIP possam descer além dos 30 por cento”, escreveram os analistas Vitaly Umansky, Eunice Lee e Kelsey Zhu. A Brokerage Sanford C. Bernstein Ltd acrescentou ainda que “a fraqueza dos dois segmentos de jogo tem sido exacerbada pelos maiores controlos de concessão de vistos (algo que começou em Novembro) no contexto da preparação da visita a Macau do Presidente Xi Jinping em finais deste mês”. A empresa correctora prevê que as receitas possam cair entre 12 a 16 por cento em termos anuais, no que diz respeito ao segmento do jogo de massas. A.S.S.
contece esta sexta-feira, na cidade do Porto, Portugal, uma conferência que visa celebrar os 20 anos do estabelecimento da RAEM, intitulada “Macau como Plataforma Sino-Lusófona. 20º Aniversário da Transferência”, e que conta com a presença de vários oradores, incluindo Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Cai Run, embaixador da República Popular da China em Portugal. O evento é organizado pela Associação de Cooperação e Desenvolvimento Portugal - Grande Baía e conta ainda com as intervenções de Rui Moreira, Presidente da Câmara do Porto, Carmen Amado Mendes, professora na área das relações internacionais da Universidade de Coimbra, Carlos André, ex-coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau, e ainda o Juíz-Conselheiro Júlio Pereira. Bruno Maçães será outro dos nomes presentes, na qualidade de investigador sénior da Universidade de Renmin, Pequim, e do Instituto Hudson em Washington. Maçães é autor dos bestsellers internacionais “O Despertar da Eurásia” e “Belt and Road: A Chinese World Order”. O evento terá lugar no Palácio da Bolsa.
Hotelaria Esperada taxa de ocupação de 80 por cento
O Presidente da Associação de Indústria Turística de Macau, Wu Keong Kuong, disse ao jornal Ou Mun que é esperada uma taxa de ocupação hoteleira este mês na ordem dos 80 por cento, tendo em conta a descida registada este ano. Os preços dos quartos de hotel não devem registar uma grande mudança, apontou ainda. No que diz respeito ao número de viagens dos residentes de Macau para o exterior deve manter-se semelhante, ainda que o custo das excursões tenha aumentado em cerca de 10 por cento este ano. Para Wu Keong Kuong, este cenário explica-se pelo facto de, na China, não ser período de férias, sem esquecer o impacto dos protestos de Hong Kong. O responsável assume não ter uma visão muito optimista em relação ao desenvolvimento do sector do turismo e da economia local em 2020.