Hélder Vaz, director-geral da CPLP, diz que relações chinesas têm de saltar barreira da economia páginas 6 e 7
Lei do património é melhor que a de Portugal. Mas é preciso esperar para a ver florir centrais
tempo pouco nublado min 17 max 25 humidade 40-90% câmbios euro 11.08 baht 0.26 yuan 1.21 pub
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Director carlos morais josé • sexta-feira 12 de novembro de 2010 • ANO X • Nº 2249
Parque de diversões pode demorar nove anos
Caracolândia
Drogas
Toxicodependentes mulheres disparam • P.9
A Hello Kittylândia que chegou a estar prevista para o Cotai afinal já não vai ser um parque temático, mas sim um parque de diversões com escorregas aquáticos, praia coberta, carrosséis e montanhas-russa. Os avanços e recuos desde que a empresa promotora foi constituída, em 2004, trouxeram-nos a um ponto em que o terreno onde deverá surgir o complexo continua coberto com um imenso relvado e o projecto ainda está por aprovar. Mesmo que arranquem em breve, as obras podem ainda levar quase uma década a concluir. >página 8
Desporto
Volta mítica deixa Coloane de fora • P.10
Altos dirigentes chegam hoje para o Fórum Macau com protestos à mistura
Os cabeças-de-cartaz
Páginas 4 e 5
Cultura
Livros em português garantidos na China • Centrais
Ambiente
Poluição com os dias contados • Última
GP Macau
André Couto corre para e por Afonso • P.11
os nossos contactos mudaram
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2 Insólito Cargueiro desaparece
Um cargueiro chinês com 25 tripulantes desapareceu em águas japonesas ao largo de Okinawa e foram encontrados sobreviventes, noticiou ontem a agência oficial chinesa, Nova China. Diversos membros da tripulação foram socorridos por guardas costeiros japoneses. O acidente ocorreu na quarta-feira de manhã a sul da ilha de Iriomote, a sul do Japão, no Mar da China Oriental, próximo do grupo de ilhas disputado entre Pequim e Tóquio (Senkaku em japonês e Diaoyu em chinês). As relações sino-japonesas atravessam desde o início de Setembro a sua pior crise desde 2006, no seguimento do apresamento de um pesqueiro chinês perto do referido arquipélago.
Tailândia 200 mortos com inundações
As inundações registadas no último mês na Tailândia já causaram 200 mortos. De acordo com o governo, cerca de 8,6 milhões de pessoas foram afectadas pelas inundações verificadas em 51 das 76 províncias do país. Os últimos dados indicam que as cheias provocaram 203 mortos e 30 províncias continuam a meio gás, 12 das quais no sul do país, onde se registam actualmente as situações mais graves. Milhares de soldados foram destacados para o sul da Tailândia para ajudar as populações surpreendidas pela subida das águas na cidade turística de Hat Yai, onde vivem 150 mil pessoas. Até ao momento, a capital, Banguecoque, tem sido poupada pelas inundações.
Ilhas Incidente filmado
Um membro da Guarda Costeira do Japão admitiu que colocou na internet o vídeo de uma colisão entre uma traineira chinesa e barcos japoneses de patrulha, o que pode complicar os esforços de reaproximação entre os dois governos. O vídeo aparentemente mostra o barco pesqueiro - cujo capitão foi preso - a investir contra as embarcações de patrulha japonesas, podendo provocar uma reacção da opinião pública japonesa contra a China. O vídeo de 44 minutos foi colocado no YouTube. A imprensa local disse que o responsável é um militar de 43 anos - nenhum outro detalhe foi divulgado. Na semana passada, o governo chinês manifestou preocupação com o vídeo. O chefe de gabinete do governo japonês, Yoshito Sengoku, disse que o a gravação de vídeo feita pelo funcionário público, se verídica, é algo grave. O primeiro-ministro Naoto Kan declarou que, como chefe do governo, também tem responsabilidade sobre o caso.
Imóveis Preços em Outubro sobem 8,6%
Os preços dos imóveis nas 70 maiores cidades da China subiram 8,6% no mês passado, na comparação anual. O resultado foi inferior ao percentual verificado em Setembro, de 9,1%, e à expectativa dos analistas do mercado. O dado foi divulgado pela Agência de Estatísticas do país. Este é o sexto mês consecutivo de desaceleração na taxa de expansão dos preços de imóveis na China, desde o pico atingido em Abril, de 12,8%. No entanto, na comparação mensal, houve alta de 0,2%. Quanto aos preços de imóveis novos, houve alta de 10,6% em Outubro contra igual mês do ano passado. Já em relação a Setembro, a alta foi de 0,3%. As informações são da agência de notícias estatal Xinhua.
actual China e EUA no centro de uma troca acesa de palavras no início do G20
Conflitos previsíveis
A insatisfação das grandes potências com as políticas monetárias e comerciais dos outros países chega hoje a um ponto alto. Reunidos na capital sul-coreana de Seul sob o slogan “Crescimento Partilhado para Além da Crise”, os líderes dos 19 países mais importantes do mundo - e da União Europeia – estão a debater directamente o facto de algumas nações, em particular a China e a Alemanha, registarem grandes excedentes comerciais, enquanto que países como os EUA não conseguem parar de terem grandes défices. O presidente norte-americano Barack Obama relembrou ontem que o consumo gerado pela economia dos EUA é vital para o comércio mundial, sendo por isso necessário que esta se mantenha forte. “Uma forte retoma é a contribuição mais importante que os Estados Unidos podem fazer para a retoma global”, disse Obama, adiantando que “tal como os EUA devem mudar, também o devem todas as nações que têm confiado até agora nas exportações para compensar as fraquezas da sua própria procura”, numa alusão directa à China e à Alemanha. As afirmações do presidente surgiram, no entanto, no mesmo dia em que foi revelado que o excedente comercial chinês se situou em quase 20 mil milhões
de euros em Outubro graças ao aumento em 22,9% das exportações, mas que estas diminuíram para os EUA. Pouco antes de chegar ao local da cimeira, o primeiro-ministro britânico David Cameron apelou por seu turno às autoridades chinesas para que flexibilizem o câmbio da sua moeda, yuan, permitindo um aumento das exportações estrangeiras para a China. O presidente norte-americano prometeu que promoverá um “crescimento responsável e estável” do seu país, após críticas às últimas medidas de Washington para relançar a economia. “Nós queremos estar seguros de estimular o nosso crescimento, mas também no estrangeiro, de uma forma estável e responsável”, afirmou Obama. Obama indicou que o comunicado final do G20, na tarde de hoje, irá prever mecanismos desti-
nados a promover um crescimento equilibrado e duradouro no mundo. “Verão nesta cimeira um acordo muito alargado de todos os países, incluindo a Alemanha, sobre a necessidade que temos de garantir um crescimento duradouro e equilibrado”, assegurou na conferência de imprensa, após um encontro com o seu homólogo sul-coreano, Lee Myung-bak. Pouco antes do início da cimeira, o presidente chinês, Hu Jintao, garantiu, em reunião com Barack Obama, que o seu país está pronto a reforçar a cooperação e o diálogo com os Estados Unidos, depois das tensões verificadas nos últimos tempos. Segundo referiu o presidente norte-americano, as duas potências fortaleceram os seus laços nos últimos anos e “têm obrigações especiais” no sentido de garantir a estabilidade nuclear e um crescimento económico forte e estável.
A Alemanha também expressou o seu descontentamento. A chanceler Angela Merkel defendeu a necessidade de “reformas estruturais” para reduzir os desequilíbrios globais, apesar de ter insistido que os Estados não podem dar instruções aos intervenientes do mercado. Merkel reiterou que o Estado tem um papel limitado no mercado, referindo-se à proposta de introduzir um limite ao défice ou excedente na balança de contas correntes dos países. “O Estado não pode intervir” nas acções dos intervenientes do mercado, sublinhou, ao mesmo tempo que recusou qualquer recurso a medidas proteccionistas e que considerou “muito importante” continuar a tentar concluir a Ronda de Doha para a liberalização do comércio. A Alemanha é um dos países que criticou a proposta dos Estados Unidos de estabelecer uma margem de 4% para o défice ou excedente da balança das contas correntes dos países para limar os desequilíbrios. Para Merkel, a redução dos desequilíbrios deve ser tratada com medidas que devem ir mais além da simples consolidação financeira. “Devemos concentrar-nos no crescimento e na cooperação”, defendeu. Em qualquer caso, a chanceler sublinhou que a consolidação fiscal não está colada ao crescimento.
Activista da campanha contra escândalo do leite contaminado vai para prisão
Condenado por defender crianças O activista chinês Zao Lianhai, que criou um grupo de apoio para pais das crianças afectadas pelo escândalo do leite contaminado com melamina na China, em 2008, foi condenado a dois anos e meio de prisão por incitamento à desordem pública. A informação foi ontem avançada pela Amnistia Internacional e confirmada posteriormente pelo advogado do activista, cujo filho também foi afectado pelo leite contaminado. “Esperávamos que fosse menos. É uma sentença muito severa. Aquilo que ele fez não foi mais do que qualquer cidadão normal faria para defender os seus direitos”, afirmou o advogado de Zao Lianhai, acrescentando que irá recorrer da sentença. Em comunicado, a Amnistia Internacional
denunciou a condenação e manifestou a sua indignação. “Estamos horrorizados pelo facto de as autoridades terem condenado um homem que a opinião pública considera um protector da infância e não um criminoso”, referiu a subdirectora da Amnistia Internacional para a região Ásia-Pacífico, Catherine Baber. O caso do leite contaminado remonta a 2008 e provocou a morte de seis crianças. Outras 300 mil ficaram doentes, incluindo o filho de Zhao Lianhai. O activista, detido em Dezembro de 2009, criou um grupo de apoio para partilhar informação sobre o químico industrial que contaminou o leite e trocar conselhos sobre possíveis pedidos de indemnizações. Zhao Lianhai começou a ser julgado em Março deste ano.
Há duas semanas recebi um convite por carta registada do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa para participar no evento que acontece este fim-de-semana. A carta não mencionava nenhum programa do evento, nem que personalidades estariam presentes Paul Chan Wai Chi, P.23
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Emergentes cumprem menos resoluções do G20, diz levantamento
Reuniões para o boneco Os países emergentes integrantes do G20 vêm cumprindo menos as resoluções das reuniões do grupo do que os países desenvolvidos, segundo levantamento feito pelo G20 Research Group, da Universidade de Toronto, no Canadá. Segundo o estudo, que analisou o nível de cumprimento dos países às oito resoluções aprovadas na última reunião de cúpula do G20, realizada em Toronto em Junho, o Canadá, anfitrião da última cúpula, foi o país que mais cumpriu resoluções, seguido de GrãBretanha e Austrália. Entre os dez primeiros da lista, estão os sete integrantes do G7 (o grupo das sete nações mais industrializadas do planeta), além da União Europeia, que participa como um dos integrantes do G20, e da Austrália, país desenvolvido que não está no G7. A única excepção emergente entre os países que mais cumpriram as reso-
luções da última cúpula é a Coreia do Sul, sétima na lista, actual presidente temporária do bloco e anfitriã da reunião de cúpula que acaba hoje, em Seul. Atrás da Coreia do Sul, o Brasil é o emergente que mais cumpriu as resoluções do
G20, na 11.ª posição na lista, seguido da China. A divisão entre países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação ao cumprimento das resoluções ficou ainda mais acentuada do que na cúpula anterior, em Pittsburgh, em Setembro do
Nível de cumprimento
1.º Canadá 0,78 2.º Grã-Bretanha 0,67 3.º Austrália 0,63 4.º União Europeia 0,57 5.º Alemanha 0,57 6.º França 0,56 7.º Itália 0,50 8.º Coreia do Sul 0,50 9.º Japão 0,44 10.º Estados Unidos 0,38
11.º Brasil 0,29 12.º China 0,25 13.º Rússia 0,13 14.º Argentina 0,00 15.º África do Sul -0,13 16.º México -0,13 17.º Indonésia -0,13 18.º Turquia -0,14 19.º Arábia Saudita -0,14 20.º Índia -0,20
ano passado, quando havia três emergentes entre os dez países que mais cumpriram as decisões. O resultado do levantamento pode ser motivo de embaraço aos países emergentes, que lutam por mais espaço nas decisões internacionais. Como resultado da crise económica global, que atingiu mais fortemente os países desenvolvidos, o G20 acabou superando o G7 e o G8 (que inclui também a Rússia) como principal fórum de discussão dos principais problemas económicos globais. Originalmente um grupo formado pelos ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais dos países membros, o G20 passou a realizar encontros de cúpula com presidentes e primeirosministros a partir da eclosão da crise, em 2008.
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Notas
O levantamento da Universidade de Toronto examinou
Inflação na China sobe para 4,4% em Outubro, a maior em dois anos
Medidas de aperto a caminho A inflação na China atingiu 4,4% em Outubro, o nível mais alto em dois anos - o que pode levar a mais medidas de aperto na política monetária. Ontem, o banco central do país já havia informado que elevará o depósito compulsório dos bancos em 0,5 ponto percentual na próxima semana. Os números foram anunciados nesta quinta-feira pelo Escritório Nacional de Estatísticas. Em Setembro, a inflação havia sido de 3,6%. O salto no índice, puxado por uma alta de 10,1% nos preços dos alimentos, vem em meio à suspeita de que a última injecção de liquidez por parte do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) possa ter aumentado as pressões inflacionárias na China. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 5% em Outubro em relação a um ano antes, acima dos 4,3% de Setembro e também dos 4,6% apontados pela mediana das estimativas de economistas. O vice-director do departamento de preços da Comissão de Reforma e Desenvolvimento Nacional, Zhou Wangjun, disse que o índice de preços ao consumidor (IPC) deve subir um pouco mais do que 3% neste ano, mas afirmou que o governo tem reservas de ‘commodities’ suficientes, além de outros instrumentos para controlar a inflação. Os economistas esperam mais aumentos no depósito compulsório nos próximos meses. “Ainflação agora substitui a bolha de activos como principal preocupação para os formuladores
as políticas adoptadas pelos países do grupo para cada uma das resoluções nas áreas de políticas macroeconómicas, reforma do FMI, desenvolvimento, finanças, alimentos e agricultura, comércio, corrupção e energia. Para cada item, o levantamento atribuiu uma nota para cada país: nota +1 para adopção de políticas que cumprem a resolução, 0 para nenhuma política adoptada sobre o tema e -1 para políticas que contrariam a resolução. Somando as notas para os itens e dividindo pelo número de resoluções, o estudo chegou a uma nota geral para cada país.
O Canadá, país que mais cumpriu as resoluções, teve nota 0,78. A Índia, país que menos cumpriu, recebeu nota -0,20. O Brasil ficou com 0,29, uma posição atrás dos Estados Unidos (nota 0,38) e uma à frente da China (nota 0,25). A nota média dos 20 integrantes do G20 para o cumprimento das resoluções da cúpula de Toronto ficou em 0,27, pouco superior à média dos encontros anteriores, de Pittsburgh, em Setembro de 2009 (0,24), e Londres, em Abril de 2009 (0,23). O estudo aponta que a reforma do FMI, que foi aprovada na reunião ministerial preparatória realizada no mês passado na Coreia do Sul, foi o item com o maior nível de cumprimento (nota média de 0,9). O item com o menor nível de cumprimento foi em relação a políticas de combate à corrupção (nota -0,2).
de políticas e para os investidores”, disse num comunicado aos clientes o economista Ting Lu, do Bank ofAmerica Merrill Lynch. O banco de investimentos prevê que a China aumentará o compulsório de 100 a 150 pontos-base até o fim do próximo ano e também as taxas de juros. Lu disse que a China provavelmente permitirá uma apreciação de 5% no valor do yuan contra o dólar a cada ano, um ritmo que “não é nem muito lento, nem muito rápido”. Produção industrial
O Escritório de Estatísticas da China informou que a produção industrial de valor agregado em Outubro cresceu 13,1% na comparação com um ano antes. O dado ficou abaixo da alta de 13,2% de Setembro e da expansão de 13,4% prevista na mediana das estimativas de economistas. Investimento em activos fixos
O investimento em activos fixos urbanos na China cresceu 24,4% no acumulado de Janeiro a Outubro deste ano, desacelerando ligeiramente em relação aos 24,5% do período de Janeiro a Setembro. O aumento do investimento em activos fixos urbanos, medida do gasto de capital na China, ficou em linha com a mediana das previsões de economistas. A China anunciou também que as vendas a retalho em Outubro cresceram 18,6% em relação às de Outubro do ano passado.
HM-2ª vez 12-11-10 Execução Sumária De Sentença n.º
Anúncio CV2-06-0060-CAO-A
2º Juízo Cível
Exequente: Lau Sio Hei, de sexo masculino, residente em Macau, na Rua de Cantão, Edifício I On, 25º andar C. Executado: Companhia de Importação e Exportação Kwong Lam Limitada, com última sede conhecida em Macau, na Rua de Xangai, Edifício da Associação Comercial de Macau, 10º andar B-D. *** Correm éditos de trinta (30) dias, contados da segunda e última publicação do anúncio, notificando a executada acima identificada, de todo o conteúdo da petição inicial destes autos e do despacho que ordena a penhora das quotas partes correspondentes a 2/99 da fracção autónoma, designada por “FR/C” do rés-do-chão, para estacionamento, do prédio urbano sito em Macau, na Rua de Xangai, com entrada pelos n.os 93-A a 125 e na Rua de Pequim, com entrada pelos n.os 112-A a 136, descrito na Conservatória do Registo Predial de Macau sob o n.º 22459 a fls. 15 do Livro B31K, inscritas a favor da executada na mesma Conservatória sob o n.º 9333, a fls. 18 do Livro F37K, inscrito na matriz predial sob o artigo n.º 071481, com valor matricial de MOP$240.000,00 e correspondentes aos lugares de estacionamento numerados 21 e 22 do primeiro andar do prédio em questão, pertencente à executada Companhia de Importação e Exportação Kwong Lam Limitada, da realização da mencionada penhora (em 22 de Outubro de 2010), bem como para, querendo, no prazo de dez (10) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar a quantia exequenda de MOP$1.305.081,76 e acréscimos legais, ou deduzir embargos de executado ou oposição à penhora, e ainda requerer a substituição dos bens penhorados por outro de valor suficiente, tudo conforme no art.º 820º do C.P.C.M., sob pena de, não o fazendo no referido prazo, seguir o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. Os duplicados da petição inicial encontram-se aguardados nesta secretaria do 2º Juízo Cível, poderão ser levantados nas horas normais de expedientes. Macau, aos 08 de Novembro de 2010. ***
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política
Sócrates não planeia encontros bilaterais com Governo de Macau
Muita acção na agenda
Estrelas da festa
China Wen Jiabao (primeiro-ministro) Chen Demin (ministro do Comércio da China)
Kahon chan
Macau Fernando Chui Sai On (Chefe do Executivo)
irá ser recebido na residência do cônsul-geral de Portugal em Macau, Manuel Cansado Carvalho, onde vão estar presentes representantes da comunidade portuguesa local. Amanhã à tarde, as delegações vão participar na Conferência dos Empresários e dos Quadros da Área Financeira da China e dos Países de Língua Portuguesa, no Venetian. No domingo pela manhã, será assinado o plano de acção. Está ainda na agenda um jantar oferecido pelos governos central e da RAEM aos mais de 1500 presentes.
Portugal José Sócrates (primeiro-ministro) Timor-Leste José Ramos Horta (presidente) Guiné-Bissau Carlos Gomes Júnior (primeiro-ministro) Moçambique Aires Bonifácio Baptista Ali (primeiro-ministro) Cabo Verde Manuel Inocêncio Sousa (ministro do Estado e das Infraestruturas, Transportes e Telecomunicações)
Lugar único Vanessa Amaro
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O plano de acção para a cooperação económica e comercial do Fórum Macau já está aprovado. Durante todo o dia de ontem, mais de 60 representantes da lusofonia estiveram reunidos no World Trade Center para discutir os conteúdos do acordo, que prevê impulsionar as relações bilaterais entre a China e os países de língua portuguesa. Manuel Amante da Rosa, secretário-geral adjunto do Fórum, disse ao Hoje Macau que o consenso foi atingido de forma rápida, numa “reunião saudável”. “Estivemos reunidos das 10h
A ausência de representantes de peso do Brasil no Fórum Macau revela que o país não valoriza este mecanismo multilateral criado pela China, segundo o analista político António Flávio Testa. A representação brasileira que caberia ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, será feita pelo sub-secretário geral de Assuntos Económicos, Pedro Luiz Carneiro de Mendonça. Segundo Testa, a diplomacia brasileira é “bem profissional” e vai tentar esvaziar o Fórum Macau para “ganhar fôlego” e melhor avaliar as formas de conduzir as relações dentro dessa entidade. “Não só o Brasil não tem interesse neste
às 17h. O principal tema da agenda era o debate do plano de acção, que foi aprovado por unanimidade. As delegações foram apresentadas e foi também conhecido o programa para o evento do fim-de-semana”, apontou Amante da Rosa. O Macau Dome, encerrado desde o Verão para reparar infiltrações, estava previsto reabrir apenas no final deste mês, mas acelerou as obras para receber os mais de 1500 representantes dos países de língua portuguesa e do governo central. De acordo com o programa oficial do primeiroministro português, José Sócrates, cedido ao Hoje Macau, a maratona começa logo às 9h30 de amanhã,
com todos os altos representantes a juntarem-se à estrela da cimeira, Wen Jiabao, primeiro-ministro da China, para uma foto de família. Ainda durante a manhã de sábado, Sócrates já tem confirmado um encontro com o seu homólogo chinês à margem do acontecimento. O primeiro-ministro português, que chega na noite de hoje ao território e será recebido por Francis Tam, secretário para a Economia e Finanças, vai reunir-se ainda com o primeiro-ministro de Moçambique. Nenhum encontro bilateral com representantes do Executivo de Macau está planeado. Na tarde de domingo, Sócrates
Em declarações à agência Lusa, o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, referiu que é “um grande orgulho para Macau ter sido escolhido em 2004, sob proposta da República Popular da China e dos países de língua portuguesa, para acolher o secretariado permanente do Fórum de Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. Para Chui, a presença de chefes de Estado e de Governo no evento “simboliza o reconhecimento da importância do papel de Macau no aprofundamento dos laços de amizade, económicos e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa”.
Brasil faz “malabarismo” para minimizar destaque do Fórum
Boicote verde e amarelo Fórum, como também, se tiver condições, vai tentar atrapalhar esse jogo, tirando a legitimidade desse mecanismo. Já existe uma guerra pela disputa de mercado, nomeadamente na África, e o Brasil já entendeu o que pretende a China”, disse à Lusa o professor da Universidade de Brasília (UnB). Será, sem dúvidas, um “exercício de malabarismo”, porque o Brasil não quer arranhar o seu relacionamento com o gigante asiático, hoje o seu maior parceiro comercial. Ao mesmo tempo, na avaliação de Testa, o
Brasil “não quer dar aval” à movimentação chinesa na África. “Geoeconomicamente, a conquista do continente
africano é muito importante. Angola, por exemplo, está a tornar-se um ‘país chinês’. Os africanos têm alertado que o
Angola Abraão Pio dos Santos Gourgel (ministro da Economia) Brasil Pedro Luiz Carneiro Mendonça (vice-ministro para Assuntos Económicos e Tecnológicos do Ministério das Relações Exteriores)
O líder do Governo ressaltou também que a herança portuguesa em Macau faz do território um “lugar único” na China, até como plataforma privilegiada de acesso das empresas chinesas aos mercados lusófonos.
Brasil precisa acordar para a África”, afirmou o sociólogo e analista de Relações Internacionais da UnB. “De 2009 a 2010, os investimentos no Brasil foram de mais de 10 mil milhões de dólares e os chineses tornaram-se o maior comprador de produtos brasileiros, nomeadamente a soja”, salientou. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o comércio entre a China e o Brasil em 2009 totalizou 36,9 mil milhões de dólares. As exportações brasileiras chegaram a 21 mil milhões de dólares no ano passado e as importações somaram 15,9 mil milhões de dólares. Este ano, até Setembro, as trocas comerciais entre os
dois países aumentaram ainda mais e já tinham atingido 41,4 mil milhões de dólares, sendo 23,2 mil milhões de dólares de exportações e 18,2 mil milhões de dólares de importações. António Flávio Testa destacou ainda a tensão que existe actualmente entre os países do G-20 (as 20 maiores economias do mundo) por causa da chamada “guerra cambial”. Recentemente, o presidente brasileiro, Lula da Silva, acusou a China e os Estados Unidos de estarem a promover uma “guerra cambial” e disse que vai reagir durante a cimeira do G-20, a decorrer desde ontem até hoje, em Seul, onde está acompanhado pela presidente eleita Dilma Rousseff.
Chui Sai On acena aos Jogos Asiáticos O Chefe do Executivo, Chui Sai On, parte hoje com destino a Cantão para assistir à cerimónia de abertura dos 16.º Jogos Asiáticos. A assessora O Lam, também secretária-geral do Conselho Executivo, e o assessor Kou Chin Hung, do Gabinete do Chefe do Executivo, acompanham Chui Sai On na deslocação à capital da província de Guangdong. A comitiva regressará ao território no final da cerimónia, a tempo de receber o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que é esperado na manhã de sábado no território.
Kahon Chan
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A Aliança de Hong Kong em Apoio aos Movimentos Democráticos Patriotas na China (conhecida apenas como “a Aliança”) tem planeada uma manifestação diante do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, sobre questões de direitos humanos, enquanto activistas em Macau irão organizar marchas para expressar a sua opinião. Os democratas da Associação Novo Macau, no entanto, decidiram não interromper a agenda do primeiro-ministro e pediram ao Governo de Macau que fizesse chegar a sua carta a Wen. Os planos de viagem da Aliança a Macau foram revelados à imprensa de Hong Kong ontem de manhã depois de funcionários do Gabinete de Ligação em Hong Kong terem rasgado a carta de protesto do grupo e pub
ACTIVISTAS DE Hong Kong e Macau planeiam manifestações
Protestos de se tirar o Jiabao
Zhao Lianhai
atirado os pedaços através do portão principal do edifício. Um punhado de activistas tentou saltar por cima da cerca, enquanto legisladores e outros membros da Aliança gritavam palavras de ordem numa acção de protesto que
Liu Xiaobo
exigia de Pequim a revogação da sentença de Zhao Lianhai, pai de uma entre os muitos milhares de vítimas do incidente com leite contaminado, há dois anos. Richard Tsoi, vice-presidente da Aliança, falou ao
Hoje Macau e confirmou que quatro membros do comité executivo da Aliança, incluindo os deputados Albert Ho e Lee Cheuk Yan, iriam apanhar amanhã de manhã o “ferry” para o terminal do porto exterior de Macau, sem trazer
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5 na bagagem qualquer plano “B” para o caso de serem barrados à entrada. “Claro que vamos simplesmente passar pela fronteira normalmente e não podemos fazer nada se formos recusados. De facto, tenho ouvido que pessoas a viajar sem qualquer propósito em especial têm também sido barradas à entrada.” Os membros da Aliança irão pedir a libertação do dissidente Liu Xiaobo (galardoado este ano com o Prémio Nobel da Paz) e de Zhao Lianhai, além de apresentarem outras exigências por democracia e pelo fim do regime de partido único na China. Um plano detalhado de actuação ainda não tinha sido preparado, mas os activistas irão analisar a agenda de Wen amanhã, à chegada a Macau. Entretanto, Albert Ho confessou à AFP acreditar que as hipóteses de entrarem amanhã em Macau seriam escassas. Também em Macau estão
em curso preparativos para outras acções de protesto por ocasião da visita de Wen. Além das manifestações programadas, o Comité para o Desenvolvimento Democrático de Macau apresentou ontem uma carta ao Governo de Macau, exigindo a libertação de Zhao, Liu e de outros prisioneiros políticos, bem como o lançamento de reformas políticas graduais. A Associação Novo Macau irá também apresentar outra carta sobre assuntos locais, com o acento posto na reforma constitucional, estando ciente de que reformas políticas em Macau requerem a aprovação de Pequim. Os democratas não planearam qualquer acção para o fimde-semana, mas os deputados pretendem juntar-se à marcha dos manifestantes enquanto observadores independentes. Pelo menos cinco grupos irão realizar protestos amanhã e no domingo.
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O economista cabo-verdiano Paulino Dias acredita que não falta muito para que o seu país se torne o primeiro parceiro comercial da China. “Não diria que é impossível. É difícil, mas a China já está em 11.º lugar no índice de importações de Cabo Verde. Há dez anos estava no 40.º. Hoje, pode-se procurar o mesmo produto em qualquer parte do mundo. As novas soluções logísticas globais estão a caminhar nesse sentido”, sustentou. “A economia chinesa está a crescer a um ritmo de 10 por cento ao ano e precisa de petróleo, minérios, produtos agrícolas. Precisa urgentemente de ter um pé em África, que continua a ser fornecedor. Cabo Verde, pela pequenez do seu mercado, terá de fazer um esforço adicional se quer ampliar as relações comerciais com a China”, sublinhou.
José Sérgio
política
Cabo Verde quer ser o número um para a China
Aprofundamento das relações com a China é ponto assente para a CPLP
“Temos de ter orgulho na língua que falamos” Gonçalo Lobo Pinheiro info@hojemacau.com.mo
Hélder Vaz Lopes, directorgeral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), chega hoje ao território pela primeira vez na qualidade do cargo criado em 2008. O ex-ministro de Estado e da Economia e Desenvolvimento Regional da GuinéBissau foi entrevistado pelo Hoje Macau e falou abertamente, entre várias coisas, das expectativas para o Fórum Macau e do estado actual da Lusofonia. Quais são as suas expectativas para o Fórum Macau?
A CPLP augura um Fórum Macau coroado de êxitos e perspectivas concretas de aprofundamento da cooperação entre a China e os países de língua portuguesa. Nós temos acompanhado com maior interesse a contínua aproximação entre a China e os países que falam português no mundo. Entendemos plenamente essa aproximação que se vai fazendo e pretendemos que isto seja mais um passo importante na consolidação dessa amizade. Macau é vista por muitos sectores da Lusofonia como
uma porta privilegiada de entrada na China. A China é, de facto, um parceiro muito importante para os países de língua portuguesa? A China é naturalmente um parceiro importante para todo o mundo e, particularmente, julgamos que existem
condições muito auspiciosas para um aprofundamento entre os países de língua portuguesa e a China. Naturalmente que, sendo a China um actor global, é escusado referir aquilo que tem sido a importância da China no mundo. Os vários estados da CPLP são, pela
“A China é naturalmente um parceiro importante para todo o mundo e, particularmente, julgamos que existem condições muito auspiciosas para um aprofundamento entre os países de língua portuguesa e a China”
sua localização geoestratégia, importantes parceiros para a China. É uma utilidade mútua que pode ser explorada no futuro em proveito de todos os povos. Mas sempre de um ponto de vista económico? Não exclusivamente económico. A realidade do mundo não é só economia. O mundo é mais do que negócios e transacções económicas. Essa é uma componente, naturalmente, mas também há outros aspectos importantes como a cooperação cultural, a cooperação do domínio da língua, a importância crescente do mandarim e do português no mundo. Enfim, há interesses que se cruzam mas também do ponto de vista de concertação política e diplomática. Há um espaço imenso de concertação e queremos continuar a caminhar para a frente olhando para o lado, uns para os outros. Até porque a China já admitiu
Angola valoriza Macau como plataforma para a China A ministra angolana do Comércio, Maria Idalina Valente, considerou a China “um parceiro estratégico” para Angola poder “diversificar” a sua economia e “sobretudo as exportações”. A responsável defendeu em particular o desenvolvimento das pequenas e medias empresas, que são “mais flexíveis” e que “podem constituir uma mais valia para todos os países que fazem parte do Fórum Macau”. A ministra angolana qualificou também como “uma mais-valia” a escolha de Macau para sede de uma plataforma para a promoção do comércio e da cooperação económica entre a China e os países de língua portuguesa.
por diversas vezes que o português pode ser uma das grandes línguas do futuro. Durante o conselho de ministros realizado em Brasília, no final do mês de Março, aprovámos o plano internacional para a projecção da língua portuguesa. Esse plano contempla a nossa afirmação internacional em espaços importantes como a China. Qual será o seu papel concreto durante o Fórum Macau? O programa oficial definitivo ainda não chegou às minhas mãos. O meu papel será o aquele que for reservado à CPLP pelos anfitriões, que são as autoridades da RAEM e o Fórum de Macau. Estamos disponíveis, com a maior boa vontade, para discutir com as partes aquilo que possa contribuir no futuro para o aprofundamento da cooperação entre a nossa comunidade e a comunidade da China. São Tomé e Príncipe terá apenas o papel de observador durante o Fórum Macau. Há uma situação que se arrasta há alguns anos que se prende com o incidente diplomático entre este país e a China por causa de Taiwan. Será isso obstáculo às relações da CPLP com a China? Não podemos qualificar essa situação como incidente, nem sequer fazer a previsão da durabilidade. Enfim, são questões internas. Nós somos uma comunidade de países independentes e perfeitamente autónomos. Cada um tem as suas opções políticas e essas opções são independentes do conjunto da comunidade. Essa é uma questão particular de São Tomé e Príncipe que terá sempre de ser ponderada e equacionada no âmbito nacional e sem qualquer conexão com espaço comunitário da CPLP. A comunidade é um espaço de concertação de países livres e autónomos em que não há propriamente uma soberania comum. Um dos princípios fundamentais da CPLP é a não ingerência em assuntos internos dos Estados membros e a questão das relações diplomáticas diz apenas respeito aos países. A maior parte dos Estados da CPLP têm excelentes relações com a China e têm o maior interesse no aprofundamento contínuo desse relacionamento como a
própria China. Digamos que há aqui interesses comuns que se conjugam e que são extremamente importantes e estimulantes. Sendo a CPLP uma comunidade em construção, quais são os pensamentos acerca da Lusofonia? Todas as minhas opiniões têm de estar em linha com as opiniões dos estados membros e não com as minhas opiniões particulares. Naturalmente que eu tenho uma avaliação daquilo que é o espaço da Lusofonia, mas estamos
“Acho que os lusófonos podem ter esperança na CPLP e a comunidade tem sido uma realidade em crescendo que se vai afirmando para além daquilo que tem sido a expressão mediática.”
enquadrados pelas opções da CPLP. A comunidade tem sido um espaço que faz referência à língua portuguesa e aos países de língua portuguesa. A Lusofonia não é mais do que uma dimensão cultural e linguística entre os povos do espaço CPLP que tem uma componente de cooperação diplomática, uma vertente de cooperação técnica e outra cultural. Numa das muitas entrevistas que deu quando foi empossado director-geral da CPLP disse ser a sua intenção mobilizar a comunicação social para que faça parte da comunidade. Que quer dizer com isto? Queremos estabelecer uma ampla parceria com a comunicação social, ou seja, traduzir na mobilização, como verdadeiros parceiros, da projecção e dar visibilidade à lusofonia. A CPLP não pode aparecer apenas quando há notícia. Tem de haver um processo contínuo e de consciência da utilidade social e pública da divulgação das notícias sobre a CPLP. Sabemos
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política
A posição de Macau Tratando-se de uma região administrativa especial, Macau manterá sempre o papel de observador-associado da CPLP, se assim o Governo chinês o permitir, ou então através das organizações do território, como é exemplo a Fundação Oriente, podendo tornar-se observador-consultivo. A grosso modo a intervenção de Macau pode ser sempre feita através da sociedade civil e, exclusivamente, através desse pressuposto. E dentro da situação de Macau estão outros territórios ou províncias como a Galiza (Espanha), Goa, Damão e Diu (Índia) e Malaca (Malásia).
que ainda não conseguimos atingir o objectivo porque, naturalmente, este processo tem de ter abertura do emissor e do receptor. Mas não perdemos a esperança. No sentido das estratégias e das acções que a comunidade tem em mente, o que é que é preciso para que os cidadãos dos oito países se sintam lusófonos? O que é preciso é que os Estados membros concluam a discussão do estatuto do cidadão lusófono. É um instrumento importante que visa direitos iguais em cada Estado membro para todos os cidadãos de língua portuguesa. É um processo que pensamos estar na fase final da sua discussão. É necessário também que haja facilitação da circulação para determinadas categorias profissionais. Este acordo está ratificado por todos os estados membros, mas têm de ser criados mecanismos que facilitem a sua implementação por todos. Bem, a CPLP é uma comunidade em construção e a construção faz-se pedra a pedra, tijolo a tijolo e é isso que estamos a fazer. Em que ponto é que está a criação do regime de protecção consular comum
aos oito países e o estatuto do estudante lusófono? Um e outro estão aprovados e estão em processos de ratificação. Como se sabe há países que levam três e quatro anos a ratificar as decisões internacionais o que atrasa um pouco esse processo. Faz parte do peso e da arquitectura jurídica dos Estados a demora nestes processos. Quando e onde é que será a próxima cúpula da CPLP? Será, em principio, em Maputo (Moçambique) em 2012. Ainda não sabemos o mês. Poderá ser em Julho que é quando normalmente acontece. Sabe que Macau tem uma comunidade lusófona com representantes de Portugal, do Brasil, dos países africanos e de Timor-Leste. Uma última palavras aos lusófonos de Macau. A última palavra é a de sempre e constante. Temos de sentir orgulho na língua que falamos e do caminho que esta língua tem feito na sua contínua expansão e afirmação ao nível internacional. Acho que os lusófonos podem ter esperança na CPLP e a comunidade tem sido uma realidade em crescendo que se vai afirmando para além daquilo que tem sido a expressão mediática.
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sociedade
Parque temático recusa ligações à SJM e à indústria do jogo
Hello Kitty não morreu executivo do Jockey Club de Macau; bem como Lee Wai Man, gerente veterano encarregado das salas VIP da Golden no Hotel Lisboa. Li Chi Keung foi identificado pela imprensa de Hong Kong como um parceiro próximo de Angela Leong noutras operações. Lei Chi Man, directorexecutivo da Companhia de Corridas de Galgos Macau (Yat Yuen) é também um dos administradores. Apesar de Angela Leong ser directora da SJM Holdings, de Vong ser o consultor jurídico do operador local de casinos, e de Chan ser director executivo do grupo Future Bright, que opera vários restaurantes nas propriedades da SJM e da Melco, os responsáveis deixaram claro que o renascimento do parque de diversões não tem nada a ver com qualquer operador de casinos e que a firma seria controlada por parte de indivíduos. Os pormenores relacionados com a propriedade, contudo, não foram revelados e Chan Chak Mo disse que a estrutura accionista não estava disponível devido a “ajustes internos”, sendo que novos investidores poderão juntar-se mais tarde. O registo comercial não revela o estatuto accionista de companhias privadas. Confusão no direito aos terrenos
O plano de construir um
parque temático a leste do Macau Dome foi apresentado directamente pelo então chefe do Executivo Edmund Ho em Julho de 2004, apenas três meses após a empresa ter sido formada, e a concessão de terrenos em causa foi publicada em Boletim Oficial em Janeiro de 2006, no Despacho do secretário para os Transportes e Obras Publicas n.º 2/2006. O terreno adquirido pela Macau Parque Temático e Resort abrange um total de 200 mil metros quadrados, mas só o lote reservado para a construção do hotel que media 106 mil metros quadrados foi incluído na concessão de terras publicada no boletim, ficando
os restantes 94 mil metros quadrados que seriam destinados ao parque temático e parque se estacionamento excluídos numa fase inicial e “a ser objecto de análise mais aprofundada”. Não há registo de outro contrato posterior a ser publicado pelo Governo no Boletim Oficial. Chan Chak Mo insistiu em como a empresa já tinha obtido os direitos de uso de todo o terreno, estando em curso procedimentos junto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) para alterar o plano, com prémios previstos para valerem menos de dois mil milhões de patacas.
Parque sem nome e sem tema Fase 1
kahon chan
Chegou a levantar polémica que ensombrou a corrida de Chui Sai On para o cargo de Chefe do Executivo, mas o malfadado projecto da Hello Kittylândia (um parque temático da popular boneca Hello Kitty) para o Cotai acabou por evoluir para um novo género de parque de diversões, que combina atracções aquáticas com montanhas russas, que deverá estar pronto dentro de seis a nove anos. O novo projecto foi lançado à imprensa comAngela Leong, deputada da Assembleia Legislativa (AL) e directora da SJM Holdings, como protagonista, e Chan Chak Mo a dar a maior parte das explicações, enquanto director do projecto. Ligações à indústria do jogo ou à SJM Holdings foram categoricamente rejeitadas, apesar de parque estar planeado para um terreno vizinho a um lote alegadamente pretendido pela SJM para a sua expansão no Cotai. Na manhã de ontem, a deslumbrante e abstracta animação que ilumina a fachada multimédia dos hotéis no City of Dreams foi substituída pelo “slogan” animado em que se lê “Muito boas-vindas ao primeiro-ministro Wen” sobre um fundo avermelhado – o anúncio do ressuscitar do parque de diversões no Cotai não terá sido feito ontem só
por coincidência. Sem Stanley Ho, Angela Leong sentou-se no centro do palco, enquanto directora geral, na companhia de Chan Chak Mo, director de projecto, e Vong Hin Fai, consultor jurídico. Investidores relacionados com Angela Leong assumiram o projecto em Julho deste ano a partir de uma gestão que incluiu Chui Sai Cheong, de acordo com o registo comercial, como um dos cinco administradores, quando a Macau Parque Temático e Resort, S.A. foi estabelecida em Abril de 2004, com outros quatro administradores a embarcarem no projecto em Dezembro de 2005. Mas Chui e a maior parte dos administradores acabaram por deixar a administração em Maio de 2008. Posteriormente, Chui Sai Cheong tornou-se fiscal único a 16 de Maio de 2008, com três novos administradores a entrarem, até que toda a administração, o fiscal único e o secretário foram dispensados a 26 de Julho de 2010. No mesmo dia, o endereço da Macau Parque Temático e Resort foi alterado para o escritório do Canídromo de Corridas de Galgos e cinco novos administradores foram nomeados para o conselho, com Angela Leong à cabeça. Entre os outros administradores, encontram-se Li Chi Keung, presidente do operador de salas de jogo VIP da Golden Resorts e director-
• Custo: 4,4 mil milhões* • Destaques: 1900 quartos de hotel (quatro e cinco estrelas), centro comercial, “souvenir arcade”, espaço para convenções e banquetes • Atracções: Praia artificial coberta e piscina de ondas, escorregas, divertimentos de feira
Fase 2
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• Custo: 3 mil milhões* • Destaques: 1700 quartos de hotel (quatro estrelas), centro comercial, “souvenir arcade” • Atracções: Performance Plaza, cinema 4D, mais divertimentos de feira
Fase 3
Kahon Chan
• Custo: 3 mil milhões* • Destaques: 2475 quartos de hotel (três e quatro estrelas) • Atracções: Centro equestre, hipódromo e centro de desportos náuticos (*) - valores em patacas
Aconcessão original aprova um hotel de quatro estrelas com uma bruta de 125 510 metros quadrados incluindo parque de estacionamento e área exterior. A DSSOPT não se mostrou disponível para responder às questões do Hoje Macau ontem à tarde, sobre o estado da concessão ou alterações relevantes dos dois lotes em causa. Na verdade, o prazo de aproveitamento do terreno para a construção do hotel expirou a 18 de Janeiro de 2009 e o terreno continua a apresentar o aspecto de um enorme relvado. A construção tanto do hotel como do parque de diversões será repartida por três fases (ver caixa) e cada uma delas levará entre dois a três anos a concluir, sendo que só a primeira está orçada em 4,4 mil milhões de patacas. Haverá milhares de quartos de hotel, centros comerciais, uma praia artificial coberta e numerosos divertimentos de feira. O promotor alega que a construção da primeira fase pode ter início assim que o Executivo dê “luz verde”, com a aprovação do projecto. Angela Leong apelou aos meios de comunicação e à população para que fizessem pressão sobre o Governo para que as obras arrancassem o mais depressa possível.
Cinco medicamentos tradicionais chineses com venda suspensa
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Uma quantidade elevada de microrganismos no medicamento Dexa Natural Herbal Siu Yim Yuen, produzido em Hong Kong, levou os Serviços de Saúde a suspenderem em Macau a venda de todos os remédios da marca comercializados no território. Assim sendo, o Dexa Natural Herbal Siu Yim Yuen, 6-Mix Cough Capsule, Merika Siu Yim Yuen, Amclocin Siu Yim Yuen e Honyinine-500 Siu Yim Yuen estão proibidos de serem vendidos no território até que estejam concluídas investigações sobre a qualidade dos produtos.
Gonçalo Lobo Pinheiro info@hojemacau.com.mo
Existem mais mulheres dependentes de estupefacientes e dependentes mais novas, indica um estudo divulgado ontem pelo Instituto de Acção Social (IAS). O consumo no território é considerado ligeiro ou moderado e a heroína está no topo. “De acordo com o estudo sobre o grau de consumo de drogas dos jovens toxicodependentes, há um aumento no número de mulheres a consumirem e nota-se que estas começam a consumir
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Comissão de Luta contra a Droga divulga estudo
Dependência aumenta no feminino
Metadona na Areia Preta O IAS avançou ontem que vai abrir, dentro de dois ou três meses, um serviço de metadona dentro do Centro de Saúde da Areia Preta. Iong Kong Io apontou que os Serviços de Saúde deram luz verde para a implementação do serviço dentro do centro e que as obram de decoração vão começar em breve. Actualmente, o único centro de metadona em funcionamento recebe 140 toxicodependentes por dia e o projecto é expandir por outros centros de saúde mais espaço para os viciados em drogas.
cada vez mais cedo”, afirmou Iong Kong Io, presidente substituto do IAS, no final da 2.ª Sessão Plenária da Comissão de Luta contra a Droga. O inquérito, realizado num universo muito reduzido de 50 indivíduos, era composto por 20 questões e foi baseado na regulação feita pela União Europeia e pelas Nações Unidas. Em jeito de conclusão, Iong Kong Io afirmou que é preciso “mais sensibilização nos lugares nocturnos” e uma “maior interligação dos serviços”. Para 2011, já há um esforço pensado. “Paralelamente a todos os trabalhos de sensibilização, OGrupo de Trabalho Especializado para Acompanhamento da Pro-
pub
Anúncio Concurso Público n.° 1/2010 “Prestação de Serviços de Reparação e Manutenção dos Equipamentos e Sistemas Informáticos” A Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vem, nos termos do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 63/85/M, de 6 de Julho, e de acordo com o despacho da Secretária para a Administração e Justiça, de 28 de Setembro de 2010, proceder, em representação do adjudicante, à abertura do “Prestação de Serviços de Reparação e Manutenção dos Equipamentos e Sistemas Informáticos”. Os interessados poderão, a partir da data da publicação do presente anúncio, dirigir-se nos dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, ao Balcão de Atendimento desta Direcção de Serviços, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício «Administração Pública», r/c, para obterem uma cópia do programa do concurso e do caderno de encargos, mediante o pagamento de uma importância no valor de $ 300,00 (trezentas patacas). A sessão de esclarecimento sobre o projecto do concurso terá lugar no próximo dia 15 de Novembro de 2010, pelas 15,00 horas, no auditório polivalente sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício «Administração Pública», 11° andar. Caso os interessados neste concurso tenham dúvidas sobre o programa do concurso e o caderno de encargos, devem apresentá-las através das formas estabelecidas no referido programa do concurso. O prazo para a apresentação de propostas termina às 17,30 horas do dia 30 de Novembro de 2010, não sendo admitida qualquer apresentação fora do prazo. Os concorrentes devem apresentar a proposta no referido prazo junto do Balcão de Atendimento desta Direcção de Serviços, sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício «Administração Pública», no r/c, prestando ainda uma caução provisória no valor de $50.000,00 (cinquenta mil patacas), devendo a mesma ser feita mediante depósito bancário ou garantia bancária. O acto público de abertura das propostas terá lugar no dia 1 de Dezembro de 2010, pelas 11,00 horas, no auditório polivalente sito na Rua do Campo, n.º 162, Edifício «Administração Pública», 11° andar. Aos 5 de Novembro de 2010. A Directora, Substª. Ieong Kim I
blemática de Droga dos Jovens será criado no primeiro semestre do próximo ano”, adiantou Iong. Actualmente, de acordo com o balanço de 2010 feito até ao momento, existem “454 toxicodependentes registados e não os 560 previamente indicados no nosso site”.
Segundo o estudo apresentado ontem, o consumo de drogas em Macau é considerado ligeiro ou moderado e as principais substâncias consumidas são a heroína, a quetamina e a metafetamina, mais conhecida por “ice”. Na relação droga/SIDA, o
responsável do IAS afirmou que tem havido uma diminuição nos casos de pessoas contaminadas pelo vírus HIV pelo uso de drogas. “Quando começamos a preocuparmo-nos com essa situação, em 2005, ocorreram 18 casos, mas estes últimos anos a incidência do problema tem sido bem menor. Em 2009 ocorreram três e, até ao momento em 2010, apenas temos conhecimento de uma ocorrência”.
Subsídios para novo centro ainda em análise Uma vez que há um aumento de consumo de drogas por parte das mulheres, a Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) - Centro de Mulheres, em Coloane, abriu recentemente com capacidade para ajudar cerca de 14 mulheres. Iong Kong Lo foi confrontado com as necessidades que este centro tem e respondeu que o Governo está atento. “O IAS está em contacto com a associação para saber quais as suas necessidades. O Executivo tem acompanhado, mas quanto ao subsídio permanente estamos a avaliar a situação pois este centro é recente”, disse. O centro tem actualmente a seu cargo quatro mulheres e para acolher mais pessoas tem de ter mais ajudas, até porque é sempre necessário contratar mais gente. “Precisamos de 50 ou 60 mil patacas por mês. É o mínimo para fazer face às necessidades”, defendeu Augusto Nogueira, presidente da ARTM. “O Governo sabe que trabalhamos com força. Certos tipos de investimentos são feitos a pensar numa coisa e depois sai outra. Agradeço o apoio logístico mas financeiramente ainda não há nada. Tenho esperanças que para o ano hajam novidades”, prevê Nogueira.
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desporto
Volta ao Mar do Sul da China deixa RAEM de fora
Um passeio sem Macau
Marco Carvalho
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A tradição já não é o que era, pelo menos no que toca às lides internacionais do ciclismo de estrada na região do Delta do Rio das Pérolas. Pela primeira vez em mais de um década, a Volta ao Mar do Sul
da China não vai consagrar o seu vencedor no Alto de Coloane, depois dos responsáveis pela organização do certame terem modificado o percurso tradicional daquele que é o principal evento velocipédico a percorrer as estradas meridionais do país mais populoso do mundo. A 14.ª edição da prova tem o início pub
agendado para Shenzhen a 8 de Dezembro e deverá terminar cinco dias depois em Hong Kong. Além da antiga colónia britânica e do município continental que lhe é vizinho, o pelotão da edição de 2010 da Volta ao Mar do Sul da China tem ainda paragens previstas em Dongguan, em Guangzhou e em Foshan, cidades que foram pontificando ao longo dos últimos anos de forma intermitente nos planos da Associação de Ciclismo de Hong Kong, a entidade responsável pela organização do evento. Macau e o Alto de Coloane eram até agora destinos incontornáveis da competição, com a chegada ao alto de Seac Pai Van a configurarse o mais das vezes como o único momento verdadeiramente competitivo em todo o certame. Em parte considerável das últimas edições da Volta ao Mar do Sul da China, a etapa do território chamou a si também o estatuto de tirada mais difícil, ao receber a única contagem de montanha de primeira categoria em todo o evento e não foram raras as edições da prova em que o nome do vencedor se decidiu nos metros finais da subida ao ponto mais elevado do território. Este ano, as emoções da Volta não abraçam Macau, numa decisão a que o Instituto do Desporto é alheio. José Tavares, vice-presidente do Instituto do Desporto de Macau (IDM), lamentou o facto do certame – muito popular entre os entusiastas do ciclismo na RAEM – deixar de fora as estradas do território, mas descarta qualquer tipo de responsabilidade pelo facto, até porque o Instituto do Desporto nunca foi directamente responsável pela organização do evento. “A entidade responsável pela organização da Volta ao Mar do Sul da China é a Associação de Ciclismo de Hong Kong e este ano não fomos contactados para o efeito nem por este organismo, nem pela Associação de Ciclismo de Macau, que é a entidade responsável pela organização da etapa local. Devo dizer que foi o próprio Instituto que tomou a iniciativa de abordar a Associação há alguns meses atrás, por termos estranhado o facto dos responsáveis pelo organismo não terem formulado pedido algum no sentido de conseguir apoio para a organização da prova”, sustenta o dirigente. Ao repto, os responsáveis pela Associação de Ciclismo de Macau responderam com a justificação que lhes terá sido dada pelos organizadores do evento. A Associação de Ciclismo de Hong Kong terá decidido procurar alternativas ao trajecto tradicional da prova, depois de várias municipalidades do Continente - entre as quais a vizinha cidade de Zhuhai – terem feito saber que não estariam interessadas em receber a competição. A Volta ao Mar do Sul da China é uma corrida sancionada pela União Ciclista Internacional (UCI) com o estatuto de prova de segunda categoria.
Futebol O golo 200 de Cristiano Ronaldo
O internacional português Cristiano Ronaldo alcançou os 200 golos oficiais como futebolista profissional, estatuto que ostenta desde 2002/2003, ao marcar na goleada do Real Madrid ao Múrcia. O número 7 dos “merengues”, que marcou aos 75 minutos no triunfo (5-1) dos 16-avos-de-final da Taça do Rei de Espanha, divide os seus golos por Sporting (cinco), Manchester United (118), Real Madrid (47) e as diversas selecções nacionais (30), dos sub-20 aos “AA”, passando pelos sub-21 e os olímpicos.
Basquetebol Triplo-duplo antes dos 21 anos
John Wall, n.º 1 do draft 2010, conseguiu 19 pontos, 10 ressaltos e 13 assistências na vitória dos Washington Wizards sobre os Houston Rockets (98-91) e tornou-se o terceiro mais jovem de sempre a alcançar um triplo-duplo na história da NBA. O base conseguiu esta façanha aos 20 anos e 65 dias (e no seu sexto jogo na competição). Só LeBron James (duas vezes: 20 anos/20 dias e 20/23) e Lamar Odom (20/54) registaram um triplo-duplo mais cedo. O lendário Oscar Robertson continua a ser o único que fez um triplo-duplo na estreia na NBA.
Ténis Federer nega apostas ilegais
O tenista suíço Roger Federer negou qualquer envolvimento no processo de alegadas altas apostas desportivas ilegais efectuadas por um dos directores da Internacional Management Group (IMG), empresa responsável pelo tratamento da sua imagem e carreira. Em causa está Ted Fortsmann, membro da IMG, que na final do torneio de Roland Garros em 2007, que opôs Federer ao espanhol Rafael Nadal, terá aumentado a sua aposta de 10 mil dólares para 40 mil após ter falado com o tenista suíço. “Quando soube dessa história fui falar com ele e disse-lhe que queria saber tudo sobre esse assunto. Ele foi bastante simpático em contarme a seu lado da história e tem tido uma boa atitude também com os media”, afirmou Roger Federer ao New York Times. O actual número dois do ranking ATP lembrou que não é representado por Fortsmann, mas sim por Tony Godsick, outro dos membros do IMG.
Atletismo Votação do melhor atleta do ano
A IAAF revelou os nomes dos candidatos ao prémio Atleta do Ano, que serão conhecidos no próximo dia 21 de Novembro, numa gala que será realizada em Mónaco. No sector masculino estão nomeados os norte-americanos Tyson Gay (100m) e David Oliver (110m barreiras), o eritreu Zersenay Tadese (meia-maratona), o queniano David Rudisha (800m) e o norueguês Andreas Thorkildsen (dardo). No sector feminino concorrem a norte-americana Allyson Felix (200 e 400m), a croata Blanka Vlasic (altura), a jamaicana Veronica Campbell-Brown (100 e 200m), a queniana Milcah Chemos Cheywa (3000m obstáculos) e a britânica Jessica Ennis (provas combinadas).
Yao Ming volta a lesionar-se
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O chinês dos Houston Rockets, que regressara aos treinos em Agosto após mais de um ano sem competir, voltou a lesionar-se no jogo da última madrugada com os Washington Wizards. Yao Ming abandonou o jogo ao fim de seis minutos, com dores na perna esquerda. O “gigante” chinês esteve mais de um ano sem competir, depois de ter sido operado ao pé esquerdo. O departamento médico dos Rockets limitou a sua participação por jogo a 24 minutos, impedindo a sua utilização em dois jogos consecutivos.
Jogo entre leões termina num amigável 1-1
Gonçalo Lobo Pinheiro info@hojemacau.com.mo
Só mesmo quase no fim do jogo é que o Natal chegou mais cedo para o Sporting Clube de Macau. Após a cobrança de um canto no lado direito, o possante avançado Noel elevou-se mais alto no cacho de jogadores e igualou o marcador num amigável com a equipa do MGM, o novo patrocinador da equipa leonina. Num jogo sempre amigável, apesar de uma ou outra entrada mais ríspida, os leões de Macau esgrimiram os seus poucos recursos técnicos. O jogo de apresentação das equipas para a época que se avizinha foi assistido por duas pessoas
gonçalo lobo pinheiro
O Papá Noel chegou
nas despidas bancadas do Estádio Universitário da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Uma primeira parte jogada a meio-campo e pouco explorada nas alas mostrou um Sporting mais perigoso que a equipa do MGM. Zero,
de longe o melhor jogador da equipa verde-e-branca, mostrou os seus dotes técnicos e a sua rapidez na frente de ataque. No entanto, o marcador não sofreu qualquer alteração com as equipas a irem para intervalo empatadas a zero. A segunda parte come-
çou com mudanças radicais nas composições e o jogo ainda ficou mais enfadonho. O MGM adiantou-se no marcador cedo num lance de bola parada e o Sporting mostrava-se inconsequente no seu ataque, apesar das boas movimentações de Noel e Ivan. Já perto do final, o Sporting conseguiu o empate, também de bola parada, na marcação de um pontapé de canto que Noel, nas alturas, respondeu em pleno coração da pequena área repondo a justiça no marcador. Apadrinhado pelo presidente do MGM Macau, Grant Bowie, e por António Conceição Júnior, presidente do Sporting, o jogo começou e acabou entre amigos.
11 André Couto no GP de Macau
Correr para e pelo Afonso É certo. Segundo apurou o Hoje Macau, André Couto vai estar presente no Grande Prémio de Macau ao volante do seu Seat Léon 2.0 TDI a contar para a ronda final do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo. O piloto português de Macau, que agora está no Japão com o seu parceiro Kohei Hirate a competir no Fórmula Nippon/Super GT, voltou às corridas pelo seu filho Afonso que tanto gostava do GP de Macau. “Cheguei hoje [ontem] ao circuito de Fuji com a minha mulher, Graça, e a minha filha, Catarina, de dois anos. Amanhã é dia de treino e qualificações. Vou correr 100 quilómetros no sábado”, anunciou o piloto na sua página de fãs do Facebook. André Couto, até agora
foi o único piloto local a vencer o Grande Prémio de Macau de F3 em 2000 e o exigente Circuito da Guia é-lhe muito familiar. O Campeonato do Mundo de Carros de Turismo da FIA – Corrida da Guia de Macau - , realiza-se a 21 de Novembro, com início marcado para as 11h25. – G.L.P.
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Curso de Mestrado em Administração Pública
Preparativos em marcha para mais um GP de Macau
Schumacher não falta... Ou pelo menos o carro de F3 com que venceu a corrida de Macau em 1990. A exposição começou ontem e vai estar patente até dia 30 de Novembro no terminal de partidas do Aeroporto de Macau. Além do bólide de Schumacher, o público também pode ver e fotografar a mota de Rutter que venceu o Grande Prémio de Motos de Macau em 2003. Os mimos não ficam por aqui. A Comissão do Grande Prémio de Macau
(CGPM), em conjunto com a Federação dasAssociações dos Operários de Macau, que organizou o “Dia de Convívio” em 2007 pela primeira vez, vai fazer o mesmo este ano no sentido de partilha do ambiente de alegria e festa do evento com a população na zona Norte da cidade. A 57.ª edição do Grande Prémio de Macau arranca já na próxima quintafeira. Todos os preparativos estão a ser ultimados para garantir uma forte adesão
e participação do público e o ambiente festivo deste grande evento internacional do desporto motorizado. Durante os quatro dias de treinos e corridas, através dos vários monitores gigantes de televisão instalados na Praça das Portas do Cerco, Largo do Senado e Rotunda Carlos da Maia, na península, bem como na Rua do Cunha, na ilha da Taipa, os residentes e visitantes poderão assistir em directo aos acontecimentos no circuito. Também uma tenda do GPM está instalada no local do Festival de Gastronomia, com material promocional, bilhetes à venda para as corridas e diversas lembranças que podem ser adquiridas pelos interessados.
Destinatários: Podem candidatar-se ao curso de Mestrado os interessados que se encontrem numa das seguintes situações: - Titulares do grau de licenciado em Administração Pública: - Titulares do grau de licenciatura em Direito; - Titulares de licenciatura em qualquer outra área científica desde que tenham, pelo menos, três anos de desempenho efectivo de funções na Administração Pública em Macau. Datas Importantes: - Candidatura – 1/11/2010 ~ 22/11/2010 - Horário - 2ª feira a 6ª feira: das 09h00 às 19h00 - Resultados da seriação dos candidatos – até 25/11/2010 - Matrículas – 25/11/2010 ~ 16/12/2010 - Início do 1º semestre – 9/2/2011 (de 2ª feira a 6ª feira em horário pós laboral) O mestrado decorre integralmente, quer na parte lectiva quer na fase de dissertação, em Macau. Para mais informações é favor de consultar o seguinte website
http://www.ipm.edu.mo/master/ipl_mpa.html
Comparações:
cultura
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Quadro sobre preservação do património discutido em Macau
Na linha de um horizonte com fu António Falcão
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Incluído no 2.º Programa de Cooperação na Área Jurídica entre a União Europeia e Macau, o Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional (GADI) deu as mãos ao Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) realizando uma conferência que aborda a preservação do património e da renovação urbana. O evento começou ontem e termina hoje no Museu das Ofertas sobre a Transferência O diploma jurídico que enquadra esta matéria foi finalizado em 2008 e encontra-se em consulta pública desde Fevereiro. Nele se definem as novas normas para a salvaguarda do património cultural de Macau e, segundo Patrícia Ferreira, directora interina do GADI, “todos ficam a ganhar” com a nova lei. A linha de maior relevância dos novos termos tem por base o conceito de sustentabilidade no desenvolvimento do território. “A ideia é proteger o património o melhor possível”, referiu Patrícia Ferreira. Na sua opinião, a proposta é “mais sofisticada do que a lei portuguesa” e foi feita de acordo com as tendências internacionais na matéria, com a colaboração de especialistas de vários países. “A legislação é mesmo muito
boa e é para o interesse de toda a gente em Macau”, concluiu. A nova legislação prevê um conjunto de mecanismos de consulta e de investigação multi-sectorial de forma a garantir nas diferentes áreas da governação um delineamento e uma coordenação na defesa do património enquanto é garantido o desenvolvimento da cidade. Uma das inovações passa pelo alargamento da lei ao cenário do património móvel e intangível, segundo normas já estabelecidas pela UNESCO. Os pontos do articulado salientam a integração da política da salvaguarda do património cultural, a criação de um sistema especial de protecção ao Centro Histórico de Macau, a promoção de uma participação alargada da população e a afirmação da prioridade na protecção do património cultural face a outros interesses. Para Luís Sales Marques, presidente do IEEM, o panorama de preservação do património rege-se pela noção de qualidade de vida. Este conceito amplia-se “com cidades e espaços urbanos mais sustentáveis que podem existir por um longo período de tempo”. Olhar pelo vizinho
“A protecção em si não resolve tudo”, afirmou. “Além da perspectiva de
preservação do que está edificado, não só dos edifícios mas das zonas, é preciso que as relações humanas existam dentro de um espaço urbano e não abstracto.” No âmbito das tecnologias verdes é fulcral acrescentar um desenho urbano de
qualidade. “Nem sempre a ecologia é símbolo de boa estética”, explicou Sales Marques. Desse modo, deve-se integrar “o design, a paixão, que faz com que esses objectos não sejam bons por serem correctos, em termos ambientais, mas que sejam desejados
de modo a preservar as relações humanas”. No escopro de todo o processo, deve-se proteger “a identidade urbana e a individual para a ampliação dos laços de vizinhança em volta de um mesmo tecido urbano.” É preciso
Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura atribuído ao arquitecto
Mercado de arte
O arquitecto Álvaro Siza Vieira é o vencedor do Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura deste ano, anunciou ontem a ministra da Cultura de Portugal. “Siza Vieira é uma das referências mais marcantes da arquitectura e da cultura contemporâneas”, realçou a ministra Gabriela Canavilhas, lembrando alguns dos galardões já ganhos pelo arquitecto. No ano passado, o autor de obras como o pavilhão de Portugal na Expo-98, o Museu de Serralves e o projecto de renovação do Chiado, recebeu a medalha de Mérito Cultural do ministério agora tutelado por Canavilhas. O
“Ohhh... Alright...” d tein, bateu ontem o recorde autor em leilões de arte a Christie’s de Nova Iorque milhões de euros (cerca d patacas). O autor viu assim do seu trabalho no mercad anterior situava-se em 12 (132 milhões de patacas) e 2005 com “In the Car”. Mas o pintor american a suscitar um delirante inte A venda da noite de “Pó Contemporânea” realizou imagine-se, quase 200 milhõ de 2 mil e cem milhões de tinha uma estimativa de pré milhões e 2700 milhões de p por 75 lotes. 63% dos compr
Siza Vieira distinguido outra vez seu longo currículo de prémios inclui, por exemplo, em 1998, a medalha de ouro de Arquitectura do Conselho Superior do Colégio de Arquitectos de Madri e o prémio Prince of Wales da Harvard University, assim como o Prémio Pritzker em 1992, “considerado o maior prémio mundial de arquitectura”. Siza Viera recebeu ainda, também ontem, na Universidade Técnica de Lisboa, o grau de doutor honoris causa. Para Gabriela Canavilhas, a escolha por unanimidade dos seis membros do júri do nome de Siza Vieira para o prémio Luso-Espanhol “é o reconhecimento público” da contribuição
do arquitecto para o panorama artístico e cultural português. O prémio, que vai já na terceira edição e que inclui um troféu de Fernanda Fragateiro e 75 mil suportados pelos Estados português e espanhol, será entregue na cimeira luso-espanhola que se realizará em Janeiro. O júri é este ano foi constituído pelo arquitecto Manuel Graça Dias, em representação do Estado português, o escritor João de Melo e a jornalista e escritora Clara Ferreira Alves, e pelo lado espanhol pela arquitecta Fuensanta Nieto, a jornalista Pilar del Río, e o jornalista José Manuel Diego Carcedo.
Vendas a
Hush!! Hush!! Hush!! A banda Qiu Hong, de Hong Kong, os Blademark, banda macaense de Pak Keong Sequeira, os chineses Brain Failure e os Slapshock das Filipinas juntam-se a um variado número de bandas de Macau para mais um festival Hush!! Este é um acontecimento que aqui relembramos e que chega de novo ao território para afirmar o seu registo numa aposta no rock mais explosivo feito em Macau e na região. A primeira banda entra em acção amanhã por volta das 5 da tarde e o local do crime é praça exterior do Centro Cultural de Macau. Nada como passar umas horas a saltar, fazendo estalar os ouvidos. De que está à espera?
futuro
saber avaliar caso a caso “sem ser radical”, garante, “não objectando o facto de que o reordenamento “pode implicar algumas demolições, com algumas incorrecções aqui e ali.” Não se pensa apenas no espaço e nas suas envolvências mas num todo, “de modo a que se preservem as relações humanas”. Para Sales Marques, hoje em dia “já não se pode pensar numa dicotomia Oriente/Ocidente.” Há cada vez maior comunicação e as preocupações são globais, "preocupam muita gente, não só os especialistas mas também o cidadão comum”. Em concreto, esta é uma questão que já está na agenda política dos governos. A arquitecta portuguesa Maria José Freitas insiste na conjugação dos dois conceitos, na união de uma visão europeia, mais abrangente e substantiva, com os parâmetros mais generalistas da abordagem chinesa, que no seu complemento permitem “preservar, manter para o futuro e fazer o tal legado”. Este é todo um desafio que os arquitectos de Macau devem enfrentar. “Para várias situações há diferentes respostas”, afirma, referindo ainda que é preciso “mais viabilidade” e definir “onde é que se dever ir na pesquisa e na realização”. É um processo diário que lida como todas as entidades envolvidas. No fundo
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China e Portugal assinam protocolo de intercâmbio na área cultural
Ir o mais longe possível
O Instituto Camões (IC) vai continuar a apoiar a edição de autores portugueses ou de obras sobre cultura portuguesa na China, segundo o Programa Executivo de Cooperação entre Portugal e a China nos domínios da cultura, língua, educação, ciência e tecnologia, ensino, juventude, desporto e comunicação social para 2010-2013. O texto do Programa foi assinado em Lisboa, a 7 de Novembro, pela presidente do IC, Ana Paula Laborinho, em representação do Governo português, e por Zhang Beisan, Embaixador da República Popular da China, durante a visita do presidente chinês, Hu Jintao, a Portugal. Nos termos do documento, o apoio do IC à edição de obras de autores portugueses ou sobre cultura portuguesa na China versará, nomeadamente, “autores consagrados das letras portuguesas, nos domínios do ensaio literário ou da literatura infantil”. Este apoio será dado “em parceria com universidades e editoras chinesas, no quadro do Programa de Apoio à Edição no Estrangeiro [do IC], em suporte escrito ou outras formas alternativas de edição, como seja a electrónica”, indica o documento. No programa, Portugal manifesta ainda “a sua disponibilidade” para apoiar a divulgação não só da literatura portuguesa na China, mas também da literatura africana
Na iniciativa, estão presentes peritos oriundos do continente chinês, de Macau, Hong Kong, Inglaterra, Espanha, Itália e Holanda, repartindose por 11 sessões entre debates e comunicações individuais. Quando se fala de urbanismo em Macau, José Chui Sai Peng é uma das vozes sempre presentes. Na sua apresentação sobre os bairros antigos e o planeamento urbano, expôs alguns dos exemplos de sucesso no território e perspectivou o futuro, pelo incorporação de novas ideias e acções equilibradas, aplicando os lucros do jogo nas melhores soluções para a cidade - sem que se perca toda a sua herança, preservando toda a mescla de culturas aqui existente. Mas adverte: “será um demorado movimento de tai-chi que será usufruído pelos nossos filhos e netos”. Nuno Soares, também arquitecto, não se importa de esperar. Conhecedor da realidade da cidade, define como vital importância a aplicação da lei de salvaguarda não só para as áreas e edifícios definidos como património, mas também aqueles que a lei não protege, mas que representam “expressões genuínas da cultura de Macau”, sugerindo ao Governo um plano mestre que contemple a harmonia entre o novo e o antigo. E em simultâneo que promova competições internacionais para o desenho do novo panorama arquitectónico do território
Amplo programa de cooperação
astronómicas em Nova Iorque
no não foi o único teresse do público. ós-Guerra e Arte na sua totalidade, ões de euros (mais e patacas). O leilão é-venda entre 1900 patacas repartidos radores eram ame-
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basta que as “propostas sejam bem estudadas e consistentes, com fio condutor e justificação, e que a população viva os edifícios preservando, um sentido para o futuro”.
e nos leilões em ebulição
de Roy Lichtense para obras deste ao ser vendido na e por cerca de 30 de 330 milhões de m duplicar o valor do. O seu recorde milhões de euros e foi atingido em
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ricanos, 20% europeus, 4% asiáticos e 13% do resto do mundo. Marc Porter, presidente da Christie'sAmerica, comentou: "Recebemos uma resposta entusiástica da comunidade global nesta noite, com os valores mais altos da semana no nosso leilão liderado por um grupo excepcional de qualidade de obras de museu de Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Jeff Koons, e Gerhard Richter.” A obra de Lichtenstein foi executada em 1964, emulando o estilo da BD e tornou-se um ícone da pop-art. A obra foi vendida a um comprador anónimo, que fez a proposta pelo telefone. Esta é a prova de que o mercado de arte contemporânea, mas também dos impressionistas, parece continuar a emitir sinais positivos perante a crise. A temporada de leilões de Outono de Nova Iorque começou na semana passada, dia 2,
abrindo com a venda, na Sotheby’s, de um quadro de Amedeo Modigliani, “Nu Assis sur un divan (La Belle Romaine)” por 49 milhões de euros (539 milhões de patacas), o dobro do preço estimado, e um outro quadro do pintor italiano,”Jeanne Hébuterne (au chapeau)” foi vendido no mesmo leilão por 13 milhões de euros, 5 milhões a mais do preço máximo estimado. Na mesma noite, a Sotheby’s vendeu ainda obras de Matisse e Picasso. No total, foram vendidas 46 das 61 obras que estavam em leilão, num total de quase 165 milhões de euros (mais de 1800 milhões de patacas). Um aumento de mais de 30 milhões de euros (330 milhões de patacas) em relação ao mesmo leilão do ano passado. A arte continua assim a fervilhar como um dos melhores investimentos a nível mundial.
em língua portuguesa, enquanto a China “estimulará a divulgação das suas próprias publicações de excelência em Portugal e promoverá a tradução mútua ou a publicação conjunta, em forma bilingue, das obras da literatura contemporânea de excelência do outro país”. Portugal, “através do IC”, declara ainda no documento que “continuará a manter em Pequim a Secção Cultural na Embaixada de Portugal”. O programa prevê genericamente “o reforço da cooperação cultural entre os dois países”, nomeadamente nos domínios das artes do espectáculo, artes plásticas, fotografia, arquitectura, design, livro, arquivos, cinema, museologia, arqueologia e património. A cooperação nas áreas da língua, ensinos básico, secundário e superior é remetida pelo programa executivo para um “documento autónomo”, a negociar e a assinar posteriormente, como sua parte integrante. A realização de exposições de arte contemporânea, fotografia, arquitectura, pintura, escultura ou design de cada um dos dois países no outro é anunciada pelo documento, que fala ainda do intercâmbio de artistas e de informação cultural. A cooperação no sector dos arquivos prevê a disponibilização por Portugal à China, através da Direcção-Geral de Arquivos (DGARQ), de “informação sobre as suas fontes referentes” àquele país. O intercâm-
bio de especialistas em porcelanas chinesas, museologia arqueológica e arqueologia e as visitas de estudo nesta última área são contemplados no programa, que dá igualmente conta da troca de exposições sobre temas de interesse comum. Em particular, o programa prevê a organização de exposições de fotografia, em cada país, sobre os patrimónios classificados do outro, incluídos na lista da UNESCO. No que toca à cooperação científica e tecnológica, o programa nomeia as entidades dos dois países responsáveis pela cooperação nessa área. No capítulo da comunicação social, destaque para a vontade dos dois países de aprofundarem a cooperação entre as respectivas televisões públicas (RTP e CCTV) e concretizarem o Protocolo de Colaboração assinado entre ambas, em Janeiro de 2005. Portugal mostra-se também disponível para, através do Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas – CENJOR, “analisar, em conjunto com instituições congéneres chinesas, formas de incentivar o intercâmbio de profissionais de comunicação social e multimédia” de ambos os países. O documento apresenta disposições várias sobre cooperação nos sectores da juventude e do desporto, bem como relativas às questões administrativas e financeiras resultantes da execução do programa.
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ideias l u z de i n ver n o Boi Luxo
de João de César Monteiro
À Flor do Mar, 1986
Aplauda-se a resistente modernidade deste filme do autor de “pintelinho, pintelinho”, já com idade (25 anos) para ter juízo (o filme). Aplauda-se este quadro mediterrânico em que um viajante aporta a uma ilha povoada de mulheres e crianças onde não fica e onde, a ordem da tia Sara, não pode olhar para trás ao partir E se de súbito fosse imperiosamente necessário descansar? Seria preciso encontrar um vergel de tranquilidade, num locus intramuros onde soprasse um vento tépido carregado de uma sabedoria antiga, banhado por uma espessa luminosidade meridional. Aqui neste lugar inundado pelo sol e por um olhar impiedoso vemos exposto numa travessa - que poderia fazer parte de uma natureza morta - um sumptuoso robalo. Mas mesmo no paraíso por vezes vamos encontrar mulheres cujos nós górdios é preciso desatar. Este filme deixa-se observar e acariciar como se fosse precisamente isso, uma natureza morta, precisa e segura no seu estatismo e ao mesmo tempo travessa no seu olhar cheio de uma possível troça. Sucedem-se a esta troca de olhares os labirintos do dia e da noite com as suas partes bem divididas e os rituais que lhes pertencem e que é imperioso cumprir. Este é um filme plano e sublime em que os criados são tratados como se fossem parte da família e a tia Sara surge para jantar como se este fosse uma pequena ópera, uma opereta algarvia, e um filme onde há tempo para conversar espreguiçadamente. Numa manhã grega em que o barco à vela do marinheiro Carlos é a única pincelada branca num céu e num mar de azuis quase
idênticos e impossíveis de ignorar, nesta manhã mediterrânica que foi a manhã que Henrique Pousão viu e nos mostrou, aparece vindo do mar um homem que fala inglês. Este é o dia em que o Doutor Issam Sartawi é assassinado num hotel do sul, em um sul cheio de um sol que não permite ver nada com clareza e nos pode levar a matar, um sul com um céu de um azul inacreditável. O mistério que rodeia a aparição deste estranho nas margens deste lugar tranquilo, numa altura em que a rádio difunde repetidamente notícias sobre o ousado assassinato daquele moderado membro da O.L.P., lança uma suspeita sobre o seu envolvimento nesta trama ou em uma outra que trata do tráfico de armas e de que resultou já a morte de 3 tripulantes do misterioso barco branco do homem que nasceu numa macieira. Traz igualmente a este lugar tranquilo e intemporal e certamente devedor dos segredos do mar, sem mostras de qualquer receio da sua rispidez, um tempo contemporâneo, um ruído indesejado mas talvez necessário ao desbloqueamento da figura de Laura. Pelas fachadas brancas da casa passa um suspiro fugaz como pelo filme passa um sussuro italianizante que está muito para lá da presença romana de Laura e da sua antiguidade.
Também há alemães com aspecto de piratas e os pequenos absurdinhos de César Monteiro, inundados de um requinte pequenino e malvado, o menor dos quais não será o pedacinho do filme em que Laura, ao deparar com uma operação da Brigada de Trânsito da Guarda Nacional Republicana, pergunta a um dos guardas onde pode, àquela hora inaudita, comprar uma cópia da Divina Comédia. O guarda republicano não deixa de a informar. Deliciemo-nos com estas iluminadas oscilações de tom, com estes movimentos pendulares pesados e incertos, entre os absurdinhos marotos deste autor luminoso e a vastidão horizontal de uma sabedoria mediterrânica e solar. O que poderá o que é fugaz contra o sol e o mar e o corpo desta sacerdotiza de Hélio atormentada pela morte do marido? Há quem na pequena fortaleza onde Laura recebe o enigmático Robert veja neste acto de acolhimento odisseico e nesta prova de confiança a introdução de um perigo. É a tia Sara, nocturna e fumadora, mulher teimosa e resoluta (“não acha que já tem idade para ter juízo nessa cabeça?”), quem personifica esta sentinela ao dever de abrigo. Laura é, por seu lado, a recebedora calorígera a quem o magro piratinha biblioclasta, Stavroguine, não molesta.
Aplauda-se a resistente modernidade deste filme do autor de “pintelinho, pintelinho”, já com idade (25 anos) para ter juízo (o filme). Aplauda-se este quadro mediterrânico em que um viajante aporta a uma ilha povoada de mulheres e crianças onde não fica e onde, a ordem da tia Sara, não pode olhar para trás ao partir. É o contraponto entre a chegada, a permanência e a partida que harmoniza os bocados deste filme que se desejaria mais longo e com mais exposição dos seus quadros horizontais e dos seus quadros interiores, especulares e estáticos. Que este filme se situe, na sua filmografia, entre Silvestre (1982) e Recordações da Casa Amarela (1989) não espanta muito, do primeiro escorrendo uma poesia medieval e perene, do segundo uma troça amarela. Atentemos nas cores. É no azul inacreditável deste mar que repousa o barco branco que é a primeira e uma das últimas imagens deste filme e que tocadas pela sonata número III em Mi Menor, BWV 1016, são as mais belas de todo ele. É com a partida do barco investido, no final, em navio fantasma que se abre o tempo em que resta às três mulheres da casa branca onde aos poucos se apagam as luzes das várias divisões, como na Sinfonia do Adeus, “aprender a gastar a felicidade que lhes resta”.
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15 A Via do céu é silente; não tem aparência, nem padrão. É tão vasta que não se podem atingir seus limites.
Capítulo 122, parte II A dureza significa execução arbitrária resultando na morte dos inocentes. Quando aqueles que praticam a Via são punidos, aqueles que se cultivam não serão encorajados na direcção do bem e os malfazejos depressa violarão a lei. O favoritismo cria perfídia, a dureza cria desordem. Uma moral pérfida e desordeira é a moda de uma nação moribunda. Assim, quando uma nação executa criminosos, não é porque o soberano esteja irado; e quando um tribunal distribui recompensas, o soberano nada tem a ver com isso. Os criminosos não culpam o soberano porque os seus castigos correspondem aos seus crimes e aqueles que são recompensados não se sentem em dívida para com o soberano, pois as receberam segundo os seus próprios feitos. Quando os castigos e recompensas do povo decorrem dele próprio, este trabalha sem receber presentes de outrem. Então, os tribunais estão vazios e sem afazeres, enquanto os campos estão limpos e livres de poluição.
Assim, os maiores soberanos são, em geral, quase desconhecidos. A Guerra da Realeza é gerir negócios sem artificio e conduzir instrução sem palavras, de modo claro, calmo e imperturbável. É unificada e inabalável, delegando autoridade em subordinados segundo o fluxo dos eventos, supervisionando as realizações sem esforço. Os planos não são mal calculados, as realizações não são excessivas, as palavras não são embelezadas, as acções não são formalizadas enquanto espectáculo. Procedendo e recuando se conformam ao tempo, actividade e passividade seguem a razão. Não há gostar ou não gostar envolvidos na distinção da beleza e da fealdade, nem deleite ou ira envolvidos no castigo e na recompensa. Os nomes indicam-se a si próprios, as categorias constroem-se a si próprias, os eventos ocorrem espontaneamente; nada vem do ego. Se quiseres reduzir isto, disto te afastarás; se o quiseres embelezar, tal é igual a pilhá-lo. A energia celestial faz a alma maior, a energia telúrica faz a alma menor; devolve-as à
recôndita subtileza, de modo que cada uma permaneça na sua habitação e vela por elas para que se não percam. Em cima existe uma continuidade com a unidade universal, e a vitalidade da unidade universal se liga com o céu. A Via do céu é silente; não tem aparência, nem padrão. É tão vasta que não se podem atingir seus limites; é tão profunda que não pode ser calculada. Está sempre em evolução juntamente com o povo, mas o conhecimento não a consegue alcançar. Gira como uma roda, sem princípio nem fim, eficaz como um espírito. Aberta e vazia, segue com o fluxo, vindo sempre depois e nunca na vanguarda. O seu modo de governo sensível é o de abrir a mente e enfraquecer a ambição, purificar a consciência e nunca cair em ignorância. É isto que leva as pessoas a colaborarem e progredirem juntas, cada um dando seu melhor, seja naquilo que for. Os soberanos obtêm os meios de regular os administradores e os administradores obtêm os meios de implementar as tarefas dos líderes – é deste modo que um pais ordeiro é iluminado.
Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho
O texto conhecido por Wen Tzu, ou Wen Zi, tem por subtítulo a expressão “A Compreensão dos Mistérios”. Este subtítulo honorífico teve origem na renascença taoista da Dinastia Tang, embora o texto fosse conhecido e estudado desde pelo menos quatro a três séculos antes da era comum. O Wen Tzu terá sido compilado por um discípulo de Lao Tzu, sendo muito do seu conteúdo atribuído ao próprio Lao Tzu. O historiador Su Ma Qian (145-90 a.C.) dá nota destes factos nos seus “Registos do Grande Historiador” compostos durante a predominantemente confucionista Dinastia Han. A obra parece consistir de um destilar do corpus central da sabedoria Taoista constituído pelo Tao Te Qing, pelo Chuang Tzu e pelo Huainan-zi. Para esta versão portuguesa foi utilizada a primeira e, até à data, única tradução inglesa do texto, da autoria do Professor Thomas Cleary, publicada em Taoist Classics, Volume I, Shambala, Boston 2003. Foi ainda utilizada uma versão do texto chinês editada por Shiung Duen Sheng e publicada online em www. gutenberg.org.
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Ideias
16 per s pecti va s Jorge Rodrigues Simão
Vulnerabilidade das cidades
o
“The many kinds of vulnerability in the urban environment can indeed only be understood with sophisticated information management systems.” The Vulnerability of Cities Mark Pelling
O progresso é sinónimo de crescimento nas nossas sociedades. Mede-se o desempenho de uma empresa pela sua margem de lucro ou pelo seu crescimento económico. Mas como a generalidade quer o progresso, quando é medido pelo crescimento não tem fim. País algum chegou à conclusão de ter o bastante e desejar continuar ao nível do rendimento e do consumo. Porque, quando o crescimento equivale a progresso, então o equilíbrio torna-se uma espécie de morte. Nenhuma empresa se pode dar ao luxo de estar ao mesmo nível de rendimento, lucro ou quota de mercado no mundo conturbado da economia. A Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 1983, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Brundtland, que em 1987, através do “Relatório” que lhe levou o nome, aconselhou a elaboração de uma nova declaração universal sobre a protecção ambiental, tendo criado o conceito de desenvolvimento sustentável tendo em vista salvar a ecologia. Todavia, nos países desenvolvidos e grande parte dos países em desenvolvimento, este não é de natureza pessoal ou espiritual está ligado ao crescimento. Por muito que se pretenda ignorar e esquecer vivemos num mundo finito e por consequência é tão só uma meta impossível. Existem limites para o crescimento e sabemos que foram quase totalmente esgotadas as capacidades do planeta. As depredações não advêm apenas do aumento da população nos países em desenvolvimento. São muito maiores as que provém das exigências consumistas dos países desenvolvidos, a transferirem-se aos países de economias emergentes. O desafio desde há 30 anos deveria ter sido duplo. Era o de permitir o acesso de uma maior parte dos recursos do planeta aos países pobres, para que pudessem reduzir a sua taxa de natalidade e diminuir drasticamente o consumo e a poluição nos países desenvolvidos. Nos últimos milénios as pessoas reuniram-se em aldeias, vilas e cidades. Até ao século XIX, as cidades eram locais perigosos. As taxas de mortalidade excediam as da natalidade e as cidades só se conseguiram manter, absorvendo gente e recursos do exterior. Transformámo-nos de tal modo
em seres urbanos que nos esquecemos da vulnerabilidade das cidades. Existem três factores essenciais para que tal aconteça, que passam pela dependência de recursos externos, os riscos para a saúde provenientes de grandes concentrações e a submissão às alterações ambientais. Certos recursos como os alimentos, a água, a madeira, os materiais de construção e os combustíveis, podem ser trazidos das zonas envolventes, enquanto que o lixo doméstico, os esgotos e os resíduos de toda a espécie, têm de ser canalizados. As cidades, e os seus sistemas de apoio, criam um ambiente específico. Registam-se efeitos quase imperceptíveis ao longo do tempo, quer no interior, quer no exterior da cidade. A sangria dos recursos externos criada pela desflorestação, pela erosão do solo, pelo uso excessivo dos lençóis freáticos, pela salinização dos sistemas de rega e pelo consumo de combustível, em especial da madeira, num caminho cada vez mais errado, puderam criar com tendência a agravar, o que poderia parecer, quando observadas do espaço, de autênticas áreas devastadas. Essa devastação arrasta a destruição da vida nas cidades. Entre os exemplos históricos, conta-se o destino da cultura harappa, uma das características da antiga civilização harappeana, que tinha como centro a cidade de Harappa, no vale do Indo há 3500-4500 anos. É provável que a destruição da cobertura florestal e a remoção da camada superior do solo, tenham favorecido a criação de nuvens de poeira, que atingiram uma altura de 9144 metros, mantendo um fluxo descendente de ar frio e impedindo a subida da humidade, mesmo durante o Verão. Por força da redução acentuada da precipitação e do declínio da fertilidade dos solos, a sociedade harappeana perdeu os seus meios de subsistência e entrou em colapso pouco tempo depois. É possível que se tenham registado alterações ambientais, idênticas nos vales dos rios Tigre e Eufrates, nos arredores de Petra, (uma das sete novas maravilhas do mundo, na Jordânia, que foi construída pelos Nabateus, no século VI A. C., durante o Império Persa) e em certas do Sahel, (localiza-se entre o deserto do Saara e as terras mais produtivas ao sul, formando uma espécie de corredor que vai do Oceano Atlântico ao Mar Vermelho, apresentando uma largura entre os 500 e 700 quilómetros). O destino dos resíduos e das substâncias tóxicas provenientes das cidades constitui um problema crescente em toda a parte, sobretudo nos países desenvolvidos e de economias emergentes. Um outro factor de
vulnerabilidade diz respeito à saúde e aos aglomerados populacionais. A poluição do ar e da água reduz a resistência à doença e as aglomerações favorecem a sua expansão. A propagação de doenças é muito mais rápida nas cidades, em especial nos bairros mais pobres. A esperança de vida é maior nas cidades do que no campo. Os números relativos ao crescimento da população humana em geral, são de dez milhões há doze mil anos, 2 mil milhões em 1930, 5,5 mil milhões em 1990, e cerca de 8,5 mil milhões em 2025, tendem a ocultar um crescimento ainda mais acentuado das populações urbanas. Na década passada, 84% do crescimento populacional concentrava-se nas cidades, o que equivalia a dez cidades como Londres,
Quanto mais precária é uma sociedade urbana, mais vulnerável se torna à mudança de circunstâncias externas. Além das alterações que as cidades introduzem em si próprias, a procura cada vez mais distante de alimentos, água e combustíveis, com consequências políticas e económicas, existem alterações ambientais de longo prazo sobre as quais os seres humanos têm um controlo limitado
todos os anos. Em 1950, 28,5% da população mundial era urbana; em 1965, correspondia a 37%; em 1990, a 51%, e prevê-se que em 2025, seja de 60%. Apenas 37% da população mundial residia, em 1975, em áreas urbanas, não atingindo os 300 milhões de habitantes, em 1997 era de 47%, correspondente 1,3 mil milhões de habitantes. Em 2005, existiam 3,16 mil milhões de pessoas a viver nas áreas urbanas. Em 2008, a população urbana a nível mundial passou os 50%, e em 2030 atingirá 4,9 mil milhões de pessoas, num total de 8,1 mil milhões de pessoas. O maior aumento regista-se nos países subdesenvolvidos, por definição aqueles que têm menos recursos e uma capacidade menor de gerir e dispor dos resíduos. Na América do Norte, Europa e América do Sul, mais de 75% dos seus habitantes residem em cidades, tendo também aumentado a importância das megacidades, que não param de crescer. A ONU, afirma que diariamente cerca de 170 a 180 mil pessoas, migram das zonas rurais para as cidades. Tais fortes e acelerados crescimentos urbanos, originam a desertificação humana do campo e do interior dos países e, no caso das cidades, a quebra das infra-estruturas, o agravamento do desemprego e a pressão por vezes insuportável dos recursos naturais e energéticos. Considera ainda, que nas áreas urbanas a nível mundial, 250 milhões de pessoas não recebem água tratada, 400 milhões não tem esgotos e 500 milhões não tem moradia. A título de exemplo, 38% de residentes nas áreas urbanas, em África, vivem em barracas ou edifícios sem as mínimas condições de higiene. Na Ásia é de quase 20%, na América do Sul cerca de 11%. Só no Rio de Janeiro, cerca de 42% da população vive em favelas. Nestas situações, além da insalubridade, a susceptibilidade às calamidades naturais (sismos, temporais e deslizes de terras) é excessivamente elevada. A ONU, prevê que em 2015 existirão 28 cidades com mais de 10 milhões de habitantes, e que 14 das 21 maiores metrópoles do mundo se situam em países subdesenvolvidos. Quanto mais precária é uma sociedade urbana, mais vulnerável se torna à mudança de circunstâncias externas. Além das alterações que as cidades introduzem em si próprias, a procura cada vez mais distante de alimentos, água e combustíveis, com consequências políticas e económicas, existem alterações ambientais de longo prazo sobre as quais os seres humanos têm um controlo limitado. A mais crucial é a alteração climática.
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Débora Albasini Costa | Formada em Psicologia e estudante de Enfermagem Veterinária
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O que chama logo à vista são os seus
olhos e as pessoas que lidam com ela de vez em quando perguntam: “És metade Husky, Débora?”. Ela ri-se e afina essa ideia dizendo que tem dentro si uma parte animal, “como toda a gente”, reflectida nos seus instintos primários humanos. Contudo, a alusão, não deixa de ser um “bom elogio”. Sim, apesar de ser uma rapariga da cidade, vive apegada à natureza e ao reino animal. “Desde que o homem deixou de abraçar a árvore e abraçou a máquina passou a existir uma desconexão entre as pessoas. O mundo tornou-se mais alienado.” Isso foi há muitos anos, chegados ao século XXI, na ressaca de tudo isso, a sociedade trouxe depressões, conflitos, vínculos frágeis. Mesmo assim “as pessoas não querem olhar para trás da cortina e espreitar”, tentando melhorar o panorama. Débora nasceu em Macau. Os seus pais abarcaram aqui há mais de 30 anos e como muitas outras famílias tiveram o percurso comum de quem chega a Portugal e não se adapta, encontrando por cá o destino para prosseguir uma existência pacífica ao sabor
dessa pátria ausente, da qual se tem apenas uma ligação ténue à sua. Com o seu olhar brilhante assume-se, sem restrições, como “macaense”, mas não entra nesse debate de quem é o quê e de como se define a identidade das gentes deste território, se é preciso ter olho rasgado ou sangue mestiço. “A minha família já tinha uma grande mistura em Moçambique”além da óbvia portugalidade e dos reflexos da costa de África, na sua génese, navegam holandeses, italianos e uma pitada de Goa. O epíteto acaba sempre por ter imensos e variados nomes. De todo o modo poderia ter sido retirada do Livro da Selva de Kipling e se se chamasse Mogli ninguém iria dar por isso. Nessa razão, que mais poderia ser? Macau foi a terra que a viu crescer, apenas estudou alguns anos em Coimbra, passou por Lisboa, mas voltou para o Oriente logo de seguida. Na verdade, toda a gente tem de ter um ninho, um país a que possa chamar a sua casa, “um sentimento de pertença”, como afirma, apesar de não ser a chinesa. Mas a dúvida persiste perdida na tradução: “sou de Macau quando me perguntam de
onde sou, mas portuguesa de Macau para os chineses, para não fazer confusão por não ter os olhos em bico.” Só para que fique tudo mais esclarecido. Escolhida mais uma vez a cidade com o seu regresso, logo o seu comportamento se ajustou para as questões ambientais: proteger o meio ambiente, preservar a natureza, medir as suas acções e viver nesse contexto passando uma mensagem como amparo do planeta. “Não é um sermão, não sou o padre António Viera, não tem de ser assim”, declara. Formada em Psicologia, não bem por acaso, mas como consequência natural da área dos seus estudos, mesmo que a meio tenha tido vontade de mudar não se arrepende. “É uma boa base e tem uma carácter muito mais amplo do que as pessoas pensam.” Mas o seu olhar felino passou a concentrarse nos animais. No final do curso uma tese sobre comportamento animal. Mais tarde, já em Macau, uma experiência veterinária: Débora passou mais de meio ano como voluntária na Anima a aprender, fazendo de tudo um pouco. Um leque de práticas que culminou actualmente com um curso
à distância em enfermagem veterinária, com 15 horas semanais numa clínica do território. Nesse percurso, por uma coisa ou pela outra, tornou-se vegetariana, “chegou uma altura para mim que não fazia sentido continuar a comer carne”, e já lá vão oito anos. Por esta transição, diz que começou a fazer um puzzle sem ter visto a imagem antes, mas agora as peças estão a encaixar-se e os projectos continuam. Na manga, um espaço que descreve como sendo “uma combinação de apontamentos”. O projecto ainda não tem nome mas o local já existe e fica bem perto do centro. Apesar do espírito comercial bem incutido, “porque é preciso sobreviver”, diz que não vai ser bem uma loja, mas sim um espaço aberto. A produtos que vêm de fora, e também aos criativos e aos artesãos da cidade. Apesar de ser um negócio a dois, o mote é criar parcerias com pessoas que tenham as mesmas ideias, construindo um lugar onde poderão encontrar uma montra para o seu trabalho. “Concertos, workshops, exposições, um café”. A ideia é “crescer a pouco e pouco” e dar-lhe continuidade. Vamos esperar para ver.
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entrevista
ANA PESSOA, PROCURADORA GERAL DA REPÚBLICA DE TIMOR-LESTE
“Macau tem extraordinária capacidade de Mais uma visita de Ana Pessoa a Macau, quase há dois anos Procuradora Geral da República de Timor-Leste. Desta vez, para participar, a convite das autoridades chinesas, na 4.ª Conferência Internacional de Autoridades Contra a Corrupção. Que leva para Timor desta conferência? Levo a certeza de que foi importante o que ouvi e foram importantes os contactos que fui tendo com outros procuradores gerais de vários países, de diferentes sistemas, uma vez que aqui estiveram representados mais de 150 países e cerca de 700 delegados. A conferência foi realmente um sucesso, é impressionante a capacidade de organização em Macau de eventos desta natureza. Houve apresentações de muitíssimo interesse, tal como reuniões e workshops de extrema utilidade. Devo realçar que esta conferência teve a particularidade de nos concentrarmos num capítulo da Convenção Internacional Contra a Corrupção, também conhecida como a Convenção de Mérida, que Timor-Leste já subscreveu em 2008. Debruçámo-nos sobre um capítulo que trata especificamente da cooperação internacional. Vim acompanhada por um Procurador distrital de TimorLeste, o doutor Adérito Tilman que, por exemplo, participou fundamentalmente no grupo que tratou da extradição e da transferência de pessoas condenadas, matéria que é da maior importância para nós em Timor-Leste. Por certo que falaram das muitas dificuldades existentes quando se trata de combater a corrupção... Sim, analisámos essas dificuldades designadamente em áreas como a expatriação, a necessidade de termos acordos, quer bilaterais, quer multilaterais, mesmo contando com regras e sistemas jurídicos diferentes. Obstáculos que poderão ser ultrapassados mais facilmente através do conhecimento próximo, directo, entre as pessoas, tal como o conhecimento mais próximo das realidades legais dos vários
países. A IAACA, é de facto uma organização que pode desempenhar, e desempenha, um papel fundamental neste combate. Quais são os maiores desafios da Procuradora Geral da República de Timor-Leste? O maior desafio começa por fortalecer a Procuradoria, garantir que ela se afirme como uma magistratura imparcial, isenta, como uma magistratura que contribui decisivamente para a independência da judicatura, uma magistratura que garanta o que está consagrado na nossa Constituição no tocante à separação de poderes, uma magistratura de Ministério Público que afirme um estado de direito democrático que é o que nós temos em Timor-Leste. Esse é
o grande desafio da Procuradoria Geral da República. As maiores dificuldades para seguir essa linha de rumo? A maior talvez seja vencer o medo. Aquele medo que por vezes temos de nos ultrapassarmos a nós próprios. Em muitos timorenses ficaram marcas demasiado profundas, fruto duma ocupação que foi muito violenta. Uma dessas marcas é o tal medo. Medo que é inconsciente, medo que é um fantasma, medo que, sem querer, às vezes aparece e nos tolhe. Este é, porventura, o maior desafio, vencer esse medo e estimular no sentido de os timorenses voltarem a acreditar neles próprios, naquilo que eles valem. Durante muitos anos fomos mentalizados para termos de
nós próprios uma imagem muito negativa, éramos aqueles que não valiam, não eram capazes. Embora tanto ainda por fazer, estou confiante e satisfeita por sentir da parte dos procuradores que trabalham comigo, que eles assumem, gradualmente, os fantasmas e querem vencêlos com o tempo. Sobretudo o medo de acusar alguém que tem poder. Sobretudo, ainda, o aprender a não falar, dado o dever de reserva, que não está na lei por acaso nem para enervar os jornalistas. O dever de reserva está na lei porque também nos ajuda, não somente a sermos isentos, mas também a parecê-lo. Nos dias que correm, estas percepções são tão importantes, ou mais, do que a própria realidade. Sem dúvida
que nos vamos sentindo com mais autoconfiança, mais autoestima. E o Ministério Público está a assumir-se, gradualmente, como uma magistratura. Evidentemente que ainda há um longo caminho para andar, mas começámos a descobrir qual o caminho que temos de percorrer. Gostava de a ouvir sobre as relações, que têm um histórico importante, entre Timor-Leste e a China. No que toca ao meu exercício, é uma área que vou explorar daqui para a frente. Sei que Macau possui um bom centro de formação jurídica. Nós em Timor-Leste temos um centro de formação que eventualmente pode beneficiar do apoio de Macau. Vamos ver, quando eu regressar a ao
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com Helder Fernando
trabalho e organização” “A maior talvez seja vencer o medo. Aquele medo que por vezes temos de nos ultrapassarmos a nós próprios. Em muitos timorenses ficaram marcas demasiado profundas, fruto duma ocupação que foi muito violenta. Uma dessas marcas é o tal medo. Medo que é inconsciente, medo que é um fantasma, medo que, sem querer, às vezes aparece e nos tolhe” meu País explorarei o assunto mais detalhadamente, vamos trabalhar com atenção essa possibilidade. No quadro dessas relações, que áreas seriam prioritárias? Particularmente no que toca a áreas como o crime organizado, tráfico humano, ao fim e ao cabo a vasta área da corrupção. O combate à corrupção tem sido um dos seus cavalos de batalha. Realmente tem sido... também! Se há aspectos que fazem mal à nossa imagem, o maior ou um dos maiores é, como já disse, a má imagem que fazemos de nós próprios. Entendo que chegou a hora de os timorenses afirmarem que não é assim. A corrupção existe, por certo, tal como existe noutros países. Em TimorLeste não temos situações tão monstruosas como há noutros lados, mas isso não é razão para descurarmos este assunto. Não somos piores nem melhores que os outros, e temos a mesma vontade de ultrapassar o mal. Não queremos que Timor-Leste tenha esse cancro. Esse é o seu directo ponto de vista como Procuradora Geral. Enquanto cidadã, como observa o relacionamento entre os dois países?
As relações entre Timor-Leste e a China são fraternas e não são de hoje. Eventualmente, poderão ser aprofundadas e de maneira mais direccionada. Talvez valesse a pena nós vermos que áreas específicas poderemos ter com a China. E historicamente Macau tem sido também a ponte com a China, mesmo durante o período colonial. Há sempre boas perspectivas de estreitamento dos laços, mesmo na minha área. Espero que a nossa nova representação diplomática em Pequim seja nomeada e tome posse rapidamente. Tenho a certeza que passaremos a ter uma pessoa muito empreendedora, dinâmica e conhecedora, de modo a impulsionar muito as nossas relações. Que opinião tem sobre o papel da CPLP? Enquanto organização, penso que a CPLP ultimamente tem revelado um pouco mais de vigor, o que é bom. Não explorámos ainda todas as potencialidades que essa organização pode oferecer. Sucede que às vezes não nos auto valorizamos. Penso que com a CPLP passa-se um pouco assim. Podia fazer-se muito mais, a CPLP podia, realmente, ser um marco na história mundial, mas ainda não se afirmou como seria importante. Ultimamente parece ter surgido com mais pujança, nomeadamente na área da justiça, onde a CPLP tem realizado, não de agora mas de sempre, bastante trabalho. É uma das áreas em que essa organização mais tem pugnado. Aguardo resultado semelhante quando chegar à área económica e também na afirmação da língua portuguesa. Por falar em área económica, acha que o sector petrolífero vai ser decisivo para o desenvolvimento de TimorLeste? Não tenho dúvida que sim. O petróleo, o gás, os hidrocarbonetos em geral. Aí também, através de Angola, sem dúvida que poderá ser decisivo para o nosso desenvolvimento. Nós temos enormes reservas de gás e petóleo, segundo os entendidos. Saibamos nós canalizar tudo isso de maneira
correcta e não nos tornarmos dependentes do petróleo. Sobre a exploração petrolífera em Timor-Leste, principalmente nas suas águas territoriais, ainda há muito acordo para concluir, com a Austrália, por exemplo... Tudo levará o seu tempo, há fronteiras marítimas por delimitar, tal como outras fronteiras em outros pontos geográficos. Mas recordo que um dos primeiros negócios feitos foi a revisão do acordo, bem feito, ou se calhar demasiado bem feito, que a Austrália assinou com a Indonésia. Existem várias discussões por concluir e impasses por ultrapassar. Embora Timor-Leste já receba, há uns anos, pagamentos com base na futura exploração petrolífera. Sim. Em 2005 foi criado um
Fundo do Petróleo com 200 milhões de dólares americanos. Neste momento o Fundo é detentor de vários biliões. É a Procuradoria Geral quem controla os dinheiros desse Fundo? Não é. A Procuradoria tem, quanto muito, e não é pouco, a obrigação de ver como o Orçamento é executado.
19 ou investidos. Essa lei não permite que seja retirado do Fundo mais do que três por cento para financiamento do Orçamento Geral do Estado. Em princípio, esses três por cento deverão, fundamentalmente, ser canalizados para infra-estruturas do país, e não para outras despesas. Tem-se discutido muito sobre esta matéria, penso
“Se há aspectos que fazem mal à nossa imagem, o maior ou um dos maiores é a má imagem que fazemos de nós próprios. Entendo que chegou a hora de os timorenses afirmarem que não é assim. A corrupção existe, por certo, tal como existe noutros países” Não há uma entidade directamente controladora desse Fundo? Há uma lei própria desse Fundo, um conselho de administração com regras claríssimas de como os dinheiros do Fundo devem ou não ser usados
Recado aos timorenses em Macau Nascida em Bobonaru, distrito que faz fronteira ocidental com a Indonésia, “um dos distritos mais bonitos do meu País”. Montanha, águas termais, tons verde de apaziguar a alma. É o que esta mulher, Pessoa, conhecida como de coragem, faz com frequência, regressa à casa mãe, em Maliana, capital distrital, onde tem família. Filha de pai português e mãe timorense, Ana Pessoa vai cedo para Portugal onde estuda. O país é invadido pelos indonésios e Ana, já militante da Fretilin, conclui que o regresso a Timor passa por Moçambique. Ali encontra o que já sabia, uma elite timorense politicamente engajada, residente em Maputo. Em Moçambique licenciouse em Direito, foi técnica jurídica, procuradora provincial, promovida a juiz na capital moçambicana e depois na Zambézia. Deixou a magistratura para apoiar a reestruturação do Ministério da Justiça, assumindo depois a direcção do serviço de investigação e legislação e, mais tarde, presidente da Comissão Interministerial da Reforma Legal. Até, no início deste século, entrar definitivamente no país natal. Em Dili, foi responsável pela Administração Interna, depois ministra da Justiça já no 2º governo de transição e também no primeiro governo constitucional de Timor-Leste, para logo de seguida ser ministra da Administração Estatal. Na sequência da crise de 2006, Ana Pessoa sai do governo em 2007, concorre ao parlamento e é eleita deputada da bancada da Fretilin. Cerca de dois anos depois, após muita insistência, aceita assumir o cargo que hoje desempenha, o de Procuradora Geral da República. Numa mensagem através do HOJE, endereçada aos timorenses residentes em Macau, esta magistrada lembra para “aproveitarem bem a oportunidade de estarem em Macau, identificarem-se com a capacidade local de trabalho, a disciplina, o empenho de viver e, sobretudo este exemplo que Macau também dá que é as pessoas acreditarem nelas próprias. Macau é também um símbolo do que o ser humano é capaz”, sublinha Ana Pessoa. - H.F.
que esta percentagem é mais do que suficiente, saibamos nós gastar como deve ser, pois temos capacidade para isso. Vale a pena é o esforço para se chegar a um consenso nacional sobre a aplicação desses fundos que não devem, obviamente, estar paralisados. O que é imperioso é que as aplicações sejam efectuadas atenta e correctamente. É um importante tema para os políticos, os entendidos, compete-lhes a eles resolverem e bem. Ainda é militante da Fretilin? Como Procuradora, por lei, tenho a obrigação de me demitir dos cargos de direcção do partido. Foi que eu fiz. Portanto, não participando em actividades partidárias, não lhe posso falar com actualidade sobre a Fretilin. Que diria à comunidade timorense residente em Macau se fosse possível falar com todos eles e cada um? Deixo a mensagem de que devem ser solidários, designadamente entre eles, mas também com todos os outros, sem se isolarem. Devem progredir, dando valor àquilo que os outros têm de bom para nos dar, as suas contribuições válidas. Enfim, aproveitarem a grande oportunidade na vida que é ser residente em Macau. Tem ambições políticas? Muito grandes! Tão grandes que acabam por não ser propriamente ambições ou, pelo menos, não meterem medo a ninguém. A minha grande ambição é ver o meu País desenvolvido, ver o meu País humano, com preocupação por aquilo que está ao nosso lado, por aquilo que precisa... sem nos esquecermos do outro.
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o Hoje [r]ecomenda
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[f]utilidades Su doku [ ] Cruzadas
HORIZONTAIS: 1 – Reduzir a gelo; nem um. 2 – Voz imitativa do sino; do choque de moedas, etc.; sustentei. 3 – Milímetro (abrev.); aqui está; pref. de origem grega que exprime a ideia de privação, separação. 4 – Membro guarnecido de penas que serve às aves para voar; sacou. 5 – Mulher acusada de um crime; produz som; a primeira letra dos alfabetos grego e síriaco. 6 – Reduza a pó; caminhado. 7 – Casta de uva branca cultivada no Norte de Portugal; época marcada por um acontecimento que serve de base ao cômputo dos anos; filho de burro e égua ou de cavalo e burra. 8 – Mulher que rouba ou furta; ontem. 9 – Amerício (s.q.); elemento de formação de palavras que exprime a ideia de animal; mililitro (abrev.). 10 – As nossas pessoas; fem. de dois. 11 – Expor ao ar; apre! (interj.). VERTICAIS: 1 – Órgão membroso exterior e de forma tipicamente achatada com que os peixes e alguns animais aquáticos se movem na água. 2 – Abreviatura de extraterrestre; igreja episcopal, arquiepiscopal ou patriarcal; red. de maior. 3 – Parte incorpórea, imaterial do ser humano; aquilo que prejudica ou se opõe ao bem; a si mesmo. 4 – Órgão excretor que tem a seu cargo a função da formação da urina; consolador. 5 – Corda de reboque; parte de um ponto, rodeada de cais, onde se abrigam os navios e onde se tomam ou deixam carga. 6 – Emprega-se para excitar ou animar; herdade limitada por marcos. 7 – Título dado aos chefes de certas tribos mulçumanas e aos descendentes de Mafoma; desejo de vingança. 8 – Acto ou efeito de soar; forma apocopada de muito que somente se emprega antes de adjectivos e advérbios. 9 – Nome da 6ª, 7ª e 26ª letras do alfabeto árabe; gemido de agonia; içar por um cabo. 10 – Emprega habitualmente em; a mim; abraviatura de senhor. 11 – Pintura ou fotografia muito delicada e em ponto pequeno.
Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-GEAR; NENHUM. 2-TLIM. 3-EIS. 4-ASA. TIROU. 5-RE. SOA. ALFA. 6-MOA. IDO. 7-AZAL. ERA. MU. 8-LADRA. AER. 9-AM. ZOO. 10-NOS. DUAS. 11-AREJAR. IRRA. VERTICAIS: 1-BARBATANA. 2-ET. SE. MOR. 3-ALMA. MAL. SE. 4-RIM. SOLAZ. 5-TOA. DOCA. 6-EIA. ERO. 7-EMIR. IRA. 8-SOADA. MUI. 9-HA. ALAR. 10-USA. ME. SR. 11-MINIATURA.
REGRAS |
Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior
«Lonely Avenue», Ben Folds e Nick Hornby
Apesar de reconhecimentos distintos, Ben Folds e Nick Hornby alinharam um disco conjunto. «Lonely Avenue» acaba por ser mais literato do que melómano, ainda que a zona de conforto onde ambos se movimento nunca seja abandonada. No entanto, a matéria-prima que ambos trazem para a reunião pedia um disco mais pungente. A contenção a que se entregam permite uma conclusão segura: nem Folds nem Hornby quiseram arriscar.
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Informação Macau Cable TV
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[O]bjectiva Gonçalo Lobo Pinheiro
21 Raio [X] A descoser os lábios de uma ferida Por Lime & Purple
“Tempo morto. Tempo para usar. A espera por tudo aquilo que faz falta. A exactidão. Um tempo sem sombra, por preencher. E quantos dias mais. Quantas brasas por queimar. Mornas a precisar de chama. Sempre a vontade e a sintonia no mesmo pranto. E agora, dizes tu. E agora?” [canção tradicional nórdica]
Carnaval de Torres Vedras (2010)
Para[ ]comer • Pérola 3/F, Sands, Largo de Monte Carlo, no.203 8983 82222888 3352 http://www.sands.com.mo • VINHA Alm Dr. Carlos d' Assumpção 393 r/c AC 2875 2599vinha@macau.ctm.net http://www.vinha.com.mo • FAT SIU LAU (SINCE 1903) Av.Dr.Sun Yat-Sen,Edf.Vista Magnifica Court Rua de Felicidade No.64, R/C Macau 2857 3585fsl1903@macau.ctm.net http://www.fatsiulau.com.mo
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Tacos – Cozinha internacional & Café Bar (Macau) – Rua Cidade de Braga 51 A r/c. Tel.28750151
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• Sawasdee Thai Av Sid Pais 43AE 2857 1963 • Aquamarine Thai Café (Tp) Jardm Nova Taipa bl 21 2883 0010 • Bangkok Pochana Ferrª Amaral 31 2856 1419 • Kruatheque Henrique Macedo 11-13 2835 3555 • Restaurante Thai Abreu Nunes 27E 2855 2255
• Afonso III Central 11A 2858 6272
• LA COMEDIE CHEZ VOUS Ed Zhu Kuan S/N G (Oppsite Cultural Centre) 2875 2021
• Bar Oporto Tv Praia 17 2859 4643 • Maria’s Comida Portuguesa Patane 8A 2823 3221
• LE BISTROT (Tp) Nova Taipa Garden Block 27, G/F 2884 37392884 3994
• Restaurante Pinocchio (Tp) Regedor 181-185 2882 7128 • Canal dos Patos Parque Municipal Sun Yat Seng 2822 8166
• CHURRASCÃO Nova Taipa Garden, Block 27 G/F, Taipa 2884 37392884 3994 • Yin Alª Dr Carlos d’Assumpção 33 2872 2735
unstoppable Cineteatro | PUB
Sala 1 unstoppable [B] Um filme de: Tony Scott Com: Denzel Washington, Chris Pine 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 2 eat pray love [B] Um filme de: Ryan Murphy Com: Julia Roberts 14.30, 17.00, 21.30
• Fogo Samba VENETIAN-Grand Canal Shoppes Apt 2412 2882 8499
[ ] Cinema Sala 2 Perfect Wedding [B] (legendado em chinês e inglês) Um filme de: Barbara Wong Com: Miriam Yeung, Raymond Lam 19.30
Sala 3 merry-go-round [a] (legendado em chinês e inglês) Um filme de: Yan Yan Mak, C. Cheng Com: Ella Koon, Teddy Robin Kwan 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
O que vem a seguir talvez se tenha passado ao telefone. É uma conversa. - Que andas tu a fazer, Lime? Vejo-te sempre a andar de saquinhos na mão, para cá e para lá. Sacos azuis, com grandes volumes lá dentro. Hoje vi-te assim. Que andas a transportar, consegues explicar-me? - Hoje? Hoje era uma impressora. No outro dia era a parte de um computador. Depende. - É esse o teu trabalho, agora, transportar material informático? - Não! Claro que não. É a medida das necessidades, mais nada. Tenho de me estabelecer. Ando a estabelecer-me, Purple, sabias? - Isso é bom, mas não acredito muito nessa resolução. Olha os anos todos que passaram, nunca conseguiste fazer isso. Andaste sempre de cabeça no ar e o corpo, normalmente, seguiu-te, sempre, sempre atrás. Não é verdade? Lime impaciente. A querer fugir. A querer desligar-se. - Não, não é verdade. Isso foi todo o processo. Todo o decurso até aqui chegar. Não tem muito valor. Não importa, agora que a decisão está tomada e que tudo corre sobre rodas. - Mas o valor de que falas tem peso, não pode menosprezá-lo. Foi toda uma vida. Nunca paraste quieto. Olha para ti, já não és um adolescente, já tens idade para ter juízo. Já devias ter uma vida. Há muito tempo, Lime, há muito tempo. Esses saquinhos azuis não me encantam. Não é assim que se faz... Purple quase a dizer adeus. Até logo. Até qualquer dia. “Palerma!” Já com um pé lá fora. - Isso é o que tu pensas. És tu, mas não quer dizer nada. Poderá querer dizer para ti, mas para os outros duvido e para mim já sabes qual é a resposta. - E qual é a resposta, diz-me. - Tu vais ver. Vais ver um destes dias. Ando a desembaraçar-me e nem imaginas como isso é importante para mim. Largar-me assim para o meu mundo novo. A pouco e pouco. Mais nada se ouviu. Nem a canção nórdica a cantar no fundo da telefonia. A seguir só o uivo da linha com o fio cortado ficou. E ambos seguiram as suas vidas.
[Lime é estrábico, Purple para lá caminha]
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E
opinião
Esta ditadura pode não acabar
Ana Sá Lopes Jornal i
stive na China em 1997, numa viagem oficial do Presidente da República de então, Jorge Sampaio. Antes de chegar a Pequim, Presidente e comitiva passaram cinco dias em Macau, onde já ia adiantado o processo de transição para o regresso à soberania chinesa. Mergulhar de relance em Macau foi uma experiência única para quem antes nunca tinha posto os pés numa colónia portuguesa. Tudo ali, do famoso Clube Militar aos rituais do governador, respirava colonialismo e do bom. Mas havia uma diferença substancial relativamente ao colonialismo tout court do passado: os chineses controlavam a economia. Aos portugueses cabia o mando no governo local e na língua, a famosa língua que ninguém falava em lado nenhum (excepto no Clube Militar e afins). Havia uma cidade e dois sistemas, abençoados ambos pelos dólares dos casinos do jogo e da prostituição de Stanley Ho, o grande embaixador quase plenipotenciário de Portugal no Oriente para a vida.
ca r t o o n por Steff
Partimos depois para Pequim. Numa manhã geladíssima, enquanto Jorge Sampaio se reunia com os responsáveis chineses no Grande Palácio do Povo fomos passear pela praça Tianamenn, ali em frente. Foi um passeio perturbador, como todas as passagens pelos lugares da iniquidade. O massacre dos estudantes em 1989 tinha sido há muito pouco tempo e a imensidão da praça - a sua quase infinitude - tornava a memória da brutalidade presente e intangível ao mesmo tempo. Eles eram imensos, os tanques também e nós estávamos ali a festejar não sei o quê - a relação especial Portugal-China, evidentemente, que resistiria a tudo. Mesmo assim, era uma época em que era obrigatório, quando se ia à China, falar de direitos humanos. Delicadamente, mas falava-se. A nossa special relationship, em nome de Macau, sempre nos obrigou a exercícios olímpicos mas nem isso impediu um dos mais institucionais políticos portugueses - Jaime Gama, então líder parlamentar do PS - de abandonar uma reunião na Assembleia da República com um alto dignitário chinês, em protesto contra a repressão do regime, nos inícios de 90. Almeida Santos, mais atento à Realpolitik, passou-se. Além do roteiro turístico, fizemos o roteiro económico, com a inauguração de uma
Apesar de Macau, quando os responsáveis portugueses iam à China era obrigatório falar de direitos humanos. Desta vez ninguém estragou a festa.
fábrica numa aldeia longínqua já perto dos confins da Rússia. Jorge Sampaio festejou os operários que ganhavam na base de um tostão por mês e pareciam agradecidos. A pobreza disciplinada pelos “grandes líderes” horrorizou-nos e penso que não nos passava ainda pela cabeça que era ali, e no desvalorizadíssimo yuan, que estava o nosso futuro e o da dívida pública portuguesa. Desta vez a recepção em Lisboa de Jintao não teve nenhum Jaime Gama a estragar a festa. Tiananmen foi há 20 anos e o Prémio Nobel dado ao activista e preso político Liu Xiaobo merecem ao governo português apenas palavras de circunstância, ditas evidentemente para não aborrecer muito os compradores da dívida pública. Consequência óbvia, neste fim-de-semana a manif da Amnistia Internacional foi arredada para trás dos cortinados. Quem rebentou com a cortina de ferro não foi nem a CIA nem o Papa João Paulo II - foi o descalabro económico. Quem rebentou com a ditadura indonésia não foram os guerrilheiros timorenses e a nossa esforçada diplomacia: foi a débâcle financeira de 1997. Esta ditadura pode não acabar - e vir a gozar no Ocidente de tanta simpatia como a de Ceausescu, o da Roménia, que não gostava do Politburo soviético.
o combate
Recebo muitas visitas e, como a abelha, extrair o pólen que há em cada uma.
procuro
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Padre Manuel teixeira [1912-2003]
u m gr i to n o des er to Paul Chan Wai Chi*
h
Wen Jiabao a caminho de Macau
á duas semanas recebi um convite por carta registada do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa para participar no evento que acontece este fim-de-semana. A carta não mencionava nenhum programa do evento, nem que personalidades estariam presentes. Todos sabem que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, estará presente e as pessoas questionam-me se eu irei ou não ao Fórum. Digo-lhes que não vou e pergunto-me a mim mesmo se vai haver lugar cerimónias especiais para receber Wen. Dias mais tarde, em conversa com um deputado que participou na Celebração do 10.º Aniversário do Retorno de Macau à Pátria perguntei-lhe se iria fazer parte da audiência do Fórum. Surpreendentemente, ele declinou o convite pela mesma razão que eu: não gostava de ser tratado abaixo de cão pelos organizadores. Durante a celebração do 10.º aniversário, o meu lugar estava assinalado a vermelho no plano que a organização tinha nas mãos. Aliás, o meu assento era o último da última fileira, o mais perto possível da porta de
saída. Havia dois seguranças sentados em cada um dos meus lados. Acho que ninguém se sentiria confortável com tanta vigilância. Como a organização não sabe como tratar as pessoas de forma educada, não me parece que tenha necessidade de dar o contributo da minha presença a tal evento cheio de rituais. Não lhes quero dar outra oportunidade de me desrespeitarem. Yu Jie publicou um livro intitulado “O melhor actor da China: Wen Jiabao”. Por causa desse livro, o jovem escritor chinês foi convocado pelo pessoal da Segurança Nacional quando a obra foi finalmente publicada após muitos assédios e ameaças. Um jovem leitor, nascido já nos anos 80, deixou uma mensagem no Twitter chinês a dizer “o símbolo da verdadeira abertura da China é: durante uma conferência de imprensa, quando o primeiro-ministro Wen foi questionado sobre qual o seu livro
favorito, respondeu com um exemplar de ‘O melhor actor da China: Wen Jiabao’ na mão, dizendo que o livro era sem dúvida o que tinha na mesa”. Aideia desse rapaz faz lembrar de certa forma estórias como as de “As mil e uma noites”. O livro está actualmente à venda em Macau. Pergunto-me se as livrarias serão avisadas para o retirarem temporariamente da montra durante os dias em que o primeiro-ministro estiver em Macau! No início de Novembro, fartei-me de ouvir as pessoas dizerem em voz alta, enquanto mandavam mensagens escritas pelo telemóvel: “Acorrupção é muito grave em Macau, o Governo Central finge que não sabe nada sobre isto”. Ainda assim, há certas coisas que não podem ser escondidas. O “Índice de Percepção da Corrupção” em Macau está em constante declínio desde o incidente Ao Man Long. O caso foi tão embaraçoso para o Governo! Com a rede de
Como a organização não sabe como tratar as pessoas de forma educada, não me parece que tenha necessidade de dar o contributo da minha presença a tal evento cheio de rituais. Não lhes quero dar outra oportunidade de me desrespeitarem
recolha de informação tão meticulosamente estabelecida pelo Governo Central, não há maneira de Pequim alegar que não sabe o que se passa em Macau. É por isso que a população se sente tão insatisfeita com o Governo Central. Mas, ainda assim, o que pode Pequim fazer em relação a Macau? Com base nos princípios do “Um País, Dois Sistemas”, o Governo Central não pode enviar altos-responsáveis a Macau para substituírem os funcionários locais incompetentes. Além disso, as corporações de Macau com interesses estabelecidos já existem há muito tempo e dominam a cena política e económica e controlam os recursos sociais. Mesmo o melhor actor da China não tem como os fazer recuar. Perante tal cenário, o Governo Central e os sindicatos entendem que o melhor é construir e manter uma plataforma de cooperação em favor de ambas as partes. Há sempre algo que não precisa ser dito em voz alta. Com a chegada de Wen Jiabao, a cidade de Macau ficará mais viva durante alguns dias, com o trânsito congestionado, e algumas pessoas sensíveis não poderão entrar em Macau. No geral, penso que nada de surpreendente irá acontecer. *Deputado e presidente da Associação Novo Macau Democrático
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José editorES Paulo Reis; Vanessa Amaro Redacção António Falcão; Gonçalo Lobo Pinheiro; Kahon Chan; Rodrigo de Matos Colaboradores Carlos Picassinos; João Carlos Barradas; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte; Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges; Catarina Lau Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
a fechar
Estou em pulgas para a chegada do Sócrates.
Irra! Com a sua malapata ainda mete Macau...
!!!
Angola Violações após expulsões
Mais de 700 mulheres, homens e crianças foram violados nos últimos meses ao serem expulsos de Angola para a República Democrática do Congo (RDC), comunicaram ontem as Nações Unidas. Cerca de 7000 pessoas chegaram nos últimos dois meses à RDC (ex-Zaire), depois de terem sido expulsas de Angola, que as acusava de entrada ilegal num país que ontem completou 35 anos de independência. Margot Wallström, representante especial do secretário-geral Ban Ki-moon para a violência sexual durante conflitos, pediu às autoridades angolanas e congolesas que investiguem as notícias das mulheres que, em grande número, têm sido violadas ao serem expulsas de um país que se considera em franca expansão económica mas que não as quer.
Nato Barack Obama finalmente em Portugal
A chegada a Portugal do presidente norteamericano Barack Obama está prevista para a manhã do dia 19, sexta-feira, e a sua agenda extra Cimeira da Nato e Cimeira EU-EUA, que se realizam em Lisboa, já está pré-definida, embora possa ainda ser alvo de alterações. Obama não aceitou o convite para uma visita oficial a Portugal, feito por Cavaco Silva e José Sócrates, mas vais ter encontros com o presidente da República e com o primeiro-ministro. Logo após a chegada a Lisboa, o presidente dos EUA desloca-se para o Palácio de Belém para um encontro seguido de almoço com Cavaco Silva. Segue, após a refeição, para o Palácio de São Bento para uma reunião com Sócrates. Após o encontro, que se prevê demorar cerca de meia hora, Obama e Sócrates farão uma declaração conjunta aos jornalistas.
Jim Morrison Perdão por exibicionismo
O governador da Flórida sugeriu que o mítico vocalista da banda The Doors, Jim Morrison, poderá vir a receber um perdão póstumo pelos seus actos de exibicionismo durante um concerto em Miami, em 1969. “Fiquem atentos”, disse Charlie Crist esta semana ao jornal “The Hill”. O caso remonta a 1 de Março de 1969. O concerto dos Doors no auditório Dinner Key, em Miami, transformou-se num evento mítico que entrou para os anais da história do rock na América, depois de Morrison ter gritado obscenidades e ter mostrado os genitais ao público que pagou bilhete para o ouvir. Os actos valeram-lhe meio ano de prisão na altura.
Portugal UE rejeita direitos na EDP
O Tribunal de Justiça da União Europeia considerou ontem os direitos do Estado português na EDP contrários ao direito comunitário, num acórdão que considera que a chamada "golden share" constitui uma restrição à liberdade de circulação de capitais. Os juízes do Tribunal, com sede no Luxemburgo, consideram que os direitos especiais conferidos ao Estado pela sua posição de 10% na empresa “pode desencorajar os investimentos directos de operadores de outros Estados-Membros, na medida em que estes não podem participar na gestão e no controlo da sociedade na proporção do valor das suas participações”.
Futebol Bosingwa regressa à selecção
O regresso de José Bosingwa à lista de convocados da selecção nacional é a grande novidade nos eleitos de Paulo Bento para o jogo contra a Espanha, o particular marcado para 17 de Novembro no Estádio da Luz. Os outros convocados são: Eduardo, Rui Patrício, Bruno Alves, Fábio Coentrão, João Pereira, Pepe, Ricardo Carvalho, Carlos Martins, João Moutinho, Manuel Fernandes, Danny, Raúl Meireles, Cristiano Ronaldo, Hélder Postiga, Hugo Almeida, Nani e Varela.
...de pé descalço sexta-feira 12.11.2010
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Ambiente | Governo desenvolve estudos para controlar poluições
Protecção quase a sair à rua Um estudo sobre a protecção ambiental já está a ser conduzido e a Direcção dos Serviços de ProtecçãoAmbiental (DSPA) promete tornar os resultados públicos, para recolha de opinião, após o Verão do ano que vem. Ontem, numa reunião entre Cheong Sio Kei, director da DSPA, e a União Geral dasAssociações dos Moradores de Macau (UGAMM) foram dadas garantias de que o ar em Macau vai ser mais salubre em breve. De acordo com o organismo, foi encomendado um estudo intitulado “Planeamento Geral e Específico da Protecção do Ambiente de Macau” ao Instituto das Ciências Ambientais do Sul da China, que visa avaliar e analisar os componentes e assuntos ambientais, como o ar, a água, o tratamento de resíduos,
o ruído, a ecologia, as radiações e a gestão ambiental. O Governo pretende lançar o documento à apreciação pública e planear acções concretas que melhorem as políticas ambientais. Como os gases emitidos pelos carros são o principal vilão da má qualidade do ar no território, a DSPAafirmou estar a tratar de uma orientação para a implementação dos eco-veículos, que deverá estar concluída até ao início do próximo ano. O que está a atrasar as linhas orientadoras é a avaliação dos modelos que seriam viáveis a circular pela cidade. As viaturas novas já estão debaixo de olho, com a promessa da DSPA de reforçar o controlo dos automóveis novos quanto às normas de emissão de gases poluentes. Outra das queixas mais co-
mum a chegar até ao Executivo é a emissão de gases por partes dos restaurantes locais. Segundo o organismo, 80% das reclamações referem-se aos fumos negros e oleosos que os estabelecimentos expelem, especialmente pelos restaurantes de take-away nos rés-do-chão dos edifícios residenciais. “A DSPA procede, em cooperação com as instituições cientificas, à pesquisa sobre esses estabelecimentos como alvo prioritário, fazendo abordagem sobre as medidas ou técnicas de tratamento que possam minorar o impacte causado por este tipo de poluição, com vista a assegurar a vida dos habitantes”, afirmou o director dos serviços. Para este caso, os resultados preliminares do estudo estarão disponíveis ainda este ano. – V.A.
IACM trabalha há três anos em diploma
Lei dos animais a caminho O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) está, desde 2007, a trabalhar numa legislação que irá regular a posse dos animais. Numa resposta à interpelação do deputado José Pereira Coutinho, Lei Wai Nong, presidente substituto do Conselho de Administração, avançou que a proposta já esteve em consulta pública durante um mês há três anos e que agora se tem trabalhado no aperfeiçoamento do texto. “Está-se na fase de elaboração de uma
síntese das diversas situações para uma consideração global, para depois se solicitar a sua entrada rápida no processo legislativo”, garante o responsável. Quando entrar em vigor, a lei promete “assegurar os direitos e interesses dos animais” de todos os tipos – de estimação, competição, selvagens e até para experiências. “Além de assentar os princípios gerais do tratamento a dispensar aos animais, as responsabilidades e deveres dos seus possuidores, enumera uma
série de medidas de salvaguarda do interesse público e da segurança pública, determina as condições para a emissão das licenças de posse de animais e define a fiscalização, a gestão e o regime sancionatório”, explica Lei Wai Nong. Em Junho, Pereira Coutinho questionou o Governo sobre a aplicação da lei e acusou o IACM de não ter “materializado esse dever de modo minimamente satisfatório”. “Durante muitos anos, o IACM, quer por acções, quer por omissões, quase nunca quis saber das ocorrências diárias de violações contra os mínimos direitos dos animais, muitos deles cometidos num ambiente de quase total crueldade e impunidade”, denunciou o deputado. – V.A.
Clube Militar acolhe Festival de Gastronomia e Vinhos Portugueses
Comes e bebes à boa maneira portuguesa O Clube Militar de Macau acolhe entre 13 e 28 de Novembro mais um festival de gastronomia e vinhos de Portugal, um evento que já é tradição no clube desde Dezembro de 1999. Na edição 2010 do Festival, além dos importadores locais que apoiam a instituição na mostra de vinhos, dos brancos aos roses, passando pelo moscatel e pelos espumantes, o restaurante do Clube Militar vai receber os pratos confecciona-
dos pelos chefes Marco Gomes, proprietário do restaurante “Foz Velha”, e Luís Américo, dono do restaurante “Mesa”, ambos na cidade do Porto. Ao longo das duas semanas do Festival os dois chefes vão percorrer a gastronomia e a doçaria portuguesa de norte a sul do país numa mistura de costumes de sabores variados. O restaurante do Clube Militar de Macau é uma referência da gastronomia portuguesa reconhecida pelo Guia Michelin.