Hoje Macau • 2010.08.13 #2188

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Quatro artistas de Macau vão até Taiwan mostrar as suas obras na “Art Taipei 2010” página 11

tempo aguaceiros isolados min 26 max 33 humidade 55-90% câmbios euro 10.3 baht 0.25 yuan 1.19

hojemacau Mop$10 Director carlos morais josé • sexta-feira 13 de agosto de 2010 • ANO IX • Nº 2187

Entrevista Cônsul-Geral de Angola em Macau

António mil-homens

“Macau é um dos centros da Lusofonia”

O território vai continuar a desempenhar um papel importante, no contexto dos os países de língua portuguesa, considera Rodrigo Pedro Domingos, cônsul-geral de Angola em Macau, que destaca, em entrevista ao Hoje Macau, o relacionamento “sério, correcto e honesto” entre a China e o seu pais, hoje em dia o maior fornecedor de petróleo a Pequim. >Páginas 18 e 19 pub

Presidente da FM

Relações luso-chinesas são caso único • P.2

Política

Pereira Coutinho diz que foi censurado • P.5

Jogo

Sands critica política laboral do Governo • P.6

Agência Comercial Pico • 28721006 pub


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2 A Fundação Macau pretende reforçar as parcerias com entidades lusófonas para promover o intercâmbio luso-chinês, considerado pelo novo presidente da instituição, Wu Zhiliang, o melhor exemplo de cooperação entre povos, que a região tem responsabilidade de perpetuar. Wu Zhiliang salientou ainda que as indústrias culturais e criativas poderão transformar-se num pilar da economia de Macau, se os empresários perceberem a importância do factor histórico-cultural da região e aliarem esforços com os artistas, defende o presidente da Fundação Macau. Em entrevista à Lusa, o novo presidente do conselho de administração da Fundação Macau, Wu Zhiliang, doutorado em História, defendeu que “até hoje, como historiador, não encontrou melhor exemplo de intercâmbio do que o luso-chinês”. “Os conflitos entre nações, culturas e religiões têm origem na cultura. É o entendimento, a tolerância, a mútua confiança e a cooperação que são os valores fundamentais para o seu relacionamento”, de que é exemplo o intercâmbio luso-chinês, iniciado pelos portugueses em Macau há mais de quatro séculos, observou. Enquanto plataforma entre a China e a lusofonia, reconhecida pelo governo chinês, “Macau não vive nem trabalha sozinho e tem responsabilidade de promover o intercâmbio luso-chinês”, defendeu Wu Zhiliang. “A lusofonia tem as suas raízes em Macau, onde uma comunidade portuguesa permanece com grande dinâmica. E tanto o Governo como a sociedade civil apoiam o intercâmbio entre a China e os países lusófonos, que têm tido influência nos países vizinhos”, disse referindo-se ao interesse crescente pela aprendizagem do português por diferentes países e regiões asiáticas. O novo presidente da Fundação Macau considera que a instituição “precisa de encontrar mais parceiros nos países lusófonos” para promover a identidade de Macau e o intercâmbio cultural luso-chinês. Intercâmbio

Neste contexto, “a Fundação Oriente poderia ser um parceiro privilegiado”, apontou Wu Zhiliang, salientando a edição e tradução de obras em português e chinês, a organização de exposições e outras iniciativas culturais em Macau e Portugal, como actividades em que as duas instituições poderiam cooperar. A edição em português, a par

actual Presidente da FM elogia comunidade portuguesa

Um caso exemplar

da tradução de obras de português para chinês e vice-versa, é, de resto, uma das grandes apostas de Wu Zhiliang. “Temos conversado com o Instituto Cultural e o Instituto Português do Oriente para promovermos mais actividades editoriais em língua portuguesa e outras iniciativas culturais”, disse o responsável, acrescentando que a Fundação Macau vai, com aquelas instituições, lançar uma coleção em inglês sobre a história e cultura de Macau. O reforço da investigação científica e académica sobre a história e cultura de Macau é outro objetivo da Fundação Macau, que conta com mais de 100 obras publicadas. A instituição planeia ainda lançar, em 2011, um projeto de

salientando que o desenvolvimento das indústrias criativas “está ainda numa fase inicial”. “Tenho confiança que as indústrias criativas possam vir a ser um outro pilar do desenvolvimento económico de Macau”, realçou, ao considerar que o “Governo está a apostar no caminho certo, ao decidir criar um fundo para esse efeito”. A Fundação Macau, por seu lado, está disponível para “apoiar estas iniciativas”, garantiu. Wu Zhiliang observou que o jogo, o principal motor da economia local com receitas em crescendo, “tem permitido à Fundação Macau (que beneficia de 1,6 por cento das receitas globais das seis concessionárias) desenvolver mais acções, na área cultural e no desenvolvimento de algumas indústrias criativas”. AFundação subsidia actualmente, através das receitas do jogo, 750 associações, dispondo este ano de cerca de 1.500 milhões de patacas (146 milhões de euros) para subsídios, mas perante as 4400 associações existentes em Macau, que Wu Zhiliang

“A lusofonia tem as suas raízes em Macau, onde uma comunidade portuguesa permanece com grande dinâmica. E tanto o Governo como a sociedade civil apoiam o intercâmbio entre a China e os países lusófonos, que têm tido influência nos países vizinhos” digitalização das fontes da região, designado “Memória de Macau”, para tornar acessíveis ao público documentos como os arquivos da Diocese de Macau, incluídos em março no registo “Memória do Mundo” da UNESCO. “É difícil encontrar outra cidade, dada a dimensão de Macau, que tenha publicado tantas fontes e arquivos”, realçou Wu Zhiliang ao defender que o “maior valor da existência e sobrevivência da região é o fator cultural, o seu legado histórico e cultural”. União de esforços

“A história e a cultura única de Macau são vantagens do território”, observou ainda o presidente da Fundação Macau, Wu Zhiliang, ao sublinhar que o território enfrenta, porém, um dilema: “Os artistas não têm o instinto empresarial, e os empresários ainda não perceberam a importância do factor históricocultural no desenvolvimento das indústrias”, disse. Para o responsável, o “primeiro passo é fazer os artistas e empresários entenderem que, se unirem esforços, podem fazer muita coisa”,

justifica com o “espírito de abertura da sociedade civil”, a fundação “tem recebido cada vez mais pedidos”. “Vamos criar, em 2011, um mecanismo para melhor analisar a aplicação e resultados da atribuição de subsídios, e os projectos e programas que tenham maior impacto e utilidade para a sociedade vão continuar a receber”, garantiu. “Temos de salientar a partilha de direitos e deveres. As associações, como a fundação, estão a gerir dinheiros públicos e têm o dever de aproveitar bem esse meio”, sustentou o responsável. A educação continuará a ser privilegiada ao nível dos subsídios, uma vez que se trata da área “mais importante para o desenvolvimento do território, que registou (com o apoio da fundação) um grande progresso: Há dez anos apenas oito ou nove por cento da população tinha o ensino superior, hoje a taxa é de 16 ou 17 por cento”, disse. Mas Wu Zhiliang alerta que Macau “precisa não só de preparar as suas gentes, mas de ter um intercâmbio mais intenso com os países do exterior para a construção” da região. - LUSA


O governo criou um Conselho, Comissão, ou coisa que o valha, para a questão das indústrias culturais. São 30 luminárias por convite mais 13 por inerência de cargos, ao que parece. Lida a lista e sabendo-se que reunirão duas vezes por ano, ficamos com a clara impressão de alguém anda aqui a brincar aos governos. Cria-se, portanto, mais uma entidade para não fazer absolutamente nada e dar a impressão de que se fez alguma coisa. Bravo! Vê-se que o governo de Macau leu o seu Salazar. Carlos Morais José P. 23

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Google quer retomar funcionamento do Street View em Macau

Quem te View e quem te vê A Google enviou uma carta ao Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), a pedir autorização para retomar a captação de imagens no território para os seus serviços de Street View – uma espécie de navegação virtual pelos espaços urbanos em que se pode ver imagens fotográficas dos locais. Citado pelo jornal de língua inglesa “Macao Post Daily”, um porta-voz do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais da RAEM revelou que o gigante da Internet solicitou autorização para reiniciar a operação “num dado momento este ano” durante um período de 46 semanas, ao que o Executivo da RAEM não parece disposto a dar “luz verde”, tendo em conta uma investigação em curso sobre a alegada violação de privacidade implicada nessas actividades. À distância de um clique no rato, este serviço online agregado ao Google Maps permite aos utilizadores disporem de vistas em 360 graus de uma rua. No

entanto, o ambicioso projecto tem sido marcado por dúvidas quanto à violação de privacidade, motivo pelo qual a Google emitiu um pedido público de desculpas

em Maio deste ano, admitindo que os veículos que executam a recolha de dados, através do “scan” das ruas em várias cidades do mundo, acidentalmente

acabavam por receber dados de cariz privado. O controverso programa Street View da Google levou os governos em todo o mundo a lançar investigações sobre as suas operações de recolha de imagem. Em Macau, os serviços do Street View só cobrem por enquanto zonas no centro da cidade e a ponta Sul da península de Macau. O Gabinete de Protecção de Dados Pessoais efectuou investigações sobre as actividades da Google, seguindo o exemplo das autoridades da vizinha Hong Kong no início do ano. Se a Google for autorizada a voltar a Macau, terá de garantir o cumprimento das leis de privacidade locais, incluindo a legislação que requer que qualquer um que deseje levar dados pessoais de quaisquer cidadãos de Macau para fora das fronteiras do território tenha de pedir formalmente uma autorização ao Gabinete de Protecção de Dados Pessoais, avisou o portavoz do gabinete.

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Bebés com Sangue cor-de-rosa surpreendem cientistas na China Análises efectuadas a três bebés do sexo feminino, nascidos na região de Hubei, na China, com idades de quatro, nove e quinze meses, e que apresentavam um desenvolvimento prematuro dos seios, revelaram uma taxa demasiado elevada de hormonas femininas, de acordo com a imprensa local. As três meninas foram alimentadas com leite em pó do mesmo lote de uma marca conhecida no país, a Synutra International. Em entrevista à imprensa local, Deng Xiaogun, mãe de um dos bebês, disse que os seios de sua filha estavam do mesmo tamanho dos de uma jovem de 12 anos, levando a mãe a suspeitar de um tumor. O Ministro da Saúde da China já alertou a população para o consumo do produto. Aempresa divulgou um comunicado afirmando que não usa substâncias ilegais nos seus produtos e que a maior parte da matéria prima usada para a produção do leite é importada da Nova Zelândia, pela empresa Fonterra. Também esta semana, na região de Hubei, na China, um bebé prematuro surpreendeu os médicos, quando lhe foi extraído sangue para análises e se verificou que as amostras eram cor-de-rosa, ao invés do vermelho comum.

Aviso Relativamente ao aviso sobre a admissão de dois assistentes técnicos administrativos de 2.ª classe, no âmbito da manutenção de veículos (referência n.º 02008/04-ATA), publicado nos dias 29 e 30 de Junho de 2010, uma vez que estes Serviços necessitam de avaliar novamente o conteúdo funcional do lugar objecto do referido concurso, avisa-se que o respectivo processo de admissão é anulado, sendo os interessados notificados por estes Serviços através de ofício. Aos 12 de Agosto de 2010 O Director dos Serviços, Lei Chin Ion

Lote 5 e 6 | Sands novamente atrasada A Las Vegas Sands revelou que a abertura dos seus novos projectos no Cotai Strip irá sofrer novos atrasos, de acordo com declarações à Reuters de Michael Leven, director-executivo da Las Vegas Sands. A empresa admite agora que a conclusão dos trabalhos da extensão do seu resort no Cotai Strip poderá concretizarse apenas no quarto trimestre de 2011. A construção dos dois projectos, designados por lote 5 e 6, foi interrompida em 2009, devido a dificuldades da empresa em obter o financiamento necessário para a sua conclusão, ao mesmo tempo que investia num casino em Singapura. Na altura, a inauguração desse mega-resort, programada para Junho de 2011, foi adiada para o terceiro trimestre desse ano. Com a interrupção dos trabalhos de construção dos lotes 5 e 6, cerca de 5 mil trabalhadores da construção civil foram despedidos.


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Filhos da panda japonesa são caso raro Dois filhotes gêmeos da panda gigante Rauhin nasceram num parque da província de Wakayama, centro do Japão, dois anos depois do nascimento de outras duas crias da mesma mãe. Rauhin, de dez anos, deu à luz na quarta-feira um macho de 158 gramas e uma fêmea de 123 gramas, nascidos com 19 minutos de diferença, segundo o site do parque Adventureworld. Ainda não foram escolhidos os nomes dos filhotes, que chegaram ao mundo quase dois anos depois de Rauhin ter, no mesmo parque, os seus primeiros dois gêmeos, Meihin e Eihin. Nos dois casos a panda gigante foi fertilizada por métodos naturais.

Cruz Vermelha arrecada mais de um milhão de patacas para vítimas

Ajuda de Macau para Gansu Um total de 1,3 milhões de patacas foi quanto a Cruz Vermelha de Macau conseguiu reunir junto a grupos cívicos e empresas locais para enviar em auxílio às vítimas dos deslizamentos de terras na província de Gansu, na China Continental. O Governo da RAEM anunciou ontem que doou 50 milhões de yuans para apoiar os trabalhos de assistência às vítimas dos deslizamentos. De acordo com a Cruz Vermelha, no âmbito da acção de caridade já foram encaminhadas 300 mil patacas do seu fundo de emergência para operações de socorro em catástrofes, para o concelho de Zhouqu, na província de Gansu, após a ocorrência dos deslizamentos de terras, o mais mortal em décadas em toda a China. As doações vieram sobretudo pub

da Federação das Associações Sindicais de Macau, da Associação dos Retornados Chineses Ultramarinos de Macau e da Jin Long, um comerciante local de electrodomésticos. As chuvas torrenciais de sábado à noite provocaram uma avalanche de lama e detritos que atingiu em força a sede do con-

celho de Zhouqu no domingo de manhã, arrancando várias casas às suas fundações e rachando ao meio prédios de vários andares. Os últimos números indicavam um total de 1117 mortos, com 627 pessoas ainda desaparecidas. A Cruz Vermelha de Macau enviou 300 mil patacas à sua ho-

móloga de Gansu, verba que será usada para comprar mantimentos, como comida e água potável, enquanto as doações recebidas serão usadas na reconstrução pósdesastre, informou Wong Yue Kai, presidente do conselho central da Cruz Vermelha de Macau. Além dessa instituição, o Gabinete de Ligação do Governo Central Popular na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) também recebeu um montante de um milhão de dólares de Hong Kong (1,01 milhões de patacas) de Hu Shunqian, um empresário local, para as vítimas dos deslizamentos de terras. Entretanto, em Hong Kong, o Governo da RAEHK aceitou sugestões do seu comité de aconselhamento para o Fundo de Socorro a Desastres para enviar 3,1 milhões de yuans (3,6 milhões de patacas) para Gansu e também para os afectados pelas cheias na província de Sichuan, sendo que mais de 2,4 milhões serão doados às vítimas dos deslizamentos de terras de Gansu.

Pequim | Ginástica ao som de música Milhares de empregados pequinenses retomaram a rotina de exercícios físicos colectivos e obrigatórios com acompanhamento musical, no seu local de trabalho, após uma interrupção de três anos, anunciou esta semana a Imprensa estatal chinesa. O ritual, que tinha começado em 1951, em pleno maoísmo, foi interrompido durante os preparativos dos Jogos Olímpicos na capital. Segundo as autoridades, quatro milhões de empregados praticam os exercícios acompanhados de música divulgada pela rádio, em dois períodos diários, às 10h00 e às 15h00, referem o Global Times e o China Daily. A Federação de Sindicatos de Pequim quer que a ginástica de oito minutos se torne também obrigatória nas empresas públicas a partir do ano que vem e que 60 por cento dos empregados e operários da cidade participem. Cerca de 5.000 novos instrutores estão a ser formados e vão inscrever-se no programa de 10 anos, lançado ano passado pelo governo chinês, para melhorar a saúde de uma população mais e mais sedentária e exposta à obesidade e ao stress.


política Al levanta dúvidas ao regime da carreira médica, mas não se opõe à nova lei

Muita parra, pouca uva hojemacau@yahoo.com

Depois de dois meses de guerra aberta, os médicos perderam a batalha. O novo regime da carreira médica foi ontem aprovado na Assembleia Legislativa (AL) e estará pronto para entrar em vigor nos próximos meses. Os deputados iniciaram o debate a apontar falhas no diploma e a demonstrar algum descontentamento por a legislação ter ignorado os anseios da classe. Alguns mostraram ainda dúvidas sobre a auscultação pública efectuada antes da redacção da lei e chegaram a questionar Cheong U, secretário para o Assuntos Sociais e Cultura, se o processo de recolha de opiniões chegou mesmo a acontecer. Cheong U pouco falou e restou ao director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, desdobrar-se para responder às questões dos deputados. O secretário apenas agradeceu a disponibilidade dos membros da especialidade por terem trabalhado “arduamente” para concluir o parecer à velocidade da luz. Kwan Tsui Hang perguntou se a 3ª Comissão Permanente terá tido tempo suficiente para debruçar-se a fundo sobre a proposta. Mas uma vez que o leite já estava entornado, pediu ao Governo para lançar um plano que resolva os conflitos provocados pela alteração da lei.

O presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), José Pereira Coutinho, interpretou um gesto de Florinda Chan, ao interromper o seu discurso crítico quanto ao diploma de apoio judiciário, numa reunião com associações sindicais da Função Pública, como censura. E não hesitou em bater com a porta. O também deputado da Assembleia Legislativa (AL) foi convidado a participar numa reunião com a secretária para a Administração e Justiça e com representantes de outras 20 associações da função pública, há duas semanas, para analisar a proposta de lei que está a ser apreciada na 1ª Comissão Permanente da AL. Segundo Pereira Coutinho, o encontro foi convocado, basicamente, “para a secretária obter

Já Melinda Chan e José Pereira Coutinho quiseram saber de que maneira o Governo procedeu a auscultação dos médicos e também da população em geral. “Há muitas opiniões contrárias à lei. Espero que as próximas auscultações sejam mais amplas e gostava de saber até que ponto as opiniões recolhidas foram levadas em consideração”, apontou Melinda. José Pereira Coutinho foi mais duro na sua intervenção e pôs em dúvida o esquema de auscultações. Mostrando uma das cartas abertas dos médicos publicadas no jornal chinês Ou Mun, o deputado lembrou que dois terços dos profis-

sionais dos Serviços de Saúde não concordam com a lei, o que o levou a pensar no que aconteceu. “Pode ter havido aqui uma falsa auscultação. Os médicos esperaram dez anos por um novo regime e a verdade é que não houve margem para melhorias. O Governo faz muitas auscultações, mas não divulga actas, o que nos deixa às escuras. Parece que é só propaganda. Onde foram parar as opiniões dos médicos?”, atacou Pereira Coutinho. O Governo não esclareceu as questões sobre a recolha de opiniões levantadas no hemiciclo, nem quis apresentar ideias para

a concretização de medidas que aclamem os ânimos dos médicos da saúde pública. Deputados como Lam Heong Sang, Tong Io Cheng, Ng Kuok Cheong e Chan Wai Chi também lembraram a desmotivação da classe médica perante a proposta de lei e engrossaram o coro de que é preciso proceder a mudanças para elevar o nível do sistema de saúde pública. A dúvida sobre a abertura dos concursos públicos – a lei diz que devem ser abertos no prazo máximo de dois anos após a abertura de uma vaga -, a exclusão dos contratos individuais de trabalho das

kahon chan

Vanessa Amaro

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5 retroactividades salariais e o facto dos médicos terem de trabalhar 45 horas semanais, em vez das 36 estabelecidas para a função públicas, também vieram à tona. No entanto, quando chegou a hora de carregar no verde para indicar concordância com os artigos, os deputados não hesitaram. A carreira médica foi aprovada com unanimidade, com excepção dos artigos 22º (sobre regimes de prestação de trabalho, um voto contra), 31º (remuneração do pessoal de direcção, um contra e uma abstenção) e os entre 42º e 47º, com uma abstenção. Saúde renovada

As outras cinco propostas de lei da área da saúde também foram a votos na tarde de ontem. Todas foram aprovadas, sem grandes percalços. A proposta relacionada com as carreiras dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica passou por unanimidade e a dos Técnicos Superiores de Saúde só se defrontou com um voto contra e uma abstenção no artigo 34º. Já o diploma sobre as carreiras dos Inspectores Sanitários foi o que teve o maior número de votos desfavoráveis – quatro contra e quatro abstenções referentes ao artigo 19º sobre o regime de transição. A carreira dos Auxiliares de Saúde foi aprovada em tempo recorde e não encontrou obstáculos em nenhum ponto. Os deputados despediram-se assim desta sessão legislativa e voltam ao trabalho em meados de Setembro, a menos que algum episódio urgente os faça serem convocados para uma reunião extraordinária no hemiciclo.

Pereira Coutinho explica porque abandonou reunião com a secretária para a Administração

“Florinda Chan cortou a minha palavra” apoio para o projecto do Governo avançar”. O presidente da ATFPM foi o primeiro a ter o direito à palavra e não poupou críticas à proposta de lei. “Na minha intervenção, critiquei os artigos 1º e 4º, que, no meu ponto de vista, estão mal.” No entanto, Pereira Coutinho não conseguiu acabar de expressar a sua ideia. “A meio do meu discurso, Florinda Chan cortou a minha palavra.” O deputado diz que se sentiu desrespeitado e abandonou a reuniao. “Levantei-me e fui embora, porque achei que o meu papel já estava cumprido. Fui censurado pela secretária”, acusa ao Hoje Macau.

De qualquer forma, o deputado da ATFPM afirma ter tirado partido da sua saída prematura do encontro. “Valeu a pena não ter ficado, porque havia jornalistas à porta da sala da reunião e eu tive a oportunidade de lhes falar antes dela.” Apoio

Durante a sua campanha eleitoral para deputado da AL, Pereira Coutinho foi um dos grandes apoiantes da criação de uma legislação que facultasse dinheiro do erário público para os trabalhadores da Administração se defenderem em tribunal. O responsável pela ATFPM discorda

que não esteja a ser coerente, ao criticar agora o diploma. “ É verdade que defendi sempre a criação de legislação sobre o tema. Mas, em vez de peixe, a lei saiu um tubarão. O Governo transformou o diploma num monstro, fazendo com que o Chefe do Executivo e os secretários possam ter acesso também ao fundo. E eu não sei porque precisariam de recorrer a auxílio. Antes e depois da transferência, um governador ou um Chefe do Executivo nunca tiveram problema em arranjar dinheiro para demandar ou ser demandado.” Representado, como afirma, cerca de 12 mil trabalhadores da

Função Pública, José Pereira Coutinho relega para segundo plano o facto de nenhuma das outras associações se terem oposto ao diploma sobre apoio judiciário para funcionários. “Todos eles apoiam a lei, mas é normal que assim o seja. Quando o Chefe do Executivo é eleito por 300 pessoas e só 12 deputados entram para a AL, é normal que as associações dependam de subsídios do Governo para sobreviver. São pequenas associações que se limitam a fazer uns biscates aqui e acolá à custa de subsídios, sem defender os direitos dos seus membros.” - V.A.


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sociedade

Empresa critica legislação de importação de mão de obra

Sands com falta de trabalhadores A operadora de jogo Sands China recrutou 1300 trabalhadores para reiniciar as obras em Macau, quando precisava do dobro, lamentou ontem o presidente executivo interino ao sublinhar confiança na flexibilização da política de importação de mão de obra. “Temos actualmente 1300 trabalhadores, a maioria locais, (nas obras da zona de casinos do Cotai), quando precisávamos do dobro”, disse o presidente executivo interino da Sands China, Michael Leven, num encontro com jornalistas em Macau, ao acrescentar que numa fase mais avançada “serão mesmo necessários cerca de 10 000 trabalhadores”.

Para garantir o emprego aos locais, o executivo de Macau definiu que por cada trabalhador da construção civil contratado ao exterior terá de ser recrutado um local, uma política que está a dificultar o avanço das obras pelas operadoras de jogo, que vêem o recrutamento de mão de obra dificultado num território com uma população estimada em 544 mil pessoas. “Penso que o governo fará o que tem de fazer para nos ajudar a conseguir os trabalhadores de que precisamos”, disse Michael Leven ao reafirmar os planos da operadora de concluir a primeira fase do empreendimento, que abrange um casino com 670 mesas

e 2200 “slot machines” e três hotéis das marcas “Shangri-La”, “Sheraton” e “Traders”, no terceiro trimestre de 2011. As obras dos lotes cinco e seis do Cotai serão desenvolvidas em três fases até 2014 numa área em frente aos empreendimentos “Venetian” e “Four Seasons”, também detidos pela Sands, sendo que a primeira fase tem um investimento calculado em 2000 milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros). A Sands China, subsidiária da norte-americana Las Vegas Sands com uma concessão de jogo em Macau, reiniciou em Março as obras no Cotai, segundo pub

Michael Leven, depois de terem estado suspensas desde Novembro de 2008, em sequência do impacto da crise financeira, que levou a empresa a despedir cerca de 11 mil operários. Hoje, Michael Leven reconhece como um “erro a não repetir” o facto de a empresa ter iniciado a construção no Cotai sem ter antes conseguido o financiamento necessário. “Poderíamos ter feito melhor em questões básicas”, constatou. O responsável apresentou hoje à imprensa os dois novos quadros da empresa - Edward Tracy, presidente e diretor-executivo, e David Sisk, vice-presidente executivo e director de casino -, depois da demissão de Steve Jacobs do cargo de presidente e director executivo, e anunciou que, até ao final do ano, será contratado um novo presidente executivo. A Sands China negoceia também uma nova contratação do escritório do advogado Leonel Alves para representar a empresa, que o também deputado confirmou à Agência Lusa como um “interesse mútuo”. O escritório de Leonel Alves representou a Sands China no último ano e meio, tendo deixado de o fazer em Fevereiro, por razões que o advogado não quis adiantar.

China | Plataforma antecipa modelo da Microsoft

Clone do Kinect lançado

Após a proibição de ser comercializado na China, como acontece com qualquer outro aparelho estrangeiro de jogos electrónicos, o Kinect agora vai ganhar um clone naquele país. Comerciantes do mercado “alternativo” chinês vão passar a vender o “eBox”, um sistema que imita a plataforma da Microsoft ao permitir jogar sem a necessidade de qualquer tipo de controle, apenas por reconhecimento de gestos corporais. De acordo com uma nota no site Chinagame.178.com, a companhia Beijing Eedoo,

produtora do inusitado clone, planeia lançálo no próximo mês de Novembro. Segundo informações do site Kotaku, o eBox irá oferecer entretenimento livre do uso obrigatório de joysticks ou quaisquer outros acessórios para jogos. Além de opções para configuração de partidas, os movimentos do jogador serão detectados através de uma câmara autónoma, tal como acontece com o Kinect. O Kinect está vai ser lançado a 4 de Novembro nos Estados Unidos, a um preço unitário de 150 dólares americanos, cerca de 1500 patacas.


Associação dos macaenses elegem lista única As eleições dos órgão sociais para o biénio 2010-2011 da Associação dos Macaenses realizaram-se no passado dia 31 de Julho deste ano. Foi eleita por unanimidade a lista única com a seguinte composição: Mesa da Assembleia Geral -Ppresidente: Ambrose Sou Siu Fai 1º Secretário: Alfredo Sales Ritchie 2ª Secretária: Elfrida Botelho dos Santos. Direcção -presidente: H. Miguel de Senna Fernandes ,vice-presidente: Margarida Leão Estorninho, vice-Presidente: Isabel Rosa Duque secretária: Paula Cristina Pereira Carion, Ttesoureiro: António Augusto Carion. Conselho Fiscal-presidente: Carlos Alberto Salvador dos Santos Ferreira vogal: João Maria Castro Ribas da Silva, vogal: Carla Rodrigues Luz da Silva. A tomada de posse terá lugar na sede social, no dia 21 de Agosto de 2010, pelas 18H00.

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Almeida Ribeiro vai manter-se restrita aos domingos, por mais seis meses. Lojistas queixam-se

Trânsito permanece condicionado O corredor exclusivo para transportes públicos da Avenida Almeida Ribeiro durante domingos e feriados funcionou durante cerca de três meses a título experimental. Segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), o fluxo médio de veículos naquela artéria, durante esse período foi reduzido em mais de 20% em comparação com o fluxo registado nos mesmos dias antes da implementação da medida. Sobre a situação rodoviária naquela zona, os cidadãos manifestaram-se positivamente em relação às medidas tomadas. Num inquérito realizado pela DSAT, 40% dos inquiridos apoiam a implementação permanente do corredor exclusivo para transportes públicos, contra 30% que são contra a iniciativa por considerarem, na essência, que as medidas são pouco efectivas e inconvenientes. Para aprofundar mais os estudos, a DSAT vai estender por mais seis meses o funcionamento experimental e introduzir medidas de melhoria, de acordo com as opiniões e sugestões recolhidas. O balanço dos primeiros seis messes da experiência foi apresentado ontem numa conferência de imprensa onde marcaram presença o director da DSAT, Wong Wan, bem como o chefe de Departamento de Gestão de Tráfego, Lo Seng Chi, e a chefe de Divisão de Fiscalização, Chong Wai Sun. A DSAT começou a implementar em 16 de Maio, a título experimental, o corredor exclusivo para transportes públicos da Avenida Almeida Ribeiro durante domingos e feriados, altura que foi condicionada a entrada dos veículos particulares no troço entre a Rua Central e a Rua dos Mercadores, das 11h00 às 20h00. Para avaliar o resultado das medidas, a DSAT efectuou um levantamento do fluxo de veículos e um inquérito aos cidadãos an-

tes e durante o período de experiência e acompanhou de forma permanente o processo através de estudos. O inquérito abrangeu os lojistas instalados ao longo da Almeida Ribeiro e da zona periférica e os cidadãos que frequentaram aquele troço de via pública durante os domingos e feriados. Do estudo de acompanhamento foram obtidos 845 inquéritos válidos, dos quais 595 são de cidadãos e 250 de lojistas. As informações indicam que durante o período de aplicação das medidas o fluxo diário médio de veículos da Avenida de Almeida Ribeiro foi de 8911, registando-se uma redução de 21,9% comparativamente ao mesmo período de feriados e domingos antes da sua implementação e também uma redução de 40% em relação ao fluxo médio de veículos nos dias normais. O fluxo de motociclos e veículos particulares sofreu uma redução significativa enquanto que o de autocarros foi praticamente igual e o de táxis registou um ligeiro aumento. Quanto às vias periféricas, não se verificou nenhum congestionamento durante a implementação experimental e o fluxo de veículos foi menor do que nos dias úteis. Lojistas menos optimistas

Por outro lado, depois da implementação das medidas, os cidadãos manifestaramse positivamente em relação à situação rodoviária da Avenida Almeida Ribeiro.

Antes da implementação do plano, 48,7% dos inquiridos consideravam que a situação rodoviária era caótica ou bastante caótica. Depois da implementação o número dos inquiridos que consideraram a situação caótica ou bastante caótica sofreu uma redução de 32,1%. Os inquiridos que consideraram que a disciplina do trânsito é melhor do que há meio ano representaram 42,8% enquanto apenas 10% considerou que está pior. O inquérito mostra que 40,3% dos inquiridos apoiam a implementação permanente do corredor exclusivo, mas 27,9% dos inquiridos são contra a medida. Por seu lado, os lojistas demonstraram menor grau de apoio e a expectativa quanto ao rendimento do projecto a longo prazo também é mais reduzida do que a dos restantes cidadãos. A razão pela qual os lojistas não apoiam as medidas reside principalmente no facto de a considerarem “inútil”, “inconveniente” ou “prejudicial aos negócios”. Quanto aos cidadãos que não apoiam a medida, justificam a sua opinião com o facto de a considerarem “inconveniente” ou de “pouca utilidade”. Segundo a DSAT, estes dados mostram que as medidas relativas ao corredor exclusivo têm ainda uma grande margem de aperfeiçoamento. Por isso, os serviços responsáveis decidiram estender por mais meio ano a aplicação

experimental das medidas. Desta vez vão porém ser tomadas medidas de melhoramento como a instalação de mais uma paragem de autocarros junto do Centro Cultural e Recreativo Kam pub

Pek, no sentido de escoar as actuais carreiras de autocarros. Tendo em conta que, após a implementação do corredor exclusivo se registou um aumento do número de táxis que frequentam a zona de tomada

e largada dos passageiros da Avenida de Almeida Ribeiro, a DSAT vai reforçar a sinalização e a regulação da espera dos passageiros destacando mais assistentes de trânsito para o local.


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Serviços públicos delegam competência em advogados

Por mais transparência nos processos disciplinares

Pereira Coutinho questiona se o governo da RAEM vai continuar a apoiar o actual sistema de atribuição a advogados locais da competência instrutória para os processos disciplinares. O deputado defende a continuação dessa prática porque, segundo afirma, é uma forma de permitir que os processos disciplinares instaurados aos funcionários públicos decorram com maior transparência e profissionalismo mas também com um mínimo de interferência por parte das chefias,

no caso de processos contra funcionários da administração. Numa interpelação dirigida ontem ao Executivo, o deputado também quer saber se, por outro lado, o governo vai ponderar a abertura de concursos públicos para a concessão de contratos de consultadoria que impliquem a instauração de processos disciplinares de modo a permitir que mais firmas de advogados possam prestar esse tipo de serviços. Pereira Coutinho assinala que, de acordo com as disposições constantes do estatuto dos trabalhadores da Função Pública, os dirigentes dos diversos serviços públicos podem ordenar processos de averiguações para detectar eventuais faltas ou irregularidades ocorridas nesses mesmos serviços, mas a maioria dos trabalhadores da função pública ignora essa disposição legal visto que grande parte das chefias prefere mandar instaurar de imediato processos disciplinares ou de inquérito.

Cônsul britânico pede medidas rápidas

Aqui fala-se pouco inglês O cônsul-geral britânico de Macau e Hong Kong afirmou que existe uma deficiência de informação disponível em inglês em Macau. Andrew Seaton referiu em entrevista ao Macau Daily Times que essa falta é um problema “na medida em que a economia está a crescer e a comunidade empresarial se internacionaliza”. Segundo acrescentou o

cônsul, apesar de saber que o governo do território está consciente do problema, desejaria que fossem tomadas medidas para enfrentar a questão “um pouco mais rapidamente”. Seaton também falou das prioridades em relação a Macau, com ênfase especial para a agenda económica e financeira. O cônsul britânico falou

ainda no crescente estreitamento de laços entre a Grã-Bretanha e Macau numa série de sectores incluindo as infra-estruturas, construção, arquitectura, jogo, indústrias criativas, administração de projectos, entre outras. O diplomata também sugeriu que as empresas de Macau poderiam utilizar o Reiono Unido como porta de entrada nos mercados europeus.


desporto Chama-se Tiago Manuel Dias Ferreira, mas no mundo do futebol assina pelo nome de Bebé. Há cinco meses era um perfeito desconhecido, a partir da semana passada passou a encher páginas de jornais um pouco por todo o mundo: o jovem de 20 anos foi anunciado como reforço do Manchester United. Para trás deixa uma história de conto de fadas, em que o melhor vem sempre a seguir. Natural do Cacém, foi descoberto pelo E. Amadora nos juniores do Loures. Assinou pelo clube da Reboleira, cumpriu a segunda época de juniores e foi promovido à equipa principal que na última época disputou a II Divisão. Uma temporada ao nível sénior bastou para despertar a cobiça de clubes maiores. Assinou pelo V. Guimarães, mas a verdade é que nem chegou a estrear-se pelo clube em jogos oficiais. Meia-dúzia de amigáveis bastaram para atrair os gigantes do futebol mundial. Cinco semanas depois, dá novo salto na carreira. Cinco semanas depois, aliás, está a encontrar-se com Alex Ferguson, que aproveitou a viagem a Portugal para se sentar à mesa com

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Manchester contrata mais um avançado português

Da rua para Old Trafford

o jovem avançado. Nesse instante ficou alinhavada a transferência para Old Trafford. Esta quarta-feira a mesma ficou concretizada e foi anunciada no site do Manchester United. Sem-abrigo

O conto de fadas, porém, não é tão breve assim. Vem muito de trás, de uma anunciada infância complicada. Bebé cresceu

Um golo de Ukra, aos 15 minutos, foi suficiente para a selecção portuguesa de futebol de sub-21 ganhar na Lituânia (1-0) e continuar a sonhar com o apuramento para o Euro2011. Na cidade de Marijampole, o extremo do FC Porto aproveitou um erro do guarda-redes lituano, na sequência de um pontapé de canto, e selou, de cabeça, a vitória de Portugal, num encontro em que a formação de Oceano Cruz realizou uma boa primeira parte, mas caiu muito na segunda. Nos últimos 45 minutos, Portugal mostrou-se preguiçoso e passivo e o guarda-redes Rui Patrício salvou mesmo a selecção lusa de sofrer o empate com duas excelentes intervenções. Este triunfo mantém Portugal na terceira posição do Grupo 9, mas agora 10 pontos, menos uma que a Inglaterra, próximo adversário na luta pela presença no Euro2011, na Dinamarca. Na frente da “poule” continua a Grécia, com 16 pontos, mas mais

na rua e chegou a representar a Selecção Nacional no Mundial dos sem-abrigo, há dois anos. Pelo meio passou pela Casa do Gaiato, onde viveu em miúdo com outros jovens sem estrutura familiar. Jorge Paixão, actualmente a treinar o Mafra, orientou Bebé no E. Amadora e diz, em declarações à Antena 1, diz que esse pormenor pode ter feito toda a diferença.

É um jogador que é fruto de futebol de rua, referiu o treinador. Hoje em dia os jogadores têm escola de formação dos clubes, ele não tem nada disso. É um jogador à moda antiga, aprendeu o que sabe na rua e tem aquela criatividade natural dele, um pouco irreverente e que faz a diferença. Improvisa muito bem, porque tem qualidade, e tem características que são

Selecção de sub-21 venceu a Lituânia

Apuramento à vista um jogo disputado. Oceano Cruz surpreendeu ao apostar na estreia a titular de David Simão, médio do Benfica que está emprestado ao Paços de Ferreira, mas apresentou o habitual “4-3-3”, com

Candeias e Ukra nas alas, no apoio ao ponta-de-lança Orlando Sá, num trio de jogadores ligados ao FC Porto. Na primeira parte, Portugal “secou” a selecção da casa, com

difíceis de encontrar num só atleta: é alto, tem bom jogo de cabeça, é tecnicamente evoluído e muito rápido. Também por isso Bebé chegou a ser dado como próximo do Real Madrid. O jornal Marca anunciou esta manhã, aliás, que Mourinho estava de olho no jovem português. À noite, Bebé foi confirmado no Manchester United. Segundo diz o Guardian, por indicação de Carlos

o comando da partida a meiocampo, com destaque para as boas exibições de André Santos e David Simão, enquanto Ukra e Candeiras mostravam-se muito activos na frente. Praticamente na primeira vez que Portugal chegou à área lituana, Ukra aproveitou o mau posicionamento do guarda-redes Cerniauskas e cabeceou para o primeiro (e único) golo da partida, após um canto do ‘canhoto’ Simão. Susto

Numa primeira parte de grande nível, o extremo do FC Porto esteve novamente perto de marcar. mas viu o seu remate ser bem defendido pelo guarda-redes da Lituânia, depois de uma boa jogada individual, aos 32 minutos. Perto de intervalo, David Simão quase brindou a sua estreia com um golo, mas foi impedido por Cerniauskas, que efectuou uma grande defesa a remate de fora da área.

Queiroz, que o terá apresentado a Alex Ferguson. Apontado como avançado, é sobretudo um jogador que gosta de jogar no apoio ao ponta-de-lança, aparecendo sobre uma ala ou mais pelo meio. Em Old Trafford vai lutar com a concorrência de Wayne Rooney, Chacarito Hernández, Berbatov, Owen e Macheda. Os grandes desafios, já mostrou, assentamlhe bem.

Quando se esperava que Portugal dilatasse a vantagem na segunda metade, a Lituânia regressou dos balneários mais atrevida e fez tremer o centro da defesa lusa, formada por Carriço e André Pinto, mas sempre sem perigo para Rui Patrício. Numa segunda parte sem grandes oportunidades de golo, e com Portugal a demonstrar dificuldades em criar jogadas de ataque, a Lituânia foi crescendo e fez entrar em cena o “salvador” Patrício. Aos 68 minutos, o guarda-redes do Sporting fez uma notável defesa num remate à queima-roupa de Chernykh e pouco depois fez uma defesa “impossível” a um cabeceamento de Fridrikas, após erro de João Aurélio, que entretanto tinha entrado para o lugar de Fábio Faria no lado esquerdo da defesa. Depois destes dois sustos, Portugal conseguiu conter os ataques da Lituânia até final e segurar o triunfo, num encontro em que a equipa de Oceano Cruz complicou o que parecia fácil.


FIFA pondera propostas tecnológicas

sexta-feira 13.8.2010

O International Board da FIFA já tem em agenda para o um encontro de Outubro a questão da tecnologia de linha de baliza. A garantia foi dada por Joseph Blatter, que falou de algumas das propostas que estarão em cima da mesa. «O sistema Cairos-Adidas disse que tinha algo mais simples e o grupo italiano apresentado pela Federação italiana disse que tinha um sistema que é absolutamente preciso», afirmou o presidente da FIFA esta quarta-feira, numa conferência em Singapura. O sistema Cairos, vulgarmente conhecido como bola com chip, já foi apresentado ao International Board, que sugeriu algumas alterações, mas depois não voltou a abordar o tema.

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desporto

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MTCC Corrida Hotel Fortuna já tem qualificados

Cinco portugueses apurados Sérgio Fonseca

hojemacau@yahoo.com

Cinco nomes portugueses foram apurados para a “Corrida Hotel Fortuna de Macau e Interport de Hong Kong” da 57a edição do Grande Prémio de Macau, de acordo com as classificações provisórias que Hoje Macau teve acesso. Depois de terem dominado os acontecimentos na Malásia, Jerónimo Badaraco, Sérgio Lacerda e Álvaro Mourato terminaram por esta ordem na frente da classificação geral da categoria N2000. Após as duas jornadas duplas do MTCC realizadas em Sepang e os três pilotos lusófonos, que entre si venceram três das quatro corridas, são os favoritos para manter o troféu para os “pilotos iniciados” de Macau e Hong Kong em casa. Graças a um primeiro

fim-de-semana produtivo, o veterano Rui Valente regressa ao Circuito da Guia, enquanto Célio Alves Dias, décimo sexto classificado, também se apurou. Menos felizes foram Hélder Rosa,

filho do “histórico” piloto local José Mariano Brito da Rosa, e Paulo Batalha, pois ambos ficaram à porta do apuramento. Os concorrentes qualificados para a grande corrida do mês de

Novembro terão agora que proceder com a sua inscrição de acordo com o regulamento da prova e pagar a inscrição obrigatória de 6,000 Patacas. O vencedor da corrida,

Italiano pode assinar contrato com Sporting já hoje

Corradi mais perto do leão

O ingresso do avançado italiano, Bernardo Corradi, no Sporting poderá conhecer em breve uma evolução importante. O seu actual clube, a Udinese terá chegado a acordo com o Nápoles para a transferência do argentino German Dénis, o que facilitará a saída de Corradi. Uma reunião entre responsáveis do Sporting e da Udinese deverá acontecer no começo da próxima semana, apesar de o director desportivo dos italianos, Fabrizio Larini, ter sido ontem lacónico em declarações à Rádio Renascença: “Ainda não fomos contactados directamente pelo Sporting. Só sabemos que o empresário do jogador terá recebido uma oferta da qual ainda não temos conhecimento,” As declarações do dirigente vão de encontro ao que havia dito ao

Record na edição de ontem: “O Corradi é nosso jogador e só quando recebermos uma proposta por ele a poderemos analisar.” No entanto, ninguém tem dúvidas, no clube e na cidade de Udine, no Norte de Itália, que Corradi tem um futuro muito difícil às ordens do treinador Francesco Guidolino, que só o colocou a jogar num encontro da pré-época. Segundo o jornal “Messaggero de Veneto”, de Udine, os presidentes da Udinese e do Nápoles já teriam chegado a acordo para a transferência do avançado argentino Dénis, mas nenhum dos dirigentes o confirmou publicamente. Ainda assim, uma declaração do presidente do clube napolitano, Aurelio di Laurentiis, levantou uma outra ponta do véu sobre a saída do argentino: “Dénis e o seu empresário só querem dinheiro e nós não os queremos mais cá”. Corradi dá o sim Bernardo Corradi manteve-se ontem em silêncio, mas as suas declarações ao Record são confirmadas pelo que a imprensa italiana fazia circular no dia de ontem: “Por mim, está tudo acertado com o Sporting. Só falta os clubes entenderem-se”, garantiu o avançado de 34 anos.

de acordo com o regulamento já publicado, terá este ano um “Prémio Monetário” de 10,000 Patacas. Em caso de alguma desistência no “Top18” macaense, os primeiros da lista de reserva são Lam

Hong Fai, vencedor da categoria de iniciados do MTCC em 2009, e Chan Man Fong, vencedor da Taça Hotel Fortuna em 2008, dois concorrentes que não se esperava que ficassem de fora. Entretanto, a Comissão do Grande Prémio de Macau conta este ano, novamente, com a colaboração da Federação das Associações dos Operários de Macau para a realização de um conjunto de actividades de sensibilização e promoção: “Dia do Grande Prémio de Macau 2010”, incluindo o sorteio do “Concurso de Perguntas e Respostas” e as competições “Redacções de Estudantes do Secundário”. Os bilhetes para o 57º Grande Prémio de Macau já estão à venda, com preços que oscilam entre as 50 patacas, nos dias de treinos, até às 900 patacas, nos dias das corridas, na cobiçada Tribuna da Curva do Lisboa.

Mantorras quer honrar a camisola do Benfica

À espera de oportunidade O jogador do Benfica Pedro Mantorras admitiu ontem que continua a trabalhar para merecer uma oportunidade na equipa de futebol e garantiu estar apto para jogar e para “honrar a camisola” do clube. “Treino todos os dias. Espero que chegue a minha hora de jogar, porque todos os jogadores gostam é de jogar. Como sempre disse, há-de chegar a hora do Pedro e só estou preocupado

em honrar a camisola do Benfica”, disse o avançado do “encarnados”. O jogador angolano falou aos jornalistas no Estádio do Restelo, onde assistiu ao encontro entre a “sua” Angola e o Uruguai, e garantiu estar apto para jogar, ao contrário do que tem sido dito. “Quando fui campeão em 2005, também estava inapto. Todos os médicos diziam que o Mantorras não iria voltar a jogar futebol, mas fui campeão e fui decisivo nessa época”, realçou o número nove das “águias”, afirmando que, apesar de não ter realizado qualquer partida na temporada passada, continua a fazer parte do plantel. A cumprir o último ano de contrato com o campeão nacional, o jogador diz que não está preocupado com a renovação, pois está apenas focado “em servir o Benfica e os sócios”, mas acabou por transparecer alguma tristeza com a actual situação que vive. “Quer as pessoas queiram ou não, eu sou um símbolo do clube e respeito os adeptos.”


cultura

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11 AFA NA “Art Taipei 2010”

Com um pé lá fora

Música “caliente” para dançar até mais não

Alguém pediu um Calipo? António Falcão

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São uma banda que cresceu em Taiwan, de características latinas, misturando vários músicos multifacetados, chegam agora à RAEM para dois concertos neste fim-de-semana, onde vão tocar os melhores sons do latin-jazz internacional repletos de arranjos exclusivos e alguns temas originais. Chamam-se Mandinga e vão inflamar o calor infernal do verão dos trópicos do sul da China e não precisam de protector solar. A cidade de Macau foi o local de encontro onde tudo começou, quando Victor Garnier e Martijn Vanbuel se encontraram no Festival Fringe de 2004 e começaram a dialogar com os seus instrumentos musicais, que sob a forma de percussão e teclas se fundiram na mesma cadência. Na altura eram apenas um espanhol, com uma costela do Haiti, e um belga que surgiam em exploração de um novo continente, à procura de um novo rumo, na margem precisa do território macaense. Mas o encontro, que tinha resultado em plena satisfação para ambas as partes, deixou uma série de vontades e uma janela aberta para

o que quer que fosse. O mesmo confronto seria repetido no ano seguinte. Mais tarde o processo seria recolocado em pista, quase por mero acaso, quando Martjin vindo de Xangai e Victor sempre com um pé em Macau, se juntaram de novo na cidade de

francês que embutiu o seu baixo na perfeição e Martin Kuo, um dos músicos mais requisitados localmente, que pegou na sua bateria como se estivesse numa ilha das Caraíbas. A partir daí tudo aconteceu rapidamente, a banda começou a tocar e muito em breve, os

Os Mandinga são Victor Garnier (Espanha), vocal / Congas Cyrille Briegel (França), Bass Martijn Vanbuel (Bélgica), Piano Suyeh (Taiwan), Bateria Concertos Sábado | 17:00 Anfiteatro do Carmo na Taipa • 22:00 | Blue Frog no Venetian

Taipé na grande ilha de Taiwan. Estávamos em 2007 e o nome achado para uma apresentação mais evidente foi o de “Cuarteto Iguana”, que trazia a referência ao calor que toda a sua música emanava. Para o quarteto existir juntaram-se Cyrille Briegel, um

ensaios foram agendados, e os espectáculos foram contabilizados com os Mandiga, a designação final, a percorrer os palcos de todo o Taiwan, num misto de música latina com sons de todo o mundo. Clubes típicos como o Grooveyard e o Groovecity, em

Taichung, e Safo e The Living Room, em Taipei, receberam o quarteto várias vezes com noites quentes de folia de fazer subir a temperatura do corpo de todos os presentes. E assim depois de espalhado o segredo por Taiwan, o público foi acedendo aos seus concertos em maior número frequentando os locais habituais das suas entusiásticas performances e dançando a música dos Mandinga. Victor acabaria por regressar a Macau e estabelecer-se deste lado do estreito, criando com Ray Granlund, um americano guatemalteco com quem já tinha colaborado anteriormente, a Solid Sounds, uma produtora que visa solidificar a cena musical no território. No entanto os Mandiga nunca deixaram de estar activos, continuando as suas digressões por Taiwan desde então, com um o ponto alto no Festival Internacional de Música Folk em Hengchun, no sul da ilha, um dos espectáculos de maior sucesso. Será que é preciso mais algum aliciante para ir dar uma olhadela e ver o que acontece? Se calhar ninguém sabe o que é um Calipo, mas pelo sim pelo não, o nome convida sempre a experimentar.

A Associação Art For All (AFA) vai estar na “Art Taipei 2010", entre 20 e 24 de Agosto. Este evento é uma feira internacional de arte organizada pela Associação de Galerias de Arte, o Conselho para Assuntos Culturais e o Conselho para o Desenvolvimento do Comércio Externo de Taiwan, sendo a feira de arte mais antiga da Ásia. No ano passado, durante os cinco dias da feira, atraiu mais de 50.000 visitantes de todo o mundo. Conseguindo um montante de trocas comerciais com um valor superiror a 56 milhões de patacas. Com os resultados deslumbrantes do ano passado, a Arte de Taipé continuará a constituir uma plataforma de intercâmbio internacional de coleccionadores de arte, galerias e meios de comunicação. Esta é a segunda feira internacional de arte em que a AFA participa depois de ter estado na Art Beijing há uns meses atrás. É também a segunda vez que a associação se desloca a este evento dando especial destaque à arte contemporânea de Macau introduzindo-a no mercado de Taiwan (Galeria art 22) com um conjuntos de obras de quatro artistas, incluindo trabalhos de Cindy Ng, Sio Ieng, Tong Chong, Rui Calçada Bastos e James Chu que serão exibidos na feira de arte, incluindo a pintura, gravura e a fotografia. Este ano, a AFA organizou exposições de nove artistas locais, em Macau, bem como no seu espaço da galeria de arte de Pequim. Nos últimos dois anos participou em várias feiras internacionais de arte em diferentes pontos do mundo que para além de Pequim e Taiwan, também marcaram presença em Nova York, entre outros. E o objectivo é sempre o de levar a arte contemporânea feita no território para os mercados de arte internacionais. A associação tem alcançado os seus objectivos com demarcado sucesso, num continuado plano de evolução dentro e fora do território da RAEM.


Beatles nasceram há 50 anos

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Cultura

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Tiago Quadros

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Em França, a sintonia é perfeita entre a língua falada, escrita e vivida. Vem isto a propósito do pavilhão Gaulês na Exposição Universal de Xangai. “Cidade Sensual”, assim se apresenta o projecto – extraordinária liberdade a deste edifício, quer no tom, quer na justeza com que tudo é mostrado, com uma naturalidade destituída de qualquer fingimento – da autoria do atelier Jacques Ferrier. Rodeado por água, o edifício revela-se uma caixa de vidro coberta com uma treliça em betão pintado de branco, como estrutura. No seu interior existe um pátio central com paredes verdes que se erguem até à cobertura – espaço ajardinado preenchido com lagos e fontes. O acesso à cobertura é efectuado através de uma escada rolante que permite aos visitantes uma

contemplação suficientemente ampla do núcleo central do edifício. Circunscrito e moldado pelo construído, jogo interior e exterior, entre passagens e fechamentos, o espaço no pavilhão de França na Exposição Universal de Xangai alterna entre a transparência e a opacidade. Apesar da arquitectura afectar, em primeiro lugar, a nossa concepção do espaço tridimensional através do sentido da visão e do tacto pode também ser uma experiência temporal. A percepção da quarta dimensão resulta do movimento através do espaço à medida que muda o nosso ponto de observação. A experiência da arquitectura deriva essencialmente dessa percepção sequencial de múltiplos pontos de vista. Por isso mesmo, a experiência real não pode ser substituída por reproduções gráficas, por fotografias ou mesmo pelo cinema, apesar deste último ser

Num clube em Liverpool um grupo de jovens músicos encontrava um novo baterista. E logo depois mudava de nome. A partir de então passaram a apresentar-se como The Beatles, partindo quatro dias depois para Hamburgo para uma primeira temporada intensa de concertos que acabaria por representar um importante passo para uma carreira que, mesmo assim, poucos ainda adivinhavam que os transformaria na maior banda de todos os tempos. Aconteceu há 50 anos e a partir daí o cosmos passou a ser ocupado pelos “Fabulosos Quatro”: John, Paul, George e Ringo. Hoje, só dois deles estão ainda vivos.

Relevos, sombras e mais preciso que os anteriores. Como lembra Bruno Zevi, “a representação cinematográfica apresenta apenas uma das infinitas sucessões pelas quais o espaço é apreendido.” Assim, qualquer experiência arquitectónica é circunstancial e, por isso mesmo, única. No caso do edifício de Jacques Ferrier a direcção da experiência sensorial não se concretiza apenas no espaço físico do edifício – paisagens, cheiros, sabores e sons transcendem o cenário construído. Os perfumes, a cuisine, a paisagem pintada e plantada. O cinema. A magia do pavilhão francês lembra o melhor da vida parisiense: inventiva, coleante, fácil. A cada passo, a aliança, imensamente sedutora, entre fantasia e sabedoria. O projecto decorre de uma implantação rigorosa, segundo uma “grelha” ortogonal que permite a divisão

do programa em compartimentos, circulações e acessos. De alguma forma, é o recorte primordial de “cheios” e “vazios”, sombras e superficies, imaginário recorrente da arquitectura europeia inventariada, que na obra de Jacques Ferrier podemos vislumbrar. Nesse sentido, dir-se-ia que o betão é usado como uma es-

pécie de substituto da pedra, naturalmente mais plástico e moldável, mas igualmente texturado e “dramático”. Jacques Ferrier não procura um “branco” percepcionista ao estilo da arquitectura de Richard Meier, mas parece preferir antes as superficies metálicas do alumínio, uma cor que evoca o avião, como

as superficies brancas do período entre guerras evocavam os transatlânticos. No pavilhão de França a cor permite um ajustamento sensorial dos espaços, recusando uma hierarquização convencional dos diversos elementos. A cor torna-se um factor de organização cénica do espaço, criando uma identidade


Franco Dragone apresentou o seu espectáculo A City of Dreams apresentou o seu grande espectáculo para a temporada que se avizinha, chama-se “The House of Dancing Water” e vai ocupar a sala “Teatro dos Sonhos” construída especialmente para este efeito, com uma capacidade para 2000 lugares. O espectáculo é formado por 77 artistas oriundos de 18 países e tem um orçamento total de dois mil milhões de dólares de Hong Kong. Tudo se passa dentro de água, com um espectáculo de som e luz, onde não faltam cenários e acrobacias de tirar a respiração. 17 de Setembro é a data de estreia.

Pavilhão da França

e aromas arquitectónica específica que permite uma abordagem quase cinética na deslocação individual do espectador. Assim, para Jacques Ferrier, é necessário que o papel da cor perante a forma esteja devidamente definido, ou melhor, que a forma e a cor sejam realmente interdependentes. Numa qualquer composição arquitectónica, a cor deve ser um elemento necessário cuja eventual ausência se note. No pavilhão de França, a “casa de vidro” inscrevese na “rede de betão” numa transmutação que só o fim do século XX podia inspirar. O atelier Jacques Ferrier foi criado em 1990. O arquitecto francês é autor de edifícios públicos, centros de investigação, centros culturais, edifícios de escritórios e habitação. Todas as intervenções de Jacques Ferrier baseiam-se na criação de uma arquitectura para uma sociedade sustentável. O pavilhão de França traz

até Xangai relevos, sombras e aromas. Recortes de uma França que nos convida a entrar: “Si vous vous promeniez une heure sur les collines qui entourent ma ville, vous rapporteriez dans vos vêtements l’odeur de miel des fleurs jaunes.” Pela mão de Camus eu vou. *Arquitecto. Mestre em Cor na Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

Revista Pessoa Uma nova revista sobre literatura pretende divulgar os principais escritores dos países de língua oficial portuguesa no espaço lusófono e também no mundo. A Revista Pessoa, cujo nome é uma homenagem ao poeta português, será lançada oficialmente pela Editora Mombak (despertar, na língua indígena Tupi) na Bienal Internacional do Livro de São Paulo. “A revista pretende sobretudo incentivar a leitura, queremos levar a literatura até o leitor, principalmente às camadas mais distantes que não têm acesso a equipamentos públicos, por falta de oportunidade ou de conhecimento”, disse à Lusa a editora Mirna Queiroz. Ver: www.revistapessoa.com

A ideia principal é promover a literatura de língua portuguesa, não só no mundo lusófono, mas também no mercado internacional, por meio de uma versão inglesa na plataforma digital da revista. A revista pretende ainda promover o diálogo entre os povos de língua portuguesa, como forma de diminuir o “enorme desconhecimento” da produção literária de cada país de língua portuguesa no próprio espaço lusófono. O Conselho Editorial é formado por escritores, académicos, jornalistas e diplomatas dos oito países de língua portuguesa, sendo que Portugal é representado por José Carlos Vasconcelos, Fernando Cabral Martins e Fernando Pinto do Amaral.

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Cultura


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ideias a ou tr a fa ce Carlos Morais José

E

m Macau existe uma espécie de superstição com as obras, como se para garantir a sorte fosse necessária uma contínua construção, um nunca parar de demolir e reconstruir, talvez na tentativa de repetir a própria irrepetibilidade da natureza. E isto passa-se nos casinos, nas casas, nas vias públicas. As obras são uma paisagem perpétua. Daí que os habitantes mais antigos as esperem e aceitem como algo de normal, como o inferno presente que temos de cumprir, uma face malévola da sorte. Quanto a mim, as obras remetem-me para o Portugal pré-Abril, quando mirones se acumulavam junto às grande obras que, de vez em quando, existiam na cidade. E ficavam ali horas a olhar aqueles enormes buracos das fundações e os trabalhos gigantescos das máquinas e dos homens. Hoje dou por mim a fazer aqui da minha janela praticamente o mesmo.

As obras Existe um fascínio nestas enormes construções, nas máquinas, nas gruas, nas manobras dos trabalhadores, no risco que se sente inerente à lide com gigantes. Há um desastre iminente a cada movimento, no erguer das grandes massas de ferro, no soldar das vigas. Existe um fascínio nestas enormes construções, nas máquinas, nas gruas, nas manobras dos trabalhadores, no risco que se sente inerente à lide com gigantes. Há um desastre iminente a cada movimento,

no erguer das grandes massas de ferro, no soldar das vigas. E há também uma mole humana que desconheço e me é anónima, praticamente igual, a trabalhar em todas as obras do mundo. São pequenos seres naqueles imensos estaleiros mas controlam os braços dos gigantes e é pelo exercício da sua vontade e exactamente como querem que as mãos das escavadoras se afundam no solo. Fico sentado distante da janela onde passa inesperadamente uma grua como se fora um monstro de outras eras. Não o é mas por um segundo cria-se uma ilusão. O ruído. Subterrâneo, quase imperceptível, o vibrar permanente dos grandes motores, as bielas a estiolarem os nervos. Depois os sons restantes, que variam durante o explanar da obra. Os bate-estacas a perfurar o solo em harmonias de rebentar tímpanos. O martelar, serrar do metal. Acima de tudo a constância, a sensação de que não parará nunca aquela maldição.


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15 As coisas que se destinam a ser benéficas podem, na verdade, ser maléficas; as que se destinam a ser maléficas podem, na verdade, ser benéficas.

Capítulo 111 Lao Tzu disse: As coisas que se destinam a ser benéficas podem, na verdade, ser maléficas; as que se destinam a ser maléficas podem, na verdade, ser benéficas. Ingerir comida quente quando se sofre de humidade e beber coisas frias quando se sofre de sede são hábitos comuns de dieta, mas um físico experimentado não os considera saudáveis. Tudo quanto é agradável à vista ou agradável às emoções é considerado proveitoso pelos ignorantes, mas é evitado pelos mestres da Via. Os sábios começam por levantar objecções e colaborar depois; a gente comum coopera primeiro e levanta objecções depois. Assim, é imperativo examinar os portões da calamidade e da fortuna, os reversos do proveito e do mal. Capítulo 112 Lao Tzu disse: Aqueles que têm sucesso sem serem humanos ou justos não são dignos de confiança, enquanto que aqueles que erraram, mas são humanos e justos, são dignos de confiança. Assim, a humanidade e a justiça são normas constantes em todos os assuntos e são honradas pelo mundo. Mesmo quando a estratégia é adequadamente calculada, com atenção ao alívio do caos e planos para a sobrevivência da nação, se o problema for tratado sem humanidade e justiça não poderá ser resolvido. Mesmo que o conselho não seja adequado em termos de políticas e os planos não beneficiem o país, se a intenção for no interesse da nação e estiver de acordo com a humanidade e a justiça a sobrevivência é possível. Por isso se diz “Se milhares de conselhos e centenas de planos sempre falharem o alvo, é necessário desistir do curso da nossa acção e examinar a humanidade e a justiça.” Capítulo 113 Lao Tzu disse: Quando a educação deriva de gente com qualidades de liderança, o povo normal por ela se enriquece. Quando o lucro deriva do povo normal, a liderança beneficia do seu sucesso. Que os líderes e o povo obtenham o que é apropriado a cada um e o seu sucesso conjunto será fácil de alimentar – e a Via será atingida. Quando o povo tem muitos desejos, tal magoa a justiça. Quanto tem muitas ansiedades, tal magoa a sabedoria. Assim, um país em ordem desfruta de coisas conducentes à sobrevivência, enquanto que um país cruel desfruta de coisas conducentes à destruição. A água que flui para baixo se torna funda e larga; os líderes que se curvam ao seu povo se tornam sensíveis e lúcidos. Quando os líderes não lutam contra os seus súbditos, a Via da ordem flui. Assim, os líderes são as raízes, os súbditos são os ramos e as folhas. Ramos e folhas nunca florescem sem boas raízes.

Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

O texto conhecido por Wen Tzu, ou Wen Zi, tem por subtítulo a expressão “A Compreensão dos Mistérios”. Este subtítulo honorífico teve origem na renascença taoista da Dinastia Tang, embora o texto fosse conhecido e estudado desde pelo menos quatro a três séculos antes da era comum. O Wen Tzu terá sido compilado por um discípulo de Lao Tzu, sendo muito do seu conteúdo atribuído ao próprio Lao Tzu. O historiador Su Ma Qian (145-90 a.C.) dá nota destes factos nos seus “Registos do Grande Historiador” compostos durante a predominantemente confucionista Dinastia Han. A obra parece consistir de um destilar do corpus central da sabedoria Taoista constituído pelo Tao Te Qing, pelo Chuang Tzu e pelo Huainan-zi. Para esta versão portuguesa foi utilizada a primeira e, até à data, única tradução inglesa do texto, da autoria do Professor Thomas Cleary, publicada em Taoist Classics, Volume I, Shambala, Boston 2003. Foi ainda utilizada uma versão do texto chinês editada por Shiung Duen Sheng e publicada online em www.gutenberg.org.


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ideias

bloomland.cn

A minha lista

q

Antønio Falcão hojemacau@yahoo.com

uando se reflecte sobre a cultura de um espaço urbano, pretende-se com esse pensamento formular uma nova visão para todo o enquadramento económico que a vertente cultural pode ter no desenvolvimento de uma cidade, e falo de cidade porque Macau é um território pequeno, de limites contidos na sua dimensão e na sua história, que lhe deu o sabor verdadeiro superando o próprio idioma com que ela se veste. Para que isso aconteça verdadeiramente, o fenómeno da Cidade Criativa, é necessário ir buscar os melhores exemplos, que existem tanto nas figuras humanas como naquilo que se edifica, na arquitectura, na economia, nas artes, e em tudo o mais que é belo e expressivo. Dentro e fora do espaço que nos circunda. Tudo isto vem a propósito da mais recente criação do executivo de Macau, o Conselho para as Indústrias Culturais, e da composição emblemática da lista dos seus delegados, apresentada esta semana ao público no Boletim Oficial. Com o número particular de 43 membros, a lista engloba “individualidades ligadas às artes e cultura, bem como profissionais, académicos e empresários”, que formam com os oficiais do organigrama público da RAEM, na maioria directores de serviços, o “think-tank” que vai ajudar a desenhar a Cultura para Macau e sobretudo a valência nos cofres das suas finanças. Como uma experiência que traga um diferente fulgor económico tendo em vista o afastamento da luz ofuscante dos casinos, com a sua malha de sorte e azar, que nunca deixará de ser a torneira que faz vibrar toda a bonança do território, e da qual ele é para sempre refém. Deputados, políticos de várias relevâncias,

dirigentes associativos, professores, artistas plásticos, personalidades ligadas às letras e ao audiovisual e outras figuras do xadrez do território compõem o ramalhete desta comissão. Dizendo-o assim não aparenta nenhum mal, parece até que se prefigura como a equação certa, e acredito que todos vão dar o seu melhor nas tarefas que lhes são agora confiadas. Mas quanto a mim, como cidadão de Macau insatisfeito, porque quer sempre mais do que aquilo que existe. Porque espera continuamente que um dos grandes casinos, ou lá como se diz, ou qualquer novo empreendimento hoteleiro –barra – comercial que se agarre à floresta do chamado “entretenimento”, traga sempre no desenho do seu carácter, por exemplo, uma série de salas de cinema, com filmes a sério, um recinto para música ao vivo, amplo, onde se possa saltar e se percebam as linhas que saem das bocas dos cantores. Que não tenha o pastiche das músicas de sucesso que tocam nos antros do mundo inteiro, nem uma superfície de gente que diz “sabes o que é que eu venho aqui fazer não sabes?” Alguém que se quer perder nas Livrarias e passar lá o dia de rabo para o ar se for preciso, deitado no chão a ler, como nas enormes “casa de livros” de Taiwan, Singapura e mesmo em Hong Kong, para não ir mais longe. Poder escolher, é particularmente isso. Ser invadido por acontecimentos subtis que não possa fazer em simultâneo, porque o tempo não o permite. Ver a música que oiço até à exaustão no walkman acreditando que eles um dia podem vir tocar num teatro perto de mim. Sim, não estamos em Londres, nem na Brixton Academy, mas no entanto vai-se sonhando. Até à última. Passaram dez anos sobre a implementação da RAEM, outros oito sobre a era do General, e de muitos outros militares que afoguearam o posto sabendo pouco da terra. Para trás houve ainda um caso que envolvia fruta. Portugal em 400 anos nunca trouxe um governador que tivesse em pleno

o domínio da língua chinesa, para a compreensão do povo que iria administrar, e isso quer dizer muito sobre as intenções de uma nação. Mas nesta lista, é disso que se fala, é preciso incluir gente do mundo. Acredito que os seus membros são gente viajada, que já foi a museus, daqueles que junto à fronteira do seu interior tem um efervescente espaço comercial, com todo o rol de souvenirs e peças que materializam o que já por si nunca mais se esquece; que já assistiu aos mais variados espectáculos de renome mundial; que nas paredes dos seus lares têm pinturas originais e que as admiram; que sabem distinguir o gato da lebre e que se importam com isso. Sei que o senhor Cheong U se deslocou a alguns dos centros desta verdade criativa e viu com os próprios olhos aquilo de que se tratava, tirando daí as suas ilações, ou mandando uma comissão avaliar mais tarde ao pormenor. Pelas irregularidades do piso dos 798’s que grassam por aí, nos bairros cheios de galerias internacionais, conseguiu respirar essa conjugação que mistura arte, cultura, comércio, turismo e sobretudo o gosto da população no sabor de um profundo abraço. Sim, são como as florestas, crescem desalmadamente, mas ao contrário, não sei se é este o termo certo, nascem com um controle remoto. Não caem de pára-quedas nem rebentam de modo daninho. Têm um plano que muitas vezes é a face mais correcta de um ideia espavorida. Mas falta qualquer coisa essencial nesta lista de gente particularmente endinheirada. Para além das excepções evidentes, faltam muitos dos que já fizeram. Que usaram as suas mãos e criaram uma obra prima. E que se quiserem, só por piscar os olhos, podem fazê-las em série. Esta é mais a lista dos que mandam fazer. Afigurando a vicissitude de uma demão profundamente tecnocrata. São gente de sucesso, ou na carreira, na conta bancária. Sim, a maioria também no saber, porque sem saber nunca chegariam ao patamar da sua afirmação. Talvez esteja a exagerar. Porque falar de todos no mesmo saco é algo complicado e se calhar devia manter-me em silêncio, como toda a gente, e esperar para ver o que acontece. Eu que nem sei nada finanças mas que ainda tenho uma biblioteca. Faltam pessoas que não falem nem chinês, nem português, que originem na sala de reuniões o bizarro enleio da tradução, mas que vivem em Macau e têm o gosto e a visão do outro lado da montanha. Indivíduos que tenham a correr dentro do corpo não um fluxo de sangue mas um arco-íris. Gente que não bata bem da bola. Sim, que se perca debaixo do vulcão. E os outros todos que nasceram com o dom da luminária. Sei que há Pessoas assim por aí e nem precisam de ter um nome próprio igual ao do poeta. Com um bocado de esforço, repescando um ou outro à tabela oficial, até era capaz de enumerar uma lista de 43. Mas é melhor estar calado e ir reparar as minhas contas. No entanto, aqui que ninguém nos ouve, era isso que queria dizer. A minha lista. Por Macau.


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Beatriz Chang | Avó

Tanto no Céu como na Terra António Falcão

hojemacau@yahoo.com

Eu sei, não se deve num jornal escrever sobre os amigos, mas este é um caso especial, tanto mais porque Macau não é lá muito grande e mesmo que digam o contrário não comporta assim tanta gente como isso. Para além de que os jornais em língua portuguesa não abundam em recursos. Não interessa. Qualquer desculpa serve. Beatriz Chang é neta de um português das profundidades desse rectângulo luso perdido no extremo mais quente da Europa. Ninguém sabe como veio cá parar, como chegou e quem o trouxe. “Parece que sim”, foi a resposta evasiva de Betty, é assim o seu verdadeiro nome, quando alguém lhe pergunta se ele veio de Portugal. “Nem a minha mãe sabe”, continua. Seja como for os seus pais nasceram e viveram toda a vida em Macau: Leandro Conceição e Maria Francisca, nomes que têm o seu quê do sabor dos ventos de Portugal mas que representam bem a nomenclatura deste território recortado nas franjas de dois países tão distintos em todas as suas frentes como o céu e a terra. Essa China e esse Portugal de que tanto se fala. Cada um rolando em espiral durante várias épocas por um lugar e o outro, com leves encontros particulares que resultaram na plena das harmonias. Há vários exemplos por aí e um deles é esta senhora que tem

um nome português e um apelido que chega da justiça dos grandes reis do outro lado da fronteira. “É muito difícil, não sei explicar,” o que é isso de ser macaense, diz quando se tenta puxar o fio da sua identidade. Betty foi uma das caras que durante muitos anos marcou a organigrama do Gabinete de Comunicação Social de Macau (GCS), para onde entrou por concurso em 1980, na longínqua governação de Melo Egídio, ainda então integrado na Direcção dos Serviços de Turismo, tendo como director Jorge Rangel. Depois de uma longa temporada na Pousada de Coloane e no Hotel Lisboa e com uma filha a iniciar os estudos e a precisar de acompanhamento que a levaram a tomar a decisão de deixar as inusitadas escalas horárias dos hotéis. O seu percurso serviu-se da sua constante serenidade e paciência com que viu passar colegas portugueses que foram deixando o território quando o capítulo da presença portuguesa em Macau se começou a fechar. Betty, não refere nenhum momento mais importante na história do Gabinete, mas sim a amizade com os colegas com que viveu os seus felizes anos sentada na sua secretária, dando uma ajuda a quem necessitasse e a tudo o que fosse preciso. “Betty, conheces algum bom alfaiate?”

A resposta, para qualquer assunto, aparecia sempre com um sorriso, que se não fosse sincero era de todo trocista, que denunciavam na sua vida o seu característico espírito tranquilo. “No serviço não há grande precipitação, pessoalmente é ser avó”, responde quando insisto para que me destaque um momento do seu ofício e da sua vida pessoal. Mas afincadamente afirma: “Posso dizer que o que mais gostei foi a camaradagem do pessoal da câmara escura.” Eu tenho de confessar, de uma certa forma eu faço parte desse “pessoal da câmara escura” e na verdade trabalhei 13 anos a pouco metros de distância de Beatriz Chang, senão à mera distância de um braço. Isso não me impede de escrever sobre ela, só me dá mais argumentos. E o Handover? “Muitas coisas mudaram, o mais notável foi a saída de muitos colegas, no director para mim não há grande diferença.” Pelo gabinete maior deste serviço do estado, essencial para a relação com o público, passaram Beltrão Coelho, Haendel de Oliveira, Miguel Lemos, Afonso Camões e já há dez anos o antigo director de informação do canal chinês da TDM, Victor Chan. Betty viu passá-los a todos e pode-se dizer que não pestanejou de forma diferente entre um e os outros.

O que aconteceu desde essa época que separou as águas, e di-lo com pena, foi que “falo menos português no serviço.” Betty continua a falar no presente, o facto a realçar desta história toda é que esta secretária da divisão do audiovisual do GCS já não lá trabalha, saiu há uma semana para a doce e merecida reforma. Foi há tão pouco tempo que o presente ainda está vestido de todo o passado. Foram 30 anos ímpares, sem falhas, e isso é algo de assinalável, não são muitos os que podem dizer o mesmo. “Agora posso fazer o que me apetece. Posso ir viajar a qualquer hora, não preciso de marcar com o consentimento de ninguém, posso levantar-me às horas que me apetece. Fazer yoga, ginástica, taichi. Arrumar as minhas colecções e fazer companhia à minha família.” E com um sorriso largo, que sempre morou no seu rosto: “E aprender a fazer pães e doces para meu neto!” Quem não quer o mesmo. Eu, por mim já me estou aqui a coçar todo. Daí, desse lado da página, não sei qual é a sensação. Aconteça o que acontecer esta é a homenagem a alguém que não precisa de medalhas para saber o seu valor. Todos os que a conhecem sabem do que falo. “Betty, arranjas-me o número de telefone do tal senhor que vende aquele bolinhos chineses?”


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entrevista

RODRIGO PEDRO DOMINGOS, CÔNSUL-GERAL DE ANGOLA EM MACAU

Nascido em Luanda, estudou no Liceu Salvador Correia, fez formação técnico-profissional como topógrafo, especialidade que, à partida, não sentia vocação, mas como se ganhava razoavelmente, foi exercendo. Foi furriel-miliciano do Exército português, embora, desde jovem, fosse mantendo ligações a células clandestinas. “Semi-clandestinas, fazíamos muitas coisas à luz do dia. Escrevia para jornais e revistas alguns textos engajados”. Depois da guerra colonial, a Independência, seguida da guerra interna, fratricida, na altura em que Rodrigo Pedro Domingos já pertencia ao Ministério das Relações Exteriores desde 1976 e com estudos económicos e políticos na Jugoslávia. Desde 1981 que, naquele Ministério, a sua responsabilidade foi o mapa dos países asiáticos. Conselheiro na embaixada angolana em Moscovo também nos anos 80, seguindose actividade directamente junto de José Eduardo dos Santos, designadamente na criação do Instituto de Administração Pública, que na altura se chamava Instituto Nacional de Organização e Administração do Estado e hoje é Escola Nacional de Administração. Na década seguinte foi responsável pelo Instituto Nacional de Bolsas de Estudo, até regressar à sua carreira no Ministério das Relações Exteriores, na direcção dos Assuntos Jurídicos e Consulares onde dirigiu o sector Europa, depois o sector América, até ser colocado como cônsul-geral de Angola em Roterdão, perante uma comunidade de quase 13 mil angolanos. Foi da Holanda que veio para Macau há 3 anos. Esta entrevista foi feita horas depois do cônsul-geral de Angola em Macau ter regressado a este seu posto, depois dumas férias no seu país. O que viu nesta sua ida a Angola?

António mil-homens

“Todos os países lusófonos deviam

Muita coisa bonita, muita coisa nova, principalmente a construção de novas infra-estruturas. No caso de Luanda, por exemplo, nota-se o erguer de edifícios arquitectonicamente dignos de nota. A capital está tendo um desenvolvimento urbano ao nível das grandes cidades do mundo, por isso o tráfego rodoviário ainda está muito complicado, embora bastante melhor do que na última vez que

lá fui, no ano passado. Ouvem-se muitas críticas sobre a desorganização da cidade, por causa desse crescimento repentino. Sim, as pessoas queixamse, mas estou certo que também sabem que isso tem de acontecer, para depois Angola ter uma capital muito melhor. Entre outras, há uma imagem de Angola que é a dum país ainda com enormes precipícios sociais.

É um presente aspecto que considero natural, nem todos podemos ter as mesmas oportunidades, nem todos tiveram a mesma formação, para além de existirem pessoas que o que possuem já o têm de há muito, outros estão naturalmente agarrando as suas oportunidades e ainda outros que terão a sua ocasião de progredir, infelizmente não pode ser tudo e todos ao mesmo tempo.

E o papel da juventude? A juventude esforça-se cada vez com mais empenho na sua formação intelectual e profissional, e isso é fundamental para ajudar a superar as dificuldades de Angola. De resto, o Estado angolano suporta boa parte da formação desses jovens, embora haja bastantes escolas e universidades privadas. Com a ajuda de todos, incluindo as famílias, as empresas,

a formação técnicoprofissional, esses jovens vão tendo cada vez mais acesso ao mercado de trabalho de modo a contribuírem para o grande desenvolvimento do país. Como observa o relacionamento entre Angola e China? Não vou “meter a foice em seara alheia”, como se costuma dizer; a essa pergunta pode muito melhor responder o senhor embaixador de Angola em

A língua portuguesa é uma das línguas oficiais, é uma das componentes culturais da RAEM, não fazia sentido que não continuasse a desempenhar um papel muito importante. No âmbito da lusofonia, há um enorme variedade de aspectos importantes, da música ao artesanato, da dança às artes plásticas, às letras, ao desporto. Podemos considerar que Macau é um dos centros lusófonos. Independentemente da presença da língua inglesa como acontece em qualquer lado do mundo, pois é língua de negócio, do dia-a-dia.


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com Helder Fernando

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ter consulados em Macau” Pequim, mas posso-lhe dizer que, entre os dois países, nunca tivemos um relacionamento tão sério, correcto e honesto como agora. Neste momento somos o maior fornecedor de petróleo à China, já ultrapassámos a Arábia Saudita e o Kuwait. Por seu lado, a China temnos apoiado fortemente e através de várias maneiras, como a concessão de linhas de crédito que envolveu muitas empresas, de modo a erguermos o que, de momento, é mais necessário em Angola, que são estradas, pontes, hospitais, escolas, habitação. Alguma empresa angolana vem fazendo críticas ao modo como a China se vem posicionando em Angola. São críticas naturais, fruto do grande impacto do nosso crescimento. Não quer dizer que não haja um ou outro erro, uma ou outra falha, isso é natural, só não erra quem não trabalha, e nós trabalhamos muito para o desenvolvimento do país. São culturas diferentes, nem sempre a mensagem passa correctamente, pode existir, por vezes, alguma dificuldade de comunicação, mas dum modo geral os resultados são positivos. Como cônsul-geral de Angola em Macau, como vê o papel desta região nesse relacionamento entre os dois países? Com toda a sinceridade, o papel de Macau, nesse aspecto, podia ser mais dinâmico. O Forum esforçase, o consulado esforça-se, bem como o IPIM e outras organizações, fundamentalmente o governo central da China, através da organização de importantes eventos, mas talvez falte mais. Que mais será esse? Bom, Angola tem cumprido a sua parte. Tem

representação no Forum, tem o consulado... talvez os outros países devessem também fazer um certo esforço. Portugal tem também, até por razões históricas, o seu consulado-geral em Macau, e tem o AICEP. Os outros países lusófonos também deviam fazer um esforço semelhante. Deviam existir em Macau mais representações diplomáticas dos países da CPLP. As grandes empresas não têm grandes problemas, muitas vezes actuam diectamente. Mas as pequenas e médias empresas, tal como as poupanças familiares, também fazem parte da riqueza das nações. Este sector precisa de ser estimulado através de parcerias e com a influência do Forum China e Países de Língua Portuguesa. Eu já nem digo de língua oficial portuguesa, porque o português é já uma das nossas línguas, é a língua que une os nossos países. E o papel da CPLP? Cada vez mais importante. Tem programas, projectos concretos para serem implementados. Há quem afirme que a CPLP é pouco actuante. Não posso concordar porque, mesmo ao nível de algumas situações mais difíceis, a CPLP tem encontrado soluções entre os países irmãos. Infelizmente surgem conflitos internos, como na Guiné-Bissau, que podem prejudicar, mas a CPLP tem estado à altura das situações. A partir de agora, é Angola que, durante dois anos, preside aos destinos da CPLP. Acha que, por esse facto, haverá maior dinamismo nesta organização? Sinceramente, acho que sim. O nosso Presidente é uma pessoa metódica, muito séria, com certeza que irá ser uma presidência muito atenta a todos os aspectos relacionados

com a prossecução dos programas e projectos que existem nos mais diversos domínios, da saúde à habitação, ao desporto, passando por um essencial que é o combate à pobreza. Fala-se muito, em Macau, cada vez mais, dos países lusófonos, da sua impor-

tância no mundo. Acha que esta região continuará a desempenhar um papel importante no contexto da lusofonia, enquanto conceito cultural e económico até? Estou certo que sim. A língua portuguesa é uma das línguas oficiais, é uma

Deviam existir em Macau mais representações diplomáticas dos países da CPLP. As grandes empresas não têm grandes problemas, muitas vezes actuam directamente. Mas as pequenas e médias empresas, tal como as poupanças familiares, também fazem parte da riqueza das nações.

das componentes culturais da RAEM, não fazia sentido que não continuasse a desempenhar um papel muito importante. No âmbito da lusofonia, há um enorme variedade de aspectos importantes, da música ao artesanato, da dança às artes plásticas, às letras, ao desporto. Podemos considerar que Macau é um dos centros lusófonos. Independentemente da presença da língua inglesa como acontece em qualquer lado do mundo, pois é língua de negócio, do dia dia. Quero aproveitar e felicitar a Dra Rita Santos, apesar de já o ter feito pessoalmente, pelas funções que passa a exercer e pelo trabalho que tem vindo a desenvolver, desejando-lhe a continuação de muito bom trabalho e que, da nossa parte pode contar sempre com todo o apoio que necessitar, tal como ela sempre nos apoiou quando precisámos. Na actividade quotidiana do consulado-geral de Angola em Macau, que aspectos pode salientar? O nosso papel fundamental foi apoiar a circunstância de a região de Macau ter sido constituída como plataforma de negócios entre a China e os países da CPLP. Daí também a importância de Macau nesse contexto estratégico internacional, até mesmo pela proximidade dos países da ASEAN. Que argumento dá a um investidor, local ou não, para investir em Angola? Digo-lhe: Este é o momento! Angola é um gigante que esteve adormecido durante longo tempo e que agora despertou. Temos uma lei sobre investimentos estrangeiros muito favorável, é uma grande país em que há tanta coisa para fazer, na mineração, no comércio,

nas mais diversas indústrias, na construção civil. Olhe o Pelé, o grande exfutebolista brasileiro, está investindo na habitação no nosso país. Conhecedor de importante parte da diáspora angolana, que mensagem quer transmitir a esses angolanos fora do país? Uma saudação muito especial, no sentido de apelar a que não se esqueçam da sua Pátria, que a visitam sempre que lhes for possível, que se mantenham informados sobre os grandes progressos que estão acontecendo em Angola, e que um dia regressem a casa ou que aproveitem as oportunidades de negócio que estão surgindo no meio desta pujança de crescimento. Que balanço faz destes 3 anos de cônsul-geral em Macau? Tudo normal, o consulado está bem organizado, tem cumprido com as solicitações que lhe são apresentadas, desde a emissão de vistos turísticos ou a pessoas contratadas por empresas para trabalharem em Angola, até ao fornecimento de informação disponível sobre o nosso país. Um caso, como mero exemplo, é uma empresa de brasileiros de origem chinesa que desenvolve actividade em Angola, em vários domínios, e que devez em quando vem a Macau contratar técnicos. Cá estamos nós, o consulado-geral, para ajudar.


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o Hoje [r]ecomenda

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[f]utilidades Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Voar sem sair do mesmo sítio. Atar, ligar. 2-Maciço montanhoso do Níger. Produz. Liga, une. 3-Passar, decorrer rapidamente. A atmosfera. 4-Sucedido há pouco. 5-Duas vogais. Cavidade em que entram os machos do leme de uma dobradiça. Osmio (s.q.). 6-Rocha constituída por orgãos de areia fina. Voz imitativa do som da campanhia ou sineta. 7-Apelido. Lisonjeai. Profissão (Suf.). 8-Acto de fariscar. 9-Exprimir pelo som. Esvaziam. 10-Cartilha para aprender a ler. Grande doçura. Junta, soma. 11-Gritar, gemer (Gír.). Tinham conhecimento. VERTICAIS: 1-Torcida envolvida em cera. Pagam sisa. 2-Pedagogo. Comandante de um corpo turco. Nome da noz da cola, em África. 3-Entraivecer. Instrumento cortante com cabo. 4-Fazer refegos. 5-Afixo (abrev.). Nome de homem. 6-Esmigalhem. Espécie de avental, com mangas, para as crianças (pl.). 7-Redes de arrastar. Nota musical. 8-Relativo ao etal. 9-Navio de pequena lotação. Tornai oco. 10-Indicação de limite. Cru (Pref.). Nome de mulher. 11-Pouco densas. Movam os remos.

Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-PAIRAR. LIAR. 2-AIR. FAZ. ATA. 3-VOAR. L. ETER. 4-I. RECENTE. A. 5-OA. FEMEA. OS. 6-GRES. TLIM. 7-SA. GABAI. OR. 8-I. FARISCO. E. 9-SOAR. B. OCAM. 10-ABC. MEI. ADE. 11-MIAR. SABIAM. VERTICAIS: 1-PAVIO. SISAM. 2-AIO. AGA. OBI. 3-IRAR. R. FACA. 4-R. REFEGAR. R. 5-AF. CESAR. M. 6-RALEM. BIBES. 7-Z. NETAS. LA. 8-L. ETALICO. B. 9-IATE. I. OCAI. 10-ATE. OMO. ADA. 11-RARAS. REMEM.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior

www.ancestry.com

O Ancenstry é um portal que organiza as árvores genealógicas do mais famosos, de personalidades históricas e de meio mundo, quem sabe se a sua família não tem por lá todas as suas raízes. Agora o site acaba de revelar os testamentos de importantes romancistas, como o escocês Arthur Conan Doyle, de Sherlock Holmes, ou Lewis «Alice no País das Maravilhas» Carroll, entre muitos outros. Doyle deixou aos seus descendentes o equivalente a 793 mil patacas em 1931, o que hoje quereria dizer 37 milhões e 400 mil patacas. Uma pipa de massa!

[ Te l e ] v i s ã o

22:00 Friday The 13Th 23:30 Friday The 13Th (2009)

TDM 13:00 Tdm News - Repetição 13:30 Jornal Das 24h 14:30 Rtpi Directo 17:35 Macau Galaxy Entertainment Fivb World Grand Prix: Brasil Vs República Dominicana (Directo) 20:00 Macau Galaxy Entertainment Fivb World Grand Prix: Cerimónia De Abertura (Directo) 20:35 Telejornal 21:00 Macau Galaxy Entertainment Fivb World Grand Prix: China Vs Holanda (Directo) 22:10 Novela: O Clone 23:00 Tdm News 23:30 Cinema: Dark Water (Águas Passadas) 01:15 Linha Da Frente 01:45 Macau Galaxy Entertainment Fivb World Grand Prix: Highlights 02:10 Rtpi Directo INFORMAÇÃO TDM

MGM CHANNEL 43 11:30 Clean Slate 13:15 Summer Heat 14:30 Home is Where the Hart Is 16:00 Palookaville 17:30 Men at Work 19:15 Contamination. 7 21:00 Much Ado About Nothing 23:00 Cutter's Way 00:45 Shadow of the Wolf DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters - Macguyver Myths 14:00 Fight Quest - Indonesia 15:00 Belly Of The Beast - Tanks 16:00 Culinary Asia - Korea 17:00 Dirty Jobs - Coal Miner 18:00 Factory Made 19:00 Treeman: The Cure 20:00 Mythbusters 21:00 Inside 22:00 I Almost Got Away With It - Got To Rob Banks 23:00 Crimes That Shook The World 00:00 Inside

RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Mudar De Vida 15:00 Arquitectarte 15:45 Magazine Venezuela Contacto 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Missa: Peregrinação Internacional Do Migrante Em Fátima 20:00 Jornal Da Tarde 21:00 Programa A Designar 21:30 Há volta TVB PEARL 83 06:00 Bloomberg Rewind 07:30 NBC Nightly News 08:00 CCTV News – LIVE 08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 Inside the Stock Exchange 12:02 Market Update 12:30 Inside the Stock Exchange 12:35 Market Update 13:00 CCTV News - LIVE 14:00 Market Update 14:40 Inside the Stock Exchange 14:43 Market Update 15:58 Inside the Stock Exchange 16:00 What’s Your News? 16:30 League Of Super Evil 17:00 Escape From Scorpion Island 17:30 Ben 10 Alien Force 18:00 Putonghua News 18:10 Putonghua Financial Bulletin 18:15 Putonghua Weather Report 18:20 Financial Report 18:30 Transworld Sport 19:00 Football Asia 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 Money Magazine 20:30 Design For Life 21:30 Weekend Blockbuster: Monster House 22:30 Marketplace 22:35 Weekend Blockbuster: Monster House 23:40 World Market Update 23:45 News Roundup 00:00 Earth Live 00:05 Dolce Vita 00:30 America’s Next Top Model 01:20 A House Of Consumers 01:45 European Art At The MET 02:00 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 13:00 Barclays Premier League 2009/10 Manchester United vs. Chelsea 15:00 MLB Regular Season 2010 Los Angeles Dodgers vs. Philadelphia Phillies 18:00 WNBA Action 2010 18:30 Soccerex 19:00 Premier League World 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Football Asia 20:30 Soccerex 21:00 Evian Masters 2010 Highlights 22:00 Sportscenter Asia 22:30 Review Of The Season 2009/10 STAR SPORTS 31 13:00 Ace 2010

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NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 13:00 Mythbusters - Macguyver Myths 14:00 Fight Quest - Indonesia 15:00 Belly Of The Beast - Tanks 16:00 Culinary Asia - Korea 17:00 Dirty Jobs - Coal Miner 18:00 Factory Made 19:00 Treeman: The Cure 20:00 Mythbusters 21:00 Inside 22:00 I Almost Got Away With It - Got To Rob Banks 23:00 Crimes That Shook The World 00:00 Inside

(MCTV 50) Discovery Channel 20:00 Mythbusters

13:30 Game 14:00 Guinness World Series Of Pool 2010 Final 16:00 Hot Water 2010/11 17:00 Sports Max 2010/11 18:00 Ace 2010 18:30 World Sport 2010 19:00 Sea Master Sailing Series 2010 19:30 Guinness World Series Of Pool 2010 Semifinal #2 21:00 Football Asia 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Guinness World Series Of Pool 2010 Final STAR MOVIES 40 11:40 Pleasure Of Your Company 13:20 The Pink Panther 2 15:05 Moulin Rouge 17:20 Never Back Down 19:20 Dunston Checks In 21:00 12 Rounds 23:00 Seabiscuit HBO 41 13:00 Death Race 14:40 Divine Secrets Of The Ya-Ya Sisterhood 16:50 I'm Not Rappaport 19:00 Glory 21:00 Punisher: War Zone 22:35 Lethal Weapon 4 00:40 House Of Saddam - Part Ii CINEMAX 42 12:00 The Hindenburg 14:15 Child'S Play 16:00 The Plot To Kill Hitler 17:45 Dead Ringer 20:00 Crazy Eights 21:45 Epad On Max 72

ANIMAL PLANET 52 13:00 The Red Devil Squid 14:00 Bird With The Golden Eye 15:00 Season Of The Spirit Bear 16:00 The Animal Kingdom 17:00 Animal Battlegrounds 18:00 Animal Witness 19:00 Groomer Has It - Finale 20:00 Great Ocean Adventures 21:00 Butaan: The Lost Dragon 22:00 Soda Lakes And Inland Seas 23:00 Animal Battlegrounds 00:00 Great Ocean Adventures HISTORY CHANNEL 54 13:00 Alcatraz Down Under 14:00 Strange Weapons 15:00 Gigantic Killer Fish 2 16:00 UFO Hunters - Area 52 17:00 Pawn Stars 18:00 Dirty Gold 19:00 Psychological Warfare 20:00 Brink Of Disaster 21:00 And Man Invented Animals... 23:00 Beowulf 00:00 Pawn Stars STAR WORLD 63 13:00 Everybody Loves Raymond 14:00 Australia's Next Top Model 15:00 Grey's Anatomy 16:00 Private Practice 17:00 Australia's Next Top Model 18:00 How I Met Your Mother 18:30 American Idol 19:30 Two and a Half Men 20:00 Cougar Town 21:00 Stylista 22:00 How I Met Your Mother 22:30 American Idol 23:30 Cougar Town 00:00 America's Next Top Model

Informação Macau Cable TV


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[O]bjectiva Manuel Malzbender

21 Raio [X]

Get Real Francesca Zaire

A realidade parece quase sempre ser mais estranha do que a ficção. Não me perguntem porquê se a

ficção vem sempre do real mas numa versão mais,

muito mais, exagerada. Mas se for assim, então não

baile

deveria ser a ficção mais estranha que a realidade?

Para[ ]comer • Pérola 3/F, Sands, Largo de Monte Carlo, no.203 8983 82222888 3352 http://www.sands.com.mo • VINHA Alm Dr. Carlos d' Assumpção 393 r/c AC 2875 2599vinha@macau.ctm.net http://www.vinha.com.mo • FAT SIU LAU (SINCE 1903) Av.Dr.Sun Yat-Sen,Edf.Vista Magnifica Court Rua de Felicidade No.64, R/C Macau 2857 3585fsl1903@macau.ctm.net http://www.fatsiulau.com.mo

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Não. Ou talvez sim. Não sei. Só sei que tendo o

nome “ficção” automaticamente anula a estranheza • Galo (Tp) Clérigos 45 2882 7318 http://www.yp.com.mo/domgalo • Riquexó Av Sid Pais 69 2856 5655

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• Dom Galo Vista Magnifica Court 2875 1383 domgalo@yp.com.mo http://www.yp.com.mo/domgalo • O Santos (TP) R. do Cunha 28827508 • Porto Exterior Ed Chong U 2870 3276 http://www.portoext.com.mo • Restaurante Fernando (Col) Praia Hác Sá 9 2888 2264

• Ó MANEL (Tp) Fernão M Pinto 90 2882 7571

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A Tasca do Luís

(Taipa) Rua Correia da Silva 57-59 R/C Tel. 2882 7636 • O Porto Interior Alm Sérgio 259B 2896 7770 • A Lorcha Alm Sérgio 289 2831 3195

• Sawasdee Thai Av Sid Pais 43AE 2857 1963 • Aquamarine Thai Café (Tp) Jardm Nova Taipa bl 21 2883 0010 • Bangkok Pochana Ferrª Amaral 31 2856 1419 • Kruatheque Henrique Macedo 11-13 2835 3555 • Restaurante Thai Abreu Nunes 27E 2855 2255

dos acontecimentos porque todos nós sabemos que é apenas “ficção”. Enquanto que a realidade é sempre onde todos nós deveremos estar, e há poucas maneiras para atenuar o peso do que é real. Não sei se estou a fazer sentido algum, pode ser que

não esteja. É dia de trabalho, deixem lá, não exijam tanto de mim.

No momento em que nos cruzamos com pessoas

de várias identidades, levamos sempre um bocado delas e deixamos, por mais que não queiramos,

bocadinhos de nós. E com aquilo que levamos dos outros, deixamos sempre passar as pessoas que

estão prestes a serem conhecidas. É como se fosse um ciclo. Um ciclo vicioso. Decerto irritante para

• Afonso III Central 11A 2858 6272

• LA COMEDIE CHEZ VOUS Ed Zhu Kuan S/N G (Oppsite Cultural Centre) 2875 2021

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incapazes de nos identificarmos com aquilo que

• Fogo Samba VENETIAN-Grand Canal Shoppes Apt 2412 2882 8499

concentrar demasiado no centro das nossas próprias

• Restaurante Pinocchio (Tp) Regedor 181-185 2882 7128 • Canal dos Patos Parque Municipal Sun Yat Seng 2822 8166

• CHURRASCÃO Nova Taipa Garden, Block 27 G/F, Taipa 2884 37392884 3994 • Yin Alª Dr Carlos d’Assumpção 33 2872 2735

inception the last airbender Cineteatro | PUB

Sala 1 Inception [C] Um filme de: Christopher Nolan Com: Leonardo Dicaprio, Ellen Page 14.15, 16.45, 21.30 The jade and the pearl [B] falado em Cantonês

Um filme de: Janet Chun Com: Raymond Lam, Charlene Choi 19.30

[ ] Cinema

SALA 2 the sorcerer’s apprentice [B] Um filme de: Jon Turteltaub Com: Nicolas Cage, Jay Baruchel 14.15, 18.00, 20.00, 22.00

Sala 3 the last airbender [b] Um filme de: M. Night Shyamalan Com: Noah Ringer, Nicola Peltz 14.15, 18.00, 20.00, 22.00

Toy Story 3 [a]

Doraemon: nobita’s great battle of the mermaid king [a]

falado em Cantonês

falado em Cantonês

Um filme de: Lee Unkrich 16.15

Um filme de: Kôzô Kusuba 16.15

alguns. Somos muito diferentes, quase todos, e vemos. Na verdade, acabamos sempre por nos

atenções, no nosso mundo pequeno, e esquecemos

que afinal nem somos assim tão diferentes da Maria tal ou do Zé qualquer. E isso é a realidade que muitos pensam ser ficção.

[Francesca vai contando histórias, mas hoje está moody]

:oicnúnA oninimef atsiretab arucorp zapaR ariodarud lacisum oãçaler arap


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v

opinião

Thomas Friedman in i

i ainda há pouco um notável documentário realizado por Shlomi Eldar, o repórter de Gaza do noticiário do Canal 10 israelita. Intitulado “Vida Preciosa”, o filme conta a história de Mohammed Abu Mustafa, um bebé palestiniano de quatro meses, portador de uma rara doença imunitária. Comovido com o sofrimento do bebé, Eldar ajuda o bebé e a mãe a deslocarem-se de Gaza até ao hospital Tel Hashomer, em Israel, para um tratamento à medula capaz de lhe salvar a vida. A operação custou 55 mil dólares (quase 43 mil euros). Eldar lançou um apelo na televisão israelita e, umas horas depois, um judeu israelita cujo filho morreu durante o serviço militar doou a totalidade do dinheiro. Contudo, o documentário inflecte subitamente, quando Raida, mãe do bebé palestiniano, criticada pelos seus conterrâneos de Gaza por o filho ter sido tratado em Israel, faz a seguinte declaração: tem esperança de que o bebé cresça e se torne um bombista-suicida para ajudar a recuperar Jerusalém. Raida diz a Eldar: “Do bebé mais pequeno, ainda

ca r t o o n por Steff

Vida preciosa Anda no ar uma tendência perniciosa para retirar legitimidade a Israel, sobretudo depois da guerra de Gaza. Não defendo o mau comportamento israelita, mas sim a crítica construtiva mais novo do que o meu Mohammed, até ao ancião mais velho, todos iremos sacrificarnos por Jerusalém. Sentimos que temos esse direito. Temos a liberdade de ter raiva, por isso somos raivosos.” Eldar ficou destroçado com a declaração da mulher e interrompeu o filme. Mas não se trata de propaganda pró-israelita. O drama do resgate do pequeno palestiniano é justaposto às retaliações israelitas pelo bombardeamento sofrido a partir de Gaza, que matam famílias palestinianas inteiras. Raz Somech, o especialista que tratou Mohammed como se fosse seu próprio filho, foi chamado, na qualidade de reservista, para uma comissão de serviço em Gaza a meio do filme. A corrida de israelitas e palestinianos para salvar uma vida está incorporada no panorama rotineiro mais geral de dois grupos que se digladiam. “Para mim é claro que a guerra em Gaza é justificada; nenhum país pode permitir que o atinjam com obuses Qassam - mas não vi

muitas pessoas afligidas pela perda de vida no lado palestiniano”, disse Eldar ao jornal israelita “Haaretz”. “Como estávamos furiosos com o Hamas, o público israelita queria f... Gaza. Não foi senão depois do incidente de Abu al-Aish - o médico de Gaza com quem falei em directo na televisão imediatamente após um míssil ter atingido a casa dele e provocado a morte das filhas e de ele gritar de desgosto e de medo - que descobri que a maioria silenciosa israelita tinha compaixão pelas pessoas, incluindo os palestinianos. Descobri que muitos telespectadores israelitas partilhavam dos meus sentimentos.” Assim Eldar concluiu o documentário de como a vida de Mohammed foi salva em Israel. O seu filme cru é o reflexo do Médio Oriente que conheço, cheio de espantosa compaixão, mesmo entre inimigos, e de incrível crueldade, mesmo entre vizinhos. Escrevo sobre isto agora, porque anda qualquer coisa de pernicioso no ar. É uma

cheias no paquistão

tendência, tanto deliberada como inconsciente, para retirar a legitimidade a Israel, tornando o país num Estado pária, sobretudo depois da guerra de Gaza. Ouve-se o realizador Oliver Stone dizer coisas loucas, como Hitler ter matado mais russos do que judeus, mas que estes foram alvo de mais atenção porque dominavam os meios de comunicação mundiais e os seus grupos de pressão controlam Washington. Ouve-se o primeiro-ministro britânico descrever Gaza como um grande “campo prisional” israelita e o turco dizer ao presidente de Israel: “Quando se trata de matar, vocês sabem fazer isso muito bem.” Vêem-se cantores a cancelarem concertos em Telavive. Quem tivesse acabado de aterrar vindo de Marte poderia ser levado a pensar que Israel é o único país que matou civis na guerra; nunca o Hamas, nunca o Hezbollah, nunca a Turquia, nunca o Irão, nunca a Síria, nunca os Estados Unidos. Não estou a defender o mau comportamento de Israel. Pelo contrário. Há muito que defendo que os colonatos israelitas na Cisjordânia são um suicídio para Israel enquanto democracia judaica. Não me parece possível que os amigos de Israel consigam frisar este ponto vezes suficientes e com suficiente clamor. Mas há dois tipos de críticas. A construtiva começa por esclarecer: “Sei em que mundo vivem.” Sei que o Médio Oriente é um lugar onde sunitas massacram xiitas no Iraque, onde o Irão mata os seus cidadãos eleitores, onde a Síria alegadamente mata o primeiro-ministro vizinho, onde a Turquia esmaga os curdos, e onde o Hamas lança ataques de morteiro indiscriminados e se recusa a reconhecer Israel. Sei tudo isso. Mas o comportamento de Israel, por vezes, só piora as coisas, tanto para os palestinianos como para os próprios israelitas. Se mostrarmos aos israelitas que percebemos o mundo em que vivem e depois os criticarmos, eles ouvem-nos. A crítica destrutiva ensurdece os ouvidos israelitas. É como dizer--lhes: não há contexto algum que possa explicar o vosso comportamento e os vossos erros são tão errados que fazem empalidecer os de todos os outros. A crítica destrutiva arruma Gaza como prisão israelita. Sem sequer referir que, se o Hamas tivesse decidido, depois da retirada unilateral de Israel do local, torná-lo outro Dubai em vez de outra Teerão, Israel se teria comportado de modo diferente. A crítica destrutiva só vem dar razão às vozes israelitas mais destrutivas que afirmam que, dado que nada do que Israel faça está bem feito, para quê mudar? E que tal se toda a gente respirasse fundo, copiasse “Vida preciosa” para um DVD, visse esse documentário sobre o verdadeiro Médio Oriente e, se ainda quisesse criticar (como eu), o fizesse de maneira construtiva? Teria mais hipóteses de ser ouvido por mais israelitas e palestinianos.


Quando a ovelha se extravia do rebanho, uma do pastor fá-la voltar ao bom caminho.

pedrada

ca r ta a o di r ector

edCarlos i t oMorais ri aJosél

Os velhos turcos Nada disto nos parece difícil de compreender; revela-se, contudo, difícil de aceitar. E os velhos turcos abrem frentes de combate contra o governo, não na esperança de o mudar – para quê?, mas de exercer a pressão suficiente de modo a vergá-lo aos seus desejos. Os ataques sucedem-se, uns mais descabelados que os outros, nunca visando o verdadeiro bem estar da população mas sim a criação de um ambiente de desarmonia que confunda os que se sentam nas cadeiras do poder. O último alvo tem sido Florinda Chan, que dá bem a ver o desespero destas hordas. De facto, a Secretária para a Administração e Justiça pode ser criticada por muitas razões, mas ninguém acredita que a senhora tenha cometido qualquer acto menos próprio ou que se tenha aproveitado da sua posição de poder no seu próprio interesse. Logo, nesta lamentável questão das sepulturas erraram estupidamente o alvo, acabando por desviar as atenções daquilo que realmente pode interessar e onde a Secretária, eventualmente, vai falhando ou deixando de fazer as reformas necessárias. Quando determinados figurões desta terra preocupados com a liberdade de imprensa, obviamente desconfio. Quando vejo uma jornalista da TDM e o Macau Post liderarem o caso das sepulturas, obviamente que dou dois passos atrás. Quem, de facto, tem força para colocar esta gente na frente de ataque a Florinda Chan e ao governo? A resposta está aí, para quem a quiser apanhar. * O governo criou um Conselho, Comissão, ou coisa que o valha, para a questão das indústrias culturais. São 30 luminárias por convite mais 13 por inerência de cargos, ao que parece. Lida a lista e sabendo-se que reunirão duas vezes por ano, ficamos com a clara impressão de alguém anda aqui a brincar aos governos. Cria-se, portanto, mais uma entidade para não fazer absolutamente nada e dar a impressão de que se fez alguma coisa. Bravo! Vê-se que o governo de Macau leu o seu Salazar. A maior parte das pessoas encolhe os ombros porque quando ouve falar destas coisas da cultura, como Goebbles, tem vontade de puxar da pistola. Eu compreendo, porque sinto a mesma coisa: quando vejo os temas mais nobres de uma sociedade serem chutados na direcção dos contentores do lixo também sinto ganas de dar tiros.

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Padre Manuel teixeira [1912-2003]

Com a saída de Edmund Ho da cena política e com a ascensão de Chui Sai On, alguns dos privilegiados do passado perderam os favores no presente e vêem com maus olhos a atribuição de benesses no futuro. Tudo isto é natural, tal como a reacção a que hoje assistimos na sociedade de Macau. Os velhos turcos, refastelados em anos de rentável narguilé, não assistem impávidos e serenos à nova repartição do bolo e jogam as suas cartas no pano verde da RAEM. Esta Turquia dos favores, das influências tradicionais e do mete-ao-bolsismo crónico não estará satisfeita com as novas formas de repartir a massa folhada que a casinagem continua incessantemente a produzir. O que sabemos é que este estado de coisas não satisfazia a população de Macau, isto porque os velhos turcos nunca entenderam ou quiseram entender que já não é possível tratar cidadãos escolarizados da mesma maneira que tratavam um povo sem educação e semi-escravizado pela tradição de dobrar a espinhela. Hoje já não é possível vergar a população a slogans estafados, nem existem os portugueses para assacar os males do mundo. Aliás, a RAEM revolta-se por compreender claramente que os novos amos têm uma sede muito maior que os antigos, para além de não demonstrarem ter o mesmo pudor. O que no passado português se situava no oito saltou agora nitidamente para o oitenta. Isto não sou eu que o afirmo: é a população em geral quando interrogada por sondagens realizadas por instituições insuspeitas. Habituados a serem os habitantes únicos de haréns e salas do tesouro, os velhos turcos são ciosos e ciumentos, logo não aceitam que as regras tenham mudado, que Pequim os siga de perto, que o governo de Chui Sai On não lhes outorgue com o mesmo à vontade que o anterior as benesses a as alcavalas. Quer queira quer não, o actual Chefe do Executivo tem outras gentes nas mãos, mais consciente dos seus direitos e com o natural desejo ver cair no seu prato migalhas maiores deste ciclópico bolo do jogo. Como tal, não pode continuar a dar sempre e tudo aos mesmos e a satisfazer os desejos imponentes que as rotundas carteiras dos velhos turcos continuam a exigir. A China mudou e Macau também, agora nada pode mesmo ser como dantes, sob pena de termos nas mãos uma tal insatisfação social que não se coadunaria com a riqueza per capita desta cidade.

sexta-feira 13.8.2010

Senhor director,

PB

Habituados a serem os habitantes únicos de haréns e salas do tesouro, os velhos turcos são ciosos e ciumentos, logo não aceitam que as regras tenham mudado, que Pequim os siga de perto, que o governo de Chui Sai On não lhes outorgue com o mesmo à vontade que o anterior as benesses a as alcavalas Já de morrer a rir é a lista dos nomeados, onde figura gente que tem tanto a ver com o assunto como Ulisses com computadores. A boa notícia é que está lá o Casimiro Pinto, o que significa que afinal não se sumiu no deserto dos tártaros, o que, desde as passadas eleições, sinceramente se temia. Ele gozou com a malta toda que votou na lista, agora nós lançamos as mãos à barriga quando o vemos e, se calhar, com intenções renovadas. Volta Casimiro, que a malta precisa de uma boa gargalhada. A não ser que o gato lhe tenha comido a língua.

Por serem inverídicas as notícias publicadas nos últimos dias na imprensa sobre o envolvimento da sepultura do meu saudoso pai no caso das dez campas concedidas pela Câmara Municipal de Macau Provisória em 2001, venho em meu nome e no de meus familiares esclarecer o seguinte: Na realidade, o nosso pai faleceu em 1996e a nossa mãe requereu, como viúva, a concessão para uso perpétuo da sepultura do nosso pai, tendo o pedido autorizado antes do estabelecimento da RAEM. Na verdade, a sepultura do nosso saudoso pai não faz parte das dez campas que foram concedidas pela Câmara Municipal de Macau Provisória, em 2001, pelo que, a sepultura supra referida não tem nenhum relacionamento com as dez campas do Cemitério São Miguel Arcanjo, referenciadas nos últimos dias na imprensa. Aproveito este ensejo para apresentar a V. Exª e ao vosso conceituado jornal os meus agradecimentos pela instrução e apoio que me têm dado ao longo dos anos. 12 de Agosto de 2010 Florinda Chan e Família

N.D.: É com agrado que recebemos esta carta da Dra. Florinda Chan. Saudamos o facto de assim rapidamente se esclarecer que a Secretária para a Administração e Justiça nada ter a ver com o imbróglio das campas do Cemitério de São Miguel Arcanjo, cuja investigação decorre nas instâncias competentes. Gostaríamos, contudo, de chamar a atenção para o facto de em nenhuma ocasião o Hoje Macau ter referido a campa do pai da Dra. Florinda Chan. Por termos logo de início considerado estas “notícias” nada condicentes com o que conhecemos do seu carácter, limitámo-nos a fazer notícia da notícia da TDM e do comunicado que, posteriormente, foi emitido pela Secretária para a Administração e Justiça.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José editor Paulo Reis Redacção António Falcão; Kahon Chan; Marco André de Sousa; Rodrigo de Matos; Vanessa Amaro Colaboradores Carlos Picassinos; Francisco Isöo; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Severo Portela Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Duarte Santos; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte; Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Zélia Ribeiro Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges; Catarina Lau Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (hojemacau@gmail.com) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail hojemacau@yahoo.com Sítio www.hojemacau.com


a fechar sexta-feira 13.8.2010 www.hojemacau.com

Manuais escolares na Livraria S.Paulo

A Livraria S.Paulo está a aceitar encomendas de livros escolares em língua portuguesa, maioritariamente destinados aos alunos da Escola Portuguesa de Macau, confirmou o Hoje Macau junto de um responsável por aquela livraria. Pela primeira vez, nas últimas duas décadas, a Livraria Portuguesa tem concorrência, nesta área. O preço excessivamente alto dos manuais escolares importados pela Livraria Portuguesa tem sido, ao longo dos anos, duramente criticado pela comunidade portuguesa de Macau.

China quer mais bolseiros de Timor

A China está disposta a aumentar o número de bolsas de estudo para jovens timorenses que queiram concluir estudos superiores naquele país, intensificando a cooperação no ensino, revelou a Embaixada chinesa em Timor-Leste. O embaixador da República Popular da China, Fu Yancong, em mensagem enviada ao grupo de jovens timorenses, que vão partir brevemente para a China, onde completarão os estudos, afirmou partilhar das expectativas de uma maior cooperação da China com Timor-Leste nas áreas da educação e cultura. Na mensagem do embaixador foi destacado o “tremendo progresso na cooperação e intercâmbio educacional entre a China e Timor-Leste”, com o Governo chinês a duplicar este ano o programa de bolsas de estudo para cursos de licenciatura e pós-graduação. Segundo os dados revelados pela Embaixada, 21 estudantes timorenses foram admitidos em universidades prestigiadas da China, em áreas que vão desde as ciências médicas, engenharias ou política internacional.

Filha de Tomé Feiteira vai processar Duarte Lima

O suspeito do costume A filha do milionário português Tomé Feteira, falecido em 2000, garantiu que não foi afastada do testamento do pai e mantém a intenção de processar o advogado Duarte Lima. A partilha da herança de Lúcio Tomé Feteira voltou recentemente às páginas dos jornais depois do homicídio da sua secretária e companheira durante várias décadas, Rosalina Ribeiro, em Dezembro do ano passado, no Rio de Janeiro, e cujas causas a polícia ainda está a investigar. Olímpia Feteira de Menezes explicou à Lusa que é inventariante da herança do pai e, nessa qualidade, tem de prestar contas aos restantes herdeiros, tendo de explicar as transferências de dinheiro que alegadamente Rosalina Ribeiro fez para o advogado Duarte Lima depois de Tomé Feteira morrer. “Rosalina Ribeiro levantou muito dinheiro das contas do meu pai e de imediato

José Miguel Júdice, advogado que defende os interesses de Olímpia Feteira enquanto representante da herança do milionário de Vieira de Leiria, disse hoje à Lusa que “há vários anos que decorrem vários processos”, escusando-se a fornecer mais pormenores. O advogado avançou à Lusa que a sua cliente ganhou a acção interposta na justiça brasileira contra Rosalina Ribeiro, que queria metade da herança por ter vivido mais de 30 anos com Tomé Feteira, quando só tinha direito a 2,4 por cento da mesma. A Lusa tentou também contactar hoje Duarte Lima, mas não obteve resposta até ao momento. Numa nota enviada à Lusa no início da semana, o advogado, que foi uma das últimas pessoas a estar com Rosalina Ribeiro, afirmou apenas já ter prestado declarações e esclarecimentos à polícia brasileira.

preguiça deve ser considerada doença

Alergia ao trabalho

Seul e Guiné Equatorial negoceiam cooperação

Os presidentes da Coreia do Sul, Lee Myungbak, e da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, concordaram ontem, em Seul, em reforçar a cooperação bilateral nos sectores petrolífero e do gás natural, informou a presidência sulcoreana. Obiang, que chegou na quarta-feira a Seul para uma visita oficial de quatro dias, encontrou-se com Lee e durante a reunião os dois responsáveis também combinaram estreitar a cooperação nos projetos de desenvolvimento no país africano, incluídos no plano Agenda 2020. Teodoro Obiang é o primeiro presidente da Guiné Equatorial que visita a Coreia do Sul desde que os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1979. No encontro, Lee referiu que deseja que as empresas sulcoreanas participem em projectos de energia e infra-estruturas no país africano, enquanto Obiang se manifestou esperançado em estudar o modelo de crescimento económico do país asiático. A Guiné Equatorial, antiga colónia espanhola na África subsaariana até outubro de 1968, é um dos principais produtores africanos de gás e petróleo, provocando nos últimos anos um forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

transferiu várias tranches para a conta de Duarte Lima”, afirmou Olímpia Feteira, acrescentando que “não há honorários de advogados que depois da morte do pai justifiquem tais valores”. Olímpia Feteira revelou ainda que não está fora do testamento do pai e que vai continuar a lutar por aquilo que “justamente” lhe pertence. Sobre a convivência que teve com o pai, Olímpia Feteira diz que só tem boas recordações de Lúcio Tomé Feteira, que era uma “normalíssima relação de pai e filha” e que nunca conviveu com Rosalina Ribeiro. “Nem sempre estávamos de acordo, mas o meu pai era uma figura interessante e politicamente passou por uma série de situações”, referiu Olímpia Feteira, acrescentando que a ex-secretária tentou “variadíssimas vezes prejudicar esse relacionamento”.

Num texto publicado no British Journal of Sports Medicine, os médicos Richard Weiler e Emmanuel Stamatakis defendem que a preguiça deve ser considerada uma doença, porque a ligação entre sedentarismo e saúde é muito forte. A informação foi publicada no site do jornal britânico Telegraph. Segundo o artigo, os especialistas explicam que “devido à associação significativa entre morbidade e mortalidade, propomos que talvez a inactividade física também deva ser considerada para o reconhecimento de uma doença”. A obesidade já é clas-

sificada como doença pela Organização Mundial da Saúde, observa Weiler, médico especialista em desportos e exercícios do Imperial College Healthcare. Mas diz que o excesso de peso era muitas vezes, pelo menos parcialmente, resultado de uma causa mais profunda: a falta de exercício. “O dinheiro circula para tratar os sintomas da inactividade física - obesidade, diabetes, hipertensão, doença cardíaca - mas não a raiz do problema.” Em Maio, Weiler afirmou que há provas de que não estar em boa forma física causa mais doenças do que ser gordo. Segundo o professor Steve Field, presidente do Royal College of General Practitioners, muitas pessoas precisam de encarar os factos e assumir a responsabilidade” pela sua própria saúde. Weiler ainda informou que estudos recentes mostram que apenas uma em cada 20 pessoas praticam a quantidade mínima recomendada de exercícios físicos, mas ainda não existe nenhum plano para solucionar o problema.

China entra para o Guiness

Dominó humano com 10 mil peças Com 10.267 estudantes, a China montou ontem o maior dominó humano e entrou para o Guiness, superando Singapura, que detinha o anterior recorde há dez anos, com 9.234 participantes, segundo a agencia Xinhua. Os estudantes envolvidos no projeto são da região autônoma da Mongólia Interior, no norte do país. Desde o primeiro até o último participante, todos se moveram coordenadamente, em sequência, num ação que durou quase hora e meia. Os estudantes vestiam ca-

misolas de cor laranja e branca e ocuparam uma área com 200 metros de comprimento. “Ensaiámos durante cerca de quatro horas por dia, nos últimos três dias”, contou o responsável pela montagem do dominó. Alunos de 12 universidades da cidade de Ordos participaram neste dominó gigante, realizado simultaneamente com o festival Naadam, de origem mongol, onde os homens praticam vários tipos de actividades desportivas tradicionais, como o tiro com arco e a luta.


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