Hoje Macau • 2011.01.14 #2289

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Pandas não são para todos. Só grupos convidados vão lhes-pôr os olhos em cima este mês página 8

Patrão da Volkswagen acusado de violar donzelas na noite de Macau durante Grande Prémio página 11

tempo com abertas min 10 max 18 humidade 45-85% câmbios euro 10.5 baht 0.26 yuan 1.22 pub

Agência Comercial Pico • 28721006

Macau-Indonésia

Companhia suspende voos • P.9

Bienal de Veneza

Chamada às candidaturas • Centrais

Ano Novo Chinês

hojemacau Mop$10

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Director carlos morais josé • sexta-feira 14 de janeiro de 2011 • ANO X • Nº 2289

Mais de 10 mil processos pendentes, funcionários mal formados e falta de juízes entopem sistema

Hotéis cobram fortunas • Última

Lei de Terras

Público posto de parte • P.5

Governo responde a perguntas de deputados com três anos de atraso

Mais vale tarde do que nunca

O Governo promete que responde em 30 dias, mas, na verdade, o atraso chega aos 1095 dias para os esclarecimentos às interpelações que os deputados da Assembleia Legislativa enviam aos serviços da Administração. O ex-deputado Leng Heng Teng, que deixou a sua cadeira no hemiciclo há mais de um ano, já tinha desistido de esperar por uma posição sobre medidas contra o jogo compulsivo. Até que, há dias, Leng a recebeu – e só foi informado do teor do documento através do Hoje Macau. “É inaceitável”, exclamou. O mesmo passouse com a deputada Leong Iok Wa e os casos não se ficam por aqui. A lista é grande... >página 4

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As dores de cabeça da Justiça Páginas 6 e 7

Funcionário público é um dos músicos mais activos do território. É italiano, fala português e quer criar uma ópera. Entrevista págs. 18 e 19


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actual

Secretário da Defesa dos EUA terminou visita oficial

Gates que se abrem

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, terminou ontem a viagem oficial à China com uma visita às instalações de uma divisão de artilharia do Exército de Libertação Popular, informou a agência oficial Xinhua. Na visita, o comandante do segundo destacamento de artilharia, Jing Zhiyuan, reuniu-se com Gates e informou-o "sobre a política e estratégia nuclear da China", referiu a Xinhua, citada pela EFE. Antes de terminar a visita de quatro dias ao país, Gates esteve também na Grande Muralha da China. Durante a visita, o secretário da Defesa norte-americano reuniu-se na capital

chinesa com dirigentes como o presidente, Hu Jintao, e o vice-presidente, Xi Jinping. A visita de Gates coincidiu com o primeiro voo de treino na China de um avião 'invisível' para espionagem, o que alarmou analistas militares norte-americanos, que consideraram que se tratou de um desafio directo ao secretário da Defesa. Pequim assegurou que não existe qualquer relação entre o primeiro voo de treino do avião, denominado J-20, e a visita de Gates. O ministro da Defesa chinês, Liang Guanglie, aproveitou a presença de Gates para exigir que os Estados Unidos deixem de vender armas a Taiwan e recordou que essas transacções prejudicaram as relações entre Washington e Pequim. Na capital chinesa, Gates mostrou a sua preocupação com a Coreia do Norte, país aliado da China, advertindo que o desenvolvimento de mísseis balísticos norte-coreanos pode tornar-se uma ameaça directa para os Estados Unidos.

Pequim ajusta contas com a História

Confúcio e Mao de mãos dadas António Caeiro Agência Lusa

Confúcio juntou-se ao fundador da China comunista no centro de Pequim, numa aliança impensável na década de 1970, quando Mao Zedong governava o país e o grande sábio chinês da antiguidade era considerado “um pensador feudal e decadente”. Uma estátua de bronze de Confúcio ergue-se agora à entrada norte do re-

novado Museu Nacional da China, na Praça Tiananmen, uma área monumental de 40 hectares, dominada pelo retrato do antigo presidente Mao (1893-1976) e pelo Mausoléu com o seu corpo embalsamado. “Confúcio representa a cultura tradicional da China e tem uma vasta e profunda influência na sociedade internacional”, disse o director do museu, Lu Zhangshen. Aestátua, com 7,90 metros

de altura e assente num pedestal de pedra de 1,60 metros de altura, foi inaugurada na terça-feira, antecedendo em cerca de dois meses a reabertura do museu que, entretanto, mudou de nome. Após três anos e meio de obras, os antigos Museus da História e da Revolução, instalados em alas distintas do mesmo edifício, passarão a integrar o Museu Nacional da China. Como o Grande Palácio do Povo, situado à sua pub

ANÚNCIO

Nos termos do n.º 2 do artigo 21.º da Lei do Recenseamento Eleitoral, com a redacção dada pela Lei n.º 9/2008, a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública vai expor os cadernos de recenseamento, a partir do dia 17 de Janeiro (2ª feira), no local abaixo indicado e por um período de dez dias, para efeitos de consulta e reclamação dos interessados. Data e horário: De 17 a 26 de Janeiro, incluindo sábados e domingos. (Das 9H00 às 18H00, sem interrupção na hora de almoço). Local:

Rua do Campo, n.º 162, Edifício Administração Pública, r/c.

Para qualquer informação, podem telefonar para a linha aberta do SAFP (88668866 e 89871704), ou consultar o site do Recenseamento Eleitoral: www.re.gov.mo. O Director do SAFP, José Chu 14 de Janeiro de 2011

frente, aquele edifício foi construído em 1959, para celebrar o 10.º aniversário da República Popular da China. Filósofo e pedagogo, Confúcio nasceu em 551 A.C., quando a China estava dividida em vários reinos. Durante a década da Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76), a última cruzada de Mao, a liderança chinesa lançou uma “campanha política de massas” intitulada “Criticar Lin Biao e Criticar Confúcio”. Os radicais da altura, entre as quais a mulher de Mao, Jiang Qing, pretendiam “aprofundar a luta de classes sob a ditadura do proletariado”, e para eles, Confúcio era demasiado “conservador”. Situada no

centro físico e político de Pequim, a Praça Tiananmen é o espaço urbano mais conhecido da China. O retrato de Mao, afixado na tribuna de cor púrpura que dá o nome à praça, continua lá, mas a “Revolução Cultural” é hoje considerada “o mais grave erro e o maior retrocesso da história do socialismo na China”. Ao contrário do que então preconizava, o Partido Comunista Chinês defende agora a economia de mercado e “os avançados métodos de gestão dos países capitalistas”. Confúcio, entretanto, foi reabilitado e a “sociedade harmoniosa” preconizada pela actual liderança inspirase nos seus ensinamentos. O organismo criado em 2005 pelo governo chinês para divulgar internacionalmente a cultura e a língua chinesas chama-se, precisamente, Instituto Confúcio.

Fábrica de suicídios

Uma mulher de 25 anos morreu depois de se ter atirado do 10.º andar de um edifício, em Shenzhen, no sul da China. O prédio pertence à fábrica da Foxconn, uma empresa taiwanesa que fabrica componentes para as multinacionais Sony, Apple e Niintendo e produz 4% dos produtos exportados pela China. De acordo com o jornal South China Morning Post, o Wang Ling, emigrante de Hunan, trabalhava no departamento de engenharia da Foxconn desde 2005, mas terá recebido um e-mail na semana passada que sugeria a sua demissão. Após uma discussão com o superior, “que a criticou duramente”, a funcionária atirou-se de livre vontade do prédio , fazendo aumentar para 15 o número de trabalhadores que cometeram suicídio na mesma fábrica em 2010. Outros três funcionários também se tentaram matar, sem sucesso. A Foxconn foi questionada acerca dos métodos de tratamento impostos aos funcionários, mas a empresa defende-se das acusações de maus tratos aos empregados, assinalando que oferece melhores condições do que outras empresas no gigante asiático. Na Foxconn de Shenzhen trabalham 400 mil dos 800 mil empregados que a empresa tem na China, sendo sobretudo jovens provenientes de outras províncias chinesas.

Altos juros

Segundo dados do Jornal de Negócios, Portugal terá pago, a 18 meses, um juro avaliado em 4,75%, de mil milhões de euros em dívida. Além dos 1750 milhões de euros em dívidas leiloados este ano, o Estado português colocou desde o início de 2011, mais 50 milhões de euros em “Floating Rate Notes” e mil milhões de euros através de uma venda directa de “medium term notes”. O montante da dívida já leiloada divide-se em 500 milhões de euros de bilhetes e 1250 milhões em obrigações. Apesar das fontes oficiais e governamentais não confirmarem, o financiamento está a ser atribuído à China e está estipulado num prazo de um ano e meio, com uma taxa de juro superior à exigida pelos mercados para três anos.


Na saída dos dois homens do CCAC, o que há a salientar é o drama. Macau parece ter acordado de uma longa modorra e o seu espreguiçar nem sempre é bem entendido pelos detentores do poder, nem por certa parte da inteligensia. Agora, na RAEM, os movimentos são de outro modo vigiados, em grande parte pela comunicação social chinesa, são de diferente maneira escrutinados, de outro modo sufragados Carlos Morais José, P22

Um jornal chinês qualificou o embargo europeu à venda de armas à China uma medida “fora de prazo”, “patética” e “ridícula”, que “nunca impediu a modernização” das Forças Armadas chinesas. “O que a China quer da União Europeia é justiça (…) é também um teste à capacidade da UE de tomar as suas próprias decisões e não se limitar a seguir a liderança dos Estados Unidos”, diz o Global Times ao defender o levantamento do embargo. O embargo foi imposto em 1989, na sequência da sangrenta intervenção militar contra o movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, que causou centenas de mortos. No editorial de hoje, o Global Times não menciona aquele episódio, salientando apenas que “o mundo mudou bastante” desde então. “A União Soviética passou à História e a Chipub

Embargo à venda de armas é “ridículo”, diz jornal chinês

Uma relíquia da Guerra Fria

questão do embargo”, assinala o jornal, uma publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o

órgão central do Partido Comunista Chinês. Segundo o Global Times, “a China não contava com-

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prar armas a Europa ou aos Estados Unidos” e “o embargo forçou-a a desenvolver a sua própria tecnologia militar”. “Levantar o embargo será uma grande demonstração da sincera amizade da Europa pela China”, afirma o Global Times. Portugal sempre aliado

na tornou-se uma grande potência comercial”, mas “a UE permaneceu ao lado dos Estados Unidos nesta

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Portugal apoia o levantamento do embargo à venda de armas à China, imposto em 1989, mas só decide a sua posição “no contexto da UE”, indicou à agência Lusa o embaixador português em Pequim, José Tadeu Soares. “Portugal tem tido uma posição bastante favorável às teses chinesas”, disse o diplomata a propósito da visita do presidente chinês a Portugal, em Novembro passado. Já em 2005, o então Presidente português Jorge Sampaio defendeu em Pequim que a UE devia levantar o referido embargo.

Portugal apoia também a concessão do “estatuto de economia de mercado” à China, outra persistente reivindicação chinesa, manifestada em todas as cimeiras com a UE. Tadeu Soares realçou, contudo, que a posição portuguesa sobre aquelas matérias “é sempre decidida no contexto da União Europeia”. “Não podemos decidir sozinhos matérias que são posições de política externa comum”, afirmou. Há dois meses, em Pequim, a Alta Representante da UE para a Política Externa, Catherine Ashton, disse que “a China deseja que o embargo seja levantado, mas está consciente que é uma questão que os 27 têm (ainda) de discutir”. Grécia, Espanha e outros países da UE também já se manifestaram a favor do levantamento do embargo, mas a Inglaterra, por exemplo, opõem-se.


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4 Kahon Chan

kahon.chan@hojemacau.com.mo

O Governo comprometeu-se a dar resposta às interpelações em 30 dias, mas recentemente respondeu a inquirições de dois ex-deputados três anos após as questões terem sido colocadas. Leong Heng Teng, actual porta-voz do Conselho Executivo, admitiu que era impossível aceitar uma resposta com três anos de atraso. O deputado da Assembleia Legislativa (AL) Paul Chan Wai Chi revelou os casos bizarros e exigiu uma resposta por meio do tema de preocupação – uma nova interpelação escrita. Que tipo de perguntas justificariam três anos de hesitação? O ex-deputado Leong Heng Teng apresentou uma interpelação a 12 de Março de 2007 a questionar que medidas estavam na altura a ser tomadas para prevenir que o jogo compulsivo se espalhasse pela comunidade, e propôs o controlo legal da localização dos recintos de jogo. O gigantesco resort Venetian abriu as portas no final do Verão de 2007, seguido de mais mega-resorts que puseram mais residentes locais a trabalhar na linha da frente da excitação lúdica. O Governo prometeu uma lei para limitar os espaços de “slotmachines” e aumentar a idade mínima para os apostadores nos casinos em 2008, mas a promessa não teve seguimento. Mudaram as estações, mudaram os secretários, até que Leong acabou por receber a resposta a 7 de Janeiro, numa carta datada de 31 de Dezembro de 2010 enviada pelo gabinete de Cheong U. Mas Leong Heng Teng não foi notificado da chegada da resposta, uma vez que já não trabalha na

O Secretariado Permanente do Fórum Macau e a Agência para a Promoção do Investimento do Ministério do Comércio chinês assinaram ontem um protocolo de cooperação que visa reforçar a promoção de negócios entre a China e os países de língua portuguesa. De acordo com uma nota oficial, a assinatura do documento de cooperação decorreu em Dongguan, cidade da província continental de Guangdong, durante a reunião anual das Agências para a Promoção do Investimento da China e dos Países Estrangeiros e Fórum para a Promoção do Investimento nas Indústrias Emergentes Estratégicas. O documento foi assinado por

política Governo responde a interpelações com três anos de atraso Leong Heng Teng não

Leong à espera AL há mais de um ano. Quando o actual porta-voz do Conselho Executivo foi informado da resposta ontem pelo Hoje Macau, que o contactou para obter um comentário, mostrou-se confuso e surpreendido. Em suma, pareceulhe inaceitável. “O tempo só por si deixa uma má impressão para o público. Soubemos da preocupação da população em geral e a reflectimos para o Governo, por isso era uma questão tempo-

ral”, afirmou. O ex-parlamentar admitiu o desafio que era para o Executivo coordenar respostas interdepartamentais, mas considera que um atraso contável em anos era simplesmente estranho e raro. “Quando apresentei a interpelação, também eu era responsável por apressar a resposta. Mas assim que o material é apresentado no papel, o Governo não tem como escapar, mesmo que não o tenhamos tendo solicitado.”

Mas este não é um caso único. Outra interpelação apresentada pela antiga deputada Leong Iok Wa a 8 de Junho de 2007 apenas teve direito a resposta a 16 de Dezembro de 2010. A legisladora perguntava ao Governo como lidar com os problemas de higiene pública que ocorriam dentro das propriedades privadas e a resposta dos Serviços de Saúde acabou por não ter mais do que uma página. Uma lei aprovada pela AL em 2004 obrigava os serviços do Governo a responder em 30 dias a contar da data de recepção das interpelações pelo Chefe do Executivo. Mas esse compromisso, não só é violado com frequência, como normalmente não satisfaz

Fórum Macau e agência chinesa assinam acordo de cooperação

Para a frente, Língua Portuguesa Chang Hexi, secretário-geral do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, e pelo director da Agência para a Promoção do Investimento do Ministério do Comércio da China, Liu Zuozhang. O protocolo visa desenvolver os trabalhos de promoção de investimento no quadro do Fórum de Macau, reforçar a cooperação dos investimentos mútuos promovida pelo Secretariado Permanente do Fórum de Macau e

pela Agência para a Promoção do Investimento do Ministério do Comércio da China. O documento pretende ainda salientar o papel de Macau como plataforma de serviço nas áreas económica e comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, refere a mesma nota. No âmbito do memorando de entendimento, o Secretariado Permanente e a Agência para a Promoção do Investimento do Ministério do Comércio da China irão impulsionar conjuntamente

os trabalhos do Grupo de Trabalho de Investimento, determinar os planos de trabalho e desenvolver as actividades de promoção dos investimentos bilaterais e multilaterais. O acordo visa ainda identificar e promover a realização de projectos de investimento potenciais e dinamizar mais o papel de Macau como plataforma de serviço nas áreas comerciais e de investimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

trabalha na AL há mais de um ano, mas só agora recebeu uma resposta a uma interpelação feita há três anos. Quando o actual porta-voz do Conselho Executivo foi informado da resposta ontem pelo Hoje Macau, que o contactou para obter um comentário, mostrou-se confuso e surpreendido. Em suma, pareceu-lhe inaceitável. “O tempo só por si deixa uma má impressão para o público. Soubemos da preocupação da população em geral e a reflectimos para o Governo, por isso era uma questão temporal”, afirmou os deputados. Pereira Coutinho apresentou uma interpelação em Junho sobre o regime de carreiras para os funcionários do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e recebeu uma resposta no final de Julho que considerou insatisfatória. O legislador exigiu respostas mais claras numa segunda interpelação datada de 2 de Setembro, que recebeu uma resposta a 21 de Dezembro: “não há de momento qualquer informação complementar”. O deputado Paul Chan Wai Chi, que recebeu uma cópia da resposta na semana passada, disse que era um desrespeito do director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), José Chu, não responder às questões dos deputados precisamente porque essa era uma função atribuída pela Lei Básica. Com base nas respostas anteriores, Paul Chan pediu para saber qual era a causa dos três anos de atraso e pediu uma avaliação ao tempo e qualidade das respostas, que têm sido ambos postos em causa pelos deputados há anos. De qualquer forma, Chan optou por colocar essas questões sob a forma de interpelação escrita e espera agora que os responsáveis do Governo parem de tratar a AL de forma negligente.


Novas regras para entrar em Macau Tendo em vista o aperfeiçoamento das formalidades do controlo de migração e as facilidades de entradas e saídas da Região para não-residentes, a partir do próximo dia 17 começam os serviços de recolha e de registo de impressões digitais de residentes do Continente portadores dos documentos de viagem “Salvo-conduto para deslocação a Hong Kong e Macau” de categoria T (visitas a familiares) e de categoria S (dedicado a comércio). Os interessados podem fazê-lo no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, no Terminal Marítimo do Porto Exterior, no Terminal Marítimo Provisório da Taipa, e no Posto Fronteiriço de COTAI.

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“Muitas pessoas não conhecem a Lei de Terras”. Foi essa a justificação dada por Jaime Carion, director dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), para que não se abrisse um seminário ao público em geral, no âmbito da consulta sobre a Lei de Terras. O director da DSSOPT considera também que as 40 associações são perfeitamente capazes de representar o resto da população de Macau. Foi também revelado que o Governo encomendou a tradução chinesa do projecto de lei a terceiros, com um académico da Universidade de Macau (UM) a considerar que o texto em chinês podia causar conflitos de interpretação, já que as expressões são tão ambíguas como as de outras leis traduzidas em Macau. O Governo organizou a quarta sessão de consulta sobre a Lei de Terras revista, com um grupo de “representantes” seleccionados de associações de âmbito económico, legal e cultural, mas o primeiro orador não

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Consulta sobre a Lei de Terras revista foi só para alguns

Público ignorado estava na lista de convidados. Kou Ngon Fong, agora “dissidente” de uma das principais associações de jovens, celebrizado pelos seus vídeos irónicos no YouTube, queixou-se aos responsáveis da DSSOPT de que tinha tido muitas dificuldades em

participar no seminário, uma vez que o público em geral está excluído da oportunidade de comunicação directa. “Quando pergunto sobre o próximo seminário, a resposta é que não há confirmação. Quando pergunto a quem é dirigido, respondem-me

‘aos convidados’”, contou, deixando a questão: “As pessoas sabem que a Lei de Terras está ligada a muitos interesses. Trata-se de um tratamento deliberadamente ‘frio’ para ter a lei aprovada rapidamente?” A defesa da organização

veio da parte de Jaime Carion. “Considerámos fazer seminários para o público em geral e quando chegamos à questão de quão conhecida é a lei, muitas pessoas nem sequer sabem o que é a Lei de Terras. Tendo isso em conta, há associações,

kahon chan

Kahon Chan

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Pereira Coutinho contesta novamente a Administração

É a segunda vez desde o início de 2011 que José Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), manifesta desagrado no que diz respeito ao novo conceito de antiguidade dos funcionários públicos criado pelo Governo. Ontem, numa interpelação escrita, o deputado pede justificações àAdministração da RAEM, exigindo saber “quais os estudos científicos” que serviram como base para a alteração do conceito e porque é que são “maioritariamente os trabalhadores das classes mais baixas” quem sofre com a ausência de contabilização dos anos de serviço para os efeitos de antiguidade e respectiva compensação. Pereira Coutinho acusa o Chefe do Executivo de ignorar os direitos e interesses “legítimos” dos funcionários “que trabalharam com dedicação para o desenvolvimento económico de Macau”. Quem os caracteriza desta forma, é o próprio Chui Sai On. Citadas pelo deputado, as palavras remetem para um discurso do Chefe

do Executivo nas LAG para 2011 - “[O Chefe do Executivo afirmou que] o Governo considera os funcionários públicos como bens valiosos, pois têm contribuído com a sua dedicação e sabedoria para o desenvolvimento económico e social de Macau”. O deputado aponta falhas nas acções recentes da Administração, salientando que o novo conceito de antiguidade trata de forma “imoral e desconsiderativa os trabalhadores das classes mais humildes” e “contraria a afirmação de Chui Sai On de que os funcionários públicos são valiosos”. Recentemente, o Governo apresentou o novo conceito de antiguidade “e de uma forma surpreendente”, refere Pereira Coutinho, “misturou-o com o Regime de Providência”. Desta forma, apenas os trabalhadores que, em 2007, aderiram a esse regime têm direito ao prémio de antiguidade, “ignorando as dezenas dos trabalhadores

Joana Freitas

Governo a bater no “velhinho” da linha de frente e pertencentes às classes mais baixas”, considerou o presidente da ATFPM. Coutinho salientou ainda que a maioria dos funcionários que ficam de fora do direito de compensação pelos anos de serviço se sente “tratada como trapos” desde o estabelecimento da RAEM. A entrada em vigor do anterior Estatuto do Pessoal do Instituto para osAssuntos Cívicos e Municipais, de 2004, “foi uma experiência infeliz”, aponta o deputado, já que “volvidos cerca de cinco anos de exploração aos trabalhadores, o IACM voltou a publicar novo estatuto, rectificando erros do passado e passando todas as categorias profissionais para um vencimento idêntico aos trabalhadores da maioria dos serviços públicos”. E a justiça a precisar de reforma

Também a Secretária para a Administração e Justiça foi questionada,

numa segunda interpelação do deputado, sobre uma eventual falha da Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), do Gabinete para a Reforma Jurídica (GRJ) e do Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional (GADI) na consolidação do sistema jurídico em Macau. Pereira Coutinho pediu ainda a Florinda Chan uma justificação pela possível falha também da parte dela, já que “é a responsável pela tutela dos referidos serviços”. Confrontando a Secretária, o deputado perguntou quais as razões para a ausência de sucesso na consolidação no modo de funcionamento da justiça e se, eventualmente, Florinda Chan estava de acordo com a criação de um “único serviço competente no que respeita à produção legislativa”. As questões do deputado baseiam-se nas afirmações de Florinda

organizações ‘kai fong’ e câmaras de indústria para representá-los”, explicou Carion, acrescentando que as várias associações seriam incentivadas a consultar os seus membros nas três semanas restantes e que, se quisessem mais tempo, a DSSOPT iria considerar uma prorrogação da consulta. A deputada da Assembleia Legislativa (AL) Angela Leong também pôs em causa o modelo de consulta usado para a Lei de Terras, numa interpelação escrita apresentada ontem. O professor da UM Ricardo Siu, que também é o director-geral interino da Associação das Ciências Económicas de Macau, leu a versão chinesa do projecto de lei e encontrou várias expressões questionáveis, que interpretou como sendo equívocos de tradução. Por exemplo, o académico considera que a expressão “implementação da política de incentivos para diversificação adequada da estrutura industrial” deixa demasiado espaço a interpretação na sua versão traduzida para chinês, tal como acontece também com outros exemplos que enumerou.

Chan na Assembleia Legislativa, quando a Secretária para a Administração e Justiça mencionou que foram publicados 156 diplomas legais desde o estabelecimento da RAEM, e na posterior criação da Direcção dos Serviços da Reforma Jurídica e do Direito Internacional (DSRJDI). Para o presidente da ATFPM, “o DSRJDI está vocacionado para a coordenação e planificação dos trabalhos de reforma judicial”, como disse Florinda Chan, mas entre os mais de uma dezena de diplomas entregues para 2011 “apenas o Código do Processo Penal será da iniciativa legislativa da DSRJDI”. Coutinho tem dúvidas quanto ao “objectivo de apoio ao Governo pelo gabinete referido, na condução e aplicação do plano legislativo e no controlo dos projectos legislativos”. O início dos trabalhos de revogação de leis “que não deveriam supostamente continuar a vigorar, tais como o D.L. n.º 122/84 de 15 de Dezembro”, refere o deputado, e a aprovação dos regulamentos das “leis do jogo, que há tantos anos se encontram previstos” também foram questões ontem colocadas por escrito à Administração.


sociedade

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Justiça | Presidente da Associação dos Advogados ajuda a perceber problemas

Como anda a justiça em Macau?

Os dados apresentados nas estatísticas dos tribunais apontam para mais de 10 mil processos pendentes na RAEM. Para tentar perceber qual a situação actual da Justiça no território, o Hoje Macau pediu ajuda a Jorge Neto Valente, presidente da Associação dos Advogados de Macau. As falhas são apontadas à má formação e à insuficiência de juízes. A exclusão de culpa da Língua Portuguesa é defendida pelo advogado, contra as opiniões dos representantes de altos cargos Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Não há uma resposta linear para perceber como anda a Justiça em Macau. Se anda devagar ou à medida das necessidades, é uma questão “difícil de responder”, assegura Jorge Neto Valente, presidente da Associação de Advogados de Macau (AAM). No território há mais de 30 anos, o advogado diz que as variações de caso para caso não permitem uma análise geral sobre a existência ou não de um progresso lento nos tribunais de Macau, mas admite ter havido um aumento de processos pendentes nos corredores da justiça, que prova uma morosidade desnecessária, em alguns casos. “Para um caso complicado, um ano não é muito tempo. Mas há processos que se arrastam cinco e seis anos, o que já começa a ser muito, e outros sete, oito, nove - o que é um exagero”. Salientando alguns pontos críticos na Justiça do território, Neto Valente aponta falhas. “Uma certeza inquestionável é a insuficiência de juízes em Macau.” O número reduzido de magistrados na RAEM - no total são 32 para as três principais instâncias não se adapta à quantidade de processos pendentes, “que são mais de dez mil”, menciona o advogado. De acordo com as estatísticas disponibilizadas pelos tribunais, as taxas de resolução dos processos centram-se maioritariamente a passar rasamente os 50%. No Tribunal de Segunda Instância (TSI), por exemplo, os dados disponíveis para consulta apresentam um total de 1015 pendentes de Dezembro passado para o ano de 2011. No Tribunal Judicial de Base (TJB), o número ultrapassa

Tribunal Judicial de Base (TJB) Causas

Processos pendentes em Taxa de resolução Novembro de 2010

Cíveis

2641

Jurisdição de menores

229

Cíveis do Trabalho Crimes

Crimes no Trabalho Pequenas causas

Tribunal de Segunda Instância (TSI)

Tribunal de Última Instância (TUI)

largamente os 9000 processos pendentes no final do mês de Novembro (as estatísticas anuais ainda não foram disponibilizadas). A baixa taxa de resolução mais gritante refere-se aos processos cíveis (7,72%). Neto Valente frisa a questão da insuficiência de magistrados para explicar as estatísticas. “Para esses processos pendentes [tendo em conta os números avan-

588

7,72% 9,68%

9,32% - 21,05%

4921

17,49

763

14,46%

156 Processos pendentes em Novembro de 2010

979

Processos pendentes em Novembro de 2010 14

çados pelo Hoje Macau, de acordo com a apresentação de 2010 do TSI] oito juízes são suficientes? Não”. O advogado faz questão de salientar a necessidade de cada caso precisar de um “estudo cuidadoso” para que haja decisões com qualidade. “As soluções não estão na prateleira, só há um limite para o tratamento devido dos processos - é o tempo necessário para que eles possam ser

17,38

À espera de

distribuição 6

À espera de

distribuição 0

estudados e averiguados com a qualidade necessária.” Neto Valente explica ao Hoje Macau todo o modo de funcionamento, que pode ser, em parte responsável pela demora dos tribunais: “há três juízes a estudar o mesmo caso”. Cada processo é atribuído a um relator, um juiz encarregue de apresentar possíveis soluções aos outros dois juízes. Se a decisão for considerada viável

por esses dois profissionais, “acorda-se na decisão”. No entanto, “se o relator for vencido o processo tem de ser entregue a um dos outros dois juízes e recomeça tudo outra vez”. Além disto, aponta o advogado, cada um dos outros dois juízes não intervém somente neste processo, “mas tem o seu próprio papel de relator noutros casos”. “É por isso que há processos parados há mais de dois anos, antes das audiências há muitos actos. Um magistrado não se limita a ler um processo e a decidir sobre ele. Tem de estudar, exige cautela e atenção, principalmente se forem casos mais complicados”. A juntar a isto, existem ainda decisões intercalares e requerimentos que tomam um papel decisivo para o prolongamento do período de decisão. Apesar de tudo, salienta Neto Valente, estas não são as defesas exclusivas para os atrasos na Justiça do território. Classificações em alta

“Aqui em Macau só há avaliações de ‘bom’ ou ‘muito bom’”, ironiza Neto Valente. Na opinião do presidente do AAM, a falta de experiência do Tribunal de Última Instância relativamente às avaliações, ou à falta delas, dos magistrados, é um dos pontos mais fulcrais para se definirem bons profissionais no território. “Se devia ter havido cinco avaliações, houve duas”. Para o advogado, o sistema não é transparente neste sentido e são muitas vezes cometidas injustiças relativamente “aos que são melhores” e se vêem classificados de igual forma do que aqueles a quem falta experiência. “Ao menos em

Portugal, de vez em quando, lá despedem um juiz”. Como explicou o advogado, para os magistrados naturais de Macau, por exemplo, o cargo de juiz é “vitalício, independentemente de ser bom [profissional] ou não”. Questionado acerca da eventual falta de confiança na Justiça pela parte da população, Jorge Neto Valente diz sentir-se assustado quando se fala na generalidade, já que “é mentira que toda a gente pense alguma coisa sobre a Justiça”. O advogado acredita que parte da população “está de fora dos tribunais, e ainda bem, e não tem sentimento nem percepção do que se passa”. Se há reservas quanto à Justiça de Macau, grande parte delas é tida pelos que perdem. Apontadas como grandes problemas, as sentenças em português “só são recla-

“Uma certeza inquestionável é a insuficiência de juízes em Macau”, aponta Neto Valente. O número reduzido de magistrados na RAEM - no total são 32 para as três principais instâncias não se adapta à quantidade de processos pendentes, “que são mais de dez mil”


Dezembro mais calmo que Novembro

O mês de Dezembro foi uma vez mais pródigo no combate aos trabalhadores ilegais mas obteve menores resultados comparando com Novembro. De acordo com dados estatísticos, nas operações efectuadas pelo CPSP, foram fiscalizados 291 locais bem menos do que os 367 locais inspeccionados no mês anterior, nos quais foram encontrados 38 trabalhadores ilegais, menos de metade que em Novembro. Nos trabalhos efectuados pelo DSAL, foram fiscalizados 22 locais, ou seja, menos oito comparando com Novembro, nos quais foram encontrados dois trabalhadores ilegais, os mesmos que no mês que antecedeu. Já nas operações de combate conjuntas, foram fiscalizados três um local (menos dois que Novembro), onde não foram encontrados trabalhadores ilegais em contraste com os 21 do mês anterior.

madas pelos vencidos em tribunal, o que é uma falsa questão até porque quem recebe as comunicações são os advogados e são eles que as comunicam aos clientes” em chinês. “O bilinguismo está na Lei Básica”

Apontando o dedo às críticas que constantemente são lançadas pela parte dos mais altos responsáveis à Língua Portuguesa, o presidente da AAM diz “ser uma treta atribuírem o problema da morosidade na resolução dos processos às traduções”. Como explicou ao Hoje Macau, as opiniões de alguns profissionais com altos cargos é de que se toda a documentação constituinte dos processos estive em chinês “seria mais fácil” para findar os casos. No entanto, Neto Valente considera esta uma falsa questão, porque apesar do problema das traduções não poder ser excluído, “sempre houve documentos em chinês” e esses documentos

chegam aos tribunais que têm juízes portugueses que são capazes de despachar os processos de uma forma rápida. “Aliás, se a maioria dos conflitos ou problemas em tribunal é de chineses, por exemplo no civil e laboral, muitos advogados escrevem em português”. “É mentira que as traduções sejam uma perda de tempo, até porque há processos em português também”. Neto Valente sublinha ainda que os funcionários federais são obrigados a saber as duas línguas oficiais, até porque “o bilinguismo está na Lei Básica”. Criticando também a preocupação das traduções, Neto Valente explica que “só agora é que se começou a pensar em arranjar tradutores”. Menorizando esta vertente, por considerar ter uma resolução mais fácil do que os outros pontos críticos, o advogado menciona a falta de pessoal nas secretarias de Justiça. “As secretarias judiciais são importantes, valem

Apesar dos cursos que têm havido no Centro de Formação Jurídica e Judiciária de Macau, Neto Valente caracteriza como “maus funcionários” alguns dos mais de cem trabalhadores bilingues da área. “Não sabem português e não têm uma boa formação, os bons que há são portugueses” meio juiz”. Para o presidente da AAM, existe falta de apoio aos já insuficientes juízes do território. Má formação

“Quando [as secretarias] funcionam bem, poupam trabalhos”, que não são atribuídos necessariamente aos juízes. Na opinião de Neto Valente, um bom escrivão pode ser um ponto de partida para não existirem atrasos na resolução dos processos. Sem uma definição concreta de “despachos” ou dos tipos de processos, os juízes têm que ler tudo o que está para trás. “Não é possível ter na

TUI autoriza manifestação após recurso da PSP

Sem exageros e com direitos “O Governo despreza a vida humana, veredicto injusto secular de Hou Kong” é uma manifestação que vai mesmo realizar-se até dia 17 deste mês. Um acórdão divulgado na quarta-feira deu a conhecer a autorização do Tribunal de Última Instância (TUI) a Cheang Jin Chao, Ng Pak Peng e Nip Iok Meng, os três promotores da “greve sentada”, supostamente a ter início a 3 de Janeiro e que tem como objectivo relembrar vítimas de sequestro. Depois da tentativa do comandante substituto do Corpo da Polícia de Segurança Pública em alterar a localização inicial para a área envolvente dos lagos Nam Van, o TUI aprovou o recurso dos manifestantes, autorizando-os a efectuar as actividades de manifesto na zona primeiramente pensada, em redor da Sede do Governo. Depois do aviso dos três organizadores, a 27 de Dezembro passado, ao presidente do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), onde pedem que o evento seja comunicado às autoridades de Segurança Pública, o comandante da PSP interpôs um recurso judicial alegando necessidade de “manutenção da ordem pública” e “um funcionamento normal da Sede do Governo da RAEM”. Os manifestantes responderam ao despa-

cho do comandante da PSP, classificando-o como “inaceitável” e “sem fundamentos”, obtendo apoio da parte do TUI. Além de referir a inexistência de oposição no que concerne à entidade a quem é dirigido o aviso, o tribunal considera não haver “justificação” concreta e de serem vagas as expressões utilizadas no despacho remetido pelas autoridades de Segurança Pública – “A autoridade tem o poder de não permitir manifestações a distância inferior de 30 metros de determinados locais, com fundamento em razões de segurança ou ordem pública e não em quaisquer outras razões”, remata o acórdão do TUI, referindo-se ainda à impossibilidade de ser imposto um determinado lugar pelo comandante. Apesar do direito à manifestação estar previsto na Lei Básica, os manifestantes viram apenas ser-lhes concedido parcial provimento do recurso, já que as intenções de incendiarem objectos sagrados e montarem aparelhos de som, anunciadas pelos autores da greve, ficam fora dos parâmetros permitidos na legislação. Assim, a manifestação, que reivindica a localização dos desaparecidos e o pagamento das indemnizações, foi autorizada junto à Sede do Governo até dia 17 de Janeiro. - J.F.

memória todos os processos, e é um prejuízo grave ter de estudar tudo de novo”. Apesar dos cursos que têm havido no Centro de Formação Jurídica e Judiciária de Macau, Neto Valente caracteriza como “maus funcionários” alguns dos mais de cem trabalhadores bilingues da área. “Não sabem português e não têm uma boa formação, os bons que há são portugueses”. Neto Valente salienta que, além da formação teórica, estes trabalhadores precisam de pub

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formação prática em serviço, já que o “apoio aos juízes não é um favor, está na lei, é preciso dar-lhes tarimba na prática”. A necessidade de serem precisos mais funcionários de Justiça vindos de Portugal é defendida pelo advogado, que considera a “falta de apoio qualificado o pior de tudo” no que toca aos aspectos negativos da Justiça da RAEM. Neto Valente aponta ainda que os principais responsáveis “só se lembram da herança portuguesa para apontar o mau” e deixa a sugestão de copiar a Justiça da RAEK. “Em Hong Kong, os casos mais complicados demoram mais, os simples demoram menos. Também há demoras por vezes, mas é um bom exemplo.” Com a apresentação dos dados estatísticos dos tribunais pelo Hoje Macau, Neto Valente, que apesar de referir acelerações e algumas

boas decisões no Tribunal de Primeira Instância, considera existir uma “qualidade insuficiente” nas decisões desta unidade, que serve de lançamento aos problemas de morosidade. A título de exemplo de algumas falhas na Justiça, Neto Valente salientou o caso de corrupção ligado a Ao Man Long. Mesmo frisando que concordava com a pena de prisão dada ao ex-secretário para a Direcção dos Serviços das Obras Públicas e Transportes de Macau, o presidente da AAM considera excessiva a sentença, “tendo em conta o sistema que temos, onde não existem penas somatórias e onde um homicida apanha, normalmente, entre 15 a 20 anos de cadeia”. Neto Valente esclareceu ainda que esta não é uma análise inventada por si, mas que já foram muitas as mesmas opiniões profissionais relativamente a este caso.


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sociedade Abre na próxima terça-feira mas não é para todos. Depois da inauguração, no dia 18, o Pavilhão dos Pandas vai passar por um período experimental de funcionamento até à abertura oficial em Abril

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Macau Pass quer expandir A Macau Pass SA, operador do sistema de pagamento de Macau Pass, quer expandir seu sistema de pagamento de cartão inteligente para táxis, parques de estacionamento, bem como ao sistema ferroviário do metro ligeiro num futuro próximo. O responsável máximo da Macau Pass SA, Keith Ko, disse à Rádio Macau que a empresa vai iniciar conversações com as companhias de táxi, relativas à criação de um serviço de pagamentos electrónicos no primeiro semestre de 2011.

Pandas | Pavilhão inaugurado na terça-feira

Preto no branco

Condições de acesso

filipa.queiroz@hojemacau.com.mo

nova atracção turística “à semelhança de outras regiões que têm pandas oferecidos pela China”. O IACM fez saber que os animais estão perfeitamente adaptados à nova residência e têm reagido bem aos estímulos. Hoi Hoi e Sam Sam estão a ser alimentados com bambu importado de Cantão e, segundo os especialistas, a balança vai acusando o bom estado de saúde: pesam actualmente 73 e 64 quilos, respectivamente. Fase experimental

A partir do dia 19 de Janeiro e até ao dia 26, o Pavilhão dos Pandas entrará em funcionamento mas com entrada restrita a grupos de estudantes, idosos e pessoas carenciadas. “Trata-se de uma espécie de ensaio, para ver como as coisas funcio-

Calendário dos Pandas

• Inauguração 18 de Janeiro

• Período experimental 1.ª fase (9 – 26 Janeiro) Aberto a visitas de estudo, idosos e camadas carenciadas 2.ª fase Aberto ao público • Abertura oficial 28 de Abril

• Centro de Informação dos Pandas Gigantes, aberto das 10h às 17h, com uma instalação multimédia, uma zona de leitura, outra destinada a exposições e um área de acesso à internet • Renovado Museu Natural e Agrário do Centro de Educação da Natureza • Loja com “muitos artigos relacionados com os pandas para os visitantes comprarem como lembranças” • Zona de restauração e entretenimento - “destinada ao des canso e lazer dos visitantes antes e depois da visita”

Ano Novo Chinês, dias em que a permissão de entrada pode chegar à lotação limite de 1500 pessoas diárias.

Filipa Queiroz

Desde o anúncio da oferta das duas novas estrelas do território pelo Governo Central que o rol de números associados à vinda de Hoi Hoi e Sam Sam não tem parado de aumentar. Depois das contas aos nomes, às obras de construção do Pavilhão dos Pandas, do Parque Seac Pai Van, da viagem dos animais e da instalação dos ditos cujos, chegou a hora da abertura do respectivo lar das mascotes ao público. O Pavilhão dos Pandas vai ser inaugurado na próxima terça-feira, dia 18 de Janeiro, no Parque Seac Pai Van. A cerimónia terá honras de animação circense e a “presença de responsáveis dos outros parques do território chinês”, como adiantou ontem a subdirectora dos Serviços de Turismo da RAEM, Helena de Senna Fernandes. A cerimónia inaugural será transmitida em directo pela Teledifusão de Macau (TDM) e no site oficial www.macaupanda.org.mo. A responsável fez saber que, nesta fase inicial, os Serviços de Turismo estarão atentos e estudarão diferentes formas de promover a

Também no parque:

• Horário do Parque 3.ª a Domingo – excepto quando 2.ª feira é feriado 8h – 18h • Horário do Pavilhão dos Pandas 10h – 13h / 14h – 17h • Parque de Estacionamento Temporário 9h – 18h

nam”, explicou ontem em conferência de imprensa o presidente do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), Tai Vai Man. O IACM entendeu fazer da segunda-feira o dia de descanso de pandas e funcionários, assim, o parque fica aberto de terça-feira a domingo (excepto quando segunda-feira é feriado, passando a pausa a ser no dia seguinte), das 8h às 18h. O Pavilhão estará aberto ao público das 10h às 13h e das 14h às 17 horas.

Numa segunda fase do período experimental, a começar no dia 28 de Janeiro, as portas do Pavilhão serão abertas a toda a comunidade, que pode começar a comprar os bilhetes já na próxima semana no Fórum Macau. Tam Vai Man alerta: “As pessoas devem comprar os ingressos com antecedência [um mês no máximo] para garantirem a entrada no Pavilhão.” Cada cidadão apenas pode adquirir quatro bilhetes por mês, sendo que apenas serão vendidos cerca de 750 por dia. Excepção feita aos fins de semana e

Uma pataca por minuto é quanto vai custar aos visitantes do Pavilhão dos Pandas observar Hoi Hoi e Sam Sam a partir do dia 28 de Janeiro. É que os visitantes serão divididos por grupos que por sua vez serão repartidos por seis sessões diárias de visita aos pandas, com cerca de 250 de pessoas cada. Desta fatia, cinquenta poderão entrar no pavilhão de cada vez e apenas por dez minutos. Os bilhetes podem ser comprados no Fórum Macau a partir da próxima semana e durante as duas seguintes (posteriormente estarão disponíveis nos balcões do IACM e na bilheteira do Parque). O custo será de dez patacas, à excepção das crianças com idade igual ou inferior a 12 anos e idosos a partir dos 65. Para estes dois grupos, a organização fez saber que será pedida a respectiva identificação à entrada do espaço e que o IACM avisará as pessoas sempre que os bilhetes estiverem

esgotados por determinados períodos de tempo. Transporte

Entra em funcionamento, também na próxima semana, uma nova linha de autocarros criada especialmente para servir a nova atracção turística. A carreira vai complementar aqueles já existentes, com paragem junto ao Parque, a saber: o 15, 21, 21A, 26A e 28. A nova linha de transporte colectivo cumprirá o circuito desde a Praça Ferreira do Amaral, junto ao Hotel Lisboa, até ao Parque Seac Pai Van. Inclui quatro paragens, entre elas uma no casino-resort Venetian e outra na Taipa. O horário será de terça a domingo, das 9h30 às 18h, e os autocarros terão a frequência de 15 em 15 minutos. Os bilhetes custarão cinco patacas por pessoa (três para os portadores do Macau Pass). Para os passageiros que possuam bilhete de entrada no Pavilhão dos Pandas o transporte desde o Parque até Macau será gratuito. O IACM também assegurou que os dois conjuntos de semáforos previstos para sinalizar o acesso pedonal também estarão activos no dia 18. O parque de estacionamento continuará a ser temporário, mas segundo Tam Vai Man está a ser planeada a abertura de um concurso público para construir o parque de estacionamento permanente. Por agora, o presidente do Conselho de Administração do IACM assegura que a capacidade do parque temporário “será suficiente”. Existem 300 lugares disponíveis para automóveis particulares, 21 para transportes colectivos e 60 para motociclos. Tam Mai Van, no entanto, lança o apelo à população para que use os transportes públicos. A utilização pelos visitantes será controlada através de um carimbo.


Edmund Ho teve um “consentimento feliz” Instado a comentar a recente polémica envolvendo o ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho, o deputado da Assembleia Legislativa, Ng Kuok Cheong, afirmou que, aparentemente, Chui Sai On isentou o ex-Chefe do Executivo para dar o seu testemunho para o julgamento de Pedro Chiang em cima de um “consentimento feliz” do prórpio Edmund Ho. Para o deputado Ho acabou de perder uma oportunidade muito boa enquanto político. “ Como uma personalidade política, no entanto, eu acho que deveria ser uma oportunidade muito boa para a sua responsabilidade executiva”. Ng acredita que Ho ainda dará uma boa contribuição em relação ao caso Ao Man Long, apesar das preocupações acerca da possível suspensão das investigações.

Mandala Airways suspende voos e aeroporto colecciona quebras

Longa pausa no ar Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Depois do regresso da última excursão de Macau na Indonésia, na madrugada de quarta para quinta, a companhia aérea Mandala Airways suspendeu os voos por 45 dias. A decisão da empresa indonésia, criada em 1969 e adquirida em 2006 pelas empresas Cardig International e Indigo Partners, foi anunciada ontem às 6h e deve-se a problemas de dívidas. Segundo a agência Lusa, Diono Nurjadin, administrador da empresa, salientou que a paragem dos voos está de acordo com o período de pagamentos das dívidas determinado pelo Tribunal Central de Comércio de Jacarta. Já para o director-geral dos Transportes Aéreos, Herry Bakti, a Mandala Airways debatese com problemas internos. Conhecida como uma empresa de baixo custo, a companhia indonésia opera mais de três aviões Airbus alugados a uma empresa estrangeira e, segundo a imprensa local, pode estar a ter dificuldades com o pagamento relativo ao

aluguer das máquinas. O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGTC) diz, em comunicado, ainda não ter sido contactado para qualquer pedido de apoio relacionado com o sucedido e confirma não haverem excursões de Macau na Indonésia. Aos dois grupos de turistas indonésios que chegaram ontem ao território, as agências de viagens já garantiram regresso através de Hong Kong e o GGCT confirma apoio aos possíveis casos de residentes do território retidos na Indonésia. No último voo para Macau através da Mandala Airways contabilizaram-se 113 passageiros num voo que sofreu hora e meia de atraso. A suspensão dos voos para a Indonésia irá coincidir com o Ano Novo Chinês, uma quadra propícia às viagens. Menos voos directos a Macau

O Aeroporto Internacional de Macau (AIM) fechou 2010 com uma quebra de 4% no número de passageiros. Comparativamente a 2009, foram menos 171.403 pessoas a aterrarem no território, perfazendo um total de 4 milhões de

turistas, com Março como o mês mais movimentado. Mesmo com a introdução de quatro novas companhias e a junção de novas rotas às já existentes, o AIM obteve também menos 8,7% em voos. Apesar das quebras e da quase estagnação nas viagens de carga, que passaram de 52.464 toneladas para 52.165 de 2009 para 2010, o aeroporto registou um aumento de 12% nos passageiros procedentes do território e 3% de aumento nos que viajam para o resto da Ásia, excluindo os voos Taiwan-Macau-Taiwan. Para os responsáveis as quebras devem-se sobretudo às subidas nas ligações directas do Estreito da Formosa para o território, que totalizam um decréscimo de 50% no número de passageiros em trânsito. Além destes factores, também o “ajustamento de mercado marcado pela flutuação dos preços de combustíveis a instabilidade política na Tailândia e o fim da Viva Macau” são apontadas como causas para as baixas apresentadas no final do ano. Os representantes do AIM dizem querer ver a situação revertida durante este ano e planeiam iniciar ligações aéreas à Índia e à Austrália. De acordo como comunicado, o Aeroporto foi elogiado por várias organizações internacionais e prevê agora um aumento nas ligações aéreas de médio e longo curso. A promessa de que Macau vai passar de local de trânsito a local de destino também foi deixada no ar, assinalando o fim da cooperação estratégica.

Serviços de Saúde negam ilegalidades em publicidade em autocarros

Se não há a palavra aborto, está tudo bem Vanessa Amaro

vanessa.amaro@hojemacau.com.mo

Quase dois meses depois do jornal Ponto Final ter denunciado que autocarros em Macau estavam a circular com uma publicidade de um hospital de Zhuhai onde se fazem abortos a 680 patacas, os Serviços de Saúde (SS) decidiram pronunciar-se finalmente sobre o caso. Num comunicado emitido ontem, o organismo dá o dito pelo não dito e admite que, afinal, autorizou o anúncio. “Como não constam palavras transgressoras nos anún-

cios referidos, por exemplo, estas não mencionam ou implicam que o Hospital Wai Ngoi presta serviços de aborto, nem se encontraram as informações do website em causa, os Serviços de Saúde aprovaram, a 14 de Setembro de 2010, o pedido de publicação dos anúncios nos autocarros envolvidos”, apontam os SS. O Governo diz que recebeu o conteúdo dos anúncios – que circulavam nos meses de Novembro e Dezembro nos autocarros 18 e 11 da TCM – no dia 9 de Setembro por parte da empresa AD-LINK. Afirmouse, só agora, preocupado com

a situação da “prestação dos serviços de aborto induzido sem dor”, mas também refere que nada pode fazer. Uma investigação do jornal mostrou que no website do hospital era possível fazer uma consulta online, receber explicações de como o aborto era feito e agendar a marcação para o dia seguinte, sem nenhum tipo de impedimento de idade ou maiores questionamentos. Os SS lamentaram ontem a situação e culparam a ausência de legislação por estarem de mãos atadas. “Nos termos da lei vigente de Macau, como o endereço

IP daquele website não foi inscrito em Macau, não existe ainda legislação aplicável que regule os websites registados ou explorados por pessoa colectiva ou pessoa singular não provenientes de Macau”, justificam-se. No entanto, o organismo promete que irá, “oportunamente”, avançar para “uma revisão das disposições legais em relação à autorização da publicidade” e promete reconsiderar futuros pedidos de anúncios do hospital da cidade vizinha. As “circunstâncias na Internet” estão ainda a ser “acompanhadas e estudadas”.

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sociedade

Feto humano encontrado no lixo

Um bebé abortado surgiu de dentro de um saco plástico quando uma empregada de limpeza recolhia o lixo de um caixote perto da Igreja da Sé na quarta-feira de manhã. O saco de lixo tinha sido abandonado ao lado do caixote e, quando a funcionária tentava levá-lo para o ponto de recolha de lixo na Travessa de S. Domingos, um pequeno pé despontou para fora do saco. A mulher avisou imediatamente o seu supervisor, que resolveu avisar a polícia. Investigações preliminares da Polícia Judiciária (PJ) concluíram que o pezinho pertencia ao feto morto de um menino com “vários meses” de gestação.

Stanley Ho ainda trabalha

O multimilionário Stanley Ho está a levar uma vida saudável e ainda cuida de assuntos das suas empresas, garante a filha Pansy Ho, directora-executiva da Shun Tak Holdings. Pansy conta que o pai pratica exercício físico regularmente e seguindo uma rotina traçada por um profissional para assegurar que os músculos do magnata estão a ser treinados de forma adequada. Além dos exercícios, Stanley Ho vai-se mantendo também de olho nos negócios e chega mesmo a tratar de “assuntos correntes” do seu império de milhares de milhões de dólares. Mas a família tem conseguido manter o homem de 89 anos em casa durante o prolongado e frio Inverno e não se prevê que o venha a deixar sair durante o Ano Novo Chinês. Além das fotografias tiradas por “paparazzi” a reuniões familiares em que Stanley Ho aparece em caros restaurantes, o magnata foi mais recentemente avistado em Novembro, quando foi em pessoa receber uma condecoração do Governo de Hong Kong.

De Norte para Oeste depois dos testes

Mais uma companhia de transporte marítimo de passageiros na forja. A Capitania dos Portos vai emitir à empresa “Norte Oeste Expresso Limitada” a licença para o exercício da actividade de transporte marítimo regular de passageiros e a autorização para o itinerário marítimo entre o Terminal Marítimo do Porto Exterior e o Terminal Marítimo de Passageiros Tuen Mun, Hong Kong, no entanto, a operadora é só autorizada a entrar em funcionamento, após passar por uma série de verificações e testes. Esta foi a única candidatura depois do concurso apresentado pela Capitania dos Portos. A operadora irá agora efectuar uma série de verificações e testes, incluindo a verificação dos seus tripulantes, para garantir que os certificados de competência deles são válidos, e que têm experiência em navegar no respectivo itinerário e qualificações exigidas.

Dois chineses detidos

É um caso que envolve três mulheres com idades compreendidas entre os 47 e os 56 anos. Ieong, proveniente da China e com excesso de permanência em Macau, é acusada de furto qualificado. Segundo os dados da polícia, a suspeita terá utilizado a função de empregada doméstica para furtar objectos no valor de 310 mil patacas da casa da vítima. Ng e Choi, as outras mulheres envolvidas ambas de Hong Kong, ajudaram a arguida a penhorar os bens e estão incriminadas de crime de burla. As autoridades prosseguem as buscas a mais uma pessoa, suspeita de estar envolvida no caso. Alegadamente envolvido noutros casos recentes e residente do continente, Tong foi detido enquanto partia o vidro de uma viatura. De acordo com o comunicado do Ministério Público, o indivíduo de 23 anos terá entrado ilegalmente no território e estava sob vigia desde dia 4 de Janeiro, devido ao comportamento suspeitoso que apresentava na Ilha da Taipa, onde espreitava às janelas dos carros com uma tocha. Em sua posse tinha recibos de casas de penhor, depósitos de casinos, pendentes de jade e anéis que terão sido furtados do automóveis. Aos dois arguidos acusados de furto qualificado, o delegado do procurador atribuiu prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Macau. Já às residentes da vizinha Hong Kong, acusadas de crime de burla, foi-lhes aplicada a medida de coacção de menor grau, a proibição de ausência na RAEM. Ambos os casos continuam sob investigação policial.


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desporto

Futebol | Nova época arrancou ontem no campo da UCTM

Sporting e Casa de Portugal jogam em séries distintas Marco Carvalho

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O Organismo Autónomo Desportivo da Casa de Portugal e o Sporting Clube de Macau ficaram ontem a conhecer os respectivos adversários para a edição de 2011 do Campeonato de Futebol da Terceira Divisão. No dia em que foi oficialmente dado o pontapé de saída na nova temporada, a Associação de Futebol de Macau (AFM) colocou a casa em ordem, levando a cabo não apenas o sorteio referente ao terceiro escalão,

mas também os sorteios dos Campeonatos de Juvenis e de Juniores. Disputado este ano por um total de 16 equipas, divididas por duas séries de oito formações, o Campeonato de Futebol da Terceira Divisão tem o seu início agendado apenas para o final do mês de Fevereiro, mais tardar início de Março, mas os responsáveis pelo organismo que chama a si a tutela do desporto-rei no território optaram por proceder já ao sorteio da prova. A lotaria ontem realizada nas instalações da AMF, no

campo da Universidade de Ciência e Tecnologia, acabou por se revelar pródiga para os dois emblemas de cariz português que disputam a competição. Com ambições muito semelhantes, Sporting Clube de Macau e Casa de Portugal sabem já que não vão jogar entre si durante a primeira fase da prova. A formação orientada por Pelé ficou integrada na Série A da competição, ao passo que os leões do território vão participar na outra série em disputa. Depois de terem assegurado na última temporada a subida

ao terceiro escalão, ambas as equipas deverão fazer da ascensão ao segundo escalão o objectivo primordial da temporada, mas o onze orientado por Pelé poderá ter a vida ligeiramente mais facilitada. A Casa de Portugal em Macau divide o protagonismo na Série A com as equipas do Hong Nam, do Kam Fong, do Clube 48, do Chon Heng, do Lai Chi e da Shun Tak. Para equilibrar a divisão das equipas pelas duas séries e evitar que um dos grupos fique desfalcado, a Associação de Futebol de Macau inscreveu à última

da hora na competição a Selecção de Sub-16 e é esta formação que completa a série em que estão integrados os pupilos de Pelé. O Sporting, por sua vez, terá que enfrentar na primeira fase do campeonato formações com larga tradição no futebol do território, como é o caso do Hong Lok, do Hac Ieng, do Veng Kei ou da Roma. A série B fica completa com as formações do Man Fong Hong, do Ieong Heng e do Fa Iun Chi Iao, formações que voltam a repetir este ano a participação no terceiro escalão depois de

Benfica goleia o Olhanense 5-0 na Taça de Portugal

Uma mão cheia para os quartos-de-final O Benfica assegurou a passagem para os quartos-de-final da Taça de Portugal. Goleada ao Olhanense confirma bom momento das águias, que na próxima ronda da prova têm agora encontro marcado com o Rio Ave, em Vila do Conde. Saviola, aos 21 minutos, quebrou o nulo do marcador e o Benfica partiu então para exibição agradável, segura, se bem que o Olhanense mostrou-se sempre pouco afoito. Salvio e Cardozo ampliaram o marcador até ao intervalo, descansando por completo a equipa para

os segundos 45 minutos, nos quais a exibição caiu uns furos, mas ainda teve mais dois golos, apontados por Luisão e Cardozo, este a bisar na partida. Depois de eliminar Arouca e SC Braga, os encarnados passam agora pelo Olhanense e têm já encontro marcado com o Rio Ave, em Vila do Conde, no próximo dia 26. Jorge Jesus estava naturalmente satisfeito com a goleada aplicada ao Olhanense, que valeu a permanência na Taça de Portugal. Marcar cinco golos à formação algarvia pode ter parecido fácil, mas lembrou que

se trata da segunda defesa menos batida do campeonato. O treinador destacou acima de tudo a subida de forma da sua equipa: “A equipa está muito mais forte. Acabámos o ano com um jogo também com cinco golos. Agora, nos dois últimos jogos fizemos mais oito golos. Há mais intensidade de jogo, a equipa corre mais com e sem bola.” Jardel certo na Luz

O defesa central Jardel é o novo reforço do Benfica. O jogador brasileiro do Olhanense, de 24

anos, prepara-se para assinar pelas águias. O acordo entre os encarnados e os algarvios ficou fechado esta manhã, no dia em que os dois emblemas se defrontaram para os oitavos-definal da Taça de Portugal. Com 1,92 metros, Jardel chegou a Portugal na temporada passada para representar o Estoril. O brasileiro transferiu-se para o Olhanense e deu nas vistas na primeira volta da Liga. O SC Braga e o Estugarda foram alguns dos clubes interessados no defesa central, mas Jardel vai mudar-se para o Benfica.

na época passada terem feito um campeonato mediano. A formação leonina fezse representar ao mais alto nível no sorteio ontem realizado, mas o resultado da lotaria não entusiasmou, nem desiludiu os responsáveis pelo Sporting Clube de Macau. António Conceição Júnior, presidente dos leões do território, lembrou que a colectividade completa este ano 85 anos e deixou no ar o repto “de que seria bom festejar a provecta idade com nova subida de divisão”, mas Agostinho Caetano só promete empenho e trabalho. “Temos mais um mês e meio pela frente para preparar a equipa para a prova, mas em Macau, dadas as limitações que existem, só podemos começar a fazer um trabalho com cabeça, tronco e membros quando o Campeonato arrancar. Só nessa altura é que temos a oportunidade de ver as outras equipas jogar e só assim podemos perceber o real valor dos nossos adversários. Até lá, vou continuar a trabalhar com os jogadores como sempre trabalhei, tentando tirar o máximo proveito de todas as oportunidades de treino de que dispômos”, assegura o técnico leonino. Representada no sorteio esteve também a Casa do Sport Lisboa e Benfica em Macau. Além de disputar o Campeonato da Segunda Divisão (o conjunto orientado por Rui Cardoso estreia-se esta noite frente à Selecção de Sub-18), a formação encarnada inscreveu ainda uma equipa no Campeonato de Juniores, uma prova em que irá defrontar o Ieong Wai, o Tim Iec e o Hou Teng na luta pela primeira posição. O arranque da temporada de 2011 foi ontem dado pela Associação de Futebol de Macau no campo da Universidade de Ciência e Tecnologia com a organização de uma cerimónia de Pai San antes do arranque da primeira jornada da Segunda Divisão. Hoje é a vez do principais protagonistas do desporto-rei do território entrarem em acção, com o vice-campeão Futebol Clube do Porto a enfrentar o Clube Desportivo Monte Carlo no Estádio da Taipa a partir das 19h.


Francis Obikwelu continua a negar uso de doping O atleta português Francis Obikwelu negou que alguma vez tivesse utilizado substâncias ilegais. O velocista esclareceu que caso tivesse tomado teria batido o recorde mundial dos 100 metros. “Toda a gente sabe quem é o Francis Obikwelu. Se eu tomasse o que eles pensam, não corria em 9,86 segundos, mas em 9,50...”, assegurou. O velocista relembra que sempre fez inúmeros exames: “Ninguém fez tantos controlos como eu fiz na vida. Cheguei a fazer dois por dia”. O atleta também explicou igualmente a sua relação com Pascua: “eu não treinava com ele, as pessoas fazem confusão. Nunca vi nada de doping, ele treinava o meio-fundo e eu treinava na velocidade, com a mulher.”

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Automobilismo | Patrão da Volkswagen Motorsport acusado de assédio sexual

A tarde de 21 de Novembro de 2010 foi de festa para a Volkswagen no território, pois Edoardo Mortara, aos comandos de um Dallara com motor da marca germânica, garantiu um registo nos livros do Grande Prémio de Macau, ao tornar-se o primeiro piloto a vencer a corrida de Fórmula 3 pela segunda vez. Para os alemães este foi um sucesso merecedor de comemorações pela noite fora, mas para o patrão do departamento de competição da Volkswagen, Kris Nissen, esta foi uma noite de excessos e, provavelmente, para esquecer. Segundo reportagens que vieram a lume na imprensa alemã, na revista Focus e na televisão ZDF, Nissen é acusado de assédio sexual a uma funcionária da

Audi. Tudo terá acontecido na noite de 21 para 22 num estabelecimento de entretenimento nocturno de Macau, que os média não revelaram o nome, tendo Nissen atacado a vítima após esta ter recusado oferecer-lhe uma cerveja. Contudo, horas antes, já Nissen tinha feito das suas, ao acariciar os seios de uma hóspede da unidade hoteleira onde estava instalada a equipa da Volkswagen na RAEM, gerando mal-estar entre os funcionários. O chefe máximo das operações desportivas da Volkswagen negou as alegações. “As queixas contra mim por assédio sexual são infundadas”. O ex-piloto dinamarquês disse também que “existem

Sérgio Fonseca

pub

Má noite em Macau testemunhas que passaram a noite toda comigo no bar e que podem confirmar”. Apesar de reclamar a sua inocência, Nissen viu Tina Thörner, a reputada navegadora de ralis alemã, e Jutta Kleinschmidt, a única piloto do sexo feminino a vencer o “Dakar”, saírem contra ele na praça pública. Quando ainda trabalhava sob as ordens de Nissen, Thörner terá apresentado queixa à administração da Volkwagen quando este lhe disse para tocar as partes genitais “para ver o que um homem a sério é realmente feito”, enquanto Kleinschmidt comentou à imprensa germânica que, nos tempos em que fazia parte da Volkswagen Motorsport, viu Nissen a

comportar-se por diversas vezes inadequadamente com os seus funcionários, particularmente do sexo feminino. A administração do construtor automóvel de Wolfburgo será deverá pronunciar-se sobre esta situação depois do “Dakar”, a prova

rainha de todo-o-terreno que se desenrola até dia 16 de Janeiro na América do Sul e onde a Volkswagen tem fortíssimas hipóteses de voltar a vencer. Enquanto o seu patrão se vê a braços com a justiça, Mortara aguarda que o seu futuro seja decidido pela administração desportiva do

Grupo VAG, sendo provável que o piloto suíço-italiano rume ao campeonato alemão de turismos DTM para defender as cores da Audi, situação que abre portas para a possibilidade de um novo regresso ao Circuito da Guia em Novembro, quiçá tentar o “hattrick”.


Comparações:

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cultura

O

Ap gu Os Ma

Bienal | Candidatos devem apresentar propostas até final de Fevereiro

António Falcão

antonio@hojemacau.com.mo

Já aguardado há algum tempo pela comunidade artística local, aí está o convite do Museu de Arte de Macau (MAM) para a participação na próxima edição da Bienal de Veneza, a realizar entre os dias 4 de Junho e 27 de Novembro. Esta é a terceira vez que Macau leva à exposição internacional de Veneza obras de artistas locais contemporâneos, promovendo a arte que se realiza em Macau na arena internacional. O tema seleccionado para a participação de Macau este ano, na 54.ª exposição da Bienal, é “Memória e Mobilidade”. A explicação vem do próprio MAM: “O século XXI é um século de mobilidade. No sistema económico global, a ideia de mobilidade tornada simultaneamente fácil e necessária conduziu a novos estilos de vida. O desenvolvimento da sociedade cria assim diversas transformações, com especial relevo para a intensidade e frequência da substituição do velho pelo novo. Os artistas são normalmente agentes de uma reflexão progressista e encontram fonte de inspiração no espaço que habitam”. Nas anteriores edições, Macau esteve representado pelos irmãos Lui Chak Hong e Lui Chak Keong com a obra “Macao’s Gôndola” e pela instalação “Si monumentum requiris, circumspice” do artista de

Passaporte para Veneza

origem russa radicado no território macaense, Konstantin Bessmertny e, em 2007; para no na bienal seguinte, no ano de 2009, Macau escolhia três projectos: “Space in Flux” por Bonnie Leong Mou Cheng e Kitty Leung Mou Kit; “EA Airways Limited”, uma obra que juntou pai e filho, João Ó e Bruno Soaresl; e “Timeless

Tunnel” uma instalação criada por Gigi Lee Yee Kee. Olhar para a casa do vizinho

Para alguns, este é um convite que já vem tarde e que encolhe a margem para uma participação a todo o fôlego. Pode-se chegar a uma comparação

com a vizinha RAE de Hong Kong, que publicou a mesma chamada para os seus artistas no Verão passado. O anúncio para a quinta participação na Bienal foi divulgado pelo Conselho para o Desenvolvimento da Arte de Hong Kong (HKADC) no dia 4 de Junho para recolha de propostas na área das artes visuais, revelando

também um patrocínio para cada projecto de um milhão de dólares de Hong Kong, ao qual se adicionam 250 mil dólares para todos os materiais de promoção, criando assim um estímulo suplementar no campo da arte contemporânea. Mas em Hong Kong acabaria por estalar a polémica quando alguns dos participantes protestaram contra o calendário estipulado, reivindicando que o tempo era escasso e que o território “não sabia organizar eventos de arte”. O desagrado geral levou o HKADC a cancelar o primeiro concurso para a Bienal, republicando o anúncio para todas as candidaturas, novas e velhas, estendendo o prazo de entrega até ao dia 26 de Novembro. O episódio foi motivo suficiente para lançar uma petição online por um grupo de artistas. Nela se duvidava da legalidade e legitimidade da decisão levado a cabo pelo HKADC. Entre outras reclamações, o conteúdo da petição apontava para que se tornasse público o conteúdo integral das denúncias; que o HKADC apontasse as leis que legitimavam a sua decisão e o seu poder para anular todas as candidaturas anteriores e, sobretudo, que avaliasse o modo como o montante

Investigador italiano afirma ter encontrado novas pistas

Afinal era outra Mona Lisa

Esqueça-se o sorriso. Um pesquisador italiano diz que a chave para resolver os enigmas e falsidades de “Mona Lisa” estão nos seus olhos. Silvano Vinceti afirma ter achado a letra “S” no olho esquerdo da mulher, a letra “L” no olho direito, e o número “72”, sob a ponte em arco no fundo da famosa pintura de Leonardo da Vinci. Segundo o pesquisador, os

símbolos lançam novos dados para a identificação do modelo e a data da pintura, atestando o interesse de Leonardo em religião e misticismo. Esta é apenas a teoria mais recente sobre uma pintura que nunca deixou de intrigar os estudiosos, os amantes da arte e os espectadores casuais. Outros afirmaram que a pintura é realmente o retrato de um homem,

ou um auto-retrato, enquanto a especulação sobre a razão para o modelo do famoso sorriso enigmático têm variado desde a gravidez até luto. Alguns estudiosos de Da Vinci manifestaram dúvidas sobre as novas descobertas ou o seu significado, catalogandoos como material “sem substância”. Os símbolos recémdescobertos não são visíveis a olho nu. Vinceti disse que são “muito pequenas, as marcas pintadas com um pincel pequeno, já submetidas ao desgaste do tempo.” Vinceti não estudou a pintura directamente no Museu do Louvre, onde está em exibição, afirmando que a sua pesquisa foi baseada em imagens de alta definição digitalizadas por uma

empresa em Paris, especializada em digitalização de obras de arte. De volta à Itália, um laboratório de Roma excluiu os reflexos digitais e outras cores nos olhos, “a fim de isolar as letras fazendo-as destacar”, afirmou o investigador. O número “72” foi recentemente encontrado escondido num arco da ponte à direita do modelo, disse o mesmo à Associated Press. A tradição afirma que Mona Lisa é uma pintura de Lisa Gherardini, mulher do mercador florentino Francesco del Giocondo, e que Leonardo começou a pintá-la em 1503. Mas Vinceti disse que o “S” pode referir-se a uma mulher na dinastia Sforza que governou Milão. Leonardo passou um temporada nesta cidade,

entre 1482-1499 e depois entre 1506-1507. Vinceti apontou que esta informação poderia alterar a data de quando a pintura foi iniciada. A carta sobre a pintura é desenhada da mesma forma que Leonardo

d p e

c c F ta q V v a a s in ta v d d

fez nos seus escritos. A “L’’ é para Leonardo,. Vinceti e o seu grup historiadores e investigad estão actualmente a estud documentos, a tentar ela referências cruzadas sob movimentos de Leonardo e delos possíveis.Aequipa acr que vai chegar a um nome p modelo dentro de semanas Para o número “72”, o mento é encontrado na ca


Os Aerosmith ainda querem fazer rolar as pedras da calçada

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pesar de ter mudado para os ecrãs da TV como juiz do programa “American Idol”, o roqueiro veterano Steven Tyler nega que a sua banda Aerosmith tenha terminado e asseurou que queria começar a trabalhar no novo álbum do grupo ainda este mês. “Estamos apenas a dar um tempo. Ainda estamos a fazer muito rock”, disse Tyler, de 62 anos. s Aerosmith não gravam um álbum desde 2001 e a desavença entre Tyler e os seus colegas de banda ameaçou desintegrar o grupo, conhecido como os “bad boys de Boston”. as o projecto “não está morto. Não poderia estar morto”, disse sobre a banda de 40 anos que já vendeu mais de 150 milhões de discos desde a sua formação em 1970.

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Albergue organiza novo curso de lanternas

Preservar a técnica para o futuro

Informações e regulamento, formulário de inscrição e planta do espaço expositivo estão disponíveis em www.artmuseum.gov.mo.

de um milhão de dólares para cada participação poderia ser aproveitado em tão curto espaço de tempo. Contudo, o tempo é ainda mais curto para Macau, já que o comunicado do MAM refere a data de 27 de Fevereiro para a recepção das proposas, quando está em causa um evento que se realiza de dois em dois anos. No Verão passado, James Chu, responsável pela Associação Art For All (AFA), apontava a falta de apoio directo aos artistas locais que pretendam exercer a sua arte como uma profissão a tempo nteiro, a dizer que “às vezes não é o amanho e a escala que importa, mas a visão e o profissionalismo”, sublinhado que “o esforço é a única maneira de alcançar os outros”.

letra

po de dores dar os aborar bre os e moredita para o s. arguabala,

Seja como for, o repto está lançado e é igual para todos. Para a escolha da representação deste ano, o MAM vai convidar críticos, académicos e curadores de Macau e do estrangeiro para formar um painel de apreciação das diversas propostas. O painel do júri seleccionará 12 projectos. Entre esses 12 projectos, serão escolhidos o mínimo de três e o máximo de quatro para apresentar na representação de Macau em Veneza e também numa exposição a realizar em Maio no Museu de Arte de Macau. Assim, os interessados deverão entregar as propostas na recepção do Museu de Arte de Macau (localizada no primeiro andar) até as 18h do dia 27 de Fevereiro. O candidato deve possuir documento de identificação de residente permanente da RAEM. As propostas entregues devem ser originais e nunca terem sido antes submetidas a qualquer outra candidatura.

como uma forma de misticismo judaico, e no cristianismo. Mesmo quando considerados separadamente, “7’’ está cheio de associações simbólicas, tanto ao judaísmo como ao cristianismo, por exemplo, para a criação do mundo, e o número “2’’ pode ser uma referência à dualidade do masculino e feminino, disse o pesquisador. Vincenti confessou estar aberto a outras interpretações, mas insistiu que a Mona Lisa foi mais do que uma pintura de Leonardo - ela era uma “vontade cultural” das sortes. “Leonardo não fez nada por acaso”, disse o investigador italiano. “Ele queria deixar os seus pensamentos finais sobre a sua visão do universo.” Vinceti é o mesmo pesquisador que recentemente afirmou ter encontrado os restos mortais de Caravaggio. E que também tentou desenterrar o corpo de Leonardo em França para realizar testes de carbono e DNA.

Por sua vez, Alessandro Vezzosi, director de um museu dedicado a Leonardo, na cidade toscana de Vinci, foi céptico, argumentando que várias fontes provaram que a pintura retrata uma mulher de Florença, dizendo que os supostos novos símbolos são insuficientes para disputar essa prova. Claudio Strinati, um historiador de arte e um funcionário do Ministério da Cultura italiano, disse que a paixão de Leonardo pela cabala é bem conhecida. Mas não acredita que tenha querido atribuir algum significado simbólico para as letras e números, caso contrário teria deixado melhores pistas. “Nas últimas décadas têm havido tantas interpretações que eu nem me lembro de todas”, afirmou Strinati. “Todos nós pensamos que a Mona Lisa é esta fonte constante de mistério. A verdade é que, quando se ajusta a mente para encontrar um segredo, é possível demonstrar o que se quiser”.

Devidoaosucessodosworkshops de execução de Lanternas Tradicionais Chinesas, o Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) vai levar a cabo mais uma edição deste curso. Desta vez, o espaço de São Lázaro convidou o mestre Sou Wa Gui, um dos maiores especialistas na arte das lanternas tradicionais chinesas em Macau. A primeira turma, que se realiza às terças-feiras já está completa, mas devido à adesão que o curso está a ter na comunidade local, o Albergue SCM decidiu abrir mais uma turma às segundas-feiras. Esta turma do workshop terá o mesmo horário, das 18h30 às 20h30, e será realizada nos dias 24 de Janeiro, 31 e 7 de Fevereiro com um total de seis horas. Sob a orientação do mestre Sou, os participantes irão aprender as técnicas e habilidades necessárias para a execução da lanterna tradicional “forma lunar”. Segundo o mestre, “devido à exigência de tempo, tra-

balho manual e paciência, não existe nada que substitua as lanternas artesanais e tradicionais, mesmo as lanternas electrónicas que estão disponíveis em todo o mercado”. Verificando a tendência do desaparecimento desta tradição chinesa, o Albergue SCM visa desenvolver uma plataforma pedagógica para que público possa aprender esta

prática e a possa partilhar com as gerações mais jovens. O Albergue apresenta ainda no dia 26 a primeira exposição de pintura de Luís Filipe Oliveira. Intitulada “Variações”. A mostra irá revelar ao público um trabalho desenvolvido ao longo do último ano do arquitecto português, que se aventura agora noutro campo.

Orquestra de Macau inicia a sua programação de 2011

Música contemporânea no D. Pedro Este fim de semana o Teatro Dom Pedro V abre as suas luzes para apresentar um concerto de música contemporânea da Orquestra de Macau intitulado “Aventureiro e Experimental”. A Orquestra avança assim com a sua programação para este ano, na qual se destaca as obras do século XX e da música clássica contemporânea. A estreia dá-se neste sábado, às 20h. No programa do

concerto sublinha-se a variedade de músicas seleccionadas pela sua capacidade de inspirar o público presente com o espírito criativo, juntando obras musicais actuais e do passado musical recente. O amplo espectro da música contemporânea é marcada por uma diversidade inédita de estilo e os músicos da Orquestra de Macau alargam os seus talentos a tentar esticar

os limites do repertório tradicional de música clássica, para apresentar ao público uma série de obras surpreendentes. Entre essas obras representativas da música de câmara do século XX estão o Trio de Cordas, op. 20 de Anton Webern, o Quarteto de Cordas n º 7 em Mi-bemol Maior de Paul Hindemith e a Toccata de Anders Koppel. Das obras neoclássicas da Segunda Escola de Viena

Ingressos para “Aventureiro e Experimental” estão agora disponíveis nos pontos de venda da rede de bilhetes Kong Seng ao preço de 30 patacas

para a vanguarda contemporânea, esta é uma oportunidade única para ouvir estas faixas da história da música que, segundo o Instituto Cultural, raramente se vêem representadas em Macau.


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ideias l u z de i n ver n o Boi Luxo

A propósito do ano passado II

Sem abandonar a escuridão e o confinamento, Rodrigo Cortés, em Buried, consegue o feito não menor de conseguir fazer um filme de 90 minutos cuja acção se passa inteiramente no interior de um caixão. O filme levou 17 dias a filmar em estúdio e vou-me abster de tentar explicar porque é que a sua produção saiu barata. Os resultados têm merecido um aplauso unânime, e este pode ser o exemplo máximo de como se pode fazer muito com pouco - um actor, um caixão, um isqueiro e um telemóvel Estas linhas continuam o propósito que suscitou o texto aqui publicado a semana passada e onde se dá conta de um conjunto de preferências de 5 personalidades ligadas, em capacidades diversas mas sempre íntimas, ao cinema. Repita-se que estas referências se pretendem insinuar mais como um aviso do que como um balanço do que se passou. Que de entre as dez opiniões de cinco pessoas, cujo acesso ao que se produz hoje em dia dificilmente pode ser mais abrangente, haja apenas quatro filmes que se sobrepõem é prova dos tipos diversos de cinema que hoje, um pouco por quase todo o mundo, se fazem. São, no entanto, este ano, quase todas escolhas que recaem sobre filmes europeus ou americanos. Esta concentração, quero crer, não demonstra nenhuma falta de atenção ou de gosto pelo que se faz em outras zonas do mundo mas pode indicar que é precisamente da Europa e das Américas que saem, actualmente, propostas mais interessantes – filmes sobre temas e situações menos banais e filmes esteticamente mais ousados ou particulares. Filmes apenas bem feitos (e mesmo muito bem feitos) e correctos tornaram-se, por todo o lado, numa norma de que alguns dos filmes aqui referidos tentam brilhantemente distanciar-se. De África não é mencionado nenhum filme. Da Ásia extrema, apenas dois filmes contemporâneos merecem referência, um chinês e um tailandês já aqui referidos com pormenor do texto anterior, além de Mababangong bangungot, de Kidlat Tahimik, um filme de 1977 sobre o deslumbramento e desilusão de um simplório pela cultura ocidental originário de um país, as Filipinas, que tem recebido finalmente uma atenção mais generosa graças ao sucesso de alguns filmes

de Brillante Mendoza (nem sempre estas escolhas se referem a filmes do ano anterior mas por vezes a re-edições ou descobertas de filmes que tenham caído no esquecimento, como é o caso deste filme filipino, de um filme de Manoel de Oliveira em baixo aludido ou ao aparecimento de uma cópia nova de um filme de Antonioni dos anos 50 – Le Amiche). Comece-se este grupo de sugestões (que não é de modo nenhum exaustivo ou completo) por um exemplo extremo. Enter the Void, de Gaspar Noé, paradigma instantâneo do filme sobre drogas, morte e nascimento (por esta ordem) e memória, um vôo delicioso para os viciados em cores fortes, luzes e de Tóquio, “Fermoso sol nocturno” este longo filme cujas fragilidades e inutilidades merecem, em vista da sua alucinógena intensidade, todas as desculpas possíveis. Uma espécie de Lampadário de Cristal deste século. Não posso também deixar de estender o meu mais luminoso panegírio a uma preciosidade particular – o seu genérico. Devem obrigar-se as autoridades competentes locais a organizar rapidamente um ciclo de cinema sobre Tóquio. Sem abandonar a escuridão e o confinamento, Rodrigo Cortés, em Buried, consegue o feito não menor de conseguir fazer um filme de 90 minutos cuja acção se passa inteiramente no interior de um caixão. O filme levou 17 dias a filmar em estúdio e vou-me abster de tentar explicar porque é que a sua produção saiu barata. Os resultados têm merecido um aplauso unânime, e este pode ser o exemplo máximo de como se pode fazer muito com pouco - um actor, um caixão, um isqueiro e um telemóvel. Há de tudo um pouco nesta lista de preferências, muitos filmes franceses e alguns

retratos infernais da cultura pop americana como em Joan Rivers: A Piece of Work (de Ricki Stern e Annie Sunderberg), The Social Network, de David Fincher, ou Jackass 3D, de Jeff Tremaine, filmes para quem continua a precisar da América, mas já não consegue digerir os produtos cada vez mais banais com que os seus circuitos de produção mais tradicionais têm vindo a tentar congelar mentalmente o mundo. De entre os filmes que vi não posso deixar de aconselhar Dogtooth, de Yorgos Lanthimos. Se a estória, apresentada com um impecável distanciamento e sobriedade (e humor e sexo), de uma família que nunca deixou que nenhum dos seus três filhos, praticamente adultos, alguma vez deixasse a casa onde nasceram (uma bonita vivenda com piscina e um vasto jardim) não vos tenta, permitam-me acrescentar que deviam pensar no que vos poderia ter acontecido se os vossos pais tivessem sido acometidos deste desejo de vos condenar à nascença a um paraíso misantropo. Como acontece de há uns anos a esta parte há filmes portugueses distinguidos. Há sempre filmes portugueses distinguidos, é um pequenino must, uma pequenina moda e um reconhecimento do inegável mérito do comovente cinema que este pequeno país continua a produzir de modo sistemático. Porque me assalta a certeza que os leitores destas linhas conhecem com intimidade, a que um leve sopro patriótico não é alheio, O Estranho Caso de Angélica, de Manoel de Oliveira (autor que mereceu entrada em 2009 com o filme Singularidades de Uma Rapariga Loura) e Morrer Como um Homem, de João Pedro Rodrigues (filme que também aparece mencionado nas listas de 2009), sobre eles

me não estendo. Um dos críticos lembra que se encontra agora restaurado um dos filmes de Oliveira mais crus e poéticos, no sentido pasoliniano do termo, O Acto da Primavera, filme que realizou, em conjunto com outros autores, em 1962, na aldeia de Curalha - um dos filmes onde de modo mais implacável se exibe o seu programa particular de registar o mistério da palavra através do cinema. Um pouco mais a sul, Lisboa é título e palco de um filme e de uma série de seis episódios para televisão, realizados por Raúl Ruiz baseados num livro de Camilo Castelo Branco - Mistérios de Lisboa. Entre outros filmes menos publicitados cite-se a primeira experiência digital de James Benning, uma série de retratos filmados no Vale do Ruhr com a exactidão e o rigor que o seu aspecto industrial (esta é a zona industrial por excelência da Alemanha) inspiram. O filme chama-se Ruhr e tem sete longos planos (um deles um plano ‘brutal” de uma hora de uma torre, a Torre de Schwelgern, de uma fábrica de carvão de coque), 7 planos de aço, impiedosamente insistentes na forma como dão a ver o rosto da indústria. Olhar uma hora fixamente para um sítio não pode deixar de nos obrigar a ver de modo diferente e a construir um sentido do sítio, uma geografia interior nova. São estes planos que nos levam a pensar como são as coisas quando não estamos a olhar para elas, como são as coisas quando estão sós. São estes planos e este tipo de filmes que reforçam a minha crença particular no poder poético imenso e no poder sugestivo da tomada de imagens e sons. É com este ruído ensurdecedor que vos deixo. (Continua)


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15 A base para eliminar a extravagância reside no [entendimento] do vazio.

Capítulo 132 Lao Tzu disse: Aqueles que suplantam os outros têm poder, aqueles que se suplantam a si mesmos são fortes. Aqueles capazes de ser fortes são, invariavelmente, capazes de usar o poder dos outros. Aqueles capazes de usar o poder do outros são, invariavelmente, capazes de conquistar o coração dos outros. Assim, a base do governo activo reside em oferecer segurança ao povo. A base para oferecer segurança ao povo reside no assegurar das suas necessidades. A base para assegurar as suas necessidades reside em não roubar o seu tempo. A base para não roubar o seu tempo reside em minimizar os projectos. A base para minimizar projectos reside na moderação do consumo. A base para moderar o consumo reside na eliminação da extravagância. A base para eliminar a extravagância reside no [entendimento] do vazio. Assim, aqueles que conhecem a verdadeira condição da vida não se esforçam por aquilo acerca do qual a vida nada pode fazer; aqueles que conhecem a verdadeira condição do destino não se inquietam acerca daquilo pelo qual o destino nada pode fazer. Quando os olhos se deliciam com cores, o paladar anseia por ricos sabores, os ouvidos se deleitam com música e todas as avenidas dos sentidos competem umas com as outras, tal danifica toda a natureza essencial, trazendo diariamente desejos perversos, exaurindo a harmonia natural: quando não se sabe governar o corpo próprio, muito menos a terra se sabe governar. Ganhar a terra não significa assumir poder, estatuto e título. Significa mobilizar os corações da terra e ganhar a força da terra. Se tens governo nominal, mas ninguém te elogia, terás perdido a terra. Assim, quando a terra possui a Via, todos os povos vizinhos a defendem. Quando a terra perde a Via, são os seus próprios senhores que a defendem. Se os senhores ganham a Via, a sua defesa está nas fronteiras; se os senhores perdem a Via, a sua defesa está nos seus parceiros. Por isso se diz, “Não confies em não seres pilhado, confia em seres impossível de pilhar”. Assim, denunciar o assassinato e a usurpação, ao mesmo tempo que se segue um caminho vulnerável a ser-se pilhado, nada beneficia a manutenção da terra.

Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho O texto conhecido por Wen Tzu, ou Wen Zi, tem por subtítulo a expressão “A Compreensão dos Mistérios”. Este subtítulo honorífico teve origem na renascença taoista da Dinastia Tang, embora o texto fosse conhecido e estudado desde pelo menos quatro a três séculos antes da era comum. O Wen Tzu terá sido compilado por um discípulo de Lao Tzu, sendo muito do seu conteúdo atribuído ao próprio Lao Tzu. O historiador Su Ma Qian (145-90 a.C.) dá nota destes factos nos seus “Registos do Grande Historiador” compostos durante a predominantemente confucionista Dinastia Han. A obra parece consistir de um destilar do corpus central da sabedoria Taoista constituído pelo Tao Te Qing, pelo Chuang Tzu e pelo Huainan-zi. Para esta versão portuguesa foi utilizada a primeira e, até à data, única tradução inglesa do texto, da autoria do Professor Thomas Cleary, publicada em Taoist Classics, Volume I, Shambala, Boston 2003. Foi ainda utilizada uma versão do texto chinês editada por Shiung Duen Sheng e publicada online em www.gutenberg.org.


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Ideias

16 per s pecti va s Jorge Rodrigues Simão

Economias emergentes “Until at least 2030 developing Asian economies are likely to make up the lion’s share of the fastestgrowing markets in the world. Asian economies suggest that this region will redefine the geography of trade and growth even more quickly and decisively than expected. Because Asia offers the largest emerging markets, superior growth rates, and new patterns of trade diversification, this region is becoming the leading edge of the global economy for the next generation.”

A

“Trade Facilitation and Regional Cooperation in Asia”, Douglas H. Brooks and Susan F. Stone

crescente procura de capital pode pressionar as taxas de juros e saturar determinados sectores, ainda que, existam sinais favoráveis para o sector privado global. À margem de previsões fatalistas, as empresas que actuam à escala mundial mantêm boa posição e mostram excelentes fluxos de caixa. No final do primeiro semestre de 2010, as empresas privadas acumulavam cerca de quatro mil milhões de dólares e pagavam por essa acumulação, 1,5%, a longo prazo. Simultaneamente as economias em desenvolvimento continuavam a urbanizar e a industrializar, oferecendo perspectivas promissórias para a presente década. Não obstante, muitos projectos viários, portuários, energéticos, hídricos e, em geral, de infra-estruturas públicas, para além de novas fábricas e compra de equipamento pesado, pode criar inesperadas pressões sobre o sistema financeiro internacional. É possível que em 2030, a oferta de capital disponível (vontade de poupar) não satisfará a procura, ou seja, o nível desejável de investimentos para esse tipo de projectos, não será suficiente. As taxas de poupança pessoal nas economias dos países desenvolvidos, começando pelos Estados Unidos, têm vindo a diminuir desde o começo da década de 1980, e o envelhecimento da população impede inverter a tendência. Simultaneamente, os esforços da China para impulsionar o consumo das famílias, dissimulando riscos inflacionários, farão diminuir o ritmo de poupança em todo o mundo. O desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial de capital irreversível pode fazer aumentar as taxas de juro, impedir certas colocações e actuar como potencial travão ao crescimento. Por outro lado, enquanto se transformam os padrões globais de poupança e investimento, os fluxos financeiros entre países ou blocos, exigirão novos canais de mediação privada e intervenção estatal. Esses agentes influirão decisivamente sobre as decisões

Os esforços da China para impulsionar o consumo das famílias, dissimulando riscos inflacionários, farão diminuir o ritmo de poupança em todo o mundo. O desequilíbrio entre a oferta e a procura mundial de capital irreversível pode fazer aumentar as taxas de juro, impedir certas colocações e actuar como potencial travão ao crescimento governamentais, banca, investidores, executivos e instituições financeiras. Em diferentes períodos da história, foram necessários investimentos massivos em activos físicos, fundamentalmente, infraestruturas, fábricas e habitações. Alguns desses períodos incluíram as duas primeiras revoluções industriais dos séculos XVII e XVIII, após a Segunda Guerra Mundial ou plano do general George Marshall para a Europa Ocidental e Japão. A expressar necessidades e ambições, iniciou-se um novo apogeu no investimento, cujas locomotivas são as economias emergentes, mas são capitais que circulam dentro do mesmo circuito. Na Ásia Oriental e Meridional, Sudeste Asiático, América do Sul, Rússia e parte de África, a procura de habitações, redes viárias, transportes ferroviários e urbanos, redes hídricas, hospitais e escolas está a aumentar. A taxa mundial de investimentos cresceu desde 22% do produto interno bruto global (PIB global), que é um parâmetro contestável, em 2002, para 24% em 2007, tendo essa tendência sido interrompida pela recessão ocidental de 2008 e 2009, com retoma em 2010 e no corrente ano. O crescimento nesse período, foi devido essencialmente às altas taxas de investimento da China e Índia, não excluindo outros países

emergentes da América do Sul com o Brasil a liderar. Tendo em consideração os pequenos níveis de activos físicos e financeiros acumulados pelos países de economias emergentes, o aumento da taxa de investimento poderia durar dezenas de anos, se não existisse a presente recessão nos Estados Unidos, com uma taxa de desemprego de 10% registada em Dezembro (prevendo-se que este mês caia para 9,7%), ou a crise da dívida soberana na União Europeia (UE), que são impossíveis de prever a sua evolução a curto prazo, e que podem afectar a oferta de capitais oriundos desses países. As previsões de crescimento apontam para uma procura mundial de capitais ao redor de 26% do PIB global em 2030, que teria de ser corroborado por um investimento privado internacional de vinte e cinco mil milhões de dólares nesse ano em valores constantes, o que significa mais de duas vezes, os mais de 12 mil milhões de dólares previstos para 2008 e que não foram actualizados até ao presente. Soma o facto de se desconhecer qual será a evolução do PIB global. Seja qual for a evolução quer nos Estados Unidos, quer na UE, o perfil dos investimentos mundiais irá sendo alterado em conformidade com o crescimento dos países de economias emergentes.

O modelo tradicional das economias dos países desenvolvidos, indica que o investimento faz melhorar a acumulação de capital, modernizando fábricas, empresas, material circulante, sistemas informáticos e mão-de-obra. Todavia, tudo indica que o apogeu abrangerá principalmente o sector imobiliário e as infra-estruturas, tendo em consideração que em 2008, os países de economias emergentes investiram em infraestruturas, uma taxa duas vezes superior à dos países desenvolvidos. O desequilíbrio estendia-se porém, a outros sectores, com particular incidência e amplitude nos transportes, traduzido nos destinos, aeroportos, transportes ferroviários e a energia, combustíveis e redes hídricas. A taxa de poupança na China irá diminuir se o governo continuar a estimular o consumo das famílias com o reforço das medidas anti-inflacionistas, implementadas em Novembro de 2010. Em 2008, a China passou os Estados Unidos, como sendo o país com a mais elevada taxa de poupança do mundo, que era metade do PIB, mas irá seguir a prática comprovada pela história do Japão, Coreia do Sul, Taiwan e Malásia, e o ritmo de poupança irá diminuir à medida que o país enriquecer. Esse processo iniciou-se quando o governo começou a adoptar políticas a favor do consumo e anti-poupança para sustentar o crescimento da economia. As medidas anunciadas pelo governo chinês em Novembro de 2010, prevêem minimalistamente que em 2030 deixaria de acumular dois mil milhões de dólares em valores constantes. As previsões apontam para que a procura global de capitais, para 2030, seja cerca de 4000 milhões de dólares em infra-estruturas e 5000 milhões de dólares em imóveis para residência. Os capitais necessários para financiar esses investimentos provêm dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nos últimos trinta anos e até 2002, a taxa mundial de poupança como parte do PIB global, foi diminuindo, dado um acentuado declínio na poupança familiar dos países desenvolvidos. A partir de 2002 e até 2007, houve um aceleramento nas economias desenvolvidas de 21 a 25% do PIB global. As economias em desenvolvimento com taxas de crescimento altas, que mais aumentaram a sua participação no PIB global foram a China, Índia e Brasil. Face aos condicionalismos referidos é possível que a taxa mundial de poupança não apresente grande dinamismo nas próximas duas décadas, tendo como causa deslocamentos estruturais no conjunto da economia.


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Sandi Manhão | Designer

O futuro por entre as mãos António Falcão

antonio@hojemacau.com.mo

Foi em Dezembro de 2001 que virou as costas

à sua terra para procurar um destino melhor. Sobretudo porque a vida é feita de mudanças e a repetição do quotidiano dá sempre ensejo ao descontentamento e quando o sino toca procura-se um outro cenário. Nesse torpor surgem as segundas oportunidades que levam tudo atrás. O destino: Londres. Na altura parecia ser a decisão mais acertada, prosseguir os estudos numa das cidades mais cosmopolitas do mundo. Uma filha nos braços e todo um mundo por descobrir. Não era a primeira vez, já que entre 1991 e 1995, também pelo mesmo motivo, complementar os estudos, o território macaense ficava para trás, para dar lugar à capital de Portugal, quando a zona do Chiado entrou pelo dia-a-dia de Sandi Manhão, num curso de Design de Moda no IADE. Dez anos depois, malas feitas de novo, sem regresso apontado. Largava-se uma carreira como designer no cardápio das Relações Públicas da antiga Câmara Municipal de Macau Provisória. “Achava que não havia futuro para mim e para a minha filha na altura em Macau”, confessa. A partida era para nunca mais voltar. Esse era o programa traçado, abraçar a Europa e aí ver crescer o seu rebento. “Sentia-me muito sufocada da cidade, nada era novo”. Mas os planos em Londres “saíram meio furados”, conta. De repente, em vez de um bebé eram dois e os objectivos para tirar um mestrado ficaram irremediavelmente de lado. “Acabei por tirar um curso nocturno em part-time”. Londres é uma cidade “espectacular, tem escolas muito boas, mas não é uma cidade feita para pessoas com crianças”, acabando por declarar que esse “foi um período um pouco duro”. A decisão de ficar também foi posta de lado, dado o nível de vida londrino, “uma cidade extremamente cara”. Nada que não estivesse estudado. O próximo passo deu-se mais a Ocidente e de novo em Lisboa. Juntaram-se as peças todas e o resultado deu um negócio familiar. O Soma Space, um salão de cabeleireiro mas que oferecia também serviços de design, abriu com pompa e circunstância a dois passos da Assembleia da República, na rua de São Bento. De pronto se revelou um sucesso, dada a sua originalidade com uma vincada componente oriental, um pouco à semelhança do que se encontra em Macau, com um serviço de massagens. O projecto durou seis anos. Apesar do êxito, “com o passar dos anos apercebemo-nos que estávamos a trabalhar para pagar impostos e decidimos terminar o projecto”. A casa cheia e os bons preços não chegaram, “não vivemos de elogios”, observa Sandi, agora à distância, declarando que o “estado português estrangula as pequenas e médias empresas” num processo repleto de burocracias. Como é seu costume, nada foi deixado ao acaso, todos os pormenores foram cumpridos. “Fizemos tudo ‘by the book’, criámos uma série de postos de

trabalho e quando a empresa fechou nem tivemos direito ao subsídio de desemprego, porque éramos sócios-gerentes e esses não têm direito ao subsídio.” E assim se constrói uma pequeno enredo dramático que apesar de ter todos os componentes no lugar não conseguiu vingar. O Soma Space juntou-se assim às milhares de empresas que em 2010 fecharam as suas portas em Portugal, classificando-o como o país da UE, numa frase lida nos jornais, onde a “taxa de mortalidade das empresas é mais elevada”. Na óptica de Sandi este sistema não deixa de ser um contra-senso e explica-o: “Quando uma empresa fecha, fecham também postos de trabalho, e esse pessoal vai sobreviver à custa dos subsídios do desemprego. Mas se nos apoiassem mais, por sua vez, aliviavam o peso do Estado”. Um problema de visão que tem levado o país a graves problemas de sustentabilidade. Mas era preciso continuar. A corda em Portugal continuava a apertar. “Não vi luz ao fundo do túnel”, confessa Sandi. “Eram os meses de Verão, o país fica parado. Eu tinha de arranjar uma solução para mim.” É aí que a luz de Macau começa a acender-se muito ténue no horizonte. Como em muitos outros cenários de muitos outros portugueses que olham para este breve trecho da língua portuguesa como um rumo lógico a seguir. Foi um incentivo que começou a chegar de longe, caminhando assolapadamente para uma resolução que nunca antes esteve no panorama. Das ideias às certezas, a viagem fez-se em três tempos. Mais uma vez não se olhou para trás, o caminho era para os tempos seguintes. Não foi bem o desejo de voltar para ver a família ou de ter saudades da terra. “Só da comida mesmo e de algumas pessoas”. Mas aqui Sandi encontrou uma cidade mais cosmopolita, sobretudo uma cidade “com mais oportunidades para pessoas com vontade de fazer coisas diferentes, com ideias diferente e que sejam concretizáveis”. Em suma, “tudo é possível”, afirmando a pés juntos que aqui ainda “há muito por fazer”. Já não era a “pequenina” Macau que deixou em 2001. Consagrada às evidências, continua: “Acho que a partir de agora consigo pensar e planear um futuro”. Um futuro que é todo virado para os seus filhos. “O meu não sei”, confessa, “eu estou em segundo plano”. Contudo, apesar do seu apelido e do seu rosto, que não deixam margem para dúvidas, a génese do território não lhe corre assim tanto nas veias. Não pensa nessa questão da identidade sempre tão latente nos desígnios da comunidade macaense. É um facto e desenha-se com uma simples expressão : “em Portugal digo que sou de Macau, aqui digo que sou macaense”. A verdade é que não gosta de rótulos. Como muitos dos Manhão que deixaram o território e correram vela fora para os quatro cantos do planeta, também Sandi se sente uma cidadã do mundo mais do que qualquer outra coisa. E no final solta: “Gostava de experimentar a Austrália”.


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entrevista

FABRIZIO CROCE, CANTAUTOR ÍTALO-PORTUGUÊS

O entrevistado de hoje tem hábitos de que Macau carece: cresce na música, concebe-a, toca, canta, grava discos, envolve poetas, jornalistas, músicos, trabalha em imagem, rodeia-se de estudantes, põe-os a cantar no seu estúdio caseiro em Coloane, vai registando tudo. As comunidades há muito que o conhecem e admiram. Para funcionário público, cujo dia-a-dia é tão diferente e, naturalmente, tão menos criativo, obviamente que é figura de destaque. É Fabrizio Croce, nascido orgulhosamente no Norte italiano, adepto inconformado mas fiel do Torino, duas dezenas de anos em Macau, domina a língua portuguesa melhor do que muitos portugueses, tem dupla nacionalidade e um dia destes, se os apoios de quem deve ser sensível à cultura aparecerem, promete criar uma ópera. Coisa em grande, se possível com orquestra. Para já, mais um disco de boas canções. Trabalho que reuniu músicos e letristas de vários lados do mundo. O leitor vai poder ouvir tudo na íntegra a partir do próximo dia 18, terça-feira, data da apresentação pública na Casa Garden, 19h, do seu mais recente álbum com título em português “O Hábito de Crescer”. A insistência em fazer música e dá-la a conhecer novamente... É verdade. Tinha algumas músicas compostas ou mais ou menos alinhavadas e comecei a pensar que talvez valesse a pena fazer uma colectânea do trabalho que estava ali parado, podendo acrescentar algumas coisas que nunca fizera antes. Então, comecei a pedir alguns textos a amigos. Quando fiz as contas já tinha uma dezena ou mais de temas quase disponíveis. Ainda acrescentei uma canção gravada ao vivo o ano passado em Portugal e lá estão as 13 canções num CD. Todas as músicas de sua autoria? Tendencialmente sim. A excepção é precisamente a que foi previamente gravada em Portugal e que é de autoria de um amigo meu, um português que já trabalhou em Macau, o Manuel Rodrigues. Ele é músico? É polícia. De alguma maneira este disco fala de Macau? Sim, em vários temas. Um deles sob um poema de Carlos

António Falcão | bloomland.cn

“Quero fazer uma ópera com orquestra e

Marreiros que se chama “O velho adivinhador da Rua do Bocage”, também musicado por mim há bastante tempo. Construi novos arranjos para este CD. Outras canções do disco são inspirações sobre Macau, muitas delas nasceram totalmente aqui. O título deste álbum parece curioso: “E poi si diventa grandi”... O crescimento do artista? De alguma forma tem a ver com o crescimento das pessoas. O primeiro trabalho que fiz, conhecido pelo público, vai para 12 anos, fazia sentido que desta vez assinalasse o meu próprio crescimento como autor, e até como pessoa também, porque não? Simbolicamente, claro. Em português, o trabalho chama-se “O Hábito de Crescer”. Já lá vão vários discos muito diferentes entre si, alguns deles envolvendo estudantes. O primeiro foi em 1999, de originais. Até hoje, fui realizando vários discos, dois deles com estudantes da Escola Portuguesa.

Fiz um disco de “covers” com a minha filha Micaela, depois fiz outros dois discos diferentes de clássicos da música italiana arranjados e cantados por mim. Além destas produções, também há um filme realizado no âmbito da Escola Portuguesa de Macau, com história escrita pela Guida, minha mulher, cuja acção se passa em Macau e nela participam cerca de duas dezenas de alunos e alunas. Profissionalmente a vida de Fabrizio Croce não é a música, só nas horas vagas. Gostava de

viver exclusivamente para a música? Não sei! Não sei até que ponto eu gostava que fosse. Acho que me dou muito bem como as coisas estão, talvez porque a vida de músico é normalmente muito inconstante. Há muitos anos, em Itália, tive vida de músico, por acaso tinha de fazer música para viver e não era propriamente a música de que eu mais gostava. Foi uma boa experiência, mas claramente muito repetitiva, viajar bastante, uma vida que não é fácil, há bastante stress.

“Há muitos anos, em Itália, tive vida de músico, por acaso tinha de fazer música para viver e não era propriamente a música de que eu mais gostava. Foi uma boa experiência, mas claramente muito repetitiva, viajar bastante, uma vida que não é fácil, há bastante stress. Além destes aspectos, viver da música significaria ter de ganhar o suficiente para sobreviver e dar conforto à minha família, e não ausentar-me com frequência”

Além destes aspectos, viver da música significaria ter de ganhar o suficiente para sobreviver e dar conforto à minha família, e não ausentar-me com frequência. Música nas horas livres é suficiente. Posso dizer que sim. Faço música quando quero, quando tenho tempo e vontade. Também respondo como posso a algumas solicitações para actuar, localmente e desinteressadamente, fora dos meus horários profissionais, e assim vou-me divertindo muito, como é o caso de todo o percurso e trabalhos que foi preciso ter para chegar ao fim deste mais recente álbum que irá ser apresentado dia 18. Um álbum que envolveu muita gente de Macau e de fora da região. Sim, muita gente. Foram todos extraordinários, deram-me uma colaboração formidável e muito amiga. Gente de Macau, de Cabo Verde, das Filipinas, de Portugal, de Goa, da República Checa, de


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com Helder Fernando

somente instrumental” Itália, foi fantástico. Há uma necessidade íntima de através da música se dar melhor a conhecer às pessoas? Existem dois aspectos. O aspecto da comunicação sentimental, daquilo que, para mim, as canções, a música, sempre tiveram. A minha música é sempre acompanhada por palavras. Quem sabe se um próximo projecto não seja totalmente assim, mas para já tem sido. Portanto, há realmente uma necessidade de comunicar sentimentos, sensações. Por outro lado, como me situo no contexto duma comunidade, é interessante fazer coisas que essa comunidade possa apreciar, uma maneira minha de também participar no colectivo dessa comunidade. Não nego sentir prazer nisto, pelo contrário, dá-me imensa felicidade sentir as reacções das pessoas, dos amigos, dos conhecidos de pessoas que não conheço mas que têm curiosidade em saber o que, nesta área, vou realizando. No entanto, note: ninguém é artista porque gosta de si próprio. Não é impeditivo o facto de ser funcionário público. Absolutamente não. Gerir ambas as partes é uma condição sempre praticada. Em primeiro lugar, só me dedico aos aspectos musicais quando tenho tempo, e quando assim acontece é ao fim da tarde ou à noite, como também nos fins de semana ou feriados. Por isso montei um estúdio em casa. Lembra-se quando compôs o primeiro tema? Tinha 16 anos. Ainda tenho escrito num caderno em casa. Nunca mais foi tocado? As canções são como as fotografias: aquelas que, muitos anos depois, voltamos a ver e a achar que são boas fotografias, é porque são fotos conseguidas, o resto, são as que tiveram aquele momento de glória, aquele significado na altura, mas mais nada. É evidente que quando se tem 16 anos escrevemos coisas próprias duma época. Também há exemplos geniais escritos com tenra idade, mas não creio que tenha sido o meu caso. Mas devo dizer que já fiz arranjos em composições minhas feitas há mais de vinte anos. Neste disco, há um tema que tem umas guitarras do Zico,

tocadas de modo espectacular, que francamente gostei e deram nova roupa àquela canção. E há outros exemplo neste CD. E ainda tenho outras que porventura irei reciclar, digamos assim. Qual é o seu instrumento preferencial? Continua a ser a guitarra. Ou a voz, que também é um instrumento. Falou há pouco na sua música sempre com palavras. Projectos musicais só com música, mesmo o que chama música incidental, para criar ambientes, para documentários, teatro, cinema, publicidade, o que diz? Tenho alguma coisa feita nesse sentido, desde spots e jingles, ainda por utilizar, até música composta directamente para algumas situações, como foi para um disco de histórias lidas no âmbito do IPOR, ou também para o filme que fizemos com estudantes. Talvez que o meu próximo projecto, que não sei quando poderei levar à prática, seja compor uma ópera somente instrumental. Com uma orquestra? Com uma orquestra seria excelente, mas penso que muito difícil, logo veremos como. Vou começar por organizar as ideias que tenho para esse projecto, escrevê-lo, e depois logo se vê como será possível realizá-lo. Foi uma portuguesa que conheceu em Portugal, de férias, que o fez vir para Macau. Daí a dedicação profunda à língua e cultura portuguesas? Sim, primeiro ela, depois vim eu, casámos aqui e aqui nasceram os nossos filhos. Realmente aprendi a língua portuguesa por necessidade, para melhor e mais rapidamente me inserir na comunidade que para mim fazia directamente sentido, a portuguesa. Era a comunidade de minha mulher, da maioria das pessoas amigas, inclusive no meu local de trabalho era a língua portuguesa a mais usada no meu grupo de trabalho, enfim o nosso ciclo social girava principalmente à volta desta língua. Depois, foi importante terminar o liceu, matriculei-me, aulas à noite e trabalho de dia. Aprendi a escrever em português, pois só falava. Hoje, com o domínio que mostra

da língua portuguesa, até já pensa nesta língua... Já penso, já sonho, até já conto muitas vezes em português. Quando escreve músicas, por exemplo, fá-lo directamente ou o início é em italiano? O que escrevi em português fi-lo directamente sem ter de pensar duas vezes. Não é assim tão automático, talvez não tenha tanta riqueza nas palavras... Não escrevo tanto em português por ainda não me sentir completamente à vontade. Mas já escrevi uns poemas para os meus filhos, por exemplo, e foram escritos directamente em português. Uma coisa é certa, continuo escrevendo em italiano.

Dá sempre a sensação de que não lhe foi muito difícil a aprendizagem da língua... Não me parece, realmente, que tenha sido muito difícil. Vai sendo, claro, falar bem, escrever bem, isso é difícil, mas na linguagem coloquial, no dia a dia, nisso não tenho problemas. E vou corrigindo-me em algumas expressões que verifico não serem completamente correctas. No seu reportório musical, há um considerável número de temas da música portuguesa. Sim, fundamentalmente músicas de autor, é o que mais aprecio. Tal como acontece com a música italiana. Lá está, palavras e música. Autores portugueses, na música, que mais aprecia? Os mais históricos, o Rui Veloso, o Jorge Palma, Sérgio Godinho nalgumas coisas, gosto muito da maneira de cantar do Paulo de Carvalho, tal como de alguns temas do Vitorino, aprecio o Luís

“Como me situo no contexto duma comunidade, é interessante fazer coisas que essa comunidade possa apreciar, uma maneira minha de também participar no colectivo dessa comunidade. Não nego sentir prazer nisto, pelo contrário, dá-me imensa felicidade sentir as reacções das pessoas, dos amigos, dos conhecidos de pessoas que não conheço mas que têm curiosidade em saber o que, nesta área, vou realizando. No entanto, note: ninguém é artista porque gosta de si próprio”

19 Represas mais pela maneira de escrever do que pela maneira de cantar, o João Gil que tem feito coisas muito giras. Além, obviamente, do grande Zeca Afonso! Também já o vi a assistir, em Macau, a espectáculos de fado. Claro, gosto de ouvir. O fado é muito latino mas também é mais um dos aspectos da influência da música árabe, no meu ponto de vista. Como há no Sul de Itália, na música napolitana, na Andaluzia. Em Portugal fui a uma casa de fados em Lisboa, com um amigo português. Gostei, achei piada ao ambiente, aos músicos, por vezes desconhecidos e com muita qualidade. Está actualizado com a música italiana? Vou tentando, neste caso através da audição, via internet, de algumas rádios italianas. Descobri música jovem de que gosto. A música está a mudar, já não me identifico tanto mas aprecio algumas novas tendências de qualidade. Na música italiana, quais os cantautores preferidos? Acima de todos Fabrizio DeAndre. Mas também Francesco Guccini um grande escritor de textos, Roberto Vecchioni e Francesco DeGregori que têm feito coisas maravilhosas. E vários outros, mas com quem mais me identifico são estes, os duma escola mais antiga, com outras preocupações de conteúdo. Eu já os ouvia quando era jovem, tinham todos dez ou 15 anos a mais do que eu. Em síntese, como um italiano de origem, mas também já português, com 20 anos de Macau, observa esta região? Macau é um sítio único! Uma grande fusão cultural, linguística, arquitectónica. Riqueza cultural que se reflecte nas línguas que ouvimos, nas artes plásticas, nos espaços de património cultural, na gastronomia. A música é uma grande paixão sua, mas sobre o ambiente musical em Macau não se pode dizer que seja razoavelmente rico. Julgo que nos últimos tempos tem havido evolução, tem aparecido gente. O crescimento trouxe até aqui alguns profissionais da música que contribuem para influenciar outras experiências. Para este disco que agora vou apresentar publicamente, era muito mais difícil se fosse há uns 6 ou 7 anos. A Orquestra de Macau alargou os quadros, isso permitiu, penso, a vinda de novos profissionais, na circunstância isso até foi muito útil para o meu trabalho “O Hábito de Crescer”.


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o Hoje [r]ecomenda

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«Live on Ten Legs», Pearl Jam

[f]utilidades Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Índios cauapanas das margens do Napo, no Alto Amazonas. Medida linear, equivalente a 200 braças. 2-Dar vivacidade a, tomar mais vivo. Fila de 16 homens, unidade fundamental da falange macedónica. 3-Dantes, não. Brilhante. 4-Igapó. Reprovar em exame. 5-Tipo de coordenadas. 6-Logro que se faz a um tolo. Governador de algumas províncias muçulmanas. 7-Designaão de alegria. Aquele que é brutal. 8-Artífice. Cabana dos camponeses russos. 9-Planta das Guianas. Aquilo que há de mais distinto num grupo. 10-Oração que os Parses fazem a Deus, ao meio-dia. Estopa que sai do sedeiro mais grosso. 11-Mais adiante. Forma popular de corar. VERTICAIS: 1-Arado. A mulher que se ama. 2-Dantes, avó. Remédio contra a tuberculose. 3-Peixe. Tratamento que se dava aos reis da França. 4Abrev. de avenida. Leigo que se oferecia para serviço de uma Ordem religiosa. 5-Mem. do computador. Relativo aos cílios. 6-Que parece inventado sem modelo. Abre. de Era Cristã. 7- Unir-se por casamento. Elemento de origem grega que significa dentro. 8-Ponta de verga, num navio. Acto ou efeito de ver. 9-Definhar, consumir-se. 10-Alongamento de uma sílaba breve, na prosódia grega. Arvoreta malvácea da África. 11- Pisar, derrear com pancadas. Absorver com o hálito.

Soluções do problema HORIZONTAIS: 1-ZAPAROS. CEM. 2-AVIVAR. LOCO. 3-NOM. MICANTE. 4- GAPO. GAITAR. 5-A. ABCISSAS. 6- TOLINA. BEI. 7-AI. ALARVE. N. 8-MOSTIL. ISBA. 9-ACIOA. ESCOL. 10-DOR. RESTELA. 11-ALEM. COARAR. VERTICAIS: 1-ZANGA. AMADA. 2-AVOA. TIOCOL. 3-PIMPAO. SIRE. 4-AV. OBLATO. M. 5-RAM. CILIAR. 6-ORIGINAL. EC. 7-S. CASAR. ESO. 8-LAIS. VISTA. 9-CONTABESCER. 10-ECTASE. BOLA. 11-MOER. INALAR.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição solução do problema do dia anterior

Os Pearl Jam podem ser uma banda de rock transversal a diferentes gerações mas é inequívoca a sua ligação à década de 90 e este resumo das últimas digressões mostra como. «Live on Ten Legs» raramente ultrapassa a sensação de cumprimento de calendário e a adrenalina só aumenta quando regressam aos clássicos dos primórdios. Não é a competência na execução que está em causa nem muito menos a entrega aos fãs que estão em causa mas uma banda tão experiente e com tanta música para escolher tem que ser capaz de mais. Provavelmente, a decisão de parar - mesmo que não definitiva - reflecte esse cansaço.

[ Te l e ] v i s ã o

TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:30 Jornal das 24h 14:30 RTPi DIRECTO 19:00 Ásia Global (Repetição) 19:30 Olhos de Água 20:25 Acontecimentos Históricos 20:35 Telejornal 21:00 Jornal da Tarde da RTPi 22:00 Novela: O Clone 22:58 Acontecimentos Históricos 23:00 TDM News 23:30 Shanghai Knights (Os Cavaleiros de Xangai) 01:20 Telejornal (Repetição) 01:50 RTPi DIRECTO INFORMAÇÃO TDM

23:00 Planet Speed 2010/11 23:30 F1 Classics - 1988 Japanese Grand Prix

RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Programa Certo 15:30 Com Ciência 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Gala Das Galas 18:15 Operação Triunfo 2010 – Diários 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo 21:45 Magazine Venezuela Contacto 21:45 Portugal No Coração

STAR MOVIES 40 12:45 Fame 14:40 Die Hard 2 16:50 Toy Soldiers 18:50 Twilight 21:00 The Terminator 22:55 Surrogates 00:30 My Bloody Valentine

TVB PEARL 83 06:00 Taking Stocks 07:30 NBC Nightly News 08:00 Putonghua E-News 08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 Inside the Stock Exchange 12:02 Market Update 12:30 Inside the Stock Exchange 12:35 Market Update 13:00 CCTV News - LIVE 14:00 Market Update 14:40 Inside the Stock Exchange 14:43 Market Update 15:58 Inside the Stock Exchange 16:00 Guess What? Timothy & Annabel 16:30 ZingZillas 17:00 The Large Family 17:30 Ben 10 Alien Force 18:00 Putonghua News 18:10 Putonghua Financial Bulletin 18:15 Putonghua Weather Report 18:20 Financial Report 18:30 Transworld Sport 19:00 Football Asia 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 Money Magazine 20:30 Placido Domingo My Greatest Roles 21:30 Weekend Blockbuster: Déjà Vu 22:30 Marketplace 22:35 Weekend Blockbuster: Déjà Vu 00:00 European Art At The MET 00:05 World Market Update 00:10 News Roundup 00:25 Earth Live 00:30 Dolce Vita 00:55 Hong Kong Tennis Classic 2011 01:55 Dakar Rally 2011 02:25 The Pulse 02:50 European Art At The MET 03:00 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 13:00 (Delay) Argentina - Chile Dakar Rally 2011 Day 13 13:30 US Open 9-Ball C’ship 2010 Efren Reyes vs. Mark Vidal 15:30 2010 Lucas Oil AMA Pro Motocross Championship 17:30 P1 Superstock Series 2010 18:00 Castrol Football Crazy 18:30 Football Asia 19:00 Argentina - Chile Dakar Rally 2011 Day 13 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 20:00 Winter X Games Fourteen Classix 20:30 Players Lives 21:00 F1 Classics - 1988 Portugese Grand Prix 22:00 Sportscenter Asia 22:30 ABL game2

STAR SPORTS 31 13:00 Sport Express 13:30 Game 14:00 Hot Water 2010/11 15:00 Goal! - FA Cup 2010/11 15:30 FA Cup 2010/11 Manchester United vs. Liverpool 17:30 Sport Express 18:00 Australian Open Tennis 2008 Official Film 19:00 AFC Asian Cup 2011 Group Stage Syria vs. Japan 21:00 (LIVE) AFC Asian Cup 2011 Group Stage Australia vs. Korea Republic 23:30 (Delay0 Score Tonight 00:00 (LIVE) AFC Asian Cup 2011 Group Stage Bahrain vs. India

HBO 41 13:00 The Great Escape 15:50 Empire 17:30 The Shadow 19:15 Where The Wild Things Are 21:00 The Bourne Identity 23:00 The Blob 00:35 Rocknrolla CINEMAX 42 12:00 Fx: Murder By Illusion 14:15 Frenzy 16:15 Time Trax 18:00 White Sands 20:00 Kull The Conqueror 22:00 Vacancy 2: The First Cut 23:45 Takedown

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MGM CHANNEL 43 12:45 Bojangles 14:30 Sticky Fingers 16:00 The Golden Seal 17:45 Palais Royale 19:15 Dream Lover 21:00 The Favor 22:45 Cool Blue 00:15 Juggernaut DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters - Viral Hour 14:00 River Monsters - Killer Snakehead 15:00 Powering The Future - Leading The Charge 16:00 Changemakers Asia - Lifestyle 17:00 Dirty Jobs - Bat Cave Scavenger 18:00 How It’s Made 19:00 Construction Intervention - Just Wingin’ It 20:00 Mythbusters - Myth Evolution 21:00 Inside 22:00 On The Case - Deadly Lessons 23:00 Extreme Forensics - Vanishing Man 00:00 Changemakers Asia - Lifestyle NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 13:00 Leaning Tower of Abu Dhabi 14:00 Dogfight Over MIG Alley 15:00 Lockdown - Chaos Control 16:00 Britain’s Underworld - Liverpool 17:00 Nat Geo’s Amazing Moment 18:00 Cathedrals Decoded 19:00 Nightmare on Mount. Hood 20:00 Leaning Tower of Abu Dhabi 21:00 Nat Geo’s Amazing Moment 22:00 China’s Lost Pyramids 23:00 Sleeping Beauties - The Incorrupt 00:00 Nightmare on Mount. Hood ANIMAL PLANET 52 13:00 Wild Recon - Moving Target 14:00 Once Upon A Time: The Lemurs 15:00 Borneo’s Pygmy Elephants 16:00 Growing Up... Zebra 17:00 Missing Leg Mystery 18:00 Gibbons: Back In The Swing 19:00 Downsize My Pet 20:00 Wild Recon - Ocean Killers 21:00 Season Of The Spirit Bear 22:00 Growing Up...Baboon 23:00 Breeding Trouble 00:00 Wild Recon - Ocean Killers HISTORY CHANNEL 54 13:00 Digging For The Truth - Timbuktu 14:00 Food Tech - Ball Park 15:00 Monster Quest - Mothman 16:00 The Lost City Of Atlantis 17:00 Pawn Stars 18:00 Shockwave 19:00 The Next Pompeii 20:00 Heroes Under Fire 21:00 Science Of The Soul 22:30 Modern Marvels: Essentials 23:00 Beyond Bars: KL’s Pudu Prison 00:00 UFO Hunters - Alien Contact STAR WORLD 63 12:10 Junior MasterChef Australia 13:50 Australia’s Next Top Model 14:45 How I Met Your Mother 15:00 Rules Of Engagement 15:35 Castle 16:25 Private Practice 17:15 The Bachelorette 18:10 Canada’s Next Top Model 19:05 Gary Unmarried 19:30 How I Met Your Mother 20:00 True Beauty 21:50 The Bachelorette 22:45 Australia’s Next Top Model 23:40 Grey’s Anatomy 00:35 True Beauty

(MCTV 31) Star Sports 18:00 Australian Open Tennis 2008 Official Film Informação Macau Cable TV


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[O]bjectiva Gonçalo Lobo Pinheiro

21 Raio [X]

Haxixe Mar

“É a última noite meu amorzinho”, disseste. E para mim, o desconforto. No imbróglio dos meus sentimentos, que lentamente constroem uma pirâmide, o topo resume-se à

Macaco das cavernas de Batu e a sua cria (Malásia, 2010)

saudade.

Para[ ]comer • Pérola 3/F, Sands, Largo de Monte Carlo, no.203 8983 82222888 3352 http://www.sands.com.mo • VINHA Alm Dr. Carlos d' Assumpção 393 r/c AC 2875 2599vinha@macau.ctm.net http://www.vinha.com.mo • FAT SIU LAU (SINCE 1903) Av.Dr.Sun Yat-Sen,Edf.Vista Magnifica Court Rua de Felicidade No.64, R/C Macau 2857 3585fsl1903@macau.ctm.net http://www.fatsiulau.com.mo

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let the bullets fly Cineteatro | PUB

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[ ] Cinema

Sala 2 the tourist [b] Um filme de: Florian Henckel, von Donnersmarck Com: Angelina Jolie, Johnny Depp 14.30, 16.30, 19.30, 21.30 SALA 1 let the bullets fly [C] (legendado em inglês) Um filme de: Wen Jiang Com: Yun-fat Chow, Wen Jianf, You Ge 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Sala 3 if you are the one 2 [b] (legendado em inglês) Um filme de: Xiang Feng Com: You Ge, Hsu Chi 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

correndo. Dentro do meu corpo ainda existem pedaços do teu. E o haxixe. O teu hálito de haxixe que me cobria nas noites de Inverno. E o cheiro a clube impregnado nas tuas roupas e nos meus cabelos. Acho que, para além do teu, esse cheiro a clube era o único que eu aceitava que adormecesse comigo. Lembrava as noites que só acabavam de manhã e que, ao empurrar-nos para a cama fechada da luz do dia, nos fazia adormecer em horários trocados. E ao fim da tarde, levantávamo-nos com a preguiça no corpo, a fome, felizes, com vontade de mergulharmos juntos na banheira, com o cheiro a clube e a sexo. E o teu hálito a haxixe. E foi mesmo a última noite.

[Este Mar não é difícil de visualizar e não cabe na palma da mão]

Anúncio: Tem algum Raio X para mostrar ao mundo? O Hoje Macau recicla as suas radiografias, sem custos, sem uso de maquinaria moderna, sem corpo médico. Basta que as envie ao nosso cuidado para raiox@hojemacau.com.mo e nós tratamos das suas maleitas. Mostre-nos o que os outros não vêem. Sem medo. Ficamos à sua espera. Obrigado.


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opinião edi tor i a l Carlos Morais José

O advento do drama Na saída dos dois homens do CCAC, o que há a salientar é o drama. Macau parece ter acordado de uma longa modorra e o seu espreguiçar nem sempre é bem entendido pelos detentores do poder, nem por certa parte da inteligensia. Agora, na RAEM, os movimentos são de outro modo vigiados, em grande parte pela comunicação social chinesa, são de diferente maneira escrutinados, de outro modo sufragados. Uma opinião pública – confusa, mal informada, vacilante, oportunista: seja – teima em fazer ouvir a sua voz. E as suas perguntas. Da amálgama surge tudo: impertinência e razão, estupidez e sinceridade, egoísmo e legítimas preocupações políticas, sociais, culturais. Por outro lado, a pequenez do meio leva a tomar sempre a folha pela árvore, o pêssego pelo pessegueiro. Neste novo Macau qualquer acontecimento tem um carácter concomitantemente misterioso e político,

Ainda dá a ideia de que as instituições oficiais ficam surpreendidas com o interesse e a presença da comunicação social, quando deveriam ter já compreendido, quando não assimilado, que a vida é mesmo assim e que daqui para a frente só pode “piorar”.

PB

c a r t o on por Steff

retóricas

económico e eufórico, duas ou três leituras, dez ou vinte teorias mais ou menos conspirativas, porque estas são as necessidades de uma sociedade deste tipo. Estudadas e constatadas um pouco por toda a parte. Já era assim, dantes, por aqui. Mas este aqui limitava-se, basicamente, a uma comunidade. Agora espalhou-se. É por tudo isto que a saída dos vices do CCAC teria forçosamente de motivar as mais díspares reacções e a montagem do drama, do teatro de índole shakespereana ou kurosáwica, de incontáveis manobras nos bastidores do poder judicial, de ajustes no tabuleiro da justiça, de poças de fictício sangue pelo caminho. Pelo modo como o argumento foi manejado, ficaremos sempre com o testemunho da mais pura inocência, constatada no melhor dos mundos; e a desconfiança que a mais pura inocência, constatada no melhor dos mundos, desperta. E, nestas duas vertentes radicais, mas afinal no mesmo registo baixo de pensamento, incluímos as entidades oficiais, a comunicação social, a opinião pública, a inteligensia, o próprio CCAC. Sem que exista notável mediação ou uma mútua confiança que ultrapasse os limites do interesse comum. Ainda dá a ideia de que as instituições oficiais ficam surpreendidas com o interesse e a presença da comunicação social, quando deveriam ter já compreendido, quando não assimilado, que a vida é mesmo assim e que daqui para a frente só pode “piorar”. A não ser que umas das medidas a importar de Singapura, seja algum limite à liberdade de expressão. O que – por diversas, maravilhosas e contingentes razões – não acreditamos. Mas também é interessante que tenha sido pouco referenciada uma hipótese simples: é normal, normalíssimo, quando muda a cabeça de uma instituição que os colaboradores mais directos do cessante ponham os lugares à disposição ou (como talvez neste caso) comuniquem a sua vontade e/ou disponibilidade para trocar de serviço. Contudo, esta “normalidade” não foi sublinhada por ninguém. O insípido, nesta fase, não pega. A coisa está, portanto, bem temperada. A comunicação social não se detém, roca, rola e interroga, vive da efemeridade do seu produto. O CCAC sabe mais largo: sabe que a vida continua. * A sociedade de Macau está estranha. Como se o centro do poder fosse difícil de referenciar, muito menos simbolicamente. Estará Macau sem um líder, leia-se: mediador? Pergunto isto como prece, não como imprecação.


A nossa

felicidade não se baseia na exterioridade, mas na interioridade.

Padre Manuel teixeira [1912-2003]

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v o lta ao d i a em oi ten ta m u n dos Carlos Picassinos

o

lho para aquele olhar e apaixonome, sinto certa nostalgia daquilo que não vivi. Olho para o olhar dos outros sobre aquele meu país tão distante e tão presente e respiro por dentro. Faço contas à genealogia. Penso há quanto tempo e reparo que foi ontem, foi ainda agora, ao ponto de reconhecer nos rostos estranhos de quem se atravessa na câmara algum dos meus avós, e nas ruas, a geografia, as lojas, os cafés, os jornais, as estátuas, e... olha, o 28, o eléctrico. “Fantasia Lusitana”, de João Canijo, agora publicado em DVD, é perturbante por isto: porque nos transporta, inesperadamente, para o meio daquela multidão anónima e afadigada de finais de 1940 que sobe e desce sem parar, e sem sentido, as ruas cinzentas da baixa de Lisboa, enquanto a Europa se combate. Este lado tão surpreendentemente afectivo é talvez o menos óbvio do filme, porque se quisermos detectar o que mais ressalta será a perspectiva histórico-sociológica dos estrangeiros sobre Portugal e os portugueses em plena II guerra mundial. Ou, num segundo momento, a sua dimensão política daquele momento do século XX ou do regime salazarista, (ou ainda) as continuidades entre antigo regime e democracia. Certamente que os manuais de história, pós revolução, tinham explicado às gerações as atrocidades da guerra, a indigência infame dos homens do regime antigo, ou a passagem por Lisboa dos refugiados judeus. Mas, do saber livresco ao documento visual, a distância pareceume fundamental para reactivar, com maior realismo, o que seria o quotidiano abafado, irrespirável, repressor e deprimente de Lisboa, e a vida habitual daquele Portugal de plástico produzido pelo êxtase fascista durante o longo meio século. E não me canso de repetir para mim próprio, me-io sé-cu-lo!, como se contasse as horas. “Fantasia Lusitana” oferece, por isso, a riqueza de um olhar especular na pluralidade reflexiva das abordagens do realizador, dos espectadores, da retórica fascista, dos observações de quem chegava de fora, fossem europeus em fuga, escritores e intelectuais, ou actores de Hollywood de mera passagem pela capital portuguesa. O filme beneficia ainda da simplicidade

Fado lusitano

Cospe-se em Lisboa. Não, não me enganei. Foi mesmo isto que quis dizer. É um fenómeno natural. Todos o fazem, novos e velhos, homens e mulheres, civis e militares. Como não podem gritar constantemente e como nem todos dispõem de um badalo, cospe-se e eficácia da estrutura da montagem. Entre os encómios ao regime, as festas das famílias bem, a coreografia dos desfiles e das inaugurações, as praias radiosas e o Estoril, as misses, os carnavais, os galãs, as vozes da rádio, os indígenas do mundo português, ou o clamor contínuo, fino, e beato do ditador, o realizador conseguiu sobrepor um princípio de realidade que interrompe a lógica da propaganda do regime. Socorreuse dos testemunhos escritos e visuais destes lisboetas repentinos. Gente grave e sombria, amparada pelas bagagens anónimas na Rocha do Conde de Óbidos; famílias a contemplar o nada, cais de refugiados em direcção a coisa nenhuma, e silêncios, fumo, calor, horas de espera e burocracia, angústia, nervosismo, incerteza. Tudo num registo paroxista acentuado, ao fundo, pela faustosa abertura da grande Exposição do Mundo Português. “Toda a gente das aldeias do centro regional vivia na Exposição a sua

vida habitual; ia à igreja rezar a ave maria e à fonte encher a cantarinha”, relatava a voz off, naquele tom épico, acompanhado pela respectiva dramatização dessa tal vida habitual dos portugueses. O contraponto a este absurdo, fá-lo João Canijo, recorrendo à leitura dos diários de Lisboa escritos por gente como Erica Mann, por exemplo, filha de Thomas Mann, em Outubro de 1940, aqui na voz de Hanna Schygulla: “Lisboa, o único porto livre e neutral da Europa, tornou-se ponto de encontro e sala de espera de todos os que fogem a Hitler. Não foi uma exposição nem um festival que atraíu as pessoas a estas ruas. São desterrados, proscritos os que aqui se reúnem. […] Refugiados chegam sem bagagem, sem dinheiro. Que podem fazer? Apenas uma coisa: permanecer o tempo que lhes for autorizado a ficar. À espera de que? Do barco da salvação que os levará para qualquer parte, daqui para fora, para longe do inimigo que os perseguia. Aqui,

neste campo de refugiados de Lisboa, não se combatia”. Nesse mesmo ano e mês, Alfred Döblin, autor de “Berlin Alexanderplatz” observava: “Cospe-se em Lisboa. Não, não me enganei. Foi mesmo isto que quis dizer. É um fenómeno natural. Todos o fazem, novos e velhos, homens e mulheres, civis e militares. Cospem mesmo sem ter pastilha elástica; digamos que o fazem sem razão aparente. E o que significa esse cuspir? Portugal é um país neutro. Se estivesse ocupado, como a Holanda ou a Noruega, eu diria que se tratava de uma espécie de afirmação política, de um desabafo. Precisamos de uma explicação e encontramo-la no ruído. O cuspir e o ruído são parte do mesmo. Como não podem gritar constantemente e como nem todos dispõem de um badalo, cospe-se [...]”. Antoine de Saint-Exupery, de “O Princepezinho”, aviador, sobre a cidade: “Eu tinha perdido o hábito de ver luz e esta capital radiosa causava-me uma espécie de mau-estar. Sentia pesar sobre Lisboa a noite da Europa. Lisboa, por trás do seu sorriso, mais triste que as minhas cidades sem luz”. E SaintExupery, jogador, no casino. “Todas as noites, o casino do Estoril enchia-se de fantasmas. Convidavam-se uns aos outros para jantares de figurantes. Depois, jogavam à roleta ou ao bacará, conforme as fortunas. Eu ia vê-los, às vezes, mas não sentia indignação, nem ironias mas uma súbita angústia, a mesma que nos atinge no jardim zoológico ao ver os sobreviventes de uma espécie extinta”. A fantasia lusitana era esta: Portugal transformado num parque temático político-ideológico, um paraíso imaginário e imaginado pelo regime para esconder a miséria física e moral em que se alicerçava. A inquietação é outra. As últimas imagens do filme registam a inauguração do CristoRei, em Almada, em 1959. São imagens de momentos que, também pela presença da cor, remetem para outros, recentíssimos, quando dos cinquenta anos da inauguração do santuário, em 2009. E aqui inquietação: terá a revolução aniquilado, definitivamente, os elementos de continuidade entre os dois regimes ou a reemergência de discursos e visões benevolentes para com o salazarismo significa que, fechado o império, estaremos em plena busca inconsciente de um novo delírio lusitano?

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José editor Vanessa Amaro Redacção António Falcão; Filipa Queiroz; Gonçalo Lobo Pinheiro; Kahon Chan; Joana Freitas; Rodrigo de Matos Colaboradores Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; João Miguel Barros; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte; Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges; Catarina Lau Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


a fechar sexta-feira 14.1.2011

Brasil Cheias deixam mais de 370 mortos

As cheias e os deslizamentos de terra na região serrana do Rio de Janeiro já fizeram mais de 370 mortos. Muitas zonas das regiões de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo ficaram destruídas pela lama. A presidente Dilma Rousseff sobrevoou ontem os locais mais atingidos pela catástrofe e anunciou que vai destinar 700 milhões de reais (320 milhões de euros) para a região.

Portugal Milhões de euros para dívida do futebol

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Hotéis chegam a cobrar dez vezes mais durante o Ano Novo Chinês

Os abusos do costume

O Governo aceitou prescindir, desde 2006, de receitas dos jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) para reduzir as dívidas fiscais de clubes de futebol. Essa decisão mata, sem se dar conhecimento público, o acordo fechado em 1999 entre o Estado e os clubes de futebol para usar as receitas do Totobola para pagar as suas dívidas fiscais, conhecido por “totonegócio”. Só de 2006 a 2010, os clubes terão recebido 27 milhões de euros, contra 6 milhões caso se aplicasse o acordo.

Meio Ambiente O ano mais quente

O ano de 2010 foi o mais quente desde 1880, em ex-aequo com o de 2005, e também o mais húmido. Os dados revelam que em 2010 a temperatura combinada das superfícies terrestre e oceânica foi superior em 0,62 graus Celsius face à média registada no século XX. Ainda de acordo com os peritos, 2010 foi o 34.º ano consecutivo com temperaturas superiores à média registada no século XX. No Árctico, a estação mais fria, na qual se forma gelo, foi no ano passado a mais longa desde os primeiros registos de temperatura, em 1979. Apesar de em 2010 a estação quente, na qual se funde o gelo, ter sido mais curta do que o habitual, a superfície glaciar no Árctico diminuiu, registando o terceiro pior nível, depois de 2007 e 2008.

Tunísia Pânico total

O pânico está instalado na capital tunisina, com lojas e supermercados a serem pilhados por populares. A presidente da Federação Internacional das Ligas de Direitos Humanos (FIDH), Souhayr Belhassen, disse que possui uma lista de 58 pessoas, com nome e apelido, que morreram desde o início dos distúrbios em Tunes, e aos quais se somam os oito mortos na noite de quarta. Os confrontos entre polícia e manifestantes, que exigem mais trabalho e mais investimento, começaram há uma semana.

Kahon Chan

kahon.chan@hojemacau.com.mo

A polícia reiterou o seu apelo para a população local ter cuidado com roubos e assaltos durante o Ano Novo Lunar que se aproxima, bem como os muitos pais que têm que retirar dinheiro para a compra de presentes e envelopes ‘laissis’. Já os turistas que pretendem vir a Macau passar estas festividades, têm de vir atentos para não serem confrontados com preços altos por parte da indústria hoteleira, já que a procura por quartos tem impulsionado a tarifa.

O preço do marisco não é novidade nenhuma para o mercado hoteleiro em Macau, mas um relatório publicado ontem no Shanghai Morning Post revelou que há hotéis do território que estão a abusar mais do que outros nos preços que praticam nesta altura. O documento identifica os hotéis Rio e Metro Park, ambos no Zape, que estão a praticar preços na ordem das 4880 e 3112 patacas, respectivamente, para o primeiro dia do Ano Novo Chinês. Segundo uma pesquisa do Hoje Macau, esses preços

estão muito acima do que é praticado em hotéis de topo na China, com valores entre 800 e 1067 patacas. O Hoje Macau concluiu ainda na sua pesquisa que os dois hotéis de quatro estrelas não são os mais “abusadores”. O Waldo Hotel, outra propriedade de quatro estrelas, gerido pelo Galaxy Entertainment, está a cobrar 7050 patacas para um quarto duplo para o dia 3 de Fevereiro, segundo revelou o site Booking.com, comparando com as 5736 patacas pedidas para uma “waterfront suite”

Associação Novo Macau tem proposta para Ilha Verde

Inglaterra Anel de Kate Middleton por 50 yuans

O anúncio do noivado do príncipe William e da sua namorada, Kate Middleton, não agitou apenas o Reino Unido: fabricantes chineses estão a produzir e a vender cópias do anel de compromisso do casal. Desde que os noivos mostraram o anel de safira azul rodeado de diamantes, em Novembro, dezenas de fábricas localizadas em Yiwu, na província oriental de Zhejiang, apressaram-se a lançar cópias da jóia. O preço das imitações do anel, que pertenceu à princesa Diana e é avaliado em 30 mil libras, oscila entre 50 yuans para os de zircónio, cobre e prata, e 3 yuans, para os mais económicos, feitos com acrílico e metal.

Os três deputados da Associação Novo Macau propuseram ontem uma moção ao presidente da Assembleia Legislativa para realizar uma sessão de esclarecimento sobre a a desocupação e limpeza da área de barracas da Ilha Verde. O deputado Ng Kuok Cheong disse que o construtor demoliu casas com brutal desrespeito pelos valores pessoais dos ocupantes, o que foi uma violação clara dos direitos humanos básicos. Como o sector privado é susceptível de desempenhar um papel-chave em futuros projectos de renovação urbana, o deputado está apreensivo com a falta de preocupação em

kahon chan

Moção da limpeza das barracas

relação ao caso da Ilha Verde e se isso se pode tornar num mau exemplo a seguir. Nesse sentido, os democratas pediram a audiência com esperança

de que se avance para uma revisão profunda sobre este tema, tanto para a responsabilização do construtor como do Governo.

no hotel Mandarin Oriental na mesma data. Hotéis de duas estrelas, como o da Guia e Best Western Sol, ambos não muito bem localizados, cobram 2118 e 2948 patacas, respectivamente, de acordo com o Booking.com e o Ctrip para o mesmo dia 3 e por quarto duplo. Mas há quem ofereça preços mais justos. Para a mesma noite de 3 de Fevereiro, um quarto no Hard Rock Hotel e no Royal não vão além das 2287 e 1580 patacas, respectivamente, menos do que o dobro das taxas de semana. Esta flutuação das taxas de hotel durante o Ano Novo Lunar já preocupa os turistas há muito tempo. Num relatório do jornal Ou Mun feito no ano passado, um turista disse que tinha reservado um quarto por 1900 patacas apenas para a primeira noite e, quando esperava estender uma noite de estadia, foi-lhe oferecida uma taxa de 5300 patacas. A falta óbvia de mais quartos a preços acessíveis, que se tornam inacessíveis em épocas de pico, levou o Governo a planear políticas justas sobre concessão de terrenos (incluindo a isenção de leilão aberto) para os hotéis low-end, embora nenhuma acção tenha ainda sido tomada até ao momento. “É mais desejável para esclarecer os factos e vamos tentar fazer o nosso melhor para que tudo fique resolvido. Pelo menos, esperamos criar pressão política sobre o Governo no sentido de evitar comportamentos contra os direitos humanos na futura requalificação da zona antiga, por exemplo”, disse Ng. Outro deputado, Au Kam San delegou mais atenção ao acordo de permuta de terras. O democrata acha que qualquer mexida na concessão de terras em benefício de um construtor que não cumprir com as condições de concessão de terras não basta. A possibilidade da Assembleia Legislativa passar esta moção é muito reduzida. Mesmo assim, Au Kam San, tem esperanças que a situação seja profundamente debatida. -K.C.


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